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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 032.423/2010-1 GRUPO I – CLASSE V – Plenário TC 032.423/2010-1 Natureza: Relatório de Levantamento Entidade: Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento No Mato Grosso do Sul; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) (vinculador). Advogado constituído nos autos: não há. SUMÁRIO: RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO. ATIVIDADES DE DEFESA SANITÁRIA VEGETAL E ANIMAL NO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL. ENVIO DE CÓPIAS PARA UNIDADES DO TCU PARA SUBSIDIAR A ELABORAÇÃO DE PLANO DE FISCALIZAÇÃO. ARQUIVAMENTO. RELATÓRIO Transcrevo a seguir, com fulcro no art. 1º, § 3º, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, com ajustes de forma que julgo pertinentes, excertos do Relatório de Levantamento elaborado no âmbito da Secex- MS, cujas conclusões foram acolhidas pelo diretor responsável e pelo titular da unidade técnica (peças 22 a 24). 1. Introdução I. Identificação simplificada do objeto de auditoria Este trabalho teve como objetivos principais: Levantar dados e informações que possam subsidiar a avaliação da efetividade e a regularidade da Defesa Sanitária Vegetal e Animal no Estado de Mato Grosso do Sul, em especial nas questões que envolvem mais diretamente a saúde humana e a mais alta participação dos insumos e produtos na pauta de exportação brasileira. Identificar as áreas que devem ser objeto de fiscalização pelo Tribunal de Contas da União – TCU, levando-se em conta os objetivos, a relevância, os riscos, a concepção lógica, as vulnerabilidades e a quantidade de recursos destinados para os programas relacionados à Defesa Sanitária Vegetal e Animal no Estado de Mato Grosso do Sul. II. Antecedentes Atinge-se maior eficiência no exercício do controle externo na medida em que se intensificam e consolidam conhecimentos sobre o negócio do órgão fiscalizado, com o propósito de se construir um entendimento integrado de seus objetivos, métodos de trabalho, razões, 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 032.423/2010-1

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 032.423/2010-1 Natureza: Relatório de LevantamentoEntidade: Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento No Mato Grosso do Sul; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) (vinculador). Advogado constituído nos autos: não há.

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO. ATIVIDADES DE DEFESA SANITÁRIA VEGETAL E ANIMAL NO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL. ENVIO DE CÓPIAS PARA UNIDADES DO TCU PARA SUBSIDIAR A ELABORAÇÃO DE PLANO DE FISCALIZAÇÃO. ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Transcrevo a seguir, com fulcro no art. 1º, § 3º, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, com ajustes de forma que julgo pertinentes, excertos do Relatório de Levantamento elaborado no âmbito da Secex-MS, cujas conclusões foram acolhidas pelo diretor responsável e pelo titular da unidade técnica (peças 22 a 24).

“1. Introdução

I. Identificação simplificada do objeto de auditoria

Este trabalho teve como objetivos principais:

Levantar dados e informações que possam subsidiar a avaliação da efetividade e a regularidade da Defesa Sanitária Vegetal e Animal no Estado de Mato Grosso do Sul, em especial nas questões que envolvem mais diretamente a saúde humana e a mais alta participação dos insumos e produtos na pauta de exportação brasileira.

Identificar as áreas que devem ser objeto de fiscalização pelo Tribunal de Contas da União – TCU, levando-se em conta os objetivos, a relevância, os riscos, a concepção lógica, as vulnerabilidades e a quantidade de recursos destinados para os programas relacionados à Defesa Sanitária Vegetal e Animal no Estado de Mato Grosso do Sul.

II. Antecedentes

Atinge-se maior eficiência no exercício do controle externo na medida em que se intensificam e consolidam conhecimentos sobre o negócio do órgão fiscalizado, com o propósito de se construir um entendimento integrado de seus objetivos, métodos de trabalho, razões, principais interações e fatores internos e externos que influenciam em seus resultados setoriais.

Nesse sentido, em vista da ausência de trabalhos anteriores na área de Defesa Sanitária em Mato Grosso do Sul, Estado eminentemente agropecuário e com participação efetiva e considerável na pauta de exportações nacionais de produtos de origem animal e vegetal, sem desconsiderar a parcela significativa de recursos públicos envolvidos na garantia da continuidade ao processo de crescimento do agronegócio brasileiro, bem como dos potenciais impactos econômicos, sociais, ambientais e à saúde da população, optou-se por proceder este levantamento de escopo amplo, com a finalidade de detectar elementos de vulnerabilidade que mereçam investigação mais minuciosa, de forma a permitir uma avaliação de desempenho suficientemente capaz de lançar contribuições ao aperfeiçoamento das atividades de defesa agropecuária.

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O Levantamento é decorrente de deliberação constante em Despacho, de 20/08/2010, do Ministro RAIMUNDO CARREIRO (TC-021.567/2010-7), e das Portarias de Fiscalização n°s 2060, 2070, 2196, 2208 e 2378/2010 da Secretaria de Controle Externo do Estado de Mato Grosso do Sul, que deram início ao Levantamento de Auditoria de Natureza Operacional, registrada no Fiscalis sob o número 990/2010, abrangendo as principais áreas de atuação na defesa sanitária pela SFA/MS, bem como por outros órgãos que participam do processo.

Dos trabalhos em áreas afins realizados em exercícios anteriores por esta Corte, destacam-se as auditorias operacionais realizadas no programa de apoio à Bovideocultura (TC 018.751/2004-0), no Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (TC 002.624/2005-5), no Programa de Segurança Fitozoosanitária no Trânsito de Produtos Agropecuários (TC 012.488/2005-5), Levantamento de Auditoria realizado em convênio pactuado entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA e o Instituto Mineiro Agropecuário – IMA (TC 003.816/2006-7) e mais recentemente no Programa de Formação de Estoques Públicos (TC 009.789/2009-0), os quais são circunstanciados junto com as demais constatações deste trabalho.

III. Objetivos e escopo da auditoria

O presente levantamento é de escopo amplo, ou seja, tem por objetivo adquirir conhecimento sistêmico sobre a organização e o funcionamento das atividades governamentais ligadas à Defesa Animal e Vegetal, possibilitando que se identifiquem objetos e instrumentos de fiscalização e oportunidades de se realizar auditorias tanto operacionais quanto de conformidade.

Nesse intento, procurou-se levantar dados e informações que possibilitem entender a dinâmica das ações de Defesa Sanitária Vegetal e Animal no Estado de Mato Grosso do Sul e seus mecanismos de controle, identificando-se o universo dessas ações, os órgãos partícipes e respectivos papéis, as dificuldades existentes, as vulnerabilidades e pontos em que se possam apontar oportunidades de melhoria.

As abordagens foram sempre focadas nas ações que visam a preservar a saúde humana e a manter e incrementar a confiabilidade sanitária dos produtos brasileiros de origem vegetal ou animal junto aos mercados importadores mundiais, de forma a possibilitar a manutenção e mesmo o aumento do volume de exportações desses produtos. Por “produtos de origem animal e vegetal” entende-se todo e qualquer produto que tenha tido essa origem, independentemente do grau de manipulação ou industrialização a ele aplicado.

Pretende-se que o levantamento aqui realizado forneça subsídios às ações de fiscalização que venham a ser realizadas por este Tribunal na área da Defesa Sanitária Vegetal e Animal, norteando os trabalhos e fornecendo elementos que auxiliem na definição de prioridades e técnicas de abordagem a serem aplicadas nas auditorias.

IV. Critérios de seleção

O principal critério adotado nesse trabalho foi o de agregação de valor, ou seja, procurou-se adquirir o máximo conhecimento possível sobre as atividades do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento voltadas à Defesa Sanitária Vegetal e Animal, de forma a possibilitar a visualização de quadro geral das ações governamentais nessa área.

Na consecução desse objetivo, procurou-se colher informações sobre a estruturação do órgão, seus programas e ações, suas metas e objetivos setoriais, execução orçamentária, a operacionalização das ações, as formas de desconcentração e descentralização, os sistemas de informação e os mecanismos de controle e monitoramento empregados.

Para a seleção dos possíveis objetos de auditorias, adotaram-se os critérios de relevância, vulnerabilidade e materialidade.

As questões de auditoria que orientaram o trabalho foram assim definidas:2

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Quais os riscos à garantia de segurança alimentar?

Quais os riscos à manutenção e crescimento das exportações de produtos de origem animal ou vegetal?

V. Metodologia

A metodologia utilizada consistiu em análise da legislação sanitária vegetal e animal, exame de relatórios e documentos, reuniões com gestores e técnicos, visitas a campo, entrevistas e observação direta.

Foram realizadas reuniões com gestores e técnicos das seguintes entidades: Superintendência Federal de Agricultura em Mato Grosso do Sul - SFA/MS; Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal – IAGRO/MS; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA e Agência Nacional de Vigilância Sanitária –ANVISA/MS.

Visitaram-se os Frigoríficos JBS e Boi Verde, em Campo Grande/MS (bovinos), Marfrig-Seara em Sidrolândia/MS (aves), Marfrig-Seara em Dourados/MS (suínos) e Mar e Terra Ind. Com. de Pescados, em Itaporã/MS, o Terminal Portuário Odfjell, em Corumbá/MS, as Unidades de Vigilância Internacional - UVAGROS de Corumbá (fronteira Brasil-Bolívia) e do Aeroporto Internacional de Campo Grande/MS, a Unidade Técnica Regional de Agricultura – UTRA em Dourados/MS e as representações da IAGRO/MS em Corumbá/MS e em Dourados/MS, onde também se acompanhou atividade em campo de vacinação e brincagem de bovinos.

Com isso, foi possível traçar um panorama geral das ações de competência do Governo Federal vinculadas à Defesa Animal e Vegetal no Estado de Mato Grosso do Sul, de forma a subsidiar a definição de atuação fiscalizatória por parte do Tribunal de Contas da União, sob o aspecto operacional, em consonância com os parâmetros estabelecidos no Plano Estratégico em vigor.

A partir da situação descortinada, identificaram-se as áreas de risco abordadas nos tópicos adiante relacionados:

Planejamento e aferição de resultados; Suporte laboratorial; Desconcentração administrativa; Regulamentação para a defesa agropecuária; Fiscalização agropecuária:

Controle sanitário nos estabelecimentos agroindustriais; Controle das atividades descentralizadas de fiscalização; Programa de Vigilância Agropecuária Internacional - Vigiagro;

Exportações de produtos agropecuários; e Política, produção e desenvolvimento agropecuários.2. Visão Geral

I. Defesa Sanitária Animal e Vegetal

2.1. Conceitua-se Defesa Animal e Vegetal como sendo o conjunto de ações que visam zelar pela sanidade dos produtos de origem animal e vegetal, desde a produção dos seus insumos até o momento em que os produtos, após os processamentos devidos, estejam prontos para comercialização para fins de consumo interno ou exportação.

2.2. No Brasil, as atividades de Defesa Animal e Vegetal são atribuições do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, especificamente da Secretaria de Defesa Agropecuária – SDA, a qual realiza suas atividades nos Estados por intermédio das Divisões de

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Defesa Agropecuárias – DDAs, integrantes do organograma das Superintendências Federais de Agricultura, Pecuária e Abastecimento nos Estados – SFAs.

2.3. Essas atividades englobam a normalização, coordenação e execução das atividades relacionadas à sanidade dos produtos de origem animal e vegetal, desde os insumos agrícolas, em todos os estágios de produção até a industrialização, incluindo a re-inspeção dos alimentos comercializados no mercado interno para fins de verificação do atendimento dos padrões de qualidade estabelecidos.

2.4. No que tange ao comércio de produtos finais de origem animal e vegetal junto ao mercado interno, a verificação da sua sanidade, com vistas à preservação da Saúde Pública, compete à Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, em parceria com as entidades estaduais e municipais responsáveis pelo controle dos riscos sanitários pertinentes.

2.5. Submetem-se a esse controle e fiscalização sanitária as instalações físicas, equipamentos, tecnologias, ambientes e procedimentos envolvidos em todas as fases de seus processos de produção dos bens e produtos, incluindo a destinação dos respectivos resíduos.

2.6 Dessa forma, as questões relativas à sanidade dos produtos de origem animal e vegetal são realizadas por órgãos diferentes e em momentos distintos, ou seja, questões de cunho fitozoosanitário são de responsabilidade do MAPA, enquanto que questões de natureza humano-sanitária competem à ANVISA.

II. Estrutura Organizacional da SFA/MAPA no Estado de Mato Grosso do Sul.

2.7. A Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Mato Grosso do Sul – SFA/MS, órgão desconcentrado do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, tem como missão principal garantir a qualidade dos alimentos, matérias e insumos agropecuários ofertados à sociedade, por meio de ações de educação, padronização, inspeção e fiscalização, dentro da cadeia agropecuária, na sua área de responsabilidade.

2.8. Para cumprir sua missão, a SFA/MS conta uma estrutura organizacional composta por vinte e sete unidades (...)

(...)

2.9. No âmbito da SFA/MS, compete à Divisão de Defesa Agropecuária – DDA/SFA/MS, a normalização, coordenação e execução das atividades relacionadas à sanidade dos produtos de origem animal e vegetal, inclusive de insumos agrícolas.

2.10. A Divisão de Defesa Agropecuária – DDA/SFA/MS possui os seguintes serviços:

- Serviço de Saúde Animal - SSA, a quem compete programar, promover, orientar e controlar a execução das atividades de vigilância sanitária e epidemiológica, prevenção, controle e erradicação de doenças dos animais, emissão de certificado sanitário internacional para a exportação de animais vivos, material genético de animais e produtos de origem animal, autorização de importação de animais vivos e de material genético de animais, aplicação de medidas de defesa sanitária animal, com vistas a evitar disseminação de doenças, educação sanitária e rastreabilidade animal;

- Serviço de Sanidade Vegetal - SSV, a quem compete programar, promover, orientar e controlar a execução das atividades de vigilância fitossanitária, prevenção, controle e erradicação de pragas dos vegetais, aplicação das medidas de defesa fitossanitária, com vistas a evitar a disseminação de pragas dos vegetais, educação fitossanitária e fiscalização das atividades relacionadas aos organismos geneticamente modificados;

- Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal - SIPOA, a quem compete programar, promover, orientar e controlar a execução das atividades de inspeção ante-mortem e post-mortem de animais de açougue, inspeção higiênico-sanitária e tecnológica dos estabelecimentos que procedem ao abate de

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animais de açougue e que industrializam, beneficiam, manipulam, fracionam e embalam matérias-primas, produtos, subprodutos e derivados de origem animal destinados ao comércio interestadual e internacional, fiscalização da classificação de matérias-primas, produtos, subprodutos e derivados de origem animal, inspeção higiênico-sanitária e tecnológica dos produtos, subprodutos e derivados de origem animal destinados ao comércio interestadual e internacional, reinspeção e fiscalização de produtos de origem animal no comércio varejista e atacadista, quando couber, e apoio para o controle de resíduos químicos e biológicos e de contaminantes;

- Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal - SIPOV, a quem compete programar, promover, orientar e controlar a execução das atividades de fiscalização e supervisão técnica da classificação de matérias primas, produtos e subprodutos e derivados de origem vegetal, inspeção e fiscalização higiênico-sanitária e tecnológica dos estabelecimentos que produzem, fabricam, padronizam, acondicionam, engarrafam, importam e exportam vinhos, derivados da uva e do vinho, bebidas e vinagres, controle higiênico-sanitário dos produtos vegetais oriundos da produção interna, da importação e destinados à exportação e apoio para o controle de resíduos químicos e biológicos e de contaminantes;

- Serviço de Fiscalização de Insumos Pecuários - SEFIP, a quem compete programar, promover, orientar e controlar a execução das atividades de fiscalização e inspeção de insumos pecuários, relativas à produção, importação e exportação de produtos de uso veterinário e de produtos destinados à alimentação animal, à produção, comércio, importação e exportação de material genético animal e à prestação de serviços de reprodução animal e de inseminação artificial;

- Serviço de Fiscalização de Insumos Agrícolas - SEFIA, a quem compete programar, promover, orientar e controlar a execução das atividades de fiscalização e inspeção de insumos agrícolas, relativas à produção, importação e exportação de agrotóxicos e afins, produção, comercialização, importação e exportação de fertilizantes, corretivos e inoculantes e biofertilizantes, produção, certificação, comercialização, utilização, importação e exportação de sementes e mudas; e pesquisa, produção, utilização, comercialização e importação de organismo geneticamente modificado, em articulação com as demais unidades da SFA/MS.

2.11. Também atuam sob coordenação, orientação e programação específicas da Divisão de Defesa Agropecuária – DDA/SFA/MS as seguintes unidades desconcentradas de execução finalística:- Uma Unidade Técnica Regional de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - UTRA, sediada em Dourados/MS, unidade integrante do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional, a quem compete executar as atividades de defesa e desenvolvimento agropecuário;

- Seis Unidades de Vigilância Agropecuária – UVAGROs, localizadas no Aeroporto Internacional de Campo Grande, e nas cidades fronteiriças de Bela Vista, Corumbá, Mundo Novo, Porto Murtinho e Ponta Porã, a quem compete executar as atividades de fiscalização agropecuária, procedendo, na importação e na exportação, realização de exames de animais vivos e de vegetais e partes de vegetais, inspeção de produtos de origem animal e vegetal, de sêmen animal, de embriões de animais, de produtos para alimentação animal, de produtos de uso veterinário, de agrotóxicos, seus componentes e afins, de fertilizantes, de corretivos, de inoculantes, de sementes e mudas e de vinhos e bebidas em geral, inspeção de forragens, boxes, caixas e materiais de acondicionamento e embalagens na importação desses produtos.

III. Legislação básica

2.12. Os instrumentos legais e infralegais que disciplinam a criação, definição de competências e estrutura organizacional do MAPA e das instituições a ele vinculadas são os seguintes:

2.12.1 Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003: Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências;

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2.12.2. Decreto nº 7.127, de 4 de março de 2010: Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e dá outras providências;

2.12.3. Decreto nº. 2.291, de 4 de agosto de 1997: Aprova o Estatuto da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa;

2.12.4. Decreto nº. 4.514, de 13 de dezembro de 2002: Aprova o Estatuto Social da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB.

2.12.5. Portaria MAPA nº 428 de 9 de junho de 2010: Aprova o Regimento Interno das Superintendências Federais de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

2.13. Os principais normativos que regem os programas e ações da área da Defesa Animal e Vegetal são os seguintes:

2.13.1. Defesa e Inspeção Animal:

• Decreto nº 24.548, de 3 de julho de 1934 – regulamenta o Serviço de Defesa Sanitária Animal. Apesar das alterações dadas pelo dada pelo Decreto nº 6.946, de 2009, é anacrônico e estabelece multas em cruzeiros da época;

• Lei 1.238, de 18 de dezembro de 1950, com alterações dadas pela Lei nº 7.889, de 1989, foi regulamentada pelo Decreto 30.691/52;

• Decreto nº 30.691, de 29 de março de 1952 - Aprova o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal. Sofreu inúmeras alterações feitas pelos Decretos nºs 1.255, de 1962, 66.183, de 1970, 1.812, de 1996, 2.244, de 1997, 6.385, de 2008 e 7.216, de 2010;

• Decreto-Lei 467, de 13 de fevereiro de 1969 - Dispõe sobre a fiscalização de produtos de uso veterinário, dos estabelecimentos que os fabricam e dá outras providências. Regulamentado pelo Decreto 64.499/69;

• Lei 61.198, de 26 de dezembro de 1974 - Dispõe sobre a inspeção e a fiscalização obrigatórias dos produtos destinados à alimentação animal. Regulamentada pelo Decreto nº 76.986/76, o qual foi revogado pelo Decreto nº 6.296, de 2007;

• Decreto 6.296, de 11 de dezembro de 2007 - Aprova o Regulamento da Lei no 6.198, de 26 de dezembro de 1974, que dispõe sobre a inspeção e a fiscalização obrigatórias dos produtos destinados à alimentação animal, dá nova redação aos arts. 25 e 56 do Anexo ao Decreto nº 5.053, de 22 de abril de 2004, e dá outras providências. Sofreu alterações dadas pelo Decreto nº 7.045, de 2009;

• Decreto 1.662, de 6 de outubro de 1995 - Aprova o Regulamento de fiscalização de produtos de uso veterinário e dos estabelecimentos que os fabriquem e/ou comerciem, e dá outras providências;

• Portarias e Medidas complementares;• Acordos Internacionais;

2.13.2. Defesa Sanitária Vegetal:

• Decreto nº 24.114, de 12 de abril de 1934 - Aprova o Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal. Alterado pelo Decreto-lei nº 5.478, de 1943, e pelos Decretos nºs 51.116, de 1961, e 6.946, de 2009;

• Decreto 318/91 que promulga o novo texto da Convenção de Roma - Convenção Internacional para a Proteção dos Vegetais;

• Resoluções do Grupo Mercado Comum, Subcomitê de Sanidade Vegetal do Mercosul;• Portarias e Medidas complementares;

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• Acordos Internacionais;• Fiscalização de Insumos Agrícolas;• Sementes e Mudas -Material de Propagação:

• Lei nº 6.507, de 19 de dezembro 1977;• Decreto nº 81.771, de 07 de junho de 1978;• Portarias e Medidas complementares;• Portaria nº 93/82 de 14/04/82;• Portaria nº 437/85, de 25/11/1985;

• Agrotóxicos e Afins:• Lei nº 7.802 de 11 de julho de 1989;• Decreto nº 98.816, de 11 de janeiro de 1990;• Portarias e Medidas Complementares;

• Fertilizantes, Corretivos e Inoculantes:• Lei nº 6.934, 13 de julho de 1981;• Decreto nº 86.955, de 18 de fevereiro de 1982;• Portarias e Medidas Complementares;

• Fiscalização de Insumos Pecuários:• Lei nº 6.198, 26/12/78;• Decreto nº 76.986, de 06 de janeiro 1976;• Portarias e Medidas complementares;

• Fiscalização de Vinhos, Bebidas e Vinagres:• Lei nº 7.678, 08/11/98, regulamentada pelo decreto nº 99.066, de 08/03/90;• Lei nº 8.918, de 14/07/94, regulamentada pelo Decreto nº 2.314, de 04/09/97;• Portarias e Medidas complementares;

• Fiscalização da Padronização e Classificação de Vegetais:• Lei nº 6.305/75;• Decreto nº 82.110/78; e• Portarias e Medidas complementares.

IV. Da alocação e execução orçamentária

2.14. Para fins de alocação de recursos públicos via orçamento da União, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA é considerado um Órgão Orçamentário composto por quatro unidades orçamentárias.

2.15. No ano de 2010, com a aprovação do Orçamento Anual da União foram consignados inicialmente os seguintes valores a essas unidades orçamentárias:

22.101 - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – R$ 4.289.408.453,00; 22.202 - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA – R$ 1.855.782.832,00; 22.211 - Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB – R$ 2.807.704.680,00; 22.906 - Fundo de Defesa da Economia Cafeeira - R$ 42.360.778,00;2.16. As Superintendências Federais de Agricultura, Pecuária e Abastecimento representam unidades desconcentradas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento nos Estados Federados, e não se constituem unidades orçamentárias, razão pela qual todos os créditos orçamentários a elas alocados são efetuados mediante descentralizações oriundas das unidades

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orçamentárias supra descritas ou, eventualmente, de descentralizações de outras unidades orçamentárias pertencentes a outros Órgãos que não o MAPA.

2.17. No ano de 2010, até 22 de novembro de 2010, a Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Estado de Mato Grosso do Sul – SFA/MS recebeu, via descentralizações de créditos, o montante de R$ 9.030.214,32 (nove milhões trinta mil duzentos e quatorze reais e trinta e dois centavos).

2.18. Do montante total recebido pela SFA/MS, R$ 217.675,00 (Duzentos e dezessete mil seiscentos e setenta e cinco reais) referem-se a destaques oriundos da unidade orçamentária 58.101 - Ministério da Pesca e Aquicultura para execução de ações de interesse desse Ministério, conforme informações do Serviço de Execução Orçamentária e Financeira – SEOF/DAD da SFA/MS.

2.19. O restante dos valores recebidos através de descentralizações de créditos (provisões), ou seja, R$ 8.812.539,32 (oito milhões oitocentos e doze mil quinhentos e trinta e nove reais e trinta e dois centavos) são oriundos da unidade orçamentária 22.101 - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para execução, dentre outros, dos seguintes programas de trabalho de interesse do MAPA: 20122075020000001 – Administração da Unidade; 20122075047160001 – Operações de Serviços Administrativos; 2012260032B170001 – Fiscalização de Contratos de Repasse; 20125035647450001 – Fiscalização das Ativid. com Organismos Geneticamente Modificados; 20125035647460001 – Padronização, Classificação, Fiscalização; 20125037520190001 – Fiscalização de Material Genético Animal; 20125037521240001 – Fiscalização de Insumos; 20125037521400001 – Fiscalização de Produtos de Uso Veterinário; 20603035721800001 – Vigilância e Fiscalização do Trânsito;2.20. Além da execução direta de suas ações, uma parcela significativa dos recursos orçamentários recebidos pela SFA/MS para desempenho de suas funções são descentralizados e delegados a outros órgãos das esferas estaduais ou municipais mediante a realização de convênios.

2.21. Em 2010, a SFA/MS não pactuou nenhum convênio, sob a justificativa da vedação contida no artigo 73, VI, “a” da Lei 9.504/97 (legislação eleitoral), que apenas não autoriza a realização de transferências voluntárias de recursos nos três meses que antecedem ao pleito eleitoral.

2.22. Foi dado prosseguimento ao convênio relativo à área vegetal, mediante um aditivo ainda em processo de formalização, que estende a sua validade para 29/12/201.

(...)

3. Planejamento e aferição de resultados

3.1. A partir das entrevistas realizadas detectaram-se deficiências no planejamento das atividades relacionadas à defesa animal e vegetal, tanto pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), a quem compete a normatização, quanto pela Superintendência Federal de Agricultura de Mato Grosso do Sul.

3.2. A primeira delas reside no fato de que o gestor local não tem o poder de alocar servidores para as atividades da área técnica, que se subordina diretamente à Secretaria de Defesa Agropecuária, na sede do Ministério em Brasília, o que, por vezes, dificulta a adaptação dos trabalhos de fiscalização às especificidades locais.

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3.3. Também se observou que o planejamento operacional da unidade é estabelecido em reuniões sem periodicidade definida, não havendo instrumentos formais que demonstrem, com detalhamento suficiente, as metas a serem atingidas.

3.4. Verificou-se, ainda, que é somente no momento da confecção anual do Relatório de Gestão (Peça 11), para atendimento às exigências desta Corte, que são apurados os indicadores de desempenho da Unidade, permitindo que se conclua que os referidos indicadores têm baixa aplicação prática no gerenciamento das ações do órgão.

3.5. Todavia, em face do disposto no artigo 15, VI da Portaria nº 428/2010/MAPA, a SFA/MS está implementando, consoante diretrizes específicas da Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA localizada em Brasília, os “Planos Operativos Anuais - POA” para aferição de seus resultados, os quais representam instrumentos internos de planejamento que contemplam programações físicas e orçamentárias. Por intermédio deles as ações são propostas considerando-se as áreas de atuação (serviços técnicos), as ações governamentais e as diretrizes de ordem legal e institucional.

3.6. A pouca utilização e funcionalidade dos sistemas informatizados de automatização de processos das áreas relacionadas à segurança alimentar faz com que a Superintendência tenha seus próprios sistemas de registro de informações e controles paralelos, alimentados pelos próprios técnicos em planilhas não integradas, o que torna a consolidação e as padronizações inviáveis.

3.7. Somando-se a isso o baixo poder de interferência do gestor local na área técnica e a baixa aplicabilidade dos indicadores de desempenho utilizados, tem-se um quadro em que os técnicos envolvidos nas ações de defesa agropecuária são insuficientemente informados sobre o desempenho geral da Unidade para poderem ajustar-se ao cumprimento das metas e o gestor não tem meios de efetuar um melhor planejamento e alocação de mão-de-obra por critérios objetivos que permitam o seu melhor aproveitamento.

3.8. Diante desse cenário, seria de bom alvitre proceder a uma investigação mais acurada desses entraves, a fim de que se encontrem, em conjunto com a Superintendência Regional em Mato Grosso do Sul, soluções viáveis, que contemplem indicadores de gestão que orientem a ação gerencial e possam dar efetivo suporte à confecção do planejamento das ações empreendidas por aquela Unidade.

4. Suporte laboratorial

4.1. Para que as ações de defesa agropecuária relativas às fiscalizações de produtos de origem animal e vegetal se desenvolvam a contento, se faz necessária a existência de um suporte laboratorial bem estruturado, onde possam ser analisadas, de maneira tempestiva, as amostras colhidas durante o processo de fiscalização realizado pelo MAPA.

4.2. Atualmente, no Estado de Mato Grosso do Sul, a SFA/MS utiliza-se da seguinte estrutura, composta por diversos LABORATÓRIOS NACIONAIS AGROPECUÁRIOS – LANAGROS, espalhados nos Estados da Federação, para os quais são enviados todos os materiais colhidos durante as ações de defesa para fins de análise:

(...)

4.3. As principais áreas de atuação desses laboratórios são: Agrotóxicos e Afins; Análises Físico-Químicas de Alimentos de Origem Animal e Água; Análises Físico-Químicas de Produtos de Origem Vegetal para Fins de Classificação; Análises Físico-Químicas de Alimentos para Animais; Análises Físico-Químicas de Bebidas e Vinagres; Biotecnologia e Organismos Geneticamente Modificados; Diagnóstico Animal; Diagnóstico Fitossanitário;

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Fertilizantes, Corretivos, Substratos e Afins; Identificação Genética e Material de Multiplicação Animal; Microbiologia em Alimentos e Água; Produtos de Uso Veterinário; Qualidade do Leite; Resíduos e Contaminantes em Alimentos; Sementes e Mudas.

4.4. No Estado de Mato Grosso do Sul a SFA/MS possui, na sua própria sede, um Laboratório de Diagnóstico Fitossanitário, responsável por análises relacionadas à área vegetal (LDF/SLAV-MS/LANAGRO-GO), o qual é vinculado ao LANAGRO do Estado de Goiás.

4.5. Os laboratórios pertencentes à EMBRAPA, que possui três estruturas no Estado, não são utilizados para fins de análise das amostras colhidas durante o processo de fiscalização realizado pelo SFA/MS, mas tão-somente para pesquisas de interesse daquela empresa pública, sem que haja uma interação entre as duas entidades.

4.6. Foi relatado à equipe de auditoria que houve época em que a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS fornecia suporte laboratorial à SFA/MS, mas essa interação cessou em função de problemas administrativos que repercutiram no processo de prestação de contas, por envolver transferência de recursos para a Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura – FAPEC. Assim, conquanto a UFMS disponha de recursos humanos e tecnológicos para efetuar as análises requeridas pela SFA/MS, tal alternativa não é utilizada.

4.7. Para realização de suas análises laboratoriais, o MAPA tem como política interna a utilização exclusiva de laboratórios oficiais, ou seja, dos LABORATÓRIOS NACIONAIS AGROPECUÁRIOS – LANAGROS, sendo que a SFA/MS usualmente se utiliza dos serviços do LANAGRO-PE, sediado em Recife/PE.

4.8. Segundo informações obtidas junto à SFA/MS, embora os laboratórios (LANAGROS) à disposição da SFA/MS possuam equipamentos e profissionais qualificados para realizarem as análises de interesse da Superintendência, carecem de melhor estruturação no que se refere à sua capacidade de processar o volume de trabalho requerido, uma vez que atendem demandas provindas de todas as partes do território nacional. Essa limitação operacional ocasiona demora nos resultados das análises solicitadas (a exemplo dos exames de BSE (sigla inglesa para Encefalopatia Espongiforme Bovina, conhecida como “doença da vaca louca”), cujos resultados são usualmente entregues no prazo de seis meses), podendo comprometer a efetividade das atividades de fiscalização.

4.9. Diante de tais indícios de deficiências relacionadas ao suporte laboratorial prestado à SFA/MS, entende-se conveniente que seja avaliado o grau de comprometimento do suporte laboratorial e que se busquem alternativas que possam contribuir para a solução dos problemas existentes, de forma a garantir o efetivo e tempestivo atendimento de suas demandas.

5. Desconcentração administrativa

5.1. Conforme explanado no item 2.11 deste relatório, sob a coordenação, orientação e programação específicas da Divisão de Defesa Agropecuária – DDA/SFA/MS atuam, como unidades desconcentradas de execução finalística, uma Unidade Técnica Regional de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - UTRA, sediada em Dourados/MS, e seis Unidades de Vigilância Agropecuária – UVAGROs, localizadas no Aeroporto Internacional de Campo Grande, e nas cidades fronteiriças de Bela Vista, Corumbá, Mundo Novo, Porto Murtinho e Ponta Porã.

5.2. Pelo que se aferiu no presente levantamento, a UTRA/Dourados, que dispõe de duas fiscais, sendo uma veterinária e uma agrônoma, um agente de inspeção e quatro auxiliares administrativos, faz as vezes de uma representação local da DDA/SFA/MS.

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5.3. As principais atividades desempenhadas por essa Unidade compreendem fiscalizações em propriedades rurais e nos estabelecimentos comerciais de produtos agropecuários, em procedimentos rotineiros ou motivados por denúncias, e encaminhamento de processos à DDA/SFA/MS. Eventualmente, a veterinária ali lotada participa nas ações em barreiras volantes para coibir o trânsito ilegal de animais dentro da Zona de Alta Vigilância – ZAV.

5.4. Outrossim, não está entre as atribuições da UTRA/Dourados a fiscalização sobre as atividades delegadas à IAGRO/MS ou gestão sobre o desempenho dos fiscais lotados nas indústrias locais, ambas a cargo da SFA/DDA/MS.

5.5. Isto posto, o papel da UTRA/Dourados, até pela insuficiência de seu quadro funcional, não é o de uma desconcentração da DDA/SFA/MS, mas restringe-se ao desempenho de algumas funções de fiscalização e representação desta, não trazendo todo o benefício que poderia gerar por localizar-se em posição estratégica em relação à ZAV e a um dos pólos agroindustriais de maior importância no Estado.

5.6. Esta percepção dá fundamento à realização de estudo mais minudente quanto às atribuições da UTRA/Dourados, tendo em vista a possibilidade de se fazer recomendações que tragam oportunidades de melhoria quanto ao papel desempenhado por ela dentro da estrutura de funcionamento da SFA/MS.

5.7. As informações obtidas durante a execução deste trabalho dão conta que as UVAGROS de Bela Vista e Porto Murtinho não possuem pessoal permanente, sendo a fiscalização executada por fiscais lotados na DDA/SFA/MS em Campo Grande, somente por demanda.

5.8. Nas demais UVAGROs, Campo Grande conta com sete fiscais, Corumbá com três fiscais e dois assistentes, Mundo Novo com dois fiscais e um agente, e Ponta Porã com dois fiscais.

5.9. Conforme constatado na visita realizada à UVAGRO de Corumbá, os três fiscais agropecuários ali lotados respondem pela fiscalização sanitária nos terminais portuários fluviais, no porto seco (Armazéns Gerais Alfandegários de Mato Grosso - AGESA), no posto de controle alfandegário na fronteira seca com a Bolívia e, eventualmente, no aeroporto internacional. Nos finais de semana, feriados e intervalos entre as jornadas de trabalho, a movimentação de cargas que precisam de liberação da fiscalização sanitária é paralisada. Considerando-se os períodos de férias e sem levar em conta os afastamentos médicos, ao menos por três meses ao ano há apenas dois fiscais para atender a toda a demanda.

5.10. Como resultado dessa insuficiência de alocação de pessoal, identifica-se a existência de vulnerabilidade na fiscalização relativa à entrada de vetores de doenças animais ou de pragas vegetais, à biopirataria e ao bioterrorismo nos pontos de entrada das fronteiras do Estado com os países vizinhos.

6. Regulamentação para a defesa agropecuária

6.1. A legislação em vigor referente à Defesa Agropecuária, que tem origem na década de 1930, está defasada em relação ao atual estágio tecnológico da Agropecuária e Agroindústria e não atende às atuais necessidades experimentadas pela fiscalização.

6.2. Como exemplo da defasagem da legislação, os Regulamentos de Defesa Sanitária Vegetal e Animal, respectivamente os Decretos nº 24.114 e 24.548, ambos de 1934, mesmo com as alterações posteriores, ainda estabelecem os valores das multas em cruzeiros, valores estes cuja atualização é impossível em face dos períodos de elevada inflação e dos diversos planos econômicos que afetaram a moeda e a economia nacionais.

6.3. Outro exemplo, que é o tema abordado no item 7.2 deste relatório, está na obrigatoriedade de fiscalização federal permanente dentro dos estabelecimentos que industrializam produtos de origem animal para desempenhar tarefas que poderiam ser de responsabilidade de

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profissionais contratados pelas indústrias, cujo trabalho poderia ser monitorado e fiscalizado amostralmente com auxílio de equipamentos eletrônicos de gravação de imagens e, eventualmente, o acesso a essas imagens pela internet.

6.4. No esforço de adequar a legislação às necessidades atuais, a SDA edita inúmeras instruções circulares para regulamentar as disposições legais sobre as matérias pertinentes às atividades de defesa agropecuária. Registra-se que todo o setor avícola é regido por portarias e instruções normativas.

6.5. O número excessivo de portarias, instruções normativas e circulares prejudica sobremaneira a ação fiscalizadora, visto que a dispersão das informações dificulta a própria compreensão quanto aos procedimentos de fiscalização.

6.6. Além disso, essa forma de legislar por meio de instruções circulares fragiliza a fiscalização, tendo em vista que os entes fiscalizados podem interpor questionamentos administrativos e judiciais às ações da fiscalização, reduzindo a sua eficácia.

6.7. Vislumbra-se, então, existir a necessidade de se consolidar e aperfeiçoar a legislação referente à matéria, adaptando o seu teor ao desenvolvimento tecnológico hodierno da indústria e comércio, às oportunidades e vulnerabilidades geradas pela evolução das demandas do comércio interno e internacional, aos valores monetários atuais e aos padrões de produtividade que se esperam da fiscalização dentro da atual conjuntura de aparelhamento do Estado.

6.8. A conveniência dessa atualização e aglutinamento da legislação relativa à Defesa Sanitária Vegetal e Animal precisa ser objeto de uma avaliação mais extensa e com abrangência nacional, com o propósito de demonstrar ao Congresso Nacional a pertinência da edição de normas que atendam às demandas atuais.

7. Fiscalização agropecuária

7.1. Controle sanitário nos estabelecimentos agroindustriais

7.1.1. A metodologia de fiscalização estabelecida no Decreto nº 30.691/52 impõe a obrigatoriedade de inspeção federal permanente nos estabelecimentos processadores de alimentos de origem animal, principalmente em abatedouros, onde, por força dos seus artigos 107 e 112, a presença de um Fiscal Federal Agropecuário é obrigatória sempre que houver abate de animais.

7.1.2. Para atender à imposição legal, são designados fiscais para permanecerem lotados fisicamente nesses estabelecimentos, prática que, segundo foi apontado por técnicos e dirigentes na Superintendência, dificulta a melhor alocação de servidores – haja vista a carência de servidores para desempenhar as funções de fiscalização nas zonas de fronteira – e, por vezes, até inviabiliza o seu próprio cumprimento, já que há dificuldades de se manter fiscais federais agropecuários em regiões mais distantes dos centros urbanos.

7.1.3. Conforme se pode constatar nas planilhas de locação de servidores da SFA/MS (Peças 12 e 13), a Divisão de Defesa Agropecuária – DDA/SFA/MS conta com um total de 110 Fiscais Federais Agropecuários (cargo de nível superior, exercido por Médicos Veterinários, Zootecnistas ou Engenheiros Agrônomos) e 125 Agentes da área fim (cargo de nível médio), entre Agentes de Inspeção Sanitária, Agentes de Atividades Agropecuárias e Auxiliares Operacionais Agropecuários. Destes, 46 Fiscais e cinco Agentes trabalham na sede, quatorze Fiscais e um Agente prestam serviço nas UVAGROs, dois Fiscais e um Agente são lotados na UTRA, e um total de 48 Fiscais e 117 Agentes estão alocados aos matadouros/frigoríficos. Assim, 71% da força de trabalho de que a DDA/SFA/MS dispõe para exercer as atividades de fiscalização sanitária presta serviços dentro dos estabelecimentos industriais.

7.1.4. Há ainda o frequente problema das indústrias que enfrentam greves ou que paralisam voluntariamente as suas atividades por longos períodos nas ocasiões em que o mercado não é

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favorável, fazendo com que os fiscais nela lotados e residentes nos seus municípios de localização fiquem ociosos ou somente possam prestar serviços à Superintendência em outras localidades mediante o pagamento de diárias.

7.1.5. Nos estabelecimentos de maior porte, os trabalhos de fiscalização forçosamente são realizados por amostragem, uma vez que o fiscal não pode estar presente em todos os pontos da indústria ao mesmo tempo. Há notícias de que na região Sudeste do país ocorrem situações em que um único Fiscal Agropecuário Federal é responsável por vários estabelecimentos, o que não deixa alternativa que não a da verificação amostral, sem que haja metodologia criada para tanto, criando situações de risco sanitário.

7.1.6. De acordo com os técnicos da SFA/MS, países como a Austrália não procedem dessa forma – ou seja, não mantêm fiscalização governamental permanente nos estabelecimentos industriais de produtos de origem animal – e exportam carne para mercados rigorosos como os Estados Unidos, pois a única exigência inflexível dos mercados importadores é que a legislação sanitária do país produtor seja cumprida à risca.

7.1.7. Diante desses entraves, está sendo objeto de estudos no âmbito do MAPA a revogação do mencionado Decreto, o que possibilitaria que a inspeção federal se desse por fiscalizações planejadas e amostragem, conferindo a veterinários contratados pelas empresas a responsabilidade pelas tarefas hoje desempenhadas pelos fiscais federais.

7.1.8. Entretanto, levantou-se no presente trabalho que a possível alteração dos procedimentos de inspeção federal pela eventual revogação do Decreto nº 30.691/52 enfrentaria resistência dentro dos quadros do MAPA, pois a mudança da sistemática de fiscalização implicaria alterações na lotação física dos fiscais. Outra fonte de resistência já identificada tem sede no fato de que os agentes de inspeção de produtos de origem animal (nível médio), altamente especializados, acompanham a linha de produção e encaminham ao fiscal federal responsável (veterinário) quaisquer casos de exceção que possam caracterizar problema sanitário; alegam os defensores da atual sistemática que se retirado esse acompanhamento, não haverá garantias de que as carcaças com problemas serão efetivamente examinadas/descartadas.

7.1.9. Observou-se durante a execução deste levantamento que os frigoríficos têm seus próprios controles de qualidade, em função do mercado a que se destinam, e adotam suas próprias normatizações de procedimentos, tais como: verificação de carcaças; planilha de verificação do cozimento do bucho e buchinho; abate de vacas feito em lote separado, com um profissional especializado em evitar a contaminação por leite na carcaça na retirada do úbere; planilhas em que o controle de qualidade checa diversos pontos operacionais como: se o fio da faca é voltado para cima para não contaminar com pelo e se a faca é esterilizada e trocada a cada operação; planilha de abate humanitário, em que se anota o cumprimento dos procedimentos do bem-estar do animal: a condução dos animais, a presença de objetos pontiagudos nos caminhões, a lotação nos caminhões, o procedimento de desembarque, a utilização correta dos bastões de choque, a eficiência da insensibilização, o tempo entre insensibilização e sangria, a duração da sangria; planilha de contaminação da carcaça por limalha, pelo, ferro e graxa, feita no final da linha; planilha da triparia, em que é conferido o número de íleos distais com o número de animais abatidos; planilha de higienização da câmara, que é feita a cada nova remessa de carne; planilhas de contaminação de miúdos, de procedimentos na bucharia, de temperatura de pré-congelamento antes da embalagem, da sala de miúdos, dos esterilizadores, e outras, a critério da empresa, sempre voltada para o atendimento das normas da inspeção federal e da qualidade do produto a ser entregue ao mercado consumidor.

7.1.10. Contudo, verificou-se não existir uma normatização quanto aos controles a serem empregados pelas indústrias, de acordo com seu porte, de forma a padronizar a fiscalização sobre os

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procedimentos de monitoramento de qualidade executados pelos estabelecimentos agroindustriais, o que facilitaria a ação fiscalizadora.

7.1.11. Além disso, se existisse um disciplinamento eficiente e eficaz sobre o autocontrole exercido pelos estabelecimentos agroindustriais, que são os maiores interessados na manutenção dos mercados consumidores, isso significaria importante incremento na credibilidade internacional de que desfrutam os produtos agropecuários brasileiros.

7.1.12. As questões levantadas neste tópico ilustram a conveniência de se avaliar com maior detalhamento e precisão o desempenho nas ações dessa área, com vistas a se expedir recomendações para maior eficiência, economicidade e efetividade nas fiscalizações de estabelecimentos agroindustriais.

7.2. Fiscalização das ações de defesa animal e vegetal

7.2.1. Com base na Lei nº 8.171, de 17.01.1991, grande parte da execução dos serviços públicos de apoio ao setor rural relativos às atividades inerentes aos Planos Internos (PI) de responsabilidade da Divisão de Defesa Agropecuária - DDA da Superintendência do MAPA em Mato Grosso do Sul é delegada à Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul – IAGRO/MS, que é uma autarquia vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura, mediante a celebração de sucessivos convênios nos últimos exercícios, obedecendo a diretriz estabelecida em nível nacional.

7.2.2. O objetivo geral desses convênios é apoiar a manutenção do Sistema Unificado de Atenção à Saúde Animal e Vegetal através da descentralização de recursos destinados ao financiamento de ações de custeio e investimento.

7.2.3. Durante o período de execução, a equipe obteve informações acerca dos convênios firmados com a IAGRO/MS.

7.2.4. O Convênio nº 001/2009/MAPA/SFA-MS/IAGRO-MS, de 14.08.2009 (Peças 01 e 05), que trata de ações de Defesa Sanitária Vegetal, no valor de R$ 2.037.000,00 (dois milhões e trinta e sete mil reais), considerando o termo aditivo em processo de formalização, vigora até 31.12.2010.

7.2.5. Já na área de Defesa e Vigilância Sanitária Animal não havia instrumento de descentralização em vigor, mas o Convênio nº 001/2007/MAPA/SFA-MS/IAGRO-MS, de 20.09.2007 (Peças 15, 06 e 10), cujo montante, considerando o aditivo, alcançou a cifra de R$ 30.348.230,00 (trinta milhões, trezentos e quarenta e oito mil e duzentos e trinta reais), expirou em 31.12.2009.

7.2.6. De um estudo preliminar desses convênios, é possível afirmar que há necessidade de aprimoramento desses instrumentos, de forma a contemplar quesitos relativos à formulação e detalhamento mínimo dos objetivos e metas a se atingir, necessários à efetiva aferição de sua execução, de forma a possibilitar que as atividades da convenente sejam avaliadas em função de valores objetivos e mensuráveis.

7.2.7. Segundo relatado pela Superintendência, os valores registrados nos Planos de Trabalho são estimados com base na experiência acumulada pela IAGRO-MS e na previsão orçamentária e financeira do MAPA para o exercício seguinte.

7.2.8. Causa preocupação a ausência de convênio na área de defesa e vigilância sanitária animal desde o início do presente exercício, haja vista a necessidade de se manter áreas livres de doenças, a exemplo da febre aftosa, em Mato Grosso do Sul, principalmente na Zona de Alta Vigilância - ZAV do Estado.

7.2.9. Cabe destacar que se trata de situação de alto risco, visto que, sob o argumento de que se trata de questão de alçada federal, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul não se dispõe a arcar com os custos de operações de vigilância sanitária na ZAV e não há no momento nenhum tipo de ação

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para coibir o contrabando de gado desde o Paraguai, onde, em certas épocas do ano, o bezerro é vendido por menos da metade do preço praticado no Brasil.

7.2.10. No que se refere à manutenção e evolução das exportações brasileiras de carne bovina, de nada adianta a adoção dos mais rígidos procedimentos de qualidade nos estabelecimentos que a industrializam se o país vier a ser palco de um novo surto de febre aftosa, pois isso destruirá a credibilidade internacional dos produtores brasileiros. Dos 60 países que pararam de importar carne brasileira após o surto de febre aftosa de 2005, apenas 30 voltaram a importar até este momento, pois a confiança dos mercados consumidores internacionais só será reconquistada após um longo período sem re-ocorrência de fatos semelhantes. Na situação presente, a inexistência de barreiras sanitárias à entrada de gado proveniente do Paraguai põe em risco todos os esforços feitos no país para a manutenção e incremento dessas exportações.

7.2.11. Em visitas às sedes da IAGRO-MS, em Campo Grande/MS, Dourados/MS e Corumbá/MS, foram observadas deficiências estruturais, a exemplo dos veículos disponibilizados para as fiscalizações, praticamente sem nenhuma manutenção, muitos em estado crítico de conservação.

7.2.12. Ficam comprometidas, dessa forma, as ações de defesa e vigilância animal e vegetal a cargo daquela Agência Estadual, sem desconsiderar a visível limitação de fiscalização dessas atividades por parte da SFA/MS.

7.2.13. Ainda que se perceba um melhor controle das ações descentralizadas na área vegetal em comparação à da área animal, facilitada pela baixa materialidade, é possível identificar evidências de riscos operacionais no apoio à manutenção do Sistema Unificado de Atenção à Saúde Animal e Vegetal, razão pela qual seria oportuno um exame mais detido, dentro da realidade local, das deficiências apresentadas nessas ações, de forma a garantir maior segurança e efetividade no cumprimento dos seus objetivos.

7.3. Programa de Vigilância Agropecuária Internacional - Vigiagro

7.3.1. O Programa de Vigilância Agropecuária Internacional – Vigiagro, instituído pela Portaria Ministerial nº 297, de 22.06.98, tem entre seus principais objetivos padronizar e harmonizar os procedimentos de fiscalização agropecuária nos pontos de ingresso e egresso alfandegados e impedir a entrada no Brasil de pragas e doenças oriundas de outros países, com vistas a evitar danos à economia, ao meio ambiente e à saúde da população, bem como garantir a fitozoosanidade e a qualidade dos produtos exportados.

7.3.2. Em 2005, o Tribunal de Contas da União – TCU realizou auditoria de natureza operacional nas ações de vigilância e fiscalização no trânsito internacional de produtos agropecuários (TC 012.488/2005-5), que eram gerenciadas pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A avaliação do Tribunal foi centrada nos seguintes pontos:

i) organização da infraestrutura e dos recursos humanos do Programa de Vigilância Agropecuária Internacional – Vigiagro;

ii) regulamentação e divulgação de normas para o trânsito de produtos agropecuários; iii) procedimentos de inspeção sanitária e integração com outras autoridades alfandegárias; e iv) gestão da informação, supervisão e monitoramento das ações do Vigiagro.

7.3.3. O processo de auditoria foi apreciado pelo Plenário do Tribunal em Sessão Ordinária de 02/08/2006, tendo sido prolatado o Acórdão n. 1318/2006 (Ata n.º 31/2006) com uma série de recomendações à SDA/Mapa, à Secretaria Executiva do Mapa, à Casa Civil da Presidência da República e à Secretaria da Receita Federal do Brasil voltadas ao aperfeiçoamento da concepção, implementação e controle das ações do Vigiagro.

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7.3.4. A Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo – Seprog realizou, nos meses de fevereiro e março de 2008, o primeiro Monitoramento do Acórdão n.º 1318/2006-TCU-Plenário (TC 001.845/2008-6).

7.3.5. De posse desse relatório e do referido Acórdão, a equipe realizou observação direta no Terminal Portuário Odjfell, em Ladário/MS, na Agesa/SA - Armazéns Gerais Alfandegários de Mato Grosso, no Posto de Controle Alfandegário e na Unidade de Vigilância Internacional – Uvagro, todos em Corumbá/MS, em companhia do responsável por aquela unidade local do Vigiagro, o Fiscal Federal Agropecuário Rafael Ribas Otoni, oportunidade em que se discutiu acerca dos pontos recomendados pelo TCU no mencionado trabalho.

7.3.6. Foi possível confrontar os resultados do último monitoramento realizado pela Seprog com a realidade local, tendo-se confirmado que algumas recomendações ainda não foram implementadas, enquanto outras foram parcialmente atendidas.

7.3.7. Percebeu-se que o Posto Alfandegário encontra-se ainda em fase de adequação da infra-estrutura para atuação da autoridade responsável pela fiscalização agropecuária, não sendo observada a atuação integrada da Fiscalização Federal Agropecuária com a Receita Federal, Polícia Federal e Anvisa. No Aeroporto de Corumbá/MS age-se apenas sob demanda.

7.3.8. Segundo informado pela Superintendência Federal de Agricultura em Mato Grosso do Sul – SFA/MS, não há Fiscais Federais em Porto Murtinho/MS e tampouco em Bela Vista/MS. Nesses locais, as ações do Vigiagro são efetivadas sob demanda, de forma periódica, devido à carência de pessoal.

7.3.9. Foram visitadas, também, as instalações do Ministério da Agricultura no Aeroporto de Campo Grande/MS, onde foi possível visualizar a atuação da fiscalização no acompanhamento de verificação das bagagens de passageiros e outros mecanismos de controle.

7.3.10. Diante de tudo o que foi verificado, confirmaram-se os pontos vulneráveis nas ações do Vigiagro, sobretudo pela inadequada infra-estrutura para atuação da autoridade responsável pela fiscalização agropecuária e, ainda, pela falta de um sistema informatizado integrado nacionalmente.

7.3.11. Muito embora tenham sido adotadas providências, de maneira efetiva, em parte das recomendações exaradas por esta Corte de Contas, a situação atual ainda é preocupante, com potenciais indesejáveis impactos econômicos, sociais, ambientais e à saúde da população.

8. Exportações de produtos agropecuários

8.1. De acordo com o artigo 29 do Regimento Interno do Ministério da Agricultura, a Secretaria de Relações Internacionais (SRI) tem a incumbência de formular propostas e coordenar a participação do Ministério em negociações de atos, tratados e convênios internacionais concernentes aos temas de interesse do agronegócio.

8.2. A SFA/MS apenas recebe da Secretaria de Defesa Agropecuária – SDA as restrições e itens a serem observados pelos exportadores para cada um dos países importadores.

8.3. Rotineiramente, a SFA/MS recebe visitas de agentes de países importadores, a fim de se demonstrar o cumprimento daquilo que foi estabelecido nos acordos internacionais.

8.4. Negociações internacionais na área de sanidade agropecuária são atividades extremamente importantes, uma vez que barreiras sanitárias aos produtos agropecuários brasileiros no exterior têm sido um dos principais entraves à competitividade do produto brasileiro de exportação nos últimos anos.

8.5. Contudo, comprometem esses acordos eventuais desinteresses estaduais no incremento das exportações. Há uma guerra fiscal entre União e Estados que prejudica as exportações (Peça 19).

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8.6. O fato é que o governo federal retarda todo ano a liberação de recursos para compensar as perdas tributárias enfrentadas pelos estados por causa da isenção do ICMS prevista pela Lei Kandir para bens primários e semiacabados.

8.7. A Lei complementar nº 87, que entrou em vigor em 13 de setembro de 1996, conhecida como Lei Kandir, além de desonerar o ICMS dos produtos e serviços com a finalidade de exportação, busca estimular os setores produtivos voltados à exportação e favorece o saldo da balança comercial.

8.8. Segundo o relatório “Intercâmbio Comercial do Agronegócio”, da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio/MAPA (fls. 13-14 da Peça 09), em uma análise de longo prazo, a participação dos produtos agrícolas nas exportações totais brasileiras vem evoluindo ano a ano, tendo passado de 23,9% em 2000 para 35,8% em 2009.

8.9 No caso do Estado de Mato Grosso do Sul, foi estabelecido, por meio do Decreto Estadual 11.803/05 (Peça 16), que, para cada tonelada exportada isenta de ICMS, os produtores locais precisam comercializar a mesma quantidade no mercado interno, operação essa tributada pelo mesmo imposto.

8.10. Tendo em conta que esse assunto extrapola a competência da Superintendência Federal de Agricultura de Mato Grosso do Sul, seria proveitoso obter-se um panorama geral do que ocorre nos demais Estados da Federação, de modo a circunstanciar os problemas existentes, a fim de se buscar soluções que possam incentivar o incremento no volume de exportações.

9. Política, produção e desenvolvimento agropecuário

9.1. A Portaria nº 428/2010/MAPA criou a Divisão de Políticas, Produção e Desenvolvimento Agropecuário – DPDAG, na Superintendência Federal de Agricultura em Mato Grosso do Sul, atribuindo-lhe como competências, dentre outras atividades, controlar e acompanhar as execuções dos convênios, ajustes, contratos acordos e demais instrumentos de pareceria, voltados ao desenvolvimento agropecuário, inclusive ao cooperativismo e associativismo rural, apoiar as atividades de organização e inovação institucional, desenvolvimento de pessoas e infra-estrutura, no que se refere às interfaces operacionais, e controlar e avaliar os cronogramas das execuções físico-financeiras estabelecidos para as ações de desenvolvimento Agropecuário, bem como compatibilizar o desempenho dos agentes envolvidos.

9.2. Verifica-se, assim, que o Ministério da Agricultura, por intermédio de suas Superintendências, atua exclusivamente no fomento ao Agronegócio, sem exercer atividades ligadas à extensão rural, muito embora possua atribuições regimentais para tanto. O próprio site na Internet do Mapa reitera que em sua Missão institucional está, dentre outros objetivos, a assistência técnica e extensão rural, conquanto não se conheça registro de ações programáticas recentes desse Ministério nesse campo.

9.3. Pelo que foi apurado na execução deste trabalho, a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias, empresa pública integrante da estrutura organizacional do MAPA, restringe-se tão-somente à pesquisa e possui apenas uma diretoria responsável pelas transferências científicas, sem, contudo, efetuar ações relacionadas à extensão rural.

9.4. Vale destacar que a assistência técnica e a extensão rural têm importância fundamental no processo de comunicação de novas tecnologias, geradas pela pesquisa, e de conhecimentos diversos, essenciais ao desenvolvimento rural no sentido amplo e, especificamente, ao desenvolvimento das atividades agropecuária, florestal e pesqueira.

9.5. Mas o fato é que o Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA passou a ser o principal responsável pelas políticas voltadas para a Assistência Técnica e Extensão Rural - Ater e lançou uma Política e um Programa nacionais para o setor, em 2004, bem como ‘relançou’ o SIBRATER - Sistema

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Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural, que foi coordenado pela extinta EMBRATER - Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural.

9.6. Assim, a extensão rural no Estado de Mato Grosso do Sul está comprometida basicamente com as ações direcionadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, por intermédio da AGRAER – Agência de Desenvolvimento e Extensão Rural, que se destinam apenas a assentamentos rurais, comunidades quilombolas e aldeias indígenas.

9.7. Ou seja, como as únicas ações de extensão rural em curso não têm foco no agronegócio, mas na agropecuária predominantemente voltada à subsistência familiar dos assentamentos rurais, comunidades quilombolas e aldeias indígenas, existe uma lacuna na atuação da extensão rural voltada para o setor agropecuário produtivo no Estado de Mato Grosso do Sul.

9.8. Seria, então, fundamental o enfrentamento dessa questão, buscando-se as alternativas disponíveis e viáveis, em conjunto com o Ministério da Agricultura e o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, a fim de que se possa evitar o comprometimento de atividades de suma importância na cadeia produtiva do setor agropecuário.

(...)

11. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

11.1. Ante ao exposto, encaminha-se o presente relatório à consideração superior, propondo:

11.1.1. o envio de cópias deste relatório à Adplan, à 8ª Secex e à Seprog, visto que da matéria se descortina possível trabalho integrado entre essas unidades no Plano de Fiscalização do TCU para 2011;

11.1.2. nos termos do art. 169, inc. IV, c/c o art. 238 do Regimento Interno do TCU, o arquivamento dos autos, tendo em vista o cumprimento dos objetivos para os quais foi constituído.”

VOTO

Trago à apreciação deste Colegiado Relatório de Fiscalização que teve como objetivo levantar dados e informações sobre as atividades relacionadas à Defesa Sanitária Vegetal e Animal no Estado de Mato Grosso do Sul, em especial nas questões que envolvem a saúde humana e insumos e produtos inseridos na pauta de exportação brasileira.

2. Buscou-se, ainda, identificar possíveis áreas que possam ser objeto de fiscalização pelo TCU, levando-se em conta os objetivos, a relevância, os riscos, a concepção lógica, as vulnerabilidades e a quantidade de recursos destinados para os programas relacionados à citada área.

3. O trabalho de levantamento permitiu tecer visão geral sobre as atividades descritas no Relatório antecedente. Vale ressaltar que o Estado de Mato Grosso do Sul desponta no cenário nacional com parcela significativa de atividades ligadas ao agronegócio, que envolvem vultosas quantias de recursos públicos, e chamam a atenção pelo potencial de crescimento, contribuindo para a geração de divisas, criação de empregos e melhoria da qualidade dos produtos do País.

4. No presente trabalho foram vislumbrados indícios de fragilidades relacionadas à defesa agropecuária que justificariam a atuação do TCU nessa região. Nesse sentido, alguns aspectos merecem destaque e podem nortear a definição de possíveis áreas para atuação do TCU, considerando, ainda, as possibilidades de melhorias que possam permitir agregação de valor, produzir benefícios significativos e responder a questões de interesse da sociedade.

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5. Conforme apontado pela equipe da Secex-MS, os principais pontos de preocupação dizem respeito: a) à ausência de planejamento, à aferição de resultados, à limitação do suporte laboratorial e da fragilidade das fiscalizações de forma geral, sobretudo pela incapacidade de se atender a demanda, de maneira tempestiva e em conformidade com as normas; b) à falta de estrutura para a execução de controle e de monitoramento da entrada de pragas e doenças que possam comprometer o setor agropecuário, um dos sustentáculos do progresso econômico nacional, e por em risco a saúde da população sul-mato-grossense.

6. Diante do resultado do trabalho em análise, entendo que os elementos ora levantados possam servir de subsídios para futuros trabalhos de auditoria de desempenho que tenham por objetivo a avaliação dos programas e atividades governamentais que componham o bojo da área de defesa agropecuária.

7. Por fim, tendo em vista que as características e objetivos desse levantamento, a unidade técnica deixou de tecer propostas de recomendações ou determinações aos órgãos envolvidos, visto que somente com o aprofundamento das análises seriam coletados elementos suficientemente consistentes para embasar tais proposições. Assim, considerando que o objetivo do presente processo foi alcançado, a Secex-MS propugna pelo seu arquivamento, encaminhando-se cópia da deliberação que vier a ser adotada à Secex-8, à Secretaria de Avaliação de Programas de Governo (Seprog) e à Secretaria-Adjunta de Planejamento (Adplan), posicionamento com o qual coaduno-me.

8. Ante o exposto, Voto por que o Tribunal adote a minuta de Acórdão que ora submeto à apreciação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 14 de março de 2012.

RAIMUNDO CARREIRO

Relator

ACÓRDÃO Nº 575/2012 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 032.423/2010-1. 2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Relatório de Levantamento. 3. Interessados/Responsáveis: não há.4. Entidade: Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Estado do Mato Grosso do Sul; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) (vinculador).5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo - MS (SECEX-MS).8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de Relatório de Levantamento que teve

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como objetivo colher dados e informações sobre as atividades relacionadas à Defesa Sanitária Vegetal e Animal no Estado de Mato Grosso do Sul, em especial nas questões que envolvem a saúde humana e insumos e produtos inseridos na pauta de exportação brasileira.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. encaminhar cópia deste Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o embasam, para as seguintes unidades do TCU:

9.1.1. Secex-8;9.1.2. Secretaria de Avaliação de Programas de Governo (Seprog);9.1.3. Secretaria Adjunta de Planejamento (Adplan);9.2. arquivar os presentes autos.

10. Ata n° 8/2012 – Plenário.11. Data da Sessão: 14/3/2012 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0575-08/12-P.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.13.3. Ministro-Substituto presente: Marcos Bemquerer Costa.

(Assinado Eletronicamente)BENJAMIN ZYMLER

(Assinado Eletronicamente)RAIMUNDO CARREIRO

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

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