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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
O NEUROMARKETING COMO INSTRUMENTO PARA
DESVENDAR A LÓGICA DE CONSUMO
Por: Renata Palitó de Carvalho
Orientador
Prof. Jorge Vieira da Rocha
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
O NEUROMARKETING COMO INSTRUMENTO PARA
DESVENDAR A LÓGICA DE CONSUMO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Marketing.
Por: . Renata Palitó de Carvalho
5
RESUMO
O neuromarketing é a mais atual ferramenta de marketing e
comunicação existente. Ele tem como principal objetivo apontar os desejos,
impulsos e motivações que afetam o comportamento do consumidor em todos
os estágios do processo de decisão de compra. O objetivo do presente
trabalho é elucidar a real eficácia do neuromarketing no que tange ao estudo
do comportamento do consumidor, além de mostrar como ele pode vir a se
tornar uma ferramenta notável para o sucesso do planejamento estratégico das
organizações privadas e públicas.
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METODOLOGIA
Para compor o presente trabalho foram utilizados diversos tipos de
referências para pesquisa: desde livros, passando por sites e revistas. Porém,
é necessário apontar uma bibliografia-chave na área do neuromarketing,
essencial para o desenvolvimento do trabalho: A Lógica do Consumo –
Verdades e Mentiras sobre por que Compramos, de Martin Lindstrom – hoje
a principal referência no assunto.
Bibliografias sobre assuntos relacionados ao tema, tais como
pesquisa de mercado, comportamento do consumidor, psicologia da
comunicação, além de autores clássicos do marketing auxiliaram no
embasamento do estudo. Conteúdos de jornais e revistas com matérias e
entrevistas abordando o assunto também foram utilizados.
A webgrafia é composta por sites oficiais dos principais autores do
neuromarketing, além dos mais importantes sites e blogs de propaganda, o
que transfere credibilidade às fontes pesquisadas.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Desvendando o comportamento do consumidor 10
CAPÍTULO II - Conceito de Neuromarketing 25
CAPÍTULO III - Eficiência do Neuromarketing: vantagens e 33
limitações
CAPÍTULO IV - O Neuromarketing no Brasil 43
CONCLUSÃO 45
BIBLIOGRAFIA 47
ANEXOS 49
8
INTRODUÇÃO
Com a concorrência cada vez mais acirrada de produtos e serviços,
torna-se primordial para as empresas buscar novas formas de atingir seu
público-alvo, a fim de convencê-lo a consumir determinada marca ao invés de
outra. Para conseguir este feito, se faz necessário cada vez mais conhecer os
processos cognitivos que levam os indivíduos a tomarem certas decisões,
muitas vezes inconscientemente.
Nesse contexto, o neuromarketing vem sendo largamente utilizado
por empresas multinacionais como ferramenta complementar às pesquisas de
mercado tradicionais ou até mesmo como substituto destas. Sua natureza é
polêmica: muitos estudiosos da área do marketing duvidam de sua eficácia e
contestam a ética de suas ações. Dessa forma, este estudo se propõe a
esclarecer as questões que envolvem o neuromarketing – hoje considerado
uma importante ferramenta de pesquisa de mercado e parte integrante da
estratégia de marketing das grandes corporações.
O trabalho divide-se em quatro capítulos. O primeiro inicia o
assunto, ao desvendar o comportamento do consumidor e revelar um pouco do
processo de decisão de compra, além de apontar os principais tipos de
pesquisas existentes hoje no mercado.
O segundo capítulo tem como proposta introduzir o neuromarketing
no universo do marketing, como uma nova estratégia utilizada pelas empresas
a fim de desvendar a lógica de consumo que está por trás das decisões de
compra dos clientes.
O terceiro capítulo tem como função indicar quais são os fatores a
favor do neuromarketing – através de cases conhecidos internacionalmente – e
quais são os fatores contra a utilização do neuromarketing como ferramenta
estratégica de marketing.
9
Já o quarto capítulo traça um panorama do uso do neuromarketing
no Brasil e expõe os resultados alcançados pelas empresas situadas em solo
nacional que utilizaram esta ferramenta.
A conclusão resgata o grande mérito do tema: comprovar se o
neuromarketing é uma estratégia efetiva no campo da pesquisa de marketing
atual. O neuromarketing tem como função primordial apontar os desejos
inconscientes que levam o consumidor a optar por uma marca, produto ou
serviço. Diferentemente das pesquisas comuns, ele tem como principal
vantagem possuir um método mais seguro de aferição de resultados, com
quase 100% de respostas verdadeiras – algo impossível para outras
ferramentas de pesquisas de mercado. Portanto, pode-se considerar o
neuromarketing como um instrumento eficaz para desvendar a lógica de
consumo.
10
CAPÍTULO 1
DESVENDANDO O COMPORTAMENTO DO
CONSUMIDOR
O estudo do comportamento do consumidor é uma
disciplina recente. Os primeiros manuais foram escritos
na década de 60. Sua origem intelectual, contudo, é
muito mais antiga. Thorstein Veblen, por exemplo, falou
sobre exageros de consumo em 1889. Entretanto, apenas
com o surgimento do conceito de marketing na década de
50, foi reconhecida a necessidade de estudar o
comportamento do consumidor (MOWEN, MINOR, 2003,
p.3).
O comportamento do consumidor é definido como o “estudo das
unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisição, no
consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e ideias”
(MOWEN, MINOR, 2003, p.3). O interesse em se compreender o consumidor
advém do próprio princípio do marketing, “atividade humana direcionada a
satisfazer necessidades e vontades por meio de processos de troca humanos”
(KOTLER, KELLER, 2006, p.4). Ambos os objetivos do marketing – satisfazer
necessidades e vontades do mercado-alvo e estudar o processo de troca entre
duas partes interessadas – seguem o princípio de “soberania do consumidor”
(MOWEN, MINOR, 2003, p.5), conceito cujo mote é posicionar o consumidor
no centro dos esforços de marketing.
Mesmo antes do início do marketing moderno, alguns empresários
já entendiam que a motivação e o comportamento do consumidor podem ser
medidos com precisão, a fim de reduzir os riscos de fracasso das ações de
marketing. “A metodologia de pesquisa hoje, usada adequadamente, diminui
este risco ainda mais” (ENGEL, BLACKWELL, MINIARD, 2000, p.8).
11
1.1 - Fatores psicológicos que levam à tomada de decisão de
compra
Podemos compreender o comportamento do consumidor a partir do
modelo estímulo e resposta, criado por John B. Watson no início do século XX.
Essa teoria comportamental, quando aplicada ao marketing, propõe que o
consumidor responde a estímulos ambientais e de marketing que penetram no
seu consciente. A combinação de fatores psicológicos com outras
características do consumidor, tais como a personalidade individual, são
geradoras do processo de decisão. Existem quatro fatores psicológicos que
influenciam a reação do consumidor aos estímulos de marketing: motivação,
percepção ou processamento de informação, aprendizagem e mudança de
atitude e comportamento.
1.1.1 - Motivação.
Para entendermos o que leva uma pessoa ao impulso de compra, é
preciso que compreendamos o que ela está buscando, quais as suas
motivações. “A motivação refere-se a um estado alterado de uma pessoa, o
qual conduz a um comportamento voltado a um objetivo” (MOWEN, MINOR,
2003, p.90). Este objetivo seria a satisfação de uma necessidade aparente,
através do surgimento de um estímulo. O estímulo pode ser interno ou externo:
o interno provém da própria pessoa – fome, sede, frio – e o externo pode surgir
de uma propaganda ou através do comentário de um amigo.
Com a função de analisar o comportamento do consumidor surgiram
teorias, das quais três merecem destaque: as teorias de Sigmund Freud,
Abraham Maslow e Frederick Herzberg.
1.1.1.1- A Teoria de Freud.
A Teoria de Freud explicita que o comportamento humano é
formado por forças psicológicas inconscientes e que ninguém chega a
entender por completo as próprias motivações. Isso significa que, quando o
consumidor avalia uma marca ou produto, ele não apenas reage às suas
12
características tangíveis, mas também às intangíveis – ou seja – aos valores
transmitidos de forma inconsciente. Esses valores podem ser poder e status,
no caso de um uísque, ou mesmo a sensação de limpeza proporcionada por
um lenço de papel. Atualmente, a Teoria Freudiana vem sendo muito utilizada
por pesquisadores para aferir a satisfação do consumidor em diversos tipos de
pesquisas.
1.1.1.2 - A Teoria de Maslow.
Segundo a Teoria de Maslow, as necessidades humanas estão
dispostas em uma hierarquia, da mais urgente para a menos urgente
(KOTLER, KELLER, 2006, p.183). Em ordem de importância, são
necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessidades sociais,
necessidades de estima e necessidades de auto-realização. As pessoas
tendem a satisfazer as necessidades mais importantes em primeiro lugar.
Quando conseguem, passam para a próxima mais importante e, assim,
sucessivamente, até suprir todas as necessidades. “A Teoria de Maslow ajuda
os profissionais de marketing a entender como vários produtos se encaixam
nos planos, nos objetivos e na vida dos consumidores” (KOTLER, KELLER,
2006, p.184).
1.1.1.3 - A Teoria de Herzberg.
Conhecida também como Teoria dos Dois Fatores, a Teoria de
Herzberg apresenta os termos ‘insatisfatores’ (fatores que causam
insatisfação) e os ‘satisfatores’ (fatores que causam satisfação). Segundo esta
teoria, a ausência do insatisfator não basta para motivar a compra: o satisfator
deve estar presente de forma muito clara. Um exemplo de satisfator seria a
facilidade de uso de um produto. Já o insatisfator poderia ser um produto sem
garantia. Segundo Kotler e Keller (2006, p.184), “os satisfatores fazem a
diferença no que diz respeito às marcas que o consumidor comprará”.
13
1.1.2 - Percepção ou processamento de informação.
Há muito tempo, os profissionais do campo da pesquisa do
consumidor tentam desvendar como as pessoas recebem, processam e dão
sentido aos estímulos comunicacionais do marketing. Assim, o objetivo da
pesquisa de processamento de informação “trata das maneiras pelas quais a
informação é transformada, reduzida, elaborada, armazenada, recuperada e
percebida” (ENGEL, BLACKWELL, MINIARD, 2000, p.94). A maneira de agir
de uma pessoa motivada depende da sua percepção do ambiente. “Percepção
é o processo por meio do qual alguém seleciona, organiza e interpreta as
informações recebidas para criar uma imagem significativa do mundo”
(KOTLER, KELLER, 2006, p.184). As percepções podem variar de indivíduo
para indivíduo, já que estão atreladas aos estímulos provenientes do ambiente
e ao estado interno da pessoa. Existem três processos de variações das
percepções: Atenção Seletiva, Distorção Seletiva e Retenção Seletiva.
1.1.2.1 - Atenção Seletiva.
Pesquisas no campo da percepção enfatizam o “princípio da
soberania do consumidor” (ENGEL, BLACKWELL, MINIARD, 2000, p.94).
Esse princípio confirma que as pessoas vêem e ouvem o que elas querem ver
e ouvir. O processo da Atenção Seletiva salienta a impossibilidade de as
pessoas prestarem atenção em todas as informações expostas pelo marketing.
Sendo assim, a maioria dos estímulos é filtrada pelas pessoas. Descobrir quais
estímulos são percebidos pelos consumidores e utilizá-los para chamar a
atenção para uma marca ou produto é o desafio dos profissionais de
marketing.
1.1.2.2 – Distorção Seletiva.
“A Distorção Seletiva é a tendência que temos de transformar a
informação em significados pessoais e interpretá-los de modo que se adapte a
nossos julgamentos” (KOTLER, KELLER, 2006, p.185). Mesmos quando os
estímulos criados pelo marketing parecem corretos, ainda há o risco de não
serem percebidos da maneira como os profissionais de marketing gostariam.
14
Um exemplo de pesquisa em que a Distorção Seletiva ocorre é o teste cego de
produtos, que pode gerar opiniões controversas, até quando o mesmo produto
é avaliado pelos consumidores. Geralmente, a Distorção Seletiva beneficia
marcas fortes, quando os consumidores “distorcem informações neutras ou
ambíguas sobre a marca para torná-las mais positivas” (KOTLER, KELLER,
2006, p.185).
1.1.2.3 – Retenção Seletiva.
Apesar de as pessoas esquecerem muito do que vêem, elas tendem
a reter informações que corroboram suas crenças e atitudes. O mesmo
processo ocorre com as mensagens enviadas pelo marketing. Os
consumidores tendem a lembrar das marcas e produtos que possuem atributos
com os quais se identificam e a esquecer marcas e produtos concorrentes. A
Retenção Seletiva também beneficia marcas fortes, que utilizam a repetição e
a dramatização a fim de perpetuarem sua mensagem na mente dos
consumidores.
Outra questão ligada ao processamento de informações é o
conceito de Persuasão Subliminar. Alguns teóricos do marketing argumentam
que as empresas utilizam técnicas de persuasão subliminares em anúncios
publicitários para induzir e afetar o comportamento de compra dos
consumidores. Apesar de seu uso geral, o poder dos estímulos subliminares é
contestado por diversos teóricos. Eles concordam que muitos fatores
subconscientes afetam o comportamento do consumidor, porém, “isso não
comprova a idéia de que as empresas têm o poder de controlá-los
sistematicamente” (KOTLER, KELLER, 2006, p.185). Conforme Timothy
Moore:
Um século de pesquisas psicológicas comprova o
princípio geral de que estímulos mais intensos têm um
efeito maior no comportamento das pessoas do que os
mais fracos... Estímulos subliminares são, normalmente,
tão fracos que o receptor não apenas está inconsciente
do estímulo como também está alheio ao fato de que está
15
sendo estimulado. Em resultado, os efeitos potenciais de
estímulos subliminares são facilmente anulados por outra
estimulação acontecendo no mesmo canal sensorial por
meio do qual a atenção está sendo focalizada numa outra
modalidade (MOORE apud ENGEL, BLACKWELL,
MINIARD, 2000, p.311).
Em outras palavras, apesar de amplamente discutidas, as
mensagens subliminares embutidas pelas empresas em suas peças
comunicacionais possuem um tempo de exposição tão curto, que os sujeitos
são incapazes de reconhecer esses estímulos quando mostrados novamente.
No entanto,
Os sujeitos avaliam esses estímulos anteriormente vistos,
mas não reconhecidos mais favoravelmente do que
avaliam estímulos similares encontrados pela primeira
vez. Essas descobertas dão suporte à possibilidade de
influenciar atitudes sem atividade cognitiva consciente
(ENGEL, BLACKWELL, MINIARD, 2000, p.311).
1.1.3 - Aprendizagem.
Aprendizagem é “o processo pelo qual a experiência leva a
mudanças no conhecimento e comportamento” (ENGEL, BLACKWELL,
MINIARD, 2000, p.95). A Teoria da Aprendizagem passou a ser adotada pelo
marketing quando um de seus maiores representantes, John B. Watson,
entrou no campo da propaganda em 1930. “Os teóricos da Aprendizagem
acreditam que ela nasce da interação entre impulsos, estímulos, sinais,
respostas e reforços” (KOTLER, KELLER, 2006, p.185). Essa teoria é
amplamente aplicada pelos pesquisadores quando se refere a produtos e
serviços comprados à base de pouca reflexão e avaliação. Esse tipo de
aquisição, chamada de compra por impulso, é “uma ação não planejada,
irrefletida, disparada pela exibição do produto ou promoção no ponto de venda”
(ENGEL, BLACKWELL, MINIARD, 2000, p.106). Ainda segundo Engel,
Blackwell e Miniard, a compra por impulso possui as seguintes características:
16
Um desejo súbito e espontâneo de agir, acompanhado de
urgência; um estado de desequilíbrio psicológico no qual
uma pessoa pode sentir falta de controle temporária; o
começo de um conflito e luta que é resolvido por uma
ação imediata; avaliação objetiva mínima – as
considerações emocionais são dominantes; não-
consideração das consequências (ENGEL, BLACKWELL,
MINIARD, 2006, p.106).
Sendo assim, na compra por impulso o processo de reflexão do
consumidor é afetado pelas suas emoções e pela necessidade de urgência,
motivando-o para a ação imediata.
1.1.4 - Mudança de atitude e comportamento.
Um dos maiores objetivos do marketing é atingir a mudança de
atitude e induzir o comportamento do consumidor. Para tal, é necessário que
as mensagens publicitárias consigam alavancar sentimentos que afetam as
atitudes dos consumidores em uma variedade de contextos. Ao consumir um
produto ou serviço, uma pessoa pode desenvolver sentimentos inerentes ao
objetivo proposto pelo planejamento de marketing. “A tranqüilidade que se
experimenta ao ouvir as ondas batendo na praia num hotel tropical é uma
experiência de consumo capaz de induzir sentimentos no consumidor”
(ENGEL, BLACKWELL, MINIARD, 2000, p.251).
Mesmo produtos que pareçam isentos de emoção são capazes de
suscitar sentimentos quando não cumprem bem sua função. Além disso, os
sentimentos podem determinar as avaliações pós-consumo do produto.
Também é de suma importância para os profissionais de marketing, entender
os sentimentos evocados não só pelo consumo do produto, mas também pelos
anúncios publicitários, que tendem a formar atitudes e comportamentos em
relação ao produto ou serviço anunciado, através de exposições repetidas,
“oferecendo uma oportunidade maior de processamento e, portanto, maior
potencial para associações fortes” (KOTLER, KELLER, 2006, p.187).
17
1.2 - Estágios do processo de decisão de compra
Após falarmos sobre os fatores ou determinantes que acarretam na
tomada de decisão do consumidor, faz-se necessário salientar os estágios
desses processos decisórios, que são: reconhecimento da necessidade, busca
de informação, avaliação de alternativa pré-compra, compra, consumo,
avaliação de alternativa pós-compra e despojamento.
1.2.1 - Reconhecimento da necessidade.
Tudo começa quando o consumidor percebe-se numa situação em
que alguma necessidade sua não está completa ou parcialmente satisfeita. A
necessidade pode ser provocada por estímulos internos ou externos. No
primeiro caso, as necessidades básicas – fome, sede – transformam-se em
impulsos quando se tornam conscientes. No segundo caso, quando o estímulo
externo desencadeia uma necessidade, esta pode se transformar em idéias e
novas possibilidades de consumo. Assim, “o reconhecimento da necessidade é
uma percepção da diferença entre a situação desejada e a situação real
suficiente para despertar e ativar o processo decisório” (ENGEL, BLACKWELL,
MINIARD, 2000, p.92).
1.2.2 - Busca de informações.
Estágio no qual o consumidor sai à procura do produto/serviço que
satisfaça sua necessidade, através da busca de informações. Essas
informações podem estar armazenadas em sua memória seletiva ou expostas
no ambiente externo. Os profissionais de marketing ainda distinguem dois tipos
de interesse na busca de informações: no nível de ‘atenção elevada’, os
consumidores são mais propensos a receber informações sobre um
produto/serviço. Já no nível de ‘busca ativa de informações’, eles tendem a
despender mais tempo em busca de conhecimento sobre um produto/serviço:
pedem opiniões, fazem pesquisa em lojas e na internet (KOTLER, KELLER,
2006, p.189). Também é de grande importância para os profissionais de
marketing conhecer as principais fontes de informação que exercem grande
18
influência no processo de decisão de compra do consumidor. São elas: fontes
pessoais, fontes comerciais, fontes públicas e fontes experimentais.
1.2.3 - Avaliação de alternativa pré-compra.
Avaliação das opções encontradas pelo consumidor, através da
observação e seleção dos benefícios esperados dos produtos/serviços, que
levam à escolha de uma alternativa. Segundo Kotler e Keller:
Os atributos que interessam aos compradores variam de
acordo com o produto. Os consumidores prestarão mais
atenção aos atributos que fornecerem os benefícios
buscados. Geralmente, o mercado para um produto pode
ser segmentado de acordo com os atributos que são
importantes para diferentes grupos de consumidores
(KOTLER, KELLER, 2006, p.191).
Segundo os pesquisadores, não existe um critério de avaliação
único. Além disso, consideram que o processo de avaliação do consumidor
seja racional e consciente, ou seja, ele processa as informações obtidas e
profere um julgamento final baseado em seus valores, crenças e atitudes.
1.2.4 - Compra.
Processo de aquisição do produto/serviço selecionado pelo
consumidor após reflexão sobre todas as opções disponíveis. Nesse estágio, o
consumidor ainda pode passar por cinco subdecisões: “decisão por marca,
decisão por revendedor, decisão por quantidade, decisão por ocasião e
decisão por forma de pagamento” (KOTLER, KELLER, 2006, p.194). “Em
alguns casos, os consumidores podem decidir não fazer uma avaliação formal
de cada marca. Em outros, alguns fatores de interferência podem afetar a
decisão final” (KOTLER, KELLER, 2006, p.194).
19
1.2.5 - Consumo.
Refere-se ao uso efetivo do produto/serviço selecionado. Ao
contrário do que se pode pensar, o trabalho do profissional de marketing não
termina quando esse estágio é alcançado. Ele deve continuar monitorando a
satisfação, as ações e a utilização em relação ao produto/serviço depois de
efetuada a compra (KOTLER, KELLER, 2006, p.196).
1.2.6 - Avaliação de alternativa pós-compra.
Nesse estágio, o consumidor afere o grau de satisfação atingido
pelo produto/serviço utilizado. É nesse momento que a satisfação ou
insatisfação do cliente influencia o comportamento de recompra do
produto/serviço. O consumidor satisfeito tende a voltar a comprar o
produto/serviço, além de recomendá-lo a amigos e parentes. Já o cliente
insatisfeito pode devolver o produto ou abandoná-lo. Atualmente, uma questão
que preocupa muito os profissionais de marketing em relação à insatisfação do
cliente é o alcance em larga escala das queixas e reclamações sobre produtos
e empresas em redes sociais de computadores. Programas de CRM1
desenvolvidos para conquistar a fidelidade de clientes e constantes
comunicações pós-compra são ferramentas que auxiliam na diminuição de
taxas de reclamações e devoluções de produtos.
1.2.7 - Despojamento.
Refere-se à forma de descarte do produto consumido ou do que
restou dele. Os profissionais de marketing devem saber de que modo os
clientes jogam o produto fora, e, sobretudo, se a forma de descarte respeita as
normas ambientais. É de responsabilidade das empresas conscientizar os
consumidores sobre a forma correta de descarte dos produtos que não tem
mais utilidade.
1 Customer Relationship management (gestão do relacionamento com o cliente). Trata-se do gerenciamento cuidadoso de informações detalhadas sobre cada cliente e de todos os ‘pontos de contato’ com ele, a fim de maximizar sua fidelidade (KOTLER, KELLER, 2006, p.151).
20
1.3 - Descobertas da neurociência
Em 1992, o cientista italiano Giacomo Rizzolati e sua equipe
iniciaram em Parma, na Itália, um estudo sobre a organização de
comportamentos motores através do rastreamento cerebral de macacos da
espécie Rhesus. Ao investigar uma área do cérebro desses macacos chamada
F5, ou área pré-motora, que era ativada toda vez que os símios realizavam
alguns gestos, a equipe descobriu, por acaso, o fenômeno que depois seria
batizado de neurônios-espelho.
A descoberta mais surpreendente viria depois. Após alguns estudos,
os neurocientistas descobriram que os neurônios-espelho eram ativados não
apenas quando uma ação estava sendo realizada, mas também quando
estava sendo observada. Essas ações não eram gestos aleatórios e, sim,
gestos direcionados – atividades que envolvem um objeto, como pegar uma
bola ou comer um alimento.
Apesar de o estudo ter tido como objeto de pesquisa os macacos
Rhesus, atualmente há fortíssimos indícios de que os neurônios-espelho
também estejam presentes no cérebro humano. E os estudiosos apontam que
seriam eles os responsáveis por imitarmos, mesmo que involuntariamente, o
comportamento de outras pessoas. Isso quer dizer que, quando sorrimos para
um bebê e ele nos sorri de volta é porque, provavelmente, ele está tentando
imitar nosso gesto e não porque está achando graça de uma situação.
A descoberta dos neurônios-espelho abriu um leque de
possibilidades que vem sendo cada vez mais vislumbrada pelos profissionais
de marketing. Ao influenciar nossas decisões cotidianas, inclusive, os hábitos
de consumo e vencer nosso pensamento racional, os neurônios-espelho nos
fazem inconscientemente imitar e – comprar – o mesmo que as outras
pessoas.
Porém, os neurônios-espelho não agem sozinhos. Eles atuam em
conjunto com a dopamina – uma substância química liberada pelo cérebro
quando sentimos prazer. Essa substância é uma das responsáveis pela
21
sensação de bem-estar causada toda vez que compramos alguma coisa e é
quem continua alimentando essa sensação, apesar de nosso raciocínio lógico
nos dizer que devemos parar.
Segundo a neurocientista Susan Brookheimer:
Esse fenômeno remonta ao nosso instinto de
sobrevivência, pois a atividade da dopamina no cérebro
aumenta quando há expectativa de muitos tipos
diferentes de recompensa, desde aquelas ligadas a jogos
de azar até recompensas de ordem monetária ou social
(BROKHEIMER apud LINDSTROM, 2009, p.62).
Neste raciocínio, destaca-se a possibilidade de se adquirir status
social através do consumo, o que seria uma representação do instinto primitivo
do sucesso reprodutivo.
Do ponto de vista do marketing, a combinação dopamina e
neurônios-espelho é infalível. A dopamina cria no cérebro uma sensação de
recompensa que mina a mente racional, enquanto os neurônios-espelho
refletem o sentimento de pertencimento social através da imitação dos
modelos de comportamento. Conforme Martin Lindstrom (2009, p.65) “o futuro
da publicidade não está nas propagandas enganosas – está nos neurônios-
espelho. São eles que guiam nossa lealdade, nossa mente, nossa carteira e
nossa lógica de consumo”.
1.4 - Os diferentes tipos de pesquisas de mercado atuais
Segundo o autor Severino Francisco da Silva:
A pesquisa de mercado é um dos principais pontos de
partida para qualquer planejamento de marketing. É a
referência para as tomadas de decisões de planejamento
e a base das ações de execução das atividades. A
22
pesquisa possibilitará a organização a reconhecer os
consumidores em qualquer mercado. Isso é possível
graças ao levantamento que se faz das características
pessoais: sexo, idade, nível de renda, etc., além das
percepções, preferências e necessidades diferentes dos
consumidores. Essas informações são fundamentais para
o processo de marketing (SILVA, 2005, p.56).
As pesquisas de mercado atuais são divididas, quanto à
metodologia aplicada, em quantitativas ou qualitativas. A pesquisa quantitativa
ou Estudo descritivo estatístico busca uma análise quantitativa das relações de
consumo a partir da elaboração de amostras da população, utilizando-se a
estatística para esse fim. “Os resultados da pesquisa são analisados e
interpretados a partir de médias e percentuais das respostas obtidas”
(BARROS, SAMARA, 2002, p.31). Esse tipo de pesquisa é muito utilizado para
aferir o grau de satisfação/insatisfação de um determinado público com relação
a um conceito de comunicação ou aceitação de um produto.
A pesquisa qualitativa ou Estudo descritivo de caso tem como
principal função compreender as relações de consumo em profundidade.
Segundo os autores Beatriz Samara e José Barros (2002, p.31) “as pesquisas
qualitativas detectam tendências não mensuráveis, ou não quantificáveis, e por
essa razão seus resultados não podem ser generalizados para a população”.
Elas são realizadas através de entrevistas individuais – chamadas entrevistas
em profundidade – ou em discussões em grupo. São ideais para se descobrir
os motivos de compra e preferência dos consumidores ou como uma
determinada marca é projetada na mente de determinado público.
Quanto aos tipos de pesquisas, elas podem ser divididas em
Exploratórias, Descritivas e Causais, que serão explicadas a seguir:
1.4.1 - Pesquisa exploratória.
Segundo o autor Fauze Mattar (2007, p.7) “a pesquisa exploratória
visa prover o pesquisador de maior conhecimento sobre o tema ou problema
23
de pesquisa em perspectiva. Por isso, é apropriada para os primeiros estágios
da investigação”. Dentre os seus métodos estão: Levantamentos em fontes
secundárias; Levantamentos de experiências; Estudo de casos selecionados e
Observação informal.
1.4.2 - Pesquisa descritiva.
“Diferentemente do que ocorre na pesquisa exploratória, na
pesquisa descritiva o pesquisador deve ter profundo conhecimento do
problema a ser estudado” (MATTAR, 2007, p.13). Ela é utilizada com o
propósito de descrever as características de grupos, estimar a proporção de
elementos pertencentes a determinado segmento e descobrir ou verificar a
relação entre variáveis. São técnicas de obtenção de dados: entrevistas
pessoais ou por telefone; questionários autopreenchidos divulgados em
diferentes meios, questionários pessoais e observação.
Existem dois tipos básicos de pesquisas descritivas: Levantamentos
de campo e Estudos de campo. Os levantamentos de campo possuem grande
amplitude e pouca profundidade; procuram dados representativos da
população de interesse e possuem ênfase na geração de dados estatísticos.
Já os estudos de campo possuem média profundidade e amplitude e são
utilizados quando há interesse em se conhecer o inter-relacionamento entre
diversas variáveis que ocasionam um fenômeno.
Tanto o levantamento de campo quanto os estudos de campo
podem ser classificados em ocasionais ou evolutivos. O projeto de pesquisa
ocasional “proporciona visão das variáveis em estudo em determinado
momento” (MATTAR, 2007, p.18). Ele utiliza uma amostra da população de
interesse, medida uma única vez e com objetivo específico. O projeto de
pesquisa evolutiva “baseia-se na coleta e análise periódica das mesmas
variáveis de forma a permitir seus acompanhamentos evolutivos no tempo”
(MATTAR, 2007, p.18). A pesquisa evolutiva denomina-se painel quando a
amostra pesquisada é sempre a mesma. Exemplos de pesquisas painéis são o
Índice Nielsen Alimentar e os Índices de Audiência de TV (Ibope).
24
Uma variação de pesquisa painel que vem sendo bastante utilizada
é o “painel omnibus, que consiste numa amostra permanente de uma
população que é frequentemente pesquisada” (MATTAR, 2007, p.19).
1.4.3 - Pesquisa causal.
Esse tipo de pesquisa é bastante utilizada quando o pesquisador
deseja descobrir “relações de causa e efeito entre as variáveis de decisão de
marketing – sobre as quais as empresas têm controle – e as variáveis de
resultado – sobre as quais as empresas não têm controle” (MATTAR, 2007,
p.20). Como exemplos de situações que necessitam da elaboração de uma
pesquisa causal estão alterações em preços de produtos, escolha de novas
embalagens e nomes de produtos, descobrir razões que expliquem o
insucesso de vendas etc.
Um método de pesquisa causal amplamente utilizado é a
Experimentação. “O conceito de teste de marketing ou teste de mercado é a
implementação e a monitoração de um programa de marketing numa pequena
parte do mercado geográfico visado para o produto em questão” (MATTAR
apud KINNEAR e TAYLOR, 2007, p.34). Esse tipo de teste é muito utilizado
para testar novos produtos ou produtos existentes repaginados.
25
CAPÍTULO 2
CONCEITO DE NEUROMARKETING
Das diferentes disciplinas sociais e biológicas com as
quais o marketing pode se beneficiar, a ciência do
cérebro é a mais importante. Para entender o paradigma
emergente da pesquisa do consumidor, profissionais de
marketing devem apreciar o poder e complexidade do
cérebro humano (ZALTMAN, 2007, p.27).
De acordo com o autor Leon Zurawicki (2010, p.1) o sistema
nervoso é o responsável pelo controle e manutenção do corpo humano, além
de ser um sistema comunicante, composto principalmente pelo cérebro,
coluna, nervos e gânglios. Estes, por sua vez, consistem em vários tipos de
células, incluindo nervo, sangue e tecidos conectivos. Através de seus
receptores, o sistema nervoso mantém as pessoas em contato com os
ambientes externo e interno. Juntamente com o sistema endócrino, o sistema
nervoso regula e mantém o equilíbrio corporal. Graças a esse conjunto de
fatores, o corpo humano pode exercer três atividades gerais: as funções
sensoriais, integrativas e motoras. Assim, o sistema nervoso atua como centro
de toda a atividade mental, incluindo pensamento, aprendizado e memória.
Desde o final do século XX, descobrir o que se passa na cabeça dos
consumidores e por que eles escolhem uma marca em detrimento de outra tem
sido um dos maiores enigmas para os profissionais de marketing. A resposta
deste enigma abriria uma espécie de porta para a fabricação das marcas do
futuro.
Segundo o renomado consultor de marcas Martin Lindstrom, o
neuromarketing – união entre o marketing e a ciência – “é a chave para abrir a
nossa lógica de consumo – os pensamentos, sentimentos e desejos
26
subconscientes que impulsionam as decisões de compra que tomamos em
todos os dias de nossas vidas” (LINDSTROM, 2009, p.13).
Desenvolvido por um grupo de pesquisadores norte-americanos,
liderados pelo médico e pesquisador Gerald Zaltman da Universidade de
Harvard, Estados Unidos, o neuromarketing surgiu no final da década de 90
através de estudos acadêmicos com aparelhos de ressonância magnética,
utilizados para fins de marketing e não de estudos médicos.
No entanto, o termo neuromarketing só seria cunhado alguns anos
depois, pelo professor de marketing Ale Smidts da Erasmus University em
Roterdã, Holanda. Sua consolidação veio com a divulgação de uma pesquisa
científica no jornal acadêmico Neuron, da Baylor College of Medicine em
Houston, Texas. O estudo consistia na experimentação dos refrigerantes Pepsi
e Coca-Cola, sem que os experimentadores soubessem qual marca de bebida
estavam consumindo. O resultado do estudo constatou que a preferência pela
marca Pepsi estava relacionada com a identificação e lembrança gerada pela
marca e não pelo seu sabor, ou seja, foi comprovado que as declarações
dadas pelos experimentadores sobre preferência, identificação e respostas
cerebrais não eram compatíveis.
O neuromarketing possibilitou aos profissionais do meio monitorar
as emoções vividas pelo consumidor durante o processo de consumo, ao
prever o estado cerebral dos indivíduos expostos a mensagens publicitárias e
identificar quais pontos do cérebro humano estão sendo estimulados. Tudo
graças aos aparelhos de ressonância magnética, responsáveis pela
identificação de atividades cerebrais, formação de sinapses e reações.
27
2.1 - Ferramentas utilizadas no neuromarketing
Diferente das pesquisas de mercado tradicionais, que povoam as
ruas com entrevistas de campo, ocupam os telefones com telemarketing ou
entopem nossas caixas de e-mail com pesquisas, o neuromarketing possui
métodos bastante peculiares para desvendar o nosso cérebro.
A começar pelo ambiente, que mais parece um laboratório médico
do que propriamente uma sala de pesquisa. Nele, aparelhos de rastreamento
cerebral tomam o lugar de entrevistadores e moderadores de grupos focais. Os
aparelhos mais utilizados são o IRMF (Imagem por Ressonância Magnética
Funcional) e o TEE (Topografia de Estado Estável).
Segundo o autor Martin Lindstrom:
O IRMF é a mais avançada técnica de rastreamento
cerebral disponível atualmente. Ele mede as propriedades
magnéticas da hemoglobina, componente nos glóbulos
vermelhos do sangue que transportam oxigênio pelo
corpo. Em outras palavras, o IRMF mede a quantidade de
sangue oxigenado no cérebro e pode identificar com
precisão até uma área de apenas um milímetro
(LINDSTROM, 2009, p.17).
Quando uma área do cérebro realiza uma tarefa específica ela
requer mais oxigênio e glicose. Portanto, maior será o fluxo de sangue
oxigenado para aquela região. “Ao rastrear essa ativação, os neurocientistas
podem determinar que áreas específicas do cérebro estão trabalhando num
determinado momento” (LINDSTROM, 2009, p.17).
Normalmente utilizado nos laboratórios de neurociência, o EEG –
mais conhecido como eletroencefalograma – é a ferramenta usada desde o
início dos estudos de neuromarketing. Ele emprega sensores que captam
minuto a minuto os sinais elétricos produzidos pelas atividades cerebrais. O
EEG vem sendo largamente aplicado nas pesquisas de consumidores em
28
conjunto com um equipamento de eye-tracking, que capta o local exato para
onde uma pessoa está olhando enquanto experimenta um estímulo. Segundo
o autor A. K. Pradeep:
Essa combinação nos permite correlacionar, com
precisão, exatamente como o cérebro de uma pessoa
está respondendo a um certo estímulo nos termos das
três principais Métricas Neurais de Atenção,
Relacionamento Emocional e Memória de Retenção,
através do lugar exato onde os olhos dessa pessoa estão
focados no mesmo milissegundo (PRADEEP, 2010, p.14).
O TEE é outra espécie de eletroencefalograma que rastreia ondas
cerebrais rápidas em tempo real. Ambas as ferramentas científicas – ao
captarem sinais como atividade cerebral, respostas faciais, freqüência cardíaca
e condutância da pele – ajudam a identificar pensamentos, sentimentos e
desejos do consumidor e, acima de tudo, a explicar por que tantas marcas
fracassam enquanto outras perduram e por que algumas campanhas públicas
não alcançam o efeito desejado.
Outro campo de pesquisa científica surgiu recentemente na
Universidade de Harvard, Estados Unidos. Chamado de “Conectomia”, este
novo tipo de estudo visa mapear o cérebro humano de forma tão profunda que
até as diferenças individuais possam ser rastreadas, ao invés de somente
observar semelhanças estruturais básicas do cérebro de todos os indivíduos.
Através desta tecnologia, a resolução do mapa cerebral torna-se muito maior
do que a oferecida por ferramentas de IRMF, ao analisar sinapse por sinapse.
Segundo o professor de Biologia Molecular e Celular Jeff Lichtman, “a
Conectomia é uma oportunidade para testemunhar um vasto e complicado
universo que tem sido amplamente inacessível até agora”.2
2 Citação retirada da página www.neurosciencemarketing.com/blog/articles/connectomics.htm.
2.2 - CONCEITO DE MARKETING ESTRATÉGICO
As ações estratégicas de marketing devem estar vinculadas aos
objetivos de lucro. Assim, elas devem ser criadas com o intuito de maximizar
os recursos e investimentos inseridos no negócio. “Investimentos em
publicidade corporativa e quaisquer outras ações devem ser executados para
consolidar os negócios da organização como um todo” (COBRA, 2005, p.71).
“O marketing estratégico se baseia na fórmula ‘segmentação,
seleção de alvo (targeting), posicionamento” (KOTLER, KELLER, 2006, p.66).
Ele faz parte da primeira etapa de uma seqüência de criação e entrega de
valor. Kotler e Keller afirmam que a primeira etapa, ‘selecionar o valor’, é
primordial no processo de marketing de uma empresa e deve ser pensado
antes mesmo da existência do produto. Uma vez que o valor é selecionado,
deve-se ‘fornecer o valor’ para o cliente, ou seja, o marketing deve especificar
o produto, seu preço e forma de distribuição. A terceira etapa do marketing é
‘comunicar o valor’, feita por meio das diferentes ferramentas promocionais
utilizadas para promover o produto no mercado. As duas últimas etapas estão
inseridas no marketing tático.
O autor Marcos Cobra (2005, p.66), ao comparar a atividade
mercadológica com uma ação de guerra, afirma que o marketing estratégico é
elaborado com o intuito de ganhar a guerra, diferente do marketing tático,
criado para ganhar batalhas. Isto porque o marketing estratégico tem como
foco “ações mais amplas direcionadas, sobretudo, para atividades de longo
prazo, como investimento em imagens de marca e ganhos de market share3 ao
longo de um período” (COBRA, 2005, p.66). O autor diz ainda que:
O marketing estratégico utiliza as ferramentas da
propaganda, da estratégia de valor e diferenciação, com
base em serviços e facilidades de médio a longo prazo
3 Participação de mercado (MOREIRA, PASQUALE, DUBNER, 2009, p.284).
30
para estimular o atacadista, o distribuidor, o varejista e o
consumidor (COBRA, 2005, p.66).
2.3 - NEUROMARKETING: UMA PEÇA DO MARKETING
ESTRATÉGICO
Como foi dito anteriormente, o neuromarketing é um campo novo do
marketing que estuda a essência do comportamento humano. Essa união do
marketing com a ciência visa entender a lógica do consumo através do estudo
das reações neurológicas dos indivíduos a certos estímulos externos.
Ao compreender os impulsos, desejos e motivações das pessoas, o
neuromarketing transforma-se em uma poderosa ferramenta utilizada na
estratégia das empresas que o empregam, pois a partir do estudo das reações
cerebrais é possível detectar o que atrai ou afasta determinado produto,
pessoa ou ideia.
Uma das áreas onde os modernos métodos de neurologia –
incluindo biométricas – são bastante utilizados pelos profissionais de marketing
é a propaganda. Atualmente, consumidores de vários países, especialmente
os desenvolvidos, são bombardeados todos os dias pelos mais diversos tipos
de discursos publicitários, o que torna o refinamento dos métodos de interação
entre consumidores e mercados um imperativo. Nesse ínterim, o
neuromarketing tem a função de mensurar as reações emocionais dos
indivíduos pesquisados, expondo-os a comerciais, anúncios e imagens,
transformando estas reações em números.
Normalmente, os dados obtidos através do monitoramento cerebral
e da pesquisa biométrica ilustram três dimensões de respostas. Conforme o
autor Leon Zurawicki:
Primeiro, as reações emocionais são avaliadas –
favorável versus desfavorável – ilustrando velhas e novas
31
tendências. Isso representa a escala de ‘gostabilidade’.
Segundo, mede-se o alcance de incitação – intensidade
de sentimentos sem levar em conta se positivos ou
negativos – o que pode revelar como as formas de
comunicação influenciam a persuasão. Finalmente,
calcula-se o esforço mental despendido quando o
consumidor é exposto ao estímulo e influências cognitivas
corretos na formação das atitudes (ZURAWICKI, 2010,
p.212).
Segundo o autor Alex Born, “o neuromarketing possui a vantagem
de ser um estudo intrapessoal, isto é, ele revela as relações intrínsecas dos
seres humanos”.4 Ele tem como objetivo influenciar a decisão do indivíduo por
meio de atividades cerebrais estimuladas pelo próprio. Ao invés de utilizar
somente o recurso da fala, utiliza a fala, a imagem, o cheiro, a movimentação,
etc. Através de uma diversidade de canais torna-se possível avaliar um
produto, verificar a reação causada por ele e, se necessário, transformá-la em
uma reação positiva. Ainda conforme o autor, o papel principal do
neuromarketing é unir canais separados em uma campanha de marketing.
Todo o discurso da campanha deve estar em uníssono, em completa
harmonia: cores, cheiros, sons, sensações, imagens e conceito precisam ser
semelhantes e complementares, a fim de que o cliente feche o ciclo
comunicacional e atenda aos objetivos propostos pelo marketing. Desse modo,
o neuromarketing pode dar pistas importantes sobre como o consumidor reage
diante da cor da embalagem de certo produto, seu cheiro, entre outras
questões.
Nesse ínterim, o autor Martin Lindstrom afirma que “ao estudar o
cérebro dos consumidores descobriu que eles são seduzidos pelos sentidos e
que a audição é o sentido que mais ativa o cérebro, pois quando escutamos
4 Citação retirada da página www.catho.com.br/jcs/inputer_view.phtml?id=8642.
32
algo, todas as regiões ligadas aos cinco sentidos são ativadas”.5 A partir desta
descoberta muitas empresas começaram a construir suas marcas através de
jingles6. As pesquisas de neuromarketing também revelaram que quando
somos expostos a marcas consagradas temos as mesmas emoções geradas
por símbolos religiosos. Isso faz com que as empresas apelem cada vez mais
a referências religiosas para fortalecer suas marcas.
Atualmente, os profissionais de marketing esperam usar o
neuromarketing para aumentar seu potencial, atingir metas e conquistar
melhores resultados nos negócios. O conhecimento adquirido através da
melhora das métricas de preferência do consumidor vai ajudar a criar produtos
e serviços mais eficazes às necessidades dos consumidores e campanhas de
comunicação mais centradas nas respostas do cérebro humano. Empregado
não somente na área de pesquisa, mas também de vendas e recursos
humanos, o neuromarketing possui a capacidade de ampliar o resultado da
estratégia de marketing como um todo.
5 Citação retirada da página www.istoedinheiro.com.br/noticias/31081_10+PERGUNTAS+PARA+MARTIN+LINDSTROM.
6 1. Palavra publicitária originada da canção americana jingle Bells e que identifica propaganda gravada que contém música e texto. 2. Comercial musicado para rádio (MOREIRA, PASQUALE, DUBNER, 2009, p.254).
33
CAPÍTULO 3
EFICIÊNCIA DO NEUROMARKETING: VANTAGENS E
LIMITAÇÕES
Sabe-se que o neuromarketing é uma ferramenta com
diversas potencialidades, contudo exige orçamentos
demasiado generosos, isto para resultados que não são,
ao contrário do que se imaginava há alguns anos atrás, a
solução para todos os problemas do marketing.7
Assim como toda técnica, o neuromarketing possui potencial para o
bem e para o mal, dependendo de quem o utilize. E também possui, claro,
pontos positivos e negativos, o que, no caso específico do neuromarketing,
podemos chamar de vantagens e limitações.
Entre as vantagens, podemos apontar a precisão com que o
neuromarketing consegue identificar e monitorar as emoções despertadas por
determinados estímulos e experiências vivenciados pelos consumidores ao se
depararem com produtos e marcas do dia a dia. Isso por que, ao rastrear o
cérebro humano, o neuromarketing torna-se uma fonte de pesquisa muito mais
confiável que as pesquisas tradicionais, cujos questionários podem não refletir
a verdade camuflada no subconsciente do pesquisado. Verdade essa que não
é revelada nas pesquisas de mercado tradicionais.
Dentre as limitações do neuromarketing, podemos admitir que,
apesar de bastante precisos, seus resultados não são infalíveis, o que leva os
7 Citação de Paulo Vieira de Castro - Diretor do Centro de Estudos Aplicados em Marketing do Instituto Superior de Administração e Gestão do Porto, em Portugal - retirada da página www.mundodomarketing.com.br/7,3549,neuromarketing-entenda-a-ciencia-que-estuda-a-mente-do-consumidor.htm.
34
profissionais de marketing a ainda ter que adotar as pesquisas de mercado
tradicionais. Além disso, o neuromarketing está envolto em uma aura
especulativa de medo e desconfiança por parte de algumas entidades, que
rechaçam a utilização de dispositivos de rastreamento no cérebro humano a
favor das grandes corporações.
Portanto, quando falamos em neuromarketing precisamos levar em
conta dois lados de uma mesma moeda, que devem ser analisados e
mensurados em busca de um equilíbrio que leve à perfeita utilização das
ferramentas do neuromarketing.
3.1 - Pesquisas de mercado tradicionais: o neuromarketing
como potencial substituto
Durante o final do século XX, os profissionais de marketing e as
empresas tinham duas maneiras de aferir a eficácia de seus esforços de
marketing. A primeira era monitorar as vendas, o que o autor Martin Lindstrom
(2009, p.9) chama de “perspectiva da caixa registradora”. A segunda era
através das pesquisas de mercado tradicionais.
Nas últimas décadas, as pesquisas de mercado tinham mais
afinidade com o campo matemático do que com o campo da psicologia. Apesar
dos inúmeros tipos de informações obtidas, tais como audiências de televisão,
entrevistas telefônicas e dados de pesquisas painéis, os profissionais de
marketing ainda não conseguiam entender os reais desejos dos consumidores.
Este era um desafio que ainda hoje não conseguiu ser superado. Uma das
explicações para este acontecimento é que a capacidade dos pesquisadores
de coletar dados é muito maior do que a de interpretá-los.
Para o autor Martin Lindstrom (2009, p.9), “o que as pessoas dizem
que fazem e o que elas realmente fazem são duas coisas diferentes”. Ainda
para ele (2009, p.28), “fatores ínfimos, que mal podem ser percebidos, podem
35
causar um deslocamento nas respostas de uma discussão de grupo”. Isso
porque essas pequenas emoções, que não podem ser expressas em palavras,
afetam nosso comportamento de forma inconsciente. São nanossegundos de
reações cerebrais que revelam nossas verdadeiras emoções e transformam de
forma decisiva o nosso modo de agir. Por isso, se os profissionais de
marketing quiserem “conhecer a verdade nua e crua – a verdade, sem rodeios
e sem censura, a respeito do que nos faz comprar – terão de entrevistar
nossos cérebros” (LINDSTROM, 2009, p.28).
Apesar de sofrerem limitações, as pesquisas de mercado
tradicionais ainda funcionam. Os absolutos matemáticos transmitem uma certa
segurança. “A tarefa do pesquisador de mercado moderno é transformar seus
clientes em apostadores melhores, tentando reduzir as probabilidades de erro”
(LINDSTROM, 2009, p.10). Assim, tanto o neuromarketing como as formas de
pesquisa qualitativa e quantitativa, podem conviver harmoniosamente e se
completarem. Uma não prescinde da outra e todas podem e devem ser
utilizadas de forma a aperfeiçoar os esforços de se conhecer melhor os
anseios dos consumidores.
3.2 - Limitações do neuromarketing
Apesar de apresentar ganhos mais confiáveis que as pesquisas
tradicionais, não se pode afirmar que os resultados obtidos através do
neuromarketing sejam 100% verdadeiros. Segundo o autor Martin Lindstrom
(2009), apesar de eficiente o neuromarketing não é a resposta para tudo
(p.15). “Por ser uma ciência recente, está limitado por nossa compreensão
ainda restrita do cérebro humano” (LINDSTROM, 2009, p.15). Por isso, o
segredo para entender e interpretar as emoções, desejos e comportamentos
dos consumidores reside na união do neuromarketing com outras ferramentas
de pesquisa.
36
Para Lindstrom, o neuromarketing deve ser pensado como “um dos
três círculos sobrepostos de um diagrama de Venn” (LINDSTROM, 2009,
p.15). Este diagrama foi criado em 1881 pelo filósofo inglês John Venn.
Utilizado na matemática como Teoria dos Conjuntos, “o diagrama de Venn
mostra todas as relações possíveis entre vários conjuntos diferentes de
elementos abstratos” (LINDSTROM, 2009, p.15).
Aplicado ao ramo das pesquisas de mercado, o diagrama de Venn
representaria três tipos de pesquisa. Os dois círculos representariam as
pesquisas de mercado tradicionais – quantitativa e qualitativa – enquanto o
terceiro círculo representaria uma nova ciência – o neuromarketing. “Na
intersecção desses três círculos reside o futuro do marketing: a chave para
entender verdadeira e completamente os pensamentos, sentimentos,
motivações, necessidades e desejos dos consumidores, de todos nós”
(LINDSTROM, 2009, p.15).
Conforme Paulo Vieira de Castro – Diretor do Centro de Estudos
Aplicados em Marketing do Instituto Superior de Administração e Gestão do
Porto, em Portugal:
Temos de admitir os limites do neuromarketing, uma vez
que esta técnica se centra, tantas vezes exclusivamente,
no exercício resultante, assombrando erradamente
modelos de representação da existência humana.8
Isso significa que não podemos medir os sentimentos humanos
apenas pelos impulsos elétricos ou pelo fluxo sanguíneo do cérebro, admitindo
que o ser humano possua respostas prontas a certos estímulos, tal como um
robô.
8 Citação retirada da página www.mundodomarketing.com.br/7,3549,neuromarketing-entenda-a-ciencia-que-estuda-a-mente-do-consumidor.htm.
37
Outros fatores também limitam a exatidão dos resultados obtidos
pelo neuromarketing: emoções pessoais e comportamentos sócio-culturais
restringem a utilização desta ferramenta, na medida em que impossibilitam a
previsão de mudanças de comportamento dos consumidores e inviabilizam um
padrão correto para determinadas ações de marketing.
3.3 - O neuromarketing sob o ponto de vista ético
O neuromarketing suscita várias questões para além da proposta de
auxiliar as empresas a descobrir nossos impulsos e desejos mais íntimos. Ao
contrário dos profissionais de marketing e de seus clientes, que celebram os
resultados comerciais proporcionados por esta ferramenta, algumas
organizações enxergam no neuromarketing uma forma perigosa de dominação.
A Commercial Alert é uma organização não-governamental que
afirma que o rastreamento cerebral, técnica utilizada no neuromarketing, existe
para “subjugar a mente e usá-la para obter ganhos comerciais” (LINDSTROM,
2009, p.13). A grande questão levantada por esta organização é se o
conhecimento gerado pelas pesquisas de neuromarketing poderia ser utilizado
de forma abusiva por grandes corporações e governos, a favor da propaganda
política, gerando regimes totalitários, guerras e crises mundiais.
O autor Martin Lindstrom (2009) concorda que toda ferramenta
quando usada de forma vil e fora dos limites da ética pode se tornar perigosa.
Para ele, o neuromarketing não está livre desse tipo de abuso. No entanto, ele
discorda das opiniões do Commercial Alert. Para Lindstrom, o neuromarketing
é apenas uma ferramenta, como um “martelo”, que pode ser mal utilizado nas
mãos erradas, porém bastante eficiente nas mãos corretas (p.14). Ainda
segundo o autor, “o neuromarketing trata-se simplesmente de um instrumento
usado para nos ajudar a decodificar o que nós, consumidores, já estamos
pensando ao sermos confrontados por um produto ou marca” (LINDSTROM,
2009, p.14).
38
O autor Alex Born afirma que “o neuromarketing pode tornar o
marketing mais honesto ou talvez mais perigoso, se utilizado sem escrúpulos”.9
Ele rebate a hipótese de que o neuromarketing transformaria os consumidores
em simples robôs de compra, já que o neuromarketing apenas mapeia o
processo cerebral que leva os consumidores ao processo de decisão e não os
obriga a consumir.
Outra afirmação a favor do neuromarketing é que ele serve para
entendermos melhor a nós mesmos. Ao desvendarmos os verdadeiros fatores
responsáveis pelo nosso comportamento, podemos nos defender de métodos
publicitários desleais que buscam atrair nossa atenção para marcas e produtos
pouco confiáveis. “Quanto mais soubermos dos motivos que nos tornam
presas dos truques e táticas dos anunciantes, maior será a nossa chance de
nos defender deles” (LINDSTROM, 2009, p.14). Visto desta maneira, o
neuromarketing, usado de forma ética, pode beneficiar a todos de uma forma
geral.
3.4 - Pesquisas e ações de marketing bem sucedidas baseadas
no neuromarketing
Com o objetivo de demonstrar seu uso, tanto para fins comerciais
quanto para fins públicos, serão apresentados três casos de marketing que
tiveram o neuromarketing como instrumento essencial de mensuração e
análise de mensagens a fim de selecionar a melhor estratégia de comunicação
para o público-alvo.
9 Citação retirada da página www.mundodomarketing.com.br/7,3549,neuromarketing-entenda-a-ciencia-que-estuda-a-mente-do-consumidor.htm.
39
3.4.1 - Campanha pública de saúde.
Um trabalho publicado no início de 2012 pela revista Journal of
Applied Biobehavioral Research, realizou vários experimentos através da
técnica de eye-tracking em campanhas para a prevenção da osteoporose, a
fim de estudar o melhor formato de uma campanha de saúde. No primeiro
teste, realizado com mulheres com faixa etária entre 18 e 35 anos, os
pesquisadores procuraram saber qual formato de propaganda chamaria mais
atenção das mulheres. Foram visualizados 36 anúncios, sendo que 12 deles
tinham como tema os benefícios dos exercícios físicos, 12 eram sobre
produtos de moda e beleza e o restante sobre a prevenção da osteoporose. Os
36 anúncios foram apresentados em três versões diferentes: somente texto,
somente imagem e texto-imagem. Os resultados demonstraram que as
mulheres prestavam mais atenção nas propagandas sobre osteoporose que
continham texto e imagem, o que indica a maior efetividade deste tipo de
anúncio em capturar a atenção.
No segundo teste, os pesquisadores investigaram qual seria o tipo
de conteúdo mais eficiente dentre as versões texto e imagem dos 36 anúncios
mostrados. Os resultados revelaram que os anúncios sobre a prevenção da
osteoporose apresentavam a menor taxa de atenção e retenção quando
comparados com outros anúncios. Ficou evidente, então, que os anúncios
sobre osteoporose que focavam somente a mudança de hábitos relacionados
à alimentação não atraiam suficientemente as mulheres mais jovens, tornando-
se necessária a adoção de outras estratégias para impelir esse público para o
tema.
Foram então analisadas outras 36 propagandas, que tinham como
tema a prevenção da osteoporose tanto através da ingestão de alimentos
saudáveis quanto através da prática de exercícios físicos. As análises
comprovaram que os anúncios sobre a importância da prática de exercícios
físicos como forma de prevenir a osteoporose tiveram mais fixações por
palavra e maior retenção do que aqueles que possuíam foco nos hábitos
40
alimentares. “Esses resultados demonstraram que ao serem incorporados
elementos de interesse do público-alvo a campanhas de saúde, torna-se
possível capturar mais atenção para a propaganda e conseguir impactar a
população de uma forma mais eficiente”.10
3.4.2 - O toque da Nokia.
Apesar de 20% de todos os usuários de telefone Nokia conservarem
o toque pré-definido pela empresa (aquele que desempenhou papel importante
no filme Simplesmente amor), uma pesquisa liderada por Martin Lindstrom
revelou que o toque da Nokia estava matando a marca. Para esclarecer esta
questão foram utilizados aparelhos de IRMF que mostraram que havia, em
todos os níveis, uma reação emotiva negativa ao famoso toque da Nokia.
Tanto, que ouvir o som do toque suprimia todos os sentimentos positivos que
os consumidores tinham em relação à imagem dos telefones da marca.
Através da observação do córtex pré-frontal ventrolateral dos
voluntários analisados – uma parte dos circuitos cerebrais que processa
informações relacionadas à emoção, foi possível averiguar que “o som do
telefone Nokia transformava a visão do telefone em um marcador somático
negativo” (LINDSTROM, 2009, p.141) – deste modo, o toque evocava
associações negativas que afastavam os consumidores da marca.
Após uma longa análise foi percebido que o problema com o toque
da Nokia era que as pessoas passaram a associá-lo com sentimentos de
intrusão, interrupção e incômodo. Os executivos da marca ficaram muito
surpresos com a revelação e tomaram as medidas cabíveis para solucionar o
problema, pois como ficou comprovado no estudo, quando uma melodia
agradável e uma marca conhecida são reunidas, gostamos mais da marca e
guardamos uma lembrança mais forte dela.
10 Citação retirada da página www.forebrain.com.br/foreblog/2012/03/o-eye-tracking-na-investigacao-da-eficiencia-de-campanhas-publicas-de-saude/#more-1123.
41
3.4.3 – Branding Sensorial.
Cada vez mais as empresas vêm descobrindo que sobrecarregar o
consumidor apenas com estímulos visuais não contribui para a retenção de
marcas e produtos. O trabalho do Branding Sensorial é associar imagens
visuais a outros sentidos como o olfato e a audição, a fim de otimizar a eficácia
da mensagem publicitária (LINDSTROM, 2009, p.125).
Uma experiência liderada por Martin Lindstrom para uma cadeia de
restaurantes de fast food tinha como objetivo testar duas fragrâncias
experimentais e escolher qual das duas era o melhor complemento para certo
item do cardápio. Foram escolhidos vinte participantes que, durante um mês,
foram expostos a imagens (inclusive logomarcas) e fragrâncias de quatro
marcas conhecidas. Inicialmente, as imagens e as fragrâncias foram
apresentadas separadamente e, depois, ao mesmo tempo. Ao apertarem um
botão, os voluntários podiam controlar a aparição das imagens e fragrâncias e
classificar o apelo do que estavam vendo e cheirando em uma escala de nove
pontos que ia de muito desagradável a muito agradável.
Após a compilação dos dados foram feitas revelações importantes.
Descobriu-se que, na maioria das vezes, quando as imagens e as fragrâncias
eram apresentadas separadamente, os voluntários as achavam tão agradáveis
de ver quanto de cheirar, o que sugere que um produto pode nos seduzir tanto
pela visão quanto pelo aroma. No entanto, quando as imagens e as fragrâncias
eram apresentadas ao mesmo tempo, foi mostrado que, em geral, os
participantes consideravam a combinação imagem-fragrância mais atraente do
que a imagem e a fragrância apresentadas separadamente. Entretanto, a
descoberta mais surpreendente foi a congruência/incongruência entre algumas
imagens e fragrâncias específicas. Assim, revelou-se que, quando uma
fragrância agradável é combinada com uma imagem igualmente atraente e
correlata, nós não apenas a percebemos como algo mais agradável, mas
também ficamos mais propensos a lembrá-la. Portanto, o olfato associado ao
43
CAPÍTULO 4
O NEUROMARKETING NO BRASIL
Apesar de amplamente utilizado pelas multinacionais em seu
planejamento estratégico ao redor de países desenvolvidos, o neuromarketing
ainda está engatinhando quando se trata do território nacional. De fato, um dos
primeiros esforços em implementar esta ferramenta no Brasil vem partindo de
universidades, empresas de pesquisa e agências de publicidade e propaganda
pioneiras.
Em março de 2011, foi inaugurado o Laboratório de Neuromarketing
da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Carlos Augusto Costa,
coordenador do laboratório da FGV Projetos explica o porquê do interesse da
instituição em explorar a nova ferramenta de marketing:
O neuromarketing não é uma panacéia, mas virou um
instrumento de marketing amplamente adotado lá fora por
empresas como Coca-Cola, Procter & Gamble,
McDonald’s. Vamos disponibilizar conhecimento e técnica
da neurociência para ajudar gestores públicos e privados
a chegarem mais perto dos fatores do subconsciente que
influenciam o comportamento do consumidor.11
Outras iniciativas em prol da utilização do neuromarketing para
desvendar a lógica por trás da decisão do consumidor vêm das agências de
publicidade e propaganda. Em 2009, a agência África fechou uma parceria
com a consultoria MindRoads, que representa o ZMET – um sistema de
pesquisa que explora o universo das relações inconscientes do indivíduos em
produtos e serviços, desenvolvido por uma equipe da Harvard Business
11 Citação retirada da matéria jornalística Cérebro rastreado e técnica médica para desvendar a lógica do consumo. O Globo. Rio de Janeiro, 3 abril. 2011. p.42, caderno Economia.
44
School. A técnica utilizada no ZMET (Técnica de Evocação de Metáforas de
Zaltman) combina elementos de antropologia, sociologia, psicologia cognitiva,
linguística e neuromarketing num processo de entrevista patenteada. Segundo
Pedro Cruz, na época vice-presidente de planejamento da África, empresas
como Vivo, Itaú e Mitsubishi “desfrutaram desta técnica com ótimos resultados,
aprofundando o relacionamento com seus clientes através da descoberta de
estímulos inconscientes que determinam o comportamento de compra dos
indivíduos.”12
Ainda destaca-se a empresa brasileira de pesquisa IPDOIS
Neurobusiness, que dispõe de laboratórios móveis para realizar pesquisas de
neuromarketing diretamente nos pontos-de-venda. Utilizando recursos como
Eye tracking (monitoramento dos movimentos oculares), eletroencefalograma
wiress (EEG, equipamento usado na neurociência) e Face reading (leitura
facial), o laboratório móvel permite a aferição das reações e estados mentais
do consumidor diante de qualquer mídia, seja propagandas em jornal, TV,
fachadas ou até vitrines de loja. Em 2011, empresas curitibanas parceiras no
projeto IPDOIS Neurobusiness e Datacenso Intelligence Business investiram
R$ 5 milhões de reais em recursos para pesquisas de neuromarketing. Entre
as diversas aplicações das pesquisas, destacavam-se: pesquisa de produtos,
lançamentos e gestão de negócios.
Embora ainda tenha uma presença tímida no Brasil, o
neuromarketing vem sendo cada vez mais descoberto pelas empresas
nacionais, assim como suas potencialidades para os negócios. O alto custo de
investimento em pesquisas e a falta de know how sobre a nova ferramenta
ainda são uma barreira para o uso efetivo do neuromarketing no país. No
entanto, este é um quadro que tende a se modificar à medida em que
empresários e profissionais de marketing percebem a real importância deste
novo instrumento no planejamento estratégico de marketing das organizações.
12 Citação retirada da página www.cidadebiz.com.br/conteudo_detalhes.asp?id=49301.
45
CONCLUSÃO
Compreender os consumidores e o funcionamento do processo de
consumo proporciona uma série de benefícios. Entre esses benefícios estão o
auxílio a gerentes de empresas na tomada de decisões, assistência a
legisladores e controladores na criação de leis e regulamentos referentes às
trocas comerciais e apoio ao consumidor comum na tomada de decisões de
compra. Ao estudarmos o neuromarketing – a mais atual ferramenta de
marketing e comunicação que existe – podemos entender uma pequena parte
dos fatores que influenciam o comportamento humano, especialmente em
relação ao processo de consumo.
Assim como toda nova ferramenta, o neuromarketing desperta
muitas desconfianças. Diversos grupos humanitários veem o neuromarketing
como meio de dominação, com o poder de suscitar em homens poderosos
desejos de controlar a vontade alheia em prol da ganância e do poder. Outros
grupos ainda não acreditam no potencial estratégico do neuromarketing e na
sua contribuição efetiva na satisfação de objetivos e metas organizacionais.
Para além das críticas, grandes corporações e órgãos
governamentais, em menor escala, acreditam no potencial do neuromarketing
desde o seu surgimento em meados da década de 90. Para eles, não existem
dúvidas sobre os resultados favoráveis alcançados através da utilização do
neuromarketing como importante ferramenta estratégica a fim de identificar de
forma mais precisa os desejos, impulsos e motivações dos
consumidores/cidadãos.
No entanto, não apenas as instituições públicas e privadas se
beneficiam dos dados revelados pelas pesquisas de neuromarketing. Através
desta ferramenta é possível conhecer os fatores que influenciam o processo de
compra e ajudar as pessoas a se tornar melhores consumidores por meio da
identificação de reações neurológicas que regem suas próprias atividades de
consumo.
46
O neuromarketing utiliza-se do que é mais atual nos estudos das
reações cerebrais sobre o que atrai ou afasta determinado objetivo, produto,
pessoa ou ideia. Apesar de ainda estar engatinhando comparado a outros tipos
de pesquisas de mercado, o neuromarketing já se tornou uma ferramenta
relevante para ampliar o resultado da estratégia de marketing das
organizações em geral.
47
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p., acessado em 26/12/2011.
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48
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edição. Springer, 2010.
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ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Texto da Internet 50
Anexo 2 >> Texto da Internet 53 Anexo 3 >> Texto da Internet 55 Anexo 4 >> Entrevista 56 Anexo 5 >> Entrevista 58 Anexo 6 >> Reportagem 60 Anexo 7 >> Reportagem 62
Anexo 8 >> Reportagem 64 Anexo 9 >> Reportagem 65
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ANEXO 1
TEXTO DA INTERNET
www.mundodomarketing.com.br/7,3549,neuromarketing-entenda-a-ciencia-que-estuda-a-mente-do-consumidor.htm Neuromarketing: entenda a ciência que estuda a mente do consumidor O Marketing vira ciência e tenta desvendar os mistérios da complexa relação entre o consumidor, empresa, produto e mercado
Por Guilherme Neto, do Mundo do Marketing | 04/03/2008 [email protected] [email protected] Entender o comportamento do consumidor é a grande meta de qualquer plano de Marketing de uma empresa. Não faltam seminários, livros, reportagens, artigos e documentários que fazem sua parte ao tentar decifrar essa imprevisível e complexa troca que acontece entre quem compra e quem vende um produto. A novidade dos últimos anos é que até mesmo a ciência está estudando isso. O Neuromarketing ainda está dando seus primeiros passos, porém, diversas corporações preferem não perder tempo e já começam a realizar estudos nesta área.
O Neuromarketing surgiu no final da década de 1990 através de estudos acadêmicos de um grupo de pesquisadores nos Estados Unidos. Um deles, Gerald Zaltman, médico e pesquisador da universidade norte-americana de Harvard, teve a idéia de usar aparelhos de ressonância magnética para fins de Marketing, e não estudos médicos.
O termo “Neuromarketing”, no entanto, só viria a ser conhecido alguns anos atrás, cunhado por Ale Smidts, um professor de Marketing na Erasmus University em Roterdã, Holanda. E foi no início desse século que esta “ciência” passou a ganhar maior atenção, de tal forma que a próxima década pode marcar a consolidação dessa ferramenta.
Fortalecimento do Neuromarketing
Isso ficou ainda mais forte com a divulgação de uma pesquisa científica no jornal acadêmico Neuron, da Baylor College of Medicine, em Houston, Texas. O estudo consistia na experimentação dos refrigerantes Pepsi e Coca-Cola. Em um dos casos, os experimentadores não sabiam qual era a marca a bebida que tomaram. Quando perguntados qual dos dois refrigerantes era melhor, metade respondeu Pepsi. Nesse caso, a ressonância detectou um estímulo na área do cérebro relacionada a recompensas. Já quando elas tinham conhecimento sobre a marca, esse número caiu para 25%, e áreas relativas ao poder cognitivo e à memória agora estavam sendo usadas. Isso indica que os consumidores estavam pensando na marca, em suas lembranças e impressões sobre ela. O resultado leva a crer que a preferência estava relacionada com a identificação da marca e não com o sabor.
Com tal precisão, o Neuromarketing é possível monitorar as emoções vividas durante as experiências de consumo. Essa ciência estuda neurologicamente o estado cerebral de uma pessoa quando expostos a mensagens relacionadas com experiências de consumo, tornando possível a identificação das zonas do cérebro estimuladas. Os aparelhos de ressonância magnética fazem esse trabalho, conseguindo traçar as atividades cerebrais, a formação de sinapses e reações.
Vantagens e limitações
Entre as vantagens, está a possibilidade de descobrir que sentimento uma campanha de Marketing desperta nas pessoas. Isso permite que uma empresa saiba elaborar melhor suas ações, de forma que instigue nas pessoas o que ela deseja. Além disso, é uma fonte de pesquisa mais confiável, uma vez que as respostas dadas a consultores em questionários podem muitas vezes não ser sinceras, apenas refletir uma experiência recente ou influenciada pela resposta de outros (como acontece em sessões de grupo).
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Apesar de mais confiáveis que as estatísticas tradicionais, não se pode dizer ainda que os resultados obtidos por meio do Neuromarketing são 100% verdadeiras. Afinal, descrever os sentimentos através de impulsos elétricos ou fluxo sanguíneo é afirmar que o ser humano possui resposta pronta a certos estímulos, equivalendo-o a um simples robô produzido em série. “Isso significa que teremos de admitir os limites do Neuromarketing, uma vez que esta técnica se centra, tantas vezes exclusivamente, no exercício resultante, assombrando erradamente modelos de representação da existência humana”, comenta Paulo Vieira de Castro, Diretor do Centro de Estudos Aplicados em Marketing do Instituto Superior de Administração e Gestão do Porto, em Portugal.
Emoções pessoais e sócio-culturais também entram em jogo, o que explica ainda mais a falta de exatidão. Entre outras limitações está a impossibilidade de prever as mudanças de comportamento ou mesmo de estabelecer um padrão perfeito para determinadas ações de Marketing, uma vez que uma série de fatores imprevisíveis influencia o resultado final.
O complexo comportamento do consumidor
Pensando por esse lado, pode-se afirmar que o Neuromarketing vem não para desvendar, mas sim atestar a complexidade da relação entre a empresa e o consumidor. Esta nova ferramenta atenta para a necessidade de uma abordagem mais íntima com o cliente, tratando-o como um verdadeiro fã da marca ou produto. Afinal, o consumidor não apenas avalia a utilidade de um produto ou a confiabilidade que uma marca o empresta. Há também uma série de fatores emocionais que podem influenciar o sucesso ou fracasso de um lançamento, desde o patriotismo até a simples aversão ao nome.
Essa limitação é melhor explicada por Paulo Vieira de Castro através de uma simples metáfora sobre um rio violento, onde são suas margens que o comprimem, explicando a sua violência. Segundo o especialista, o Neuromarketing falha ao ignorar as margens das relações humanas e desvaloriza o entendimento integral do ser humano. Isso explica porque ações como Marketing Social e Ecológico podem refletir em boas vendas. “Devemos refletir a propósito da idéia de Ray Jackendorff (co-diretor do Centro de Estudos Cognitivos na Tufts University), segundo a qual o essencial da nossa inteligência não está associado inteiramente à consciência. Penso que estamos muito longe da verdadeira consciência, isto no que ao consumo diz respeito”, conta Vieira de Castro, em entrevista ao Mundo do Marketing.
O Neuromarketing vale, portanto, como indicativo, e não prova, de um sucesso. Suas pesquisas podem avaliar as melhores cores a serem aplicadas em produtos e embalagens, examinar que reações um consumidor manifesta enquanto consume um produto, observar o subjetivismo na sua relação com a marca e produto, entre outros exemplos. Basicamente, ele testa se uma ação realmente desperta o sentimento desejado nas pessoas pela empresa e se ele influencia na sua decisão de compra. Ou seja, sua utilidade está em observar como o cérebro funciona e alinhar ações de Marketing ao funcionamento desejado, por mais que seja impossível controlá-lo, uma vez que estamos falando de pessoas.
Essa ciência também pode ser uma boa aliada na hora de enfrentar as artimanhas da concorrência. Uma empresa pode descobrir as falhas de comunicação de uma ação dos concorrentes e criar contra-campanhas em cima disso, de forma a evidenciar melhor esses “buracos” e contrapor com as vantagens do seu produto. “Se a sua mensagem não for passada corretamente, a campanha da sua empresa acabará servindo apenas à concorrência”, alerta Alex Born, autor do livro “Neuromarketing – O genoma do Marketing, o genoma das vendas”.
Neuromarketing é ético?
O Neuromarketing também abriu uma nova polêmica: as ações de Marketing manipulam o consumidor? Alex Born (foto) acredita que, como toda ferramenta, esta pode ser usada com boas ou más motivações. “O Neuromarketing pode tornar o Marketing mais honesto ou talvez, mais perigoso, se utilizado sem escrúpulos”, conta. Há correntes que temem que empresas transformem os consumidores em simples robôs de compra. “Não acredito nisso. O Neuromarketing mapeia o processo mental em torno da excitação cerebral que poderá levar o cliente à decisão, mas não o pode obrigar a consumir”, conta Born.
As diversas variáveis que envolvem o mercado de consumo podem não possibilitar isso, mas a tática das mensagens subliminares, por exemplo, já se provou eficiente e, para muitos, antiética. Um consumidor, no entanto, pode não ficar feliz com a escolha, momentos depois, e se sentir lesado. “Há que se tomar cuidado com a força dessas ferramentas e os resultados que podem ser obtidos por elas”, alerta Born em entrevista ao Mundo do Marketing.
Grandes empresas e agências já anunciaram pesquisas de Neuromarketing, como Nielsen, Proper & Gamble, GE, Coca-Cola, McDonald’s e K-Mart. “Uma certa mega corporação já investiu mais de 22 milhões de dólares em pesquisas nos últimos três ou quatro anos”, relata Alex Born. “Sabe-se que o Neuromarketing é uma ferramenta com diversas potencialidades, contudo exige orçamentos demasiado
52
generosos, isto para resultados que não são, ao contrário do que se imaginava há alguns anos atrás, a solução para todos os problemas do Marketing”, completa Paulo Vieira de Castro.
Ainda não é possível antever o impacto que o Neuromarketing causará no mercado de consumo para os próximos anos. Espera-se que o setor se consolide na próxima década. Porém, com certeza será um assunto a ser debatido fortemente a partir de agora, além de estar em processo de evolução. “Hoje, temos máquinas de ressonância magnética mostrando as áreas do cérebro em três dimensões. E estudos estão se aprofundando em estados mentais mais complexos, como o stress. Depois da era do conhecimento, vamos entrar na era da excelência humana”, adianta Alex.
53
ANEXO 2
TEXTO DA INTERNET
www.neurosciencemarketing.com/blog/articles/connectomics.htm
Conectonomia: Mapeamento do Cérebro
Fri, 25 de janeiro de 2008
Neuromarketing , Neuroscience Research
Usando a tecnologia automatizada para derivar mapas neurais de tecido cerebral, os pesquisadores de Harvard estão nos estágios iniciais de um esforço para mapear o cérebro humano. Eventualmente, os pesquisadores esperam mapear cada sinapse no cérebro humano e produzir um "conectoma."
"Você vai ver coisas que você não esperava", disse Jeff Lichtman, professor de Harvard da biologia molecular e celular. "Isso nos dá uma oportunidade para testemunhar este vasto universo complicado que tem sido amplamente inacessíveis até agora".
O esforço é parte de um novo campo de pesquisa científica chamada conectonomia. O campo é tão novo que o primeiro curso já foi ensinado sobre ele terminou recentemente no MIT. É o que a neurociência genômica é a genética. Em que a genética olha genes individuais ou grupos de genes, genômica olha para o material genético de um organismo. Conectonomia faz um salto semelhante em escala e ambição, de estudar células individuais para estudar trechos do cérebro que contém milhões de células. Um conjunto completo de imagens do cérebro humano na sinapse nível de resolução deverá conter centenas de petabytes de informação, ou sobre a quantidade total de armazenamento em centros de dados do Google, Lichtman estimativas. [De WIRED: Mapeamento a estrutura mais complexa do Universo: Your Brain . Alexis Madrigal por]
A principal ferramenta a ser utilizada no processo de mapeamento é a automática por fita de coleta torno ultramicrótomo (ATLUM) - uma espécie de ultrafinas bologna-slicer que faz fatias de tecido excepcionalmente fina e corre continuamente para maior velocidade. O tecido é então ampliado através de microscopia eletrônica de células individuais de imagem. Uma parte fundamental do processo em Harvard esforço será para automatizar a organização e análise dessas imagens.
Este trabalho é um longo caminho de produzir um mapa do cérebro que pode ser usado em neuroeconomia ou estudos de neuromarketing, mas é emocionante ver os pesquisadores embarcar nesse tipo de esforço. Uma coisa eu quero saber é sobre como nossos cérebros são diferentes ao nível de detalhe proposto para o estudo. A analogia não é inteiramente apt, mas é possível que um pode estar criando um mapa detalhado de Cleveland para entender melhor os padrões de tráfego em Dallas? Obviamente, nossos cérebros compartilham semelhanças estruturais básicas, mas o trabalho recente na neurogênese, plasticidade cerebral, e até mesmo diferenças culturais sugerem que, como
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mapas cerebrais se as diferenças individuais mais granular se tornará mais evidente. Ainda assim, a resolução do mapa proposto seria muito, muito maior do que o oferecido por ferramentas como fMRI, e tal mapa, sem dúvida, render muitos novos insights, se ele pode realmente ser criado.
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ANEXO 3
TEXTO DA INTERNET
www.alexborn.com.br Neuromarketing – seu início e importância sexta-feira, setembro 17th, 2010 | Author: imprensa
Desde a metade do século XX os cientistas tentam comprovar a importância do cérebro na tomada de decisões, inicialmente foi um choque.
Os estudos das neurociências somente foram consolidados no final do século, quando o cientista americano Read Montague, em meados do ano 2000, mudou a maneira de encarar o comportamento humano, e deu o passo definitivo no que tange a importância das reações cerebrais durante o processo de tomada de decisão.
Read Montague e vários outros institutos mundiais utilizam dos recursos tecnológicos para estudar como a mente reage aos estímulos e quais áreas do cérebro são afetadas por eles.
Com o advento e consolidação das novas tecnologias os treinamentos aliados às neurociências trazem resultados mais eficazes.
Então nasce o Neuromarketing.
Aliada a uma poderosa ferramenta utilizada na estratégia de todas as empresas, o marketing, a neurociência aplicada faz com que os profissionais aumentem seus potenciais, atinjam metas e conquistem resultados em sua área de atuação.
O Neuromarketing utiliza do que é mais atual nos estudos das reações cerebrais sobre o que atrai ou afasta de determinado objetivo, produto, pessoa ou idéia.
Cores, cheiros, sons, localização, sensações.
Tudo gera uma reação diferente no cérebro humano.
O Neuromarketing amplia o resultado da estratégia de marketing.
É utilizado não somente nas empresas como treinamento para área de vendas, ou na área de pesquisa, mas também na área de recursos humanos.
Quando se compreende melhor o cérebro é possível obter resultados cada vez melhores para a vida profissional e pessoal.
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ANEXO 4
ENTREVISTA
www.istoedinheiro.com.br/noticias/31081_10+PERGUNTAS+PARA+MARTIN+LINDSTROM MERCADO DIGITAL
Nº EDIÇÃO: 671 | Mercado Digital | 12.AGO.10 - 21:00 | Atualizado em 26.12 - 09:18
10 perguntas para Martin Lindstrom
Não é incomum o dinamarquês Martin Lindstrom, 40 anos, ser confundido com um jovem.
Por Bruno Galo
Culpa das suas feições pueris. Mas o mal-entendido logo se desfaz quando ele, um dos mais respeitados consultores de marcas do universo corporativo, começa a falar. Eleito pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, Lindstrom foi consultor de empresas como McDonald’s, Nestlé e Microsoft. Ele, que passa 300 dias por ano longe da sua casa na Austrália, vem ao Brasil falar num seminário da HSM no final de agosto. Em entrevista exclusiva à DINHEIRO, Lindstrom explica a relação entre marcas e religião e por que o neuromarketing pode ajudar empresas e anunciantes.
DINHEIRO – Qual é a lógica do consumo? MARTIN LINDSTROM – Quando compramos algo, em 85% das vezes, somos movidos por emoções, medos, pensamentos, necessidades, inseguranças, motivações e desejos subconscientes. Entender essas múltiplas forças que nos motivam a comprar é o que chamo de lógica do consumo. DINHEIRO – Por que o sr. decidiu estudar o cérebro dos consumidores? LINDSTROM – Percebi que os métodos tradicionais de pesquisa não estavam funcionando. Imaginei que a resposta teria que estar no nosso cérebro. Descobri que somos ou queremos ser aquilo que compramos. DINHEIRO – E o que o cérebro dos consumidores revelou? LINDSTROM – Os consumidores são seduzidos pelos sentidos. A audição é o sentido que mais ativa o cérebro. Aprendemos ainda que cada vez mais empresas vão apelar a referências religiosas para fortalecer suas marcas. O melhor exemplo disso é a Apple, com seus rituais misteriosos. Há também um exemplo brasileiro: a Natura. Ela criou todo um movimento em torno da sua marca, com algumas dezenas de milhares de mulheres vendendo os seus produtos. DINHEIRO – Qual a relação entre as marcas e a religião? LINDSTROM – A pesquisa provou que, quando somos expostos a marcas ou produtos como iPod, Ferrari, Nike, Guinness e Absolut, temos as mesmas emoções geradas por símbolos religiosos como cruzes, rosários, o Buda, a Virgem Maria ou a Bíblia. DINHEIRO – Por que a audição é tão importante para as marcas? LINDSTROM – Quando escutamos algo, todas as regiões ligadas aos cinco sentidos são ativadas. A Intel, por exemplo, construiu sua marca em torno de um microjingle. A Microsoft compôs uma melodia que é tocada toda vez que ligamos ou desligamos o computador.
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DINHEIRO – Quais empresas já entenderam o neuromarketing? LINDSTROM – Em algumas das suas atrações, a Disney já escaneou o cérebro das pessoas enquanto elas estavam naquelas imensas filas. Com isso, a Disney queria desenvolver novas formas de diverti-las. A Mercedes-Benz fez o Mini Cooper parecer um rosto de bebê e assim conseguiu atingir as mulheres. DINHEIRO – Quais são os pontos negativos do neuromarketing? LINDSTROM – O neuromarketing traz consigo o potencial para o abuso. Por isso, é preciso estar atento para o seu uso político. DINHEIRO – O que dá certo ou errado em propaganda? LINDSTROM – O merchandising raramente funciona. E as logomarcas têm cada vez menos apelo. Já a publicidade subliminar nos influencia constantemente. O sexo dificilmente ajuda a vender. DINHEIRO – A crise financeira mundial mudou a maneira como as pessoas compram? LINDSTROM – Na prática, antes de comprar algum produto as pessoas têm procurado promoções e ofertas. Hoje os consumidores são muito mais cautelosos. DINHEIRO – Alguma empresa tem sabido tirar proveito dessa mudança de comportamento? LINDSTROM – A montadora coreana Hyundai, que cresceu nos EUA mesmo em meio à crise, garantiu aos consumidores que devolveria seu dinheiro dentro de um ano se eles fossem demitidos. As vendas cresceram e nenhum carro foi devolvido.
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ANEXO 5
ENTREVISTA
www.catho.com.br/jcs/inputer_view.phtml?id=8642 ENTREVISTA "O NEUROMARKETING É UMA NOVIDADE MARAVILHOSA!"
* Viviane Macedo Formado em Educação Física com ênfase em Marketing Esportivo e Administração de Empresas e com MBA em Gestão Estratégica na Empresa, Alex Born tem 38 anos de idade e já viajou por 20 países aplicando projetos de Consultoria e Treinamento. O consultor tem uma vasta experiência profissional na área de Gestão Empresarial e chega ao Brasil com uma grande novidade: o Neuromarketing. A nova técnica de Marketing que vem sendo estudada por grandes universidades e corporações se mostra inovadora e uma fórmula do sucesso. "O Neuromarketing é uma novidade maravilhosa! Ele é a mais atual ferramenta de marketing e comunicação que existe", explica. Em entrevista exclusiva ao Newsletter Carreira & Sucesso, Born conta um pouco de sua carreira, explica o que é o Neuromarketing e fala sobre seus planos para o futuro: Newsletter Carreira & Sucesso: Qual é a sua formação? Alex Born: Sou formado em Educação Física com ênfase em Marketing Esportivo e Administração de Empresas e tenho MBA em Gestão Estratégica na Empresa. C&S: Fale um pouco sobre sua carreira... AB: Bom, trabalhei na área de Educação Física durante 13 anos. Trabalhei na Runner, viajei por 20 países como consultor fazendo workshops e trabalhei na maior empresa de wellness do mundo, que é a Sport Park, na Alemanha. Fui da primeira turma de instrutores de Rebook Center. Depois disso, comecei a trabalhar como consultor na área Empresarial para dois grupos de consultores grandes. Eu viajava - era responsável pela aplicação das dinâmicas e com isso tinha muito contato com empresas multinacionais; foi quando fui contratado pelo Grupo Koop, o terceiro maior grupo da Europa em Marketing Direto. Lá realizei um trabalho na área de Treinamento Pessoal e desenvolvi um projeto de consultoria e treinamento. Eles gostaram e eu fui responsável em implantar este projeto em vários outros pontos do mundo. Depois de oito anos, voltei para o Brasil e criamos uma empresa chamada "Top Empresarial", que trabalha na área de Treinamento. Paralelamente ao trabalho na Top Empresarial trabalho para outras empresas, pois esta é uma área muito flexível, que proporciona muitos vínculos e uma rede de contatos muito grande. C&S: Vamos falar sobre uma novidade: Neuromarketing – o que é isso? AB: O Neuromarketing é uma novidade maravilhosa! Ele é a mais atual ferramenta de marketing e comunicação que existe. É tão atual que ainda está engatinhando, mas mesmo antes de chegar ao grande público já foi responsável por eleições em mais de três países. As pessoas vêem e não sabem que está sendo utilizada uma campanha de neuromarketing... Ele começou a ser pesquisado no início da década de 90 com base em experiências anteriores de influência, ou seja, porque certos produtos têm mais influência sobre outros. Os marqueteiros ficaram malucos porque a gente trabalha muito em cima de um produto e não consegue vender este produto tanto quanto o outro que nem faz campanha. Foi aí que começamos a estudar ações e atividades cerebrais. Várias universidades começaram, em conjunto, pesquisar isso - e são pesquisas caríssimas! Foi constatado que realmente existem produtos e pessoas que atingem o sucesso de forma diferente por ações de neuromarketing. C&S: E você trabalha com isso para as empresas? AB: Sim, quando eu trabalho em workshops, congressos e consultoria, o que eu passo para o vendedor é que ele precisa estudar antes porque têm alguns canais que fazem com que ele aprenda que o seu cliente não é bobo, que ele pode até influenciá-lo, mas o fará apenas uma vez e nunca mais. Mas ele pode conseguir voltar a atenção do cliente para um produto que ele passa a querer pelo estímulo que foi causado e pode comprar determinado produto pensando que ele quer aquilo, e não que vendedor o induziu verbalmente a comprar. C&S: Qual é o principal objetivo desta ferramenta? AB: O neuromarketing é uma ferramenta poderosa que em vez de utilizar somente o recurso da fala, utiliza a fala, a imagem, o cheiro, a movimentação, enfim, todos os canais. Em vez de ser estudado de maneira interpessoal, ele é estudado de maneira intrapessoal, ou seja, as relações intrínsecas dos seres humanos. Você pega um determinado produto e verifica a reação que ele causa - então, como estimular esta reação para que ela seja positiva? Esse é o objetivo do Neuromarketing: influenciar a sua decisão por meio de atividades cerebrais estimuladas por você mesmo.
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C&S: Você é formado em Educação Física... Como foi mudar do seu campo de atuação para algo desconhecido? AB: Eu me considero uma pessoa extremamente íntegra e depois que me formei na faculdade, dois amigos tiveram a idéia de montar uma academia. Entrei como sócio e eles queriam contratar um profissional só para assinar; sou contra a venda do diploma e foi quando falei "Não, vou fazer a faculdade e depois tranco a matrícula, pelo menos estou cursando". Também não achei correto, acabei gostando e fiz o curso até o fim. Neste meio tempo surgiu uma proposta muito grande do exterior e fui paa lá. Foi uma cartada legal porque adquiri uma experiência extremamente ativa na Educação Física e essa área de academia tem prazo de validade. Eu pensava que não era isso que eu queria, queria ajudar as pessoas da área e outras também porque sou criativo, então, tenho que utilizar as minhas potencialidades em meu beneficio para beneficiar outros. Depois deste trabalho, voltei para cá e me formei em Administração. C&S: E a proposta de lá foi para Administração ou Educação Física? AB: Ambas - para eu coordenar a Sport Park, que é bem grande e é responsável pelo maior Congresso Mundial de Fitness. Fui pra lá para ajudar na coordenação e acabei recebendo um convite de uma universidade para fazer minha ênfase em Marketing Esportivo. C&S: Você faz campanhas de Neuromarketing? AB: Tem gente na minha equipe que trabalha só com isso, mas eu trabalho mais com consultoria, workshops e treinamentos de equipes de vendas. C&S: Dê um exemplo onde uma ação de neuromarketing seria indispensável... AB: Um exemplo legal: imagina uma rede de dez escolas de idiomas que faz uma campanha local legal. Você pega o panfleto, ele convence você e você vai até o local e vê a fachada, que também convence. Você entra e as cores não combinam, a equipe não é legal e o atendimento não é bom. Nada bate com você e, de repente, não bate com a maioria das pessoas que vai até lá. A maioria das empresas que eu atendo me fala que recebe o cliente e que tem um atendimento péssimo, pois não consegue trazer o cliente para dentro. Mas não é o atendimento destas empresas é péssimo - ele simplesmente não condiz com a campanha realizada. As cores não batem, a empresa faz uma campanha colorida e, às vezes, chega no local e a empresa tem uma cor totalmente apática; o cheiro também influencia. Então o papel do Neuromarketing nesse caso seria justamente lincar os canais que estão perdidos, separados. C&S: Você se sente uma pessoa realizada profissionalmente? AB: Completamente! Profissional e familiarmente. Acho que se prego algo tenho que praticar isso. Está vindo algo aí; sei porque estou trabalhando num projeto que se chama "The Holy Touch" (O Toque Mágico). É um livro que fala justamente sobre a capacidade de interagir com o ambiente e com as pessoas, respeitando as características de cada um. É preciso aprender a conviver com a individualidade de cada um porque não adianta impor seu jeito para as pessoas; assim você vai bater de frente. Acho que interajo muito bem com as pessoas e tento transmitir isso para elas, para a minha esposa, meus filhos, meus amigos... Eu me sinto realizado porque consigo manter esta rede importante, estar bem com as pessoas. Eu me deito à noite e falo: "Agora vou dormir", e sei que estou bem. C&S: Você tem um sonho ainda para ser realizado? AB: Muitos, justamente por ser extremamente dinâmico. UM deles é emplacar o Neuromarketing no Brasil como pioneiro, ampliando a rede de facilitadores e consultores. Quando você trabalha com consultoria, você se envolve com sonhos de outras pessoas, sonhos muito bons, e como consultor você tem a força e o poder de torná-los possíveis. Se eu conseguir ser um realizador de sonhos e fazer com que outras pessoas realizem seus sonhos estarei realizado! C&S: Vamos fazer um jogo rápido! Eu falo uma palavra e você me diz o que vier a sua cabeça: Brasil: bagunça Sonho: o melhor possível Passado: importante Presente: ação Futuro: presente Dinheiro: importante Vida: dádiva Sucesso: resultado Carreira: organização Escolha: minha família Prazer: minha carreira Paixão: meus filhos Família: meu porto seguro Neuromarketing: tudo de bom
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ANEXO 6
REPORTAGEM
WWW.forebrain.com.br/foreblog/2012/03/o-eye-tracking-na-investigacao-da-eficiencia-de-campanhas-publicas-de-saude/#more-1123
O eye-tracking na investigação da eficiência de campanhas públicas de saúde.
sexta-feira, 2 de março de 2012 Campanhas de saúde desempenham um papel muito importante na sociedade por incentivar a adoção de hábitos de vida mais saudáveis. Porém, vivemos em um mundo onde somos bombardeados diariamente por milhares de anúncios e propagandas e, com isso, tais campanhas possuem a árdua missão de se destacar dentre as demais. Desenvolver ferramentas que possam quantificar a atenção capturada por um determinado anúncio pode ser uma medida importante para a mensuração de sua efetividade. Quanto mais as pessoas percebem uma determinada campanha publicitária, melhor a mensagem veiculada será percebida e maior será sua influência no comportamento.
Para estudar qual seria o formato ideal de uma campanha de saúde, um trabalho publicado recentemente na revista Journal of Applied Biobehavioral Research, realizou uma série de experimentos utilizando a técnica de eye-tracking em campanhas para a prevenção contra a osteoporose. Esse tipo de campanha foi escolhido porque a osteoporose é uma doença que afeta, aproximadamente, 200 milhões de pessoas no mundo inteiro e que, apesar de ser debilitante, seu progresso pode ser prevenido com a conscientização da população a favor da adoção de hábitos de vida saudáveis como a prática de exercícios físicos e consumo de cálcio e vitamina D.
No primeiro teste, os autores do estudo procuraram saber, utilizando eye-tracking, qual seria o formato ideal de propaganda para “prender” a atenção de mulheres jovens, com faixa etária entre 18 e 35 anos. As participantes do teste visualizaram um total de 36 anúncios criados especialmente para esse estudo, sendo que 12 deles tinham como temas os benefícios dos exercícios físicos, 12 eram sobre produtos de moda e beleza e os demais eram sobre comportamentos que preveniriam a osteoporose. Cada uma das 36 propagandas foi manipulada para gerar três versões similares: somente-texto, somente-imagem e texto-imagem.
Em um primeiro momento, foram comparadas somente os anúncios sobre osteoporose nas suas três versões possíveis. Os resultados demonstraram que as pessoas fixavam os olhos por mais tempo e prestavam mais atenção nas propagandas sobre osteoporose que continham texto e imagem, quando comparadas com aquelas que tinham somente texto ou imagem. Isso indica que o formato texto-imagem foi o mais efetivo para capturar atenção devido a maior complexidade de informação. Posteriormente, os autores investigaram qual seria o tipo de conteúdo mais eficiente ao comparar o efeito atencional exercido pelas versões em texto e imagem das 36 propagandas. Os resultados mostraram que os anúncios sobre osteoporose tinham uma menor taxa de fixação por palavra e menor retenção da atenção do que os demais, sendo que aqueles sobre exercícios físicos e moda e beleza apresentaram um melhor desempenho para capturar a atenção das mulheres. Dessa forma, concluiu-se que as propagandas para prevenção da osteoporose que focavam somente na adoção de hábitos de vida saudáveis relacionados à alimentação não estavam sendo eficazes em capturar a atenção de mulheres mais jovens, tornando importante a adoção de estratégias alternativas para chamar mais atenção desse grupo para o tema.
Dessa forma, devido à grande preocupação feminina com a aparência, os pesquisadores testaram se o uso de anúncios que apontassem para a prática de exercícios físicos como uma forma de prevenção contra a osteoporose poderia atrair melhor a atenção de mulheres jovens para o tema. Foram então analisadas outras 36 propagandas, que tinham como temas produtos de moda e beleza e prevenção à osteoporose, tanto pelo consumo de alimentos ricos em cálcio e vitamina D, quanto através da prática de exercícios físicos. As análises demonstraram que os anúncios sobre a importância da prática de exercícios físicos na
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prevenção da osteoporose tinham mais fixações por palavra e maior retenção da atenção do que aqueles que possuíam, como foco principal, o consumo de cálcio e vitamina D. Esses resultados demonstraram que ao serem incorporados elementos de interesse do público-alvo a campanhas de saúde, torna-se possível capturar mais atenção para a propaganda e conseguir impactar a população de uma forma mais eficiente.
Então, percebemos que através de um estudo detalhado utilizando a técnica de eye-tracking, é possível notar a importância de conhecermos como a mensagem de um anúncio é percebida pelas pessoas. Adicionalmente, ainda podemos fazer uma análise mais apurada de cada elemento de uma propaganda, detectar como ela atinge seu público alvo e saber se está sendo efetiva ou não. Assim, ao formular estratégias mais eficientes para transmitir a mensagem desejada, conseguimos promover, com maior chance de sucesso, uma mudança de hábitos na população de interesse.
Nastassja Fischer é Mestre e Doutoranda em Neurofisiologia pelo Instituto de Biofísica da UFRJ, e pesquisadora da Forebrain.
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ANEXO 7
REPORTAGEM
www.revistamaneira.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=9
11:bullet-cria-para-carrefour&catid=1:propagandas&Itemid=77
Neuromarketing no Brasil
Defendendo a necessidade da evolução do modelo tradicional de pesquisa de mercado, a empresa brasileira IPDOIS Neurobusiness propõe o entendimento do comportamento do consumidor com recursos que combinam tecnologia de última geração, neurociência e o sólido conhecimento em marketing estratégico: termo conhecido por neurobusiness. Para tanto, o laboratório móvel, passa a realizar pesquisas de neuromarketing diretamente nos pontos-de-venda. A unidade está dotada de recursos como: Eye tracking (monitoramento movimentos oculares), eletroencefalograma wiress (EEG, equipamento usado na neurociência) e leitura facial (face reading) – o qual identifica emoções através das micro-expressões faciais. O CEO do IPDOIS Neurobusiness, Marcelo Peruzzo, informa a amplitude da tecnologia da unidade: "o laboratório móvel permite a aferição das reações e estados mentais do consumidor diante de qualquer mídia, seja propagandas em jornal, TV, fachada ou até vitrine de loja". Peruzzo acrescenta que "trata-se de uma revolução mercadológica o fato de conhecer o que realmente interessa ao cliente, não pela sua opinião consciente, e sim pelo seu inconsciente, que de fato demonstra o seu real comportamento", informa. A tecnologia de neuromarketing soma-se às pesquisas conscientes (pesquisas tradicionais) para trazer conhecimento de ponta às campanhas de marketing, declara Claudio Shimoyama, diretor executivo da Datacenso Business Intelligence."A união das informações do consciente e do inconsciente significa ter 100% do conhecimento do consumidor, isto se trata de uma revolução no marketing tradicional", afirma Shimoyama. Estimativa de negócios - As empresas curitibanas parceiras neste projeto - IPDOIS Neurobusiness e Datacenso Intelligence Business - investiram R$ 2 milhões em equipamentos, recursos e profissionais para oferecer pesquisas de neuromarketing (entre as diversas aplicações em gestão de negócios, destacam-se: pesquisas de produtos, lançamentos, gestão de negócios). A expectativa de faturamento está estimada em R$ 5 milhões, para 2011. Essa nova divisão iniciou operações há 12 meses. Datacenso e IPDOIS, juntas, possuem quase três décadas de operações no Brasil. Marcelo Peruzzo é Mestre em Gestão de Negócios pela UFSC. Único professor de MBA da
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Fundação Getúlio Vargas Management com o prêmio Quadro de Honra, concedido apenas aos docentes cinco vezes consecutivas eleito pelos alunos como melhor professor. Claudio Shimoyama é Doutor em Gestão de Negócios pela UFSC. Prêmio GRALHAZUL – empresário paranaense 2008 – segmento pesquisa pelo SESCAP/PR. Professor de marketing e vendas da Fundação Getúlio Vargas Management e FGV Online.
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ANEXO 8
REPORTAGEM
www.cidadebiz.com.br/conteudo_detalhes.asp?id=49301
Agência Africa adota técnica de neuromarketing desenvolvida em Harvard
Método ZMET investiga as relações inconscientes das pessoas com produtos e serviços
27/10/2009 - 16:36 - Advillage
A agência Africa fechar parceria com a MindRoads, consultoria que representa o ZMET, um sistema de pesquisa que explora o universo das relações inconscientes dos indivíduos com produtos e serviços, desenvolvido por uma equipe da Harvard Business School. O contrato não é de exclusividade. A técnica utilizada no ZMET ("Zaltman Metaphor Elicitation Technique", algo como "Técnica de Evocação de Metáforas de Zaltman") consiste num processo de entrevista patenteada que combina antropologia, sociologia, psicologia cognitiva, linguística e neuromarketing. Na descrição da agência, "o ZMET traz à tona o poder das metáforas, símbolos e outras comunicações não verbais para ir além do que as pessoas dizem. Os clientes podem encontrar os estímulos inconscientes que determinam os porquês das escolhas dos consumidores, incluindo o comportamento de compra." O vice-presidente de planejamento da África, Pedro Cruz, diz que a agência optou por abrir duas frentes de investigação: uma voltada à relação dos indivíduos com marcas e serviços e outra voltada para assuntos gerais de grande relevância. "Por um lado, aprofundamos o entendimento dos indivíduos com marcas como Vivo, Itaú ou Mitsubishi. Por outro, exploramos a dimensão inconsciente estabelecida com assuntos variados como futebol ou ascensão financeira", exemplifica. Os estudos do ZMET foram desenvolvidos ao longo dos anos 90 por uma equipe de pesquisadores da mente humana liderada pelo professor Gerald Zaltman, hoje chamado de "pai do neuromarketing".