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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Porto Velho - Fórum Criminal Av. Rogério Weber, 1928, Centro, 76.801-030 e-mail: Fl.______ _________________________ Cad. Documento assinado digitalmente em 05/09/2016 10:37:56 conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001. Signatário: ENIO SALVADOR VAZ:1011189 PVH1JURI-02 - Número Verificador: 1501.2016.0007.0922.007401 - Validar em www.tjro.jus.br/adoc Pág. 1 de 4 CONCLUSÃO Aos 01 dias do mês de Setembro de 2016, faço estes autos conclusos ao Juiz de Direito Enio Salvador Vaz. Eu, _________ Gisa Carla da Silva Medeiros Lessa - Escrivã(o) Judicial, escrevi conclusos. Vara: 1ª Vara do Tribunal do Júri Processo: 0000701-65.2016.8.22.0501 Classe: Ação Penal de Competência do Júri (Réu Preso) Autor: Ministério Público do Estado de Rondônia Réu: Edione Pessoa da Silva; Leonardo Batista da Silva Parte retirada do polo passivo da ação: Oziel Pessoa Figueiredo; Ivanilce de Souza Andrade Vistos. Perante este juízo foi oferecida DENÚNCIA contra os acusados EDIONE PESSOA DA SILVA, LEONARDO BATISTA DA SILVA e OZIEL PESSOA FIGUEIREDO (processo desmembrado com relação a este acusado), identificados e qualificados nos autos, Edione por infração ao art. 121, § 2º, incs. I e IV, art. 211 e art. 155, caput, todos do Código Penal e Leonardo por infração aos art.211 e 155, caput, ambos do Código Penal, e ao art.14, da Lei 10.826/03, segundo relato porque: “1ºFATO. Consta dos inclusos autos de Inquérito Policial, que na manhã de 07 de janeiro de 2016, no KM 871 BR 364, acampamento de pescadores, lado esquerdo, velha Mutum, nesta Comarca, o denunciado EDIONE PESSOA DA SILVA, por motivo torpe e mediante dissimulação, utilizando-se de uma arma de fogo, do tido espirgada, efetuou um disparo contra NILCE DE SOUZA MAGALHÃES, causando-lhe lesão que foi causa eficiente de sua morte. Segundo apurado, na data dos fatos, o denunciado EDIONE encontrou-se com os denunciados LEONARDO e Oziel na ilha de pescadores e pediu-lhes munição para sua arma de fogo, afirmando que pretendia se vingar de Nilce, que havia atribuído a ele a prática de um crime bem como de estar mantendo relacionamento extraconjugal com uma mulher casada. Após isso o denunciado foi até a residência da vítima e, disfarçando sua intenção, pediu-lhe cartuchos calibre 20 para caçar um porco e, após ser atendido, retirou-se do local mas, algum tempo depois retornou e efetuou contra ela um disparo, atingindo-a no abdome, matando-a. Em seguida arrastou o corpo até o rio e com o uso de uma canoa, levou o cadáver até outra margem, onde o amarrou a uma árvore, deixando-o parcialmente submerso. 2ºFATO. Consta também dos presentes autos que, no mesmo dia, após o horário do almoço, o réu EDIONE foi ao encontro de LEONARDO e Oziel, na casa da genitora deste, no mesmo acampamento de pescadores, onde lhes relatou ter matado a vítima. Depois, os três foram até onde se encontrava o corpo da vítima amarrado por cordas e submerso e o rebocaram em um barco até o meio do rio, onde amarraram pedras ao pescoço e nas pernas, fazendo-o afundar nas águas. 3ºFATO. Consta ainda, que após ocultarem o cadáver, LEONARDO ocultou também a espingarda utilizada no crime, em um saco plástico. 4ºFATO. No mesmo dia, o

Sentença que mandou a julgamento acusados de matar líder do MAB

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CONCLUSÃOAos 01 dias do mês de Setembro de 2016, faço estes autos conclusos ao Juiz de Direito Enio Salvador Vaz. Eu, _________ Gisa Carla da Silva Medeiros Lessa - Escrivã(o) Judicial, escrevi conclusos.

Vara: 1ª Vara do Tribunal do JúriProcesso: 0000701-65.2016.8.22.0501Classe: Ação Penal de Competência do Júri (Réu Preso)Autor: Ministério Público do Estado de RondôniaRéu: Edione Pessoa da Silva; Leonardo Batista da Silva

Parte retirada do polo passivo da ação: Oziel Pessoa Figueiredo; Ivanilce de Souza Andrade

Vistos.

Perante este juízo foi oferecida DENÚNCIA contra os acusados EDIONE PESSOA DA SILVA, LEONARDO BATISTA DA SILVA e OZIEL PESSOA FIGUEIREDO (processo desmembrado com relação a este acusado), identificados e qualificados nos autos, Edione por infração ao art. 121, § 2º, incs. I e IV, art. 211 e art. 155, caput, todos do Código Penal e Leonardo por infração aos art.211 e 155, caput, ambos do Código Penal, e ao art.14, da Lei 10.826/03, segundo relato porque:

“1ºFATO. Consta dos inclusos autos de Inquérito Policial, que na manhã de 07 de janeiro de 2016, no KM 871 BR 364, acampamento de pescadores, lado esquerdo, velha Mutum, nesta Comarca, o denunciado EDIONE PESSOA DA SILVA, por motivo torpe e mediante dissimulação, utilizando-se de uma arma de fogo, do tido espirgada, efetuou um disparo contra NILCE DE SOUZA MAGALHÃES, causando-lhe lesão que foi causa eficiente de sua morte. Segundo apurado, na data dos fatos, o denunciado EDIONE encontrou-se com os denunciados LEONARDO e Oziel na ilha de pescadores e pediu-lhes munição para sua arma de fogo, afirmando que pretendia se vingar de Nilce, que havia atribuído a ele a prática de um crime bem como de estar mantendo relacionamento extraconjugal com uma mulher casada. Após isso o denunciado foi até a residência da vítima e, disfarçando sua intenção, pediu-lhe cartuchos calibre 20 para caçar um porco e, após ser atendido, retirou-se do local mas, algum tempo depois retornou e efetuou contra ela um disparo, atingindo-a no abdome, matando-a. Em seguida arrastou o corpo até o rio e com o uso de uma canoa, levou o cadáver até outra margem, onde o amarrou a uma árvore, deixando-o parcialmente submerso. 2ºFATO. Consta também dos presentes autos que, no mesmo dia, após o horário do almoço, o réu EDIONE foi ao encontro de LEONARDO e Oziel, na casa da genitora deste, no mesmo acampamento de pescadores, onde lhes relatou ter matado a vítima. Depois, os três foram até onde se encontrava o corpo da vítima amarrado por cordas e submerso e o rebocaram em um barco até o meio do rio, onde amarraram pedras ao pescoço e nas pernas, fazendo-o afundar nas águas. 3ºFATO. Consta ainda, que após ocultarem o cadáver, LEONARDO ocultou também a espingarda utilizada no crime, em um saco plástico. 4ºFATO. No mesmo dia, o

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acusado LEONARDO subtraiu, a mando e EDIONE, uma filmadora eletrônica pertencente à vítima, que estava junto aos pertences desta, em sua casa, entregando-a ao acusado.”

A DENÚNCIA foi recebida. Os acusados foram regularmente citados e apresentaram respostas à Acusação, com o mesmo rol de testemunhas da Denúncia.

Foram habilitadas IVANILCE DE SOUZA ANDRADE e GENILCE DE SOUZA ANDRADE como assistentes de acusações às fls.167.

Na instrução preliminar foram ouvidas as testemunhas arroladas pelas partes, bem como foram interrogados, porque presentes, os acusados Leonardo e Oziel. Na mesma audiência de interrogatório foi proposta a suspensão condicional do processo em face do acusado OZIEL pelo prazo de 2 (dois) anos, com isso foi determinado o desmembramento do processo com relação a esse acusado.

O acusado Edione não foi interrogado, pois encontrava-se foragido do sistema prisional.

Este processo prosseguiu com relação aos acusados Edione e Leonardo.

Em sede de alegações finais o Ministério Público e as assistentes de acusações requereram a pronúncia, nos termos da denúncia.

A Defesa dos acusados, manifestou-se pela impronúncia e reservou-se no direito de apresentar outras teses em plenário.

Vencida esta fase de instrução preliminar os autos estão preparados para decisão.

RELATADOS.

DECIDO.

Cuida-se de imputação de homicídio consumado duplamente qualificado, ocultação de cadáver, furto e ocultação de arma de fogo.

O caso é de pronúncia, nos termos do art. 413, do Código de Processo Penal.

Estou convencido da materialidade do crime de homicídio. Esse convencimento exsurge do boletim de ocorrência de fls. 4/5, das declarações prestadas por LEONARDO às fls. 20/21 e 68/69, por OZIEL às fls. 22/23, 65/66 e 88/90 e EDIONE às fls. 24/26 e 50/51

Os indícios de autoria do acusado EDIONE são suficientes a transportar o julgamento para o juiz natural. Durante o inquérito policial EDIONE admitiu ter efetuado o disparo de espingarda contra a vítima, em razão de comentários que ela fazia a respeito dele (vingança), bem como admitiu que arrastou o corpo da vítima até o rio e com uma canoa o levou até a outra margem, amarrando-o em uma árvore, deixando o mesmo parcialmente submerso.

Depois, com auxílio dos acusados Oziel e Leonardo, amarrou pedras ao cadáver e o

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fez afundar no meio do rio. Os corréus ainda relataram que Edione abordou a vítima em seu barraco pedindo um cartucho emprestado e se retirou do local, retornando pouco depois já com arma em punho, ocasião em que efetuou um disparo contra ela, atingindo-a no abdome.

As qualificadoras têm apoio nos informes indiciários, inclusive na própria versão de EDIONE, LEONARDO e OZIEL e só poderiam ser excluídas, nesta fase, se manifestamente infundadas, devendo ser transportadas para exame dos jurados, que é quem deve decidir acerca do cabimento, uma vez que o juiz da pronúncia não pode excluir qualificadoras, a não ser quando manifestamente incabíveis.

As imputações de ocultação de cadáver, furto e de ocultação da arma e fogo importa em unidade de julgamentos nos termos do artigo 78, inciso I, c/c o artigo 79, ambos do Código de Processo Penal, forçoso é submetê-la à apreciação da Corte Popular. Ainda que haja dubiedade, o juiz monocrático não pode suprimir o direito do juiz natural julgar a conduta do acusado, concernente a essa imputação, calcado no princípio de que a dúvida, nesta fase, deve militar em favor da sociedade.

Aliás, havendo infração penal conexa, incluída na denúncia, devidamente recebida, pronunciando o réu pelo delito doloso contra a vida, deve o juiz remeter a julgamento pelo Tribunal Popular os conexos, sem proceder a qualquer análise de mérito ou de admissibilidade quanto a eles. Caberá aos jurados analisar a materialidade e a prova da autoria. Não tem cabimento o magistrado pronunciar pelo crime da sua competência e impronunciar pela infração conexa, cuja avaliação não lhe pertence. Somente em casos excepcionais, em que que não há sequer materialidade ou sequer indícios de autoria é que o juiz monocrático poderá vir a afastar o crime conexo da análise do júri popular.

Assim, devem ser transportados para o Tribunal do Júri, para lá serem julgados os acusados pelos crimes de ocultação de cadáver e de furto de uma filmadora eletrônica pertencente à vítima fatal (em concurso), atribuindo-se essas condutas aos acusados EDIONE e LEONARDO, sendo que este julamento responderá, também, pelo crime de ocultação da espingarda.

Posto isso, em juízo de admissibilidade da acusação, PRONUNCIO o acusado EDIONE PESSOA DA SILVA, para submetê-lo a julgamento, perante o Tribunal do Júri, como incurso nas sanções do art. 121, § 2º, I (motivo torpe-vingança) e IV (dissimulação), art. 211 e art. 155, caput, c.c o art. 29, todos do Código Penal.

PRONUNCIO o acusado LEONARDO BATISTA DA SILVA, para submetê-lo a julgamento, perante o Tribunal do Júri, como incurso nas sanções do art. 211 e art. 155, caput, c.c o art. 29, todos do Código Penal e art.14, da Lei 10.826/03.

O acusado LEONARDO responde ao processo em liberdade e assim poderá permanecer, salvo superveniência de razões que justifiquem a segregação.

O acusado EDIONE foi preso por preventiva em decorrência de fuga do distrito da culpa. No curso do processo evadiu-se do presídio, por isso ainda subsistem os motivos pertinentes ao decreto de preventiva.

Desde logo, determino determino, com urgência, a remoção do acusado preso na

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cidade de Rio Branco/AC para um dos presídios desta capital.

P.R.I. Após a preclusão desta decisão, cumpra-se a disposição expressa no art.422 do CPP.

Porto Velho-RO, segunda-feira, 5 de setembro de 2016.

Enio Salvador Vaz Juiz de Direito

RECEBIMENTOAos ____ dias do mês de Setembro de 2016. Eu, _________ Gisa Carla da Silva Medeiros Lessa - Escrivã(o) Judicial, recebi estes autos.

REGISTRO NO LIVRO DIGITALCertifico e dou fé que a sentença retro, mediante lançamento automático, foi registrada no livro eletrônico sob o número 129/2016.