Upload
dinhcong
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UTILIZAÇÃO DO BAGAÇO DO SISAL (AGAVE SISALANA) PARA PRODUÇÃO
DE LICOR ATRAVÉS DE HIDROLISE ENZIMÁTICA.
D. S. Figueiroa(1), S. S. Oliveira(1), R. P. Veloso, G. F. Franklin(1), L. S. C. Oliveira(1)
Unidade Acadêmica de Engenharia Química
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) – Campina Grande-PB
(1) E-mail: [email protected]
RESUMO
Nos últimos anos tem-se intensificado as pesquisas com os resíduos
lignocelulósicos, como bagaço de cana de açúcar, na produção de etanol de
segunda geração, pois esses materiais, são fontes abundantes de carboidratos, têm
um grande potencial de bioconversão, baixo valor agregado e são normalmente,
desperdiçados. Neste trabalho pretendeu-se produzir por hidrolise enzimática licor
glicosídico do bagaço do sisal (Agave sisalana) previamente tratado, visando avaliar
seu potencial na conversão de celulose em glicose. Com os resultados obtidos
encontrou-se a melhor condição de conversão 27,7438 g/L de glicose, após 36
horas. Conclui-se assim, que a metodologia proposta obteve resultados significativos
no que diz respeito a solubilização da hemicelulose e na remoção da lignina
seguindo os pré-tratamento ácido e básico, respectivamente, o que influenciou nos
bons resultados de conversão de celulose em glicose, a partir da hidrólise
enzimática.
Palavras-chave: sisal (Agave sisalana), hidrólise enzimática, produção de
glicose.
60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP
1960
INTRODUÇÃO
O melhoramento da qualidade de vida e o crescimento populacional, tem
gerado uma dependência cada vez maior por energia. No entanto tem-se percebido
nos últimos anos uma mudança climática drástica e a diminuição das fontes de
combustíveis fósseis. É nesse contexto que se têm intensificado Pesquisa e
Desenvolvimento de fontes energéticas alternativas, utilizando matérias-primas
renováveis, em particular os abundantes resíduos agrícolas e agro-industriais,
denominados de biomassas residuais(1).
Além das biomassas residuais existem biomassas vegetais que a eles não são
dadas as devidas importâncias por não se extrair ou retirar dos mesmos, materiais
que possam ter uso industrial que gerem alto valor agregado. Nesse contexto no
Brasil, podemos citar como exemplo dessa biomassa, o sisal ou (agave sisalana).
O sisal é uma planta trazida do México que se adaptou no clima semi-árido.
Seu valor comercial está limitado ao beneficiamento da sua fibra, pois esta é
utilizada na fabricação de vassouras, tapetes, bolsas, e outros produtos. Para a
extração dessa fibra a planta passa por uma etapa chamada de desfibramento em
que se remove a parte verde da folha, restando apenas a fibra, onde temos que 4%
são aproveitadas na forma de fibra, 16% são resíduos sólidos e 80% são resíduos
líquidos(2). Este resíduo sólido, o bagaço, é constituído também de materiais
lignocelulósicos que acabam se perdendo no processo de desfibramento e que
muitas vezes são descartados. O bagaço de sisal é constituído por celulose,
hemicelulose e lignina, na proporção aproximada de 30 a 40 % de celulose (fração
mássica em base seca), 25 a 40 % de hemicelulose, 22 a 30 % de lignina e traços
de minerais, cera e outros compostos(3).
O sisal (Agave sisalana) pode ser uma matéria-prima ideal para produção de
etanol de segunda geração, tanto a fibra quanto o bagaço, por serem esses
materiais de custo relativamente baixo, a biomassa vegetal ser disponível no Brasil,
por não ser usado como fonte de alimento e ao mesmo tempo, ser uma fonte de
celulose.
Segundo Santos (2012)(4), a biomassa lignocelulósica contém cerca de 20% a
60% de celulose. A celulose é um polissacarídio constituído de monômeros de
glicose ligados entre si e pode ser totalmente convertida a glicose por um processo
de hidrolise enzimática, após a etapa do pré-tratamento para desorganização da
60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP
1961
matriz lignina-carboidrato que protege a celulose. A glicose é a molécula que
participa do processo de conversão da biomassa lignocelulósica em açucares
fermentáveis.
No entanto, ainda se encontra entraves para produção industrial do etanol de
segunda geração o que se faz necessária a realização de inúmeras pesquisas
biotecnológicas, Sticklen (2008)(5); Rubin (2008)(6); Lynd et al. (2008)(7), citado por
Lima (2009)(1), abrangendo os três principais pilares da produção do etanol
celulósico: a produção de biomassa viável, o desenvolvimento de degradadores de
parede celular e a otimização da fermentação dos açúcares formados.
Nesse contexto, o objetivo desse trabalho foi produzir licor do bagaço do sisal
(Agave sisalana) por hidrolise enzimática visando avaliar seu potencial na conversão
de celulose em glicose.
MATERIAIS E MÉTODOS
Matéria-prima: O bagaço do sisal, utilizado no presente trabalho, foi fornecido
pela fazenda Montevidéu da Zona Rural do município de Nova Floresta- PB. Esta
biomassa foi inicialmente lavada e seca à temperatura 65 oC em estufa. A cada 8
horas as amostras foram pesadas até que a massa permanecesse constante, em
seguida foram moídas em moinho de facas.
Caracterização do bagaço do sisal: umidade, cinzas, celulose, hemicelulose e
lignina: A caracterização do bagaço do sisal: umidade, cinzas, celulose,
hemicelulose e lignina, foram realizadas no presente trabalho utilizando a
metodologia usada para análise de matérias lignocelulósicos baseada nas normas
TAPPI citadas no Documento 236 da Embrapa por Morais et al. (2010)(8).
Pré-tratamentos: No presente trabalho foi realizado um pré-tratamento químico
do bagaço do sisal, em um reator MAITEC forno INTI, com controle de pressão e
temperatura.
Pré-tratamento ácido: O pré-tratamento ácido foi realizado em reator
pressurizado: pesou-se uma alíquota de 50g de bagaço de sisal e colocou-se no
reator, e posteriormente adicionou-se 500 mL de uma solução H2SO4 1%, ajustou-
se a temperatura do reator para 120 ºC e manteve-a constante por uma hora para
que ocorresse a reação, em seguida o material foi lavado com água destilada e
60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP
1962
filtrado a vácuo para separar o resíduo do licor rico em xilose, depois o material foi
seco em estufa de circulação forçada a 60 °C até atingir massa constante.
Pré-tratamento alcalino: Para o pré-tratamento alcalino 50g do material, tratado
anteriormente em meio ácido, foi transferido para o reator pressurizado em seguida
adicionou-se 500 mL de solução NaOH 4%, a reação ocorreu a temperatura de
120°C mantendo-se o tempo constante de 1hora, em seguida o material foi filtrado e
lavado com água destilada até o pH se igualar a ao da água de lavagem, depois
secou-se o material em estufa de circulação forçada a 60 °C até atingir massa
constante.
Determinação da atividade enzimática: A determinação da atividade enzimática
baseou-se na metodologia proposta por Ghose (1987), que mediu a atividade
celulolítica em termos de unidades de papel de filtro por mililitro da solução
enzimática original.
Hidrólise enzimática: A hidrólise enzimática do bagaço do sisal pré-tratado foi
realizada com o auxílio de um planejamento fatorial 22 verificando-se a influência
das variáveis de entrada: carga enzimática e porcentagem de massa seca de sisal e
volume reacional.
A hidrólise foi realizada em frascos Erlenmeyers de 250 mL contendo: o
bagaço do sisal seco, extrato enzimático de celobiohidrolases (CBHs), endo-1,4-
beta-glucanases (EGS) de nome comercial Celluclast 1.5L Novozyme, 8,21
FPU/mL) e 0,28g de beta-glicosidase (Powercell) e tampão de citrato de sódio nas
condições do planejamento experimental e três gotas de solução de tetraciclina
(10mg/mL em 70% de etanol) para prevenir o crescimento microbiano durante a
hidrólise. Esta mistura foi mantida em uma incubadora shaker sob agitação de 150
rpm e temperatura de 50°C.
Para cada experimento foram coletadas amostras em tempos pré-definidos
para o estudo da cinética da hidrólise enzimática e assim obteve-se as melhores
condições para a obtenção da máxima concentração de glicose.
As Tabelas 1 e 2 contêm as variáveis de entradas na forma codificada e não
codificada, bem como, a matriz do planejamento experimental.
60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP
1963
Tabela 1 - Níveis codificados e reais das variáveis independentes para o planejamento
Variáveis -1 0 +1
Carga enzimática
(FPU/g)
10
17,5
25
% da razão massa seca
do bagaço do sisal/
volume total
2
3
4
Tabela 2 - Matriz de planejamento fatorial 2²
Exp. Carga
enzimática
% da razão
massa seca/
volume de extrato
Massa
de sisal
Volume
de extrato
Volume
total
Volume
do
tampão
Tetraciclina
1 -1 -1 3,00 2,68 150,00 147,32 0,6
2 +1 -1 3,00 6,69 150,00 143,31 0,6
3 -1 +1 3,00 2,68 75,00 72,32 0,3
4 +1 +1 3,00 6,69 75,00 68,31 0,3
5 0 0 3,00 4,68 100,00 95,32 0,4
6 0 0 3,00 4,68 100,00 95,32 0,4
7 0 0 3,00 4,68 100,00 95,32 0,4
Determinação de pentoses e hexoses nos processos de hidrólises
O teor de açúcar e aldeídos (HMF e Furfural) foram determinados através de
cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) equipado com uma bomba modelo
ProStar 210 (Varian); Injetor manual com loop de 20 µL; Detector de índice de
refração modelo ProStar 356 (Varian) e UV/visivel 284nm (aldeidos); Coluna
analítica de aço inox Hi-Plex H (300 mm x 7,7 mm; Varian), e as condições das
operações foram as seguintes: Temperatura da coluna de 60 ºC; Fase móvel: água
miliQ com vazão de 0,6 mL/min; Tempo de análise: 60 minutos para teores de
açúcares e aldeídos respectivamente Soluções padrões interno de açucares:
glicose, xilose, arabinose e sacarose (Sigma 99,99% grau HPLC), congêneres 5-
hidroximetilfurfural –HMF (Aldrich 99,98%) e furfural (Vetec 99,9 UV/HPLC) foram
utilizadas na quantificação dos componentes do licor.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Caracterização do material lignocelulósico
60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP
1964
Na Tabela 3 encontra-se a composição química para o bagaço do sisal in
natura e pré-tratado.
Tabela 3 – Caracterização físico-química do bagaço in natura e pré-tratado
Parâmetros analisados Bagaço sem pré-tratamento
(%)
*Bagaço pré-tratado (%)
Umidade b.u 14,22 ± 0,48 5,47 ± 0,15
Umidade b.s 16,58 ± 0,05 5,78 ± 0,16
Cinzas 8,79 ± 0,23 7,45 ± 0,61
Extrativos 11,87 ± 0,32 8,62 ± 0,51
Lignina 12,04 ± 0,53 8,20 ± 0,27
Holocelulose 51,02 ± 0,42 71,07 ± 0,22
Alfa Celulose 29,68 ± 0,55 53,47 ± 0,13
Hemicelulose 21,34 ± 0,69 17,76 ± 0,10
*Bagaço de sisal submetida pré-tratamento ácido seguido de básico
Por meio dos dados percebeu-se que houve uma redução nos teores de
umidade, cinzas, extrativos, ligninas e hemicelulose após os pré-tratamentos, no
entanto houve um aumento nos teores de holocelulose e alfa celulose. O aumento
nos parâmetros citados se deve ao fato do bagaço ter passado pela etapa da de
retirada de hemecelulose e lignina, devido aos pré-tratamentos químicos utilizados
no presente trabalho.
Os valores de cinzas encontrados nesse trabalho foram de 8,79 % e 7,45
para o material in natura e para o material pré-tratado respectivamente, no entanto
esses valores são bastantes destoantes dos valores relatado por Banerjee e Pandey
(2012)(9) que trabalhando com bagaço de cana encontraram 2 a 3 %.
Os valores de extrativos foram de 11,87% e 8,62% para o material in natura e
para o material pré-tratado respectivamente, valores esses similares aos
encontrados em outros materiais lignocelulósicos como o bagaço de cana-de-açúcar
9,38 % (CANILHA et al. 2010)(10), cladódios da palma forrageira 7,9 % (PRADO,
2010)(11), palha de trigo 9,8 % (SILVA, 2011)(1).
Para α-celulose, lignina e hemicelulose os valores encontrados neste
trabalho foram de 29,68%, 12,04% e 21,34 %, após o pré-tratamento foi de 53,47%,
8,20% e 17,76 % um aumento de 55,50% para celulose e uma redução de 31,89 %
para lignina e 16,78% para hemicelulose o que difere, principalmente no valor
encontrado para lignina por Wanderley (2012)(12), este trabalhando com bagaço de
cana para produção de etanol de 2ª geração obteve um aumento de 74,98% para
60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP
1965
celulose, uma diminuição de 13,4% de hemicelulose, enquanto que a lignina
diminuiu 83,35 % em relação ao bagaço pré-tratado.
Os resultados da caracterização físico-química mostram que o pré-tratamento
com ácido seguido de básico tem a vantagem de remover uma parte da lignina,
solubilizar a hemicelulose e concentrar a celulose. No caso da produção de etanol
deseja-se teores menores para a lignina e hemicelulose, pois estes quanto mais
elevados para estas matérias-primas, mais dificuldades são encontradas na reação
de hidrólise, pois os mesmos dificultam a ação dos agentes hidrolíticos (ácido ou
enzimas).
Hidrólise enzimática
Estequiometricamente para 1g de celulose seca pode-se obter teoricamente
1,11 g de glicose. A Tabela 4 apresenta a quantidade teórica máxima que se pode
obter do bagaço de sisal pré-tratado nas condições de razão massa de bagaço de
sisal/volume de extrato.
Tabela 4 – Concentração teórica de glicose para cada condição trabalhada.
Experimento Concentração de Glicose
Teórica (mg/L)
1 11870,34
2 11870,34
3 23740,68
4 23740,68
5 17805,51
6 17805,51
7 17805,51
A Tabela 5 apresenta os resultados da cinética para os rendimentos do
processo realizado no planejamento fatorial 22.
Tabela 5 – Valores da concentração de glicose (mg.L-1) durante a hidrólise do bagaço de sisal no
hidrolisado
Experimentos
Tempo (h) 1 2 3 4 5 6 7
36 10699,15 8266,82 13706,93 14506,74 12938,78 11817,34 14602,24
48 8593,57 9473,91 19280,15 17138,37 14654,94 13311,49 16713,49
60 7897,86 7758,16 18719,02 18734,96 14463,81 10600,64 15291,75
60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP
1966
A Figura 1 mostra o perfil da cinética da concentração de glicose obtidos nos
experimentos para uma melhor visualização dos valores expostos na Tabela 5.
Figura 1 - Cinética da glicose na hidrólise enzimática: Carga=10 FPU/g , Razão=2 % Carga=25
FPU/g , Razão=2 % Carga=10 FPU/g , Razão=4 % Carga=25 FPU/g , Razão=4 % Carga=17,5
FPU/g , Razão=3 % Carga=17,5 FPU/g , Razão=3 % Carga=17,5 FPU/g , Razão=3 %.
Do comportamento da cinética da hidrólise mostrado na figura acima, observa-
se que as maiores concentrações de glicose no hidrolisado ocorre, na maioria, no
tempo de 48 horas.
Durante o processo de hidrólise enzimática ocorreu também a formação da
celobiose que é um dímero de glicose, produto da hidrólise incompleta da celulose.
A Figura 2 apresenta a cinética da concentração de celebiose no hidrólisado.
Figura 2 - Cinética da celobiose da hidrólise enzimática: Carga=10 FPU/g , Razão=2 %
Carga=25 FPU/g , Razão=2 % Carga=10 FPU/g , Razão=4 % Carga=25 FPU/g , Razão=4 %
Carga=17,5 FPU/g , Razão=3 % Carga=17,5 FPU/g , Razão=3 % Carga=17,5 FPU/g , Razão=3 %
60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP
1967
A presença da celobiose pode ser justificada provalvelmente pela quantidade
insuficiente da enzima beta-glicosidase colocada na solução de hidrólise. Essa
enzima tem a função quebrar a ligação da celobiose, ou seja, do dímero de glicose.
Após análises dos resultados, observou-se que na condição de carga 10 FPU/g
e percentual razão massa do bagaço de sisal/volume total igual à 4%, após 48h
obteve-se a maior concentração de glicose 19280mg.L-1. No entanto, observa-se
que haveria uma conversão mais elevada de celulose em glicose se a celobiose
estivesse sido totalmente quebrada pela ação da beta-glicosidase.
O diagrama de Pareto é apresentado na Figura 3. Pode-se afirmar que para a
hidrólise o percentual da razão massa seca do bagaço do sisal/volume total (g/mL),
influencia o processo aumentando a concentração de glicose. Os dados foram
analisados em nível estatístico de 95% de confiança apresentando um coeficiente de
determinação de 90,95 %.
-,368093
-,881866
5,354902
p=,05
Carga
Carga by Percentual
Percentual
Figura 3 - Diagrama de Pareto para a hidrólise enzimática em 48h
Na Tabela 6 está apresentado os valares da ANOVA das variáveis
estudadas na presente pesquisa.
Tabela 6 - Análise de variância (ANOVA) para o licor hidrolisado com 48 horas.
Fonte de
variação SQ GL MQ Teste F
Regressão 86871,277 3 28957,09 1,1
60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP
1968
Resíduo 8644874 3 2881,62
Falta de ajuste 2772,844 0
Erro puro 5872030 4
Total 95516151 6
% R2 90,949
Ftabelado = 9,28
Fcalculado
=10,049
GL – grau de liberdade; SQ - soma dos quadrados; MQ. – média quadrática dos desvios ;Teste F -
(Fcalculado / Ftabelado).
A partir da razão entre o Fcalculado e o Ftabelado que foi igual a 1,1; pode-se dizer
que o modelo proposto para a variável dependente é estatisticamente significativo,
ao nível de 95% de confiança. Pois segundo Rodrigues e Iemma (2005) para valores
de F maior que 1,00 o modelo estatístico é considerado significativo.
O modelo estatístico codificado com as variáveis significativa é apresentado na
Equação (A).
Glicose(mg.L-1) = 14166,56 – 315,36.C + 4587,76.P – 755,53 C.P (A)
Sendo o modelo da resposta em estudo estatisticamente significativo, pode-se
construir a superfície de resposta. A Figura 4 apresenta a superfície de resposta
para a variável concentração de glicose do licor obtido da hidrólise enzimática do
bagaço do sisal.
Figura 4 - Superfície de resposta para produção de glicose por hidrólise enzimática no tempo de 48h
Analisando os resultados obtidos percebe-se que para as condições estudadas
a maior concentração de glicose do bagaço do sisal ocorreu para níveis mais altos
60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP
1969
da razão massa seca do bagaço de sisal/extrato enzimático e que a concentração
da carga enzimática não influenciou de forma significativa, podendo assim, trabalhar
com menores valores da carga enzimática, o que significa menor gasto com a
enzima.
Vale ressaltar que a condição teórica máxima de conversão de celulose em
glicose não foi atingida porque há a necessidade de aumentar a concentração de
enzima beta-glicosidases no extrato enzimático.
CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos, pode-se verificar que o pré-tratamento ácido
seguido de básico foi eficiente, pois ocorreu uma redução da lignina e hemicelulose,
deixando, assim, a celulose livre, o que favorece o processo de hidrólise por expor
as regiões cristalinas da mesma facilitando a ação enzimas para conversão em
glicose.
Na hidrólise enzimática, operando-se na menor carga enzimática (10) e na
maior relação massa seca de bagaço/extrato (4%) obtive-se o melhor resultados da
concentração de glicose (19280,15 mg.L-¹).
Os valores de conversão de celulose em glicose podem ser melhorados
aumentando-se a concentração da enzima beta-glicosidase na hidrólise enzimática.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, C. S. S. CONCEIÇÃO, M. M. SILVA, F. L. H. LIMA, E. E. CONRADO, L.
S. LEÃO, D. A. S. Characterization of acid hydrolysis of sisal. Applied Energy
102, p. 254-259. 2013.
ANDRADE, R. ORNELAS, J. BRANDÃO, W. Revista Bahia Agrícula, v.9, n.1,
novembro de 2011. Disponível em
http://www.seagri.ba.gov.br/sites/default/files/3_comunicacao01v9n1.pdf. Acesso em
22 de maio de 2015.
SEABRA, J. E. A. Análise de opções tecnológicas para uso integral da
biomassa no setor de cana-de-açúcar e suas implicações. Campinas:
Universidade Estadual de Campinas,Faculdade de Engenharia Mecânica, 2008
(Tese de Doutorado).
60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP
1970
SANTOS, D. S. Produção de etanol de segunda geração por zymomonas
mobilis naturalmente ocorrente e recombinante, empregando biomassa
lignocelulósica. Tese de doutorado (Doutor em Ciências)- Escola de Química-
Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2012
MORAIS, J. P. S.; ROSA, M. F.; MARCONCINI, J. M.; Documentos 236 –
Procedimentos para Análise Lignocelulósica. Embrapa Algodão – Campina
Grande/PB. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP). ISSN 0103-
0205, 1ª ed., v. 1, pg. 10-58; 2010.
GHOSE, T.K. Measurement of cellulase activities. Pure e Applied Chemistry,
v. 59, n. 2, p. 257-268, 1987.
BANERJEE, R.; PANDEY, A. Bio-industrial applications of sugarcane
bagasse: a technological perspective. International Sugar Journal, Glamorgan,
v.104, p.1238, 2012.
CANILHA, L.; MILAGRES, A M. F.; SILVA, S. S.; ALMEIDA E SILVA, J. B.;
FELIPE, M. G. A.; ROCHA, G. J. M.; FERRAZ, A.; CARVALHO, W. Sacarificação
da biomassa lignocelulósica através de pré-hidrólise ácida seguida por
hidrólise enzimática: uma estratégia de desconstrução da fibra vegetal. Revista
Analytica, v. 44, p 123-128, 2010.
PRADO, A. G.; R, S. C.; ABREU, C.A.M. Quantificação dos extrativos,
celulose e liguinina da palma miúda (Napalea cochenillifera). In: Jornada de
Ensino, Pesquisa e Extensão- UFRPE, 10 Anais... Recife – PE, 2010.
SILVA, V. F. N. Estudo de pré-tratamento e sacarificação enzimática de
resíduos agroindustriais como etapas no processo de obtenção de etanol
celulósico. Dissertação de mestrado (Mestre em Ciências)- Escola de Engenharia
de Lorena- Universidade de São Paulo, Lorena. 2009.
WANDERLEY, M. C. DE A. Hidrólise enzimática de bagaço de cana de
açúcar em batelada alimentada para produção de etanol por Saccharomyces
cerevisiae UFPEDA 1238 em processoS SHF/ Dissertação de Mestrado, 80 p,
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2012.
RODRIGUES, M. I.; IEMMA, A. F. Planejamento de experimentos e
otimização de processos. Casa do Pão Editora, 325p.,
60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP
1971
USE OF SISAL BAGASSE (AGAVE SISALANA) FOR LIQUOR
PRODUCTION BY ENZYMATIC HYDROLYSIS
ABSTRACT
In recent years has intensified the research on lignocellulosic waste such as
sugar cane bagasse, used for the prodution of the second-generation ethanol, as
these materials are abundant carbohydrate sources, great potential is developed for
bioconversion, besides that, low added value and they are usually wasted. This work
is intended to produce by enzymatic hydrolysis glycoside liquor sisal bagasse (Agave
sisalana) previously treated, to evaluate its potential in the conversion of cellulose to
glicose. With the results obtained, the best conversion condition is 27.7438 g / L
glucose, after 36 hours. Therefore, is concluded that the proposed method has
achieved significant results as regards the solubilization of the hemicellulose and
lignin removal following the acidic and basic pretreatment, respectively, which
influenced in good conversion of cellulose results in glucose, from enzymatic
hydrolysis.
Keywords: Sisal (Agave sisalana), enzymatic hydrolysis, glucose production.
60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP
1972