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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE ANA ROSELI VALENGA PROFESSORAS CÉLIA KACZAROUSKI SCHON 2008 1 avaliar aprender ensinar

1 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED … · determinam o modelo de educação e de escola que se tem. ... aluno e o professor ... Paulo Freire. Moacir Gadotti Rubem Alves

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEEDSUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

ANA ROSELI VALENGA

PROFESSORAS

CÉLIA KACZAROUSKI SCHON

2008

1

avaliar

aprender

ensinar

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Secretaria de Estado da EducaçãoSuperintendência da Educação

Departamento de Políticas e Programas EducacionaisCoordenação Estadual do PDE

Universidade Estadual do Centro-Oeste

CADERNO PEDAGÓGICO

IRATI2008

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Para permanecer vivo, educando a paixão, desejos de vida e de morte, é preciso educar o medo e a coragem.Medo e coragem em ousar. Medo e coragem em assumir a solidão de ser diferente.Medo e coragem de romper com o velho.Medo e coragem em construir o novo.

Madalena Freire

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SUMÁRIO

IDENTIFICAÇÃO 2

ÁREA 2 PROFESSORAS PDE 2 PROFESSOR ORIENTADOR 2 IES E NRE 2 ESCOLAS DE IMPLEMENTAÇÃO 2 PÚBLICO ALVO 2

APRESENTAÇÃO 3

UNIDADES

1 OS CAMINHOS DA ESCOLA E A PRODUÇÃO DO SABER 4 2 AVALIAÇÃO E COMPROMETIMENTO COM O ENSINO E A

APRENDIZAGEM 18 3 AVALIAR PARA ENSINAR 21 4 A AVALIAÇÃO À LUZ DA LEGISLAÇÃO 25 Recuperação de Estudos 29 5 RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO 35 6 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITOS E ATRIBUIÇÕES 41 7 CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS DA PRÁTICA AVALIATIVA 46 8 PARA QUE AVALIAR? 50

CONSIDERAÇÕES FINAIS 55

REFERÊNCIAS 56

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IDENTIFICAÇÃO

Professoras PDE:

• Ana Roseli Valenga

• Célia Kaczarouski Schon

Área PDE: Pedagogia

NRE: Irati

Professor Orientador IES: Maria Rita Kaminski Ledesma

IES vinculada:UNICENTRO

Escolas de Implementação:

• Colégio Estadual João XXIII – Ensino Fundamental, Médio e

Profissionalizante

• Colégio Estadual Barão de Capanema – Ensino Fundamental, Médio e

Profissionalizante.

Público: Direção, Pedagogos e Professores

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APRESENTAÇÃO

AVALIAÇÃO NUMA DINÂMICA QUALITATIVA

O Caderno Pedagógico constituí-se em um material didático de

intervenção/implementação pedagógica, fazendo parte de uma das

atividades realizadas pelos professores PDE. A Implementação dessa

produção pedagógica acontecerá nos Colégios Estaduais João XXIII

localizado na cidade de Irati e Barão de Capanema no município de

Prudentópolis, prevista para o primeiro semestre do ano de 2009, foi

elaborada pelas professoras, Ana Roseli Valenga e Célia Kaczarouski Schon,

sendo orientadas pela professora Drª. Maria Rita kamiski Ledesma da

Universidade do Centro Oeste – UNICENTRO.

Este material contém oito unidades teóricas e sua abordagem

está centrada no tema “Avaliação da Aprendizagem”. Cada unidade propõe

a leitura de textos e Sugestões de atividades a serem desenvolvidas pelos

Diretores, Pedagogos e Professores dos respectivos colégios com o intuito

de debater e refletir sobre o tema, as atividades serão acompanhadas e

avaliadas durante a implementação do Projeto.

O objetivo deste material didático é o aprofundamento teórico

sobre o objeto de estudo, visando uma melhor compreensão acerca do ato

de avaliar numa dinâmica qualitativa, uma reflexão capaz de redimensionar

o olhar do professor, provocando mudanças na sua prática, melhorando o

ensino e a aprendizagem e proporcionando aos alunos uma escola mais

justa e emancipadora.

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UNIDADE 1

OS CAMINHOS DA ESCOLA E A PRODUÇÃO DO SABER

...não existe prática sem teoria, como também não

existe teoria que não tenha nascido de uma prática, porque o

importante é que a reflexão seja um instrumento dinamizador

entre prática e teoria. Porém, não basta pensar, refletir, o

crucial é fazer com que a reflexão nos conduza à ação

transformadora, que nos comprometa com nossos desejos,

nossas opções, nossa história.

(Madalena

Freire)

Com certeza, todos já nos demos conta das inúmeras

transformações que ocorreram na sociedade, na economia e na cultura,

principalmente como aconteceram de forma mais acelerada nas últimas

décadas.

Muitas atividades foram extintas e outras tiveram que se

readequar ou se transformar, por conta do avanço tecnológico e industrial,

acompanhando tais mudanças.

Essas e outras mudanças alteraram o mundo do trabalho e as

relações sociais.

Assista o filme Tempos Modernos

Direção e elenco: Charles Chaplin

(Clássico, Comédia. EUA, 1936, 87 min. P&B, Mudo)

e reflita:

• Como era o sistema de trabalho neste contexto?

• O que cabia ao operário?

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• Era possível ao operário ter uma visão do todo? (planejamento,

execução e avaliação da produção)

A partir da década de 80, a concorrência, a globalização e

consumidores mais exigentes fazem com que as empresas revejam seus

modelos, considerando a relação existente entre produtividade e fator

humano, buscando estabelecer relações paradigmáticas mais solidárias,

mais centradas nas transformações de atitudes, e apostando na produção

mais responsável.

A própria sociedade demorava muito para mudar seus conceitos, e

hoje isto ocorre rapidamente.

Observe as imagens a seguir, elencando algumas mudanças de

conceitos, hábitos e posturas que ocorreram na sociedade.

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Imagens: Portal dia-a-dia-educacao http:// www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

Como você percebe estas questões no entorno da sua vida?

Como você percebe estas questões na escola?

As mudanças também permeiam o contexto escolar e não podemos

andar na contramão, é preciso pois, que lutemos por uma escola viva, onde

educandos e educadores sejam envolvidos na educação, onde dados de

suas vivências sejam refletidos e analisados, procurando investigar ou

resgatar o que o aluno já sabe sobre o conteúdo, para situá-lo no tempo e

no espaço, onde a escola será o lugar de ampliação do conhecimento, lugar

de pensar, de construir e lugar onde se estimule uma modificação intima de

cada ser humano.

Sabe-se que a educação é um fenômeno próprio dos seres humanos. Assim sendo, a compreensão da natureza da educação passa pela compreensão da natureza humana. (Saviani, 2008, p.11)

Assista ao filme: Quanto vale ou é por quilo?

Drama, Brasil, 2005, 104min.

Direção: Sérgio Bianchi.

O filme conta várias histórias, com vários personagens, algumas

ambientadas no século XVII e outras no momento atual, demonstrando

que o ser humano foi e é sempre o mesmo, porém, pode agir de formas

diferentes.

Fazendo uma relação com o trabalho educativo, reflita:

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Qual é o papel da escola no sentido de formar um aluno crítico, com

conhecimento para agir no mundo com responsabilidade, sem ser

explorado?

E as ações da escola hoje? São socialmente responsáveis?

Que alunos queremos formar? Como esta questão está contemplada

no Projeto Político Pedagógico da sua escola?

E quais as ações coletivas são postas em prática, para que isto

aconteça?

Em sala de aula, que momentos são proporcionados ou quais

práticas pedagógicas contribuem para que o aluno possa alcançar tais

objetivos?

Educação, em seu sentido pleno e rigoroso, consiste no processo pelo qual o ser humano constrói sua personalidade humano-social pela apropriação do saber produzido historicamente. (PARO,2003.p.29)

Precisamos reconhecer que nem todo saber é saber escolar. Na vida

em sociedade, recebemos dia-a-dia uma gama de informações, que nem

sabemos se daremos conta de processá-las, pois as absorvemos, e muitas

vezes nem percebemos, visto que impregnam nosso ambiente, até mesmo

sem querer ou aguçados pela nossa curiosidade (internet, TV, jornais,

revistas, outdoors, etc.).

O que mais nos envolve hoje, segundo Snyders é a cultura de massa.

Se as crianças, os adolescentes, os jovens têm acesso ilimitado a múltiplas

informações, ainda existe lugar para a escola?

Snyders (citado por Gadotti, 1994, p.84) não desvaloriza a cultura de

massa, mas mostra o quanto ela é insuficiente. Essa cultura primeira

promete muito, mas cumpre pouco do que promete. Ela necessita de um

prolongamento na cultura elaborada. A cultura elaborada pode, melhor que

a cultura primeira, atingir os objetivos e a satisfação da cultura primeira, a

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cultura do cotidiano, a cultura de massa deixa insatisfações que só a cultura

elaborada pode preencher.

Saviani (2008, p.103) diz que “na sociedade atual já não é possível

compreender a educação sem a escola, porque a escola é a forma

dominante e principal de educação.” (Saviani, 2008, p.103)

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Então, qual é a função da escola?

A sala de aula, com todas as limitações, continua sendo um lugar de possibilidades. Nesse campo de possibilidades, temos a oportunidade de trabalhar pela liberdade, de exigir de nós mesmos e de nossos colegas uma abertura de mente e de coração que nos permita enfrentar a realidade no mesmo momento em que, de forma coletiva, imaginamos formas de ir além dos limites, para ultrapassá-los. Isso é educação como prática de liberdade. (Bell Hooks citado por SANTOMÉ,2003, p.215).

Está bem claro na Constituição Federal de 1988 o direito à igualdade e

o direito de todos à educação, visando o pleno desenvolvimento da pessoa

e o seu preparo para o exercício da cidadania.

Se existe a universalização do direito ao ensino, a luta da escola está

em oportunizar a qualidade da aprendizagem a todos os alunos, que vise

garantir a permanência do aluno na escola, com êxito e sucesso, pensando

no aluno não apenas como ponto de partida, mas como o alvo da educação,

no sentido de que se aproprie de aprendizagens significativas e que

construa conhecimentos.

Luckesi (1996) diz que o conhecimento é a explicação/elucidação

da realidade e procede do empenho que parte do ser humano de investigar

para descobrir aquilo que ainda não conhece, que não está compreendido

ainda. Só depois de compreendido em seu modo de ser é que algo pode ser

considerado conhecido. Adquirir conhecimentos não é compreender a

realidade retendo informações, mas utilizando-se destas para desvendar o

novo e progredir, porque quanto mais competente for o entendimento do

mundo, mais satisfatória será a ação do sujeito que a detém.

A educação sempre esteve presente na sociedade, apresentando-se

das mais diversas maneiras considerando-se o momento histórico e o

contexto das pessoas.

A prática pedagógica está na relação direta com os resultados do

processo educativo, sendo assim, os profissionais da educação necessitam

de estudos que proporcionem alcançar uma visão da realidade da escola e

das variáveis que interferem nos resultados, subsidiando a construção de

uma prática pedagógica mediadora entre o saber comum e o saber

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10científico, possibilitando ao aluno fazer uma leitura crítica da realidade,

atuando de maneira responsável como agente transformador.

Para tanto, é necessário conhecer o percurso da educação,

identificando as problemáticas existentes na escola, percebendo que a

prática pedagógica não é neutra, mas influenciada por ideologias que

determinam o modelo de educação e de escola que se tem.

Nome da Tendência

PedagógicaPapel da Escola Conteúdos Métodos

Professorx

alunoTeóricos Manifestações

Avaliação

Pedagogia Liberal

Tradicional.

Preparação intelectual e moral dos

alunos para assumir seu

papel na sociedade.

Conteúdos enciclopédicos repassados aos

alunos como verdades absolutas.

Expositivo, demonstração

verbal da matéria e / ou por meios de

modelos.

Professor autoritário que

transmite o conhecimento. o aluno é passivo,

receptivo e submisso.

Johann Friedrich Herbart

Predomínio até 1930

Classificatória.Ênfase na memorização. O

aluno deve reproduzir na íntegra o que foi

ensinado.

TendênciaLiberal

Renovadora não-diretiva

(Escola Nova)

Auto desenvolvimento e realização

pessoal.

De acordo com o interesse e experiências

do aluno.

baseado na facilitação da

aprendizagem.

centralizada no aluno e o professor

intervém o mínimo possível,

a fim de não inibir o aluno.

Rosseau

Carl Rogers

Educação centrada no aluno

Prática pedagógica autoritária

Aprender a fazer fazendo. Aprender a pensar, pensando.

TendênciaLiberal

Tecnicista.

É modeladora do

comportamento humano .

Prepara para o mercado de

trabalho

Auto-instruções que

objetivam a competência

técnica.

Transmissão e recepção de informações.

Relação objetiva onde o professor

transmite informações e o aluno vai fixá-

las.

Skinner

GagnéBloomCosete Ramos

Surge em meados da

década de 50, é introduzida efetivamente no final dos

anos 60

Leis 5.540/68 e

5.692/71.

No final do processo, verificando se

atingiram o desejado.

Tendência Progressista Libertadora

Não atua em escolas, porém

visa levar professores e

alunos a atingir um nível de

consciência da realidade em que vivem na

busca da transformação

social.

Temas geradores. Práxis

Sujeitos que participam ativamente do processo

Paulo Freire.

Moacir GadottiRubem Alves

1ª experiência: Movimento de Cultura Popular (recife-1964) Educação de adultos

Círculo de cultura

Emancipadora

Compromisso assumido com o grupo e com a prática social

Tendência Progressista Libertária.

Transformação da

personalidade num sentido libertário e

autogestionário.

As experiências

vividas no grupo são

consideradas como

conhecimento

Vivência grupal

não é diretiva, o professor é orientador

C. Freinet LobratMiguel GonzalesArroyo.

Antiautoritarismo e

autogestão

Não tem relação com os conteúdos.

Considera as situações vividas

Tendência Progressista

Espaço responsável

Conteúdos culturais

O método parte de uma

Ambos são sujeitos ativos no

Demerval Saviani

Marco teórico:1979Interação entre conteúdo e

Emancipadora

Diagnóstica e

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"crítico social

dos conteúdos

ou "histórico-

crítica"

pela apropriação do saber elaborado

universais que são

incorporados pela

humanidade frente à

realidade social.

relação direta da experiência

do aluno confrontada com o saber

sistematizado.

processo. O Professor direciona,

criando situações de

aprendizagem.

Jamyl CuryGaudêncio FrigottoLuiz Carlos FreitasJosé Carlos LibâneoMarx, Gramsci, Snyders, Manacorda, Makarenko, Suchodolski

realidade

contínua.Pressupõe tomada de decisão.

A visão pedagógica preconizada nas Diretrizes Curriculares Estaduais

aponta como base a concepção da pedagogia histórico-crítica:

[...] É nessa escola de resistência que se crê, e é nela que reside a intencionalidade da dimensão pedagógica, cuja definição está no esclarecimento de ações educativas e de seu papel, e que possibilitem a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Uma escola cuja supremacia é o trabalho com o conhecimento escolar. Conhecimento este, que é específico, advindo da produção intelectual dos homens, mas que serve para possibilitar também o conhecimento amplo, elaborado na ação humana coletiva, numa teia de relações sociais, as quais geram novas necessidades de reflexões e elaborações teórica (Arco-Verde, 2007, p.2)

A pedagogia histórico-critica, tem seu marco em 1979, como reação às

Pedagogias:

Não críticas: visam à manutenção do “status quo”. (tradicional,

escola nova e tecnicista)

Crítico reprodutivistas: demandam não ser possível compreender a

educação senão a partir de seus condicionantes sociais. O caráter

reprodutivista inviabiliza uma proposta pedagógica vinculada ao interesse

da classe trabalhadora:

• Escola como Aparelho Ideológico do Estado, de Louis Althusser; “O

Aparelho Ideológico do Estado, que foi colocado em posição

dominante nas formações capitalistas maduras, após uma violenta

luta de classes política e ideológica contra o antigo Aparelho

ideológico de Estado dominante, é o Aparelho Ideológico Escolar.”

(Althusser, apud Saviani, 1987, p.22).

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12• Teoria da reprodução (Sistema de ensino enquanto violência

simbólica), de Pierre Bourdieu e J. C.Passeron – violência simbólica

é a idéia que fundamenta esta teoria, por entender que: “Sobre a

base da força material e sob sua determinação erige-se um

sistema de relações de força simbólica cujo papel é reforçar, por

dissimulação, as relações de força material” (Saviani, 1987, p.22)

• Escola Dualista de Baudelot e Establet) – a escola é dividida em

duas redes: Rede PP (primário-profissional), destinada aos

trabalhadores e Rede SS (secundário-superior), destinada à

burguesia. A escola é um aparelho ideológico da burguesia e está a

serviço de seus interesses.

O objetivo pedagogia histórico-critica é retomar a crítica e a dialética

no discurso pedagógico, prejudicado nas tendências anteriores, como nas

pedagogias não críticas, ou por não se completarem nas teorias crítico

reprodutivistas.

Essa pedagogia apresenta contribuições da visão dialética,

especificamente na versão do materialismo histórico, tendo intensa relação

quanto às suas bases psicológicas, com a psicologia histórico-cultural

desenvolvida pela “Escola de Vigotski”.

A pedagogia Histórico-Crítica se orienta por um modelo de sujeito

que supera o estado de alienação. Trata-se da pessoa onilateral, formada

pelo princípio da politecnia: forma para o trabalho, para a crítica e para a

estética.

Saviani aponta que a Pedagogia Histórico-Critica tem contribuições

de Marx e que tal teoria afirma-se sobre uma base histórica e historicizante

e que é possível afirmar que pode ser considerada sinônimo de Pedagogia

da dialética, mas, que a partir de 1984, optou pela denominação Histórico-

Crítica pelo fato do termo Pedagogia da Dialética ser entendida com

diversas conotações

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13 [...] o que eu quero traduzir com a expressão pedagogia

histórico-crítica é o empenho em compreender a questão educacional com base no desenvolvimento histórico objetivo. Portanto, a concepção pressuposta nesta visão da pedagogia histórico-crítica é o materialismo histórico, ou seja, a compreensão da história a partir do desenvolvimento material, da determinação das condições materiais da existência humana. No Brasil, esta corrente pedagógica firma-se, fundamentalmente, a partir de 1979.(Saviani, 2008, p.88)

Saviani (2008) esclarece que para pedagogia histórico-crítica,

educação é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo

singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo

conjunto dos homens.

A educação constitui-se um dos principais mecanismos de

transformação e é papel da escola, de forma democrática e comprometida,

atuar com vistas à formação do ser humano na sua integridade, abrindo

caminhos para a ampliação da cidadania, valorizando a cultura de sua

própria comunidade e ao mesmo tempo, ultrapassando estes limites,

propiciando aos alunos acesso ao saber sistematizado.

Para Saviani (2008, p.14) saber sistematizado não se trata de

qualquer tipo de saber. A escola diz respeito ao saber elaborado e não ao

conhecimento espontâneo; ao saber sistematizado e não ao saber

fragmentado; à cultura erudita e não à cultura popular.

Esta questão pode ser assim representada:

SENSO COMUM CONHECIMENTO CIENTÍFICO SABEDORIA

Do Grego: DOXA EPISTEME SOPHÓI

DOXA (senso comum) – o indivíduo aprende muitas coisas, mas

ainda está preso a algumas idéias que não correspondem à realidade, isto

sem clareza.

EPISTEME (conhecimento científico) – onde se consegue perceber o

que acontece no mundo, é o saber sistematizado.

SOPHÓi (sabedoria) – o indivíduo consegue diferenciar o bem do mal

e tem conhecimento para agir no mundo, sem ser explorado.

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14

A experiência anterior do aluno é o ponto de partida para o ensino,[..]) é conhecer o que ele já sabe [...] é colocar ele na roda da conversa para aprender, é no mínimo colocar o aluno diante do campo das interações possíveis com o conhecimento, pois os alunos aprendem pela vivência, pela reflexão, pela crítica, dizem eles que esse conhecimento possibilita contextualizar o saber escolar, favorece as interações em aula, a aproximação do aluno com o conhecimento científico. No entanto, a aprendizagem do saber escolar não significa a descrição do saber da experiência, [...] é preciso ir além, buscar a compreensão do conhecimento e de sua sistematização. E ainda, [...] refletir sobre a experiência é explicitar o processo realizado [...] é descobrir o significado, é desvelar as relações. O primeiro momento de uma ação, ou seja, o uso mecânico do corpo, não produz necessariamente, a cognição, o sujeito apenas sente o que aconteceu. É na reflexão sobre o acontecimento [...] é na tomada de consciência, que o conhecimento é produzido. (ROMANOWSKI, 2006, p.2-6.)

A pedagogia Histórico-Crítica se empenha na defesa da

especificidade da escola, ligada à questão do conhecimento. É preciso

resgatar a função da escola e reorganizar o trabalho educativo.

[...] situar a especificidade da educação como referida aos conhecimentos, idéias, conceitos, valores, atitudes, hábitos, símbolos sob o aspecto de elementos necessários à formação da humanidade em cada indivíduo singular, na forma de uma segunda natureza, que se produz, deliberada e intencionalmente, através de relações pedagógicas historicamente determinadas que se travam entre os homens” (Saviani, 2008, p.22)

Saviani (2008) chama a atenção para que as funções clássicas da

escola (em se falando de currículo escolar) não sejam submergidas, ou a

escola perde sua especificidade, pois, por vezes, acaba-se por inverter o

sentido da escola em questões secundárias, como por exemplo:

comemorações, os chamados temas transversais ou outras atividades

extracurriculares, visto que tais atividades só fazem sentido quando vem

enriquecer as atividades curriculares e não substituí-las.

A Pedagogia histórico-crítica apresenta cinco passos para se

trabalhar com o educando e, Com ênfase em Gasparin, No título Uma

Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica, descrevemos a seguir,

resumidamente, os cinco passos da teoria:

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151º passo: Prática social inicial - o que é comum ao professor e aluno,

sendo a bagagem cultural que ambos trazem de sua realidade para a

escola. Saviani, apud Gasparin, ao explicitar o primeiro passo de seu

método pedagógico afirma ser ele o ponto de partida de todo o trabalho

docente. Este passo consiste no primeiro contato que o aluno mantém com

o conteúdo, ou seja, uma visão do senso comum, onde evidencia sua

compreensão no contexto do conteúdo, ao mesmo tempo em que é

provocado, mobilizado, sensibilizado, mobilizado a dizer o que gostaria de

saber a mais sobre o assunto.

2º passo: A problematização - “Trata-se de detectar que questões

precisam ser resolvidas no âmbito da prática social e, em conseqüência que

conhecimento é necessário dominar.” (Saviani, 1987, p.80)

A problematização é o elemento chave na passagem

prática/teoria, saber comum/cultura elaborada. É fundamental para o

encaminhamento de todas as atividades docentes-discentes, no processo

de construção do conhecimento, é transformar o conteúdo em desafios.

Segundo Vasconcellos (1993, p.70) citado por Gasparin (2007,

p.35), “na origem do conhecimento está colocado um problema (oriundo de

uma necessidade)”.

3º passo: A instrumentalização - esta fase, segundo Saviani (1991,

p.103) consiste na apreensão, “dos instrumentos teóricos e práticos

necessários ao equacionamento dos problemas detectados na prática social

[...]. Apud Gasparin (2007, p.54), trata-se da apropriação pelas camadas

populares das ferramentas culturais necessárias à luta que travam

diuturnamente para se libertar das condições de exploração em que

vivem”. Nesta fase, dá-se especial ênfase na importância da intervenção

do professor, necessária à real construção conjunta do conhecimento nas

dimensões científica, social e histórica. Consiste em realizar as operações

mentais de analisar, confrontar, criticar, levantar hipóteses, classificar,

conceituar, debater, explicar, etc. Na instrumentalização o educando e o

educador efetivam o processo dialético de construção do conhecimento que

vai do empírico ao abstrato chegando, assim, ao concreto, ao realizável.

4º passo: A Catarse que é a incorporação dos instrumentos

culturais, transformando agora em elementos ativos de transformação

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16social. Segundo Saviani (1987 p.80-81), “o momento cartático pode ser

considerado como o ponto culminante do processo educativo, já que é ai

que se realiza pela mediação da análise levada a cabo no processo de

ensino, a passagem da síncrese à síntese”. É o arremate de todo um

trabalho, mas que continuará em permanente construção, através dos

tempos e de novos conhecimentos.

5º passo: A prática social final - é a nova postura que o educando

deve assumir perante a sociedade. Conforme Saviani (1999, p.82), a prática

social inicial e final é a mesma, embora não o seja. É a mesma enquanto se

constitui “o suporte e o contexto, o pressuposto e o alvo, o fundamento e a

finalidade da prática pedagógica. E não é a mesma, se considerarmos que o

modo de nos situarmos em seu interior se alterou qualitativamente pela

mediação da ação pedagógica”. [...]

E proteger a escola, resgatando e valorizando a sua real função e a sua importância, é necessário?

Há interesses divergentes em relação à importância da escola?

Qual a saída proposta pela Pedagogia Histórico - Crítica?

A escola tem como função instrumentalizar o aluno para

compreender e atuar na realidade, com vistas à formação de um ser

histórico, criador, crítico e transformador.

O nosso compromisso, enquanto escola, com a educação diz respeito

à qualidade do ensino e da aprendizagem, porém um dos entraves dos

aspectos qualitativos da educação é a concepção da avaliação somente

como sinônimo de desempenho escolar traduzido em notas ou conceitos.

Sugestão de leitura (algumas):

SAVIANI, D. Escola e Democracia. Campinas, São Paulo, Cortez:

Autores Associados.

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17

________. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações.

Campinas-SP, Autores Associados.

GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-

crítica. Campinas, SP, Autores Associados..

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18UNIDADE 2

AVALIAÇÃO E COMPROMETIMENTO COM O ENSINO E A APRENDIZAGEM:

uma discussão necessária para a construção de uma avaliação comprometida com a melhoria do processo ensino-aprendizagem.

Um dos grandes problemas, que dificulta a questão da avaliação do rendimento escolar, é se pensar que a avaliação é um capítulo especial no processo de aprendizagem, fazer com que o ensino se viabilize em função própria da avaliação. quando, na verdade, a avaliação no palco da educação é um ator coadjuvante. a avaliação é apenas a decorrência de um processo normal de aprendizagem.

Celso Antunes

É comum o termo avaliação ser associado como determinar ou

calcular o valor de alguma coisa, expressando juízo de valor, mesmo que

esse juízo de valor não seja enunciado, fique no interior das pessoas, ele

está presente e afeta decisivamente no modo de agir e nas convicções do

ser humano.

Em nosso convívio social, mesmo sem termos plena consciência disto,

a todo momento somos avaliados e também estamos avaliando, por exemplo,

nas opiniões que emitimos sobre os fatos e as pessoas e também estamos

constantemente nos auto-avaliando, revendo nossas ações, de modo a decidir

sobre a sua continuidade, transformações ou até mesmo a cessação das

mesmas.

Avaliar é julgar ou fazer uma apreciação de alguém ou alguma coisa, tendo como base uma escala de valores ou interpretar dados quantitativos e qualitativos para obter um parecer ou julgamento de valor, tendo por base padrões ou critérios. (HAYDT, 1988, p.10)

Analisando por este ângulo, percebemos que a avaliação faz parte do

nosso dia-a-dia, faz parte das ações humanas e exerce um papel importante

no desenvolvimento pessoal, tendo uma dimensão formadora, que promove o

desenvolvimento do ser humano.

Nesse caso, ela adquire também uma dimensão criadora, permitindo

que o indivíduo descubra o novo, construa, reinvente e elenque hipóteses.

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19A partir desse entendimento, no campo da educação, a avaliação da

aprendizagem se reveste de grande importância no sentido do seu valor

pedagógico que é o de fornecer informações das ações do presente

(diagnóstico) e as possibilidades das ações do futuro, com vistas às práticas

que precisam ser redimensionadas, avaliando conjuntamente a organização

do trabalho pedagógico: conteúdos, metodologia, interação docente-aluno,

aluno-aluno e o próprio sistema de avaliação – avaliação da avaliação.

A avaliação não é um processo isolado, ela está imbricada ao

processo de formação do aluno. É impossível concebermos o processo de

ensino-aprendizagem sem incluirmos na discussão o ato de avaliar, muitas

vezes permeado de práticas conservadoras que são excludentes e

classificatórias.

A avaliação da aprendizagem escolar é muito mais do que

atribuir notas ou conceitos, ela deve contribuir para a análise reflexiva da

própria prática do professor, pois através avaliação percebe-se os estágios

de aprendizagem dos alunos, seus avanços, suas potencialidades e

limitações e de posse dos resultados apresentados também é possível

avaliar o trabalho do professor e a partir daí ajustar o Plano de Trabalho

Docente, de modo a favorecer a aprendizagem, pois o ensino não pode ser

visto como uma transmissão linear de conteúdos numa relação professor-

aluno, mas sim, como um processo de construção de significados, sendo

que a avaliação permeia todo o trabalho pedagógico, desde seu

planejamento até sua execução, coletando dados e reorientando a

intervenção didática.

Para Demo (2004), o sentido da avaliação é cuidar da aprendizagem

dos alunos, porém, o tema avaliação, embora bastante discutido, é bastante

polêmico, acompanhado de dúvidas e incertezas e até de incoerências. E,

no entanto, é um processo crucial para a vida de quem está sendo avaliado

e de quem avalia.

Hoffmann (2001) coloca que nunca se falou tanto em avaliação e tão

pouco em aprendizagem. Não podemos pensar a avaliação como uma ação

isolada, à parte no processo ensino-aprendizagem, é urgente inseri-la no

processo, compreendendo o processo de avaliação escolar e sua

importância no tocante ao ato educativo.

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20

Sugestão de leitura: Autores:

ANTUNES, C.

DEMO, P.

HOFFMANN, J.

LUCKESI, C.C.

VASCONCELLOS, C.

WACHOWICZ, L.A.

Obs.: vide referências – página 52

Page 25: 1 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED … · determinam o modelo de educação e de escola que se tem. ... aluno e o professor ... Paulo Freire. Moacir Gadotti Rubem Alves

21

UNIDADE 3

AVALIAR PARA ENSINAR

ENSINAR, EU ENSINEI, AVALIAR, EU AVALIEI, E O ALUNO...SERÁ QUE APRENDEU?

Imagem: Portal dia-a-dia-

educacao

httpp\\

www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

A avaliação surge para fazer acontecer a própria qualidade da educação.

Michael Patton

AVALIAR (no passado)

Era entendido como instrumento para medir, comparar, punir,

privilegiando os resultados em detrimento de processo de alcançá-los

O professor era visto como o único responsável para avaliar.

A prova – único instrumento e recurso para o aluno estudar.

Dava-se ênfase às informações memorizadas.

A concepção de avaliação era centrada em provas e exames.

A preocupação estava centrada na aprovação ou reprovação,

conteúdo da prova e notas.

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22Em muitas escolas o conhecimento aparecia como pronto e acabado.

O professor era quem transmitia o conteúdo e a exigência de memorização

tornava o aluno passivo e mero repetidor. O aluno era responsabilizado pelo

seu fracasso ou sucesso de um modo muito parecido como a sociedade

trata o indivíduo. Essa abordagem que isola o aluno é chamada de

classificatória.

É fundamental que a avaliação deixe de ser instrumento de classificação, seleção e exclusão social e se torne uma ferramenta para professores comprometidos com a construção coletiva de uma escola de qualidade para todos. (Esteban, 1999, p.22)

Infelizmente ainda hoje, para muitos alunos, o que se trabalha na

escola representa uma atividade estranha e sem significado. A

aprendizagem é mais fácil e duradoura se os conteúdos trabalhados forem

vivenciados, tendo significado.

Esta situação pode ser percebida na música “Estudo Errado”, de

Gabriel O Pensador

[...]Manhê! Tirei dez na provaMe dei bem tirei um cem e euQuero ver quem me reprovaDecorei toda liçãoNão errei nenhuma questãoNão aprendi nada de bomMas tirei dez (boa filhão)[...]

Sendo a avaliação colocada em favor das aprendizagens, torna-se

uma estratégia pedagógica de luta contra o fracasso escolar, propondo-se a

ser formativa, pois está a serviço do sucesso escolar

A avaliação necessita estar a serviço da aprendizagem dos alunos e

a metodologia da avaliação formativa caracteriza-se por desencadear

aprendizagens, observar e interpretar essas aprendizagens. Deve estar

vinculada ao Projeto político Pedagógico, explícito e construído

coletivamente, pois a avaliação da aprendizagem escolar adquire seu

sentido na medida em que há esta articulação, fazendo um diagnóstico do

trabalho pedagógico que está se desenvolvendo na escola e discutindo

sobre que tipo de escola queremos construir. Hoffmann (2001) coloca que

partimos de uma avaliação a serviço da classificação, seleção, seriação...,

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23rumo a uma avaliação a serviço da aprendizagem do aluno, da formação, da

promoção, da cidadania.

É essencial refletir e perceber que a avaliação faz parte do processo

de aprendizagem, é produto da aprendizagem, é componente do dia-a-dia

da sala de aula, então, como implementar a avaliação de forma a

concretizar-se num processo de acompanhamento, mediação e intervenção

mútua entre ensino e aprendizagem?

Assista ao filme: O Triunfo (The Ron Clark Story, 2006)

» Direção: Randa Haines » Origem: Estados Unidos

» Roteiro: Annie deYoung, Max Enscoe

» Gênero: Drama

» Duração: 120 minutos

Pontue algumas questões em relação ao filme:

• Concepção de avaliação da escola.

• Sentido da avaliação e da recuperação de estudos.

• Encaminhamentos metodológicos.

• Critérios de avaliação utilizados pelo professor.

Pensando na sua escola......

Quais ações estão sendo desenvolvidas ou que

podem ser desenvolvidas, sendo caracterizadas

como práticas significativas, primando pela

qualidade do processo de ensino e de

aprendizagem?

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24• Sugestão de leitura:

Autores:

ANTUNES, C.

DEMO, P.

ESTEBAN, M.T.

HOFFMANN, J.

LUCKESI, C.C.

VASCONCELLOS, C.

WACHOWICZ, L.A.

Obs.: vide referências – página 52

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25UNIDADE 4

A AVALIAÇÃO À LUZ DA LEGISLAÇÃO

A aprendizagem escolar nunca parte do ponto zero. Lev Semenovich Vygostsky

Podemos destacar alguns pontos da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB 9394/96) que vem ao encontro da construção de

uma avaliação comprometida com a qualidade:

Art.12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas

comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:

I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;

IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;

V - promover meios para a recuperação dos alunos de menor

rendimento.

Art.13. Os docentes incumbir-se-ão:

II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta

pedagógica do estabelecimento de ensino;

III - zelar pela aprendizagem dos alunos;

IV- estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor

rendimento.

Art.24

V - A verificação do rendimento escolar observará os seguintes

critérios:

a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com

prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos

resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;

Segundo Luckesi, (2005) a função diagnóstica da avaliação

constitui-se num momento dialético do processo de avançar no

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26desenvolvimento da ação, devendo acontecer de modo a conduzir professor

e aluno ao entendimento dos mínimos necessários, não dos mínimos

possíveis, para que possam participar da vida social, o que significa a

detenção das informações e a capacidade de estudar, pensar, refletir e

dirigir as ações com adequação e saber.

A avaliação contínua e cumulativa ajuda o aluno a aprender,

possibilitando a intervenção do professor “O professor precisa

tirar a limpo todos os dias se seus alunos estão aprendendo,

não só porque isto é de ofício, mas igualmente porque os

dados disponíveis gritam que a aprendizagem é mínima. É

para distribuir este processo de cuidado da aprendizagem do

aluno que a avaliação comparece como procedimento

essencial. (DEMO, 1991, p. 24)

A Deliberação 007/99 do Conselho Estadual de Educação

do Estado do Paraná em seu capítulo I contempla: Da avaliação do

Aproveitamento:

Art. 1º A avaliação deve ser entendida como um dos aspectos do

ensino pelo qual o professor estuda e interpreta os dados da aprendizagem

e de seu próprio trabalho, com as finalidades de acompanhar e aperfeiçoar o

processo de aprendizagem dos alunos, bem como diagnosticar seus

resultados e atribuir-lhes valor.

§ 1º - A avaliação deve dar condições para que seja possível ao

professor tomar decisões quanto ao aperfeiçoamento das situações de

aprendizagem.

§ 2º - A avaliação deve proporcionar dados que permitam ao

estabelecimento de ensino promover a reformulação do currículo com

adequação dos conteúdos e métodos de ensino.

§ 3º - A avaliação deve possibilitar novas alternativas para o

planejamento do estabelecimento de ensino e do sistema de ensino como

um todo.

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27Art. 2º- Os critérios de avaliação, de responsabilidade dos

estabelecimentos de ensino, devem constar do regimento Escolar,

obedecida a legislação vigente.

Luckesi (2005) enfatiza a importância dos critérios, pois a avaliação

não poderá ser praticada sob dados inventados, apesar da definição desses

critérios não serem fixos e imutáveis, modificando-se de acordo com a

necessidade de alunos e professores.

Deve-se levar em conta o saber que o aluno traz consigo, para

conhecê-lo melhor. É a avaliação inicial ou diagnóstica, que promove um

acompanhamento contínuo da aprendizagem, onde se pode perceber o

desenvolvimento do aluno, suas conquistas e dificuldades, sendo de caráter

processual. A partir das constatações, deve-se

criar/redimensionar/implementar o plano de trabalho docente, com o

objetivo de proporcionar ao aluno que o conhecimento torne-se parte de

suas aquisições.

A experiência anterior do aluno é o ponto de partida para o ensino,[...] é conhecer o que ele já sabe [...] é colocar ele na roda da conversa para aprender, é no mínimo colocar o aluno diante do campo das interações possíveis com o conhecimento, pois os alunos aprendem pela vivência, pela reflexão, pela crítica, dizem eles que esse conhecimento possibilita contextualizar o saber escolar, favorece as interações em aula, a aproximação do aluno com o conhecimento científico. No entanto, a aprendizagem do saber escolar não significa a descrição do saber da experiência, [...] é preciso ir além, buscar a compreensão do conhecimento e de sua sistematização. E ainda, [..]) refletir sobre a experiência é explicitar o processo realizado [..]) é descobrir o significado, é desvelar as relações. O primeiro momento de uma ação, ou seja, o uso mecânico do corpo, não produz necessariamente, a cognição, o sujeito apenas sente o que aconteceu. É na reflexão sobre o acontecimento[..]) é na tomada de consciência, que o conhecimento é produzido. (ROMANOWSKI, 2006, p.2-6.)

Como bem falou Sacristán (1998) é imprescindível um esforço por

parte da escola, de seus profissionais e de seus alunos para que não

separemos os tempos – e eu diria também os espaços, os modos e os

sujeitos de ensinar e de aprender. Segundo ele, nesta separação a avaliação

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28desintegra-se da aprendizagem, perdendo seu valor formativo no diálogo

crítico entre professores e alunos.

O Estatuto da Criança e do adolescente – Lei 8069/90, traz:

Art. 53 A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno

desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e

qualificação para o trabalho, assegurando-lhes:

III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer a instâncias

escolares superiores.

Consta da Indicação 01/99 – Conselho Estadual de Educação (CEE – PR)[...] é preciso acrescentar que a avaliação hoje aplica-se não somente ao

nível da aprendizagem do aluno, mas também do aperfeiçoamento do

ensino e da reformulação do currículo. Apresenta-se portanto como um

elemento necessário em diferentes níveis do planejamento, exercendo

nesses níveis a função diagnóstica e formativa. Com isso pretende-se

ultrapassar definitivamente a concepção de avaliação na função de

certificação e seleção que vinha exercendo dentro de um contexto clássico

de ensino cartorial e seletivo”

(Relatora Conselheira Lilian Wachowicz, 1987)

Observe a avaliação da turma e verifique onde os alunos não atingiram os

objetivos, quais e como os conteúdos serão retomados. Informe estes

dados aos alunos.

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29Faça uma avaliação sobre as suas aulas, pedindo a opinião dos seus

alunos.

Qual a concepção de avaliação que vem orientando sua prática docente?

Recuperação de estudos: em busca do sucesso dos alunos na sua

aprendizagem

A avaliação deve acompanhar a aprendizagem do aluno e diagnosticar as causas que interferem no processo de forma positiva ou negativa e, a partir do diagnóstico, reorientar as ações que compõem o trabalho pedagógico. (CRUZ, p. 114)

Percebendo que a aprendizagem não se efetivou de forma plena, é

preciso que o professor busque ações pedagógicas variadas, determinando

o que será revisto, a fim de garantir a efetivação do processo de ensino e de

aprendizagem, criando condições de envolvimento dos alunos nas

atividades, estimulando e fazendo intervenções que produzam

aprendizagens.

Antunes (2002, p.41-42) diz que quando se proclama pelo fim da

cultura da retenção, jamais se propugna por seu extermínio, antes sugere-

se a busca de novos caminhos, a eficiência de sistemas de recuperação

A LDB 9394/96 trata da Recuperação de Estudos:

Art.13. Os docentes incumbir-se-ão:

IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor

rendimento.

Art.24

V - A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao

período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem

disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos.

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30A Deliberação 007/99 – CEE em seu capítulo II discorre sobre a Recuperação

de Estudos:

Art.10. O aluno cujo aproveitamento escolar for insuficiente poderá obter a

aprovação mediante recuperação de estudos, proporcionados

obrigatoriamente pelo estabelecimento.

Parágrafo único – A proposta de recuperação de estudos deverá indicar a

área de estudos e os conteúdos da disciplina em que o aproveitamento dos

alunos for considerado insuficiente.

Art.11. A recuperação é um dos aspectos da aprendizagem no seu

desenvolvimento contínuo, pela qual o aluno, com aproveitamento

insuficiente, dispõe de condições que lhe possibilitem a apreensão de

conteúdos básicos.

§ 1º - O processo de recuperação deverá ser descrito no regimento escolar.

Art.12. O estabelecimento de ensino deverá proporcionar recuperação de

estudos, preferencialmente concomitante ao período letivo, assegurando as

condições pedagógicas definidas no Artigo 1º desta Deliberação.

Art.13. A recuperação de estudos deverá constituir um conjunto integrado

ao processo de ensino, além de se adequar às dificuldades dos alunos.

Parágrafo único – A recuperação de estudos realizada durante o ano letivo

será considerada para efeito de documentação escolar.

Demo, 1991, pronuncia-se, afirmando que o aluno que não aprende

não pode ser empurrado, mas bem cuidado, de tal forma que possa

resgatar suas oportunidades.

Paro, 2003, defende que os estudos de recuperação devem integrar-

se ao processo de ensino e aprendizagem, pois, se a recuperação paralela

for considerada um momento a parte, separada do processo escolar normal,

constituir-se-á mais um remendo do que uma solução, visto que, se os

resultados apontam que parte dos alunos não conseguiu o desempenho

esperado, dá- se- lhe reforço e recuperação. Deve-se tomar medidas que

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31evitem o problema, tornando o ensino efetivamente eficaz, em vez de só

remediá-lo.

Devemos ter claro que, como nos coloca Jussara Hoffmann:

recuperação não é repetição, dizendo que o termo recuperação vem sendo

concebido como repetição, retrocesso, retorno, voltar atrás. Uma prática

que demonstra isto é a repetição de provas ou atividades que já foram

feitas.

De acordo com Vasconcellos (2003) a Recuperação de Estudos

consiste na retomada de conteúdos durante o processo de ensino e de

aprendizagem, permitindo que todos os alunos tenham oportunidades de

apropriar-se do conhecimento historicamente acumulado, por meio de

metodologias diversificadas e participativas.

Quais estratégias o professor pode utilizar como forma de recuperar os conteúdos?

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32Em que sentido esta imagem pode representar a avaliação?

Imagem: Portal dia-a-dia-educacao http:// www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

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33

EDUCAR é criar continuamente,é amanhecer com energias

renovadas, é saber que nada se repete pela simples razão

de que lidamos com gente, e

” gente é outra alegria, diferente das estrelas”

( Caetano Veloso).

Acompanha-mento

Vinculada ao PPP

Dia-a-dia da sala de aula É produto da

aprendizagem

Observar e interpretar

aprendizagens

Redimensionar o

trabalho pedagógico

Desencadear aprendizagens

Intervenção

AVALIAÇÃO

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34

Sugestão de leitura:

Autores:

ANTUNES, C.

DEMO, P.

HOFFMANN, J.

LUCKESI, C.C.

PARO, V.H.

VASCONCELLOS, C.

WACHOWICZ, L.A.

Obs.: vide referências – página 52

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35UNIDADE 5

RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA AVALIAÇÃO

“Nunca a mesma água, sempre o mesmo rio.Nunca as mesmas flores, sempre a primavera”.

(Confúcio).

A avaliação é uma constante em nosso dia-a-dia. Não aquela

que fazemos ou estamos comprometidos a fazer quando nos encontramos

na escola, mas um outro tipo, como aquele em que avaliamos impressões e

sentimentos. (SAUL, 2003). Observa-se que a ação de avaliar é tarefa

inerente ao pensar, ao sentir e ao agir humano, historicamente tem se

desvelado das mais variadas formas no dia-a-dia: na opinião das pessoas

acerca das outras, acerca de si, de objetos, de situações. Constantemente o

ser humano sente a necessidade de refletir e decidir sobre determinadas

situações: escolher caminhos e/ou encaminhar soluções como comprar ou

vender, mudar ou permanecer, aceitar ou recusar, etc, ou seja, decidir

sobre algo, ou alguma coisa, a partir de critérios que são sim objetivos, mas

que estão diretamente relacionados aos seus interesses, necessidades e

condições de existência, ações que exigem decisões individuais ou coletivas

conforme as intenções subjacentes e os encaminhamentos que precisam

ser dados nas situações em que estejam envolvidos. Em geral, os fatos ou

fenômenos que expressam um caráter avaliativo, estão impregnados de

conceitos, preconceitos e valores com referencia ao outro, ao próprio eu, às

coisas, a sociedade e ao mundo.

Nas relações sociais formais, Ebel e Damrin (1960 apud

Deplesbiteris, 1989, p. 5), recatam que as atividades avaliativas remontam

a períodos históricos antigos quando eram usadas como medida para

adequar o indivíduo ao trabalho, ao exercício de diferentes papéis sociais,

os chineses já administravam testes para admissão e/ou progressão no

serviço civil: “(...) a avaliação era usada como medida já em 2.205 a.C..

Nessa época, o grande ‘Shun’, imperador chinês, examinava seus oficiais a

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36cada três anos, com o fim de os promover ou demitir (...) com o propósito

principal, prover o Estado com homens capacitados”.

Sobrinho (2001, p. 35-36), ao abordar o tema avaliação como

ação praticada no espaço social, algo que em hipótese alguma está

dissociada deste espaço e da questão de escolhas, enfatiza que:

Antes mesmo da institucionalização das escolas, a avaliação já era praticada para fins de seleção social. Com efeito, a avaliação está ligada à questão de escolhas, e a seleção social é tão “naturalmente” aderida a ela que passa como constituinte de sua essência [...] Os chineses praticavam uma seleção de indivíduos para a guarda dos mandarins. Os gregos utilizavam mecanismos de seleção de indivíduos para o serviço público ateniense, séculos antes de Cristo [...] (a avaliação) tinha um caráter público.

No entanto, em educação, mais especificamente em educação

escolar, institucional, o termo avaliação tem assumido significado diferente,

em momentos históricos distintos, relacionada à finalidade sobre “como”,

“porque” e/ou “para que” se educa e se avalia, dependendo, muitas vezes,

das idiossincrasias de quem a utiliza e da finalidade para qual é usada, ou

ainda do juízo de valor que se pretenda seja emitido sobre o objeto

avaliado, portanto numa abordagem bem distinta daquela adotada no dia-a-

dia. Existem muitos registros na literatura sobre esta questão, produzidos a

partir de experiências vividas, presenciadas ou relatadas por profissionais e

alunos.

A avaliação sistemática tem sido encarada fora das

especificidades de cada contexto e considerada como um dos pontos

críticos do processo educativo, tem sido utilizada com uma diversidade

considerável de finalidades.

A avaliação enquanto fenômeno humano compõe a história de

vida do próprio homem, mas esta forma de conceber e implementar a

avaliação, uso do exame, é algo mais recente. “São as necessidades do

capitalismo, com suas demandas de técnicos, empregados, de homens com

instrução competente, que introduzem o exame em todo o mundo”.

(WEBER, 1993 apud MANCEBO, 2001, p. 132). Como vemos, é parte de uma

herança histórica e cultural que vem de tempos históricos, em uma

trajetória que está relacionada a questões do poder, da hegemonia de

classe, da consolidação da ideologia dominante.

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37As primeiras práticas de avaliação educacional estão

relacionadas à avaliação de pessoas, na escola, diretamente relacionadas

com a avaliação da aprendizagem, como nos mostra Sobrinho na citação

que introduz este tópico, curiosamente, já confundida com medida e exame.

São freqüentes os estudos de vários autores sobre o emprego de exames

pelos professores, na Grécia e Roma antiga, embora aqui sejam destacados

apenas alguns, os selecionados.

A identificação da avaliação educacional com verificação da

aprendizagem é algo que vem ocorrendo, historicamente, há bastante

tempo. A avaliação da aprendizagem ou do rendimento escolar constituiu-se

e permaneceu como objeto de estudo e de pesquisa da avaliação

educacional, até a década de 60 do século XX, tendo avançado bastante em

refinamento técnico a serviço de uma microestrutura de poder existente no

interior das escolas. Até aquela década, conhecia-se muito pouco sobre

outros objetos de estudo da avaliação educacional.

Quase toda literatura sobre medida e avaliação em educação, até meados dos anos 60, trata da avaliação da aprendizagem do aluno. Até esta data dificilmente se encontra na literatura educacional qualquer orientação substancial sobre avaliação de outros objetos tais como: projetos ou programas, materiais curriculares ou avaliação de instituições educacionais. (NEVO apud SAUL, p. 26).

A avaliação educacional começa a ser praticada de forma mais

estruturada e constante, a partir do século XVIII, especialmente na França,

com a institucionalização da educação, coincidindo com a criação das

escolas modernas, neste período ela começou a adquirir forte significado

político e a produzir efeitos sociais de grande importância. (SOBRINHO,

2001, p. 36).

A ênfase na avaliação da aprendizagem como o mais antigo

objeto de estudo da avaliação educacional e a sua institucionalização como

campo específico de conhecimento no ocidente, está confirmada no dizer

dos autores consultados, ao mostrarem que somente a partir do início do

século XX, quando nos Estados Unidos em uma visão de avaliação de

empreendimentos educacionais e na Europa, pelo menos em Portugal e na

França, numa visão de natureza mais científica, a avaliação consegue

delinear seus objetos de estudo e seu campo de atuação. Mas é sobre o

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38predomínio da orientação norte-americana, que esta definição se

concretiza, influenciando o pensamento educacional e avaliativo no Brasil.

O modelo avaliativo adotado no Brasil revela bem esta

orientação. Nas políticas e práticas avaliativas de todos os governo

brasileiros da Nova República, a marca dessas determinações se fazem

presente. Na década de 80, com um pouco mais de leveza talvez em função

das finalidades, mas centralizadora e racional a partir da década de 90.

Segundo Mancebo, até o final da década de 80, o Estado brasileiro

restringiu-se basicamente as tarefas de autorização e reconhecimento de

cursos e credenciamento de instituições de educação superior, mas,

enfatiza que a partir de 1985, um clima avaliativo consolidou-se no país,

abrindo espaço não só para uma ampla produção escrita sobre a temática

como para exigir que as instituições prestassem contas à sociedade sobre a

qualidade de seus serviços e dos recursos nela aplicados.

Atualmente, a avaliação educacional se constitui claramente

como elemento de políticas públicas estatais, porém, é importante enfatizar

que a partir da década de 90, século XX, as práticas avaliativas adotadas,

desde a oficialização dos sistemas de avaliação, (Plano de Reforma do

Estado Brasileiro, nos Governo Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso

e nos dois últimos anos Lula), têm mostrado um forte compromisso com as

orientações do FMI, Banco Mundial, BIRD, OMC, UNESCO. A meta parece ser

maximizar a eficiência do sistema educacional e o controle da produtividade

institucional.

Os educadores só conseguirão transpor para o cotidiano escolar

o senso qualitativo que deve ter o ato avaliativo, quando compreenderem

as razões das condições objetivas de existência e essas razões estiverem

relacionadas a uma prática em que tanto os sujeitos avaliados como os

próprios avaliadores, exercitarem novas formas de avaliar, preocupando-se

com o fator humano e social.

Sob tais condições a avaliação se constituirá um instrumento

reorganizador da sociedade, e serviço da emancipação coletiva e da

construção da cidadania em todos os âmbitos e níveis da sociedade e da

educação.

Os critérios de avaliação devem estar estabelecidos e descritos

na Proposta Pedagógica Curricular e no plano de trabalho docente e ser de

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39conhecimento dos alunos, sendo assim os critérios de avaliação deve estar

coerente com as Diretrizes Curriculares e com o Projeto Político Pedagógico

da escola.

Conforme Deliberação 007/99, aprovada em 09/04/99:

No seu Art. 2º - Os critérios de avaliação, de responsabilidade dos

estabelecimentos de ensino, devem constar do Regimento Escolar,

obedecido a legislação existente.

Parágrafo Único – os critérios de avaliação do aproveitamento escolar

serão de consonância com a organização curricular do

estabelecimento de ensino.

Art. 3º - A avaliação do aproveitamento escolar deverá incidir sobre o

desempenho do aluno em diferentes situações de aprendizagem.

§ 1º - A avaliação utilizará técnicas e instrumentos diversificados.

§ 2º - O disposto neste artigo aplica-se a todos os componentes

curriculares, independentes do respectivo tratamento metodológico.

§ 3º - É vedada a avaliação em que os alunos são submetidos a uma

só oportunidade de aferição.

§ 4º - A avaliação deve utilizar procedimentos que assegurem a

comparação com os parâmetros indicativos pelos conteúdos de

ensino, evitando-se a comparação dos alunos entre si.

Art. 5º - Na avaliação do aproveitamento escolar, deverão

preponderar os aspectos qualitativos da aprendizagem considerada a

interdisciplinaridade e a multidisciplinaridade dos conteúdos.

Art. 6º - Para que a avaliação cumpra sua finalidade educativa,

deverá ser contínua, permanente e cumulativa.

Para Luckesi (2005, p. 150) avaliação é um instrumento que

auxilia o professor verificar os resultados que estão sendo obtidos, assim

como fundamentar as decisões que devem ser tomadas para que os

resultados sejam construídos. Quando isso não acontece, ou seja, quando a

avaliação é executada fora do processo de ensino e com objetivo

exclusivamente de atribuição de notas e conceitos, pode-se dizer que os

alunos inseridos neste contexto muito provavelmente podem acabar

fracassados no âmbito escolar. Se a avaliação não for diagnóstica ela não

terá como objetivo a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno e nem

auxiliando-o em seu crescimento.

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40A avaliação deve ser um instrumento que possibilite ao

professor um envolvimento com o processo do educando, estar sempre

atento as suas necessidades e subsidiando-o para que chegue ao sucesso.

Um fator importante a ser considerado quando se fala em

avaliação, é a questão das subjetividades, ou seja, cada ser em particular é

dotado de uma identidade cujas especificidades devem ser respeitadas.

Nenhum indivíduo é igual ao outro, portanto, um processo avaliativo

eficiente leva em conta esse aspecto. Quando se respeita as diferenças,

criam-se condições muito mais favoráveis ao alcance da igualdade.

1.1 SUGESTÃO DE ATIVIDADE AO GRUPO E INTERVENÇÃO NA ESCOLA

- A partir da evolução histórica da avaliação é possível dizer que atualmente

a mesma é encarada no espaço escolar a partir de uma visão mais aberta,

menos restritiva e ameaçadora?

- Como é o tratamento dado à avaliação no contexto educacional

contemporâneo?

1.2 SUGESTÃO DE FILME

Com Mérito.

1.3 SUGESTÃO DE LEITURA

DEPRESBITERES, Lea. O desafio da avaliação da aprendizagem: dos

fundamentos a uma proposta inovadora. São Paulo: EPU, 1989.

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41UNIDADE 6

AVALIAÇÃO EDUCACIONAL: CONCEITOS E ATRIBUIÇÕES

Se insistirmos em olhar o arco-íris da inteligência por um único filtro, . muitas mentes serão julgadas injustamente como destituídas de luz.

(Tenné Fuller)

A avaliação no espaço escolar tem sido alvo de muitos estudos,

discussões e contradições tanto na prática quanto nas teorias que embasam

o assunto. É certo que a avaliação não é um episódio ou um fato isolado,

assim como não é um fim em si mesma, mas um meio para se atingir um

fim, objetivo ou meta.

Dessa forma é correto afirmar que como a avaliação constitui-se

um elemento preponderante no processo de ensino-aprendizagem, ela deve

ser estudada, analisada e constantemente questionada por todos os

agentes educativos.

Segundo Vasconcelos, deve-se distinguir avaliação de nota, a

avaliação é um processo que precisa de uma reflexão crítica sobre a prática,

podendo desta forma verificar os avanços e dificuldades e o que se fazer

para superar esses obstáculos. A nota seja na forma de número ou

conceitos é uma exigência do sistema educacional.

Para Luckesi, a atual prática de avaliação escolar estipulou

como função do ato de avaliar a classificação e não o diagnóstico como

deveria ser. Ou seja, o que deveria ser um recurso para diagnosticar quais

as dificuldades de aprendizagem que os alunos estão evidenciando por

meio da avaliação, passa a ter apenas função de classificação, o que estão

com notas abaixo ou acima da média, por tanto não cumpriu com seu papel

e nada será feito para melhorar a situação do aluno.

A maioria das escolas continua a buscar estratégias avaliativas

que são meramente uma máscara num processo ainda classificatório e

excludente, uma vez que os índices educacionais mostrados pelo sistema

de avaliação e censo apontam para um baixo índice de aprendizado, a

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42grande evasão escolar, a forte reprovação ainda existente nas escolas em

todos os níveis de ensino. Essas são questões que evidenciam incoerências

no agir e pensar a avaliação educacional.

Para Hoffmann, a avaliação consiste numa observação

constante de aprendizagem e assim proceder a uma ação educativa que de

fato melhore a condição do aluno. Para esses estudiosos do tema a

avaliação deve estar junto com o processo de aprendizagem, uma

ferramenta auxiliadora do professor para verificar o progresso do aluno, e

também um momento de reflexão sobre o seu trabalho, se de fato está a

contento com o que foi proposto.

Se pensarmos em avaliação como prática pedagógica ela não

poderá apenas servir para verificar o aluno, mas também para avaliar o

professor na sua prática, averiguar o trabalho de ambos. Para Ferreira é

elemento necessário para detectar as falhas no processo de ensino-

aprendizagem, para atingir o objetivo principal, que é o conhecimento.

Para Abreu e Masetto in Santos a avaliação deve:

Estar relacionada com a aprendizagem;Ser pensado, planejado e realizado de forma coerente e conseqüentemente com os objetivos propostos para aprendizagem;Ser contínua, para acompanhar o processo de aprendizagem;Permitir um contínuo reiniciar do processo de aprendizagem;Estar voltada para o desempenho do aluno;Incidir, também, sobre o professor e o plano de ensino;Exigir observação e registro por parte do professor e do

aluno;Conter tanto a avaliação feita por outros, como auto-

avaliação.

Por tanto avaliação é algo bem mais complexo do que apenas

atribuir notas sobre um teste ou prova que se faz, ela deve estar inserida ao

processo de aprendizagem do aluno, para saber os tipos de avaliações que

devem ser praticadas dizemos que podem ser segundo Santos (2005):

Formativa: tem como objetivo verificar se tudo aquilo que foi

proposto pelo professor em relação aos conteúdos estão sendo atingidos

durante todo o processo de ensino-aprendizagem;

Cumulativa: neste tipo de avaliação permite reter tudo aquilo

que se vai aprendendo no decorrer das aulas e o professor pode estar

acompanhando o aluno dia-a-dia e usar quando necessário;

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43Diagnóstica: auxilia o professor a detectar ou fazer uma

sondagem naquilo que ser aprendeu ou não, e assim retomar os conteúdos

que o aluno não conseguiu aprender, replanejando suas aços suprindo as

necessidades e atingindo os objetivos propostos;

Somativa: tem o propósito de atribuir notas e conceitos para o

aluno ser promovido ou não de uma classe para outra, ou de um curso para

outro, normalmente realizada durante o bimestre;

Auto-avaliação: pode ser realizada tanto pelo aluno quanto pelo

professor, para se ter consciência do que se aprendeu ou se ensinou e

assim melhorar a aprendizagem;

Em grupo: é a avaliação dos trabalhos que os alunos realizaram,

onde se verifica as atividades, o rendimento e a aprendizagem.

O Projeto Político Pedagógico implementado na escola deve

estar bem claro os tipos de avaliação que a escola como um topo utiliza,

objetivando a qualidade da aprendizagem. Também devem estar

contemplado os tipos de avaliação no Regimento da Escola e ser seguidos

por todo o corpo docente.

Instrumentos de avaliação são todas as manifestações dos

alunos que permitem ao professor acompanhar o processo ensino-

aprendizagem, como por exemplo: testes, trabalhos, tarefas, resenhas,

textos, pesquisas, trabalhos em grupos, apresentação oral, expressão

corporal, etc. A observação do professor quando registrada em forma de

conceito ou notas torna-se um instrumento avaliativo. Instrumentos de

avaliação conforme cita Hoffmann (2008, p. 119) são registros de diferentes

naturezas. Ora é o aluno que faz seus próprios registros, das tarefas, testes,

trabalhos ou outros instrumentos elaborados pelo professor. Ora é o

professor quem registra o que observou dos alunos.

O professor deve tomar alguns cuidados com os instrumentos

de avaliação, pois irão possibilitar um diagnóstico da aprendizagem do

aluno. Deve-se articular o instrumento com os conteúdos planejados que

irão ser avaliados. (LUCKESI, 2005, p. 178). Deve ser compatível os níveis

de dificuldades daquilo que está sendo avaliado com o que foi ensinado e

aprendido. Utilizar uma linguagem clara e compreensível para que o aluno

saiba exatamente o que o professor está solicitando, e por último construir

instrumentos que auxiliem a aprendizagem dos educandos. O que se

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44percebe é que na escola não se usa a diversificação de instrumentos de

avaliação, ficando restritos apenas a provas e trabalhos.

Essa realidade leva a uma questão fundamental do processo

avaliativo: repensar os padrões educacionais que ainda carregam um

modelo de educação que visa à classificação dos alunos e os transforma em

notas, não diferente dos processos utilizados nos vestibulares, que não

medem a capacidade do aluno, mas o momento da prova, sem considerar

toda a bagagem de conhecimento que é incorporada com as experiências

de vida e durante anos de estudos.

Refletir sobre esses pontos requer consciência do papel da

escola na construção de cidadãos capazes de obedecer a seus ritmos e

respeitar os avanços de seus semelhantes, para não criar uma sociedade de

competição em que passam a ter maior status os que recebem números

maiores, que muitas vezes não provam o seu real nível de valor e

conhecimento.

Avaliar está além da mensuração de conhecimentos, da

classificação, da punição. Trata-se de mediar o conhecimento e respeitar o

tempo de cada um, analisando o erro como um degrau para o acerto.

Avaliar requer que repensemos nossa prática como profissionais da

educação, não olhar exclusivamente para o desempenho do aluno, mas

perceber que a avaliação é o reflexo da nossa prática e juiz de nossas

ações.

2.1 SUGESTÃO DE ATIVIDADE AO GRUPO E INTERVENÇÃO NA ESCOLA

- A avaliação na prática educativa que desenvolvemos está consoante com

o aluno concreto que temos e com suas individualidades?

- Os pressupostos avaliativos contemplados no Projeto Político Pedagógico,

bem como nas Diretrizes Curriculares estão sendo aplicados na prática

como um processo coletivo e integrado?

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452.2 SUGESTÃO DE LEITURA

CAPPELLETTI, Isabel (org) Avaliação educacional: fundamentos e práticas.

São Paulo: Articulação Universidade / Escola, 2001.

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46

UNIDADE 7

CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS DA PRÁTICA AVALIATIVA

Não, não tenho um caminho novo. O que tenho de novo é o jeito de caminhar. (Abrahan Lincol)

A avaliação tem sido das temáticas educacionais, a mais discutida e

polemica nas últimas décadas. O surgimentos de diferentes critérios e

instrumentos de avaliação tem mexido com os educadores que debatem-se

na constante busca pela melhor fórmula de verificar a aquisição do

conhecimento por parte dos alunos e o próprio desempenho do seu

trabalho.

Desenvolver o raciocínio, o pensamento crítico, a capacidade de

pensar, de analisar e criticar devem ser os grandes objetivos da escola na

era do conhecimento. A interdisciplinaridade, a contextualização do

conhecimento e o desenvolvimento de habilidades e competências

substituíram os velhos conteúdos de disciplinas estanques. Ler muito e

escrever muito, essas são duas velhas práticas pedagógicas que tem uma

urgência cada vez maior e mais do que nunca devem estar presentes na

escola.

Nesse contexto, assume importância crucial a montagem de

instrumentos e critérios de avaliação educacional para subsidiar a

elaboração de diagnósticos e orientar o processo de ensino-aprendizagem.

Os objetivos a avaliação educacional no Ensino Básico devem ser: medir o

desempenho dos alunos em relação ao desenvolvimento de suas

habilidades e competências e aos níveis de aprendizagem esperados,

relacionar o desempenho dos alunos com fatores sócio-econômicos,

comportamentais, pedagógicos e de organização da escola, desenhar

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47estratégias facilitadoras do desempenho satisfatório dos alunos, subsidiar o

trabalho de planejamento escolar.

Para comentar sobre os instrumentos e critérios de avaliação é

preciso, antes de mais nada, compreender as várias abordagens do

processo de ensino-aprendizagem, para cada uma delas há uma forma

específica de avaliar.

- Abordagem Tradicional: A partir dessa abordagem a avaliação

é realizada enfocando à exatidão da reprodução dos conteúdos. A prova é o

único instrumento de verificação do aprendizado tendo um fim em si

mesma. As notas obtidas funcionam nessa abordagem como níveis de

aquisição do patrimônio cultural.

- Abordagem Comportamentalista: Aqui a avaliação parte do

pressuposto de que o aluno progride em seu ritmo próprio, em pequenos

passos, sem cometer erros, a avaliação consiste em constatar se ele atingiu

os objetivos propostos em cada etapa. Na maioria das vezes, a avaliação

inicia o processo com um teste dos requisitos, a partir do qual serão

planejadas e executadas as etapas posteriores.

- Abordagem Humanista: Pressupõe que o indivíduo aprende

aquilo que desejam aprender. Essa abordagem considera que prêmios,

notas e exames desviam o desenvolvimento da personalidade. Tudo o que a

criança precisa é aprender a ler, escrever e a contar, que são as

ferramentas básicas para se aprender o restante. A auto-avaliação é um dos

critérios utilizados pois através dela o sujeito pode conhecer realmente sua

experiência e assumir a responsabilidade pelas formas de controle de sua

personalidade.

- Abordagem Cognitivista: O principal instrumento de avaliação

dessa abordagem são as reproduções livres, com expressões próprias,

relacionamentos, explicações práticas ou casuais. Não há pressão quanto ao

desenvolvimento acadêmico e desempenhos padronizados.

- Abordagem Sociocultural: Trata-se da própria prática

educativa, todos os aspectos são levados em conta e não apenas parte do

processo de ensino-aprendizagem: “a verdadeira avaliação é aquela que

acontece no processo, consistindo principalmente na auto-avaliação e na

avaliação mútua”. (SANTOS, 2005, p. 35). Nessa abordagem não há

abertura para a avaliação formal, pois o processo avaliativo é a própria

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48maneira como o professor procura determinar os progressos do aluno em

função dos objetivos e estratégias aplicadas.

Atualmente novos instrumentos foram criados para avaliar

objetivamente o desempenho tanto do aluno quanto do professor. A

formação do cidadão capaz de viver num mundo global foi um dos objetivos

acrescentados recentemente pela instituição escolar.

Cabe aqui apontar um dos instrumentos que podem ser

utilizados como sugestão para um processo avaliativo mais abrangente e

menos unilateral, o “portfólio”.

3.1 O PORTFÓLIO ENQUANTO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO CONTÍNUA E

MULTIDISCIPLINAR

Cada vez mais, os conceitos pedagógicos estão sendo aliados

ao pressuposto de que o educando deve estar consciente de seus processos

de pensamento e de como lidar com a sua própria aprendizagem. Isso

implica que se faça uma reflexão do processo de construção de saberes e

sua avaliação.

Criar instrumentos que viabilizem uma visão menos

fragmentada do modo como o educando se organiza em termos de

aquisição do conhecimento é o primeiro passo para a conquista de uma

prática educativa mais consciente e democrática, que no lugar de tentar

padronizar subjetividades, como se fosse possível colocá-las em uma forma,

tenta construir, despertar identidades, valorizando as diferenças, cujas

contribuições são de grande valia para o processo de ensino-aprendizagem.

Acreditamos que instrumentos como o “portfólio” podem

auxiliar na conquista de uma avaliação menos restritiva e mais

socializadora, menos fragmentada e mais reveladora, menos estática e

mais aberta para o contexto real onde os atos de ensinar e aprender

adquirem materialidade.

Para entender melhor as especificidades e generalidades do

portfólio enquanto instrumento de avaliação é importante conceituá-lo.

Santos (2005, p. 53) aponta:

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49 Entendemos como portfólio uma coleção de trabalhos e/ou

amostras selecionadas do melhor acervo pessoal do aluno sobre os conteúdos escolares [..]). No portfólio, o professor age como mediador de sua elaboração, pois cabe a ele indicar leituras, estimular a pesquisa e a organização da aquisição do conhecimento.

Sob essa ótica, aprender a aprender torna-se a busca do aluno

nesse processo, não se justificando mais a visão do professor como detentor

do saber, mas um mediador, uma ponte entre o aluno e a construção ativa

do conhecimento.

Os professores devem deixar clara a indicação dos objetivos

curriculares a serem focalizados no portfólio, visando sempre as

competências, habilidades e atitudes que se desejam sem, no entanto,

desconsiderar as dificuldades e possibilidades de cada aluno.

3.2 PROPOSTAS PARA DEBATE E INTERVENÇÃO NA ESCOLA

- Por que, na sua opinião, mesmo diante de tantos instrumentos avaliativos

diferentes, a prática avaliativa continua como sempre, incoerente com as

metas aceitas por consenso?

- Onde reside o problema da avaliação na realidade escolar e qual a

explicação para a discrepância entre o que se pressupõe teoricamente no

Projeto Político Pedagógico e os resultados obtidos na prática?

3.3 SUGESTÃO DE FILME

O Sorriso da Mona-Lisa.

3.4 SUGESTÃO DE LEITURA

VASCONCELLOS, C. Avaliação: concepção dialética – libertadora do

processo de avaliação escolar. São Paulo: Libertad, 2006.

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50

UNIDADE 8

PARA QUE AVALIAR?

A resposta é sempre um trecho do caminho que está atrás de você. Só uma pergunta pode apontar o caminho para frente. (Gaarder)

A avaliação da aprendizagem escolar adquire seu sentido na

medida em que se articula com um projeto pedagógico e com seu

conseqüente projeto de ensino. A avaliação, tanto no geral quanto no caso

específico da aprendizagem, não possui uma finalidade em si; ela subsidia

um curso de ação que visa construir um resultado previamente definido.

A avaliação subsidia decisões a respeito da aprendizagem dos

educandos, tendo em vista garantir a qualidade do resultado que estamos

construindo. Por isso, não pode ser estudada, definida e delineada sem um

projeto que a articule.

A prática da avaliação da aprendizagem, em seu sentido pleno,

só será possível na medida em que se estiver efetivamente interessado na

aprendizagem do educando, ou seja, há que se estar interessado em que o

educando aprenda aquilo que está sendo ensinado.

Sob essa ótica Luckesi (2005, p. 63) afirma:

A avaliação só pode funcionar efetivamente num trabalho educativo com estas características. Sem esta perspectiva dinâmica de aprendizagem para o desenvolvimento, a avaliação não terá espaço; terá espaço, sim, a verificação, desde que ela só dimensione o fenômeno sem encaminhar decisões. A avaliação implica a retomada do curso de ação, se ela não tiver satisfatório, ou a sua reorientação, caso esteja se desviando.

A avaliação é um diagnóstico da qualidade dos resultados

intermediários ou finais; a verificação é uma configuração dos resultados

parciais ou finais. A primeira é dinâmica, a segunda, estática.

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51Parece um contra-senso essa afirmação, na medida em que

podemos pensar que quem está trabalhando no ensino está interessado em

que os educandos aprendam. Todavia, não é o que ocorre.

O sistema social não demonstra estar tão interessado em que o

educando aprenda, a partir do momento que investe pouco na Educação. Os

dados estatísticos educacionais estão aí para demonstrar o pequeno

investimento, tanto do ponto de vista financeiro quanto do pedagógico, na

efetiva aprendizagem do educando.

No caso da avaliação da aprendizagem, vale lembrar o baixo

investimento pedagógico. Nós, professores, assim como normalmente os

alunos e seus pais, estamos interessados na aprovação ou reprovação dos

educandos nas séries escolares; porém, estamos pouco atentos ao seu

efetivo desenvolvimento. A nossa prática educativa expressa-se mais ou

menos da seguinte forma: “Ensinamos, mas os alunos não aprenderam; o

que é que vamos fazer?”.

De fato, se ensinamos, os alunos não aprenderam e estamos

interessados que aprendam, há que se ensinar até que aprendam; há que

se investir na construção dos resultados desejados.

Na verdade é necessário reconduzir o processo avaliativo ao

papel e função que lê são próprios, enquanto parte de um plano de ação

pedagógica, articulado estruturalmente desde a seleção dos conteúdos,

justificativa, encaminhamentos metodológicos e avaliação, considerando os

critérios, os instrumentos e técnicas/estratégias/metodologias de ensino.

Tratar sobre instrumentos e critérios de avaliação implica, antes

de definir seu conceito, refletir sobre alguns elementos que compõem o

processo educativo (ensino, aprendizagem e avaliação). Para isso é preciso

também recorrer aos fundamentos basilares, ou seja, às concepções de

homem, sociedade, trabalho, educação, escola, entre outras, para que

possamos entender por que ainda não avançamos o suficiente nesta

questão e propormos meios que atendam às condições reais de cada

sistema de ensino, garantindo-se, a qualidade do processo educativo e mais

propriamente da avaliação.

Além desses fundamentos é preciso recorrer às concepções de

disciplina, método e metodologia para melhor entender que, quando

selecionamos um conteúdo a ser ensinado e posteriormente avaliado

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52demonstramos um posicionamento diante do mundo, uma opção histórica,

política e pedagógica.

A concepção de avaliação que fundamenta o nosso trabalho

tem sua base no materialismo histórico dialético, de modo que a concepção

de homem é a de ser histórico, produtor de sua existência, transcendência

da natureza. Portanto, livre no sentido de agir intencionalmente de modo a

construir possibilidades não previstas, não naturais, optar por uma coisa ou

outra, decidir entre o que é bom e o que não é. (PARO, 2001, p. 40). Desse

modo, educa e educa-se, avalia e avalia-se também e assim transforma e

se transforma, faz-se humano.

Avaliar, portanto, é uma ação intencional, pois é trabalho, o qual

também contribui para “fundar a humanidade do homem junto com a

postura ética, para lhe dar sustentação” (PARO, 2001, p. 43). Uma vez que

não é possível, no processo educativo, ater-se apenas ao julgamento direto,

isto é, bom ou não é bom, é preciso então utilizar meios adequados aos fins

estabelecidos para emitir juízos sobre as ações empreendidas pelos sujeitos

envolvidos em um determinado processo, no nosso caso, o processo

educativo. Como se pode ver, falamos em avaliação dos sujeitos, o que leva

à idéia de que não se pode apenas avaliar o processo de aprendizagem,

mas o de ensino também e, necessariamente de forma concomitante,

utilizando instrumentos adequados e que viabilizem uma visão mais

abrangente de todo o processo.

Não existem poucos instrumentos de avaliação, o que existe

talvez, seja a sua inadequação quanto ao uso. Muitas vezes os professores

utilizam metodologias de ensino sem perceber que, ao mesmo tempo em

que se dão os encaminhamentos para efetivá-las, a avaliação já pode estar

acontecendo sem que seja preciso primeiro aplicar a técnica para o seu final

avaliá-la. Recai-se então sempre no mesmo problema: a falta de critérios

para avaliar e, por que não dizer, para planejar também.

Ao remetermo-nos aos critérios de avaliação estes são

compreendidos como um referencial que gera parâmetros que devem ser

previamente estabelecidos e descritos na Proposta Pedagógica Curricular e

no Plano de Trabalho Docente e conhecidos pelos alunos, favorecendo a

transparência, a orientação do trabalho discente e aço-responsabilidade do

aluno no processo de aprendizagem. Portanto, remete-nos a compreender

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53que critérios, instrumentos, forma e conteúdos caminham numa mesma

perspectiva.

Sendo assim, os critérios de avaliação devem revelar na sua

prática a relação coerente com as Diretrizes Curriculares, o PPP e o

estabelecido no Plano de Trabalho Docente. Os critérios de avaliação devem

ser previamente elaborados pelo professor a partir dos conteúdos

estruturantes e específicos, propostos no Plano de Trabalho Docente,

apresentados aos discentes, e, se necessário adequá-los às necessidades

educativas apresentadas no decorrer do processo.

Deve ficar clara a intencionalidade do trabalho educativo, tendo

em vista os conceitos fundamentais do campo de conhecimento de cada

disciplina e os elementos sociais, culturais próprios da comunidade em que

professor e alunos estão inseridos, considerando sua dimensão histórica e a

possibilidade para os sujeitos envolvidos de transformação de si mesmo e

da realidade, a partir do conhecimento apropriado. Ressalta-se que os

objetivos a serem alcançados relacionam-se com os conteúdos e não com

as atividades realizadas, pois estão são meios para se avaliar o rendimento

escolar (SEED/CGE, 2008).

Nem é preciso dizer que todas as partes de um plano devem

estar de tal forma articuladas para que não se perca de vista:

O posicionamento teórico que define o conceito possível de ser estruturado pelo aluno e, a partir daí, determina a seleção adequada dos conteúdos (para quê e o quê) indica também o como, isto é, a forma metodológica de condução do ensino. O que significa articular os procedimentos pedagógicos em sala de aula a uma lógica de organização e de relações que ficam explícitas no plano e na escolha do instrumental didático-pedagógico, nas atividades e interações que o cotidiano da escola proporciona. (SANTIAGO, In: VEIGA, 2005).

A organização da avaliação no cotidiano da escola, também em

termos legais, possibilita aos estabelecimentos de ensino definirem sua

forma de conduzir os trabalhos apontando dentro das normas vigentes os

procedimentos de ação do coletivo docente.

Neste processo, a autonomia é um dos aspectos

preponderantes sendo que a legislação coloca normas gerais e não

específicas de cada situação, as quais precisam ser pensadas em cada

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54realidade, e proposta no Projeto Político Pedagógico, Regimento Escolar,

Plano de Trabalho Docente e outros documentos de sistematização do

estabelecimento.

A avaliação dentro do Plano de Trabalho docente deve estar em

consonância com o Sistema de Avaliação definido pelo coletivo da escola,

sistematizado nos documentos que compõe a organização do trabalho

escolar, expressos na Proposta Pedagógica Curricular.

O professor, portanto, ao elaborar o seu Plano de Trabalho

Docente deve considerar a avaliação como parte inerente ao processo de

ensino e aprendizagem. A mesma deve ser realizada em função dos

conteúdos e ser coerente com os pressupostos e metodologias da disciplina.

Nesse sentido, no Livro Registro de Classe deverão ser

contempladas e registradas todas as atividades avaliativas e de

recuperação de estudos asseguradas ao aluno pela legislação, em acordo

com os documentos produzidos coletivamente pela escola.

De tudo o que foi visto, cabe dizer que a avaliação da

aprendizagem necessita, para cumprir o seu verdadeiro significado, assumir

a função de subsidiar a construção da aprendizagem. A condição necessária

para que isso aconteça é de que a avaliação deixe de ser utilizada como um

recurso de autoridade, que decide sobre os destinos do educando, e assuma

o papel de auxiliar o crescimento.

4.1 SUGESTÃO DE ATIVIDADE

- Qual deve ser o papel da avaliação no processo de construção da

identidade do educando?

- Como deve agir o coletivo do espaço escolar para que a avaliação cumpra

com o seu papel formador?

4.2 SUGESTÃO DE LEITURA

KUENZER, A. Z. Exclusão includente e inclusão excludente. São Paulo:

Autores Associados, 2005.

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55

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola é um local privilegiado para a formação do cidadão, onde

educadores e educandos são protagonistas do processo educacional e onde

se tem contato com a cultura formal, pois através do conhecimento o ser

humano adquire a compreensão, que possibilitará sua atuação e

intervenção na realidade.

Deve haver consistência entre o currículo, metodologias, técnicas e

instrumentos de avaliação, utilizados com vistas a apoiar o

desenvolvimento da aprendizagem dos educandos, propondo formas para

que os alunos se apropriem dos conhecimentos, buscando elevar a

qualidade da educação no âmbito de nossas escolas.

A ação reflexiva é fundamental no processo de formação do

educador, centralizando a questão do ensinar e do aprender nas discussões

da escola e a integração da avaliação no processo de ensino e de

aprendizagem, assumindo a avaliação como um poderoso processo que

serve para ensinar e para aprender melhor.

Mas, não podemos ficar somente no discurso, que por si só não tem

sentido. É necessário prosseguirmos para a implementação das ações,

fazendo da escola um espaço real de contribuição para a transformação

social.

Estamos unidas a todos que expressam seu compromisso com a

escola, que se preocupam com a educação, que acreditam e lutam pela

democratização e qualificação do ensino e da aprendizagem, enfrentando

os entraves cotidianos para construir a educação que queremos,

enxergando e buscando perspectivas em nossa prática educativa.

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