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1 MODERNIZAÇÃO DOS PORTOS ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES NA ESTRUTURA PORTUÁRIA DO PAÍS E DOS IMPACTOS NA REGIÃO DE SEPETIBA Rejane Cristina de Araujo Rodrigues (professora CAp/UERJ e PUC-Rio) [email protected] TEMA 1 – Geografia de la América Latina em transformacion políticas y social APRESENTAÇÃO – O porto de Sepetiba/Itaguaí 1 como opção estratégia no projeto de modernização portuária no Brasil As diretrizes político-econômicas seguidas pelas políticas públicas, a partir do final da década de 1980, indicavam a necessidade de inserir urgentemente o país no mercado global. Tomando como foco o incremento das exportações, os estudos oficiais apontavam o atraso tecnológico e a fraca consolidação das redes de telecomunicações, distribuição de energia e transportes como um dos principais entraves à plena inserção do país na economia globalizada. O custo final elevado dos produtos brasileiros tornava-os pouco competitivos no mercado internacional, indicando como necessária a redução do chamado Custo Brasil. Como os custos logísticos apareciam como o principal responsável pela fraca competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional, uma série de medidas foram dirigidas à reestruturação das redes rodoviária, ferroviária e portuária. No âmbito dos transportes marítimos, destacavam alguns visíveis sinais de fadiga dos principais portos do Centro-Sul (Santos e Rio de Janeiro), e apresentavam o Porto de Sepetiba/Itaguaí como uma importante opção de modernização. Assim, integrado ao programa federal de investimentos “Brasil em Ação”, 1996-1999, a modernização da estrutura portuária e das rodovias e ferrovias que dão acesso ao porto de Sepetiba/Itaguaí, deveria exercer forte atração sobre os grandes transportadores oceânicos, promovendo a ampliação no volume de cargas em circulação na região e a requalificação do espaço produtivo regional. Numa perspectiva mais ambiciosa, este conjunto de medidas deveria, ainda, promover a inserção competitiva do espaço produtivo fluminense, como centro logístico regional, na economia global. Com as transformações implementadas no porto de Sepetiba/Itaguaí, a partir da década de 1990, uma série de estudos foi organizada visando avaliar a pertinência e os efeitos destas medidas. Para alguns autores, o projeto de modernização do Porto de Sepetiba/Itaguaí traria como efeito de curto, médio e longo prazos alguns impulsos para a reestruturação produtiva do território fluminense 2 , desde que superados uma série de entraves técnicos. Para outros autores o Porto de Sepetiba teria sua viabilidade econômica comprometida dada a ausência de uma política de longo prazo que promovesse a integração do porto com seu território 3 . No bojo deste debate insere-se o objetivo central da pesquisa que desenvolvemos no Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, analisar os impactos da modernização do porto de Sepetiba/Itaguaí na reestruturação espacial no estado do Rio de Janeiro. 1 Desde dezembro de 2006, o porto de Sepetiba passou a ser denominado porto de Itaguaí. Como a maioria das fontes de pesquisa fazem referência à Sepetiba, a fim de não causar confusão, optamos pela utilização do antigo. 2 A exemplo, ver Lessa, 2001. 3 Abordagem identificada em Monié, 2001.

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    MODERNIZAO DOS PORTOS ANLISE DAS TRANSFORMAES NA ESTRUTURA PORTURIA DO PAS E DOS

    IMPACTOS NA REGIO DE SEPETIBA

    Rejane Cristina de Araujo Rodrigues (professora CAp/UERJ e PUC-Rio)

    [email protected]

    TEMA 1 Geografia de la Amrica Latina em transformacion polticas y social

    APRESENTAO O porto de Sepetiba/Itagua1 como opo estratgia no projeto de modernizao porturia no Brasil As diretrizes poltico-econmicas seguidas pelas polticas pblicas, a partir do final da dcada de 1980, indicavam a necessidade de inserir urgentemente o pas no mercado global. Tomando como foco o incremento das exportaes, os estudos oficiais apontavam o atraso tecnolgico e a fraca consolidao das redes de telecomunicaes, distribuio de energia e transportes como um dos principais entraves plena insero do pas na economia globalizada. O custo final elevado dos produtos brasileiros tornava-os pouco competitivos no mercado internacional, indicando como necessria a reduo do chamado Custo Brasil. Como os custos logsticos apareciam como o principal responsvel pela fraca competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional, uma srie de medidas foram dirigidas reestruturao das redes rodoviria, ferroviria e porturia. No mbito dos transportes martimos, destacavam alguns visveis sinais de fadiga dos principais portos do Centro-Sul (Santos e Rio de Janeiro), e apresentavam o Porto de Sepetiba/Itagua como uma importante opo de modernizao. Assim, integrado ao programa federal de investimentos Brasil em Ao, 1996-1999, a modernizao da estrutura porturia e das rodovias e ferrovias que do acesso ao porto de Sepetiba/Itagua, deveria exercer forte atrao sobre os grandes transportadores ocenicos, promovendo a ampliao no volume de cargas em circulao na regio e a requalificao do espao produtivo regional. Numa perspectiva mais ambiciosa, este conjunto de medidas deveria, ainda, promover a insero competitiva do espao produtivo fluminense, como centro logstico regional, na economia global. Com as transformaes implementadas no porto de Sepetiba/Itagua, a partir da dcada de 1990, uma srie de estudos foi organizada visando avaliar a pertinncia e os efeitos destas medidas. Para alguns autores, o projeto de modernizao do Porto de Sepetiba/Itagua traria como efeito de curto, mdio e longo prazos alguns impulsos para a reestruturao produtiva do territrio fluminense2, desde que superados uma srie de entraves tcnicos. Para outros autores o Porto de Sepetiba teria sua viabilidade econmica comprometida dada a ausncia de uma poltica de longo prazo que promovesse a integrao do porto com seu territrio3. No bojo deste debate insere-se o objetivo central da pesquisa que desenvolvemos no Programa de Ps-graduao da Universidade Federal do Rio de Janeiro, analisar os impactos da modernizao do porto de Sepetiba/Itagua na reestruturao espacial no estado do Rio de Janeiro.

    1 Desde dezembro de 2006, o porto de Sepetiba passou a ser denominado porto de Itagua. Como a maioria das

    fontes de pesquisa fazem referncia Sepetiba, a fim de no causar confuso, optamos pela utilizao do antigo. 2 A exemplo, ver Lessa, 2001.

    3 Abordagem identificada em Moni, 2001.

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    Localizado na costa norte da Baa de Sepetiba, no municpio de Itagua, Estado do Rio de Janeiro, ao sul e a leste da Ilha da Madeira, a rea de influncia do porto de Sepetiba/Itaga articula-se ao complexo urbano-industrial do centro-sul e mdio Paraba, onde esto concentradas empresas industriais e comerciais responsveis pela formao de aproximadamente 75% do atual PIB brasileiro. Com a expanso urbano-industrial para esta rea iniciada na dcada de 60 como efeito de investimentos federais em grandes projetos industriais e infra-estruturais destinados desconcentrao do desenvolvimento dos espaos metropolitanos (I e II PNDs), com a criao de alguns plos industriais, iniciaram-se, em 1973, estudos de viabilidade para a implantao do Porto de Sepetiba/Itagua. Ante a magnitude dos investimentos envolvidos no empreendimento, o Porto veio a ser inaugurado somente em 07 de maio de 1982, iniciando-se, ento, as atividades do Terminal de Carvo e Alumina, sob a competncia da Companhia Docas do Rio de Janeiro. Eram movimentados, principalmente, granis slidos em importao, carvo metalrgico e coque de hulha destinados Usina da CSN em Volta Redonda, e alumina, para a Valesul. Na dcada de 1990, o porto de Sepetiba/Itaga foi Includo no plano plurianual de investimentos conhecido como "Brasil em Ao", concebido no mbito federal, devendo ser transformado num macroporto concentrador de cargas (hub port). O porto de Sepetiba foi escolhido como rea privilegiada para investimentos, por suas condies fsicas favorveis: porto natural com canal de acesso profundo, com possibilidade de aprofundamento e baixos ndices de assoreamento, capaz de atender a navios de grande porte; acessos rodo-ferrovirios livres, ligados a toda a malha nacional, sem interferncia com reas urbanas; e retrorea porturia com cerca de 7,5 milhes de metros quadrados de extenso. Em 1997, foram arrendados o terminal de carvo pela CSN e o terminal para exportao de minrio pela Companhia Porturia Baa de Sepetiba (grupo liderado pela Ferteco e pela Camargo Correia) e um grande volume de investimentos foi financiado pelo BNDES visando transformar o porto num super-porto, articulador do comrcio martimo mundial, destinado a receber os grandes navios transportadores, alm de cumprir o papel de vetor de desenvolvimento econmico e social no Estado do Rio de Janeiro.

    A III Revoluo dos Transportes Martimos um contexto mundial de transformaes nas estruturas porturias

    A expanso observada pelo transporte martimo, nas ltimas dcadas, se explica, sobretudo pelo barateamento obtido com a reduo dos gastos com energia4 e com mo-de-obra, alm daqueles resultantes da unitizao das cargas e da especializao dos navios. Estas mudanas resultaram na reduo do preo por t/km, no que se apoiou a III Revoluo do Transporte Martimo, cujas principais caractersticas so: o gigantismo naval (aumento da frota e da tonelagem dos navios), o aumento do fluxo de produtos, a unitizao da carga geral, a automatizao das frotas, a modernizao dos equipamentos e das estruturas porturias e a transformao das condies de trabalho na orla porturia. Na proporo do crescimento da frota expandiu-se tambm o fluxo de produtos. Em 1938, eram 979,4 milhes de toneladas, passando, em 2004, para 7,11bilhes de toneladas (Unctad, 2006).

    Alm da crescente especializao, os navios e as operaes do cais passaram por um amplo processo de automatizao, necessria manipulao dos enormes volumes de carga, resultando na reduo dos efetivos de marinheiros5. O nmero de empregos ligados ao transporte martimo tem diminudo muito rapidamente no curso das ltimas dcadas permitindo a reduo significativa dos custos, de um lado, e de outro, estabelecendo novas condies de trabalho nas docas e no cais.

    4 A substituio do carvo por derivados do petrleo resultou numa economia de cerca de 90% com gastos em

    energia. 5 Na Frana, por exemplo, segundo dados de Andr Vigari (1983), entre as dcadas de 1970 e 1990, o efetivo

    de marinheiros foi reduzido de 40.000 para 6.000, enquanto os gastos com mo-de-obra em navios petroleiros sofreram reduo de cerca de 90%.

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    A mais importante mudana deste perodo, entretanto, foi sem dvida a unitizao das cargas. A carga geral transportada passou a ser unitizada, quer dizer, embalada ou transportada por unidade, como unidades de carga, obtidas pelo reagrupamento de um nmero elevado de pacotes e administrados de uma s vez nos prticos e gruas. Da a constituio de novos processos de carregamento de produtos como a conteinerizao, roll on-roll off, paletizao, empacotamento de madeira serrada etc, o que obrigou aos navios a se especializar em um certo tipo de acondicionamento. Ocupa lugar de destaque neste grupo o transporte por contineres (caixas de tamanho padronizado que podem ser facilmente deslocadas de um modal de transporte a outro, sem maiores necessidades de mo-de-obra). O continer foi desenvolvido na dcada de 1950, por um empresrio americano do ramo de caminhes, Malcolm McLean, uma poca em que os portos eram lugares caticos totalmente diferente dos terminais de contineres de hoje em dia.

    Os impactos do gigantismo da frota e das tonelagens de carga na infra-estrutura porturia foram enormes, resultando na crescente demanda por portos de calados cada vez mais profundos e com amplas reas de manobras para os navios, alm de extensas reas de transferncia e armazenagem que comportem o crescente volume de produtos em circulao. A unitizaao das cargas tambm resultou em enormes transformaes, por suas caractersticas acabou se tornando o incio de um processo de grandes transformaes - depois do continer vieram caminhes, navios especialmente projetados para transport-los, equipamentos especializados etc.

    Os portos, que representam o essencial das infra-estruturas de transporte martimo, tiveram que se adaptar s mudanas, tornando-se necessrio agilizar as operaes de transporte. Na rea porturia, os custos elevados impuseram a necessidade de um tempo de permanncia reduzido e acelerada rotatividade no cais, alm da necessidade de manter os navios carregados. Passaram a ser exigidos equipamentos especiais no cais, como prticos de contineres e instalaes de terrapleno. Foram necessrias a ampliao das reas de estocagem e a instalao de novas estruturas, como correias transportadoras, escavadores para carga geral seca, usinas frigorficas etc. As superestruturas6 tambm tiveram que ser totalmente reconvertidas. O cais e o terrapleno tambm precisaram tornar mais slidas suas fundaes sob o risco de afundar com o peso das muitas dezenas de toneladas7. As reas porturias foram expandidas para atender ao volume de carga em circulao - um porta-continer de terceira gerao, com 300m de comprimento, demanda de 8 a 9 hectares de retaguarda do cais. Alm destas mudanas no podemos esquecer aquelas relativas ao acesso martimo, onde foi necessrio alargar os canais de acesso, principalmente nas zonas de manobra, aprofundar os canais e adaptar as eclusas.

    Cabe destacar que a adaptao das infra-estruturas porturias deve ser idntica em todos os portos, levando ao que se denomina de internacionalismo porturio. Alm da infra-estrutura e da super-estrutura so fundamentais a regulamentao internacional das prticas econmicas e jurdicas (para cada categoria de navio existem os mesmos contratos de transporte; os carregamentos e os instrumentos nuticos tm de ser tratados no embarque e desembarque de maneira idntica; bem como similar deve ser a especializao dos grupos de trabalho encarregados da prestao de servios).

    No Brasil, o internacionalismo porturio foi traduzido pela Lei n.8630 de 1993, a qual impe ao setor importantes transformaes, tanto do ponto de vista tcnico, quanto no que toca implementao de novas formas de gesto e de novas atividades. A Lei de 1993 se constitui como um importante marco institucional a partir do qual as condies tcnicas, de organizao e de gesto dos portos brasileiros caminhariam no sentido de possibilitar a insero do pas de forma menos desigual no crescente comrcio internacional de produtos.

    6 O termo utilizado aqui em seu sentido tcnico, referindo-se s construes propriamente ditas do porto, como

    peres, docas etc. O termo infra-estrutura utilizado, na rea, para se referir s instalaes sobre o porto, armazns, equipamentos para movimentao de cargas, dentre outros.

    7 Neste caso, deve-se acrescentar, segundo Andr Vigari (1983) s condies naturais exigidas para instalao

    de um porto, as caractersticas geolgicas das zonas de expanso.

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    Em 25 de fevereiro de 1993, durante o governo do presidente Itamar Franco, a Lei n.8.630/93, conhecida como Lei de Modernizao dos Portos. Esta Lei, mais do que estimular a modernizao fsica dos portos no pas, se constituiu em um novo marco institucional para o setor atravs da definio de novas regras e a criao de novos organismos institucionais. Esta complexa Lei, organizada em setenta artigos, prope a reestruturao do sistema porturio nacional segundo duas vertentes distintas as quais visavam a descentralizao administrativa e a quebra dos monoplios estatal e sindical. A administrao porturia, at ento nas mos do governo federal (representado pelas Companhias Docas S.A.8), seria transferida aos municpios, aos estados da Federao e ao Distrito Federal ou a consrcio firmado entre eles, constitudos como Autoridade Porturia, e criados os Conselhos de Autoridade Porturia, destinados a servir como um mecanismo de discusso e controle da situao dos portos. Por sua vez, a explorao das atividades porturias (movimentao das cargas embarcadas e desembarcadas), passaria s mos da iniciativa privada, atravs de contratos de arrendamento.

    Paralelamente privatizao e descentralizao da atividade porturia foram implementadas importantes mudanas no que diz respeito contratao da mo-de-obra, reduzindo drasticamente o poder dos sindicatos de trabalhadores porturios9. A nova Lei obrigava o Operador Porturio a utilizar nos servios de cais seu prprio pessoal e, em caso de necessidade, contratar trabalhadores avulsos requisitados pelos rgos Gestores de Mo-de-Obra, constitudos pelos Operadores Porturios. Os OGMOs foram criados com o intuito de substituir os sindicatos na tarefa de selecionar, indicar, treinar, manter cadastros e registros da mo-de-obra (trabalhador porturio e trabalhador porturio-avulso) para os servios de carga e descarga, definindo a formao das equipes e dos turnos, alm de outras funes .

    A modernizao dos terminais do porto de Sepetiba/Itagua A expanso urbano-industrial de Itagua e da regio da Baa de Sepetiba teve incio

    na dcada de 1970, como efeito dos investimentos federais em grandes projetos industriais e infra-estruturais previstos no I e no II Planos Nacionais de Desenvolvimento, PNDs. Destinados a estimular a desconcentrao do desenvolvimento dos espaos metropolitanos, foram criados os distritos industriais de Campo Grande, Santa Cruz, Palmares e Queimados e realizados os primeiros estudos de viabilidade para a construo de um porto na regio. O governo apostava na Baa de Sepetiba como ideal para expanso da capacidade porturia do estado do Rio de Janeiro.

    Os primeiros estudos de viabilidade para a construo do porto de Sepetiba foram organizados pelo ento governo do estado da Guanabara, com nfase na criao de um terminal de carvo destinado a aliviar o porto do Rio de Janeiro e atender aos complexos industriais em expanso. O projeto do porto seria consolidado com a fuso dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em maro de 1975, para o qual foi elaborado um plano desenvolvimento ancorado em trs metas principais: na Regio Metropolitana, um plo de indstrias de transformao fortalecido por um complexo petroqumico; no norte, uma forte agroindstria baseada na cana-de-acar, na pecuria e na extrao de sal; e no sul, um parque industrial metal-mecnico, alavancado pela Companhia Siderrgica Nacional e pelo porto de Sepetiba.

    O incio das operaes do porto que s vieram a ocorrer em 1982 com a inaugurao dos terminais de carvo e de alumina. Sob a competncia da Companhia Docas do Rio de Janeiro, CDRJ, o porto de Sepetiba movimentava granis slidos em importao, carvo

    8 Atualmente as Companhias Docas se constituem como sociedades de economia mista, ligadas ao Ministrio

    dos Transportes. 9 Inclui a capatazia (atividades de terra), a estiva (movimentao da carga nas embarcaes), a conferncia de

    carga, o conserto de carga (reparo ou restaurao de embalagens), a vigilncia de embarcaes e o bloco (limpeza e conservao das embarcaes).

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    metalrgico, coque de hulha (destinados usina da CSN, em Volta Redonda) e alumina (para a VALESUL, Valesul Alumnio S.A., instalada em Santa Cruz). Alguns anos mais tarde, em 1989, a PORTOBRS, Empresa de Portos do Brasil S.A., organizou estudos destinados ampliao do porto de Sepetiba atravs da construo de um novo terminal para movimentao de minrio de gusa e de produtos siderrgicos.

    O porto de Sepetiba/Itgagua se manteria como um porto de pouca expresso at a implementao da Lei n.8630/93. O programa federal de recuperao e modernizao do sistema porturio nacional, includo no Plano Plurianual de Investimentos, 1996-1999, denominado "Brasil em Ao", colocava em destaque o antigo porto, prevendo investimentos que deveriam transform-lo em um hub port.

    Como macroporto concentrador de cargas, Sepetiba/Itagua tinha dois objetivos principais: receber os grandes transportadores fazendo o transbordo, via navegao de cabotagem destinada a outros portos do pas e do Mercosul10; e se constituir em um importante vetor de desenvolvimento econmico e social para o Estado do Rio de Janeiro, com reflexos diretos e indiretos sobre a oferta de empregos e a qualidade de vida na regio.

    Em 1996, foi firmado pela CDRJ e pelo BNDES o Protocolo de Petrpolis pelo qual o porto de Sepetiba tornava-se o objeto de um amplo programa de modernizao e organizao logstica destinado atrao de investimentos privados. CDRJ coube a definio das linhas gerais que orientariam a modernizao do porto apresentadas no Plano Diretor Integrado do Complexo Porturio de Sepetiba. Para a elaborao do Plano, a CDRJ se baseou em um contexto de mudanas mundiais que favoreceriam a implantao de um porto concentrador de cargas, tipo hub port, no Brasil: a intensificao dos fluxos comerciais na rota Norte-Sul com o fortalecimento dos acordos internacionais e regionais (OMC, NAFTA, MERCOSUL, ASEAN e UE); a crescente tendncia fuso de empresas e criao de consrcios que compartilham navios e rotas; carncia na Amrica do Sul de um porto de transbordo, que por necessitar de expressivos volumes de carga para atrair os grandes transportadores globais, deve ser instalado na regio Sudeste do Brasil.

    Neste contexto, de acordo com a CDRJ, eram necessrias determinadas condies de acesso martimo: profundidade de 14 a 18 metros (para acomodar calados de embarcaes de 4.000 a 8.000 TEUs)11; acesso terrestre livre de entraves fsicos ou de impedimentos regulatrios, acesso aos principais mercados; condies de expanso para atender ao crescimento da demanda; e localizao em rea de baixo impacto ambiental. De acordo com informaes da CDRJ (2002), o porto de Sepetiba/Itagua se destacava no cenrio nacional como um porto com grande calado com possibilidade de aprofundamento, em condies de receber navios de at 8.000 TEUs, disponibilidade de um retroporto cujas caractersticas naturais e a relativamente fraca ocupao urbana facilitam a instalao de equipamentos e a ampliao das reas de armazenagem, dentre outras caractersticas.

    Ser importante, tambm, considerar as reas de retaguarda porturia disponveis no porto de Sepetiba. Essas reas abrangem cerca de 7,5 milhes de m, o que certamente assegura uma importante reserva potencial para o atendimento a demandas relativas integrao intermodal e armazenagem de cargas por tipos (granis slidos, carga geral, contineres etc.). (CDRJ, 2002, p.49)

    10 Segundo dados da ANTAQ (2007) cerca de 70% (73% para importao e 67% para exportao) do comrcio entre o Brasil e os pases do Mercosul feito por via martima seguido pelo transporte rodovirio, 29% e 23% respectivamente.

    11 Dieter Goebel (2002) concluiu em sua anlise que os portos mais recentes, como Pecm, Suape e Sepetiba, caracterizam-se pela disponibilidade de beros mais profundos e condies mais adequadas para atender a embarcaes com maior capacidade, quando comparados com os mais antigos, como Santos e Rio de Janeiro.

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    Foram estas as condies atribudas ao porto de Sepetiba que acabaram por contribuir para o desenvolvimento de estudos que consideravam a necessidade de maiores investimentos para torn-lo um importante aliado no projeto federal de insero do pas nos fluxos do comrcio global.

    O porto de Sepetiba/Itagua assumiria, dessa forma, posio destacada na agenda pblica atraindo investimentos destinados rpida modernizao tcnica e institucional previstas na Lei n.8630 de 1993, destinados sua adaptao s novas demandas postas pela navegao martima internacional.

    Nestas condies, o porto de Sepetiba/Itagua12 foi submetido a uma profunda reestruturao que envolvia a ampliao de suas instalaes porturias, o estmulo ao surgimento de um centro industrial na retrorea do porto e medidas para a integrao de sua retrorea ao entorno metropolitano e sua hinterlndia.

    Figura 1

    Fonte: CDRJ. Plano Diretor Integrado do Complexo Porturio de Sepetiba, 1996.

    12 Em nvel nacional o porto de Suape aparece juntamente com o de Sepetiba entre aqueles que possuem as melhores condies naturais para se transformar em porto concentrador de cargas.

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    As mudanas no porto tiveram incio com o arrendamento iniciativa privada, dos terminais de minrio e de carvo, respectivamente em 1996 e 1997. O terminal de minrio, TM1, foi arrendado pela Companhia Porturia Baa de Sepetiba, CBPS, um consrcio liderado pela Ferteco Minerao (do grupo alemo Thyssen Krupp Stahl) e pela Camargo Correia. Este terminal passou ao controle da Companhia Vale do Rio Doce por meio da compra da Ferteco Minerao, em 2001. O terminal de carvo foi arrendado pela Companhia Siderrgica Nacional. Pelo TECAR so movimentados carvo e coque a granel em importao.

    Em 1998, o processo de privatizao no porto de Sepetiba avanava com a construo e o arrendamento do terminal de contineres ao consrcio Sepetiba Tecon S.A., STSA, constitudo poca pela CSN e pela CVRD. O novo terminal foi entregue iniciativa privada com a infra-estrutura bsica (acesso martimo, dois beros de atracao, parte do ptio, linhas frreas etc), ficando o arrendatrio encarregado da construo de armazns e de equipamentos, de prdios administrativos e de um novo ptio. As operaes do STSA tiveram incio em 1999, com a contratao da empresa alem Eurogate, operadora de terminais em diversos pases do mundo. As primeiras linhas regulares de porta-contineres de longo curso entrariam em operao somente em 2003. Neste mesmo ano, a configurao societria do STSA foi alterada com a venda da participao da CVRD CSN. A CVRD deixava CSN suas participaes diretas e indiretas no porto de Sepetiba assegurada a movimentao de contineres da Vale pelo terminal13.

    A concesso da Malha Sudeste da Rede Ferroviria Federal (RFFSA), antiga Ferrovia do Ao, MRS Logstica S.A., tem grande importncia no contexto da modernizao do porto de Sepetiba. A MRS a nica ligao ferroviria com o porto e tem grande participao societria da CSN (32% do capital).

    Operam atualmente em Sepetiba/Itagua (figura 1) quatro terminais de uso pblico e um terminal de uso privativo fora da rea porturia (Mangaratiba), instalados sob a modalidade de arrendamento que movimentam, principalmente, carvo metalrgico, coque de hulha, alumina, minrio de ferro, produtos siderrgicos, carga geral14 e veculos.

    Impactos da Lei de Modernizao dos Portos - levantamento preliminar Como uma primeira etapa na realizao desta pesquisa demos incio anlise15 de alguns dados referentes movimentao de cargas e navios nos portos brasileiros. Os dados analisados indicam algumas importantes mudanas na movimentao de cargas e na participao relativa de alguns portos no sistema porturio do pas.

    13 A CVRD deixou suas participaes diretas e indiretas no STSA, e em troca recebeu da CSN 12% do capital total da FCA (Ferrovia Centro-Atlntica), com a qual a CSN manter seu relacionamento comercial para garantir o transporte dos produtos de suas minas de calcrio at Volta Redonda. Na CFN (Ferrovia Centro-Norte) as aes da Vale (33,3%) foram englobadas pela CSN e pela Taquari (do grupo Vicunha Txtil S.A.), tendo ficado a MRS sob o controle acionrio da CSN.

    14 Se refere carga embarcada, com marca de identificao e contagem de unidades, podendo ser soltas (embarcadas separadamente em embrulhos, fardos, pacotes, sacas, caixas, tambores etc) ou unitizadas (agrupamento de um ou mais itens de carga geral que sero transportados como uma unidade nica e indivisvel). A carga geral solta gera pouca economia de escala para o veculo transportador, pois h significativa perda de tempo na manipulao, carregamento e descarregamento provocado pela grande quantidade de volumes. As formas mais comuns de unitizao so o embarque em pr lingado (rede especial utilizada para o iamento de mercadorias), pallets (unidade semelhante a um estrado plano que permitem a movimentao por meio de empilhadeiras) e contineres. A unitizao no constitui embalagem e tem a finalidade de facilitar o manuseio, movimentao, armazenagem e transporte da mercadoria (Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior, 2006)

    15 As tabelas e grficos detalhados podem ser encontrados na tese de doutorado que deu origem a este artigo,

    Modernizao porturia e rede logstica o porto de Sepetiba/Itagua como vetor de desenvolvimento no territrio fluminense defendida no Programa de Ps Graduao em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007.

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    Entre 1995 e 2002, observa-se um aumento da ordem de 36% no total de cargas movimentadas nos portos brasileiros. Concentrando a maior participao no PIB nacional no de surpreender que a regio Sudeste aparea como aquela que concentra o maior volume de cargas movimentadas, 56,65% do total nacional, e de embarcaes de longo curso, 57,13. Entretanto, ao contrrio do movimento de cargas, o nmero de embarcaes de longo curso que circulam nos portos brasileiros foi reduzido no perodo 1996-2000, passando de 13.300 para 11.975 embarcaes, indicando o aumento da capacidade de carga dos navios (assunto tratado mais adiante). Podemos, ainda, observar o crescimento na movimentao de contineres no Brasil, cerca de 60% em relao ao ano de 1999, concentrada, 75,65% do total nacional, em apenas 6 portos (Santos, Rio Grande, Itaja, Rio de Janeiro, Paranagu e So Francisco do Sul). Mantm-se, contudo, a situao quanto ao tipo de carga movimentada, predominando as cargas de baixo valor agregado - 57,08% de granis slidos contra 12,07% de carga geral. O porto de Sepetiba/Itagua, em particular, teve o volume de embarcaes de longo curso aumentado de forma expressiva, cerca de 376% em relao a 1999, passando no ranking nacional da 25 posio, em 1996, para a 12, em 2000. Entretanto, segue a tendncia do sistema porturio nacional registrando movimentao principalmente de granis slidos e, no que se refere movimentao de contineres, apresenta participao muito aqum de sua capacidade e das expectativas de analistas e operadores porturios, 0,57% entre 1999 e 2002.

    Apesar da importncia destes resultados no sentido de indicar que o fracasso do chamado Projeto Sepetiba, consideramos que o novo papel do porto de Sepetiba/Itagua no pode ser analisado de forma restrita no que se refere ao movimento de produtos e navios em seus novos terminais. Os impactos das modernas estruturas porturias sobre a organizao dos territrios deve ser considerada com base em um novo paradigma, segundo o qual os portos assumem posio central nas redes logsticas com importantes impactos nas dinmicas territoriais.

    Redes logsticas e a nova posio dos portos Buscando avanar na anlise dos impactos da modernizao do porto de

    Sepetiba/Itagua no territrio fluminense, optamos por um referencial terico que considera o papel do porto como n principal das redes logsticas. As transformaes observadas no setor com relao modernizao tcnica e institucional encontram paralelo nas abordagens tericas indicando a evoluo da geografia dos transportes no sentido de uma anlise que considera o papel das infra-estruturas e das redes de transportes a partir de sua insero nas redes logsticas.

    A logstica assume, desse modo, papel de destaque na anlise das transformaes operadas no setor porturio.

    Os portos assumem um papel fundamental na logstica domstica voltada para as exportaes, tendo em vista que 95% do volume de carga exportado por via martima, e certamente podero exercer um papel bem maior, comparado com aquele que vm desenvolvendo tradicionalmente... O foco principal da atividade porturia, no entanto, ainda permanece na recepo e no despacho de cargas, modelo totalmente ultrapassado em relao ao resto do mundo, j que nas economias industrializadas os portos so tambm centros de servios de valor agregado e parceiros imprescindveis na montagem de servios de logstica de abrangncia internacional. Sob esse ngulo, eles assumem um papel como instrumentos de fomento s exportaes, inseridos na poltica macroeconmica do governo... Avaliando o conjunto dos agentes econmicos que participam das exportaes, pode-se afirmar que a infra-estrutura fsica ainda corresponde ao menor obstculo para o seu incremento. Assim,

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    mudanas na regulao e nos processos podem contribuir sensivelmente para increment-las. (GOEBEL, 2002, p.345 e 348)

    Nas ltimas dcadas do sculo XX, o processo de circulao ganharia novos contornos com a crescente mundializao da economia, abrindo espao incorporao da logstica na gesto dos fluxos de produtos. Com a distino entre as atividades manufatureiras industriais, a produo propriamente dita e os servios e atividades imateriais torna-se cada vez mais difcil, a circulao deve envolver uma srie de atividades que vai do transporte ao controle de redes informatizadas responsveis pela localizao e distribuio dos bens. No se trata de uma engenharia de trnsito rpido operado pelas infra-estruturas de transporte, mas da competncia em ligar indstria e comrcio atravs de um verdadeiro sistema logstico.

    Das origens no domnio militar, a logstica foi incorporada organizao das empresas, podendo ser considerada como um mecanismo bsico das estratgias de organizao de territrios, cabendo aos portos o papel de n principal das redes logsticas. Nesse sentido, a logstica pressupe: a antecipao de um novo padro de desenvolvimento, agregando programas, planos e projetos de gesto, constituindo uma agenda; um sistema integrado de produo, transporte e processamento, apoiado em redes.

    A logstica se tornou, nas condies atuais, o mecanismo mais integrador das estratgias de organizao de territrios, resultado e indutor de polticas pblicas, ela conecta e articula linhas (redes de transporte e comunicao, relaes, fluxos), pontos (cidades e ncleos) e reas (produo, vegetao natural, ZEE) (MIN, 2005, p.18)

    Num contexto de insero competitiva nas dinmicas globais observamos que, de um lado, o territrio articulado pela rede logstica passa a exercer um importante papel integrador dos diferentes aspectos da produo. De outro, a organizao de redes logsticas aparece como um vetor fundamental na reestruturao dos territrios, constituindo-se como a ossatura do territrio (BECKER, 2006).

    A logstica passa a ocupar um espao privilegiado na organizao das redes de circulao, em detrimento dos projetos que privilegiavam os investimentos em grandes eixos de desenvolvimento. Estradas, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos passam a ser vistos como elementos catalisadores dos novos arranjos produtivos, indutores de crescimento. Da preocupao com o desenvolvimento dos sistemas de transportes ou da simples fluidez no deslocamento dos produtos, passa-se preocupao com os mecanismos da logstica mais amplos do que aqueles relacionados aos transportes.

    As redes logsticas, nas quais se estabelece um complexo de funes econmicas e sociais territorializadas, poderiam estabelecer, para alm dos espaos da produo, novos espaos de conexo que podem resultar em estmulos valorizao dos territrios.

    Dentre as concluses conceituais, possvel no s afirmar a hiptese de que a logstica um dos principais vetores de reestruturao do territrio, como ir alm em duas proposies. Primeiro, ao reduzir custos e tempos de circulao a logstica agrega valor aos produtos, ela mesma se transformando num servio de alto valor agregado, que so os que diferenciam o espao geogrfico no mundo contemporneo. (BECKER, 2006, p. 30 e 31)

    Diversas atividades que agregam valor podem ser realizadas ao longo da rede logstica, a exemplo daquelas desenvolvidas nos pontos de transferncia de cargas (embalagem, etiquetagem, controle de qualidade, empacotamento etc). Assim, associada aos recursos disponveis no territrio a rede logstica pode incorporar uma srie de operaes que possibilitem agregar valor ao produto.

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    A rede logstica do porto de Sepetiba/Itagua Na configurao da rede logstica do porto de Sepetiba/Itagua foram considerados a

    logstica de transporte (rodovias, ferrovias, hidrovias) e a presena de entrepostos de comercializao (EADs) e de terminais multimodais16. A partir do levantamento e mapeamento de alguns destes elementos, escolhidos dentre aqueles de maior impacto, apresentada, no mapa 1, a configurao da rede logstica articulada ao porto de Sepetiba. Para a construo do mapa foram utilizadas informaes disponibilizadas pela CDRJ, pela CODIN, pela Antaq e pelo Ministrio dos Transportes, alm de informaes obtidas junto s empresas responsveis pelos terminais porturios. A apresentao dessa configurao nos ajuda no sentido de perceber o papel do porto de Sepetiba para alm das infra-estruturas e equipamentos disponveis na rea porturia, quer dizer, como n de uma rede a partir da qual podem ser gerados determinados estmulos dinamizao do territrio. Nas condies atuais de organizao da produo e de circulao dos fluxos em redes globais, as infra-estruturas porturias, em si, no se constituem mais como elementos suficientes para promover estes estmulos. A rede logstica do porto de Sepetiba tem no item logstica de transportes um elemento favorvel ampliao e diversificao dos fluxos de produtos na rede, com efeitos sensveis sobre a dinmica territorial no estado do Rio de Janeiro.

    As redes rodoviria e ferroviria existentes atravessam o estado do Rio de Janeiro interligando os terminais porturios de Sepetiba aos principais estados do Centro-Sul, sendo includas entre aquelas de maior densidade no pas, constituindo um malha de transportes. Por outro lado, no enfrentam, em particular a rede rodoviria, os problemas de congestionamento observados nas redes que se ligam, por exemplo, aos portos de Santos e de Paranagu. Da mesma forma, a rede ferroviria est livre de problemas de interferncia com reas densamente urbanizadas, como o caso do porto do Rio de Janeiro.

    Na logstica rodoviria a principal rodovia a BR-101, Rio-Santos. Essa rodovia federal se interliga a duas outras importantes rodovias que servem regio, a BR-116 (Via Dutra) - atravs da BR-465 (antiga Rio-So Paulo) e da RJ-149, que liga Rio Claro a Mangaratiba - e a BR-040 (Rio-Juiz de Fora), acessada pela Avenida Brasil.

    De acordo com anlises tcnicas apresentadas pelos mais distintos setores, os entraves logsticos nos acessos rodovirio e ferrovirio devem estar superados, em mdio prazo, a partir da implantao do Arco Rodovirio do Rio de Janeiro. Embora o projeto do Arco ainda esteja em execuo, ele se constitui desde j em um importante elemento na consolidao da logstica de Sepetiba tornando possvel a conexo direta do porto s rodovias BR-116 e BR-040, sem a interferncia da Regio Metropolitana do Rio de Janeiro.

    Vale destacar que se os problemas no acesso rodovirio representam um obstculo, podem, por outro lado, representar um estmulo indireto ampliao do transporte de cargas por ferrovia. O trecho de 33km da Malha Sudeste da Rede Ferroviria Federal, administrada pela MRS Logstica17, entre as estaes de Japeri e de Brisamar, interliga o porto diretamente ao Vale do Paraba fluminense e indiretamente a outras regies econmicas. Da estao de Japeri partem duas linhas da MRS, uma que atravessa todo o Vale do Paraba acessando a regio metropolitana de So Paulo e outra que segue em direo a Belo Horizonte e Itutinga (MG). Tambm em Japeri, a MRS se interliga Malha Centro-Leste, operada pela Ferrovia Centro Atlntica, FCA. Cabe destacar que as condies atuais da logstica ferroviria poderiam ser melhoradas com a instalao de um terceiro trilho no trecho entre Barra Mansa e Itagua, dando aceso direto ao porto para as cargas que circulam pela FCA.

    16 A infra-estrutura de armazenagem no foi includa nessa anlise, pois, em virtude de seus custos elevados, a presena de silos e graneleiros est mais diretamente ligados logstica dos complexos agro-industriais.

    17 O grupo Controlador composto pela Companhia Siderrgica Nacional - CSN; Mineraes Brasileiras Reunidas S.A. - MBR; Usinas Siderrgicas de Minas Gerais S.A. - USIMINAS; GERDAU S.A.; FERTECO Minerao S.A.; Ultrafrtil S.A.; Celato Integrao Multimodal S.A.; e ABS Empreendimentos Imobilirios, Participaes e Servios S.A.

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    Mapa 1

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    Terminais Multimodais e Estaes Aduaneiras Interiores - elos na rede logstica de Sepetiba

    O aumento e a diversificao na movimentao de produtos no porto, associados s novas demandas postas pelas mudanas operadas na organizao das redes de produo e de circulao, esto ainda relacionadas ao surgimento de alguns espaos de conexo necessrios organizao dos fluxos de produtos que circulam na rede. A logstica de transportes complementada pela presena de espaos de conexo que complementam a configurao da rede logstica articulada ao porto.

    Para alm das questes relacionadas acessibilidade ao porto colocam-se outras ligadas disponibilidade de servios na rede, as quais atuam sobre a dinmica dos fluxos e sobre a possibilidade de agregar valor aos produtos, colocando como aspecto fundamental a se considerar, mais do que a acessibilidade e a distncia, mas a natureza da rede logstica articulada ao porto. Neste sentido, os novos elos da rede logstica de Sepetiba se constituem como elementos essenciais na valorizao do territrio, pois permitem a conexo de distintas e distantes regies ao estado do Rio de Janeiro, via rede logstica. Com a integrao entre a rede de transporte e outras atividades a idia da simples fluidez da circulao superada pela da agregao de valor ao produto.

    Para efeito de anlise, consideramos como elos da rede logstica os Terminais Multimodais e as Estaes Aduaneiras Interiores. Os terminais multimodais ou intermodais so locais de transferncia ou transbordo de cargas. Servem tambm de rea intermediria de armazenagem e ainda concentram servios auxiliares como a consolidao e a desconsolidao de contineres, servios que possibilitam a reduo de custos e otimizam a logstica de importadores e exportadores. Baseados no princpio do multimodalismo, estes terminais tm como principais objetivos aumentar a velocidade de distribuio da carga e reduzir o capital no produtivo seja pela manuteno de baixos nveis de estoque, seja pela entrega das cargas em prazos menores. A existncia dos terminais multimodais garante o transporte de um produto da origem ao destino integrando diferentes modais com a utilizao de um nico documento de transporte.

    A rede logstica do porto de Sepetiba atendida atualmente por Terminais Multimodais ou Terminais Intermodais Interiores (quadro 1), distribudos ao longo da malha ferroviria da MRS Logstica S.A., nos seguintes municpios: Barra Mansa e Porto Real (RJ), Belo Horizonte, Contagem e Betim (MG), Guaratinguet, Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba, Suzano, Jundia, Hortolndia e Sumar (SP), onde esto concentradas atividades industriais geradoras de carga. O porto de Sepetiba conta ainda uma rea de transposio de mercadorias no Bresser, bairro da cidade de So Paulo, e de um estudo destinado implantao do Terminal Multimodal em Coroa Grande (terminal roll-on/roll-off18 especializado na movimentao de automveis).

    Outros importantes elos na logstica porturia so as estaes aduaneiras interiores ou portos secos. As EADIS so recintos alfandegados instalados fora de portos, aeroportos e pontos de fronteira, onde os transportadores e exportadores podem adiantar o desembarao aduaneiro das cargas. As EADIs so terminais alfandegados de uso pblico destinados a prestar servios de movimentao e armazenagem de mercadorias, sob controle fiscal, geridos por empresas que tm o direito de atuar como entrepostos de exportao e importao. Os portos secos se constituem, assim, no contexto da formao de uma rede logstica, em importantes formas espaciais na medida em que ampliam as conexes com reas mais interiores e abrem a possibilidade de instalao de atividades que possibilitem agregar valor ao produto que circula pela rede logstica.

    Na rede logstica do porto de Sepetiba est em operao, desde maro de 2001, a EADI Resende, administrada pela Multiterminais Alfandegados do Brasil Ltda., provendo

    18 Atende a navios que dispem de rampas projetadas para permitir que cargas como automveis, caminhes etc sejam roladas para dentro e para fora da embarcao, quer dizer entrem e saiam pelos seus prprios meios.

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    servios para segmentos especficos como veculos, contineres e carga geral19. A EADI Resende conta com as estruturas necessrias s operaes de exportao e importao tradicionalmente localizadas nos terminais martimos - escritrios da Receita Federal, representantes dos Ministrios da Sade e da Agricultura, sistemas informatizados de controle das operaes e de acesso Receita Federal, Posto de Controle Interestadual, salas de suporte para despachantes e transportadoras e balanas eletrnicas de pesagem.

    QUADRO 1 Terminais Multimodais

    Fonte: Ministrio dos Transportes, 2004.

    O relatrio da CODIN trata ainda de alguns projetos previstos para a rea que viriam a se constituir como novos elos na rede, como a implantao de um aeroporto de carga, em Bulhes (Porto Real), a implantao de uma Zona de Apoio Logstico, ZAL, (envolve a instalao de empreendimentos industriais e comerciais e de servios vinculados atividade porturia), na retrorea do porto de Sepetiba. A implantao desses elos aparece como um elemento central na organizao da rede logstica pelas possibilidades de conexo entre o porto e outros pontos do territrio, ampliando o volume de e a diversidade de produtos em circulao na rede com impactos sobre a dinmica territorial no estado. Os investimentos em modernizao e dragagem dos portos devem ser complementados com a modernizao de processos destinados a concentrar na rea porturia a movimentao e a organizao das cargas no embarque e no desembarque dos navios, nfase nos fluxos, transferindo a estocagem e os processos de inspeo para outras reas, como os recintos alfandegados.

    Consolida-se, dessa forma, uma rede logstica articulada ao porto, a qual constituda pela infra-estrutura porturia e pelos servios, vias de acesso e os elos de conexo. Alm de algumas melhorias na infra-estrutura porturia que devem completar a configurao da rede logstica adaptao do Tecar movimentao de minrio de ferro

    19 No estado do Rio de Janeiro encontram-se em funcionamento as EADIs do Rio de Janeiro (Multiterminais Alfandegados do Brasil S/A), de Nova Iguau (Transportes Martimos e Multimodais So Geraldo Ltda) e de Resende (Terminal Logstico do Vale do Paraba Ltda). Existem outras duas em processo de licitao: Duque de Caxias e Maca. (Ministrio dos Transportes, 2006)

    MUNICPIO rea Total (mil m)

    FERROVIAS ATENDIDAS

    Belo Horizonte 200 MRS, FCA, EFVM Contagem 120 MRS, FCA, EFVM Betim 55 MRS, FCA, EFVM Barra Mansa 35 MRS, FCA Porto Real 30 MRS Guaratinguet 15 MRS Mogi das Cruzes

    550 MRS

    Itaquaquecetuba 200 MRS Suzano 150 MRS Jundia 45 MRS, Ferroban Hortolndia 150 MRS, Ferroban, ALL, FCA, Ferronorte,

    Novoeste Sumar 120 MRS, Ferroban, ALL, FCA, Ferronorte,

    Novoeste

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    para exportao20, construo de um novo terminal de minrio e de um terminal para exportao de gros (principalmente soja21). O transporte de soja, bem como do minrio de ferro, pela MRS Logstica at o porto de Sepetiba, apresenta um diferencial em relao aos portos de Santos e Paranagu onde parte da soja chega em caminhes, agravando os problemas de congestionamento e demora nos processos de embarque e desembarque.

    Atrao e estmulo instalao e ampliao de empreendimentos A incluso de alguns empreendimentos no mapa da rede logstica de Sepetiba nos

    permite avaliar o impacto da modernizao do porto e a capacidade dessa rede de estimular novas dinmicas territoriais no estado do Rio de Janeiro. Esses empreendimentos (mapa 2), identificados a partir de informaes obtidas junto a FIRJAN, CDRJ, CODIN E CONDEPORTS foram classificados segundo sua situao poca da pesquisa: implantado, em expanso e em implantao. Dentre eles, alguns tm ou tero enorme impacto sobre territrio fluminense tendo em vista o volume de investimentos e as dimenses do projeto. Segundo informaes da FIRJAN (2006), at 2008, sero investidos cerca de R$14bilhes na regio de influncia do porto.

    Os impactos da consolidao da rede logstica de Sepetiba devem se estender a toda a hinterlndia porturia22, entretanto, dada sua extenso, coincidncia entre ela e a rea de influncia do porto do Rio de Janeiro (distante 70 km do porto de Sepetiba) e as dificuldades de delimit-la23 selecionamos os empreendimentos identificados nos limites do estado do Rio de Janeiro vistos como aqueles que podem ser vistos como resultado dos impactos mais diretos da consolidao da rede logstica de Sepetiba.

    Como se trata de projetos industriais que envolvem enormes montantes de investimentos e longos perodos necessrios realizao de avaliaes e de obras de construo, uma parte dos investimentos mencionados ainda no est em operao, mas em implantao. Consideramos, contudo, que a simples considerao por essas empresas da presena do porto como fator de atrao, j , em si, um sinal do potencial de atrao da rede logstica que vem ali se organizando.

    O mais importante deles a construo da Companhia Siderrgica do Atlntico, CSA, consrcio formado pela CVRD e pela empresa alem Thyssen Krupp Stahl. As obras para implantao da CSA tiveram incio no final de 2005, ocupando a rea adjacente ao Canal de So Francisco. O projeto de implantao da CSA envolve a construo de um complexo siderrgico especializado na produo de placas de ao semi-acabadas para exportao,

    20 O objetivo inicial da CSN era a construo de um novo terminal de minrios, incluindo mais um bero para atracao de navios, alm de um terminal de soja, mas o projeto da CSN esbarrou na legislao que probe a participao na licitao empresas que j operam terminais com a mesma finalidade no porto. O problema que, de acordo com a reportagem do Jornal do Brasil, de maio de 2005, ainda no tinham aparecido concorrentes. A Companhia Docas firmou, ento, com a CSN, termo de reviso contratual atravs do qual a empresa poder tambm operar na exportao de minrio de ferro no terminal de carvo, que passar por obras para se adequar nova carga. (Guerra do minrio no mar Vale critica a falta de licitao em rea de Sepetiba JB On Line, 16/05/2005)

    21 Na avaliao do secretrio estadual de Energia, Indstria Naval e Petrleo do Rio de Janeiro, Wagner Victer, o transporte da soja e do minrio pela ferrovia da MRS Logstica representar um diferencial em favor dos novos terminais de minrio e de soja, uma vez que parte da soja escoada pelos portos de Santos (SP) e Paranagu (PR) chega por meio de caminhes. (CSN decide investir R$ 460 milhes, Gazeta Mercantil de 23-05-05)

    22 Considera-se hinterlndia de um porto organizado: 1 - a cidade ou localidade em que esse porto estiver, ou em que funcionar a respectiva alfndega e as costas ou margens atingidas pela navegao interna do mesmo porto; 2 - a regio do pas servida por transportes terrestres, para a qual se encaminhem diretamente mercadorias desembarcadas no porto ou da qual procedem mercadorias para embarque no mesmo porto; 3 - a regio do pas servida pro vias fluviais de transportes, cujas mercadorias sejam transportadas, embarcadas ou desembarcadas, sujeitos jurisdio do referido porto. (SANTOS 1993, p.50)

    23 A hinterlndia de um porto sua regio tributria, do ponto de vista econmico, e pode aumentar ou diminuir geograficamente de grandeza em face de fatores econmicos. ( SANTOS, 1993)

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    uma usina siderrgica, uma coqueria, e uma termoeltrica, alm de um terminal porturio de exportao a ser construdo no meio da Baa de Sepetiba24.

    A capacidade desse empreendimento de gerar empregos diretos (3.500 empregos na operao e 10.000 nas obras) sinaliza no sentido dos impactos que trar para a regio. Considerados ainda os impactos da construo de uma nova usina da Gerdau e das unidades da Michelin e da Ambev, est previsto um boom imobilirio que atingir, principalmente, os bairros de Santa Cruz e de Campo Grande. Com o aumento do nmero de trabalhadores aver a necessidade de construir imveis para trabalhadores de todas as faixas de renda. Em Campo Grande, as construtoras j esto erguendo condomnios de casas e apartamentos para a classe mdia confiantes no boom imobilirio (Santa Cruz e Campo Grande, o prximo boom imobilirio. Jornal do Brasil, 02/06/2007).

    Outro projeto que ter grande impacto no territrio fluminense a construo, em rea limtrofe ao porto de Sepetiba, de uma nova unidade de laminao da CSN, com dois alto-fornos. Destinada produo de placas de ao para exportao a nova usina ter capacidade de gerar 8.000 empregos diretos nas obras e 2.500 na operao. A CSN considera ainda a possibilidade de construo de uma usina de pelotizao de minrios, a qual poderia ser localizada em Itagua no caso do objetivo da produo ser a exportao.

    Seguindo o perfil dos empreendimentos citados, a Gerdau vem investindo na expanso da Usina da Cosigua, fabricante de aos para a construo civil, indstria e agropecuria, e a construo de uma nova usina destinada produo de aos especiais para a indstria automobilstica, a Gerdau Aos Especiais Rio, ambas em Santa Cruz. Com a construo da Gerdau Aos Especiais sero gerados, segundo informaes da CODIN, 8000 empregos diretos na operao dos projetos e 4.000 nas obras.

    Tambm em Campo Grande, a Ambev com fbrica j instalada aprovou investimentos da ordem de R$160 milhes na construo de uma fbrica de vidros voltada exportao e que pretende contar com as instalaes do porto de Sepetiba.

    H ainda os projetos de ampliao da usina siderrgica da Votorantin Metais, em Barra Mansa, de construo de uma fbrica de cimentos, a RioCim, em Santa Cruz, de ampliao da Fbrica Michelin de pneus para nibus e caminhes, instalada em Campo Grande (construo de um terminal destinado movimentao de fertilizantes, construo de silos pela Valesul para servir Cimentos Tupy) e implantao de uma usina termeltrica pela italiana Enel Power, no municpio de Itagua.

    A ltima novidade foi a assinatura de uma acordo entre o governo do estado do Rio de Janeiro e o governo do estado de Minas Gerais, em dezembro de 2006, para a implantao de um porto avanado para os produtos mineiros na rea do grupo mnero-metalrgico Ing, no porto de Sepetiba.

    Para alm da movimentao de cargas, de veculos e de navios observada no porto destaque pode ser dado crescente participao de empresas prestadoras de servios na rea de exportao/importao, de logstica, empresas armadoras, dentre outras. A transferncia de 50% das atividades de importao de autopeas da Europa para o Grupo PSA Peugeot-Citren (instalada em Porto Real) do porto do Rio de Janeiro para o porto de Sepetiba, em 2003, foi acompanhada pela instalao de um escritrio da Gefco25, empresa de transporte e logstica da PSA, e na atrao de duas empresas armadoras, a Aliana Navegao e Logstica26 e a Maersk Sealand. A movimentao dos carros da Peugeot Citron, tanto na importao quanto na exportao e o transporte de metade das autopeas foram mantidos no porto do Rio. Na poca, no foi descartada a exportao pelo porto de

    24 O terminal da CSA seria ligado terra por uma ponte de quatro quilmetros A reao ao projeto do porto, por parte dos pescadores da regio, foi imediata. Para fazer o porto exclusivo ser preciso uma dragagem que revolver o lodo txico produzido durante anos pela Companhia Industrial Ing. Alm disso, a usina aumentar o trnsito de navios, criando uma rea de excluso de pesca.

    25 Atualmente, a Peugeot-Citren responsvel por 50% do faturamento da empresa de logstica, embora a GEFCO atenda a outros 150 clientes no Brasil, entre eles, a Ambev e a Total Elf.

    26 Empresas associada ao grupo Hamburg Sd.

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    Mapa 2

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    Sepetiba, pois existia um acordo pelo qual os contineres teriam que voltar ao porto de origem, o que levaria a Gefco a tambm usar o porto de Sepetiba para fazer exportaes.

    Outras empresas do setor que passaram a operar pelo terminal, movimentando automveis eram a Fiat e a Iveco. A Fiat centralizava suas operaes de importaes e exportaes no Terminal Multicar do Porto do Rio de Janeiro, mas desde novembro de 2000, a montadora optou pelo Porto de Sepetiba como principal local para embarque e desembarque de peas e veculos. A empresa opera ainda contineres com peas destinados importao e exportao.

    No depender de um nico porto o objetivo. No Brasil h sempre possibilidade de greve. Sepetiba a opo da montadora porque os custos em relao ao Porto do Rio so menores. (Porto de Sepetiba a preferncia do setor logstico de importao e exportao da Fiat, i.automotivo.com O parceiro da indstria automotiva, janeiro de 2001)

    Os empreendimentos destacados sinalizam, de um lado, no sentido da forte atrao do porto e de sua rede na implantao/expanso de plantas industriais e de empresas de servios, principalmente daquelas ligadas s atividades de logstica. Por outro lado, a atrao de investimentos aponta no sentido da consolidao do perfil siderrgico das atividades que vm se instalando na rede logstica de Sepetiba, com nfase para o desenvolvimento daquelas regies do estado do Rio de Janeiro cujas conexes com o porto de Sepetiba so mais fortes27.

    Impactos territoriais da consolidao da rede logstica de Sepetiba A instalao/expanso desses empreendimentos, industriais e de servios, nas reas

    conectadas ao porto pela rede, confirma o impacto territorial da modernizao do porto de Sepetiba n de uma rede logstica com alcance regional. A partir da anlise de informaes disponibilizadas pela CODIN e pela FIRJAN, conclumos que, nos limites do estado do Rio de Janeiro, o retroporto imediato de Sepetiba municpios vizinhos ao porto, Regio Metropolitana do Rio de Janeiro e mdio Paraba do Sul - a rea mais sujeita aos efeitos das novas dinmicas estimuladas pela consolidao da rede logstica do porto. De acordo com a FIRJAN (2002) a explicao: logstica.

    Cabe reafirmar que o projeto Sepetiba no foi pensado como algo voltado para o municpio de Itagua, mas como uma proposta de transformao do porto de Sepetiba em um hub port, um tipo de porto, conforme j apresentamos anteriormente, de alcance regional e nacional - sob a presso do gigantismo naval o porto se separa de seu stio primitivo e da cidade (VIGARI, 1983), resultando, muitas vezes, em impactos que se faro sentir com menos intensidade na cidade onde se localiza a infra-estrutura porturia.

    A declarao de Raphael de Almeida Magalhes, um dos idealizadores de Sepetiba, feita revista eletrnica Netmarinha (Sepetiba Tecon comea 2003 com novidades, 24/02/2003) esclarecedora desse aspecto: "quando imaginamos Sepetiba, o objetivo principal que nos mobilizava era exatamente para ouvir que o porto pudesse se converter no mais eficiente centro de logstica do pas, em condies de atender a economia de toda a regio sudeste. Sepetiba nunca foi um projeto local, mas sim nacional", concluiu Magalhes.

    Com base no mapeamento apresentado foi possvel confirmar que a regio que vai do municpio de Itagua at o mdio Vale do Paraba aquela para onde foram atrados grandes volumes de investimentos, confirmando nossa hiptese inicial sobre o papel da modernizao do porto de Sepetiba, n de uma rede logstica, como vetor de novas dinmicas territoriais no estado do Rio de Janeiro.

    De acordo com anlises da FIRJAN (2002) existe uma previso de investimentos, para a regio de influncia do porto de Sepetiba, da ordem de R$ 14 bilhes, perodo 2006-2008. Aos municpios de Itagua e do Rio de Janeiro (com destaque para o bairro de Santa

    27 A conexo uma propriedade das redes que coloca em jogo a qualidade da rede, podendo ser forte ou fraca.

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    Cruz) sero destinados os maiores montantes empregados em obras no prprio porto (dragagem, construo de terminais etc) e na implantao de empresas prestadoras de servios e, principalmente, na instalao de novas plantas industriais.

    Noutros municpios da Regio Metropolitana do Rio de Janeiro a modernizao e a ampliao das atividades na rede logstica do porto de Sepetiba tambm vm representando fator de dinamizao. Podemos destacar a construo da TermoRio (produo de polietileno), no Plo Gs-Qumico, em Duque de Caxias, alm da ampliao de outros empreendimentos do setor como a Polibrasil, a Nitriflex e a Petroflex; expanso da Roche e da Servier em Jacarepagu; da Rambaxy, em Campo Grande; implantao da Usina Termoeltrica da Eletrobolt em Seropdica; construo de uma fbrica da Michelin (pneus de minerao e terraplenagem), junto unidade industrial de Campo Grande.

    De acordo com o Conselho de Desenvolvimento Econmico da Baixada Fluminense, criado em 2005, o porto de Sepetiba estratgico atrao dos empresrios. Vale destacar que o Conselho conta com a participao de um grupo de trinta e dois empresrios indicados pela Firjan que iro trabalhar junto s prefeituras e ao governo estadual e federal na atrao e implantao de novos projetos, reforando o papel daquela instituio na consolidao do porto de Sepetiba, conforme j destacado.

    Apesar de o papel de porto concentrador atribudo ao porto de Sepetiba, o que levaria a impactos menos sensveis em seu entorno imediato, so os municpios mais prximos rea porturia aqueles que percebem os maiores impactos das dinmicas territoriais estimuladas a partir da modernizao do porto e da consolidao de sua rede logstica. Entretanto, a observao do desenho da rede logstica e da distribuio de empreendimentos sinaliza no sentido de caracterizar o alcance desses impactos noutras regies influenciadas diretamente pela rede logstica do porto de Sepetiba.

    Este o caso da regio sul fluminense, com destaque para os municpios do Vale do Paraba, outra regio particularmente beneficiada, principalmente atravs da implantao de indstrias de metal-mecnica. De acordo com Ivone Batista (2006) a partir de 1996, houve significativo crescimento do nmero de empresas instaladas na regio, 54,37% daquelas existentes atualmente.

    O sul fluminense se destaca pela presena de quatro grandes empresas, CSN, Volks, Peugeot-Citren e Brasfels, includas entre os principais exportadores do estado28 (CAERJ, 2005). Alm delas, informaes disponibilizadas pela CODIN apontam a instalao, nos ltimos anos, da Sonoco Phoenix (embalagens de metal para alimentos para exportao, com produo comercializada atravs da EADI-Resende), em Resende, da Austin Processos Metalrgicos (especializada no processo metalrgico para alterao da estrutura de peas produzida pela Thyssen Krupp Fundies), em Barra do Pira, e da ampliao da fbrica da Michelin (cabos e aros de ao), em Itatiaia.

    Alm desses, a CODIN apresenta em seu relatrio alguns projetos industriais em negociao na regio: transferncia da filial da Empresa Cascadura Industrial Metalrgica (revestimentos metlicos) do Rio de Janeiro para Volta Redonda; implantao da Iracome Brasil (cabos, fios e componentes eltricos para equipamentos industriais e automveis); Metalrgica Metais do Vale e Siderrgica Resigusa (produo de ferro gusa), ambas em Barra Mansa; Equipasul (estruturas metlicas) e Almeida Filho (beneficiamento de ao), em Volta Redonda; alm do AltoForno 4 da CSN, em Volta Redonda.

    Outras informaes confirmam o peso dessas regies nas dinmicas territoriais do estado do Rio de Janeiro. Nas regies da Baixada e Sul Fluminense, est concentrada parte dos municpios do estado do Rio de Janeiro que mais exportaram em 2005, Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Volta Redonda, Porto Real, Niteri, Barra do Pira, Maca, So Gonalo, Petrpolis e Itabora (RIBEIRO, 2005).

    28 De acordo com dados de 2005 da Cmara de Comrcio e Indstria do Estado do Rio de Janeiro, CAERJ, as maiores exportadoras do Estado, responsveis por 81% no total das vendas ao exterior, so a Petrobrs, a CSN, a BR Distribuidora, a Shell, a Peugeot Citroen, a Volkswagen, a Gerdau, a Mau-Jurong, a Galvasud e a Michellin.

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    A escolha da localizao desses empreendimentos indicada por representantes das empresas, como efeito vantagens logsticas geradas pelo porto de Sepetiba. Para os responsveis pela construo da CSA, por exemplo, a escolha de Itagua estratgica: o local ficar prximo ao porto de Sepetiba que oferece rapidez e custos menores para o recebimento de carvo e o despacho das placas aos clientes. A regio servida pela ferrovia MRS, que se encarregaria de trazer minrio de ferro das minas da CVRD em Minas Gerais.

    As vantagens logsticas de Sepetiba tambm foram o elemento decisivo para a definio da localizao de uma termeltrica junto ao porto de Sepetiba (Valor OnLine de 19/10/2000, Rio ter mais uma termeltrica, anuncia Garotinho). Tambm em rea prxima ao porto de Sepetiba, a construo da nova Usina da Gerdau teve como atrativo a possibilidade de aproveitamento da infra-estrutura e da logstica j existentes. Para o presidente do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter:

    A deciso de instalar a nova usina dentro do plo siderrgico teve como fator fundamental a sinergia entre as operaes, com destaque para a grande rea disponvel, a infra-estrutura, a logstica e o baixo impacto ambiental, que iro agregar diferenciais competitivos no mercado interno e externo. (informaes da assessoria de imprensa da Gerdau, disponvel em www.gerdau.com.br, acessado em 20 de dezembro de 2004)

    A referncia feita pelos representantes das empresas mencionadas pode se tratada geograficamente. opo estratgica por Itagua remete problemtica da localizao, enquanto a meno sinergia das operaes, resultado de mltiplas conexes territoriais, pe em destaque o papel dos elos na rede logstica.

    Alm disso, alm dos estmulos diretos para a dinmica territorial fluminense, a vinda de novos empreendimentos estimula os fluxos de produtos na rede com efeitos sobre a modernizao/ampliao das instalaes porturias e da infra-estrutura da rede de transportes e dos elos. Um exemplo so as aquisies de vages e de locomotivas pela MRS Logstica em resposta ao aumento no volume de produtos movimentados.

    Outra vantagem adicional seria, segundo informaes da CODIN, a superposio da rea de influncia do porto de Sepetiba com a do Rio de Janeiro. Dessa forma as empresas poderiam contar com as vantagens momentneas de cada porto. Sendo assim, a concorrncia entre os dois portos poderia se apresentar como mais uma circunstncia favorvel s dinmicas territoriais no estado.

    Vale destacar, que mesmo empreendimentos previstos para a retrorea do porto e que tenham optado pela instalao de suas plantas noutros municpios, como foi o caso do complexo industrial de gs natural da Petrobrs (a ser construdo em Itabora, Niteri)29, podero contar com as vantagens logsticas oferecidas pelo porto de Sepetiba.

    Alm desses empreendimentos, cabe destacar o desenvolvimento de atividades que devem servir como fator de estmulo s atividades na regio como a construo do Centro Universitrio da Zona Oeste, em Campo Grande, com cursos direcionados aos mercados produtores do Estado - siderurgia, polmeros, construo naval, frmacos, biotecnologia e tecnologia da informao30.

    O surgimento daqueles elos e a atrao de investimentos na implantao/modernizao de empresas industriais e de servios confirma o novo papel do

    29 O projeto de construo de uma Refinaria Petroqumica, destinada produo de derivados petroqumicos bsicos, diesel e GLP a partir do leo pesado de Campos, acabou sendo destinado ao municpio de Itabora. J na dcada de 80, falava-se da implantao em Itagua de uma petroqumica, tendo sido cedido um terreno a PetroRio, empresa criada para implantar o Plo Petroqumico de Itagua.

    30 De acordo com informao disponvel no site da Secretaria de Estado Cincia, Tecnologia e Inovao do Rio de Janeiro, a idia seria de ministrar a parte final da formao dos novos profissionais diretamente nas empresas.

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    porto de Sepetiba. Para alm de uma infra-estrutura moderna e com capacidade de movimentao de crescentes volumes de produtos e de circulao de grandes navios de carga, o porto de Sepetiba se constitui efetivamente como n de uma rede logstica com importncia crescente no territrio fluminense e como vetor para o estmulo de novas dinmicas territoriais.

    Consideraes Finais algumas tendncias na dinmica do territrio fluminense

    A partir da anlise da configurao da rede e da identificao de seus elos e dos empreendimentos em implantao ou em expanso podemos apontar algumas tendncias que se colocam com relao s dinmicas criadas a partir da consolidao logstica do porto de Sepetiba.

    O setor siderrgico aparece como o que recebeu os maiores estmulos, envolvendo a construo de quatro novas usinas, CSA, CSN, Votorantin e Gerdau, cujos investimentos se destacam dentre aqueles mapeados para o estado, pelo montante de recursos envolvidos. De acordo com estudo da fundao CIDE (2006), quando as usinas da CSA e da CSN entrarem em operao, a siderurgia responder por 25% das exportaes fluminenses reforando a participao deste setor nos indicadores do comrcio exterior do estado.

    Entre os principais empreendimentos, alguns so concentrados em uma s localizao, o que pode proporcionar a alterao da dinmica territorial na regio onde esto inseridos, com nfase na consolidao de um plo siderrgico na retrorea do porto de Sepetiba. Declarao do presidente da CODIN ao Jornal Valor Econmico (Gerdau far nova usina de aos especiais, em 17/12/2004), reafirma a vocao: "a regio da baa de Sepetiba comea a se transformar em um novo plo siderrgico nacional". Em agosto de 2003, a Assemblia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, ALERJ, atravs do ento institudo Frum Permanente de Desenvolvimento Estratgico no Estado do Rio de Janeiro organizou um levantamento sobre os investimentos estruturantes no estado. O entorno do Porto de Sepetiba foi colocado em destaque e considerado rea prioritria para a implantao de um novo plo siderrgico. Tal era sua importncia que deveria ser criada a Companhia de Desenvolvimento da Bacia de Sepetiba, CODETIBA, para atuar na conduo das demandas econmicas e sociais surgidas em funo desse projeto. concentrao de investimentos em empreendimentos ligados direta ou indiretamente ao setor siderrgico no entorno do porto de Sepetiba deve-se acrescentar a expanso de atividades de metal-mecnica no mdio Vale do Paraba do Sul. constatao do predomnio do perfil siderrgico das atividades desenvolvidas na rede logstica ligada ao porto de Sepetiba, podemos acrescentar outra que diz respeito atrao de empresas ligadas prestao de servios de logstica e ao crescimento na movimentao de contineres. Alm disso, a implantao de Terminais Multimodais e de Estaes Aduaneiras Interiores se constitui como um elemento estratgico consolidao da rede logstica do porto de Sepetiba e a das conexes entre o porto e algumas regies vizinhas. As ligaes com outras regies estimulam uma maior diversificao de produtos em circulao na rede, criando outras possibilidades ampliao de setores pouco dinmicos no estado, a exemplo da agroindstria de gros (unidades de armazenamento, novos terminais, usinas de esmagamento da soja etc).

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