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Proc. 303/2005 Pág. 1
Processo nº 303/2005 Data: 08.06.2006 (Autos de recurso jurisdicional em matéria administrativa)
Assunto: Mestre de Medicina Tradicional Chinesa.
SUMÁRIO
1. O artº 6º do D.L. nº 84/90/M de 31 de Dezembro – que regula as condições para o exercício da actividade prestadora de cuidados
de saúde por entidades privadas – exige que o interessado no
exercício da profissão de mestre de medicina tradicional chinesa
possua “formação idónea”, atribuindo a uma Comissão
especializada a competência para a sua apreciação e
reconhecimento.
2. Um “certificado de aproveitamento em exame de habilitação dos profissionais de medicina tradicional chinesa” emitido por uma
entidade do Interior da China, e que, pela própria entidade que o
emitiu, tem apenas a finalidade de classificar o “nível de
conhecimentos do examinado”, não comprova que seja o mesmo
detentor de “habilitações académicas” (pela referida Comissão
préviamente consideradas adequadas para o exercício da profissão
de mestre de medicina tradicional chinesa), pois que, uma coisa é
a realização, ainda que com aproveitamento, de um exame, e outra,
a frequência de um curso, com uma série de estudos organizados,
com disciplinas, e por um certo período de tempo.
O relator,
José Maria Dias Azedo
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Processo nº 303/2005 ( A u t o s d e r e c u r s o
jurisdicional em matéria
a d m i n i s t r a t i v a )
ACORDAM NO TRIBUNAL DE SEGUNDA INSTÂNCIA DA R.A.E.M.: Relatório
1. (A), com os restantes sinais dos autos, apresentou nos Serviços de
Saúde de Macau pedido de licenciamento para o exercício da actividade
privada de mestre de medicina tradicional chinesa.
Após parecer da Comissão de Apreciação dos Processos de
Reconhecimento da Habilitação de Mestre de Medicina Tradicional
Chinesa, por despacho do Exmº Subdirector daqueles serviços, foi o
pedido indeferido.
*
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Inconformado, do assim decidido recorreu contenciosamente para o
Tribunal Administrativo, pedindo a anulação do referido despacho.
*
Por sentença proferida em 13.07.2005, foi o recurso julgado
improcedente, e, novamente inconformado, traz agora recorrente o
presente recurso jurisdicional, onde, em alegações, conclui que:
“36. Sendo medicina chinesa a medicina tradicional da China, tem
uma longa história, empregando-se metodologia específica
para tratamento de doenças e sendo paralela à medicina
ocidental. Em geral, entende-se que a medicina ocidental tem
actuação proeminente em termos de tratamento de doenças
agudas, especialmente com a intervenção cirúrgica, enquanto
a medicina tradicional chinesa ocupa um lugar muito
importante no tratamento de doenças crónicas, visando
robustecer a constituição física e fortalecer a saúde, factos
esses que não podemos apagar.
37. Por causa dos factores históricos, a lei que regulamenta as
profissões atinentes ao âmbito de medicina tradicional chinesa
foi estipulada apenas em 1990, ou seja, o Decreto-Lei n.º
84/90/M que posteriormente foi alterado pelo Decreto-Lei n.º
20/98/M; porém, os dois diplomas não determinam os critérios
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concretos do reconhecimento da habilitação de mestre de
medicina tradicional chinesa, deixando espaços para a
comissão se autodeterminar.
38. Em Abril de 2004, o Secretário para os Assuntos Sociais e
Cultura, responsável da tutela da saúde, educação cultura e
turismo da RAEM, Chui Sai On, durante visita oficial a Beijing,
nomeadamente ao Ministério da Saúde e à Administração
Nacional de Medicina e Farmacologia Tradicionais Chinesas,
trocou opiniões com a parte chinesa sobre assuntos de
habilitações académicas de mestre de medicina tradicional.
Obtidos apoio e colaboração prestados pela aludida
Administração, cabe à mesma Administração reconhecer as
habilitações académicas obtidas por indivíduos desta área.
Depois de ter ouvido e sintetizado opiniões da Administração
Nacional de Medicina e Farmacologia Tradicionais Chinesas,
a autoridade administrativa de Macau chegou a um consenso
alguns dias atrás na resolução das questões em causa,
cabendo à Comissão de Apreciação dos Processos de
Reconhecimento da Habilitação de Mestre de Medicina
Tradicional Chinesa, composta pelos diferentes representantes
dos sectores desta área, estudar e determinar os
correspondentes critérios de acordo com o regime da emissão
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de licenciamento em vigor. (vd. Jornal de Macau de
04.09.2000).
39. Para efeitos da obtenção da qualidade profissional de mestre
de medicina tradicional chinesa, a comissão elaborou três
critérios, qualquer cidadão de Macau pode pedir o
reconhecimento da qualidade profissional de mestre de
medicina tradicional chinesa em Macau e dedicar-se, em
consequência, à actividade de mestre de medicina tradicional
chinesa desde que satisfaça um dos critérios
40. Os três critérios são: 1) O diploma de medicina tradicional
chinesa emitido por um dos estabelecimentos da República
Popular da China que se encontrarem oficialmente
reconhecidos pelo respectivo governo (curso diurno com
duração equivalente ou superior aos três anos); 2) O diploma
de medicina tradicional chinesa emitido por um dos
estabelecimentos da República Popular da China que se
encontrarem oficialmente reconhecidos pelo respectivo
governo (curso leccionado por correspondência em regime de
cinco anos); 3) Habilitação académica equivalente ao mestre
adjunto do Interior da China, que é oficialmente reconhecida
pela Administração Nacional de Medicina e Farmacologia
Tradicionais Chinesas (RPC).
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41. Dos factos dados como provados resultaram que o recorrente,
em 27 de Agosto de 2002, apresentou aos SSM o pedido de
licenciamento para o exercício da actividade privada de
mestre de medicina tradicional chinesa, anexando-se os
documentos seguintes:
1) Declaração das incompatibilidades para o exercício da
profissão de mestre de medicina tradicional chinesa;
2) Atestado de Aptidão Física e Psíquica;
3) Certificado de registo criminal;
4) Cópia do Bilhete de Identidade de Residente de Macau;
5) Cópia autenticada de Boletim de Classificação do exame
internacional de habilitação dos profissionais de medicina
tradicional chinesa (atingiu o grau “B” dos profissionais
de medicina tradicional chinesa), emitido pelo Centro
Nacional de Exames de Medicina e Farmacologia
Tradicionais Chinesas da República Popular da China;
6) Cópia autenticada de um diploma de conclusão do Curso
de Aperfeiçoamento de Medicina Tradicional Chinesa
respeitante à osteotraumatologia (de 2 de Abril de 2001 a
10 de Fevereiro de 2002), emitido pelo Centro de
Formação do Instituto de Estudo de Medicina Tradicional
Chinesa da República Popular da China;
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7) Cópia autenticada da certidão do exame internacional de
habilitação dos profissionais de medicina tradicional
chinesa (atingiu o grau “B”), emitida pelo Centro
Nacional de Exames de Medicina e Farmacologia
Tradicionais Chinesas da República Popular da China.
42. A Administração Nacional de Medicina e Farmacologia
Tradicionais Chinesas (RPC), por meio de ofício enviado aos
SSM no dia 10 de Março de 2003, respondeu que é verdadeira
a certidão emitida pelo Centro Nacional de Exames de
Medicina e Farmacologia Tradicionais Chinesas da República
Popular da China ao recorrente. Pelo que, a certidão do
referido exame tem plena força probatória em Macau nos
termos dos artigos 358.º e 365.º do Código Civil de Macau.
43. A sentença recorrida não estudou profundamente o nível
profissional da medicina tradicional chinesa explicitado na
certidão, precipitando-se em tirar uma conclusão afirmativa:
“Estamos em crer que mesmo no Interior da China, o titular de
certidão do exame internacional de habilitação dos
profissionais de medicina tradicional chinesa com
classificação obtida de grau “B” também não pode obter a
capacidade profissional para o exercício de mestre de
medicina tradicional chinesa.”
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44. Porém, este entendimento não corresponde aos factos, na
medida em que depois de verificada com cautela a cópia
autentificada, descobre-se que no seu canto inferior esquerdo
há duas linhas com letras pequenas: uma está escrita: “Grau
“B”: corres