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Português p/ ANVISA Teoria e exercícios comentados Prof. Marcos Van Acker – Aula 01 Prof. Marcos Van Acker www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 90 AULA 01: Morfologia e Classes de Palavras SUMÁRIO PÁGINA 1. Programa da aula 01 2. Morfologia 02 3. Formação de palavras 05 4. Classes de Palavras 21 5. Substantivo 23 6. Verbo 25 7. Adjetivo 32 8. Advérbios 34 9. Pronomes 35 10. Preposições 44 11. Questões comentadas 49 12. Lista das questões apresentadas 74 13. Gabarito 90 Olá, meus caros amigos e amigas, bem vindos à nossa segunda aula, na preparação para o concurso da ANVISA. Nosso programa para esta aula é o seguinte: Morfologia: estrutura e formação de palavras; classes de palavras e suas características morfológicas. Famílias de palavras. Flexão nominal e flexão verbal: padrões regulares e formas irregulares. Questões resolvidas e comentadas sobre os pontos da aula. Bem, hoje vamos estudar as palavras sob dois aspectos: internamente, como são formadas, de que forma são constituídas; e a relação entre elas, as semelhanças e diferenças que determinam sua classificação em um certo número de categorias. Ou seja, caríssimos, hoje iremos estudar a morfologia e a formação de palavras, e as classes de palavras de modo geral. Nunca se esqueçam do que aprendemos na aula anterior: a linguagem verbal é constituída pela articulação entre os sons, produzidos pelo aparelho fonador (boca, pulmões etc.), e o sentido, a capacidade que a linguagem tem de referir-se a objetos reais ou ideais, pertencentes a um mundo real ou imaginado. Veremos na aula, e várias vezes até o fim do curso, as formas pelas quais se produz o sentido. Enquanto isso, vez por

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AULA 01: Morfologia e Classes de Palavras

SUMÁRIO PÁGINA

1. Programa da aula 01

2. Morfologia 02

3. Formação de palavras 05

4. Classes de Palavras 21

5. Substantivo 23

6. Verbo 25

7. Adjetivo 32

8. Advérbios 34

9. Pronomes 35

10. Preposições 44

11. Questões comentadas 49

12. Lista das questões apresentadas 74

13. Gabarito 90

Olá, meus caros amigos e amigas, bem vindos à nossa segunda aula, na

preparação para o concurso da ANVISA.

Nosso programa para esta aula é o seguinte:

Morfologia: estrutura e formação de palavras; classes de palavras e suas

características morfológicas. Famílias de palavras. Flexão nominal e flexão

verbal: padrões regulares e formas irregulares. Questões resolvidas e

comentadas sobre os pontos da aula.

Bem, hoje vamos estudar as palavras sob dois aspectos: internamente,

como são formadas, de que forma são constituídas; e a relação entre

elas, as semelhanças e diferenças que determinam sua classificação em

um certo número de categorias. Ou seja, caríssimos, hoje iremos estudar

a morfologia e a formação de palavras, e as classes de palavras de modo

geral.

Nunca se esqueçam do que aprendemos na aula anterior: a linguagem

verbal é constituída pela articulação entre os sons, produzidos pelo

aparelho fonador (boca, pulmões etc.), e o sentido, a capacidade que a

linguagem tem de referir-se a objetos reais ou ideais, pertencentes a um

mundo real ou imaginado. Veremos na aula, e várias vezes até o fim do

curso, as formas pelas quais se produz o sentido. Enquanto isso, vez por

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outra a questão dos sons se apresentará diante de nós. De modo que

nunca mais esqueceremos que a linguagem verbal é articulada entre o

som e o sentido das palavras.

Em nosso percurso de estudo da língua, de quando em vez lançaremos

mão de terminologia gramatical, sempre explicando o seu sentido, mas

nunca nos prendendo a ela; tenhamos sempre em mente que o

importante é a compreensão da língua, a terminologia é apenas um

instrumento para tanto.

Morfologia

A morfologia é literalmente o estudo da forma. Neste ramo do estudo da

língua, ocupamo-nos dos componentes das palavras. Dentro de cada

palavra organizam-se elementos; vejamos, por exemplo:

Anteontem, vimos na televisão um programa superinteressante,

falava sobre índios do Xingu.

Neste pequeno fragmento de discurso, totalmente compreensível, temos

diversos tipos de palavras. Temos substantivos, como televisão,

programa, índios, Xingu.

Temos verbos: vimos, falava. Temos advérbio – anteontem, e adjetivo –

superinteressante. Por fim, temos preposição: do, na (em contração com

artigo), e, por fim, o artigo indefinido um.

Assim, vemos palavras de várias classes articuladas em um texto que faz

sentido, acredito que todos o tenham compreendido.

Mas não são apenas essas as relações de sentido que ocorrem no texto.

Vemos relações dentro das palavras, como em televisão, em que dois

componentes se combinam, ambos com sentido. Compare-se com

telefone, telegrama, telecurso; revisão, previsão, visionário ou

simplesmente visão.

Ora, cada um destes dois componentes possui sentido, e pode gerá-lo.

Por sua vez, nenhum deles pode ser subdividido em unidades menores de

sentido; tais unidades são chamadas de morfemas da língua. Vejam o

caso de programa, por exemplo; veremos a mesma unidade em

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programinha, programável, programação, reprogramado. As outras partes

cambiantes da palavra têm o condão de alterar o significado, sempre em

torno de uma mesma ideia, a expressa pelo radical program-. Tal é a

unidade mínima de sentido, um morfema lexical (de léxico, o repertório

de palavras do idioma) de nossa língua.

Outras palavras do trecho estudado não são muito variáveis, como de, na

contração do. Combina-se com o artigo, e é só. O artigo tem relação de

dependência do nome; se o gênero daquele muda, o do artigo também:

índios do Xingu / da Amazônia. Mas não produzem sentido por si, e sim

em associação com palavras providas de morfemas lexicais. São palavras

instrumentais, e, como tal, produzem sentido em associação a outros

elementos; são chamados de vocábulos instrumentais, e, quando

reduzem-se a um só morfema, são chamados de morfemas gramaticais.

Enfim, a terminologia não importa muito; importa, isso sim, entender que

trata-se de morfemas de espécie diferente.

Notem bem outra classe de palavras lexicais formada por tipos próprios

de morfemas, os verbos. Em nosso exemplo, temos vimos, e falar. Ora,

sabemos todos que vimos é forma do verbo ver; qual a unidade mínima

de sentido? No verbo do exemplo, apenas v-; quanto ao resto, são

morfemas gramaticais apostos ao morfema lexical, que indicam tempo,

modo, pessoa e número do verbo. Sim, sabemos que se trata do

Imperfeito do Indicativo, 1° pessoa do plural. Tudo isso nos morfemas –

imos, certo? Evidente que as marcas de tempo, número e pessoa são

exclusivas de verbos.

Notem, em um verbo como o mencionado vimos, as possibilidades, como

por exemplo:

Veremos

Vejamos

Verás

Vi

Vendo

Assim, os morfemas gramaticais que se unem aos morfemas lexicais

próprios dos verbos são típicos, não se confundem com os diversos

morfemas gramaticais aplicados aos nomes; assim, nenhum falante do

português reconhecerá como válidas palavras como *caixaremos,

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*caixarias, formadas pela aposição desses morfemas gramaticais próprios

de verbos, chamados desinências verbais, ao substantivo ―caixa‖.

Estudaremos a flexão verbal mais adiante, e as questões específicas do

verbo.

Por hora, cumpre notar que certas palavras, elas mesmas gramaticais,

são compostas de um único morfema gramatical, como os artigos, que

sempre estão subordinados ao termo a que se referem, como em o-

>livro; outras guardam a mesma relação com o nome central da

expressão, mas são divisíveis em morfemas; notem a marca de gênero

nos pronomes meu livro / este livro.

Há ainda certas palavras gramaticais que são capazes de estabelecer

relação entre outras palavras, criando inclusive sentido.

Por exemplo, vejamos o nome doce. Muitos dirão, é um adjetivo. Certo.

Agora peguemos o nome banana. É um substantivo, certo? Chegamos

então à preposição de, a palavra gramatical que criará uma relação entre

elas. Se dissermos doce de banana, de repente algo mudou: doce agora é

um substantivo, e o sintagma (expressão, ou unidade de organização,

com elementos relacionados) de banana tem valor de adjetivo.

Interessante, não?

Isso mostra algo que devemos lembrar acerca das palavras – elas só

adquirem função em um enunciado; assim, não precisamos nos fixar na

―classe‖ teórica, ideal da palavra; devemos isso sim perceber qual a

função que desempenha no enunciado. Vimos que doce tornou-se

substantivo, banana parte de um sintagma com valor de adjetivo; claro, o

que estou dizendo não é nenhuma novidade, qualquer bom dicionário

abonará todas as possibilidades de um vocábulo.

Vejam, por exemplo, como o dicionário Priberam, de consulta livre na

internet, mostra as acepções e classificações de uma palavra:

doce |ô| adj. 2 g. 1. Suficientemente temperado com açúcar, mel, xarope, etc. 2. De sabor agradável. 3. Diz-se de frutos comestíveis (em oposição a outros da sua espécie que são agres). 4. Diz-se de toda a água que não é do mar. 5. [Figurado] Suave, agradável, grato.

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6. Brando, benigno.

7. Terno, afetuoso. s. m. 8. Nome genérico de tudo o que é feito com açúcar ou mel. 9. [Brasil] Açúcar. adv. 10. Docemente; hipocritamente. doce de tijolo: goiabada.1

Aos pouco habituados, a consulta ao dicionário é muito interessante,

recomendo. A classe das acepções está indicada em itálico,

abreviadamente: adj, s.m. (substantivo masculino), adv. (advérbio).

Formação de palavras

Vejamos agora como os morfemas combinam-se para formar palavras. Os

processos de formação de palavras mais férteis são a derivação e a

composição. Temos ainda os processos de reduplicação, ou redobro, a

abreviação e a lexicalização de siglas e onomatopeias. Estes não têm a

mesma produtividade daqueles. Comecemos pela composição.

Composição

Por meio do processo de composição, os elementos constitutivos formam

nova palavra, de sentido muitas vezes associado ao dos radicais que a

compõem, mas diverso: é um vocábulo autônomo. Vejamos um exemplo.

Caixa-Forte

Tem um sentido autônomo, de compartimento de segurança, cofre de um

banco. Assim, teremos sempre dois ou mais radicais, ou unidades

mórficas construídas a partir de morfemas lexicais.

Os constituintes do composto podem, quanto à forma, serem

simplesmente justapostos, conservando-se a integridade fônica de cada

um, como em beija-flor, arranca-rabo, coisa feita, programa de índio. Ou

podem, perdendo a autonomia fonética, ser aglutinados, quando se diz

que há composição por aglutinação; é o caso de aguardente, planalto,

pernalta, fidalgo, em que os elementos água, ardente; plano, alto; perna,

alta; filho, de algo – não são reconhecíveis de imediato, estão aglutinados

uns aos outros.

1 Disponível em www.priberam.pt/dipo/

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Outro aspecto importante da composição é a relação que esse estabelece

entre as palavras componentes, relação sintática de subordinação ou de

coordenação.

Teremos subordinação entre:

Verbo e complemento, em estraga-prazeres, porta-bandeira;

Substantivo e adjetivo, em cabra-cega, aguardente;

Substantivo e adjunto, em pé-de-moleque, mula-sem-cabeça;

Substantivo e aposto, em couve-flor, cirurgião-dentista;

Verbo e adjunto, em bota-fora, abaixo-assinado;

Adjetivo e adjunto, em sempre-viva;

Os termos de uma oração, em bem-te-vi.

Teremos coordenação

Entre verbos, como em vaivém, leva-e-traz, morde-e-assopra;

Entre adjetivos, como rubro-negro, nipo-brasileiro.

Notem que nem sempre o composto é grafado com hífen, há casos em

que o composto se consolida, mas a grafia é de uma expressão, como o

exemplo que já demos de programa de índio.

Plural dos compostos

Por vezes ocorre alguma confusão na flexão dos compostos,

especialmente os separados por hífen, mas o problema é relativamente

simples.

No caso dos compostos por justaposição, quando as palavras são ligadas

por preposição, apenas o primeiro elemento é flexionado.

Programas de índio canas-de-açúcar

O mesmo acontece nos casos em que o segundo elemento limita o

primeiro, o caracteriza.

Canetas-tinteiro Peixes-boi

Diferentemente, flexiona-se apenas o segundo elemento, quando há

composição entre dois adjetivos:

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Bem-casados nipo-brasileiros

O mesmo acontece quando o primeiro elemento do composto é invariável.

Pseudo-intelectuais vice-presidentes

Também se flexiona o segundo elemento quando temos verbo +

substantivo.

Saca-rolhas Pinga-fogos

Quando ocorre a reduplicação das palavras, o segundo elemento será

flexionado.

Reco-recos Lambe-lambes

Também as palavras onomatopaicas são flexionadas desta forma.

Tique-taques Zigue-zagues

Os dois elementos do composto serão flexionados nos seguintes casos:

Substantivo + substantivo, como em cirurgiões-dentistas

Substantivo + adjetivo, ou adjetivo + substantivo, como em caixas-

fortes, ou brancas nuvens.

Derivação

É o processo mais produtivo de criação de palavras. Sobre apenas um

radical, organizam-se os morfemas chamados de afixos: antes do radical,

chamam-se prefixos; depois do radical, sufixos. Assim, a derivação é

chamada de prefixal quando consiste na aposição de prefixos, e sufixal

quando corresponder à introdução de sufixos.

Assim, a partir de caixa, teremos

I. Encaixar, pela adição de sufixo e prefixo

II. Caixote, com sufixação, e

III. Caixa preta, com justaposição de outro radical.

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Em virtude da história da nossa língua, muitos prefixos que usamos todo

dia têm origem em palavras gregas e latinas, faladas na antiga Roma e

na Grécia há mais de três mil anos atrás. Como não costumamos estudar

estas línguas antigas, é comum relacionar alguns prefixos e radicais

gregos e latinos, que facilitam a compreensão de muitos compostos que

usamos sem pensar que são compostos. Por isso, segue abaixo uma

pequena lista de alguns radicais latinos e gregos.

Prefixos latinos

Prefixos Sentido Exemplos

a-, ab-,

abs- Afastamento, separação Abstenção, abdicar, aversão

ad-, ar-, as- Aproximação, direção Adjunto, advogado, arribar,

assentir

ambi- Ambiguidade, duplicidade Ambivalente, ambiguo

ante- Anterioridade Anteontem, antepassado

bene-, bem- Excelência, bem Beneficente, benfeitor

bis-, bi- Dois, duas vezes, repetição Bípede, binário, bienal

com- (con-

), co- (cor-) Companhia, contiguidade Compor, conter, cooperar

contra- Oposição Controvérsia, contraveneno

cis- posição aquém de Cisplatino, Cisalpino

de-, des-

Separação, privação,

negação, movimento de cima

para baixo

Deportar, demente, descrer,

decair, decrescer, demolir

dis- Separação, negação Dissidência, disforme

e-, es-, ex- Movimento para fora,

Emergir, expelir, escorrer,

extrair, exportar, esvaziar,

explodir

extra- Posição exterior, além de Extraconjugal, extravagância

intra-, Posição interior Intrapulmonar, intravenenoso

i-, im-, in- Negação,movimento para dentro Ilegal, imberbe, incinerar

infra- Abaixo, na parte inferior Infravermelho, infra-estrutura

intra-, intro- Movimento para dentro Imersão, impressão, inalar,

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intrapulmonar, introduzir

justa- Posição ao lado Justante, justapor

o-, ob- Posição em frente, oposição Obstáculo, objeto, obsceno,

opor

per- Movimento através de Perpassar, pernoite

pos- Ação posterior, em seguida Pós-datar, póstumo

pre- Anterioridade Pré-natal, prefácio

pro- Movimento para frente Projetar, progresso, prolongar

pro- Além de, mais para frente Prosseguir

re- Repetição, para trás Recomeço, regredir

retro- Movimento mais para trás Retrospectivo

Sub-, sus-,

su-

Movimento de baixo para

cima, sucessão

Sub-ordem, sub-contratar,

suceder, suspender

Trans-, tra- Para além de Transamazônica, tradução

Super-

sobre- Acima de, excesso

Superfície, sobrepor,

sobrecarga

Prefixos Gregos

Prefixo Sentido Exemplos

acro- Alto Acrobata, acrópole

aero- Ar aerodinâmica

an-, a- Negação Anarquia, ateu

arqui-, arce- Superioridade Arcebispo, arquétipo, arcajo

catá- Para baixo, oposição Catástrofe, catabolia

dia- Através de Diálogo, diagnóstico

eu- Bem, bom Eugenia, eufonia

Hiper- posição superior Hiperplasia, hipertensão

homo- Igual Homônimo, homógrafo

macro-, megalo- Grande, longo Macronúcleo, megalópole

Metá Além de Metátese, metafísica

micro- Pequeno Micróbio, microscópio

mono- Um Monarquia, monarca

necro- Morto Necrópole, necrofilia, necrópsia

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orto- Correto Ortoepia, ortodoxo, Ortodontia

Peri- Posição em torno Pericárdio, perímetro

Pró- Posição em frente Prognóstico, proscêncio

Sin- Simultaneidade Sinfonia, sintonia

Importante distinguir, embora muitos gramáticos de peso chamem a

ambos de sufixo (e vocês se lembram que para nós o importante não é

discutir a terminologia), os sufixos que se ligam a um radical de um

nome, dando origem a um adjetivo ou substantivo: musical, musiquinha,

musicalização, dos sufixos responsáveis pela flexão verbal, como em

ouvir, ouvirás, ouviriam. Veremos mais sobre a flexão verbal quando

tratarmos da categoria dos verbos.

Examinemos alguns sufixos, de acordo com o sentido que podem dar ao

vocábulo em que figuram.

Aumentativos: temos entre os sufixos aumentativos os seguintes.

Sufixo Exemplo

-ão Paredão, cabeção

-alhão Grandalhão, espertalhão

-eirão Vozeirão, toleirão

-aça Barcaça, mulheraça; ricaço

-uça Dentuça

-orra Cabeçorra, bocarra

-aréu Povaréu, mundaréu

Há um sufixo originalmente aumentativo –astro, como em poetastro, no

entanto seu significado depreciativo ficou muito forte, muitas vezes

esquece-se o valor aumentativo. Assim, poetastro é poeta menor, fazedor

de versos. É possível, mas não posso afirmar com certeza, que esse

sufixo tenha resultado na forma aumentativo –aço, de uso comum, em

registro informal hoje: jogaço, problemaço.

O sufixo ão, feminino ona, é o aumentativo por excelência em português.

Muito produtivo, em registro informal pode agregar-se a quase qualquer

radical. Muitas vezes o aumentativo perde o valor semântico, quando o

derivado adquire autonomia vocabular; não temos a noção exata de

comparação com a forma primitiva. Assim, a ninguém, diante de um

caixão, um esquife, ocorrerá pensar que só pode ser maior que uma

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caixa. Além disso, qual será o maior, a porta, o portão, a portada, o

portal ou o pórtico? Não há uma escala de tamanho precisa, relacionada à

sufixação.

Diminutivos

Sufixo Exemplo

-inho, a; ino, a Mansinho, pequnina

-acho; -icha Riacho; barbicha

-ebre Casebre

-eco, a; -ico, a Jornaleco, soneca;

mesica

-ela; -ola Viela; rapazola

-ete; ito,a; ote,

a

Diabrete; cabrito;

velhota

-isco, a; usco, a Pedrisco; velhusca

-ulo, a; Rótula, corpúsculo

O sufixo diminutivo de uso mais geral é –inho, é o diminutivo por

excelência. As formas é –ulo, como corpúsculo, minúsculo, são eruditas,

vêm direto de um diminutivo latino. E por isso mesmo são pouco usadas.

Casebre segundo Celso Cunha é de origem desconhecida. Em uso hoje

vemos os sufixos –eco, -ico, como em coisica, e –ito/(z)ito, como em

artiguete; fico em dúvida com o termo bem recente periguete. Tendo a

ver aí o diminutivo.

Formadores de substantivos

Sufixo Noção Exemplo

-ada Multidão, coleção Papelada, livraiada

Porção Bocada

Uso de instrumento Facada, pernada,

penada

Derivado, feito de Bananada, pessegada

-ado Território de dominio Juizado

-agem coletivo -milhagem, folhagem

Ato ou estado -bobagem,

aprendizagem

-al Coletivo Cafezal, lamaçal, areal

-ama, -ame Coletivo Dinheirama, vasilhame

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-aria atividade Livraria, sapataria

Coletivo Gritaria, pedraria

Ação própria Baixaria, pirataria

-ário, a Atividade, ofício Operário, cartorário

-eiro, a Atividade, ofício Barbeiro, zagueiro

Coletivo Formigueiro, poeira

Árvore de Mangueira, abacateiro

De uso em (parte do

corpo)

Pulseira, joelheira

-ia Atividade, ofício Advocacia, prelazia

Lugar da atividade Reitoria, delegacia

Reparem como há uma ampla variedade de formas, com noções que

tentamos reduzir a um certo número de idéias, muitas semelhantes. Os

sufixos nominais são diversos, variadíssimos; notem a diferença em

relação à flexão verbal, como alertamos acima, que apresenta

regularidade muito maior.

Formadores de substantivos a partir de adjetivos

Sufixo Exemplo

-dade Maldade, bondade

-dão Mansidão, prontidão

-ez, eza Tibieza, beleza; timidez

-ia Alegria, primazia

-ice Velhice, chatice

-or, ura Alvor, alvura, primor,

gostosura

-tude Longitude, altitude,

magnitude

Também os verbos podem vir a formar substantivos, com o uso de

sufixos como os elencados abaixo:

Sufixo Noção Exemplo

-ança Estado, ação gastança, esperança

-ância Observância,

tolerância

-ença Diferença, pertença

-encia Anuência, pertinência

-ante agente Estudante

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-ente Influente

-inte Contribuinte

-or Agente,

instrumento

Confessor, inspetor

-ção, -são Ação,

resultado

Concessão, extensão,

participação

-douto; -

tório

Lugar ou

instrumento

da ação

Lavatório, bebedouro,

escritório

-mento Ação ou

resultado

Banimento,

aviamento,

batimento.

Os substantivos, por sua vez, poderão dar origem a advérbios, com o uso

dos sufixos indicados no quadro a seguir:

Sufixo Noção Exemplo

-ado, a Provido de, cheio de Dentado, recheado; mascado2

-aico Relativo a, típico de Arcaico, judaico

-al; -ar Relativo a Escolar, familiar; estival,

marital

-ano Origem,

semelhança

Baiano, troiano, machadiano

-ário; -eiro Origem; posse;

afinidade

Caseiro, mineiro; incendiário

-engo Afinidade, posse Mulherengo

-ense, eno;

ês

Origem;

procedência

Forense, fluminense; terreno;

cortês, chinês

-ento Provido de; similar

a

Barrento, bolorento, ciumento

-eo, a Similaridade; feito

de

Roséo, nívea

-este/tre Próprio de, origem Celeste, terrestre

-ício Próprio de,

afinidade

Alimentício, adventício

-il Próprio de,

afinidade

Febril, fabril, gentil

-ino Origem, próprio de Cabralino, feminino

2 Forma de particípio, também com valor de adjetivo.

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-onho Próprio de Risonho, enfadonho

-oso Cheio de, provido

de

Venenoso, aquoso

-udo Provido de, cheio de Pontudo, sortudo

É interessante notar que os sufixos formadores de adjetivo podem ser

utilizados a partir de adjetivos, como no caso de –il relacionado a jovem,

formando juvenil, ou no caso de –onho que se liga a triste, formando

tristonho.

Os verbos podem dar origem a adjetivos, comumente; inclusive, pudemos

já observar que as formas do particípio, como folgado, pintado, contado,

poderão ser usadas diretamente como adjetivo. O antigo particípio

presente latino forma palavras que muitas vezes serão adjetivos, como

pensante, paciente; também é possível formar substantivos, como

ouvinte, pedinte etc.

Vejamos alguns outros sufixos que formam adjetivos a partir de verbos:

Sufixo Noção Exemplo

-(á)vel; (í)vel Próprio de, passível de Louvável, possível

-io; -ivo Próprio de, modo de

ser

Tardio, pensativo,

cansativo

-iço Próprio de Movediço, sediço; mortiço,

enfermiço (nomes)

-ouro, -ório Próprio de Duradouro, vindouro;

satisfatório

O caso do advérbio

O único sufixo formador de advérbio em nossa língua é –mente, cuja

semelhança com o substantivo mente não é acidental. De fato, a origem

histórica do sufixo adverbial é a expressão latina de valor adverbial com a

palavra mentis, derivida de mens, cujo significado é ―mente‖.

Assim, se dizia, por exemplo, dico clara mentis, literalmente ―digo com a

mente clara‖, com o sentido de ―com a intenção clara‖, e por fim ―de

modo claro‖. Esta é a origem do sufixo –mente, um vocábulo que se

tornou um morfema gramatical. Essas coisas acontecem na história da

língua.

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Meus caros, percebam que muitos sufixos podem relacionar-se com

substantivos, ou com adjetivos, e mesmo com advérbios; note que

podemos dizer, com toda propriedade, ―cheguei agorinha mesmo‖, ―moro

pertinho‖.

Não há limite para a derivação; por exemplo, temos o verbo pôr, do qual

se deriva posição; a partir de posição, vemos o verbo posicionar; a partir

de posicionar, encontramos o vocábulo posicionamento, num processo

cumulativo de afixação.

Derivação regressiva

Interessante o processo da derivação regressiva, em que o falante sente

a terminação de uma palavra como se fosse um sufixo, e, por meio do

corte desta terminação, tenta recuperar uma suposta palavra primitiva,

na verdade criando outra por este processo.

Por exemplo, temos o uso popular das formas granfo (ou granfa), a partir

de grã-fino, ou estranja, a partir de estrangeiro; as terminações

confundem-se foneticamente com sufixos (pequenino, sorveteiro).

Temos entre os derivados regressivos os substantivos derivados de

verbos com terminação –a, -e ou –o, como no caso de vôo, a partir de

voar; choro, de chorar; ataque, de atacar; pesca, de pescar. Geralmente,

ficou estabelecido um critério para definir se o verbo ou o nome é

primitivo, ou derivado, segundo o qual se a palavra designa ação,

primitivamente é verbo; se designa objetos, é nome. Então, teremos que,

por exemplo, chute e fecho serão derivados regressivos de verbos, chutar

e fechar, que designam ação. Por outro lado, verbos como azeitar ou

arborizar serão necessariamente derivados. Este critério, interessante que

seja, não abrange 100% dos casos; por sorte, não seremos chamados a

responder sobre questões de história da língua. Por vezes, a única

maneira de saber qual o primitivo e qual o derivado é por meio de uma

pesquisa histórica de ocorrência dos vocábulos.

A questão da parassíntese e outras formas marginais de derivação

Assentado que evidentemente pode haver derivação sufixal e prefixal ao

mesmo tempo, com um mesmo radical, como no caso de deverbal,

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revisional, é preciso reconhecer que em certos casos só há vocábulo

viável com a presença simultânea dos dois afixos, o que não é o caso da

derivação sufixal e prefixal (veja-se, nos nossos exemplos, verbal, visão).

Esses casos são chamados de derivados parassintéticos. São comumente

formas nominais de verbo, formadas com prefixos e sufixos verbais, como

no caso de entardecer, amanhecer; engavetar, esburacar. Temos um

adjetivo parassintético em desalmado. Possivelmente seja o único

exemplo nominal.

Os gramáticos e linguistas debatem a questão de se os sufixos próprios

das formas verbais podem equivaler aos sufixos próprios de nome. Não

entraremos neste debate; conhecemos a questão, e sabemos seus

contornos, é o que basta para nossos objetivos.

II – Reduplicação

Bastante restrito, este processo tem um campo marcado pela

expressividade, com palavras como papai, mamãe, vovô, totó, pipi;

possivelmente poderemos incluir compostos como cai-cai, vai-vai como

exemplos de reduplicação.

III – Siglas

As siglas são nomes formados por fonemas resultantes de iniciais de uma

expressão, como ONU, ou de sílabas ou partes de palavras, como Sudene,

Petrobrás. Temos ainda as siglas que reproduzem o nome das letras,

como PT, ICMS. O alcance do processo é restrito; uma vez criados os

nomes, podem sofrer derivação, como em petista, por exemplo.

IV – Abreviação

Muitos compostos perdem ―um pedaço‖, resultando num vocábulo

abreviado, geralmente com o mesmo sentido; assim, de pneumático

resultou pneu, de automóvel fez-se auto, em que o prefixo tornou-se o

nome, por abreviação.

V – Onomatopéia

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A onomatopeia evoca ou imita um som produzido por um objeto, a qual

se aplicam morfemas nominais ou verbais, como em zigue-zague; tique-

taque, tiquetaqueava. Notar que muitas vezes observa-se a reduplicação,

ao mesmo tempo.

É comum atribuir-se os verbos que designam os sons produzidos pelos

animais uma origem onomatopaica, como em chilrear dos pássaros, miar

dos gatos, coaxar dos sapos.

Exercícios

1) ISAE – Assembléia Legislativa – AM/2011

O vocábulo roupão, formalmente um aumentativo de roupa, perdeu esse

valor aumentativo e hoje designa uma vestimenta para ser usada após o

banho. A alternativa em que só um dos termos possui o valor

aumentativo é:

a) cartão - calção.

b) papelão - bolão.

c) calçadão - portão.

d) tapetão - caixão.

e) casarão- orelhão.

_________

Comentários:

Questão interessante sobre derivação sufixal, com o sufixo aumentativo –

ão. É preciso atentar para o enunciado, que pede a identificação da

alternativa em que apenas um dos termos tem valor aumentativo.

Analisemos as alternativas. Em a, temos derivados que não têm valor

aumentativo em relação ao primitivo, pois cartão não é, via de regra,

uma ―carta grande‖, nem calção uma calça grande (aliás, pelo contrário).

Nenhum dos termos tem valor aumentativo.

É o que acontece em papelão, que não designa um papel grande, mas um

material específico, nem bolão, que não designa uma bola de dimensões

avantajadas (geralmente seria usada a forma bolona neste caso), mas,

muitas vezes, uma aposta em grupo.

A alternativa c pode nos deixar em dúvida, mas calçadão não é apenas

uma calçada grande, mas uma calçada que toma o lugar do leito

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carroçável, da superfície sobre a qual andam os carros. E portão perdeu a

relação de aumentativo de porta, na língua.

Tapetão é um termo conotativo, que designa tribunal, e não

necessariamente um ―tapete grande‖. Da mesma forma caixão, que tem

sentido de ataúde, esquife.

Enfim, em e temos um genuíno aumentativo em casarão. Orelhão, como

sabemos, é um telefone público.

Gabarito: E

2) CONSULPLAN – TSE - 2012

O sistema da corrupção é composto de um jogo de forças do qual uma

das mais importantes é a ―força do sentido‖. É ela que faz

perguntar, por exemplo, ―como é possível que um policial pobre se

negue a aceitar dinheiro para agir ilegalmente?‖

O simples fato de que essa pergunta seja colocada implica o pressuposto

de que uma verdade ética tal como a honestidade foi transvalorada. Isso

significa que foi também desvalorizada.

Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em

troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque no sistema

da corrupção o valor da honestidade, que garantiria ao sujeito a sua

autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

(Marcia Tiburi. Cult, dezembro de 2011)

Assinale a alternativa em que o elemento destacado NÃO tenha o mesmo

sentido que o de trans-, em transvalorada

a)transbordar

b)trasantontem

c)tresnoitar

d)trastejar

_________

Comentários:

Questão sobre derivação prefixal. O prefixo trans-, sabemos, traz consigo

a noção de travessia, trânsito, movimento, ultrapassagem de limites; é o

caso de transvaloração, cujo significado é, a vista do texto, de

movimentação, mudança de valores. Trans- tem valor parecido em

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―transbordar‖, vasar para fora das bordas, ultrapassar seus limites;

―transantontem‖, com o sentido de depois (além) de anteontem;

―tresnoitar‖, que significa passar a noite em claro, ou seja, atravessá-la

(acordado).

Na última alternativa, o prefixo não está presente; temos um derivado

sufixal (forma de infinitivo), a partir de trastos, aqueles risquinhos no

braço do violão. ―Trastejar‖ significa algo como ―produzir ruído ao tocar

instrumento (violão) pela vibração da corda diretamente no trasto.‖ É

inábil o instrumentista que permite que o instrumento trasteje.

Gabarito: D

3) CONSULPLAN – TSE – 2012

Assinale a palavra que tenha sido formada por processo DISTINTO do das

demais.

a)teológica

b)biografia

c)narcotráfico

d)desvalorizada

_________

Comentários:

Temos, nesta questão, de comparar os processos de formação de

palavras usados. Analisemos cada uma delas. Em teológica, temos um

composto de dois morfemas lexicais de origem grega, com um sufixo final

formador de adjetivo (-ica, como em mítica). Teologia, vocês sabem,

agrega os radicais Teo, de ―Deus‖, e logia, o ―estudo racional‖. Assim, a

Teologia é o estudo da religião. Temos um processo de justaposição,

ainda sem aglutinação, pois nenhum dos componentes sofreu redução

fonética.

O mesmo ocorre em biografia, com os elementos bio e grafia, ambos

radicais de origem grega. Em narcotráfico, temos outro composto por

justaposição, que significa ―comércio de entorpecentes‖.

Apenas em e temos processo distinto de formação; verifica-se aí a

derivação prefixal, com a presença do prefixo des-, com valor de

negação, aplicado ao adjetivo valorizada. A diferença está, vamos

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relembrar, no fato de que o primeiro elemento é um morfema gramatical,

que só pode associar-se a morfema lexical. Nos demais, temos dois

morfemas lexicais a formar compostos.

Gabarito: D

4) FGV – SEAD/AP - 2011

Com relação aos processos de formação de palavras, analise as

afirmativas a seguir:

I. Na palavra jeitinho, o sufixo -inho significa "diminuição".

II. Denomina-se composição o processo de formação da palavra

utilitarista.

III. A palavra analfabetismo forma-se por derivação prefixal e sufixal, a

partir do radical alfabet-.

Assinale:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.

b) se somente a afirmativa II estiver correta.

c) se somente a afirmativa III estiver correta.

d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

_________

Comentários:

O diminutivo em jeitinho não leva ao significado literal de ―pequeno jeito‖,

como sabemos, mas de ―manha, expediente‖. Em utilitarista, temos um

processo de derivação prefixal, inclusive com dois prefixos. Em

analfabetismo, de fato observamos a aposição de prefixo e sufixo.

Gabarito: C

5) FCC – TRT 24ª Reg – 2006

A forma correta de plural dos substantivos compostos mico-leão-dourado

e ararinha-azul é

a) micos-leão-dourados e ararinhas-azul.

b) micos-leão-dourado e ararinha-azuis.

c) mico-leões-dourados e ararinha-azuis.

d) mico-leão-dourados e ararinhas-azul.

e) micos-leões-dourados e ararinhas-azuis.

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_________

Comentários:

Vimos que os compostos formados por substantivo+substantivo formam o

plural com a flexão dos dois elementos; assim, teremos micos-leões e

ararinhas-azuis. Além disso, no caso de substantivo+adjetivo, a flexão é

da mesma forma: teremos portanto micos-leões (tomemos o composto

como um substantivo, o que ele é) dourados.

Gabarito: E

Famílias de Palavras

Uma família de palavras é constituída pelas palavras que derivam de uma

só; esta será chamada de palavra primitiva. Assim, as diversas derivações

da palavra MAR farão parte da família da palavra. Observe a presença do

morfema lexical mar: mareado, maremoto, marzão, marisco, marítimo,

quebra-mar, capitão-do-mar, marinho, cavalo-marinho, marinha, marina.

Classes de Palavras

As classes de palavras não são noções estanques, como já tive

oportunidade de mencionar. Ou seja, a língua não funciona como um

―estoque‖, em que os vocábulos estão inertes, classificados e

categorizados cada um em sua classe, como objetos irremediavelmente

separados, e que juntamos como peças para articular o discurso.

A língua será melhor entendida se pensarmos em relações que se

estabelecem dinamicamente entre as formas; as relações estabelecidas

no discurso irão determinar a função assumida pelos vocábulos. Assim,

em ocorrências diversas, o vocábulo pode assumir funções diferentes.

As classes de palavras, então, serão reveladas no uso. Por exemplo, em

―O adorno colocado na parede‖ temos a palavra em destaque

funcionando como substantivo; sintaticamente, será sujeito da oração.

Agora, em ―quero a palavra certa, exata, não a palavra adorno, exangue

de lúbricas e fugidias intenções (...)‖, será um adjetivo, relacionado ao

substantivo palavra.

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A substantivação é muito comum, palavras de todas as classes podem ser

empregadas como substantivos, geralmente antecedidas de artigo.

Vejamos, por exemplo, o adjetivo longe empregado como substantivo em

―o longe fica perto quando seguimos o coração‖.

Até um numeral pode assumir essa função, como em ―O Quinto era o

imposto cobrado nas Minas Gerais‖; notem que isso corresponde a o que

as gramáticas chamam de derivação imprópria. De fato, é um fenômeno

muito comum na língua. O substantivo adquire função de adjetivo, o

verbo se substantiva, e assim por diante.

As classes também devem ser vistas em relação ao plano superior, ou

seja, à sintaxe da oração. Nesta perspectiva, vemos que as classes mais

relevantes são as do substantivo e a do verbo. Serão os centros a partir

dos quais os elementos da frase se agregam.

O Substantivo é o termo que designa os seres e os objetos do mundo,

enfim as coisas. Funcionam como núcleos das expressões nominais, dos

sintagmas nominais. Por exemplo, em A casa amarela, o núcleo do

sintagma é casa.

O Verbo designa a ação, o estado, a transformação, o processo; o que

acontece com as coisas. A oração se organiza em torno do verbo. Assim,

será sempre um elemento essencial para a análise; não é por outro

motivo que, no nosso tempo de ensino fundamental, a professora, ou o

professor, nos orientavam a procurar o verbo. A instrução é muito válida;

veremos que será necessário muitas vezes procurar o verbo, e como os

termos estão organizados em torno dele, para respondermos as mais

diversas questões de sintaxe que a banca nos propõe.

As outras classes de palavras formadas por morfemas lexicais são os

adjetivos e os advérbios. Os adjetivos associam-se aos substantivos,

subordinam-se a esses, e semanticamente indicam as qualidades, as

características dos seres, das coisas designadas, como em casa amarela.

O advérbio, que, o nome já diz, está associado ao verbo, a caracterizar

como se dá ação, como em – Engoliu rápido o almoço.

Depois, temos classes de palavras que não têm a rigor morfemas lexicais

ou significados autônomos; a primeira destas classes é a dos pronomes.

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O pronome é uma palavra que sintaticamente sempre se referirá a um

nome, ou encontrará sua referência em um nome, uma expressão, uma

unidade de significado qualquer em um texto. Assim, em si mesmo, o

pronome não possui significação; adquire-a, no entanto, no texto, no

momento em que ocorre. É uma classe sintaticamente fundamental, a

coesão textual é totalmente dependente desta classe de palavras.

Veremos mais detalhadamente isso, nesta e nas aulas seguintes.

Temos outra categoria muito associada aos nomes, a dos artigos, que

possuem o condão de determinar ou indeterminar o nome, como em o

carro (determinado) / um carro (indeterminado). Também totalmente

dependente do nome está a classe dos numerais, que exprime

quantidades definidas.

Por fim, temos classes de palavras relacionais, que criam formas de

conexão entre outras palavras; são, evidentemente, palavras

essencialmente instrumentais. Entre elas, temos as preposições, que

criam relações entre palavras dentro de um mesmo sintagma (vimos,

uma unidade de organização, uma expressão), como em casa de pedra.

Veja que entre os dois substantivos, a preposição criou uma relação que

deu um sentido específico à expressão inteira, ao sintagma em que

ocorre.

Classe de mesma natureza é a das conjunções, que cria relações entre

sintagmas diferentes, entre orações, como em Li o livro, mas não entendi

nada.

Por fim, chegamos a uma classe interessante, a das interjeições, que

muitas vezes não admitem análise morfológica, embora tenham conteúdo

lexical, significado autônomo; expressam emoções, adquirem sentido no

contexto e virão muitas vezes grafadas com pontuação enfática, como

em: Ai de mim! Ui ui ui! Meu Deus do Céu! Basta!

Noções breves sobre as classes de palavras

Vimos já que o substantivo designa os seres, as coisas, os nomes de

ações, de qualidades: Sinésio, balão, meteorologia, unicórnio, força,

profundidade.

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Apenas o substantivo pode ser núcleo do sujeito e do objeto, seja direto

ou indireto; na voz passiva, apenas o substantivo pode funcionar como

agente da passiva. A palavra que assume essa função sintática se torna

no mesmo momento substantivo, conforme já mencionamos acima.

Podem ser concretos os substantivos, são os que designam os seres

propriamente ditos, como Pará, rio, nuvem, alface, caça, minotauro;

quando designam nomes de ações ou qualidades, são chamados

abstratos: alegria, compaixão, ironia, julgamento, autoridade.

Outra divisão que se faz é entre substantivos próprios e comuns; estes

designam um determinado ser, como Sandra, Terra (o planeta),

Amazonas. Os substantivos comuns designam um conjunto de seres,

todos os da mesma classe, como mulher, planeta, rio.

Os coletivos merecem atenção porque, na sua forma singular, designam

uma pluralidade de seres. Assim são alcatéia, que designa um conjunto

de lobos, banca, um conjunto de examinadores, cáfila, de camelos, corja,

de vadios, de malfeitores, esquadra, de navios, falange, de anjos, ou de

soldados, etc. São notáveis quanto à concordância, por esta

característica.

– Os substantivos são flexionados em gênero, número e grau.

A flexão de número, como sabemos, é marcada por –s; outras alterações

podem ocorrer, a depender da constituição fonética do vocábulo. Ex:

pato/patos. Os substantivos terminados em vogal têm o plural marcado

por –s: prato/pratos; mesa/mesas; cachorro/cachorros; plano/planos.

Os substantivos terminados em ditongo nasal –ão formam, em sua

maioria, o plural em –ões, como em balcões, ladrões, tições, lições,

canções. No entanto, há exceções, pois um certo grupo forma o plural em

–ães, como cães, capitães, guardiães, pães. Outros ainda formam o plural

em –s, como em órgãos, cidadãos, desvãos.

Os substantivos terminados com as consoantes –r, -z e –n formarão o

plural com um acréscimo de uma vogal de apoio ao morfema –s que

marca o plural, o que resulta em, por exemplo, pilar/pilares;

mulher/mulheres; cruz/cruzes; dólmen/dólmenes.

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Os substantivos terminados em –s, quando oxítonos, recebem no plural

uma vogal de apoio e com a desinência, ou seja, formam plural com o

sufixo –es, como em inglês/ingleses, país/países, luz/luzes.

Evidentemente a vogal de apoio é necessária, pois não podemos apor –s

à terminação s.

Quando paroxítonos, os substantivos terminados em s tornam-se

invariáveis: lápis, oásis, pires. Do mesmo modo, os substantivos

terminados em x, que são paroxítonos, de origem erudita, são também

invariáveis: tórax, bórax; a aposição de vogal temática mais o morfema s

tornaria tais palavras proparoxítonas, o sistema parece preferir deixar de

flexionar do que criar uma proparoxítona (geralmente de uso erudito).

Os substantivos terminados por ditongo decrescente, grafado il, quando

oxítonos, formam o plural pela troca da semivogal por –s, como em

barril/barris; Brasil/Brasis. Quando são paroxítonas, por sua vez, o

ditongo il é substituído por –eis, como no caso de réptil/repteis;

fóssil/fósseis.

– como sabemos, o gênero gramatical não se confunde com o

sexo; isso apesar de nossa gramática denominar os gêneros masculino e

feminino. Temos basicamente o morfema –a para marcar o feminino dos

nomes, e –o para o masculino: assim, temos aluno/aluna; gato/gata;

velho/velha. No caso dos nomes terminados em vogal, a marca do

feminino será ausente: é o chamado morfema zero. Veja, por exemplo,

em cantor/cantora.

Por outro lado, há distinções de gênero que implicam em mudança de

radical, como no caso de boi/vaca; homem/mulher; cavalo/égua.

Há algumas exceções ao caso geral, em que nomes terminados em –o,

quando no feminino apresentam terminações diversas. É o caso de

galo/galinha; maestro/maestrina; poeta/poetisa.

Para os nomes terminados em consoante, vale a regra geral:

agricultor/agricultora; freguês/freguesa.

No caso dos nomes terminados por ditongo nasal –ão, temos as seguintes

formas do feminino: em ditongo crescente –ao, como em patrão/patroa,

leitão/leitoa; a eliminação do ditongo, permanecendo apenas a vogal

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nasal, como no caso de anã, anciã, irmã; e, por fim, no caso do –ão

aumentativo, no uso do sufixo –ona, como em bonachona, brincalhona.

Por fim, notemos que há substantivos que não variam designando

pessoas de ambos os sexos; são os chamados de sobrecomuns, e alguns

são femininos, outros masculinos. É o caso de o cônjuge, a criatura, a

criança, a vítima, o algoz. Outros admitem apenas uma forma, em ambos

os gêneros. São chamados de comum de dois: é o caso de o agente/a

agente; o pianista/a pianista; o dentista/a dentista; o artista/a artista; o

selvagem/ a selvagem.

Vimos que o verbo é o centro da frase, essencial para a análise das

relações entre as palavras. Não chegamos a ver em detalhes a morfologia

do verbo; agora chegou o momento de estudar estas e outras questões a

respeito dessa importante classe de palavras.

Morfologia do Verbo – o verbo apresenta, como sabemos, morfema

léxical, como corr, em ―correr‖, e desinências número-pessoais e modo-

temporais. Naturalmente, pode haver vogal temática, entre radical e suas

desinências. A especificidade das desinências verbais basta para

diferenciá-las do sufixo nominal.

Temos 3 conjugações verbais em português, distinguidas pela vogal

temática. As vogais temáticas são –a, -e, -i, como em cantar, ver, seguir.

Apenas o verbo pôr não apresenta vogal temática, porque foneticamente

esta foi eliminada (a história da forma é lat. Ponere>poer>pôr). A perda

da consoante n na raiz levou a um hiato, que foi eliminado.

– Radical é, como nos nomes, o morfema lexical, a parte

invariável; nos verbos, a forma do infinitivo, excetuada a vogal temática e

a desinência –r, é o radical.

Cantar. Bater. Dormir.

O radical acrescido da vogal temática tem o nome de tema. É uma noção

importante, a ser lembrada mais adiante.

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– as flexões ou desinências verbais são os morfemas

instrumentais típicos do verbo, associados às noções de número, pessoa,

tempo e modo.

O número será singular e plural; as pessoas são três, as pessoas do

discurso: a primeira é a que fala, a ―dona‖ do discurso; a segunda é o

destinatário, aquele a quem se fala; e a terceira é a pessoa não presente

na enunciação, e sobre a qual se pode fazer referência.

– os tempos basicamente são o passado, ou pretérito, o

presente e o futuro. Os tempos primitivos, a partir dos quais os outros

são derivados, são três: o infinitivo, o presente do indicativo e o perfeito

do indicativo.

Do tema do infinitivo: pedir, forma-se

o pretérito imperfeito do indicativo: pedia;

o futuro do presente do indicativo: pedirei;

o futuro do pretérito do indicativo: pediria;

o gerúndio: pedindo;

o particípio: pedido.

Do presente do indicativo: peço, forma-se

O presente do subjuntivo: peça

Do pretérito perfeito do indicativo (3ª do plural): pediram, forma-se

O mais que perfeito do indicativo: pedira

O imperfeito do subjuntivo: pedisse

O futuro do subjuntivo: pedir

Os Modos tem um traço semântico, em relação à ação verbal: os verbos

no indicativo expressam ação definida, certa, indicada inequivocamente.

No subjuntivo, os verbos exprimem fato incerto, hipotético, desejado. No

modo imperativo, os verbos exprimem uma ordem.

Gostaria de examinar com vocês alguns tempos e modos verbais, e seu

emprego; veremos alguns pontos da conjugação das formas, que vocês

certamente conhecem, e algumas questões de correlação verbal, um

ponto de sintaxe do verbo que estudaremos nesta e em outras aulas.

Flexão, conjugação, correlação verbal

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O imperfeito do indicativo é usado para indicar, entre duas ações

simultâneas, qual estava ocorrendo quando sobreveio a outra – nesse

caso, o outro verbo virá no pretérito perfeito: Pedro entrava quando eu

saí. Conversávamos quando a criança caiu.

A construção será equivalente ao uso do auxiliar estar no imperfeito mais

o gerúndio: Pedro estava entrando quando eu saí.

Regra geral, as desinências do imperfeito do indicativo são:

a. 1ª conjugação: -ava, -avas, -ava, ávamos, áveis, -avam

b. 2 e 3ª conjugações: -ia, -ias-ia, -íamos, -íeis, -iam.

O perfeito indica ação acabada, terminada antes da enunciação. Ex: Comi

bem no almoço. De regra, as terminações são:

a. 1ª: -ei, -aste, -ou, -amos, -astes, -aram;

b. 2ª: -i, -este, -eu, -emos, -estes, -eram;

c. 3ª: -i, -iste, -iu, -imos, -istes, -iram.

O pretérito mais-que-perfeito exprime ação acabada, anterior a outra

ação com que se correlaciona, também passada (não necessariamente

acabada). Suas terminações são, de regra: -ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -

ram.

A forma composta do mais-que-perfeito é formada pelo auxiliar ter, ou

haver, no imperfeito, e o particípio do verbo: Só soube do ocorrido depois

que tinha acontecido.

O futuro do presente e o futuro do pretérito têm a particularidade de

serem compostos já cristalizados, incorporados ao sistema verbal: notem

que sairei, sairás, sairá, sairemos, saireis, sairão são derivados do

composto sair + a conjugação de formas do verbo haver: hei, hás, há;

hemos (haveremos), heis (havereis), hão. No caso do futuro do pretérito

as formas seriam hia (havia), hias, hia; híamos, hieis, hiam.

Isso explica uma particularidade das formas do futuro, que não admitem

a colocação pronominal posterior, ou a ênclise. Isso porque o pronome

ficaria associado ao radical que, no composto, é do verbo auxiliar. Assim,

admite-se a incomum mesóclise, ou posição medial do pronome, cindindo

a palavra, como no caso de cantar-te-ei, ou a próclise, mas nunca a

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colocação em posição final, pois o pronome está associado à ação verbal

expressa pelo verbo principal; o auxiliar tem caráter de palavra

instrumental na locução verbal.

Subjuntivo

O Modo Subjuntivo expressa fato incerto, aspiração, possibilidade. As

formas do presente, nos verbos da 1ª conjugação, têm a terminação –e, -

es, -e, -emos, -eis, -em: cante, cantem, cante, cantemos, canteis,

cantem.

Como exprime uma aspiração, um desejo, algo do domínio do incerto, o

tempo presente pode não estar marcado, especialmente em correlação

com forma do indicativo; por exemplo, em espero que ele cante, a ação

de cantar não se dá no presente, é hipotética e só pode se verificar no

futuro.

As terminações da 2ª e da 3ª conjugações são –a, -as, -a, -amos, -ais, -

am.

O pretérito imperfeito do subjuntivo expressa uma ação posterior ou

simultânea à do verbo, de tempo passado, a que está correlacionado; por

exemplo: Duvidaram que eu terminasse o trabalho. O verbo

correlacionado pode estar no perfeito do indicativo, no imperfeito do

indicativo ou no futuro do pretérito.

As terminações do imperfeito são –sse, sses, sse, ssemos, -sseis, -ssem;

as formas são criadas a partir do tema do perfeito.

Embora não haja forma sintética, as gramáticas mencionam o perfeito e o

mais-que-perfeito do subjuntivo. São expressos por locuções verbais: o

perfeito exprime hipoteticamente fato acabado em correlação a outro

fato, passado ou futuro, como em É possível que tenham terminado o

trabalho. É formado pelo presente do subjuntivo do auxiliar ter (ou haver)

e o particípio do verbo principal.

O mais-que-perfeito é formado pelo imperfeito do subjuntivo do auxiliar

ter (ou haver) e o particípio do verbo principal; expressa fato hipotético

anterior a outro a ele correlacionado, como em Se tivessem lido o

romance, poderiam discutir o assunto com mais propriedade.

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O futuro do subjuntivo indica ação hipotética no futuro, posterior a outra

ação correlacionada, expressa no presente ou no futuro do presente,

como Leve o que quiser; ele levará o que quiser. Suas terminações são, a

partir do tema do perfeito (3ª pessoa), -r, -res, -r, -rmos, -rdes, -rem.

Imperativo

O imperativo expressa ordem, comando; assim, é tipicamente dirigido a

um interlocutor. Por isso tem formas específicas de 2ª pessoa: canta,

cantai; mente, menti; dorme, dormi; notem que são oxítonas as formas

da 2ª e da 3ª conjugação.

As demais formas são idênticas ao presente do subjuntivo;

semanticamente, a ordem propriamente dita é direta, a ordem indireta é

um desejo, uma aspiração.

Formas nominais

As formas nominais são o infinitivo, o gerúndio e o particípio.

I. Infinitivo – tido em nossas gramáticas como o ―nome‖ do verbo,

exprime a ideia da ação, a ação em potência. De regra, o infinitivo é uma

forma impessoal. De forte caráter nominal, não apresenta flexão de

pessoa quando impessoal. Se houver flexão de número, assumiu o

caráter de substantivo. Ex: É agradável passar as férias no campo. Fui

falar com ela quando a vi.

No entanto, não é raro o uso pessoal, com flexões, do infinitivo; é um dos

pontos mais complexos da gramática. As regras formuladas para dar

conta da flexão do infinitivo acabam por mostrar-se enganosas ou falhas.

O importante é notar que o infinitivo não flexionado será empregado

sempre quando a ênfase do sentido for na ação; a forma flexionada será

usada quando a ênfase do enunciado for sobre o agente, a pessoa.

De resto, cabe notar que o infinitivo não é flexionado quando em uma

locução verbal, ou quando anteposto a outro verbo, como em Nós vamos

ver a peça agora, ou todos devem fazer a prova.

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Será flexionado, por outro lado, quando houver sujeito expresso, como

em Ouvi dizer serem eles os responsáveis pela obra.

II. Gerúndio – o gerúndio representa o processo verbal em ação; assume

comumente as funções de advérbio e de adjetivo. Vi-o correndo. Chegou

com as mãos tremendo.

Em correlação com outras formas, o gerúndio indica ação simultânea,

como em Entrou na sala mascando chicletes.

III. Particípio – o particípio é muito usado nas formas compostas, como

vimos, a exemplo de tem estado, terá feito. Sem verbo auxiliar, exprime

o estado resultante de uma ação concluída, e assume muito

frequentemente a função de adjetivo, como em derrotados, os soldados

entregaram-se.

As irregularidades na conjugação

As irregularidades na conjugação de alguns verbos têm todas uma razão,

geralmente fonética. A perspectiva histórica explica muitas vezes porque

as formas não são regulares; é um estudo a parte, de grande extensão e

além de nossos objetivos para o momento.

Aponto agora algumas das irregularidades. Nos verbos terminados em –

azer, ou em –uzir, como Jazer, a 3ª pessoa do presente do indicativo não

termina com a vogal e (jaz); por outro lado, o imperativo admite

opcionalmente a forma com a vogal e: jaz tu/jaze tu.

Certos verbos terminados em –iar, nas formas em que o acento recai

sobre o radical, formam um ditongo ei no lugar da vogal i; é o caso de

odiar, que apresenta as formas odeio, odeias, odeia; odeie, odeies, odeie,

no presente do subjuntivo; odeia tu, odeie você, no imperativo.

Há verbos em –ir, a exemplo de ferir, em que há alternância vocálica no

radical, nas formas do tema do presente – presente do indicativo,

presente do subjuntivo, imperativo: firo, fira, fere tu, fira você.

Outro caso de alternância vocálica no radical é o de caber, em que,

também quando o acento recai sobre o radical, forma-se ditongo, como

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em caibo, no presente e nas formas dele derivadas, e coube, no perfeito

e nas formas dele derivadas.

Há alternância vocálica entre os temas do perfeito e do presente em

verbos como trazer: trouxe/trago. E, por fim, temos os verbos em que os

temas do perfeito e do presente são constituídos de radicais diferentes,

como em ir: vou/fui.

Enfim, há mais regularidade na conjugação dos verbos do que a

gramática por vezes faz parecer. Meus amigos, a categoria dos verbos é

muito importante, temos muito a estudar sobre o assunto. Voltaremos

aos verbos na nossa aula 4.

Sabemos todos que o adjetivo é a palavra que serve para caracterizar os

seres ou objetos designados pelos substantivo, indicando suas qualidades

(positivas ou negativas), suas características, seu estado.

Moça bonita

Sinal vermelho

Carro velho

Muitas vezes usamos de forma intercambiável nomes como substantivos

ou como adjetivos; a função assumida dependerá do contexto, como no

caso de Um caolho poeta cantou os corsários / Um poeta caolho cantou os

corsários; na primeira, caolho poderá ser substantivo, na segunda será

adjetivo. A posição terá muita influência na definição da função; o

importante é notar que o nome, enfim, é o mesmo.

Os adjetivos em sua maioria são derivados, morfologicamente, de

substantivos ou verbos, com sentido relacionado ao da palavra primitiva;

apenas alguns, que designam características palpáveis, são considerados

primitivamente adjetivos, como claro, longo, curto, escuro, amplo,

estreito, liso, triste, feliz, além das palavras que designam cores.

Por vezes, a função do adjetivo pode ser exercida por outra palavra ou

expressão; por exemplo, um substantivo pode, aposto ao substantivo

principal, caracterizá-lo: cama gaveta, peixe espada. A expressão

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composta de preposição + substantivo pode exercer a função de adjetivo,

como em caixa de música, sala de espelhos.

Também o advérbio precedido de preposição pode assumir o papel de

adjetivo, como em notícias de ontem, entrega para já.

Quanto à flexão, uma vez que o adjetivo refere-se a um substantivo,

assume o número e o gênero deste:

Céu azul campos abertos moças belas

O plural dos adjetivos compostos é formado com a flexão do último

elemento apenas, como em encontros luso-brasileiros, critérios

morfossintáticos, sessões etílico-lítero-musicais. Temos a exceção de

surdos-mudos. Da mesma forma quanto ao gênero, será flexionado o

último elemento: comissão nipo-brasileira, aventura romântico-burguesa.

Graus do adjetivo

Quando se estabelece uma comparação entre os seres e coisas

designadas com base na qualidade expressa pelos adjetivos, teremos

flexão de grau do adjetivo.

Os graus do adjetivo são o comparativo e o superlativo.

O comparativo só pode ser expresso de forma analítica, ou seja, por

locução: Carlos é mais inteligente do que Gilberto; Joaquim é tão calmo

quanto Clara; Este morro é menos íngreme que aquele.

O superlativo tem forma sintética: João é inteligentíssimo; o bolo está

saborosíssimo. A qualidade adquire um grau elevado. O superlativo,

notem, pode ser expresso analiticamente, com o uso de advérbio +

adjetivo: O bolo está muito saboroso; João é bastante inteligente.

A forma sintética do superlativo é arcaizante, é uma forma antiga; por

isso, alguns comparativos trazem inclusive o radical em forma latina:

sensibilíssimo, nobilíssimo, agradabilíssimo; infelicíssimo, tenacíssimo. O

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mesmo acontece com os superlativos em –érrimo, de cunho erudito:

acérrimo, nigérrimo ( de negro), paupérrimo (este de uso mais comum).

Associados primariamente a verbos, daí o nome da classe, os advérbios

podem, como vimos, intensificar a qualificação dada pelos adjetivos. Os

advérbios especificam circunstâncias da ação verbal.

Essas circunstâncias podem ser de modo, tempo, lugar, instrumento,

intensidade, etc, como Ele correu bem, ontem, na pista, com seus tênis

de corrida; correu muito bem. Vejam, nesta última expressão, que um

advérbio pode ligar-se a outro advérbio.

Notamos também, em nossos exemplos, que substantivos ou adjetivos,

precedidos de preposição, podem exercer a função de advérbio, como em

correu com tênis de corrida.

Vimos na aula passada que o advérbio pode ser um derivado sufixal, com

o sufixo –mente; cabe lembrar que, no emprego reiterado do advérbio, o

sufixo só precisa ser expresso no último elemento, como em: leu o papel

calma e demoradamente.

Da mesma forma que o adjetivo, o advérbio apresenta flexão de grau,

com o comparativo analítico, como em Felix agiu tão nobremente como os

outros, e o sintético, como em comeu pouquíssimo, agiu

nobilissimamente.

Cabe uma distinção importante, relacionada aos comparativos: temos os

adjetivos bom e mau, como em bom samaritano, ou mau olhado. O

comparativo destes adjetivos será melhor e pior, o mesmo aliás dos

advérbios bem e mal, como em Ele falou bem, embora mal vestido. Não

é incomum errar aqui, confundir adjetivo e advérbio.

Assim, o comparativo poderia ser ele falou melhor que o outro; o filme

era pior do que o de outro dia. Há advérbios, note-se, que não admitem a

flexão de grau, como hoje, aqui, lá, diariamente, frequentemente e

outros.

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Agora vamos estudar a importante classe dos Pronomes. Com ela,

iniciamos o estudo de classes de palavras instrumentais ou gramaticais.

Os pronomes associam-se ao nome, ou o substituem, no enunciado.

Notem que, em Aquele armário está cheio, o pronome ―aquele‖ está

associado ao armário, a determinar o nome; já na construção José não

veio à aula. Ele estava doente, o pronome pessoal substitui o substantivo

próprio José.

A gramática costuma distinguir os pronomes entre pessoais, os quais

incluem os chamados pronomes de tratamento, demonstrativos,

possessivos, interrogativos, relativos e indefinidos.

Pronomes pessoais

Vamos rever o quadro dos pronomes pessoais, que se referem às pessoas

do discurso, ou pessoas gramaticais.

pessoa Caso Reto Caso Oblíquo

sin

gula

r 1ª eu me, mim, comigo

2ª tu te, ti, contigo

3ª ele, ela o, a, lhe, se, si, consigo

plu

ral 1ª nós nos, conosco; nós

2ª vós vos, convosco

3ª eles, elas os, as, lhes; eles, elas

Sabemos todos, sem dúvida, que os pronomes do chamado caso reto

exercem função de sujeito, os do caso oblíquo função de objeto direto ou

indireto.

A forma comigo e semelhantes podem exercer função adverbial; notem

que são formas em que se incorporou ao vocábulo uma preposição, que

foi posteriormente reiterada. No nível morfológico, acontece o mesmo que

já vimos para os vocábulos – a anteposição de preposição pode mudar a

função do sintagma assim originado (chamado sintagma preposicionado).

Daí a função adverbial exercida por eles. Vejam como a preposição foi

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incorporada duas vezes ao pronome! Isso se sucedeu a partir da forma

latina me cum, ―comigo‖, com a preposição posposta.

Me cum > Mecum (aglutinação) > Migo

A partir daí, com a total assimilação da preposição, e perda de suas

características fonológicas, como a sonorização da consoante surda /c/,

parece que os falantes sentiram a necessidade de preposicionar o

vocábulo, por não sentirem mais a presença da preposição. A preposição

foi novamente assimilada ao vocábulo.

Com migo > comigo

Meus caros, isso não cairá na prova, mas explica a função diversa

assumida por esse pronome. Em Ele foi comigo ao restaurante, temos aí

expressa a função adverbial do pronome.

Quando colocados em posição imediatamente posterior a certas formas

verbais (ênclise), alguns pronomes sofrem alteração.

Essa alteração é de ordem fonética, ou seja, deve-se ao encontro dos

sons.

Por exemplo, depois de consoante nasal (m/n), as formas de 3ª pessoa

o/a, os/as nasalizam-se também, assumindo a forma –na, -no, -nas, -

nos, como em consideram-no, raptem-na, olhem-na.

A forma lo é a forma mais antiga do pronome oblíquo de 3ª pessoa, que

deu origem à forma o. No encontro com certos sons, no entanto, a

consoante l persistiu no pronome, com a eliminação da consoante do

verbo:

→ fiz-lo>fi-lo

→ pôs-lo>pô-lo

Já que falamos em colocação, boa hora para revermos este ponto:

Colocação do pronome oblíquo átono

O pronome oblíquo átono (são tônicos todos os oblíquos de função

adverbial comigo e assemelhados, além de mim, nós, eles/elas) pode, em

relação ao verbo, ocupar três posições: anterior, medial e posterior. Esta

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colocação é chamada Próclise (anterior), Mesóclise (medial) ou Ênclise

(posterior); ex:

Nada se perde, tudo se transforma

Tudo isso perder-se-á, temo eu

Não vá a senhora perder-se por aí.

Em termos estritamente formais, consideremos que o pronome

normalmente será enclítico, ou posterior.

Em português, o único caso de mesóclise, da colocação do pronome no

meio da palavra, é nas formas verbais do futuro do indicativo: Dir-te-ei, e

nunca *direi-te.

Sabemos já a razão, é morfológica, conforme vimos na última aula.

Porque essa forma é composta do verbo principal e do auxiliar haver.

Assim, direi < dir hei. O pronome na verdade é enclítico em relação ao

verbo principal.

Os casos de próclise serão os seguintes:

Com palavras (geralmente advérbios) de negação: Nunca me

disseste isso; Nem te conto!

Depois de pronome relativo e conjunção: Deixe que te digam tudo;

Esta é a cidade que os atrai/ Estarei a postos se me telefonarem;

Acreditou em tudo, porque lhe convinha.

Com advérbios, pronomes pessoais, demonstrativos, ou indefinidos

antecedendo o pronome: Aquilo o irritou; Nós te enviamos o

pacote; Aqui nos encontramos.

Não usar o pronome logo depois de pausa – marcada por

pontuação: Eles saíram da sala. Fizeram-me um favor.

A colocação do pronome átono oferece alguma dificuldade porque o

padrão culto distancia-se bastante da fala comum, por vezes.

A questão do pronome se

Vimos que uma forma de pronome pessoal do caso oblíquo de 3ª pessoa

é se. Esta palavra assume muitas funções em nossa língua. Não há razão,

no entanto, para confusão.

Se assume as funções de pronome reflexivo, de índice de indeterminação

do sujeito, e na formação da chamada voz passiva sintética; todas essas

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funções não são arbitrárias, há uma relação, isso é que é interessante

entender, entre todas elas. Para isso, transcrevo aqui a lição magistral do

eminente Evanildo Bechara; será um parêntese mais ou menos longo em

nossa aula, mas acredito que valha a pena.

Para compreender a relação entre os empregos de se, teremos de seguir

o percurso dos empregos da palavra; assim, segundo o douto gramático,

Se pode ser:

1) sujeito de infinitivo (com auxiliares causativos, mormente deixar):

Deixou-se ficar à janela.

2) objeto direto (com verbo transitivo direto na voz reflexiva):

Ele se feriu.

Eles se cumprimentam.

3)objeto indireto (com verbo transitivo indireto na voz reflexiva, ou com

verbo acompanhado de dois complementos):

Elas se correspondem freqüentemente.

Ele se arroga esta liberdade.

A construção reflexiva teve um destino importante em nossa língua; a evolução do

reflexivo passivo indeterminador foi traçada pelo filólogo patrício Martinez de

Aguiar:

"1.0 (CASO) Pronome reflexivo. - A função inicial e própria do pronome “se” é, como

em latim, a de reflexivo, isto é: faz refletir sobre o sujeito a ação que ele mesmo

praticou. Ex.: O homem cortou-se. Indica pois, ao mesmo tempo, atividade e

passividade. O homem cortou, mas foi cortado, pois a si próprio é que cortou. Se

penetrarmos bem na inteligência das diversas frases reflexivas, veremos que a

passividade chama mais a nossa atenção, impressiona mais a nossa sensibilidade

do que a atividade.

Quando temos notícia de que alguém se suicidou, o primeiro quadro que se nos

apresenta ao espírito é o do indivíduo pálido, inerte, sem vida.

Daí poder o pronome se vir a funcionar como:

2.0 (CASO) Pronome apassivador. - É o segundo estádio de evolução.

Sendo reflexivo, o pronome indica, como vimos, atividade e passividade, e esta nos

impressiona mais do que aquela, pelo que pode chegar a ser índice de passividade.

Ex.: Vendem-se casas. Fritam-se ovos.

3.0 (CASO) Pronome indeterminador do agente. - Como no segundo caso o agente

nunca foi expresso na linguagem comum, tendo-se tornado obsoleto o seu emprego

até na linguagem literária, o pronome “se” acabou por assumir a função de

indeterminador do agente. Ex.: Estuda-se. Dança-se. (...) ( (1) Notas o Estudos de

Português, 181-183. Na transcrição, adaptei a grafia do autor ao sistema oficial

vigente).

Pode ainda o pronome “se” juntar-se a verbos que indicam:

1)sentimento: indignar-se, ufanar-se, atrever-se, admirar-se, lembrar-se, esquecer-

se, orgulhar-se, arrepender-se, queixar-se.

2) movimento ou atitudes da pessoa em relação ao seu próprio corpo:

ir-se, partir-se, sentar-se, sorrir-se.

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No primeiro caso, não se percebendo mais o sentido reflexivo da construção,

considera-se o se como parte integrante do verbo, sem classificação especial.

No segundo, costumam os autores chamar ao se pronome de realce ou expletivo.3

Então, para resumir, interessante entender que a função reflexiva do pronome

se é primária, e daí derivam as outras; importa notar também que o sentido é

que determina a relação sintática. Vemos também admitido o chamado

―pronome integrante do verbo‖, na verdade uma derivação da forma reflexiva,

apenas o sentido reflexivo foi apagando-se da consciência dos falantes, mas

morfologicamente o se continua a ser pronome, não é parte da raiz nem das

desinências verbais.

Pronomes pessoais e pessoas do discurso

Os pronomes pessoais são índices na linguagem da situação de

comunicação: toda situação de comunicação verbal implica em um

emissor – a 1ª pessoa, e um destinatário – a 2ª pessoa; o objeto da

comunicação, ausente, exterior a emissor e receptor, será a 3ª pessoa.

Na norma culta estrita, temos bem marcadas as formas de 2º pessoa, o

que vem se perdendo, inclusive na norma culta falada: a concordância do

pronome você/vocês é feita com formas da 3ª pessoa, neutralizando a

distinção 2ª/3ª pessoa. As formas verbais de 2ª, como vestis, comes,

mantêm-se apenas em um uso marcadamente formal

Pronomes de tratamento

Em português, são usadas basicamente duas formas de tratamento:

você/vocês; senhor/es/senhora/as, este usado em contexto de menor

intimidade.

Existem várias outras formas, usadas em certas ocasiões de maior

formalidade, como na redação oficial:

Forma Para se dirigir a Abreviatura

Doutor Médicos e detentores do

grau universitário de doutor

Dr.

Vossa Excelência Altas autoridades do

governo

V. Ex.ª

Vossa Senhoria Pessoas de cerimônia V.S.ª

Vossa Reverendíssima Sacerdotes V. Revma

3 Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa, p. 255 ss.

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Vossa Magnificência Reitores de universidades V. Mag.ª

Vossa Eminência Cardeais V.Em.ª

Vossa Majestade Reis V.M.

Vossa Santidade Papas V.S.

O importante é perceber que as formas de tratamento, embora designem

a 2ª pessoa, levam o verbo para a 3ª pessoa:

O senhor está bem?

Vossa excelência fez um magnífico discurso.

Observe que isso se aplica a qualquer dos pronomes de tratamento, não

apenas aos mais formais:

- E você, vai ao baile?

- Vossa Excelência irá ao baile?

O registro adequado para escrever a altas autoridades é o formal, com

observância estrita dos pronomes de tratamento; a concordância será a

exposta acima. É importante notar que cada um dos pronomes tem uma

forma de 3ª pessoa, precedida por Sua em vez de Vossa. Observe:

- Vossa Eminência provará dos melhores pratos de nosso

humilde cardápio.

- Estou com fome, resmungou o cardeal.

----------

- Sua Eminência esteve aqui e saiu satisfeito.

Os pronomes de tratamento demonstram muito bem a importância do

contexto – indicam um papel social da pessoa a quem nos dirigimos.

Pronomes demonstrativos

Classe muito importante da língua, os demonstrativos têm um papel

relevante na organização do discurso, estão intimamente ligadas à coesão

textual, que estudaremos.

São demonstrativos:

1ª Este, Esta, Estes, Estas. Isto Aqui

2ª Esse, Essa, Esses, Essas. Isso Aí

3ª Aquele, Aquela, Aqueles, Aquelas. Aquilo Ali, Lá

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É importante atentar para a distinção de pessoa do demonstrativo; não é

bem um marcador de distância ou proximidade, como se costuma às

vezes descrever; relaciona o objeto de referência à pessoa do discurso.

Em este livro revelou-me fatos insuspeitos, o objeto livro está relacionado

ao emissor, à pessoa que fala; em esses casos devem ser estudados, o

objeto fica relacionado à segunda pessoa. Em Aquele é o filme de que

falava, o objeto fica deslocado para fora da esfera do emissor e do

destinatário, para a 3ª pessoa.

Os demonstrativos são fundamentais para estabelecer referências entre

termos e expressões do discurso. Também neste caso notaremos a

distinção entre as formas; por exemplo, para a remissão termos, teremos

que este recuperará o termo mais próximo, aquele o mais distante, por

exemplo: foram o Brasil e os Estados Unidos inicialmente colônias, este

da Inglaterra, aquele de Portugal. Neste caso, geralmente a oposição

entre as formas este/esse será neutralizada; assim, no caso de haver três

termos, recorre-se a outros expedientes para recuperar a referência,

como em Brasil, Argentina e Estados Unidos foram colônias, este da

Inglaterra, aquela da Espanha e (nós/aquele outro/o terceiro/nosso

país) de Portugal. Tal uso é preferível à distinção este/esse/aquele nestes

casos, que em todo caso não é incorreta.

Temos ainda o caso dos indicativos catafóricos e anafóricos, ou seja, que

apontam para frente ou para trás. Assim, este indica termo ou expressão

a ocorrer no texto, como, p. ex: em todo caso, esta é a verdade: nada há

de novo sob o sol. Ou, no caso da referência anafórica, a termo ou

expressão que ocorreu antes, no texto: Houve confusão anteontem na

firma? Isso ninguém me contou.

Demonstrativos que marcam o espaço são aqui, ali, lá, estes sim

marcadamente espaciais, relacionados também às pessoas do discurso.

Funcionam também como advérbios, como em Aconteceu ali o caso, de

forma que há quem os chame de advérbios pronominais.

Pronomes possessivos

Os pronomes possessivos acrescentam à noção gramatical uma ideia de

posse. São, de regra, pronomes que desempenham função de adjetivo,

equivalentes a um adjunto adnominal antecedido da preposição de (de

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mim, de ti, de nós, de vós, deles, de si), mas podem ser empregados

como pronomes substantivos:

Meu livro é este.

Este livro é o teu.

Você, sempre com as suas histórias!

Pronomes relativos

Os pronomes relativos estabelecem correlação entre um substantivo, ao

qual se refere, e o antecedente, e a oração que iniciam. Ex: Este é o

terno que vesti. Os relativos invariáveis são:

que quem onde

Os variáveis são: a qual/o qual/as quais/os quais

cujo/cuja/cujos/cujas

quanto/quanta/quantos/quantas

Que refere-se a coisas ou pessoas, quem apenas a pessoas; onde é usado

apenas para lugar, atenção ao uso indevido equivalente ao advérbio

quando: ―foi *onde eu falei pra ela...‖ e outros do mesmo naipe.

Onde indica lugar, como em onde

estará a solução? A forma aonde,

por sua vez, aglutina uma

preposição a, equivalente a para,

como na Toada, de Zeca Baleiro:

Aonde fores eu vou

Aonde flores eu fujo

Te dou meu poema sujo

que eu não sei fazer toada (...)

Quadro dos possessivos

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(=para onde fores eu vou...)

Cujo é um pronome a um tempo relativo e possessivo, estabelece uma

relação complexa. Por exemplo, Estas palavras cujo sentido me escapa é

um enunciado que poderíamos desdobrar em 1. O sentido destas palavras

me escapa e 2. Estas palavras; ora, vemos que a relação poderia ser

estabelecida por Estas palavras, das quais o sentido me escapa; de fato,

cujo é um relativo equivalente a da qual, de quem, de que. A sua função

sintática pode tornar-se mais complexa, pois pode ser antecedido de

preposição, o que possibilita construções como A casa de cujo telhado

saíram os pássaros. Enfim, há uma espécie de inversão do antecedente

com o uso de cujo, e fica mais difícil correlacionar os enunciados O

telhado da casa e os pássaros saíram do telhado, sem usar este

importante relativo.

Pronomes interrogativos

São chamados de interrogativos os pronomes que, quem, qual e quanto

empregados para formular uma pergunta, como no caso de: Que horas

são? A frase interrogativa não é necessária, podemos ter uma

interrogação indireta, como Queria saber que horas são.

Observem que os interrogativos que e quem são invariáveis, qual flexiona

em número (qual/quais), e quanto em gênero e número

(quanto/quanta/quantos/quantas).

Pronomes indefinidos

Os indefinidos concordam com a 3ª pessoa, e seu referente é

necessariamente vago e indeterminado. Há indefinidos variáveis e

invariáveis.

Variáveis invariáveis

Masc Fem

S P S P

algum Alguns Alguma algumas algo

Nenhum Nenhuns Nenhuma Nenhumas Ninguém

Todo Toda Todos Todas Tudo

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Outro Outros Outros Outras Outrem

Muito Muitos Muita Muitas Nada

Pouco Poucos Pouca Poucas Cada

vário Vários vária Várias Alguém

tanto tantos Tanta Tantas

Quanto Quantos Quanta Quantas

Qualquer Quaisquer 4

Os pronomes alguém, ninguém, outrem, algo e nada só desempenham

função de substantivo, e tudo frequentemente, embora assuma também

função de adjetivo, como em para que isso tudo?

Por outro lado, algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, vário, tanto e

quanto serão principalmente pronomes adjetivos, embora possam ocorrer

em função de substantivo, como em algum dos irmãos terá tido a idéia.

As preposições são vocábulos fortemente instrumentais, a que no entanto

podemos associar um sentido ―primitivo‖ relacionado a posição no espaço

e a movimento.

São geralmente consideradas preposições: a, ante, após, até, com,

contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.

Destacamos já que as preposições conectam vocábulos dentro de um

mesmo sintagma (expressão ou unidade de organização), como no caso

de casa de vidro, disse tudo a você, conto com eles.

Já mencionamos que a preposição possibilita a assunção de outras

funções pelo termo preposicionado, em sintagma nominal, como no caso

do substantivo vidro, no exemplo acima, que assume valor adjetivo.

Têm as preposições papel sintático relevante relacionado aos verbos que

exigem complemento preposicionado, com determinação da preposição de

4 Flexão apenas de número, invariável quanto ao gênero.

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acordo com o verbo. É o que se chama de regência verbal, ou mais

propriamente de regência de preposições:

ir a Paris, assistir a um filme

concordar com José, compactuar com isso

gostar de doce, duvidar de alguém

acreditar em lendas, morar em Poços de Caldas

Em sintaxe lidaremos muito com as preposições.

Outra classe de palavras de grande relevância para a sintaxe, as

conjunções criam relações entre sintagmas, e entre orações. De acordo

com a relação criada, serão chamadas de conjunções coordenativas e

subordinativas.

A relação de coordenação é uma relação de igualdade entre os termos,

como no caso de Mário e Maria estiveram aqui, em que os dois nomes

Mário e Maria são igualmente núcleos do sujeito. Notar que não houver

translação, ou mudança de função de um dos vocábulos. Isso diferencia

preposições e conjunções coordenativas.

As conjunções subordinativas estabelecem relação em que há um

elemento determinante e outro determinado, uma relação de

dependência. Ex: Voltarei logo pois estou com pressa.

Conjunções coordenativas

A gramática enumera os seguintes tipos de conjunções coordenativas: as

aditivas, que correlacionam duas orações, como em Estive aqui e

lembrei-me de você. As adversativas, que estabelecem oposição,

contraste entre suas orações: Vejo a televisão mas não me interesso.

Quero ir a Londres, no entanto faltam-me os meios.

As alternativas, por sua vez, exprimem ideias alternativas, excludentes,

como em Ou vai por bem, ou vai por mal. Já as conclusivas exprimem

uma conclusão em relação à antecedente, como em Somos todos mortais,

portanto você também o é. Por fim, as explicativas, como o nome já diz,

introduzem explicação relativa à oração antecedente, como em Quero

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dormir, pois tenho dormido pouco ultimamente; o jantar sai cedo, já que

todos têm fome.

Conjunções subordinativas

As relações de subordinação e suas conjunções são divididas nas

seguintes categorias:

Causais: a oração que expressa uma causa, introduzida por conjunções

como porque, pois, porquanto, como, pois que, uma vez que, visto que

etc. Ex: A noite está quieta, já que todos estão dormindo.

Comparativas: a oração estabelece uma comparação, introduzida pelas

conjunções (mais do) que, tal...qual, como, assim como, bem como; é o

caso de Caía a tarde feito um viaduto; Eu, assim como você, detesto

essa música.

Concessivas: introduz uma ressalva, uma concessão, por meio de

conjunções como embora, ainda que, mesmo que, conquanto, desde que;

vejamos em Será bonito, mesmo que demore. Note que a ressalva

implica numa suposição, num futuro hipotético, donde algumas delas

exigem o uso do subjuntivo: Embora não ache certo, farei; Ainda que

demore dez anos, chegarei lá.

Condicionais: expressam condição em relação à oração principal, com as

conjunções se, caso, desde que, contanto que etc. Ex: Se eu for, espero

encontra-lo. Note o necessário emprego do subjuntivo com caso: Caso eu

vá, espero encontra-lo.

Conformativas: expressam uma relação de conformidade, mediante o

uso de conjunções como conforme, segundo, como, consoante etc.

Vejamos exemplos: Esta construção não se usa, de acordo com as

regras vigentes.

Consecutivas: introduzem uma ideia de consequência, com o uso de

conjunções como que, precedido por tanto, tal, tão na oração

antecedente; Correu tanto que sumiu.

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Finais: apresentam uma ideia de finalidade, mediante as conjunções

para, para que, a fim de, de forma que; assim, p. ex., em Apareceu para filar o almoço.

Proporcionais: correlaciona uma oração a outra de forma proporcional, por meio de conjunções como enquanto, à proporção que, à medida que;

é o caso de a produtividade será recompensada à medida que os resultados forem aparecendo.

Temporais: indica tempo da ação em relação à principal, com o uso de

quando, enquanto, antes que, depois que, etc. Ex: Assim que pôde, voltou para o Recife.

Integrante: será a conjunção a introduzir oração subordinada

substantiva: que ou se.

As conjunções e as relações de subordinação e coordenação serão novamente estudadas quando virmos a sintaxe, o que será ainda nesta

aula.

Artigos e numerais

Os artigos serão definidos e indefinidos. Estes qualificam os seres e coisas ainda não conhecidos ou bem determinados; aqueles aplicam-se aos

nomes já conhecidos. Ex: O típico americano é um caipira megalômano.

definidos indefinidos

Sing. Plural Singular Plural

M O os um Uns

F a As Uma umas

Note como a forma do indefinido já antecipa os numerais, palavra

também fortemente instrumental para designar quantidades, tanto na

ordem direta quanto na ordem cardinal. O numeral pode exercer

tranquilamente a função de adjetivo, e mesmo de substantivo; ambas são

impossíveis para o artigo. A concordância e determinação de gênero e

número são muito importantes no artigo.

Aliás, notem que, quanto à concordância, observemos a forma os

meninos pescam, no plural. Se escrevermos uns menino pesca, teremos

um erro gritante de concordância, mas saberemos que o número é plural.

Agora, se dissermos *um meninos pesca, por exemplo, aí temos um

enunciado totalmente ininteligível; nenhum falante da nossa língua irá

considera-lo. Sinal de que a marca de gênero está primordialmente no

artigo.

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A interjeição é um fenômeno sintático, ou por outra é o ―ele perdido‖

entre a morfologia e a sintaxe; é uma palavra que muitas vezes não tem

distinguíveis elementos morfológicos em sua formação, e adquire um

papel sintático de frase. É o caso de Cuidado! - Upa! – Ai! – Meu Deus!.

Geralmente também está associada a uma entonação, na fala; na escrita,

por esse motivo é comum o uso de ponto de exclamação.

Bem, meus amigos, com isso encerramos nosso estudo das classes de

palavras. Vamos resolver alguns exercícios?

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Questões Comentadas

6) ESAF - SUSEP – 2010

5

Nos países em geral, economistas, políticos e o

noticiário gostam é de índices sobre macroeconomia,

números abstratos que indicam a situação geral da

economia, mas não revelam o que se passa em seu

interior. A internet, por exemplo, apareceu em grande

escala em 1992, e o mundo se deu conta da revolução

que ela fizera nos negócios, na cultura e na vida das

pessoas 10 anos depois.

(Antônio Machado, Mundo invisível. Correio Braziliense, 14 de

fevereiro de2010, com adaptações)

No texto acima, provoca-se erro gramatical ou incoerência na

argumentação do texto ao

a) inserir os antes de ―economistas‖(ℓ.1) e de ―políticos‖(ℓ.1).

b) retirar ―é‖(ℓ.2).

c) retirar o pronome ―o‖, do termo ―o que‖(ℓ.4).

d) substituir ―fizera‖(ℓ.7) por havia feito.

e) inserir apenas depois de ―pessoas‖(ℓ.8).

__________

Comentários

Uma questão em que são sugeridas formas de reescritura do texto, e

precisamos encontrar aquela que provoca erro gramatical ou incoerência.

Importante aqui trabalhar com as funções das classes de palavras. A

introdução do artigo definido antes de ―economistas‖ e ―políticos‖ não

leva a erro. O ―é‖, em economistas, políticos e o noticiário gostam é de

índices sobre... é meramente enfático, e pode ser retirado sem prejuízo.

Por outro lado, suprimir o pronome o em mas não revelam o que se passa

em seu interior causa um problema, pois o pronome é a referência para a

oração seguinte (o/aquilo/a coisa que se passa em seu interior), e sua

exclusão torna o texto incoerente. Pelo visto, essa é nossa alternativa.

A locução ―havia feito‖ é a forma analítica do mais que perfeito ―fizera‖,

são intercambiáveis; inserir mais um advérbio, apenas, em ―revolução

que ela fizera nos negócios, na cultura e na vida das pessoas apenas 10

anos depois‖ tem o efeito de intensificar a idéia de que certas realidades

não são percebidas facilmente pelos observadores.

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Gabarito:C

7) (ESAF – SUSEP -2010) - Assinale a opção que completa corretamente

a sequência de lacunas no texto abaixo.

O que aconteceria no mundo ___(1)___, num determinado período, nada,

nem pessoas, nem patrimônios, nem atividades econômicas tivessem a

cobertura de uma apólice de seguro? Se isso ___(2)____, os aviões não

levantariam vôo, os navios não deixariam os portos e o transporte de

pessoas não funcionaria ___(3)___falta de proteção da sua vida. Milhares

de atendimentos médico-hospitalares deixariam de ser feitos sem seguro

saúde. Milhares de veículos provavelmente não circulariam ____(4)____

seus proprietários não correriam o risco de acidentes sem o seguro de

automóveis. Consequentemente, milhares de oficinas e seus empregados

não teriam trabalho e poucos carros novos seriam vendidos. As grandes

indústrias parariam de produzir porque os empresários, certamente, não

iriam admitir que seus investimentos e empregados ficassem expostos

____(5)____ riscos de trabalhar sem a proteção do seguro.

(Discurso de João Elisio Ferraz de Campos no Senado. ViverSeguro,

http:// www.fenaseg.org.br acesso: 11/02/2010)

1 2 3 4 5

a) Se Acontecer Por Pois Em

b) caso Acontecer devido à por que A

c) Onde Acontecesse em relação a Pois A

d) Se Acontecesse Pela porque Aos

e) Caso Aconteceria devido à porque Em

__________

Comentários:

Questão interessante, em que temos de confrontar o contexto das

lacunas, no texto de base, com as possibilidades oferecidas pelas

alternativas.

Na primeira lacuna, poderíamos usar ―se‖, e ―caso‖; podemos excluir o

relativo ―onde‖, que indica lugar. Este seria admissível apenas se a

construção fosse ―em um mundo onde...‖. Assim, excluímos até o

momento a alternativa c. A seguir, teremos a forma verbal ―acontecesse‖

e ―acontecer‖, as únicas que estabelecem correlação correta com as

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formas verbais seguintes do período, levantariam, deixariam e

funcionaria. Estão todas no futuro do pretérito do indicativo, e o tempo

verbal tem de ser anterior, pois a condição expressa pela frase iniciada

por Se antecede os eventos descritos pelos verbos no futuro do pretérito.

Assim, aconteceria, também forma do futuro do pretérito, não pode ser

admitido, por denotar evento simultâneo aos demais. Eliminamos assim a

alternativa e.

Na lacuna 3, a relação entre as idéias é de explicação, temos que o

transporte de pessoas não funcionaria por, devido à, ou pela (por +a)

falta de proteção da sua vida; incabível ―em relação a‖, que introduz uma

idéia restritiva. Restam-nos ainda as alternativas a, b e d.

Examinando a lacuna 4, vejam que podemos eliminar a alternativa b, pois

o ―porque‖ explicativo é grafado assim, junto, com valor aliás equivalente

a ―pois‖. Restam então a e d. Vamos à última lacuna. Vamos preenche-la

lembrando da regência de expor, que pede a preposição a, como em

―ficar exposto ao sol‖, ―expôs-se a críticas de todo lado‖. Com o artigo

definido plural, temos aos na alternativa d, podemos descartar a a, que

traz a preposição em, inaplicável no caso.

Notem que não houve atalhos nesta questão, foi necessário examinar

todas as alternativas propostas. Questão trabalhosa, mas não muito

complexa.

Gabarito: D

8) ESAF – SUSEP -2010

Assinale a opção que corresponde a erro gramatical inserido no texto.

O etanol ainda está longe de ter um mercado global. Apresentado desde

o(1) início da década como a grande solução energética para o mundo,

para substituir uma fonte não renovável (o petróleo) e reduzir a

emissão(2) de poluentes, o etanol ainda não conquistou os fabricantes de

veículos e os consumidores do mundo inteiro. Falta uma padronização

internacional para transformar-lhe(3) em uma commodity facilmente

comercializável nos diferentes mercados e ainda persistem barreiras

protecionistas em muitos países. Nos EUA, por exemplo, há uma tarifa de

importação de US$ 0,54 por galão. Para entrar na União Europeia, o

etanol brasileiro paga 19 centavos de euro por litro.

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É grande o potencial de mercado para o etanol brasileiro nos EUA. Na

União Europeia, o potencial é menor, pois lá(4) o programa energético

prevê a utilização de 10% de combustíveis renováveis no consumo total

em 2020. Cálculos da União da Indústria da Cana-de-Açúcar — Única

indicam que isso resultaria na demanda de 14 bilhões de litros de etanol

por ano (outra parte seria atendida(5) por biodiesel).

(O Estado de S. Paulo, Editorial, 18/02/2010, com adaptações)

a) 1

b) 2

c) 3

d) 4

e) 5

__________

Comentários

Nesta questão, precisamos ver se há erro nos vocábulos e expressões

destacadas. Uma leitura atenta revela o erro no uso pronome oblíquo na

construção 3; para uso do pronome de 3ª pessoa como objeto direto do

verbo ―transformar‖, equivalente a transformar o etanol, seria

transformá-lo, em que a forma o é substituída pela forma arcaica lo por

razões fônicas, e o infinitivo perde pedaço de sua desinência.

A forma lhe pode ser usada apenas como objeto indireto, como em

contavam-lhe estórias sem fim >> contavam estórias sem fim para ele.

Gabarito: C

9) ESAF – CVM -2010

A partir do artigo ―Olhando o futuro‖, de José Márcio Camargo, publicado

em IstoÉ 2077, de 2/9/2009 foram construídos pares de fragmentos que

compõem as opções abaixo. Assinale a opção em que a transformação

dos períodos sintáticos em apenas um período, no segundo termo de cada

par, resulta em incoerência ou erro gramatical.

a) A economia mundial começa a dar sinais de recuperação. São sinais

ainda tênues que podem estar sugerindo que a economia chegou ao

fundo do poço. Mas muitos dos problemas que originaram a crise

continuam preocupando.

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A economia mundial começa a dar sinais de recuperação, embora são

sinais ainda tênues, que podem estar sugerindo que a economia chegou

ao fundo do poço, porém muitos dos problemas que originaram a crise

continuam preocupando.

b) O colapso do final de 2008 e início de 2009 adicionou novas mazelas.

Houve redução do comércio internacional, aumento da taxa de

desemprego e queda dos rendimentos reais ao redor do mundo.

O colapso do final de 2008 e início de 2009 adicionou novas mazelas,

como redução do comércio internacional, aumento da taxa de

desemprego e queda dos rendimentos reais ao redor do mundo.

c) A pergunta é quanto da retomada da economia depende dos estímulos

fiscais e quanto é sustentável sem eles. Por quanto tempo os bancos

centrais e os governos ainda poderão manter estes estímulos sem gerar

pressões inflacionárias?

Pergunta-se quanto da retomada da economia depende dos estímulos

fiscais e quanto é sustentável sem eles e, ainda, por quanto tempo os

bancos centrais e os governos poderão manter estes estímulos sem gerar

pressões inflacionárias.

d) Ainda que a pior crise pareça estar para trás, os possíveis cenários

para os próximos meses são variados, com enorme incerteza. Não

podemos descartar cenários de estagnação, assim como cenários mais

otimistas, com crescimento forte.

Ainda que a pior crise pareça estar para trás, os possíveis cenários para

os próximos meses são variados, com enorme incerteza, pois não

podemos descartar cenários de estagnação, assim como cenários mais

otimistas, com crescimento forte.

e) O cenário mais provável parece ser de crescimento relativamente

baixo, devido à baixa oferta e demanda de crédito, ao aumento do

desemprego e à queda da renda real. Isso deverá reduzir a taxa de

crescimento do consumo nos próximos anos.

O cenário mais provável parece ser de crescimento relativamente

pequeno, devido à baixa oferta e demanda de crédito, ao aumento do

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desemprego e à queda da renda real, o que deverá reduzir a taxa de

crescimento do consumo nos próximos anos.

______________

Comentários:

Meus amigos, à primeira vista uma questão trabalhosa, quanto texto a

ser lido! Comparar cada um dos parágrafos, em que o examinador

―emenda‖ em um período composto as frases e períodos do texto de

base, para procurar erro ou incoerência, que leitura demorada, não?

Não, meus caros, a solução se nos é oferecida (esperei até aqui para

poder usar essa construção!) logo no início, vejam logo ali na alternativa

a, temos o trecho embora são sinais ainda tênues. Pacientes alunos,

ganhamos um presente, devemos ter a generosidade de aceitá-lo, com

um sorriso no rosto, e, se não ganhamos o dia, ganhamos certamente a

questão! Ora, com a conjunção concessiva embora, que exprime uma

ressalva, a correlação verbal correta seria com a forma verbal do

subjuntivo, embora sejam sinais ainda tênues. Encontramos um erro

gramatical logo no início!

A concessão, a ressalva expressa tem algo de hipotético, daí o uso da

forma do subjuntivo; vejam:

Quero a liberdade, ainda que chegue assim tão tarde.

Fui ao cinema, embora estivesse com sono.

Notamos com um exame rápido que as demais alternativas estão

corretas.

Gabarito: A

10) ESAF – CGU – 2006 –

Leia o texto abaixo para resolver a questão

5

10

O ser humano não pode ser definido em relação a ele mesmo, porque não é um sujeito isolado, vive em

relação com as coisas, com os outros e com o mundo, mesmo antes de pensar e de falar. Esta presença não

é somente observável como também um fato vivido, isto é, quer dizer que o ser humano se manifesta no

ser a cada instante. Nessa responsabilidade, inclui, às vezes, o eu e, às

vezes, o outro, num equilíbrio que se faz de uma parte entre poder cuidar de si mesmo e, de outra, poder

cuidar dos demais.

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15

Através dessa construção coletiva, os homens fazem

e criam sua historia e, nessa construção-criação, o cuidado torna-se um processo, não apenas um ato.

Ato este que envolve o cuidar de si e do outro, mais

o cuidado como possibilidade de continuidade da espécie, gozar a vida com qualidade e com liberdade.

(Adaptado de Carlos Altemir Schmitt, O cuidado e a responsabilidade: reflexão sobre a ética estabelecida no mundo

do consumo desmedido, www.crescer.org)

Assinale o termo sublinhado do texto que apresenta ambivalência, ou seja, para conferir coerência ao texto, tanto pode receber a interpretação

de substantivação do verbo quanto a interpretação de substantivo concreto.

a) ―ser‖(l.1)

b) ―pensar‖(l.4) c) ―ser‖(l.7)

d) ―cuidar‖(l.10)

e) ―cuidar‖ (l.15) ______________

Comentários:

Se o enunciado provoca dúvidas, vamos entender que esta é uma questão relativamente simples. Aqui, ambivalência não é ambigüidade, ou seja, o

duplo sentido; aqui, o examinador nos pede para identificar a palavra que pode ser considerada, no contexto, tanto como verbo em forma nominal

quanto nome simplesmente. Vejamos cada uma das palavras destacadas.

A primeira, em o ser humano, tem o valor nítido de substantivo, pode ser substituído por nomes como o ente, a pessoa. A anteposição de artigo

também confirma o caráter nominal da palavra. A seguir, temos pensar, em ―antes de pensar e de falar‖, aqui temos a forma verbal do infinitivo,

não há ambivalência, veja que em paralelo temos outro infinitivo, falar.

Teremos uma palavra que pode ser tomada como forma nominal do verbo

e ao mesmo tempo como substantivo em ―o ser humano se manifesta no ser a cada instante‖, em que a palavra assinalada pode ser entendida

como verbo se lermos – manifesta-se na ação de ser, manifesta-se sendo, durante o processo de ser. Por outro lado, a presença do artigo

sugere a possibilidade de substantivo, se entendermos que o ser humano se manifesta enquanto um ser, uma criatura – meu Deus, meus amigos,

que frase filosófica!! Quem diria que chegamos até aqui para estudar metafísica? Mas notem, pudemos até substituir a palavra ser por um

outro substantivo, sinal claro de que tem também esse caráter, é ambivalente portanto no contexto essa ocorrência da palavra ser no

texto.

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Vejam que cuidar, na linha 11, é forma nominal do verbo, nitidamente,

parte de locução verbal com duas formas de infinitivo (poder cuidar); mas abaixo, será substantivo, como objeto do verbo envolve, e este caráter

está marcado pelo artigo (o cuidar).

Gabarito: C

11). VUNESP – CRF - 2009

Considere as frases:

I. A atendente da loja pediu para mim esperar alguns minutos.

II. Os problemas da sociedade têm de ser resolvidos por mim e por

você.

III. Entre mim e ele há fortes laços de amizade.

Os pronomes em destaque estão corretamente empregados em

a) I, apenas.

b) II, apenas.

c) I e III, apenas.

d) II e III, apenas.

e) I, II e III.

_________

Comentários:

Questão relativa à função sintática dos pronomes do caso oblíquo e do

caso reto. Notem que nunca o pronome do caso oblíquo terá função de

sujeito; o papel de sujeito será sempre exercido por pronome do caso

reto. A função de complemento, ou de adjunto, pode ser exercida por

pronome oblíquo, ou por pronome do caso reto, desde que

preposicionado.

Notem que, em I, temos pronome do caso oblíquo com função de sujeito

de ―esperar‖ (para eu esperar alguns minutos = para que eu esperasse

alguns minutos). Não está correto. Em II, temos os pronomes

preposicionados, na função de agente da passiva, com o pronome de 2ª

você preposicionado. Note que a forma você não possui correspondente

oblíquo, como tu – te – a ti; simplesmente é preposicionado – Você me

deu um presente – Dei um presente a você. Em III, temos oração

impessoal, sem sujeito portanto, e a expressão entre mim e ele tem

caráter adverbial.

Gabarito: D

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12) VUNESP - Analista Judiciário - 2009

A forma de tratamento empregada está correta em:

a) Senhor Presidente da República: se Sua Excelência assim o desejar,

convocaremos outra reunião.

b) Atendendo a despacho de S. Ex.a, o Meritíssimo Juiz da 2a Vara Cível

desta Comarca, anexamos a certidão ao processo.

c) Propusemos a V. S.a, o Governador, adiamento da audiência com

membros do Sindicato.

d) De ordem de V. Em.a, o novo Senhor Ministro, convidamos todos os

funcionários para a solenidade de posse da diretoria do Conselho Nacional

de Obras.

e) Senhor Chefe de Seção: encaminhamos à consideração de Vossa

Excelência pedido para entrar em gozo de férias.

_________

Comentários:

Sabemos já que o emprego correto do possessivo nos pronomes de

tratamento é Vossa, quando nos dirigimos à pessoa (2ª pessoa), e Sua

quando falamos da pessoa (3ª pessoa); notem que, em e, temos

emprego do pronome incorreto, pois ao chefe de seção bastaria Vossa

Senhoria.

Gabarito: B

13) VUNESP – Pref. Sorocaba - 2012.

BRASÍLIA - A caminho da Folha, parei ontem em frente à rodoviária de

Brasília. Enquanto o semáforo não abria, vi no carro da frente uma

mulher arremessar pela janela a embalagem amassada de uma bala ou

barra de chocolate. No rádio, o locutor martelava com ufanismo que o

Brasil termina este ano como a 6.ª maior economia do mundo.

É chato ser estraga-prazeres quando há uma notícia boa, mas

jornalistas somos assim mesmo. O menor problema do Brasil é se sua

economia passará a do Reino Unido, como a mídia britânica noticiou. Um

defeito grave por aqui continua sendo a falta de valores civilizatórios - e

nenhum sinal de melhora desse cenário no médio prazo.

Basta refletir a respeito da situação descrita: apesar do "PIBão", há

hoje menos pessoas jogando papel na rua do que havia nos anos 90?

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Segundo o vaticínio do ministro da Fazenda, só daqui a 10 ou 20

anos o brasileiro terá o mesmo padrão de vida do europeu. E quanto

tempo passará até as pessoas se tornarem mais educadas e civilizadas

em público?

Na sua tradicional edição especial dupla de final de ano, a revista

britânica "The Economist" traz uma reportagem longa sobre o Brasil.

Título: "The servant problem". Em tradução livre, "o problema das

empregadas". Trata da dificuldade atual da elite brasileira para encontrar

uma funcionária que tire os pratos da mesa, lave a louça e as roupas.

"Na virada do século 21, o Brasil tem grandes similaridades com o

Reino Unido de 1880", escreve a revista. Aqui, como lá há 130 anos, a

elite reage e fica mal-humorada.

O Brasil, aponta a "Economist", tem mansões sem água quente na

pia da cozinha, mas alguns paulistanos usam helicópteros e não possuem

máquina de lavar louça.

Pelo slogan da presidência, "país rico é país sem pobreza". Rico o

Brasil até já é. Faltam valores e bom costumes. E não apenas para quem

é pobre.

(Folha de S.Paulo, 28.12.2011. Adaptado)

Analise as afirmações.

I. Na oração - ... parei ontem em frente à rodoviária de Brasília. - (1.º

parágrafo), o advérbio em destaque é indicativo de tempo passado.

II. Na oração - ... o Brasil termina este ano como a 6.ª maior economia

do mundo. - (1.º parágrafo), a expressão em destaque está empregada

com valor adverbial, indicativa de lugar.

III. Na oração - Um defeito grave por aqui continua sendo a falta de

valores civilizatórios... - (2.º parágrafo), o advérbio em destaque refere-

se à cidade de Brasília.

Está correto o que se afirma em

a) I, apenas.

b) II, apenas.

c) I e III, apenas.

d) II e III, apenas.

e) I, II e III.

_________

Comentários:

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Meus caros, uma questão simples, sobre classes de palavras que

assumem função de advérbio, e advérbios que assumem outras funções;

é claro que em I ontem é advérbio de tempo, e de tempo passado. Em II,

não temos advérbio, pois do mundo é parte da expressão comparativa

(adjetiva) maior do mundo, adjuntos do núcleo nominal economia. Em

III, o advérbio refere-se ao Brasil em geral, como se depreende do texto,

que trata das condições econômicas, sociais e culturais do Brasil.

Gabarito: A

VUNESP – TJ/SP - 2010.

Texto para as questões 14 e 15:

Sobre os perigos da leitura

Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui

designado presidente da comissão encarregada da seleção dos candidatos

ao doutoramento, o que é um sofrimento. Dizer esse entra, esse não entra

é uma responsabilidade dolorida da qual não se sai sem sentimentos de

culpa. Como, em 20 minutos de conversa, decidir sobre a vida de uma

pessoa amedrontada? Mas não havia alternativas. Essa era a regra.

Os candidatos amontoavam-se no corredor recordando o que

haviam lido da imensa lista de livros cuja leitura era exigida. Aí tive uma

ideia que julguei brilhante. Combinei com os meus colegas que faríamos a

todos os candidatos uma única pergunta, a mesma pergunta. Assim,

quando o candidato entrava trêmulo e se esforçando por parecer

confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de todas: ―Fale-nos

sobre aquilo que você gostaria de falar!‖. [...]

A reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada.

Aconteceu o oposto: pânico. Foi como se esse campo, aquilo sobre o que

eles gostariam de falar, lhes fosse totalmente desconhecido, um vazio

imenso. Papaguear os pensamentos dos outros, tudo bem. Para isso, eles

haviam sido treinados durante toda a sua carreira escolar, a partir da

infância. Mas falar sobre os próprios pensamentos – ah, isso não lhes

tinha sido ensinado!

Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém

pudesse se interessar por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia

passado pela cabeça que os seus pensamentos pudessem ser

importantes.

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(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado)

----------------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------

14) Assinale a alternativa que apresenta a mesma estrutura verbal de voz

reflexiva empregada na frase - Os candidatos amontoavam-se no corredor.

a) Concebeu-se, assim, uma nova forma de viver.

b) Foi assim que o prédio se construiu.

c) Os candidatos não sabiam se estavam preparados.

d) Diante do frio, procuraram todos agasalhar-se.

e) Os campos aravam-se com instrumentos primitivos.

_________

Comentários:

Questão interessante, sobre a voz reflexiva e o uso do pronome se.

Sabemos que a voz reflexiva emprega-se quando o sujeito e o objeto são

a mesma pessoa. Aqui, temos de distinguir voz reflexiva de voz passiva

sintética e de orações com sujeito indeterminado, em que se marca a

indeterminação do sujeito.

Em a, temos sujeito indeterminado (alguém concebeu...). Em b, temos

voz passiva sintética; não se imagine que o prédio construiu a si mesmo –

só assim poderíamos admitir a voz reflexiva. Em c, aí o uso de se é

diverso, temos conjunção, que introduz no caso oração objetiva. Em d,

temos a legítima voz reflexiva, aqui sujeito e objeto são mesma pessoa –

é a nossa alternativa. Em e, inconcebível a voz reflexiva, pois os campos

não se aram a si mesmos, temos aí a passiva sintética.

Gabarito: D

15) Assinale a alternativa que preenche adequadamente e de acordo com

a norma culta a lacuna da frase:

Quando um candidato ________________ trêmulo eu lhe faria a pergunta mais

deliciosa de todas.

a) entrasse

b) entraria

c) entrava

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d) entrar

e) entrou

_________

Comentários:

Atenção aqui à correlação verbal, tópico que estudaremos mais adiante -

notem que o período foi alterado, em relação a como aparecia no original.

Vejam que o período é introduzido por quando, o que já exclui entraria,

admissível apenas se tivéssemos oração interrogativa. A correlação deve

ser feita com o verbo faria, logo adiante; a ação designada pela lacuna é

imediatamente anterior ou simultânea ao futuro do pretérito faria. Ora, a

correlação com o perfeito entrou seria o perfeito fiz; com o infinitivo

entrar o futuro do presente farei; com o imperfeito entrava o imperfeito

fazia. Assim, em a temos uma correlação correta, com o imperfeito do

subjuntivo entrasse correlacionado ao futuro do pretérito.

Gabarito: A

FMP – TJ/AC -2010 Leia o texto abaixo para responder às questões 16 e 17

NORMOSE

1 Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado

o fundador da

ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito

_______________: ele disse que o ser humano está sofrendo de

normose, a doença de ser normal. Todo mundo quer se encaixar num

padrão. Só que o padrão _____________ não é exatamente fácil de

alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-

sucedido. Quem não se "normaliza" acaba adoecendo. A angústia de não

ser o que os outros esperam de nós gera ____________, depressões,

síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento. A

pergunta a ser feita é: quem espera o que de nós? Quem são esses

ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder

sobre nossas vidas?

2 Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo

que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade

abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento

amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do

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mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. Melhor se preocupar em

ser você mesmo.

3 A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a autodepreciação e

a ânsia de

querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato?

Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão

chegar?

4 Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de

exigências fictícias. Um pouco de autoestima basta. Pense nas pessoas

que você mais admira: não são as que seguem todas as regras

bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e

arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu

"normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram

adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não adianta querer

tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida

fraudulenta faz sofrer demais.

5 Eu não sou filiada, seguidora, fiel, ou discípula de nenhuma religião ou

crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover

obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra,

simples e sincera. Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando

erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser

bem mais autênticos e felizes.

Martha Medeiros

05.08.07 - Jornal Zero Hora - Porto Alegre - RS

16 - Considere as lacunas no primeiro parágrafo do texto e escolha as

palavras que as preenchem adequada e respectivamente:

(A) procedente – propalado – bolimias

(B) precedente – propalado – bulimias

(C) procedente – propagado – bulimias

(D) procedente – propagado – bolimias

(E) precedente – propagado – bolimias

___________

Comentários:

Temos uma pergunta em que temos de preencher lacunas no texto. Com

isso, vamos rever problemas de ortografia. Na primeira lacuna, devemos

decidir entre as opções procedente/precedente. Ora, a palavra

apropriada, bem empregada, é uma palavra procedente. Essa é a opção

correta. Precedente tem o sentido de antecedente.

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A segunda lacuna traz as opções propalado e propagado. Interessante,

porque ambas as palavras poderiam ser usadas no contexto, com o

sentido primário de ―divulgado, comentado‖, e a conotação de ―aquilo que

é aceito por todos.‖ E agora, qual escolher?

Escolheremos a alternativa correta apenas com o auxílio da última

variante proposta, que é bolimias/bulimias; ora, o primeiro vocábulo não

existe no nosso idioma, e o segundo designa o distúrbio alimentar que

aflige tantas modelos e outras vítimas dos padrões de beleza. Então, a

única alternativa que combina procedente e bulimias é a c; com ela,

escolhemos a forma propagado, embora pudéssemos também ter

escolhido propalado.

Gabarito: c

17. - No início do segundo parágrafo, a autora enumera substantivos próprios com

o objetivo de:

(A) indicar com certeza quem são as pessoas que batem à nossa porta.

(B) citar conhecidos seus que ela quer destacar.

(C) indicar que qualquer pessoa pode bater à nossa porta todo dia.

(D) indicar que ninguém desconhecido bate à nossa porta.

(E) usar nomes aleatoriamente para se referir a qualquer pessoa.

___________

Comentários:

Temos, no texto, a passagem: ―A pergunta a ser feita é: quem espera o

que de nós? Quem são esses ditadores de comportamento a quem

estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?

2 Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo

que você seja assim ou assado.‖

A questão se refere aos nomes próprios destacados e qual sua função no

texto. Bem, parece claro que os nomes grifados têm o sentido equivalente

a ―ninguém bate à sua porta exigindo...‖. Agora, notemos que a redação

é um pouco capciosa.

Vejam que o objetivo do uso dos pronomes não é indicar – ―ninguém bate

à nossa porta‖, em sentido estrito; o significado é de que ninguém nos

exige tal ou qual comportamento expressamente. Ou seja, o papel dos

nomes próprios relacionados equivale a uma referência genérica e

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indeterminada, não a três pessoas concretas e específicas. O significado

dos restante da expressão não vem ao caso, na opinião da banca.

Observo que a banca expôs-se ao risco de interposição de recursos, pois

a escolha da alternativa d seria também justificada aqui. Seria uma

daquelas alternativas que repugnam os concursandos, da resposta ―mais

certa‖ (ou ―menos errada‖).

Gabarito: E

18. (FMP – TJ/AC -2010)

Na passagem do texto - Só que não existe lei que obrigue você a ser do

mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. – se a forma verbal

EXISTE for trocada por uma equivalente do verbo HAVER:

(A) nada se modifica.

(B) a forma do verbo HAVER deve ser colocada no plural.

(C) o substantivo LEI deve ser substituído por outro mais adequado.

(D) um artigo indefinido deve ser acrescentado antes do substantivo LEI.

(E) o verbo da oração seguinte deve ser colocado em outro tempo verbal

por causa da correção gramatical.

___________

Comentários:

A questão propõe a seguinte redação: Só que há existe lei que obrigue

você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. Podemos

notar que nada se modifica, além da forma verbal. Cabe relembrar que o

emprego de ―haver‖ no sentido de ―existir‖ é invariável, no singular. A

redação proposta está correta, e não são necessárias quaisquer outras

alterações no texto.

Gabarito: A

19 (FMP – TJ/AC -2010) Considere os termos sublinhados e aponte a

alternativa em que ambos pertençam à mesma classe gramatical.

(A) Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar

de exigências fictícias.

(B) Um pouco de auto-estima basta.

(C) Pense nas pessoas que você mais admira:

(D) ...não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim

aquelas que desenvolveram

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personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu

modo.

(E) Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros.

___________

Comentários:

Uma questão sobre classes de palavras. Devemos identificar as classes de

palavras destacadas nas alternativas.

Na primeira, temos o adjetivo necessário e o verbo desapegar, derivado

de pegar, na forma do infinitivo. Na segunda, temos o artigo indefinido

um e o substantivo composto por prefixação auto-estima. A alternativa

seguinte nos apresente o verbo pense, forma do imperativo, ou do

presente do subjuntivo, e o pronome pessoal de 2ª pessoa do singular

você, forma derivada, como vocês sabem, do pronome de tratamento

Vossa Mercê; eis a razão pela qual o pronome de 2ª você concorda com a

3ª pessoa, por ser na origem um pronome de tratamento, que tem

justamente essa concordância, como vimos. A conseqüência disso é que o

sistema de pronomes de nossa língua tem hoje uma tendência a

uniformizar as formas de 2ª e 3ª pessoa.

Vamos á quarta alternativa; traz os advérbios não e sim, adjuntos ao

verbo ser, e o advérbio bovinamente, que significa ―fazer algo de forma

semelhante aos bois‖. Notem que temos palavras de mesma classe

destacadas na alternativa; parece ser a alternativa correta. Vejamos a

última: temos o verbo tomar e a contração de preposição e artigo dos. De

fato, ficamos com a quarta alternativa.

Gabarito: D

20. (ESAF – AFC/CGU – 2006)

5

10

O ser humano não pode ser definido em relação a

ele mesmo, porque não é um sujeito isolado, vive em

relação com as coisas, com os outros e com o mundo, mesmo antes de pensar e de falar. Esta presença não

é somente observável como também um fato vivido, isto é, quer dizer que o ser humano se manifesta no

ser a cada instante. Nessa responsabilidade, inclui, às vezes, o eu e, às

vezes, o outro, num equilíbrio que se faz de uma parte entre poder cuidar de si mesmo e, de outra, poder

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15

cuidar dos demais.

Através dessa construção coletiva, os homens fazem e criam sua historia e, nessa construção-criação, o

cuidado torna-se um processo, não apenas um ato.

Ato este que envolve o cuidar de si e do outro, mais o cuidado como possibilidade de continuidade da

espécie, gozar a vida com qualidade e com liberdade. (Adaptado de Carlos Altemir Schmitt, O cuidado e a

responsabilidade: reflexão sobre a ética estabelecida no mundo do consumo desmedido, www.crescer.org)

Assinale o termo sublinhado do texto que apresenta ambivalência, ou

seja, para conferir coerência ao texto, tanto pode receber a interpretação de substantivação do verbo quanto a interpretação de substantivo

concreto.

a) ―ser‖(l.1) b) ―pensar‖(l.4)

c) ―ser‖(l.7) d) ―cuidar‖(l.10)

e) ―cuidar‖ (l.15) ______________

Comentários:

Se o enunciado provoca dúvidas, vamos entender que esta é uma questão

relativamente simples. Aqui, ambivalência não é ambigüidade, ou seja, o duplo sentido; aqui, o examinador nos pede para identificar a palavra que

pode ser considerada, no contexto, tanto como verbo em forma nominal quanto nome simplesmente. Vejamos cada uma das palavras destacadas.

A primeira, em o ser humano, tem o valor nítido de substantivo, pode ser

substituído por nomes como o ente, a pessoa. A anteposição de artigo também confirma o caráter nominal da palavra. A seguir, temos pensar,

em ―antes de pensar e de falar‖, aqui temos a forma verbal do infinitivo, não há ambivalência, veja que em paralelo temos outro infinitivo, falar.

Teremos uma palavra que pode ser tomada como forma nominal do verbo

e ao mesmo tempo como substantivo em ―o ser humano se manifesta no

ser a cada instante‖, em que a palavra assinalada pode ser entendida como verbo se lermos – manifesta-se na ação de ser, manifesta-se

sendo, durante o processo de ser. Por outro lado, a presença do artigo sugere a possibilidade de substantivo, se entendermos que o ser humano

se manifesta enquanto um ser, uma criatura – meu Deus, meus amigos, que frase filosófica!! Quem diria que chegamos até aqui para estudar

metafísica? Mas notem, pudemos até substituir a palavra ser por um outro substantivo, sinal claro de que tem também esse caráter, é

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ambivalente portanto no contexto essa ocorrência da palavra ser no

texto.

Vejam que cuidar, na linha 11, é forma nominal do verbo, nitidamente,

parte de locução verbal com duas formas de infinitivo (poder cuidar); mas abaixo, será substantivo, como objeto do verbo envolve, e este caráter

está marcado pelo artigo (o cuidar).

Gabarito: C

21. (ESAF – ACE/MDIC – 2002)

Hoje, nos países em desenvolvimento, desconfia-se de que(A) camufladamente(B) grande parte daquelas sociedades não-

governamentais e missões religiosas desempenham a mesma função de vilipêndio(C); na rota de ocupação, buscam credenciarem-se(D) como

cientistas do solo, da fauna e da flora, consoante(E) já o fizeram nos

casos do México e da Colômbia. (Baseado em Paulo Bonavides)

a) A

b) B c) C

d) D e) E

___________________ Comentários:

A questão trata de pontos que vimos, e antecipa alguma matéria que

ainda veremos. Vamos lá. Em A, temos uso correto da preposição de, regida por desconfiar, e o relativo; em B, o advérbio formado a partir do

adjetivo camuflado; em C, o substantivo vilipêndio, que significa

―aviltamento‖. Agora, em D encontraremos um erro na flexão do infinitivo, aí deveríamos ter buscam credenciar-se (sendo ainda

aceitável a próclise em relação ao infinitivo). A ênfase é dada à ação, e não aos agentes. Em locuções desse tipo, o infinitivo não é flexionado,

basta lembrar de um exemplo como Todos eles querem fazer dinheiro sem trabalho. Por fim, em E, temos a conjunção consoante, equivalente a

conforme.

Gabarito: D

22. (ESAF – AFT - 2010)

Com base na norma gramatical da língua escrita, analise as propostas de

alteração do texto abaixo e, a seguir, assinale a opção incorreta.

A civilização industrial leva à concentração de poder e ao declínio da liberdade individual, mas, ao mesmo

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10

tempo, liberta os homens das piores formas de servidão, do peso do trabalho alienante, tornando possível

imaginar um mundo de homens livres que conseguirão a ―liberdade do impulso criativo‖ – este é o verdadeiro

objetivo da reconstrução social. Por meio do aumento dos padrões de conforto e acesso à informação, essa

civilização cria condições favoráveis para desafiar radicalmente os velhos laços de autoridade

a) No trecho ―à concentração de poder e ao declínio da liberdade individual‖ (ℓ.1 e 2), substituir ―à‖ por ―a‖ e suprimir ―ao‖.

b) Substituir o trecho ―tornando possível imaginar‖ (ℓ.4 e 5) por ―no qual possibilita imaginarem-se‖.

c) Substituir o segmento ―um mundo de homens livres que conseguirão‖ (ℓ.5) por ―um mundo cujos homens livres conquistarão‖.

d) Na linha 9, inserir o adjetivo ―industrial‖ após o substantivo ―civilização‖.

e) Substituir o segmento ―para desafiar‖ (ℓ.9) por ―para que se desafiem‖. ___________________

Comentários:

Temos de localizar a opção incorreta desta vez. Resolveremos a questão atentando para o importante ponto da flexão do infinitivo. A alternativa a

propõe simplesmente a supressão do artigo definido, observado o

paralelismo, em A civilização industrial leva a concentração de poder e declínio da liberdade individual; é admissível, notem que aqui temos uma

unidade coordenada na expressão concentração de poder e declínio da liberdade individual; o verbo leva então se relaciona com essa unidade

inteira, por isso se prescinde da preposição antes de declínio. Correta a alternativa.

Em b, vemos que em ―A civilização industrial leva à concentração de

poder (...), mas, ao mesmo tempo, liberta os homens das piores formas de servidão, do peso do trabalho alienante, tornando possível imaginar

um mundo de homens livres‖, a substituição do trecho destacado por no qual possibilita imaginarem-se criaria erros, vejamos: primeiro, o

relativo no qual deve referir-se a que a termo masculino e determinado; ora, o primeiro candidato a preencher essa forma vazia será o substantivo

masculino o trabalho, e a seguir o peso. Nenhum deles, no entanto,

satisfará critérios de coerência textual, pois a oração reduzida ―tornando possível‖ retoma todo a oração ―ao mesmo tempo, liberta os homens das

piores formas de servidão, do peso do trabalho alienante‖. Esta referência seria retomada por o que de forma eficiente, seria uma possibilidade.

Além disso, temos outro erro na flexão do infinitivo, em ―imaginarem-se‖; quando integrante de locução verbal, o infinitivo nunca é flexionado,

quando está colocado em sua posição natural, ao lado do verbo auxiliar;

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se for separado, pode, por questões estilísticas, de ênfase na pessoa, ser

flexionado. Eis um exemplo de Gonçalves Dias: Possas tu, descendente maldito

De uma tribo de nobres guerreiros,

Implorando cruéis forasteiros, Seres presa de vis Aimorés.

Notem que se trata de construção consciente, artificiosa, não corrente; de regra, quando a locução traz auxiliar e verbo principal juntos, não

teremos flexão do infinitivo. Assim, a afirmativa está errada. É a nossa escolha.

Em c, veremos que um mundo de homens livres que conseguirão, temos

o relativo que retomando toda a expressão destacada, e com função de sujeito de conseguirão; em mundo cujos homens livres conseguirão, o

relativo cujo tem, função dupla, é relativo e possessivo ao mesmo tempo, sendo possessivo em relação ao antecedente, como em a livraria cujo

dono conheço bem, em que se subentende conheço bem o dono da livraria. E relativo quanto ao consequente, exatamente como em homens

livres que conseguirão. Correta a alternativa, portanto.

Para finalizar, temos na d apenas uma acréscimo, com a adição de um

adjetivo plenamente cabível referindo-se a civilização; na última, temos o desenvolvimento de oração reduzida de infinitivo, com o verbo na forma

passiva, correto também

Gabarito: B

23. (TJ-SC -2010) Assinale a afirmativa correta em relação ao período:

"Criou-se recentemente um projeto voltado para a população carente do

município".

a) "Carente" é um advérbio.

b) São substantivos: projeto, população, município. c) O termo "recentemente" pertence à classe dos adjetivos.

d) São artigos: um, para, a. e) Na palavra "voltado" temos um pronome relativo.

____________

Comentários:

Uma questão relativamente simples sobre classes de palavras, temos de julgar a que classe pertencem as palavras no contexto em que aparecem.

Vemos que em a temos adjetivo, em b, de fato são enumerados substantivos. É nossa alternativa. Em c, vemos um advérbio, com seu

sufixo característico –mente. Para não é artigo, mas preposição. Por fim, voltado é uma forma de particípio.

Gabarito: B

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24. (CESPE – UERN – 2010) – Leia o texto abaixo:

Não se deve atribuir a nenhum milagre o peso

específico que o país ganhou — apesar de suas contradições

sociais não resolvidas — a ponto de se estabelecer como a

4 nona economia do mundo. Este salto deve-se, sobretudo, à

formação, nas universidades, de novos quadros profissionais e

técnicos, em número ainda insuficiente, é verdade, mas efetivo.

7 Imagine-se quando chegarmos (se chegarmos) ao patamar

ideal. Mas, para isso, é preciso investir sem vacilação na

educação superior e, sobretudo, em seu segmento que se

10 mostrou mais eficiente até aqui — o público.

A atividade fundamental da universidade é o educar,

em todos os sentidos. A educação é a base de uma sociedade

13 pluralista, democrática, em que a cidadania não é um conceito

garantido apenas formalmente na lei, mas é exercida plena e

conscientemente por seus membros.

16 Uma universidade distingue-se de qualquer outro tipo

de instituição de ensino superior por ser o locus privilegiado

em que os participantes do processo educacional interagem

19 proficuamente, desenvolvendo e adquirindo conhecimentos e

habilidades com o objetivo de entender e agir sobre a realidade

que os cerca. Esse processo resulta não apenas na capacitação

22 dos alunos técnica e formalmente para desempenhar suas

atividades no seio da sociedade, mas deve proporcionar o

desenvolvimento de uma visão global desta realidade. Agrega,

25 assim, compreensão do mundo à sua volta e tolerância a visões

distintas, características essenciais de uma cidadania integrada

e ativamente democrática.

28 Não há como contestar a necessidade urgente da

expansão do sistema de ensino superior público no Brasil.

Aumentar o número de matrículas no ensino superior público

31 é questão emergencial e essencial para o desenvolvimento

nacional. A atual estratégia nacional, baseada no aumento de

vagas em escolas privadas, muitas delas com fins lucrativos,

34 não é moralmente aceitável, nem economicamente viável. Além

disso, tem-se demonstrado academicamente desastrosa.

O aumento das matrículas nas universidades públicas

37 precisa ser feito mediante projetos, elaborados pelas

universidades, que levem em conta as especificidades de

cada instituição e provendo-se as condições adequadas de

40 infraestrutura e pessoal, especialmente docentes.

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No que diz respeito à estrutura do texto e às classes de palavras nele

empregadas, assinale a opção correta.

a)O vocábulo ―técnicos‖ ( L.6 ), no texto, classifica-se como substantivo.

b) A palavra ―educar‖ (L.11) foi empregada como substantivo.

c) O vocábulo ―sentidos‖ (L.12) denota, no texto, o tato, o paladar, a

visão, a audição e o olfato.

d) O emprego de formas verbais na primeira pessoa do plural atribui ao

texto caráter pessoal, desaconselhável nesse tipo de texto.

e) A expressão ―técnica e formalmente‖ (L.22) poderia ser substituída, sem prejuízo à coerência e à correção gramatical do período, por formal e

técnicamente. ____________

Comentários:

Nesta questão, meus amigos, veremos um caso típico de substantivação do verbo, com o emprego do artigo definido, em ―A atividade fundamental

da universidade é o educar‖, vejam como o infinitivo desempenha papel de núcleo do predicativo, como um substantivo. É a alternativa correta.

Gabarito: b

25. (VUNESP – Sefaz SP)

O gênero dos substantivos está correto em:

a) É comum que as eclipses da lua coincidam com as piores tormentas e

cataclismos.

b) A guia dos turistas não falava japonês e teve de usar uma estratagema

para comunicar-se com eles.

c) Vamos dar um ênfase todo especial ao trabalho de prevenção do

diabetes.

d) Não obteve, até agora, a alvará de funcionamento e deve enviar à

prefeitura uma xerox da inscrição da firma.

e) A personagem vivida por ele tem um comportamento que é um

verdadeiro modelo da moral vitoriana.

____________

Comentários:

A questão aborda o gênero dos substantivos, uma questão relativamente

simples. Notem que eclipse é masculino, estratagema é feminino, ênfase

é feminino, alvará é masculino; apenas na última alternativa a

concordância de gênero entre artigo e substantivo está correta em todos

os casos.

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Gabarito: E

26. CETRO – Pref. Manaus – 2012

Assinale a alternativa cuja segunda palavra não deriva da primeira.

(A) Breve – abreviar.

(B) Tabula – tabuleiro.

(C) Dente – previdente.

(D) Pé – pontapé.

(E) Corpo – corpanzil.

____________

Comentários:

Meus caros, previdente é aquele que prevê; o d conserva antiga raiz, lat.

video – port. ver, que se observa em palavras como vidente, vídeo. O

sufixo –nte, antigo particípio presente, forma adjetivos, como paciente,

possante, pedinte. A questão na verdade é bem fácil, não acharam?

Gabarito: C

27. (CETRO – Pref. Campinas – 2012)

Leia as orações abaixo e, em seguida, assinale a alternativa que

preenche correta e respectivamente as lacunas.

1. Não se __________ e contou a surpresa para o aniversariante.

2. O chefe __________ na discussão dos colegas de departamento.

3. Se eu quisesse desta forma, eu mesma __________ feito.

4. Depois de muita balburdia, a mulher __________ seus pertences.

(A) conteu/ interviu/ tinha/ reaveu

(B) conteve/ interviu/ tinha/ reaviu

(C) conteve/ interveio/ teria/ reouve

(D) conteve/ interveio/ teria/ reaveu

_____________

Comentários:

Questão interessante de concordância verbal, relacionada a verbos

morfologicamente compostos de outros verbos. O verbo conter conjuga-

se como ter; assim, a forma do perfeito é conteve. O verbo intervir é

composto por vir, por isso e se conjuga da mesma forma; assim, a forma

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do perfeito é interveio, não se confunde com o verbo ver e seus

compostos (p. ex. prever).

Não há distinção quanto ao verbo ter, na locução tinha feito/teria feito

com valor condicional. A segunda é mais formal, mas não se pode dizer

que haja erro na primeira. Por fim, reaver é um composto de haver, e não

de ver, e nem se conjuga como outros verbos da 2ª conjugação, como

comer, mas sim da mesma forma que haver. Assim, a forma do perfeito é

reouve.

Gabarito: C

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Lista das questões apresentadas nesta aula

1) ISAE – Assembléia Legislativa – AM/2011

O vocábulo roupão, formalmente um aumentativo de roupa, perdeu esse

valor aumentativo e hoje designa uma vestimenta para ser usada após o

banho. A alternativa em que só um dos termos possui o valor

aumentativo é:

a) cartão - calção.

b) papelão - bolão.

c) calçadão - portão.

d) tapetão - caixão.

e) casarão- orelhão.

2) CONSULPLAN – TSE - 2012

O sistema da corrupção é composto de um jogo de forças do qual uma

das mais importantes é a ―força do sentido‖. É ela que faz

perguntar, por exemplo, ―como é possível que um policial pobre se

negue a aceitar dinheiro para agir ilegalmente?‖

O simples fato de que essa pergunta seja colocada implica o pressuposto

de que uma verdade ética tal como a honestidade foi transvalorada. Isso

significa que foi também desvalorizada.

Se a conduta de praxe seria não apenas aceitar, mas exigir dinheiro em

troca de uma ação qualquer na contramão do dever, é porque no sistema

da corrupção o valor da honestidade, que garantiria ao sujeito a sua

autonomia, foi substituído pela vantagem do dinheiro.

(Marcia Tiburi. Cult, dezembro de 2011)

Assinale a alternativa em que o elemento destacado NÃO tenha o mesmo

sentido que o de trans-, em transvalorada

a)transbordar

b)trasantontem

c)tresnoitar

d)trastejar

3) CONSULPLAN – TSE – 2012

Assinale a palavra que tenha sido formada por processo DISTINTO do das

demais.

a)teológica

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b)biografia

c)narcotráfico

d)desvalorizada

4) FGV – SEAD/AP - 2011

Com relação aos processos de formação de palavras, analise as

afirmativas a seguir:

I. Na palavra jeitinho, o sufixo -inho significa "diminuição".

II. Denomina-se composição o processo de formação da palavra

utilitarista.

III. A palavra analfabetismo forma-se por derivação prefixal e sufixal, a

partir do radical alfabet-.

Assinale:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.

b) se somente a afirmativa II estiver correta.

c) se somente a afirmativa III estiver correta.

d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

5) FCC – TRT 24ª Reg – 2006

A forma correta de plural dos substantivos compostos mico-leão-dourado

e ararinha-azul é

a) micos-leão-dourados e ararinhas-azul.

b) micos-leão-dourado e ararinha-azuis.

c) mico-leões-dourados e ararinha-azuis.

d) mico-leão-dourados e ararinhas-azul.

e) micos-leões-dourados e ararinhas-azuis.

6) ESAF - SUSEP – 2010

5

Nos países em geral, economistas, políticos e o

noticiário gostam é de índices sobre macroeconomia,

números abstratos que indicam a situação geral da

economia, mas não revelam o que se passa em seu

interior. A internet, por exemplo, apareceu em grande

escala em 1992, e o mundo se deu conta da revolução

que ela fizera nos negócios, na cultura e na vida das

pessoas 10 anos depois.

(Antônio Machado, Mundo invisível. Correio Braziliense, 14 de

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fevereiro de2010, com adaptações)

No texto acima, provoca-se erro gramatical ou incoerência na

argumentação do texto ao

a) inserir os antes de ―economistas‖(ℓ.1) e de ―políticos‖(ℓ.1).

b) retirar ―é‖(ℓ.2).

c) retirar o pronome ―o‖, do termo ―o que‖(ℓ.4).

d) substituir ―fizera‖(ℓ.7) por havia feito.

e) inserir apenas depois de ―pessoas‖(ℓ.8).

7) (ESAF – SUSEP -2010) - Assinale a opção que completa corretamente

a sequência de lacunas no texto abaixo.

O que aconteceria no mundo ___(1)___, num determinado período, nada,

nem pessoas, nem patrimônios, nem atividades econômicas tivessem a

cobertura de uma apólice de seguro? Se isso ___(2)____, os aviões não

levantariam vôo, os navios não deixariam os portos e o transporte de

pessoas não funcionaria ___(3)___falta de proteção da sua vida. Milhares

de atendimentos médico-hospitalares deixariam de ser feitos sem seguro

saúde. Milhares de veículos provavelmente não circulariam ____(4)____

seus proprietários não correriam o risco de acidentes sem o seguro de

automóveis. Consequentemente, milhares de oficinas e seus empregados

não teriam trabalho e poucos carros novos seriam vendidos. As grandes

indústrias parariam de produzir porque os empresários, certamente, não

iriam admitir que seus investimentos e empregados ficassem expostos

____(5)____ riscos de trabalhar sem a proteção do seguro.

(Discurso de João Elisio Ferraz de Campos no Senado. ViverSeguro,

http:// www.fenaseg.org.br acesso: 11/02/2010)

1 2 3 4 5

a) Se Acontecer Por Pois Em

b) caso Acontecer devido à por que A

c) Onde Acontecesse em relação a Pois A

d) Se Acontecesse Pela porque Aos

e) Caso Aconteceria devido à porque Em

8) ESAF – SUSEP -2010

Assinale a opção que corresponde a erro gramatical inserido no texto.

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O etanol ainda está longe de ter um mercado global. Apresentado desde

o(1) início da década como a grande solução energética para o mundo,

para substituir uma fonte não renovável (o petróleo) e reduzir a

emissão(2) de poluentes, o etanol ainda não conquistou os fabricantes de

veículos e os consumidores do mundo inteiro. Falta uma padronização

internacional para transformar-lhe(3) em uma commodity facilmente

comercializável nos diferentes mercados e ainda persistem barreiras

protecionistas em muitos países. Nos EUA, por exemplo, há uma tarifa de

importação de US$ 0,54 por galão. Para entrar na União Europeia, o

etanol brasileiro paga 19 centavos de euro por litro.

É grande o potencial de mercado para o etanol brasileiro nos EUA. Na

União Europeia, o potencial é menor, pois lá(4) o programa energético

prevê a utilização de 10% de combustíveis renováveis no consumo total

em 2020. Cálculos da União da Indústria da Cana-de-Açúcar — Única

indicam que isso resultaria na demanda de 14 bilhões de litros de etanol

por ano (outra parte seria atendida(5) por biodiesel).

(O Estado de S. Paulo, Editorial, 18/02/2010, com adaptações)

a) 1

b) 2

c) 3

d) 4

e) 5

9) ESAF – CVM -2010

A partir do artigo ―Olhando o futuro‖, de José Márcio Camargo, publicado

em IstoÉ 2077, de 2/9/2009 foram construídos pares de fragmentos que

compõem as opções abaixo. Assinale a opção em que a transformação

dos períodos sintáticos em apenas um período, no segundo termo de cada

par, resulta em incoerência ou erro gramatical.

a) A economia mundial começa a dar sinais de recuperação. São sinais

ainda tênues que podem estar sugerindo que a economia chegou ao

fundo do poço. Mas muitos dos problemas que originaram a crise

continuam preocupando.

A economia mundial começa a dar sinais de recuperação, embora são

sinais ainda tênues, que podem estar sugerindo que a economia chegou

ao fundo do poço, porém muitos dos problemas que originaram a crise

continuam preocupando.

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b) O colapso do final de 2008 e início de 2009 adicionou novas mazelas.

Houve redução do comércio internacional, aumento da taxa de

desemprego e queda dos rendimentos reais ao redor do mundo.

O colapso do final de 2008 e início de 2009 adicionou novas mazelas,

como redução do comércio internacional, aumento da taxa de

desemprego e queda dos rendimentos reais ao redor do mundo.

c) A pergunta é quanto da retomada da economia depende dos estímulos

fiscais e quanto é sustentável sem eles. Por quanto tempo os bancos

centrais e os governos ainda poderão manter estes estímulos sem gerar

pressões inflacionárias?

Pergunta-se quanto da retomada da economia depende dos estímulos

fiscais e quanto é sustentável sem eles e, ainda, por quanto tempo os

bancos centrais e os governos poderão manter estes estímulos sem gerar

pressões inflacionárias.

d) Ainda que a pior crise pareça estar para trás, os possíveis cenários

para os próximos meses são variados, com enorme incerteza. Não

podemos descartar cenários de estagnação, assim como cenários mais

otimistas, com crescimento forte.

Ainda que a pior crise pareça estar para trás, os possíveis cenários para

os próximos meses são variados, com enorme incerteza, pois não

podemos descartar cenários de estagnação, assim como cenários mais

otimistas, com crescimento forte.

e) O cenário mais provável parece ser de crescimento relativamente

baixo, devido à baixa oferta e demanda de crédito, ao aumento do

desemprego e à queda da renda real. Isso deverá reduzir a taxa de

crescimento do consumo nos próximos anos.

O cenário mais provável parece ser de crescimento relativamente

pequeno, devido à baixa oferta e demanda de crédito, ao aumento do

desemprego e à queda da renda real, o que deverá reduzir a taxa de

crescimento do consumo nos próximos anos.

10) ESAF – CGU – 2006 –

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Leia o texto abaixo para resolver a questão

5

10

15

O ser humano não pode ser definido em relação a

ele mesmo, porque não é um sujeito isolado, vive em relação com as coisas, com os outros e com o mundo,

mesmo antes de pensar e de falar. Esta presença não é somente observável como também um fato vivido,

isto é, quer dizer que o ser humano se manifesta no ser a cada instante.

Nessa responsabilidade, inclui, às vezes, o eu e, às

vezes, o outro, num equilíbrio que se faz de uma parte entre poder cuidar de si mesmo e, de outra, poder

cuidar dos demais. Através dessa construção coletiva, os homens fazem

e criam sua historia e, nessa construção-criação, o cuidado torna-se um processo, não apenas um ato.

Ato este que envolve o cuidar de si e do outro, mais o cuidado como possibilidade de continuidade da

espécie, gozar a vida com qualidade e com liberdade. (Adaptado de Carlos Altemir Schmitt, O cuidado e a

responsabilidade: reflexão sobre a ética estabelecida no mundo do consumo desmedido, www.crescer.org)

Assinale o termo sublinhado do texto que apresenta ambivalência, ou

seja, para conferir coerência ao texto, tanto pode receber a interpretação

de substantivação do verbo quanto a interpretação de substantivo concreto.

a) ―ser‖(l.1)

b) ―pensar‖(l.4) c) ―ser‖(l.7)

d) ―cuidar‖(l.10) e) ―cuidar‖ (l.15)

11). VUNESP – CRF - 2009

Considere as frases:

I. A atendente da loja pediu para mim esperar alguns minutos.

II. Os problemas da sociedade têm de ser resolvidos por mim e por

você.

III. Entre mim e ele há fortes laços de amizade.

Os pronomes em destaque estão corretamente empregados em

a) I, apenas.

b) II, apenas.

c) I e III, apenas.

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d) II e III, apenas.

e) I, II e III.

12) VUNESP - Analista Judiciário - 2009

A forma de tratamento empregada está correta em:

a) Senhor Presidente da República: se Sua Excelência assim o desejar,

convocaremos outra reunião.

b) Atendendo a despacho de S. Ex.a, o Meritíssimo Juiz da 2a Vara Cível

desta Comarca, anexamos a certidão ao processo.

c) Propusemos a V. S.a, o Governador, adiamento da audiência com

membros do Sindicato.

d) De ordem de V. Em.a, o novo Senhor Ministro, convidamos todos os

funcionários para a solenidade de posse da diretoria do Conselho Nacional

de Obras.

e) Senhor Chefe de Seção: encaminhamos à consideração de Vossa

Excelência pedido para entrar em gozo de férias.

13) VUNESP – Pref. Sorocaba - 2012.

BRASÍLIA - A caminho da Folha, parei ontem em frente à rodoviária de

Brasília. Enquanto o semáforo não abria, vi no carro da frente uma

mulher arremessar pela janela a embalagem amassada de uma bala ou

barra de chocolate. No rádio, o locutor martelava com ufanismo que o

Brasil termina este ano como a 6.ª maior economia do mundo.

É chato ser estraga-prazeres quando há uma notícia boa, mas

jornalistas somos assim mesmo. O menor problema do Brasil é se sua

economia passará a do Reino Unido, como a mídia britânica noticiou. Um

defeito grave por aqui continua sendo a falta de valores civilizatórios - e

nenhum sinal de melhora desse cenário no médio prazo.

Basta refletir a respeito da situação descrita: apesar do "PIBão", há

hoje menos pessoas jogando papel na rua do que havia nos anos 90?

Segundo o vaticínio do ministro da Fazenda, só daqui a 10 ou 20

anos o brasileiro terá o mesmo padrão de vida do europeu. E quanto

tempo passará até as pessoas se tornarem mais educadas e civilizadas

em público?

Na sua tradicional edição especial dupla de final de ano, a revista

britânica "The Economist" traz uma reportagem longa sobre o Brasil.

Título: "The servant problem". Em tradução livre, "o problema das

empregadas". Trata da dificuldade atual da elite brasileira para encontrar

uma funcionária que tire os pratos da mesa, lave a louça e as roupas.

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"Na virada do século 21, o Brasil tem grandes similaridades com o

Reino Unido de 1880", escreve a revista. Aqui, como lá há 130 anos, a

elite reage e fica mal-humorada.

O Brasil, aponta a "Economist", tem mansões sem água quente na

pia da cozinha, mas alguns paulistanos usam helicópteros e não possuem

máquina de lavar louça.

Pelo slogan da presidência, "país rico é país sem pobreza". Rico o

Brasil até já é. Faltam valores e bom costumes. E não apenas para quem

é pobre.

(Folha de S.Paulo, 28.12.2011. Adaptado)

Analise as afirmações.

I. Na oração - ... parei ontem em frente à rodoviária de Brasília. - (1.º

parágrafo), o advérbio em destaque é indicativo de tempo passado.

II. Na oração - ... o Brasil termina este ano como a 6.ª maior economia

do mundo. - (1.º parágrafo), a expressão em destaque está empregada

com valor adverbial, indicativa de lugar.

III. Na oração - Um defeito grave por aqui continua sendo a falta de

valores civilizatórios... - (2.º parágrafo), o advérbio em destaque refere-

se à cidade de Brasília.

Está correto o que se afirma em

a) I, apenas.

b) II, apenas.

c) I e III, apenas.

d) II e III, apenas.

e) I, II e III.

_________

VUNESP – TJ/SP - 2010.

Texto para as questões 14 e 15:

Sobre os perigos da leitura

Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui

designado presidente da comissão encarregada da seleção dos candidatos

ao doutoramento, o que é um sofrimento. Dizer esse entra, esse não entra

é uma responsabilidade dolorida da qual não se sai sem sentimentos de

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culpa. Como, em 20 minutos de conversa, decidir sobre a vida de uma

pessoa amedrontada? Mas não havia alternativas. Essa era a regra.

Os candidatos amontoavam-se no corredor recordando o que

haviam lido da imensa lista de livros cuja leitura era exigida. Aí tive uma

ideia que julguei brilhante. Combinei com os meus colegas que faríamos a

todos os candidatos uma única pergunta, a mesma pergunta. Assim,

quando o candidato entrava trêmulo e se esforçando por parecer

confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de todas: ―Fale-nos

sobre aquilo que você gostaria de falar!‖. [...]

A reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada.

Aconteceu o oposto: pânico. Foi como se esse campo, aquilo sobre o que

eles gostariam de falar, lhes fosse totalmente desconhecido, um vazio

imenso. Papaguear os pensamentos dos outros, tudo bem. Para isso, eles

haviam sido treinados durante toda a sua carreira escolar, a partir da

infância. Mas falar sobre os próprios pensamentos – ah, isso não lhes

tinha sido ensinado!

Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém

pudesse se interessar por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia

passado pela cabeça que os seus pensamentos pudessem ser

importantes.

(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado)

----------------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------------------------------------------

14) Assinale a alternativa que apresenta a mesma estrutura verbal de voz

reflexiva empregada na frase - Os candidatos amontoavam-se no corredor.

a) Concebeu-se, assim, uma nova forma de viver.

b) Foi assim que o prédio se construiu.

c) Os candidatos não sabiam se estavam preparados.

d) Diante do frio, procuraram todos agasalhar-se.

e) Os campos aravam-se com instrumentos primitivos.

15) Assinale a alternativa que preenche adequadamente e de acordo com

a norma culta a lacuna da frase:

Quando um candidato ________________ trêmulo eu lhe faria a pergunta mais

deliciosa de todas.

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a) entrasse

b) entraria

c) entrava

d) entrar

e) entrou

FMP – TJ/AC -2010

Leia o texto abaixo para responder às questões 16 e 17

NORMOSE

1 Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado

o fundador da

ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito

_______________: ele disse que o ser humano está sofrendo de

normose, a doença de ser normal. Todo mundo quer se encaixar num

padrão. Só que o padrão _____________ não é exatamente fácil de

alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-

sucedido. Quem não se "normaliza" acaba adoecendo. A angústia de não

ser o que os outros esperam de nós gera ____________, depressões,

síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento. A

pergunta a ser feita é: quem espera o que de nós? Quem são esses

ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder

sobre nossas vidas?

2 Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo

que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade

abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento

amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do

mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. Melhor se preocupar em

ser você mesmo.

3 A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a autodepreciação e

a ânsia de

querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato?

Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão

chegar?

4 Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de

exigências fictícias. Um pouco de autoestima basta. Pense nas pessoas

que você mais admira: não são as que seguem todas as regras

bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e

arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu

"normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram

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adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não adianta querer

tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida

fraudulenta faz sofrer demais.

5 Eu não sou filiada, seguidora, fiel, ou discípula de nenhuma religião ou

crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover

obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra,

simples e sincera. Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando

erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser

bem mais autênticos e felizes.

Martha Medeiros

05.08.07 - Jornal Zero Hora - Porto Alegre - RS

16 - Considere as lacunas no primeiro parágrafo do texto e escolha as

palavras que as preenchem adequada e respectivamente:

(A) procedente – propalado – bolimias

(B) precedente – propalado – bulimias

(C) procedente – propagado – bulimias

(D) procedente – propagado – bolimias

(E) precedente – propagado – bolimias

17. - No início do segundo parágrafo, a autora enumera substantivos próprios com

o objetivo de:

(A) indicar com certeza quem são as pessoas que batem à nossa porta.

(B) citar conhecidos seus que ela quer destacar.

(C) indicar que qualquer pessoa pode bater à nossa porta todo dia.

(D) indicar que ninguém desconhecido bate à nossa porta.

(E) usar nomes aleatoriamente para se referir a qualquer pessoa.

18. (FMP – TJ/AC -2010)

Na passagem do texto - Só que não existe lei que obrigue você a ser do

mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. – se a forma verbal

EXISTE for trocada por uma equivalente do verbo HAVER:

(A) nada se modifica.

(B) a forma do verbo HAVER deve ser colocada no plural.

(C) o substantivo LEI deve ser substituído por outro mais adequado.

(D) um artigo indefinido deve ser acrescentado antes do substantivo LEI.

(E) o verbo da oração seguinte deve ser colocado em outro tempo verbal

por causa da correção gramatical.

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19 (FMP – TJ/AC -2010) Considere os termos sublinhados e aponte a

alternativa em que ambos pertençam à mesma classe gramatical.

(A) Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar

de exigências fictícias.

(B) Um pouco de auto-estima basta.

(C) Pense nas pessoas que você mais admira:

(D) ...não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim

aquelas que desenvolveram

personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu

modo.

(E) Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros.

20. (ESAF – AFC/CGU – 2006)

5

10

15

O ser humano não pode ser definido em relação a

ele mesmo, porque não é um sujeito isolado, vive em relação com as coisas, com os outros e com o mundo,

mesmo antes de pensar e de falar. Esta presença não é somente observável como também um fato vivido,

isto é, quer dizer que o ser humano se manifesta no

ser a cada instante. Nessa responsabilidade, inclui, às vezes, o eu e, às

vezes, o outro, num equilíbrio que se faz de uma parte entre poder cuidar de si mesmo e, de outra, poder

cuidar dos demais. Através dessa construção coletiva, os homens fazem

e criam sua historia e, nessa construção-criação, o cuidado torna-se um processo, não apenas um ato.

Ato este que envolve o cuidar de si e do outro, mais o cuidado como possibilidade de continuidade da

espécie, gozar a vida com qualidade e com liberdade. (Adaptado de Carlos Altemir Schmitt, O cuidado e a

responsabilidade: reflexão sobre a ética estabelecida no mundo do consumo desmedido, www.crescer.org)

Assinale o termo sublinhado do texto que apresenta ambivalência, ou

seja, para conferir coerência ao texto, tanto pode receber a interpretação de substantivação do verbo quanto a interpretação de substantivo

concreto.

a) ―ser‖(l.1)

b) ―pensar‖(l.4) c) ―ser‖(l.7)

d) ―cuidar‖(l.10) e) ―cuidar‖ (l.15)

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21. (ESAF – ACE/MDIC – 2002)

Hoje, nos países em desenvolvimento, desconfia-se de que(A)

camufladamente(B) grande parte daquelas sociedades não-governamentais e missões religiosas desempenham a mesma função de

vilipêndio(C); na rota de ocupação, buscam credenciarem-se(D) como cientistas do solo, da fauna e da flora, consoante(E) já o fizeram nos

casos do México e da Colômbia. (Baseado em Paulo Bonavides)

a) A

b) B c) C

d) D e) E

22. (ESAF – AFT - 2010)

Com base na norma gramatical da língua escrita, analise as propostas de alteração do texto abaixo e, a seguir, assinale a opção incorreta.

5

10

A civilização industrial leva à concentração de poder

e ao declínio da liberdade individual, mas, ao mesmo

tempo, liberta os homens das piores formas de servidão, do peso do trabalho alienante, tornando possível

imaginar um mundo de homens livres que conseguirão a ―liberdade do impulso criativo‖ – este é o verdadeiro

objetivo da reconstrução social. Por meio do aumento dos padrões de conforto e acesso à informação, essa

civilização cria condições favoráveis para desafiar radicalmente os velhos laços de autoridade

a) No trecho ―à concentração de poder e ao declínio da liberdade individual‖ (ℓ.1 e 2), substituir ―à‖ por ―a‖ e suprimir ―ao‖.

b) Substituir o trecho ―tornando possível imaginar‖ (ℓ.4 e 5) por ―no qual possibilita imaginarem-se‖.

c) Substituir o segmento ―um mundo de homens livres que conseguirão‖ (ℓ.5) por ―um mundo cujos homens livres conquistarão‖.

d) Na linha 9, inserir o adjetivo ―industrial‖ após o substantivo ―civilização‖.

e) Substituir o segmento ―para desafiar‖ (ℓ.9) por ―para que se desafiem‖.

23. (TJ-SC -2010) Assinale a afirmativa correta em relação ao período:

"Criou-se recentemente um projeto voltado para a população carente do

município".

a) "Carente" é um advérbio.

b) São substantivos: projeto, população, município.

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c) O termo "recentemente" pertence à classe dos adjetivos.

d) São artigos: um, para, a. e) Na palavra "voltado" temos um pronome relativo.

24. (CESPE – UERN – 2010) – Leia o texto abaixo: Não se deve atribuir a nenhum milagre o peso

específico que o país ganhou — apesar de suas contradições

sociais não resolvidas — a ponto de se estabelecer como a

4 nona economia do mundo. Este salto deve-se, sobretudo, à

formação, nas universidades, de novos quadros profissionais e

técnicos, em número ainda insuficiente, é verdade, mas efetivo.

7 Imagine-se quando chegarmos (se chegarmos) ao patamar

ideal. Mas, para isso, é preciso investir sem vacilação na

educação superior e, sobretudo, em seu segmento que se

10 mostrou mais eficiente até aqui — o público.

A atividade fundamental da universidade é o educar,

em todos os sentidos. A educação é a base de uma sociedade

13 pluralista, democrática, em que a cidadania não é um conceito

garantido apenas formalmente na lei, mas é exercida plena e

conscientemente por seus membros.

16 Uma universidade distingue-se de qualquer outro tipo

de instituição de ensino superior por ser o locus privilegiado

em que os participantes do processo educacional interagem

19 proficuamente, desenvolvendo e adquirindo conhecimentos e

habilidades com o objetivo de entender e agir sobre a realidade

que os cerca. Esse processo resulta não apenas na capacitação

22 dos alunos técnica e formalmente para desempenhar suas

atividades no seio da sociedade, mas deve proporcionar o

desenvolvimento de uma visão global desta realidade. Agrega,

25 assim, compreensão do mundo à sua volta e tolerância a visões

distintas, características essenciais de uma cidadania integrada

e ativamente democrática.

28 Não há como contestar a necessidade urgente da

expansão do sistema de ensino superior público no Brasil.

Aumentar o número de matrículas no ensino superior público

31 é questão emergencial e essencial para o desenvolvimento

nacional. A atual estratégia nacional, baseada no aumento de

vagas em escolas privadas, muitas delas com fins lucrativos,

34 não é moralmente aceitável, nem economicamente viável. Além

disso, tem-se demonstrado academicamente desastrosa.

O aumento das matrículas nas universidades públicas

37 precisa ser feito mediante projetos, elaborados pelas

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universidades, que levem em conta as especificidades de

cada instituição e provendo-se as condições adequadas de

40 infraestrutura e pessoal, especialmente docentes.

No que diz respeito à estrutura do texto e às classes de palavras nele

empregadas, assinale a opção correta.

a)O vocábulo ―técnicos‖ ( L.6 ), no texto, classifica-se como substantivo.

b) A palavra ―educar‖ (L.11) foi empregada como substantivo.

c) O vocábulo ―sentidos‖ (L.12) denota, no texto, o tato, o paladar, a

visão, a audição e o olfato.

d) O emprego de formas verbais na primeira pessoa do plural atribui ao

texto caráter pessoal, desaconselhável nesse tipo de texto.

e) A expressão ―técnica e formalmente‖ (L.22) poderia ser substituída, sem prejuízo à coerência e à correção gramatical do período, por formal e

técnicamente.

25. (VUNESP – Sefaz SP) O gênero dos substantivos está correto em:

a) É comum que as eclipses da lua coincidam com as piores tormentas e

cataclismos.

b) A guia dos turistas não falava japonês e teve de usar uma estratagema

para comunicar-se com eles. c) Vamos dar um ênfase todo especial ao trabalho de prevenção do

diabetes. d) Não obteve, até agora, a alvará de funcionamento e deve enviar à

prefeitura uma xerox da inscrição da firma. e) A personagem vivida por ele tem um comportamento que é um

verdadeiro modelo da moral vitoriana.

26. CETRO – Pref. Manaus – 2012

Assinale a alternativa cuja segunda palavra não deriva da primeira.

(A) Breve – abreviar. (B) Tabula – tabuleiro.

(C) Dente – previdente. (D) Pé – pontapé.

(E) Corpo – corpanzil.

27. (CETRO – Pref. Campinas – 2012)

Leia as orações abaixo e, em seguida, assinale a alternativa que

preenche correta e respectivamente as lacunas.

1. Não se __________ e contou a surpresa para o aniversariante.

2. O chefe __________ na discussão dos colegas de departamento.

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3. Se eu quisesse desta forma, eu mesma __________ feito.

4. Depois de muita balburdia, a mulher __________ seus pertences.

(A) conteu/ interviu/ tinha/ reaveu

(B) conteve/ interviu/ tinha/ reaviu

(C) conteve/ interveio/ teria/ reouve

(D) conteve/ interveio/ teria/ reaveu

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GABARITO

1 E 10 C 19 D

2 D 11 D 20 C

3 D 12 B 21 D

4 C 13 A 22 B

5 E 14 D 23 B

6 C 15 A 24 B

7 D 16 C 25 E

8 C 17 E 26 C

9 A 18 A 27 C