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Gerenciamento Das Diretrizes e Da Rotina
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Sumário
1.0 Hoshin Kanri .................................................................................................................... 3
1.1 Introdução ........................................................................................................................ 3
1.2 Contexto Histórico .......................................................................................................... 5
1.3 Definições do Hoshin Kanri ........................................................................................... 7
1.4 Descrição do Método ..................................................................................................... 9
2.0 Modelos de implementação ........................................................................................ 11
2.1 O Modelo de Akao ........................................................................................................ 13
2.2 O Modelo de Wood e Munshi ..................................................................................... 19
2.2.1 Verificação (Check) .................................................................................................. 20
2.2.2 Revisão (Act) ............................................................................................................. 22
2.2.3 Desdobramento (Plan) ............................................................................................. 22
2.2.4 Implementação (Do) ................................................................................................. 22
2.2.5 Controle diário ........................................................................................................... 23
2.3 O Modelo de Campos .................................................................................................. 24
2.3.1 Estágio 1: Faixa Branca .......................................................................................... 24
2.3.2 Estágio 2: Faixa Marrom ......................................................................................... 27
2.3.3 Estágio 3: Faixa Preta .............................................................................................. 29
3.0 O Hoshin Kanri e o BSC .............................................................................................. 31
3.1 BSC: Definição, Objetivos e Estrutura ...................................................................... 33
3.2 As Perspectivas do BSC ............................................................................................. 37
3.2.1 Objetivos .................................................................................................................... 37
3.2.2 Indicadores ................................................................................................................ 38
3.3 O Balanced Scorecard como Sistema de Avaliação da Performance ................. 39
3.3.1 Avaliando a Perspectiva Financeira ...................................................................... 40
3.3.2 Avaliando a Perspectiva dos Clientes ................................................................... 41
3.3.3 Avaliando a Perspectiva dos Processos Internos ............................................... 42
3.3.4 Avaliando a Perspectiva da Aprendizagem e Crescimento ............................... 43
3.4 O Mapa Estratégico e as Relações de Causa Efeito .............................................. 45
3.5 O BSC como Ferramenta de Gestão Estratégica ................................................... 48
3.6 Princípios Básicos para Adoção do BSC .................................................................. 49
3.7 Integração das Perspectivas do BSC à Estratégia Empresarial ........................... 53
2
3.8 Impactos do BSC sobre a performance .................................................................... 54
3.9 Vantagens do Uso do BSC ......................................................................................... 54
4.0 Modelo de organização para a execução do Hoshin Kanri ................................... 56
5.0 Gerenciamento da Rotina ........................................................................................... 66
5.1 O Modelo da Estabilização de Processos ................................................................ 66
5.2 O modelo do SDCA para o Gerenciamento da Rotina ........................................... 69
5.3 Definição das Funções Básicas e da Agenda de Trabalho ................................... 70
5.4 A Padronização de Processos ................................................................................... 72
5.4.1 O Treinamento Operacional .................................................................................... 74
5.4.2 A Operação Conforme o Padrão ............................................................................ 75
5.4.3 O Tratamento de Anomalias ................................................................................... 76
5.5 A Auditoria de Padrão .................................................................................................. 81
3
1.0 Hoshin Kanri
1.1 Introdução
A desconexão dos objetivos da alta administração com o gerenciamento
do dia-a-dia nos níveis operacionais é sugerida por vários autores como
uma das maiores dificuldades dentro de uma organização. Apesar dos
sofisticados processos de planejamento utilizados, em muitas
organizações, o que é planejado, no final, resulta ser diferente ao que é
realizado. Neste aspecto, como já comentado, o Hoshin Kanri se
apresenta como uma estrutura para combater esta falha.
O Hoshin Kanri foi desenvolvido como uma ferramenta do TQC para
conseguir a flexibilidade das empresas e diminuir o tempo de resposta às
mudanças do ambiente, convertendo-se em um dos pilares fundamentais
para o sucesso do TQM. Atualmente, esse método tomou especial
relevância no ambiente empresarial pelo impulso dado pela inclusão
dentro das ferramentas lean como método para desdobrar as estratégias.
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Através da aplicação geral do ciclo de melhoria contínua PDCA, se
desdobram os objetivos através de toda a organização, para produzir o
alinhamento de todos seus, as três características principais que
diferenciam a gestão Hoshin de outros modelos são:
(i) O catchball, processo de negociação que emprega reuniões
formais e informais para traduzir fins em meios, estabelecer o uso
de recursos, e converter os objetivos dos diversos níveis da
organização em metas acordadas entre todos;
(ii) A relação entre a gestão Hoshin e o TQM, assim como com outras
formas de trabalho semelhantes (como por exemplo, lean
manufacturing);
(iii) A sua relação com a estratégia corporativa, que deliberadamente
utiliza as diretrizes derivadas das estratégias globais para
gerenciar os trabalhos cotidianos.
1.2 Contexto Histórico
Em 1954, Juran foi convidado pela JUSE (Japanese
Union of Scientists and Engineers) para cooperar no
recém-começado trabalho de Deming em Controle
Estatístico da Qualidade. Ele viu que estava na
gerência o papel de promover e dirigir os esforços
dos empregados para as atividades de controle da
qualidade. Nesse tempo o conceito APO
(Administração Por Objetivos) ou MBO (do inglês: Management By
Objectives) tinha chegado ao Japão e foi combinado com as ideias de
Deming e Juran, convertendo-se no primeiro elemento do chamado
‘planejamento estratégico da qualidade’. O ciclo PCDA de Deming foi um
dos primeiros conceitos introduzidos pela JUSE como tema central desse
novo método.
6
Durante toda a década de 60 os japoneses
continuaram melhorando as atividades de
planejamento e, em 1968, a Bridgestone Tire Company
de Japão ganhou o Deming Application Prize, fazendo
um grande esforço para rodar o ciclo PDCA (Plan-Do-
Check-Act) com a participação de todos os
empregados da organização. Itens prioritários anuais
relacionados à gestão interfuncional, como garantia da qualidade e
gerenciamento do lucro, foram determinados em concordância com as
políticas anuais e foram implementados nos departamentos relevantes
dentro da organização.
A alta administração diagnosticava com o objetivo de verificar como
estavam sendo feitas as coisas, examinava os resultados alcançados e
identificava qualquer problema que se apresentasse quanto ao
cumprimento dos objetivos marcados; assim, ajudava a acompanhar e
refinar as políticas. A companhia denominou este método como “Hoshin
Kanri”. Devido ao sucesso alcançado, em 1975 este método já era aceito
em todo Japão.
Em meados dos anos 80, o método chegou até o
ocidente por meio de empresas subsidiarias das
japonesas, como a divisão YHP da Hewlett-Packard e a
Fuji-Xerox. Nos Estados Unidos, o Hoshin
Kanri foi implementado com sucesso no
final dos anos 80 pela Florida Power and
Light, ganhadora do primeiro Deming Prize estrangeiro e
se expandiu pelos EUA.
Na Europa, empresas ganhadoras do European Quality Award
começaram a utilizar o Hoshin Kanri, a partir do começo dos anos 90,
como método para ligar suas estratégias de médio e longo prazo com
seus planos anuais e lograram uma significante melhoria no seu
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Para homogeneizar o entendimento do Hoshin Kanri ou gerenciamento
pelas diretrizes, é preciso definir também outros conceitos envolvidos.
Uma diretriz é composta de uma meta e das medidas prioritárias e
suficientes para que se atinja a meta. Define-se uma meta como os
resultados esperados, e os meios podem ser definidos como direções
para chegar à meta. Em outras palavras, os meios mostram o caminho
para se atingir à meta. Por outro lado, um plano de ação pode-se
apresentar como um cronograma de atividades. Por exemplo, a ‘redução
na taxa de rejeição’ é uma meta. As especificidades relacionadas à
redução são os itens de ação. Os meios mostram a maneira de descobrir
e eliminar as fraquezas dos processos que causam as rejeições. Por
exemplo, um meio pode ser a ‘análise do processo’ ou a ‘promoção da
padronização’.
Outro conceito importante que deve ser explicado por ser um dos pilares
do Hoshin Kanri é o processo catchball. O objetivo desse processo é
prevenir a sub-otimização ou otimização local em detrimento do
desempenho global. O catchball representa uma discussão em três
direções, de cima para baixo, de baixo para cima e horizontalmente, entre
departamentos. Este processo de discussão traduz as metas em ações
realizáveis para cada nível da organização (WOOD; MUNSHI, 1991).
Segundo Wood e Munshi (1991) depois do catchball, pelo menos 60%
das propostas corporativas iniciais são questionadas e modificadas na
primeira iteração. Esse processo encoraja a cooperação e a criatividade
necessária para a excelência do planejamento. Porém, Lee e Dale (1999)
advertem que o catchball não deve ser utilizado pelos líderes como uma
oportunidade para fazer que os empregados tomem decisões sem
orientação, suporte e verificação adequados.
9
1.4 Descrição do Método
O método do Hoshin Kanri apresenta quatro itens principais:
1. Formulação das poucas prioridades estratégicas vitais (VFO: vital
few objectives), partindo dos requerimentos dos stakeholders;
2. Tradução destas estratégias prioritárias em planos de ação para o
seguinte ano através da decisão entre os gerentes e seus
subordinados;
3. Gerenciamento dos planos na rotina diária no nível operacional;
4. Análise das diretrizes e estratégias em toda a organização para
revisar e avaliar seu desempenho.
Assim, como mostrado na figura a seguir, o Hoshin Kanri pode ser visto
como uma roda na qual os resultados do negócio são o eixo, as metas e
os meios são os raios da roda e o catchball é a borda.
Figura 1.1 – A roda do Hoshin Kanri.
10
O Hoshin Kanri requer a identificação dos processos que são críticos para
o sucesso das estratégias. Estes processos-chave são identificados e
mapeados utilizando técnicas de mapeamento. Muitas das técnicas são
adaptadas do sistema lean e aplicadas aqui ao nível estratégico. Os
objetivos podem ser divididos em duas categorias: intermediários e finais.
Os finais são os últimos valores que se espera obter. Por exemplo, no
caso dos defeitos, o objetivo final seria zero defeito. É importante que
todas as pessoas envolvidas tenham bem claro este objetivo final. Uma
vez que o objetivo final fica estabelecido, são estabelecidos os objetivos
intermediários, que normalmente coincidem com os Hoshin anuais. Estes
objetivos intermediários são como vários marcos de referência que
servem para guiar até os objetivos finais. Os objetivos intermediários
devem ser audazes para serem motivadores, mas não excessivamente
difíceis, porque isso faria as pessoas se sentirem desalentadas por não
alcançá-los.
O Hoshin Kanri pode ser interpretado como o ciclo PDCA aplicado ao
processo de planejamento e execução dos VFO, como mostra a Figura a
seguir.
Figura 1.2 – O ciclo PDCA no Hoshin Kanri.
11
2.0 Modelos de implementação
Na literatura podem-se encontrar diferentes modelos para a
implementação do Hoshin Kanri. Nesta seção são abordados
principalmente três modelos, o modelo de Akao, o modelo de Wood e
Munshi e o modelo de Campos, que apresentam o Hoshin como parte do
TQM. Akao foi o primeiro que desenvolveu e publicou uma sistematização
formal do Hoshin Kanri.
Dr. Yoji Akao nasceu no Japão em 1928.
Akao se formou no Instituto de Tecnologia de
Tóquio, em 1948, e recebeu seu PhD lá
também em 1964. Akao é conhecido por ser
um dos fundadores da "Quality Function
Deployment" (QFD) com o falecido Dr.
Shigeru Mizuno. QFD é uma ferramenta
utilizada para identificar os fatores que a
satisfação do cliente impacto durante a fase de projeto, para facilitar um
projeto de fornecedor e, assim, fazer um produto melhor com menos
defeitos. Akao também é creditado com o desenvolvimento "Hoshin Kanri"
também conhecido como "Total Quality Management" e escrever um livro
sobre o assunto. Além disso, Akao foi o ganhador do Prêmio Deming, em
1978, a Medalha de Serviços Distintos da American Society for Quality,
em 2001, a Medalha Shainin da American Society for Quality, e outros
prêmios de outras instituições. Atualmente, o Dr. Akao atua em uma
variedade de comitês e tem um prêmio próprio, o Prêmio Akao, pela
excelência em QFD.
Por outro lado, o trabalho de Campos foi pioneiro no Brasil e foi através
de quem este método se fez mais conhecido no país, tendo presente que
seu livro (Gerenciamento pelas Diretrizes) foi publicado no Brasil mesmo
antes da publicação da tradução em português do livro de Akao, em 1997.
Ambos esses modelos se enquadram no contexto do TQM e apresentam
uma visão nessa ótica.
12
Vicente Falconi Campos nasceu em 1940,
em Niterói/RJ. Graduou-se em Engenharia
pela Universidade Federal de Minas Gerais
Ph.D em Engenharia, foi Professor de
Engenharia na UFMG de 1964 a 1992,
tendo sido agraciado pela Universidade
com o título de Professor Emérito.
Trabalhou durante muitos anos com os japoneses da Union of Japanese
Scientistis and Engineers (JUSE) em empresas brasileiras. É sócio
fundador e consultor do Instituto de Desenvolvimento Gerencial – INDG.
Foi membro da Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (2001) e
reconhecido pela American Society for Quality como "Uma das 21 vozes
do Século 21". Recebeu homenagens do Governo Federal Brasileiro
(Medalha Rio Branco e Medalha do Conhecimento), do Governo de Minas
Gerais e do município de Belo Horizonte/MG. Publicou seis livros na área
de Gestão Empresarial
Qualidade Total - Padronização de Empresas (1991);
O Valor dos R.H. na Era do Conhecimento (1995);
Gerenciamento pelas Diretrizes (1996);
TQC - Controle da Qualidade Total (1996);
Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-Dia (2004);
O Verdadeiro Poder - Práticas de Gestão que Conduzem a
Resultados Revolucionários (2009).
13
2.1 O Modelo de Akao
A Figura a seguir ilustra de maneira simplificada o processo de
planejamento e execução em consenso que Akao propõe através do
Hoshin Kanri.
Figura 2.1 – Modelo do Hoshin Kanri de Akao.
O movimento geral do processo começa na alta gerência, passando logo
pela média gerência e pelas equipes de implementação. As setas de
dupla direção representam o processo de negociação, ou catchball, entre
os três grupos para estabelecer em concordância os objetivos e a forma
de medição e revisão. A alta gerência estabelece ‘o que’ do sistema
empresarial, ou seja, sua visão e objetivos essenciais. A média gerência é
responsável pelo ‘como’, já que negocia com a alta gerência as
estratégias para alcançar os objetivos e o gerenciamento dos recursos
para executar o plano. Em seguida, a média gerência negocia com as
equipes de implementação as medidas de desempenho que serão
utilizadas para indicar o progresso das estratégias. Estas equipes são
capacitadas para gerenciar a ação e programar suas atividades.
Fechando o ciclo, a alta gerência revisa o progresso das equipes de
implementação e o desempenho do seu sistema de planejamento.
14
1. O resumo do plano Hoshin, que é utilizado para apresentar uma visão
geral de todo o plano, mostrando em uma matriz a relação entre cada
uma das estratégias e os quatro focos-chave do TQM (qualidade,
custo, tempo de ciclo e segurança), incluindo os responsáveis, as
metas e objetivos;
2. O plano de ação do Hoshin, utilizado como ferramenta de
desdobramento, contendo informações detalhadas que unem os
objetivos essenciais com as estratégias de implementação;
3. O plano de implementação do Hoshin, similar a uma tabela de Gantt,
utilizado para registrar o progresso na execução da estratégia,
incluindo uma lista das atividades necessárias, a situação atual e os
resultados do desempenho;
4. O formulário de revisão da implementação do Hoshin, utilizado para
registrar o desempenho real da empresa e compará-lo com a meta
esperada e o desempenho de outras empresas (benchmarking).
O modelo de implementação apresentado por Akao se baseia
principalmente em exemplos de diferentes empresas que utilizam o
Hoshin Kanri, contando com dez passos, como mostrado na figura a
seguir.
Figura 2.2 –Passos para a Implementação do Hoshin Kanri.
15
Descrição dos 10 Passos:
1. Estabelecer um lema para a empresa, uma política de qualidade e um
plano de promoção: o Hoshin Kanri inicia com a determinação de um
lema, um propósito, uma missão ou uma visão por parte da gerência.
Estes são expressos como uma diretriz geral, para logo ser
desdobrados nas especificidades de uma política de qualidade e de
um plano de promoção do controle da qualidade.
2. Delinear estratégias gerenciais de longo e médio prazo: são
desenvolvidas estratégias para a rápida resposta às mudanças, por
meio de planos de médio e longo prazo. Para atingir as metas, são
estabelecidas prioridades estratégicas baseando-se na coleta e
análise de dados, que inclui uma análise completa dos problemas
críticos, das capacidades atuais e das mudanças de dentro e fora da
empresa.
3. Coletar e analisar as informações: esta etapa é necessária para
compreender a situação atual da empresa, com o objetivo de
determinar posteriormente as diretrizes anuais. Devem-se considerar
as seguintes etapas:
(i) Analisar os dados de desempenho do ano anterior para
compreender os problemas existentes e esclarecer as
tarefas, analisando as causas pelas quais as metas não
foram atingidas;
(ii) Estudar as informações relativas às condições internas para
compreensão dos problemas;
(iii) Estudar as informações do ambiente externo para
compreender os problemas;
16
(iv) Organizar e estratificar os problemas descobertos através da
utilização do diagrama de Pareto, de modo de identificar os
VFO.
Analisando os resultados da implantação das diretrizes no ano
passado e, esclarecendo as relações de causa e efeito entre as metas,
fatores e planos, se garante um planejamento preciso e racional das
metas e meios do ano entrante.
4. Planejar as metas e os meios: pode ser dividido em três tarefas
principais:
(i) Com os resultados do ano anterior, determinar uma diretriz e
um plano (meios e metas);
(ii) Preparar uma folha de diretrizes e do plano de ação que
mostre o responsável e o cronograma de execução;
(iii) Praticar o catchball com supervisores e subordinados. O
plano de diretrizes não deve ser rígido, deve ser revisado
quando necessário, segundo as mudanças que possam
ocorrer na economia, no mercado ou na própria empresa.
Ainda, um problema frequente que deve ser evitado é a
escolha de meios aleatoriamente sem metas ou de metas
sem meios. A utilização de diagramas de espinha de peixe e
de tabelas sistemáticas pode ser útil para esclarecer a
relação entre metas e meios. Uma razão frequente que leva
à falta de sucesso do desdobramento das diretrizes são as
deficiências na coleta e na análise das informações, uma
pré-condição essencial para esta etapa de planejamento das
diretrizes.
5. Estabelecer os itens de controle e preparar uma lista com os mesmos:
esta tarefa consiste em:
17
(i) Estabelecer os itens de controle para o desdobramento das
diretrizes;
(ii) Preparar uma lista de itens de controle que especifique os
trabalhos, as pessoas encarregadas, frequência de controle,
os dados de controle e demais fatores necessários. Estas
atividades devem ser levadas a cabo sempre com a
colaboração e interação de supervisores e subordinados. Os
itens de controle podem ser divididos em duas categorias:
pontos de controle para verificação de resultados e pontos
para inspeção dos fatores para a realização das metas
(meios).
6. Desdobrar a diretriz: com o plano de diretrizes (metas e meios)
elaborado, desdobrá-lo aos diferentes departamentos e posições de
trabalho da organização. O sucesso do desdobramento das diretrizes
depende do desdobramento dos itens críticos. A meta é o resultado
esperado da solução de um problema crítico e os meios são as
medidas para solucionar os problemas críticos. Nesta etapa, o
gerenciamento interfuncional cumpre um papel importante para o
desdobramento bem-sucedido das diretrizes, baseado na QCE
(qualidade, custo, entrega).
7. Desdobrar os itens de controle: o desdobramento dos itens de controle
está relacionado à elaboração da diretriz e do plano. Nesta etapa
deve-se procurar não desdobrar itens de controle muito técnicos, estes
devem ser facilmente entendíveis de maneira que mantenham a todos
atentos no caso que os resultados de verificação não sejam bons.
8. Implementar o plano de diretrizes: a implementação varia segundo a
organização em que seja realizada, surgindo da própria cultura e dos
propósitos da empresa. Baseia-se no plano de diretrizes ou na folha
do plano de ação.
18
9. Verificar os resultados da implementação:
(i) Comparar a meta com os resultados reais e verificar a
diferença; se existir diferença acusará um problema;
(ii) Se for assim, analisar o processo buscando as causa da
diferença;
(iii) Priorizar a atuação sobre as causas que produzem o maior
efeito;
(iv) Se a medida corretiva for bem-sucedida, incorporá-la no
plano do próximo ano. Caso falhe, manter os registros para
que no plano do próximo ano não seja repetida;
(v) Preparar relatórios da situação do plano de diretrizes com os
resultados da implementação. A verificação deve ser
realizada sobre uma base regular, ou seja, trimestral,
semanal ou diariamente. Ante a aparição de problemas
críticos, é preciso verificar o plano das diretrizes.
Nesta etapa tem lugar o denominado diagnóstico ou revisão do
presidente, onde a alta gerência determina o grau em que as metas
foram atingidas, observando não só os resultados obtidos e sim o
processo que levou a esses resultados. Esta revisão é um evento
onde a cúpula da empresa desce até o ‘chão de fábrica’ e realiza
perguntas aos empregados com fins de estudo. Esta atividade resulta
também em uma motivação para os empregados dos níveis mais
baixos.
10. Preparar o relatório de situação da implementação do Hoshin Kanri: o
relatório de situação relata o ciclo PDCA do desdobramento das
diretrizes do ano corrente. Deve ser realizado um relatório, quando
necessário, para cada trabalho, seção ou departamento e distribuído
para os envolvidos.
19
2.2 O Modelo de Wood e Munshi
Wood e Munshi apresentam um modelo conceitual que inclui todos os
aspectos apresentados por Akao, mas colocando especial ênfase nos
ciclos PDCA que conformam o Hoshin Kanri e a relação existente entre
este e o controle diário. Vale ressaltar que Wood e Munshi diferenciam
três componentes dentro do TQM:
(i) O Hoshin Kanri, que lida com o gerenciamento das políticas no
nível da alta administração;
(ii) O controle diário, que envolve os gerentes médios e de linha no
trabalho de melhoria contínua das funções básicas; e
(iii) Os times de melhoria da qualidade, que levam a cabo específicas
melhorias funcionais ou interfuncionais.
Para a execução do Hoshin Kanri, Wood e Munshi dividem a empresa em
cinco grupos ou comitês:
(i) O comitê executivo de direção, composto pelo CEO e um número
pequeno de executivos sênior, tem a função de conduzir a revisão
anual, determinar a visão da companhia e aprovar os planos finais,
incluindo os orçamentos e a alocação dos recursos;
(ii) O comitê de desdobramento das políticas, composto também por
altos executivos, tem o rol de coordenar as atividades de
desdobramentos das políticas, determinar os planos iniciais de
médio e curto prazo, determinar os cronogramas e guiar o
processo do catchball;
(iii) Os comitês departamentais, compostos da estrutura tradicional
com um gerente departamental dirigindo as atividades;
(iv) Os comitês interfuncionais dirigidos pelos departamentos com
maior conhecimento e maior relevância para o cumprimento das
20
metas interfuncionais, por exemplo, o comitê interfuncional de
qualidade será dirigido pelo gerente do departamento de qualidade;
e por último:
(v) Os times de tarefas, encarregados de executar as ações, operam
inter ou intra-departamentalmentos, com melhorias padronizadas
dentro da estrutura do controle diário. No processo de catchball
estão envolvidos os comitês departamentais, os comitês
interfuncionais e o comitê de desdobramento. Os líderes dos times
departamentais e interfuncionais se reportam ao comitê executivo
em cada revisão anual.
Na figura a seguir encontram-se representadas as quatro fases do Hoshin
Kanri do modelo de Wood e Munshi e sua relação com o controle diário,
que serão brevemente explicados:
2.2.1 Verificação (Check)
O ciclo PDCA correspondente ao Hoshin Kanri (parte superior da figura)
começa na verificação. O Hoshin Kanri inicia cada ano com informação
correspondente ao corrente ano, informação esta fornecida pelo controle
diário e pelo time de tarefa. Internamente cada departamento provê um
reporte do progresso anual e do exterior vem a informação das
necessidades dos clientes e o comportamento atual do mercado, que
também são necessárias para realizar a revisão dos planos corporativos.
A verificação é focada em: resultados alcançados no passado ano, lições
apreendidas, gaps entre as metas e o realmente alcançado, análise da
raiz dos problemas, fatores ambientais e futuros planos para a
organização.
21
Figura 1.5 – As 4 fases do Hoshin Kanri e o controle diário.
22
2.2.2 Revisão (Act)
A revisão foca-se em rever a direção tomada pela organização. Com a
informação proveniente da etapa anterior, é revisada a validade da visão
e dos planos de médio prazo e são constituídos os planos anuais para o
ano entrante. Os planos anuais devem ser específicos e são
estabelecidos com base no plano de médio prazo, na análise do gap
existente no ano passado entre os objetivos e os resultados, e na nova
informação do mercado e concorrentes.
2.2.3 Desdobramento (Plan)
Nesta etapa do ciclo PDCA (ou CAPDo), o planejamento anual é
desdobrado em atividades para cada departamento. As atividades
necessárias para alcançar os objetivos são obtidas pela interação entre
os diferentes níveis de um mesmo departamento e entre os diferentes
departamentos através do catchball. Durante este processo deve ser
priorizado o cumprimento das metas interfuncionais como qualidade,
custo, tempo de entrega e segurança, antes que as metas individuais de
cada departamento. Como observado na figura, não somente o plano de
curto prazo é traduzido para o nível de departamento. Também a visão e
o plano de médio prazo são traduzidos em uma linguagem entendida pelo
departamento, de forma que todos os empregados compreendem para
onde estão indo e o objetivo final do seu esforço. Resulta importante
nesta etapa que os tempos de ciclo PDCA dos departamentos estejam
sincronizados com o do resto da organização, do contrário existirá uma
perda do foco e uma divergência a respeito da direção da empresa.
2.2.4 Implementação (Do)
Nesta fase são postas em ação as tarefas determinadas na fase anterior
de desdobramento. Estas atividades foram desenvolvidas no
departamento ou entre vários departamentos (interfuncional). Neste último
caso, é preciso determinar um dos departamentos como responsável pela
23
direção e supervisão destas atividades. Mensalmente, os departamentos
ou um comitê interfuncional realizam uma revisão com o objetivo de
determinar o progresso dos planos de ação, os problemas apresentados
ou se é preciso realizar modificações nos mesmos. Finalmente, o Hoshin
fecha um ciclo quando as melhorias revolucionárias (breakthroughs) são
padronizadas dentro do ciclo de controle diário.
2.2.5 Controle diário
O controle diário é o alicerce do Hoshin Kanri. Dentro do controle diário
podem-se observar dois ciclos rodando (parte inferior da figura), um ciclo
PDCA, de melhoria da qualidade, e um ciclo SDCA, de controle da
qualidade. O ciclo PDCA é usado para manter o controle de um processo
já estável. No ciclo SDCA: o trabalho é padronizado (S=standardized), o
trabalho diário (D=Daily Work) é realizado, os indicadores são medidos
(C=Check) e ações (A=Act) são tomadas com o objetivo de continuar ou
alterar a padronização para manter o atual nível de desempenho. O
controle diário examina constantemente a empresa e provê informação
essencial sobre sua atual capacidade.
24
2.3 O Modelo de Campos
Campos proporciona um modelo de implementação do Hoshin Kanri ou
gerenciamento pelas diretrizes, que procura manter a simplicidade
dividindo o processo de implementação em uma série de passos concisos
e de fácil entendimento. Ele faz uma analogia entre o Hoshin Kanri e as
artes marciais, apresentando a implementação em três fases principais
que ele chama faixas: a fase 1, faixa branca; a fase 2, faixa marrom; a
fase 3, faixa preta. A seguir são apresentadas de maneira sucinta essas
três fases com os passos que as compõem.
2.3.1 Estágio 1: Faixa Branca
Este primeiro estágio tem como objetivo
principal o estabelecimento de um sistema
de gerenciamento pelas diretrizes (GPD),
com todos os procedimentos e
documentação, e a capacitação de todos
os envolvidos para trabalhar de acordo
com esse sistema. A seguir são abordados os dez passos que compõem
esta primeira fase.
1) Preparação do gerenciamento pelas diretrizes. Neste passo o
coordenador da Gestão pela Qualidade Total (TQM) prepara um
padrão gerencial, para ser assinado pelo presidente da organização.
Este padrão contém, entre outros dados, o planejamento do
gerenciamento pelas diretrizes, as medidas de acompanhamento e
controle, as ações a serem tomadas no final do ano, um fluxograma
do GPD e os formulários a serem utilizados.
2) Estabelecimento das metas anuais. Estas metas são estabelecidas
em conformidade com os planos de médio e longo prazo e com as
informações provenientes da análise do mercado e benchmarking.
25
Nesse primeiro estágio o autor recomenda o estabelecimento de um
número mínimo de metas, para não dificultar o processo gerencial.
3) Estabelecimento da diretriz do presidente. No estabelecimento desta
diretriz participam o presidente, os diretores e o coordenador do TQM.
Com base nas metas estabelecidas no passo anterior, são
determinados os meios através dos quais se pretende alcançá-las. As
medidas não desdobráveis constituirão o plano de ação do presidente
e as desdobráveis serão apresentadas aos diretores, para que estes
estabeleçam seus objetivos e metas gerenciais.
4) Condução do desdobramento das diretrizes. No desdobramento, as
metas de cada nível hierárquico se desprendem das medidas ou
meios do nível hierárquico superior. O processo de estabelecimento
destas metas e medidas exige a utilização do catchball, para a
negociação entre os diferentes níveis e o estabelecimento de
objetivos fatíveis. O processo de catchball também deve ser realizado
interfuncionalmente para evitar redundância e analisar itens que
afetam ou precisam de outros departamentos. Para finalizar, todas as
diretrizes devem se traduzidas em planos de ação e devem ser
estabelecidos os itens de controle e de verificação.
5) Executar as medidas. O gerente deve se focar no processo de atingir
as metas e não simplesmente nos resultados. Na análise dos
problemas, deve analisar o que aconteceu de errado (análise do
fenômeno) e a causa de porque aconteceu errado (análise do
processo). Ainda, o gerente deve se assegurar de que sua equipe
domina a utilização do método PDCA para a resolução de problemas
e melhoria dos processos.
6) Verificação do alcance das metas. É preciso verificar continuamente
os itens de controle, para identificar se as metas estão sendo
atingidas. Em caso de desvio, deve-se analisar o processo para
26
detectar se existem fatores importantes, que afetam o resultado e que
não foram considerados. Deve-se analisar a anomalia, detectar a
causa de desvio e tomar ações para eliminá-lo. Ainda que o controle
seja contínuo, é preciso formalizar uma reunião mensal entre cada
gerente da organização e seus superiores, para apresentar os
resultados ruins e o que se está fazendo para lidar com os problemas.
7) Diagnóstico das diretrizes. Este diagnóstico é levado a cabo pelo
presidente da empresa, para verificar o nível de alcance das metas e
se o GPD está sendo promovido de forma efetiva. O diagnóstico do
presidente ocorre no final do ano e, desde que possível, ele deve
visitar pessoalmente cada uma das unidades da organização, já que
outro objetivo é a motivação dos empregados. Caso o presidente não
possa se apresentar, a visita deve ficar por responsabilidade dos
membros da alta administração.
8) Reflexão sobre os resultados. Esta atividade compreende:
(i) A identificação dos pontos problemáticos ou metas não
atingidas;
(ii) Identificação das características importantes destes problemas;
(iii) Identificação das causas importantes das características
importantes;
(iv) Estabelecimento de medidas para eliminar as causas
importantes;
(v) Estabelecimento de itens de controle sobre os pontos
problemáticos e itens de verificação sobre as medidas.
9) Incorporar os resultados do GPD no gerenciamento da rotina do
trabalho do dia-a-dia. Isto envolve a transferência dos resultados de
alcance das metas e a transferência do conteúdo da execução da
27
medida. No que se refere às metas, os itens de controle devem ser
incluídos no gerenciamento da rotina ou, se já existiam, devem se
atualizados para o novo valor atingido no GPD. No que se refere as
medidas que foram 100% eficazes, devem ser padronizadas e dar
treinamento devido ao pessoal envolvido nestas medidas.
10) Padronização do sistema de GPD. Para realizar esta padronização,
deve-se estabelecer um manual de GPD contendo: a definição dos
termos utilizados no GPD, o modo de estabelecer e desdobrar as
diretrizes anuais, o modo de estabelecer os pontos de controles, o
modo e a frequência conduzir as reuniões de acompanhamento, o
modo de tratar as anomalias, o modo de conduzir os diagnósticos, o
modo de fazer os relatórios de reflexão anual, os documentos
utilizados no GPD e um fluxograma básico do sistema de GPD.
2.3.2 Estágio 2: Faixa Marrom
Este segundo estágio do modelo de Campos
tem como objetivo principal o aprofundamento
das capacidades de planejamento da
gerência da empresa, aumentando assim, o
nível de certeza de se atingirem as metas.
Esta fase está composta por oito passos que
são apresentados a seguir:
1) Estabelecimento das metas anuais da empresa. As metas são
estabelecidas sobre os produtos e as pessoas, para isto são
analisadas quatro fontes: os planos de médio e longo prazo, a análise
da situação externa atual, reflexão do ano anterior, relatório de
diagnósticos.
28
2) Estabelecimento do projeto das diretrizes do presidente. Neste, cada
uma das metas anuais são analisadas para estabelecer as medidas
necessárias para atingi-las.
3) Condução do desdobramento das diretrizes. Diferente de como foi
desdobrado na fase 1, nesta fase as metas dos diferentes níveis se
desprendem diretamente das metas dos níveis superiores. As metas,
sob responsabilidade de cada chefe de seção, são estabelecidas em
torno da qualidade, custo e entrega dos produtos e moral e segurança
das pessoas. As metas demandam muita fundamentação e discussão
do corpo gerencial, através do processo catchball. Uma vez fixadas as
metas de cada unidade, devem ser analisados os problemas
(diferença entre a meta e o real) para determinar as medidas e os
planos de ação necessários. Também é preciso fazer um catchball
vertical e horizontal relativo às medidas a serem adotadas, para
assegurar a compatibilidade com as medidas dos superiores e dos
outros gerentes.
4) Condução da execução das diretrizes através dos seguintes passos:
(i) Uma reflexão profunda e concreta ao longo de todo ano à
medida que os problemas ocorrem;
(ii) Cooperação de todos através de planos de ação concretos
renovados mensalmente;
(iii) Resposta rápida aos acontecimentos impostos à
organização ao longo do ano.
5) Monitoramento do GPD. Este passo pode ser realizado da mesma
maneira como proposto na faixa branca. O conteúdo dos relatórios de
anomalias, produto deste monitoramento, deve seguir o processo
gerencial PDCA: meta, resultado, plano, situação atual de execução,
análise da diferença entre metas e resultados e proposição de novas
contramedidas que possibilitem o alcance da meta.
29
6) Condução dos diagnósticos. Na realização dos diagnósticos, os
gerentes devem utilizar as ferramentas do TQM para analisar os
problemas e extrair as verdadeiras causas.
7) Reflexão. Isto compreende a análise dos resultados indesejados. Para
este trabalho é preciso que os gerentes tenham um conhecimento
aprofundado dos métodos e ferramentas de análise do TQM.
8) Melhoria. Além das atividades de avaliação e reflexão descritas, o
sistema de GPD da organização deve ser revisado e melhorado para
que seja cada vez mais eficaz.
2.3.3 Estágio 3: Faixa Preta
Esta é o último estágio de
implantação do Hoshin Kanri
apresentado por Campos. Até
esse estágio, o Hoshin Kanri foi
conduzido através de uma
estrutura vertical; agora o objetivo
principal é conseguir a interfuncionalidade, de modo a alcançar a
harmonia, eficiência e eficácia necessária para responder velozmente às
necessidades do mercado. Nesta faixa, Campos já não divide o processo
em passos, senão que se dedica a explicar os fundamentos e conceitos
necessários para o entendimento e aplicação da interfuncionalidade, do
modo de conduzir o GPD através de uma estrutura horizontal. O GPD
introduzido por meio do gerenciamento interfuncional permite quebrar as
barreiras que separam as unidades internas, promovendo a cooperação.
O autor sugere que o organograma no nível de alta administração seja
modificado interfuncionalmente, sendo os altos dirigentes responsáveis
por grandes processos como logística, vendas, fabricação, assistência
técnica, garantia da qualidade, etc.
30
Neste modelo para a faixa preta, se divide a organização em: o comitê de
TQM, os comitês interfuncionais, as unidades de suporte, os
departamentos de linha e os grupos de trabalho. O comitê interfuncional
se encontra ligado diretamente ao comitê de TQM preexistente. Sua
principal atividade é o desenvolvimento das metas e medidas das funções
e sua decisão é considerada final e do mais alto nível. O comitê pode ter
aproximadamente cinco membros, pertencentes às unidades de
importância prioritárias para a função que está sendo abordada. Por
exemplo, se uma das funções prioritárias é a qualidade, então um dos
membros do comitê deverá ser o gerente responsável pelo departamento
da qualidade. O número de comitês interfuncionais não deve ser muito
grande.
Já o grupo de trabalho é nomeado pelo comitê interfuncional e é
dissolvido após o término de suas atribuições. Este grupo está constituído
por pessoas com os recursos técnicos necessários para analisar os
problemas e suas causas, fazendo logo recomendações ao comitê
interfuncional. A unidade de suporte é o departamento encarregado da
função, por exemplo, o suporte ao comitê da garantia da qualidade é dado
pelo departamento de qualidade. Seu papel principal é levantar
informações da função, detectar os problemas interfuncionais e fornecer
informação aos departamentos de linha para que estes possam
estabelecer seus planos. Por último, os departamentos de linha são
responsáveis por executar o plano de ação. Depois que o planejamento
da função no sentido horizontal foi desenvolvido através de uma
organização interfuncional, o planejamento das ações internas ao
departamento de linha é realizado pelo próprio departamento.
31
3.0 O Hoshin Kanri e o BSC
O BSC (Balanced ScoreCard) foi apresentado em 1992 por Robert Kaplan
e David Norton revolucionando a tradicional medição do desempenho nas
companhias. O diferencial do BSC como sistema de gestão é a fixação de
indicadores de desempenho e objetivos estratégicos em quatro áreas ou
perspectivas: (i) financeira; (ii) de clientes; (iii) de processos internos; e
(iv) de aprendizado e crescimento, apresentado na forma de um mapa
estratégico da organização.
Figura 3.1- Exemplo de Mapa estratégico.
Similar ao Hoshin Kanri, o BSC busca a ligação das atividades de curto
prazo com os objetivos de longo prazo. Para isto o BSC conta com quatro
processos:
(i) Tradução da visão;
(ii) Comunicação e ligação entre todos os níveis organizacionais;
(iii) Planejamento do negócio e;
(iv) Feedback e aprendizado.
32
Algumas organizações utilização em conjunto do Hoshin Kanri e do BSC.
Segundo elas, o BSC resulta útil para a explicitação, discussão e
alinhamento das estratégias, enquanto que o Hoshin Kanri viabiliza a
implantação ou desdobramento destas estratégias em toda a organização
em um modelo onde o BSC é utilizado no nível corporativo para a
tradução dos propósitos de longo prazo em objetivos estratégicos e o
Hoshin Kanri é usado como um sistema de implementação e execução. O
Hoshin é utilizado para traduzir os objetivos do BSC, primeiramente, em
planos de médio prazo e, a seguir, em prioridades de curto prazo dentro
do ciclo PDCA anual. O Hoshin Kanri apresenta vantagens para a
execução devido à especificação dos VFO, a determinação de objetivos
incrementais, o planejamento participativo e a utilização do ciclo PDCA
para o gerenciamento dos objetivos.
Figura 3.2 – Utilização do Hoshin Kanri em conjunto com o BSC.
33
3.1 BSC: Definição, Objetivos e Estrutura
Até o início do século XX, o progresso das organizações acontecia
internamente. Pesquisadores como Taylor, Fayol e Ford, de entre outros,
concentravam-se na organização dos processos internos, visando
essencialmente minimizar custos e melhorar a produtividade. Esse olhar
basicamente para dentro da organização ocorria onde havia um ambiente
externo de poucas mudanças, facto este que não suscitava preocupações
ou interferências no processo de produção.
Na segunda metade do século XX, com o avanço científico e tecnológico,
mudanças no meio externo adquiriram proporções significativas,
obrigando as organizações a extrapolar as evoluções internas e a
monitorizar as mudanças que estavam ocorrendo no ambiente. Neste
novo cenário, segundo Campos (2001), surge a teoria dos sistemas, que
considera as organizações como um sistema aberto em constante
adaptação às condições externas, em processo de mudança, para
desempenhar seu papel, ter sucesso e conseguir sobreviver no longo
prazo. Nestas condições, percebeu-se que os indicadores financeiros,
apesar de importantes, já não eram mais suficientes para garantir o
sucesso organizacional. Aspectos como qualidade, prazo de entrega,
satisfação dos clientes, comprometimento dos funcionários, de entre
outros, passaram a ser uma distinção capaz de decidir permanência ou
não de uma organização no mercado.
Neste contexto, diante da necessidade de mensurar os ativos financeiros
e não financeiros, surgem metodologias tais como o BSC – Balanced
Scorecard, que foi concebido na década de 1990, a partir de um projeto
denominado Measuring Performance in the Organization of the Future, ou
seja, Medindo a Performance nas Organizações do Futuro, apoiado pela
unidade de pesquisa da empresa KPMG e desenvolvido pelo Instituto
Nolan Norton.
34
Os estudos foram conduzidos por David Norton e Robert Kaplan com a
participação de representantes de empresas, em que, durante o período
de um ano, reuniam-se quinzenalmente, com o objetivo de criar um
modelo de medição de desempenho que adicionasse aos indicadores
financeiros tradicionais, medidas de desempenho relativas a prazos de
entrega, qualidade, melhoria de processos e desenvolvimento de novos
produtos e/ou serviços.
O Balanced Scorecard é um modelo de gestão estratégico que traduz a
visão e estratégia da organização num conjunto de objetivos interligados,
medidos através de indicadores articulados aos fatores críticos.
Figura 3.3 – Representação Esquemática do Balanced Scorecard.
Norton e Kaplan descrevem a inovação do BSC da seguinte forma:
O BSC retém medidas financeiras tradicionais. Porém essas medidas
financeiras referem-se apenas a eventos passados, perfeitamente
adequados para empresas industriais para as quais os investimentos a
35
longo prazo em novas capacidades e relação com clientes não são
críticos para o sucesso. Porém, essas medidas financeiras são
inadequadas para guiar e descrever o caminho que as empresas da era
da informação necessitam percorrer para criar valores futuros através de
investimentos nos clientes, fornecedores, funcionários, processos,
tecnologia e inovação.
O BSC fornece uma visão objetiva às organizações, no que elas devem
medir, no sentido de contrabalançar as diversas perspectivas existentes.
Por outro lado é também um modelo de gestão que permite que as
organizações clarifiquem a sua visão estratégica e possam convertê-la
num plano de ação.
Ainda, tendo em conta as influências externas que afligem as
organizações e a própria forma como elas se desenvolvem, o método
Balanced Scorecard fornece a informação necessária para uma análise
reiterada do seguimento da estratégia e dos resultados conseguidos.
Assim, o BSC visa dar resposta a uma série de questões a diferentes
níveis.
1. Ao nível dos clientes (externos ou internos)
Grau de satisfação dos clientes
Comportamento dos clientes
2. Ao nível dos acionistas.
Retorno financeiro dos acionistas
Satisfação e insatisfação dos acionistas
Comportamento dos acionistas
3. Ao nível da estratégia de mercado
Potencial do mercado
Taxa de Crescimento do mercado
36
4. A estratégia da empresa
Quota de Mercado
Angariação de novos clientes
Adequação aos clientes
Adequação dos serviços
Fatores externos que afetam os clientes
5. Execução da estratégia
Metas estratégicas e os objetivos necessários para atingi-los
6. Eficácia do processo
Qualidade do serviço/produto oferecido
7. Eficiência das operações
Qualidade dos processos
Produtividade
Desperdícios
Custos dos serviços e produtos
8. Contribuição dos acionistas
Contribuição com recursos
Qualidade das contribuições
9. Desenvolvimento das capacidades para execução das estratégias
Capacidades organizacionais
Capacidades de infraestrutura
Capacidade dos acionistas
O BSC tem por finalidade as grandes ou pequenas organizações,
qualquer que seja o seu âmbito de atuação, privado ou público, com ou
sem fins lucrativos e, poderá ser aplicado desde o nível de topo na
organização ao nível do indivíduo.
37
Para cada nível organizacional as estratégias são definidas em
conformidade com os objetivos exigidos à determinada unidade orgânica
da empresa, seja uma divisão, um sector, um departamento ou um
funcionário.
Estruturalmente, o BSC divide-se num conjunto de três grupos distintos,
porém inter-relacionados: a perspectiva, os objetivos e os indicadores.
3.2 As Perspectivas do BSC
As perspectivas do BSC traduzem-se por objetivos, aos quais estão
associados um conjunto de indicadores que permitem a sua
quantificação.
3.2.1 Objetivos
Os objetivos a atingir são definidos para cada uma das quatro
perspectivas definidas. Estes objetivos são definidos pelos gestores da
organização, em função do seu âmbito. Por exemplo, uma organização
para fins humanitários terá certamente objetivos diferentes de uma
organização empresarial ou industrial. Importa ainda referir que os ditos
objetivos têm em conta a estratégia traçada pela organização.
O quadro seguinte mostra, em síntese, exemplos de alguns dos objetivos
associados às diferentes estratégias.
38
Perspectiva Financeira Perspectiva do Cliente
- Melhorar rentabilidade - Reduzir prazos de entrega
- Reduzir Custos - Fidelizar Clientes
- Melhorar as vendas
Perspectiva dos Processos Perspectiva da Formação e Crescimento
- Melhorar serviço Pós-venda - Satisfação dos funcionários
- Aumentar Produtividade - Melhorar qualificações dos funcionários
- Reforçar imagem - Melhorar infraestrutura tecnológica
- Aumentar quota de mercado
Tabela 3.1 – Exemplo de Quadro de Objetivos do BSC.
3.2.2 Indicadores
Cada objetivo é quantificado por um conjunto de indicadores ponderados.
Os indicadores são normalmente designados por KPI’s e, permitem-nos
quantificar (medir) determinados fatores da organização.
Existem KPI’s de ordem crescente e de ordem decrescente.
Os de ordem crescente devem ser tanto maiores quanto possível,
enquanto os de ordem decrescente devem ser tanto menores quanto
possível.
Alguns exemplos de indicadores são a “Margem de Contribuição
Residual” como um indicador de ordem crescente e o “Prazo de Entrega”
como um indicador de ordem decrescente.
39
3.3 O Balanced Scorecard como Sistema de Avaliação da
Performance
O BSC aborda as organizações sob quatro perspectivas fundamentais:
perspectiva financeira, perspectiva do cliente, perspectiva dos processos
internos e perspectiva do desenvolvimento (inovação ou formação).
Figura 3.4 – Perspectivas do Balanced Scorecard.
40
3.3.1 Avaliando a Perspectiva Financeira
A perspectiva financeira visa analisar a viabilidade financeira das
estratégias definidas, isto é, quantificam-se os resultados financeiros
obtidos com a implementação e execução de determinada estratégia.
Ao contrário de outros métodos, o BSC não evidencia de igual modo as
medidas de caráter financeiro o que, no entanto, não significa que estas
sejam desprezadas quando da sua aplicação, pelo contrário, estas
medidas vão orientar e servir de base para as medidas tomadas nas
restantes perspectivas, de forma a alcançar, a longo prazo, o
desempenho econômico desejado.
Segundo Kaplan e Norton (1997), supondo que uma organização atua em
várias áreas de negócios, a definição de medidas e objetivos financeiros,
não deve ser feita de igual modo para todas as áreas da organização
pois, desta forma, não se teria em conta o facto de que as diferentes
áreas de negócios podem ser geridas segundo estratégias distintas.
Torna-se assim necessário definir medidas e traçar objetivos que vão ao
encontro da estratégia, possibilitando assim, definir o desempenho
financeiro desejado para a referida estratégia e defini-lo como meta para
as medidas e objetivos das restantes perspectivas.
A definição dos objetivos financeiros, só é possível através da análise da
situação da organização no momento, a qual permite definir a estratégia a
adotar. Por exemplo, se uma empresa se encontra em fase de
crescimento, a estratégia poderá ser o aumento da quota de mercado ou
angariar clientes. Por outro lado, se, ela se encontra em fase de
estagnação, a estratégia a seguir poderá ser o aumento das vendas.
41
Segundo os autores, grande parte das empresas em fase de crescimento
tendem a canalizar grande parte dos seus recursos para o
desenvolvimento de novos produtos e serviços, construção e ampliação
de instalações, sistemas, infraestruturas, redes de distribuição e
desenvolvimento do relacionamento com os clientes, tentando dar
resposta à procura do mercado. Esta situação leva muitas vezes ao
asfixiamento das empresas, pois não geram, de forma equilibrada, os
seus recursos suficientes.
Num cenário deste gênero, os objetivos financeiros serão definidos de
forma a acelerar o crescimento das vendas e o aumento das receitas. Isto
porque, as empresas ou organizações nesta situação, necessitam do
retorno a curto prazo, não podem, portanto, fazer investimentos de
retorno a longo prazo.
3.3.2 Avaliando a Perspectiva dos Clientes
A perspectiva dos clientes deve estar direcionada de acordo com o que foi
estabelecido na perspectiva financeira e na estratégia da empresa.
Segundo Kaplan e Norton (1997), na perspectiva dos clientes do
Balanced Scorecard, as empresas devem fazer uma segmentação de
clientes e mercados em que desejam competir, sendo estes segmentos
as fontes que irão produzir o componente de receita dos objetivos
financeiros da empresa.
Segundo Kaplan e Norton (1997), a estratégia deve ser definida em
conformidade com os segmentos de clientes e mercado em que se deseja
atuar, ficando a cargo do Balanced Scorecard, como descrição dessa
estratégia, a missão de identificar os objetivos relacionados aos clientes
em cada um desses segmentos.
42
Os autores identificam cinco medidas essenciais de resultados
relacionados aos clientes, as quais devem ser alinhadas com os
segmentos de clientes e mercado: satisfação de clientes, participação de
mercado, retenção de clientes, captação de clientes e lucros de clientes.
Tais medidas essenciais podem ser agrupadas em uma cadeia formal de
relações de causa e efeito.
3.3.3 Avaliando a Perspectiva dos Processos Internos
Tal como os objetivos e medidas da perspectiva dos clientes, os quais
foram desenvolvidos no sentido de satisfazer os definidos na perspectiva
financeira, os objetivos e medidas da perspectiva dos processos internos
devem definir-se atendendo aos da perspectiva dos clientes e,
consequentemente, da perspectiva financeira.
Assim, é fundamental identificar os processos internos mais críticos das
organizações, pelo facto de que, que para alcançar o desempenho
considerado ótimo do ponto de vista dos clientes, a organização deve
implementar e gerir processos resultantes da tomada de decisões que a
levem a esse fim.
Para Kaplan e Norton (1997), os sistemas de medição de desempenho da
maioria das empresas apoiam-se na melhoria dos processos operacionais
já existentes, prorrogando assim o Balanced Scorecard, que se baseia na
definição do conjunto de valores que completam os processos internos, a
começar pelo processo de inovação, que consiste na identificação das
necessidades dos clientes, quer sejam atuais ou futuras e, no
desenvolvimento de novas soluções para essas necessidades, passando
pelo processo de operações, caracterizado pela prestação de serviços ao
cliente, e, por fim, o serviço pós-venda.
43
Também segundo os autores, o processo de inovação deve ser
considerado como um elemento interno crítico do processo de criação de
valor, e não como elemento de apoio
Para Kaplan e Norton (1997), o processo de inovação é “a onda longa da
criação de valor”, ou seja, um ciclo de longa duração durante o qual a
empresa ou organização cria valor, projetam e desenvolvem novos
produtos ou serviços que lhes permitem atingir novos mercados e clientes
e satisfazer as necessidades evolutivas dos clientes.
Por sua vez, os processos de operações são definidos pelos autores
como a “onda curta da criação de valor”, na qual as empresas oferecem
aos clientes e mercado produtos e serviços já existentes. Este processo
tem início quando um determinado cliente faz um pedido e termina
quando o produto é entregue, ou o serviço é prestado.
Essas operações, pelo facto de serem repetitivas, permitem a utilização
de técnicas de administração científica para controlar e melhorar o
recebimento e o processamento dos pedidos dos clientes e os processos
de suprimentos, produção e entrega.
3.3.4 Avaliando a Perspectiva da Aprendizagem e Crescimento
Nesta perspectiva serão definidas as metas em relação à capacidade
interna que a empresa detém, de modo à poder orientar a área carente de
formação para os s e u s colaboradores, para conseguir executar os
objetivos e alcançar as metas a que se propõe.
Como já foi referido, os sistemas de medição tradicionais, na sua maioria,
avaliam o desempenho sob uma óptica financeira de curto prazo, o que
consequentemente se traduz numa redução dos investimentos destinados
ao aumento da capacidade dos funcionários, sistemas e processos
organizacionais, na medida em que são considerados gastos do
44
exercício, repercutindo-se esse facto de forma negativa nos resultados da
empresa. Por outro lado, a decisão de não investir no desenvolvimento
das capacidades internas (pessoal) poderá trazer consequências graves
para a empresa, a longo prazo.
Distinguem-se três categorias principais para a perspectiva de
aprendizagem e crescimento:
1) Capacidade dos Trabalhadores
No passado, quando a produção em série estava em forte crescimento,
na era industrial, os trabalhadores das grandes empresas executavam
tarefas rotineiras, não se fazendo sentir, por isso, a necessidade de
investir na formação dos trabalhadores.
Na era atual, a realidade mudou drasticamente, os trabalhos repetitivos e
sistêmicos são agora realizados por “robots” e os serviços estão cada vez
mais ao dispor dos utentes por meio de avançados sistemas de
informação e comunicação.
Os funcionários que estão em contacto com os clientes e com os
processos internos, exercem um papel fundamental na concepção de
ideias que permitem melhorar o processo de evolução da organização,
sendo de capital importância as medidas essenciais de resultado para os
funcionários tais como:
i. Satisfação dos funcionários – é fundamental para o aumento da
produtividade e da melhoria da qualidade dos serviços prestados. A
medição do nível de satisfação dos funcionários normalmente é feita
por meio de pesquisas e sistemas de avaliação de desempenho.
ii. Retenção dos funcionários – normalmente medida pela rotatividade
de trabalhadores com um papel importante nas organizações.
45
iii. Produtividade dos funcionários – traduz-se pelo resultado da
elevação do nível de habilidade dos funcionários, pela inovação, pela
melhoria dos processos internos e pela satisfação dos clientes.
2) Capacidade dos Sistemas de Informação
A criação de bases de dados fiáveis com informações úteis sobre os
clientes, processos internos e finanças é essencial para que a empresa
possa atuar em conformidade com as necessidades dos clientes, sendo
certo que, tais medidas implicam investimentos nem sempre com retorno
a curto prazo.
3) Motivação
Para que os colaboradores possam contribuir para o sucesso da
organização, devem estar em consenso e motivados a agir conforme
interesse da mesma, ou seja, de acordo com as estratégias que ela
segue.
Kaplan e Norton (1997) salientam que existem muito menos medidas
disponíveis para a perspectiva de aprendizagem e crescimento,
relativamente às outras perspectivas, o que leva a pressupor que as
empresas têm vindo a ignorar a medição desses resultados, não definindo
objetivos no sentido de motivar e manter ou melhorar o grau de satisfação
dos seus colaboradores.
3.4 O Mapa Estratégico e as Relações de Causa Efeito
Em suas publicações mais recentes, Kaplan e Norton (2004) introduzem o
conceito de mapa estratégico, como um conjunto de relações de causa e
efeito entre objetivos e ações estratégicas distribuídas entre as quatro
perspectivas ou dimensões tradicionais do BSC.
46
O mapa estratégico é um diagrama que descreve a estratégia mediante a
identificação das relações de causas e efeitos entre os objetivos, nas
quatro perspectivas do Balanced Scorecard, explicitando quais medidas
são necessárias ao alcance de cada objetivo proposto, bem como os
indicadores que serão utilizados para a monitorização da execução
destas medidas, e ainda quais as iniciativas de cada sector envolvido
para o cumprimento das medidas.
Enquanto a estratégia descreve como criar valor para os acionistas,
clientes, cidadãos, o mapa estratégico mostra como a estratégia liga os
ativos intangíveis a processos que criam esse valor, Kaplan & Norton,
(2004).
A ferramenta utiliza-se do mesmo conceito de perspectivas do BSC, isto
é, os objetivos estratégicos são devidamente estratificados em quatro
camadas, que correspondem às vistas do BSC. Essas camadas são
intencionalmente hierarquizadas, sendo a dimensão financeira eleita
como a parte superior. Em seguida, alinham-se as camadas
correspondentes às vistas do cliente, dos processos internos e da
aprendizagem e inovação.
Assim, os objetivos financeiros, sempre no topo do mapa e, portanto,
representando no limite, a razão de ser da organização, têm seu alcance
condicionado ao cumprimento dos objetivos da vista do cliente, os quais,
por sua vez, são condicionados pelos objetivos da dimensão dos
processos internos, já que estes são os meios utilizados para perfazer os
resultados esperados pelos consumidores. Os indicadores de processos
internos, por fim, têm seu êxito dependente do sucesso no alcance dos
objetivos da dimensão de aprendizagem e inovação, capaz de tratar do
capital intelectual da organização.
47
Figura 3.5 – Exemplo de Mapa Estratégico.
O apelo do mapa estratégico não se resume, contudo, à hierarquização
dos objetivos. Seus criadores propõem, com base em experiências de
implementação do BSC, que o mapa estratégico seja como um „template’
universal, a partir do qual os gestores de organizações empresariais, com
ou sem fins lucrativos, desenvolvam suas próprias estratégias.
Vale salientar, conforme proposição dos próprios autores, que “a
formulação de grandes estratégias é uma arte, e sempre permanecerá
assim. Mas a descrição da estratégia não deve ser uma arte” (Kaplan e
Norton, 2000). Assim, o mapa estratégico tem como proposição, conforme
48
já referido anteriormente, a descrição e a comunicação da estratégia, mas
nunca a sua elaboração.
Apesar de susceptível a críticas, essa hierarquia de objetivos possui forte
apelo, pois assumindo que o objetivo maior de uma organização é
otimizar o retorno do investimento dos acionistas, mostra, de forma
unívoca, o “caminho a percorrer” para alcançá-lo.
3.5 O BSC como Ferramenta de Gestão Estratégica
Inicialmente apresentado como um sistema de controlo de gestão mais
perfeito do que os modelos tradicionais, focados nos indicadores
financeiros, o BSC logo evoluiu para um sistema de comunicação e
alinhamento da empresa a novas estratégias, construindo assim a base
de um sistema de gestão estratégica, integrado e interativo.
O BSC visto como um sistema de gestão estratégica, passa a assegurar
processos críticos de gestão, importantes para a implementação da
estratégia: a tradução da missão e da estratégia, a comunicação e o
comprometimento, o planejamento e estabelecimento de metas, o
alinhamento de iniciativas estratégicas e, melhorar o feedback e a
aprendizagem estratégica.
A missão e a estratégia das empresas são traduzidas num conjunto de
indicadores abrangentes que serve de base para um sistema de
monitoramento, avaliação e gestão da estratégia. Ou seja, permite não
apenas o controlo do desempenho organizacional mas também o
acompanhamento das estratégias traçadas para a empresa, na medida
em que são monitorizados não apenas os objetivos financeiros, como
todos os objetivos que fazem parte das ações estratégicas das empresas.
49
O desdobramento dos objetivos estratégicos para as áreas operacionais,
o estabelecimento de metas a atingir bem como o estabelecimento do
vínculo do sistema de remuneração e recompensas com o desempenho
individual e das equipas, fomentam a comunicação da missão e da
estratégia a todos os membros da organização e, consequentemente, o
seu comprometimento para o alcance dos objetivos.
Através da perspectiva da aprendizagem e crescimento o BSC permite à
empresa testar continuamente a estratégia e aferir se a mesma está a
conduzir aos resultados esperados e, se não, identificar as causas
(feedback). À medida que as condições de negócio mudam, por mais que
as empresas tenham traçado e implementado as melhores estratégias,
estas podem perder a sua validade. Pode ser necessária a mudança de
premissas e de teorias acerca das relações de causalidade, que implica a
adequação da estratégia ou a formulação de nova estratégia.
Este feedback estratégico alimenta o processo de tradução e
comunicação da missão e da estratégia, onde os objetivos das quatro
perspectivas são reavaliados ou substituídos de acordo com novos
conhecimentos adquiridos.
3.6 Princípios Básicos para Adoção do BSC
O BSC é uma ferramenta que permite a tradução da visão de futuro da
organização em objetivos estratégicos correlacionados entre si. Estes
objetivos por sua vez são traduzidos em indicadores e ações que
permitem o alinhamento das iniciativas com a estratégia empresarial,
promovendo o desenvolvimento de um processo de aprendizagem e
feedback para a gestão e controlo estratégico, assente em três
dimensões distintas:
50
Estratégia – A estratégia é o assunto mais importante da organização. O
BSC permite que a organização descreva e comunique a sua estratégia
de forma compreensível de modo a conseguir que esta seja executada de
forma mais efetiva possível, seja monitorizada e ajustada de acordo com
as mudanças no ambiente.
Foco – Com a adoção do BSC, a organização centra-se naquilo que lhe é
mais crítico e, a partir daí, alinha todos os seus recursos para a
concretização da sua estratégia.
Organização – O processo de alinhamento dos recursos organizacionais
com a estratégia implica necessariamente a criação de novos elos
organizacionais entre as direções, serviços, departamentos, secções e os
colaboradores.
As organizações que desenvolvem sistemas de controlo estratégico
segundo a filosofia do BSC e, por isso designadas de organizações
orientadas para a estratégia, normalmente veem-se obrigadas a adotar
alguns princípios que viabilizam a implementação bem sucedida da
estratégia, a saber:
Princípio 1 – Traduzir a Estratégia em Termos Operacionais
A experiência de utilização do BSC mostrou que o sucesso das empresas
resulta principalmente da capacidade destas de explorar os ativos
tangíveis e intangíveis já existentes na empresa. Através da elaboração
do mapa estratégico e do desdobramento dos objetivos estratégicos em
metas e indicadores de desempenho para as áreas operacionais, o BSC
permite à organização descobrir a forma ideal para combinar os seus
recursos atuais com vista a criação de valor futuro.
Princípio 2 – Alinhar a Organização à Estratégia
51
Este é um princípio fundamental para garantir a concentração de todos no
foco estratégico. O alinhamento da organização está relacionado com a
sincronização entre as estratégias corporativas, de negócios e funcional
por meio da construção de mapas estratégicos nos diversos níveis
hierárquicos.
Trata-se de promover a sinergia organizacional, de modo a eliminar as
barreiras funcionais e criar mecanismos eficazes de comunicação, e
estabelecer a conexão dos diferentes órgãos à estratégia, por meio de
temas e objetivos comuns que permeiam os seus scorecards individuais.
O grande objetivo é promover a coerência e coesão entre o scorecard
corporativo e os scorecards das direções operacionais ou unidades de
negócio.
Princípio 3 – Transformar a Estratégia em Tarefa de Todos
A busca do alinhamento salientado no princípio 2 implica a necessidade
de todos os colaboradores compreenderem a estratégia da empresa e
entenderem como é que suas tarefas quotidianas irão contribuir para o
seu sucesso.
Este princípio enfatiza a necessidade de comunicar a estratégia por meio
de reuniões, workshops e pela exposição do mapa estratégico e dos
resultados obtidos nos indicadores em locais chave dentro da
organização. Neste sentido o BSC é utilizado para incentivar a todos os
colaboradores a executar a estratégia, por meio da comunicação, da
educação e da sinergia. A adoção deste princípio inicia-se com o
treinamento dos colaboradores em todos os níveis da organização no
sentido top-down, ou seja, começando pelos níveis mais altos até os
níveis mais baixos.
Para garantir o comprometimento de todos os colaboradores neste
propósito, torna-se imperativo correlacionar o sistema de remunerações
52
com a estratégia, alinhado com as metas do scorecard e não somente
com metas financeiras. Isso evita atitudes de redução de custos, aumento
de receita, ou de redução de ativos que não estejam alinhadas com a
estratégia.
Princípio 4 – Converter a Estratégia em Processo Contínuo
As empresas que adotam o BSC implementam de forma integrada a
gestão e o controlo estratégico com o planejamento operacional e o
controlo orçamental. O objetivo é a conexão entre a estratégia e o
processo orçamentário.
Este princípio destaca a importância do processo de formulação da
estratégia não ser feito apenas uma vez por ano ou por ocasião do
planejamento estratégico anual. É necessária a realização de reuniões de
feedback para detectar desvios ou dificuldades no alcance das metas
estabelecidas e, daí propor novas medidas, metas, indicadores ou
relações de causa e efeito bem como novas estratégias.
Normalmente, inicia-se com reuniões gerais e simples, para avaliação das
estratégias e, por fim, adota-se o processo de aprendizagem e revisão da
estratégia, validando ou não os pressupostos iniciais.
Princípio 5 – Mobilizar a Mudança por meio da Liderança Executiva
A adoção do BSC deve ser encarada não como mais um projeto, mas
como um verdadeiro processo de mudança que afeta praticamente toda a
estrutura organizativa. E, como em todo o processo de mudança, é
indispensável a liderança executiva para combater a resistência humana.
É fundamental que se esclareça desde o início por que é necessária tal
mudança e que se oriente a transição para o novo sistema. Talvez seja
necessário definir, socializar e reforçar novos valores e cultura
organizacionais, e estimular o rompimento com as “velhas” práticas.
53
3.7 Integração das Perspectivas do BSC à Estratégia
Empresarial
Os objetivos e medidas definidos para cada perspectiva não podem
atingir separadamente o objetivo essencial do Balanced Scorecard que é
o de comunicar a estratégia empresarial para todos os níveis da
organização. É importante a necessidade de se integrar tais perspectivas,
pois, de forma contrária, os indivíduos e departamentos podem até
otimizar o seu desempenho local, mas não estarão efetivamente a
contribuir para que a empresa alcance seus objetivos estratégicos.
Kaplan e Norton (1997) apresentam três princípios que permitem a
integração do Balanced Scorecard à estratégia empresarial:
i. Relações de Causa e Efeito - Os objetivos e medidas, definidos para
cada perspectiva, devem estar integrados por meio de uma relação de
causa e efeito.
Durante a definição desses objetivos e medidas já são criadas
implicitamente tais relações, visto que os objetivos e medidas da
perspectiva dos clientes são definidos de acordo com os objetivos e
medidas da perspectiva financeira; os objetivos e medidas da perspectiva
dos processos internos com base nos objetivos e medidas da perspectiva
dos clientes; e os da perspectiva de aprendizagem e crescimento com
base nos objetivos e medidas dos processos internos.
ii. Resultados e vetores de desempenho - o BSC deve ser uma
combinação de medidas de resultados e vetores de desempenho Os
vetores de desempenho definem a forma de como os resultados serão
alcançados e indicam se a implementação da estratégia está se dando de
forma correta. Da mesma forma, os vetores de desempenho necessitam
das medidas de resultados para verificar se as ações realizadas numa
perspectiva estão tendo efeito nas outras perspectivas.
54
iii. Relação com os fatores financeiros – os objetivos e o plano de
ação devem se definidos de modo a enfatizar bem os resultados
financeiros.
3.8 Impactos do BSC sobre a performance
Hoque e James (2000) evidenciaram, com base num inquérito a 66
empresas australianas, que uma maior utilização do BSC está associada
a um aumento da performance organizacional, mas que esta relação não
depende de forma significativa da dimensão da organização, do ciclo de
vida do produto ou da posição de mercado. Conclusões no mesmo
sentido foram obtidas por Davis e Albright (2004) que, mediante 2 anos de
observações em 9 filiais de uma instituição financeira norte-americana, 4
nas quais havia sido implementado o BSC e 5 que utilizavam indicadores
exclusivamente financeiros, verificaram que a performance das primeiras
melhorou após introdução do BSC e que estas superaram as restantes
em que se usava o sistema tradicional.
Contudo, os resultados dos dois estudos anteriores são contrários aos de
Ittner et al. (2003b) que, com base numa pesquisa a 140 empresas norte-
americanas de serviços financeiros, concluíram que a utilização do BSC
está associada a uma maior satisfação em relação ao sistema de
avaliação da performance mas não à melhoria da performance
econômica. Da mesma forma, Hendricks et al. (2004) também não
encontraram evidências de melhor performance financeira (aumento da
rentabilidade das vendas ou rentabilidade dos ativos) em 42 empresas
canadianas, após introdução do BSC.
3.9 Vantagens do Uso do BSC
Uma das vantagens mais evidentes do BSC é a visão abrangente e
sistêmica que oferece acerca das organizações. Isto porque permite a
avaliação global do desempenho Organizacional, a integração de
55
objetivos de curto e longo prazo, bem como a integração de indicadores
financeiros e não financeiros e ainda da óptica interna e externa da
organização.
Constituiu uma ferramenta que permite distribuir os diferentes recursos
das empresas em função das iniciativas tomadas e ainda dos setores
mais carentes
Sintetiza as diversas realidades num documento de leitura simples,
possibilitando uma leitura clara dos objetivos estratégicos das empresas e
das estratégias delineadas, assim como o seu acompanhamento e
monitorização no terreno constitui uma vantagem importante do BSC.
Constitui um meio de implementação (e alteração) da estratégia, ao
chamar atenção dos gestores para os fatores críticos de sucesso e
obrigando-os à obtenção de consenso em torno da visão e estratégia da
empresa;
Possibilita uma melhor gestão e avaliação da performance pois fornece
aos gestores informação relevante, concisa e equilibrada, através da
integração de um conjunto
limitado de indicadores de diferentes naturezas em quatro perspectivas da
performance; evita desperdício de informação;
Destaca a contribuição dos indicadores não financeiros para o sucesso da
implementação da estratégia, fornecendo aos gestores uma visão mais
analítica e abrangente sobre as causas da performance financeira;
Permite o reconhecimento e a gestão dos elementos essenciais do
negócio através da análise das relações de causa-efeito, identificando as
atividades condicionantes do alcance dos objetivos estratégicos;
Constitui uma base justa e objetiva para a determinação de incentivos,
recompensas e progressos dos gestores;
Fomenta o processo de aprendizagem organizacional.
56
4.0 Modelo de organização para a execução do Hoshin Kanri
Apesar de que cada organização continua com sua estrutura original, o
gerenciamento do sistema Hoshin Kanri exige a divisão da empresa em
um determinado número de grupos para permitir uma melhor execução e
distribuição de papéis ou atividades.
Na obra de Akao (1997), não fica clara uma divisão da empresa devido ao
fado de que seu trabalho apresenta exemplos de várias empresas com
estruturas diferentes, mas pode-se destacar a divisão apresentada do
início de sua obra. Ele propõe uma divisão da organização segundo alta
gerência, média gerência e equipe de implementação, não se
diferenciando da estrutura comum das empresas tradicionais (alta
gerência, média gerência e gerência de linha).
Já Wood e Munshi (1991) apresentam no seu modelo uma estruturação
da empresa, com um comitê executivo de direção, um comitê de
desdobramento de políticas, os comitês departamentais, os comitês
interfuncionais e os times de tarefas. Por outro lado, a divisão de Campos
(1996) depende do nível de implementação em que se encontra a
empresa. Para as faixas branca e marrom a empresa encontra-se dividida
em um escritório de TQM, presidente, diretores, gerentes e equipes. Na
terceira faixa a estrutura torna-se mais complexa adicionando um comitê
de TQM, comitês interfuncionais QCDE, unidades de suporte e grupos de
trabalho.
Dennis (2007) divide a empresa em alta administração, líderes de
desdobramento interfuncional, gerentes departamentais, líderes de grupo
e líderes de equipe. Jackson (2006) divide a empresa em quatro grupos,
onde se destaca que os integrantes do time acima são os líderes dos
times embaixo, o que facilita um desdobramento mais suave das
estratégias.
57
A divisão da empresa em grupos principais permite uma distribuição bem
definida das responsabilidades de cada um dentro do Hoshin Kanri,
deixando menos espaço para ambiguidades que podem levar a tarefas
duplamente atribuídas ou, pior ainda, gaps de responsabilidade. Além
disso, pode-se destacar os modelos onde existe a dedicação de um grupo
exclusivo para a interfuncionalidade permitindo um maior controle deste
aspecto importante para o bom desenvolvimento do Hoshin Kanri.
Nível de catchball
Os autores analisados afirmam que o melhor para o desenvolvimento das
metas é incluir todos os níveis gerenciais no processo de catchball.
Porém, eles advertem que, devido à complexidade da discussão, os
supervisores somente devem ser incluídos quando a empresa tem um
alto grau de maturidade estratégica. Jackson (2006) afirma que a
expansão dos níveis incluídos no catchball cresce lentamente enquanto o
sistema Hoshin da empresa madurece.
Portanto, deve-se ter presente ao momento de decidir quais os
participantes no catchball que, apesar de que o ideal seria envolver a
maior quantidade de pessoas para garantir o comprometimento e
envolvimento de toda a organização no cumprimento das metas, isto
aumentaria consideravelmente o tempo de realização do processo de
catchball podendo torná-lo inviável e provocando a perda da flexibilidade
que caracteriza o Hoshin.
Por outro lado, Wood e Munshi (1991) revelam a dificuldade enxergada
no processo de catchball de que as pessoas deixem de lado os interesses
do seu departamento em favor das metas da organização.
Relação com o planejamento estratégico
Akao (1997) e Wood e Munshi (1991) incluem a determinação da visão e
do planejamento de longo e médio prazo dentro do ciclo do Hoshin Kanri,
58
sendo que o primeiro inclui também a determinação da missão. Resulta
interessante a recomendação de Wood e Munshi (1991) de traduzir a
visão e metas de médio prazo e anuais na linguagem do departamento,
ao contrário dos demais modelos que somente desdobram a diretriz
anual. Este fato pode facilitar e engajar os operários já que podem
compreender melhor para onde se dirige a empresa e o que significa isto
para seu departamento.
Já Campos (1996) não inclui o planejamento de longo e médio prazo no
Hoshin Kanri. Ele trabalha sem a existência dos mesmos na faixa branca
e os coloca como pré-requisito para a segunda e terceira faixa. Inclusive
esse autor não faz alusão no seu modelo à missão e visão da empresa.
Por sua vez, Dennis (2007) não expressa a necessidade de um
planejamento estratégico anterior ao Hoshin Kanri. Ele determina as
metas anuais e o norte verdadeiro através de uma simples discussão da
alta administração. Isto se deve a que o modelo que ele apresenta é um
modelo para empresas iniciantes no planejamento estratégico, similar à
faixa branca de Campos. No entanto, na apresentação de seu modelo o
autor aborda unicamente até o nível do PDCA anual e não o macro, para
qual seria preciso ter um plano de longo prazo ou macro-estratégia como
ele o denomina.
Por último, Jackson (2007) inclui em seu modelo a definição das
estratégias de longo e médio prazo. Para incluir as metas de longo prazo
ele adiciona ao ciclo PDCA tradicional em que inclui também a
modificação ou ajuste da missão e da visão da empresa. Pode-se notar
que nenhum dos cinco autores analisados aborda os conceitos de valores
e negócio nos seus modelos.
Conclui-se então que o Hoshin Kanri pode ser desenvolvido incluindo o
planejamento estratégico dentro do seu ciclo ou com uma prévia
existência do mesmo. Mas deveria se ter precaução no momento de
59
simplificar o modelo para empresas iniciantes, para não cometer o erro de
prescindir do planejamento estratégico de longo prazo, sem o qual as
metas anuais poderiam ser inconsistentes para o crescimento da empresa
por não ter uma visão clara do que se quer para a mesma no futuro.
Fontes da informação para a determinação das metas estratégicas anuais
Os autores que baseiam seus modelos no TQM utilizam fontes similares
para a obtenção da informação para a determinação das metas:
desdobramento das estratégias de longo e médio prazo, os gaps do ano
anterior, o diagnóstico do presidente, a análise do ambiente interno e
externo, benchmarking. Os modelos baseados no lean adicionam a essas
fontes a utilização do mapeamento da cadeia de valor. O uso desta
ferramenta permite um melhor conhecimento da realidade interna da
empresa e uma clara visualização das necessidades e possibilidades de
melhoria.
Modos de desdobramento das estratégias
Akao (1997) e Campos (1996) apresentam duas possibilidades para o
desdobramento das diretrizes hierarquicamente. Na primeira, o
desdobramento ocorre de forma concatenada, ou seja, os meios do nível
acima são as metas do nível abaixo. Na segunda forma, todas as metas
são desdobradas para todos os níveis hierárquicos e logo cada nível,
individualmente, determina os meios que vise convenientes para alcançar
essas metas. Esta segunda forma exige que seja realizado um posterior
catchball para o refinamento dos meios, de modo que não exista conflito
entre os meios dos diferentes níveis. Particularmente, Campos (1996)
recomenda que o segundo tipo de desdobramento seja utilizado logo na
segunda e terceira faixa, quando a empresa se encontra com um maior
domínio do Hoshin Kanri. Por seu lado, Wood e Munshi (1991)
apresentam como única opção o desdobramento concatenado.
60
Como comentado, Dennis (2007) apresenta uma original maneira de
desdobrar as estratégias, onde cada departamento determina suas
estratégias, denominadas filhas, ligadas com as estratégias mãe da
organização. Por exemplo, a área de manufatura pode ter uma estratégia
filha para custos, uma para qualidade, etc. Por último, para o
desdobramento da estratégia no modelo de Jackson (2006) é utilizada a
matriz X onde cada um dos times inferiores tem sua matriz X ligada com a
superior.
Pode-se observar então que as formas de desdobramento são similares
em todos os modelos, sendo que as metas organizacionais são
determinadas no topo e desdobradas verticalmente até os níveis mais
baixos, devendo ser discutidas logo através do catchball.
Método para assegurar que os meios sirvam às metas pretendidas
Os três autores de modelos baseados no TQM sugerem a matriz de
metas e meios como forma de assegurar que os meios adotados
respondem às metas esperadas. Esta matriz resulta importante para
identificar medidas que parecem importantes ou medidas comuns que
sempre foram realizadas pela empresa por costume dos departamentos,
mas que resultam irrelevantes para as metas que a empresa como um
todo se propõe alcançar.
Por outro lado, Dennis (2007) realiza a associação das metas com os
meios através dos A3 mãe e A3 filhos, onde em uma mesma folha são
apresentados os meios correspondentes a determinadas metas, os
planos de ação e os responsáveis pela execução. Na mesma linha,
Jackson (2006) utiliza um A3 especial denominado matriz X que permite
assegurar a ligação entre as estratégias, as táticas, os processos e os
resultados esperados. Através desta matriz cada grupo sabe como sua
atividade afeta ou com qual meta se encontra ligado.
61
Assim, essas três ferramentas apresentam-se como complementares e
não excludentes já que, apesar de que o objetivo delas é a ligação de
metas e meios, o conteúdo destas é disposto de maneira diferente.
Enquanto a matriz de metas e meios deixa claras as relações entre elas,
o A3 de Dennis (2007) apresenta informações de porque essas metas
foram escolhidas e o A3 de Jackson (2006) expressa em uma folha a
ligação de todas as estratégias de todos os grupos.
Número de objetivos
Todos os autores recomendam um número pequeno de metas ou
objetivos estratégicos anuais, inclusive pode-se destacar Campos (1996)
que recomenda somente uma meta de sobrevivência para as
organizações que ainda não tem uma estrutura consolidada de
planejamento estratégico. Os autores concordam que um número elevado
de objetivos estratégicos principais pode causar a perda de foco da
empresa e o descontrole das metas devido ao grande número de projetos
que surgem do desdobramento.
Tempo de revisão das estratégias globais
Todos os autores analisados sugerem um ciclo de um ano para a revisão
das estratégias globais da organização, mas Akao (1997) afirma que as
estratégias ou diretrizes estabelecidas para o período anual também
devem ser revistas cada vez que aconteçam eventos importantes (como
poderia ser uma crise econômica mundial repentina). Esta observação de
Akao (1997) resulta importante porque provê ao modelo uma maior
flexibilidade, já que não obriga a esperar rigidamente o fechamento do
ciclo de um ano para modificar estratégias que já não se adaptam à
realidade do ambiente.
Dennis (2007) sugere ainda uma revisão global ao meio do ano, o que faz
possível determinar se será possível o atendimento das metas anuais.
62
Esta revisão permite detectar problemas e sugerir logo soluções, de modo
que ainda seja possível reverter a situação e alcançar as metas anuais ou
determinar se estas devem ser mudadas porque se encontram fora da
realidade, por causa de um erro prévio de planificação ou um fato que se
modificou no ambiente e que fez que as metas propostas ficassem fora de
vigência.
Diagnóstico do presidente
Em todos os modelos se apresenta o diagnóstico do presidente como um
elemento de revisão que fornecerá informação importante para a revisão
das metas anuais e determinação das metas do próximo período. Akao
(1997) o denomina diagnóstico da cúpula porque, além do presidente,
participa toda a alta gerência. Segundo o autor, o diagnóstico deve ser
realizado duas vezes ao ano e o objetivo principal é diagnosticar se as
diretrizes superiores foram desdobradas corretamente. Campos (1996)
sugere que o diagnóstico seja realizado três meses antes do final do ano
para que os resultados possam ser incluídos nos planos do seguinte ano
e que seja focado na análise de se o GPD está acontecendo de forma
efetiva. Wood e Munshi (1991) e Dennis (2007) comentam da existência
desse diagnóstico, mas não aprofundam no tema. Por último, Jackson
(2006) foca o diagnóstico na supervisão da implantação do Hoshin e no
avanço da empresa no que diz respeito de sua maturidade no lean.
Pode-se notar discrepâncias entre os autores a respeito da quantidade de
vezes que deve ser executado o diagnóstico do presidente no ano.
Analisando isto, uma revisão global duas vezes ao ano providencia uma
maior flexibilidade, mas também exige um maior tempo por parte da alta
administração. Por outro lado, pode-se observar que os autores
concordam em que esse diagnóstico deve-se se focar no desempenho do
Hoshin Kanri como sistema de gerenciamento e não somente no
atendimento das metas, devido a que já existe um acompanhamento
destas em cada giro do PDCA. Acordam também os autores em que o
63
diagnóstico do presidente funciona como uma excelente oportunidade de
motivação aos empregados.
Interfuncionalidade
Akao (1997) procura a interfuncionalidade através da fixação de metas e
indicadores para os departamentos baseadas em aspectos que cruzam
horizontalmente a empresa: qualidade, custo e entrega (QCE). Assim,
estas metas são discutidas em conjunto pelas gerências dos diferentes
departamentos e logo desdobradas verticalmente, destacando que as
diretrizes interfuncionais devem preceder em prioridade às diretrizes
departamentais. Wood e Munshi (1991) condescendem com Akao (1997)
na escolha das metas interfuncionais QCE, mas recomendam a criação
de comitês interfuncionais para controlar o desdobramento e execução de
cada uma das metas interfuncionais.
Nas duas primeiras faixas do seu modelo, Campos (1996) concorda com
a abordagem dos dois autores anteriores, mas ele aborda a
interfuncionalidade de um jeito diferente na última faixa. Nesta o autor
propõe que a empresa seja reestruturada e organizada segundo os
processos, aparecendo novos elementos exclusivamente focados na
interfuncionalidade.
Ainda que Dennis (2007) não modifique a estrutura por departamentos,
tradicional nas empresas, ele adiciona a figura dos chefes de
desdobramento que são encarregados de cuidar horizontalmente do
desenvolvimento das metas interfuncionais. Por outro lado, para favorecer
a interfuncionalidade, Jackson (2006) determina que o time Hoshin, onde
são discutidas as metas de longo prazo, deve estar composto por
membros das diferentes áreas que logo serão os líderes dos times táticos
e desenvolverão as estratégias para cada área em pós de alcançar as
metas da organização. Jackson (2006) apresenta também um quadro de
64
gerenciamento interfuncional que é utilizado pela Toyota para a análise da
relação entre os diferentes departamentos e os processos interfuncionais.
Ciclo PDCA
Apesar de que todos os modelos se encontram baseados no ciclo PDCA,
cabendo fazer a afirmação de que o Hoshin Kanri é um ciclo PDCA
rodado no nível de planejamento, os autores tratam o ciclo de forma
diferente nos seus modelos. Akao (1997) e Wood e Munshi (1991)
transformam o ciclo PDCA em um ciclo CAPD, afirmando que o Hoshin
Kanri deve começar com uma verificação ou diagnóstico da situação atual
da empresa impulsionando estas o processo de planejamento
consequente. Compartilhando o mesmo raciocínio, Jackson (2006)
adiciona no começo do ciclo PDCA. A abordagem desses autores parece
correta devido a que os planos devem estar baseados em dados reais do
comportamento da empresa e do ambiente e não em suposições.
Assim mesmo, pode-se notar uma grande diferença entre os elementos
que compõem os PDCA dos diferentes autores; isto exclui a Akao (1997)
quem não identifica o seu modelo com os componentes do ciclo. O
modelo de Wood e Munshi começa com a revisão corporativa anual (C);
logo a revisão da visão, dos planos de médio prazo e de curto prazo ou
anuais (A); em seguida acontece o desdobramento através do catchball
(P) e, por último, o desenvolvimento ou execução das tarefas (D). No
caso de Campos (1996), P é o estabelecimento das diretrizes para todos
os níveis gerenciais, D é a execução das medidas, C a verificação dos
resultados e do grau de avanço das medidas e A, reflexão (análise da
diferença entre as metas e os resultados alcançados, determinação das
causas do desvio e recomendações de medidas corretivas). Dennis
(2007) apresenta a P como o desenvolvimento dos planos, a D é o
desdobramento dos mesmos, a C o monitoramento da execução dos
planos e é a solução dos problemas encontrados para a implementação
destes (isto inclui os problemas menores detectados no dia-a-dia e
65
atividades kaizen). Para Jackson (2006) as fases do PDCA tem também
um significado diferente, a primeira fase é feita a checagem das
condições de mercado e determinação dos planos de longo prazo, a P é a
definição das estratégias de médio prazo e das metas anuais e o
alinhamento da organização através do catchball; a fase D é engajar a
força de trabalho para a execução das estratégias; a fase C é a criação
de um ambiente de pensamento lean, revisão da execução das
estratégias e diagnóstico do presidente; por último, a fase A é a
institucionalização do Hoshin Kanri através do trabalho padrão, kaizen e
desenvolvimento de líderes.
Conclui-se da comparação que, apesar de que as atividades
desenvolvidas dentro dos ciclos são diferentes, o importante é que a
disposição dos elementos respeite a sequencia do ciclo PDCA e que
exista uma realimentação do mesmo em procura de uma melhoria
contínua do sistema.
Hoshin Kanri e o controle diário
Akao, Wood e Munshi e Campos fazem especial ênfase na importância
da distinção entre o Hoshin Kanri e o controle diário ou gerenciamento da
rotina, inclusive Wood e Munshi apresentam a não diferenciação clara
como uma falha grave que pode levar ao fracasso do Hoshin Kanri. O
Hoshin Kanri é focado somente nos itens críticos que surgem entre os
itens de controle diário. Os resultados das melhorias através do Hoshin
Kanri são construídos dentro do controle diário, através da prevenção,
padronização e metodologia de análise e solução de problemas.
66
5.0 Gerenciamento da Rotina
O gerenciamento da rotina, através do método de Estabilização de
Processos, tem como base quatro pilares: a padronização de processos,
o, treinamento operacional, o tratamento de falhas e a auditoria de
padrões. Entretanto, outras etapas e ferramentas complementam esta
metodologia por sua interação e relevância, como a organização das
funções das pessoas, definindo suas responsabilidades frente às tarefas
da rotina e melhoria e também a forma de controlar estatisticamente os
resultados do processo.
5.1 O Modelo da Estabilização de Processos
Baseado em Campos e Werkema foi elaborou o modelo esquemático
para a estabilização de processos, apresentado na figura a seguir.
Tratamento
de
Anomalias
Identificação Tratamento RESULTADOS
Execução ESTÁVEIS
dos dos Padronização Treinamento
Conforme com
Processos Processos
Operacional Operacional
os Padrões autogestão
Críticos Críticos
do
operador
Padronização das TreinamentoAuditoria
Tarefas Críticas no Trabalho
de
Padrões
Figura 5.1 - Modelo da estabilização de processos
Na figura apresentada as etapas principais mostram as atividades que
compõe o modelo para a estabilização de processos. As etapas
pontilhadas detalham o aspecto relevante das atividades principais.
67
O fluxo inicia com a Identificação dos Processos Críticos. De acordo com
Campos (1999) a implementação da rotina deve iniciar pelo processo que
estiver causando problemas.
O processo crítico pode ser identificado através do planejamento da
empresa, de uma reclamação de cliente, de uma falha de qualidade no
produto ou serviço, de índices inaceitáveis de rejeições ou retrabalhos
que aumentam os custos ou geram perdas no processo.
A atividade seguinte, de Tratamento dos Processos Críticos, visa
identificar e atuar corretivamente nas causas básicas já conhecidas do
problema, denominadas de causas críticas. Sendo que é impossível
controlar todas as causas e, se fosse possível, seu custo seria proibitivo.
Por esta razão, controlam-se apenas algumas delas, consideradas as
mais relevantes.
Na área circundada com a linha tracejada estão as atividades-base que
garantem a estabilização dos processos. O controle do processo só será
alcançado quando todas as atividades-base estiverem sendo realizadas
de forma efetiva e sistemática.
A Padronização Operacional refere-se a elaboração dos padrões para as
tarefas críticas a fim de garantir os resultados operacionais desejados.
São compostos pelos Padrões Operacionais (PO) e Procedimentos de
Rotina (PR).
A etapa seguinte é o Treinamento Crítico. Os padrões devem tornar-se
parte integrante dos pensamentos e hábitos dos trabalhadores. Para dotar
os trabalhadores com o conhecimento e técnicas para a implantação de
padrões, são necessários educação e treinamento.
Nesta etapa os operadores são treinados nas tarefas críticas (tarefas
mais relevantes) para garantir o conhecimento operacional, necessário
para manutenção dos resultados. Os treinamentos críticos para cada
função operacional devem ser identificados e planejados.
68
A etapa seguinte é a Execução Conforme os Padrões. Uma vez que as
tarefas críticas já estão definidas e padronizadas e os operadores
treinados, eles devem utilizar suas habilidades e conhecimentos para
executar as atividades operacionais sem erros ou falhas, seguindo as
determinações dos padrões.
A etapa seguinte refere-se ao Tratamento de Anomalias e é de caráter
corretivo. Quando ocorrerem anomalias pontuais ou crônicas no processo
elas devem ser tratadas de forma metódica e sistêmica seguindo o
método de análise e solução de problemas (PDCA aplicado à solução de
problemas). As ações corretivas definidas nesta etapa normalmente
geram ações de melhoria nos processos de padronização e treinamento.
A etapa seguinte é a Auditoria de Padrão. Esta etapa é de caráter
preventivo e visa checar o sistema de padronização antes que ocorra uma
falha. Ë feito uma auditoria dos operadores no momento em que
desenvolvem suas atividades operacionais, verificando-se se eles
conhecem e aplicam as tarefas críticas dos padrões operacionais. As
ações corretivas definidas nesta etapa normalmente realimentam com
melhorias os processos de padronização e de treinamento.
A última etapa refere-se a obtenção de Resultados Estáveis através da
aplicação do controle estatístico do processo. A aplicação das cartas de
controle permite identificar e tratar adequadamente, as causas comuns e
as causas especiais detectadas no processo. A metodologia de
estabilização aliada ao uso de ferramentas adequadas permite a
autogestão do operador na busca de processos estáveis e capazes.
O modelo de Estabilização de Processos é, em si, um processo com
etapas definidas. Portanto, este método deve ter o seu próprio
gerenciamento, a fim de garantir o seu aprendizado, isto é, sua melhoria
contínua.
69
O gerenciamento do aprendizado deve ser organizado em um documento
onde as etapas do método .podem ser visualizadas e analisadas.
Este documento é denominado de Padrão de Gerenciamento. Portanto,
para o gerenciamento da eficácia da metodologia, deve ser elaborado o
Padrão de Gerenciamento da Estabilização de Processos, e
periodicamente realizar-se uma análise crítica, checando se está
atingindo os resultados esperados com a aplicação do método e
buscando detectar falhas e corrigi-las, assegurando um aperfeiçoamento
contínuo.
5.2 O modelo do SDCA para o Gerenciamento da Rotina
O controle para manter o resultado do processo deve ser exercido através
do ciclo SDCA,que aplicado ao gerenciamento da rotina, assumem os
seguintes significados:
- S: Planejar as atividades-padrão significa ter uma meta-padrão, que é
uma faixa de valores em que se quer manter o resultado. Ao nível
operacional significa o operador conhecer os parâmetros de processo
que devem ser controlados. Estas informações e os procedimentos
devem estar descritas nos padrões operacionais. O padrão é o
“plano” de uma operação repetitiva;
- D: Treinar o nível operacional nos postos de trabalho e monitorar sua
habilitação. O operador executa as tarefas e faz inspeções e registros
dos resultados do processo;
- C: Checar se os resultados estão dentro da faixa estipulada pela meta-
padrão ou de uma faixa de controle estatístico;
- A: Se os resultados estiverem dentro da meta e o processo estável,
deve-se manter os procedimentos atuais. Se ocorrer anomalias,
ações corretivas (Tratamento de Anomalias) devem ser tomadas.
70
5.3 Definição das Funções Básicas e da Agenda de Trabalho
As funções gerenciais e operacionais devem estar bem definidas,
descrevendo claramente as suas responsabilidades e, posteriormente,
devem ser divulgadas, assegurando-se de que foram bem compreendidas
pelos executores.
As responsabilidades básicas para as funções em caso de situação
normal e no caso do aparecimento de uma anomalia no quadro a seguir
abaixo
GESTOR FACILITADOR MELHORIA FACILITADOR ROTINA OPERADOR
SITUAÇÃO NORMAL SITUAÇÃO NORMAL SITUAÇÃO NORMAL SITUAÇÃO NORMAL
Estabelecer metas;
•Definir recursos para atingir metas;
•Treinar facilitadores;
• Gestão de Custos e Metas Fortes
•Treinar facilitador de rotina; •Elaborar e aprovar padrões de
processos ;
•Atingir metas de melhoria (assessorar função gerencial)
•Planejar manutenção preventiva/autônoma
Treinar o operador; •Revisar e propor padrões de
melhoria de processos; •Auditar padrões e tratar as
pendências;
•Atingir meta padrão dos resultados de rotina (IC’s da rotina):
- Programa de produção
- Qualidade especificada
- Controlar manutenção preventiva/autônoma
•Cumprir padrões; •Registrar dados; •Ajudar a treinar outros
operadores, se necessário; •Ser responsável pela operação e
manutenção dos equipamentos.
OCORRÊNCIA DE ANOMALIAS
OCORRÊNCIA DE ANOMALIAS OCORRÊNCIA DE ANOMALIAS OCORRÊNCIA DE ANOMALIAS
•Gerenciar anomalias crônicas.
•Revisar mensalmente os RAs •Tratar as anomalias crônicas; •Conduzir Relatórios de Ação
Corretiva.
•Remover sintomas; •Analisar anomalia e atacar as
causas imediatas; •Completar preenchimento dos
RAs;
•Revisar diariamente os RAs.
•Identificar anomalias e remover sintomas;
•Relatar anomalias.
Quadro 5.1 - Definição das responsabilidades para cada uma das funções em
situação normal e no caso de anomalias.
Para avaliar se as tarefas executadas pela equipe estão de acordo com
C
O
FD
FD
G
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CARGOS
OPERADOR
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GERENTE
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trabalho
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08:00 - 09:30
09:30 - 10:30
10:30 - 12:00
12:45 - 13:30
13:30 - 14:30
14:30 - 15:30
15:30 - 16:30
16:30 - 17:30
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72
5.4 A Padronização de Processos
Para a correta padronização das tarefas operacionais, o autor sugere a
utilização dos modelos de padrão denominados de Procedimento da
Rotina (PR) e de Padrão Operacional (PO). Um padrão de apoio
denominado de Q1 pode também ser utilizado.
No padrão de procedimento de rotina consta basicamente “o quê” deve
ser feito, quais os passos que o operador deve seguir e a sequencia certa
para executar corretamente as operações. Deve-se colocar na sequencia
certa apenas as atividades críticas necessárias para obtenção de um bom
resultado. O PR é utilizado como manual para treinamento dos
operadores. O operador deve entender, internalizar e executar
corretamente estas tarefas para ser considerado habilitado naquela
operação. O PR deve ser memorizado pelo operador e por isso não fica
disponível no local da operação para consulta. Normalmente os
procedimentos de rotina referenciam os padrões operacionais em seu
texto para detalhar aspectos técnicos da fabricação.
O padrão operacional tem como objetivo informar “como” deve ser
executada a tarefa. Ele descreve quais os parâmetros técnicos do
processo utilizados para a inspeção e preparação da matéria-prima, a
correta regulagem do equipamento, a inspeção das características de
qualidade do produto e parâmetros de operação. As informações podem
ser descritas ou expressas em tabelas, desenhos ou figuras. O operador
não deve memorizar as informações ali contidas e por isso o PO é
mantido na operação, em local de fácil acesso e visualização. De acordo
co Campos, 1999, O PO dever ser elaborado preferencialmente de forma
pictórica, com o uso de tabelas, desenhos, fotografias ou figuras, para
facilitar o entendimento e o treinamento do operador.
O padrão Q1 significa “qualidade em um ponto”. É um padrão expedito
utilizado no tratamento de uma anomalia específica com a causa já
identificada É elaborado numa folha de papel flip-chart e compara as
73
situações corretas e as incorretas de forma ilustrada, com desenhos,
figuras ou fotografias. É complementado com informações para a
execução correta da tarefa detalhada através do 5W1H.
Na figura a seguir o autor apresenta o modelo do Procedimento de
Rotina. Observe que a coluna “como” pode descrever um detalhamento
da tarefa ou referenciar um padrão de operação quando as informações
são mais amplas ou complexas para serem memorizadas.
1. OBJETIVO
2. CAMPO DE APLICAÇÃO
3. REFERÊNCIAS SR-PGQ-xxx-xx.xx - SR-PGQ-xxx-xx.xx -
4. DESCRIÇÃO
4.1 – Etapa 1
O QUE FAZER COMO FAZER
4.2 – Etapa 2
O QUE FAZER COMO FAZER
4.3 – Etapa 3
O QUE FAZER COMO FAZER
Figura 5.3 – Modelo do padrão de Procedimento da Rotina
Os padrões devem ser periodicamente revisados e atualizados, para
incorporar as melhorias e mudanças constantes que ocorrem na
operação, tornando-se um documento dinâmico que oriente corretamente
o operador na execução das tarefas.
74
5.4.1 O Treinamento Operacional
Nesta etapa devem ser identificadas as necessidades de capacitação dos
operadores com base nas etapas do processo crítico e deve ser
providenciado treinamento para assegurar que as atividades básicas para
atendimento das metas-padrão sejam entendidas e cumpridas.
A capacitação deve ser planejada e monitorada através de uma matriz de
capacitação, onde estão programados os treinamentos mínimos a serem
realizados para habilitar a execução das tarefas conforme os padrões.
Para o treinamento operacional deve ser aplicado o Ensino Correto no
Trabalho. Os treinandos são ensinados por instrutores devidamente
qualificados, que podem ser seu supervisor, um colega mais experiente
ou um instrutor de treinamento. Devem ser aplicadas as seguintes etapas:
Ponto 1 - preparar o treinando: ponha-o à vontade. Indicar o trabalho e
verificar o que o treinando já sabe a respeito dele. Despertar no treinando
o interesse de aprender, mostrando a importância do seu trabalho no
resultado final;
Ponto 2 - apresentar o trabalho: falar, mostrar e ilustrar uma frase
importante de cada vez. Insistir em cada um dos pontos-chave. Ensinar
clara, completa e pacientemente, não ensinando mais do que aquilo que o
treinando precisa aprender;
Ponto 3 - fazer o treinando executar o trabalho: pedir ao treinando para
fazer o trabalho. Faça-o explicar cada ponto-chave à medida que o for
executando. Corrigir os erros no momento. Verificar se ele compreendeu
por meio de perguntas. Prosseguir até ter certeza de que o treinando
aprendeu;
Ponto 4 - acompanhar o progresso do treinando: encorajar o treinando a
fazer o trabalho. Mostrar como ele deve controlar o resultado do trabalho.
75
Incentivar a fazer perguntas e mostrar a quem procurar quando precisar
de auxílio. Verificar o trabalho dele. Gradualmente, deixar que o treinando
trabalhe por si mesma, sem sua interferência.
A avaliação do treinamento deve ser realizada após considerar o
treinando apto para a tarefa. Ela deve ser feita ao longo do tempo para
avaliar a efetividade do método dos quatro pontos.
Se o operador for considerado capaz e habilitado, o facilitador lhe delega
a autoridade da tarefa.
5.4.2 A Operação Conforme o Padrão
A função básica do operador é operar o processo, isto é, realizar as
tarefas operacionais de rotina conforme definidas nos padrões. Faz parte
desta tarefa o registro de dados provenientes de parâmetros de processo
que o operador deve monitorar ou de inspeções nos produtos em
processo ou prontos.
Sempre que surgir uma anomalia, detectada no processo ou no produto, o
operador deve registrá-la no documento Relatório de Anomalia e relatá-la
ao facilitador de rotina. Deve também remover o sintoma, a fim de dar
continuidade ao processo.
Outras tarefas, como auxiliar no treinamento de colegas com base em seu
conhecimento e manutenção dos equipamentos, também buscam
contribuir para a obtenção de processos com resultados estáveis.
É importante ressaltar que no momento da operação, seja qual for a
atividade, o operador é o agente principal, pois é quem está produzindo o
produto ou realizando o serviço. O resultado do seu trabalho é o resultado
da empresa em relação à qualidade, custos, atendimento a prazos e
outros indicadores relevantes para a sua sobrevivência. Portanto, o foco
da gestão deve ser o operador. Todos os recursos devem ser
76
direcionados a ele de forma a criar as condições ideais para que ele
possa realizar suas tarefas, atendendo as necessidades dos clientes e
metas da empresa.
A empresa deve criar condições para que o operador possa exercer suas
funções de forma autônoma e responsável. Isto significa delegar-lhes
autonomia sobre os meios de produção, organizar o trabalho para que
facilitadores e áreas de apoio interajam para que a operação seja
contínua e prepará-lo adequadamente para exercer suas funções através
da definição clara de suas tarefas e resultados esperados e da
capacitação e treinamento adequados.
5.4.3 O Tratamento de Anomalias
Anomalias são todos os resultados indesejáveis que ocorrem na
operação. Esta situação indesejada pode ocorrer no produto ou no
processo.
O método para tratar a anomalia é baseado no ciclo PDCA para resolução
de problemas, denominado de método de solução de problemas. É
utilizado o relatório de anomalias onde são registradas as etapas do
método.
Um exemplo de fluxo para tratamento de anomalias, esclarecendo a
atividade para cada função no trabalho é apresentado na figura a seguir.
77
OPERADOR FACILITADOR GERENTE STAFF
IDENTIFICAR A
ANOMALIA
REMOVER OS
SINTOMAS
VERIFICAR OS
MOTIVOS DA
ANOMALIA
REGISTRAR A IDENTIFICAR AS
ANOMALIA CAUSAS
PROVÁVEIS
ESTABELECER
PLANO DE
CONTRAMEDIDAS
EXECUTAR AS REVISAR
AÇÕES ANOMALIAS
DIARIAMENTE
TOMAR
CONTRAMEDIDAS
ADICIONAIS
REVISAR ANOMALIAS
MENSALMENTE
IDENTIFICAR ANOMALIAS CRÔNICAS
PRIORIZAR AS
ANOMALIAS
TRATAR ANOMALIAS CRÔNICAS
Figura 5.4 - Fluxo do tratamento de anomalias para cada uma das funções
Sempre que ocorrer uma anomalia, ela deve ser tratada. O operador
primeiro remover os sintomas e dar continuidade ao processo. Deve
então registrá-la no relatório de Tratamento de Anomalias e relatá-la ao
facilitador de rotina, trazendo informações e dados sobre a anomalia. O
facilitador deve tratar a anomalia, identificando suas causas (com a ajuda
dos operadores) e elaborando um plano de contramedidas sobre o
sintoma.
78
As anomalias crônicas e críticas inerentes ao processo são analisadas
mensalmente pelo nível gerencial e depois de priorizadas devem ser
tratadas seguindo método de solução de problemas e conduzidas um
grupo de trabalho técnico.
As Figuras a seguir apresentam um exemplo de um relatório de
anomalias. Na frente do formulário são registradas as anomalias, as
ações sobre o sintoma, as observações sobre o problema. No verso, são
registradas a análise das causa fundamentais, as contramedidas, a
avaliação da eficácia do tratamento (verificação) e a conclusão
79
TRATAMENTO DE ANOMALIA ÁREA NÚMERO
CÉLULA: TURMA: IDENTIFICADO POR: DATA:
PRODUTO ( ) PROCESSO ( ) CRÔNICAS ( )
PRODUTO PARÂMETRO FORA DE CONTROLE MOTIVO
BITOLA/QUALIDADE PRODUTO/BITOLA/QUALIDADE
LOTE LOTE
QUANTIDADE QUANTIDADE
CLIENTE/FORNECEDOR EQUIPAMENTO
DESCRIÇÃO DA ANOMALIA
DISPOSIÇÃO (REMOÇÃO DO SINTOMA)
PARA PRODUTO: QUANTIDADE DÉBITO PARA A ÁREA
( )SUCATEAR
( )RECLASSIFICAR QUANTIDADE RECLASSIFICADO PARA
( )LIBERAR SOB CONCESSÃO QUANTIDADE CLIENTE E CONTATO
( )RECUPERAR QUANTIDADE RESULTADO DA REVERIFICAÇÃO
COMENTÁRIOS:
NOME DO RESPONSÁVEL PELA DISPOSIÇÃO: DATA:
OBSERVAÇÃO DA ANOMALIA
(O QUE FOI OBSERVADO NO MOMENTO DA ANOMALIA?)
Figura 5.5 - Frente do relatório de anomalias
80
ANÁLISE DAS CAUSAS (POR QUE OCORREU A ANOMALIA?)
ANALISE OS PORQUÊS DA(S) PRINCIPAL(IS) CAUSA(S) ESCOLHIDA(S):1-POR QUE? 1-POR QUE?
2-POR QUE? 2-POR QUE?
3-POR QUE? 3-POR QUE?
4-POR QUE? 4-POR QUE?
5-POR QUE? 5-POR QUE?
PLANO DE AÇÃO
O QUE ? QUEM ? QUANDO ? SITUAÇÃO 1-
2-
3-
4-
5-ELABORAR / REVISAR PADRÕES
6- TREINAR / RETREINAR PESSOAL
VERIFICAÇÃO DA EFICÁCIA
QUEM VERIFICA ? QUANDO ? EVIDÊNCIAS DO BLOQUEIO:
NOME E VISTO: DATA: CONCLUSÃO
NOME E VISTO: DATA:
Figura 5.6 - Verso do relatório de anomalias
81
5.5 A Auditoria de Padrão
Sempre que ocorrer uma anomalia deve-se avaliar se os programas de
padronização e de treinamento estão sendo efetivos. Assim, uma maneira
consistente de manter os padrões atualizados e úteis aos operadores é
ter um sistema de Auditoria de Padrão eficiente e sistemático.
Uma avaliação nos padrões pode ser proveniente de uma ação corretiva
no tratamento de uma anomalia, gerando uma auditoria corretiva. Pode
ser também oriundo de um estudo das tarefas críticas, gerando um plano
de auditorias preventivas. A estabilização de processos contempla os dois
aspectos. Uma vez que uma auditoria corretiva passa a ser repetida
periodicamente, ela passa a constar no plano de auditorias preventivas.
As etapas de identificação dos processos e estabelecimento do resultado
crítico direcionam a aplicação da auditoria de padrões para os processos
com maior potencial de ganho.
Na terceira etapa é descrito o fluxo do processo com o detalhamento das
tarefas principais.
Na quarta etapa, a matriz de tarefas críticas lista as atividades relevantes
para cada etapa do fluxo. Estas tarefas serão os pontos de verificação na
auditoria.
Na etapa cinco, são identificados os operadores que executam as tarefas
críticas. Também são descritos os padrões destas tarefas que serão
auditados. O cronograma apresenta plano de auditorias com visão de um
ano, subdividido em semanas. As auditorias são programadas devendo
cobrir todos os operadores com todos os padrões, uma vez que a
auditoria é realizada sobre o par operador-tarefa. Na Figura 17 é
apresentado o modelo de cronograma. O operador deve ser comunicado
da programação da auditoria. O objetivo é que ao se prepararem para as
auditorias eles estudem os padrões e revisem as tarefas críticas. As
auditorias realizadas são pintadas de verde. As auditorias não realizadas
aparecem visualmente e devem ser realizadas ou remarcadas.
82
1- ESTABELECER OS
RESULTADOS CRÍTICOS
2- IDENTIFICAR O
PROCESSO CRÍTICO
3- ELABORAR O FLUXO DO PROCESSO
4- MONTAR A MATRIZ DE
TAREFAS CRÍTICAS
5- IDENTIFICAR OS
OPERADORES
6-MONTAR O CRONOGRAMA DE AUDITORIAS
7- PREPARAR A AUDITORIA
8- EXECUTAR A AUDITORIA
9- AVALIAR A AUDITORIA
10- ACOMPANHAR AS PENDÊNCIAS
Figura 5.7 - Etapas da auditoria de padrão
83
NOME DO PROCESO RESULTADOS FACILITADOR
FLUXO TAREFAS CRÍTICAS PR PO ATIVIDADES CRÍTICAS
Criar PO - Padrão Operacional
⊗ Revisar PR - Procedimento de Rotina
X OK
Figura 5.8 – Matriz de tarefas críticas
84
Na data programada são realizadas as etapas de preparação e execução
da auditoria.
A preparação do facilitador para a auditoria inclui a separação dos
padrões a serem auditados e da leitura prévia das tarefas críticas identificadas
na matriz de tarefas críticas.
A avaliação da auditoria é realizada ao término da auditoria pelo
facilitador de rotina. É atribuída uma graduação entre zero e dez, avaliando se
os padrões estão atualizados, se o operador conhece e entende o padrão, se
conhece os pontos críticos do padrão, se os padrões são praticados e se as
pendências das auditorias anteriores foram realizadas no prazo.
É importante ressaltar que as pendências das ações corretivas das
auditorias devem ser acompanhadas até o seu encerramento, conforme
descrito na etapa dez.
Por fim, o autor apresenta o Relatório de Auditoria, onde são registrados
os pontos observados e as ações corretivas. O acompanhamento das
pendências também fica registrado neste documento.
85
PROCESSO TAREFA OPERADOR(ES)
PREPARAÇÃO AUDITORIA
COMBINAR A AUDITORIA COM O OPERADOR PADRÃO ATUALIZADO
REUNIR AS INFORMAÇOES NECESSÁRIAS CONHECE O PADRÃO
DEIXAR O OPERADOR A VONTADE ENTENDE O PADRÃO
ESCLARECER OS OBJETIVOS PRATICA O PADRÃO
CONHECE OS PONTOS CRÍTICOS
TEM SUGESTÕES
FOCO NO RESULTADO:
OBSERVAÇÕES / AVALIAÇÃO INDIVIDUAL QUEM /
AÇÃO CORRETIVA QUANDO OK
AVALIAÇÃO: PONTUAR DE 0 A 10 CONSIDERANDO O DESEMPENHO DO AVALIADO / PROCESSO QUANTO A:
- PADRÃO ATUALIZADO - ENTENDE O PADRÃO - CONHECE PONTOS CRÍTICOS
- CONHECE O PADRÃO - PRATICA O PADRÃO - PENDÊNCIAS RESOLVIDAS
AVALIAÇÃO DATA/HORA DA AUDITORIA VISTO DO AUDITOR
GERAL:
Figura 5.9 – Relatório da auditoria de padrão