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Jacqueline Ellida de Melo Forte Sousa “ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA URBANIZAÇÃO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA” São Paulo 2008

“ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA URBANIZAÇÃO DA …arquivo.fmu.br/prodisc/medvet/jemfs.pdf · Até o momento as medidas de controle da ... la fora das residências em galinheiros,

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Jacqueline Ellida de Melo Forte Sousa

“ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA URBANIZAÇÃO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA”

São Paulo 2008

FMU- Faculdade Metropolitanas Unidas Jacqueline Ellida de Melo Forte Sousa

“ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA URBANIZAÇÃO DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA”

Trabalho apresentado para conclusão do curso de Medicina Veterinária/FMU, sob orientação do Prof. Dr Carlos Augusto Donini.

São Paulo 2008

2

Dedico este trabalho aos meus Pais que me

incentivaram nas horas difíceis, e nunca me

deixaram desistir.

3

Agradeço a todos aqueles que contribuíram

para a concretização deste trabalho, ao

Professor e orientador Donini, pela atenção

e disponibilidade que em todos os

momentos dispensou a este trabalho. Aos

colegas de turma que de alguma forma me

incentivaram e ajudaram.

4

"Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, há os que lutam toda a vida. Esses são os imprescindíveis."

Bertolt Brecht

5

RESUMO Sousa, J. E. M. F. 2008

No Brasil, a importância da LV (Leishmaniose Visceral) passou a constituir um grave

problema de saúde publica, não somente por sua grande incidência e ampla

distribuição, mas também pela possibilidade de assumir formas graves e letais. A

crescente urbanização da doença ocorrida nos últimos 20 anos coloca em discussão as

estratégias de controles empregadas. Nesta pesquisa foram analisados os aspectos

biológicos, ambientais e sociais que induziram no seguimento do processo de difusão e

urbanização dos focos da doença. Os métodos disponíveis de diagnósticos e

tratamento não são eficientes, embora as pesquisas de novos testes diagnósticos e

fármacos terapêuticos estejam em estudo. Até o momento as medidas de controle da

doença não foram capazes de eliminar a transmissão e impedir a ocorrência de novas

epidemias. Uma nova vacina para cães, já testada em campo esta sendo

industrializada e comercializada no Brasil desde 2004.Embora muito se tenha estudo

sobre a LVH( Leishmaniose Visceral Humana) e LVC (Leishmaniose Visceral Canina)

lacunas ainda precisam ser preenchidas.

Palavras-chave: Leishmaniose Visceral Humana/Canina. Zoonose. Epidemiologia.

6

ABSTRAT

In Brazil, the importance of VL (Visceral Leishmaniose) has become a serious public

health problem, not only for its high incidence and wide distribution, but also the

possibility of taking severe and lethal forms. The increasing urbanization of the disease

occurred in the last 20 years brings into question the strategies employed. Were

analyzed in this study the biological, environmental and social problems that led through

the process of dissemination and urbanization of the disease. Available methods of

diagnosis and treatment are not efficient, although the search for new diagnostic tests

and therapeutic drugs are in studies. So far the measures to control the disease have

not been able to eliminate the transmission and prevent the occurrence of new

epidemics. A new vaccine for dogs, already is being field tested in industrialized and

marketed in Brazil since 2004. Although much has been studied on HVL (Human

Visceral Leishmaniose) and CVL (Canine Visceral Leishmaniose) gaps still need to be

met.

Word-key: Human Visceral Leishmaniose and Canine Visceral Leishmaniose

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SUMÁRIO

1. JUSTIFICATIVA........................................................................................................9

2. OBJETIVO................................................................................................................11

3. ASPECTOS .............................................................................................................12

3.1 Aspectos Biológicos................................................................................................12

3.2 Aspectos Epidemiológicos......................................................................................13

3.3 Aspectos Clínicos....................................................................................................15

3.3.1 Diagnóstico.........................................................................................................18

3.4 Aspectos Preventivos...............................................................................................20

4. CONTROLE E TRATAMENTO................................................................................23

4.1 Eutanásia.................................................................................................................24

4.2 Vacinas....................................................................................................................27

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................32

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..............................................................................34

ANEXOS........................................................................................................................41

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1. JUSTIFICATIVA

No Brasil, a importância da Leishmaniose Visceral (Calazar), reside não somente

na sua elevada incidência e ampla distribuição, mas também na possibilidade de

assumir formas graves e letais quando associadas ao quadro de má nutrição e

infecções concomitantes. A crescente urbanização da doença ocorrida nos últimos 20

anos, coloca em pauta a discussão das estratégias de controle empregadas.

(VIEIRA,2001)

A ocorrência da doença em uma determinada área depende basicamente da

presença do vetor e de um hospedeiro/reservatório susceptível. A possibilidade de que

o homem, principalmente crianças desnutridas, venha em alguns casos a ser fonte de

infecção pode conduzir a um aumento na complexidade da transmissão da LV.

(GENARO, 2000; BANETH, 2006).

A principal forma de transmissão do parasita para o ser humano e outros

hospedeiros mamíferos (raposas, marsupiais e chacal) é através da picada de fêmeas

de dípteros da família Psychodidae, sub família Phebotominae, conhecidos

geneticamente por Flebotomíneos. A Lutzomyia longipalpis é a principal espécie

transmissora da Leishmania chagasi no Brasil. (GENARO, 2000; BANETH, 2006).

No ambiente doméstico, o cão é considerado um importante hospedeiro e fonte

de infecção para os vetores, sendo um dos alvos nas estratégias de controle.

Entretanto, para se determinar o papel destes animais na manutenção da transmissão

da LV, são necessários estudos mais complexos. (SLAPPENDEL; FERRRER, 1998).

Com a expansão da área de abrangência da doença e o aumento significativo no

número de casos, a LV passou a ser considerada pela Organização Mundial de Saúde

uma das prioridades dentre as doenças tropicais. A doença atinge principalmente as

populações mais pobres. Embora existam métodos de diagnósticos e tratamentos

9

específicos, grande parte da população não tem acesso a estes procedimentos,

elevando os índices de mortalidade. Isso indica a necessidade de uma importante

vigilância zoonótica atuante e de medidas profiláticas adequadas para o controle dessa

enfermidade. (RIBEIRO et al., 1998).

10

2. OBJETIVO

O presente estudo tem por objetivo pesquisar e reforçar a importância da tarefa

educativa e da mobilização das comunidades a fim de conscientizá-las, sensibilizá-las e

promover sua participação ativa no controle do Calazar.

Buscar articulação com programa de governo de outras endemias, zoonoses de

vigilância alimentar e de nutrição.

Examinar os cães e sacrificar aqueles infectados em áreas com transmissão

conscientizando os proprietários dos riscos de se ter um animal soro positivo para

Leishmaniose Visceral.

Manter a população informada e orientada sobre a doença, reservando espaço

para sua participação ativa no desenvolvimento das ações de controle.

Estimular o diagnóstico precoce de casos humanos junto à rede básica de

saúde.

O controle do Calazar é de responsabilidade do SUS (Sistema Único de Saúde)

que deve possibilitar a identificação de todos as áreas afetadas controlar fontes de

infecção, controlar a população do vetor, apoiar instituições de pesquisa, visando o

aperfeiçoamento das diretrizes do programa de controle garantir o suprimento de

medicamentos e insumos, incentivar a rede básica a detecção, notificação, diagnóstico

precoce, tratamento e acompanhamento de casos humanos, objetivando a pesquisa de

novos antígenos.

11

3. ASPECTOS 3.1 Aspectos Biológicos

A LV é uma enfermidade de larga distribuição mundial sendo considerada uma

enfermidade emergente ou reemergente (BRASIL, 2004; Carmo et al. 2001, Santa

Rosa e Oliveira, 1997). Cabe aqui ressaltar que em muitos lugares até esse momento, o

controle da LVC tem sido basicamente o mesmo, mudando apenas na incorporação de

um ou outro aprimoramento. A aplicação do controle parcial, freqüentemente leva a um

resultado pouco satisfatório. (FEITOSA;IKEDA;LUVIZOTTO,2000)

Neste aspecto ao realizar uma pesquisa “Leishmania”, verifica-se que se

produziu muito sobre a doença de um ponto de vista biológico, mas não se dedicou a

conhecer como a doença se comporta.

No novo mundo, a Lutzomyia longipalpis tem sido incriminada como vetor da LV

em praticamente todos as áreas de ocorrência dessa parasitose. De hábitos peri e

intradomiciliares, também é encontrado em abundância, nos ecotopos naturais, tais

como: grutas, fendas de rochas, troncos e ocos de arvores (GAVATI et al; 2001).

Trata-se de um flebotomíneo, com 2 a 3 mm de comprimento, coberto de pêlos e

coloração clara variando de palha a castanho claro. São facilmente reconhecíveis pelo

seu comportamento de voar em pequenos saltos e pousar com as asas entreabertas e

ligeiramente levantadas, em vez de ser cruzarem sobre o dorso (Castro, 1996).

A L. longipalpis esta adaptada ao ambiente modificado, sendo comum encontrá-

la fora das residências em galinheiros, chiqueiros, canil, paiol e outros lugares

sombreados, onde as fêmeas encontram animais para seu repasto sanguíneo.

12

Após a cópula, ovipoem na terra, em lugares úmidos e com matéria orgânica

como restos de vegetais, folhas, frutos, resíduos de alimentos e fezes de animais.

O período preconizado de maior atividade do flebotomíneo inicia-se cerca de

uma hora após o crepúsculo, e esgota-se aproximadamente às 23 horas (Castro, 1996).

O Ciclo do parasita pode ser descrito a partir da picada do inseto vetor infectado,

que inocula a forma promastigota metacíclica no hospedeiro vertebrado (animal e

homem). As formas promastigotas são fagocitadas na epiderme por células dendríticas

(macrófagos da pele) e, no seu interior, evoluem para amastigotas. Essas formas

apresentam multiplicação intensa intracelular quando conseguem vencer as

resistências oferecidas pelo organismo. As células repletas rompem-se e liberam as

formas amastigotas no meio tissular. Então, o novo flebótomo faz seu repasto

sanguineo e ingere células (macrófagos) parasitadas por amastigotas. Essas formas

são liberadas no trato digestivo e tornam-se promastigotas, que se multiplicam

intensamente, colonizam o esôfago e a faringe do flebótomo e, na porção anterior do

sistema digestivo, tornam-se promastigotas metaciclicas, a forma infectante. Com um

novo repasto sanguíneo, a inoculação do agente vai ocorrer. O ciclo completo no vetor

ocorre em torno de vinte dias. (RIBEIRO,2004)

3.2 Aspectos Epidemiológicos

A transmissão das Leishmanias ocorre principalmente a partir da picada do

inseto vetor contaminado, provocando infecções em seres humanos e animais

principalmente nos países tropicais e subtropicais com climas quentes e úmidos.

(GENARO, 2000; BANETH, 2006).

Essa doença está presente nas Américas, Europa, Oriente Médio, Ásia e África

fazendo com que se torne epidemia estando entre as seis mais importantes do mundo.

(WHO, 1990).

13

No Brasil as principais regiões atingidas são: Norte, Nordeste, Centro Oeste e

Sudeste. Mas há uma grande expansão da doença pelo País. O primeiro caso de LVC

no Estado de São Paulo ocorreu na cidade de Araçatuba em 1998. (BIAZZONO, 1999).

Em 1999, no mesmo município, foi registrado o primeiro caso humano autóctone

no Estado. (CAMARGO- NEVES, 1999).

No ano de 2000, foram registrados mais de 3.700 casos da Leishmaniose

humana em 18 estados brasileiros. Calcula-se que para cada caso humano, exista pelo

menos uma média de 200 cães infectados. As infecções dos cães antecedem sempre a

aparição dos casos humanos, pois o cão é considerado o principal reservatório para a

doença humana. Entretanto, excepcionalmente não fazendo parte da epidemiologia da

doença, picadas de moscas (a Stomoxys calcitrans, uma mosca sugadora de sangue

bastante comum) e de carrapatos (Rhipicephalus sanguineos), ambos podem transmitir

a leishmaniose. (CARVALHO, 2006). Ainda podemos ter a transmissão da leishmaniose

de forma acidental através de material infectado (acidente de laboratório) pele

lesionada na qual se encontra o agente na forma promastigota (úlceras) ou através de

transfusão sanguínea. (RIBEIRO,2004).

Os mosquitos flebotomideos são os vetores mais comum na transmissão das

Leishmanioses, dentre eles a Lutzomyia longipalpis. “A epidemiologia, ainda que de forma simplificada, deve ser entendida

como ciência que estuda o processo saúde – doença na sociedade,

analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes das

enfermidades, os danos a saúde e os eventos associados à saúde

coletiva, propondo medidas especificas de prevenção, controle ou

erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de

suporte ao planejamento administrativo e avaliação das ações de

saúde” (Almeida Filho & Rouquayrol,1992).

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O desconhecimento da abrangência da epidemiologia como ferramenta de

avaliação e controle, o seu uso de maneira reducionista ou mesmo a negação da sua

utilização têm muitas vezes conduzido a conclusões equivocadas e ao uso de

premissas falsas para se tomar decisões e implementar ações. Segundo Minayo (1994),

o resultado mais aberrante do conhecimento produzido a partir dos dados mensuráveis

desgarrados do contexto têm sido um tecnicismo carregado de especialização, que

reflete a pobreza da reflexão social contemporânea. A autora diz ainda que “... a

restrição se dá na pretensão de uma certa pratica dominante de substituir as questões

teóricas, ditas ideológicas, pela mensuração levada ao mais auto grau de sofisticação,

como se nela estivesse contida a verdade.”

3.3 Aspectos clínicos

As manifestações clínicas da doença no cão e no homem são similares, e

apresentam sinais inespecíficos, como febre regular de 40,5º C à 41ºC por longos

períodos, anemia que ocorre devido a perda de sangue da lise de hemácias, ou, mais

freqüentemente, da diminuição da eritropoiese em decorrência de uma hipoplasia ou

aplasia medular. A emaciação é geralmente um sinal de envolvimento virceral. Alguns

cães perdem peso, apesar de apresentarem normorexia, e pacientes severamente

afetados apresentam caquexia. (FEITOSA, 2006; FRASER, 1991).

Nos órgãos linfóides, a proliferação de linfócitos B, plasmócitos, histiócitos e

macrófagos pode resultar em linfoadenomegalia generalizada e hepatoesplenomegalia.

As alterações dermatológicas são bastante freqüentes em animais com leishmaniose

visceral e podem ocorrer na ausência de outros sintomas. (NEVES, 2000).

No entanto animais com alterações dermatológicas, provavelmente, também

possuem envolvimento sistêmico, porque os parasitos estão geralmente disseminados

por todo o corpo antes do aparecimento das lesões de pele. As alterações cutâneas

incluem uma excessiva descamação da epiderme que pode ser localizada nas regiões

periocular e na borda dos pavilhões auriculares ou difusa por todo o corpo. Os animais

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podem apresentar pelame seco, queda de pêlos e áreas de alopecia. Alguns cães

apresentam despigmentação cutânea e áreas de hiperqueratose e lignificação,

principalmente em locais correspondentes a saliências ósseas. Podem existir úlceras e

nódulos intradérmicos, provavelmente decorrentes da multiplicação das formas

amastigotas na epiderme, produzindo um processo inflamatório local, ou de uma

vasculite necrotizante causada pela deposição de imunocomplexos. As úlceras

cutâneas podem aparecer em qualquer sítio, mas sua ocorrem mais nas zonas ósseas

salientes, na face, no plano nasal, nos pavilhões auriculares e na região interdigital.

Observa-se também onicogrifose (crescimento exagerado das unhas) , associada à

presença do parasito estimulando a matriz ungueal. (TILLEY et al., 2003).

Em muitos animais com leishmaniose, observa-se uma miotrofia, inicialmente

nos músculos das fossas temporais, seguidas, sucessivamente, pelo resto da

musculatura do corpo. (TABOADA et al., 1997).

A deposição de imunocomplexos nos rins (ao longo da membrana basal

glomerular e tubular), eventualmente, resulta em glomerulonefrite proliferativa e em

nefrite intersticial, podendo levar a uma insuficiência renal que é, muitas vezes a

principal causa de morte em cães com leishmaniose.

As leishmanias também se multiplicam em macrófagos do fígado, produzindo

uma hepatite ativa crônica e, ocasionalmente, hepatomegalia, vômitos, poliúria,

polidipsia, anorexia e perda de peso. Alguns animais apresentam diarréia crônicas e

melena devido à presença de ulcerações de mucosa gástrica e intestinal. A enterite

pode ser resultado de um dano parasitário direto ou conseqüência de uma insuficiência

renal. (LUVIZOTTO, 2006; TILLEY, 2003).

É possível observar animais com um quadro de pneumonia intersticial,

miocardite aguda não supurativa e pericardite. Cães com leishmaniose podem

apresentar diáteses hemorrágicas, como hematúria, petéquias e sufusões e,

principalmente, epistaxe. Além da ocorrência de ulcerações nas cavidade nasal

16

(provavelmente a principal causa da epistaxe), outras causas para a ocorrência de

hemorragias incluem vasculite, hiperglobulinemia, que pode interferir com a

polimerização da fibrina, uremia, que interfere com a função plaquetária, seqüestro

esplênico de plaquetas e, eventualmente, trombocitopenia por aplasia ou hipoplasia

medular. (GONÇALVES, 2003).

Quadros de leishmaniose visceral podem vir acompanhados de lesões oculares,

principalmente blefarite associada à dermatite facial, embora não seja raro encontrar

uma ceratoconjuntivite bilateral. Em alguns cães, pode-se observar também uma uveíte

bilateral com intensa leucocitose marginal, associada a um edema de córnea ou à

formação de sinéquia, devido à presença de Leishmania ou como conseqüência de

uma deposição de imunocomplexos na íris e no corpo ciliar. (FEITOSA, 2006;

LUVIZOTTO,2006; WEST et al., 1988; STADES et al., 1999).

No sistema nervoso, observam-se depósitos de antígenos e de imunoglobulinas

no plexo coróide, levando a uma coroidite, além de alterações histológicas no encéfalo

e no cerebelo, tais como deposição de substância amilóides e degeneração neural.

Dentre as alterações neurológicas observadas em cães com leishmaniose visceral,

destacam-se tetraparesia, convulsões, mioclonias, andar em círculos, nistagmo, tremor

de intenção, alterações em nervos cranianos, tais como estrabismo, paralisia de

mandíbula e ptose labial. Tais alterações são decorrentes da deposição de

imunecomplexos ou de infecções oportunistas no sistema nervoso central. (LIMA, 2003;

FEITOSA, 2006).

A incidência de problemas locomotores, em casos de leishmaniose visceral,

pode ser decorrente de neuralgia, poliartrite, sinovite, polimiosite, osteomielite, fissuras

nos coxins ou úlceras interdigitais. Em alguns casos, é possível a identificação da

Leishmania no líquido sinovial, mesmo sem a presença de alterações radiográficas. A

poliartrite pode ser causada por depósito de imunocomplexos circulantes no líquido

sinovial. Na avaliação citológica do líquido sinovial pode-se observar inflamação, mas

não necessariamente parasitos. A imunossupressão causada pela leishmaniose pode

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promover a ocorrência de infecções oportunistas concomitantes, tais como cistites,

pneumonias bacterianas, piodermites, malassezíoses, dermatofitoses e demodiciose.

Consequentemente, o quadro clínico pode ser complicado. Infecções combinadas com

Ehrlichia, Babesia e Dirofilaria são muito comuns se a infecção por Leishmania ocorrer

em regiões onde esses organismos também são endêmicos. (TABOADA et al., 1997).

Em muitos pacientes, particularmente nos de meia idade a idosos, a doença esta

associada a uma causa que deprimiu o sistema imune, tal como parasitismo, infecções,

doenças crônicas e alguns tipos de medicamentos. A literatura cientifica relata vários

casos de leishmaniose associados a diferentes doenças, tais como hemangiosarcoma,

leucemia linfóide, mieloma, linfoma e pênfigo foliáceo. ( GONÇALVES, 2003).

3.3.1 Diagnóstico O diagnóstico da LVH – Leishmania visceral humana e LVC muitas vezes é um

problema por ser uma enfermidade que tem sintomas comuns com outras doenças tais

como doença de chagas, malária, esquistossomose, febre tifóide e tuberculose.

Pacientes com LV apresentam febre prolongada, esplenomegalia, hepatomegalia,

leucopenia, anemia, hipergamaglobulinemia, tosse, dor abdominal, diarréia, perda de

peso e caquexia. Não existe um teste diagnostico totalmente preciso e específico já que

todos os métodos diagnósticos possuem suas limitações. Sabe-se, entretanto que

dependendo do estado clinico do animal existe maior possibilidade de se encontrar o

parasita, enquanto que em animais infectados, porem assintomáticos, o achado do

parasita é pouco freqüente. (GONTIJO; MELO, 2004).

A demonstração do parasito pode ser feita em material de biópsia ou punção

aspirativa do baço, fígado, medula óssea ou linfonodos. O material obtido é utilizado

para a confecção de esfregaço ou impressão em lâminas, histologia, isolamento em

meios de cultura ou inoculação em animais de laboratório. A especificidade destes

métodos é de 100%, mas a sensibilidade é muito variável, pois a distribuição dos

parasitas não é homogênea no mesmo tecido. A sensibilidade mais alta (98%) é

18

alcançada quando se utiliza aspirado do baço. As punções esplênicas e de medula

óssea são consideradas procedimentos invasivos e exigem ambientes apropriados para

a coleta, não sendo procedimentos adequados para estudos epidemiológicos em larga

escala, e muitas vezes são também inadequados para diagnóstico individuais.

(FERRER et al, 1988).

No Brasil, os testes mais utilizados e recomendados pelo Ministério da Saúde no

diagnostico de LV humana e canina são a RIFI- Reação de imunofluorescência indireta,

e ELISA - Enzyme Linked Immunossorbent Assay, sendo consideradas, sobretudo este

ultimo, testes de escolha para inquéritos populacionais.(AVILES et al. 1999).

A RIFI apresenta alta especificidade, exige na sua execução pessoal treinado, é

uma reação dispendiosa e não está adaptada para estudos epidemiológicos em larga

escala. Uma das principais limitações da técnica é a ocorrência de reações cruzadas

com leishmaniose tegumentar, doença de chagas, malaria, esquistossomose e

tuberculose pulmonar. Isto dificulta a interpretação dos dados epidemiológicos, pois no

Brasil ocorre superposição da LV, sobretudo com leishmaniose tegumentar e doença de

chagas. (AVILES et al, 1999).

O teste de ELISA é o mais utilizado para imuno diagnostico de leishmaniose

visceral. É uma técnica rápida, de fácil execução e leitura, sendo um pouco mais

sensível e um pouco menos especifico que a RIFI. O teste é sensível, permitindo a

detecção de baixos títulos de anticorpos, mas é pouco preciso na detecção de casos

assintomáticos. Funciona igualmente bem para o diagnóstico da LVC.

Nos estudos com LV, a PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) tem sido

utilizada com várias finalidades além do diagnóstico, tais como o monitoramento do

tratamento e estudos epidemiológicos. Está técnica tem sido descrita como um método

sensível para a detecção do parasita, independente da imunocompetência ou da

história clínica do paciente. Muitos centros de pesquisa têm avaliado o uso da PCR

para diagnóstico de LV utilizando o sangue periférico. (LACHAUD et al, 2002

19

Apesar de ser um método sensível para a detecção de Leishmania em uma

variedade de materiais clínicos de humanos e cães, tais como amostras de sangue e

linfonodos e por testes de imunoistoquimico de pele. A PCR é mais usada em estudos

epidemiológicos do que no diagnóstico de rotina. Para utilização em larga escala, a

PCR necessita de ajustes para se tornar mais simples e com custo operacional mais

baixo. (LACHAUD et al, 2002).

3.4 Aspectos Preventivos

O PCLV (Programa de Controle da Leishmaniose Visceral) do Ministério da

Saúde, inicialmente foi proposto para ser aplicado nas áreas de risco visando reduzir as

taxas de letalidade e o grau de morbidade através do diagnóstico e tratamento precoce

dos casos humanos, bem como diminuição dos riscos de transmissão mediante

controle da população de reservatórios e vetores. (SANTA ROSA & OLIVEIRA,1997).

Entretanto, durante a década de 60, as ações foram interrompidas e apenas em 1982 o

programa foi retomado quando a extinta SUCAM (Superintendência de Controle de

Endemias) detectou um aumento do número de casos de LV no Brasil (ALVES et al.,

2004). Atualmente, o PCLV incorpora áreas sem ocorrências de casos humanos ou

caninos da doença nas ações de vigilância e controle, objetivando evitar ou minimizar a

expansão da doença (SANTA ROSA & OLIVEIRA 1997; GONTIJO et al.,2004).

O desenvolvimento de estratégias, tanto no campo da terapêutica como no

controle do vetor, eliminação do hospedeiro doméstico, não tem se mostrado eficaz em

conter a epidemia. Desta forma a busca de novas ferramentas que contribuam de forma

determinada e efetiva no combate é imprescindível (LINDOSO et al., 2006).

Estudos de modelagem matemática demonstram que o combate ao vetor deveria

ser a primeira estratégia de controle da LVH, seguido pela busca da redução da

susceptibilidade, através da melhoria da condição nutricional de crianças e busca de

vacinas para cães e humanos. Os esforços para o combate ao vetor são direcionados,

principalmente para as formas adultas dos flebotomíneos, pois os criadouros da maioria

20

das espécies são ainda desconhecidos. O combate ao vetor é realizado por borrifacões

do domicílio e peridomicílio com produtos a base de organoclorados, organofosforados,

DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano) e piretroides sintéticos sendo considerado eficiente

para reduzir a população peridoméstica dos flebotomos e conseqüentemente a

transmissão parasitaria. Entretanto o efeito é temporário e exige um programa contínuo.

O saneamento ambiental, com a limpeza de quintais e lotes, alem de medidas da

educação sanitária da população são medidas em conjunto que devem ser tomadas e

estão inclusas no PCLV (GENARO et al.,2002; MINISTERIO DA SAUDE, 2005;

MULLER et al., 1985).

A utilização de produtos à base de permetrina, aplicados diretamente nos cães

tem demonstrado, durante períodos de 15 a 30 dias, alta capacidade letal e repelente

para os flebotomíneos. Coleiras impregnadas com deltametrina tem sido indicadas para

uso canino com resultados favoráveis na redução do risco de infecções de cães e

conseqüentemente quebra do ciclo da transmissão (GONTIJO et al., 2004; NEVES et

al., 2004; CAMARGO – NEVES et al., 2006; OPS, 2006).

Uma medida direcionada à população canina que não pode ser esquecida é o

controle de cães errantes, modestamente realizada nos centros urbanos brasileiros,

que deveria ser assumida como prioridade, pois estes animais podem ser veiculadores

não somente de leishmaniose, mas também outros agentes zoonóticos (RIBEIRO et al.,

1998).

Outra medida importante é orientar o proprietário a colocar telas nos canis (telas

finas) que protejam os animais nas horas de atividade do mosquito que tem hábitos

crepusculares.

É preciso reconhecer que, apesar de todo envolvimento emocional e vontade de

preservar a vida do animal de estimação, ao veterinário cabe a responsabilidade de

esclarecer para proprietário os riscos e conseqüências da manutenção de um animal

positivo e que, por mais que seja doloroso ter que eutanasiar um ente tão próximo, o

21

bem individual não pode se sobrepor ao bem da comunidade. (SANTA ROSA &

OLIVEIRA,1997).

Tendo em vista que os métodos atualmente utilizados têm sido parcialmente

efetivos na prevenção controle da doença, novas estratégias de controle devem ser

desenvolvidas. As perspectivas para as vacinas contra LV humana e canina foram

recentemente revistas. Até o presente momento não há uma vacina humana eficaz, e

as duas vacinas já descritas na literatura para cães não mostram eficácia no campo

(GONTIJO et al., 2004).

Debates recentes patrocinados pelo Ministério da Saúde indicam o

reposicionamento das autoridades sanitárias, visando priorizar o controle ao vetor na

luta contra a LVH. A eutanásia de cães soropositivos é uma medida de controle.

Recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde). (RIBEIRO et al., 1998).

22

4. CONTROLE E TRATAMENTO

Por mais de sessenta anos, o tratamento da leishmaniose vem sendo realizado

com antimoniais pentavalentes: antimoniato de N-metil glucamina-Glucantime e

estibogluconato de sódio Pentostan, que são os medicamentos de primeira escolha

para o tratamento. Estes fármacos são tóxicos, nem sempre efetivas, e na LV são

usados em esquemas prolongados. O principal efeito colateral do glucantime é a

nefrotoxíciddade. Como tratamento alternativo no Brasil, são utilizados a anfotericina B

e suas formulações lipossomais (anfotericina B – lipossomal e anfotericina B –

dispersão coloidal), as pentamidinas (sulafto e mesilato) e os imunomoduladores

(interferon gama e GM-CSF). Com exceção dos dois primeiros fármacos, as demais se

encontram ainda em fase de investigação. A utilização destes fármacos só deve ser

realizada em hospitais de referência. Dados recentes indicam que a resistência aos

antimoniais tem se tornado um problema na Índia e no Sudão. No entanto, a

quimioterapia da leishmaniose está mais promissora atualmente do que há alguns

anos, com novos fármacos e novas formulações para ao fármacos que já vinham sendo

utilizados. O desenvolvimento de anfotericina B encapsulada em lipossomas

(AmBisome) tem mostrado bons resultados, com cura de 90-95% na Índia. O

miltefosine, uma droga desenvolvida como um agente antitumoral, mostrou 95% de

cura efetiva em estudo no calazar indiano. Esta droga apresenta a vantagem de ser de

uso oral e bem tolerada, embora seja potencialmente teratogênica, o que limita a sua

utilização por grávidas. Os novos fármacos, principalmente AmBisome e miltefosine,

têm mudado o perfil do tratamento da LVH, mas o custo das novas terapias leva a

diferentes práticas de tratamento, de acordo com a condição socioeconômica e cultural

de cada região. (GONTIJO; MELO, 2004).

A Leishmaniose Visceral Canina representa um desafio para o clínico veterinário

em pelo menos dois aspectos: na complexidade do diagnóstico e no prognóstico do

paciente. (RIBEIRO, 2004).

23

De acordo com a portaria interministerial nº1.426, de 11 de julho de 2008, ficou

proibido o tratamento de cães com LV, por não existir até o momento uma garantia de

que os fármacos existente seja eficazes ou que haja redução na transmissão da

doença, ou ainda que o animal não se mantenha como reservatório, ficando assim

proibido em todo território nacional o tratamento da LV em cães infectados ou doentes

com produtos de uso humano ou produtos não registrado no MAPA (Ministério da

Agricultura Pecuário e Abastecimento).(ANEXO 1 – Portaria Interministerial).

4.1 Eutanásia

Na legislação brasileira, a leishmaniose é uma doença de notificação obrigatória

e é regida pelo decreto do Senado Federal nº 51.838, de 14 de março de 1963, que a

considera endemia rural. Entre as normas técnicas do referido decreto para o combate

a leishmaniose, destacam-se o Artigo 1º “O combate às leishmanioses tem por objetivo

a interrupção da transmissão da doença do animal ao homem, e/ou inter-humana”; o

artigo 3º “O Departamento Nacional das Endemias Rurais executará as seguintes

medidas profiláticas: a) investigação epidemiológica; b) inquéritos extensivos para

descoberta de cães infectados; c) eliminação dos animais domésticos doentes; d)

campanhas sistemáticas contra os flebótomos nas áreas endêmicas; e) tratamento dos

casos humanos”; o Artigo 5º “A educação sanitária será realizada com o objetivo de

esclarecer a população sobre a importância do cão na epidemiologia da doença,

ressaltando a necessidade da eliminação do cão doente”; o Artigo 8º “Nas áreas

endêmicas será obrigatório o exame dos cães, visando manter o controle da zoonose”;

e o Artigo 9º “Os cães encontrados doentes deverão ser sacrificados, evitando-se,

porém, a crueldade”. Com o passar dos anos, a doença foi inserida no contexto das

legislações estaduais e municipais sobre zoonoses, definindo-se que os animais

soropositivos, além dos doentes, devem ser sacrificados. Dessa forma, os médicos

veterinários são desestimulados a tratar os cães infectados.

Entretanto, ante o fenômeno da urbanização da doença e a inegável

“humanização” dos animais de estimação, a questão surge como um grave problema

24

em vista da decisão entre eliminarem-se ou tratarem-se os cães. A OMS recomenda o

sacrifício como medida ideal de controle, porém reconhece as limitações dessa prática

quando cães de alto valor afetivo e econômico são infectados. No Brasil, o

constrangimento provocado por essa medida é relatado por profissionais ligados ao

setor público e responsáveis pelo controle da LV quando da busca do cão positivo para

eliminação. Esse momento, entendido como portador de forte componente emocional,

significa, dada a importância do cão no ambiente familiar, a determinação da “sentença

de morte” para um “membro da família”. São crescentes as ocorrências de recusa em

entregar o animal, o que, conseqüentemente, mantém a cadeia de transmissão.

(Decreto Lei 51.838,14 março 1963).

A ausência de alternativas leva muitos proprietários a remover seus animais para

outros ambientes, ás vezes não atingidos pela doença, gerando, dessa forma, um foco

de dispersão do agente; ou acarretando ações judiciais envolvendo cidadão e poder

público. É o caso de uma jurisprudência, verificando em Belo Horizonte, favorável à

preservação de um cão infectado e tratado. O claro desejo da comunidade em optar

pelo tratamento de seus cães é expresso por 80% dos proprietários que se confrontam

com a realidade de ter seu animal de estimação doente. Soma-se a esse fato a

inexistência de programas de controle permanentes e eficazes do cão vadio, que

perambula pelos centros urbanos e representa fonte potencial de disseminação de

leishmânia e de outras zoonoses. (RIBEIRO,2004).

Estudos de modelagem matemática indicam, desde 1996, que a eutanásia de

cães soropositivos deveria ser, em escala de importância, a terceira medida adotada.

Pesquisas realizadas no Brasil concluem que a retirada de cães soropositivos tem

surtido efeito temporário na diminuição da força de transmissão entre os animais; e, de

acordo com estudos controlados, a propagação do calazar não foi significativamente

afetada pela exclusiva eliminação de cães soropositivos. (RIBEIRO,2004).

25

Os resultados inconsistentes obtidos no controle da leishmaniose visceral,

associada ao caráter descontínuo das políticas de saúde, tem suscitado debates nos

órgãos responsáveis pelo controle da doença. (RIBEIRO,2004).

A decisão pelo tratamento da LVC se deve ao conhecimento de que a doença

não é uniformemente fatal e de que alguns cães podem apresentar cura espontânea.

Os experimentos de tratamento variados levaram à elaboração de protocolos que

oferecem boas possibilidades de cura clínica, baixo índice de recidivas e diminuição ou

supressão da capacidade infectante da pele. Entretanto, o tratamento é também

complexo, prolongado e, em alguns casos, ineficientes. (RIBEIRO,2004).

A Leishmaniose é um problema crescente de saúde pública na maior parte dos

países.

“Ninguém se lembra que está doença humana existe na

Europa”, alerta Lenea Campino, Diretora da Universidade de

Leishmaniose, do IHMT-UNL (Intituto de Higiene e Medicina

Tropical - Universidade Nova Lisboa) e co-autora do trabalho

agora publicado. Na verdade, o número de novos casos de

leishmaniose nos países Mediterrâneos tem vindo a aumentar. A

causa deve-se principalmente a co-infecções Leishmania – VIH,

sendo que cerca de 90% dos doentes desenvolvem a doença.

Nesta população verificou-se o aparecimento de um novo ciclo de

transmissão: a contaminação entre consumidores de drogas, em

que a partilha de seringas substitui o vetor usual – o inseto

flebotomíneo. Há ainda a acrescentar o aumento de transmissão

da Leishmania infantum, a espécie responsável pela doença no

nosso país, devido às alterações climáticas “.

“ Se aparecer algum fator de desequilíbrio “ diz Campino.

“poderemos enfrentar uma grande epidemia”

26

Existe uma grande polemica em torno da origem da LV no Novo Mundo, se ela

foi introduzida resentemente, na época da colonização européia e causada pela

espécie L. infantum ou a vários milhões de anos, juntamente com a introdução dos

canídeos devido a espécie ser classificada como L. chagasi. De acordo com

algunsautores, a L. chagasi foi resentemente considerada idêntica á L. infantum.

(SANTA ROSA;OLIVEIRA,1997; MILES et.al., 1999).

4.2 Vacinas

A primeira vacina produzida no mundo contra a Leishmaniose recebeu

autorização do Ministério da Agricultura para ser comercializada no país. A vacina foi

desenvolvida por pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O produto de uso veterinário é utilizado nos cães, principais hospedeiros do protozoário

que transmite a doença. A vacina está sendo comercializada, de maneira controlada, a

médicos veterinários de áreas endêmicas do país. (MIRACELLY, 2004).

Desenvolvida no Brasil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em parceria

com outro laboratório a Leishmune oferece entre 92% e 95% de proteção aos cães

vacinados, segundo os estudos a campo realizados. Desde junho de 2003 a Fort Dodge

detém autorização do Ministério da Agricultura para produzir e comercializar a vacina.

(MENZ, 2006).

A Leishmune é resultado de 24 anos de pesquisa desenvolvida pela

pesquisadora Doutora Clarisa Palatnik de Sousa e sua equipe do Instituto de

Microbiologia da URFJ. A parti de 1999 o laboratório passou a cooperar com a

universidade na realização de estudos sobre a vacina e no desenvolvimento das

técnicas para sua produção em escala industrial. (MENZ, 2006).

Trata-se de uma vacina de subunidade, ou seja, é obtida de uma glicoproteína

existente na membrana do protozoário (leishmânia) capaz de estimular a produção de

anticorpos. Por isso, a Leishmune é uma vacina altamente purificada, que exige meios

27

de cultura específicos e cuja produção é bastante complexa. (BORJA – CABRERA et

al., 2002)

A vacina é de uso exclusivo dos médicos veterinários e deve ser aplicada em

cães soronegativos (testes sorológicos negativo para a doença) e assintomáticos a

partir dos quatro meses de idade. Devem ser administradas três doses com intervalos

de 21 dias entre elas. É recomendada a vacinação anual dos animais. (NOGUEIRA et

al., 2005).

O lançamento da vacina explicita, obrigatoriamente, as políticas públicas de

combate à LVH, ditadas pelo Ministério da Saúde, que prevêem, entre outras medidas,

a eliminação de animais soropositivos para a doença, após a realização de testes.

Ocorre que, hoje não é possível diferenciar, por meio desses exames, os cães

vacinados daqueles naturalmente infectados. Pelo teste, ambos apresentarão

anticorpos contra a leishmânia. Assim um animal que tenha recebido a eishmune pode

ser envolvido m um “inquérito epidemiológico” e deveria passar por outros testes para

comprovar sua condição de não-transmissor. Do contrario, pode vir a ser sacrificado.

(RIBEIRO 2004).

O laboratório tem seu produto regulamentado desde junho de 2003 pelo

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, órgão que rege a produção e

comercialização de produtos veterinários no Brasil. A Leishmune segundo a empresa

demostrou sua eficácia na prevenção da LVC em todos os testes requeridos pelo

ministério para seu registro. Mas a empresa optou por estabelecer diálogo com a

Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, de maneira a informar os

técnicos sobre sua eficácia na prevenção da doença canina e possibilidade de ajudar

na diminuição dos casos humanos. (RIBEIRO 2004).

Em setembro daquele ano, por orientação da sua matriz americana, a empresa

deu início a novos estudos que comprovassem a aplicabilidade do uso do produto na

práica clínica. O protocolo-piloto, realizado com 600 cães de áreas endêmicas e

28

periendêmicas, no qual foi utilizado o lote 001/03 da Leishmune, foi concluído em

setembro de 2004 de acordo com a empresa a análise de eficácia, uma vez mais,

comprovou os resultados de proteção já obtidos nos estudos anteriores. (RIBEIRO

2004).

Para lançar a vacina, a empresa traçou uma cuidadosa estratégia de

apresentação do produto aos médicos veterinários e a conseqüente educação desses

profissionais e proprietários de animais quanto ao uso do produto e sua implicações.

Nesse sentido, uma série de simpósios técnicos que abordam os vários aspectos da

LVC e o uso da vacina como uma das ferramentas de controle da doença nos cães vem

sendo realizado pela empresa. (RIBEIRO 2004).

Os eventos são restritos a médicos veterinários, que estão sendo cadastrados

pela empresa de forma a habilitá-los a adquirir a vacina. A empresa vem cadastrando

também, por meio de visitas de representantes técnicos, os profissionais veterinários

que não participaram dos simpósios. (RIBEIRO 2004).

Em vista da possibilidade de inclusão de cães vacinados em inquérito

epidemiológicos, com eventual eutanásia, como é preconizado hoje, a empresa vem

orientando os médicos veterinários a alertar os proprietários de animais sobre esse

risco e certificar-se de que eles estejam informados de que, uma vez vacinados, seus

cães apresentarão testes sorológicos positivos para leishmaniose. Para isso, a empresa

criou um atestado de vacinação no qual médico e proprietário afirmam estar cientes de

que “o cão poderá apresentar sorologia positina, estando sujeito às normas do Manual

de Vigilância e Controle da LV impostas pelo Ministério da Saúde”. Assim, a empresa

acredita que dá aos veterinários e clientes todos os elementos necessários para que

escolham o que for melhor para os animais, seus donos e comunidades em que vivem.

A empresa entende que há uma relação de risco-beneficio que deve ser avaliada por

profissionais e proprietários: vacinar significa considerar a chance de o cão torna-se

soropositivo e expô-lo, portanto, a um eventual inquérito epidemiológico, o que é

relativamente raro; não vacinar pó outro lado, significa expor o cão à doença, situação

29

bastante possível em áreas endêmicas, e, da mesma forma, sujeitá-lo às ações que

vêm sendo preconizadas pelos órgãos de saúde nas ultimas quatro décadas. (RIBEIRO

2004).

A empresa, no entanto, com base em estudos realizados, entende que cães

vacinados não permanecem como agentes de infecção do vetor. (RIBEIRO 2004).

Os simpósios de lançamento da Leishmune já aconteceram nas cidades de

Araçatuba (SP), Bauru (SP), Belo Horizonte (MG) e Campo Grande (MG). Nessas

regiões, a vacinação com a Leishmune já teve início. (RIBEIRO 2004).

O preço da vacina Leishmune ainda é um empecilho para a imunização em

massa dos animais na região de Araçatuba. A Vacina está disponível em clínicas

veterinárias da região, mas o preço assusta os proprietários de cães que querem

proteger seus animais contra a leishmaniose: o interessado precisa desembolsar em

média R$ 205 pela imunização.

Cada dose da Leishmune custa R$ 70 (esse preço é tabelado). A imunizaçao

completa é feita com três doses aplicadas em um intervalo de 21 dias. Antes de ser

vacinado, o cão precisa passar por uma consulta veterinária, que custa de R$ 25 a 30.

O animal também precisa fazer um exame laboratorial para verificar se não está

infectado pela doença. Esse procedimento custa R$ 15.

Naturalmente, os cães vacinados apresentam dor transitória no local da injeção

além de letargia e anorexia. Esses sintomas regridem no prazo de 48 a 72 horas. Em

geral, os animais de pequeno poste são mais susceptíveis ao efeito colateral.

(MIRACELLY, 2004).

Existe uma raça chamada Ibizam Hound que é muito saudável e forte. Hoje em

dia não são encontrados sinais de problemas genéticos como o de algumas raças

modernas. Também são imunes em adquirir doenças freqüentes. Pesquisadores da

30

Universidade de Barcelona acreditam que o Ibizam Hound seja a única raça do mundo

a ser imune a leishmaniose.

31

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No Brasil, a importância da LV reside não somente na sua alta incidência e

ampla distribuição, mas também na possibilidade de assumir formas graves e letais

quando associadas ao quadro de má nutrição e infecções concomitantes.

Por isso a classe veterinária têm mostrado muita preocupação com a LV, e

inúmeros encontros e pesquisas tem sido realizados em todo o mundo, com a

finalidade de analisar os principais aspectos biológicos, ambientais e sociais que

influenciaram no processo de expansão e urbanização da doença dos focos da doença.

Os métodos disponíveis para o diagnóstico e tratamento não apresentaram a eficácia e

aplicabilidade desejada, embora muitos avanços tenham sido alcançados com as

pesquisas de novos testes diagnósticos e fármacos erapêuticos. Ressaltamos que

muito ainda se deve buscar para aprimoramento do controle e tratamento da LVC e que

todas as medidas discutidas devem ser mantidas em associação, o que contribuirá para

redução dos riscos de que o cão, assim tratado, não atue como reservatório da

infecção.

Outra medida a ser combatida é o trânsito de animais infectados proveniente de

outras regiões e o abandono de cães nas ruas, que são fatores que contribuem para a

instalação e expansão da doença na cidade, pois esses animais podem ser

vinculadores não somente de leishmaniose mais também outros agentes zoonóticos.

O sacrifício de cães soro positivos tem sido de eficácia limitada, em

conseqüência da resistência dos proprietários em entregar os cães para serem

sacrificados.

Pesquisadores trabalham com a hipótese de que algumas espécies de moscas e

de carrapatos também sejam vetores de LV.

32

Essas medidas de controle hoje adotadas mostram-se ineficientes pois

estabelecem como prioridade a retirada de cães soropositivos do convívio humano.

Com o que foi exposto, fica bem claro que a principal ação de controle deveria ser a

redução do vetor em nosso meio, através de borrifação constante no peridomicilio e

domicílio, além de adotar medidas de controle com uso de repelentes e vacinas nos

cães.

O controle da LVC depende de inúmeros fatores, tendo como prioridade as

ações governamentais continuas, através de investimentos necessários para a

aquisição de ferramentas eficazes no controle ao vetor, educação continuada de

profissionais da saúde, desenvolvimento de pesquisas para descoberta de novas

drogas e vacinas, limpeza das áreas verdes e terrenos baldios, projetos de educação à

população e condição de vida digna, com saneamento básico, moradia alimentação e

assistência a saúde eficientes.

33

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40

ANEXOS

Anexo 1 - Portaria Interministerial

Ministério da Saúde

Gabinete do Ministro

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 1.426, DE 11 DE JULHO DE 2008

Proíbe o tratamento de leishmaniose visceral canina com produtos de uso humano ou

não registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE E O MINISTRO DE ESTADO DA

AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, no uso das atribuições que lhes

confere o inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição, e Considerando o

Decreto-Lei Nº 51.838, de 14 de março de 1963, que dispõe sobre as normas técnicas

especiais para o combate as leishmanioses no País;

Considerando o Decreto-Lei Nº 467, de 13 de fevereiro de 1969, que dispõe sobre a

fiscalização de produtos de uso veterinário, dos estabelecimentos que os fabricam e dá

outras providências;

Considerando o Decreto Nº 5.053, de 22 de abril de 2004, que aprova o regulamento de

fiscalização de produtos de uso veterinário e dos estabelecimentos que os fabriquem ou

comerciem, e dá outras providências;

Considerando a Lei Nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, que dispõe sobre infrações à

legislação sanitária federal, estabelecendo as sanções;

Considerando a Lei Nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, que dispõe sobre as ações de

vigilância epidemiológica;

Considerando a Resolução No- 722, de 16 de agosto de 2002, que aprova o Código de

Ética do Médico Veterinário e que revogou a Resolução Nº 322, de 15 de janeiro de

1981;

41

Considerando o Informe Final da Consulta de expertos, Organização Pan-Americana da

Saúde (OPS) Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre Leishmaniose Visceral em

Las Américas, de 23 a 25 de novembro de 2005;

Considerando o Relatório Final do Fórum de Leishmaniose Visceral Canina, de 9 a 10

de agosto de 2007;

Considerando as normas do "Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose

Visceral" do Ministério da Saúde;

Considerando que não há, até o momento, nenhum fármaco ou esquema terapêutico

que garanta a eficácia do tratamento canino, bem como a redução do risco de

transmissão;

Considerando a existência de risco de cães em tratamento manterem-se como

reservatórios e fonte de infecção para o vetor e que não há evidências científicas da

redução ou interrupção da transmissão;

Considerando a existência de risco de indução a seleção de cepas resistentes aos

medicamentos disponíveis para o tratamento das leishmanioses em seres humanos; e

Considerando que não existem medidas de eficácia comprovada que garantam a não-

infectividade do cão em tratamento, resolvem:

Art. 1º - Proibir, em todo o território nacional, o tratamento da leishmaniose visceral em

cães infectados ou doentes, com produtos de uso humano ou produtos não-registrados

no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Art. 2º - Definir, para efeitos desta Portaria, os seguintes termos:

I - risco à saúde humana: probabilidade de um indivíduo vir a desenvolver um evento

deletério de saúde (doença, morte ou seqüelas), em um determinado período de tempo;

II - caso canino confirmado de leishmaniose visceral por critério laboratorial: cão com

manifestações clínicas compatíveis com leishmaniose visceral e que apresente teste

sorológico reagente ou exame parasitológico positivo;

III - caso canino confirmado de leishmaniose visceral por critério clínico-epidemiológico:

todo cão proveniente de áreas endêmicas ou onde esteja ocorrendo surto e que

apresente quadro clínico compatível de leishmaniose visceral, sem a confirmação do

diagnóstico laboratorial;

42

IV - cão infectado: todo cão assintomático com sorologia reagente ou parasitológico

positivo em município com transmissão confirmada, ou procedente de área endêmica.

Em áreas sem transmissão de leishmaniose visceral é necessária a confirmação

parasitológica; e

V - reservatório canino: animal com exame laboratorial parasitológico positivo ou

sorologia reagente, independentemente de apresentar ou não quadro clínico aparente.

Art. 3º - Para a obtenção do registro, no MAPA, de produto de uso veterinário para

tratamento de leishmaniose visceral canina, o interessado deverá observar, além dos

previstos na legislação vigente, os seguintes requisitos:

I - realização de ensaios clínicos controlados, após a autorização do MAPA; e

II - aprovação do relatório de conclusão dos ensaios clínicos mediante nota técnica

conjunta elaborada pelo MAPA e o Ministério da Saúde (MS).

§ 1º O pedido de autorização para realização de ensaios clínicos controlados deve estar

acompanhado do seu Protocolo.

§ 2º Os ensaios clínicos controlados devem utilizar, preferencialmente, drogas não

destinadas ao tratamento de seres humanos.

§ 3º A autorização do MAPA vincula-se à nota técnica conjunta elaborada pelo MAPA e

o MS.

Art. 4º - A importação de matérias-primas para pesquisa, desenvolvimento ou

fabricação de medicamentos para tratamento de leishmaniose visceral canina deverá

ser solicitada previamente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,

devendo a mesma estar acompanhada do protocolo de estudo e respectivas notas do

artigo anterior.

Art. 5º - Ao infrator das disposições desta Portaria aplica-se:

I - quando for médico veterinário, as infrações e penalidades do Código de Ética

Profissional do Médico Veterinário;

II - o art. 268 do Código Penal; e

III - as infrações e penalidades previstas na Lei No- 6.437, de 20 de agosto de 1977, e

no Decreto-Lei No- 467, de 13 de fevereiro de 1969.

Art. 6º - O MS e o MAPA deverão adotar as medidas necessárias ao cumprimento

efetivo do disposto nesta Portaria.

43

Art. 7º - As omissões e dúvidas por parte dos agentes públicos cujas funções estejam

direta ou indiretamente relacionadas às ações de controle da leishmaniose visceral, na

aplicação do disposto nesta Portaria serão apreciadas e dirimidas pela Secretaria de

Vigilância em Saúde (SVS/MS) e pela Secretaria de Defesa Agropecuária ( SDA/

MAPA).

Art. 8º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

JOSÉ GOMES TEMPORÃO

Ministro de Estado da Saúde

REINHOLD STEPHANES

Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

44