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5 RAYSSA MENDONÇA – 10º SEMESTRE

AV1 - APOSTILA DE TRAUMATISMO DOS DENTES DECÍDUOS

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o

RAYSSA MENDONÇA – 10º SEMESTRE

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o O que é trauma dentário?

­ Qualquer impacto sobre as estruturas dentárias que pode levar a perda ou

alterações do dente.

­ Qualquer injúria de natureza térmica, química ou física que afete um dente, é

referenciada como trauma dental. Injúrias ao dente e à face de crianças jovens

são traumáticas não somente no sentido físico como também no sentido

emocional e psicológico, levando à ansiedade e a angustia da criança e dos pais.

o O trauma pode resultar em:

­ Dentes fraturados

­ Deslocados ou perdidos

­ Apresentar efeitos negativos

o O traumatismo dentário na dentição decídua constitui em um tema desafiador, atraindo

parte dos CDs e pesquisadores.

­ Por que desafiador? Aumento na prevalência – Inúmeras consequências em

importantes funções da cavidade bucal: Mastigação; Fala e respiração;

Repercussão na estética e no equilíbrio psicológico da criança.

o O traumatismo pode ser considerado um problema de saúde pública mundial, sendo uma

das principais causas de emergência odontológica entre crianças.

o As causas externas, como acidentes e violências, de morbimortalidade vêm

apresentando grande importância na Saúde Pública, considerando sua magnitude e

impacto na vida das pessoas, especialmente nos países em desenvolvimento.

­ Causado por forças que atuam no dente.

­ As quedas predominam como a principal causa de trauma tanto em grupos de

crianças mais jovens, quanto nas com mais idade, entretanto estas últimas

experimentam mais trauma por impacto e colisão que as primeiras.

­ Outras causas frequentes incluem violência, acidentes de tráfego, quedas contra

objetos e acidentes de bicicleta. Esportes individuais e coletivos também

contribuem para o trauma dental.

­ Quedas, acidentes de automóvel, bicicleta, pratica de esportes como maiores

causas de traumas.

o No Brasil essas taxas vêm aumentando desde 1980.

o Trauma dental envolve três estruturas básicas:

­ Dentes

As lesões dentárias envolvem:

Coroa

Raiz

Ambas

Podem se limitar:

Esmalte

Esmalte e dentina

Esmalte, dentina e polpa

­ Porção alveolar

­ Tecidos moles adjacentes

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o Os danos causados por acidentes e violências correspondem a altos custos emocionais,

sociais, com aparatos de segurança pública e, principalmente, gastos com assistência à

saúde. Logo, conhecer a magnitude desses eventos é pré-requisito para a formulação de

programas de promoção e de prevenção apresentados pelo setor Saúde.

­ Injúrias que podem gerar graves consequências:

Físicas

Psicológicas – Impacto negativo na qualidade de vida das crianças, como

em sua interação social.

o Traumatismo dentário deve ser considerado uma urgência, tratado de forma imediata.

o Epidemiologia – Estudo de tudo aquilo que afeta a população.

­ Prevalência: É a proporção de indivíduos de uma população que apresenta uma

doença (Casos novos ou antigos) em um determinado momento.

­ Incidência: É a proporção de indivíduos que desenvolve a doença (Casos novos)

em um período específico.

­ A frequência de lesões traumáticas nas dentições decíduas tem sido estudada

por diversos países.

­ Estudos tem evidenciado que aproximadamente 1/3 dos pré-escolares e crianças

em idade escolar sofrem lesões traumáticas na dentição decídua.

­ 30% das crianças sofreram de traumatismo dentário na dentição decídua.

­ A incidência de lesões traumáticas na população jovem aumentou

significativamente nos últimos anos, sendo considerado um problema grave pela

comunidade odontológica quando comparado à cárie dentária, que apresentou

uma redução dramática nas últimas décadas.

­ Diminuição dos índices de cárie – Maior atenção vem sendo alocada às outras

condições de saúde bucal.

o Prevalência do traumatismo na dentição decídua é superior à dentição permanente.

o Ocorrência é muito frequente na primeira infância – Devido à relação observada entre os

fatores de crescimento e desenvolvimento físico e psíquico da criança.

o Prevalência do traumatismo em relação à idade:

­ Primeiro pico - Em crianças de 1 a 4 anos.

Fase que inicia os primeiros passos.

Aprendendo a caminhar.

Não apresenta coordenação motora suficiente para evitar possíveis quedas.

­ Segundo pico - Em crianças de idade escolar de 7 a 13 anos

Também têm altas taxas devido o aumento das atividades físicas e a

coordenação motora limitada.

o Prevalência do traumatismo em relação ao sexo:

­ Decíduos – Não existem diferença

­ Permanentes – Meninos

Maiores atividades físicas intensas

Esportes de contato físico

Brincadeiras com maior percentual de risco para ocorrência de acidentes

o Prevalência do traumatismo em relação à localização:

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­ IC superiores são os dentes mais acometidos sem diferenças entre os lados

direito e esquerdo.

­ IL superiores são os dentes mais afetados respectivamente.

­ Na maioria dos casos, ocorre lesão em apenas um dente.

­ A maxila é mais envolvida do que a mandíbula.

o Prevalência do traumatismo em relação ao tipo de lesão:

­ Dentição permanente – Fratura coronária

­ Dentição decídua – Luxações e fraturas de esmalte e dentina.

­ Lesão mais prevalente: Lesão do tecido periodontal devido as menores

dimensões dos dentes e ao fato do osso ser mais poroso nas crianças.

o A etiologia do trauma:

­ Traumatismo acidental:

Traumatismo na infância exige três conceitos fundamentais:

Acidente é um evento multifatorial

Aspectos culturais

Nível econômico

Acesso e tipo de informação

Característica psicológica da criança

Condições do meio

Representa um desequilíbrio entre a criança e seu meio

Apresenta um caráter evolutivo

Traumatismo X Local de acidente: Casa, rua, escola, parque, praça, etc.

A prática de esportes ou atividades recreativas, quando não

adaptadas ou orientadas pode ser um fator de aumento na

possibilidade de aumento.

Local mais frequente é na escola.

Meninos na rua; Menina em casa.

Os altos índices de violência, acidentes de trânsito e uma maior

participação das crianças em atividades esportivas têm contribuído para

transformar o traumatismo dentário em um problema crescente em saúde

pública.

Casos menos comuns:

Iatrogenias em procedimentos hospitalares que exijam intubação

Choques inespecíficos

Tontura

Alterações psíquicas

A diferença entre as prevalências pode estar relacionadas:

A diferença de ambiente

Cultura e locais estudados

Métodos de realização de exames

Classificação utilizada para a avaliação do TDI

Fatores predisponentes:

Posição da cabeça – Grande em relação ao corpo

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Entre os fatores predisponentes, a má-oclusão com sobressaliência

maxilar, protrusão de incisivos superiores e a falta de proteção labial

favorecem a ocorrência de traumatismos dentais.

Como fatores predisponentes tem-se como exemplo o acentuado

overjet, incompetência labial, mordida aberta, macrodontia,

prognatismo e apinhamento dental, sendo entre eles um fator

predisponente importante o grande overjet, com o risco de trauma

muitas vezes aumentado quando o overjet for maior que 6mm.

Fatores que podem aumentar o risco incluem também a inclinação

dos incisivos superiores e a falta de proteção dos incisivos pelos

lábios.

Obesidade: Estudos investigam a relação entre obesidade ou

sobrepeso e ocorrência de trauma dentário; Crianças que praticam

esportes só são menos obesas como também mais hábeis.

Situação socioeconômica: Outro fator associado a diversos agravos

orais – Cárie, doença periodontal, perda dentária e câncer bucal;

Trauma dentário em crianças de classe baixa social tem maior

prevalência.

­ Traumatismo não-acidental:

Nos primeiros anos de vida, a capacidade da criança se defender dos maus

tratos é mínima, sendo o período da vida onde é maior a severidade do

traumatismo físico.

O traumatismo nas estruturas orofaciais é um achado frequente nos casos

de maus-tratos infantis.

Sofrimentos morais e psicológicos.

Maus-tratos infantis:

Engloba violência sexual

Psicológica

Abandono

Negligência

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o As crianças, quando conduzidas de forma adequada durante o atendimento, comportam-

se de modo satisfatório e favorável para a realização dos procedimentos odontológicos.

o Critério adotado pelo profissional para uso das técnicas:

­ Fatores observados:

Anamnese

Idade da criança

Comportamento da criança

Aceitabilidade dos pais

o Fatores determinantes da conduta infantil:

­ Relativo à equipe e ambiente

­ Relativo ao núcleo familiar

­ Relativo à criança

o Se houver um vínculo na relação profissional e paciente, a criança coopera com o

atendimento odontológico.

o Os objetivos de realizar uma adaptação do comportamento da criança é:

­ Estabelecer comunicação adequada

­ Realizar atenção odontológica de qualidade

o Comportamento da equipe odontológica:

­ Comportamento comunicativo da equipe é maior fator de satisfação do paciente.

­ CD deve desempenhar papel de educador e avaliar risco-benefício de realizar

determinado procedimento.

­ Comportamento positivo:

Ouvir a criança e a família

Investir tempo para explicar os procedimentos

Ser paciente

Não impedir os pais de entrarem no consultório

Não ameaçar a criança

­ O controle do comportamento infantil é um componente integral na prática da

odontopediatria.

­ Segurança do CD + Habilidades de manejo da conduta = Sucesso no tratamento

infantil.

o Tratamento da criança dependerá:

­ Do preparo prévio efetuado pelos pais

­ Habilidade do CD e sua equipe em manejá-la (Experiência)

o Devido a inúmeros fatores, as crianças podem apresentar comportamentos e reações

que precisam de especial atenção. Exemplo:

­ MEDO:

É um estado emocional diante do perigo e que provoca apenas a sensação

psicológica

Ele pode ser classificado em:

Medo objetivo – Proveniente de uma experiência odontológica

desagradável sofrida pela própria criança.

Medo objetivo direto – Quando a experiência odontológica

desagradável foi sofrida durante o tratamento.

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Medo objetivo indireto – Quando a experiência odontológica

desagradável foi sofrida em outros ambientes semelhantes,

como em médicos, por exemplo.

Medo subjetivo – Ocorre a partir de informações sobre más

experiências, passadas por outras pessoas.

Medo das crianças está relacionado a:

Falta de confiança no profissional ou medo de se traída

Medo de perder o controle

Medo do desconhecido

Medo de invasão

Para dessensibilizar a criança medrosa, é necessário descobrir a fonte do

medo.

­ ANSIEDADE:

É um estado psíquico em que predominam sentimentos de caráter

ameaçador, desencadeados por estímulos reais ou imaginários.

Tende a desaparecer com as experiências, ou seja, quanto mais

experiências odontológicas, menor a ansiedade da criança e maior

possibilidade de sucesso.

Exemplos de casos de ansiedade:

Temor de ser abandonada

Culpa ou negação de autonomia e posição

Atritos entre os pais

Interferência com atividade física

Nascimento de um irmão

Morte de parentes

Tratamentos odontológicos prévios

­ AGRESSIVIDADE:

Como lidar com a agressividade infantil?

Manter o autocontrole

Não gritar, porém manter firmeza com a criança, sem usar da

violência e nem agressão, mesmo que verbalmente.

Preferir a recompensa para reforçar o comportamento positivo

Explicar os motivos por estar ali

Controle de voz

Utilizar formas de carinho

­ BIRRA:

É provocada pela frustração na obtenção de algo.

Geralmente é uma resposta à frustração que a criança não consegue

suportar, e aí ocorre a explosão, ocasionada pelos empecilhos que p adulto

opõe à realização dos desejos da criança.

Como lidar com a birra?

Não ceder

Demonstrar amor, atenção e segurança.

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Não castigar

­ CHORO:

Tem a função de demonstrar uma necessidade

Diferenciar o choro de raiva, de dor e de fome.

O choro de raiva é mais alto e mais intenso. O choro de dor tem um início

muito abrupto, diferentemente dos choros mais básicos de fome ou

sofrimento, que muitas vezes começam com choramingos ou gemidos.

o Técnicas para adaptação do comportamento infantil:

­ Depende da idade da criança, do comportamento, da aceitação dos pais e da

filosofia do profissional.

­ Existem técnicas farmacológicas e não-farmacológicas

­ Técnicas não-farmacológicas:

Comunicação não-verbal:

Guia o comportamento através do contato, da postura e expressão

facial.

Melhora a efetividade de outras técnicas, além de obter e manter a

atenção do paciente e do acompanhante.

É estabelecida por meio do sorriso, simpatia e amor irradiado pelo

olhar e toque. Utiliza-se do contato visual, timbre vocal, gestos e

respiração. O contato da pele, as carícias e o abraço são

fundamentais para que a criança sinta-se aceita e amada.

Toque:

A criança é delicadamente tocada e amada, aprende a reproduzir o

amor em outras pessoas.

O toque pode ser um caminho simples e efetivo para controlar os

medos odontológicos.

O ato de apoiar as mãos na cabeça da criança e tocar o rosto delas

durante a contenção deve ser feito com carinho, para que a criança

sinta-se confortável, não devendo ter sensação de aprisionamento

físico, pois gera reações negativas.

Falar-mostrar-fazer (FMF):

Consiste em explicar os procedimentos ao paciente (Falar),

demonstrar como os objetos funcionam e que reações provocam

(Mostrar) e finalmente realiza-los (Fazer).

Usar vocabulário apropriado à idade com eufemismos e associações

divertidas é muito eficaz associada à técnica FMF.

Associar à comunicação não-verbal.

Não usar chantagens e mentiras para obter o comportamento que

espera de determinada criança. Filtrar o indispensável a ser dito de

acordo com a idade.

Apresentação dos instrumentos de forma gradativa, do menos

ansiogênico para o mais ansiogênico, sendo repetido isso nas

consultas.

Eliminar medos de experiências prévias negativas.

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Uso do espelho é de grande utilidade, pois a criança acompanha o

que está sendo feito, estabelecendo uma relação de confiança com o

profissional.

Demonstração visual, auditiva, tátil e olfatória dos procedimentos.

Conhecimento do ambiente e equipe.

Dessensibilização:

Essa técnica tem três componentes conceituais:

Relaxamento muscular associado à respiração

Elaborar lista hierárquica dos estímulos do medo

Exposição aos estímulos geradores do medo inicialmente num

exercício imaginário

Tirar o medo e aumentar o contato.

Sempre começar pelo menos traumático.

Modelagem:

É um aprendizado por observação, pois expõe o paciente a um ou

mais indivíduos que demonstrem comportamento adequado.

A criança é capaz de aprender novos e adequados padrões de

comportamento.

Ampla faixa etária (3 a 13 anos)

Modelo ao vivo é de ampla eficácia.

Modelo simbólico

Modelos não-positivos

Uso de bonecos como modelo.

Distração:

É uma técnica usada para desviar a atenção da criança dos

procedimentos desagradáveis por meio da diversão.

Contar estórias, cantar, dialogar, uso de vídeos e brinquedos podem

ser usados a fim de desviar a atenção do paciente.

Sem contra-indicação

Reforço positivo:

É uma técnica efetiva ao recompensar o paciente por

comportamentos desejáveis e reforçar a recorrência desse

comportamento.

Ajudar a criança a superar desafios

Recompensar por comportamento desejável

Pode ser classificado em:

Social – Expressão facial alegre, demonstrações de afeto,

elogios, etc.

Não-social – Prêmios, brinquedos, etc.

Saber premiar a criança no momento certo

As reações das crianças são variáveis

Elogiar após obter colaboração

Uso de frases positivas

Reforço negativo:

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NÃO DEVE SER EMPREGADO NO ATENDIMENTO

ODONTOLÓGICO.

Controle de voz:

É uma alteração controlada do volume e tom da voz

Indicada a partir dos 3 anos de idade

Rejeitar comportamento desfavorável

Demonstrar firmeza

É uma comunicação verbal e não-verbal, pois a informação não é

transmitida apenas com palavras, mas por contato visual, expressão

facial e postura.

Ganhar a atenção da criança

É mais efetivo em crianças indisciplinadas

Desencorajar comportamento de fuga e estabelecer autoridade

Esclarecer aos pais

Voz firme e elevada / Voz monótona e suave

Profissional deve ter autocontrole

Imobilização física:

Indicações:

Pacientes imaturos

Problemas físicos e mentais

Fracasso de outras técnicas

Risco de acidentes

A posição deve permitir boa visibilidade e apoio ao dentista

Importante!!! Deve ser obtido o consentimento livre e esclarecido dos

pais.

Oferece mais segurança e proteção ao paciente e equipe

Exemplos de imobilização física ativa:

Imobilização da cabeça da criança pela auxiliar – Criança

deitada, tendo sua cabeça apoiada pela auxiliar, com a mãe

sem interferir durante a imobilização.

Imobilização das mãos e joelhos (Mãe em pé) – Criança

deitada, tendo sua cabeça apoiada pela auxiliar, com a mãe

podendo ou não segurar as mãos e sentar apoiada nos

joelhos a fim de conter o movimento das pernas.

Corpo a corpo (Mãe deitada) – Criança deitada, tendo sua

cabeça apoiada pela auxiliar, com a mãe deitada em cima

dela a fim de conter os movimentos.

Posição de colo (Mãe deitada) – Criança deitada sobre o tórax

da mãe, tendo sua cabeça apoiada pela auxiliar, com a mãe

atenta aos movimentos das pernas e braços.

Posição de sela (Mãe deitada) – Mãe sentada na cadeira

odontológica de frente para a criança, observando qualquer

movimento inadequado da criança.

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Cadeira de escritório (Mãe sentada) – Mãe sentada em uma

cadeira, com a criança no colo e apoiando a cabeça dela no

seu braço.

Knee to knee (Joelho com joelho) – Mãe e profissional

sentam-se em uma cadeira de frente para o outro, com os

seus joelhos encostados. Cabeça da criança no colo do

dentista e a mãe segurando braços e pernas.

Exemplos de imobilização física passiva – Utilização de

instrumentais e dispositivos, viabilizando a atuação eficaz do

profissional e conforto ao paciente.

Abridores de boca – Indicado para todas as idades; Assegura

a abertura da boca e oferece segurança ao paciente e

profissional principalmente nas profilaxias, aplicação de flúor,

anestesia; Utilizado principalmente na 1º infância; Deve

oferecer conforto; Evita possíveis acidentes; Fácil

esterilização; Devem estar em posição para auxiliar;

Esclarecido aos pais e à criança; Podem ocorrer machucados

na mucosa.

Cadeira bebê conforto – Adaptada à cadeira odontológica.

Maca para bebê

Pediwrap – Tecido leve com tirar coloridas que são utilizadas

para fechá-lo; Ele é perfurado permitindo ventilação; É menos

restritivo.

Papoose Board – Tecido conectado a um suporte de corpo e

cabeça semiflexível colocado sobre a cadeira; Pode causar

hipertermia.

Técnica da mão sobre a boca – Imobilização polêmica; Os

aspectos legais, éticos e direitos da criança contribuem para

que a técnica não seja incentivada; Indicações de 3 a 6 anos,

crianças normais e saudáveis com dificuldade de

comportamento, crianças com maturidade para entender

comandos verbais e colaborar, rebeldes, agressivos,

histéricos e desafiadores; Contra-indicações crianças com

pouca idade, imaturas mental ou emocionalmente, sob uso de

medicações, incapazes de comunicar verbalmente, obstrução

das vias aéreas, retraídas e passivas.

OBJETIVOS INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES

FMF Diminuir o medo e criar mais

expectativa positiva

Todos Sem contraindicações

CONTROLE DA VOZ

Obter atenção e mostram autoridade

Pacientes desatentos

Crianças que não

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colaboram

DISTRAÇÃO Diminuir percepção Todos Sem contraindicações

COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL

Aumentar a efetividade das outras técnicas

Pacientes desatentos, mas

com compreensão

Crianças que não colaboram

­ Técnicas farmacológicas:

Analgesia / Sedação consciente:

Controle da ansiedade

Ocorre a diminuição ou eliminação da dor

Paciente consciente

Mantem os reflexos laríngeos

Funções de congnição e coordenação podem estar alteradas

Funções respiratórias e cardiovasculares inalteradas

Exemplo – Óxido nitroso:

Risco mínimo

Possibilita tranquilidade ao paciente, ou seja, ele é para

controle da ansiedade e não efeito anestésico.

Pico dos efeitos clínicos em 5 min

Rápida eliminação (2 a 5 min)

O controle da titulação dos gases é rápida, segura e flexível

Devem sempre iniciar e terminar com paciente recebendo

100% de oxigênio

Desvantagens: Necessidade de cooperação e aceitação da

máscara; Efeito individual variável; Risco ocupacional (Só

pode ser usado por profissionais capacitados).

Exemplo – Sedação oral:

Indicado para pacientes especiais

Administração entre 30 e 60 min antes do procedimento

O paciente deixa o consultório sob efeito do ansiolítico

Atentar para interações medicamentosas

Midazolam ou Diazepam

Anestesia geral:

Realizada em ambiente hospitalar com médico anestesista.

o Conselhos ao núcleo familiar:

­ Preparar para não se aquietarem ao ver a criança chorando ou se a criança tiver

uma reação mais negativa.

­ Não interferir na conversa entre o profissional e paciente.

­ Deixar que a criança manifeste a sua curiosidade

­ Preparo domiciliar da criança

o Passos para o manejo da criança:

­ Anamnese

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­ Avaliar o comportamento da criança e acompanhante

­ Realizar a adaptação do comportamento progressivamente

­ Posicionar a criança na cadeira

­ Utilizar outras técnicas de adaptação do comportamento

­ Prosseguir com procedimentos que envolvam pouca colaboração

­ Se o comportamento for desfavorável, deve-se repetir todo o condicionamento

inicial.

­ Caso persista o comportamento não-colaborativo nas consultas subsequentes,

após certificar-se de que a criança não sente dor, pode-se utilizar técnicas

incisivas.

­ Caso o comportamento desfavorável ainda persista e tendo sido esgotado o

arsenal de técnicas de adaptação, pode-se optar pela restrição física ou sedação

consciente.

o Reconhecer o tipo de choro – Da mesma forma que reconhecer o tipo de paciente

possibilita ao cirurgião dentista empregar a abordagem ideal para cada caso. O choro

pode ser resultado de ansiedade simulação ou fadiga. Existem quatro tipos

característicos de choro:

­ Assustado: Expressa medo real. Abundância de lágrimas. Conversar firme

atraindo a atenção da criança.

­ Obstinado: Forma de capricho. Criança berra, mas não tem lágrimas, pois está

acostumada a ter seus caprichos satisfeitos. Fazer repressão moderada e firme

para obter consentimento para executar e manter diálogo.

­ Compensatório: É um barulho para encobrir o som da boca. Esse

comportamento não interfere com o bom tratamento a ser realizado. Conversar

gentilmente com a criança reduzirá o problema.

­ De dor: Usualmente choroso, sem gritos e associado à dor. Deve ser controlado

com complemento anestésico

o Escala do grau de dificuldade da criança:

­ Entrar no consultório

­ Aceitação da demonstração fora da boca

­ Sentar na cadeira e colocar o avental

­ Aceitação da demonstração dentro da boca

­ Afastar a língua

­ Tomada radiográfica

­ Aplicação do selante

­ Anestesiar

­ Restauração e exodontia

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o O diagnóstico e tratamento do traumatismo na dentição decídua têm por base

informações transferidas ao profissional verbalmente pelos responsáveis do paciente

(Anamnese), detectadas por inspeção visual e palpação (Exame físico) ou obtidas

através de exames complementares.

o Primeiras observações:

­ Antes de qualquer manobra o profissional tem que se acalmar e transmitir

tranquilidade a todos.

­ Evidenciar o sangramento

­ Fraturas

­ Ulcerações

­ Emocional abalado tanto da criança quanto da família

o Objetivo dessas observações é de avaliar o estado de saúde da criança e obter o maior

número de informações disponíveis, para se estabelecer o diagnóstico e elaborar um

plano de tratamento adequado. Em que deve-se realizar através de uma sequência

lógica, ordenada e sistemática de observações.

o Exame do paciente traumatizado envolve:

­ Exame clínico (Anamnese e exame físico)

Anamnese – Dados pessoais; Protocolo de perguntas a serem feitas aos

responsáveis; História médica (Se a criança está sob tratamento ou

medicação; Histórico de anomalias cardíacas tendo ou não a necessidade

de profilaxia antibiótica para evitar endocardite; História de convulsões deve

haver o encaminhamento médico; Alergias; Distúrbios sanguíneos); História

odontológica (Pregressa e atual); Hábitos bucais e dietéticos; Experiência

odontológica (Quando e como foi essa experiência; Indica o tipo de

comportamento que pode ser esperado do paciente na consulta); Uso de

medicamentos (Avaliar o que já foi feito; Se o paciente foi medicado e qual

o medicamento)

Exame físico – Logo após o traumatismo, geralmente a região encontra-se

contaminada. Primeiro passo é limpar o rosto e a cavidade oral.

Intra-bucal – Soro fisiológico, gaze com água oxigenada 10vol ou

solução a base de clorexidina 0,2%. Essa limpeza tem como objetivo

diminuir a contaminação e facilitar o diagnóstico.

Aspecto geral da criança – Comportamento da criança;

Comportamento da mãe, do pai ou do responsável que acompanha;

Consiste em visualizar e palpar os tecidos moles e duros da face, na

busca de sinais e sintomas.

Analisar tecidos moles (Verificar se há presença de lesões ou

comprometimentos funcionais) e tecidos duros (Verificar desvios de

anormalidade; alteração da cor do dente que poderá aparecer nas

primeiras 24h).

Teste realizados:

Teste de mobilidade – Determina o grau de movimentação

dentária podendo ser ele no sentido horizontal ou axial

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(Suspeitar o rompimento vásculo-pulpar ou quando vários

dentes se movem).

Teste de percussão – Realizado com cabo de instrumento

metálico; É questionável em criança com pouca idade.

Teste de vitalidade pulpar – Não se realiza em dentes

decíduos (Dentes decíduos não respondem de forma

confiável); Requer um paciente relaxado e cooperativo que

relate as reações de forma objetiva.

­ Exames complementares:

Entre os exames complementares, destaca-se o exame radiográfico.

Oclusais

Periapicais

Panorâmicas

Outros registros são os exames fotográficos e a tomografia

computadorizada.

Deve-se observar os possíveis dentes envolvidos, decíduos ou

permanentes; Presença, grau e direção de deslocamento; Direção e

localização de fratura radicular; Grau de rizólise; Relação com dente

sucessor.

Em dentes permanentes deve-se analisar a posição do germe em relação

aos dentes adjacentes; Grau de rizogênese; Alterações decorrentes de

traumas anteriores.

­ Determinar de forma eficiente, a extensão da injúria traumática.

­ Diagnosticar corretamente os danos aos dentes, periodonto e estruturas

associadas.

Avaliar tecidos moles e duros

­ Uma abordagem sistemática a criança traumatizada é essencial. Analisar

também o aspecto geral da criança:

Comportamento da criança

Comportamento da mãe, do pai ou do responsável que acompanha.

­ História do traumatismo:

Quando ocorreu o acidente?

Avaliar fator tempo

Pode influenciar na escolha do tratamento e prognóstico.

Aonde ocorreu o acidente?

Verificar a natureza do impacto.

Como ocorreu o acidente?

Deve-se checar a história do traumatismo com achados clínicos

devido à possibilidade de maus tratos.

Além disso, o profissional pode imaginar a direção e a intensidade do

traumatismo.

Reações posteriores:

Logo após o traumatismo manifestou sinais e sintomas.

Sangramento, edema e hematoma.

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Alteração da cor pode aparecer nas primeiras 24 horas após a lesão.

Atitude da criança em relação ao ocorrido (Indiferença ou choro)

Foi realizado tratamento prévio?

Houve alguma intervenção anterior (Pessoa leiga ou profissional)

Imobilização, redução, reimplante.

Intervenções anteriores podem mascarar a gravidade do

traumatismo.

Houve aumento na irritabilidade, vômitos ou letargia?

Essa tríade de sinais podem se manifestar após traumatismo na

cabeça em crianças de menor idade.

Necessidade de observações médicas.

Instruir os pais de observar esses sintomas por 24h e acordar a

criança a cada 2 ou 3h durante a noite.

Observou-se distúrbio ao morder, reação ao frio e/ou calor ou dor

espontânea?

Distúrbio de morder:

Indica presença de deslocamento dentário

Fratura do tecido ósseo

Luxação

Fratura da ATM

Reação ao frio e/ou calor:

Sinaliza exposição do complexo dentinopulpar.

Dor espontânea:

Indica danos as estruturas de sustentação dos dentes com

extravasamento no ligamento periodontal.

Indica dano pulpar em função da fratura coronária.

Houve lesão anterior nos dentes?

A resposta pode explicar em achados radiográficos:

Obliteração do canal radicular

Formação incompleta da raiz

Influência na resposta pulpar

o A incidência de traumas dentários na infância é alta, já que esta é uma fase de

descobertas em que as crianças estão aprendendo a andar e a correr sem ainda

possuírem coordenação motora adequada, tornando-as mais sujeitas a quedas.

o O trauma dentário pode causar danos no dente decíduo e em decorrência da

proximidade anatômica com o germe do dente sucesso permanente, pode ocasionar

alterações aos dentes em desenvolvimento.

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o A classificação das lesões traumáticas permite a padronização do diagnóstico e o

tratamento, facilitando uma rápida decisão terapêutica, o que está intimamente ligado a

um prognóstico mais favorável.

o Classificações mais utilizadas na literatura:

­ Ellis (1962):

Classe 1 – Fratura coronária simples (Com pouca ou nenhuma dentina

afetada).

Classe 2 – Fratura coronária extensa (Com considerável dentina afetada,

sem exposição pulpar).

Classe 3 – Fratura coronária extensa (Com considerável dentina afetada,

com exposição pulpar).

Classe 4 – Dente traumatizado sem vitalidade (Com ou sem perda de

estrutura dentária).

Classe 5 – Dentes perdidos como resultado de traumatismo.

Classe 6 – Fratura radicular (Com ou sem perda de tecido coronário).

Classe 7 – Deslocamento dentário (Sem fratura coronária e radicular).

Classe 8 – Fratura coronária total e sua recolocação.

Classe 9 – Traumatismo e dentes decíduos.

­ OMS (1978):

Fratura do esmalte dentário.

Fratura coronária sem envolvimento pulpar.

Fratura coronária com envolvimento pulpar.

Fratura radicular.

Fratura de coroa e da raiz do dente.

Fratura inespecífica do dente.

­ Garcia-Godoy (1981):

Classe 0 – Trinca de esmalte.

Classe 1 – Fratura de esmalte.

Classe 2 – Fratura de esmalte-dentina sem exposição pulpar.

Classe 3 – Fratura de esmalte-dentina com exposição pulpar.

Classe 4 – Fratura de esmalte-dentina-cemento com exposição pulpar.

Classe 5 – Fratura radicular.

­ Andreassen (1984):

Infração coronária – Fratura incompleta do esmalte

Fratura coronária não-complicada – Fratura confinada ao esmalte ou

dentina sem envolvimento pulpar.

Fratura coronária complicada – Fratura confinada ao esmalte ou dentina

com envolvimento pulpar.

Fratura corono-radicular não-complicada – Fratura de esmalte, dentina e

cemento com envolvimento pulpar.

Fratura radicular – Fratura envolvendo dentina, cemento e polpa.

o USADA NOS DIAS DE HOJE – Classificaram as lesões traumáticas envolvendo os

tecidos duros dentários com base no sistema OMS.

­ As linhas de fratura envolvem:

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Superfície coronária

Superfície radicular

­ Podendo determinar a exposição do tecido pulpar.

­ Sistema de classificação:

Tecido duro

Tecido mole e periodontal (Sustentação)

­ As fraturas dos tecidos dentinários ocorrem após traumatismos diretos

o Lesões dos tecidos duros dentinários:

­ Fratura coronária – São normalmente resultado de um impacto frontal em uma

força aplicada no dente.

Trinca de esmalte:

A trinca, também denominada, rachadura ou fissura, consiste na

fratura incompleta do esmalte, sem perda da estrutura dentária.

Sua detecção pode ser feita através de iluminação indireta do dente,

transluminadores ou fotopolimerizadores.

Considerações biológicas – As trincas de esmalte representam a

forma mais simples de lesão das estruturas mineralizadas do dente.

Geralmente são perpendiculares ao longo eixo do dente, mas

também podem ser paralelas.

Segue as orientações dos prismas, terminando na junção

amelodentinária.

Aspectos clínicos – São identificados clinicamente como fissuras ou

rachaduras na coroa dentária; Durante exame intra-oral deve-se

variar a direção e a intensidade da iluminação para um bom

diagnóstico.

Aspectos radiográficos – As trincas não são observadas em exame

radiográfico.

Tratamento é o acompanhamento clínico.

Fratura de esmalte:

Também denominada fratura não-complicada de coroa, pois a perda

de estrutura dentária é limitada ao esmalte.

Entra as fraturas, ela é a mais acometida.

Considerações biológicas – Conduz perdas irreversíveis de tecido;

Entre as fraturas coronárias ela é a mais frequente.

Geralmente atingido o ângulo dos dentes anteriores e raramente a

borda incisal.

Confinada a um único dente podendo ocorrer associação com

luxações.

Acompanham as orientações dos prismas de esmalte.

Aspectos clínicos – Manifesta clinicamente por uma perda de tecido

restrita ao esmalte, não havendo exposição dentinária; Para

confirmar extensão, as fraturas devem ser examinadas após

secagem e em condições ideais de iluminação; Diferenças de cor e

sensibilidade ao toque ou jatos de ar indicam uma provável

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exposição de dentina; Pode evidenciar uma perda superficial de

esmalte, sem o envolvimento da dentina.

Aspectos radiográficos – Pode evidenciar uma perda superficial de

esmalte, sem o envolvimento da dentina.

Fratura de esmalte e dentina sem exposição pulpar:

Não há exposição pulpar.

Denominada fratura não-complicada de coroa, é a perda de estrutura

dentária limitada ao esmalte e a dentina sem exposição pulpar.

Normalmente no esmalte, a linha de fratura segue as orientações

dos prismas, enquanto na dentina as linhas de tensão determinam o

trajeto do trauma.

Considerações biológicas – Milhares de túbulos dentinários são

expostos ao meio bucal; Influências bacterianas podem ser

transmitidas diretamente a polpa, provocando aumento da

sensibilidade e respostas inflamatórias; Considerar a possibilidade

de necrose pulpar fica significativamente aumentada em caso de

luxação associada.

Aspectos clínicos – Clinicamente apresenta como perda de tecido

coronário em que há exposição de tecido dentinário; Exame intraoral

cuidadoso (Campo seco e boa iluminação); Visualizar a face

palatina, avaliando a extensão da dentina exposta e a possibilidade

de exposição pulpar.

Aspectos radiográficos – Demonstra a perda de tecido e acrescenta

informações importantes: Tamanho da câmara pulpar; Estágio de

desenvolvimento radicular; Nível de reabsorção das raízes dos

dentes decíduos.

Fratura de esmalte e dentina com exposição pulpar:

Denominada fratura não-complicada de coroa, é a perda de estrutura

dentária que envolve o esmalte, a dentina e expõe a polpa.

Considerações biológicas – A polpa exposta por uma fratura

coronária fica em contato com o meio ambiente bucal; Permitindo

uma agressão direta ao tecido pulpar; Que responde com uma

resposta inflamatória e subsequente formação de tecido de

granulação; Não se pode esperar que a reparação ocorra

espontaneamente, uma vez que a infecção leva a inflamação e

necrose; Após o trauma, a polpa exposta é coberta por uma camada

de fibrina; Seguem respostas agudas de inflamação que aos poucos

se estendem no sentido apical; Nos primeiros dias a inflamação

limita-se as porções superficiais da polpa, pode ocorrer proliferação

de tecido de granulação e a formação de um pólipo pulpar, mas se

permanecer sem tratamento, geralmente ocorre necrose pulpar; A

manutenção da vitalidade pulpar depende da extensão da exposição

pulpar, do tempo decorrido entre o trauma e atendimento, da

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19

severidade das lesões associadas ao periodonto e idade do

paciente.

Aspectos clínicos – Pequena hemorragia no local da exposição; A

exposição pulpar pode vir acompanhada por sintomas com

sensibilidade térmica e dor a mastigação.

Aspectos radiográficos – Complementa a avaliação clínica,

fornecendo informações quanto ao tamanho da câmara pulpar, o

estágio de formação radicular, nível de reabsorção da raiz, visto que

esses são fatores que podem influenciar no tratamento; As

radiografias servem de parâmetros para controles posteriores;

Tamanho da câmara pulpar diminui com aumento da idade pela

formação de dentina através dos odontoblastos; Estágio de formação

radicular o tratamento tem melhor prognóstico; Nível de reabsorção –

estágio da erupção do dente permanente.

­ Fratura coronoradicular:

Se caracteriza por uma solução de continuidade que envolve esmalte,

dentina e cemento.

Considerações biológicas – Ocorre como resultado de um impacto

horizontal; Se a força do impacto excede a resistência dos tecidos duros,

ocorrerá uma fratura inicial seguindo os prismas do esmalte da superfície

vestibular da coroa adotando um trajeto oblíquo; Limite palatino da fratura

geralmente é subgengival, na altura do rebordo alveolar; A fratura

frequentemente expõe polpa; A linha de fratura em geral é única, mas pode

ocorrer múltiplas.

Aspectos clínicos – A manifestação clínica das fraturas coronoradiculares é

a sua extensão além do limite gengival; Fragmento fraturado pode ser

mantido em posição pelas fibras periodontais; Sintomas como dor e

mobilidade durante a mastigação.

Aspectos radiográficos – É limitado e raramente contribui para o

diagnóstico; Linha de fratura é geralmente perpendicular ao feixe central.

­ Fratura radicular:

Caracterizada pelo envolvimento de dentina, cemento e polpa.

Classificação de acordo com a orientação:

Longitudinal ou vertical – Longo eixo do dente

Transversal, oblíqua ou horizontal – Acomete 1/3 radicular apical,

médio ou cervical.

Fratura radicular do terço cervical – Normalmente apresenta

mobilidade.

Fratura do terço apical ou médio – Pode ser com ou sem mobilidade,

e com ou sem deslocamento.

Considerações biológicas – Impactos horizontais (Determinam alterações

imediatas no tecido conjuntivo pulpar, nos tecidos periodontais, no cemento

e na dentina) e impacto frontal (Tendem a forçar o fragmento coronário no

sentido palatino em uma posição levemente extruída).

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Aspectos clínicos – Em geral revela um dente levemente extruído;

Frequentemente com deslocamento para palatino ou lingual; Clinicamente

pode ser visível hemorragia no sulco gengival; Paciente se queixa de

contato oclusal prematuro e dor quando toca no dente; O Local da fratura

determinará o grau de mobilidade; Dor à percussão; Difícil distinguir se o

deslocamento observado provém de fratura radicular ou de luxação –

Diagnóstico diferencial é dependente do exame radiográfico.

Aspecto radiográfico – A imagem nítida da linha de fratura é obtida nos

casos em que o feixe de Rx incide paralelamente a linha de fratura; Quando

está na dúvida Rx em diferentes angulações.

­ Fratura alveolar:

Fratura que envolve o processo alveolar.

Geralmente as fraturas alveolares na criança não se consolidam, pois os

fragmentos são muito pequenos e o osso alveolar é mais esponjoso.