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SENSOiNCOMUMJornal-Laboratório do Curso de Jornalismo • UFU •Desde 2010• Ano VII • Nº XXVIII • Outubro-Novembro/2015
Estamos seguros na UFU?
Crise noHC-UFU
Vicereitor admite
que Hospital de
Clínicas passa por
momentos difíceis.
Administração sinali
za que a saída pode
ser a adesão à Ebserh.
Dissecando a greveA greve dos técnicos deste ano, a mais
longa já registrada, paralisou a biblioteca,diversos laboratórios e setores administrativos por quatro meses. Apesar da duração, o acordo de aumento salarial foifechado em 10,8% e não em 27,5% comohavia sido proposto pelo comando doSintetUFU. Nossos repórteres ouvirammembros da categoria e suas diferentespercepções sobre os desdobramentos dagreve e como foi conduzida. Pág. 5
Jovens empreendedoresAndando com a inovação tecnológica e
empreendedorismo, as startups apresentam considerável crescimento noBrasil. Com pequenos investimentos emuita criatividade, os jovens que se arriscam em um negócio independentemultiplicam sua renda e chamam a atenção do mercado não apenas nacional,mas também mundial. O SensoIncomum conversou com estudantes que seaventuram nesse modelo. Pág. 3
Pirataria na internetLei brasileira prevê punição a quem
disponibiliza downloads na internetsem autorização. Porém, segundo especialista, raramente a lesgislação é cumprida. Nessa terra sem lei, como formade lucro indireto, provedores faturamcom publicidade. Brasil é o segundopaís com mais downloads em rankingde pirataria e o Popcorn Time está entreas plataformas mais usadas para assistir conteúdo sem pagar. Pág. 10
As tais cantadasLugar de esclarecimento e progres
so, a universidade ainda conta comcasos de assédio e abuso psicológicocontra as mulheres. O machismo fazsuas vítimas todos os dias das formasmais sutis até as mais violentas. Pág. 11
www.sensoincomum.net
Página 9
Disque 190Quando você sofre um assalto, faz
o quê? Chama a polícia? E quando apolícia diz que a culpa é sua? Às vezes, os responsáveis por proteger sãoos mais coniventes com a insegurança. Pág. 11
YgorRodrigues
Daniel Pompeu
O ódio além da vida virtual
Dizem que manter um pouco darivalidade entre times, atletas, grupos é saudável. Mas, e quando essarivalidade ultrapassa os limites dorespeito ao outro e do bom senso?Um cartaz produzido por uma bateria da UFU para as Olimpíadas Universitárias, que aconteceram emnovembro, circulou pelos campi epelas redes sociais. A frase era: “Eunão gosto da Educa e nem de musculação. Isso é coisa pra maluco. Épra via*o e sapat*o”. Rapidamente,os alunos compartilharam freneticamente o absurdo e começaram adiscutir mais uma vez o caráter homofóbico de diversas entidades esportivas e artísticas dentro dasuniversidades.
A colocação infeliz presente nocartaz, entretanto, não foi criada exclusivamente para estampálo. Elafaz parte do hino da primeira bateria universitária do Brasil, criadaem 1969 para animar os jogos.Acontece que a trajetória construída por centenas de jovens não émarcada apenas pelo ritmo harmonioso dos instrumentos. Os diversos termos preconceituosospresentes em seus gritos de guerrae hino reforçam o estereótipo nega
tivo e a antipatia que algumas entidades ganharam ao longo dos anospor grande parte dos estudantes.
No meio do ano, outra polêmica.
Como parte da recepção aos ingressantes de um curso, os veteranospediram que as calouras usassemuma imagem na rede social com os
dizeres: “Cê é burra hein, bixete!Sou da 97 e assumo a função degarçonete da 96 com muito orgulho”. Desabafos e “textões” repudiando a ação machista, queincitava a submissão das novatas efazia analogia a uma posição superior ocupada pelos veteranos,foram rebatidos e justificados pelofamoso “é só uma brincadeira” e“geração mimimi”.
Entidades acadêmicas como essa,com um histórico bonito enquantoatlética e bateria, existem aos montes pelo país e o pior, dentro dosespaços de ensino que deveriamservir para edificar os estudantesnão apenas no sentido profissional,mas também social e humano. Achance de esses jovens perpetuarembrincadeiras até então inofensivas égrande, e, passou da hora de trataros debates sobre as questões de sexualidade, gênero e diversidade nãocomo mimimi, e sim como um direito individual que deve ser respeitado. Reflexões sobre o tematambém merecem atenção dos queestão próximos de atitudes como asdo cartaz e dizem não concordarcom elas, afinal, ver de camarote opreconceito e se omitir sobre o temaagride tanto quanto exercitálo.
Ao longo do tempo, percebemos o quanto hábitos retrógadosforam sendo minimizados e deixados de serem praticados pelasociedade brasileira, mas, o quenão foi abolido foi a intolerânciae o preconceito, que agora se expandiram também para o meiovirtual. Só no ano de 2014, foramrecebidas mais de 86 mil denúncias de racismo e 4,2 mil de homofobia na internet. O grandenúmero de casos denunciadostorna quase utópica a investigação das autoridades para cada comentário individual.
Sempre que vejo casos de intolerâncias e disseminação de ódioem comentários na web, seja emredes sociais, blogs ou sites, melembro de uma frase da genial jornalista Eliane Brum, que diz:“Desde que as redes sociais abriram a possibilidade de que cadaum expressasse livremente, digamos, o seu ‘eu mais profundo’, asua ‘verdade mais intrínseca’, descobrimos a extensão da cloaca humana”. Penso que é isso o queacontece na sociedade brasileira.As pessoas parecem encontrar nainternet um meio para expressar oque pensam, quando têm medo ouvergonha de falar na “vida real”.
Comentários racistas, homofó
bicos, machistas, incitações à intolerância e ao estupro são exemplosdo teor de comentários que se vê elê no meio virtual. É assustador,intrigante e revoltante.
A impunidade a esses casos dedisseminação de ódio pela internet também é algo desanimador,por causa de perfis fakes (falsos).Porém, um caso recente de incitação ao crime foi o do excandidato a deputado pelo PSDB doDistrito Federal, que gravou umvídeo ameaçando a presidentaDilma de morte, e o publicou emredes sociais. O fato gerou tantarepercussão e bafafá, que o ato foidenunciado e o advogado foi indiciado. Mas, e os casos de pessoas comuns, anônimas, que são
ridicularizadas e ameaçadas nainternet?! Qual é a proteção ejustiça para elas?
Se o ódio disseminado já ultrapassou os limites da internet e chegou à vida real, provocando atémesmo morte, o que virá pela frentedepois disso? Sinceramente, não seiaté onde vai essa disseminação gratuita nas redes sociais e se a justiçabrasileira vai ser capaz de punir todas as pessoas que se escondematrás de seus computadores e celulares. Acredito que isso já passou doslimites da normalidade, racionalidade e sensibilidade. Faltacompaixão, alteridade, respeito,compreensão e empatia com osoutros e também com nós mesmos.
Lais Vieira
Um negócio inovador, tecnológicoe, no geral, comandado por jovensempreendedores que conseguem encontrar formas de solucionar problemas com pouco dinheiro e muitossonhos. Este é o conceito de startup.Apesar do nome não ser ainda tãopopular, segundo dados de 2014 daAssociação Brasileira de Startups(ABStartups), existem 2,8 mil empresas desse tipo mapeadas no Brasil, mas a estimativa é que tenham maisde 10 mil. Só no ano de 2012, esse setormovimentou quase R$ 2 bilhões.
Pedro Paulo Silveira, estudantedo segundo período do curso de Ciência da Computação da UFU, criouhá pouco mais de dois anos a startupManual Hacker. A ideia era ter umaplicativo que fosse capaz de testar asegurança de sua própria rede deinternet, já que ele não encontravaalguma ferramenta que atendesseessa necessidade. Silveira, que naépoca já fazia um curso técnico deinformática, começou a desenvolver o software sem ajuda de ninguém. “Juntei notícias desegurança e tecnologia porque eunão queria só mostrar a deficiência na rede para o usuário, queriamostrar os caminhos para ele resolver o problema”, explica.
O jovem estudante ressalta que sótomou conhecimento de que suaideia poderia ser uma startup em janeiro deste ano quando chegou emUberlândia. “Eu tinha um produto, as
pessoas usavam, baixavam, gostavam, mas eu não sabia o que era.Com um ano de funcionamento tinhamais de 120 mil usuários em 30 países diferentes, então não era umaempresa convencional”. O investimento inicial de Pedro foi deR$50,00 e nesse período ele já conseguiu multiplicálo. O lucro do empreendedor de 20 anos é gerado através dosanúncios e da versão paga do aplicativo.
Diretor executivo de startups daAssociação das Empresas de Tecnologia da Informação de Uberlândia(I9), Bruno Gregório, revela queexiste um mercado promissor na região. “Ao longo dos anos vimos quetêm muitas pessoas qualificadas eempreendedoras na área de tecnologia que possuem o desejo de fazerseu próprio negócio”. Para alimen
tar ainda mais o empreendedorismo, em abril deste ano a cidaderecebeu o I9 Hub, um espaço cria
do em parceria com o Sebrae com aintenção de ser um ponto de encontro para empreendedores, pesquisadores e estudiosos da área detecnologia da informação.
Gregório também já possui umastartup, a Polifrete, um aplicativo noqual as empresas informam qualcarga precisa ser transportada e osmotoristas de caminhão conseguemvisualizar as demandas. Em poucomais de um ano, o aplicativo temcerca de 6 mil motoristas e 300transportadoras cadastradas. Para odiretor executivo, a principal diferença entre uma pequena empresa euma startup são as perspectivas.“Nas startups geralmente encontra
mos um negócio com base tecnológica, que tem um modelo denegócio escalável. Isso quer dizerque você não vai atender só a suaregião, você almeja atender o Brasilou até mundo”, afirma.
Márcia Freire, professora da disciplina de Empreendedorismo daFaculdade de Gestão e Negócio (Fagen) da UFU há cinco anos, declaraque abrir uma empresa é uma opçãolevada em conta pelos estudantes.“Alguns alunos vislumbram a possibilidade de serem empreendedores,mas estes representam cerca de 15%da turma. Em geral, são pessoasque possuem forte desejo de autonomia e buscam a realização de um sonho mediante um negócio próprio”.
Para a coordenadora de startups doSebrae Minas, Liliane de Carvalho, asstartups de sucesso são aquelas queconseguem afetar diretamente a vidadas pessoas. “A área da educação passa por uma verdadeira transição, osetor da saúde infelizmente tem muitas deficiências e a internet está cadavez mais chegando ao nosso diadia. Énecessário procurar onde estão as boas oportunidades e nesses setores aschances de criar algo inovador sãomaiores”, explica. A coordenadoratambém alerta: “Hoje em dia as pessoas ainda acham que só ter uma boaideia já é suficiente, mas não adiantanão conseguir executála. É precisover se há espaço no mercado”.
Thinkstock
Uma ideia na cabeça e dinheiro no bolso
Foto:GabrieliMazzola
"Nas startupsgeralmente encontramos umnegócio com base tecnológica",diz BrunoGregório
Ellen Melo
O aluno pode desenvolver pesquisas por meio de programas como o Jovens Talentos, ProgramaInstitucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e o ProgramaInstitucional de Iniciação Científica Voluntária (Pivic), que utilizam verbas de origem pública,vindas de instituições como CNPqe Fapemig. Para maioresinformações, visite os sites:
www.jovenstalentos.capes.gov.brwww.propp.ufu.brwww.fapemig.br
www.cnpq.br
Projeto reduz efeitos da menopausa
Isabella Rodrigues
Oscilação de humor, insônia eo famoso “calorão”. Esses são osprincipais sinais de que a mulherestá entrando na menopausa, período em que ela para de menstruar e não tem mais vida fértil.Pensando nisso, o projeto “Atividade Física e Menopausa”, docurso de Educação Física, emparceria com a Nutrição, Fisioterapia e Medicina da UFU, buscareduzir em até 70% os sintomas
da menopausa. As participantespassam por treinamento físicoassociado à isoflavona, proteínaderivada da soja, que age comorepositor hormonal natural. Oprofessor e coordenador do projeto, Guilherme Puga, diz queidealizou a pesquisa sobre o tema com alguns alunos desde2013, mas só no início de 2015 oprojeto entrou em prática. O primeiro grupo de 21 mulheres fi
nalizou o projeto em setembro, eo segundo, com 32 voluntárias,acabará em dezembro. Puga explica que no treinamento a equipe combina a intensidade dosexercícios de acordo com cadamulher. A seleção das participantes da pesquisa acontece apartir de uma triagem que analisa quem não toma medicamentospara doenças crônicas, já que isso pode influenciar os resultados.
Experiência
A estudante de Educação Física Tállita Cristina, faz parte doprojeto e conta que está fazendoseu TCC sobre o tema e pensa emir mais adiante. “Para mim foiuma experiência nova que acabou me trazendo muitas ideias e,quem sabe, até um projeto demestrado”, declara.
Alunos de outros cursos também podem colaborar. A Fisioterapia, por exemplo, auxilia nofortalecimento do assoalho pélvico das mulheres, através de exercícios contra a incontinênciaurinária. Os estudantes de Nutrição também participam dasanálises de alimentação das participantes, enquanto coletas desangue são analisadas pelo Instituto de Genética e Bioquímica
(Ingeb) da UFU. Alguns acadêmicos ganham bolsa pela Fapemig, outros têm iniciaçãocientífica voluntária e há também a contribuição de alunosda pósgraduação.
Resultados
Segundo Puga, a equipe doprojeto já analisou exames equestionários do primeiro grupode mulheres e observou que, emtodas elas, houve melhoras significativas. Marcione Alves, 53,declara que, quando entrou namenopausa, sentia calor intensoe acordava muito durante a noite. “[Após o projeto] a disposiçãomelhorou, já não sinto mais tanto calor e cansaço e tenho maisânimo para fazer as coisas”, assegura. No início do ano quevem, o projeto será aberto àsmulheres hipertensas e diabéticas para ver como elas reagem àisoflavona e ao treinamento. Aexpectativa agora é de elaborarum projeto de extensão paraprestar atendimento permanente.“A intenção é que nos próximosanos a gente consiga abrangertanto a pesquisa quanto a extensão e atenda mais mulheres, alémde ajudar os acadêmicos a ter experiência para o mercado de trabalho”, afirma Puga.
Foto:Isabella
Rodrigues
Uma das grandes oportunidades que as instituições de ensinosuperior proporcionam são as pesquisas de desenvolvimento produzidas pelos alunos. A UFU não sedifere das demais e é base parapesquisas em todas as áreas de conhecimento.
Segundo o Pró Reitor de Pesquisa e Pós Graduação da UFU,Marcelo Emílio Beletti, não existem dados fixos da quantidade depesquisas que são realizadas nauniversidade atualmente, já que,constantemente, projetos são concluídos e outros iniciados, mas de
modo geral ele ressalta que “nomomento, entre projetos financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico (Cnpq), pela Fundaçãode Amparo à Pesquisa do estado deMinas Gerais (Fapemig), projetossem financiamento ou com financiamento da universidade, nós estamos com mais de 1.000”.
André Ramos e Jhonas Moura,alunos do curso de EngenhariaMecatrônica da UFU e componentes da Equipe de Desenvolvimentoem Robótica Móvel (Edrom) –premiada em competições como a
Competição Robótica da AméricaLatina de 2012 – ressaltam a importância da prática na pesquisa.“A gente aprende de uma maneiradiferente do que aprenderíamosem sala de aula, observamos asoutras pessoas fazendo e com isso adquirimos experiência”, conta Ramos. Além disso, traçamexpectativas para o futuro dacontinuidade das pesquisas: “Nanossa área, pelo menos naEdrom, vamos conseguir mantero nível de conhecimento, nosaprimorar e ensinar aos mais jovens”, afirma Moura.
Giovana Oliveira
Pesquisa: teoria e prática alavancam o futuro Saiba comoiniciar umapesquisa
Com duração de quatro meses, agreve dos técnicos administrativosdeste ano foi a mais longa da história. Entre as reivindicações estavamo reajuste salarial de 27,5%, aprimoramento do plano de carreira e a revogação da lei de criação daEmpresa Brasileira de ServiçosHospitalares (EBSERH). Apesar demuitos servidores participarem ativamente durante a paralisação, outros sequer comparecem aosencontros e sentemse insatisfeitoscom o caráter político da greve.Uma servidora, que preferiu nãoser identificada, afirma: “eu estavade greve, grevíssima, só aproveitando meu tempo livre; não frequentei as assembleias pois nãotenho interesse político. Porquegreve é isso, é política”.
A UFU conta hoje com aproximadamente 5.500 técnicos administrativos em seus campi. Desses,3.800 servidores são filiados aoSindicato dos Trabalhadores TécnicoAdministrativos em Instituições Federais de Ensino Superiorde Uberlândia (SintetUFU) eaderiram à última greve. Apesardos números expressivos, menos
de 10% dos técnicos sindicalizados, cerca de 300, comparecem comregularidade às reuniões deliberativasrealizadas e participam dosmovimentos. Na assembleia em quese decidiu pela adesão à greve, por exemplo, estiveram presentes 228 pessoas. Na última, realizada em 8de outubro no campus EducaçãoFísica da UFU, que pôs fim à paralisação da categoria, um número ainda menor, 120 servidores.
Para a técnica Lívia Carina Reis,do Instituto de Física da UFU, que seengajou no movimento e compareceu às reuniões, elas não esclarecemo andamento da paralisação. “Participei das assembleias e fui ao sindicato para saber como estavam asnegociações, porque as assembleiasnão dão muita noção”, aponta.Em contrapartida, existem também denúncias de servidores queaproveitam o tempo para viajarou conseguir um “dinheiro extra”– ambas as práticas são ilegais.“O que falta para nós é formaçãopolítica dessa categoria. Vejomuito mais como uma falta decompetência nossa do que fazermos vista grossa”, critica Silnando Ferreira, coordenador geral doSintet, que afirma ainda que a reponsabilidade pelos atos durantea greve é de cada um. “Na verdade a gente escuta que muitos correm atrás de outras funções praarrecadar um dinheirinho, mas agente não pode responder sobre
isso porque recai sobre a necessidade de cada uma dessas pessoas.Nesse sentido nem o sindicatonem a universidade têm o poder,nem tempo de ficar verificandoquem fez isso ou aquilo”, afirma.
Denúncias
A direção da Universidade recebe as denúncias que, muitas vezes,são feitas baseadas em posts nas redes sociais. “Se houver uma [denúncia] vamos tramitar tudo isso,não vai engavetar. Às vezes, as pessoas fazem denúncias muito curtas,muito vazias, mas de qualquer maneira a universidade apura”, defendeu Luiz Bertolucci, diretor deprovimento, acompanhamento eadministração de carreiras da PróReitoria de Recursos Humanos(PROREH). Caso uma denúncia seja comprovada, é aberto um processo administrativo que dá aoservidor o direito de defesa e, se necessária, a investigação pode resultar em exoneração do cargo.
Sobre a reposição das horas trabalhadas, o vigilante Vilmar Antônio deFaria, da Divisão de Vigilância e Segurança Patrimonial (Divig), acreditaque os servidores deveriam repor otrabalho e não receber durante operíodo. “A nossa greve é financiadapelo governo. Portanto, no meu entendimento, temos que perder oponto. Você ganha para produzir,você não produz, tem que fazer o
quê? Cortar o ponto”, diz.O Senso InComum procurou
alguns dos técnicos que, de acordocom denúncias, teriam utilizado otempo livre de forma indevida. Oscontatados pelas redes sociais não semanifestaram sobre o assunto até ofechamento da matéria, já entre osquestionados pessoalmente, houvequem respondesse que não gostaria de falar sobre o assunto equem aceitou falar, desde quemantido o anonimato.
Resultados da greve
O acordo firmado entre a Federação de Sindicatos de Trabalhadores TécnicosAdministrativosem Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) e oGoverno Federal, acatado peloSintet, contempla um aumentosalarial de 10,8% em dois anos e odeslocamento da data base de janeiro para agosto. Os técnicos haviam rejeitado uma primeiraproposta do Ministério do Planejamento, de realizar um reajustemaior, de 27,5%, porém em quatroparcelas. Para Silnando Ferreira, adecisão não foi satisfatória, masdá tempo ao sindicato para pensarfuturas articulaçõs. “Pelo menosnós temos um fôlego para preparar nossos instrumentos de luta para, em 2017 ou 2018, pensarmos denovo em fazer uma greve”, concluiFerreira acerca da situação.
Greve dos técnicos termina sem atingir objetivos
Maior greve dahistória mostroufragilidade dosindicato eservidoresplanejam novomovimento
Gabrieli Mazzola
Hiago de Paula
Foto:Guilherm
eGonçalves
"A nossa greve éfinanciada pelogoverno. [...]",diz Vilmar deFaria Vigilante
A criminalidade nas universidades públicas afeta alunos e servidores nessas instituições. Na UFU asocorrências de tráfico de drogas,tentativa de estupro e roubos intimidam quem passa boa parte do dianos campi. O debate entre a presença da Polícia Militar (PM) e outrasformas de prevenção é ancorado porideologias opostas e dados desencontrados.
Um dos casos preocupantes queocorreram na UFU foi de uma servidora que preferiu não ser identificada. Ela relata que ficou presa em suasala com um invasor que pedia abrigo, pois estava sendo perseguido portraficantes que tinham a intenção dematálo. Mesmo após o ocorrido, aservidora não notou diferenças nopatrulhamento de segurança. “A gente aqui dentro têm a ilusão de que está seguro, por ser um campus, estarfechado e ser uma Universidade”,completa. Eduardo Guimarães, vicereitor da UFU, afirmou ter conhecimento do caso e que, após o ocorrido,a Divisão de Vigilância e SegurançaPatrimonial (Divig) tem patrulhado o
local com maior frequência.O vicereitor também apontou
que, atualmente, a comunidade acadêmica dispõe da Vigilância Patrimonial e de homens da Divigresponsáveis pela proteção do material humano. Segundo Guimarães, ospoucos membros da Divig – cerca de50 –, não estão preparados para agirem determinados casos. “O númeroé insuficiente. Se tivesse uma política do Estado para que a universidade recontratasse seguranças, nósteríamos, provavelmente, cerca de
300 profissionais nessa área”, avalia.Foi apurado também pela nossa
reportagem o furto a umaservidora no Instituto deGeografia. Procurado pelo jornal, odiretor do Instituto, professorClaudio Antônio Di Mauro, nãoquis gravar entrevista, e apenasconfirmou o ocorrido. O jornalapurou uma série de denúncias queenvolvem membros do instituto,mas que não serão publicadas por
falta de comprovações oficiais.
A PM nos campi
Entre os dias 23 de junho e 23 dejulho, o Diretório Acadêmico da Faculdade de Engenharia Elétrica (Dafeelt) realizou uma pesquisa online comtécnicos, professores e alunos sobre apresença da Polícia Militar dentro doscampi. Das 2.400 pessoas que responderam, entre os votos válidos(2.303), 97,1% aprovam a presença daPM em maior ou menor grau, 52,7%são a favor de um posto policial,39,4% reivindicam rondas frequentesda PM e sua presença quando for solicitada e 5% preferem que os policiaisentrem no campus quando forem chamados. Apenas 2,9% dos votos sãocontrários à PM em qualquer situação.A pesquisa foi feita depois que umaluno foi assaltado por um homemcom um facão próximo ao bloco 1E, daEngenharia Elétrica.
Embora a pesquisa aponte umapossível unanimidade, diferentes setores da universidade ainda oferecem resistência a um posto policialdentro do campus. O estudante deEngenharia Elétrica, Frederico Vilela, um dos responsáveis pela pesquisa, afirma que há um consenso entreos organizadores de que a implantação de um posto policial não é adequada. “Ter um posto aqui dentro écomplicado porque você tem umajuventude que se acha diferente dalá de fora. Ela se acha superior aoresto. Montar um posto policial aquié ter briga todo dia de policial comaluno”, defende.
Para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) existem alternativaspara a insegurança além da PolíciaMilitar. “O nosso posicionamento éque a PM não resolve o problemaque temos dentro da universidade”,diz a coordenadora de organizaçãodo DCE, Gabriela Schwartz. Para odiretório, o campus não está imuneaos índices de criminalidade do entorno. "Se acontecem crimes do ladode fora, se existe tráfico do lado defora da universidade, dentro também vai ter. A universidade faz parteda sociedade como um todo”, defende. Com relação às medidas paliativas, Gabriela afirma que o DCE temdesenvolvido, em conjunto com areitoria e alunos da Engenharia daComputação, um aplicativo de celular para facilitar o registro de ocorrências dentro dos campi.
Apesar dessa indefinição, constitucionalmente, não há nada que impeça a entrada da PM nasdependências da universidade. É oque explica o promotor do ministériopúblico, Fábio Guedes Machado: “Ocampus está integrado na sociedade eno município. Então não existe essaquestão de não ser aplicada a lei. Ora,se compete à Polícia Militar, de acordo com o artigo 144 da ConstituiçãoFederal exercer o policiamento preventivo, por que não?”
Foto: Daniel Pompeu
Reitoria afirma: "segurança na UFU é insuficiente"
“Estamosanalisando apossibilidade deum convêniocom a PM”,afirmou o reitorElmiro Rezende.
"A PM nãoresolve oproblema quetemos dentro dauniversidade”,diz GabrielaSchwartz,coordenadora doDCE.
Daniel Pompeu, Mateus Augusto Ferreira e Timoteo Junior
Segundo o reitor Elmiro Rezende,uma parceria com a PM tem sido estudada há algum tempo. “Nós construímos propostas e estamosanalisando a possibilidade de umconvênio bastante amplo com a polícia militar”, informa. O reitor sinalizou ainda que o policiamentoostensivo também está previsto noconvênio com a Polícia Militar, comdata incerta para efetivação. Sobre apossibilidade de um posto da políciadentro do campus, Rezende afirmouque “até esse momento não foi considerada como essencial, nem pornós e nem pela PM”.
Algumas universidades em MinasGerais já contam com a presença depostos da polícia dentro dos campi,como nos casos de Lavras (Ufla) eViçosa (UFV). Em Lavras, a reitoriafechou parceria com a PM para criação de um posto policial comunitáriono campus, onde, desde junho de2011, seis agentes se revezam em duplas com o apoio logístico de quatromotos e uma viatura. Na universidade de Viçosa, a PM conta com o suporte de 200 câmeras demonitoramento e 300 centrais dealarme.
Drogas e Criminalidade
Entre agosto e outubro de 2015, aPolícia Federal (PF) realizou a chamada “Operação Atalaia”, que mapeou o uso e tráfico de drogas dentroda UFU, além de produzir imagensque comprovaram as ocorrências. Ainvestigação identificou, dentre osenvolvidos, alguns menores de idadee outras pessoas que não têm qualquer vínculo com a instituição. Ementrevista ao SensoIncomum, odelegado da PF em Uberlândia, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo, negouque tenha sido constatada ameaçaaos servidores públicos durante aoperação e disse que o tráfico naUFU não se configura em gangues,mas sim em um grupo único.
O diretor da Faculdade de Engenharia Civil (Feciv), Dogmar Antoniode Souza Junior, e o professor de Topografia, Marcio Augusto ReolonSchmidt, são responsáveis por umabaixoassinado que pede maior segurança dentro da universidade. Schmidt afirma que a ideia surgiu após ocrescente número de usuários e traficantes de drogas na porta da Feciv,sendo alguns deles armados, somadaaos pedidos de intervenção negadospela Prefeitura Universitária. “No
momento em que a gente se senteacuado, faz a solicitação e não éatendido, nós entendemos que, paraos que trabalham no bloco, não dápara esperar”, conta.
Entre as medidas a seremtomadas, a reitoria anunciou que vaiterceirizar a instalação emonitoramento de câmeras devigilância na universidade. Com oprojeto de terceirização, o número decâmeras instaladas saltará de cerca de10 para 84, em pontos estratégicosainda a serem definidos. Segundo odiretor de logística da UFU, WesleyMarques, o projeto base devedemorar mais três meses para serfinalizado e só a partir daí a empresade vigilância poderá ser licitada.
Do outro lado, um dos traficantesque frequenta o Jambolão, principalponto de venda e consumo de drogasapontado pela PF dentro da UFU,que pediu para não ser identificado,
relata que existe um “acordo" entreos aviões (responsáveis por buscar eentregar a droga para os clientes),que portam e vendem poucasquantidades de entorpecentes,visando manter a Polícia Militar forado campus. Quem cometer delitosque façam com que a PM sejachamada, como assaltos e roubos,“apanha” dos outros, explica. Eleconta que, apesar de vender drogas,não costuma utilizálas por medo dovício. “Aconteceu com vários amigosmeus, se internaram por causa dedroga. Usei maconha algumas vezes,mas nunca gostei”.
Arte: Amanda Cristina
“A gente faz asolicitação e nãoé atendido.Entendemos quenão dá paraesperar”, contaDogmar Júnior,diretor da Feciv.
Quando se liga a televisão nosprincipais noticiários do país, oque se vê são crimes hediondos,caça a bandidos e violência. Sãoexibidos programas que dedicamtoda a sua grade à cobertura decrimes, perseguição da polícia eprisão de infratores. As cenasflagradas por câmeras desegurança passam dezenas devezes a fim de despertarinsegurança no telespectador.
Isso tem seus efeitos. Apopulação se sente cada vez maisamedrontada e esse sentimentose estende também para dentrodos muros das universidadesBrasil a fora. Casos de estupro,assaltos, uso e tráfico de drogas eaté mesmo homicídios sãopautas para a discussão dainserção da Polícia nos CampiFederais. A Universidade de SãoPaulo (USP) implantou emsetembro desse ano um novomodelo de segurança que prevê aatuação da PM no Campus. Essamedida foi adotada após a mortede um estudante durante umatentativa de assalto no final deagosto.
Tal quadro de violência nãodestoa do visto na UFU, uma vezque ela não é uma bolha imuneàs mazelas de seu exterior. O quesepara o assaltante dacomunidade acadêmica sãoapenas alguns passos. Afinal, sea universidade pertence aopúblico, a comunidade externapode e deve ter livre circulaçãopelas áreas de convívio dos
campi. É por isso que o problematem que ser tratado também noâmbito da segurança pública, amesma que trata de qualqueroutra área da cidade.
Diferentemente da aprovaçãovista na pesquisa de opinião dosdiscentes divulgada emreportagem central nesse jornal,62% dos brasileiros têm medo dapolícia, segundo o FórumBrasileiro de Segurança Pública enão há garantias de que osprogramas implantados pelaUSP, assim como por outrasinstituições públicas, terãosucesso. O Brasil, hoje, tem umadas polícias que mais mata nomundo, de acordo com relatóriosda Anistia Internacional.
A USP divulgou em seu siteque a iniciativa pretendepromover a democratização daPM, propiciando um diálogoentre a Instituição e a forçapolicial. No momento em que aUFU estuda a implantação demedida similar, toda a suacomplexidade deve ser exploradapela administração. Há que selevar em conta que colocar umposto policial dentro dos campinão cabe somente à reitoria,Ministério Público e comunidadeacadêmica, mas tambémdepende do entendimentoestratégico e logístico da PM.Exigir uma base exclusivamentena UFU, sem que essa tenhafundamento estatístico que sejustifique, é superestimar ocontexto em que vivemos.
Reitoria afirma: "segurança na UFU é insuficiente"
Locais com maior índice de ocorrências na UFU, como: assédios moral epsicológico, uso e tráfico de drogas, furtos e ameaças à mão armada.
“É uma parte fundamental danossa identidade. Como vamos sernomeadas se não podemos ter umnome que nos acolha?”, destacou aaluna do curso de psicologia daUFU, Sofia Carneiro de Sá, mulhertrans, após a aprovação do nome so
cial na instituição. A discente foi aprimeira a solicitar o procedimento.
Aluno do curso de direito, PedroFerreira, homem trans, elucida quea aprovação da resolução é de suma
importância para a permanência dapessoa trans na universidade. Paraele: “você é aquilo que seu nomediz”. Concordando com Pedro, Sofiadeclara que “seria muito mais angustiante circular na universidadecom o nome de registro”, e com amudança ela se sente existente noespaço acadêmico.
O direito de possuir o nome socialnos registros universitários foi aprovado em 30 de janeiro, no ConselhoUniversitário (Consun). Para a docente do Instituto de Ciências Sociais, Maria Lúcia Vannuchi, escolhero próprio nome, “condizente comsua identificação de gênero, é umDireito Humano”. Ela ressalta que,apesar dos passos importantes queestão sendo dados na Universidade,ainda há muito que caminhar.
Ajuste fiscal impacta contas da UniversidadeO governo federal apresentou um
déficit orçamentário para 2016 de 30bilhões de reais e, para tentar reverter essa situação, optou por cortar gastos. A solução afetoudiretamente as universidadespúblicas. O corte na verba para oMinistério da Educação foi de 9,4milhões de reais. Com o contingenciamento de verba, a UFU acaboutendo que conter gastos e remanejaros recursos. Sobre as decisões dauniversidade para garantir a manutenção diante deste cenário, o próreitor de planejamento, José Francisco, declara que decidiu eliminarpostos de trabalho e rever preços dedespesas. “Todos os nossos contratos foram revistos para tentar buscar alguma economia de recursos”,diz. Sobre a contratação de professores, a próreitora de recursos humanos, Marlene Marins, afirma: “asvagas de novos professores aindanão foram suspensas. De suspensão,nada oficial”. Os reajustes se estenderão pelo próximo ano.
Nome social: direito garantido na UFU
Laura Fernandes
Foto:Pedro
VitorAlves
"Você é aquiloque seu nomediz", argumentaPedro Ferreira
YgorRodrigues
Para solicitar a mudança, é necessário comparecer à Central deAtendimento ao Aluno. De acordo com o diretor de Administração eControle Acadêmico (DIRAC), Paulo Resende, o resultado doprocedimento leva de 60 a 90 dias. Após a burocracia, é enviado umemail para a coordenação do curso, para que os professores possamimprimir outra lista de chamada. Até o momento, oito pessoassolicitaram o requerimento do nome social.
O Hospital de Clínicas da UFU (HCUFU) está em crise. Em setembrodeste ano, foram reduzidos os atendimentos no Pronto Socorro e suspensas cirurgias eletivas e deurgência. Por falta de seringas, luvas, gaze e medicamentos, somente20% dos pacientes que buscaram ohospital foram atendidos. O localdeveria receber mais de 1400 pessoas diariamente, realizando quase 2mil cirurgias por mês. O HC é o único hospital da região capaz de atender casos de alta complexidade,mesmo assim tem déficit mensal entre R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões e játeve suas portas fechadas em situaçãoparecida no ano de 2013.
O diretorgeral do HCUFU, Dr.Miguel Tannus Jorge, define a situação como “anormal”. “O HC possuium problema real de recursos. Nasatuais condições do hospital, , nósnão conseguimos [atender os pacientes]”, explica.
Em setembro houve duas paralisações dos médicos residentes do hospital em protesto pelo estado do HC.
Em virtude das restrições no mêsde setembro, a motorista de ambulância da cidade de Patrocínio, Vanilde Aparecida Melo, disse que tevede voltar sem atendimento com umpaciente que havia sido encaminhado para o HCUFU. “Chegando nohospital, soubemos que não estavamatendendo. São quase duas horas emeia de viagem, e isso foi muito desgastante para nós, principalmentepara o paciente”, pontuou.
UAIs
A procura de pacientes pelas Unidades de Atendimento Integrado do
município (UAIs) cresceu 55%, segundo dados da Secretaria de Saúdede Uberlândia. Em 2014, a média deconsultas no ProntoAtendimentodas UAIs era de 46 mil por mês. Em2015, o número aumentou para 72mil, o que elevou o consumo de materiais, gerando a falta de insumostambém na rede municipal. O Sindicato dos Médicos de Minas Gerais(Sinmed) orientou os profissionais asuspenderem atendimentos nos locais onde faltarem itens básicos e lavrar boletim de ocorrência, o queaconteceu nas UAIs do Bairro Planalto, Presidente Roosevelt e Martins.
Ebserh
A solução para os problemas administrativos e de recursos podem
ser a adesão do HCUFU à EmpresaBrasileira de Serviços Hospitalares(Ebserh), sinaliza a Reitoria. O vicereitor da UFU, Eduardo Nunes Guimarães, explicou a situação. “O HCestá em crise. A nossa vontade é resolver o problema, seja pela Ebserhou outra solução via Fundação”, diz
O hospital só retornou os atendimentos por meio de um aporte deR$2 milhões feito pela Ebserh para acompra de materiais. A verba seráviabilizada mensalmente pela empresa até a definição do ConselhoUniversitário sobre a adesão. “Em2013 éramos contra a entrada imediata. Passados dois anos, nós entendemos que o momento dodiálogo precisa ser reconstruído”,finaliza o vicereitor.
Crise no HC-UFU afeta saúde da região
Victor Fernandes
InfografiaporAmandaCristina
Foto: Alex Furtado
"O Hospital deClínicas está emcrise," afirmavice reitor.
Dentre as inúmeras liberdadesque o universo online oferece, está ouso gratuito de serviços anteriormente pagos, como baixar músicas e assistir filmes. Nesse contexto, osusuários de plataformas que oferecem esses recursos de download estreaming não autorizado são alvosde processos. Mas, afinal, o que diz alei brasileira sobre isso?
O professor de Direito na UFU,João Victor Longhi explica que “pro
priedade intelectual é o ramo do Direito que discute a exclusividade deexploração patrimonial sobre certosbens imateriais”. Ele aponta que, embora os direitos autorais tenham surgido para proteger o autor da obra,acabam defendendo “os exploradoreseconômicos, como as gravadoras”.
No Brasil, a punição, seja criminal ou civil, normalmente é direcionada a quem disponibiliza odownload não autorizado. “Se vocêtem um uso privado, sem intenção
de lucro, a tendência é de que nãohaja punição”, diz Longhi. Oprofessor esclarece que, mesmo ousuário não pagando o download, osprovedores “utilizam seus dados paravender publicidade. Isso é uma formade lucro indireto”. Longhi explanaque a legislação brasileira passou aproteger mais o provedor do download não autorizado, pois “você só poderesponsabilizar o provedor, uma vezque notificado, no site, que aqueleconteúdo viola direitos autorais”. O
blog Forúm de Livros Pepper Girlparou de disponibilizar livros gratuitamente quando foi denunciado poreditoras. “O blogspot trancou nossaconta, então paramos de distribuir.Não houve punições legais, só cancelaram”, relata a administradora dapágina. Assim, a página passou atraduzir e publicar gratuitamenteapenas livros inéditos no Brasil eainda não tiveram nenhuma queixadas autoras, que são americanas.
Usuários de downloads nãoautorizados, estudante da UFU PB e graduando da UNB AJ ,declaram saber que não se trata deum serviço claramente legal.“Compreendo que o serviço é ilegal,mas se fossemos pagar por tudo quevemos ilegalmente na internet, amaioria de nós não teria dinheirosequer para comida”, alega PB. Emrelação à legislação, AJ explica:“não faço ideia do que podeacontecer com quem faz uso destessites, mas imagino que deve existiralguma lei e um tipo de punição.Porém, nunca ouvi falar deninguém que foi punido”.
A pergunta na música de Caetano Veloso, consagrada na voz deVanessa da Mata, traz a discussãoda identidade racial. Quem são asneguinhas de Caetano e por que nãoo sabem desde sempre? No ambiente universitário, a mulher negra éminoria, e em 2009 representava9,91% dos estudantes, segundo oIpea. Na UFU, a Coletiva Bonecasde Pixe discute sobre o tema comquase 100 mulheres negras que di
videm vivências e estudos, presencialmente ou pelo Facebook.
Segundo Mariana Sousa, estudante de Ciências Sociais e uma dasfundadoras da Coletiva, o grupo surgiu da necessidade de discutiropressões raciais e de gênero. “Alémda luta contra o machismo, nós também devemos enfrentar o racismoque segue enraizado em nossa sociedade devido às heranças históricas,sociais e políticas”, conta.
A construção da identidade negra positiva é um processo longoe, muitas vezes, tardio. A falta deinformação da família é um impedimento comum apontado pelogrupo. “Minha família procuravame eximir dessa identidade negrae passarse pelo moreno, porque émenos duro”, destaca Mariana. O
grupo ressalta que a família não éracista nesse caso, mas reprodutora da opressão.
Muitas meninas são da primeirageração de universitárias da família, e é quase consenso que a universidade foi o início de uma
análise enfraquecida da identidadenegra. Agora, fazem o processo reverso: levam para os familiares aconsciência crítica que lhes faltava.“Eu discuto com a minha família,vejo tias e minha mãe se empoderando. Ela mesma já denuncia oracismo hoje”, declara PollyannaFabrini, membro da Coletiva.
Professora do curso de Letras emembro do Núcleo de EstudosAfroBrasileiros (Neab), MariaCecília de Lima, destaca a importância da Coletiva ser aberta à comunidade externa, pois existeuma cultura em que as mulheresnegras devem ocupar “o bairrolonge, a cozinha da patroa. Se agente saísse de lá, talvez fosse umlugar de sofrimento e de não aceitação”, avalia.
Em terra de ninguém, legislação pouco resolve
Correio
Bianca Guedes
“Nunca ouvi falarde ninguém que foipunido.” AJ
A construção daidentidade negrapositiva é umprocesso longo e,muitas vezes,tardio.
Arte:NatashaCristinaeBia
Yuki
Eu sou neguinha?
Gabriela Luz
Disque 190Mateus Augusto
As tais cantadas...Maryna Ajej
Sabese que a violência, seja elafísica ou verbal, atinge grande partedas mulheres no Brasil. Lamentavelmente, tais fatos acontecem atémesmo dentro das universidades,locais de ensino os quais deveriamser destinados ao crescimento e desenvolvimento pessoal, mas acabamsendo espaço para o cultivo dessasagressões. De acordo com o artigo7º da Lei no 11.340, a violência psicológica é qualquer conduta quecause dano emocional ou prejuízo àsaúde mental que tenha como objetivo controlar ações ou degradálas.Apesar de não deixar marcas físicasevidentes, a violência psicológicacontra a mulher é também uma violação aos direitos humanos.
A Organização Mundial daSaúde (OMS) afirma que a naturalização desse tipo de agressão éum estímulo a uma espiral de violências. O pior de tudo, é que esseconstrangimento ocorre o tempotodo, em plena luz do dia e mesmo assim continuamos tratandocomo se fosse algo normal emnossa cultura. Infelizmente, taisepisódios são naturalizados emnossa sociedade, mas não podemos afirmar que é algo normal,uma vez que é repressor.
Uma pesquisa da revista Épocaaponta que mais de 80% das mulheres já mudaram de caminho ouaté mesmo desistiram de sair pormedo da atitude dos homens.
O fato das mulheres serem asmaiores vítimas desse tipo de abuso psicológico nos chama a atençãopara o machismo. Elas são obrigadas a suportar toda a espécie dexingamento e a vontade de que alguns homens sentem em controlarseus corpos. Na maioria das vezes,são consideradas culpadas nessassituações, seja por suas roupas“curtas demais” ou pelo batom vermelho. Parte considerável das vítimas não denuncia esses crimes porreceio ou até mesmo devido a uminjusto sentimento de vergonha doopressor, deixando com que aceitem para si próprias a culpa a qualnão têm responsabilidade alguma.
Todas essas “cantadas” – da
“princesa” a passada de mão – violam a intimidade feminina umavez que o assediador parte doprincipio que ele pode opinar e expressar sua “avaliação” sobre ocorpo da mulher. Como essa percepção é generalizada, aquela quedecide manifestar contra o assédiocorre o risco de ser ofendida. Assim, essas cantadas funcionam como uma forma de afirmação depoder para estabelecer uma hierarquia. E se permitirmos que esseassunto se mantenha na espiral dosilêncio, mais recorrente isso será.As mulheres, assim como os homens, devem sim falar sobre isso, eunidas lutarem por mais respeito eigualdade entre os gêneros.
As ruas do meu bairro costumamser tranquilas nos sábados: pessoaspasseando com seus cachorros, universitários bem vestidos para alguma festa, gente nas calçadas olhandoo movimento. E aquele era um sábado como todos os outros. Saí paracomprar algo para o almoço e, enquanto andava na calçada, ouvi obarulho de uma moto se aproximando atrás de mim e logo parou domeu lado. Vão pedir informação,pensei. Ingênuo.
Passa o celular! Passa o celular efica quieto! – Disse o motorista, enquanto o homem da garupa desciada moto, com uma arma na mão eapanhava meu celular.
Meio dia? Quem assalta a essahora? Pensei. Não durou mais quetrês segundos, para que eu perdesseum objeto valioso e, com ele, váriaslembranças. Corri de volta para casa,precisava contar para alguém sobreo ocorrido.
O que eu faço agora? Disque 190,me recomendaram. Disquei. “Nomomento todos os atendentes estãoocupados, continue na linha” – dissea gravação no telefone. Se estivesseem apuros, estaria perdido.
Mandaremos uma viatura omais rápido possível – disse a atendente.
Quarenta minutos, exatamente,
foi o “mais rápido possível”. Dariatempo de assistir ao primeiro tempointeiro de uma partida de futebol.Até que finalmente a viatura chegou.
Como era o vagabundo? Qualera a cor da camisa? Qual era o modelo da moto? Qual a cor da moto?
Não sei dizer, senhor, foi tudomuito rápido.
Mas qual a idade deles, mais oumenos?
Não sei dizer, estavam de capacete.
Vamos te encaminhar para adelegacia, para fazer o boletim deocorrência – finalizou o policial.
Respeito, disciplina e hierarquiaeram os valores da instituição, escritos na parede do lugar. Não sabiaque hierarquia era um valor, até então. Trinta minutos para fazer o boletim de ocorrência. Havia maisgente na delegacia, o filho de alguémdesaparecera, choro, gritos, desespero.
Agora é só aguardar, caso a gente encontre o cara, te ligamos. Voupedir para alguém te levar para casa– disse o rapaz da delegacia.
Minha barriga já roncava. Lembrei que, por causa do incidente, nãohavia almoçado ainda. Até que umcabo da polícia me chamou e disseque me levaria até em casa. Pegarcarona de viatura é estranho, as pes
soas olham como se você estivessesendo preso. No caminho, o homemde farda que me levava puxou assunto:
Mas você sabe o porquê de tantos assaltos que estão acontecendopor aqui? – Perguntoume o policial.
Não sei, o que é? É por causa desses estudantes,
ficam andando com celular na mãona rua, isso atrai bandido – respondeu.
Não entendi, agora a culpa de tersido assaltado era minha? Pensei.
Mas o celular estava no meubolso, moço – retruquei.
Ah, mas tem que ficar esperto,filho. Quando você ver essas motos,uno, golzinho, carro mais simples,
sabe? Já “caça um canto”, porquecoisa boa não é.
Fiquei pensando como seria setoda vez que eu visse um carro popular na rua, tentasse me esconder.Aliás, o que tem a ver o carro? Queburrice, pensei. Mas dessa vez nãorespondi nada. Pedi para que medeixasse em um restaurante, minhabarriga já gritava de fome.
Não levaram sua carteira? –Perguntou o policial.
Não, só o celular mesmo. Ainda bem, né? – Finalizou. É, ainda bem.E foi este “ainda bem” a única re
compensa que puderam me darneste sábado. Que era um sábadocomo todos os outros.
O que é segurança senão umestado de conformidade, pazconsigo e com o ambiente noqual se vive? O homem busca demaneira geral se sentir seguroem todas as suas relações, desde as mais pessoais, como umrelacionamento, até uma demaior perspectiva, como o ambiente no qual ele frequenta.
Recentemente este é um debate que veio à tona, dentro dos muros da universidade, visto que aspessoas encaram esse espaço como “uma terra sem leis”, ondenão se tem uma segurança de fato. Colocome neste posicionamento, pois vivemos um contextode insegurança, mas a universidade não é bem assim. A questão éque as pessoas não reconhecemque aquilo que tantos alegam queocorre apenas dentro do campus
está presente todos os dias, 24horas nas margens de nossa sociedade.
Entretanto, nós como estudantes de privilégio não temoscontatos, ou até temos, mas nãosofremos com isso. Os murosda universidade não podem servir como uma segregação social,pelo contrário, ele tem que serreconhecido pela inclusão da comunidade com o meio acadêmico. De fato, temos umauniversidade que zela pela segurança meramente patrimonial,mas esta é uma realidade social,zelar pelos patrimônios materiaise se esquecer da vida humana.
A liberdade que encontramosdentro da universidade não deveser encarada como um agente deviolência moral ou física, mas infelizmente é isso que acontece.
Se a segurança na UFU se refere à Polícia Militar, eu discordo totalmente dessa segurança. Inclusive tenho medo dela. A PM na UFU, comoela sempre faz, iria favorecer os transeuntes mais ricos, aqueles de padrão eurocêntrico. E os cotistas, negros e a comunidade externa? Essesserão tratados, como apontam diversas pesquisas, como marginais umcara que não devia estar circulando pela UFU (''Um bem público a serviço do Brasil."). A segurança, para ser efetiva, tem de ocorrer aos redoresda universidade primeiro. Ela é um espaço que, teoricamente, serve paradiscutir o caos da sociedade e tentar encontrar soluções. PM na UFU seráuma contradição ao intuito real de uma universidade.
"Eu sou a favor da polícia noentorno do campus, não dentro.Porque em volta é muito mais
perigoso. (...) Tem mais casos deassaltos na saída da universidade."
André CarusoEngenharia Civil
Perspectivas da segurançaMatheus Maia - Ciências Sociais
"Você está num lugar de estudo enão tem segurança. O mínimo quepode ter aqui é a polícia. Acredito
que quem não deve não teme."
Luis Gustavo AbdallaEngenharia Elétrica
Rafael Gomes - Design
Policia para quem?Karine Rodrigues – Ciências Biológicas
Fala, Leitor
"A UFU não é uma bolha e sim umreflexo da sociedade. Se colocar
policia aqui não vai adiantar, comonão adianta lá fora."
Roniere QueirozPedagogia
"Seria interessante ter opoliciamento, mas para isso é
necessário algum treinamento paraque a policia não trate diferente
quem é aluno e quem não é."
Lays BragaLetras
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