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Faculdade Pernambucana de Saúde Núcleo de Enfermagem Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira - IMIP Avaliação do custo e da efetividade de método microbiológico automatizado no diagnóstico e tratamento de infecções de crianças internadas em unidade de terapia intensiva Cost and effectiveness assessment of automated microbiological method in diagnosis and treatment of infections in critically ill children AUTORES Carla Cristina Porto e Silva 1 Monika Brendel Dantas 2 Fernando Antônio Ribeiro de Gusmão, filho 3 1 Aluna do Curso de Enfermagem da Faculdade Pernambucana de Saúde. Residente na Rua José Brás Moscow, nº 2075/403 Candeias, Jaboatão-PE.

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Faculdade Pernambucana de Saúde

Núcleo de Enfermagem

Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira - IMIP

Avaliação do custo e da efetividade de método microbiológico automatizado no diagnóstico e tratamento de infecções de crianças internadas em unidade de terapia intensiva  Cost and effectiveness assessment of automated microbiological method in diagnosis and treatment of infections in critically ill children

AUTORES

Carla Cristina Porto e Silva1

Monika Brendel Dantas2

Fernando Antônio Ribeiro de Gusmão, filho3

1 Aluna do Curso de Enfermagem da Faculdade Pernambucana de Saúde. Residente na Rua José Brás Moscow, nº 2075/403 Candeias, Jaboatão-PE.

2 Aluna do Curso de Enfermagem da Faculdade Pernambucana de Saúde. Residente na Rua Marquês de Abrantes, nº 129 Campo Grande, Recife-PE.

ORIENTADOR:

3. Gerente de Risco Sanitário-Hospitalar do IMIP. Residente na Rua Astronauta Neil Armstrong, 42-801, Casa Amarela, Recife, PE.

Recife, Abril de 2010

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar presente em cada momento de nossas vidas, nos permitindo vivenciar

a cada dia oportunidades de crescimento pessoal e profissional.

Ao nosso orientador Fernando Antônio Ribeiro de Gusmão, filho pelo exímio

pesquisador e orientador que é.

Ao Laboratório de Microbiologia do IMIP por ter nos recebido com total atenção e

solicitude.

À Comissão de Controle de Infecção Hospitalar pela possibilidade de realizarmos este

trabalho de maneira gratificante, com todo o aporte necessário.

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RESUMO

 

Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar o custo e a efetividade de um equipamento de automação de detecção microbiana no tratamento de infecções na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica no Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira – IMIP. Método: Tratou-se de um estudo analítico do tipo corte-transversal retrospectivo. As informações foram coletadas a partir dos  registros dos dados dos pacientes que estiveram internados na UTI Pediátrica entre janeiro a outubro de 2009, de registros da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), consulta do banco de dados do Laboratório de Microbiologia, e consulta ao sistema de informação do hospital.  Resultados: Houve aumento da positividade entre os períodos de janeiro a maio (uso do método tradicional) e de junho a outubro (uso do método radiométrico). A diferença do tempo médio para positivação dos germes foi estatisticamente menor entre os dois métodos. Houve tendência ao aumento do custo com antimicrobianos, porém não houve diferença significativa. Houve um aumento absoluto no custo com o processamento de hemoculturas pelo método radiométrico. Conclusão: Conclui-se que o método automatizado radiométrico é efetivo no que tange à positividade e a agilidade na liberação dos resultados, porém não houve diminuição dos custos com antimicrobianos. PALAVRAS – CHAVE: Automação, laboratório de microbiologia, antibioticoterapia, custos, germes.

 

 

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ABSTRACT

  Objective: This study aimed to evaluate the cost and effectiveness of an automation equipment for detecting microbial use of antimicrobials in the treatment of infections in the Pediatric Intensive Care Unit at the Instituto de Medicina Integral Professor. Fernando Figueira - IMIP. Method: This was a retrospective cross sectional analytical study. Information was collected from the patients data records who were hospitalized in the pediatric ICU between January to October 2009, records of the Hospital Committee on Infection Control, query the database of the Microbiology Laboratory, and information of consultation the system of the hospital. Results: Increased positivity between the periods January to May (using the traditional method) and from June to October (the use of the radiometric method). The difference in the germs mean positivation period was lower between the two methods. Tended to increase in cost with antimicrobial agents, but differences were not significant. There was absolute increase in the cost of processing blood cultures by radiometric method. Conclusion: We conclude that the automated radiometric method is effective in respect to positivity and agility results release, but there was no decrease in antimicrobials costs. KEY - WORDS: Automation, microbiology laboratory, antibiotic, costs, germs.

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I. INTRODUÇÃO

O uso indiscriminado de antimicrobianos aumenta o risco de desenvolvimento

de eventos adversos para os pacientes, contribui para o desenvolvimento da resistência

dos microrganismos, e aumenta os custos da assistência à saúde.1 O Laboratório de

Microbiologia (LM) é um importante aliado no uso racional de antimicrobianos no

ambiente hospitalar, pois através da cultura de diferentes espécimes pode realizar o

isolamento dos microrganismos causadores de infecções mais prevalentes, assim como

do perfil de resistência aos antimicrobianos, facilitando assim a escolha do melhor

esquema antimicrobiano para o adequado tratamento dos pacientes.2

Nos métodos tradicionais de hemoculturas, ditos não automatizados, o

crescimento microbiano é atestado pelo exame visual e microscópico do meio de

cultura, processo que leva na maioria dos casos de 18 a 24 horas. Algumas vezes são

necessários subcultivos. O resultado negativo só é estabelecido após 12 a 14 dias de

exames diários do meio de cultura. Uma vez identificado o crescimento, mais 5 a 7 dias

de testes são necessários para a identificação da espécie e do seu perfil de sensibilidade

antimicrobiana.3

Este período de tempo pode ser abreviado pelo emprego do método radiométrico

para identificação do crescimento bacteriano, que passa a ser identificado pela detecção

da produção de CO2 radioativo a partir da metabolização pelos germes de glicose

contendo radioisótopos de carbono. Desse modo, o tempo para identificação do

crescimento diminui bastante, sendo possível se chegar ao resultado microbiológico

negativo em no máximo 24 horas3, possibilitando a escolha adequada do esquema

terapêutico. Essa vantagem é mais evidente em Unidades de Terapia Intensiva (UTI),

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onde a incidência de infecções relacionadas à assistência à saúde são mais frequentes

que em outros setores pela gravidade dos pacientes e pelo uso de dispositivos

invasivos.4 O uso apropriado de novas tecnologias, como a automação microbiológica,

pode se tornar custo-benéfica para o serviço ou sistema de saúde5, além de propiciar

uma atenção em saúde de melhor qualidade e benefícios incontáveis para o paciente.

Desde maio de 2009, o LM do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando

Figueira (IMIP) conta com um equipamento para identificação radiométrica do

crescimento microbiano (BacT/ALERT, BioMérieux Brazil). Até então, toda a rotina

deste laboratório era realizada através dos métodos tradicionais.

O objetivo desse trabalho é avaliar a efetividade e o custo deste equipamento na

realização de hemoculturas de crianças internadas em uma UTI, no que se refere à

positividade das amostras, tempo para processamento das culturas, prevalência dos

germes identificados, impacto na decisão do esquema antimicrobiano para tratamento

de infecções, no custo com antimicrobianos e com o processamento das hemoculturas.

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II. MÉTODO

Trata-se de um estudo do tipo corte-transversal retrospectivo realizado a partir

de dados de pacientes internados na UTI Pediátrica do IMIP entre janeiro a outubro de

2009. Foram comparados os períodos correspondentes aos 5 meses anteriores e aos 5

meses posteriores à incorporação do equipamento na prática assistencial do hospital.

O IMIP é um hospital filantrópico, que atende mulheres, adultos e crianças

financiado pelo Sistema Único de Saúde, localizado em Recife, Pernambuco. A UTI

Pediátrica conta com 16 leitos e admite pacientes de 0 a 18 anos, de variadas

morbidades.

Os dados utilizados para determinação da positividade das culturas, tempo para

processamento das amostras e da prevalência dos germes identificados, foram coletados

a partir dos registros da UTI Pediátrica, da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

(CCIH) e do LM. Foram incluídos todos os resultados de hemoculturas colhidas na UTI

Pediátrica. No período referido, a positividade foi considerada como a razão entre

resultados positivos e o total de culturas realizadas. O tempo de processamento das

culturas foi tomado como o período em dias entre a data de entrada da amostra no LM e

a data da liberação do resultado final.

Os dados utilizados para determinação do custo dos antimicrobianos1 foram

coletados a partir de consulta ao sistema de informação do hospital.6 O custo foi

considerado como o produto do movimento líquido de ampolas dos antimicrobianos da

1 Amicacina, ampicilina, cefepima, cefotaxima, ceftazidima, ceftriaxona, ciprofloxacino, gentamicina, meropeném, oxacilina, penicilina cristalina, piperacilina-tazobactam, sulfametoxazol-trimetoprim e vancomicina.

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UTI Pediátrica e o preço vigente à época, corrigido pelo movimento do setor (número

de pacientes-dia) no período.

O custo do processamento das culturas foi considerado como o produto entre o

número de hemoculturas realizadas e o seu custo unitário estimado levando-se em conta

o consumo de placas, frascos, meios de cultura, discos de antibiograma. Foi também

considerado o rateio dos custos indiretos do hospital (águas, eletricidade, manutenção

dos equipamentos, entre outros). No cálculo dos custos foi desconsiderado o valor da

aquisição do equipamento, em decorrência de ter havido um contrato de consignação.

Os dados utilizados para avaliar o impacto dos resultados das hemoculturas na

decisão sobre início ou mudança do esquema antimicrobiano foram obtidos por consulta

ao prontuário médico, pela verificação do registro da decisão ou da alteração do

esquema antimicrobiano dentro das 24 horas após a divulgação do resultado da

hemocultura.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do IMIP de acordo com a

declaração no 1606.

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III. RESULTADOS

No período de janeiro a outubro de 2009 foram analisadas pelo Laboratório de

Microbiologia do IMIP 601 hemoculturas a partir de amostras colhidas de pacientes

internados na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica. Desse total, 115 (19,1%) foram

positivas. Houve diferença estatisticamente significante da positividade entre os

períodos de janeiro a maio (uso do método tradicional) e de junho a outubro (uso do

método radiométrico) (Tabela 1).

Tabela 1 – Positividade de hemoculturas colhidas de pacientes internados na UTI Pediátrica do IMIP entre

janeiro e outubro de 2009

Resultado

Janeiro a maio

Junho a outubro

Total

Positivas 24 (7,9%) 91 (30,7%) 115 (19,1%)

Negativas

281 (92,1%) 205 (69,3%) 486 (80,9%)

Total 305 (100,0%)

296 (100,0%) 601 (100,0%)

Teste 2=50,8 (p=0,0000000)

No período de janeiro a maio de 2009, o tempo médio para a positivação dos

germes foi de 5, 5 dias (desvio padrão de 2,2 dias) e a mediana foi de 6 dias (faixa de 3

a 10 dias). No período de junho a outubro, o tempo médio para a positivação dos

germes foi de 1,7 dias (dp=0,85 dia) e a mediana foi de 2 dias (1 a 5 dias). A diferença

entre médias foi estatisticamente significante (Teste t=8,0; p=1,18x10-8).

Com relação à identificação do agente infeccioso, observa-se que no período de

janeiro a maio de 2009 houve a prevalência de Pseudomonas aeruginosa (25,0%), e no

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período de junho a outubro os estafilococos coagulase-negativos foram os

microrganismos mais comumente identificados (38,5%) (Tabela 2).

Tabela 2 – Frequência de micro-organismos identificados em hemoculturas de pacientes internados em UTI Pediátrica do IMIP entre janeiro e outubro

de 2009

Janeiro a maio de 2009 Junho a outubro de 2009

Micro-organismo N % Micro-organismo N %

Pseudomonas aeruginosa

6 25,0 Estafilococo coagulase-negativo

35 38,5

Candida albicans 3 12,5 Candida não albicans 23 25,3

Estafilococo coagulase-negativo

3 12,5 Klebsiella pneumoniae 8 8,8

Acinetobacter calcoaceticus

2 8,3 Candida albicans 5 5,5

Candida não albicans 2 8,3 Acinetobacter baumannii

3 3,3

Enterobacter sp 2 8,3 Escherichia coli 3 3,3

Acinetobacter baumannii

1 4,2 Serratia SP 3 3,3

Chryseobacterium spp 1 4,2 Enterobacter SP 2 2,2

Escherichia coli 1 4,2 Klebsiella SP 2 2,2

Klebsiella sp 1 4,2 Serratia marcescens 2 2,2

Klebsiella pneumoniae 1 4,2 Bacillus SP 1 1,1

Stenotrophomonas maltophilia

1 4,2 Micrococcus SP 1 1,1

Pseudomonas aeruginosa

1 1,1

Staphylococcus aureus 1 1,1

Stenotrophomonas maltophilia

1 1,1

Total 24 100,0

91 100,0

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Gráfico – Conhecimento dos custos com antimicrobianos na UTI Pediátrica do IMIP entre janeiro e outubro de 2009 (corrigido pelo número de pacientes-dia)

120,00

140,00

160,00

180,00

200,00

220,00

240,00

jan fev mar abr mai jun jul ago set out

meses

Custo (R$)/pacientes-dia

O Gráfico mostra uma tendência ao aumento dos custos com antimicrobianos

durante o período estudado. O custo total com antimicrobianos de janeiro a maio foi de

R$ 330.898.35, enquanto que entre junho e outubro foi de R$ 375.588,50, ou seja, uma

diferença positiva de R$ 44.690,15. Porém, considerando-se as médias de custo

corrigidos pelo número de pacientes-dia nos dois períodos, não houve diferença

estatística (Teste t=2,45; p=0,2).

Em relação ao processamento de hemoculturas, observa-se que houve um

aumento absoluto do custo de R$ 5.009,01 e relativo de 2,6 vezes entre os dois períodos

(Tabela 3).

Tabela 3 – Custos do processamento de hemoculturas na UTI Pediátrica do IMIP de janeiro a outubro de 2009.

  Janeiro a maio Junho a outubro

  N

Custo

Unitário

Custo

Total N

Custo

Unitário

Custo

Total

Positivos 24 15,35 368,40 91 36,30 3.303,3

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0

Negativos 281 9,69 2.722,89205 23,40

4.797,00

Total 305   3.091,29296  

8.100,30

Apenas 28 dos 115 prontuários (24,3%) de pacientes com hemoculturas

positivas foram localizados no arquivo do hospital, dos quais, apenas 5 pertencentes ao

período entre janeiro e maio. Desse modo, a avaliação do impacto dos resultados das

hemoculturas na decisão sobre início ou mudança do esquema antimicrobiano ficou

prejudicada.

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IV. DISCUSSÃO

Os resultados encontrados no presente trabalho sobre a

positividade e agilidade no processamento de hemoculturas pelo

método radiométrico vêm corroborar com o encontrado na literatura.7,

8 A positividade das hemoculturas realizadas pelo método

radiométrico foi 3,9 vezes maior que a da realizada pelo método

tradicional (Tabela 1). Do mesmo modo, a média de tempo entre a

entrada da amostra de sangue e a divulgação do resultado final da

cultura foi significantemente menor quando usado o método

radiométrico. O método radiométrico mostra-se vantajoso ao liberar o

resultado do crescimento bacteriano num período mais curto de

tempo. Isso favorece a identificação do microrganismo mais

precocemente, assim como de seu perfil de sensibilidade.3

Além das maiores positividade e agilidade, os métodos

radiométricos automatizados possuem outras vantagens. 7, 8 O

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aparelho, por possuir a capacidade de incubar um número grande de

amostras simultaneamente, permite que seja analisada uma maior

quantidade de hemoculturas em menos tempo. O método

automatizado diminui grandemente o risco de contaminação das

amostras bem como dos profissionais por não requerer que as

mesmas sofram demasiado número de manipulações. 7, 8 Além disso,

o método automatizado também permite através de sua capacidade

de armazenamento de informações, fazer consultas rápidas de dados

de hemoculturas anteriores, do mesmo paciente, permitindo cruzar as

informações a fim de fornecer dados de apoio para a investigação,

além de compor mais uma base de dados. 7, 8

A distribuição da frequência dos microrganismos identificados

pelos dois métodos foi distinta (Tabela 2). Como não houve mudança

no perfil dos pacientes internados na UTI Pediátrica durante o período

estudado, presume-se que esse achado se deva à maior capacidade

do método radiométrico em favorecer o crescimento de germes, em

comparação com o método tradicional.7

Observou-se uma tendência ao aumento dos custos com

antimicrobianos durante o período estudado (Gráfico), apesar de não

ter havido diferença estatística entre as médias de custos nos dois

períodos. Seria esperada uma diminuição do consumo de

antimicrobianos, pois o profissional de saúde, de posse do

antibiograma, estará com subsídios para prescrever o esquema de

antibióticos de maneira coerente e precisa, ou poderá fazer a

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adequação do tratamento prescrito anteriormente, modificando, se

necessário, o esquema de antimicrobiano empregado. Este fato

contribuirá para o tratamento mais efetivo do paciente, para a

diminuição da resistência e dos custos com antibióticos. Os esquemas

antimicrobianos empíricos, ou seja, estabelecidos sem o

conhecimento do germe causador da infecção, em geral são de

espectro mais amplo, e, por conseguinte, mais caros.9

Os custos do processamento das culturas pelo método

radiométrico provou-se maior do que pelo tradicional. Porém, para

que uma nova tecnologia, incluindo equipamentos de automação

profissional, atinja uma relação custo-benefício vantajosa, são

necessárias medidas como readequação de funções, fluxos de

trabalho e educação permanente.5

Não foi possível a avaliação do impacto da incorporação do

método radiométrico na decisão sobre mudanças nos esquemas

antimicrobianos dos pacientes da UTI Pediátrica, em virtude da não

localização dos prontuários no arquivo médico. A modificação dos

esquemas anti-infecciosos indicaria que a equipe médica da UTI

Pediátrica se aproveitara da maior agilidade proporcionada pelo

método automatizado radiométrico na identificação dos agentes

causais das infecções. Por outro lado, uma das possíveis explicações

para a tendência de aumento dos custos com antimicrobianos é

justamente a maior positividade oferecida pelo método radiométrico,

que pode ter induzido a equipe médica a utilizar mais

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antimicrobianos. Cabe lembrar que resultados falso-positivos são

possíveis, consequentes à contaminação das amostras durante a

coleta ou por demora no seu envio ao LM. 10

V. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

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O método radiométrico provou-se mais eficiente que o método tradicional no

que tange à positividade e a agilidade na liberação dos resultados. Houve aumento dos

custos com o processamento das hemoculturas, porém, não houve diminuição dos

custos com antimicrobianos, como era de se esperar. Não foi possível avaliar o impacto

do uso da nova tecnologia na decisão sobre alteração dos esquemas dos antimicrobianos

por parte da equipe médica.

Sugere-se que toda a incorporação de novas tecnologias em serviços de saúde

seja acompanhada pela devida capacitação dos profissionais de saúde sobre o seu

emprego. Sugere-se ainda a realização de outros estudos para melhor elucidação da

questão.

VI. REFERÊNCIAS

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1. Burke JP. Antibiotic resistance - squeezing the baloon? Journal of

American Medical Association. 1998;280:1270-1.

2. Organização Mundial de Saúde. Antimicrobial resistance. 2009 [cited

2 Nov 2009]; Disponível em:

http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs194 /en/print.html

3. DeBlanc Jr. HJ, DeLand F, Wagner Jr. HN. Automated Radiometric

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4. Mello MJG. Infecção hospitalar em unidade de terapia intensiva

pediátrica [Tese]. Recife: Universidade Federal de Pernambuco; 2007.

5. Robinson A, Marcon M, Mortensen JE, McCarter YS, LaRocco M,

Peterson LR, et al. Controversies Affecting the Future Practice of

Clinical Microbiology. Journal of Clinical Microbiology. 1999;37(4):883-

9.

6. MV Sistemas. Sistema MV 2000i – Sistema de Custos. 4.7.0. Porto

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Normally Sterile Body Fluids. Advances in Therapy. 2007;24(6):1168-

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9. Manrique EI, Mangini C, editors. Melhorando o uso de antimicrobianos.

São Paulo: APECIH; 2002.

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10. Levy CM, editor. Microbiologia clínica aplicada ao controle de infecção

hospitalar. São Paulo: APECIH; 2004.