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SENSOiNCOMUMJornal-Laboratório do Curso de Jornalismo • UFU •Desde 2010• Ano VII • Nº XXX • Fevereiro-Março/2016
Quem tem razão?
Perigo emobras na
Segismundo
Pedestres lidam coma falta de sinalização
na construção donovo corredor de
ônibus da avenida.
Inovações em torneiosNovas tecnologias são testadas em diver
sas competições internas que acontecem naUFU. No Torneio Universitário de Robóticaos participantes desenvolvem carrinhos. Jáa Batalha dos Games convida os alunos aproduzirem seus próprios jogos digitais.Um dos produtos desenvolvidos foi adaptado e já ficou em primeiro lugar em númerode downloads da Google Play.
Página 4
Arte fora da arteAqueles que acreditam que as repre
sentações artísticas na universidadeacontecem apenas no Instituto de Artes,devem conhecer a disseminação de cultura produzida por alunos de cursos distintoscomo o de Engenharia e Direito. Pormeio da arte os estudantes geram conteúdo fora dos cronogramas propostospelas jurisdições e cálculos.
Página 9
Vaga disponívelA dificuldade de encontrar um espaço
para estacionar o seu carro na UFU podeestar chegando ao fim. Com a ajuda dealunos, a Diretoria de Logística daUniversidade procura soluções para oproblema. Pretendese diminuir ademanda por vagas por meio de ideiasecologicamente promissoras pensadas porestudantes.
Página 7
Guerra-surda
Mesmo o estupro já sendoconsiderado crime hediondo noBrasil, o agressor ainda pode não sesentir tão intimidado. Sãonecessárias medidas punitivas maiseficazes.
Página 2
www.sensoincomum.net
Página 3
Vamos fugirVocê é reaça ou coxinha? Nos
dias de hoje, todos somos “obrigados”a assumir um lado. Se não é nenhumdos dois, já pensou em fugir? Você nãoé o único!
Página 11
Foto: Isabella Rodrigues
Foto: Isabella Rodrigues
A história da luta das mulheres pordireitos é um percurso marcado poraltos e baixos. Há 30 anos, tudo indicava que o mundo daria a elas maiorrespeito e espaço. Mas que ilusão...Um estudo recente, divulgado peloFórum Nacional de Segurança Públicaem 2013, apontou que ocorre, no Brasil – um país lindo e abençoado pornatureza , mais casos de estupro quede homicídio. São 50 mil contra 47mil e esse número absurdo pode serainda pior, já que alguns estados como Roraima e Santa Catarina, nãoforneceram dados credíveis para a realização da pesquisa.
Os jornais, ao noticiarem tamanhabrutalidade, não dão a devida importância para o fato. 50 mil mulheressão violentadas por ano e têm a suaintegridade roubada por alguém que éjulgado louco pelos que assistem aosnoticiários da TV.
Um caso único de estupro é tido,pela maioria, como uma tragédia eatribuem à culpa a algum pervertidoque não conseguiu controlar seus impulsos. O agressor usa de requintes de
tortura e crueldade, sendo indiferenteà dor e aos traumas que poderá causaràs vítimas. Quando preso, sai e voltaaos mesmos hábitos que o levarampara trás das grades.
Já 50 mil é um problema e tratadocomo “normal” em uma sociedadeque se silencia perante suas adversidades. Convivemos todos os dias compessoas que são capazes de cometertamanho horror.
Parece que os brasileiros estão esperando pela consumação desses atos,para começarem campanhas que nãosurtirão efeitos significativos. Épossível ver na roda de quaisquer
amigos, o preconceito com a mulher,as piadas ofensivas, as risadas de escárnio a respeito de sua inteligência. Amulher socialmente julgada como serinferior, gestos obscenos que remetema piadas sexuais e aceitas pela culturado “homem superior”.
Qualquer garoto que cresça nesseambiente se sente no direito de desprezar as mulheres. Parafraseando Simone de Beauvoir, ninguém nasce
estuprador: tornase. Em uma sociedade onde são aceitáveis piadas demau gosto e a cultura do estupro, nãopoderia ser diferente.
Pergunte a qualquer mulher se ela
já se sentiu ameaçada pela violênciasexual. Há uma guerra surda contraelas que os movimentos feministastentam ao máximo combater. O estupro hoje é tido como um crime hediondo no Brasil, com aumento deagravantes e da pena, dependendo docaso. A Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres criou o número180 para facilitar a comunicação entreas vítimas e a lei. O governo prometeuimplantar Casas da Mulher, lugaresde apoio a elas, em todos os estados.
Porém, apenas remediar um atocomo esse não fará com que o agressor sintase intimidado ao cometer talbarbárie. Um maior empenho é necessário para combater esse mal. Algumas medidas como: maiorrepressão da violência sexual a mulher, um agravamento maior da penaem caso de estupro e a garantia de umsistema de saúde pública que dê assistência em casos como esse, devemser tomadas urgentemente, a fim deque não voltemos aos tempos de barbárie, onde, nas palavras de Simonede Beauvoir, a mulher era “uma matriz, um ovário; uma fêmea, e esta palavra basta para definila”.
Estamos em Guerra!Amannda Barbosa
“Vadia submissa! Mete o pau nela q ela gosta”. Essa foi apenas umadas publicações (algumas apagadas)da “Universidade Federal: Antes eDepois”, página do Facebook queatualmente conta com 7.565 curtidas. A frase era acompanhada pelaimagem de uma garota com a bocaescancarada e um pênis enfiado goela abaixo. A página foi denunciadae, 48h depois, o Facebook respondeu dizendo que o conteúdo não viola os Padrões da Comunidadedefinidos pela empresa.
A cultura do estupro se tornoudemocrática, sutilmente ensinada
desde o berço a todos os gêneros,classes sociais e etnias. Convertidoou não, o estupro aparece apenascomo ápice de uma naturalizaçãodoente de um grave problema.
A violência contra a mulher setornou normal. Um de seus desdobramentos, por exemplo, ocorreuno dia 21 de setembro, quando umagarota de 18 anos quase foi estuprada e enforcada, no banheiro do bloco do Direito na UFU. O episódio,digno de lamentação, pode ser apenas mais um caso, para somar aostantos outros que já aconteceramnas universidades – especialmente
públicas. Ou pode ser a gota d'águapara que, finalmente, mulheres lutem por respeito. E, sim, a palavra éessa: LUTA. Porque só quem é mulher sabe a luta que é, todos os dias,fazer de conta que não ouviu a cantada escrota do babaca da esquina.Ou, ainda, não usar a roupa que realmente deseja, apenas para "nãoprovocar" o próprio estupro.
Há um sistema e ele existe antesde você. Talvez seja muita pretensãoacreditar que por sua causa ele cairá. Mas é com essa perspectiva quemulheres precisam se manifestarcontra essa podridão. Vivemos nu
ma sociedade que nos nega o simples direito de ser. Nosso dia a dia éviolento. Antes de seres humanos,somos formados como violentadoresdo outro, daquilo que julgamos inferior à nossa tamanha grandeza.
Em recente vídeo publicado naweb, o presidente do Uruguai, Mujica, refletiu: “A forma como vivemos e nossos valores são aexpressão da sociedade na qual vivemos”. Enquanto não conseguirmos repensar nossos valores,continuaremos alimentando essesistema que, mesmo fadado ao fracasso, vem se mantendo intacto.
Editorial
Expediente:
Reitor: Elmiro Santos Resende / Diretor da FACED: Marcelo Soares Pereira da Silva / Coordenador do curso de Jornalismo: Gerson de Sousa / Professoresresponsáveis: Ana Spannenberg, Christiane Pitanga, Marcelo Marques e Vanessa Matos / Jornalistas responsáveis: Ana Spannenberg MTB 9453 e VanessaMatos MTB 50.456 / Editores de Capa: Marcela Pissolato e Ygor Rodrigues/ Editores de Arte: Bianca Guedes e Renato Taioba / Editores de Opinião:Bianca Guedes e Renato Taioba (o conteúdo opinativo é de responsabilidade dos articulistas/autores que assinam as colunas) / Editores de Ciência eTecnologia: Letícia Brito e Rodrigo Castro; Subeditores: Daniel Pompeu e Nadja Nobre / Editores de Universidade: Laura Fernandes e Pedro Lobato; SubEditores: Marcela Pissolato e Ygor Rodrigues / Editoras de Região: Bianca Felix e Giovana Oliveira; Subeditoras: Amannda Barbosa e Laís Vieira /Editores de Cultura: Alex Furtado e Michelli Rosa; Subeditor: Matheus Xavier / Editores do Senso Aberto: Bianca Guedes e Renato Taioba / Editora daPlataforma Digital: Adrivania Santos; Subeditores: Paola Buiatti e Timoteo Batista/ Finalização: Danielle Buiatti.
CréditoIlustração:AmandaCristina
No meio do caminho tinha uma obra
Ellen Melo
O Artigo 88 do Código de Trânsito Brasileiro é claro: “Nas viasou trechos de vias em obras, deverá ser fixada sinalização específicae adequada”. Apesar de não deixarmargens para qualquer dúvida, ocenário encontrado pela população em uma das obras que fazemparte do programa UberlândiaPlanejada é completamente diferente do que estipulado pela lei.Desde o início da construção do
corredor de ônibus na Avenida Segismundo Pereira e do terminalNovo Mundo, em 27 de junho de2015, os pedestres que utilizam avia diariamente tiveram que seacostumar com os transtornos gerados pelo empreendimento.
Segundo informações do munícipio, o investimento será de R$22,5 milhões, com entrega prevista para o primeiro semestre de2016. Mesmo com o alto valordestinado aos projetos, fatorescomo a mobilidade da populaçãodurante o processo de obras e asinalização, apresentam inúmeras irregularidades.
Acessibilidade e sinalização
A cadeirante e estudante do cur
so de Administração da UFU,Pollyana Prado, afirma que as dificuldades no período de obras sãoenormes. “Não tem sinalizaçãocorreta, nem rampas nas calçadasou nos canteiros centrais da avenida. Os carros e ônibus passam emalta velocidade e, como eu toco acadeira devagar, tenho medo deque aconteça um acidente comigo.Todos os dias eu coloco minha vidaem risco”, diz. Pollyana destacatambém que o tempo de viagementre sua casa e a universidade aumentou. “Já que não tem como euatravessar o canteiro, eu tenho queesperar o ônibus fazer o trajeto dalinha até o terminal central, e sódepois ele consegue parar do ladoda calçada da UFU. Isso faz comque minha viagem dure de 20 a 30minutos a mais”, relata.
O assessor da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes(Settran), Divino Amarildo dosSantos, afirma que a função daprefeitura é de planejar o resultado final da obra. “Tanto o corredor como o terminal foi pensadopara facilitar a acessibilidadeatravés das travessias elevadas,piso tátil e semáforos sonoros. Toda obra que é feita pela prefeitura
hoje tem que passar pelo Núcleode Acessibilidade para ser executada.", afirma.
Em relação ao não cumprimentodas normas previstas no Código deTrânsito, o assessor assegura que otrabalho da Prefeitura, nesse casoespecífico, é o de apenas fiscalizar.“A função de reduzir os transtornosdeve ser da empresa responsávelpela licitação. Normalmente, qualquer obra acarreta transtornos.Nesse período, cabe a nós da prefeitura, cobrar deles para melhorar aquestão de acesso e as travessias daavenida", explica Santos.
A reportagem do SensoIncomum percorreu toda a AvenidaSegismundo Pereira e não identificou a presença de placas de sinalização para pedestres junto àsobras. Ao ser questionado sobreisso, o assessor da Settran, afirmou: "Eu garanto que está sendofiscalizado, acompanhado, e aprópria Settran tem feito placas,colocado agentes de trânsitos nalocalização para reduzir os incômodos”.
Normas de Segurança
O engenheiro civil José de Oli
veira certifica o que foi falado peloassessor, “cabe à empresa executora das obras seguir as normas. Éde obrigação e de responsabilidade da mesma sinalizar toda aconstrução. Infelizmente, em alguns casos, o apoio da Settran éineficiente”. Por experiências anteriores, Oliveira diz que: “geralmente a sinalização de obras estáinclusa no planejamento e no orçamento, e, quando as obras sãoem vias públicas, é requisitado oapoio da secretaria de trânsito local". O engenheiro ressalta que"nenhuma obra ou evento podeperturbar ou interromper a livrecirculação de veículos, pedestresou colocar em risco a segurançados mesmos”.
O engenheiro ainda esclareceque as principais normas de sinalização de obras em pistas e rodovias são estabelecidas peloDepartamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT),através do Manual de SinalizaçãoRodoviária, e também pelo Código de Trânsito Brasileiro. No entanto, Oliveira revela: “nomomento, o Conselho Nacionalde Trânsito está realizando umareformulação das normas de sinalização”.
Foram feitas diversas tentativasde contato com a empresa EMSA,responsável pelas obras do corredor da Avenida Segismundo Pereira, porém, até o fechamentodesta edição a companhia nãoquis se pronunciar.
"A função de reduzir os transtornos deve serda empresa responsável pela licitação." DivinoAmarildo dosSantos
Foto: El len Melo
Competições técnológicas se tornaram rotina em vários cursos daUFU. Os torneios acabam chamando atenção de grandes empresas,que procuram estudantes para contribuir no desenvolvimento de pesquisas. Através de apoio financeiro,as entidades investem pensando emganhar novas tecnologias no futuro.Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), Companhia Energética de Minas Gerais(Cemig), Petrobras, Algar e Valesão exemplos de organizações queveem nas competições espaços decriação científica.
Os cursos de engenharia e computação são normalmente berços destestorneios. Os alunos conseguem desenvolver robôs que superam obstáculos colocados em uma pista ou atémesmo escapar sozinhos de labirintos. Outro exemplo, é uma batalhade desenvolvimento de games naqual uma temática é escolhida. Vários jogos são criados e, após passarpor critérios avaliativos, um vencedor é escolhido.
Labirinto Robótico
O Torneio Universitário de Robótica acontece anualmente e contribuipara a integração e aprendizado nosvários cursos de engenharia. Nacompetição os participantes precisam desenvolver carrinhos quefuncionem de forma autônoma esuperem obstáculos na pista. Adisputa testa velocidade, criatividade e inovações propostas pelosalunos. O evento é realizado peloPET da Engenharia Elétrica e pelaEmpresa Júnior de Consultoria emEngenharia Elétrica (Conselt), como apoio da faculdade do curso e dauniversidade. Além disso, contacom patrocínio da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração(CBMM) e da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
A estudante de engenharia elétricae participante da organização dotorneio, Christielly Fernandes, ressalta que os competidores estãosempre em busca de melhor desempenho para os carrinhos. Segundoela, melhores equipamentos são desenvolvidos na produção dos robôs.“Microcontroladores mais eficientes,sensores e outros dispositivos ele
trônicos mais robustos são criados.Além disso, materiais para estruturas mais leves, além de inovação noscódigos de programação dos carros”,explica.
Maze Escape
Também um exemplo de competição, pela primeira vez realizado noBrasil, o Desafio Maze Escape (queexiste há mais de 40 anos em paísescomo Japão e EUA) ocorreu em setembro de 2015, e reuniu equipes ecuriosos. A disputa consiste na solução de um labirinto de 16x16 célulascom um robô autônomo denominado de micromouse.
O organizador do evento e engenheiro biomédico, Kleber Lima,conta que sempre participou decompetições de robótica durante agraduação. Ele ressalta que a buscapela vitória incentiva novas tecnologias e auxilia melhorias para sistemas já conhecidos. “Participei devárias competições de robótica eposso afirmar que meus projetosmais complexos foram influenciadospor elas”, lembra.
Batalha de games
De acordo com a Associação Brasileira de Desenvolvedores de Games (Abragames): o mercado degames movimenta mais de 900 milhões de reais por ano no país e temcriado mais de 4 mil empregos anualmente. Realizada pelo PET da Ciência da Computação (COMPET), aBatalha de Games, está na 3ª ediçãoe reforça a situação do segmento nopaís. O evento convida alunos a desenvolver seus próprios jogos digi
tais e disponibilizálos ao público.Uma banca de jurados testa os produtos que concorrem a premiações.Na batalha, os alunos costumam utilizar plataformas de criação já presentes no mercado. Entretanto,também na batalha são criadas novas plataformas.
Segundo o estudante de ciência dacomputação e participante do COMPET, Pedro Braz, a evolução da Batalha tem dado mais visibilidadepara as inovações ilustradas nas disputas e contribuído para chamar aatenção de grandes empresas e ajudar financeiramente no desenvolvimento dos games.
Virou app
O estudante de ciência da computação, Guilherme Castilho, ficou emterceiro lugar na batalha de gamesdesse ano. Castilho conta que o projeto desenvolvido por eles na batalha foi adaptado para lançar o jogo“Já acabou Jéssica?”, que tem comobase um meme viral da internet.“Tínhamos um dia para lançar, porcausa da validez do meme, então só
nos arriscamos pra ver no que dava”, conta.
Uma semana após ser lançado, ojogo estava em primeiro lugar devido ao número de downloads. O estudante faz parte da empresaPontoBarraGames e afirma que novos jogos estão sendo desenvolvidos,aproveitando o sucesso do “Já acabou Jéssica?”. O objetivo é se consolidar no mercado de games parasmartphones.
Agência Intelecto
A UFU conta com a Agência Intelecto que atua como mediadora entre alunos que produzem tecnologiae empresas interessadas nessas inovações. Segundo a responsável pelaDivisão de Transferência de Tecnologia e Empreendedorismo, Manoela Botrel, a agência serve como umaligação entre os alunos e as empresas que procuram inovações paraajudar no desenvolvimento de tecnologias. “As empresas hoje, principalmente de grande porte, veem auniversidade como uma parceira”,conta. Alguns parceiros desses projetos são: Petrobras, CEMIG, Vale,ALGAR, entre outros.
A responsável pela agência explicaque há a necessidade de uma mudança cultural no processo de criação. “O empreendedorismo e acultura da inovação precisam serdifundidas culturalmente”, resume.
Competições motivam inovações tecnológicas
O mercado degames movimentamais de R$900milhões por ano.
Foto: Arquivo pessoal
Foto: Reprodução
Amanda Cristina
A UFU oferece a seus alunos, deacordo com a condição de vulnerabilidade social, moradia compartilhadagratuita que fica localizada no bairroTibery, visando atender estudantescom baixa condição sócioeconômica.No dia 16 de outubro de 2015, a Divisão de Assistência ao Estudante (Diase), órgão responsável pelo programade moradia estudantil junto à Diretoriade Assuntos Estudantis (Dires), se envolveu em uma polêmica ao retirar umaluno da residência contra sua vontade. A vaga foi substituída por bolsamoradia, no valor de R$ 300.
O fato que culminou na retirada doaluno foi uma carta de outros moradores que alegavam problemas de convivência com o estudante em questão. Noentanto, de acordo com o estatuto damoradia, todos os problemas relacionados a quebra de regras de convivênciadevem ser encaminhados para uma comissão disciplinar, formada por gestores do local e uma Comissão Executiva,formada por moradores. Aconteceuapenas uma reunião da Comissão Executiva, no dia 15 de outubro, para discutir uma solução e houve um indicativode que o morador envolvido com problemas de convivência poderia ser
transferido para outro apartamento,mas permanecendo na residência estudantil.
Apesar desse encaminhamento, ocaso foi levado à Diase/Dires que, contrariando a decisão da Comissão, optoupela retirada do estudante da moradia
após reunião de uma comissão especialformada por assistentes sociais e psicólogos da divisão, que fazem acompanhamento periódico com os estudantes.A instituição não revela os motivos concretos que motivaram a decisão da retirada do estudante por se tratar deinformação de ordem pessoal e, portanto, sigilosa. A gestora da moradia estudantil e assistente social da Diase, Mariade Fátima Oliveira, disse que os alunosda comissão executiva sabiam que o casoseria levado para o órgão responsável e,por isso, para ela “não há sentido em dizer que a gente passou por cima”.
O próprio morador, que preferiu nãoser identificado, afirmou que não era suavontade sair da moradia e que a formacom que a divisão responsável tratou oproblema o prejudicou. “Foi bemcomplicado, a forma como abordaram. Eu queria pelo menos que a Diase tivesse me escutado de fato,porque, querendo ou não, eu só fui lápara receber o comunicado [de expulsão]”, relatou o estudante, que aindajulgou o acompanhamento psicológico oferecido pela Divisão como insuficiente para avaliar casos como este.“Não havia um padrão no acompanhamento psicológico, não havia, porexemplo, um sistema de consultasmarcadas”, explica.
A Comissão Executiva emitiu umacarta repudiando a retirada do estudante. A decisão foi precipitada, na opiniãode outros moradores, como Pedro Cândido, membro da comissão executiva. “A
nosso ver não houve nenhum diálogosobre a decisão. Por isso nossa movimentação sobre o caso, pelo fato de nãovisualizarmos, pelo próprio estatuto damoradia, nenhuma possibilidade da Diase retirar o estudante da moradia, daforma como ela realizou”, opina.
A Dires se defendeu após a carta enviada à reitoria, afirmando que o estatutoé passível de interpretação e que algunscasos devem ser analisados especificamente pela equipe de acompanhamentoao estudante do órgão em questão. Alémdisso, informou que tem a autonomia deretirar o estudante da moradia. Noepisódio, como informado pelo diretorde assuntos estudantis, Leonardo Barbosa e Silva, “a avaliação da equipe foique uma mudança na estrutura de moradia era necessária para este caso específico”. A instituição ainda frisa que adecisão não foi tomada por um fator disciplinar e, portanto, não é de competência da comissão executiva julgar o caso.
O botafora
A Diase e a Dires informaram que oaluno teria no máximo 30 dias para sairdepois do comunicado. Após a retirada,foi lhe oferecido uma bolsa moradia deR$300 para subsidiar os custos de suanova casa. Segundo o mesmo, eleenfrentou uma situação delicada ao sairda moradia, pois o auxílio oferecido nãoera suficiente para custear umaresidência perto da universidade. “Aminha sorte é que eu tinha um amigo
que me ofereceu lugar para ficar, senãoeu não teria para onde ir. A bolsa, pelovalor que é, não cobre os custos denenhum lugar perto da UFU. Eu nãotinha cama, mesa, nada. Eu ganheiminha cama, senão teria que dormir nochão”, afirma o estudante.
O próprio diretor de assuntosestudantis, Leonardo Barbosa e Silva,admite que as condições que a bolsaproporciona não são compatíveis àsoferecidas pela residência dosestudantes. “A moradia dá umaestrutura ao aluno que eu julgo melhor.Uma estrutura que R$300 nãoproporciona. Mas não é só isso que estáem jogo, mas também a avaliaçãotécnica sobre um caso.”
Retirada de estudante da moradia causa polêmica
Mateus AugustoFoto: Ygor Rodrigues
A moradia estudantil da UFUfoi inaugurada em junho de2014 e fica localizada na RuaVenezuela 1.352 no bairro Tibery. Seu projeto era previstopara 2012, mas, por problemastécnicos, houve atraso na entrega da obra. A estrutura contacom 26 apartamentos que têmcapacidade para abrigar 150 estudantes, onde seis vagas sãodestinadas a estudantes comdeficiência física que têm umapartamento adaptado para suas necessidades. Ainda há 30vagas para serem ocupadas. Para conseguir uma vaga é precisocomprovar baixa condição sócioeconômica através da Diase,órgão responsável pelo controle.
Dados sobre aresidência estudantil
"Diase/Dires,contrariando adecisão daComissão, optoupela retirada doestudante damoradia"
"Eu queria pelomenos que aDiase tivesse meescutado", dizestudanteexpulso.
Aliar teoria e prática é o anseio damaioria dos alunos ao entrarem nafaculdade. Uma das possibilidades éa participação nas empresas junioresdos cursos de graduação. Conhecidas como “EJs”, essas associaçõessão formadas por estudantes queprestam serviços sem fins lucrativospara empresas e sociedade em geralde acordo com sua área de atuação.
Na UFU, algumas EJs recebemo auxílio do Núcleo de EmpresasJuniores (NEJ), que segundo o estudante de Gestão da Informação eatual presidente, Davi Borges, “dásuporte nas técnicas de desenvolvimento como gestão e gerenciamento de projetos”.
Atualmente, existem 26 empresas juniores na universidade, masapenas dez são filiadas ao NEJ.
Borges destaca que algumas nãose filiam devido à documentaçãoexigida pelo núcleo, como oalvará de funcionamento.
O diretor de marketing da Babel, Vinicius Timm, empresa júniorda Tradução, esclarece que os trabalhos mais recorrentes da EJ sãotraduções de históricos escolares,artigos, diplomas e outros tipos dedocumentos. O estudante contaque a procura pelos serviços partede empresas ou pessoas individuais e o valor cobrado no orçamentoé direcionado apenas aos gastos daEJ, como impostos e manutenção.Timm destaca que o conhecimentoadquirido na Babel é o que impulsiona os alunos. “Sei como lidarcom clientes, fazer orçamentos, divulgar o trabalho. Isso motiva muito a gente”, aponta.
O sucesso dos juniores
A Apoio Consultoria, empresa júnior dos cursos de Administração eGestão da Informação, é um dosdestaques entre as EJs da UFU. Emmaio de 2015 a equipe bateu a metade faturamento do ano inteiro. Umadas diretoras da Apoio e estudantede Administração, Laís Vieira, explica que a meta foi batida em razão daabertura de uma empresa de agronomia de precisão. “Quando a gentefechou [o projeto] foi muitobom para ver que temos capacidade de atender pessoas especializadas em um projeto tão grandee caro”, comemora.
Professora tutora da Apoio, DarciAlves, conta que uma das maioresdificuldades é manter a autonomiado grupo. Para ela, “o tutor tem opapel de orientar, mas precisa preservar a liberdade dos alunos, o queé difícil, porque às vezes eles nãotêm bagagem para tomar algumasdecisões”, declara.
Aluno da Administração, Caio Vitullo, está na empresa há dois anos etambém é um dos diretores. Para ele,a maior motivação dentro da Apoio éo aprendizado: “tem coisas que infelizmente os estágios nunca vão proporcionar. Lá fora a pessoa só vaifocar em uma área da administraçãoe aqui não, porque se aprende tudoao mesmo tempo”, completa. Laísainda ressalta a responsabilidade queo aluno tem. "Precisamos pensar emprojetos simples que ajudarão outras
a pessoas a montar sua empresa ",conta.
Barreiras
Apesar do êxito de algumas empresas juniores, outras ainda enfrentam dificuldade para seconsolidarem na universidade. AContabile, EJ da Ciências Contábeisestá com as atividades praticamenteparadas há mais de cinco anos.Edilberto Batista foi aluno do cursoe o primeiro presidente da empresajúnior. Agora professor, ele esclarece que “há uma dificuldade para seconseguir alunos sucessores e,consequentemente, tem sido difícilque haja interesse de orientandose tutores”. Entretanto, Batistaafirma que tem interesse navolta efetiva da Contabile.
De 'júnior' eles não têm nada
Durante a cerimônia de aberturada Olimpíada Universitária UFU2015, realizada no dia 6 de novembro de 2015, foi anunciado que a Diretoria de Assuntos Estudantis(Dires) disponibilizaria um kit commaterial esportivo a todas as 28 Associações Atléticas Acadêmicas(A.A.A.) inscritas na competição. Oobjetivo é equipar essas organizações para que elas estimulem a prática esportiva na universidade.
Segundo o diretor de assuntosestudantis, Leonardo Barbosa e Silva, a demanda por auxilio de mate
riais esportivos é antiga. “Nóspercebemos, desde cedo, que as atléticas têm estruturas físicas e capacidades econômicas muito diferentes.Há atléticas muito equipadas e outras que mal têm espaço para existir”, afirma. O kit é compostopor equipamentos de uso frequente,como bola de futebol, basquete,handebol, vôlei, peteca doisjogos de coletes.
A A.A.A Exatas é uma das maisnovas da UFU. Para o presidente,Talles Aquino, a doação do kit surgepara complementar algumas necessidades de sua atlética. “Nós conseguimos alguns recursos através de
organizações de eventos e venda deprodutos, mas não tínhamos colete,por exemplo”, explica. Essa realidade também é observada na A.A.A. daEducação Física, representada pelopresidente Rodrigo Inácio da Costa,para quem os equipamentos disponíveis atualmente estão desgastadosdevido à frequência do uso.
Com relação à origem do material, o diretor aponta que todos sãonovos, de qualidade e já foram comprados, mas não há comprometimento de verbas que desrespeite ocontingenciamento atual. “No finaldo ano, a Dires costuma realizar umseminário de planejamento de con
tas com toda a equipe. Já havíamosreservado uma quantidade de recursos”, esclarece.
Estrutura física
Além de garantir os materiais,Silva conta que há uma proposta,cujo projeto arquitetônico está concluído, destinada a montar umaestrutura que comportaria departamentos de CA’s, DA’s e atléticas.Embora essa proposta esteja fundamentada, o processo de licitação foiinterrompido pelo corte de verbasestabelecido pelo governo federal, enão tem previsão de execução.
“Sei como lidarcom clientes,fazer orçamentos,divulgar otrabalho. Issomotiva muito agente”, diz Timm.
Dires promete equipar atléticas para próxima Olimpíada
Isabella Rodrigues
Bruno Prado
Foto: Isabella Rodrigues
A dificuldade para encontrar vagasnos estacionamento da UFU, principalmente no campus Santa Mônica, jávem sendo motivo de reclamações porparte da comunidade acadêmica háalguns anos. Estacionamentos lotados, carros estacionados em locaisproibidos ou vagas reservadas a deficientes são cenas comuns nos campi.
Desafiados pela Semana de Empreendedorismo e Inovação (SEI), evento organizado pelo Centro deIncubação de Atividades Empreendedoras (CIAEM) e pela Empresa Júnior de Consultoria e Soluções emEngenharia Química (ConsultEQ),alunos enviaram suas sugestões parasolucionar o problema. Os três gruposcom as propostas mais viáveis foramconvidados pela Diretoria de Logística da UFU, em setembro de 2015, acompor uma equipe e transformar asideias em projeto, com supervisão dodiretor de logística Wesley Marques.
Entender o problema
Para compreender melhor a situação, esses alunos começaram coletando dados. Primeiramente, contaram onúmero de vagas que cada campus daUFU em Uberlândia tem. Além disso,desenvolveram uma pesquisa com ointuito de entender questões comohorário de pico e tempo médio em queos carros ficam estacionados.
Para saber a opinião da comunidade acadêmica sobre o problema, foidisponibilizado um questionário online. De acordo com o coordenadorgeral do projeto, João Paulo Amaral,estudante de Engenharia Elétrica,18% do total de 5.528 motoristascontabilizados na UFU responderamàs perguntas do site. Confira algunsresultados das pesquisas nos gráfico.
Resultados da pesquisa
Quem vai à UFU de carro, pelamanhã, sofre mais com o problema.Nesse período, o déficit, ou seja, onúmero de vagas que falta paraacomodar os carros que entram, é de1078. À tarde faltam em torno de 100vagas, mas, à noite, o espaço é suficiente para o número de carros do
campus Santa Mônica. Nesselevantamento, foram consideradasapenas vagas regulares da UFU.Aquelas que não são corretamentesinalizadas, como espaços de brita outerra e rotatórias, e também asreservadas a deficientes, porexemplo, não foram consideradas.
Soluções propostas
Diante dos resultados das pesquisas, o grupo de alunos apresentou trêspropostas com o intuito de diminuir odéficit nos estacionamentos e estimular outras formas de locomoção.
A primeira delas é a implantaçãode um sistema de compartilhamentode bicicletas. Nele, os alunos poderãopegar bicicletas emprestadas em estações implantadas em todos os cam
pi UFU de Uberlândia, além damoradia estudantil, e nas unidadeslocalizadas na Avenida Duque de Caxias e na rua Engenheiro Diniz. Apóso uso, essas bicicletas seriam devolvidas em qualquer estação. De acordocom o coordenador do projeto, napesquisa realizada no site, 57,7% dosalunos responderam que utilizariameste serviço. As regras para os empréstimos, como tempo e valores,ainda estão sendo discutidas. Todosos estudantes poderão usálas, mas ofoco está em atingir alunos que vãode carro à universidade. Para isso,está sendo estudada uma forma deincentivo: "talvez se [o aluno que temcarro] puder ficar doze horas com abicicleta ou não pagar taxa parautilizála, por exemplo”, esclareceWesley Marques.
A segunda proposta é a criaçãode um aplicativo para smartphone,em que a comunidade acadêmicapoderá oferecer e procurar caronapara ir à UFU. Os resultados destapesquisa constatam que 78% dosalunos ofereceriam carona e 57%aceitariam receber. Para usufruirdos benefícios, será necessário cadastro que garantirá a organizaçãoe segurança dos participantes.
A última solução pensada foi aimplantação, primeiramente nocampus Santa Mônica, do sistema deestacionamento vertical. De acordocom Wesley Silva, cada estacionamento desse tipo ocupa o espaço deduas vagas tradicionais, mas ofereceem torno de dezesseis novas.
O diretor de logística afirma queesses projetos devem começar a serimplantados em janeiro e fevereirode 2016. O aplicativo e o sistema debicicletas compartilhadas poderãoeliminar a demanda por 484 vagas.
Parceria com SETTRAN
Um projeto da Diretoria de Infraestrutura em vigência prevê mudançana sinalização do campus Santa Mônica, que geraria 95 vagas. WesleySilva explica que a conclusão dessasmudanças pode levar a uma parceriacom a Secretaria de Trânsito (Setran). “Devemos solicitar ao Conselho(Universitário) que autorize o convênio pra que eles nos auxiliem na fiscalização do trânsito dentro doscampi", esclarece.
Estacionar na UFU pode deixar de ser problema
Foto: Letícia BritoLetícia Brito
A cultura de Uberlândia ébastante diversificada, tem emsua formação raízes familiaresde diferentes descendências,tanto estrangeiras, quanto devárias regiões brasileiras. Essadiversidade faz com que o município possua uma gastronomiamuito rica e atrativa.
Quem mora ou visita a cidademais importante do triângulo
mineiro, tem acesso aos maisvariados tipos de comida, desdea italiana, como a tradicionalpizza, ou a batata frita e o hamburguer típicos dos EstadosUnidos. Todos os pratos podemser encontrados na forma tradicional de cada país ou adaptadas ao paladar dos mineiros,que já possuem uma gastronomia admirada e respeitada.
O município tem muitos restaurantes que representam vári
as culturas, como a japonesa emexicana. Há também umafeira gastronômica, organizadapela prefeitura de Uberlandiacom barraquinhas típicas,exaltando a culinária de outros lugares, com preçoacessível e que acontece emao menos dois pontos da cidade, duas vezes por mês.
O SensoIncomum reuniunome e endereço de alguns dosrestaurantes que compõe o cir
cuito gastronômico culturaluberlandense e elaborou um guiapara ajudar a encontrálos nacidade.
A pesquisa foi feita com basenas recomendações feitas pelosistema de pesquisa do Google epor meio de levantamento nasredes sociais, filtrandose os tipos de comida mais procurados.Com opções mais caras e outrasmais acessíveis, montamos ummenu para você degustar.
Roteiro Gastrônomico Cultural de Uberlândia
Gabrieli Mazzola ________________
Não, não é a boa e velha xícarade cada dia. É que desde o mêsde novembro de 2015, toda acomunidade acadêmica da UFUpassou a ter acesso aos serviçosda Comunidade Acadêmica Federada (CAFe). O portalproporciona acesso a 37 mil publicações, como dissertações,teses, normas técnicas, patentes
e outras produções relacionadasà divulgação científica de todo omundo. Agora, conferir essestrabalhos vai ficar mais fácil, jáque o usuário não precisarámais se cadastrar em vários sistemas e decorar diferentes senhas. Ele conseguirá acessartodas essas produções acadêmicas apenas pelo CAFe. Além
disso, a novidade permite quepesquisas no portal da Capes,que antes só poderiam ser feitasna rede UFU, sejam realizadas apartir de qualquer lugar, apenasutilizando o usuário e senha doemail institucional. Para teracesso à Comunidade Federada,basta recadastrar o emailinstitucional.
CAFe na UFU. O que é isso?Letícia Brito______________________
A onipresença de elementos artísticos como a música, a dança eo teatro é uma das característicasmais marcantes da sociedade brasileira. Dentro de uma universidade federal, carregada de costumese comportamentos bastante plurais, essa realidade não poderiaser diferente. Na UFU a culturanão é expressa apenas através doscursos que lidam diretamente comsua produção, outras áreas do conhecimento também fazem uso daarte como instrumento.
Em 2013, depois da iniciativa deapresentar um trabalho acadêmicode forma diferente, mais lúdica, alguns alunos do curso de Direito fundaram o Artemanha, um grupo deteatro que veio se consolidando emtoda a UFU, bem como no cenário
uberlandense. O estudante Venâncio Leorodo, integrante do grupo eum de seus fundadores, conta queo Artemanha nasceu para conteúdos jurídicos e arte. “Não pensamos neles separados. É esse odiferencial e o que sentíamos falta.A arte é nosso instrumento para
levar o Direito até as pessoas,principalmente a quem não temacesso a isso”, explica.
Dentre as possibilidades que asmanifestações culturais permitem, aconscientização social e o caráter dedenúncia são explorados pelo Artemanha. “O grupo só existe pelo caráter social dele. Buscamos a arteatravés do teatro para desvelar denúncias. Ismênia e Muiraquitã, nossas maiores peças, fizeram isso.Nosso objetivo é sempre dar voz aquem não tem voz e destacar mazelas sociais”, relata Leorodo.
Outro viés explorado pelo grupode teatro é o de transformar realidades. Em parceria com o grupoPeriferArte, foi desenvolvido o projeto Cultura e Arte nos Assentamentos de Uberlândia (Cural), queleva teatro, música, dança e capoeira a moradores da zona rural da cidade. Para a instrutora de capoeirado PeriferArte, Juliana de LimaTrindade, o grupo cumpre a funçãode disseminar cultura dentro e fora
da universidade. “Eles têm bastantevontade, estudam, pesquisam egostam de trabalhar nessa área. Aarte que fazem é transformadora ehumanizadora, estão no caminhocerto e mais cursos deveriam seguiro exemplo”, comenta Juliana.
Durante seu primeiro ano, ogrupo se mantinha com o apoio daUFU, através de uma subvençãopara o projeto Cural, que eracomplementado por recursos pessoais e busca por patrocinadorespontuais, como os obtidos para aprodução das peças Ismênia eMuiraquitã. Agora, os atores esperam fortalecer a cultura dentroda universidade através de umaassociação que está sendo formada e de financiamentos governamentais. “Estamos indo atrás doPMIC [Programa Municipal deIncentivo à Cultura], projeto daPrefeitura Municipal de Uberlândia, mas também procuramos porajuda estadual e, quem sabe, aténacional”, finaliza Leorodo.
Teatro como acesso ao direito e à arte
Foto:Carolin
eOzzy
Ana Augusta Ribeiro
É arte ou não?
Recentemente a peça de teatro“Macaquinhos” gerou polêmica nasredes sociais por se tratar de umaperformace em que oito atores nusexploram o ânus uns dos outros. Eo mais polêmico, a peça é apoiadapelo Sistema S do governo, com repasse de verba para a cultura. Aprincipal questão é: essa peça é arte? Várias pinturas e montagensartísticas contemporâneas que, aosolhos das pessoas, são “rabiscos elixo”, são ou não são arte? Umamante dos dicionários diria quearte é “a expressão ou aplicação dashabilidades criativas e imagináriasdo ser humano”. Ou seja, na teoriatudo é arte. Na prática, não é bemassim. Para Richard Cork, professorde história da arte na Universidadede Cambridge nos anos 80, “a verdadeira arte é tudo aquilo que ainda será discutido daqui 100 anos”.Não é somente a genialidade dostraços de Mona Lisa, de LeonardoDaVinci, que a tornou a pinturamais conhecida do mundo, o fatode que, depois de mais de 500anos, ela ainda é tão discutida éessencial para que ela seja considerada uma representação artística. Então, ainda é cedo para dizerse uma peça criativa com umaperformance polêmica é arte ounão, teremos que esperar o resultado da repercussão daqui a muitos anos para poder ter certeza.
Gabrieli Mazzola
Formado há 3 anos, o grupo de líderes de torcidados cursos de Engenharia, as cheerleaders Sexy Lions, também cumpre o seu papel de levar arte e cultura para o ambiente universitário e uberlandense.
Segundo a Diretora de Cheerleading e estudantede Engenharia, Fernanda Nascimento, o propósito dogrupo é torcer pela Atlética da Engenharia e levar diversão e energia a todos que assistem às apresentações. “Nas experiências que temos de apresentação, aspessoas curtem muito. Crescemos com o tempo e sin
to que as pessoas se empolgam. Acho que conseguimos atingir nosso objetivo”, relata Fernanda.
Com atuação dentro e fora da UFU, as líderes detorcida chamam a atenção e recebem propostas para levarem suas apresentações até eventos esportivos, culturais, ações da Prefeitura Municipal,dentre outros. “Penso que alguma parte da população fora da UFU nós conseguimos atingir, já quetodas as ações que fizemos foram as pessoas quenos procuraram”, finaliza.
Elas também colaboram!
"Nosso objetivo ésempre dar voz aquem não temvoz e destacarmazelas sociais”,relata Leorodo.
A 7º edição do Café do Esporte,promovida pela Fundação Uberlandense de Turismo, Esporte eLazer (Futel), em novembro de2015, aprovou a utilização da represa do Parque do Sabiá para aprática da canoagem esportiva.
A professora do Instituto de Ciências Agrárias (ICIAG) da UFU,Sueli Bertolino, esclarece que oParque do Sabiá é uma Unidadede Conservação (UC), uma área deproteção ambiental protegida porlei. Em relação à liberação da lagoa para as atividades de canoa
gem, Bertolino explica que “aLegislação Brasileira de gestão dosrecursos hídricos estabelece o usomúltiplo das águas. Dessa forma,a utilização para o lazer é permitida e a qualidade da água para recreação deve obedecer às condiçõesprevistas nas resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente(CONAMA)”. Como a liberação éapenas para embarcações não motorizadas, não haverá nenhumprejuízo para a flora e fauna existentes na lagoa.
Sueli, que também é frequentadora do parque, acredita que nãoexistem grandes problemas quantoà poluição das águas. “De uma forma visual, não observo degradaçãonos recursos hídricos como, cres
cimento excessivo de algas causadopelo excesso de nutrientes. A faunaaquática é outro indicativo da boaqualidade da água do Parque”.
Segundo o diretor da Futel,Márcio Nobre, “o pessoal envolvido com a canoagem esperou 30anos para conseguir debater essaquestão, e agora foi regulamentada a utilização oficial do lago para a prática do esporte aquáticocom remo”. A princípio, a utilização do lago foi liberada paraacontecer aos sábados, domingose feriados, das 6h às 19h.
Junto à regulamentação, algumas regras devem ser seguidas.“Primeiramente irá ocorrer umprocedimento de cadastro, entreos dias 05 de dezembro a 30 demarço de 2016, no qual a pessoatem que ir a sede da Futel. Em se
guida ela irá receber as orientações de segurança, cominformações quanto às normas ecritérios para a prática. Caso ocandidato aceite o que está imposto no regulamento, ele irá assinarum termo de ciência e o registroserá finalizado. O cadastro vai gerar um número, como se fosseuma identificação, e terá duas categorias: uma para o iniciante, eoutra para experientes, que desenvolvem as atividades há umano pelo menos”, explica Nobre.
Para garantir que o regulamento redigido pela Futel seja cumprido pelos praticantes da canoagemesportiva, a instituição irá disponibilizar um fiscal. “Haverá ummonitor em tempo integral no período que foi destinado a realização da atividade para acompanhar
e averiguar o cumprimento dasregras”. Além de verificar se foi feitoo cadastramento prévio, o fiscal tema responsabilidade de apurar se todas as medidas de segurança estãosendo atendidas, como o uso do colete salvavidas e o acompanhantecaso algum menor esteja dentro daembarcação. É válido ressaltar que aFutel não irá disponibilizar nenhumequipamento para a prática.
Praticante de canoagem há 15anos, Beto Gussoni, acredita que éuma grande conquista. “A modalidade foi crescendo muito nos últimos anos e com certeza iráexpandir ainda mais porqueagora existe um espaço de práticadentro da cidade, onde é permiti
da a entrada de embarcações nãomotorizadas. A liberação irá favorecer até aquelas pessoas que nãotêm preparo físico para remar emuma grande extensão porque a represa não é muito grande”.
Gussoni estima que existe umuniverso de 1.000 pessoas entrepraticantes e simpatizantes decanoagem na região de Uberlândia. “Hoje, a modalidade se divide em: esporte, lazer e aventura,e pesca esportiva, fator que facilita a expansão do esporte. Estamos com uma expectativa muitogrande porque a liberação da lagoa irá democratizar ainda maisa prática do esporte aquáticocom remo”, comemora.
“A modalidade foicrescendo muitonos últimos anose com certeza iráexpandir aindamais" BetoGussoni,praticante decanoagem
Canoagem é liberada no Parque do Sabiá
Ellen Melo
“Haverá ummonitor emtempo integral noperíodo que fordestinado arealização daatividade." Márcio Nobre,diretor da Futel
Foto:WanderleiFortunato
Foto:WanderleiFortunato
Desde que o mundo é mundo,algumas pessoas vão lhe amar pelos mesmos motivos que outrasvão lhe odiar. Quando se conhecealguém, é pequena a possibilidade de influenciar a opinião do outro a seu respeito se o contato e odiálogo forem curtos. Entretanto,nas redes sociais isso é possível,pois o botão “enter” é exclusivopara o que gostamos, concordamos e queremos compartilhar narede. E isso é uma questão de carência. Você determina como aspessoas lhe enxergarão de acordocom o que posta. Nos EstadosUnidos, uma pesquisa feita pelaOhio State University, revelouque as pessoas fazem o juízo devalor das outras através dos perfis das redes sociais.
Desde quando aconteceu o“Boom!” tecnológico até os diasatuais, já tivemos na mídia várioscasos de superexposição de pessoas públicas que foram vítimasde crimes virtuais ou se arrependeram de postar algo que teveuma exposição não desejada. Maso que a carência tem a ver com isso? Pelo viés psicológico, a carência é a falta de algo necessário,como a necessidade afetiva. O homem é um ser que se relaciona, ese a base for privada de atenção eafeto, ele pode passar a vida todabuscando a atenção que nunca teve. A internet veio como auxílionesse ponto. As redes sociais viraram um outdoor da vida dosseus donos, e às vezes o que se vê,
não passa de uma fantasia. São osdesejos reprimidos de cada pessoa, que vê na internet a possibilidade de realizálos.
A rede é um terreno de possibilidades, inclusive possíveis personalidades. Por trás da tela asensação de ser o que quiser vem àtona. Em uma entrevista, o psicólogo Jamil El Khouri afirmou quea fuga da realidade e a necessidade constante de aprovação de desconhecidos, são fruto deuma busca contínua do preenchimento de um vazio interior, que sópoderá ser preenchido por nósmesmos. Ou seja, é um autoengano, pois a verdade sempre aparece. É possível ser autêntico etomar cuidado para dar a sua opinião sem ofender ou ser preconceituoso sem nenhum peso naconsciência. A internet facilitadois tipos comportamentos: o quequer viver uma vida que não é suae o que quer descontar toda a suaraiva do mundo anonimamente.
Existe uma linha tênue entreexpor a opinião na internet esuperexpor sua vida real ou fictícia. Esse fenômeno é uma nova realidade que o mundo seadapta, porém, existe o exagero, que são as pessoas que fazem a opção de se exporem semmedidas. Esses comportamentos são manifestações de desejos e fantasias, e se o que forpostado tiver o apoio dos amigos virtuais, esse desejo de seruma nova pessoa ou de ser famoso cresce.
O mundo está cada vez mais vi
vendo uma cultura narcisista e requer dos outros que serelacionem apenas à audiência.Alguém com baixa estima, podeencontrar na internet a aprovaçãodesejada, uma vez que no virtualtudo costuma ser perfeito. As pessoas expõem seu melhor ponto devista (o que não gere polêmica eseja politicamente correto) a suamelhor foto de perfil (com um sorriso “Colgate” criado pelo Photoshop) e seus interesses pessoais,decididos a partir de uma buscapelo que está fazendo sucesso noúltimo mês. A internet abre umespaço para criar outros personagens, possibilitando que as pessoasse sintam realizadas pessoalmente,mas cabe a cada um fazer essa dosagem do que realmente deve sercompartilhado ou não.
Os smartphones trouxeram uma
reafirmação da cultura da instantaneidade, onde todo mundo é livrepara postar o que está pensando,como está se sentindo e até o queestá comendo. Pessoas públicascompartilham a vida com os seguidores como uma forma de interação e um melhor conhecimento,porém, devese pensar sempre nasconsequências, tudo que você expõe há um risco de voltar contra simesmo. Uma vez postado é muitodifícil reverter. Se o desejo demostrar a vida real ou fictíciafor maior que o bom senso depensar se aquilo pode trazer algum dano, é bom ficar atento.Pense duas vezes antes de postar, e como diria a jornalistaErin Bury, “não diga nada onlineque você não fosse colocar emum enorme outdoor com a fotodo seu rosto ilustrando".
Sabe aquela vida futurística? Aquela, em que você mora sozinho no meio do nada em umacabana de tecnologia chocante?Eu sinceramente achava que issoera coisa de ficção científica, masnão é bem assim. Hoje existemdiversos mecanismos que reaproveitam água das chuvas, fazemluz solar se tornar energia e usamo vento para isso também! E simplesmente tiveram a ideia genialde colocar toda essas bugigangasjuntas em uma ecocápsula, nomechique para cabaninha móvel que
se parece um ovo high tech.Considerando toda a grande ba
gunça que vive nosso lindo Brasil deDeus, é extremamente importanteque as pessoas sensatas tenham umplano b. Como um amigo meu, que vaifugir pra Nova Zelândia, em caso dopaís continuar nessa onda conservadora. Nova Zelândia é super legal, lágravaram Senhor dos Anéis e não precisa de visto (chocada)! Enfim, voltando ao plano b, viver nas montanhas(ou na Amazônia) em uma ecocápsulame parece um futuro bastante plausível, para evitar rompantes de raiva(completamente compreensíveis)contra os “friends” que só sabem
acusar os outros de vitimismo.A vida nesse país abençoado
parece ter se reduzido a umapolarização chata, na qual só se podeser reaça ou coxinha. E nessa divisãoboba, coisas como as grandes falhasdo sistema energético, baseado emhidroelétricas, ou propostas deredução dos direitos de vítimas deestupro são pouco faladas. Nessemesmo mundo, indivíduos comquase nenhuma capacidade deempatia acabam chefiando acomissão de direitos humanos eminorias. Assim fica difícil não fugirpras montanhas, né?Afinal, em pleno 2015 tudo que a
gente espera é que quando MartyMcFly chegar dê para dizer um alô.Falar que vamos todos viver nasmontanhas, em um ovo high tech,para fugir dessa vida maluca. Ebasicamente explicar o porquê deainda não termos skates flutuantes.
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Bianca Guedes
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O Futuro Pertence a Deus-Sabe-Quem
I lustração: Visto Livre/ UOL
I lustração: oon.com.brLaura Nobre
CONFIRA A
ENTREVISTA NA
ÍNTEGRA!
sensoincomum.net
NUNCALEIA OS COMENTÁRI
OS...
Felipe Flores
Fazer sucesso com música no Brasil, se nãofor com axé ou sertanejo, exige muita criatividade e ousadia. E é isso que a cantora e drag queenPabllo Vittar, 21 anos, tem feito. Depois de lançaro clipe da sua música “Open Bar” no Youtube,com uma versão “abrasileirada” de “Lean On”(Major Lazer) e alcançar 400.000 visualizaçõesem apenas dois meses, ela virou notícia nos principais portais de cultura pop do país. Em umbatepapo com o SensoIncomum, ela conta sobre sua música, futuro, o mercado musical paraas Drag Queens e muito mais.
SensoIncomum: Onde foi que tudo começou?Pabllo Vittar: Desde adolescente eu já fazia shows em São Luís (no Maranhão, cidade natal de Pabllo). Com 16 anos fui pra SãoPaulo tentar carreira, não deu muito certo.Aos 17 passei no vestibular da UFU e vimpra Uberlândia. Fiquei dois anos na universidade e conheci o Yan Hayashi (empresário), que me apresentou várias pessoas,dentre elas o meu atual produtor (RodrigoGorky, do Bonde do Rolê).
SI: No mercado musical brasileiro, comovocê enxerga as oportunidades para DragQueens e LGBTs?PV: Acho que hoje em dia já está mais fácil eacessível, até com outros artistas buscandoreferências na cena drag. Vemos issoclaramente em clipes de cantores brasileiros.Uma drag que canta, como eu, choca mesmo,
já que geralmente as drags só fazem lipsync (dublagem). É muita responsabilidade e sinto que tenho que enfrentare desbravar um caminho novo.
SI: Quando você lançou o clipede “Open Bar”, esperava as milhares de visualizações em tãopouco tempo?PV: Sim. [risos] Não, brincadeira. Quando o vídeo passoudos 10.000 acessos no primeiro dia eu já fiquei muitofeliz com o reconhecimento ede poder levar o nome deUberlândia para todo o país.Fiquei muito emocionada,juntamos toda a equipe ecomemoramos a conquista.
SI: Esse sucesso é só o começo de sua carreira. Onde vocêquer chegar e qual o maior sonho de Pabllo Vittar?PV: Acho que ainda não tenho essa resposta. Tenho muita coisa pra viver e vou vivercada momento como se fosse oúltimo. Eu sei que onde chegareivai ser através de muito trabalho.Estou aproveitando cada momento,agarrando as oportunidades e estásendo incrível.
O salto de Pabllo VittarAna Augusta RibeiroENTREVISTA
Foto: Felipe Flores
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dia a dia de seus
participantes.
Confira os
documentários
produzidos pelos
alunos do curso de
jornalismo da UFU.