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TAOÍSMO RITOS DE PASSAGEM E VISÃO PÓS-MORTE Wagner Canalonga Reprodução do texto Taoísmo - Ritos de passagem e visão pós-morte, publicado no livro A Arte de Morrer Visões Plurais - vol 2, organizado por SANTOS, F. S., Editora Comenius, em 2009, São Paulo. 1. Taoísmo uma breve apresentação Para desenvolvermos uma noção sobre a visão taoísta a respeito da morte, de seus rituais de passagem e concepções sobre o que acontece após a morte, é inevitável abordarmos inicialmente alguns princípios fundamentais que orientam todo o pensamento taoísta. Da mesma forma, antes de tentarmos entender como os taoístas compreendem e lidam com a morte, é necessário refletirmos sobre como vêem e se relacionam com a vida. O Taoísmo é uma tradição espiritual milenar, de origem chinesa, cuja filosofia está fundamentada essencialmente na observação da natureza, na compreensão dos processos naturais de transformação e na busca por uma integração harmônica do ser humano com o ambiente em que está inserido. É considerada pelos taoístas uma tradição ancestral, por ter sido originada espontaneamente, não a partir de um patriarca fundador. O Taoísmo foi tomando corpo gradualmente, a partir do acúmulo de experiências, reflexões e compreensões de muitos mestres, ao longo dos milênios. Mesmo contando com grandes patriarcas em sua linhagem, alguns muito reverenciados como referências fundamentais, os taoístas não consideram a existência de um patriarca fundador, o que configuraria uma tradição patriarcal. Esta diversificação em suas raízes originou uma vasta gama de propostas e possibilidades de relacionamento das pessoas com o caminho espiritual taoísta. Alie-se a isso o fato de que a tradição sobreviveu ao tempo, ao longo de muitos milênios, sofrendo influências oriundas de diferentes regiões, gerações e contextos históricos. Assim, surgiram várias linhas de atuação, algumas delas muito diferentes entre si, que se colocam sob a mesma grande égide do Taoísmo.

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TAOÍSMO – RITOS DE PASSAGEM E VISÃO PÓS-MORTE

Wagner Canalonga

Reprodução do texto “Taoísmo - Ritos de passagem e

visão pós-morte”, publicado no livro A Arte de Morrer

Visões Plurais - vol 2, organizado por SANTOS, F. S.,

Editora Comenius, em 2009, São Paulo.

1. Taoísmo – uma breve apresentação

Para desenvolvermos uma noção sobre a visão taoísta a respeito da morte,

de seus rituais de passagem e concepções sobre o que acontece após a morte, é

inevitável abordarmos inicialmente alguns princípios fundamentais que orientam todo o

pensamento taoísta. Da mesma forma, antes de tentarmos entender como os taoístas

compreendem e lidam com a morte, é necessário refletirmos sobre como vêem e se

relacionam com a vida.

O Taoísmo é uma tradição espiritual milenar, de origem chinesa, cuja

filosofia está fundamentada essencialmente na observação da natureza, na compreensão

dos processos naturais de transformação e na busca por uma integração harmônica do

ser humano com o ambiente em que está inserido. É considerada pelos taoístas uma

tradição ancestral, por ter sido originada espontaneamente, não a partir de um patriarca

fundador. O Taoísmo foi tomando corpo gradualmente, a partir do acúmulo de

experiências, reflexões e compreensões de muitos mestres, ao longo dos milênios.

Mesmo contando com grandes patriarcas em sua linhagem, alguns muito reverenciados

como referências fundamentais, os taoístas não consideram a existência de um patriarca

fundador, o que configuraria uma tradição patriarcal.

Esta diversificação em suas raízes originou uma vasta gama de propostas e

possibilidades de relacionamento das pessoas com o caminho espiritual taoísta. Alie-se

a isso o fato de que a tradição sobreviveu ao tempo, ao longo de muitos milênios,

sofrendo influências oriundas de diferentes regiões, gerações e contextos históricos.

Assim, surgiram várias linhas de atuação, algumas delas muito diferentes entre si, que

se colocam sob a mesma grande égide do Taoísmo.

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Entretanto, apesar da diversidade de manifestações, todos os ramos taoístas

seguem os mesmos princípios filosóficos de busca do equilíbrio e da integração

harmônica entre homem e natureza. Isto ocorre desde a administração das questões da

vida cotidiana, até a busca pelos níveis mais elevados e sutis de transcendência

espiritual.

Na tentativa de se harmonizarem com o ambiente, com as forças naturais,

com os seres e consigo próprios, os taoístas do passado desenvolveram estratégias e

técnicas para alcançarem seus objetivos nestas relações. Neste exercício de observação,

estudo e experimentação, surgiram várias vertentes de conhecimento chamadas dentro

da tradição de Artes de Sabedoria. Estas Artes incluem os vários conhecimentos da

Medicina Tradicional Chinesa (acupuntura, fitoterapia, massagens, alimentação,

exercícios), as técnicas do Feng Shui (arte sagrada que estuda a integração e

harmonização do homem com os ambientes e suas energias sutis), as artes oraculares do

Yi Jing (I Ching – o Tratado das Mutações), a astrologia, as práticas marciais e

terapêuticas do Tai Ji Quan (Tai Chi Chuan) e do Qi Gong (exercícios para o cultivo da

energia vital do ser humano), entre outras tantas.

Da mesma forma, a partir da experimentação e investigação de aspectos

transcendentes da existência humana, os taoístas do passado também desenvolveram a

visão de um mundo espiritual maior, sutil e misterioso, do qual os homens fazem parte e

com o qual estão em constante relação. Também nesta vertente, houve um esforço na

direção de instaurar relações harmônicas entre o homem e esta espiritualidade sutil,

descrita em uma teologia apoiada nos mesmos princípios filosóficos que orientam toda

a Tradição. Para isto, foram criadas práticas místicas e litúrgicas voltadas à aproximação

e integração do ser humano com esta realidade espiritual mais abrangente.

Assim, a Tradição Taoísta pode ser comparada com a imagem de um

caldeirão, onde o homem pode sofrer uma transformação de depuração e refinamento.

Este caldeirão apóia-se firmemente sobre o tripé formado por seu pensamento

filosófico, por suas artes de sabedoria e pela sua atividade mística e litúrgica, no

caminho de seu desenvolvimento espiritual.

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2. Princípios fundamentais da Tradição Taoísta

Dos princípios filosóficos que fundamentam o pensamento taoísta, existem

dois que exigem apresentação prévia, antes que se aborde qualquer tipo de tema sob o

ponto de vista da tradição. São eles o sentido de Tao e os conceitos de Yin e Yang.

2.1. Tao – o Caminho

O termo Tao pode ser traduzido literalmente como caminho, porém seu

sentido dentro da tradição assume uma conotação muito mais ampla e abstrata. Em um

primeiro nível de compreensão, a idéia de caminho enquanto trilha que leva de um lugar

a outro é ampliada. Isto porque o seu sentido, para ser realizado plenamente, depende de

um sujeito que se mova por este caminho. Ou seja, a idéia de Tao compreende o

caminho, o caminhante e o ato de caminhar (WU, 2000).

Já em um nível de compreensão metafísico, Tao é considerado um

princípio absoluto, gerador, mobilizador e regulador de todas as manifestações e

transformações existentes no universo. Tao assume, então, uma conotação próxima a

uma “força” misteriosa e inexorável que rege o próprio fluxo da naturalidade.

Entretanto, este princípio não pode ser plenamente explicado através de palavras, ou

apreendido integralmente pela simples compreensão racional. Lao Zi, um dos maiores

patriarcas taoístas, enfatiza a condição indescritível do Tao ao dizer que “o caminho que

pode ser expresso não é o Caminho constante, o nome que pode ser enunciado não é o

Nome constante” (LAO, 1998). Para se atingir uma compreensão autêntica do Tao, é

fundamental haver algum tipo de experiência intuitiva que realize seu verdadeiro

sentido. O fato de tais experiências serem particulares e individuais, não podendo ser

compartilhadas completamente em função de sua natureza indescritível, contribuiu para

que o Taoísmo fosse conhecido como a Tradição do Mistério.

2.2. Yin e Yang – a dança das polaridades

A partir da observação da natureza, os mestres taoístas do passado

identificaram duas grandes forças naturais, designadas Yin e Yang, cujos significados

literais são escuro e claro, respectivamente. Estes termos também têm seus sentidos

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ampliados analogicamente. O Yin, além de obscuro ou nublado, também designa o que é

frio, interior, inferior, invisível, descendente, recolhido, passivo, parado, lento, suave e

feminino. Da mesma forma, o sentido de Yang vai além de claro ou ensolarado,

abrangendo também as idéias de quente, exterior, superior, visível, ascendente,

expansivo, ativo, móvel, rápido, forte e masculino.

No pensamento taoísta, todas as manifestações do universo são

promovidas por estas polaridades. Assim, todas as coisas e seres são compostos pela

união de Yin e Yang, enquanto todas as transformações consistem basicamente de

movimentos de alternância cíclica entre Yin e Yang, buscando constantemente o

equilíbrio nesta relação.

Para uma tradição que tem como busca justamente o equilíbrio e a

integração harmônica do homem com a natureza, uma compreensão consistente sobre

esta dinâmica das transformações naturais, sob a lente de Yin e Yang, é condição

imprescindível. No Taoísmo, o estudo que se ocupa desta tarefa é o Yi Jing (I Ching –

O Tratado das Mutações), uma obra fundamental para a tradição. Assim, o Yi Jing

enquanto estudo de Yin e Yang e das leis naturais, fornece a base de sustentação de todo

o pensamento taoísta, sendo a base filosófica para todos os ramos de atividade, técnicas

e teorias desenvolvidas dentro do Taoísmo.

Figura 1 – O Tai Ji representa a união harmônica e dinâmica

entre as forças naturais do Yin e Yang.

No estudo do Yi Jing, uma observação fundamental sobre estas

polaridades, além de seu antagonismo, foi o da complementaridade entre elas. Ou seja,

toda expansão é parte de um movimento maior que se completa com o recolhimento,

toda força se complementa com a suavidade, toda atividade se equilibra com o repouso

e assim por diante. Além disso, estes opostos complementares estão em constante

alternância, de forma cíclica, em toda e qualquer manifestação. Todas as coisas e seres

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surgem, crescem, atingem um auge, declinam, envelhecem e encontram sua conclusão,

para tornarem a iniciar um novo ciclo. Assim funciona com a incomensurável miríade

de transformações e manifestações do universo, desde a mais ínfima partícula, até os

maiores corpos celestes e galáxias.

Segundo esta percepção, o sentido de Unidade só é verdadeiramente

experimentado e compreendido, então, através da união harmônica e dinâmica entre Yin

e Yang, em constante alternância e transformação. No Taoísmo, esta compreensão é

aplicada na análise de qualquer coisa, ser ou circunstância, seja qual for o local, tempo

ou tamanho. Assim, ao investigarem o universo, os taoístas acham necessário considerar

tanto os seus aspectos materiais, objetivos e mensuráveis, como também seus atributos

abstratos, subjetivos e impalpáveis. Da mesma forma, para refletirem sobre a existência,

procuram unir a observação dos aspectos visíveis da realidade compartilhada com a

percepção sutil de seus atributos invisíveis e misteriosos.

3. Vida e morte na visão taoísta

Analisadas sob a perspectiva taoísta de Yin e Yang, a vida e a morte

representam dois estados distintos e complementares da mesma grande existência,

constituindo uma constante e inexorável alternância. O que está vivo, certamente

morrerá, assim como o que está morto pode retornar a viver. Este movimento de

transformação é visto pelos taoístas como uma expressão da naturalidade do universo.

Nesta comparação, o Yang corresponde à vida enquanto o Yin corresponde à morte. Das

diferentes referências que podem ser adotadas para se fazer esta analogia, uma das mais

importantes é a que observa o estado de integração representado pela vida e a condição

de desintegração relacionada com a morte, como é apresentado a seguir.

3.1. A vida como estado de integração

Como explicado anteriormente, na visão taoísta todas as coisas e seres são

formadas pela combinação de Yin e Yang para existirem. Uma das leituras mais

importantes desta propriedade para os seres vivos é a de que a viabilização da vida só é

possível a partir da combinação das energias do Céu e da Terra. O Céu é visto como a

fonte da energia Yang na natureza, enquanto a Terra é vista como a fonte da energia Yin.

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Assim, um ser vivo precisa congregar em si os diversos elementos provenientes destas

duas grandes instâncias naturais para sustentar sua vida. Esta analogia pode ser aplicada

para qualquer condição de existência, mas restringiremos esta reflexão apenas para a

condição humana, em vista do escopo deste trabalho.

O corpo humano material é formado por muitas substâncias e estruturas

que se organizam e se combinam dinamicamente para viabilizar a vida. Porém, a

simples reunião dos elementos materiais constituintes do corpo não é suficiente para

configurar um organismo vivo. Para os taoístas, além das substâncias e matérias que

formam o corpo, existem outros elementos, menos palpáveis e mais abstratos na

constituição do ser humano. Assim, desenvolveu-se no Taoísmo o conceito dos Três

Tesouros, os elementos preciosos que se integram dinamicamente, possibilitando a

nossa vida consciente, assim como a experimentamos.

3.1.1. Os Três Tesouros - Jing, Qi e Shen.

Os Três Tesouros do Taoísmo são os mesmos estudados na medicina

tradicional chinesa (MTC). São eles o Jing, o Qi e o Shen.

O termo Jing (pronuncia-se “djing”) é traduzido como essência, podendo

assumir diferentes sentidos, dependendo do contexto em que é utilizado. Em uma leitura

mais geral, pode designar as substâncias materiais que constituem o corpo. Já no estudo

mais detalhado da dinâmica de fluidos corporais da MTC, Jing refere-se a um tipo de

essência ancestral, armazenada nos Rins, que serve como base para a formação das

substâncias constituintes do corpo. Essa essência ancestral é herdada dos pais no

processo de concepção e serve como base para a constituição de todo o corpo ao longo

da vida. Uma vez recebida, não pode ser reposta, apenas consumida. Quando esta

essência ancestral é completamente consumida, a vida termina e o corpo morre. Em

ambos os casos, tanto na designação geral, quanto na específica, o termo designa um

aspecto material do organismo humano.

O segundo dos Três Tesouros é o Qi (pronuncia-se “tchi”). Não há uma

tradução precisa nas línguas ocidentais que expresse completamente o sentido de Qi

para os taoístas. As traduções mais utilizadas são energia, sopro ou vapor nutritivo,

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sendo a primeira a mais comum e a que adotaremos neste trabalho. Para o Taoísmo, o

Qi é visto como uma matriz energética primordial que nutre e sustenta a manifestação

de todas as coisas e seres do universo, não sendo mensurável ou quantificável. Porém,

apesar de sua natureza insubstancial, o Qi pode ser sentido, movido e transformado

através dos exercícios do Qi Gong (lê-se “tchi kun”), desenvolvidos pelos mestres

taoístas para o cultivo da saúde e longevidade. O fluxo deste Qi no organismo é

condição fundamental para a manutenção saudável da vida. É sobre ele que atua a

acupuntura, uma das principais técnicas terapêuticas da MTC. Apesar de ser

considerado uma matriz energética de natureza una, o Qi é didaticamente classificado e

diferenciado, de acordo com sua origem ou qualidade de manifestação. Um exemplo

simples desta classificação está no reconhecimento de duas grandes fontes de Qi na

natureza: o Céu e a Terra. Para os taoístas, o ser humano é composto pela combinação

destas duas energias e precisa de ambas para viver. Assim, o Qi celeste é absorvido

primordialmente pela respiração, enquanto o Qi da Terra provém principalmente da

ingestão dos alimentos. Captadas estas energias do Céu e da Terra, o organismo as

combina e transforma, gerando um Qi adequado para a nutrição de órgãos e tecidos do

ser humano, distribuindo-o por todo o corpo.

Shen é outro termo que assume sentidos diferentes na língua chinesa,

podendo significar espírito, consciência universal, mente ou Deus. Na MTC, Shen é

freqüentemente traduzido como mente, fazendo referência ao conjunto de funções

psíquicas do indivíduo, incluindo pensamentos, emoções, lembranças, estado de espírito

e tudo o mais que for observado no seu psiquismo (MACIOCIA, 1996). Já nas leituras

referentes ao caminho espiritual taoísta, Shen designa a consciência universal, de

natureza celestial, que propicia a existência da mente individual com todas as suas

manifestações intelectuais e emocionais.

Assim, em um primeiro nível de análise, o ser humano vivo congrega em

si estes três componentes: o Jing, cuja natureza é material e substancial; o Qi, cuja

natureza “energética” é impalpável e insubstancial; e o Shen, cuja natureza psíquica é

ainda mais insubstancial e abstrata. Estes três elementos interagem e influenciam-se

mutuamente durante toda a vida do ser humano. Mais correto ainda dizer que eles não

estão separados, mas dinamicamente integrados em um organismo vivo que atua

simultaneamente nos níveis material, energético, psíquico e espiritual.

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Em uma visão ainda mais sintética, podemos ampliar o conceito de

energia, considerando também a matéria como uma forma condensada de energia. Da

mesma maneira, podemos considerar o psiquismo do indivíduo integrado a uma

realidade espiritual transcendente, referindo-nos a isto genericamente como consciência.

Assim, a vida passa a ser entendida como uma fusão de energia e consciência, imagem

comumente utilizada nos ensinamentos taoístas.

3.1.2. A fusão dos elementos espirituais

Pela visão taoísta, a formação do nosso psiquismo também depende da

união de diferentes instâncias espirituais, designadas “almas”, três das quais são as mais

importantes: a Alma Yang, a Alma Yin e a Alma Mesclada. Esta fusão combina

elementos celestiais, telúricos e humanos, resultando no psiquismo humano como o

vivenciamos.

Como mencionado no item anterior, o Taoísmo considera a existência de

uma consciência espiritual universal, não individualizada, que permite o surgimento e a

manifestação de todas as consciências individuais. Esta instância é chamada Shen.

Também é designada Alma Yang pelos taoístas, devido à sua natureza luminosa e

celestial. É o Shen que permite a lucidez da mente individualizada que pensa, sente e

administra a vida cotidiana. Também é ele que nos permite a transcendência dos apegos

egóicos individuais, possibilitando processos de expansão da consciência e a iluminação

espiritual, conceitos que não serão abordados por fugirem ao escopo deste trabalho. O

Shen “entra” no ser no momento de sua concepção.

A Alma Corpórea é a instância espiritual de natureza telúrica, também não

individualizada, que nos permite a manifestação das percepções sensoriais ligadas à

matéria. Também é designada Alma Yin pelos taoístas, por atrair o espírito para os

estímulos dos sentidos físicos e gerar apegos às vivências de características mais densas

e materiais. Estas experiências sensoriais mais grosseiras reforçam a identidade

individual, dificultando o desenvolvimento de aspectos superiores da espiritualidade,

motivo pelo qual esta alma também é considerada obscura, no trabalho espiritual

proposto pelo Taoísmo.

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Já a Alma Etérea é a alma individualizada que carrega todos os traços de

personalidade, caráter, temperamento, preferências, tendências e apegos do ser humano.

É chamada de Alma Mesclada pelos taoístas, sendo constituída pela união de elementos

telúricos e celestiais, mais os códigos humanos individuais de cada ser. No Taoísmo,

esta alma é o alvo de todo o trabalho espiritual, onde se busca torná-la cada vez mais

luminosa e menos individualista, aproximando sua condição à da natureza celestial. É

esta alma que sofre o processo de transmigração e renascimento, após a morte

fisiológica do indivíduo, como será explicado no Item 3.2, a seguir. Esta Alma Etérea só

“ingressa” no ser após o sétimo mês de gestação ou no momento do parto. Até que isso

aconteça, o feto não dispõe ainda de uma consciência individual particular, segundo a

visão taoísta.

3.2. A morte como processo de separação e fragmentação

Assim como podemos observar a fusão de vários elementos que se

integram dinamicamente para constituir e manter a vida do ser humano, também

podemos observar a separação destes mesmos constituintes por ocorrência de sua morte.

A começar pelo processo de deterioração do corpo cadavérico, onde órgãos e tecidos

deixam de exercer as funções orgânicas que realizavam em vida. Isto provoca a

separação das estruturas materiais de suas atividades e funções. Assim, o organismo,

que antes congregava vários sistemas funcionais distintos e complexos em uma grande

unidade perfeitamente integrada, tem sua dinâmica sistêmica interrompida e

desconfigurada. Da mesma forma, separam-se também as substâncias materiais do

corpo, que gradualmente se desintegra, transformando antigas estruturas em elementos

cada vez mais fragmentados.

Também o Qi nutritivo, formado pela combinação das energias do Céu e

da Terra, deixa de ser elaborado, cessando a nutrição de órgãos e tecidos do corpo. Os

elementos celestiais dissipam-se para o Céu, enquanto o Qi telúrico contribui para a

putrefação da matéria corporal, como faz a Terra com os elementos orgânicos inertes

que acolhe, fragmentando a matéria em partículas menores.

Da mesma forma, os constituintes psíquicos do ser humano também se

separam no processo da morte. A Alma Yang, a consciência espiritual não

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individualizada, de natureza celestial, retorna à sua condição universal original. A Alma

Yin, de natureza telúrica, dissipa-se de volta para a Terra. E a Alma Mesclada, que

carrega a personalidade do indivíduo, abandona o corpo físico, entrando no processo de

transmigração, carregando os códigos humanos e existenciais que interferirão no

renascimento futuro desta alma.

4. O processo de transmigração da alma

No Taoísmo, assim como em outras tradições espirituais, acredita-se em

uma continuidade da alma do indivíduo, após a morte. Como mencionado

anteriormente, após a morte fisiológica do ser humano, sua Alma Mesclada abandona o

corpo físico e entra em um processo espiritual que o conduz a um renascimento

posterior, a um novo ciclo de vida e morte. Este processo é chamado pelos taoístas de

transmigração. O termo transmigração foi adotado em detrimento do termo

reencarnação para diferenciar com clareza conceitos distintos. Enquanto o termo

reencarnação é usado por tradições espirituais que consideram somente a evolução do

espírito de uma vida para outra, o termo transmigração segue o princípio taoísta da

naturalidade, onde tudo o que está no alto pode subir mais ou descer, assim como o que

está embaixo pode descer mais ou subir. Assim, no processo de transmigração a alma de

um ser humano pode renascer tanto em condições espirituais mais elevadas, quanto em

condições inferiores de existência, inclusive assumindo formas animais, como será

descrito no Item 4.1, a seguir.

Segundo descrito por WU (2000), após a morte e a separação da Alma do

corpo físico, o indivíduo pode permanecer por um tempo desperto, em um estado de

vigília, mantendo ainda a consciência de sua identidade. Depois entra gradualmente em

um estado de torpor e sonolência, até adormecer profundamente. A partir deste

adormecimento a Alma entra em transmigração, sendo conduzida a um novo

renascimento, de acordo com seus méritos existenciais e afinidades vibratórias.

Os taoístas também acreditam no princípio natural de causa e efeito,

denominado carma. Por este princípio, toda ação é como uma semente que dará origem

a inúmeras conseqüências nas vidas atual e futuras, da mesma forma que todas as

circunstâncias que vivemos neste momento também são fruto das nossas inúmeras ações

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anteriores, desta vida e das pregressas. É por esta razão que os nossos méritos e

deméritos existenciais influenciam nossas condições de vida, assim como interferem

também no processo de transmigração e renascimento da Alma após a morte. Esta é

uma das razões pelas quais o Taoísmo incentiva a prática das virtudes ao longo da vida.

Agindo com receptividade, paciência, tolerância e perseverança diante das adversidades

da vida, lidamos da melhor forma possível com as colheitas cármicas das nossas ações

negativas do passado. Sendo virtuosos no momento presente, semeamos as condições

para colheitas favoráveis no futuro, seja nesta vida ou nas vidas futuras.

Além disso, a Alma que entra em processo de transmigração carrega

consigo os códigos de personalidade, tendências, preferências, apegos e desejos do ser

individualizado, como mencionado anteriormente. Estes códigos da Alma fazem com

que esta tenha um tipo de “freqüência vibratória”, de ordem espiritual, que a torna mais

afim com determinados tipos de ambiente, circunstâncias, pessoas ou seres. Esta

afinidade natural é forjada pelo próprio indivíduo, através de suas ações externas e do

que cultiva em seu psiquismo ao longo de toda a vida. Este cultivo influencia, também

após a morte, a transição da Alma até o próximo renascimento.

Vale ressaltar que, apesar desta afinidade ser forjada ao longo de toda a

vida do indivíduo, o estado de espírito da pessoa no momento de sua morte é um dos

fatores que influencia fortemente o processo de transição da alma. O efeito é similar ao

que experimentamos ao assistirmos a um filme antes de nos deitarmos para dormir: as

impressões do filme, impregnadas na mente, tendem a interferir diretamente na

qualidade do sono. Assim como a qualidade do sono, durante a noite, influencia

diretamente a nossa disposição e estado de espírito no dia seguinte.

O tempo que a Alma leva para adormecer e entrar em processo de

transmigração é de sete a quarenta e nove dias (WU, 2000). Neste período, ela pode

permanecer próxima aos ambientes e pessoas com as quais tem maior afinidade ou

relação. A permanência da Alma na condição de vigília após este período de quarenta e

nove dias, sem entrar em adormecimento e transmigração, já configura uma forma

inferior de transmigração, como será explicado no item a seguir.

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4.1. Os Seis Caminhos da transmigração

Segundo o Taoísmo, há seis grandes caminhos que a alma pode tomar ao

entrar no processo de transmigração. São eles os Caminhos do Homem, do Céu, da

Divindade Obscura, do Animal, das Prisões Terrestres e da Alma Esfomeada, que serão

discriminados resumidamente a seguir, segundo as descrições de WU (2000). O

direcionamento da alma para cada um destes caminhos não é, na maioria dos casos,

consciente. Depende fundamentalmente de como ela foi configurada pelo indivíduo ao

longo de sua vida, através de suas escolhas, ações e “cultivos”, como foi comentado no

item anterior. É a própria naturalidade que conduz a alma para o seu renascimento, de

acordo com a sua afinidade com um ou outro reino de existência.

O Caminho do Homem leva a alma a voltar à vida como ser humano

novamente. Este retorno pode acontecer tanto na Terra, quanto em outros planetas onde

haja seres humanos, pois o Taoísmo acredita que a vida humana não é exclusividade do

nosso planeta. Dentro do próprio reino humano podemos ver seres que nascem em

condições mais favoráveis ou mais desfavoráveis, tanto nos aspectos que dizem respeito

aos seus atributos pessoais – como corpo físico, saúde, inteligência – quanto em relação

ao contexto familiar e social em que renasce – como o ambiente natural, a prosperidade

familiar, a cultura regional. Assim, uma pessoa pobre na vida atual pode nascer em uma

condição próspera na próxima vida, se tiver cultivado os atributos cármicos necessários

para isto. Da mesma forma, o caminho inverso também é possível.

Esta possibilidade de ascensão e declínio é decorrência natural do

pensamento taoísta fundamentado nos movimentos Yin e Yang do universo em que

vivemos. Por estes princípios, assim como é possível a subida e a descida dentro de um

mesmo reino de existência, também é plausível que existam caminhos de ascensão e

declínio em relação aos reinos espirituais. Para o Taoísmo, há dois caminhos

considerados superiores e três considerados inferiores, em relação ao Caminho do

Homem.

O primeiro caminho superior é o Caminho do Céu, onde se renasce em

reinos celestiais de natureza leve e luminosa, em dimensões de existência mais sutis do

que a nossa. Os taoístas chamam os seres que habitam estes reinos de seres ou homens

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celestiais, Também são chamados de Divindades Yang ou iluminadas, por serem

entidades luminosas, com níveis de consciência e capacidades bem superiores aos

humanos. Muitos deles descem aos mundos humanos, assumindo tarefas e trabalhando

como orientadores espirituais. O renascimento em um reino celestial depende

fundamentalmente do desenvolvimento espiritual, da iluminação da consciência e do

grau de desapego egóico da Alma que entra em transmigração. É uma condição de

existência muito elevada, mas que também está sujeita a “quedas”, inclusive para os

reinos inferiores, caso sejam desenvolvidas as condições cármicas para isso.

Um segundo caminho superior, em relação ao humano, é o Caminho das

Divindades Obscuras. Também chamados de Divindades Yin, os seres que habitam

estes reinos celestiais possuem muita força, inteligência e energia, sendo dotados de

poderes e capacidades muito além dos humanos. São tão poderosos quanto as

Divindades Yang, mas ao contrário destas últimas, mantêm um forte apego à sua

identidade egóica, amplificada ainda mais por sua condição de força e poder.

Eventualmente travam batalhas entre si ou contra as Divindades Yang, muitas vezes

assumindo formas excêntricas, atemorizantes ou demoníacas. Renascem nesta condição

indivíduos que cultivaram muito o poder pessoal, através da magia, do controle de

forças naturais, psíquicas ou paranormais, sem um trabalho de depuração de seu

egoísmo, desejos e idiossincrasias. Assim como as Divindades Yang, as Divindades Yin

também possuem seus territórios nos reinos celestiais, formam legiões e organizam

estruturas hierárquicas de poder, fazendo incursões nos mundos inferiores

eventualmente.

A transmigração da Alma também pode tomar os rumos inferiores dos três

Caminhos da Obscuridade. O primeiro deles é o Caminho do Animal, onde o

renascimento da Alma acontece no corpo de um animal. Este declínio do ser humano

para a condição de animal, não acontece de forma abrupta. A alma humana que renasce

no corpo de algum animal tem afinidade com as características orgânicas ou

comportamentais dos mamíferos, não se atraindo pelo corpo de um inseto, por exemplo.

Assim, uma alma humana pode renascer como um animal doméstico, mas dificilmente

como uma mosca. Entretanto, após muitos renascimentos na condição animal, a Alma

pode sofrer um processo de obscurecimento cada vez maior, ao longo do tempo, que a

aproxima de condições ainda mais inferiores dentro do próprio reino animal. E quanto

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mais obscura a consciência, mais difícil se torna o trabalho de desenvolvimento

espiritual e a libertação das condições de sofrimento. O renascimento da Alma na

condição animal está ligado ao cultivo de seus principais apegos: os condicionamentos

sensoriais da alimentação e do sexo.

Outro caminho inferior é o Caminho das Prisões Terrestres. São reinos

espirituais obscuros, porém regidos por divindades, onde as almas que carregam culpas

são submetidas a sofrimentos constantes e intensos, como forma de expurgarem suas

culpas e carmas negativos. São como purgatórios onde as almas permanecem em

condições extenuantes, até que se liberem das culpas e possam seguir seu caminho,

renascendo como animais ou seres humanos. Esta é uma das razões pelas quais a

Tradição Taoísta orienta as pessoas a cultivarem a consciência, não a culpa, em seus

corações.

O último caminho inferior e o das Almas Esfomeadas. Como já foi

explicado no item anterior, o processo de transmigração da Alma começa somente após

o seu adormecimento, quando ela segue, então, por um dos caminhos descritos

anteriormente. Entretanto, se ela permanece desperta, sem entrar no processo de

adormecimento, além do período de quarenta e nove dias após a morte do indivíduo,

configura-se automaticamente o Caminho da Alma Esfomeada. Neste estado, a Alma

permanece consciente, mas sem um corpo físico para abrigá-la, em uma condição

obscura e carente de energia para sustentar sua lucidez. Esta carência constante

manifesta-se como uma permanente insatisfação, acentuando seus desejos, rancores e

frustrações, configurando assim uma condição de muito sofrimento. Pode manter uma

forma humanóide ou assumir contornos disformes, de acordo com seu estado de espírito

e condição energética. É a condição dos “fantasmas” ou “almas penadas”, como

conhecido no senso comum.

5. Ritos de passagem

Feitas as considerações anteriores, torna-se óbvia a importância que os

taoístas conferem à morte e ao que se segue a ela. Por isso surgiram na Tradição várias

práticas e costumes voltados para ajudar as almas em sua transição. Faremos a seguir

algumas considerações a respeito destes procedimentos.

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5.1 – Rituais fúnebres

Há rituais fúnebres que podem ser realizados pelos sacerdotes taoístas, ou

práticas pessoais que podem ser conduzidas pelos próprios familiares, pedindo auxílio e

proteção das divindades à alma do falecido no seu caminho de transmigração. Estes

rituais ou práticas são feitos no período que vai do dia do falecimento até o

quadragésimo nono dia após a morte. Podem ser realizados diariamente, de sete em sete

dias, somente no sétimo e/ou no quadragésimo nono dia após a morte da pessoa, tudo de

acordo com as condições e possibilidades dos familiares.

Os corpos dos falecidos podem ser enterrados ou cremados. Os enterros

procuram seguir os princípios do Feng Shui (pronuncia-se “fon suei”), arte taoísta que

estuda a influência das energias sutis do Céu e da Terra sobre os seres humanos. Os

taoístas acreditam que um bom enterro, ou seja, um enterro realizado em um local

adequado pode beneficiar tanto a alma do falecido em seu renascimento, quanto a vida

de seus descendentes, por várias gerações. Isto devido aos vínculos sutis – energético e

espiritual – existentes entre os ossos da pessoa enterrada com a alma em transmigração

e com os corpos físicos de seus descendentes vivos. Da mesma forma, um enterro mal

executado pode tanto dificultar a transição da alma, como prejudicar a vida de filhos e

netos que permanecem vivos.

Caso a família não tenha condições de realizar um enterro adequado, uma

alternativa é a cremação. Neste processo, a incineração de todo o corpo dissolve os

vínculos da alma com a matéria, diluindo todas estas interferências.

5.2 – Os momentos após a morte

Os taoístas acreditam que os elementos espirituais levam algum tempo

para saírem do corpo cadavérico, após a morte orgânica. Não se fala de um tempo

específico para isso, mas costuma-se respeitar, no mínimo, o tempo que o corpo inerte

leva para esfriar completamente, antes de submetê-lo às várias movimentações e

manipulações de preparação do cadáver para o funeral. Nas abordagens mais

Page 16: Visao Taoista Da Morte (1)

conservadoras, não se permite nem tocar o corpo da pessoa falecida, antes do seu

completo esfriamento.

Também é comum a orientação para que se converse com o falecido,

falando suavemente junto ao seu ouvido, informando-o delicadamente sobre a sua

passagem. Esta recomendação é válida principalmente para as pessoas que passaram por

períodos de convalescença ou entorpecimento antes da morte.

6. Considerações finais

Como explicado anteriormente, o estado de espírito da pessoa na hora de

sua morte influencia fortemente o processo de transmigração da alma. Por isso, o

momento da morte para os taoístas é visto como um importante portal que deve ser

transposto com o coração em paz e serenidade, com o espírito leve e luminoso, livre de

apegos relacionados ao ciclo de vida que se encerra. Por isso, todas as pendências que

puderem ser resolvidas, todos os nós que puderem ser desatados, todos os desafetos que

puderem ser harmonizados antes da morte, são passos importantes para uma passagem

tranqüila e pacífica. E tudo o mais que não pôde ser resolvido, desatado ou harmonizado

deve ser abandonado e deixado para trás, sem culpas ou remorsos. O desapego, tanto da

própria pessoa, quanto de seus cuidadores e entes queridos, é fundamental para uma

continuidade livre e desimpedida.

Para os taoístas, amar a vida é vivê-la com plenitude e usufruir a

preciosidade de cada instante da melhor maneira possível. E também é saber desapegar-

se dela adequadamente, quando chega o momento devido. Somente assim é possível

trilhar o caminho da Grande Vida, em verdadeira harmonia com o Tao.

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7. Breve currículo do autor

Wagner Canalonga é psicólogo-acupunturista, especialista em Yi Jing (I Ching). Foi

ordenado Sacerdote Taoísta pelo Mestre Wu Jyh Cherng (in memorian), fundador da

Sociedade Taoísta do Brasil. Também foi graduado Gao Gong Fa Shi (Sacerdote Alto

Ofício Mestre da Lei) pela Sociedade Taoísta de Taiwan. É o Sacerdote Regente da

Sociedade Taoísta do Brasil em São Paulo, desde a sua fundação, em 2002. Atua

profissionalmente como acupunturista, consultor de Yi Jing (I Ching) e Astrologia

Chinesa Zi Wei Dou Shu. Ministra cursos, aulas e palestras sobre Taoísmo, Yi Jing (I

Ching), meditação, medicina tradicional chinesa e temas afins.

8. Bibliografia

LAO TSE. Tao Te Ching – O Livro do Caminho e da Virtude. Tradução Wu Jyh

Cherng. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.

MACIOCIA, G. A Prática da Medicina Chinesa. Tradução Tânia Camargo Leite. São

Paulo: Roca, 1996.

WU J. C. Iniciação ao Taoísmo – volume 1. Rio de Janeiro: Mauad, 2000.

WU J. C. Iniciação ao Taoísmo – volume 2. Rio de Janeiro: Mauad, 2006.