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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO “ A VEZ DO MESTRE”
REENGENHARIA E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
MOTIVAÇÕES NO AMBIENTE DE TRABALHO
por
CARLOS MANOEL DE SOUZA
RIO DE JANEIRO
MARÇO/2003
2
MOTIVAÇÕES NO AMBIENTE DE TRABALHO
CARLOS MANOEL DE SOUZA
Monografia apresentada ao Curso de Reengenharia e Gestão de Recursos Humanos da Universidade Cândido Mendes, como requisito parcial da conclusão do curso de pós-graduação, sob a orientação do Prof. Jorge Ney.
RIO DE JANEIRO
MARÇO/2003
3
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 04 CAPÍTULO I PROGRAMA DE MOTIVAÇÃO.................................................... 07 CAPÍTULO II MOTIVAÇÃO E A TEORIAS DAS RELAÇÔES HUMANAS...... 19 CAPÍTULO III MOTIVAÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO.......................... 33 CONCLUSÃO.............................................................................. 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................... 42
4
INTRODUÇÃO
A motivação é uma das grandes forças impulsionadoras
do comportamento humano. É ela quem irá determinar os níveis de
desempenho pessoal e profissional obtidos. Na empresa, está
diretamente relacionada com sentimento de pertença, produtividade e
valorosidade atribuídos interna (pelo próprio sujeito) e externamente (pela
empresa, chefia, colegas, sociedade, etc).
A busca por profissionais talentosos tem sido uma das
grandes preocupações das empresas na atualidade. Sem profissionais
talentosos de nada adianta estratégia, tecnologia ou idéias inovadoras.
Então, cada vez mais surge a necessidade de um novo perfil profissional.
As empresas estão à procura de pessoas íntegras, criativas, motivadas,
eficientes, visionárias e compreensivas. Pessoas estas, portadoras de
habilidades interpessoais, com coragem para lidar com desafios e com as
constantes e progressivas mudanças do mundo moderno globalizado.
A grande sacada é apostar no potencial humano. E as
empresas estão pagando para ver. Através de investimentos em
treinamento de pessoal, elas esperam um retorno, que aliado ao
gerenciamento administrativo e programas de qualidade, tem tudo para
dar bons frutos e resultados.
Por outro lado, as empresas precisam estar atentas, se
suas políticas internas favorecem a promoção e o fluxo natural de
motivação das pessoas, ou se essas boicotam esse mesmo processo.
Portanto, o papel da organização é de suma importância na obtenção de
um bom nível de motivação entre seus colaboradores.
É necessário que haja uma razão para haver motivação.
Portanto, filosofia, metas e objetivos bem claros contribuem
significativamente para o seu desenvolvimento e otimização de
resultados. Funcionário motivado e produtivo é aquele que está no lugar
5
certo, ou seja, que ocupa uma função capaz de explorar e estimular suas
potencialidades, bem como fornecer-lhe reconhecimento (através de um
salário compatível, plano de crescimento, benefícios e, é claro, aliado a
um reconhecimento genuíno por parte da empresa que ressalve o seu
valor). Além disso, é necessário estar atento ao cultivo de um clima
organizacional, propício para o desenvolvimento de boas relações que
promovam comunicação, qualidade e produtividade. Habilidades pessoais
de superiores devem ser capazes de detectar talentos (bem como
aproveitá-los) e estimular a autonomia e criatividade, sempre.
A eliminação de estressores também deve ser observada,
tais como falta de organização, higiene e segurança no ambiente de
trabalho, pois podem roubar energia que pode ser melhor aproveitada.
Sendo assim, empresa e os colaboradores devem estar dispostos a correr
riscos, a encarar desafios, para poderem assim, juntos ficarem envolvidos
e motivados com o processo do qual fazem parte. A empresa não é uma
entidade acéfala, isolada. Ela é composta de sujeitos e por isso, deve
levar em conta esta condição. Somente as pessoas podem agregar valor,
através de seu trabalho, conhecimento, visão e experiência de vida. Sem
as pessoas de nada adiantaria, pois é com elas que se trabalha e para
elas...
A busca pela competitividade através da melhoria
contínua da qualidade, que teve início com o modelo japonês no pós-
guerra, ganhou forte impulso nas últimas décadas. A mudança do foco do
produto para o processo e deste para o sistema, permitiu à indústria
ganhos substanciais em produtividade.
Os programas de qualidade, portanto, triunfaram. Porém,
com maior ou menor sucesso, em função de um aspecto que não pode
jamais ser padronizado: o ser humano. Muitas vezes considerado um
"detalhe", a participação de um profissional motivado é fator determinante
de eficácia e eficiência, pois ele será o operador de equipamentos, o
executor dos procedimentos e o responsável pelo cumprimento das
metas. A percepção da importância das pessoas como tal e não como um
número dentro da empresa, permitirá que o novo século venha embalado
6
pela redescoberta do homem. Congressos, palestras e eventos das mais
diversas áreas apontam para um novo humanismo, onde é valorizado
aquele que é capaz de transformar a informação existente e disponível
em ações voltada a resultados.
O profissional alienado em paradigmas perde cada vez
mais espaço para o colaborador consciente e flexível. Pode-se então
pensar que a solução está em simplesmente trocar um pelo outro e o
problema estará resolvido. Ocorre, porém, que ambos os aspectos estão
presentes em qualquer ser humano, apenas sendo manifestados em
circunstâncias diferentes.
Sendo assim, as organizações devem preocupar-se não
em punir aqueles que não aderem naturalmente a um novo programa ou
idéia e sim em criar as condições para que, frente a essa mudança, as
pessoas estejam aptas a apresentar seus medos, dúvidas e
inseguranças; discuti-los e sentir-se apoiadas pelos colegas e finalmente
superar-se em busca do objetivo comum. O ser humano deve ser o
primeiro ponto a ser trabalhado na busca pela melhoria contínua da
qualidade.
7
CAPÍTULO I
PROGRAMA DE MOTIVAÇÃO
Cabe ao setor/departamento de Recursos Humanos da
organização empresarial elaborar um programa treinamento de equipes,
que é um conjunto de atividades realizadas ao ar livre, em diversos sub-
grupos, com o intuito de revitalizar a equipe e prepará-la para as
mudanças que estão por vir.
Além de energizar equipes de trabalho desmotivadas, as
atividades trabalham muito fortemente os aspectos de comunicação,
relacionamentos interpessoais, planejamento, liderança, confiança,
sincronia, sintonia e outros aspectos relevantes do comportamento
humano dentro das organizações.
A realização de atividades vivenciais, que buscam o
reequilíbrio e a reenergização das pessoas anteriormente à
implementação de qualquer novo projeto, vem apresentando os seguintes
resultados:
X Repercussão: é imediata. Os envolvidos tendem a
comentar o desempenho uns dos outros e de seus
grupos nos dias subseqüentes às atividades.
Assim, o início e ou o encerramento do programa
ficam, claramente, fixados na mente dos
profissionais. Cria-se, também, um forte sentimento
de pertencer àquele grupo, uma identidade
necessária para que o time subsista.
X Aproximação: como todo o trabalho é realizado
num ambiente descontraído, as pessoas vão se
"soltando" ao longo dos exercícios, ou seja, as
máscaras são retiradas e cada um assume a sua
8
verdadeira identidade. A necessidade de
comunicação para realização das tarefas faz com
que todos se aproximem, sem tempo de exercitar
ou incrementar os "preconceitos" a que estão
acostumados no dia-a-dia. A realização de
atividades conjuntas podem servir de ponte para
troca de informações no futuro. Abre-se espaço
para que as pessoas estreitem seus
relacionamentos e possam se conhecer melhor.
X Vivência: os profissionais tem a oportunidade de a
partir da participação nas atividades propostas,
vivenciar conceitos que antes eram apresentados
de forma abstrata, de difícil assimilação. Assim, a
importância da liderança emergencial é vista com
clareza durante as atividades, assim como a
necessidade de se seguir à risca um mesmo
procedimento, repassando cada etapa passo a
passo. Trabalha-se, ainda, com a conquista de
metas a partir do livre trânsito de idéias, vindas da
participação de todos.
A principal conclusão que se pode tirar dessas
experiências é a de que o ser humano deve ser tratado como tal, não
como número ou "mero funcionário". Trabalhar as pessoas e seus anseios
quando se deseja quebrar paradigmas, inserir novas culturas ou novos
métodos é fundamental para se aumentar à eficiência dos programas a
serem implementados pela empresa. Apenas a eficácia, isto é, garantir
que todos os colaboradores tenham acesso e participem das atividades
não é condição suficiente para que se obtenha sucesso. Sem o
comprometimento, as atitudes e comportamentos voltam-se a um
perigoso "cumprir de regras". Com ele é possível o envolvimento, advindo
daí, a melhoria.
9
Também é visível que uma ação preventiva (atividade
incorporada antes do início do programa) ofereça maiores resultados que
uma ação corretiva (durante o andamento ou término do mesmo).
Produtos, processos e sistemas são, sobretudo, obras de
pessoas, logo dependem da disposição destas para funcionar
adequadamente. Comportamentos esperados pela empresa, no sentido
de agregar valor, valem tanto quanto uma boa norma. Neste sentido a
motivação e o desenvolvimento do ser humano podem servir como um
eficiente "arado" à implementação de programas voltados à qualidade
numa empresa.
Organizações qualificantes, nos moldes definidos por
BERGAMINI (1997)1 ressalta que:
(...) a aprendizagem e a inovação permanentes, estão centradas na inteligência e no domínio das situações de imprevisto; devem estar abertas para a explicitação da estratégia empresarial, realizada pelos próprios empregados; devem favorecer o desenvolvimento da co-responsabilidade em torno de objetivos comuns; devem dar um conteúdo dinâmico à competência profissional, ou seja, permitir que os assalariados invistam em projetos de melhoria permanente de tal modo que eles pensem o seu know-how não como um estoque de conhecimentos a serem preservados, mas como uma competência - ação ao mesmo tempo pessoal e engajada em projeto coletivo.
São, em suma, sistemas de comunicação.
Nesses ambientes, a aprendizagem pressupõe uma
busca criativa da inovação, ao mesmo tempo em que lida com a memória
organizacional e a reconstrói. Pressupõe, também, motivação para
aprender. E motivação só é possível se as pessoas se identificam e
consideram nobres as missões organizacionais e se orgulham de fazer
parte e de lutar pelos objetivos. Se há uma sensação de que é bom
1 BERGAMINI, Cecília Whitaker. Motivação nas Organizações. 4º ed. São Paulo: Atlas, 1997.
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trabalhar com essa empresa; se pode-se vislumbrar um crescimento
conjunto e ilimitado; se há ética e confiança nessa relação; se não há
medos e se há valorização à livre troca de experiências e saberes.
Nesse aspecto, é possível perceber que a comunicação
organizacional pode se constituir numa instância da aprendizagem, pois,
se praticada com ética, pode provocar uma tendência favorável à
participação dos trabalhadores, dar maior sentido ao trabalho, favorecer a
credibilidade da direção (desde que seja transparente), fomentar a
responsabilidade e aumentar as possibilidades de melhoria da
organização ao favorecer o pensamento criativo entre os empregados
para solucionar os problemas da empresa.
Um dos grandes desafios das próximas décadas será
fazer da criatividade o principal foco de gestão de todas as empresas,
pois o único caminho para tornar uma empresa competitiva é a geração
de idéias criativas; a única forma de gerar idéias é atrair para a empresa
pessoas criativas; e a melhor maneira de atrair e manter pessoas criativas
é proporcionando-lhes um ambiente adequado para trabalhar.
Esse ambiente adequado pressupõe liberdade e
competência para comunicar. Hoje, uma das principais exigências para o
exercício da função gerencial é certamente a habilidade comunicacional.
As outras habilidades seriam a predisposição para a mudança e para a
inovação; a busca do equilíbrio entre a flexibilidade e a ética, a desordem
e a incerteza; a capacidade permanente de aprendizagem; saber fazer e
saber ser.
Essa habilidade comunicacional, porém, na maioria das
empresas, ainda não faz parte da job-description de um executivo. É
ainda uma reserva do profissional de comunicação, embora devesse ser
encarada como responsabilidade de todos, em todos os níveis.
O desenvolvimento dessa habilidade pressupõe, antes de
tudo, saber ouvir e lidar com a diferença. É preciso lembrar: sempre
apenas metade da mensagem pertence a quem a emite, a outra metade é
de quem a escuta e a processa. É preciso lembrar sempre de que quem
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decodifica a mensagem é aquele que a recebe, por isso a necessidade de
se ajustar signos e códigos ao repertório de quem vai processá-los.
Pode-se afirmar, ainda, que as bases para a construção
de um ambiente propício à criatividade, à inovação e à aprendizagem
estão na auto-estima, na empatia e na afetividade. Sem esses elementos,
não se estabelece a comunicação nem o entendimento.
Mas é preciso ter cuidado. Esse ambiente de mudanças,
que traz consigo uma radical mudança no processo de troca de
informações nas organizações e afeta, também, todo um sistema de
comunicação baseado no paradigma da transmissão controlada de
informações, favorece o surgimento e a atuação do que chamo de novos
Messias da comunicação, que prometem internalizarem nas pessoas os
novos objetivos e conceitos, estimularem a motivação e o
comprometimento à nova ordem de coisas, organizarem rituais de
passagem em que se dá outro sentido aos valores abandonados e
introduz-se o novo.
Hoje, não é raro encontrar-se nos corredores das
organizações profissionais da mudança cultural, agentes da nova ordem,
verdadeiros profetas munidos de fórmulas infalíveis, de cartilhas
iluministas, capazes de minar resistências e viabilizar uma nova cultura e
que se auto-denominam reengenheiros da cultura. Esses profissionais se
aproveitam da constatação de que a comunicação é, sim, instrumento
essencial da mudança, mas se esquecem de que o que transforma e
qualifica é o diálogo, a experiência vivida e praticada, e não a simples
transmissão unilateral de conceitos, frases feitas e fórmulas acabadas tão
próprias da chamada educação bancária descrita por Paulo Freire.
E a viabilização do diálogo e da participação tem de ser
uma política de comunicação e de RH. A construção e a viabilização
dessa política é, desde já, um desafio aos estrategistas de RH e de
comunicação, como forma de criar o tal ambiente criativo a que
BERGAMINI referiu e viabilizar, assim, a construção da organização
qualificante, capaz de enfrentar os desafios constantes de um mundo em
mutação, incerto e inseguro.
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O Terceiro Milênio trouxe uma grande expectativa para o
mercado: as empresas que desejarem sobreviver precisam apresentar
diferenciais em seus serviços e investir no capital humano. Por este
motivo, algumas organizações, através do Departamento de Recursos
Humanos, buscam manter os colaboradores motivados através de ações
que ajudam a consolidar a própria cultura organizacional.
A era da informação e da globalização que se respira
hoje se pode ver que a concorrência entre as organizações está mais
acirrada do que qualquer época, passando a ser uma concorrência sem
fronteiras. Com essas mudanças o fator humano nas organizações passa
a ser mais importante do que já é hoje, e ter um funcionário motivado,
trabalhando com vontade, passa a ser um fator a mais, e muito importante
para o crescer da organização.
As organizações dependem das pessoas para dirigi-las,
organizá-las, controlá-las, e fazê-las funcionar. Quanto melhor e mais
motivadas estiverem essas pessoas, melhor estarão funcionando essas
organizações. Com a evolução do sistema de informação, muitos
acreditam e dizem que num futuro próximo as organizações serão
virtuais, ou seja, com funcionários trabalhando em lugares diferentes e
responsáveis por seu próprio serviço, sem supervisores diretos e
respondendo por resultados. Aí a necessidade de colaboradores
motivados e trabalhando com vontade. A motivação está indo a direção a
um objetivo, para chegar a esse objetivo tem que haver persistência na
ação, essa persistência acontece por causa da motivação. A motivação é
a força impulsionadora em direção ao objetivo.
A motivação acontece a partir da necessidade, ela
impulsiona o indivíduo a um objetivo, então ele está motivado a alcançar
esse objetivo e persiste nisso. Embora algumas atividades humanas
aconteçam sem motivação, praticamente quase todos os comportamentos
conscientes são motivados ou possuem uma causa. (NEWSTROM &
DAVIS, 1998).
Em contraste com a abordagem de relações humanas
que pressupunha trabalhadores felizes são trabalhadores produtivos, os
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cientistas comportamentais consideram que a compreensão do
comportamento humano é o meio mais importante para se chegar a
objetivos e eficiência. Um empregado poderá estar dotado
generosamente de todas as qualidades necessárias ao desempenho do
cargo, ter ferramentas necessárias, ter um bom ambiente de trabalho,
mas isso não garantirá, de antemão, que ele executará a contento sua
tarefa. (MINICUCCI, 1995).
As organizações para terem sucesso na era globalizada,
além de outros requisitos, têm que ter gerentes que saibam lidar com
pessoas, aproveitando assim a máxima produtividade desses indivíduos,
fazendo com que eles tenham prazer no trabalho, e não que trabalhem
somente por necessidade, fazendo assim só o necessário. Por isso é
muito bom que administradores saibam como motivar. O conhecimento
das forças motivacionais ajuda os administradores a compreenderem as
atitudes de cada empregado no trabalho. (NEWSTROM & DAVIS, 1998).
Motivar colaboradores é tarefa muito difícil, pois às vezes
com uma ação pode-se motivar uma pessoa e desmotivar outras, às
vezes dando uma promoção a um funcionário, pode-se acabar com as
idéias do companheiro de função, deixando um motivado e alegre,
trabalhando com vontade e outro com vontade de sair da empresa.
Numa analise em nos próprios ambientes de trabalho
pode-se perceber que às vezes só um elogio ou um muito obrigado do
superior pode fazer diferença, mas dependendo do nível de insatisfação
do empregado ouve-se "elogios não alimentam meus filhos". Então
motivar, sabendo que o sentimento humano é muito complexo, e
dependendo da cultura organizacional criada, pode ser muito complicado,
envolvendo vários detalhes. Cada indivíduo se sente motivado de um jeito
diferente, dependendo de como foi criado, do ambiente cultural em que
vive e do jeito que encara sua vida. Percebe-se que algumas pessoas
ficam satisfeitas com alguma coisa que outra pessoa nem ligaria. Cada
indivíduo tem seu próprio sistema de valor.
Por causa dessa diferença e complexidade da mente
humana é muito difícil motivar. O conhecimento dos sistemas de valor dos
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empregados é de grande utilidade à administração no tocante à
elaboração de programas de pessoal. (MINICUCCI, 1995). Supondo que
as habilidades são comparáveis, por que algumas pessoas se
desempenham muito bem e outros são preguiçosos e irresponsáveis? O
que ativa e condiciona os desejos internos de uma pessoa?
No entender de GELLERMAN2:
A maior motivação é tornar real a idéia que a pessoa faz de si mesma, isto é, viver de maneira mais apropriada ao respectivo papel preferido, ser tratado de modo correspondente à categoria que mais deseja possuir e obter a recompensa que atinja o nível que o indivíduo considere equivalente à suas aptidões. Nestas condições estamos permanentemente procurando alcançar a situação que nos julgamos merecedores, tentando fazer com que nossas idéias subjetivas a nosso respeito se convertam em realidades objetivas. Quando os fatos parecem confirmar tais idéias, costumamos achar que a vida é boa e o próprio mundo é justo, porém, quando deixamos de conquistar as regalias a que nos consideramos com direito, nossa tendência é para desconfiar que algo está completamente errado no mundo.
Atualmente, os recursos humanos são os componentes
mais caros e os mais valiosos das organizações. Os empregados são
responsáveis pelos sucessos ou as falhas de suas organizações.
Conseqüentemente, sem empregados motivados não é possível ter
organizações produtivas.
Desta forma, as pessoas são à base da gestão do
conhecimento; sendo assim, a perda de um funcionário valioso coloca em
risco o capital social e intelectual de toda uma organização. Essas
pessoas adquirem conhecimentos, criam idéias e produtos novos,
estabelecem relacionamentos para tornar eficaz a sua contribuição.
Recentemente, a maioria das empresas tem realizado experiências em
alguns processos novos, tais como administração do tempo, sistemas da
2 GELLERMAN, S. W. Motivação e Produtividade. São Paulo, 1986.
15
qualidade, controle de custo, certificações ISS/QS 9000 e novas
estratégias de gestão, obtendo, como resultado, uma hierarquia mais
horizontal, processos mais dinâmicos e menos redundantes e eliminação
de trabalhos considerados desnecessários. Em conseqüência disso,
algumas tarefas desapareceram, outras foram automatizadas, passou-se
a exigir de algumas pessoas maior produtividade, enquanto outras
deixaram as empresas.
Segundo LEVY- LEBOYER3
(...) a reorganização das tarefas feita no sentido de um aumento do significado do trabalho para aquele que o realiza e as novas formas de organização do trabalho que permitam aumentar a variedade, a identidade e o valor da tarefa representam certamente uma fonte potencial que relança e reativa as motivações no trabalho.
As pessoas sentem-se estimuladas com o tópico
liderança. Querem saber: De que é feito um líder? Administradores de
todos os níveis em todos os setores interessam-se por essa questão.
Acreditam que a resposta proporcionará melhora no desempenho da
organização e no sucesso das carreiras pessoais. Esperam adquirir as
habilidades que transformarão um administrador "mediano" num
verdadeiro líder.
Felizmente, a liderança pode ser ensinada e aprendida. A
liderança parece ser a convocação de habilidades possuídas por uma
maioria, mas utilizada por uma minoria. É, porém, algo que pode ser
aprendido por qualquer pessoa, ensinado a todos, não devendo ser
negado a ninguém.
O que é liderança? Para começar, um líder é alguém que
influencia os outros a atingir metas. Quanto maior o número de
seguidores, tanto maior a influência. E quanto mais bem-sucedida a
realização de metas importantes, tanto mais evidente a liderança. Mas
deve-se explorar, além dessa definição simples para se captar o estímulo
e a perplexidade, que os seguidores devotados e estudiosos da liderança
3 LEVY-LEBOYER, C. A crise das motivações. São Paulo, 1994.
16
sentem quando deparam com um grande líder em ação, bem como
entender o que os líderes das organizações realmente fazem, ou o que é
necessário para entrar no "Hall of Fame" da Revista Fortune no quesito
liderança.
Líderes excepcionais têm visão. Conduzem pessoas e
organizações em direções que sozinhas não seguiriam. Podem lançar
empreendimentos, formar culturas organizacionais, ganhar guerras ou
mudar o curso dos eventos. São estrategistas que agarram oportunidades
que outros deixam de perceber, mas também são detalhistas
apaixonados - atenciosos às pequenas realidades fundamentais que
podem realizar ou destruir o maior dos planos.
Também, entender por que as pessoas fazem o que
fazem no trabalho não é uma tarefa fácil para o administrador. Prever a
resposta delas ao mais recente programa de produtividade da empresa é
mais difícil ainda. Felizmente, existe bastante informação sobre motivação
para fornecer ao administrador sensato, técnicas práticas e eficientes
para aumentar o esforço e o desempenho de seu pessoal.
Antes da chamada revolução industrial, ninguém se
preocupava com os problemas da motivação das pessoas. As unidades
de produção eram pequenas e as técnicas de produção muito simples. O
dia de trabalho era longo, mas não havia problemas acerca da utilização
dos esforços humanos e da motivação. Quando a indústria cresceu, com
o aumento de capitais, fábricas, maquinários, começou a visar a um
aumento de produtividade. O trabalhador passou a ser um outro elemento
do processo de produção. E acreditou-se que o melhor incentivo seria o
dinheiro. O colaborador era estandardizado numa administração
científica.
O pai da idéia foi Taylor. Todas as pessoas são iguais, e a
administração científica vai aumentar a satisfação do trabalhador -
concepção Tayloriana. O colaborador começou a ser pago em função da
produção, com salários adicionais. No entanto, perceberam as pessoas
que não podiam produzir além de certo nível, pois não podiam exceder as
demandas do mercado, já que seriam despedidos. Entrou em jogo a
17
necessidade de segurança. As verdadeiras necessidades da motivação
humana começaram a aparecer, e a administração científica chegou a ter
um número crescente de fracassos. Apareceu finalmente Elton Mayo,
chamado para resolver fracassos numa indústria. Realizou Mayo uma
série de experiências, reconhecendo que as pessoas buscavam mais do
que dinheiro no trabalho e necessitavam de outros estímulos. Verificou
que eles desejavam pertencer a um grupo e serem considerados como
membros significativos do mesmo. Quando os trabalhadores conseguem
um sentimento maior do valor pessoal participam das decisões que
afetam o seu trabalho. Muitos incentivos estavam sendo incluídos, como
segurança, afiliação, estima, interesse pelo trabalho e êxito. Mayo iniciou,
assim, o movimento de relações humanas.
Os trabalhos de Mayo serviram para mostrar que a
produtividade aumentou porque os trabalhadores conseguiram, pelas
experiências que realizou, um sentimento maior de valor pessoal:
participação nas decisões que afetavam o seu trabalho; ter um
envolvimento no próprio trabalho; sentir-se mais seguros em seu trabalho,
devido ao tratamento permissivo e amistoso do experimentador; ter a
oportunidade de ganhar mais dinheiro, devido ao sistema de recompensa
como incentivo ao grupo.
A motivação refere-se a forças que energizam, dirigem e
sustentem os esforços de uma pessoa. Todo comportamento, exceto
reflexos involuntários como o piscar de olhos, é motivado. O indivíduo
passa pela seleção, sofre a ação do treinamento, mas falta ainda uma das
fases mais importantes: a fase de ação do comportamento. Diz um velho
provérbio: "pode-se levar um cavalo à água, mas não se pode levá-lo a
beber". Um colaborador poderá estar dotado generosamente de todas as
qualidades necessárias ao desempenho do cargo, ter as ferramentas
necessárias, ter um bom ambiente de trabalho. Mas isto não garantirá, de
antemão, que ele executará a contento sua tarefa.
A misteriosa qualidade que o leva a empreender a ação
para executar a tarefa está diretamente ligado aos problemas da
motivação humana na empresa. Uma pessoa altamente motivada
18
trabalhará com afinco para atingir metas de desempenho. Com habilidade
e entendimento adequados de sua função, essa pessoa será altamente
produtiva. Em uma sociedade de produção em massa, o empreendimento
de motivar as pessoas a trabalhar não constitui uma tarefa fácil, visto que
muitas obtêm pouca satisfação pessoal dos seus empregos e auferem
pouco senso de realização e criatividade. É preciso, de início, diferenciar
necessidade, incentivo e motivação.
As necessidades são os desejos sentidos pelo indivíduo.
São chamadas também de exigências ou imperativos. Os incentivos são
os objetos ou os comportamentos que satisfazem as necessidades.
Muitos fatores podem impedir que uma pessoa tenha altos desempenhos.
Um vendedor altamente motivado pode trabalhar 60 horas por semana,
mas ter dificuldade em atingir suas metas de desempenho por vários
motivos. Pode não entender seus clientes ou seus produtos, pode
trabalhar para uma empresa sem reputação/ ter de/vender produtos
inferiores a preços absurdos, ter dificuldade no campo de vendas, ou ser
perturbado por épocas de recessão na economia.
Administradores eficientes facilitam o desempenho
fornecendo as coisas de que as pessoas precisam para desempenhar sua
função. Podem oferecer a seu pessoal treinamento adequado,
ferramentas e equipamentos necessários, orçamento apropriado, pessoal
de apoio, autoridade e informação suficientes para que o pessoal faça um
bom trabalho. Sem esses elementos, até mesmo as pessoas altamente
motivadas não vão ter um bom desempenho. Assim, ao perceberem que
a situação inibe em vez de auxiliar seu desempenho, perdem a
motivação.
19
CAPÍTULO II
MOTIVAÇÃO E A
TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS
O termo motivo vem do elemento MOV = mover. Daí vem
à ação de mover, isto é, motivação. A motivação vem através ou em cima
de uma necessidade, uma pessoa precisa de alguma coisa e se motiva
para ir atrás disso. As necessidades internas e os impulsos criam tensões
que são modificadas pelo ambiente. (NEWSTROM & DAVIS, 1998). Então
com o impulso da necessidade, uma pessoa tem motivo ou motivação
para fazer algo e dependo da vontade de chegar ao objetivo ela persiste
até o fim. A direção inicia um comportamento e a persistência mantém
esse comportamento. (MINICUCCI, 1995).
A motivação é o elemento que faz com que a pessoa
persista na ação com a mesma vontade e que faz com que ela não pare
de tentar. Podemos caracterizar a motivação como uma força
impulsionadora em direção a um objetivo. Em linhas gerais, a motivação é
um conjunto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscientes) de
ordem fisiológica, intelectual ou afetiva que interagem e determinam a
conduta de um indivíduo. Os psicólogos acham que a motivação é uma
concentração de energia que, estimulada por desejos ou necessidades
próprias do ser humano, gera tensão ou motivo para uma ação.
Conforme BERGAMINI4:
A palavra motivação deriva originalmente da palavra latina movere, que significa mover. Essa origem da palavra encerra a noção de dinâmica ou de ação que é a principal tônica dessa função particular da vida psíquica. O caráter motivacional do psiquismo humano abrange, portanto, os diferentes aspectos que são inerentes ao processo, por meio do qual o comportamento das pessoas pode ser ativado.
4 BERGAMINI, C.W. Motivação nas Organizações. São Paulo, 1997.
20
Por outro lado, GEORGE, J.M e JONES, G.R afirmam:
O trabalho motivacional é uma força psicológica que determina a direção do comportamento de uma pessoa em uma organização, seu nível pessoal de esforço e seu nível de persistência.5
Para GELLERMAN6:
A primeira e mais importante afirmativa que se pode fazer a respeito das motivações é que todos têm ima porção delas e que ninguém tem exatamente a mesma combinação de desejos e necessidades que os demais indivíduos. Isso quer dizer que não há uma única motivação capaz de determinar como todos os operários se conduzirão com relação a todas as tarefas e, conseqüentemente, não há uma estratégia específica que faça todos e em todas as partes terem um moral elevado e produtividade satisfatória.
Segundo CHANLAT7:
Freud foi primeiro a chamar a atenção para a importância da motivação inconsciente. No entanto, ele apenas queria dizer que normalmente as pessoas não têm conhecimento de tudo o que desejam, que freqüentemente possuem gostos, inclinações ou idéias que influem poderosamente no seu comportamento, mas que realmente são capazes de perceber. As investigações levadas a efeito por Freud convenceram-no de que as motivações da maioria dos indivíduos são bastante parecidas com o iceberg: apenas uma pequena proporção aparece acima da superfície de maneira a fazer sentir sua presença, enquanto que a maior parte fica oculta e impedida de chegar à consciência do indivíduo por poderosas forças.
5 GEORGE, J. M. JONES. G. R. Organizacional Behavior.New York, 1999. 6 GELLERMAN,S.W.Motivação e Produtividade, São Paulo, 1976. 7 CHANLAT,J.F. O Indivíduo na organização, São Paulo, 1966.
21
Um trabalhador motivado produz muito mais que um
trabalhador desmotivado ou não motivado. As organizações que tem
programas para motivação de empregados conseguem resultados muito
bons. Isso se percebe pela alta produtividade de um trabalhador
motivado. Muitos pensam que motivação é um dom, alguns têm, outros
não. Mas a motivação para o trabalho tem que vir externamente, pois
trabalhar é uma necessidade, mas ultrapassar as metas é um objetivo
que vem com a motivação a mais e não somente com a de trabalhar.
Embora não haja respostas simples para a questão da motivação, um
importante ponto de partida reside na compreensão das necessidades do
empregado. (NEWSTROM & DAVIS, 1998).
Douglas McGregor propôs duas visões distintas do
homem: uma basicamente negativa, denominada teoria X, e outra
basicamente positiva, denominada teoria Y. Na teoria X, as quatro
preposições mantidas pelo administrador são: Os empregados detestam
inerentemente o trabalho e sempre que possível procurarão evitá-lo. Uma
vez que os empregados detestam o trabalho, devem ser coagidos,
controlados ou ameaçados com punições para se alcançar os objetivos
desejados. Empregados evitarão responsabilidades e procurarão receber
ordens formais, sempre que possível. A maioria dos trabalhadores põe a
segurança acima de todos os fatores associados ao trabalho, exibindo
pouca ambição. Em oposição a esta visão negativa da natureza do
homem, McGregor cita outras quatro pressuposições, que denomina
teoria Y.
Os empregos podem chegar a encarar o trabalho como
tão natural, como descanso ou divertimento. Uma pessoa exercerá
autodireção e autocontrole quando estiver comprometida aos objetivos.
Uma pessoa média pode aprender a aceitar, e até mesmo a procurar
responsabilidades. Criatividade, isto é, capacidade de adotar boas
decisões, é amplamente dispersa na população, não sendo
necessariamente uma atribuição exclusiva dos ocupantes das funções
administrativas. Infelizmente, nenhum desses conjuntos de hipóteses
representa uma descrição precisa do homem. Os administradores não
22
tem que encarar o homem tão negativamente como sugere a teoria X,
nem tão positivamente como sugere a teoria Y.
O psicólogo Abraham Maslow formulou a hipótese de que
em cada ser humano existe uma hierarquia de cinco necessidades. Na
medida em que cada necessidade fica substancialmente satisfeita, uma
pessoa sobe um degrau para a necessidade insatisfeita seguinte. A teoria
afirma que uma necessidade substancialmente satisfeita deixa de motivar.
Essa hierarquia é composta das necessidades fisiológicas, de segurança,
social, estima e auto-realização:
X Necessidade de auto-realização: No topo da pirâmide encontra-
se a necessidade de auto-realização. É a necessidade de realizar o
máximo do potencial individual próprio. Uma pessoa que busca a
auto-realização está caminhando em direção ao uso das suas
potencialidades, talentos e capacidades.
X Necessidades de reconhecimento ou estima: É a necessidade
que as pessoas têm tanto de amor-próprio quanto do
reconhecimento dos outros.
X Necessidade social ou de pertencer a um grupo: Como o
homem é um ser social, tem necessidade de participar de grupos a
ser aceito pelas pessoas. Depois que um indivíduo começa a
satisfazer sua necessidade de participação, geralmente deseja ser
mais do que apenas um membro do grupo e sente a necessidade
de estima.
X Necessidade de segurança ou de estabilidade:
Fundamentalmente é a necessidade de estar livre de perigo físico,
de medo e de privação das necessidades fisiológicas básicas.
X Necessidade básica ou de sobrevivência: Essas necessidades
representam a base da pirâmide por terem força maior. Somente
quando satisfeitas, o indivíduo passará a sentir necessidade de
segurança, que é o próximo degrau da escala. Essas necessidades
fisiológicas, básicas para a manutenção da vida, são: alimento,
roupa, abrigo, etc. Observa-se, assim, que existe uma hierarquia
de necessidades. Portanto, se um homem não tem satisfeitas as
23
suas necessidades fisiológicas, ele não vai adquirir consciência da
necessidade de estima, por exemplo.
A premissa de MASLOW dispunha que à medida que o
homem satisfizesse suas necessidades básicas, surgiriam outras mais
importantes, como satisfazer primeiramente suas necessidades
fisiológicas (ex: comida) antes de considerar suas necessidades de auto-
realização (ex: educação superior) ou fazer amigos em um ambiente em
que se sentisse seguro. Alguns estudiosos acreditam que certos níveis
gradativos de necessidades não são realmente hierárquicos e que uns
níveis podem ser totalmente preenchidos antes que outros. Isso pode
acontecer de fato ao tentarmos equilibrar nossa vida profissional e
pessoal, ou seja, algumas necessidades são satisfeitas e outras não.
Há pessoas que se sentem satisfeitas em estudar para
obter um bacharelado; ou em atuar ativamente na comunidade,
satisfazendo assim sua necessidade social. O que nos motiva depende
de quem somos e de quanto já conseguimos realizar, pois o ser humano
persegue a satisfação dos seus desejos e motiva-se para atendê-los.
Quando essas necessidades não são satisfeitas, geram tensão. Na
tentativa de diminuir essa tensão, o indivíduo ganha força motivadora
para buscar a realização de suas necessidades. Resumidamente tem-se:
24
X Auto-realização: É o impulso de alcançar aquilo que se é capaz
de alcançar: incluem crescimento, realização do próprio potencial e
auto-satisfação.
X Estima: Incluem fatores internos de estima, tais como auto-
respeito, autonomia e realização; e fatores externos, tais como
status, atenção recebida e reconhecimento.
X Social: Incluem afeição, sensação de pertencer, aceitação e
amizade.
X Segurança: Segurança social e proteção contra danos físicos e
emocionais.
X Fisiológicas: Incluem fome, sede, abrigo, sexo e outras
necessidades corporais.
Maslow separou as cinco necessidades em dois níveis:
superior e inferior. As necessidades fisiológicas, de segurança e o social
foram descritas como de ordem inferior, e as de estima e auto-realização
como de ordem superior. A diferenciação entre as duas ordens foi feita
com base na premissa de que as necessidades de ordem superior são
satisfeitas no interior da pessoa, enquanto as de ordem inferior tem
satisfação predominantemente externa (como, por exemplo, salários,
contratos sindicais, estabilidade e condições amigáveis de trabalho).
O modelo da hierarquia das necessidades de Maslow
propõe essencialmente que as pessoas têm necessidades que desejam
satisfazer e que aquelas que já foram satisfeitas não tem mais a força
motivacional das necessidades não satisfeitas. (NEWSTROM & DAVIS,
1998).
Frederick Herzberg, na sua crença de que a relação de
uma pessoa com seu trabalho é básica e de que a sua reação diante do
trabalho bem pode determinar seu sucesso ou fracasso, investigou a
questão: O que as pessoas desejam de seus empregos? Fatores
intrínsecos como realização, reconhecimento, o trabalho em si,
responsabilidade e possibilidade de progresso pareciam ser relacionados
com satisfação no emprego.
25
Herzberg interpretou seus resultados para propor a
existência de um contínuo dual em que o oposto de satisfação é a não-
satisfação, e o oposto de insatisfação é a não-insatisfação. Os fatores que
conduzem à satisfação no emprego são separados e distintos daqueles
que conduzem a insatisfação, de acordo com Herzberg. Portanto, agindo-
se para eliminar os fatores que criam insatisfação no emprego, é possível
trazer paz, mas não necessariamente motivação. Ele sugere que se
desejar motivar empregados deve-se atribuir ênfase à realização,
reconhecimento ao trabalho em si, responsabilidade, crescimento e
possibilidade de progresso.
Apenas para exemplificar:
A força de motivação de uma pessoa para desempenhar-
se bem depende de quanto ela acredita poder conseguir aquilo que tenta
fazer. Alcançando seu objetivo e sendo compensada adequadamente
pela organização, será que a recompensa satisfará seus objetivos
individuais? Reconhece-se que não existe um método universal para
motivar pessoas. Além disso, o fato de entender as necessidades que um
empregado procura fazer não assegura que ele perceba que o bom
desempenho no emprego leva necessariamente a sua satisfação.
A motivação individual será significativamente pelas
probabilidades que o empregado atribua as seguintes relações: que seu
esforço conduza a desempenho, que o desempenho conduza a
recompensas e que estas satisfaçam objetivos pessoais. Representa a
26
crença do empregado de que uma recompensa será recebida tão logo a
tarefa seja cumprida. (NEWSTROM & DAVIS, 1998).
A compreensão do que representa a liderança nos dias
atuais, exige o conhecimento prévio dos caminhos pelas quais passou as
teorias administrativas ao longo do tempo. O período em que compreende
a Teoria Comportamental, denominou-se "Era Industrial Neoclássica
(1950-1990)", onde a ênfase nas pessoas teve seu início com a "Teoria
das Relações Humanas". Essa abordagem surgiu com os resultados da
famosa experiência de Hawthorne, realizada na década de 1930 para
pesquisar o efeito das condições ambientais sobre a produtividade do
pessoal, no sentido de dar importância ao fator humano na organização e
a necessidade de humanização e democratização das organizações.
As principais conclusões de Hawthorne foram: o trabalho
é uma atividade tipicamente grupal; o operário não reage como indivíduo
isolado; a tarefa da administração é formar líderes capazes de
compreender, comunicar e persuadir; e a pessoa é motivada
essencialmente pela necessidade do trabalho em equipe. Com o impacto
da "Teoria das Relações Humanas", os conceitos antigos, tais como:
organização formal, disciplina, departamentalização; passam a ceder
lugar para novos conceitos como organização informal, liderança,
motivação, grupos sociais, recompensas etc.
A maior contribuição da Teoria das Relações Humanas foi
ressaltar a necessidade de boas relações humanas no ambiente de
trabalho, o tratamento mais humano dado às pessoas, a adoção de uma
administração mais participativa em que as pessoas possam ter um papel
mais dinâmico. Como conseqüência dessa teoria, surgem os líderes a fim
de melhorar o tratamento dado às pessoas e propiciar um ambiente
motivacional de trabalho mais favorável e amigável.
Portanto, os fatores básicos da Teoria das Relações
Humanas são: organização tratada como grupo de pessoas; ênfase nas
pessoas e grupos sociais; sistemas psicológicos motivacionais; liberdade
e autonomia do empregado e confiança nas pessoas. No decorrer da "Era
27
Industrial Neoclássica" surge a Teoria Comportamental, a moderna
sucessora da Teoria das Relações Humanas.
A Teoria Comportamental trouxe novos conceitos sobre
motivação, liderança e comunicação, que alteravam completamente os
rumos da teoria administrativa, tornando-a mais humana e amigável. São
muitas as teorias da motivação. A teoria tradicional da motivação, surgida
de um movimento científico da administração na virada do século, baseia-
se na suposição de que o dinheiro é o principal motivador. Se a
recompensa financeira for grande, os trabalhadores produzirão mais.
Desse modo, as recompensas financeiras devem estar relacionadas
diretamente ao desempenho.
Provavelmente, o modelo de motivação mais difundido e
mais importante seja o estudo de Abraham Maslow, com a sua "Teoria da
Hierarquia de Necessidades". De acordo com seus estudos: "apenas as
necessidades não satisfeitas são fontes de motivação". (Montana &
Charnov, 1999). Maslow citado em Montana & Charnov (1999) afirmava
que: "existem cinco sistemas responsáveis por grande parte do nosso
comportamento". Ele colocou esses sistemas em uma escala hierárquica,
indo do mais primitivo e imaturo para o mais civilizado e maduro:
sobrevivência; proteção ou segurança; necessidade de pertencer a um
lugar; estima ou ego; e auto-realização.
X Necessidades fisiológicas ou biológicas: constituem o nível
mais baixo de todas as necessidades humanas, como as
necessidades de alimentação (fome e sede), de sono e repouso
(cansaço), abrigo (frio ou calor), ou desejo sexual (reprodução da
espécie). Estas necessidades são relacionadas com a própria
subsistência e existência do indivíduo.
X Necessidades de segurança: constituem o segundo nível das
necessidades humanas. Levam a pessoa a proteger-se de
qualquer perigo real ou imaginário, físico ou abstrato: a busca de
proteção contra a ameaça ou privação, a fuga ao perigo, o desejo
de estabilidade, a busca de um mundo ordenado e previsível são
manifestações típicas destas necessidades. Surgem no
28
comportamento humano quando as necessidades fisiológicas
estão relativamente satisfeitas.
X Necessidades sociais: são as necessidades relacionadas com a
vida associativa do indivíduo com outras pessoas. São as
necessidades de associação, de participação, de aceitação por
parte dos colegas, de troca de amizade, de afeto e amor. Surgem
quando as necessidades mais baixas (fisiológicas e segurança) se
encontram relativamente satisfeitas. Quando as necessidades
sociais não estão suficientemente satisfeitas, a pessoa se torna
resistente, antagônica e hostil com relação às pessoas que a
cercam e as conduzem geralmente à falta de adaptação social e à
solidão.
X Necessidades de estima: são necessidades relacionadas com a
maneira pela qual a pessoa se vê e se avalia, isto é, com a auto-
avaliação e auto-estima. Envolvem a auto-apreciação, a
autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de
reconhecimento, de status, prestígio e de consideração. A
satisfação dessas necessidades conduz a sentimentos de
autoconfiança, de valor, força, prestígio, poder, capacidade e
utilidade. A sua frustração pode produzir sentimentos de
inferioridade, fraqueza, dependência e desamparo, os quais, por
sua vez, podem levar ao desânimo ou a atividade compensatória.
X Necessidades de auto-realização: são as necessidades humanas
mais elevadas e que se encontram no topo da hierarquia. São
necessidades que levam cada pessoa a realizar o seu próprio
potencial e de se desenvolver continuamente ao longo da vida.
Essas necessidades estão relacionadas com a plena realização
daquilo que cada pessoa tem de potencial e de virtual, da utilização
plena dos talentos individuais.
A teoria e a prática da motivação têm sido estudadas por
muito tempo. A motivação pode causar aumentos substanciais na
29
produtividade e na satisfação no trabalho, além de substanciais reduções
nas faltas, nos atrasos, nos agravos e daí por diante.
No processo de motivação, as necessidades não
satisfeitas criam tensão, que levam a atividades direcionadas a satisfazer
a necessidade humana de reduzir a tensão. A motivação pode ser
descrita como o processo de estimular o indivíduo a tomar ações que
levarão ao preenchimento de uma necessidade ou à realização de uma
meta desejada.
A partir da
Teoria das Relações
Humanas, todo o acervo
de teorias psicológicas
acerca da motivação
humana passou a ser
aplicado nas
organizações
empresariais. Verifica-se
que todo comportamento
humano é motivado. Que
a motivação, no sentido
psicológico, é a tensão persistente que leva o indivíduo a alguma forma
de comportamento visando à satisfação de uma ou mais determinadas
necessidades. Daí o conceito de ciclo motivacional. O ciclo motivacional
pode ser assim explicado: O organismo humano permanece em estado
de equilíbrio psicológico (equilíbrio de forças psicológicas, segundo
Lewin), até que um estímulo o rompa e crie uma necessidade. Essa
necessidade provoca um estado de tensão em substituição ao anterior
estado de equilíbrio. A tensão conduz a um comportamento ou ação
capaz de atingir alguma forma de satisfação daquela necessidade. Se
satisfeita a necessidade, o organismo retorna ao seu estado de equilíbrio
inicial, até que outro estímulo sobrevenha. Toda satisfação é basicamente
EQUILÍBRIO
ESTÍMULO OU INCENTIVO
NECESSIDADE
TENSÃO
COMPORTAMENTO OU AÇÃO
SATISFAÇÃO
30
uma liberação de tensão, uma descarga tensional que permite o retorno
ao equilíbrio anterior.
Com relação a frustração e compensação8, nem sempre a
satisfação das necessidades é obtida. Pode existir alguma barreira ou
obstáculo ao alcance da satisfação de alguma necessidade. Toda vez que
alguma satisfação é bloqueada pro alguma barreira ocorre à frustração.
Havendo frustração a tensão existente não é liberada por meio da
descarga provocada pela satisfação. Essa tensão acumulada no
organismo mantém o estado de desequilíbrio.
Por outro lado, o ciclo motivacional pode ter outra solução
além da satisfação da necessidade ou da frustração: a compensação ou
transferência. Ocorre a compensação (ou transferência) quando o
indivíduo tenta satisfazer alguma necessidade impossível de ser satisfeita
por meio da satisfação de outra necessidade complementar ou
substitutiva. Assim, a satisfação de outra necessidade aplaca a
necessidade mais importante e reduz ou evita a frustração. Desta forma
toda necessidade humana pode ser satisfeita, frustrada ou compensada.
Cada uma dessas soluções envolve uma infinidade de nuances e de
variações intermediárias, pois toda necessidade não-satisfeita é
motivadora de comportamento, porém, quando uma necessidade não é
satisfeita dentro de algum tempo razoável, ela passa a ser um motivo
frustrado.
8 Extraído Ipsis Literis de CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração. Vol. 1. 3ª ed. McGraw-Hill. São Paulo, 1987. p. 190.
31
A literatura sobre o moral dos empregados teve seu início
com a Teoria das Relações Humanas. O moral é um conceito abstrato,
intangível, porém perfeitamente perceptível. O moral é uma decorrência
do estado motivacional, uma atitude mental provocada pela satisfação ou
não-satisfação das necessidades dos indivíduos. Como o moral está
intimamente relacionado com o estado motivacional, na medida em que
as necessidades dos indivíduos são satisfeitas pela organização, ocorre
uma elevação do moral, enquanto, na medida em que as necessidades
dos indivíduos são satisfeitas pela organização, ocorre uma elevação do
moral, enquanto na medida em que as necessidades dos indivíduos são
frustradas pelas organizações, ocorre um abaixamento do moral. Via de
regra quando o moral está elevado é porque as necessidades individuais
encontram meios e condições de satisfação; quando o moral está baixo é
porque as necessidade individuais encontram barreiras internas ou
externas que impedem sua satisfação e provocam a frustração.
O moral elevado é acompanhado de uma atitude de
interesse, identificação, aceitação fácil, entusiasmo e impulso positivo em
32
relação ao trabalho e geralmente em paralelo a uma diminuição dos
problemas de supervisão e de disciplina. O moral elevado desenvolve a
colaboração, porquanto ela se apóia em uma base psicológica onde
predomina o desejo de pertencer e a satisfação de trabalhar em grupo.
Depende invariavelmente do clima de relações humanas que se
desenvolve dentro de uma organização, principalmente quando a
organização formal permite um adequado entrosamento com a
organização informal, quando as comunicações são de boa qualidade e o
nível de supervisão é satisfatório.
Por outro lado, o moral baixo é acompanhado por uma
atitude de desinteresse, negação, rejeição, pessimismo e apatia com
relação ao trabalho e geralmente trazendo problemas de supervisão e de
disciplina. Assim, o moral é uma conseqüência do grau de satisfação das
necessidades individuais.
33
CAPÍTULO III
MOTIVAÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO
Avançando nos estudos de MASLOW HERZBERG,
voltou-se para aspectos mais ligados ao trabalho. Este autor considera as
necessidades fisiológicas e de segurança como fatores higiênicos (se não
satisfeitos, geram insatisfação, ao passo que, se satisfeitos, não geram
satisfação). Nesse sentido, salários, benefícios e condições físicas de
trabalhos inadequados podem causar insatisfação, mas, se adequados,
podem não motivar as pessoas, enquanto as necessidades afetivo-sociais
de estima e de auto-realização compõem o que ele chamou de fatores
motivacionais. São eles que produzem efeitos duradouros nas pessoas e
englobam sentimentos profundos de satisfação, realização, crescimento e
reconhecimento.
É na busca de atender a essas necessidades que
HERZBERG vê surgir o fenômeno da motivação como uma força interna,
uma energia interior própria e exclusiva do ser humano, pois a nossa
satisfação pessoal decorre dos fatores motivacionais. Pode-se também
dizer que a motivação existe em função do nosso desejo interno de
objetivos relativos ao mundo exterior, pois desejamos o conforto ou o
prazer que um bem nos proporciona (por exemplo, um carro novo),
desejamos a estima e a aceitação das pessoas, desejamos nos
desenvolver, e os nossos desejos são infindáveis. Isso nos coloca numa
busca constante: a satisfação de uma necessidade não nos paralisa, ao
contrário, desencadeia dentro de nós outra necessidade a ser suprida, e
lá vamos nós atrás dela. O estado de carência ou o desejo provoca em
nós uma conduta de busca.
Ao se dar o encontro da necessidade com o seu
correspondente fator motivacional, o Autor considera que tenha ocorrido o
ato motivacional rumo a um objetivo e, por conseqüência, a satisfação
obtida pela saciação da necessidade, que podemos observar pelas
seguintes características que são inerentes ao comportamento motivado.
34
X Excitação: É o comportamento repleto de energia que torna o
indivíduo mais ativo e inquieto.
X Direção: O comportamento motivado tem propósito, intenção. O
indivíduo motivado tem direção, ou seja, um objetivo, uma meta.
X Sentimento de vontade ou desejo: O sentimento de querer ou
desejar é experimentado na forma de tensão, esforço e
expectativa. Quando o objetivo é alcançado, a tensão e o esforço
desaparecem com a atividade.
HERZBERG conclui que um indivíduo que exiba um
comportamento motivado estará indo ao encontro da satisfação das suas
necessidades. Exemplificando, impulsos primários como a fome, levam o
indivíduo a comer. O elemento motivador é a influência que sempre tem
como resultado um estado de euforia ou um aumento de esforços.
Os fatores saudáveis não produzem qualquer melhoria ou
aumento de esforços, e na disposição do indivíduo, servem apenas para
evitar queda ou moral ou da eficiência, ou seja, são pré-requisitos da
verdadeira motivação, mas sem capacidade própria de motivar, pois
apenas estabelecem uma base de apoio do moral que evita o surgimento
de grave insatisfação ou redução da produtividade, possibilitando a ação
das influências motivadoras. Todavia, a importância maior dos fatores
saudáveis está no fato de nada fazerem para aumentar o desejo do
homem de executar bem sua tarefa.
Na empresa, a real motivação dos funcionários seria as
oportunidades de tornarem-se melhores técnicos e mais capazes de
executarem trabalhos mais difíceis. Segundo o autor, salários, segurança
no emprego e condições de trabalho são fatores saudáveis: quando
inadequados, produzem acentuado efeito negativo no estado de espírito
dos indivíduos, porém, quando bem dosados, não têm influência alguma.
Por conseguinte, seria pouco sensato pensar em motivar tais pessoas
exclusivamente com bons salários, vantagens adicionais e atraente local
de trabalho, uma vez que o resultado seja absolutamente nulo. Em
35
compensação, se fossem privados desses benefícios, sua motivação
decairia rapidamente.
O mesmo princípio pode ser aplicado às chamadas
práticas de boa supervisão, ou seja, considerar os subordinados como
pessoas, tratá-los com justiça, adotar métodos de comunicação
destinados a mantê-los a par das metas e políticas da empresa. Ainda
segundo HERZBERG, isso não faz os homens terem opinião mais
construtiva a respeito do seu trabalho, nem quererem esforçar-se mais;
todavia; quando a supervisão demonstra falta de tato, ou as
comunicações são más, parece que ficam desanimados e passam a
esforçar-se apenas o mínimo indispensável à execução das suas tarefas.
No entender de BERGAMINI:
... os sistemas de recompensas conseguem apenas uma submissão temporária por parte dos empregados. São ineficazes em produzir mudanças duradouras de comportamento e atitudes. Retirados os prêmios, as pessoas voltam a assumir as suas velhas posturas, não criando nenhum compromisso definitivo, seja com relação a valores, seja quanto à suas ações". 9
Ainda BERGAMINI:
É moda entre dirigentes de empresa dizer que a participação dos operários é importante. Freqüentemente fazem declarações pomposas como a seguinte: deve-se fazer com que o operário sinta que participa, mas procurando oferecer essa sintética sensação de participação mediante distribuição de relatórios entre os operários e informá-los por outros meios de como a empresa vai indo. Entretanto, a participação depende de modificações no comportamento e nas atividades das pessoas, como permitir que tenham iniciativa no que se refere à mudança de procedimentos na administração de pessoal. Se a gerência não estiver disposta a empreender nenhuma alteração profunda, será inútil tentar a implantação de tal plano. 10
9 BERGAMINI,C.W. Motivação nas Organizações.São Paulo, 1997. 10 Ibidem, p. 67.
36
O poder de disciplinar e até de influir na determinação das
próprias recompensas parece ser, mais do que o dinheiro, a chave da
elevação constante da produtividade.
O dinheiro tornou-se mais um símbolo da nova motivação
principal do que um instrumento de poder aquisitivo. Isso significa que,
após a acumulação de capital em quantidade suficiente, o dinheiro se
torna cada vez mais irracional e simultaneamente menos poderoso como
fator motivacional.
O grupo de pesquisas por ele coordenado obtiveram
provas convincentes de que o modo de chefiar influía na motivação dos
subordinados e vice-versa, sendo que tais efeitos recíprocos permitiram
concluir que, com respeito à produção, o método mais eficiente era
demonstrar maior atenção às necessidades dos empregados, tratá-los
com consideração e respeito maior do que à própria produtividade.
Suas idéias a respeito da maneira como a administração
deve tratar as pessoas gradualmente evoluíram até o que ele chama de
"teoria modificada" de organização e administração. Ao pensar em ativo e
passivo, lucros e perdas, a administração não tem o cuidado de se
aprofundar suficientemente, pois não reconhece que os empregados são,
ou podem ser, um "ativo" que merece a mesma atenção e planejamento
que seu ativo material, e que danos causados ao moral ou à motivação do
seu ativo humano deve ser contabilizado como prejuízo.
A motivação que possibilita a obtenção contínua de
elevada produtividade é geralmente produto de determina espécie de
liderança que demonstre interesse, que ofereça colaboração, que não
seja intrometida, e não um incitamento provocado pelo dinheiro. Sendo
assim, o investimento da empresa em seus empregados não terá
garantias adequadas se apenas forem todos bem pagos e devidamente
segurados, porém mal liderados, pois a chave de uma equipe de trabalho
motivada para produzir bem está no método de supervisão que considere
importante fazer os operários se sentirem como donos do seu serviço.
Os empregados não podem ser os únicos responsáveis
por sua motivação. Os gerentes podem motivar os empregados
37
compreendendo a lógica de suas ações, reconhecendo o desempenho
bom, fornecendo o incentivo e sendo líderes ativos. Entretanto, não
devem cometer erros, como penalizar aqueles que tiveram um bom
desempenho, recompensar os empregados de desempenho deficiente ou
comunicar aos empregados que seu desempenho não importa para a
empresa.
Como as pessoas são primariamente motivadas por
incentivos econômicos (salários), a empresa deve utilizar a remuneração
como um meio de recompensa (para o bom trabalhador) ou de punição
(para o empregado que não se dedique suficientemente à realização de
sua tarefa). Por outro lado, considera-se que, para o trabalhador médio, o
trabalho é tão natural quanto à brincadeira para a criança - pode ser
gratificante ou punitivo, dependendo das circunstâncias - e as pessoas
são capazes de assumir responsabilidades, uma vez que a motivação não
envolve aquilo que o gerente faz aos indivíduos, pois as forças
motivadoras são inatas. Esta teoria desenvolve um estilo de direção muito
aberto e dinâmico, extremamente democrático, por meio do qual
administrar é um processo de criar oportunidades, liberar potenciais,
remover obstáculos, encorajar o crescimento individual e proporcionar
orientação quanto a objetivos. A tarefa essencial da administração será,
então, criar condições organizacionais por meio das quais os indivíduos
possam atingir melhor os seus objetivos pessoais, orientando-os na
direção objetivos da empresa.
O que o trabalhador irá receber da organização inclui
salário, benefícios, satisfação, status, oportunidades de carreira,
segurança, enquanto as contribuições incluem conhecimento,
treinamento, educação, experiência, esforço no trabalho, tempo e outras
coisas que ele oferece para a organização. As empresas acreditam que
transformando o trabalho num desafio, com uma oportunidade de carreira
e reconhecimento possam devolver uma nova energia aos funcionários
desmotivados, entretanto os funcionários estão somente preocupados
com a segurança do emprego e as alterações de salários e cargo. Os
funcionários estão participando de todas as decisões, pois as empresas
38
acreditam que envolvendo os empregados, dando-lhes tarefas que
ofereçam oportunidades de aprender e fazer coisas novas possa prevenir
e desmotivação.
Sendo assim, não é um mistério que a motivação é um
dos aspectos mais significativos para qualquer organização, pois os
empregados são a sua espinha dorsal. A chave para ter um negócio bem
sucedido é manter empregados hábeis e produtivos.
39
CONCLUSÃO
Entende-se que o poder de recompensa também é
inerente à estrutura organizacional. Pelo fato de os funcionários
subordinados desejarem as recompensas, eles são influenciados pela
possibilidade de recebê-las como produto de seu desempenho. Os
gerentes acenam com uma variedade de recompensas para motivar o
desempenho no trabalho. Se o gerente não puder dar a recompensa
desejada, ou se as recompensas disponíveis não forem desejadas,
diminuirá muito o poder de recompensa do gerente.
O poder de especialização está relacionado às
habilidades de um indivíduo que está apto e motivado. Esse poder deriva
dos talentos especiais, do conhecimento, das habilidades e da
experiência anterior de um indivíduo. Esses talentos concedem poder ao
indivíduo, pois a organização precisa deles e os valoriza. O poder, que
deriva de um conhecimento especial ou educação avançada, pode não
estar relacionado com a idade ou o tempo de serviço. Essa forma de
poder permite que uma pessoa relativamente jovem ou nova na força de
trabalho ganhe influência dentro da organização.
O poder de referência, muitas vezes chamado de carisma
pessoal, é o poder de um indivíduo de influenciar um outro por sua força
de caráter. Um gerente pode ser admirado por uma característica pessoal
específica, e essa admiração cria a oportunidade para a influência
interpessoal. Por exemplo, os publicitários há muito tempo reconhecem o
poder de referência ao fazer uso de esportistas para endossar um
produto. O carisma de um astro do esporte supostamente leva à
aceitação do endosso, mesmo que o atleta tenha pouca credibilidade fora
da arena esportiva. Um gerente que é bonito, talentoso ou simplesmente
simpático é visto pelos subordinados como inspirador e motivador. Essa
pessoa tem carisma, e isso lhe confere poderes enquanto indivíduo.
40
Segundo Idalberto Chiavenato (1999):
...a motivação é o desejo de exercer altos níveis de esforço em direção a determinados objetivos organizacionais, condicionados pela capacidade de satisfazer objetivos individuais. A motivação depende da direção (objetivos), força e intensidade do comportamento (esforço) e duração e persistência.
Seguindo essa linha de pensamento, a motivação traduz
e incentiva o poder de cada indivíduo, de cada funcionário dentro de uma
organização. O indivíduo é motivado, passa a exercer seu poder de
conhecimento e produz com satisfação.
Então se percebe: Quem é responsável pela motivação
das pessoas dentro de um ambiente organizacional? Deve ser a própria
pessoa que deve se auto-abastecer de motivação pessoal ou a motivação
é uma função gerencial? Chiavenato sugere a segunda colocação.
Argumenta que a motivação está contida dentro das próprias pessoas e
pode ser amplamente influenciada por fontes externas ao indivíduo ou
pelo seu próprio trabalho na empresa.
Constata-se ainda que a função do gerente de motivar o
empregado. Isto fica evidenciado na colocação em que os empregados
tem necessidades diferentes e portanto, não devem ser tratados da
mesma forma. Devem ser estabelecidas metas e dados os respectivos
feedback sobre seu progresso. Os empregados devem participar de
decisões que os afetem, com o objetivo de motivá-los a aumentar a
produtividade, o compromisso de trabalhar metas, a motivação e a
satisfação do empregado no trabalho.
É importante também vincular recompensas a
desempenho, pois se os indivíduos perceberem essa relação como baixa,
os resultados serão: baixo desempenho, diminuição na satisfação no
trabalho e aumento nas estatísticas de rotatividade e absenteísmo. O
terreno da motivação é ainda muito nebuloso. Apesar da enorme
quantidade de pesquisas sobre a motivação não existe ainda conclusões
cientificamente corretas sobre o assunto.
41
De um lado, porque ainda não se sabe distinguir entre o
que é causa e o que é efeito no comportamento motivado. E também não
se descobriu se o comportamento é causado por fatores intrínsecos ou
extrínsecos ao indivíduo ou ao grupo. As diferenças entre as pessoas
dificultam enormemente a definição de parâmetros universais que as
empresas possam utilizar para motivar as pessoas em igualdade de
condições. Há sempre um componente subjetivo na motivação que
provoca uma enorme complicação. A motivação funciona como um
dinamizador, um impulsionador do comportamento humano.
Diante desta ordem de fatores, pode-se afirmar que nem
sempre o salário é o fator de maior importância aos empregados de uma
organização. Muitas vezes o seu reconhecimento como membro
importante para o bom funcionamento da empresa é mais satisfatório do
que a recompensa salarial, sendo assim tais fatores adquirem sua
importância de acordo com as variações das necessidades de cada
indivíduo e das realidades de cada organização. Os membros de uma
organização não são apenas motivados por interesses particulares, mas
costumam participar dos grupos informais e defender os interesses como
agente coletivo.
Outra característica das pessoas motivadas pela
realização é quando elas parecem mais preocupadas com a realização
pessoal do que com a recompensa do sucesso. Sentem maior emoção
em obter uma vitória ou resolver um problema difícil do que por qualquer
dinheiro ou prêmio que recebem. Para os indivíduos motivados pela
realização o dinheiro é valioso principalmente como medida do seu
desempenho.
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