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ANÁLISE E MELHORIA DO GERENCIAMENTO DA
ROTINA DIÁRIA DE UM PROJETO DE
MAPEAMENTO DE PROCESSOS
ANANDA SILVEIRA DANTAS - [email protected]
UNIVERSIDADE DE BRASILIA - UNB
JULIA ALEXSSANDRA BITENCOURT - [email protected]
UNIVERSIDADE DE BRASILIA - UNB
DIEGO SILVA LUCINDO - [email protected]
UNIVERSIDADE DE BRASILIA - UNB
MATEUS DE ALMEIDA BERNARDES - [email protected]
UNIVERSIDADE DE BRASILIA - UNB
SIMONE BORGES SIMÃO MONTEIRO - [email protected]
UNIVERSIDADE DE BRASILIA - UNB
Área: 8 - GESTÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL
Sub-Área: 8.4 - GESTÃO DE PROJETOS
Resumo: EM UMA ORGANIZAÇÃO, UMA BOA GESTÃO DA QUALIDADE É
ESSENCIAL PARA GARANTIR A SATISFAÇÃO DO CLIENTE. DENTRO DO
CONTEXTO DE PROJETOS ESSA REALIDADE NÃO É DIFERENTE, SENDO VÁRIAS
PRÁTICAS ADOTADAS PARA ASSEGURAR QUE AS ENTREGAS ATINJAM O GRAU
DDE QUALIDADE ESPERADO. DENTRE ESSAS PRÁTICAS, A PADRONIZAÇÃO DAS
ATIVIDADES DIÁRIAS GANHA DESTAQUE, REDUZINDO O NÍVEL DE ERROS E
CONSEQUENTEMENTE AUMENTANDO A QUALIDADE DO PRODUTO FINAL.
TENDO ISSO EM VISTA, ESTE ARTIGO PROCURA DESCREVER A GESTÃO DA
ROTINA DIÁRIA DE UM PROJETO DE MAPEAMENTO DE PROCESSOS, BEM COMO
IDENTIFICAR OS PRINCIPAIS RISCOS RELACIONADOS A ESSE TIPO DE
GERENCIAMENTO. POR FIM, OS RISCOS ENCONTRADOS FORAM ANALISADOS
UTILIZANDO A FERRAMENTA FMEA E O RPN E FORAM DEFINIDOS PLANOS DE
AÇÃO, DE FORMA A MITIGAR OS RISCOS IDENTIFICADOS.
Palavras-chaves: QUALIDADE; PROJETOS; GERENCIAMENTO; ROTINA DIÁRIA;
RISCOS.
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Bauru, SP, Brasil, 9 a 11 de novembro de 2016
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ANALYSIS AND IMPROVEMENT OF THE
MANAGEMENT OF THE DAILY
ROUTINE IN A MODELLING PROCESS
PROJECT
Abstract: IN ANY ORGANIZATION, PURSUE QUALITY IS ESSENTIAL TO
GUARANTEE CUSTOMER’S SATISFACTION. FROM THE PROJECT MANAGEMENT
PERSPECTIVE THIS IS NOT DIFFERENT. MANY METHODOLOGIES AND
PRACTICES ARE USED TO ACHIEVE THE LEVEL OF QUALITY EXPECTED BY THE
CLIENTS. THE DAILY WORK ROUTINE MANAGEMENT IS ONE AND VERY
DISSEMINATED OF THOSE PRACTICES, WHICH REDUCES THE FREQUENCY OF
ERROR, AND CONSEQUENTLY INCREASES THE QUALITY OF THE FINAL
PRODUCT. THIS PAPER DESCRIBES HOW IS THE MANAGEMENT OF THE DAILY
WORK ROUTINE OF A MODELING PROCESS PROJECT. ALSO, HOW THE MAINLY
RISKS ASSOCIATED WITH THE PROJECT’S DAILY WORK ROUTINE WERE FOUND,
AS WELL AS HOW FMEA AND RPN AND WAS USED TO ANALYZE SUCH RISKS AND
DEFINE CORRECTIVE ACTIONS IN ORDER TO MITIGATE POSSIBLE FAILURES.
Keyword: QUALITY; PROJECT MANAGEMENT; DAILY WORK ROUTINE; RISKS.
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1. Introdução
Um projeto pode ser definido como um esforço temporário empreendido para criar um
resultado único. Apesar de estar associado à implementação de novas formas de trabalho,
segundo o PMBOK (2013) é possível que sejam encontrados elementos repetitivos em
algumas atividades dos projetos.
Gerenciar projetos é um trabalho complexo, pois trata-se de aplicar às atividades que o
compõem, conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas para que os seus requisitos
sejam alcançados. São elencadas seis restrições que são inerentes a projetos e que devem estar
em equilíbrio, pois a alteração de uma delas provavelmente afetará as outras, essas restrições
são identificadas como escopo, qualidade, cronograma, orçamento, recursos e riscos. A
qualidade “inclui os processos e as atividades da organização executora [...] de modo que o
projeto satisfaça às necessidades para as quais foi empreendido” PMBOK (2013, p. 227) por
isso deve ser gerenciado de forma efetiva para que o cliente fique satisfeito com os resultados
gerados.
Diversos aspectos podem influenciar a qualidade de um produto ou serviço, dentre
eles a capacidade dos colaboradores em realizar a tarefa, o nível de padronização existente, a
existência de pontos de controle de qualidade durante e após a produção do produto/serviço e
uma gestão direcionada a melhoria contínua.
A presente pesquisa encontra o desafio de elaborar produtos com a qualidade
almejada pelo cliente em um projeto de mapeamento de processos (PMAPRO) que possui o
escopo de mapear 236 processos logísticos e conta com uma equipe de modeladores com 24
alunos de graduação e 6 líderes de equipe da Engenharia de Produção da Universidade de
Brasília.
Portanto, o objetivo da pesquisa é analisar o atual Gerenciamento da Rotina do Dia-a-
dia (GRD) da equipe do projeto de mapeamento de processos, e propor a utilização de
ferramentas que propiciem a identificação de pontos de melhoria para elevar a qualidade das
entregas.
Este artigo está estruturado em 5 seções. A seção 2 da pesquisa traz os conceitos
teóricos concernentes ao Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia, ao Ciclo PDCA e a FMEA.
A seção 3 apresenta a metodologia de pesquisa utilizada no trabalho, a seção 4 discorre sobre
o estudo de caso e envolve uma contextualização do projeto estudado, a identificação e
avaliação dos riscos, e ainda um plano de ação para mitiga-los. E, por fim, a quinta seção
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descreve as considerações finais, propostas de melhorias e sugestões para trabalhos futuros.
2. Gerenciamento do Projeto PMAPRO
As seções a seguir discorrem brevemente sobre o Gerenciamento da Rotina do Dia-a-
Dia, que é aplicado diariamente nas atividades de gerenciamento do projeto e o Ciclo PDCA
de melhorias e a ferramenta FMEA (Failure Modes and Effects Analysis – Análise de modo e
efeito de falhas) que podem ser adotados a fim de melhorar continuamente a gestão do
projeto.
2.1. Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia
Desenvolver e entregar produtos ou serviços atendendo às expectativas criadas pelos
consumidores, usuários e contratantes é fundamental para estabelecer uma boa relação com
estes clientes e assim fortalecer a organização. Porém, garantir a qualidade envolve uma série
de ações que devem ser implementadas para este fim.
Segundo Campos (2004), a maior parte do tempo de trabalho é gasto com funções
operacionais. Assim, conduzir as ações gerenciais de forma adequada sem que as funções
operacionais estejam com um bom funcionamento, é ineficaz. Por isso, é importante ajustar as
ações operacionais para que se reduzam as anomalias nelas encontradas a níveis
insignificantes, uma vez que eliminá-las por completo é extremamente difícil.
Uma forma de elevar os níveis de qualidade e produtividade e reduzir o nível de erros
de execução é por meio de um gerenciamento da rotina. Ainda segundo Campos (2004, p. 36),
o Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia (GRD) são “as ações e verificações diárias
conduzidas para que cada pessoa possa assumir as responsabilidades no cumprimento das
obrigações conferidas a cada indivíduo e a cada organização”. Para Marshall Junior e Cierco
(2006) o GRD é um método de gestão que visa a eficiência organizacional, onde os
colaboradores são os responsáveis pelo gerenciamento, por meio do respeito aos padrões
definidos reduzir erros que comprometam o resultado final.
Este gerenciamento deve passar por todos os níveis hierárquicos da organização e
chegar a um nível individual. Além disso, deve se basear nos seguintes aspectos:
entendimento claro da autoridade e das responsabilidades de cada colaborador, padronização
dos processos organizacionais e procedimentos de trabalho, monitoramento dos resultados das
saídas dos processos com relação às metas estabelecidas, ações corretivas para reduzir os
desvios entre os resultados e as metas, máxima utilização do potencial das pessoas envolvidas
e, por fim, busca contínua pela perfeição.
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Um gerenciamento da rotina se apresentará efetivo no momento em que os executores
conseguem executar o trabalho sem a presença de um supervisor e mantenham o nível de
qualidade estabelecido. Por isso, treinar e capacitar os colaboradores é importante para que
exista um entendimento do trabalho a ser realizado, facilitando a execução da rotina.
O GRD é uma metodologia que direciona as pessoas para aquilo que deve ser feito
para obter, manter e melhorar cada vez mais os resultados e visa uma maior eficiência da
equipe baseado na obediência aos padrões estabelecidos, evitando assim mudanças que
alterem a qualidade esperada. Para Campos (2004) quanto melhor for o Gerenciamento da
Rotina do Trabalho do Dia-a-Dia mais tempo os gerentes terão para realizar o chamado
Gerenciamento Interfuncional.
Para que os padrões criados sejam eficientes é necessário que os executores estejam
alinhados com eles, o que cria uma grande necessidade de treinamento e capacitação dos
colaboradores para que sejam “os melhores naquilo que fazem” (CAMPOS, 2004, p.34). Com
os padrões corretos e todos executando suas funções de acordo com os padrões, não deveriam
existir falhas.
2.2. Ciclo PDCA
A definição de gerenciamento para Campos (2004 p.75) “é o ato de buscar as causas
(meios) da impossibilidade de se atingir uma meta, estabelecer contramedidas, montar um
plano de ação, atuar e padronizar em caso de sucesso”. Uma forma praticar este
gerenciamento dentro das organizações é a utilização do PDCA.
A sigla PDCA advém dos quatro passos que compõem este ciclo: plan, do, check e
act. A primeira fase, Plan ou Planejamento, compreende o estabelecimento de objetivos e
metas e a criação das estratégias que serão utilizadas para atingir os resultados esperados.
Estas metas podem ter basicamente dois objetivos: melhorar os padrões ou manter os padrões
existentes.
A segunda fase, Do ou Execução, é onde se capacita e treina a equipe para que sejam
capazes de executar e implementar as ações planejadas na fase anterior.
Na terceira fase do ciclo, Check ou Verificação, as ações que foram realizadas na fase
de execução são monitoradas e mensuradas. Por fim, a fase Act ou Ação, significa atuar nos
resultados obtidos a fim de promover uma melhoria contínua nos processos.
Através deste método, é possível identificar os itens de controle que vão ser relevantes
para a melhoria contínua de procedimentos padrão. Assim, monitorar de forma mais
específica as características identificadas como problemas permite aos responsáveis
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quantificar o impacto que elas causam para a execução do trabalho. A grande diferença para a
melhoria está em estabelecer bons planos de ação, mas para isso é necessário saber onde
checar para identificar os problemas mais relevantes. A fase abordada neste estudo é a de
checagem, ao monitorar a execução das atividades já planejadas e também a fase de ação,
onde se elabora bons planos de ação, para corrigir as falhas identificadas. Uma forma de
identificar quais são as causas de erros é por meio da ferramenta FMEA e a partir de seus
resultados elaborar planos de ação.
2.3. FMEA
A FMEA é um método dedutivo utilizado para determinar a ocorrência de falhas.
Segundo Toledo (2013), a FMEA originalmente teve enforque principal no projeto de novos
produtos e processos, visando principalmente a confiabilidade. Porém com o decorrer do
tempo essa ferramenta passou a ser aplicada em diversas áreas, inclusive para melhoria de
processos já existentes.
A FMEA é utilizada para reconhecer e avaliar as falhas/riscos potenciais de um
processo, estabelecer ações para eliminar ou reduzir as chances de ocorrência dessas
falhas/riscos e também minimizar a probabilidade e impacto destes riscos efeitos no processo.
Para utilizar essa ferramenta, são considerados três índices: o grau de ocorrência, a
severidade de suas consequências e o nível de detecção das falhas/riscos encontrados.
Para priorizar as falhas/riscos identificadas é utilizado o RPN (Risk Priority Number).
Algumas ressalvas são necessárias para esse método, visto que o número RPN não deve ser
analisado de forma isolada. Deve-se levar em conta a relação entre os índices da FMEA de
forma a proporcionar um melhor direcionamento para os planos de ação estabelecidos com
intuito de combater os problemas identificados.
3. Metodologia
Com o objetivo de analisar o gerenciamento da rotina diária do projeto PMAPRO, a
fim de identificar as oportunidades de melhoria e implementar um plano de ação para aplica-
las, foi realizado um estudo de caso baseado em uma abordagem investigativa dos dados
qualitativos coletados. Segundo Yin (2001), o estudo de caso investiga de forma empírica um
fenômeno em um contexto real, contribuindo em diversos aspectos para a compreensão de
fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos.
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O objeto do estudo de caso deste artigo é analisar a rotina diária do projeto,
estabelecida pela programação de mapeamento de processo, e propor melhorias, e a sua
natureza é aplicada, pois não visa desenvolver teorias, mas sim implementá-las.
As técnicas de pesquisa utilizadas foram questionários e entrevistas. Segundo Marconi
e Lakatos (2003), “o questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma
série ordenada de perguntas”. Os questionários fazem parte da observação direta extensiva e
são elaborados de maneira científica de acordo com práticas definidas. A entrevista consiste
na “conversação efetuada face a face, de maneira metódica, proporcionando ao entrevistado a
informação necessária”.
Portanto, as informações coletadas de acordo com as técnicas citadas foram
consolidadas de forma a encontrar os principais problemas associados à rotina diária do
projeto. Os seis principais riscos relacionados a rotina do projeto foram analisados utilizando
a FMEA, onde mensurou-se a ocorrência, a severidade e a detecção de cada um deles. Com
isso, foi possível compreender a situação de cada dificuldade identificada.
Na sequência, foi feita uma reunião onde utilizou-se a técnica do brainstorming para
levantar possíveis ações que poderiam ser realizadas para solucionar os aspectos
identificados, e dessa forma, o plano de ação foi elaborado e a execução das atividades
delegadas.
4. Estudo de Caso
O presente estudo de caso foi desenvolvido em um projeto de mapeamento de
processos (PMAPRO). Essa pesquisa tem como principal objetivo identificar os pontos fracos
da gestão da rotina diária do mesmo e implementar melhorias de acordo com técnicas já
conhecidas e amplamente disseminadas em ambientes organizacionais modernos.
4.1 Contexto do Projeto
O projeto, objeto do estudo, decorre de uma parceria entre o departamento de
Engenharia de Produção da Universidade de Brasília e um órgão público. O objetivo do
projeto é mapear aproximadamente 236 processos, visando a modernização de um sistema de
controle físico de material. Para isso, o projeto está estruturado de forma que o mapeamento
de processos é realizado por oito equipes de mapeamento, que contam com um professor
orientador, um líder, denominado assistente de pesquisa, e dois alunos de graduação. Cada
assistente de pesquisa possui um professor orientador e lidera duas equipes de estagiários
distribuídas nos turnos matutino e vespertino.
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Além das equipes de mapeamento, o projeto possui o escritório de processos. Ele está
estruturado por um assistente de pesquisa chefe, dois especialistas em Business Process
Modeling Notation (BPMN - Notação de Modelagem de Processos de Negócio), um gerente
de projeto e um professor coordenador. O escritório tem como finalidade validar os modelos
desenvolvidos pelas equipes a fim de assegurar a qualidade dos processos mapeados ao longo
do projeto.
O projeto pesquisado está sendo desenvolvido a um ano e oito meses, por isso
apresenta uma certa maturidade com relação ao desenvolvimento das atividades, apesar de
apresentar uma alta rotatividade dos alunos de graduação.
A Sistemática de Trabalho foi desenvolvida no início do projeto a fim de padronizar as
atividades desenvolvidas pelo mesmo. Nela contém os procedimentos para o controle de
documentos tramitados na rede de computadores, incluindo a padronização do nome, versão e
armazenamento deles, as regras adaptadas para o uso da notação BPMN nos diagramas e
padrões estabelecidos para a documentação descritiva dos processos e também os
procedimentos padrão para mapear os processos junto ao cliente, desde a primeira reunião até
o fim da elaboração dos produtos do mapeamento, que apresenta uma programação do tempo.
Esta programação determina, para as equipes de mapeamento, o que deve ser feito em
cada dia. Nela contêm os dias em que são realizadas as entrevistas, as elaborações dos
diagramas e as validações internas do diagrama e da documentação desenvolvidos pela
equipe, validações essas realizadas com o professor orientador e com o escritório de processo.
Além das atividades diretamente relacionadas ao mapeamento dos processos, que são
elencadas na programação, existem atividades de apoio, como o envio de e-mails aos clientes,
preenchimento de planilhas internas para o gerenciamento do projeto, que apesar de não
estarem explícitas na programação, são importantes para a continuidade adequada da
atividade fim. Existe um check list que elenca estas atividades específicas que tem a
finalidade de auxiliar no gerenciamento da rotina diária dos alunos de graduação. Este
documento fica colado na parede do ambiente de trabalho e a equipe deve marcar como
executadas as atividades na medida em que elas são finalizadas.
4.2 Identificação e Avaliação dos Riscos do Projeto na etapa da Programação
A fim de identificar os riscos do projeto, foi elaborado um questionário, que foi
validado com o professor orientador especialista em estatística, a fim de avaliar se as
perguntas, da forma como foram colocadas, eram apropriadas para extrair as informações
desejadas. Este instrumento de pesquisa foi aplicado aos alunos de graduação das equipes de
trabalho e buscou levantar informações relativas à clareza das atividades, carga de trabalho
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nos diferentes dias da programação, problemas enfrentados para gerenciar a rotina e sugestão
de melhorias. Ao todo, 75% dos estagiários responderam à pesquisa.
Paralelamente ao levantamento realizado com os alunos de graduação, foram coletadas
as percepções dos seis assistentes de pesquisa por meio de entrevistas. As entrevistas foram
realizadas individualmente e tiveram duração aproximada de 20 minutos, buscando identificar
a percepção dos líderes com relação aos problemas vivenciados pelos alunos de graduação na
execução da rotina diária.
Em seguida, foi feita uma consolidação dos resultados encontrados nas duas técnicas
de pesquisa utilizadas, onde foi possível identificar 6 aspectos relatados por ambas as partes.
Os aspectos identificados constituem os riscos, que são a falta de compreensão
adequada das atividades, não realização de tarefas complementares, tempo insuficiente para a
conclusão das atividades, falha no software de modelagem de processos, falha na rede de
computadores e falta de tempo para produção científica, ilustrados pela Figura 1.
FIGURA 1: Resposta do questionário dos alunos de graduação. Fonte: Os Autores (2016).
A falta de compreensão adequada das atividades foi identificada nos questionários,
pois cinquenta por cento dos estagiários consideravam as atividades realizadas claras ou não
muito claras. Visto que apenas 44,4% dos alunos que responderam ao questionário marcaram
que as atividades que devem ser realizadas são muito claras, observa-se que os demais
possivelmente não compreendem o real motivo da execução de cada uma das atividades.
Além disso, de acordo com os assistentes de pesquisa, a equipe tem dificuldade em
gerenciar as eventuais mudanças na programação de atividades. Isso reforça que os alunos de
graduação não compreendem de forma clara as atividades que devem ser realizadas e por isso,
quando há algum evento que altera a programação das atividades, eles demonstram
dificuldade em entender quais atividades deverão ser realizadas e priorizadas.
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A dificuldade, por parte dos alunos de graduação, em realizar tarefas complementares,
que não estão relacionadas diretamente com a realização da documentação descritiva e do
fluxograma dos processos mapeados, foi identificada pelos assistentes de pesquisa, mas
também nos questionários aos estagiários em resposta às dificuldades por eles enfrentadas.
Os líderes de equipe percebem que os alunos, visando concluir as atividades nos
prazos estipulados, não elaboram os documentos com a qualidade esperada. Nos
questionários, conforme representado na Figura 1, 88,9% dos alunos consideram que existem
dias da programação que possuem maior carga de trabalho. Acredita-se que estes dias com
maior carga de trabalho são referentes a dias da programação que, quando o processo possui
maior complexidade ou tamanho, o tempo disponível não é suficiente. Isto indica que os dois
lados concordam que o tempo previsto, pode não ser suficiente para executar o trabalho da
forma adequada.
As três últimas dificuldades, que são as recorrentes a falhas do software utilizado para
diagramação e da rede de computadores e falta de tempo para produção científica, foram
identificadas de forma direta nas duas coletas de percepção.
TABELA 1 – FMEA para os riscos do projeto
Riscos do Projeto Ocorrência Severidade Detecção RPN
Falta de compreensão
adequada das atividades
3 2 5 30
Não realização de tarefas
complementares
4 3 3 36
Tempo insuficiente para a
conclusão das atividades
2 5 1 10
Falhas no software de
modelagem de processos
4 2 1 8
Falha na rede de computadores 1 5 1 5
Falta de tempo para produção
científica
4 4 1 16
Ocorrência Severidade Detecção
Muito baixa 1 Muito baixa 1 Muito baixa 1
Baixa 2 Baixa 2 Baixa 2
Moderada 3 Moderada 3 Moderada 3
Alta 4 Alta 4 Alta 4
Muito Baixa 5 Muito Baixa 5 Muito Baixa 5
Grau de prioridade de Riscos Baixo – 1 a
10
Moderado –
11 a 25
Alto – 26
a 125
Fonte: Os Autores (2016).
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A Tabela 1 mostra os riscos priorizados e os classifica segundo os parâmetros da
FMEA, Ocorrência, Severidade e Detecção. Também está representado, para cada risco, o
índice RPN calculado.
4.3 Plano de Tratamento aos Riscos do Projeto na etapa da Programação
De acordo com os resultados obtidos pela análise FMEA e pelo RPN, foram
estabelecidos planos de ação para mitigar cada um dos riscos priorizados, que estão elencados
no Quadro 1, e explicados em seguida.
QUADRO 1 – Riscos e respectivos planos de ação
Risco Plano de Ação
Não realização de tarefas
complementares
Aprimorar o check list utilizado pelas equipes.
Falta de compreensão
adequada das atividades
Quando houver mudanças da programação, os assistentes de pesquisa devem
explicar o motivo da ocorrência e o que deve ser feito com relação a ela.
Falta de tempo para
produção científica
Realizar Workshop para compartilhamento de experiências, estabelecer
datas internas de entrega de artigo e linhas de pesquisas permanentes,
desenvolver um mural para exposição de banners criação de metas para a
produção.
Tempo insuficiente para a
conclusão das atividades
Antecipar as atividades dos dias com maior carga de trabalho para os dias
com menor carga de trabalho.
Falhas no software de
modelagem de processos
Não identificado.
Falha na rede de
computadores
Realizar backup individual dos documentos.
Fonte: Os Autores (2016).
Com relação ao primeiro risco priorizado, não realização de tarefas complementares,
optou-se por aprimorar o check list já existente no projeto a fim de padronizá-lo para todas as
equipes e atualizar com atividades que surgiram após a sua elaboração. Será montado um
grupo com a participação de um membro de cada equipe para reestruturar este documento.
Com relação a compreensão das atividades, visto que existem diversas situações
distintas que podem alterar a programação, acredita-se que uma palestra explicando cada caso
poderia ser ineficiente. Por isso deve haver um esforço por parte dos assistentes de pesquisa
para explicar, em cada situação, o motivo pelo qual ela gera uma mudança na programação, e
o que deve ser feito em virtude desta mudança, no momento de sua ocorrência. Dessa forma,
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os alunos de graduação, por estarem vivenciando o contexto, conseguiriam compreender
porque as atividades estão sendo realizadas.
Sobre a falta de tempo para a produção científica, foi feita uma reunião com a
assistente de pesquisa chefe do projeto, responsável pela produção científica, para discutir
medidas para melhor impulsionar esta atividade no projeto. Nesta reunião foram identificadas
as seguintes dificuldades para elaboração de artigos: falta de compartilhamento de
experiências com relação aos artigos elaborados, não continuidade dos trabalhos, falta de
motivação dos alunos para a pesquisa.
Visando proporcionar um ambiente de troca de experiência entre os participantes da
produção científica, propõe-se a realização de um workshop com a equipe do projeto para que
sejam expostas as dificuldades e sucessos que foram vivenciadas na realização dos artigos.
Para que a equipe mantenha um fluxo de trabalho constante durante a elaboração do artigo, ao
invés de iniciar mais lentamente e intensificar os trabalhos próximos à data de submissão,
espera-se estabelecer datas internas de entrega para que o artigo seja avaliado e concluído.
Desta forma, é possível finalizar os artigos um tempo antes da data de submissão, a
fim de alocar as pessoas em novos artigos. E para que essas pessoas possam ser devidamente
alocadas, pensou-se em criar linhas de pesquisa com diferentes focos e agrupar as pessoas
interessadas em cada linha de pesquisa, incluindo alunos, assistentes e professores. Dessa
forma, os temas estarão em constante discussão e na medida em que surgirem ideias de
artigos, será montada a equipe de trabalho para dar início à elaboração assim que possível.
E por fim, buscando reconhecer os alunos envolvidos na produção científica, é
proposto criar um espaço físico no ambiente de trabalho onde a equipe deve colocar um
banner do artigo finalizado para que as outras pessoas possam tomar conhecimento do
trabalho desenvolvido e então entrar em contato com os elaboradores para tirar dúvidas, fazer
considerações e até mesmo parabenizá-los. Também a título de motivação, foram estipuladas
metas de trabalho, que foram divulgadas a todos os envolvidos.
Com relação ao quarto risco priorizado, o tempo disponível limitado para a realização
das atividades, por afetar diretamente a qualidade do trabalho, não é possível diminuir o
impacto nas entregas do projeto, porém a sua ocorrência pode ser diminuída caso a equipe
utilize os dias com menos carga de trabalho para realizar atividades de dias seguintes que
possuem um maior número de atividades a serem feitas.
O dia 6 e 8 da programação, validação do diagrama com o escritório e com o
orientador respectivamente, foi considerado por 37,5% dos alunos de graduação como dias
com menor carga de trabalho. Por outro lado, o dia 11, último dia destinado à elaboração da
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documentação completa, foi considerado por 62,5% dos alunos de graduação como um dos
dias com a maior carga de trabalho. Dessa forma, nos dias 6 e 8 a equipe pode iniciar esta
documentação, quando for percebido que o processo possui alguma especificidade que os dias
destinados para a sua documentação não serão suficientes.
Quanto às falhas apresentadas pelo software utilizado, foi realizada uma análise de
mercado anterior que constatou as tecnologias contidas nos softwares pagos e identificou-se
que elas trariam vantagens relacionadas à gestão por processos e automação dos mesmos, que
não é o foco do projeto, que visa apenas diagramar o fluxo de atividades e entrega-lo ao
cliente, para que ele faça essa gestão. E ainda a compra deste aplicativo não garantiria a
eliminação dos problemas identificados pelos modeladores, que consistem basicamente na
demora no processamento. Logo, não foi identificado nenhum plano de ação para solucionar
esta dificuldade, e como o seu grau de prioridade na escala RPN foi baixo, não se buscou mais
alternativas.
Sobre a rede de computadores interna do projeto, sua substituição torna-se inviável
devido a limitações orçamentárias do projeto, porém, o impacto pode ser diminuído com o
backup individual dos documentos nos computadores, pois diminuiria a chance de ocorrer
perda de documentos armazenados na rede. Então esta prática precisa ser difundida para todos
que a utilizam.
5. Conclusão
Tendo em vista o conteúdo exposto e o objetivo da pesquisa de analisar o atual
Gerenciamento da Rotina do Dia-a-dia do projeto a fim de elevar os padrões de qualidade das
entregas, conclui-se que o GRD do projeto é satisfatório pois 94,4% dos estagiários
consideram como claro ou muito claro o trabalho que deve ser realizado.
Isso se deve às ferramentas utilizadas, como a Sistemática de Trabalho e o checklist,
que padroniza as atividades que devem ser desenvolvidas pelos alunos de graduação. Mas isso
não diminui o esforço que deve haver por parte dos líderes no treinamento dos alunos, para
que eles tenham conhecimento dessas ferramentas e para auxiliá-los a entender a razão pela
qual as atividades devem ser desenvolvidas conforme solicitado.
Apesar desta estrutura sólida com relação ao GRD, observou-se a importância de
executar momentos de monitoramento e mensuração das atividades desempenhadas, pois
alguns dos riscos identificados não eram percebidos nem pelos executores nem pelos líderes.
Estes momentos tratam-se da fase de checagem do ciclo PDCA, que se propõe a
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identificar os obstáculos e criar estratégias para superá-los. Nesta pesquisa, foi de grande valia
a utilização da FMEA e do RPN para compreender quais os riscos deveriam ser tratados com
mais cautela e também qual aspecto de cada risco deveria ser aprimorado.
Com base no estudo, os planos de ação elaborados para um melhor gerenciamento da
rotina diária incluem a reestruturação do check list, a estruturação de uma metodologia que
visou não apenas motivar as equipes para este fim, mas também criar um ambiente favorável
para este tipo de desenvolvimento científico.
Para trabalhos futuros, pode-se analisar se os planos de ação implementados por esta
pesquisa trouxeram resultados significativos para o gerenciamento da rotina dos alunos de
graduação que atuam no projeto. Em adição a isto, durante a pesquisa, identificou-se que
alguns índices como a rotatividade de membros, atrasos na programação do tempo, e erros
identificados nas validações intermediárias possuem registros e poderiam ser estudados para
mensurar os aspectos que dificultam o gerenciamento da rotina diária, verificar se os dias da
programação de trabalho cujos alunos percebem com maior fluxo de trabalho são os dias que
possuem maior número de atrasos e analisar o desenvolvimento dos alunos após
implementações de medidas para melhorar o desempenho dos mesmos.
Referências
PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Project Management Body of Knowledge (PMBOK). 5. ed.
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