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GERENCIAMENTO DE PROJETOS - e-PAPER

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GERENCIAMENTO DE PROJETOS Gerenciando a Implantação de Sistemas de Automação Industrial

1 MÁRCIO VENTURELLI

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Márcio Venturelli

GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Gerenciando a Implantação de Sistemas

de Automação Industrial

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GERENCIAMENTO DE PROJETOS Gerenciando a Implantação de Sistemas de Automação Industrial

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Os projetos de automação industrial sempre existiram, desde os

pequenos sistemas de automação por relés temporizadores

pneumáticos, primeiros SDCD Sistema Digital de Controle

Distribuído, do final da década de 60, implantados em plantas

químicas, chegando até hoje em complexos sistemas de

controle em redes com centros de operação.

A complexidade tecnológica, a quantidade de pessoas e

empresas envolvidas, os interesses de investidores e gerencia

técnica na área de sistemas de automação industrial hoje,

evoluíram de forma a abrir uma demanda por técnicas de

gestão de projetos modernas, que também sofreram uma

evolução ao longo do tempo.

Em razão da tecnologia, complexidade e interesses, vamos

limitar nosso tema a respeito de gestão de projetos, voltados a

automação industrial, seguindo estes temas, mostramos abaixo

o que vamos falar:

Entender as fases e ciclos de uma implantação de um

sistema de automação industrial;

Estruturar um plano com as disciplinas de gestão de

projetos baseado no PMBOK (Project Management Body

of Knowledge);

Como gerenciar da implantação até a entrega do

Sistema.

Normalmente vivemos os seguintes cenários abaixo, que

necessitam de conhecimento específico de gerenciamento de

projetos:

O sistema de automação proposto já passou pelas fases

de Viabilidade e Projeto Básico, agora é implantar;

Você tem um escopo técnico com objetivos do projeto,

o tempo de execução e o orçamento aprovado;

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É necessário estruturar a equipe, fornecedores e

equilibrar interesses do cliente, sem perder as linhas da

restrição.

Com isso, vamos entender o conceito de gerenciamento de

projeto, que de acordo com guia PMBOK é “A aplicação de

conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às

atividades do projeto a fim de alcançar seus objetivos”.

Porque temos que gerenciar projetos? Essa questão hoje é um

“guarda-chuva” dentro de qualquer empresa, pois tudo é um

projeto, neste conceito de fazer algo, sob uma necessidade e

em nosso caso, a automação industrial com seus sistemas, é

um projeto, logo necessita de um foco em técnicas de gestão.

De acordo com o TSG The Standish Group (2010), somente

32% dos projetos tem sucesso, conforme foram concebidos

até a implantação, 44% tem sucesso parcial, isto é, falta algo

ou falha durante o processo de implantação e 24% são

cancelados. Isso também falando que os custos extrapolam

189% do original e o tempo se estende em 222% do planejado.

Na área de automação industrial, não temos dados específicos,

todavia pela experiência, não há tantos cancelados, mas os de

sucesso parcial são muito maiores, visto a gestão nesta área

ainda estar num grau de baixo amadurecimento, levando

poucos projetos a sucesso na implantação.

A estrutura padrão na gestão de projetos é focar no escopo, no

custo e no tempo, isso chamamos de restrição, estes três

termos equilibram a entrega do resultado final com qualidade, o

desequilibro de algum item deste, gera distúrbio no projeto,

podendo comprometer o resultado.

Os projetos de automação industrial, pertencem a cadeia de

fornecimento de bens de capital para industrial, onde podemos

dividir em duas grandes etapas, a de planejamento e

implantação.

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A etapa de planejamento envolve basicamente toda a parte de

estudos técnicos e viabilidades, incluindo a financeira,

normalmente a técnica FEL Front End Loading é utilizada,

também conhecida como técnica de gate (porta).

A etapa de implantação é especifica de cada área, em

automação industrial podemos descrever em forma de fases e

etapas como segue abaixo, lembrando que não é uma

definição, isso pode mudar de empresa e projeto, essa é uma

linha comum de atividades:

1. Especificação técnica – após a engenharia básica é

montado um escopo específico;

2. Aplicações – etapa onde é especificado os

equipamentos em detalhes;

3. Projetos – todos os paneis, remotas, quadros do projeto;

4. Encaminhamento de redes – por onde passará as redes

na planta, cada característica de acordo com o

protocolo específico;

5. Arquitetura de redes – a estrutura de comunicação dos

dispositivos de toda a rede de forma endereçada e

hierarquizada;

6. Configuração do PLC/SDCD – programação dos

algoritmos de controle do processo, estratégias de

controle e sistema de segurança;

7. Configuração do Supervisório / IHM – desenho e

programação do sistema de interface do controle

operacional. Pode-se incluir nesta fase todas interfaces

com Banco de Dados, conectividade com o sistema de

Gestão entre outros;

8. Montagem – construção de dispositivos de suportação e

montagem no campo dos equipamentos, por exemplo,

lance de cabos, instrumentos entre outros;

9. Comissionamento – atividade que parametrizará e

preparará todos os dispositivos de acordo com o projeto

do processo;

10. Partida – iniciar a energização do processo,

normalmente em vazio, analisando o comportamento

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dos comandos, controles e sistema de segurança,

liberando para o início de carga;

11. Operação assistida – uma vez liberado para produção,

normalmente as cargas são crescentes e é verificado

todo o comportamento até chegar a produção de

projeto, assistindo durante um período que permita os

operadores e técnicos de manutenção se sentirem

seguros no sistema;

12. As Built – uma vez o projeto entregue toda a

documentação deve ser atualizada para ser entregue ao

cliente, tanto com documentos de operação quanto de

manutenção.

Dentro das modalidades de contratação feita pelo cliente final

de uma empresa de engenharia, as principais são:

EPCM – Modalidade onde a empresa fornecedora é

responsável por todo o fornecimento de Engenharia,

Compras (normalmente este modelo repassa o

faturamento dos equipamentos principais para o cliente

final), Construção e Gerenciamento do projeto;

EPC – Modalidade onde a empresa fornecedora é

responsável por todo o fornecimento de Engenharia,

Compras e Construção, normalmente o cliente final

contrata uma empresa de gestão para diligenciar a obra;

TURN KEY – Modalidade chamada chave na mão, é a

entrega completa do sistema pela empresa, que

normalmente é chamada de integradora, cujo foco

somente é a automação do sistema;

MAC – Modalidade chamada de Contrato Principal de

Automação, é uma modalidade parecida com o TURN

KEY, porém o fornecedor também tema

responsabilidade por infraestrutura e operação assistida,

normalmente são contrato feitos por grandes empresas

de automação industrial.

Um projeto é dividido em fases durante todo o processo, onde

podemos distingui-las de acordo com as etapas abaixo:

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1. Inicialização – fase onde se autoriza formalmente o

projeto;

2. Planejamento – fase de elaboração dos planos do

projeto;

3. Execução – fase da implantação, das tarefas, das

ações;

4. Monitoramento e Controle – esta fase é relacionada com

as outras, sendo o elemento da gestão dos itens de

cada fase;

5. Encerramento – são os aceites do projeto, as

finalizações formais de entrega ao cliente.

Dentro do conjunto de conhecimentos para gestão de projetos,

escolhemos a técnica do PMI Instituto de Gerenciamento de

Projetos, que é o PMBOK Conjunto de Conhecimentos de

Gestão de Projetos (ver5.0), lembrando que essa técnica não é

uma metodologia, o que temos aqui é a apresentação das

disciplinas que podem ser aplicadas na gestão de projetos de

automação industrial como boas práticas, não necessariamente

se usam todas, depende de cada tipo e tamanho de projeto,

porém com estes conceitos podemos estruturar uma gestão de

ótima qualidade, seguindo padrões internacionais e atingindo

objetivos organizacionais propostos, sugerimos um estudo

complementar.

As disciplinas de gestão, ou áreas do gerenciamento de projeto

estão abaixo listadas, nosso objetivo não é ensinar cada termo

aqui existente, na apresentação há a diretriz básica que deve

ser seguida para cada item, para mais detalhes estudem o

PMBOK.

1. INTEGRAÇÃO – conjunto de conhecimentos para unir

todas as ações e processos do projeto;

2. ESCOPO – conjunto de conhecimentos para elaboração

de requisitos do projeto;

3. TEMPO – conjunto de conhecimentos para elaboração

sequenciamento e cronogramas do projeto;

4. CUSTOS – conjunto de conhecimentos para gestão dos

custos e orçamento do projeto;

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5. QUALIDADE – conjunto de conhecimentos para

definições e medições da qualidade do projeto;

6. PESSOAS – conjunto de conhecimentos para gestão de

recursos humanos do projeto;

7. COMUNICAÇÕES – conjunto de conhecimentos para

organizar todas informações dos interessados no

projeto;

8. RISCOS – conjunto de conhecimentos para análise e

mitigação dos riscos do projeto;

9. COMPRAS – conjunto de conhecimentos para gestão dos

suprimentos do projeto;

10. ENVOLVIDOS – conjunto de conhecimentos para gestão

das partes interessadas no projeto.

A utilização de técnicas para gestão de projetos, levam

empresas de implantação e clientes que adquirem sistemas

com padrões de administração de projetos mínimos, a obterem

benefícios que podemos relacionar abaixo, por ordem de

ganhos:

1. Aumento do comprometimento com objetivos e

resultados;

2. Disponibilidade de informações para tomada de

decisões;

3. Aumento de integração entre as áreas;

4. Melhoria da qualidade nos resultados do projeto;

5. Aumento da satisfação dos clientes interno / externo;

6. Melhoria do entendimento quanto aos benefícios;

7. Melhoria na otimização de competência de pessoas;

8. Melhoria no controle dos riscos do projeto;

9. Redução nos prazos de entrega;

10. Aumento da produtividade;

11. Redução nos custos relacionados ao projeto.

Fizemos abaixo uma lista com os 10 principais passos para

gerenciar projetos de automação industrial, é uma lista que

contempla técnica e experiência aplicada, você pode adaptar

de acordo sua realidade, siga um modelo mínimo, isso ajudará

e obter resultados consistentes:

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1. Recebendo o Termo de Abertura do Projeto, foque no

Escopo, Tempo e Custo do Sistema, faça uma reunião

de Kick-off com todos envolvidos, defina e acerte todos

detalhes;

2. Entenda que um Projeto é estruturado em Inicialização,

Planejamento, Execução, Controle e Encerramento,

documente tudo;

3. Monte seus Formulários de acordo com cada Disciplina,

abuse do Planejamento, se possível use uma ferramenta

em rede na Internet;

4. Envolva a equipe, projetos são Resultados Gerados por

Pessoas, defina as entregas em conjunto com os

envolvidos, escute;

5. Se possível, estabeleça um Gerente de Projetos, que

tenha liderança e conhecimento do negócio,

principalmente para o Controle e Risco, dê poderes;

6. Em automação, na fase de Planejamento, estruture

todos os TAG´s do projeto, crie uma hierarquia e dê

endereços para tudo, de equipamentos até cabos,

seguindo a ISA 5.1;

7. Use Check List para tudo, de projetos a compras, de

tarefas a entregas, envolva os responsáveis por cada

setor, faça pequenas entregas;

8. Faça contingências de tempo e custo, na mesma

proporção do Risco, envolva o cliente e mostre a

mitigação, tenha sempre um plano B;

9. Caso o projeto seja muito complexo e grande, use uma

empresa de Diligenciamento e busque apoio jurídico nas

fases de planejamento e execução;

10. Na contratação de empresas terceirizadas, treine a

equipe nos requisitos da gestão do projeto, isso alinhará

as entregas e evitará conflitos com o cliente final, que

são de responsabilidade da empresa contratada.

E se algo der errado? Você fez todo o planejamento,

aplicou, mas por algum motivo as coisas não caminharam

muito bem, podendo comprometer o trabalho, abaixo

listamos de uma forma simplificado os principais problemas

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e sugestões para iniciar um trabalho de soluções de

problemas na gestão:

1. CORRIGINDO A ROTA

a. Quando pequenos imprevistos alteram a rota

do projeto;

b. Faça uma análise corretiva, um plano de

tarefas de correção;

c. Solicite autorização e aplique o plano,

monitore a ação.

2. PLANOS EMERGENCIAIS

a. As vezes ocorrem problemas maiores que

podem comprometer o resultado;

b. Faça um levantamento dos limitadores

(problemas 5 no máximo);

c. Faça um plano de reversão com ações,

recursos, cronograma e equipe;

d. Solicite autorização e aplique o plano,

monitore a ação.

3. CRISE EM PROJETOS

a. Um projeto entra em crise quando pode não

ser concluído por algum motivo;

b. Faça um levantamento e defina, se haverá

continuidade ou cancelamento;

c. Caso haja continuidade, faça um Plano de

Recuperação usando equipe de Recuperação,

Tarefas Imediatas, Riscos e Contingências,

indicador de Retomada de Rota;

d. Solicite autorização e aplique o plano,

monitore a ação.

Todos estes conceitos são uma formatação para aplicar em

projeto com uma determinada envergadura, onde envolvem

muitas pessoas e muitos equipamentos, projetos médios e

grandes, talvez seja um pouco difícil de dimensionar para

aplicar uma ou outra ferramenta, porém caso você tenha um

pequeno projeto, por exemplo, automatizar uma pequena

máquina, dificilmente você usará todo esse roteiro, todavia, é

muito importante um planejamento e controle mínimos, para

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isso sugerimos o modelo CANVAS, que é muito rápido, simples

e eficaz.

A gestão de projeto é uma técnica que está em todas ás áreas,

de pessoas, negócios, indústria e governo, logo algumas

tendências são visíveis que já estão ocorrendo, listamos abaixo

algumas importantes, para serem observadas:

Gestores técnicos com conhecimento formal em gestão

de projetos;

Departamento de gerenciamento de projetos obrigatório

para negociação e contratos com clientes;

O gerenciamento de projetos estabelecer regras que

conectem projetos de negócios com as estratégias da

empresa;

Concluímos que projetos sempre existiram, o que aconteceu foi

uma evolução sem precedentes nos conceitos de gestão

destes, além da formalização, a quantidade de conhecimento

disponível para o atingimento de metas a que se propõe os

projetos, entregando sistema com alta eficiência e atingindo

objetivos organizacionais como estratégia competitiva para os

negócios.

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11 MÁRCIO VENTURELLI

SOBRE O AUTOR

ABR/2015 - R0

Márcio Venturelli trabalha no mercado de

automação industrial há 20 anos, tendo atuado

em diversos departamentos, tais como,

assistência técnica, treinamentos,

comissionamento, projetos, engenharia,

marketing e negócios.

Trabalhou em diversos projetos de implantação

de sistemas de automação de plantas de

bioenergia, transformação e manufatura, no

Brasil e no exterior.

Atualmente trabalha em desenvolvimento de

mercados e tecnologia, com foco em soluções

de sistemas de automação industrial, tendo

como diretrizes viabilidades técnicas e

financeiras, otimização e gestão industrial.

É professor universitário de pós-graduação de

automação industrial e gerenciamento de

projetos.

Membro Sênior da ISA (Sociedade Internacional

da Automação) e Presidente da Seção ISA

Sertãozinho-SP, Membro do PMI-SP (Instituto

de Gerenciamento de Projetos), Diretor de

Safety Bus da PI (Associação Profibus/Profinet

Internacional) e Coordenador do Comitê de

Automação Industrial do CEISE Br.

Graduado em Ciência da Computação –

Especialista em Automação Industrial, Pós-

Graduado em Gestão Industrial e Petróleo e

Gás. MBA em Estratégia de Negócios.

E-mail: [email protected]

http://about.me/marcio.venturelli