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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia de Alimentos JULIANA PAES CONCENTRAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS DE RESÍDUOS DE MIRTILO (VACCINIUM MYRTILLUS L.) USANDO EXTRAÇÃO COM CO2 SUPERCRÍTICO E NANOFILTRAÇÃO CAMPINAS 2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS JULIANA PAES ...repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/321390/1/Paes... · extração com fluido supercrítico, ... (Adaptação de ilustração

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia de Alimentos

JULIANA PAES

CONCENTRAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS DE RESÍDUOS DE MIRTILO

(VACCINIUM MYRTILLUS L.) USANDO EXTRAÇÃO COM CO2 SUPERCRÍTICO E

NANOFILTRAÇÃO

CAMPINAS

2016

JULIANA PAES

CONCENTRAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS DE RESÍDUOS DE MIRTILO

(VACCINIUM MYRTILLUS L.) USANDO EXTRAÇÃO COM CO2 SUPERCRÍTICO E

NANOFILTRAÇÃO

Tese apresentada à

Faculdade de Engenharia de Alimentos/

Departamento de Engenharia de Alimentos

da Universidade Estadual de Campinas

como parte dos requisitos exigidos para

obtenção do título de Doutora em

ENGENHARIA DE ALIMENTOS

Orientador: JULIAN MARTÍNEZ

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE Á VERSÃO FINAL

DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA JULIANA PAES

E ORIENTADA PELO PROF. DR. JULIAN MARTÍNEZ

CAMPINAS

2016

Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CAPES, 2952/2011

Ficha catalográfica Universidade

Estadual de Campinas

Biblioteca da Faculdade de Engenharia de

Alimentos Claudia Aparecida Romano - CRB

8/5816

Paes, Juliana, 1980-

P138c Concentração de compostos bioativos de resíduos de mirtilo

(Vaccinium myrtillus L.) usando extração com CO2 supercrítico e

nanofiltração / Juliana Paes. – Campinas, SP : [s.n.], 2016.

Orientador: Julian Martínez.

Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

de Engenharia de Alimentos.

1. Mirtilo. 2. Extração supercrítica. 3. Antocianinas. 4.

Membranas. I. Martínez, Julian. II. Universidade Estadual de

Campinas. Faculdade de Engenharia de Alimentos. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Concentration of bioactive components from blueberry´s

waste (Vaccinium myrtillus L.) using supercritical CO2 extraction and nanofiltration.

Palavras-chave em inglês:

Blueberry

Supercritical

extraction

Anthocyanins

Membrane

Área de concentração: Engenharia de Alimentos

Titulação: Doutora em Engenharia de Alimentos

Banca examinadora:

Julian Martínez [Orientador]

Haiko Hense

Marco Di Luccio

Miriam Dupas Hubinger Rodrigo

Nunes Cavalcanti

Data de defesa: 19-08-2016

Programa de Pós-Graduação: Engenharia de Alimentos

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Prof. Dr. Julian Martínez DEA – FEA – UNICAMP (Orientador)

____________________________________________ Prof. Dr. Haiko Hense

Universidade Federal de Santa Catarina (Membro Titular)

____________________________________________ Prof. Dr. Marco Di Luccio

Universidade Federal de Santa Catarina (Membro Titular)

____________________________________________ Profa. Dra. Miriam Dupas Hubinger

DEA – FEA – UNICAMP (Membro Titular)

____________________________________________ Dr. Rodrigo Nunes Cavalcanti

DEA – FEA – UNICAMP (Membro Titular)

____________________________________________ Prof. Dr. Flávio Luis Schmidt

DTA – FEA – UNICAMP (Membro Suplente)

____________________________________________ Profa. Dra. Juliana Martin do Prado

Universidade Federal de São Carlos- Campus Lagoa do Sino (Membro Suplente)

____________________________________________ Profa. Dra. Michele Cristiane Mesomo

Universidade Estadual do Centro-Oeste (Membro Suplente)

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no

processo de vida acadêmica do aluno.

Á Deus, pelo crescimento,

força e esperança. Á minha família e amigos.

Ao meu esposo Beto, filhos Roberto e Julio

pela confiança e amor que nos une.

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ser onipresente, onisciente e onipotente em todos os momentos.

Agradeço ao meu orientador Julian pela excelência na orientação, além da paciência,

compreensão, amizade e confiança depositados em mim.

Agradeço ao meu esposo Roberto, pela compreensão e pelo amor, companheirismo e

motivação. Sem você não chegaria até aqui!

Agradeço à minha mãe Izete pela motivação. Mãe, obrigada pela dedicação!

À toda minha família, que me apoiou com muito carinho.

Aos amigos do LAPEA, especialmente a Ana Carolina, pela ajuda, incentivo, motivação

tão importante para a execução deste trabalho.

À técnica do laboratório, Camila Bucci, agradeço pela ajuda na realização do trabalho

experimental.

Aos amigos Érika, Fábio, Rodrigo, Flávia e Candice pela amizade, companheirismo e

incentivo.

Agradeço aos colegas do DEA pela convivência e pelos momentos de descontração.

À Unicamp, em especial à Faculdade de Engenharia de Alimentos pelas facilidades

recebidas.

À CAPES pela concessão da bolsa.

À todos que de uma forma ou de outra, contribuíram e incentivaram para a conclusão

deste trabalho, o meu muito obrigada!

RESUMO

Este trabalho explorou as vantagens do emprego de dióxido de carbono

supercrítico e de líquidos pressurizados na extração de compostos bioativos do resíduo

do mirtilo (Vaccinium myrtillus L.), seco e in natura. Na extração com líquidos

pressurizados foram utilizados água, água acidificada e etanol em diferentes

proporções, porém com temperatura, pressão e vazão constantes de 40 ºC, 20 MPa

e 10 mL/minuto, respectivamente. Os extratos foram analisados e os melhores

resultados foram encontrados nas condições de etanol e etanol + água, para as

análises de compostos fenólicos e capacidade antioxidante. As antocianinas foram

identificadas em maior quantidade nas amostras extraídas com água acidificada. Na

extração com fluido supercrítico, foram utilizadas diferentes proporções de CO2, água,

água acidificada e etanol e verificou-se que a melhor condição foi encontrada no

experimento com 90% CO2, 5% água e 5% etanol, por apresentar maiores

concentrações de compostos fenólicos, antioxidantes e antocianinas no extrato obtido,

porém com menor rendimento. A quantificação de antocianinas por espectrofotometria

resultou em concentrações superiores às encontradas por cromatografia líquida de

ultra alta performance (UPLC). Posteriormente, os extratos obtidos nas condições com

maior rendimento de antocianinas, e o resíduo de mirtilo, foram submetidos a

nanofiltração. Entre as membranas testadas, a membrana de nanofiltração NF 270

apresentou maior retenção de compostos fenólicos, antioxidantes e, especificamente,

a retenção de antocianinas foi maior que 90% pelos dois métodos de análise

empregados, pH diferencial e UPLC.

Palavras-chave: mirtilo, extração com líquidos pressurizados, extração supercrítica,

antocianinas, membranas.

ABSTRACT

This work explored the advantages of using supercritical carbon dioxide and

pressurized liquids in the extraction of bioactive compounds from dry and fresh

blueberry (Vaccinium myrtillus L.) residues. In pressurized liquid extraction liquids

water, acidified water and ethanol were used as solvents at different ratios, but with

temperature, pressure and flow rate constant at 40 °C, 20 MPa and 10 mL/minute,

respectively. The extracts were analyzed and best conditions found with pressurized

ethanol and water + ethanol, for phenolic compounds and antioxidant capacity.

Anthocyanins were identified in greater amounts in the samples extracted with acidified

water. In supercritical fluid extraction, different ratios of CO2, water, acidified water and

ethanol were used, and the best condition was found in the experiment with 90% CO2,

5% water and 5% ethanol, due to the higher concentrations of phenolic compounds,

antioxidants and anthocyanins in the extract. The spectrophotometric method for the

quantification of anthocyanins showed higher concentrations compared to those

obtained by ultra performance liquid chromatography (UPLC). Next, the extracts

obtained at the conditions with increased yield of these compounds, and the blueberry

residue, were subjected to nanofiltration. Among the tested membranes, the

nanofiltration membrane NF 270 achieved higher retention of phenolic compounds,

antioxidants and, specifically, the retention of anthocyanins was greater than 90%

when evaluated by both differential pH and UPLC methods.

Keywords: blueberry, pressurized liquid extraction, supercritical extraction,

anthocyanins, membranes.

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1. A fruta mirtilo (Vaccinium myrtillus L.).....................................................24

Figura 3.2. Estrutura base dos flavonoides. (REIN, 2005)..........................................30

Figura 3.3 - Estrutura química do cátion flavílio (REIN, 2005).....................................34

Figura 3.4. Estrutura das antocianinas (GUEDES, 2004) ........................................34

Figura 3.5. Diagrama de fases de um composto puro. (Adaptado de BRUNER,1987)

....................................................................................................................................40

Figura 3.6. Curvas globais de extração (OEC) tipo I e II (adaptado de QUISPE-

CONDORI, et al. 2005; BRUNNER, 1994).................................................................44

Figura 3.7. Principais características dos processos que utilizam diferença de pressão

como força motriz (HABERT et al., 2006)...................................................................47

Figura 3.8. Diagrama de filtração tangencial em membranas (Adaptação de ilustração

apresentada por Hanhui et al., 2004) .........................................................................52

Figura 3.9. Estágios do declínio do fluxo de permeado com o tempo (MARSHALL e

DAUFIN, 1995)...........................................................................................................54

Figura 4.1. Diagrama de fluxo das atividades realizadas na tese .......................................61

Figura 4.2. Diagrama esquemático da unidade de extração com líquidos

pressurizados (PLE). R- Recipiente (solvente); B- Bomba de solvente; M- Manômetro;

V- Válvula de bloqueio; CE - Célula de extração com aquecimento; BP- Válvula back

pressure; T- Controlador e indicador de temperatura; VC- Vaso de coleta...............74

Figura 4.3. Unidade PLE. A - Bomba de HPLC; B - Manômetro; C - Válvula de

bloqueio; D - Célula de extração com aquecimento; E - Válvula back pressure........75

Figura 4.4. Diagrama esquemático da unidade de extração supercrítica; V-1, V-2, V-

3, V-4 e V-5 – Válvulas de bloqueio; V-6 – Válvula micrométrica; C - Compressor; F -

Filtro de ar comprimido; BR – Banho de refrigeração; B - Bomba (Booster); BA – Banho

de aquecimento; I-1 e I-2 – Indicadores de pressão e temperatura, respectivamente;

IC-1 e IC-2 – Temperatura da célula de extração e temperatura da válvula

micrométrica, respectivamente; CE – Célula de extração (300 mL); S – Sonda

ultrassônica................................................................................................................78

Figura 4.5. (a) Sistema de filtração 1 - Onde: V1 - Válvula abre/fecha do cilindro de

nitrogênio, M1 - Manômetro 1: fornece a leitura da pressão interna do cilindro de

nitrogênio quando V1 está aberta, V2 - Válvula de regulagem: regula a pressão no

interior da célula, M2 -Manômetro 2: fornece a leitura da pressão no interior da célula,

V3 - Válvula de 3 vias (escape), V4 - Válvula de saída de permeado. (b) Sistema de

filtração 2 – Onde (1) entrada e saída da camisa de aquecimento, (2) entrada de gás

nitrogênio para pressurização da célula, (3) suporte do bastão magnético, (4) suporte

do disco de membrana, (5) saída de permeado e (6) agitador

magnético...................................................................................................................81

Figura 5.1. Curvas globais de SFE de resíduo de mirtilo fresco obtidas a 15 MPa (a),

20 MPa (b) e 25 MPa (c) e 40 °C................................................................................95

Figura 5.2. Cromatograma dos íons das antocianinas analisadas: 1) Delfinidina-3-O-

galactosídeo, 4) Delfinidina-3-O-arabinosídeo, 5) Cianidina-3-O-glucosídeo, 6)

Petunidina-3-O-galactosídeo, 7) Cianidina-3-O-arabinosídeo, 13) Peonidina-3-O-

arabinosídeo, 14) Malvidina-3-O-glucosídeo, 15) Malvidina-3-O-arabinosídeo, 16)

Malvidina-3-O- xilosídeo...........................................................................................107

Figura 5.3. Cromatograma dos íons das antocianinas analisadas no mirtilo fresco e

não identificadas no resíduo: 1) Petunidina-3-O-(6-acetil)-glucosídeo, 2) Malvidina-3-

O-(6-acetil)-glucosídeo, 3) Cianidina-3-O- (6-acetil)-glucosídeo, 4) Delfinidina-3-O-(6-

acetil) glucosídeo......................................................................................................108

Figura 5.4. Cromatograma das antocianinas identificadas no resíduo de mirtilo (Lote

2), nos extratos de resíduo de mirtilo e nos produtos obtidos nas separações por

membranas. 1- Delfinidina-3-O-galactosídeo, 2-Cianidina-3-O-galactosídeo,

3- Cianidina-3-O-glucosídeo, 4-Petunidina-3-O-galactosídeo, 5-Cianidina-3-O

arabinosídeo, 6-Petunidina-3-O-glucosídeo, 7-Peonidina-3-O-galactosídeo,

8- Petunidina-3-O-arabinosídeo, 9-Peonidina-3-O-glucosídeo, 10-Malvidina-3-O-

galactosídeo, 11-Peonidina-3-O-arabinosídeo, 12-Malvidina-3-O-glucosídeo,

13- Malvidina-3-O-arabinosídeo e 14-Malvidina-3-O-xilosídeo ...............................123

Figura 5.5. Curvas de fluxo de permeado em função do tempo de todas as

concentrações (NF 10, 30, 90 e 270 do resíduo e extrato) por nanofiltração

(∆P=4MPa)...............................................................................................................128

Figura 9.1. Perfil cromatográfico da Cianidina-3-O-glucosídeo................................159

Figura 9.2. Perfil cromatográfico da Petunidina-3-O-glucosídeo..............................159

Figura 9.3. Perfil cromatográfico da Peonidina-3-O-glucosídeo...............................160

Figura 9.4. Perfil cromatográfico da Malvidina-3-O-glucosídeo................................160

Figura 9.5. Perfil cromatográfico da Delfinidina-3-O-glucosídeo..............................161

Figura 9.6. Perfil cromatográfico da Cianidina-3-O-galactosídeo.............................161

Figura 9.7. Perfil cromatográfico da Petunidina-3-O-arabinosídeo..........................162

Figura 9.8. Perfil cromatográfico da Delfinidina-3-O-arabinosídeo..........................162

Figura 9.9. Perfil cromatográfico da Petunidina-3-O-galactosídeo..........................163

Figura 9.10. Perfil cromatográfico da Cianidina-3-O-arabinosídeo..........................163

Figura 9.11. Perfil cromatográfico da Peonidina-3-O-galactosídeo.........................164

Figura 9.12. Perfil cromatográfico da Malvidina-3-O-arabinosídeo..........................164

Figura 9.13. Perfil cromatográfico da Malvidina-3-O-xilosídeo.................................165

Figura 9.14. Perfil cromatográfico da Malvidina-3-O-galactosídeo...........................165

Figura 9.15. Perfil cromatográfico da Peonidina-3-O-arabinosídeo..........................166

Figura 9.16. Perfil cromatográfico da Delfinidina -3-O- galactosídeo.......................166

Figura 9.17. Perfil cromatográfico da Delfinidina -3-O-(6-acetil)-glucosídeo ..........167

Figura 9.18. Perfil cromatográfico da Malvidina -3-O-(6-acetil)-glucosídeo ...........167

Figura 9.19. Perfil cromatográfico da Cianidina -3-O-(6-acetil)-glucosídeo ............168

Figura 9.20. Perfil cromatográfico da Delfinidina -3-O-(6-acetil)-glucosídeo...........168

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Pontos críticos e dados de segurança para seleção de fluidos (Adaptado

de GUPTA e SHIM, 2007)..........................................................................................41

Tabela 4.1. Análises realizadas em todos as matérias-primas e produtos obtidos das

extrações (Soxhlet, PLE e SFE) e concentrações por membranas...........................64

Tabela 4.2. Planejamento de extrações por PLE e respectivos solventes................76

Tabela 4.3. Condições experimentais de SFE com cossolventes.............................80

Tabela 4.4. Principais propriedades das membranas utilizadas................................83

Tabela 4.5. Planejamento dos processos de concentração por membranas.............84

Tabela 5.1. Características físico-químicas dos resíduos de mirtilo fresco fornecidos

pela empresa Orgânicos Pérolas da Terra..................................................................86

Tabela 5.2. Compostos fenólicos, capacidade antioxidante (DPPH e ABTS) e

antocianinas nos resíduos de mirtilo dos Lotes 1 e 2 fresco, liofilizado e seco em

estufa..........................................................................................................................87

Tabela 5.3. Rendimento e caracterizações (fenólicos totais, capacidade antioxidante

DPPH e ABTS e antocianinas monoméricas) dos extratos obtidos de resíduo de mirtilo

por PLE a 20 MPa ......................................................................................................90

Tabela 5.4. Resultados das análises de fenólicos totais, capacidade antioxidante

DPPH e ABTS e antocianinas monoméricas das amostras extraídas por Soxhlet com

metanol.......................................................................................................................93

Tabela 5.5. Fenólicos totais, capacidade antioxidante DPPH e ABTS e antocianinas

monoméricas dos extratos obtidos por SFE do resíduo de mirtilo fresco

....................................................................................................................................96

Tabela 5.6. Rendimento global, compostos fenólicos, capacidade antioxidante DPPH

e ABTS e antocianinas monoméricas dos extratos obtidos por SFE com cossolventes

e das extrações com resíduo de mirtilo liofilizado e mirtilo fresco macerado, todos

utilizando o Lote 1.......................................................................................................98

Tabela 5.7. Resultados da quantificação de antocianinas por UPLC e pH diferencial

dos resíduos de mirtilo fresco e liofilizado, dos extratos PLE, SFE e mirtilo fresco

macerado..................................................................................................................105

Tabela 5.8. Antocianinas encontradas na uva,amora e mirtilo e antocianinas

encontradas no resíduo de mirtilo e extratos obtidos por PLE e SFE do Lote 1......110

Tabela 5.9. Resultados dos testes preliminares de concentração de extratos de

resíduo de mirtilo em membranas............................................................................112

Tabela 5.10. Umidade, teor de fenólicos totais, capacidade antioxidante, concentração

de antocianinas monoméricas e suas respectivas porcentagens de retenção nas

alimentações, retidos e permeados das concentrações por membranas.................114

Tabela 5.11. Concentrações de antocianinas identificadas por UPLC das amostras do

resíduo de mirtilo, dos retidos e permeados das separações por membranas..........124

Tabela 5.12. Concentrações de antocianinas identificadas por UPLC das amostras do

extrato SFE, dos retidos e permeados das separações por membranas..................125

Tabela 5.13. Fluxos de permeados das concentrações com as membranas NF 10, 30,

90 e 270....................................................................................................................130

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................18

2. OBJETIVOS ..........................................................................................................22

2.1.Objetivo Geral ................................................................................................22

2.2. Objetivos específicos ...................................................................................22

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................24

3.1. Mirtilo (Vaccinium myrtillus L.) ...................................................................24

3.1.1. Processos de extraçãode suco de mirtilo ............................................27

3.1.1.1. Despolpamento ..............................................................................27

3.1.1.2. Arraste a vapor ...............................................................................28

3.2. Compostos fenólicos ...................................................................................29

3.2.1. Efeitos dos compostos fenólicos na saúde .........................................31

3.2.2. Taninos ...................................................................................................32

3.2.3. Antocianinas ..........................................................................................33

3.3. Métodos de extração ....................................................................................36

3.3.1. Extração com sistema Sohxlet .............................................................37

3.3.2. Extração com Líquidos Pressurizados ................................................38

3.3.3. Extração supercrítica ............................................................................38

3.4. Tecnologia de Separação em Membranas ..................................................45

3.4.1. Microfiltração, Ultrafiltração e Nanofiltração ......................................48

3.4.2. Fenômenos envolvidos no processo de separação em membranas

...........................................................................................................................51

3.4.3. Parâmetros de controle e eficiência do processo de separação em

membranas ......................................................................................................54

3.4.4. Fluxo de permeado (J) ...........................................................................56

3.4.5. Fator de concentração (FC) ..................................................................56

3.4.6. Pressão aplicada à membrana (PM) ou Pressão transmembrana

(Pt).....................................................................................................................57

3.4.7. Índice de Retenção (IR)..........................................................................57

3.5. Processos Acoplados ..................................................................................58

3.6. Considerações sobre o estado da arte ........................................................60

4. MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................61

4.1. Matérias-primas ........................................................................................... 62

4.2. Limpeza e acondicionamento do resíduo ...................................................62

4.3. Liofilização e secagem em estufa do resíduo produzido pelo processo de

despolpamento (Lote 1) ......................................................................................62

4.4. Caracterização dos resíduos de mirtilo e do mirtilo fresco .......................63

4.4.1. Teor de polifenois totais ........................................................................65

4.4.2. Capacidade antioxidante (AA).............................................................. 66

4.4.2.1. Determinação da capacidade antioxidante total pela captura do

radical livre DPPH .......................................................................................66

4.4.2.2. Determinação da capacidade antioxidante total pela captura do

radical livre ABTS+ ......................................................................................67

4.4.3. Taninos ...................................................................................................68

4.4.4. Determinação do teor de antocianinas pelo método pH diferencial

...........................................................................................................................68

4.4.5. Identificação e e quantificação das antocianinas por UPLC (Ultra

Performance Liquid Chromatography) ..........................................................69

4.4.5.1. Materiais e solventes utilizados ....................................................70

4.4.5.2. Identificação das Antocianinas por UPLC-QToF-MS ...................70

4.4.5.3. Separação e quantificação das antocianinas por UPLC ..............72

4.5. Métodos de Extração ....................................................................................72

4.5.1. Extração Soxhlet ....................................................................................73

4.5.2. Extração por PLE (Lote1) .....................................................................74

4.5.3. Extrações por SFE (Lotes 1 e 2) ............................................................76

4.5.4. Extrações por SFE com cossolventes (Lotes 1 e 2) ............................79

4.6. Separação por membranas ......................................................................... 80

4.6.1. Sistemas de filtração ............................................................................ 80

4.6.2. Processos de separação por membranas ........................................... 83

4.6.3. Análises estatísticas ............................................................................. 85

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 86

5.1. Caracterização das matérias-primas ...........................................................86

5.1.1. Características físico-químicas das matérias-primas .......................86

5.1.2. Teor de fenólicos totais, capacidade antioxidante e antocianinas nas

matérias-primas ..............................................................................................87

5.2. Resultado das extrações ............................................................................. 89

5.2.1. Extrações por PLE (Lote1) ....................................................................89

5.2.2. Extração Soxhlet (Lote1) .......................................................................92

5.2.3. Extrações por SFE .................................................................................94

5.2.3.1. Treinamento e ensaios preliminares (Lote 1) ..............................94

5.2.3.2. Cinéticas de SFE (Lote 1)...............................................................94

5.2.3.3. SFE com cossolventes (Lote 1) .....................................................97

5.3. Identificação e quantificação de antocianinas por UPLC (Lote 1) ..........104

5.4. Concentração por membranas ..................................................................111

5.4.1. Resultados dos testes preliminares ...................................................111

5.4.2. Resultados das nanofiltrações de resíduo de mirtilo e do extrato SFE

.........................................................................................................................113

5.4.3. Identificação e quantificação de antocianinas por UPLC (Lote 2) ....122

5.4.4. Fluxo de permeado ..............................................................................127

6. CONCLUSÕES ................................................................................................... 134

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................. 136

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................137

9. APÊNDICES ....................................................................................................... 159

9.1. Perfis cromatográficos das antocianinas identificadas nos resíduos do

Lote 1, nos extratos de resíduos de mirtilo e nos produtos da nanofiltração

.............................................................................................................................159

9.2. Perfis cromatográficos das antocianinas identificadas no mirtilo fresco

............................................................................................................................. 167

9.3. Atividades realizadas no doutorado ......................................................... 169

18

1. INTRODUÇÃO

O conhecimento científico a respeito da utilização de produtos naturais com

propriedades funcionais e compostos nutracêuticos na prevenção e/ou tratamento de

doenças tem crescido cada vez mais nos últimos anos. Os benefícios fisiológicos,

nutricionais e medicinais à saúde humana, atribuídos ao uso de produtos naturais,

bem como os potenciais riscos associados à utilização de produtos sintéticos, aliados

às ações legislativas restritivas ao uso desses produtos, têm motivado o significante

aumento no consumo de produtos de origem natural com propriedades funcionais em

detrimento dos produtos sintéticos (CAVALCANTI et al., 2013).

As indústrias cosmética, farmacêutica, alimentícia, têxtil e de perfumaria

utilizam os extratos naturais como aditivos ou insumos, proporcionando diversas

características ao produto final de acordo com as suas funções e aplicações. A maioria

dos extratos naturais possui mais do que uma ou duas funções, podendo ser utilizados

como corantes naturais, nutracêuticos, alimentos funcionais, agentes conservantes,

aromas e fragrâncias, medicamentos, suplementos vitamínicos, padrões químicos,

perfumes, entre outros (HERRERO, CIFUENTES e IBAÑEZ, 2006).

O mirtilo (Vaccinium myrtillus L.) é uma pequena fruta nativa da América do

Norte, onde é denominada “blueberry”. No Brasil sua cultura ainda é recente e pouco

conhecida, porém as pesquisas sobre esta fruta têm se intensificado cada vez mais

(RASEIRA e ANTUNES, 2004). Do grupo das pequenas frutas que abrange, entre

outras, morango, framboesa e amora preta, o mirtilo é classificado como a fruta fresca

mais rica em antioxidantes já estudada, tendo um conteúdo elevado de polifenóis tanto

na casca quanto na polpa. Sua disponibilidade, versatilidade, e variedade de formas

durante quase todo o ano permitem que o mirtilo seja incorporado em uma ampla

variedade de formulações (PAYNE, 2005).

Os flavonoides se acumulam nas cascas e folhas das plantas porque a sua

síntese é estimulada pela luz. Isso pode explicar a possível diferença de composição

entre frutos de uma mesma planta, ou seja, os frutos que recebem uma maior

quantidade de luz tendem a ter uma síntese pronunciada desses compostos (PRICE

et al., 1995). Dentre os compostos fenólicos, os flavonoides constituem um importante

subgrupo (FENNEMA, 2010). O grupo mais comum dos flavonoides pigmentados

19

consiste das antocianinas, que se caracterizam por um dos grupos de pigmentos mais

largamente distribuídos na natureza (FENNEMA, 1996; TAIZ; ZEIGER, 2004).

As antocianinas são glucosídeos de antocianidinas, também denominadas

agliconas. Seu espectro de cor vai do vermelho ao azul, apresentando-se também

como uma mistura de ambas as cores, resultando em tons de purpura. A coloração

atrativa de muitos frutos, folhas e flores, se deve a estes pigmentos, que se encontram

dispersos nos vacúolos celulares. Dentre as antocianidinas encontradas na natureza,

apenas seis estão presentes nos alimentos: pelargonidina, cianidina, delfinidina,

peonidina, petunidina e malvidina, que diferem entre si quanto ao número de hidroxilas

e à metilação no anel B (FENNEMA, 1993).

Frutas coloridas são fontes potencialmente ricas em diversos fenólicos,

possuindo um papel importante na prevenção do estresse oxidativo (ARTS e

HOLLMAN, 2005). Antocianinas frequentemente são responsáveis por grande parte

do conteúdo fenólico de frutas e vegetais coloridos. Porém, flavanois, procianidinas,

ácidos fenólicos e elagitaninos são os fenólicos mais predominantes em geral

(EINBOND, 2004).

Resíduos de frutas processadas na indústria de alimentos podem

apresentar alto valor comercial e nutricional. O isolamento de substâncias bioativas a

partir destes resíduos apresenta uma alternativa de aproveitamento dos mesmos, o

que pode resultar em novas alternativas empresariais, além de minimizar o impacto

ambiental causado pelo seu acúmulo.

A recuperação de compostos fitoquímicos a partir de resíduos sólidos tem

sido relatada utilizando tecnologias convencionais e alternativas. Como exemplo das

primeiras tem-se: extração pelo método Soxhlet, extração por maceração, por infusão

e por arraste de vapor d’ água; e entre as segundas destacam-se a extração com

fluido supercrítico (SFE – Supercritical Fluid Extraction), extração com líquido

pressurizado (PLE – Pressurized Liquid Extraction) e extração com fluidos

pressurizados assistida com ultrassom.

A SFE vem ganhando cada vez mais espaço na indústria. Na indústria

alimentícia a grande vantagem dos extratos obtidos por esse processo é o fato de

serem de origem natural, não apresentarem resíduo de solvente orgânico e cuja

composição pode ser monitorada. Essa postura das indústrias de alimentos se deve

20

ao fato de os consumidores estarem cada vez mais preocupados com a saúde, o que

tem impulsionado a indústria a disponibilizar no mercado produtos para a prevenção

de doenças (MEIRELES, 2008).

A PLE, também denominada extração acelerada com solventes (ASE –

Accelerated Solvent Extraction), surgiu como uma alternativa para a extração e

fracionamento de produtos naturais, através de uma tecnologia limpa e com a

possibilidade de ajustar parâmetros visando à seletividade do processo para um grupo

de compostos a serem extraídos, o que é uma boa opção para agregar valor a

subprodutos da indústria processadora do mirtilo. A PLE utilizando água como

solvente é um dos métodos mais interessantes, já que a água é atóxica, não

inflamável, barata e ambientalmente segura (WIBOONSIRIKUL, 2008; MONRAD et

al., 2010; OLIVEIRA, 2010). A PLE permite a extração rápida em um ambiente fechado

e inerte em alta pressão e temperatura. Uma grande vantagem da PLE sobre os

métodos convencionais de extração conduzidos em pressão atmosférica é que os

solventes em alta pressão permanecem no estado líquido, mesmo estando

submetidos a temperaturas acima dos seus pontos de ebulição, permitindo, dessa

maneira, trabalhar a altas temperaturas de extração. Estas condições ajudam a

aumentar a solubilidade dos compostos alvo no solvente e a cinética de dessorção

destes a partir de matrizes (SANTOS, 2011).

Nos últimos anos, as separações químicas apresentam um papel crucial

nos processos da indústria química, petroquímica, farmacêutica e de alimentos.

(MARCHETTI, et al., 2014). Os processos de separação em membranas têm atraido

a atenção significativa nas aplicações industriais devido às suas vantagens em

relação aos processos de separações tradicionais, como a destilação e extração. Isto

se deve principalmente ao seu melhor desempenho na separação, o tamanho menor

dos poros, os custos dos equipamentos utilizados e maior eficiência energética

(CHENG, et al., 2014, HILAL, et al., 2004, HERMANS et.al., 2015).

Quando comparada aos processos convencionais, a tecnologia de

separação em membranas apresenta a vantagem de, geralmente, ser aplicada em

temperatura ambiente, favorecendo, portanto, a preservação de nutrientes e

constituintes do sabor, atributos importantes para a qualidade do produto final

(STRATHMANN, 1990).

21

Diante deste contexto, o presente trabalho procurou aplicar as tecnologias

de extração com líquidos pressurizados e fluidos supercríticos para obter extratos

ricos em compostos fenólicos a partir de resíduos de mirtilo do gênero Vaccinum e,

posteriormente, concentrar os compostos bioativos dos extratos por separação em

membranas, viabilizando o seu uso em alimentos e fármacos.

22

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste trabalho foi a obtenção de produtos ricos em

antocianinas por extração com fluido supercrítico (SFE) e extração com líquido

pressurizado (PLE) a partir do resíduo de mirtilo (Vaccinium myrtillus L.) e a posterior

purificação/concentração dos compostos bioativos dos extratos através de separação

por membranas.

O resíduo de mirtilo foi utilizado por apresentar altas concentrações destes

compostos de interesse na indústria de alimentos como corantes naturais. A utilização

de resíduos é uma alternativa interessante, visto que estes subprodutos são

reaproveitáveis.

2.2. Objetivos específicos

a) Avaliar as etapas do pré-processamento dos resíduos de mirtilo: estudo

de métodos de secagem (liofilização e estufa), definição de um método de pré-

processamento a fim de maximizar os rendimentos de SFE, PLE e a concentração

dos compostos fenólicos, capacidade antioxidante e antocianinas.

b) Estudar a extração de componentes funcionais a partir do resíduo de

mirtilo por PLE a temperatura constante, avaliando diferentes combinações de

solventes (água e etanol).

c) Estudar a extração de componentes funcionais a partir do resíduo de

mirtilo por SFE: avaliação do efeito da pressão e da temperatura no rendimento e

qualidade dos extratos obtidos com CO2 puro e usando água e etanol como

cossolventes.

d) A partir da melhor condição de extração, realizar o processo de

nanofiltração nos extratos obtidos e resíduo macerado, simulando um processo

sequencial de extração e concentração por membranas.

23

e) Realizar o processo de nanofiltração nos extratos diluídos em água, água

acidificada (pH = 2,0) e mistura de água e etanol.

f) Caracterizar os extratos, permeados e retidos quanto à concentração de

compostos fenólicos, capacidade antioxidante e antocianinas.

24

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Mirtilo (Vaccinium myrtillus L.)

Do ponto de vista botânico, um “berry” é o tipo mais comum de um fruto

carnudo que amadurece com um pericarpo comestível. O mirtilo é suculento, redondo

e com coloração do azul brilhante a vermelhos intensos. A procura e a disponibilidade

de mirtilos têm aumentado substancialmente nos últimos anos, impulsionado em parte

pelas suas propriedades funcionais (CARDEÑOSA et al., 2016).

O mirtilo é um arbusto perene do gênero Vaccinium, família Ericaceae e é

popular devido ao seu sabor e às quantidades abundantes de antocianinas.

Numerosos estudos foram publicados sobre a composição química e os benefícios

para a saúde com aplicações do mirtilo na alimentação (BARNES et al., 2009). A fruta

mirtilo (Vaccinium myrtillus L.) está ilustrada na Figura 3.1.

Figura 3.1. A fruta mirtilo (Vaccinium myrtillus L.) (HEATHER KOLICH. MIRTILO, 2013)

Atualmente, a produção comercial de mirtilos ocorre principalmente na

América do Norte (EUA e Canadá), na Europa (Polônia, Alemanha) e também em

países do Hemisfério Sul (Chile, Argentina, Uruguai, Austrália). Em todas as regiões,

25

a produção de mirtilos tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. Entre

1998 e 2011, a produção mundial de mirtilos aumentou significativamente, de 143.704

para 467.048 toneladas (BRAZELTON, 2013; FAO, 2016), devido ao maior consumo

de mirtilos no Hemisfério Norte, impulsionado pela crescente demanda de alimentos

com alto valor nutritivo e nutracêutico.

A tradição do consumo de mirtilo nos EUA e Canadá é grande e faz destes

países os principais importadores da fruta na entressafra, entre setembro e abril.

Nesse período, a grande demanda interna de mirtilos destes países é atendida por

frutos produzidos no Hemisfério Sul, principalmente no Chile, Argentina, e mais

recentemente, no Uruguai. Os mirtileiros do tipo highbush têm apresentado as maiores

produções dentre todas as variedades atualmente cultivadas. A América do Norte é

responsável por 66% da produção mundial de mirtilos tipo highbush, seguida da

América do Sul (21%) e da Europa (11%) (CANTUARIAS-AVILÉS et al., 2014).

Países como Filipinas, Angola, Coreia do Sul, Ucrânia, Romênia, Áustria,

Dinamarca, Holanda, Irlanda, Suécia, Suíça e Inglaterra vêm ganhando espaço no

mercado mundial de produção de mirtilo. Outros países que também estão iniciando

a produção de mirtilos são México, Peru, Colômbia, África do Sul e Brasil. Dos países

produtores emergentes, a África do Sul foca sua produção no mercado europeu e com

isso, concorre com a produção brasileira de mirtilos, sendo que o país tem tradição na

produção e comercialização de frutas de qualidade para esse mercado (BRAZELTON,

2013). Brazelton (2013) também menciona que o aumento na produção mundial de

mirtilos é motivado pelo crescente aumento na demanda, incentivada por campanhas

de promoção do consumo nos EUA, Canadá e na Europa, conduzidas por empresas

privadas e organizações governamentais. Com isso, os operadores comerciais de

mirtilos também promovem campanhas de divulgação da fruta nos mercados

asiáticos, principalmente na China, Japão, Coreia e Taiwan, e também nos países

escandinavos.

A cultura do mirtilo foi introduzida na década de 1980 no Brasil,

especificamente no Rio Grande do Sul. Motivada pela crescente demanda mundial e

pelos preços altos da fruta fresca na Europa, a expansão do cultivo na região sul do

Brasil se iniciou somente na década de 2000. Porém, comparado a outros países

produtores do Hemisfério Sul, o Brasil conta com importantes vantagens para a

26

exportação de mirtilos frescos, como a possibilidade de produção precoce na

entressafra do Hemisfério Norte, a proximidade dos mercados europeus e a

disponibilidade de água e terras aptas para o cultivo do mirtilo (CANTUARIAS-

AVILÉS, 2010). Entre 2003 e 2009, tanto o volume como o valor das importações e

exportações brasileiras de mirtilo aumentaram significativamente. Atualmente, as

plantações de mirtilo estão concentradas nos Estados do Rio Grande de Sul, Santa

Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Apesar de não existirem estatísticas

oficiais atualizadas, estima-se que a área plantada com mirtilos no Brasil seja de

aproximadamente 400 hectares. A produção de mirtilos no Brasil ocorre

principalmente em pequenas propriedades, com poucos empreendimentos em grande

escala. A tecnologia utilizada por pequenos produtores brasileiros tem sido adaptada

de outros países, por se tratar de uma cultura ainda desconhecida.

As variedades do tipo Rabbiteye são a maior parte dos mirtileiros plantados

no Sul do Brasil, que são variedades antigas e de mediana exigência de frio hibernal,

com bom desempenho para os fruticultores locais. Nos últimos 10 anos, tem-se

iniciado o plantio de variedades mais antigas do tipo Southern Highbush como 'Misty'

e 'O'Neal', introduzidas na década de 2000 a partir de mudas micropropagadas,

importadas do Uruguai. Essas variedades apresentam menor exigência em frio

hibernal, sendo destinadas à produção precoce da fruta, nos meses de outubro e

novembro, visando atingir melhores preços nos mercados externos. Estas variedades

precisam de pelo menos 100 horas de frio hibernal para produzir e, portanto, não têm

boa adaptação em regiões de clima quente. (CANTUARIAS-AVILÉS et al., 2014).

A introdução de recentes variedades e estudos fitotécnicos confirma o

grande potencial produtivo das plantas do mirtileiro e a alta qualidade dos frutos, que

possibilita a expansão do cultivo para regiões sem frio e permite a inclusão como uma

alternativa interessante de diversificação produtiva para a fruticultura nacional.

(CANTUARIAS-AVILÉS et al., 2014).

O consumo do mirtilo é favorecido por suas cores e conteúdo elevado de

pigmentos naturais, como compostos fenólicos de natureza antociânica, que

apresentam capacidade de absorção de radicais de oxigênio, atuando como

antioxidantes naturais (WANG et al., 2000). O mirtilo também contém outros

compostos, tais como elagitaninos, os quais também apresentam um efeito preventivo

27

do câncer. Os pigmentos de origem antociânica do mirtilo nativo europeu (Vaccinum

myrtillus) têm sido largamente utilizados no melhoramento da acuidade visual e no

tratamento de desordens circulatórias (SKREDE et al., 2000).

Wang et al. (2015) associaram estes benefícios com o aumento na

propagação do mirtilo ao redor do mundo. No entanto, concluem que há uma grande

quantidade de resíduos sendo descartados e explorar seu conteúdo de nutrientes e

suas aplicações seria benéfico tanto para a agricultura como para a indústria.

3.1.1. Processos de extração de suco de mirtilo

O suco é um dos mais importantes derivados do mirtilo, porém o

processamento tradicional apresenta elevadas perdas de compostos nutracêuticos

durante a extração, dentre eles estão o despolpamento e o arraste a vapor. A técnica

de arraste a vapor é mais comumente utilizada, porém as altas temperaturas podem

degradar os compostos sensíveis ao calor como, compostos fenólicos e antocianinas.

A escolha da melhor técnica para obtenção do suco de mirtilo e

consequentemente do resíduo, depende das características do produto que se deseja

obter e também do custo de processamento. O conhecimento destas técnicas é

importante a fim de obter um produto de melhor qualidade (KECHINSKI, 2011).

3.1.1.1. Despolpamento

Para obter o suco de uma determinada fruta, é necessário fazer um

processo de extração que, consequentemente, gera resíduos como o material

estudado neste trabalho. O processo de despolpamento, em geral, ocorre em dois

estágios. No primeiro, faz-se a retirada da casca e/ou sementes (as sementes são

retiradas inteiras, pois a sua desintegração pode conferir sabor indesejável ao

produto). No segundo momento, refina-se a polpa. No estágio de refinamento, a polpa

passa por peneiras com furos de diâmetros diferentes e específicos para cada caso.

Com a goiaba, por exemplo, peneiras com furos da ordem de 0,060 a 0,045 polegadas

28

são suficientes para reter as sementes inteiras. No caso da manga, a mesma peneira

separa grande porção das fibras existentes. Para o mirtilo, utiliza-se despolpador

horizontal com peneira acoplada.

3.1.1.2. Arraste a vapor

O método de arraste a vapor é uma derivação do Método Welch,

considerado o primeiro processo de extração através do calor. O Método Welch foi

desenvolvido em 1869, quando um dentista, Dr. Thomas Welch, cozinhou uvas do

cultivar Concord e utilizou sacos de pano para extrair o suco, em seguida o engarrafou

e utilizou a pasteurização para a conservação (MARZAROTTO, 2010). O método de

extração por arraste a vapor está muito difundido nas propriedades rurais do Estado

do Rio Grande do Sul, tanto para produção de suco de mirtilo para consumo próprio,

como para comercialização.

O conjunto extrator é formado por um depósito de água, que é aquecido

para geração do vapor, sobre o qual é colocado um recipiente com abertura cônica no

centro para passagem do vapor e uma abertura lateral para escoamento do suco e

acima é sobreposto um recipiente perfurado onde os frutos são colocados. Para

obtenção do suco pode-se utilizar apenas uma panela, ou é possível dispor um maior

número de panelas em série, reduzindo o tempo de processamento. O rendimento

neste processo fica entre 50 e 60% em relação ao máximo de suco extraível (RIZZON

et al., 1997).

Mesmo sendo o método mais utilizado por obter maior rendimento de

extração, com o calor do processamento os compostos fenólicos se perdem, em

grande parte devido à degradação das antocianinas. Consequentemente, tanto o suco

quanto os resíduos gerados pelo processo de arraste a vapor apresentam degradação

dos compostos termossensíveis, que são objeto de interesse neste trabalho. Venturin

(2004) realizou diversos tratamentos com e sem controle de temperatura na extração

de suco de uva pelo método de arraste a vapor e concluiu que na temperatura mais

baixa (60 ºC) e acima de 85 ºC, os sucos apresentam aromas desagradáveis e gosto

29

ruim, com pouca acidez; o tratamento a 80 ºC apresentou os melhores resultados na

análise sensorial.

3.2. Compostos Fenólicos

Os mirtilos apresentam grandes quantidades de polifenóis comparados aos

demais frutos silvestres. Os estudos se intensificam principalmente nas quantidades

de compostos fenólicos e capacidade antioxidante. No entanto, pouco é relatado no

desenvolvimento destes compostos durante o processo de maturação dos frutos, bem

como durante e a pós-colheita.

A maturação e o amadurecimento de mirtilos são acompanhados por

alterações fisiológicas características, que incluem mudança de cor, amolecimento do

tecido, aumento do índice de maturidade, etc. Durante as diferentes fases fisiológicas

do fruto, a mudança no perfil dos compostos fenólicos consiste, no aumento de

antocianinas durante o amadurecimento, enquanto os teores de flavonóis e ácidos

hidroxicinâmico diminuem (EICHHOLZ et al., 2015).

Os compostos fenólicos são largamente distribuídos no reino vegetal,

fazendo parte da composição da dieta de forma significativa, e são particularmente

importantes como agentes profiláticos e também pelo seu efeito plurifarmacológico

(BAHORUN et al., 2004; SOOBRATTEE et al., 2005). São classificados em dois

grandes grupos, os flavonoides e os não flavonoides.

Os flavonoides representam o maior grupo de polifenóis encontrados em

alimentos, além de serem considerados os mais potentes antioxidantes entre os

compostos fenólicos (SHAHID et al., 1992; SOOBRATTEE et al., 2005). Os

flavonoides se acumulam nas cascas e folhas das plantas porque a sua síntese é

estimulada pela luz. Isso pode explicar a possível diferença de composição entre

frutos de uma mesma planta. Isto é, os frutos que recebem uma maior quantidade de

luz tendem a ter uma síntese pronunciada desses compostos (PRICE et al., 1995).

Os flavonoides são responsáveis por uma grande variedade de cores

presentes em vegetais, flores, frutas e produtos derivados. Oriundos do metabolismo

secundário das plantas, ambos compostos são de grande importância para sua

sobrevivência, e quando ingeridos são responsáveis por diversos benefícios à saúde

30

devido às suas atividades biológicas. Entre tais benefícios encontram-se a redução

da incidência de muitas doenças oxidativas, inflamatórias, entre outras

(REYNERTSON et al., 2008; ARTS; HOLLMAN, 2005). A Figura 3.2 apresenta a

estrutura base dos flavonoides.

Figura 3.2 - Estrutura base dos flavonoides. (REIN, 2005)

Considerados compostos secundários produzidos por plantas, os

compostos fenólicos apresentam pelo menos um grupo fenol. Apresentam atividade

de proteção contra o estresse oxidativo por meio da capacidade de atuar como

sequestrador de radicais livres e na quelação de metais de transição. Sua estrutura

química, tipo e grau de metoxilação e número de hidroxilas são alguns parâmetros

que qualificam sua atuação como agentes redutores. (SANTOS et al., 2016).

Wright et al. (2008) fizeram estudos epidemiológicos e estabeleceram que

os polifenóis, principalmente o ácido fenólico e flavonoides presentes nas frutas, são

eficazes na redução do risco de doenças crônico-degenerativas. Já Simon-Graoa et

al. (2014) afirmam que os polifenóis são metabólitos de plantas e participam em

funções metabólicas, incluindo a assimilação de nutrientes e formação de

componentes estruturais na defesa contra condições ambientais adversas.

A ação dos compostos fenólicos reduz o risco de câncer, doenças

cardiovasculares e problemas associados ao envelhecimento (LEONG & SHUI, 2002).

Porém, a composição dos polifenóis e as quantidades presentes na fruta determinam

a eficiência de sua atividade contra os radicais livres. Muitos estudos sugerem que a

composição e o conteúdo de polifenóis nas frutas variam de acordo com a cultivar,

condições ambientais, localização e fatores agronômicos (NACZK & SHA HIDI, 2006).

31

Os fatores que proporcionam a degradação oxidativa destes pigmentos

naturais são a luz, temperatura, pH, entre outros, limitando não só a sua aplicação

final, mas também restringindo toda a cadeia do processo, desde a escolha do método

de extração do pigmento da fonte vegetal até o tratamento que o produto final irá sofrer

após a sua formulação, passando pela escolha do método de redução do tamanho

(micronização) e/ou encapsulação das partículas visando à melhora da taxa de

dissolução, biodisponibilidade e estabilidade destes compostos (SANTOS e

MEIRELES, 2009).

Dentro da classe de compostos fenólicos estão as antocianinas, que têm

atraído cada vez mais atenção devido a sua capacidade antioxidante. As antocianinas

presentes nos extratos de plantas promovem a redução do stress oxidativo, prevenção

de algumas doenças inflamatórias, prevenção de doenças cardíacas, proteção contra

a obesidade e hipoglicemia; melhoria da memória e a proteção de tecido cerebral fetal

(DE BRITO et al., 2007).

3.2.1. Efeitos dos Compostos Fenólicos na Saúde

A autoxidação em alimentos e em sistemas biológicos tem diversas

implicações não somente para a grande área da ciência e da tecnologia de alimentos,

mas também para o estado nutricional e para a saúde humana (MADHAVI et al.,

1996). Madhavi et al. (1996) ainda afirma que, nos sistemas celulares, a peroxidação

lipídica leva à produção de radicais livres. Este sistema biológico é dotado de

mecanismos de inativação desses radicais livres, pela ação de enzimas endógenas e

quando ocorre um desequilíbrio entre a produção de radicais livres, induz-se o

estresse oxidativo que pode ser ocasionado ou pela queda de ação do sistema

enzimático ou pelo excesso de produção de espécies radicalares. O estresse oxidativo

está diretamente relacionado a diversos distúrbios do organismo como doenças

coronárias, aterosclerose, câncer e processos de envelhecimento e de doenças

degenerativas.

Antioxidantes naturais ou sintéticos têm sido amplamente estudados e têm

um papel importante na prevenção ou retardamento das reações de autoxidação. Os

antioxidantes naturais são, principalmente, compostos fenólicos ou polifenólicos,

32

sendo que os mais comuns são os tocoferóis, flavonoides e compostos relacionados

como cumarinas, derivados do ácido cinâmico e chalconas, diterpenos fenólicos e

ácidos fenólicos que estão presentes nos extratos de plantas e de frutos

(OREOPOULOU, 2003).

Recentemente, a literatura indica que frutos com maior teor de cianidina,

como framboesas pretas e mirtilos, são mais susceptíveis a produzir um efeito anti-

inflamatório. Esta observação pode ser verdadeira considerando a hipótese de que

um ou mais metabolitos estáveis de ácido fenólico contribuem para os efeitos anti-

inflamatórios de frutas ricas em antocianinas. Com isso, são necessários mais

estudos, mas pode-se concluir que frutas ricas em cianidina, peonidina ou

pelargonidina têm melhores efeitos anti-inflamatórios (FANG, 2015).

Pesquisas com base populacional revelaram uma associação entre

antocianinas e a redução da incidência de doenças cardiovasculares, diabetes

mellitus e câncer (LIU et al., 2014; WANG et al., 2014). Estudos mostraram uma

melhora nos quadros clínicos de indivíduos que ingerem frutas e/ou alimentos ricos

em antocianinas. (JOSEPH, et al., 2014). Em estudos realizados com seres humanos,

menos que 0,1% das antocianinas são excretadas na urina. A literatura sugere que a

baixa biodisponibilidade de algumas antocianinas no organismo está relacionada ao

seu metabolismo pré-sistêmico e não com a má absorção do lúmen gastrointestinal

(FANG, 2014).

3.2.2. Taninos

Distribuídos em muitas espécies de plantas, os taninos são metabólitos

secundários amplamente sintetizados. Desempenham um papel na regulação do

crescimento das plantas e também na proteção contra a predação, por caracterizar

uma adstringência nos tecidos vegetais, tornando-os não comestíveis. Os taninos são

divididos em quatro grupos, sendo os dois maiores: os taninos condensados ou

proantocianidinas e os taninos hidrolisáveis (KY et al., 2016).

Os taninos hidrolisáveis liberam ácidos fenólicos por hidrólise ácida: gálico,

caféico, elágico e um açúcar (SGARBIERI, 1996). Esses ácidos fenólicos, assim como

33

os demais compostos fenólicos existentes em diversos vegetais, apresentam

capacidade antioxidante, a qual é considerada uma importante função fisiológica.

Considerados como compostos fenólicos solúveis em água, os taninos

apresentam alta massa molecular, e contêm grupos hidroxila fenólica capazes de

complexar e precipitar proteínas em soluções aquosas (SILVA e SILVA, 1999). Podem

ter sua concentração variando de acordo com os tecidos vegetais, bem como em

função da idade e tamanho da planta, da parte coletada, da época ou, ainda, do local

de coleta (MONTEIRO et al., 2005).

Além de moléculas mais simples como os ácidos fenólicos e os flavonoides,

os taninos são encontrados em muitas frutas, sendo caracterizados como compostos

fenólicos de alta massa molecular, que precipitam proteínas, incluindo proteínas

salivares da cavidade oral. Essas propriedades são fundamentais para explicar o

papel dos taninos na proteção vegetal contra patógenos e na detenção de herbívoros

que se alimentam destas plantas.

3.2.3. Antocianinas

O grupo mais importante de pigmentos hidrossolúveis encontrados na

natureza é o das antocianinas (do grego anthos, flor, e kyanos, azul) sendo

responsáveis por cores que vão desde laranja, passando pelo vermelho e violeta até

azul-escuro de muitas flores, frutos, folhas, raízes e caules comumente encontrados

na natureza (DELGADO-VARGAS et al., 2000; ANDERSEN e JORDHEIM, 2006).

Pertencentes ao grupo dos flavonoides, caracterizadas pela estrutura

básica C6-C3-C6 (WILSKA-JESZKA, 2006), as antocianinas são constituídas de

derivados polimetil e/ou polihidroxi glicosilados do núcleo básico flavílio (cátion 2-

fenilbenzopirílio) (Figura 3.3) (BROUILLARD, 1982), e contêm ligações duplas

conjugadas responsáveis pela absorção de luz em torno de 500 nm, caracterizando a

cor típica destes pigmentos (REIN, 2005).

34

Figura 3.3 - Estrutura química do cátion flavílio (REIN, 2005).

A estrutura básica das antocianinas (Figura 3.4) é constituída por uma

aglicona (antocianidina), um grupo de açúcares e um grupo de ácidos orgânicos

(FRANCIS, 1989). Aproximadamente 22 agliconas são conhecidas, das quais 18

ocorrem naturalmente e apenas seis (pelargonidina, cianidina, delfinidina, peonidina,

petunidina e malvidina) são importantes em alimentos (FRANCIS, 2000; MALACRIDA

e MOTTA, 2005).

As diferenças entre as antocianinas resultam do número de grupos

hidroxilas na molécula, do grau de metilação desses grupos, da natureza e do número

de açúcares ligados à molécula e também, da posição da ligação e da natureza e do

número de ácidos alifáticos e aromáticos ligados aos açúcares na molécula (Figura

3.4) (GUEDES, 2004).

Figura 3.4. Estrutura das antocianinas (GUEDES, 2004).

As antocianinas contribuem para a cor de flores e frutas e atuam como filtro

das radiações ultravioleta nas folhas. Em algumas espécies de plantas, as

35

antocianinas estão associadas à resistência aos patógenos e atuam melhorando e

regulando a fotossíntese (MAZZA e MINIATI, 1993). Existem aproximadamente 400

diferentes antocianinas (KONG, 2003). Contudo, sua maior aplicação é como corante

natural em produtos alimentícios, cosméticos, fármacos, tecidos, tintas, dentre outros.

Diversos fatores, tais como luz, temperatura, pH, entre outros,

desencadeiam a degradação oxidativa das antocianinas, que são mais estáveis em

meios ácidos do que em alcalinos. A natureza da estrutura iônica das antocianinas

possibilita mudanças na estrutura molecular de acordo com o pH, resultando em

diferentes cores. Em pH abaixo de 3, a antocianina cianidina-3-glicosídeo, por

exemplo, existe primariamente como uma estrutura molecular que resulta na cor

vermelha. Aumentando o pH do meio, novas formas moleculares são produzidas,

resultando em cores que vão desde o violeta a uma forma incolor. Han et al. (2009)

sugerem que a degradação da cianidina-3-glicosídeo se inicia devido à facilidade de

se hidrolisar o grupo glicosídeo ligado à estrutura base.

Devido às suas propriedades de promoção de saúde, tais como efeitos

antioxidantes e anti-inflamatórios, as antocianinas presentes nos alimentos têm

recebido atenção considerável (BOWEN-FORBES et al., 2010 e LIM et al., 2013). As

antocianinas predominantes nos alimentos são a malvidina, a delfinidina, e a

peonidina (BOGNAR et al., 2013), podendo ser encontradas em muitos vegetais,

incluindo as berries, batata roxa e derivados da uva.

Além da identificação dos tipos de antocianinas presentes nos extratos, a

determinação da sua concentração, bem como de outros compostos co-extraídos, é

de extrema importância, pois elas estão associadas às funções biológicas destes

produtos. Para a determinação da concentração de antocianinas nos extratos, os

métodos baseados nas transformações estruturais das antocianinas em função do pH,

gerando soluções coloridas, têm propiciado resultados confiáveis, sendo o método do

pH diferencial descrito por Giusti e Wrolstad (2001) um dos mais utilizados.

Outro método para identificação e quantificação de antocianinas é a

cromatografia líquida de ultra-alta pressão (UPLC - Ultra Performance Liquid

Chromatography), uma tecnologia recente que combina a utilização de colunas com

partículas de diâmetro menor do que 2 mm e instrumentação que permitem operar

com altas pressões da fase móvel (6.000 – 15.000 psi), o que possibilita diminuição

36

significativa do tempo de análise em comparação com a cromatografia líquida de alta

eficiência (HPLC) convencional. Esta é uma importante vantagem na análise de

extratos vegetais complexos em medicamentos fitoterápicos ou em programas de

triagem para busca de substâncias bioativas (“high throughput screening”) em extratos

vegetais (YARIWAKE et.al., 2006).

3.3. Métodos de extração

Existem vários métodos de obtenção de extratos de vegetais, utilizando

vários solventes, empregando ou não altas pressões e temperaturas ou até mesmo

associando métodos no intuito de obter um ou mais extratos com perfil fitoquímico

desejável, com alto rendimento e que não possua características indesejáveis como

a presença de compostos co-extraídos como ceras e clorofila e a presença residual

de solventes (BRAGA, 2005).

De acordo com Tzia e Liadakis (2003) e Velasco et al. (2007), os processos

de extração consistem na separação de determinados compostos a partir de uma

matriz através de processos químicos, físicos ou mecânicos. O estado de agregação

da matriz resulta em três tipos básicos de processos extrativos: extração sólido-

líquido, extração líquido-líquido e extração gás-líquido.

Comumente, métodos convencionais como Soxhlet, agitação, percolação

em leito fixo, entre outros, são utilizados nos processos de extração de antocianinas.

Entretanto, estes métodos geralmente consomem muito tempo, grande quantidade de

solventes e podem degradar estes compostos durante o processo. Segundo Pinedo

(2007), a hidrólise completa dos açúcares ligados a antocianinas, que propiciam maior

estabilidade destes pigmentos após a extração, ocorre em uma hora a 40 oC na

presença de etanol acidificado com 1% de HCl.

Extrações convencionais e não convencionais são aplicadas para a

obtenção de compostos de alto valor agregado. As tecnologias não convencionais

representam uma ferramenta promissora para recuperar compostos de alto valor

agregado a partir de resíduos ou subprodutos. No entanto, vários parâmetros

influenciam na escolha da tecnologia utilizada para recuperar estes compostos, tais

37

como a matriz a ser processada, a seletividade, o consumo de energia, o custo do

equipamento e o valor do extrato (BARBA et al., 2016).

3.3.1. Extração com sistema Soxhlet

A extração Soxhlet é considerada uma das técnicas mais populares para

extração de analitos a partir de materiais sólidos. Desde a sua descoberta em 1879,

a técnica tem sido rotineiramente aplicada em quase todos os laboratórios de análises.

Atualmente, a extração Soxhlet continua sendo uma técnica padrão para efeito de

comparação com as técnicas não convencionais (ZYGLER et al., 2012).

A extração Soxhlet, assim como a maceração e a percolação, tem sido

usada com finalidades diferentes durante décadas. Considerando a eficiência destes

métodos tradicionais, os mesmos são descritos como processos de extração química

universal. No entanto, estes métodos requerem grandes tempos de extração e

quantidades de solventes (HELENO et.al, 2016).

A extração Soxhlet utiliza o refluxo de solvente em um processo

intermitente. O solvente é inicialmente aquecido e o vapor gerado pelo aquecimento

é condensado. O solvente no estado líquido cai no cilindro confeccionado de papel de

filtro, no qual se encontra a amostra, e o enche lentamente. A solubilização das

substâncias a serem extraídas da amostra ocorre até se preencher totalmente cilindro.

Em seguida, a mistura de solvente e extrato é sifonada para o balão onde o solvente

se encontrava inicialmente. O processo se reinicia até que a extração seja completa.

Xu et al. (2010) determinaram que 60% do óleo da semente de amora preta

é encontrado no embrião e endosperma, enquanto 90% dos compostos fenólicos são

encontrados no tegumento da semente. Também reportaram que o rendimento da

extração de compostos fenólicos com etanol em sistema Soxhlet é menor ao obtido

por extração em leito agitado, porém a capacidade antioxidante parece não ser

afetada pelas temperaturas elevadas de extração.

38

3.3.2. Extração com líquidos pressurizados

A fim de extrair determinados compostos de matrizes sólidas ou semi-

sólidas com pouca quantidade de solvente em um curto tempo, a extração com

líquidos pressurizados (PLE - Pressurized Liquid Extraction) se baseia na utilização

de solventes submetidos a alta temperatura e pressão (HUIE, 2002). O método PLE

emprega menor volume de solvente que as extrações convencionais (Soxhlet, etc.) e

é mais rápido (o tempo de extração varia entre 10 e 20 minutos). Setyaningsih et al.

(2016) afirmam que a eficiência da PLE, depende da temperatura de extração,

pressão, tempo e do solvente utilizado. A extração deve ser realizada utilizando uma

adequada relação de solvente/amostra a fim de proporcionar uma força motriz

suficiente para ocorrer a transferência do analito.

Além dos solventes comumente utilizados nos processos de PLE, como

metanol, etanol, isopropanol, acetona, hexano, éter dietílico, a água tem sido cada vez

mais utilizada na extração de compostos fenólicos, como ácidos fenólicos e

flavonoides, devido à sua alta polaridade, constante dielétrica e capacidade de

intumescimento (ONG et al., 2006; HERRERO et al., 2006). A extração com água

pressurizada normalmente utiliza temperaturas acima do seu ponto de ebulição

normal e, por esta razão, o processo é mais conhecido como extração com água

quente pressurizada (PHWE - Pressurized Hot Water Extraction) ou extração com

água subcrítica (SWE - Subcritical Water Extraction). O aumento da temperatura

acarreta em diminuição da polaridade aparente da água. Dessa maneira, para a

extração de compostos relativamente polares, bons rendimentos podem ser obtidos

em torno de 100 °C enquanto que para compostos menos polares temperaturas acima

de 200 °C devem ser utilizadas (HERRERO et al., 2006).

3.3.3. Extração supercrítica

Um método de extração é considerado ideal quando é rápido, tem

rendimento de recuperação quantitativa sem degradação e os extratos são facilmente

separados a partir do solvente. É interessante o desenvolvimento e aplicação de

tecnologias alternativas para substituir os métodos convencionais de extração com

39

melhor eficiência de extração e baixo impacto ambiental para a determinação de

compostos bioativos naturais, e a tecnologia de fluidos supercríticos oferece recursos

que superam as limitações dos métodos convencionais de extração (DA SILVA et al.,

2016).

Fluidos são supercríticos quando comprimidos acima de sua pressão crítica

(Pc) e aquecidos acima de sua temperatura crítica (Tc). Perto da região crítica,

pequenas mudanças na pressão podem dar origem a grandes variações na

densidade. Além da densidade, a difusividade em fluidos supercríticos é muito maior

do que em solventes líquidos, e pode ser facilmente alterada. A viscosidade típica de

fluidos supercríticos é da ordem de 10-4 g/cm.s, cerca de 100 vezes menor que a de

líquidos. A combinação de alta difusividade e baixa viscosidade proporciona equilíbrio

rápido e penetração do solvente nos microporos de uma matriz (GUPTA e SHIM,

2007). Estas propriedades tornam altas as taxas de extração e rendimentos da SFE,

uma vez que as altas densidades conferem grande poder de solvatação, enquanto as

baixas viscosidades combinadas com difusividades intermediárias resultam em alto

poder de penetração na matriz sólida (AGHEL, 2004).

O diagrama de fases de um composto puro pode ser representado pela

Figura 3.5, na qual se destacam as regiões subcrítica e supercrítica.

40

Figura 3.5: Diagrama de fases de um composto puro. (Adaptado de BRUNNER,

1987).

No processo de extração com fluidos supercrítcos (SFE – Supercritical

Fluid Extraction) a partir de sólidos, o solvente escoa através de um leito fixo

constituído pelas partículas da matéria prima, solubilizando componentes nela

presentes. O esgotamento do sólido ocorre na direção do escoamento, enquanto a

concentração de extrato na fase solvente aumenta na mesma direção. O solvente

atravessa o leito fixo, saindo carregado de soluto e, após a saída do extrator passa

através de uma válvula de expansão, passando ao estado gasoso e, finalmente, o

soluto é coletado (BRUNNER, 1987; REVERCHON e DE MARCO, 2007).

O dióxido de carbono (CO2) é amplamente empregado como fluido

supercrítico por não ser inflamável, ser atóxico e por sua temperatura crítica ser

moderada (Tc 31 C ). Assim, grande parte da atenção na tecnologia de fluidos

supercríticos tem sido dada ao CO2 (GUPTA e SHIM, 2007). O CO2 também apresenta

outras vantagens, como: ser seguro, abundante, de baixo custo e permitir operações

de SFE em pressões relativamente baixas em relação a outros solventes supercríticos

e em temperaturas próximas à ambiente, conforme mostrado na Tabela 3.1

(VASAPOLLO et al., 2004).

REGIÃO

SUBCRÍTICA

41

Tabela 3.1: Pontos críticos e dados de segurança para seleção de fluidos

(adaptado de GUPTA e SHIM, 2007)

Fluido Tc (K) Pc (bar) Riscos à segurança e

informações relevantes

Etileno 282,4 50,4 Gás inflamável

Trifluorometano (Fluorofórmio ou Freon 23)

299,1 48,2 Superexposição a inalação causa asfixia

Clorotrifluorometano (Freon 13) 301,8 38,8 Superexposição a inalação causa confusão, tontura e dor de cabeça

Etano 305,4 48,8 Gás inflamável

Dióxido de Carbono 304,1 73,8 Solvente GRAS pode causar tontura e sonolência se inalado em excesso

Monóxido de dinitrogênio (gás do riso)

309,6 72,4 Não combustível, mas favorece a combustão de outras substâncias

Hexafluoreto de Enxofre 318,1 37,6 Superexposição a inalação causa asfixia

Clorodifluorometano (HCFC 142b) 410,2 40,5 Combustível sob condições específicas

Propano 369,8 42,5 Extremamente inflamável

Amônia 405,4 113,0 Inflamável e Tóxico

Éter dimetílico (éter de madeira) 400,0 52,4 Extremamente inflamável

Triclorofluorometano (Freon 11, R11) 471,2 44,1 Agride a camada de ozônio

Isopropanol 508,3 47,6 Altamente inflamável

Ciclohexano 553,8 40,7 Altamente inflamável

Tolueno 591,8 41,0 Altamente inflamável

Água 647,3 221,2 Solvente GRAS

Devido a sua natureza apolar, o CO2 dissolve preferencialmente compostos

apolares. Entretanto, substâncias de alta polaridade também podem ser extraídas

com CO2 supercrítico em altas densidades (altas pressões) e/ou pelo emprego de

cossolventes, com os quais é possível aumentar o espectro de substâncias solúveis

no CO2 (VASAPOLLO et al., 2004).

42

A seletividade é uma das principais vantagens da SFE e pode ser

controlada mediante o ajuste das condições de temperatura e pressão do processo

dentro da região supercrítica. A definição das condições de extração indica o poder

de solvatação do solvente e, quanto maior o poder de solvatação, maior a solubilidade

de um determinado composto, assim como o número de compostos solubilizáveis de

uma mistura. Desta forma, a alta solubilidade resulta em baixa seletividade e vice-

versa (FRANÇA et al., 1999; BRUNNER, 1987), sendo que a definição da seletividade

do solvente ou de misturas de solventes pelas condições de processo determinam a

qualidade dos extratos.

Alguns parâmetros importantes na SFE são vazão de solvente, tamanho

de partícula de sólido e tempo de extração. Outros fatores determinantes do processo

de extração são o poder de solubilização e a seletividade do solvente quanto aos

componentes de interesse e à capacidade de difusão destes no fluido supercrítico. A

seleção correta destes parâmetros é crucial para a otimização da extração dos

compostos desejados em menor tempo (REVERCHON e DE MARCO, 2007).

A SFE tem muitas vantagens quando comparada aos métodos

convencionais de extração. Além de o solvente poder ser facilmente removido do

soluto através da redução da pressão e/ou ajuste da temperatura, o processo requer

menor energia com rápida extração devido à baixa viscosidade, alta difusividade e

adequado poder de solvatação do fluido supercrítico. Além disso, a SFE usa pouco

ou nenhum solvente orgânico, por isso é considerada como uma tecnologia segura e

ecologicamente correta, pois industrialmente, o CO2 é recirculado no sistema

(VASCONCELLOS, 2007).

A molécula de CO2 é apolar, com uma pequena polaridade devido à

presença de um momento quadrupolar. O CO2 supercrítico pode ser descrito como

solvente hidrofóbico com polaridade comparável à do n-hexano. Assim, moléculas

apolares ou leves são facilmente dissolvidas em CO2 supercrítico, enquanto

moléculas polares ou pesadas (por exemplo, polímeros, corantes, ácidos graxos

alifáticos e seus ésteres, ácidos aromáticos, proteínas, complexos de metal, etc.) têm

baixa solubilidade. Alguns compostos orgânicos leves, polares ou apolares podem ser

usados como cossolventes para aumentar o poder de solvatação e polaridade do CO2

(GUPTA e SHIM, 2007). O CO2 supercrítico tem sido utilizado industrialmente em

43

vários processos, incluindo descafeinização de café e chá, extração de ácidos graxos

a partir de cevada e especiarias, além da extração de aromas (óleos essenciais) e

óleos (GUPTA e SHIM, 2007).

É importante salientar que as propriedades lipofílicas do CO2 no estado

supercrítico tornam este solvente inadequado para a extração de compostos polares,

tais como compostos fenólicos glicosilados. No entanto, a adição de pequenas

quantidades de cossolventes, tais como água ou etanol (< 5% w/w) pode aumentar a

polaridade do CO2 supercrítico, melhorando a solubilidade de compostos mais

polares. Nestas condições, o sistema se apresenta em duas fases no estado

subcrítico (REVERCHON e DE MARCO, 2006; CAMPARDELLI et al., 2015). Com

isso, a utilização de água como cossolvente apresenta como vantagens menor custo

de processo e impacto ambiental, além da facilidade de manuseio (MEIRELES, 2003).

Campos (2005) utilizou etanol como cossolvente a 10, 15 e 20% (m/m) para

condição operacional de 15 MPa e 40 ºC, a fim de melhorar o perfil de composição o

rendimento da SFE do óleo de bagaço de uva Cabernet Sauvignon. Utilizando CO2

puro, um rendimento de 2,39% foi obtido, enquanto que ao adicionar etanol 15% (m/m)

o rendimento passou para 9,20%. Kitzberger et al., (2009) empregou etanol,

diclorometano e acetato de etila como cossolventes na SFE de óleo de cogumelo

shiitake (Lentinula edodes) a 20 MPa e 40 ºC, visando à extração de compostos

antioxidantes. Ao utilizar CO2 puro foi obtido rendimento de 0,65%, e ao adicionar

etanol 15% (m/m) o rendimento passou para 3,81%.

Já Babova et al. (2016) extraíram antocianinas do mirtilo por CO2

supercrítico seguido por CO2 subcrítico com 10% v/v de etanol como cossolvente.

Compostos fenólicos e antocianinas foram quantificados e caracterizados

quimicamente por meio de HPLC-DAD-ESI-MS/MS. Foram extraídas cianidina-3-O-

glucosídeo e cianidina-3-O-arabinosídeo com CO2 no estado subcrítico. Delfinidina-3-

O-glucosídeo e diversos glucosídeos de quercetina também foram extraídos. Os

autores concluíram que a extração subcrítica do mirtilo é um método eficiente para

recuperar seletivamente compostos com uma alta capacidade antioxidante e um

elevado potencial para aplicações farmacológicas. Porém, nenhum resultado com

resíduo de mirtilo foi estudado anteriormente.

44

Um parâmetro importante na extração supercrítica é o rendimento global

(X0) de um processo e pode ser expresso pela razão entre a massa de extrato obtida

e a massa de matéria prima usada. De modo geral, na SFE a partir de matérias primas

vegetais usando CO2 como solvente, a porcentagem de material extraível é da ordem

de 1 a 10% (RODRIGUES et al., 2002). O rendimento global da SFE não depende

apenas das características da matéria-prima, mas também da forma com que os

compostos nela presentes interagem com o solvente, ou seja, as propriedades do

solvente também têm influência no valor de X0.

A cinética do processo de SFE é caracterizada pela curva global de

extração (OEC - Overall Extraction Curve), que consiste no gráfico da massa de

extrato acumulada em função do tempo de extração ou da massa de solvente utilizada

(BRUNNER, 1994). Uma OEC fornece informações sobre o comportamento cinético

da extração, possibilitando a determinação do tempo mais viável para um processo

de SFE.

Diversos comportamentos podem ser observados para as OECs pois a taxa

de extração não é uma função linear do tempo. Dois tipos de OEC são observados na

literatura, e esquematizados na Figura 3.6 (QUISPE-CONDORI et al., 2005;

BRUNNER, 1994).

Figura 3.6 - Curvas globais de extração (OEC) tipo I e II (adaptado de QUISPE-

CONDORI et al., 2005; BRUNNER, 1994).

I II

45

Observa-se na OEC tipo I uma taxa de extração constante incial seguida

de um decréscimo no final do processo. Curvas deste tipo representam cinéticas de

extração a partir de matrizes vegetais com quantidades altas de material extraível e/ou

de fácil acesso ao solvente. Na OEC tipo II ocorre a diminuição progressiva da taxa

de extração desde o início da extração. Este tipo de curva representa a extração a

partir de substratos com baixo teor de material extraível e/ou de difícil acesso ao

solvente (QUISPE-CONDORI et al., 2005).

3.4. Tecnologia de Separação em Membranas

A filtração é definida como a separação de dois ou mais componentes de

um fluxo de fluido. Em termos convencionais, refere-se à separação sólido-fluido, na

qual se força um líquido ou gás a atravessar um material poroso que retém o sólido.

A separação por membranas estende ainda mais esta aplicação, para incluir a

separação de solutos dissolvidos em correntes fluidas (CHERYAN, 1998).

Membranas podem ser definidas como barreiras entre duas fases, que

permitem a passagem de certos componentes de uma mistura, retendo outros de

forma seletiva (CHERYAN, 1998). Os métodos de filtração utilizados nos processos

de separação por membranas são o convencional (dead end) e o tangencial. No

processo convencional o fluido escoa perpendicularmente à superfície da membrana,

fazendo com que solutos se depositem sobre a mesma, sendo necessária a

interrupção do processo para limpeza ou substituição do filtro. No processo tangencial

(crossflow filtration), o escoamento do fluido é paralelo à superfície da membrana e

em altas velocidades, possibilitando o arraste dos solutos que tendem a se acumular

na sua superfície, o que torna esse processo mais eficiente (RENNER e SALAN,

1991).

O mecanismo de separação em membranas é mais complexo do que a

retenção ou passagem das partículas ou moléculas determinadas pelo diâmetro dos

poros da membrana. Muitas outras variáveis, como composição da membrana,

método de fabricação, estrutura espacial ou morfologia e configuração das moléculas,

interações entre moléculas e com a superfície da membrana, dinâmica do fluxo na

46

unidade de filtração, pressão, temperatura e velocidade da alimentação, influenciam

o processo de separação (KOSEOGLU e ENGELGAU, 1990). Para compreender o

princípio do processo, considera-se que a membrana, quando colocada entre as duas

fases, permite a permeação de solvente e/ou soluto, desde que haja uma força motriz

que provoque este fluxo (BHATTACHARJEE et al., 1999). Para serem efetivas em um

processo de separação, as membranas devem possuir as seguintes propriedades:

alta permeabilidade e seletividade, estabilidade mecânica e térmica e resistência

química (RAUTENBACH e ALBRECHT, 1989). A seletividade à passagem de solutos

presentes em soluções homogêneas está relacionada com as dimensões da molécula

ou partícula, o tamanho dos poros da membrana, a difusividade do soluto no material

que constitui a membrana e as cargas elétricas associadas (PORTER, 1990).

Os processos de separação por membranas se destacam como

alternativas aos processos convencionais de separação nas indústrias químicas,

farmacêuticas, biotecnológicas e de alimentos. Em muitos casos, os principais

atrativos são a seletividade (característica própria da membrana a ser utilizada), o

baixo consumo de energia (separação de componentes sem que ocorra mudança de

fase dos mesmos), separação de compostos termolábeis (o processo ocorre em

temperatura ambiente), simplicidade de operação e aumento de escala, redução no

número de etapas do processamento, maior eficiência na separação e maior

qualidade do produto final (STRATHMANN, 1990; CHERYAN, 1998; HABERT et al.,

2006).

Segundo Mulder (2003), a maioria das aplicações dos processos de

separação por membranas são para concentração, purificação e fracionamento. Esse

transporte pode ocorrer por difusão ou convecção e é induzido por um gradiente de

potencial químico (concentração) ou de potencial elétrico. O fator que distingue os

processos mais comuns de separação por membranas (microfiltração, ultrafiltração,

nanofiltração e osmose inversa) é a aplicação de pressão hidráulica para acelerar o

processo de transporte. Entretanto, a natureza da membrana controla quais

componentes permeiam e quais ficam retidos, uma vez que estes são

diferencialmente separados de acordo com suas massas molares ou tamanho de

partícula (CHERYAN, 1998). Os diferentes processos de separação por membranas

estão esquematizados na Figura 3.7.

47

Figura 3.7. Principais características dos processos de separação em

membranas que utilizam diferença de pressão como força motriz (HABERT et al.,

2006).

Comparando a tecnologia de membranas com métodos tradicionais

utilizados para a concentração de polifenóis, as membranas oferecem novas

possibilidades, devido às suas vantagens de alta recuperação, baixo consumo de

energia, condições de funcionamento brandas (temperaturas e pressões baixas),

ausência de transição de fases, fácil integração com outras unidades operacionais,

além de ser uma tecnologia alternativa de separação molecular (CONIDI et al., 2012).

Os processos de filtração por membranas oferecem perspectivas

interessantes e algumas vantagens comparadas às tecnologias convencionais no

tratamento de efluentes nas indústrias de alimentos em termos de baixo consumo de

energia, maior eficiência de separação e, consequentemente, melhora no produto

final. Operações com membranas conduzidas em alta pressão, tais como

microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose inversa, são tecnologias já

estabelecidas para o tratamento de águas residuais que visam à produção de água

purificada para reciclagem ou reutilização e a recuperação de compostos valiosos

(GALANAKIS et al., 2010, GALANAKIS et al., 2014, MURO et al., 2012, SUÁREZ et

48

al., 2006 e TYLKOWSKI et al., 2011). Atualmente os estudos relacionados à

tecnologia de membranas se baseiam em associações de processos, permeação de

gases, utilização de CO2 no estado supercrítico associado às membranas,

dessalinização da água do mar, reutilização de energia sustentável, purificação de

biodiesel, tratamento de resíduos e principalmente o tratamento de águas residuais e

reutilização da água.

3.4.1. Microfiltração, Ultrafiltração e Nanofiltração

A microfiltração e a ultrafiltração envolvem a separação de um grande

número de macromoléculas. Estes processos se diferenciam pelo tamanho do poro

da membrana, e consequentemente pela pressão de operação. A ultrafiltração exige

maiores pressões para a separação, pois apresenta poros menores em relação aos

da microfiltração.

A microfiltração na indústria de alimentos é amplamente utilizada para a

separação de partículas e/ou microorganismos em bebidas como sucos de frutas.

Porém, como em muitas outras aplicações, uma previsão precisa de filtração em

sucos ainda não foi validada; testes de filtração em unidades laboratoriais são

contestados por deficiências frequentes comparados com filtrações em escala

industrial (LAYAL et al., 2015).

Os processos de filtração por membrana, especialmente a ultrafiltração,

estão em amplo crescimento nas indústrias de processamento de alimentos nos

últimos 25 anos. Estima-se que 20 a 30% do mercado global do processamento por

membranas estão na indústria de alimentos e bebidas. O potencial das membranas

de ultrafiltração para o processamento de alimentos é realçada por meio do sucesso

de vários tipos de aplicações nas cinco grandes áreas, a saber, produtos lácteos,

proteínas vegetais, adoçantes naturais, bebidas, peixes e indústrias de aves

(MOHAMMAD e TEOW, 2016). A ultrafiltração é também utilizada para separar

compostos de alta massa molecular daqueles de baixa massa molecular. As

membranas de ultrafiltração apresentam diâmetro de poro de 0,001 a 0,1 μm. O

diâmetro de poro na ultrafiltração é normalmente expresso em massa molecular de

49

corte, definida como a massa molecular de proteínas globulares que sãoretidas pela

membrana em 90% (PORTER, 1990). O valor citado corresponderia à faixa de 500 a

300.000 Daltons (DZIEZAK, 1990).

Nanofiltração é um processo de separação com membranas capaz de

efetuar separações de moléculas com massa molar média entre o limite superior da

ultrafiltração e o limite inferior da osmose inversa. Trata-se, portanto, de um processo

que utiliza uma membrana “fechada” de ultrafiltração ou uma membrana “aberta” de

osmose inversa. Além disso, as membranas de nanofiltração são diferentes das de

ultrafiltração e osmose inversa, pois possuem filmes finos na superfície, que contêm

grupos carregados. As membranas utilizadas na nanofiltração permitem a passagem

de espécies iônicas e moléculas de baixa massa molar.

O princípio básico da nanofiltração é o mesmo dos demais processos, com

gradiente de pressão como força motriz, onde a solução a ser processada escoa sob

pressão em contato com uma membrana microporosa. Sob o efeito da pressão, o

solvente, em geral água, atravessa a membrana e dá origem ao fluxo de permeado,

carregando sais e moléculas de baixa massa molar, enquanto as moléculas de maior

massa molar não permeiam a membrana (HABERT et al., 2006).

As membranas de nanofiltração são feitas para concentrar componentes

com massa molar acima de 300 Da e são mais seletivas que as membranas de

osmose inversa. As primeiras retêm as moléculas dissolvidas e íons polivalentes, mas

deixam permear os íons monovalentes. Dessa forma, o processo de nanofiltração

requer pressões de operação menores que a osmose inversa, sendo então mais

econômico (MAROULIS e SARAVACOS, 2003).

A eficiência do processo de nanofiltração pode ser atribuída a uma soma

dos efeitos estéricos (convecção e difusão) e eletrostáticos (efeito de cargas) na

superfície da membrana. Segundo Hilal et al. (2004), membranas que apresentam

menor rejeição a componentes dissolvidos e elevada permeabilidade a água

representam uma grande melhora para os processos de separação tecnológicos que

utilizam a nanofiltração.

Segundo Geens et al. (2005), os fatores condicionantes da retenção da

membrana na filtração tangencial são diferentes daqueles da filtração tradicional e

ainda não são totalmente conhecidos. No trabalho realizado por estes autores, para

50

uma melhor compreensão, os fatores foram divididos entre os que influenciam a

membrana e os que influenciam o líquido a filtrar. Os parâmetros que influenciam a

membrana são a permeabilidade dos solventes, a hidrofobicidade e a porosidade da

membrana. Por outro lado, os fatores que mais influenciam o comportamento do

líquido são a sua viscosidade e polaridade. Além destes, foram ainda apontados três

efeitos resultantes das interações soluto-solvente que condicionam o desempenho da

membrana. O primeiro está ligado à porosidade da membrana, pois quanto maior for

o diâmetro dos poros, menos resistência haverá à permeação do soluto. Em segundo,

pode ocorrer uma grande afinidade entre soluto e solvente, que origina um aumento

do tamanho molecular e assim aumenta a rejeição da membrana. Por fim, com o

avanço do processo de filtração pode ocorrer um “inchamento” da membrana, que

consequentemente diminui o tamanho seus poros.

A nanofiltração pode também ser utilizada para aplicações que envolvem o

fracionamento em vez da purificação. O seu potencial no processamento de alimentos

relacionados à alta qualidade, tratamento de águas residuais, processamento de óleo

vegetal, produtos lácteos, bebidas e açúcar vem sendo estudado recentemente

(SALEHI, 2014).

Conidi et al. (2012) descrevem a nanofiltração como um processo

conduzido por pressão e eficiente no fracionamento e na concentração de solutos a

partir de soluções complexas, com fluxos mais elevados comparados à osmose

inversa e melhor retenção que a ultrafiltração. Também afirmam que a principal

vantagem da nanofiltração é purificar compostos naturais, ou seja, fracionar moléculas

de massa molecular de 150-1000 Da.

Diversos trabalhos utilizando nanofiltração na concentração de

antocianinas têm sido realizados. Couto et al. (2010) estudaram o processo de

nanofiltração para reter as antocianinas de açaí, e concluíram que a membrana

NF 270 apresentou a melhor relação entre fluxo de permeado e coeficiente de

retenção de antocianinas. Martinez (2012) estudou a obtenção de um concentrado

rico em antocianinas a partir da polpa de juçara por microfiltração seguida de

nanofiltração e extração do óleo. Vieira (2015) também estudou a concentração de

antocianinas de diferentes extratos de juçara e concluiu que a melhor condição

operacional foi a 35 °C e 3,5 MPa, que resultou nos maiores valores de fluxo, retenção

de antocianinas e capacidade antioxidante dos extratos.

51

3.4.2. Fenômenos envolvidos no processo de separação em membranas

A permeabilidade de uma membrana representa a capacidade de um

solvente atravessá-la, podendo ser definida como a quantidade de solvente que

permeia a membrana em função da temperatura, velocidade do fluxo e pressão

aplicada (CHERYAN, 1998).

A seletividade, outra propriedade importante das membranas, está

relacionada à sua capacidade de retenção de determinados solutos, que pode ser

afetada pelos seguintes fatores: tamanho e forma das partículas, tipo do material e

configuração da membrana, concentração de substâncias retidas e adsorção de

solutos na membrana. Uma medida da seletividade é a rejeição ou retenção aparente,

pela qual se assume que a probabilidade de uma partícula atravessar a membrana é

máxima quando a sua rejeição é de 0% (MULDER, 2003; CHERYAN, 1998).

Nos processos de separação por membranas há uma redução importante

no fluxo de permeado com o tempo. Para que não haja uma diminuição da

produtividade, é importante minimizar a ocorrência dos fenômenos que limitam o fluxo

de permeado, que são: a polarização da concentração, formação de camada

polarizada e incrustação (CHERYAN, 1998). Estes fenômenos limitantes ocorrem

devido à presença de espécies no fluido de alimentação que não podem passar para

o permeado. Na polarização da concentração, as espécies acumuladas na parede da

membrana se encontram dispersas na solução, enquanto na camada polarizada as

espécies se depositam na superfície da membrana, e na incrustação estas aderem

dentro da matriz da mesma (CHERYAN, 1998).

A polarização por concentração é um fenômeno reversível, resultante do

acúmulo de solutos na superfície da membrana, cuja concentração aumenta com o

tempo de processo. Este fenômeno pode ser definido pelo gradiente de concentração

formado entre a região próxima à membrana, com alta concentração de solutos, e a

região por onde passa a solução de alimentação. Esse gradiente é compensado por

uma difusão desses solutos no sentido contrário ao do solvente, formando a camada

polarizada, e provocando diminuição no fluxo (SCHÄFER et al., 2006). Segundo

Sablani et al. (2001), a polarização da concentração, juntamente com a adsorção de

52

soluto e a formação da camada polarizada, causa a redução do fluxo de permeado.

Consequentemente, a predição do desempenho da membrana é difícil para as

diferentes aplicações. Modelos matemáticos têm avançado na direção da

compreensão destes fenômenos.

Como mostra a Figura 3.8, os problemas da polarização da concentração,

camada polarizada e da incrustação estão associados à passagem do retido na

superfície da membrana (HANHUI et al., 2004).

Figura 3.8. Diagrama de filtração tangencial em membranas (Adaptação de

ilustração apresentada por Hanhui et al. (2004)).

De acordo com Cheryan (1998), cinco fatores afetam o fluxo através de

uma membrana: pressão de operação, temperatura, velocidade de escoamento do

fluido, concentração e origem da alimentação. O aumento da temperatura reduz a

viscosidade do fluido e aumenta a difusividade, aumentando assim o fluxo de

permeado. Porém, em temperaturas muito altas pode haver precipitação de sais na

superfície da membrana, intensificando a incrustação e, consequentemente,

diminuindo o fluxo de permeado. Ainda segundo Cheryan (1998), um acréscimo na

velocidade de escoamento ou na turbulência do fluido a ser permeado causa o arraste

53

das partículas retidas na superfície da membrana, diminuindo a espessura da camada

gel polarizada e provocando o aumento do fluxo de permeado. O fluxo decresce

exponencialmente com a concentração de alimentação, devido ao aumento na

viscosidade.

Cassano et al. (2006) descrevem a incrustação de membranas como um

fator que afeta a viabilidade comercial do processo, do qual depende o fluxo de

permeado e sua estabilidade com o tempo. Incrustações de sucos de frutas são

causadas principalmente por polissacarídeos da parede celular do fruto, tais como

pectinas, celuloses, hemiceluloses e ligninas.

Apesar de grandes avanços na tecnologia de membrana (ou seja, a

melhoria das propriedades da membrana relacionadas com fluxo de permeado e

resistência da incrustação), o procedimento de sistemas integrados de membranas

como ultrafiltração seguida de nanofiltração é ainda limitada pela incrustação causada

por adsorção, acumulação ou precipitação dos componentes orgânicos e inorgânicos

na superfície da membrana (CHON et al., 2012), o que consequentemente, diminui o

fluxo de permeado.

O declínio do fluxo de permeado com o tempo ocorre em três estágios,

como mostra a Figura 3.9. No primeiro estágio, que ocorre nos minutos iniciais, há

uma rápida diminuição no fluxo, causada pela polarização da concentração. O

segundo estágio, que é uma etapa intermediária, se deve à incrustação. Por fim,

ocorre a consolidação da incrustação no terceiro estágio, caracterizado por um

declínio contínuo e lento do fluxo (MARSHALL e DAUFIN, 1995).

54

Figura 3.9. Estágios do declínio do fluxo de permeado com o tempo (MARSHALL

e DAUFIN, 1995).

Os fenômenos que interferem no fluxo de permeado têm sido estudados.

Machado et al. (2012) avaliaram os efeitos do tratamento enzimático com pectinase

da polpa de açaí no desempenho do fluxo cruzado de microfiltração e nas

características fitoquímicas e funcionais de seus compostos. As análises dos

mecanismos incrustantes foram realizadas através da resistência em série. Os

resultados mostraram que o tratamento enzimático teve um efeito positivo sobre o

processo do desempenho de fluxo cruzado de polpa de açaí. Camelini et al. (2014)

estudaram o fluxo de permeado influenciado por pressão e temperatura de

polissacarídeos a partir do extrato da biomassa miceliana de A. subrufescens e

quantificaram os fenômenos responsáveis pela diminuição do fluxo de permeado.

Concluíram que a nanofiltração pode ser utilizada para a concentração dos

polissacarídeos, conseguindo-se fluxos compatíveis com a realidade industrial.

3.4.3. Parâmetros de controle e eficiência do processo de separação em

membranas

Para fluidos que não contêm muitos componentes causadores de

incrustação, altas pressões podem aumentar o fluxo de permeado, pois a força motriz

55

será maior. Porém, em casos nos quais a camada polarizada e a incrustação se

formam com facilidade, o aumento na pressão resulta na compactação das partículas

sobre a superfície da membrana, ocasionando um declínio acelerado do fluxo de

permeado. Assim, utilizando pressões mais baixas, tem-se um fluxo inicial menor, mas

que é mantido com o tempo (PORTER, 1990). De acordo com Cheryan (1998), o

aumento da pressão transmembrana tende a aumentar o fluxo de permeado até a

consolidação da camada polarizada, após a qual o fluxo se torna independente da

pressão, apenas aumentando a espessura desta camada.

O fluxo de permeado é diretamente proporcional à pressão aplicada e

inversamente proporcional à viscosidade do fluido de alimentação. A viscosidade é

primariamente controlada por dois fatores: concentração de sólidos da solução de

alimentação e temperatura. O aumento da temperatura ou da pressão aumentaria o

fluxo de permeado. Isto depende de certas condições, tais como baixa pressão, baixa

concentração de sólidos no fluido de alimentação e alta velocidade do fluido

(CHERYAN, 1998). A relação entre pressão e fluxo de permeado se deve aos efeitos

da polarização de concentração. Em baixas pressões, baixa concentração da

alimentação e alta velocidade do fluido, os efeitos da polarização de concentração são

mínimos, sendo o fluxo de permeado afetado pela pressão transmembrana (PT).

Desvios da relação linear entre fluxo e pressão são observados em altas pressões,

independentemente de outros parâmetros operacionais (CHERYAN, 1998).

A polarização de concentração pode ser atenuada se a hidrodinâmica de

escoamento da corrente de alimentação for alterada, pela criação de um fluxo

turbulento ou através da utilização de módulos vibratórios (BAKER, 2004). Esta

camada é dinâmica, e alterando condições operacionais, como pressão, concentração

da alimentação ou velocidade da alimentação, pode-se reverter o sistema ao regime

operacional controlado pela pressão. No entanto, se a incrustação está consolidada,

o fluxo de permeado não retornará aos níveis originais, exceto após a limpeza da

membrana (CHERYAN, 1998).

As membranas utilizadas na nanofiltração e osmose não são, na verdade,

membranas com poros definidos e, portanto, são classificadas como membranas

semi-porosas (ALLGEIER et al., 2005). Assim, a medida utilizada para caracterizar a

56

permeabilidade de cada membrana é a massa molecular de corte da membrana

(MMC).

Existem alguns constituintes que, em quantidades relativamente pequenas,

conseguem passar para o permeado, além de água e etanol, que são os solventes

utilizados nos experimentos deste trabalho. Este fato está intimamente ligado à

relação entre a massa molecular dos constituintes e a MMC. A MMC não é uma

medida linear e está sujeita a alterações ao longo do processo. Logo, existem algumas

porcentagens de compostos que, apesar de apresentarem massas moleculares

superiores à MMC, passam para o permeado (ALLGEIER et al., 2005).

3.4.4. Fluxo de permeado (J)

O fluxo de permeado é definido como a quantidade de permeado obtida,

expressa em massa ou volume, por área de permeação da membrana por tempo. O

fluxo de permeado está expresso na Equação 1 (CHERYAN, 1998).

𝐽 =𝑀𝑝

𝐴𝑝 (1)

Onde: Mp é a massa de permeado no tempo t e Ap é a área de permeação.

3.4.5. Fator de Concentração (FC)

O fator de concentração quantifica a redução de massa atingida pela

separação por membranas. É calculado como a razão entre a massa inicial na

alimentação e a massa final de retido, como mostra a Equação 2.

𝐹𝐶 =𝑀𝑎

𝑀𝑟 (2)

Onde: Ma = massa da alimentação e Mr = massa do retido.

57

3.4.6. Pressão aplicada à membrana (PM) ou pressão transmembrana (Pt)

A pressão transmembrana é definida como o gradiente de pressão entre os

lados do retido e do permeado, calculada pela Equação 3.

𝑃𝑡 = 𝑃𝑟 − 𝑃𝑝 (3)

Onde Pr e Pp são, respectivamente, as pressões nas correntes do retido e

do permeado.

Geralmente, o gradiente de pressão entre a corrente de retido e o

permeado varia ao longo do comprimento da membrana. Assim, o valor da pressão

aplicada à membrana é calculado pela média aritmética da pressão na entrada e na

saída da membrana. Quando a saída do permeado for aberta para o ambiente, a

pressão Pp é nula, e a pressão aplicada à membrana é calculada conforme a Equação

4 (CHERYAN, 1998).

𝑃𝑡 =𝑃𝑒+𝑃𝑠

2 (4)

Onde Pe e Ps, as pressões de entrada e de saída da membrana no lado do

retido, respectivamente.

3.4.7. Índice de Retenção (IR)

Para avaliar o grau de retenção de um componente pela membrana se

utiliza o índice de retenção (ou rejeição), calculado conforme a Equação 5 (GIRARD

e FUKUMOTO, 2000). Este índice fornece uma medida da capacidade da membrana

58

em reter moléculas ou componentes específicos, sob determinadas condições de

operação.

𝑅 = (1 −𝐶𝑝

𝐶𝑟) . 100 (5)

Onde: Cp e Cr são as concentrações no permeado e no retido,

respectivamente.

O índice de retenção é afetado por fatores como tamanho e formato das

partículas presentes, concentração dos compostos rejeitados, pH e força iônica da

solução, tipo de material que constitui a membrana e sua configuração.

3.5. Processos acoplados

Dióxido de carbono supercrítico tem sido amplamente utilizado para

extração e recuperação de componentes de alto valor a partir de matérias-primas e

subprodutos industriais. Tem havido um progresso significativo em termos de

comercialização desta tecnologia associada às suas vantagens sobre a utilização de

solventes orgânicos (TEMELLI, 2009). Baixa viscosidade e alta difusividade do

solvente, baixa temperatura do processo, propriedades de solvatação ajustáveis,

facilidade de remoção de componentes extraídos, baixos custos e disponibilidade são

algumas das principais vantagens que dão origem a inúmeras aplicações do CO2

supercrítico. Por outro lado, o custo de recompressão de CO2 gasoso para condições

supercríticas é alto (CARLSON et al., 2005).

A integração de um sistema de separação por membranas ao processo de

extração com CO2 supercrítico tem o objetivo de eliminar a etapa de despressurização

e, consequentemente, reduzir os custos de recompressão. Processos de separação

por membranas são bem conhecidos e, atualmente, utilizados em muitas aplicações

industriais. Estes processos são fáceis de ampliar e economicamente favoráveis em

relação aos processos convencionais de separação. O principal problema associado

com processos de separação de membranas é o baixo fluxo de permeado, quando é

necessária uma elevada seletividade.

59

O uso do CO2 como solvente tem sido efetivo para aumentar o fluxo de

permeado pela redução da viscosidade durante a permeação através da membrana

(SARRADE et al., 2003). Muitas aplicações de separação de componentes de solutos,

incluindo óleos essenciais, ácidos graxos e cafeína, foram investigadas com

separação de etanol e processamento de produtos petrolíferos usando extração com

CO2 supercrítico integrada a processos de separação por membranas, empregando

membranas orgânicas e inorgânicas (SEMENOVA et al., 1992). Os efeitos da

viscosidade e do transporte do CO2 através da membrana foram também avaliados

(PATIL et al., 2006; VERKERK et al., 2001). Porém, estes estudos focaram na

permeabilidade e seletividade de membranas sob condições extremas de

processamento associadas com o uso do CO2.

Alguns trabalhos têm sido desenvolvidos nessa área. Rezzadori et al.

(2015) estudaram o efeito do CO2 na permeação de membranas poliméricas de

osmose inversa e nanofiltração utilizando misturas de óleo de macaúba (Acrocomia

aculeata) e CO2, e concluiram que a seletividade não foi alterada e que é possível a

utilização de membranas poliméricas comerciais em sistemas supercríticos para

regeneração do CO2 e fracionamento parcial dos ácidos graxos.

Uma vez que a utilização de membranas orgânicas é comum devido à sua

disponibilidade e baixo custo, a estabilidade é ainda o fator mais importante quando

membranas poliméricas são empregadas em um sistema acoplado com CO2. As

interações entre o CO2 e a estrutura do polímero da membrana podem afetar

adversamente o desempenho da membrana, dependendo do material polimérico e

condições de processamento. Estas interações foram relatadas em estudos

anteriores, visando a diferentes grupos funcionais associados a diferentes materiais

poliméricos (KANEHASHI et al., 2007). O efeito do CO2 na estrutura da membrana

polimérica pode ser descrito em duas partes: comportamento de inchaço durante o

processamento e reorganização da rede de polímero mediante a despressurização.

Muitas aplicações desta abordagem têm sido relatadas, como

descafeinazação e recuperação do produto de interesse, utilizando membranas de

poliamida de filme fino com CO2 (SARRADE et al., 2003; SARMENTO et al., 2004;

SPRICIGO et al., 2001; CARLSON et al., 2005; PIETSCH et al., 1998). A fim de avaliar

o efeito do CO2 sobre membranas poliméricas, as propriedades físico-químicas da

membrana e os fenômenos envolvidos devem ser bem entendidos (SARMENTO et

60

al., 2008; ARTZ et al., 2005; BOS et al., 1999; PETROPOULOS, 1992; REIJERKERK

et al., 2011). A solubilidade dos polímeros no CO2 depende das interações específicas

entre eles. Essas interações são a principal razão para as alterações químicas e

morfológicas na estrutura do polímero da membrana e o fator determinante para a

eficiência de processos que envolvem o CO2 como solvente.

3.6. Considerações sobre o estado da arte

O estudo da concentração de compostos bioativos do resíduo de mirtilo

utilizando líquidos pressurizados, extração com fluidos supercríticos, e posterior

nanofiltração é de extrema importância, pois não há na literatura trabalhos realizados

com estes procedimentos. Existem muitos trabalhos com mirtilo, porém realizados

com a fruta inteira ou suco. Para o resíduo das indústrias não existem trabalhos

vinculados às tecnologias propostas nesta tese.

A concentração de antocianinas, compostos fenólicos e antioxidantes do

resíduo de mirtilo utilizando SFE, PLE e separação em membranas é de grande

interesse, pois as temperaturas moderadas envolvidas nestes processos diminuem a

degradação térmica destes compostos. Além disso, o fracionamento e a purificação

subsequente e a concentração das antocianinas são uma questão de interesse

econômico para a indústria de alimentos. Através deste estudo, outros poderão ser

realizados para aplicações de processos integrados de reaproveitamento de resíduos

de frutas ricas em antocianinas.

61

4. MATERIAIS E MÉTODOS

A Figura 4.1 apresenta o diagrama de fluxo das atividades realizadas

nesta tese. As atividades encontram-se detalhadas nas seções a seguir:

Resíduo de mirtilo

fresco

Limpeza de

impurezas dos

resíduos

Secagem: Estufa e

Liofilização

Resíduo fresco

Resíduo LiofilizadoAnálises

Composição química por UPLC

Teor de Fenóis Totais

Atividade Antioxidante:

DPPH e ABTS

Antocianinas

Extrações teste:

Resíduo de mirtilo

Lote 1

Extrações SFE:

Resíduo de mirtilo

fresco e liofilizado

(Lote 1) e mirtilo

fruta fresca

Escolha: temperatura, pressão e vazão;

Rendimento global;

Cinéticas de extração

Análises

Composição química por UPLC

Teor de Fenóis Totais

Atividade Antioxidante:

DPPH e ABTS

Antocianinas

Testes preliminares na

Unidade de

membranas 1

Alimentações diluídas em:

Água

Água acidificada (pH:2,0)

Solução água e etanol

Testes preliminares

na Unidade de

membranas 1

Melhor condição de concentração

Unidade de membranas 2

Nanofiltração:

Extrato SFE (melhor condição) e

resíduo fresco (Lote 2)

Composição química por UPLC

Teor de Fenóis Totais

Atividade Antioxidante:

DPPH e ABTS

Antocianinas

Figura 4.1. Diagrama de fluxo das atividades realizadas na tese.

Fenóis Totais

Antocianinas

62

4.1. Matérias-primas

Os resíduos de mirtilo utilizados neste trabalho foram adquiridos da

empresa “Orgânicos Pérolas da Terra”, localizada na cidade de Antônio Prado, no

estado do Rio Grande do Sul. Foram utilizados dois lotes diferentes de matéria-prima.

O Lote 1 é de resíduo de mirtilo das variedades clímax, bluegen e flórida, produzido

através do processo de extração por despolpadeira (marca: Biancheta, modelo: semi-

industrial, ano de fabricação: 2005, fabricante: Mecânica Três Eixos e capacidade de

produção de 200 kg/h). O Lote 2 é de resíduo composto das mesmas variedades do

primeiro, porém obtido por processo de extração por arraste de vapor (marca da

extratora: Stampa Inox, modelo: Conjugado, ano de fabricação: 1995, fabricante:

Stampa Inox e capacidade de produção de 100 kg/h).

Além disso, foi usado mirtilo fresco proveniente do mercado local de

Campinas-SP e suco concentrado de mirtilo, fornecido pela empresa San Leon,

Amparo –SP –Brasil.

4.2. Limpeza e acondicionamento do resíduo

Os resíduos do mirtilo dos dois lotes, constituídos de casca e semente,

passaram por um processo manual de seleção e limpeza para retirada de impurezas

e sujidades grosseiras. Após esta etapa, foram acondicionados em embalagens

plásticas comuns e estocados em freezer doméstico a -18 °C.

4.3. Liofilização e Secagem em estufa do resíduo produzido pelo

processo de despolpamento (Lote 1)

Uma parte da matéria-prima (Lote 1) foi submetida à liofilização em

liofilizador de bancada (L101-LioTop/Liobrás, São Carlos, SP, Brasil) com o tempo

variando de 48 a 72 horas. Outra parte (também do Lote 1) foi seca em estufa de

secagem (Fanem, 320-se, São Paulo, SP, Brasil), com tempo variando entre 4 a 5

63

dias a 40 ºC, dependendo da quantidade de amostras. Após as secagens, as amostras

foram moídas em moinho de facas com objetivo de homogeneizá-las e diminuir a

resistência à transferência de massa durante as etapas posteriores de extração. Os

resíduos de mirtilo liofilizado, seco em estufa e fresco foram acondicionados em

embalagens plásticas e estocados em freezer doméstico a -18 °C.

4.4. Caracterização dos resíduos de mirtilo e do mirtilo fresco

Os resíduos de mirtilo passaram pelo processo de extração por maceração

(somente maceração física, sem adição de solvente) antes das determinações

analíticas.

Os resíduos frescos dos Lotes 1 e 2 foram submetidos à caracterização

química pela realização das seguintes análises: sólidos solúveis e acidez pelo método

titulométrico, pH, vitamina C, umidade (AOAC, 2005), concentração de polifenóis

totais pelo método colorimétrico de SINGLETON et al. (1999) (Seção 4.4.1),

capacidade antioxidante por DPPH e ABTS (RUFINO et al., 2007) (Seção 4.4.2),

antocianinas monoméricas pelo método de pH diferencial (GIUSTI e WROLSTAD,

2003) (Seção 4.4.4) e taninos (somente para os resíduos frescos do Lote 1), (AOAC,

2005) (Seção 4.4.3). Além disso, foi realizada a identificação e quantificação de

antocianinas por UPLC (Seção 4.4.5). As mesmas caracterizações foram realizadas

nas amostras liofilizada e seca em estufa, com exceção de sólidos solúveis, acidez,

pH e vitamina C. Todas as amostras foram mantidas protegidas da luz solar. Para a

amostra da fruta fresca, foi realizada somente a caracterização por UPLC.

A Tabela 4.1 detalha as análises realizadas nos resíduos de mirtilo fresco,

liofilizado, seco em estufa, nos extratos obtidos pelas extrações Sohxlet, PLE e SFE

e nos produtos obtidos da concentração por membranas (permeado, retido e

alimentação).

64

Tabela 4.1. Análises realizadas em todos as matérias-primas e produtos obtidos

das extrações (Soxhlet, PLE e SFE) e concentrações por membranas.

Polifenois

Totais

Capacidade Antioxidante

DPPH

Capacidade Antioxidante

ABTS

Antocianinas Monoméricas Taninos

Antocianinas por UPLC

Resíduo fresco

(Lote 1)

X X X X X X

Resíduo Liofilizado

(Lote 1) X X X X X X

Resíduo Seco Estufa

(Lote 1) X X X X - -

Mirtilo fruta fresca X X X X X X

Extratos Soxhlet

(Lote 1)

X X X X - X

Extratos PLE

(Lote 1) X X X X - X

Extratos SFE

(Lote 1) X X X X X X

Resíduo fresco

(Lote 2)

X X X X - X

Extratos SFE

(Lote 2) X X X X - X

Alimentações membrana

(Lote 2)

X X X X - X

Permeados membrana

(Lote 2)

X X X X - X

Retidos membrana

(Lote 2)

X X X X - X

65

4.4.1. Teor de polifenóis totais

A determinação de polifenóis totais foi realizada através do método de

Folin-Ciocalteu, segundo procedimento de SINGLETON et al. (1999), e os teores de

polifenóis totais foram expressos em mg equivalente de ácido gálico (EAG)/g de

matéria-prima.

Para a construção da curva padrão de ácido gálico, uma alíquota de 1 mL

foi retirada do extrato apropriadamente diluído em metanol (1g/10mL) ou das soluções

aquosas padrão de ácido gálico (> 99%, Vetec, Brasil, lote 0806387) (0 – 100 mg/L) e

transferidas para um balão volumétrico de 25 mL, contendo 9 mL de água. O reagente

de Folin-Ciocalteu (1 mL) (Dinâmica, Brasil) foi adicionado e a mistura agitada. Após

5 minutos foram adicionados 10 mL de uma solução de Na2CO3 7% (Reagentes Carlo

Erba, Itália) e o volume foi completado com água. Após permanecer 90 minutos a

23 ºC na ausência de luz, a absorbância foi determinada a 750 nm em

espectrofotômetro (UV-VIS lambda 40, Perkin Elmer, EUA). A solução referência

utilizada como branco no espectrofotômetro foi acondicionada da mesma forma, com

1 mL de água ultra pura (Milli-Q). A curva padrão foi obtida a partir de testes em

triplicata.

Para a determinação do teor de polifenóis totais nas amostras dos extratos

secos, estes foram inicialmente diluídos em etanol (pureza 99,5 % v/v, Synth, Brasil)

em proporção de 20 mg/mL etanol. A partir do extrato diluído foi preparada a diluição

aquosa, tomando quantidade apropriada do extrato e depositando-a em um balão

volumétrico de 5 mL, completando o volume com água ultra pura (Milli-Q). O mesmo

procedimento foi seguido conforme descrito no parágrafo anterior, verificando se o

valor obtido de absorbância permaneceu dentro da faixa de absorbância da curva

padrão. Todos os ensaios foram realizados em triplicata.

66

4.4.2. Capacidade antioxidante (AA)

4.4.2.1. Determinação da capacidade antioxidante total pela captura do

radical livre DPPH

A capacidade antioxidante das amostras foi avaliada utilizando o método

do sequestro de radicais livres do DPPH (2,2 difenil-1-picrilhidrazil), seguindo o

método descrito por Brand-Williams et al. (1995) e Mensor et al. (2001) e pela captura

do radical livre ABTS de acordo com o método descrito por Rufino et al. (2010).

O método DPPH (BRAND-WILLIAMS et al., 1995) é baseado na captura

do radical DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) por antioxidantes, produzindo um

decréscimo da absorbância a 515 nm. O DPPH é um radical livre que pode ser obtido

diretamente por dissolução do reagente em meio orgânico. A curva padrão foi

construída a partir de uma solução inicial do reagente DPPH (60 µM) com metanol,

preparada em balões volumétricos de 10 mL, gerando soluções com concentrações

de 10 a 50 µM. Em ambiente escuro, transferiu-se uma alíquota de aproximadamente

4 mL de cada solução de DPPH (10 μM, 20 μM, 30 μM, 40 μM, 50 μM e 60 μM) para

cubetas de vidro e realizou-se a leitura da absorbância em espectrofotômetro (Hach,

Modelo DR/400, USA) a 515 nm. Utilizou-se álcool metílico, como branco, para calibrar

o espectrofotômetro.

A partir do extrato, prepararam-se em tubos de ensaio no mínimo três

diluições diferentes em triplicata. Em ambiente escuro, transferiu-se uma alíquota de

0,1 mL de cada diluição do extrato para tubos de ensaio com 3,9 mL do radical DPPH

e homogeneizou-se a solução em agitador de tubos. Utilizou-se 0,1 mL da solução

controle de álcool metílico com 3,9 mL do radical DPPH e homogeneizou-se a solução.

As leituras de absorbância a 515 nm foram monitoradas a cada 10 minutos, de forma

que foi observada a redução da absorbância até sua estabilização. A capacidade

antioxidante pela captura do radical livre DPPH foi expressa em µmol TE/g (trolox/g)

matéria-prima.

67

4.4.2.2. Determinação da capacidade antioxidante total pela captura do

radical livre ABTS+

Um dos métodos mais utilizados para medir a capacidade antioxidante é

baseado na captura do radical 2,2´- azinobis (3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico)

(ABTS+), que pode ser gerado por uma reação química, eletroquímica ou enzimática.

Com esse método, pode-se medir a atividade de compostos de natureza hidrofílica e

lipofílica (KUSKOSKI et al., 2005).

O radical ABTS+ foi preparado a partir da reação de 5 mL de uma solução

estoque de ABTS com 88 µL da solução de persulfato de potássio. Metanol foi utilizado

como solvente. Manteve-se a mistura no escuro, à temperatura ambiente, por 16

horas. Em seguida, diluiu-se 1 mL desta mistura em álcool etílico até se obter uma

absorbância de 0,70 ± 0,05 a 734 nm. A solução foi preparada e utilizada no dia da

análise. Dissolveu-se 25 mg de trolox em álcool etílico e completou-se o volume para

50 mL em um balão volumétrico com álcool etílico, homogeneizou-se e transferiu-se

para um frasco de vidro âmbar, devidamente etiquetado.

Para o preparo da curva padrão a partir da solução padrão de trolox (2.000

µM), foram utilizados balões volumétricos de 10 mL, com soluções de concentrações

variando de 100 a 1.500 µM. Em ambiente escuro, transferiu-se uma alíquota de 30

μL de cada solução de trolox (100 μM, 500 μM, 1.000 μM, 1.500 μM e 2.000 μM) para

tubos de ensaio, misturou-se com 3,0 mL da solução do radical ABTS+ e

homogeneizou-se em agitador de tubos. A leitura da absorbância a 734 nm foi

realizada após 6 minutos da mistura e foi utilizado álcool etílico como branco para

calibrar o espectrofotômetro.

A partir do extrato, prepararam-se em tubos de ensaio, no mínimo três

diluições diferentes, em triplicata. Em ambiente escuro, transferiu-se uma alíquota de

30 μL de cada diluição do extrato para tubos de ensaio com 3,0 mL do radical ABTS+

e homogeneizou-se em agitador de tubos. A leitura da absorbância a 734 nm foi

realizada após 6 minutos da mistura e utilizou-se o álcool etílico, como branco, para

calibrar o espectrofotômetro (Hach, Modelo DR/400, USA).

A capacidade antioxidante pela captura do radical livre ABTS foi expressa

em µmol TE/g matéria-prima.

68

4.4.3. Taninos

A determinação do teor de taninos nos extratos foi realizada pelo método

Folin Denis, ref.11, n°9098 (AOAC, 2005). Esta determinação foi realizada somente

nos extratos obtidos por SFE com cossolventes a partir da matéria-prima do Lote 1.

4.4.4. Determinação do teor de antocianinas pelo método pH diferencial

A determinação dos teores de antocianinas monoméricas foi realizada pelo

método de pH diferencial descrita por Giusti e Wrolstad (2003). Foi introduzida uma

etapa de filtração da amostra em papel de filtro de rápida filtração, para eliminar os

sólidos em suspensão e, deste modo, possibilitar a determinação da absorbância das

soluções.

Prepararam-se duas soluções tampão, sendo uma com pH 1,0 e outra com

pH 4,5. Em seguida, pesou-se entre 0,05 e 0,1 g de amostra em 6 balões volumétricos

âmbar de 25 mL, sendo três massas para pH 1,0 e três para pH 4,5. Completou-se o

volume com tampão adequado, homogeneizou-se em vórtex por 10 s e manteve-se a

mistura em repouso por 25 min. Posteriormente, as amostras foram filtradas e as

leituras de absorbância foram feitas após 30 minutos da adição do tampão.

Para a leitura, primeiramente ajustou-se o comprimento de onda para

510 nm, zerou-se o equipamento com a solução tampão de pH 1,0 e fez-se a leitura

da absorbância da amostra em tampão de pH 1,0. Em seguida, ajustou-se o

comprimento de onda para 700 nm, zerou-se o espectrofotômetro e realizou-se

novamente a leitura da amostra em solução tampão de pH 1,0. Após a leitura com as

amostras de pH 1,0, o mesmo procedimento se repetiu com as amostras de pH 4,5.

O teor de antocianinas foi expresso em mg de antocianinas (cianidina-3-O-glucosídeo)

por 100 g de matéria-prima.

69

Para o cálculo da quantidade de antocianinas monoméricas, utilizou-se a

Equação 6 e para a concentração utilizou-se a Equação 7:

𝐴𝑏𝑠 = (𝐴𝑏𝑠510 − 𝐴𝑏𝑠700)𝑝𝐻1,0 − (𝐴𝑏𝑠510 − 𝐴𝑏𝑠700)𝑝𝐻4,5 (6)

𝐶 (𝑚𝑔

𝐿) =

𝐴𝑏𝑠 𝑥 𝑀𝑀 𝑥 𝐹𝐷 𝑥 1000

𝑒 (7)

Onde:

Abs: absorbância

Abs 510: absorbância na faixa de 510 nm

Abs 700: absorbância na faixa de 700 nm

MM = Massa molecular da cianidina-3-O-glucosídeo = 449,2 g/mol (*)

FD = Fator de diluição

e = absortividade molar da cianidina-3-O-glucosídeo = 26900 (*)

Obs: Os cálculos foram feitos considerando a cianidina-3-O-glucosídeo como a

antocianina principal das amostras.

(*) (FRANCIS e MARKAKIS, 1982)

4.4.5. Identificação e quantificação das antocianinas por UPLC (Ultra

Performance Liquid Chromatography)

Para a identificação das antocianinas foi utilizado um sistema de

cromatografia líquida de ultra eficiência ACQUITY UPLC® acoplado a um

espectrômetro de massas quadrupolo (UPLC-QToF-MS) (Synapt G2, Waters

Corp.,Milford, MA, USA) localizado nas dependências do Departamento de Química

Analítica da Universidade de Cádiz (Espanha).

70

Os picos das antocianinas individuais detectadas nas corridas

cromatográficas foram identificados pela comparação com os tempos de retenção do

respectivo padrão do mirtilo e analisados usando UPLC-QToF-MS. O padrão utilizado

e mais comum foi o cloreto de cianidina.

A concentração dos compostos identificados foi calculada pelas curvas de

calibração obtidas usando soluções do padrão puro, não hidrolisado, com

concentrações variando de 0 a 60 mg/L (ppm). As antocianinas foram quantificadas

comparando-as com a reta de calibração, levando em consideração a massa

molecular de cada uma das antocianinas. Como a fruta mirtilo apresenta 14 diferentes

antocianinas, se torna economicamente inviável fazer a calibração com todos os

padrões, portanto, foi escolhido o padrão mais comum. Os resultados foram expressos

como mg de antocianina/100 g de resíduo fresco (RF). Os resultados são

apresentados como a média ± desvio padrão de três diferentes injeções.

A Tabela 4.1, na Seção 4.4, informa para quais amostras foram realizadas

as análises de UPLC.

4.4.5.1. Materiais e solventes utilizados

Foram usados metanol (Merck, Darmstadt, Alemanha) e ácido fórmico

(Panreac, Barcelona, Espanha) grau HPLC. Água pura Mili-Q foi purificada em um

sistema de purificação de água Millipore (Bedford, MA, USA). O padrão de antocianina

para o Lote 1 (Pelargonidin Chloride) e Lote 2 (Cyanidin Chloride) foram adquiridos da

Sigma–Aldrich Chemical Co. (St. Louis, MO, USA).

4.4.5.2. Identificação das Antocianinas por UPLC-QToF-MS

O equipamento de UPLC usado na identificação das antocianinas é

composto pelos seguintes módulos: sistema de bomba quaternária ACQUITY UPLC,

detector de arranjo de diodos ACQUITY UPLC, injetor automático ACQUITY UPLC,

71

compartimento para a coluna e detector quadrupolo ACQUITY UPLC. Para o controle

do instrumento e o processamento dos dados foi utilizado o software Empower™

(versão 3.0, Waters). Extratos do Lote 1 foram passados através de um filtro de 0,20

µm de tamanho de poro (Chromafil® Xtra, PA-20/25, Alemanha). Já os extratos do Lote

2 foram filtrados com filtros de mesma porosidade (0,20 μm), porém de outra empresa

(Membrane Solutions, Dallas, USA).

Foi utilizada a coluna analítica ACQUITY UPLC® BEH C18, 1.7 µm, 2.1 ×

100 mm (Waters, Irlanda). As temperaturas da coluna e do injetor automático foram

mantidas a 50 e 15 °C, respectivamente. O volume de injeção dos extratos foi ajustado

para 3,0 µL.

A eluição da fração de antocianinas foi utilizada com fases móveis, água

(solvente A) e metanol (solvente B) com a primeira contendo 2 % de ácido fórmico. O

gradiente linear aplicado foi: 0 min, 15% B; 3,30 min, 20% B; 3,86 min, 30% B; 5,05

min, 40% B; 5,35 min, 55% B; 5,64 min, 60% de B, 5,94 min, 95% B; 7,50 min, 95%

B. O tempo de execução total da corrida foi de 12 min, incluindo 4 min para o equilíbrio

da coluna. A vazão de solvente foi de 0,4 mL/min. A determinação dos analitos foi

realizada por meio de uma fonte de eletrospray (ES), operando no modo de ionização

positivo nas condições que seguem: vazão de gás de dessolvatação = 700 L/h,

temperatura de dessolvatação = 500 °C, vazão de gás do cone = 10 L/h, temperatura

da fonte = 150 °C e voltagem do capilar 700 V. A voltagem do cone para o Lote 1 foi

de 30 V, e a energia de colisão foi de 20 eV e modo de varredura completa foi utilizada

(m/z = 100 - 800). Para o Lote 2, a voltagem do cone foi de 20 V, a energia de colisão

foi de 4 eV e o modo de varredura completa foi utilizada (m / z = 100 - 1200). O efluente

do sistema cromatográfico também passou pelo detector de arranjo de diodos

(espectro UV-vis), onde as antocianinas foram monitoradas de 200 a 600 nm.

O equipamento UPLC-QToF-MS, tem um Photodiode Array (PDA) antes de

massa. Com isso, pode-se afirmar que os perfis do equipamento de identificação e

quantificação são os mesmos. Ambos estão em série.

Todo o método foi desenvolvido e com ensaios prévios nas dependências

do Departamento de Química Analítica da Universidade de Cádiz (Espanha).

72

4.4.5.3. Separação e Quantificação das Antocianinas por UPLC

A quantificação de antocianinas foi realizada em um cromatógrafo UPLC

Elite LaChrom (VWR Hitachi, Tóquio, Japão), consistindo de um injetor automático de

amostras (L-2200U), um forno para coluna (L2300), uma bomba (L-2160) e um

detector UV-Vis (L-2420U). O forno da coluna foi ajustado a 50 ºC para a

cromatografia. O detector UV-Vis foi fixado a 520 nm para as análises. As antocianinas

do Lote 1 foram analisadas em uma coluna C18 HaloTM Hitachi LaChrom (100 x 3 mm

de diâmetro, tamanho de partícula 2,7 µm). Um método de gradiente, usando água

acidificada (ácido fórmico a 5%, de solvente A) e metanol (solvente B), trabalhando a

uma vazão de 1,0 mL/min, foi utilizado para a separação cromatográfica. O gradiente

utilizado foi o seguinte: 0 min, 15% B; 1,50 min, 20% B; 3,30 min, 30% B; 4,80 min,

40% B; 5,40 min, 55% B; 5,90 min, 60% B; 6,60 min, 95% B; 9,30 min, 95% B, 10 min,

15% B. Já para o Lote 2, as antocianinas foram analisadas em uma coluna Kinetex

C18 100Å (50 x 2.1 mm I.D., tamanho de partícula 2.6 µm, Phenomenex Inc., UK). Um

método de gradiente, usando água acidificada (ácido fórmico a 5%, de solvente A) e

metanol (solvente B), trabalhando a uma vazão de 0,7 mL/min, foi utilizado para a

separação cromatográfica. O gradiente utilizado foi: 0 min, 5% B; 1,50 min, 5% B; 3,50

min, 15% B; 5,00 min, 25% B; 5,50 min, 40% B; 6,50 min, 45% B; 7,0 min, 100% B;

9,30 min, 100% B, 10 min, 10% B.

4.5. Métodos de extração

O processo de extração a baixa pressão pelo método Soxhlet foi realizado

a fim de comparar os resultados de rendimento e composição de extrato com os

obtidos por SFE e PLE.

73

4.5.1. Extração Soxhlet

As extrações pelo método Soxhlet foram realizadas na matéria-prima do

Lote 1 (fresca, liofilizada e seca em estufa) utilizando hexano e metanol como

solventes, e cerca de 5 g de amostra. Foram realizados ensaios preliminares a fim de

definir o tempo de extração.

Foram realizados treinamentos para conhecer o procedimento da extração

no aparelho Soxhlet. Inicialmente testou-se a manta de aquecimento para conhecer a

variação da temperatura do solvente durante a extração. Para isto foi colocado um

termômetro no interior da câmara Soxhlet preso por uma pinça na extremidade

superior do extrator e suspenso para evitar o contato direto com a parede da câmara,

pois a temperatura da parede da câmara é superior à temperatura do solvente

condensado.

Foram confeccionados cartuchos com papel filtro Qualy (JProlab, Cód.

3006-5, Curitiba-PR), e no seu interior foi colocada a amostra. Foram depositados

0,2 L de solvente em balão com capacidade de 0,25 L colocado em manta aquecedora

com controlador de voltagem (Fisaton, modelo 102, São Paulo, SP). A temperatura de

aquecimento foi determinada visando à obtenção de refluxos em intervalos de tempo

espaçados e o tempo de extração foi determinado. Após o resfriamento, o frasco

coletor foi acoplado a um sistema de rota evaporação (Heidolph Instruments modelo

Laborota 4001, Viertrieb, Alemanha) com bomba de vácuo (Heidolph Instruments,

modelo Rotavac Control, Viertrieb, Alemanha) a 40 ºC e 0,11 atm, para remover o

solvente.

A composição do extrato é função da temperatura de extração, mas

também do tempo. Assim, realizaram-se experimentos preliminares modificando o

tempo de extração e avaliando a sua influência na composição do extrato.

74

4.5.2. Extração por PLE (Lote 1)

A PLE foi realizada com a matéria-prima do Lote 1 (fresca e liofilizada). A

unidade de extração utilizada nos experimentos pode operar com células de extração

de três diferentes volumes (5, 50 ou 100 mL) revestidas por uma “camisa” de

aquecimento elétrico. A unidade conta com um recipiente para conter o solvente, uma

bomba de HPLC (Thermoseparation Products, Modelo 3200 ConstaMetric P/F,

Fremoni, EUA) que opera com vazões na faixa de 0,001 a 10,0 mL/min, um

manômetro, uma válvula que controla a vazão do solvente, um indicador e controlador

de temperatura, uma válvula back pressure responsável pelo controle e manutenção

da pressão e um recipiente de coleta. Todas as ligações dentro do sistema foram

feitas de tubos de aço inoxidável (1/16” e 1/8”). Esta unidade trabalha em temperaturas

e pressões nas faixas de 25 a 180 ºC e 0,5 a 40 MPa, respectivamente. A Figura 4.2

mostra um diagrama esquemático da unidade utilizada, e a Figura 4.3 mostra a

fotografia da unidade PLE que foi montada no Laboratório de Alta Pressão em

Engenharia de Alimentos (LAPEA /DEA/FEA/Unicamp).

Figura 4.2. – Diagrama esquemático da unidade de extração com liquidos

pressurizados (PLE). R - Recipiente (solvente); B - Bomba de solvente; M -

Manômetro; V - Válvula de bloqueio; CE - Célula de extração com aquecimento; BP –

Válvula back pressure; T – Controlador e indicador de temperatura; VC – Vaso de

coleta.

75

Figura 4.3. – Unidade PLE. A - Bomba de HPLC; B - Manômetro; C - Válvula

de bloqueio; D - Célula de extração com aquecimento; E - Válvula back pressure.

A utilização dos respectivos solventes, bem como suas combinações, se

baseou em estudos anteriormente realizados por Seabra et al. (2010).

As extrações por PLE foram realizadas fixando a temperatura, pressão e

vazão de solvente em 40 ºC, 20 MPa e 10 mL/min, respectivamente, e variando a

proporção volumétrica de solventes, como mostra a Tabela 4.2. Água acidificada com

pH 2,0 foi usada como solvente em alguns experimentos, por ser indicada para a

solubilização das antocianinas. Acetona também foi testada como solvente somente

na amostra fresca. As extrações foram realizadas usando uma célula de 5 mL, e em

duplicata. Para as amostras frescas foram utilizados 4 g e para a amostra liofilizada,

0,8 g, sendo o restante da célula preenchido por microesferas de vidro.

O solvente foi bombeado por uma bomba de HPLC (Thermoseparation

Products, Modelo 3200 ConstaMetric P/F, Fremoni, EUA) para a célula de extração

colocada em uma camisa de aquecimento elétrico na temperatura desejada até que a

pressão desejada fosse obtida. Após a PLE, os extratos foram resfriados rapidamente

até 5 oC em água gelada para evitar a degradação das antocianinas e de outros

76

compostos termolábeis. A PLE geralmente requer menos tempo (tempo de extração

varia entre 5 a 30 minutos) e menor consumo de solventes que as técnicas

convencionais (MENDIOLA et al., 2007). Com isso, as extrações por PLE foram

realizadas em 15 minutos e em duplicata.

O solvente foi evaporado da solução do extrato utilizando um evaporador

rotativo a vácuo (MARCONI, MODELO MA120) com bomba de vácuo (MARCONI,

MODELO MA 057/3, pressão máxima de 5,3 bar e 730 mmHg de vácuo. Todos os

extratos foram armazenados a -10 ºC no escuro até serem caracterizados.

Tabela 4.2. Planejamento de extrações por PLE e respectivos solventes.

H2O (%) Etanol (%) Acetona (%)

Amostra fresca

(4 g)

- 100 -

50 50 -

100 - - Água acidificada (*)

100

Amostra liofilizada

(0,8 g)

- 100 -

50 50 -

100 - - Água acidificada (*)

50 50 - Água acidificada (*)

(*) com ácido cítrico em pH = 2,0.

4.5.3. Extrações por SFE (Lotes 1 e 2)

O método dinâmico semi-contínuo de SFE foi empregado nos experimentos

cinéticos e na determinação do rendimento global de extração da amostra fresca. Este

método é caracterizado pela passagem contínua da solvente supercrítico pela matriz

sólida (FERREIRA, 1999).

Inicialmente foram realizados ensaios de SFE em uma unidade de extração

construída no LAPEA e detalhada na Figura 4.4, conforme procedimentos

determinados por Pascual-Martí et al. (2001) e limitações do equipamento. Estes

ensaios foram realizados com 40 g de amostra fresca utilizando CO2 (99,5% de

pureza, White Martins, Campinas/SP) para definir a melhor condição de pressão e

77

vazão de CO2 para as futuras etapas. Foram construídas OECs para as pressões de

10, 15, 20, 25 e 30 MPa e vazões de CO2 de 1,05 X 10-4 e 1,4 X 10-4 kg/s. Segundo

Khanal et al. (2009), a degradação de antocianinas durante o processo de extração

não ocorre a 40 °C. Por este motivo, essa foi a temperatura adotada em todas as

extrações.

Os testes foram realizados para verificar o funcionamento do equipamento

com a matéria-prima escolhida. As pressões avaliadas nos testes preliminares foram

de 10, 15, 20 e 25 MPa e a temperatura foi fixada em 40 ˚C. O solvente empregado

foi CO2 puro e todos os ensaios foram realizados em duplicata. O rendimento global

de extração, obtido usando uma determinada razão entre massas de solvente (S) e

de matéria-prima (F) (Xo, S/F), foi calculado relacionando a massa total de extrato

(Mextr) e a massa de alimentação de matéria-prima em base seca, de acordo com a

Equação 8.

(𝑋𝑜, 𝑆/𝐹) = (𝑀𝑒𝑥𝑡𝑟

𝐹) 𝑥100 (8)

O rendimento global foi calculado usando a soma das massas dos extratos

obtidos nos frascos de coleta. Os resultados são apresentados como médias

aritméticas de experimentos realizados em duplicata. Segundo Pereira (2005), se a

razão S/F for mantida constante para cada experimento de rendimento de extração, o

X0 é suficiente para determinar a extensão da influência de temperatura e pressão

sobre o rendimento. Portanto, no presente trabalho, as SFEs tiveram seus tempos de

extração calculados para cada experimento e a razão S/F foi fixada em 10 kg

solvente/kg matéria prima.

A unidade de SFE é composta por uma célula de extração de aço inoxidável

com volume de 300 mL, que suporta pressões de até 45 MPa. A unidade é equipada

com um banho de refrigeração que controla a temperatura do CO2 na entrada da

bomba, um banho de aquecimento e uma manta de aquecimento que mantêm a

temperatura da célula de extração. A unidade ainda conta com uma bomba de

cossolvente, um totalizador de vazão, termopares e manômetros. A Figura 4.4 mostra

o diagrama esquemático da unidade de SFE.

78

Figura 4.4. Diagrama esquemático da unidade de extração supercrítica; V-1,

V- 2, V-3, V-4 e V-5 – Válvulas de bloqueio; V-6 – Válvula micrométrica;

C - Compressor; F - Filtro de ar comprimido; BR – Banho de refrigeração; B - Bomba

(Booster); BA – Banho de aquecimento; I-1 e I-2 – Indicadores de pressão e

temperatura, respectivamente; IC-1 e IC-2 – Temperatura da célula de extração e

temperatura da válvula micrométrica, respectivamente; CE – Célula de extração (300

mL); S – Sonda ultrassônica.

O CO2 inicialmente estocado no reservatório, é resfriado até -10oC no

banho ultratermostatizado BR (Marconi, modelo MA184, Piracicaba-SP) que opera

com etileno glicol. Desta forma, o CO2 é liquefeito na entrada da bomba pneumática,

evitando a cavitação. Esta última, por sua vez, comprime o solvente até a pressão de

extração. O estado supercrítico é atingido por troca térmica em uma serpentina

instalada dentro de um banho de aquecimento, que está regulado para a temperatura

de extração (40 °C). A temperatura do processo é monitorada pelos termopares que

se encontram em contato com a parede externa e na saída do leito de extração.

Assume-se que a temperatura indicada seja a mesma do leito de partículas, uma vez

que o extrator é feito de aço inox, que possui alta condutividade térmica. O solvente

IC-1

IC-2

79

escoa através do leito de extração e a vazão é controlada por uma válvula

micrométrica (agulha), que se encontra na saída da linha. Esta válvula possui um

sistema de aquecimento elétrico monitorado por um termopar com o objetivo de

diminuir os efeitos da expansão Joule-Thomson. Na válvula micrométrica o solvente

é despressurizado até a pressão ambiente e o soluto é precipitado em um recipiente

de coleta de 100 mL. O CO2, agora na fase gasosa, passa pelo rotâmetro, que permite

medir a vazão de solvente no processo. Antes de ser liberado para o ambiente, o CO2

atravessa o totalizador de vazão (LAO, modelo G 0,6 ± 0,001 m³; São Paulo - SP) que

permite calcular o volume total de solvente usado no processo.

4.5.4. Extrações por SFE com cossolventes (Lotes 1 e 2)

Com base nas cinéticas de extração, no rendimento global e na

composição dos extratos obtidos por SFE com CO2 puro, foi definida a melhor

condição de extração. Nessa condição, um planejamento de extrações com

cossolventes foi realizado, a fim de obter maior rendimento dos extratos, conforme

descrito por Leal (2008) e Takeuchi (2009). O planejamento está apresentado na

Tabela 4.3.

Os experimentos de SFE com cossolvente foram realizados na unidade

descrita na Seção 4.5.3, utilizando uma célula de extração de 300 mL. As extrações

foram realizadas fixando a temperatura em 40 °C, a pressão em 20 MPa e a vazão de

CO2 em 1,4 x 10-4 kg/s. Já os cossolventes adicionados ao CO2 foram etanol, água e

água acidificada com ácido cítrico (pH 2,0). A razão S/F foi mantida em 10 kg

solvente/kg matéria prima. O tempo de extração estático (tE) (tempo em que o sistema

carregado de CO2 permanece à espera do equilíbrio termodinâmico) e dinâmico (tD)

(tempo da extração em si) e a vazão de cossolvente (Qcossolvente) foram calculados para

cada extração com base na densidade fornecida pelo site NIST (National Institute of

Standars and Technology, 2013). As concentrações dos cossolventes utilizados foram

selecionadas de acordo com estudos prévios de SFE de compostos fenólicos já

publicados na literatura (PEREIRA, 2005; ADIL et al., 2007; GHAFOORA et al., 2010)

e também com os resultados dos testes preliminares.

80

Tabela 4.3. Condições experimentais de SFE com cossolventes.

CO2 (%) H2O (%) Etanol (%) Adição de ácido cítrico

(pH = 2,0)

Experimentos com amostra fresca

90 10 - -

50 50 - -

90 10 - X

50 50 - X

90 - 10 -

50 - 50 -

50 40 10 -

90 5 5 -

90 8 2 -

95 4 1 -

Após as extrações, todos os extratos foram congelados e posteriormente

liofilizados em liofilizador de bancada (LioTop/LIOBRAS - São Carlos, SP, Brasil) com

o tempo variando de 48 a 72 horas, dependendo da umidade das amostras. Com a

melhor composição de solvente selecionada, com base nas análises realizadas e

condições do equipamento, realizou-se uma SFE com o resíduo de mirtilo liofilizado e

outra extração com o mirtilo fresco macerado sob o abrigo de luz, ambas em duplicata.

A partir da melhor condição de extração utilizando a matéria-prima do Lote

1, definida com base nos resultados obtidos nas análises físico-químicas (fenólicos

totais, capacidade antioxidante DPPH e ABTS e antocianinas) e no rendimento de

extração, foram realizadas mais 15 (quinze) extrações com a matéria-prima do Lote

2, para obtenção dos extratos a serem utilizados nos processos de separação com

membranas. Todos os extratos foram acondicionados em um mesmo frasco e

mantidos a -18 oC.

4.6. Separação por membranas

4.6.1. Sistemas de Filtração

Foram utilizados dois sistemas de filtração em escala laboratorial (1 e 2),

com volumes de alimentação diferentes, que simulam um processo de filtração dead-

81

end agitado, cujas ilustrações esquematizadas estão apresentadas na Figura 4.5.

Ambos os sistemas estão instalados no LAPEA/DEA/FEA/Unicamp.

(a) (b)

Figura 4.5. (a) Sistema de filtração 1: V1 - Válvula abre/fecha do cilindro de

nitrogênio, M1 - Manômetro 1: fornece a leitura da pressão interna do cilindro de

nitrogênio quando V1 está aberta, V2 - Válvula de regulagem: regula a pressão no

interior da célula, M2 -Manômetro 2: fornece a leitura da pressão no interior da célula,

V3 - Válvula de 3 vias (escape), V4 - Válvula de saída de permeado. (b) Sistema de

filtração 2: (1) entrada e saída da camisa de aquecimento, (2) entrada de gás

nitrogênio para pressurização da célula, (3) suporte do bastão magnético, (4) suporte

do disco de membrana, (5) saída de permeado e (6) agitador magnético.

Sistema de filtração 1: A célula laboratorial é construída em aço inox AISI 304,

constituída de um cilindro encamisado com capacidade de 800 mL e opera até

pressão de 4 MPa. Sobre a base (saída de permeado) é montado um suporte que

serve de apoio ao disco de membrana. Anéis de vedação (padrão sanitário) impedem

o vazamento entre as partes. Sobre a base é montado um suporte que serve de apoio

ao disco de membrana, que tem área efetiva de permeação de 15,2 cm². Abaixo da

base é acoplado um agitador magnético (IKA® KMO 2 Basic, Alemanha), que

100 1100

2

4

1

1

5

6

3

82

promove a agitação da solução alimentada com a finalidade de aumentar o fluxo de

permeado, diminuindo o efeito da resistência devido à camada polarizada que se

forma sobre a membrana e também simula uma corrente tangencial de alimentação à

membrana. Anéis de vedação impedem o vazamento entre as partes. Na parte

superior do cilindro, encontra-se uma entrada de gás nitrogênio (Air Liquide Brasil,

São Paulo-SP) para pressurização do sistema gerando a força motriz do processo. A

temperatura é controlada por meio da circulação de água na camisa do equipamento,

através de um banho termostático (Modelo NT2, Nova Técnica, Piracicaba, SP).

Sistema de filtração 2: A célula de filtração é construída em aço inoxidável, composta

de um cilindro encamisado com 20 cm de altura e 4,4 cm de diâmetro interno

apresentando um volume útil de 200 mL. A base do cilindro possui uma válvula que

permite a liberação do material permeado. Na tampa superior do equipamento existe

um eixo central fixo, em cuja extremidade inferior está encaixado o agitador

magnético, que promove a agitação da alimentação. Na parte superior está localizada

a entrada de gás nitrogênio para criar a pressão no interior da célula, gerando a força

motriz do processo. A temperatura é controlada por meio da circulação de água na

camisa do equipamento, através de um banho termostático (Modelo NT281 Nova

Técnica, Piracicaba, SP).

Foram testadas seis membranas planas de micro, ultra como pré-filtrações

(testes preliminares) e nanofiltração, cujas propriedades encontram-se na Tabela 4.4.

83

Tabela 4.4. Principais propriedades das membranas utilizadas.

Fabricante Membrana

Plana

MMC

(Da)1 Material

Pressão

Máxima

(MPa)

Temperatura

Máxima (°C)

Faixa

de

pH

Microdyn-

Nadir GmbH,

Wiesbaden,

Germany

MF 0,05

µm Polieterssulfona 0,1 a 1 95 1-14

UF 100000 Polieterssulfona 0,1 a 1 95 1-14

NF 10 1000 Polieterssulfona 4 95 0-14

NF 30 400 Polieterssulfona 4 95 0-14

Filmtec, Dow

Chemical

Company, São

Paulo, SP,

Brazil

NF 90 200-

300

Poliamida e

Polissulfona 4,1 45 3-10

NF 270 200-

300

Polipiperazina,

Poliamida e

Polisulfona

4,1 45 3-10

1-NADIR, MEMBRANE AND FORMATS (2014) e DOW WATER & PROCESS SOLUTIONS (2014).

4.6.2. Processos de separação por membranas

Após as extrações por SFE com cossolventes, foi estabelecido um

planejamento de processos de concentração por membranas. Todas as

concentrações foram feitas com membranas planas e em duplicata. Testes

preliminares foram realizados com as matéria-primas dos Lotes 1 (extrato, resíduo e

suco concentrado) e 2 (extrato e resíduo), conforme descrito na Tabela 4.5. Os

procedimentos das concentrações por membranas foram realizados a partir de duas

alimentações, somente com a matéria-prima do Lote 2, com diferentes fatores de

concentração, devido às quantidades de alimentação (NF10: 4, NF 30 e 270: 2 e NF

90: 1,5). As soluções de alimentação usadas foram as seguintes:

1- 40 g de resíduo de mirtilo do Lote 2, macerado com 40 mL de solução (50% água

e 50% etanol), filtrado em papel de filtro de 3 µm;

2- 40 mL de extrato obtido na melhor condição de SFE do Lote 2, ou seja, 90% CO2,

5% água e 5% de etanol, pressão de 20 MPa, temperatura de 40 oC e vazão de

solvente de 1,4 x 10-4 kg/s.

84

Tabela 4.5. Planejamento dos processos de concentração por membranas.

Alimentação Processo Membrana

TT (oC)

Pressão (MPa)

Área de permeação

(m2)

Teste

s p

relim

inare

s

Lo

te 1

9 g extrato SFE1/400 mL água acidificada 2

Ultrafiltração 100000 30 0,3 0,005024

*Nanofiltração NF 10 30 3 0,005024

9 g resíduo3/400 mL água acidificada 2

Ultrafiltração 100000 30 0,3 0,005024

*Nanofiltração NF 10 30 3 0,005024

60 g suco concentrado4/400 mL

água acidificada 2 Nanofiltração NF 10

20 0,3 0,005024

30 3 0,005024

L

ote

2

6 g extrato SFE1/400 mL água acidificada 2

Microfiltração 0,05 µm 25 0,1 0,005024

25 0,25 0,005024

6 g resíduo3/400 mL água acidificada 2

Ultrafiltração 100000

25 0,45 0,005024

25 0,3 0,005024

25 0,3 0,005024

25 0,3 0,005024

6 g resíduo3/400 mL água acidificada 2

Nanofiltração NF 10 25 1 0,005024

6 g resíduo3/400 mL água acidificada 2

Nanofiltração NF 30 25 2,5 0,005024

40 g resíduo3/40 mL solução5

Nanofiltração NF 10 40 3 0,005024

40 g resíduo3/40 mL solução5

Nanofiltração NF30 40 3 0,00152

Pro

ced

imen

tos

Lo

te 2

40 g resíduo3/40 mL solução5

Nanofiltração NF10 40 4 0,00152

40 g resíduo3/40 mL solução5

Nanofiltração NF 30 40 4 0,00152

40 g resíduo3/40 mL solução5

Nanofiltração NF 90 40 4 0,00152

40 g resíduo3/40 mL solução5

Nanofiltração NF 270 40 4 0,00152

40 mL extrato SFE1

Nanofiltração NF 10 40 4 0,00152

40 mL extrato SFE1

Nanofiltração NF 30 40 4 0,00152

40 mL extrato SFE1

Nanofiltração NF 90 40 4 0,00152

40 mL extrato SFE1 Nanofiltração NF 270 40 4 0,00152 1Extrato SFE obtido na melhor condição, 2(pH 2,0), 3 macerado, 4 Suco concentrado a 65o, 5Solução 50% etanol, 50% água (v/v).

*A alimentação da nanofiltração foi realizada com o permeado da ultrafiltração.

85

Para a obtenção da alimentação do resíduo, foi realizada a maceração do

mesmo e posteriormente a filtração em papel de filtro qualitativo Nalgon – Ref. 3400

– Diâmetro 18,5 cm e porosidade de 3 micras.

Após os processos de concentração, todas as amostras de permeados,

retidos e alimentações foram analisadas em duplicata. Nas amostras dos testes

preliminares, foram determinados os teores de compostos fenólicos e antocianinas

monoméricas, pelas metodologias descritas nas Seções 4.4.1 e 4.4.4,

respectivamente. Já nos produtos das nanofiltrações para o resíduo e extrato, foram

realizadas análises de antocianinas monoméricas, identificação e quantificação de

antocianinas por UPLC, compostos fenólicos, capacidade antioxidante (DPPH e

ABTS) e umidade.

Para todas as condições de separação em membranas foram calculados o

fluxo final de permeado (Equação 1), o índice de retenção dos compostos de interesse

(Equação 5) e foram construídas as curvas de fluxo do permeado.

4.6.3. Análises estatísticas

As análises de variância (ANOVA) foram realizadas utilizando o software

Minitab versão 8.1 de 2010 for Windows (LEAD Technologies, Inc.). Foi utilizado One-

way para encontrar uma diferença significativa entre dois ou mais resultados. A

hipótese nula para o teste é que todas as médias de resultados são as mesmas.

Utilizou-se o teste de Tukey para determinar diferenças estatisticamente significativas

ao nível de 5%. Os resultados foram apresentados como média ± desvio padrão.

86

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Caracterização das matérias-primas

5.1.1. Características físico-químicas das matérias-primas

As características físico-químicas dos resíduos de mirtilo (Lotes 1 e 2) estão

apresentadas na Tabela 5.1.

Tabela 5.1. Características físico-químicas dos resíduos de mirtilo fresco

fornecidos pela empresa Orgânicos Pérolas da Terra.

Atributos de Qualidade

Lote 1

Lote 2

Resultados da literatura

(mirtilo fresco)

°Brix (sólidos solúveis) 10,33 11,27 11,8 – 14,0* Acidez (% ácido cítrico) 0,48 0,52 0,76 – 1,28*

Ratio (relação brix/acidez) 21,52 21,67 - pH 3,33 3,09 2,56 – 3,20*

Vitamina C (mg/100g) 74,75 54,90 - Umidade (%) 84,0 ± 0,2 75,1 ± 0,1 87,68**

*(REDIES et al., 2006), **(SILVEIRA et al., 2007)

Observa-se que os resíduos de ambos os lotes apresentam características

físico-químicas semelhantes às da fruta fresca, descritas por Redies et al. (2006). Os

resíduos frescos apresentam umidade muito próxima à da fruta fresca, que é de

87,68%, segundo Silveira et al. (2007).

Os resíduos do Lote 1, após o processo de secagem, apresentaram

redução de umidade chegando a 11,3 ± 0,1% na amostra liofilizada e 11,3 ± 0,2% na

amostra seca em estufa.

87

5.1.2. Teor de fenólicos totais, capacidade antioxidante e antocianinas nas

matérias-primas.

A Tabela 5.2 apresenta os teores de compostos fenólicos, capacidade

antioxidante (DPPH e ABTS) e antocianinas monoméricas obtidos das amostras de

resíduos liofilizado, seco em estufa e fresco.

Tabela 5.2. Compostos fenólicos, capacidade antioxidante (DPPH e ABTS) e

antocianinas nos resíduos de mirtilo dos Lotes 1 e 2 fresco, liofilizado e seco em

estufa.

Umidade

(%)

Compostos fenólicos

(mg GAE*/g resíduo)

DPPH (µmol TE**/g

resíduo)

ABTS (µmol TE**/g

resíduo)

Antocianinas (mg/100g resíduo)

Liofilizado (Lote 1) 11,3 ± 0,1 66,5 ± 0,4 1284 ± 2 49,8 ± 0,7 301 ± 29 Seco em estufa (Lote 1) 11,3 ± 0,2 57 ± 2 1082,0 ± 0,7 27 ± 1 134 ± 10

Fresco (Lote 1) 84,0 ± 0,2 11,7 ± 0,6 446,0 ± 0,7 17 ± 1 175 ± 17 Fresco (Lote 2) 75,1 ± 0,1 2,0 ± 0,1 74,8 ± 1,5 4,1 ± 0,2 49,7 ± 0,6

*GAE – Equivalente de ácido gálico **TE –Equivalente de Trolox.

Pode-se verificar que a amostra liofilizada apresenta maior concentração

de compostos fenólicos que as amostras frescas. Isso se deve à conservação destes

compostos no decorrer do processo de liofilização, que protege os componentes

termossensíveis da degradação térmica. Para a amostra seca em estufa, a

concentração de compostos fenólicos diminui em relação à liofilização. Isso se deve

à perda destes compostos durante o aquecimento.

Severo et al. (2009) fizeram análises de compostos fenólicos da polpa de

mirtilo e obtiveram teores inferiores aos encontrados neste trabalho para o resíduo

fresco (Lote 1). Isso pode ocorrer, pois os flavonoides se acumulam nas cascas e

folhas das plantas, já que a sua síntese é estimulada pela luz. Entretanto, os

resultados apresentados por esses autores são semelhantes aos encontrados no

resíduo do Lote 2. Isso pode explicar a possível diferença de composição entre frutos

de uma mesma planta, ou seja, os frutos que recebem uma maior quantidade de luz

tendem a ter uma síntese pronunciada desses compostos (PRICE et al., 1995.) Além

88

disso, os Lotes 1 e 2 apresentam diferenças por terem passado por diferentes tipos

de processamento: arraste a vapor (quente) e despopadeira (frio).

A capacidade antioxidante (DPPH) do resíduo de mirtilo fresco (Lote 1) foi

metade da reportada por Reque (2012), que encontrou 919,21 µmol TE/g no resíduo

e 480,84 µmol TE/g no suco. Essa diferença pode ser explicada pela variedade

utilizada em cada caso ou até mesmo pela quantidade de suco presente no resíduo.

Já para o produto liofilizado, a capacidade antioxidante aumentou 2,9 vezes e se

repetiu para a amostra seca em estufa. Pode-se perceber que a capacidade

antioxidante (DPPH) do resíduo do Lote 2 é muito inferior às demais, sugerindo que o

processo de obtenção do resíduo por arraste de vapor degradou grande parte dos

compostos responsáveis pela capacidade antioxidante.

A capacidade antioxidante do resíduo do Lote 1, determinada por ABTS, é

cerca de três vezes maior que a encontrada por Vendruscolo (2011), o que pode ser

explicado por diferença de variedade e safra. Porém, esta capacidade é semelhante

à encontrada no Lote 2. Já para o resíduo liofilizado, a capacidade antioxidante

aumentou em 65% em relação ao resíduo fresco. Para a amostra seca em estufa, a

capacidade antioxidante apresentou valor menor que o da amostra liofilizada, o que

pode ser explicado pelas perdas de compostos antioxidantes durante o processo de

secagem.

O resíduo do Lote 1 apresentou teor de antocianinas compatível com o

encontrado por White et al. (2010), que encontrou de 121,4 a 362,5 mg/100 g de

antocianinas em resíduos de mirtilo. Nota–se que no Lote 2 os resultados foram

inferiores, evidenciando a degradação das antocianinas pelo método de extração do

suco. Os teores de antocianinas encontrados por Reque (2012) no resíduo de mirtilo

são mais que o dobro (375,48 mg/100 g), sendo majoritária a cianidina-3-glucosídeo.

Para as amostras liofilizadas, a concentração de antocianinas foi cerca de duas vezes

maior que na amostra fresca, e para a amostra seca em estufa o teor de antocianinas

caiu para 134 ± 10 mg/100 g. É importante salientar que, com o aquecimento no

processo de secagem em estufa, as antocianinas da amostra sofreram degradação,

já que temperaturas superiores a 80 ºC provocam degradação destes compostos

(DIRBY et al., 2001).

89

Verifica-se, portanto, que a redução da umidade resultou no aumento de

capacidade antioxidante e de concentração de compostos fenólicos. Já para as

antocianinas, a exceção ocorreu com a amostra seca em estufa, devido às altas

temperaturas de secagem que podem ter ocasionado a degradação das mesmas.

Com as perdas dos compostos de interesse durante o processo de

secagem do resíduo em estufa, as etapas seguintes (extrações e análises) não foram

executadas para esta amostra.

5.2. Resultados das extrações

5.2.1. Extrações por PLE (Lote 1)

Os rendimentos globais das extrações por PLE e as caracterizações dos

extratos obtidos (fenólicos totais, capacidade antioxidante DPPH e ABTS e

antocianinas) estão apresentados na Tabela 5.3.

90

Tabela 5.3. Rendimento e caracterizações (fenólicos totais, capacidade

antioxidante DPPH e ABTS e antocianinas monoméricas) dos extratos obtidos de

resíduo de mirtilo por PLE a 20 MPa.

Resíduo fresco

Solventes Rendimento

(%)

Fenólicos Totais (mg

GAE/g extrato).

DPPH (µmol TE/g

extrato)

ABTS (µmol TE/g

extrato)

Antocianinas (mg/100g de

extrato)

100% etanol 3,9 ± 0,3d 87,1 ± 0,2b 1625 ± 12bc 73 ± 1b 234 ± 0,2b 50% etanol e 50%

água 4,3 ± 0,1d 90 ± 2b 1746 ± 71ab 66 ± 1bc 250 ± 10ab

100% água acidificada (pH 2,0)

6,8 ± 0,2b 85 ± 1b 1227 ± 31e 31 ± 1e 254 ± 0,6ab

50% água acidificada (pH 2,0)

e 50% etanol 5,8 ± 0,2c 86 ± 1b 1242 ± 3e 73 ± 3bc 119 ± 0,8c

100% acetona 2 ± 0,2e 65 ± 1d 1466 ± 11d 63 ± 5c 101 ± 6d

Resíduo liofilizado

100% etanol 4,2 ± 0,3d 102 ± 1a 1867 ± 5a 103 ± 2 a 257 ± 4ab 50% etanol e 50%

água 5,4 ± 0,3c 99,5 ± 0,8a 1809 ± 62a 43 ± 4d 234 ± 2b

100% água acidificada (pH 2,0)

8,0 ± 0,1a 74,5 ± 0,4c 1510 ± 7cd 24 ± 2e 263,0 ± 0,7a

50% água acidificada (pH 2,0)

e 50% etanol 5.0 ± 0,3c 85 ± 4b 1507 ± 1cd 50 ± 1d 110 ± 10c

Valor da média dos ensaios em duplicata, na mesma coluna letras diferentes representam diferenças

estatisticamente significativas (p < 0,05). GAE – Equivalente de ácido gálico; TE –Equivalente de Trolox.

A instabilidade da pressão e da vazão da acetona acarretaram na não

realização da PLE com este solvente para a amostra liofilizada. Outro parâmetro

avaliado foi o rendimento de extração, que foi mais baixo utilizando a acetona, também

diferente significativamente dos demais. Isso se deve à baixa afinidade da acetona

com os componentes de interesse a serem extraídos.

Os maiores rendimentos globais foram alcançados com a mesma

composição de solvente (100% água acidificada). Além disso, o rendimento da PLE

do resíduo liofilizado com água acidificada apresentou diferença significativa em

relação a todos os demais.

O teor de fenólicos para os extratos obtidos na PLE, tanto para a amostra

liofilizada quanto para a fresca, aumentou em relação ao dos resíduos fresco e

liofilizado. Os compostos fenólicos se apresentaram em maior quantidade nos

91

experimentos utilizando 100% etanol e 50% etanol e 50% água (amostra liofilizada)

como solventes, e se diferenciaram estatisticamente dos demais. Isso se explica pela

concentração dos nutrientes decorrentes da redução do percentual de água,

resultante dos processos de liofilização.

O teor de fenólicos dos extratos obtidos com acetona se diferenciou

estatisticamente dos demais, com um resultado inferior. Por se tratar de um solvente

orgânico e de alta volatilização, não ocorreu a dissolução dos compostos de interesse.

As atividades antioxidantes dos extratos obtidos por PLE, medidas por

DPPH e ABTS, foram maiores que as da matéria-prima, tanto para o resíduo fresco

quanto para o liofilizado. Comparando as atividades antioxidantes medidas por DPPH,

somente os extratos obtidos com 100% água acidificada e 50% água acidificada e

etanol (fresco) apresentaram-se abaixo dos outros experimentos, com diferença

significativa em relação aos demais. Isto pode ser explicado pela baixa interação do

ácido na capacidade de solubilização de componentes polares, além da possível

degradação destes compostos durante o processo, visto que o rendimento destas

extrações foi maior que o das demais.

Pode-se observar que as amostras, tanto frescas como liofilizadas,

extraídas utilizando água acidificada com ou sem etanol na solução, apresentaram

atividades antioxidantes medidas por DPPH menores que as das amostras onde não

foi utilizada água acidificada. O mesmo ocorreu no método ABTS, quando a amostra

foi submetida à extração somente com água acidificada. Os extratos obtidos com

etanol apresentaram maior capacidade antioxidante e diferenciaram-se

estatisticamente dos demais. Como o resíduo de mirtilo contém compostos polares e

apolares, as extrações realizadas com etanol e água promoveram a remoção de

substâncias apolares, pelo fato do etanol ser capaz de extrair apolares e, tendo em

vista a polaridade da água, a solubilização foi maior. Concomitantemente, as

extrações utilizando água (acidificada ou não) apresentaram menor capacidade

antioxidante.

Analisando os teores de antocianinas monoméricas dos extratos, pode-se

concluir que a PLE é eficiente na recuperação destes compostos, visto que as

quantidades de antocianinas extraídas da amostra fresca nos experimentos com 50%

etanol e 50% água e com 100% agua acidificada, comparadas à da matéria-prima,

92

foram maiores. A combinação de água acidificada e etanol não melhorou o resultado,

e a concentração de antocianinas diminuiu pela metade, diferenciando-se

significativamente dos demais experimentos. O mesmo ocorreu na PLE com acetona,

que apresentou teor de antocianinas abaixo do encontrado na matéria-prima. Já para

a amostra liofilizada, o experimento com 100% de água acidificada foi o que

apresentou maior concentração de antocianinas, média igual ao experimento com o

mesmo solvente, porém com amostra fresca, o que se deve à maior estabilidade das

antocianinas em condições ácidas. Além disso, pode ter ocorrido um processo de

oxidação do material vegetal devido ao baixo pH do solvente, o que pode facilitar

também o processo de extração.

Os experimentos utilizando 50% água acidificada e 50% etanol, para

ambas as matérias-primas, produziram extratos com concentrações de antocianinas

estatisticamente iguais. A extração com acetona não foi efetiva para a obtenção de

antocinaninas.

Para ambos resíduos (liofilizado ou fresco), o solvente de PLE que obteve

maior recuperação de antocianinas foi a água acidificada. A estabilidade da cor das

antocianinas é dependente da estrutura e da concentração dos pigmentos, além de

fatores como o pH, a temperatura e a presença de oxigênio. A sensibilidade ao pH é

o principal fator limitante no processamento e utilização das antocianinas, afetando a

cor e a estabilidade química. Em soluções ácidas, a antocianina é vermelha, mas com

o aumento do pH a intensidade de cor diminui (MAZZA e BROUILLARD, 1987).

Considerando os resultados, as melhores condições de PLE dos

compostos de interesse (compostos fenólicos, capacidade antioxidante e

antocianinas) foram utilizando 50% de etanol e 50% de água para a amostra fresca,

porém com baixo rendimento global, e 100% etanol para a amostra liofilizada, com

bom rendimento de extração.

5.2.2. Extração Soxhlet (Lote 1)

93

A extração pelo método Soxhlet com hexano não foi eficiente, ou seja, não

ocorreu recuperação de extratos para nenhuma das amostras. Já com metanol

ocorreu a extração com ambas as amostras. A explicação para isso está na polaridade

dos solventes, visto que a função dos mesmos é solubilizar os componentes da matriz.

O hexano apresenta polaridade menor que o metanol, resultando em extratos com as

características descritas na Tabela 5.4.

Tabela 5.4. Resultados das análises de fenólicos totais, capacidade antioxidante

DPPH e ABTS e antocianinas monoméricas das amostras extraídas por Soxhlet com

metanol.

Amostra

liofilizada

Amostra seca em estufa

Amostra fresca

Rendimento global (%) 67,8 57 33,66 Fenólicos totais (mg GAE1/g3) 95,0 ± 0,1a 91 ± 1b 30 ± 2c

DPPH (µmol TE2/g3) 1898,0 ±

0,1a 1702 ± 39b 168 ± 8c

ABTS (µmol TE2/g3) 22 ± 1b 27 ± 2a 23,0 ± 0,2ab Antocianinas (mg/100g3) 162 ± 11a 45 ± 2b 143 ± 6a

Valor da média dos ensaios em duplicata; na mesma coluna letras diferentes representam diferenças

estatisticamente significativas (p < 0,05). 1GAE – Equivalente de ácido gálico 2TE –Equivalente deTrolox. 3g de

extrato.

Com os resultados expostos na Tabela 5.4 pode-se afirmar, comparando

com os resultados do resíduo (Lote 1) (Tabela 5.1), que o processo de extração

degradou alguns compostos, principalmente as antocianinas, que apresentaram

perda considerável em todos os extratos analisados. Estatisticamente, as amostras

liofilizada e fresca não apresentaram diferenças nas médias. Porém, comparando com

a amostra seca em estufa, a diferença foi significativa. Sugere-se que a amostra seca

em estufa já apresentava degradação de antocianinas causada pelo processo anterior

de secagem a elevada temperatura e tempo de exposição ao calor.

Em relação à capacidade antioxidante medida por DPPH, o extrato do

resíduo fresco apresentou perda de aproximadamente 62%, com valor de 168 µmol

TE/g em relação ao resultado encontrado anteriormente, de 446 µmol TE/g da

matéria-prima. Isso pode ser explicado pelo aquecimento e manuseio da amostra

durante a extração.

94

Já para os compostos fenólicos, a extração com sistema Soxhlet foi

eficiente, resultando em maiores teores nos extratos, correspondentes a 43%, 59% e

150% da amostra liofilizada, seca em estufa e fresca, respectivamente, em relação

aos encontrados nas matérias-primas. Os resultados obtidos com diferentes matérias-

primas se diferenciaram estatisticamente (p < 0,05). Mattivi et al. (2002) e Vrhovsek

et al. (2004) extraíram compostos fenólicos de mirtilos frescos e o resultado

encontrado foi satisfatório utilizando acetona como solvente, pois houve extração

máxima da maioria das classes de polifenóis de diferentes frutas.

5.2.3. Extrações por SFE

5.2.3.1. Treinamento e ensaios preliminares (Lote 1)

As pressões utilizadas para as extrações preliminares por SFE foram de

10, 15, 20, 25 e 30 MPa. As extrações a 10 e 30 MPa não apresentaram eficiência,

devido a incontroláveis oscilações na vazão de solvente, ou seja, dificuldade de

manter estável a vazão, gerando resultados não confiáveis durante a extração.

Percebeu-se também que nessas pressões o equipamento trabalhou com muitas

paradas, problemas nas bombas e entupimentos nas válvulas. Por isso, apenas as

pressões de 15, 20 e 25 MPa foram selecionadas para os experimentos

subsequentes.

5.2.3.2. Cinéticas de SFE (Lote 1)

Foram realizadas extrações em duplicata. As melhores curvas obtidas

estão ilustradas na Figura 5.1.

95

Figura 5.1. Curvas globais de SFE de resíduo de mirtilo fresco obtidas a 15 MPa

(a), 20 MPa (b) e 25 MPa (c) e 40 °C.

0,728

0,73

0,732

0,734

0,736

0,738

0,74

0 20 40 60 80 100

X0,

S/F

(C

O2)

Tempo (min)

(a)

0,74

0,75

0,76

0,77

0,78

0,79

0,80

0,81

0 20 40 60 80 100

X0,

S/F

(C

O2)

Tempo (min)

(b)

0,855

0,86

0,865

0,87

0,875

0,88

0,885

0,89

0 20 40 60 80 100 120

X0,

S/F

(C

O2)

Tempo (min)

(c)

96

Nas três condições verifica-se que, após um tempo médio de 30 minutos,

o rendimento se estabilizou. Portanto, estabeleceu-se um tempo de 60 minutos para

todas as extrações subsequentes, para certificar que as extrações obteriam todo o

material solúvel em cada condição. A vazão média de CO2 calculada foi de 1,4 x 10-4

kg/s, durante 60 min de extração, totalizando uma razão S/F de 10 kg CO2/kg resíduo.

Os rendimentos globais das extrações foram de 1,84%, 1,96% e 2,19% para as

pressões de 15, 20 e 25 MPa, respectivamente.

A escolha da melhor condição de pressão e vazão levou em conta o

rendimento global, as condições de operação do equipamento, o comportamento das

curvas de extração e, principalmente, os resultados das análises realizadas nos

extratos obtidos, apresentados na Tabela 5.5.

Tabela 5.5. Fenólicos totais, capacidade antioxidante DPPH e ABTS e

antocianinas monoméricas dos extratos obtidos por SFE do resíduo de mirtilo fresco

Fenólicos totais (mg GAE*/g

extrato)

DPPH (µmol TE**/g

extrato)

ABTS (µmol TE**/g

extrato)

Antocianinas (mg/100g extrato)

15 MPa 36,0 ± 0,2b 590,0 ± 0,4b 13,0 ± 0,5b 209 ± 5b

20 MPa 41 ± 2a 688,0 ± 0,8a 14,0 ± 1,3a 265 ± 8a

25 MPa 28 ± 2c 514,0 ± 0,2c 10,0 ± 0,2c 178 ± 9c

Valor da média dos ensaios em duplicata; na mesma coluna letras diferentes representam diferenças estatisticamente

significativas (p < 0,05). *GAE – Equivalente de ácido gálico **TE – Equivalente de Trolox.

Os resultados apresentados na Tabela 5.5 justificam a escolha da pressão

de 20 MPa e a temperatura de 40 °C para os experimentos seguintes, comprovados

pelas análises dos compostos de interesse. Os rendimentos obtidos nas diferentes

pressões se diferenciaram significativamente para todas as análises realizadas.

Com base nos resultados das análises para os extratos obtidos do resíduo

fresco na melhor condição escolhida (20 MPa), pode-se afirmar que a extração SFE

é mais eficiente que a extração Soxhlet.

97

5.2.3.3. SFE com cossolventes (Lote 1)

No início dos processos de SFE com cossolventes alguns obstáculos foram

encontrados: a vazão de CO2 não se estabilizou, houve oscilações nas vazões de

cossolvente, e com isso as bombas paravam de funcionar frequentemente. Depois de

alguns ajustes nas bombas e nas vazões de CO2 e de cossolvente, as extrações

puderam ser realizadas.

Para definir a quantidade de cossolvente a ser utilizada em cada

experimento, utilizou-se o programa do webbook NIST (2013) para obter a densidade

do CO2 nas condições de pressão e temperatura de cada experimento. Primeiramente

é necessário obter a temperatura e a pressão ambiente com ajuda de um termômetro

e barômetro e adicionar os dados ao programa para a obtenção da densidade do CO2

no início do experimento. Com a densidade do CO2 encontrada e a vazão de solvente

estabelecida em 1,4 x 10-4 kg/s, calculou-se a razão S/F, que em todos os casos se

manteve em 10 kg solvente/kg resíduo. Com esse valor, e de acordo com a

porcentagem de cossolvente estipulada no planejamento e sua respectiva densidade,

calculou-se o tempo final do experimento, assim como a vazão do cossolvente a ser

utilizada em cada condição. Quando houve mistura de cossolventes, calculou-se

também a densidade da mistura. Este procedimento foi realizado em todas as

extrações, incluindo as duplicatas.

Os rendimentos globais das extrações SFE com cossolventes foram

calculados utilizando a Equação 9, apresentada na Seção 4.5.3, e estão apresentados

na Tabela 5.6. Esta tabela também apresenta a caracterização dos extratos em

termos de compostos fenólicos, capacidade antioxidante, taninos e antocianinas

monoméricas.

98

Tabela 5.6. Rendimento global, compostos fenólicos, capacidade antioxidante DPPH e ABTS, taninos e antocianinas

monoméricas dos extratos obtidos por SFE com cossolventes e das extrações com resíduo de mirtilo liofilizado e mirtilo fresco

macerado, todos utilizando o Lote 1.

Solventes X0 (%)

Fenólicos totais (mg GAE**/g extrato)

DPPH (µmol TE*/g extrato)

ABTS (µmol TE*/g extrato)

Taninos (mg taninos/25 g

extrato)

Antocianinas monoméricas

(mg/100 g extrato

Extr

ato

s S

FE

co

m c

ossolv

ente

s –

Resíd

uo

de m

irtilo

fre

sco

10% água 5,3 ± 1cd 65 ± 4d 1422 ± 11abc 129 ± 1cd 191 ± 6ab 420 ± 31 c

50% água 8,4 ± 0,5b 48 ± 4de 1188 ± 116cd 114 ± 11de 229 ± 4 ab 291 ± 27 cde

10% água acidificada (pH=2,0)

2,7 ± 0,1e 46,0 ± 0,4de 808 ± 77ef 87 ± 7ef 140 ± 6 ab 326 ± 12 cd

50% água acidificada (pH=2,0)

16 ± 2a 33 ± 3e 639 ± 49f 74 ± 7f 127 ± 4 ab 291 ± 26 cde

10% etanol 3,3 ± 0,3de 109 ± 9b 1083 ± 103de 89 ± 4ef 119 ± 10b 134 ± 2 e

50% etanol 4,7 ± 0,5cd 119 ± 2ab 1141 ± 111cde 97 ± 6def 161 ± 6 ab 136 ± 2 e

40% água e 10% etanol 6,9 ± 0,6bc 62 ± 0,3d 1292 ± 23bcd 116 ± 11de 119 ± 5 b 214 ± 15 de

5% água e 5% etanol 2,7 ± 0,3e 134 ± 11a 1658 ± 160a 199 ± 20a 410 ± 16 a 1071 ± 64 a

8% água acidificada (pH=2,0) e 2% etanol

3,5 ± 0,1cde 59 ± 5d 1602 ± 42ab 185 ± 9ab 337 ± 13 ab 716 ± 65 b

4% água acidificada (pH=2,0) e 1% etanol

4,6 ± 0,4de 88 ± 4c 1604 ± 111ab 159 ± 7bc 189 ± 12 ab 709 ± 69 b

Resíduo de mirtilo liofilizado

(5% água e 5% etanol) 8 ± 1a 260 ± 4a 2566 ± 19a 94 ± 1b 3725 ± 23a 1209 ± 111a

Mirtilo fresco macerado (5% água e 5% etanol)

3,0 ± 0,2b 71 ± 6b 949 ± 1b 202 ±2a 863 ± 18b 305 ± 20b

Valor da média dos ensaios em duplicata; na mesma coluna letras diferentes representam diferenças estatisticamente significativas (p < 0,05). **GAE – equivalente ácido gálico *TE –

Equivalente de Trolox.

99

A extração com 50% de água acidificada apresentou diferença significativa

de todos os demais experimentos, com maior rendimento de extração. Os

experimentos com 50% de água e 40% de água e 10% etanol como cossolventes

apresentaram rendimentos estatisticamente iguais. Nota-se que estes experimentos

apresentaram os maiores rendimentos de extração, porém foram os mesmos que

mais obtiveram dificuldades de operação do equipamento, devido ao excesso de

cossolventes utilizados e da maior solubilidade do CO2. Durante o processo o

funcionamento da bomba se manteve instável, assim como a vazão de CO2.

Os rendimentos globais dos experimentos utilizando 10% de água

acidificada e 5% de água e 5% de etanol foram diferentes significativamente de todos

os demais. O rendimento mais baixo foi obtido no experimento com 10% de água

acidificada, seguido dos experimentos usando 5% de água e 5% de etanol, 10% de

etanol e por último, 8% de água acidificada com 2% de etanol.

Quanto maior a quantidade de cossolvente e menor a quantidade de CO2,

pior é a condição de operação do equipamento, porém o rendimento de extração é

maior, pois ocorre maior solubilização de substâncias de interesse. Por este motivo o

experimento com 50% de água acidificada apresentou maior rendimento de extração.

Por outro lado, com maior quantidade de CO2 e menor quantidade de cossolvente, o

rendimento de extração diminui, porém o equipamento funciona com precisão.

É importante observar que a concentração de cossolvente no CO2 pode

afetar o estado da mistura de solventes. Em proporções de até 10%, água e etanol

são solúveis em CO2 no estado supercrítico na pressão e temperatura aplicadas, de

modo que a mistura de solventes pode ser considerada supercrítica, podendo ser

utilizada em SFE (VEGGI et al., 2014; KITZBERGER et al., 2009; KOPCAK et al.,

2005). Contudo, misturas com concentrações maiores desses cossolventes têm duas

fases (líquida e supercrítica), o que pode afetar o rendimento e a recuperação dos

componentes de interesse. A utilização de cossolventes juntamente com CO2 ajudou

a aumentar o rendimento global, o que era esperado, uma vez que a seletividade da

mistura de solventes foi reduzida pela adição de etanol ou água e, portanto, uma

ampla gama de componentes pôde ser solubilizada. Mais uma vez, o uso da água

contribuiu para a recuperação do extrato, que é acentuada em meio ácido (PAES

et.al., 2014). Seabra et al. (2010) estudaram a SFE de bagaço de sabugueiro e

100

encontraram rendimentos diferentes utilizando CO2/etanol/água, entretanto com as

mesmas conclusões. Os autores encontraram menores rendimentos (1,7%) com

proporções de cossolventes de 90% CO2/8% etanol/2% água e maior rendimento

(21,3%) na proporção de 20% CO2/40% etanol/40% água, resultando em uma mistura

bifásica, como no presente trabalho.

O maior teor de compostos fenólicos foi obtido no experimento com 5% de

água e 5% etanol, e o menor com 50% de água acidificada. Isto pode ser explicado

pelo fato de a combinação de CO2, água e etanol ser mais eficiente que somente CO2

e água na solubilização de compostos fenólicos. O etanol possui uma molécula

bipolar, aumentando assim a solubilização de compostos polares e apolares. Vale

ressaltar que os maiores teores de compostos fenólicos foram obtidos nos

experimentos com menores rendimentos de extração, o que pode ser explicado pela

seletividade do processo.

Seabra et al. (2010) encontraram maiores teores de compostos fenólicos,

rendimentos de extração e antocianinas para o bagaço de sabugueiro com

combinações dos solventes CO2, etanol e água. Isso pode ser explicado pela

diferenciação dos componentes dos materiais utilizados e pelas condições de

processo. Vatai et al. (2009) realizaram a extração convencional de sabugueiro

previamente liofilizado utilizando etanol e água como cossolventes e fizeram uma

compararação com extração SFE usando CO2, etanol e água a 30 MPa. Obtiveram,

na SFE, um teor de compostos fenólicos consideravelmente mais elevado que na

primeira condição somente com etanol e água.

A presença de água como cossolvente também foi importante para

promover a extração de antioxidantes, pois aumentando a polaridade do solvente com

a água, se extraem as agliconas, flavonas e flavonóis mais polares. Esta afirmação é

comprovada nos resultados das extrações em que se utiliza água como cossolvente.

Os compostos fenólicos podem contribuir para o aumento da capacidade

antioxidante dos extratos, conforme descrito por Seeram (2008). Explicam-se, com

isso, as maiores atividades antioxidantes encontradas no experimento com 5% água

e 5% etanol, que apresentou as maiores concentrações de compostos fenólicos.

101

Nota-se que os valores de capacidade antioxidante DPPH para o resíduo

fresco, tanto para extração PLE quanto SFE, foram menores que os das demais

extrações, quando utilizados cossolventes nas proporções 50% de água, 50% de

etanol e 5% de água e 5% de etanol, respectivamente, confirmando estas como as

melhores condições utilizadas. Machado et al. (2015) encontrou a maior capacidade

antioxidante nos extratos de resíduos de amora obtidos por PLE com etanol + água

(50% v/v) como solventes a 80 e 100° C. Valores elevados de capacidade antioxidante

também foram encontrados com água acidificada como solvente nas mesmas

temperaturas, sem diferença significativa em relação à primeira condição mencionada.

A discrepância entre os resultados de DPPH frente à diferentes

cossolventes pode ser devida aos seus diferentes mecanismos de reação (interações

distintas), aos componentes fitoquímicos extraídos e às suas concentrações.

A água acidificada como cossolvente não contribuiu com a capacidade

antioxidante dos extratos, e o mesmo ocorreu com relação aos compostos fenólicos.

Como a capacidade antioxidante é intimamente ligada aos compostos fenólicos,

Pinelo et al. (2004) demonstraram que, em solventes polares, as ligações de

hidrogênio podem induzir alterações nas atividades do átomo-H, reduzindo a

capacidade antioxidante dos compostos fenólicos. As moléculas envolvidas e suas

características estruturais determinam o mecanismo de ação da capacidade

antioxidante, assim como, o sistema em que estão presentes, condições de

armazenamento e de processamento, entre outros (SHAHIDI, 2015).

Para a capacidade antioxidante determinada por ABTS, os valores

encontrados são inferiores aos resultados de DPPH. Os baixos valores obtidos por

ABTS mostram que esta técnica é mais específica que a DPPH, que mede a

capacidade antioxidante de compostos de natureza hidrofílica e lipofílica e, com isso,

é mais adequada para um tipo de extrato diferente do estudado. A diferença pode

também ser explicada por interferências ocorridas durante a leitura, sendo as faixas

de comprimento de onda diferentes para os dois métodos (PAES et al., 2014).

Métodos mais detalhados de análise de capacidade antioxidante, como ORAC e

métodos in vivo, precisam ser realizados a fim de avaliar a biodisponibilidade dos

compostos antioxidantes.

102

Pode-se observar que a concentração de taninos também foi maior nos

extratos obtidos com proporção de cossolventes de 5% água e 5% etanol,

diferenciando-se estatisticamente dos demais resultados. E os menores valores foram

encontrados nos extratos obtidos com etanol na composição de cossolvente. Isso

pode ser explicado pela baixa solubilização dos taninos em presença do álcool.

A maior concentração de antocianinas foi encontrada no extrato obtido com

5% de água e 5% de etanol como cossolventes. As menores concentrações de

antocianinas foram encontradas nos extratos obtidos com 10% etanol e 50% etanol,

e as concentrações dos extratos obtidos com 50% água, 50% água acidificada e 40%

água com 10% de etanol foram muito parecidas. O uso de etanol e água como

cossolventes foi importante para promover a extração de antocianinas, que possuem

alta solubilidade em água, de acordo com Metivier et al. (1980).

Pasquel-Reátegui et al. (2014) determinaram o conteúdo de antocianinas

dos extratos do resíduo de amora obtidos por SFE utilizando cossolventes como

etanol e água, e verificaram um aumento do teor de antocianinas com o uso destes

cossolventes. Ainda em relação à extração de amargosa com cossolventes,

Tonthubthimthong et al. (2004) estudaram a mistura de etanol e acetato de etila e

concluíram que o rendimento de antocianinas aumentou com a concentração dos

mesmos. Finalmente, Corrales et al. (2009) estudaram a influência da concentração

de etanol na extração de antocianinas de casca da uva por pressão hidrostática a 600

MPa, e encontraram uma relação positiva entre o solvente (etanol) e a quantidade de

antocianinas recuperada.

Os rendimentos de antocianinas monoméricas reportados na literatura são

bastante diversos, variando não só com os métodos de extração, solventes e

condições operacionais utilizados, mas também com a variedade da matéria-prima,

época da colheita e tipos de pré-tratamento da matéria-prima. Os resultados

reportados neste trabalho são semelhantes aos obtidos por Rufino et al. (2010) e

Santos et al. (2010).

Analisando os resultados obtidos com diferentes proporções de

cossolventes, os teores de compostos fenólicos, capacidade antioxidante e

antocianinas dos extratos foram superiores na SFE utilizando 5% água e 5% etanol.

Por este motivo, estas condições foram escolhidas para as extrações a partir do

103

resíduo liofilizado e do mirtilo fresco triturado. Os resultados destas extrações estão

apresentados na Tabela 5.6.

O rendimento global da extração a partir do mirtilo liofilizado foi 50% maior

que o da extração com mirtilo fresco. Para todas as análises, as médias foram

significativamente diferentes entre o resíduo liofilizado e o mirtilo fresco. O extrato de

mirtilo liofilizado apresentou maiores concentrações de compostos fenólicos,

capacidade antioxidante e antocianinas devido à concentração dos compostos de

interesse ocorrer no processo de liofilização. Nota-se que os rendimentos das

extrações com material fresco (mirtilo e resíduo fresco) foram semelhantes. Isso

ocorre porque as quantidades de material extraível são parecidas e tem pouca

variação da fruta fresca para o resíduo.

Comparando os teores de compostos fenólicos, capacidade antioxidante

(DPPH) e antocianinas, os extratos obtidos do resíduo de mirtilo foram superiores aos

obtidos do mirtilo fresco. Isso se deve ao fato de os compostos de interesse estarem

mais concentrados na casca do que na polpa do fruto. Pertuzatti (2009) também

estudou a capacidade antioxidante no mirtilo e observou que a casca dos frutos

apresenta as maiores atividades antioxidantes em todos os cultivares avaliados. Em

todos os tempos de reação avaliados com o radical livre DPPH, o cultivar com maior

capacidade antioxidante foi a “Powderblue”, resultado também observado por Carlson

(2003) através do método ORAC. Carlson (2003) também observou em seu trabalho

que a polpa apresentou teor de fenóis totais 72% menor que a casca, para o cultivar

“delite” e até 90% menor para “bluebelle”, indicando uma vez mais que a maior

concentração de compostos fenólicos está presente na casca do mirtilo. Diferenças

na concentração de compostos fenólicos são normais em cultivares da mesma fruta,

como relatado por Malacrida e Motta (2005), que constataram que a variedade de uva

utilizada no processamento de suco pode ser uma causa de variação nos teores de

compostos fenólicos.

As atividades antioxidantes apresentadas no presente trabalho foram

superiores às de Elisia et al. (2007), que encontraram valores entre 552,2 - 1046,5

µmol TE/g de extrato nas cultivares “delite”, com exceção da cultivar “clímax”, em que

o resultado foi maior. Estas diferenças podem ser explicadas pela diferença de

variedades e pela técnica de extração.

104

As concentrações de antocianinas do mirtilo fresco encontradas neste

trabalho (305 mg/100 g de extrato) são semelhantes às encontradas por Pertuzatti

(2009) (217,55 mg/100 g para a variedade “clímax”). Esta variedade foi a única a

apresentar diferença significativa em relação aos demais cultivares, como “bluebelle”

e “delite”. Estes teores foram inferiores aos encontrados por Su e Chien (2007) que,

ao avaliarem o mirtilo do grupo Rabbiteye, encontraram teores de antocianinas de 363

mg/100 g. O teor de antocianinas que estes autores encontraram na casca do fruto foi

de 622,3 mg/100 g, metade do valor encontrado neste trabalho. Pertuzatti (2009)

conclui em seu trabalho que a casca do fruto apresentou os maiores teores de

antocianinas em todos os cultivares. O resultado é esperado, pois se percebe que o

mirtilo apresenta a casca com coloração bem acentuada e a polpa clara.

5.3. Identificação e quantificação de antocianinas por UPLC (Lote1)

A Tabela 5.7 apresenta as concentrações de antocianinas monoméricas e

as determinadas por pH diferencial e UPLC dos resíduos de mirtilo fresco e liofilizado,

dos extratos obtidos por PLE e SFE e do mirtilo fresco macerado.

105

Tabela 5.7. Resultados da quantificação de antocianinas por UPLC e pH

diferencial dos resíduos de mirtilo fresco e liofilizado, dos extratos PLE e SFE e do

mirtilo fresco macerado.

Matérias-primas

(mg/100 g de matéria-

prima) Método: pH diferencial

(mg/100 g de matéria-prima) Método: UPLC

Resíduo de mirtilo fresco 175 ± 17 128 ± 0,2

Resíduo de mirtilo liofilizado 301 ± 29 159 ± 0,2

Extratos PLE

Solventes Fresco

(mg/100 g de extrato) Método: pH diferencial

Fresco (mg/100 g de extrato)

Método: UPLC

100% etanol 234 ± 0,2 85 ± 0,2

50% etanol e 50% água 250 ± 10 136 ± 0,1

100% água acificada (pH 2,0) 254 ± 1 248 ± 0,2

50% água acificada (pH 2,0) e 50% etanol

119 ± 1 108 ± 0,2

100% acetona 101 ± 6 71 ± 0,1

Solventes Liofilizado

(mg/100 g de extrato) Método: pH diferencial

Liofilizado (mg/100 g de extrato)

Método: UPLC

100% etanol 257 ± 4 230 ± 0,1

50% etanol e 50% água 234 ± 2 214 ± 0,2

100% água acificada (pH 2,0) 263 ± 1 235 ± 0,1

50% água acificada (pH 2,0) e 50% etanol

110 ± 10 106 ± 0,3

Extratos SFE

Solventes (mg antocianinas/

100 g extrato) Método pH diferencial

(mg antocianinas/ 100 g extrato) Método UPLC

10% água 420 ± 31 343 ± 8,3 50% água 291 ± 27 228 ± 10

10% água acidificada (pH 2,0) 326 ± 12 216 ± 0,3 50% água acidificada (pH 2,0) 291 ± 26 164 ± 0,5

10% etanol 134 ± 2 124 ± 88 50% etanol 136 ± 1,4 123 ± 0,2

40% água e 10% etanol 214 ± 15 205 ± 0,1 5% água e 5% etanol 1071 ± 64 808 ± 0,1

8% água acidificada (pH=2,0) e 2% etanol

716 ± 65 674 ± 0,5

4% água acidificada (pH=2,0) e 1% etanol

709 ± 69 533 ± 0,3

Extrato do resíduo de mirtilo liofilizado

1209 ± 111 305 ± 20

Extrato do mirtilo fresco macerado 1043 ± 1 282 ± 3,3

As antocianinas majoritárias encontradas no resíduo do Lote 1 e nos

extratos obtidos por PLE e SFE foram a Cianidina-3-O-glucosídeo, Peonidina-3-O-

arabinosídeo e Malvidina-3-O-glucosídeo.

106

Observa-se diferença entre os teores de antocianinas obtidos pelos

métodos pH diferencial e UPLC. Gouvêa (2010), ao quantificar antocianinas de açaí

por esses métodos, observou que o método do pH diferencial superestimou a

quantidade de antocianinas, devido à presença de possíveis substâncias que

interferiram apenas nos resultados provenientes da análise de quantificação por pH

diferencial e não nos resultados cromatográficos. Além disso, o açaí apresenta como

antocianina majoritária a cianidina-3-O-rutenosídeo e não a cianidina-3-O-glucosídeo,

causando erros na determinação, visto que dados como massa molar e coeficiente de

absortividade, utilizados para a quantificação das antocianinas totais pelo método do

pH diferencial não provêm da antocianina majoritária do açaí. Gouvêa (2010)

determinou também o teor de antocianinas de extrato de amora, que possui a

cianidina-3-O-glucosídeo como majoritária, como preconiza o método do pH

diferencial. O autor observou que, para essa fruta, os resultados da análise por pH

diferencial e por HPLC têm a mesma ordem de grandeza e valores próximos. A

quantificação de antocianinas realizada pelo método do pH diferencial fornece teores

de antocianinas monoméricas totais, ou seja, tanto as majoritárias quanto as outras

de menor concentração são quantificadas. Já a UPLC fornece a soma dos valores de

concentrações das antocianinas identificadas, constatando que as duas técnicas

avaliadas são eficientes para quantificação de antocianinas do extrato de mirtilo.

A concentração de antocianinas encontrada no extrato SFE do resíduo de

mirtilo liofilizado é maior que a do extrato de resíduo de mirtilo fresco para ambos os

métodos. Isto confirma que, no processo de liofilização, os compostos se concentram

no resíduo. Já o extrato de mirtilo macerado apresentou teor de antocianinas três

vezes menor. Essa diferença pode ser explicada pelo fato de o mirtilo utilizado nesta

avaliação ter sido adquirido no mercado local e sem referência de variedade, safra e

cultivo, podendo sofrer diferenciações das quantidades de antocianinas presentes. A

Figura 5.2 mostra os cromatogramas das antocianinas identificadas nos extratos e

resíduos do Lote 1.

107

Figura 5.2. Cromatogramas dos íons das antocianinas analisadas: 1) Delfinidina-3-O-galactosídeo, 2) Delfinidina-3-O-

glucosídeo, 3) Cianidina-3-O-galactosídeo 4) Delfinidina-3-O-arabinosídeo, 5) Cianidina-3-O-glucosídeo, 6) Petunidina-3-O-

galactosídeo, 7) Cianidina-3-O-arabinosídeo, 8) Petunidina-3-O-glucosídeo, 9) Peonidina-3-O-galactosídeo, 10) Petunidina-3-O-

arabinosídeo, 11) Peonidina-3-O-glucosídeo, 12) Malvidina-3-O-galactosídeo, 13) Peonidina-3-O-arabinosídeo, 14) Malvidina-3-O-

glucosídeo, 15) Malvidina-3-O-arabinosídeo, 16) Malvidina 3-O-xilosídeo.

antocianionas

Time-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

J2 a 1: TOF MS ES+ 465 0.5000Da

1.36e5

J2 a 1: TOF MS ES+ 435 0.5000Da

6.41e4

J2 a 1: TOF MS ES+ 419 0.5000Da

2.19e5

J2 a 1: TOF MS ES+ 479 0.5000Da

1.50e5

J2 a 1: TOF MS ES+ 449 0.5000Da

3.59e5

J2 a 1: TOF MS ES+ 433 0.5000Da

6.40e4

J2 a 1: TOF MS ES+ 493 0.5000Da

2.21e5

J2 a 1: TOF MS ES+ 463 0.5000Da

2.98e5

1

4

7

6

5

13

14

15 16

2

8

3 10

12

9 11

108

As antocianinas identificadas evidenciam a grande complexidade da

composição do resíduo e extratos e reforça a importância da utilização deste

subproduto em novas formulações. Todas as antocianinas foram simultaneamente

identificadas nos resíduos e extratos de mirtilo obtidos por SFE e PLE do Lote 1.

A Figura 5.3 mostra o cromatograma dos íons para as antocianinas

identificadas no mirtilo fresco e que não foram identificadas nos resíduos.

Figura 5.3. Cromatograma dos íons das antocianinas analisadas no mirtilo

fresco e não identificadas no resíduo: 1) Petunidina-3-O- (6-acetil)-glucosídeo, 2)

Malvidina-3-O-(6-acetil)-glucosídeo, 3) Cianidina-3-O- (6-acetil)-glucosídeo, 4)

Delfinidina-3-O-(6-acetil)-glucosídeo.

Além daquelas apresentadas na Figura 5.3, foram identificadas as mesmas

(todas) antocianinas do resíduo, evidenciando a grande complexidade desta fruta.

Cho et al. (2004) encontraram concentrações de antocianinas entre 140 e

823 mg/100 g nas análises realizadas por cromatografia líquida de alta eficiência em

uva, amora e mirtilo. Essa variação se deve às diferentes variedades de fruta. Porém,

os valores mais encontrados foram próximos a 140 mg/100 g, da mesma ordem dos

resultados encontrados neste trabalho. Gao e Mazza (1994) encontraram teores mais

antocianionas

Time0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40 6.60 6.80 7.00

%

0

100

0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40 6.60 6.80 7.00

%

0

100

0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40 6.60 6.80 7.00

%

0

100

0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40 6.60 6.80 7.00

%

0

100

Mirtilo pao 1 a 1: TOF MS ES+ 521 0.5000Da

8.47e4

Mirtilo pao 1 a 1: TOF MS ES+ 535 0.5000Da

4.61e5

Mirtilo pao 1 a 1: TOF MS ES+ 491 0.5000Da

1.18e4

Mirtilo pao 1 a 1: TOF MS ES+ 507 0.5000Da

1.27e4

2

3

4

1

109

baixos de antocianinas em mirtilo frescos (109,0 - 112,0 mg/100 g), que também

podem ser atribuídos à diferenças de condições ambientais, safra e maturação do

fruto. Bunea et al. (2013) encontraram teores de antocianinas variando de 101 a 195

mg/100 g em diferentes variedades de mirtilo por cromatografia. Prior et al. (1998)

relataram uma maior concentração de antocianinas nas variedades de mirtilo

selvagem em relação aos mirtilos cultivados. A variedade selvagem (Vaccinium

myrtillus L.) contém quantidades mais elevadas de antocianinas que o mirtilo (V.

angustifolium L.) e o cultivado (V. corymbosum L.) (LATTI et al., 2008). Nos estudos

de Bunea et al. (2013), os perfis de todas as variedades mostraram que a antocianina

majoritária é a Delfinidina-3-O-glucosídeo, seguida de Malvidina-3-O-glucosídeo e

Petunidina-3-O-glucosídeo. A Tabela 5.8 apresenta as antocianinas identificadas

pelos autores na uva, amora e mirtilo e as tentativamente identificadas nos resíduos

e extratos obtidos por SFE e PLE do Lote 1.

110

Tabela 5.8. Antocianinas encontradas na uva, amora e mirtilo e

antocianinas encontradas no resíduo de mirtilo e extratos obtidos por PLE e SFE do

Lote 1.

Antocianinas encontradas em uva, amora e mirtilo*

Antocianinas encontradas no resíduo, mirtilo fresco e extratos obtidos por PLE

e SFE do Lote 1

Delfinidina-3-O-galactosídeo Delfinidina-3-O-galactosídeo Delfinidina-3-O-glucosídeo Delfinidina-3-O-glucosídeo Cianidina-3-O-galactosídeo Cianidina-3-O-galactosídeo

Delfinidina-3-O-arabinosídeo Delfinidina-3-O-arabinosídeo, Cianidina-3-O-glucosídeo Cianidina-3-O-glucosídeo

Petunidina-3-O-galactosídeo Petunidina-3-O-galactosídeo Cianidina-3-O-arabinosídeo Cianidina-3-O-arabinosídeo Petunidina-3-O-glucosídeo Petunidina-3-O-glucosídeo

Peonidina-3-O-galactosídeo Peonidina-3-O-galactosídeo Petunidina-3-O-arabinosídeo Petunidina-3-O-arabinosídeo Peonidina-3-O-glucosídeo, Peonidina-3-O-glucosídeo, Malvidina-3-O-galactosídeo Malvidina-3-O-galactosídeo Peonidina-3-O-arabinosídeo Peonidina-3-O- arabinosídeo Malvidina-3-O-glucosídeo, Malvidina-3-O-glucosídeo

Malvidina-3-O-arabinosídeo Malvidina-3-O-arabinosídeo Malvidina-3-O-xilosídeo Malvidina-3-O-xilosídeo Petunidina-3-O-xilosídeo

Delfinidina-3-O-(6”-acetil)glucosídeo Delfinidina-3-O-(6-acetil)-glucosídeo Cianidina-3-O-(6”-acetil)glucosídeo, Cianidina-3-O- (6-acetil)-glucosídeo

Malvidina-3-O-(6”-acetil)galactosídeo Petunidina-3-O-(6”-acetil)glucosídeo Petunidina-3-O- (6-acetil)-glucosídeo Malvidina-3-O-(6”-acetil)glucosídeo), Malvidina-3-O-(6-acetil)-glucosídeo

Delfinidina 3-(p-coumaroil)glucosídeo, Cianidina 3-(p-coumaroil)glucosídeo

Petunidina 3-(p-coumaroil)glucosídeo, Malvidina 3-(p-coumaroil)glucosídeo

Cianidina 3-rutinosídeo Cianidina 3-xilosídeo

Cianidina 3-malonilglucosídeo Cianidina 3-dioxalilglucosídeo

* Bunea et al. (2013).

111

5.4. Concentração por membranas

5.4.1. Resultados dos testes preliminares

A identificação e o planejamento dos testes preliminares de concentração

por membranas estão descritos na Tabela 4.5, na seção de Materiais e Métodos.

Foram realizados três testes com o resíduo do Lote 1 (dois testes de ultrafiltrações

seguidas de nanofiltração e um teste somente com nanofiltração) e seis (um teste com

microfiltração, um com ultrafiltração e quatro testes com nanofiltrações) com o resíduo

do Lote 2. Todos os testes preliminares foram realizados para verificar o melhor

comportamento das alimentações frente aos sistemas de filtração e,

consequentemente, para a escolha das melhores condições para os ensaios

subsequentes.

Nos testes realizados com ultrafiltrações (0,45 MPa e 0,3 MPa a 30o C)

seguidas de nanofiltrações (NF 10, 3 MPa a 30o C) com o Lote 1, ocorreram

vazamentos no sistema de filtração. Os testes com o Lote 2, realizados por

microfiltração e ultrafiltração, não apresentaram diferença de coloração entre

alimentação, permeado e retido e, com isso, concluiu-se que não seriam boas opções

para concentrar antocianinas. Consequentemente, as análises de permeado e retido

deste processo não foram efetuadas. Já os testes com a nanofiltração (NF 10 e NF

30 a 1 MPa e 2,5 MPa, a 25o C) apresentaram ineficiência no processo, pois o fluxo

de permeado caiu logo no início e não se estabilizou mais. Por isso, também não

foram analisados, o permeado e retido destes processos.

Para os testes preliminares de nanofiltração realizados com o suco

concentrado, com os Lotes 1 (NF 10) e 2 (resíduo com solução 50% de etanol e 50%

água, NF 10 e 30), as condições de processo se ajustaram bem. Os resultados desses

testes estão detalhados na Tabela 5.9. Todos os resultados estão apresentados em

base úmida.

112

Tabela 5.9. Resultados dos testes preliminares de concentração de extratos de

resíduo de mirtilo em membranas.

Teste preliminar (nanofiltração)

60 g suco concentrado/

400 mL água acidificada

(pH = 2,0)

40 mL resíduo de mirtilo/

40 mL solução

(50% água +50%etanol)

40 mL resíduo

de mirtilo/

40 mL solução

(50% água +50%etanol)

NF30 NF10 NF30

Lote 1 2 2

Antocianinas mg/100 g extrato

Alimentação 8 ± 0,3 2,8 ± 0,1 3,2± 0,2

Retido 14,7 ± 0,6 9 ± 0,7 9,4 ± 0,4

Permeado * 0,4 ± 0,1 0,4 ± 0,1

Fenóis totais mg GAE**/g

extrato

Alimentação 7 ± 0,2 0,2 ± 0,1 0,1 ± 0,1

Retido 9 ± 0,3 0,3 ± 0,1 0,5 ± 0,1

Permeado * 0,1 ± 0,1 *

DPPH (mg TE***/g extrato)

Alimentação - 4,2 ± 0,1 2,5 ± 0,1

Retido - 8,7± 0,1 8,6 ± 0,1

Permeado - 0,2 ± 0,1 0,2 ± 0,1

ABTS (mg TE/g extrato)

Alimentação - 1,0 ± 0,6 0,9 ± 0,3

Retido - 2,0 ± 0,3 3,6 ± 1,9

Permeado - 0,1 ± 0,1 0,1 ± 0,1

(-) não realizado, (*) zerado, **GAE – equivalente ácido gálico, ***TE – Equivalente de Trolox.

Pode-se notar que houve retenção de compostos de interesse em todos os

processos de nanofiltração dos testes preliminares. Percebe-se também a diferença

entre as alimentações dos resíduos de mirtilo dos Lotes 1 e 2. Isso pode ser explicado

pela diferença entre os processos (despolpadeira e arraste de vapor) para obtenção

destes resíduos.

O fluxo de permeado no teste com suco concentrado apresentou queda

com o tempo, passando de 110 kg/m2min para 84 kg/m2min em 17 minutos e

permanecendo constante até o fim do processo. Esse declínio do fluxo de permeado

pode ser considerado um fator limitante para o processo. De acordo com Marshall e

113

Munro (1993), existem três estágios de declínio do fluxo permeado, sendo o primeiro

estágio caracterizado por uma queda brusca do fluxo nos primeiros minutos devido à

ocorrência da polarização por concentração na superfície da membrana. No segundo

estágio inicia-se a precipitação dos solutos acumulados, ocasionando o bloqueio dos

poros da membrana, a formação da camada polarizada e da incrustação. E o terceiro

estágio é definido como a consolidação do processo, na qual ocorre uma queda no

fluxo lenta, mas contínua.

Com base nos resultados encontrados nos testes preliminares, como

concentração de compostos de interesse, temperatura, fluxo de permeado, tipo de

membrana e pressão transmembrana, foi realizado um planejamento para os

processos subsequentes de nanofiltração. Este planejamento está apresentado na

Tabela 4.5, na Seção 4.6.2 de Materiais e Métodos.

A partir dos resultados dos testes preliminares, para todas as nanofiltrações

foi fixada uma temperatura de 40 oC e pressão de 4 MPa. Com estas condições,

diferenças nos processos puderam ser observadas, devido à porosidade das

diferentes membranas.

5.4.2. Resultados das nanofiltrações de resíduo de mirtilo e do extrato SFE

Foram determinados a umidade, teor de compostos fenólicos, capacidade

antioxidante (DPPH e ABTS) e concentração de antocianinas monoméricas de todos

os produtos obtidos das nanofiltrações, assim como das alimentações (resíduo e

extrato SFE), para obter a massa de extrato seco. Foi também calculado o índice de

retenção de cada componente para cada processo de concentração. A Tabela 5.10.

apresenta as umidades, teores de compostos fenólicos, capacidade antioxidante

(DPPH e ABTS) e concentração de antocianinas monoméricas das alimentações,

retidos e permeados das nanofiltrações, além dos índices de retenção de todos os

ensaios de nanofiltração.

114

Tabela 5.10. Umidade, teor de fenólicos totais, capacidade antioxidante, concentração de antocianinas monoméricas e suas

respectivas porcentagens de retenção nas alimentações, retidos e permeados das concentrações por membranas.

% Umidade Fenólicos Totais

(mg GAE/g)* %IR

DPPH (µmol TE/g)

%IR ABTS (µmol

TE/g) %IR

Antocianinas monoméricas

(mg/100g) %IR

Resíduo de mirtilo - Lote 2

Resíduo macerado Alimentação 92 ± 0,4 3,3 ± 0,6 - 110 ± 2 - 81 ± 3 - 339 ± 16 -

NF 10

Retido 91 ± 0,2 2,9 ± 0,3ab

70,4 a

97 ± 2 bcd

13,3 b

79 ± 6 b

27,5 b

311 ± 16 b

17,5 b

Permeado 92 ± 0,1 0,9 ± 0,1b 84 ± 4 bcd 57 ± 4 b 257 ± 12 bc

NF 10**

Retido - 3,3 ± 0,4ab 73,4 a

105 ± 1 bcd

0,7 b

67 ± 1 b

23,5 b

345 ± 2 b

26 b

Permeado - 0,9 ± 0,1b 104 ± 1 bcd 51 ± 2 b 255 ± 16 bc

NF 30

Retido 83 ± 2 2,1 ± 0,1ab

6,23 b

55 ± 2bcd

38,7 ab

39 ± 1 b

51 ab

188 ± 5 bc

27,2 ab

Permeado 98 ± 0,2 1,9 ± 0,2ab 34 ± 2cd 19 ± 1 b 137 ± 10 cd

NF 30**

Retido - 1,6 ± 0,1ab

0,7 b

63 ± 1bcd

40,8 ab

38 ± 3 b

26,4 ab

273 ± 3bc

65,2 ab

Permeado - 1,6 ± 0,1ab 37 ± 2 cd 28 ± 3 b 95 ± 2 cd

NF 90

Retido 89 ± 2 3,2 ± 0,1ab

28,2 ab

83 ± 2 bcd

48,9 ab

59 ± 4 b

41,9 ab

401 ± 5 b

40,1 b

Permeado 100 ± 0,1 2,3 ± 0,1ab 43 ± 2bcd 34 ± 1 b 240 ± 5 bc

NF 90**

Retido - 4,5 ± 0,1ab

56,2 ab

67 ± 2 bcd

33,2 ab

41 ± 3 b

39,2 ab

360 ± 18 b

22,8 b

Permeado - 2 ± 0,1ab 52,5 ± 0,7 bcd 25 ± 3 b 278 ± 6 bc

NF 270

Retido 91 ± 0,3 4,1 ± 0,1ab

86,7 a

102 ± 5 bcd

46,5 ab

64 ± 1 b

83,2 ab

587 ± 1 a

95,2 a

Permeado 95 ± 0,3 0,5 ± 0,1b 55 ± 4 bcd 10,7 ± 0,3 b 29,4 ± 0,8 d

NF 270**

Retido - 4,4 ± 0,2ab

90,3 a

98 ± 3bcd

51,3 ab

59 ± 1 b

63,4 ab

601 ± 8 a

98,2 a

Permeado - 0,4 ± 0,1b 47,6 ± 0,2 bcd 22 ± 1 b 10,7 ± 0,2 d

115

(Continuação) % Umidade Fenólicos Totais

(mg GAE/g)* %IR

DPPH (µmol TE/g)

%IR ABTS (µmol

TE/g) %IR

Antocianinas monoméricas

(mg /100g) %IR

Extrato SFE – Lote 2

Extrato SFE Alimentação 98 ± 0,8 2,7 ± 0,3 - 221 ± 5 - 189 ± 5 - 256 ± 5 -

NF 10

Retido 93 ± 0,3 2 ± 0ab

68,8 ab

203 ± 3a

12,6 b

136 ± 6 b

22,2 b

336 ± 11 b

66,3 ab

Permeado 98 ± 3 0,6 ± 0,2b 177,5 ± 0,1ab 106 ± 2b 113 ± 3 cd

NF 10**

Retido - 1,8 ± 0,2ab

44,1 ab

250 ± 6 a

14,22 ab

62 ± 7 b

6,8 b

287 ± 6 b

54,3 ab

Permeado - 1,0 ± 0,1b 215 ± 4abc 58 ± 8 b 131 ± 1 cd

NF 30

Retido 97 ± 0,4 5,6 ± 0,2ab

34,7 ab

173 ± 2 ab

69,08 a

118 ± 7 b

18,2 ab

300 ± 9 b

63 ab

Permeado 98 ± 0,7 3,8 ± 0,1ab 53 ± 5cd 97 ± 1 b 169 ± 7 cd

NF 30**

Retido - 4,7 ± 0,2ab

41,4 ab

143,8 ± 0,5 ab

61,47 a

89,3 ± 0,8 b

9,5 b

319 ± 2 b

44 ab

Permeado - 2,8 ± 0,1ab 55 ± 5cd 81 ± 2 b 17 ± 1 cd

NF 90

Retido 91 ± 4 6,3 ± 0,4ab

68,6 ab

113 ± 1 abcd

74,79 a

207 ± 0 a

57,7 ab

286 ± 4 b

51,8 ab

Permeado 100 ± 0,2 2 ± 0ab 28,5 ± 3 d 88 ± 2 b 138 ± 2 d

NF 90**

Retido - 2,8 ± 0,2ab

26,2 ab

149,8 ± 0,4 abcd

60,72 a

255 ± 0 a

65,8 ab

324 ± 4b

57 ab

Permeado - 2,0 ± 0,1ab 58,8 ± 0,2 d 87 ± 1 b 141 ± 7 d

NF 270

Retido 91 ± 0,1 3,4 ± 0,2ab

71,2 a

113,5 ± 0,8 abcd

80,82 a

248 ± 1 a

91,8 a

319 ± 1 bc

94,6 a

Permeado 99 ± 0,1 1 ± 0ab 21,8 ± 0,4 cd 20 ± 5 b 17,4 ± 0,2 cd

NF 270**

Retido - 9,6 ± 0,3ab

70,9 a

114,4 ± 0,1 abcd

81,74 a

233 ± 8a

90,4 a

371 ± 4 bc

84,1 a

Permeado - 2,8 ± 0,1ab 20,9 ± 0,1 cd 23 ± 1 b 59 ± 1 cd

*g extrato seco, **duplicata da filtração. Valor da média dos ensaios em duplicata; na mesma coluna letras diferentes representam diferenças estatisticamente significativas (p < 0,05). **GAE –

equivalente ácido gálico *TE – Equivalente de Trolox.

116

Em todos os processos de nanofiltração a umidade do retido é menor que

a do permeado, evidenciando que houve retenção de material de interesse pela

membrana. Em alguns casos, como a NF 10 do resíduo, a diferença entre a umidade

do retido e do permeado muito pequena, indicando que o processo não apresentou

eficiência na concentração. Já as concentrações realizadas por NF 90 e 270 do

resíduo e do extrato apresentaram umidades com de retido e permeado distantes,

mostrando que a retenção e a concentração dos compostos de interesse foram

efetivas.

O resíduo macerado apresenta uma concentração de fenólicos totais maior

que o extrato SFE. O processo de maceração pode ter intensificado a concentração

destes compostos, e quanto ao extrato SFE, pode ter ocorrido degradação de

fenólicos durante o processo, pelo manuseio constante em temperatura ambiente,

possível incidência de luz e tempo de estocagem.

A separação por membranas nas condições aplicadas não resultou em

diferenças significativas nos teores de fenólicos totais dos retidos. Porém, nos

permeados há diferença nos experimentos das membranas NF 10 do resíduo e do

extrato, assim como no experimento NF 270 do resíduo, que evidencia que a retenção

foi significativa.

Observou-se também que em alguns casos o retido apresentou

concentrações menores que a alimentação, ou seja, os compostos de interesse

podem ter atravessado a membrana por apresentarem distribuição de tamanhos de

molécula diferentes (parte permeou e parte ficou retida). Isso se comprova com as

concentrações encontradas no permeado, que são altas. Isso pode ser observado

com maior intensidade nas membranas NF 10 e 30, nos processos utilizando o resíduo

macerado, comprovando que estas duas membranas não apresentaram altas

retenções.

Verificou-se também que, em alguns casos, a massa de alimentação foi

superior à soma das massas de permeado e retido. Algumas explicações podem ser

atribuídas a este fato: alguns compostos podem ter ficado retidos na parede da

membrana, ou mesmo na camada polarizada formada pelo fluxo, ou pode também ter

ocorrido degradação destes compostos durante o processo.

117

Em outros casos a massa de alimentação é inferior à soma das massas do

permeado e retido. Isso pode ser observado nas análises de antocianinas em todos

os experimentos, com exceção das membranas NF 10 e 30. Há possíveis explicações

para estes resultados: as alimentações são constituídas de material heterogênio e

consequentemente, com tamanhos e formatos de moléculas diferentes, apresentando

interações com as demais moléculas constituíntes do meio; pode existir afinidade com

o material da membrana, com o tamanho do poro e também afinidade com as demais

substâncias presentes na alimentação.

Para definir qual concentração foi melhor para a retenção de compostos

fenólicos, calculou-se o índice de retenção de cada experimento. Verifica-se que a

maior retenção de compostos fenólicos ocorreu na concentração com as membranas

NF 270 do resíduo e extrato e NF 10 do resíduo, que apresentaram as maiores

retenções, que chegaram a 90% e se diferenciaram significativamente dos demais

resultados, independentemente da alimentação ter sido o extrato SFE ou resíduo

macerado. A concentração com a membrana NF 30 do resíduo foi diferente de todas

as outras, pois a retenção de compostos fenólicos foi significativamente menor. As

demais membranas não apresentaram diferença significativa na concentração de

compostos fenólicos.

Mello et al. (2010) estudaram a concentração dos extratos aquoso e

alcoólico de própolis por nanofiltração (em membrana NF 90) e concluíram que,

independentemente dos parâmetros de processo, a concentração dos compostos

fenólicos foi eficiente, com retenção de 84% dos compostos fenólicos. García et al.

(2010) estudaram a concentração de compostos fenólicos na nanofiltração do vinho

tinto e constataram que o índice de fenóis totais evoluiu de forma crescente com o

aumento da concentração das amostras. Visto que a maior parte dos compostos

fenólicos apresenta massa molecular superior à MMC da membrana utilizada, apesar

desta medida não ser linear, registrou-se um forte aumento dos valores deste índice

nos extratos analisados. Tendo em conta que as amostras de permeado

apresentavam coloração rosada, provavelmente a sua quantidade teria sido ainda

maior se as amostras tivessem sido analisadas logo após a sua concentração.

Apesar da grande seletividade das membranas utilizadas, principalmente

as membranas NF 90 e 270, com massa molecular de corte menor (200- 300 Da), há

sempre alguns constituintes além dos pretendidos (água e etanol) que, em

118

quantidades relativamente pequenas, conseguem passar para o permeado. Este fato

está ligado à relação entre a massa molecular dos constituintes e a MMC. Como já

mencionado, a MMC não é uma medida linear e está sujeita a alterações ao longo do

processo. Logo, existem sempre algumas porcentagens de compostos que, apesar

de apresentarem massas moleculares superiores à MMC, passam para o permeado.

É previsível que ocorra uma maior retenção de constituintes como os

compostos fenólicos, que normalmente apresentam uma massa molecular (300 Da)

superior à MMC da membrana de nanofiltração (200-300 Da). Outros constituintes,

como os ácidos, apresentam massas moleculares próximass à MMC e, portanto, é

esperado que parte deles fique retida e parte permeie juntamente com os compostos

fenólicos, que podem se associar a outros compostos. Machado et al. (2015)

estudaram a concentração de compostos fenólicos nos extratos aquosos de pequi e

observaram que, em relação aos polifenóis, as membranas NF 90 e NF 270 também

proporcionaram retenção superior a 90%. A maior retenção de compostos fenólicos

nas membranas de nanofiltração pode ser explicada pelas MMCs nominais destas

membranas, que estão entre 200 e 300 Da. Assim, pode-se prever que compostos

orgânicos com massa molecular entre 164 e 302 Da sejam rejeitados pelas

membranas de nanofiltração utilizadas. Resultados semelhantes foram obtidos por

outros autores. Conidi et al. (2012), que concentraram flavonoides com membranas

de nanofiltração do mesmo fabricante (NF 70 e NF 200), obtiveram entre 88 e 95% de

retenção em relação a esses compostos. Conidi et al. (2011) estudaram a

concentração do suco de bergamota (Citrus Bergamia Risso) e obtiveram uma

retenção de polifenóis de 2 e 84% por ultra e nanofiltração (membranas com MMCs

de 100 kDa e 450 Da), respectivamente.

A mesma explicação para a retenção dos polifenóis se dá ao fenômeno de

formação da camada polarizada aumentada durante a retenção. Além disso, o anel

aromático de polifenóis pode formar agregados com proteínas e se transformar em

moléculas maiores, que ficam retidas na camada filtrante da membrana (Charlton et

al., 2002). Além disso, a ligação de hidrogênio entre os grupos hidroxila do polifenol e

átomos de oxigênio do grupo SO2 da polietersulfona (material da superfície da

membrana) é possível (Susanto et al., 2009), reduzindo a passagem dos polifenóis

através da membrana.

119

Nota-se que a maceração não intensificou a concentração dos

antioxidantes, e o extrato SFE apresentou maior concentração dos mesmos. Pode-se

observar, com estes resultados, que houve retenção eficiente dos compostos de

interesse nas membranas de NF 90 e 270. Em todos os processos de separação

utilizando os resíduos como alimentação, as membranas não apresentaram

diferenças significativas nas atividades antioxidantes de retidos e permeados medidas

por DPPH. Os valores foram próximos e, consequentemente, as retenções foram

menores e com pequena diferença estatística nos resultados, com exceção da NF 10,

que apresentou o menor índice de retenção em todas as concentrações, devido ao

tamanho dos poros ser maior que os demais, resultando em maior permeação dos

compostos de interesse. O mesmo não ocorre nos processos com as membranas de

nanofiltração utilizando o extrato como alimentação. Houve diferença significativa nos

resultados obtidos com as membranas NF 10 e 30, que foram as de menores índices

de retenção de antioxidantes, e as membranas NF 90 e principalmente a 270, com

altos índices de retenção, comprovando que o diâmetro dos poros das membranas é

fator importante para a retenção dos compostos de interesse.

Todos os retidos apresentaram capacidade antioxidante menor que a

alimentação. Em particular, as menores atividades antioxidantes foram encontradas

nos retidos provenientes das membranas NF 10, tanto para o resíduo quanto para o

extrato como alimentações. A menor capacidade antioxidante foi detectada em

permeados da nanofiltração, devido ao menor conteúdo de polifenóis. Pode-se notar

que a retenção de polifenóis e, consequentemente, a capacidade antioxidante, é

aumentada quando a MMC nominal diminui. Os resultados estão de acordo com os

dados experimentais relatados por Conidi et al., (2011), que trabalharam com

concentração de suco de bergamota por ultra e nanofiltração. Os resultados sugerem

que os compostos biologicamente ativos do resíduo do mirtilo foram melhor

recuperados pelo processo na membrana NF 270 a partir do extrato SFE, com

retenção acima de 80%.

Luis et al. (2012) afirmaram que, para a separação de solutos por

nanofiltração, é possível que não haja alta retenção de moléculas com um tamanho

semelhante à MMC da própria membrana, acima ou abaixo do tamanho de poro. Já

para a capacidade antioxidante medida pelo radical ABTS, produtos da nanofiltração

do resíduo macerado não apresentaram diferenças significativas nos resultados

120

encontrados. As membranas NF10, tanto para o resíduo quanto para o extrato,

proporcionaram as menores retenções destes compostos, pois provavelmente estes

atravessam os poros das membranas, resultando em atividades antioxidantes

próximas para retidos e permeados. Nota-se que os resultados para as nanofiltrações

do extrato SFE foram estatisticamente iguais, com exceção da NF 270 do extrato, que

apresentou retenções maiores que 90% dos antioxidantes analisados.

Conidi et al. (2011) e Cassano et al. (2013) também verificaram um

aumento na capacidade antioxidante medida pelo radical ABTS em extratos vegetais

concentrados por nanofiltração. O mesmo comportamento foi observado para os

concentrados obtidos para todas as fases da concentração, semelhantes aos

resultados obtidos por Boaventura (2015) para o extrato aquoso de erva-mate. Por

isso, os resultados foram superiores e diferentes significativamente dos demais.

Existe uma relação entre teor de compostos fenólicos, capacidade

antioxidante e antocianinas, que pode ser observada no trabalho de Orak (2007), que

estudou 16 cultivares de uvas vermelhas. Para as uvas vermelhas avaliadas, o teor

de fenólicos totais teve maior correlação com a capacidade antioxidante quando

comparada à correlação apresentada entre antocianinas e a capacidade antioxidante,

indicando maior contribuição de compostos não flavonoides na capacidade

antioxidante de uvas vermelhas. De acordo com Vinson et al. (1999) e Luo et al.

(2002), a interação entre compostos fenólicos pode causar um aumento da

capacidade antioxidante do suco concentrado de forma independente, sem a

influência das antocianinas, apesar de as mesmas possuírem comprovado potencial

antioxidante. Garcia-Alonso (2004) avaliou as propriedades antioxidantes em 28

frutos, e concluiu que a capacidade antioxidante está associada à ação de outros

compostos presentes nas frutas e a possíveis efeitos de sinergia e antagonismo ainda

desconhecidos.

Para as antocianinas, nota-se que o resíduo macerado apresentou maior

concentração que o extrato SFE, coincidindo com os resultados dos compostos

fenólicos. Isto é, com a maceração do resíduo, ocorreu maior extração das

antocianinas, porém o extrato sofreu degradação durante o processo. Como

consequência, os teores de antocianinas resultantes das nanofiltrações também

seguiram as mesmas proporções das alimentações, ou seja, maiores para as

membranas de nanofiltração do resíduo do que para o extrato SFE.

121

A concentração de antocianinas é geralmente usada como um importante

indicador da qualidade de produtos de mirtilo. No entanto, antocianinas são muito

reativas e podem ser facilmente degradadas, chegando a se tornarem incolores ou

marrons (Kırca et al., 2007). A estabilidade das antocianinas em alimentos é

influenciada por fatores como as condições de processamento e armazenamento

(temperatura, oxigênio, luz), propriedades físicas e químicas de alimentos (atividade

da enzima, pH e conteúdo de açúcar, etc.) e na presença de copigmentos e íons

metálicos (JACKMAN et al., 1987; ROMERO e BAKKER, 2000; KIRCA et al., 2007).

Os permeados da nanofiltração tiveram menores concentrações de

antocianinas que as alimentações, o que já era esperado, uma vez que a nanofiltração

é capaz de realizar separações de moléculas em uma faixa de massa molecular de

0,3 a 1 kDa, podendo ser utilizada na indústria de química fina, na recuperação de

moléculas com alto valor agregado e na separação de íons monovalentes de

multivalentes. Em geral, as massas molares das antocianinas são de

aproximadamente 450 Da. Estas antocianinas foram retidas no processo de

nanofiltração com as membranas NF 90 e 270, tanto para o resíduo quanto para o

extrato. Já nas membranas NF 10 e 30 do resíduo e extrato, com cortes maiores (1000

e 500 Da) as antocianinas permearam, e com isso os teores de antocianinas foram

semelhantes no retido e no permeado.

Apesar de pequenas, as perdas observadas de antocianinas ao longo dos

processos podem ser atribuídas ao fato de os mesmos terem sido conduzidos em

escala laboratorial. Um exemplo disto é o acúmulo de material na superfície da

membrana. Também deve ser considerada a oxigenação por aeração natural que

ocorre no interior do tanque de alimentação, o que resulta na oxidação das

antocianinas e de outros compostos, além da possível existência de materiais

acumulados na tubulação. Outra possível explicação para a perda de antocianinas

pode ser a própria concentração do suco. Segundo Wang e Xu (2007), que estudaram

a estabilidade de antocianinas em suco concentrado de amora e o compararam com

o suco integral, o suco concentrado é mais suscetível à degradação de antocianinas

devido à proximidade entre moléculas reativas (como oxigênio), acelerando a

velocidade das reações de degradação. Este fenômeno também foi relatado por

Garzon e Wrolstad (2002) para antocianinas do morango e por Cemeroglu et al.

(1994), para antocianinas da cereja.

122

Houve diferença significativa nos teores de antocianinas resultantes dos

processos de separação pelas membranas NF 270 do resíduo e extrato. Além disso,

os índices de retenção foram estatisticamente diferentes dos demais processos,

apresentando retenções maiores que 90%. Logo, as concentrações com a membrana

NF 270 foram eficientes.

5.4.3. Identificação e quantificação de antocianinas por UPLC (Lote 2)

Foram identificadas 14 diferentes antocianinas por UPLC nas

alimentações, retidos e permeados obtidos do resíduo do Lote 2. A Figura 5.4

apresenta o cromatograma para identificação das antocianinas.

123

Figura 5.4. Cromatograma das antocianinas identificadas no resíduo de mirtilo

(Lote 2), nos extratos de resíduo de mirtilo e nos produtos obtidos nas separações por

membranas. 1- Delfinidina-3-O-galactosídeo, 2-Cianidina-3-O-galactosídeo, 3-

Cianidina-3-O-glucosídeo, 4-Petunidina-3-O-galactosídeo, 5-Cianidina-3-O-

arabinosídeo, 6-Petunidina-3-O-glucosídeo, 7-Peonidina-3-O-galactosídeo, 8-

Petunidina-3-O-arabinosídeo, 9-Peonidina-3-O-glucosídeo, 10-Malvidina-3-O-

galactosídeo, 11-Peonidina-3-O-arabinosídeo, 12-Malvidina-3-O-glucosídeo, 13-

Malvidina-3-O-arabinosídeo e 14-Malvidina-3-O-xilosídeo.

As Tabelas 5.11 e 5.12 apresentam os resultados da quantificação de

antocianinas por UPLC das amostras do resíduo de mirtilo do Lote 2, do extrato SFE

obtido do resíduo do Lote 2, dos retidos e permeados das separações por membranas.

Minutos

0 1 2 3 4 5 6 7 8

mA

U

0

50

100

150

200

250

300 m

AU

0

50

100

150

200

250

300

1

2

3

4

5

6

7 8 9

10

11

12

13

14

124

Tabela 5.11. Concentrações de antocianinas identificadas por UPLC das

amostras do resíduo de mirtilo, dos retidos e permeados das separações por

membranas.

Antocianinas monoméricas

(mg/100 g*)

pH diferencial

%IR

Antocianinas monoméricas

(mg/100 g*)

UPLC

%IR

Resíduo macerado

Alimentação 338,5 - 262,1 -

Extrato SFE Alimentação 255,5 - 89,9 -

Resíduo

NF 10 Retido 311,3

17,5 279,3

53,9 Permeado 256,9 128,9

NF 10** Retido 345,1

26 98,5

27,2 Permeado 255,4 71,7

NF 30 Retido 188,1

27,2 157,5

79,5 Permeado 137,1 32,5

NF 30** Retido 272,5

65,2 41,5

7,0 Permeado 95 38,6

NF 90 Retido 401,2

40,1 199,1

27,9 Permeado 240, 2 143,7

NF 90** Retido 359, 8

13,1 232,5

9,2 Permeado 278 211,2

NF 270 Retido 587

95,2 547,1

94,8 Permeado 29,4 28,4

NF 270** Retido 601

98,2 413,3

98,3 Permeado 11 7,1

*g de extrato seco **duplicata.

125

Tabela 5.12. Concentrações de antocianinas identificadas por UPLC das

amostras do extrato SFE, dos retidos e permeados das separações por membranas.

Antocianinas monoméricas

(mg/100 g*)

pH diferencial

%IR

Antocianinas monoméricas

(mg/100 g*)

UPLC

%IR

Extrato SFE

NF 10 Retido 335,8

66,3 258

75,9 Permeado 113,3 62,3

NF 10** Retido 286,6

54,3 271,6

73,4 Permeado 130,9 72,3

NF 30 Retido 299,8

62,9 111,4

38,6 Permeado 169,2 68,4

NF 30** Retido 318,6

43,9 120

35,2 Permeado 17,4 77,8

NF 90 Retido 285,6

25,8 282,5

52 Permeado 137,7 10,3

NF 90** Retido 323,7

56,6 2162

60,2 Permeado 140,5 24

NF 270 Retido 318,5

94,6 174

96,4 Permeado 17,4 83,5

NF 270** Retido 370,7

84 239,3

88,9 Permeado 59,2 95,3

*g de extrato seco **duplicata

Verifica-se que, para o resíduo e para o extrato, e em todas as

concentrações, as concentrações de antocianinas obtidas por UPLC foram inferiores

às determinadas pelo método de pH diferencial. Como já comentado, isso pode ser

explicado pela presença de possíveis substâncias que interferem apenas nos

resultados de quantificação por pH diferencial e não nos resultados cromatográficos.

Como o método UPLC é mais seletivo, a detecção foi somente de antocianinas

realmente presentes nos produtos. O método de pH diferencial apresenta como

antocianina majoritária a Cianidina-3-O-glucosídeo, acarretando possíveis erros na

126

determinação, pois a antocianina majoritária do método UPLC encontrada no Lote 2,

e consequentemente nos respectivos produtos obtidos das concentrações por

membranas, foi a Malvidina-3-O-glucosídeo, seguida da Malvidina-3-O-arabinosídeo.

Estes resultados diferem dos encontrados com o resíduo do Lote 1, no qual

antocianinas majoritárias encontradas foram a Cianidina-3-O-glucosídeo, Peonidina-

3-O-arabinosídeo e Malvidina-3-O-glucosídeo.

Scibisz et al. (2012) analisaram o iogurte de mirtilo da variedade highbush

e encontraram a Malvidina-3-O-galactosídeo como a antocianina majoritária, seguida

da Malvidina-3-O-arabinosídeo e Malvidina-3-O-glucosídeo. Nos estudos realizados

por Lohachoompol et al. (2008), que verificaram os picos de antocianinas em

diferentes variedades de mirtilo, incluindo a variedade clímax, uma das analisadas no

presente trabalho, as antocianinas majoritárias foram a Malvidina-3-O-galactosídeo e

a Malvidina-3-O-glucosídeo, juntamente com a Peonidina-3-O-glucosídeo e

Peonidina-3-O-arabinosídeo. Foram também quantificadas as antocianinas presentes

em diferentes variedades de mirtilo de distintas regiões da China. As antocianinas

foram identificadas e quantificadas por HPLC ligado a espectrometria de massas (LC-

DAD-MS) e os perfis cromatográficos das variedades de mirtilo foram similares:

malvidina (41,0%), delfinidina (33,1%) e petunidina (17,3%) foram os principais

contribuintes para o conteúdo total de antocianinas (DONGNAN et al., 2015).

Comparando os resultados encontrados na quantificação de antocianinas

por UPLC com o método pH diferencial, verifica-se que os resultados são coerentes,

ou seja, a maior retenção de antocianinas foi obtida pela membrana NF 270, tanto

para o resíduo quanto para o extrato. Já a menor retenção de antocianinas verificada

pelo método UPLC foi observada na concentração com a membrana NF 10 para o

resíduo, e com a membrana NF 90 para o extrato, resultados também encontrados

pelo método de pH diferencial.

127

5.4.4. Fluxo de permeado

Os processos de nanofiltração resultaram em fatores de concentração

diferentes, levando em consideração os testes preliminares, que serviram para

determinar o desempenho de cada membrana. Os fatores de concentração foram de

4,0 para a membrana NF 10, 2,0 para a membrana NF 30, 1,5 para a membrana NF

90 e 2,0 para a membrana NF 270. Os fatores de concentração com valores diferentes

são justificados pelos diferentes comportamentos dos processos. As curvas de fluxo

permeado durante a nanofiltração do resíduo de mirtilo e do extrato SFE de todos os

experimentos, realizados a 4 MPa, 40 ºC e 40 mL de alimentação, estão apresentadas

na Figura 5.5.

128

Figura 5.5. Curvas de fluxo de permeado em função do tempo de todas as

concentrações (NF 10, 30, 90 e 270 do resíduo e extrato) por nanofiltração (∆P =

4MPa).

010203040506070

0 5 10 15 20

Flu

xo (

kg.m

-2.h

-1)

Tempo (min)

NF 10 resíduo

1o experimento 2o experimento

0

20

40

60

80

0 5 10 15 20

Flu

xo (

kg.m

-2.h

-1)

Tempo (min)

NF 10 extrato

1o experimento 2o experimento

0

1

2

3

4

0 10 20 30

Flu

xo (

kg.m

-2.h

-1)

Tempo (min)

NF 30 resíduo

1o experimento 2o experimento

0

1

2

3

0 10 20 30 40

Flu

xo (

kg.m

-2.h

-1)

Tempo (min)

NF 30 extrato

1o experimento 2o experimento

0

2

4

6

8

0 100 200Flu

xo (

kg.m

-2.h

-1)

Tempo (min)

NF 90 resíduo

1o experimento

0

5

10

0 50 100 150Flu

xo (

kg.m

-2.h

-1)

Tempo (min)

NF 90 extrato

1o experimento 2o experimento

-1000011111222

0 20 40 60 80 100

Flu

xo (

kg.m

-2.h

-1)

Tempo (min)

NF 270

1o experimento 2o experimento

0

5

10

15

0 20 40 60Flu

xo (

kg.m

-2.h

-1)

Tempo (min)

NF 270 extrato

1o experimento 2o experimento

129

Verifica-se uma queda contínua no fluxo permeado para todas as

membranas. Essa queda ocorre nos primeiros 5 minutos para as membranas NF 10

e 30 do resíduo, e nos primeiros 15 minutos para as membranas NF 90 e 270 do

resíduo, quando a curva começa a decrescer linearmente, chegando a um fluxo médio

final. Liikanen et al. (2002), Warczok et al. (2004), Luis et al. (2012) e Suárez et al.

(2009) atribuem este declínio à camada de polarização, em decorrência do processo

de concentração, e ao fouling, fenômenos normalmente presentes nos processos de

separação por membranas. Um comportamento semelhante foi observado por

Benedetti (2010) na concentração de isoflavonas do extrato aquoso de farinha

desengordurada de soja por nanofiltração, e por Hódur et al. (2009) na concentração

por membranas de produtos similares, a partir de extratos aquosos. Fersi et al. (2005)

utilizaram o processo de nanofiltração no tratamento de efluentes da indústria têxtil e

observaram um declínio do fluxo de permeado no decorrer do processo. Resultados

similares foram obtidos por Diaz-Reinoso et al. (2009), para concentrados de extrato

aquoso de destilado de bagaço de uva fermentada, e por Luo et al. (2009), na remoção

do sal de molho de soja, todos empregando a nanofiltração. Apesar de serem produtos

diferentes, as similaridades entre os processos permitem a comparação entre os

resultados. Nota-se também que o comportamento dos fluxos finais nas

concentrações dos extratos nas membranas NF 90 e 270 do extrato são semelhantes,

com um leve aumento do fluxo, formando uma ondulação na curva.

Esse comportamento pode ser explicado pela mudança de composição da

camada polarizada com o tempo de processo, podendo ser descrita como um

rearranjo da camada gel, que permite a permeação de moléculas menores. Durante o

processo de nanofiltração a deposição dos materiais na parede da membrana pode

sofrer modificações com o tempo. Outra explicação pode ser atribuída à diferenciação

do tamanho das substâncias que atravessam a membrana e, com isso, permeiam a

mesma com maior facilidade. Além disso, a camada polarizada formada pode

apresentar diferentes porosidades com o tempo e consequentemente, facilitar a

passagem e aumento do fluxo de permeado.

Os valores dos fluxos de permeado durante as nanofiltrações do resíduo

de mirtilo e do extrato SFE realizadas a 4 MPa, 40 ºC e com 40 mL de alimentação

estão apresentados na Tabela 5.13.

130

Tabela 5.13. Fluxos de permeados das concentrações com as membranas NF

10, 30, 90 e 270.

Fluxos médios (kg.m-2.h-1)

Inicial 5 min 10 min Tempo de processo (min)

Resíduo

NF 10 53,0 16,35 - 6,96 17

NF 30 3,35 2,52 1,43 1,03 25

NF 90 5,82 1,43 0,92 0,36 150

NF 270 0,99 0,49 0,43 0,37 89

Extrato

NF 10 43,0 13 - 7,45 16

NF 30 2,52 2,20 2,12 1,32 34

NF 90 5,88 2,0 2,91 3,89 105

NF 270 13,02 5,75 5,21 5,71 55

É possível observar que o tempo de processo para atingir o fator de

concentração desejado com a membrana NF 10 foi menor que os demais. Como os

poros desta membrana são maiores (1000 Da), o permeado a atravessa com maior

facilidade, alcançando o fator de concentração com rapidez. Isso é evidenciado pelos

valores de fluxo de permeado. Após 17 minutos de concentração, os fluxos finais

apresentaram uma queda maior que 80%.

Nas concentrações realizadas com membranas NF 30, tanto para o resíduo

quanto para o extrato, observou-se uma queda menor no fluxo de permeado, em torno

de 70% para as nanofiltrações do resíduo e 50% para as nanofiltrações do extrato.

Porém, os fluxos iniciais já eram baixos e o tempo de concentração foi o dobro da NF

10. Além disso, as curvas apresentam uma ligeira tendência a ficarem constantes com

o aumento do fator de concentração. A queda do fluxo ocorre devido ao acúmulo de

substâncias na superfície da membrana que, consequentemente, inicia o aumento da

camada polarizada e a consolidação do fouling com o tempo.

Nas membranas NF 90 e 270, a alimentação ocasionou uma diferenciação

entre as curvas de fluxo. Os processos de nanofiltração com resíduo de mirtilo, para

essas membranas, apresentaram curvas características de fluxo de permeado.

131

Porém, com o extrato SFE os fluxos tiveram uma queda nos primeiros minutos,

seguida de um ligeiro aumento até se estabilizarem no final do processo. Este

comportamento atípico de aumento do fluxo de permeado com o tempo, que difere da

maioria dos processos de separação por membranas, é denominado “fluxo

paradoxal”. Nesta situação a alimentação contém várias substâncias diferentes, e

algumas delas apresentam ampla distribuição de tamanho de partículas. Assim,

inicialmente ocorre a deposição de partículas menores que causam entupimento dos

poros na membrana, e que ao longo do processo são arrastadas pela solução de

permeado, atravessando a membrana e sendo removidas. Posteriormente ocorre a

prevalência de partículas maiores na camada polarizada, que favorecem o fluxo de

permeado. A deposição formada sobre a área da membrana é bem porosa, já que as

partículas são maiores, e consequentemente ocasionam o aumento do fluxo (GREEN

e BELFORT, 1980). Este fenômeno também foi observado por Vaillant et al. (1999),

que estudaram a microfiltração tangencial de suco de maracujá após liquefação

enzimática parcial. Os autores observaram queda no fluxo nos primeiros minutos de

processo, provavelmente devido à formação da camada gel. Porém, em seguida

ocorreu aumento de fluxo de permeado. É importante ressaltar que a teoria do fluxo

paradoxal sinaliza que há mudança na composição e no arranjo da interface

alimentação-membrana. Sendo assim, mudanças na estrutura geram alterações no

fluxo de permeado.

A queda do fluxo de permeado nos primeiros 5 minutos para a membrana

NF 90 foi maior que 70% em todas as concentrações. Esta queda resultou em um

fator de concentração de 1,50 em maior tempo, e nota-se que a curva de fluxo no

processo com resíduo macerado foi linear. Em contrapartida, a curva de fluxo obtida

utilizando o extrato SFE como alimentação não apresentou a mesma característica.

O mesmo ocorreu com todas as membranas. As curvas de fluxo dos extratos SFE

diferem daquelas do resíduo, sugerindo que a natureza da solução de alimentação é

o fator que diferencia os processos. O mesmo comportamento ocorreu na

concentração de extrato de própolis com membrana NF 90 (Mello et al., 2010).

Entretanto, estes autores observaram que apesar do acentuado declínio inicial no

fluxo de permeado, a membrana utilizada alcançou o fator de concentração em menor

tempo e consequentemente, sua curva de fluxo se estabilizou.

132

As curvas de fluxo para os processos utilizando a membrana NF 270

apresentaram as mesmas características das curvas da membrana NF 90, tanto para

o resíduo macerado quanto para o extrato SFE como alimentações. Comparando os

processos com as membranas NF 10 e 30 e NF 90 e 270, notam-se quedas distintas

de fluxos de permeado, que podem ser explicadas pelo material da membrana e pelo

mecanimso de incrustação. As membranas NF 10 e 30 são confeccionadas em

polieterssulfona, e as membranas NF 90 e 270 são fabricadas em polissulfona e

poliamida, respectivamente. Desta forma, o material das membranas NF 90 e 270

proporcionou maior resistência ao fluxo de água e de outros solventes (CHEN et al.,

1996, MICHELON et al., 2014; SUSANTO et al., 2009) e alguns solutos são mais

suscetíveis a deposição de materiais nos poros da superfície da membrana (BLANK

et al, 1998;. METSÄMUURONEN e NYSTRÖM, 2009). O segundo fator que reduz o

fluxo de permeado é o bloqueio dos poros.

É possível, também, que diferentes compostos extraídos do resíduo de

mirtilo com etanol possam ter alterado a viscosidade dos extratos SFE. Estes

compostos, apresentam característica de adesividade, podendo se fixar à membrana

e ocasionar maior fouling e aumento da camada de gel, resultando na redução do

fluxo de permeado nos primeiros 10 minutos de processo. Além disso, com a pressão

exercida, os poros podem ter sofrido um desbloqueio momentâneo e aumentado

sutilmente o fluxo de permeado, como pode ser observado nas curvas

correspondentes a estes processos.

A turbulência junto à superfície filtrante, seja em filtração perpendicular ou

tangencial, controla de maneira importante a formação da zona de polarização e a

espessura da camada de gel. Esse efeito de turbulência é mais pronunciado na

filtração tangencial, na qual a solução escoa em alta velocidade junto à membrana.

Desta forma, a velocidade de circulação da solução durante o processo tem influência

sobre o fluxo de permeado. O aumento da velocidade tangencial gera um aumento na

turbulência da solução junto à membrana, diminuindo os efeitos adversos da zona de

polarização.

As interações do CO2 com diferentes polímeros têm sido estudadas

extensivamente (SHEN et al, 2003; RAVEENDRAN e WALLEN, 2002), e são a

principal razão para as alterações morfológicas e químicas na estrutura dos polímeros

que constituem materiais de membranas, e assim são fator determinante para a

133

eficiência de processos que envolvem o CO2 como solvente. Membranas de poliamida

não têm sido usadas comumente para separações de gases, devido principalmente

ao excesso de ligações intermoleculares de hidrogênio, resultando em alta energia

coesiva e densidade da rede do polímero. (GARCÍA et al, 2010). Por outro lado, as

condições da transformação, tais como a temperatura e pressão, são estudadas para

conhecer o impacto sobre a força das ligações de hidrogênio, o que resulta em

possíveis alterações físico-químicas e morfológicas na estrutura da membrana (HE et

al, 2004). Embora estudos anteriores demonstrem que o sistema acoplado CO2

supercrítico + membranas é promissor, estudos sobre o efeito do CO2 supercrítico

sobre as membranas ainda são escassos.

A integração dos processos de SFE à separação em membranas pode ser

realizada através da filtração da mistura supercrítica (CO2 + extrato). A combinação

do sistema CO2/membrana confere melhoria no potencial de separação da membrana

e seletividade para a extração, possibilitando a produção de frações de extrato com

estreita faixa de massa molar.

A separação de solutos no processo de SFE ocorre normalmente através

de despressurização, na qual o fluido supercrítico passa ao estado gasoso, seguida

da coleta dos extratos. Os custos de recompressão do CO2 gasoso para a fase líquida

ou supercrítica são altos. Neste contexto, a integração do processo de SFE à

separação por membranas pode permitir a recirculação do solvente sem

descompressão, resultando em uma importante economia energética (SPRICIGO

et. al., 2001). A separação por membranas acoplada ao sistema de extração

supercrítica ainda é uma tecnologia relativamente nova, assim como as tentativas de

separar os componentes extraídos pelo CO2, os benefícios do baixo consumo de

energia e equipamentos compactos para este processo. Além disso, a tecnologia de

membranas oferece uma opção adequada para a regeneração contínua de fluidos

supercríticos (REZZADORI, 2015). Desta forma, o estudo da integração dos

processos e do comportamento de diferentes materiais de membranas em CO2

supercrítico é de grande importância para os trabalhos futuros.

134

6. CONCLUSÕES

A recuperação de compostos bioativos a partir de resíduos de mirtilo pela

extração com solventes pressurizados mostrou resultados promisores. A PLE

utilizando água e etanol como solventes foi eficiente na extração de compostos

fenólicos, antioxidantes e antocianinas do resíduo de mirtilo fresco, e o etanol foi

efetivo para o resíduo de mirtilo liofilizado. A SFE apresentou resultados satisfatórios

usando 5% de água e 5% de etanol como cossolventes para o resíduo de mirtilo fresco

em termos de compostos fenólicos (134 mg GAE/g extrato), capacidade antioxidante

DPPH e ABTS (1658 e 199 µmol TE/g extrato, respectivamente) e antocianinas pelos

métodos de pH diferencial e UPLC (1071 e 808 mg/100 g extrato, respectivamente).

Os extratos obtidos com água acidificada apresentaram menor capacidade

antioxidante determinada por ambos métodos, DPPH e ABTS. Assim, com relação

aos métodos de extração, o processo SFE apresentou-se mais vantajoso que a PLE

na obtenção dos compostos de interesse.

O extrato do resíduo liofilizado apresentou baixas concentrações de

compostos fenólicos, antocianinas e capacidade antioxidante, devido a possíveis

degradações durante o congelamento e secagem. Os extratos de resíduos de mirtilo

(Lote 1) apresentaram maiores concentrações dos compostos de interesse, o que

pode ser explicado pelo fato de estes compostos serem mais abundantes na casca

do que na polpa da fruta. A capacidade antioxidante e a concentração de antocianinas

para os materiais avaliados foram semelhantes ou superiores às encontradas na

literatura, o que pode ser explicado pela diferença de variedades. Os resultados de

quantificação de antocianinas por UPLC foram inferiores aos obtidos com o método

de pH diferencial. Foram identificadas dezesseis antocianinas, provando a riqueza

destes compostos no resíduo de mirtilo do Lote 1.

Com a finalidade de concentrar e purificar os compostos interesse, utilizou-

se o resíduo de mirtilo e o extrato SFE do mesmo material e nas mesmas condições

utilizadas com o Lote 1, como alimentações para a nanofiltração. Das membranas

testadas, a NF 270 apresentou as maiores retenções dos compostos de interesse para

as duas alimentações. Diante dos resultados apresentados, abre-se a perspectiva de

135

montar uma unidade de extração supercrítica acoplada à separação por membranas,

a fim de avaliar o processo integrado, desde a matéria-prima até a

purificação/separação de um composto de interesse.

Considerando que os resíduos de mirtilo, bem como outras frutas,

geralmente são descartados ou desvalorizados pelas indústrias de alimentos, os

resultados deste trabalho fornecem perspectivas promissoras para a recuperação de

componentes de alto valor de tais subprodutos, abrindo uma nova possibilidade para

a produção de ingredientes alimentícios com custo reduzido e que possam ser

aplicados nos setores de panificação, confeitos, bebidas e lácteos.

136

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Estudar a recuperação dos compostos de interesse do mirtilo pelas técnicas de

PLE e SFE com CO2 supercrítico;

Construir uma unidade integrada de SFE/PLE e separação por membranas;

Avaliar diferentes materiais de membrana em termos de sua adequação ao

sistema integrado;

Avaliar diferentes membranas de nanofiltração e de osmose inversa nas

condições de operação do sistema integrado;

Avaliar o comportamento das membranas em CO2 supercrítico em diferentes

condições de temperatura, pressão exercida na membrana e vazão de CO2;

Verificar o comportamento de diferentes cossolventes quando permeiam a

membrana juntamente com o CO2 supercrítico;

Estudar a melhor condição de processo e a integração SFE e PLE com

separação por membranas em sistema integrado: fluxo de solvente, retenção de

compostos de interesse e fator de separação.

137

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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9. APÊNDICES

9.1. Perfis cromatográficos das antocianinas identificadas nos resíduos

do Lote 1, nos extratos de resíduos de mirtilo e nos produtos da nanofiltração.

Figura 9.1. Perfil cromatográfico da Cianidina-3-O-glucosídeo

Figura 9.2. Perfil cromatográfico da Petunidina-3-O-glucosídeo

antocianionas

m/z100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 900 950 1000 1050 1100 1150

%

0

100

J2 a 501 (1.956) 1: TOF MS ES+ 2.99e5449

435409287203126

110 173132158 177 207 265251245!

379376!

303 335!

317!

349!

395419

450

451 !471

452

!489

519!

533!

548!

897551 704582!

630

!593

670667

!683 713

875!

757739!

844 935915!

950964 11841011!

989!

1045!

1073

!1194

antocianionas

Time0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40 6.60 6.80 7.00

%

0

100

Mirtilo pao 1 a 1: TOF MS ES+ 521 0.5000Da

8.47e4

160

Figura 9.3. Perfil cromatográfico da Peonidina-3-O-glucosídeo

Figura 9.4. Perfil cromatográfico da Malvidina-3-O-glucosídeo

antocianionas

Time-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

J18 a 1: TOF MS ES+ 301 0.5000Da

1.87e5

antocianionas

Time-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

J18 a 1: TOF MS ES+ 331 0.5000Da

2.24e5

161

Figura 9.5. Perfil cromatográfico da Delfinidina-3-O-glucosídeo

Figura 9.6. Perfil cromatográfico da Cianidina-3-O-galactosídeo

antocianionas

Time-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

J2 a 1: TOF MS ES+ 465 0.5000Da

1.36e5

antocianionas

Time-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

J2 a 1: TOF MS ES+ 449 0.5000Da

3.59e5

162

Figura 9.7. Perfil cromatográfico da Petunidina-3-O-arabinosídeo

Figura 9.8. Perfil cromatográfico da Delfinidina-3-O-arabinosídeo

antocianionas

Time-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

J18 a 1: TOF MS ES+ 317 0.5000Da

1.68e5

antocianionas

Time-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

J2 a 1: TOF MS ES+ 435 0.5000Da

6.41e4

163

Figura 9.9. Perfil cromatográfico da Petunidina-3-O-galactosídeo

Figura 9.10. Perfil cromatográfico da Cianidina-3-O-arabinosídeo

antocianionas

Time-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

J2 a 1: TOF MS ES+ 479 0.5000Da

1.50e5

antocianionas

Time-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

J2 a 1: TOF MS ES+ 419 0.5000Da

2.19e5

164

Figura 9.11. Perfil cromatográfico da Peonidina-3-O-galactosídeo

Figura 9.12. Perfil cromatográfico da Malvidina-3-O-arabinosídeo

antocianionas

Time-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

J2 a 1: TOF MS ES+ 463 0.5000Da

2.98e5

antocianionas

m/z100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 700 720 740 760 780 800

%

0

100

J2 a 1255 (4.875) 1: TOF MS ES+ 2.89e5463

126117

111 331251223173142149158

203201177

!217

!245

260265 !

285 301 313449417

!349

!377

!371

393 397!

433

464

465

503466 485 517 569565!

547545533

!599

!579 729

!607

700!

666

!659647

625 679685

!710

!720

!795

!740

!755

!770

!789 800

165

Figura 9.13. Perfil cromatográfico da Malvidina-3-O-xilosídeo

Figura 9.14. Perfil cromatográfico da Malvidina-3-O-galactosídeo

antocianionas

Time-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

J18 a 1: TOF MS ES+ 331 0.5000Da

2.24e5

antocianionas

Time-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

J2 a 1: TOF MS ES+ 493 0.5000Da

2.21e5

166

Figura 9.15. Perfil cromatográfico da Peonidina-3-O-arabinosídeo

Figura 9.16. Perfil cromatográfico da Delfinidina -3-O- galactosídeo

antocianionas

Time-0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40

%

0

100

J2 a 1: TOF MS ES+ 433 0.5000Da

6.40e4

antocianionas

m/z100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360 380 400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600 620 640 660 680 700 720 740 760 780 800

%

0

100

J2 a 350 (1.369) 1: TOF MS ES+ 1.32e5465

203

126111

200177173142

157 191379

265223203 251

!245 303288281

!319

!365

!343

!325

!351 441380 421

!410

395 435 449

466

467!

505487479

519!

549!

533 582!

564573!

698!

689661623!

597 621!

642

!636 647

!671

!680

!751729

!723!

709 750

!760

!778

!783

!793

801

167

9.2. Perfis cromatográficos das antocianinas identificadas no mirtilo

fresco

Figura 9.17. Perfil cromatográfico da Delfinidina -3-O-(6-acetil)-glucosídeo

Figura 9.18. Perfil cromatográfico da Malvidina -3-O-(6-acetil)-glucosídeo

antocianionas

Time0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40 6.60 6.80 7.00

%

0

100

Mirtilo pao 1 a 1: TOF MS ES+ 507 0.5000Da

1.27e4

antocianionas

Time0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40 6.60 6.80 7.00

%

0

100

Mirtilo pao 1 a 1: TOF MS ES+ 535 0.5000Da

4.61e5

168

Figura 9.19. Perfil cromatográfico da Cianidina -3-O-(6-acetil)-glucosídeo

Figura 9.20. Perfil cromatográfico da Delfinidina -3-O-(6-acetil)-glucosídeo

antocianionas

Time0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40 6.60 6.80 7.00

%

0

100

Mirtilo pao 1 a 1: TOF MS ES+ 491 0.5000Da

1.18e4

antocianionas

Time0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 4.40 4.60 4.80 5.00 5.20 5.40 5.60 5.80 6.00 6.20 6.40 6.60 6.80 7.00

%

0

100

Mirtilo pao 1 a 1: TOF MS ES+ 507 0.5000Da

1.27e4

169

9.3. Atividades realizadas no doutorado

Estágio docente (PED)

Ano de 2012: Programa de estágio docente (PED), no grupo C – Atividades

de Apoio à Docência Parcial, no primeiro semestre letivo de 2012, com dedicação de

08 (oito) horas semanais, nas atividades da disciplina TA832 (Formulação e Avaliação

de Projetos), sob supervisão da Professora Doutora Miriam Dupas Hubinger, na

Faculdade de Engenharia de Alimentos – Unicamp.

Supervisão de Iniciação Científica

Ano de 2013: Supervisão de Iniciação Científica da aluna de graduação da

Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade de Campinas, Raquel Dotta,

finalizando o trabalho de pesquisa intitulado: Caracterização do Resíduo de Mirtilo e

Extração de seus Compostos Bioativos usando CO2 Supercrítico. Processo FAPESP

nº 2013/00221-7.

Ano de 2014: Supervisão de Iniciação Científica da aluna de graduação da

Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade de Campinas, Vitória

Rasmussen, finalizando o trabalho de pesquisa intitulado: Extração de componentes

funcionais do resíduo de mirtilo (Vaccinium myrtillus L.) por CO2 supercrítico seguida

de concentração por membranas.

Trabalhos apresentados em eventos

Ano de 2013: III Iberoamerican Conference on Supercritical Fluids – Prosciba -

Cartagena de Índias- Colômbia.

Apresentação em pôster dos trabalhos intitulados:

1- Extraction of phenolic compounds from blueberry (Vaccinium myrtillus L.)

residues using supercritical CO2 and pressurized water.

170

2- Development and assembly of a home-made pressurized liquid extraction

(PLE) unit.

3- Ultrasound assisted supercritical fluid extraction of oil from baru (Dipteryx

alata vogel).

Ano de 2014: European Meeting on Supercritical Fluids - Marseille, França.

Trabalhos apresentados em pôster:

1 - Extraction of phenolic compounds and anthocyanins from blueberry

(Vaccinium myrtillus L.) residues using supercritical CO2.

Ano de 2014: IUFOST – Montreal – Canadá

Trabalhos apresentados em pôster:

1 - Extraction of functional compounds from blueberry (Vaccinium myrtillus L.)

residues using pressurized liquids.

Ano de 2015: Euromembrane - Aachen – Alemanha

Apresentação em pôster dos trabalhos intitulados:

1 - Concentration of bioactive compounds from blueberry juice, residue and

its extract by nanofiltration.

2 - Sugarcane juice tangential microfiltration: evaluation of temperature and

transmembrane pressure and comparison to conventional clarification

process.

3 - Concentration of lycopene from the pulp of papaya (Carica papaya L.) by

ultrafiltration on a pilot scale.

Ano de 2015: 11o Slaca – Simpósio Latino Americano de Ciências de Alimentos

– Campinas –SP.

171

Trabalhos apresentados em pôster:

1 - Extração de componentes bioativos do resíduo de mirtilo (Vaccinium myrtillus

L.) por CO2 supercrítico seguida de concentração por membranas.

Artigo publicado

Extraction of phenolic compounds and anthocyanins from blueberry

(Vaccinium myrtillus L.) residues using supercritical CO2 and pressurized liquids.

Juliana Paes, Raquel Dotta, Gerardo F. Barbero, Julian Martínez. Journal of

Supercritical Fluids, v. 95, pg. 8–16, 2014.