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DIREITO TRIBUTÁRIO Auditor-Fiscal da Receita do DF 2014 Professor: MURILLO LO VISCO Prof. Murillo Lo Visco www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 09 – CRÉDITO TRIBUTÁRIO (Parte 2) Olá, concursando! Dando continuidade ao curso de Direito Tributário, preparatório para o concurso de Auditor-Fiscal da Receita do Distrito Federal, vamos estudar nesta Aula a extinção e a exclusão do crédito tributário com base na seguinte estrutura: 1. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO................................................... 3 1.1. Pagamento .................................................................................. 5 1.1.1. Formas de pagamento .....................................................................5 1.1.2. Local e prazo para pagamento ........................................................6 1.1.3. Pagamento em atraso......................................................................7 1.1.4. Imputação de pagamento ...............................................................8 1.2. Consignação em pagamento julgada procedente ...................... 10 1.3. Compensação ............................................................................ 11 1.4. Transação .................................................................................. 13 1.5. Remissão ................................................................................... 15 1.6. Decadência................................................................................ 16 1.6.1. Regra geral de contagem do prazo de decadência .......................17 1.6.2. Contagem do prazo de decadência no caso de anulação de lançamento anterior por vício formal .....................................................18 1.6.3. Antecipação do início de contagem do prazo de decadência .......18 1.6.4. Prazo de decadência de tributos lançados por homologação ......19 1.6.5. Quadro resumo das diferentes hipóteses de contagem da decadência ...............................................................................................21 1.7. Prescrição.................................................................................. 22 1.8. Pagamento antecipado e posteriormente homologado ............. 24 1.9. Dação em pagamento em bens imóveis .................................... 24 1.10. Demais hipóteses de extinção do crédito tributário ............... 25 2. PAGAMENTO INDEVIDO.................................................................... 27 2.1. Restituição de tributos indiretos ............................................... 27 2.2. Restituição de juros e multa ...................................................... 30 2.3. Juros na restituição ................................................................... 31 2.4. Decadência do direito de pleitear restituição ............................ 31

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AULA 09 – CRÉDITO TRIBUTÁRIO (Parte 2)

Olá, concursando!

Dando continuidade ao curso de Direito Tributário, preparatório para o

concurso de Auditor-Fiscal da Receita do Distrito Federal, vamos estudar nesta Aula

a extinção e a exclusão do crédito tributário com base na seguinte estrutura:

1. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ................................................... 3

1.1. Pagamento .................................................................................. 5

1.1.1. Formas de pagamento ..................................................................... 5

1.1.2. Local e prazo para pagamento ........................................................ 6

1.1.3. Pagamento em atraso...................................................................... 7

1.1.4. Imputação de pagamento ............................................................... 8

1.2. Consignação em pagamento julgada procedente ...................... 10

1.3. Compensação ............................................................................ 11

1.4. Transação .................................................................................. 13

1.5. Remissão ................................................................................... 15

1.6. Decadência ................................................................................ 16

1.6.1. Regra geral de contagem do prazo de decadência .......................17

1.6.2. Contagem do prazo de decadência no caso de anulação de lançamento anterior por vício formal .....................................................18

1.6.3. Antecipação do início de contagem do prazo de decadência .......18

1.6.4. Prazo de decadência de tributos lançados por homologação ......19

1.6.5. Quadro resumo das diferentes hipóteses de contagem da decadência ...............................................................................................21

1.7. Prescrição .................................................................................. 22

1.8. Pagamento antecipado e posteriormente homologado ............. 24

1.9. Dação em pagamento em bens imóveis .................................... 24

1.10. Demais hipóteses de extinção do crédito tributário ............... 25

2. PAGAMENTO INDEVIDO .................................................................... 27

2.1. Restituição de tributos indiretos ............................................... 27

2.2. Restituição de juros e multa ...................................................... 30

2.3. Juros na restituição ................................................................... 31

2.4. Decadência do direito de pleitear restituição ............................ 31

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2.5. Prescrição do direito de ação contra decisão administrativa que nega restituição ................................................................................ 33

3. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ................................................ 35

3.1. Isenção ...................................................................................... 36

3.2. Anistia ....................................................................................... 40

4. PRINCIPAIS PONTOS DA AULA ........................................................... 42

5. QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES .......................................... 50

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1. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

De acordo com o § 1º do art. 113 do CTN, a obrigação tributária principal se extingue juntamente com o crédito dela decorrente. Dessa forma, fica evidente a importância do tema que vamos estudar neste item.

Além disso, não podemos esquecer que, segundo o art. 141 do CTN, o crédito tributário regularmente constituído somente se extingue nos casos previstos pelo próprio Código. Esse é o fundamento para concluir que é taxativa a lista de hipóteses de extinção do crédito tributário, encontrada no art. 156 do CTN:

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

I - o pagamento;

II - a compensação;

III - a transação;

IV - remissão;

V - a prescrição e a decadência;

VI - a conversão de depósito em renda;

VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;

VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;

IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;

X - a decisão judicial passada em julgado.

XI - a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.

Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149.

Sobre a lista acima, em primeiro lugar chamo a atenção de que nela não constam “confusão” e nem “novação”, que são hipóteses de extinção de obrigações privadas.

E a despeito da taxatividade que o Código pretendeu imprimir a essa lista, é importante conhecer um precedente do STF, em que foi admitido ao Estado do Rio Grande do Sul “dispor sobre as formas de quitação de seus próprios créditos

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tributários”. Trata-se do julgamento da medida cautelar na ADI 2.405. Abaixo, segue reproduzida parte da ementa do respectivo Acórdão:

Extinção de crédito tributário criação de nova modalidade (dação em pagamento) por lei estadual: possibilidade do Estado-membro estabelecer regras específicas de quitação de seus próprios créditos tributários. Alteração do entendimento firmado na ADInMC 1917-DF, 18.12.98, Marco Aurélio, DJ 19.09.2003: conseqüente ausência de plausibilidade da alegação de ofensa ao art. 146, III, b, da Constituição Federal, que reserva à lei complementar o estabelecimento de normas gerais reguladoras dos modos de extinção e suspensão da exigibilidade de crédito tributário.

No julgamento acima referido, por maioria de votos, os Ministros do STF entenderam que os entes políticos não se encontram restritos à lista de hipóteses de extinção do crédito tributário, prevista no CTN.

Por trás desse entendimento, encontra-se a seguinte tese: se os entes políticos podem até mesmo perdoar seus créditos pela remissão (item 1.5), por que não poderiam definir as formas pelas quais seus créditos seriam quitados? Como se nota, trata-se de aplicação direta do argumento “a maiori ad minus”, segundo o qual, a norma que permite o mais, também permite o menos. No caso, o “mais” é o perdão do crédito tributário, hipótese em que o ente político não recebe nada; e o “menos” é receber o crédito de uma forma diferente da prevista no CTN.

Muito embora ainda se encontre pendente de julgamento o mérito dessa ação direta de inconstitucionalidade, trata-se de um precedente importante, que deve ser conhecido pelo candidato a um cargo no serviço público. Mas você deve ter bastante cuidado nesse ponto, utilizando esse precedente somente se o examinador formular a questão indicando que sua resposta deve se orientar pela jurisprudência do STF. Do contrário, é melhor se orientar de acordo com a literalidade do art. 141 do CTN, segundo o qual o crédito tributário regularmente constituído somente se extingue nos casos previstos pelo próprio Código.

Vencida essa etapa, vamos passar à análise das hipóteses de extinção do crédito tributário previstas no CTN. Antes, porém, cabe mencionar que reservei um item específico para tratar do “pagamento indevido” (item 2).

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1.1. Pagamento

O pagamento é a forma mais natural de extinção das obrigações pecuniárias, como é o caso da obrigação tributária principal. Entretanto, de maneira a destacar uma importante diferença em relação à extinção de obrigações privadas, o art. 158 do CTN estabelece que o pagamento parcial do crédito tributário não importa em presunção de pagamento das prestações em que se decomponha. Dessa forma, o pagamento da última parcela do IPTU de 2014 não implica presunção de que as demais parcelas estejam todas quitadas.

Dessa forma, no Direito Tributário resta inaplicável a regra prevista no art. 322 do Código Civil1, que transfere ao credor o ônus de comprovar que, mesmo após o pagamento da última parcela do crédito, parcelas anteriores eventualmente permanecem em aberto.

Além disso, de acordo com o mesmo art. 158 do CTN, o pagamento total do crédito tributário não importa em presunção de pagamento de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos. Trata-se de regra que, claramente, preserva a individualidade de cada crédito tributário. Com isso, o pagamento do IPTU de 2014 não implica presunção de que o IPTU de 2013 também esteja pago, e nem a presunção de que também estejam quitadas eventuais taxas relativas ao mesmo imóvel.

Na mesma linha, o art. 157 do CTN preserva a individualidade do tributo em relação à penalidade tributária (multa) que o acompanha. Em outras palavras, o pagamento da penalidade não substitui, nem supre, o pagamento do respectivo tributo. Confira, nesse sentido, a redação do Código:

Art. 157. A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário.

1.1.1. Formas de pagamento

De acordo com o art. 162 do CTN, o pagamento é efetuado em moeda corrente, cheque ou vale postal. Além disso, nos casos previstos em lei, o pagamento pode ser efetuado em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico.

O pagamento em moeda corrente é a maneira mais direta de extinção do crédito tributário. Os demais meios de pagamento previstos no art. 162 do CTN se

1 Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.

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assemelham ao pagamento em moeda, cada qual ao seu modo. Implicam uma ordem de pagamento, no caso do cheque; correspondem a uma transferência de dinheiro, no caso do vale postal; ou comprovam que um pagamento em moeda foi efetuado, nos demais casos.

No caso de pagamento por cheque ou vale postal, a legislação tributária pode exigir garantias, desde que não torne impossível ou mais oneroso que o pagamento em moeda corrente (art. 162, § 1º).

No específico caso de pagamento por meio de cheque, considera-se extinto o crédito somente após o seu resgate pelo sacado (art. 162, § 2º). Em outras palavras, o crédito é extinto somente depois que o banco sacado pagar a importância consignada no cheque. Note, com isso, que o CTN preserva intacta a obrigação tributária enquanto o cheque não for compensado. Dessa forma, caso o emitente não mantenha fundos no banco sacado, fica mantida a natureza tributária do direito da Fazenda Pública.

Por fim, sabemos que nosso Código é de 1966. E ainda que algumas dessas formas de pagamento se encontrem em desuso, para se submeter a provas de concursos públicos é bom conhecer as seguintes disposições do Código:

Art. 162 [...]

§ 3º O crédito pagável em estampilha considera-se extinto com a inutilização regular daquela, ressalvado o disposto no artigo 150 [lançamento por

homologação].

§ 4º A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por esta modalidade, não dão direito a restituição, salvo nos casos expressamente previstos na legislação tributária, ou naquelas em que o erro seja imputável à autoridade administrativa.

§ 5º O pagamento em papel selado ou por processo mecânico equipara-se ao pagamento em estampilha.

1.1.2. Local e prazo para pagamento

Nos arts. 159 e 160, o Código estabelece as regras gerais relativas ao local e ao prazo de pagamento, aplicáveis quando a lei não estabelecer regras diferentes.

Quanto ao local do pagamento, no silêncio da legislação tributária, o pagamento deve ser efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito passivo. Como facilmente se percebe, diante da ampla utilização da rede bancária nos dias atuais, trata-se de norma sem maior importância prática.

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Quanto ao prazo para o pagamento, o Código estabelece o seguinte:

Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento.

Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do pagamento, nas condições que estabeleça.

Portanto, de acordo com o dispositivo acima, se a legislação do ente tributante não estabelecer regra diversa, considera-se vencido o prazo para pagamento do crédito 30 dias após a notificação do lançamento ao sujeito passivo.

Como se nota, considerando que em relação aos tributos submetidos ao lançamento por homologação não há notificação do lançamento (conforme vimos na Aula anterior), trata-se de regra aplicável somente aos casos de lançamento de ofício ou por declaração.

Por fim, perceba que o parágrafo único do art. 160 autoriza que a legislação tributária conceda desconto pela antecipação do pagamento.

1.1.3. Pagamento em atraso

No art. 161, o Código estabelece os efeitos do atraso no pagamento, nos seguintes termos:

Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária.

§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês.

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.

Quanto a essa previsão, a primeira observação a se fazer é a seguinte: vencido o prazo para pagamento, o sujeito passivo já se considera em mora, sendo desnecessária qualquer providência do sujeito ativo para fins de constituí-lo nessa condição. Em outras palavras, em Direito Tributário, a mora é automática, decorre da própria legislação.

Ainda em relação ao caput do art. 160, note que a mora implica a incidência de juros, sem prejuízo da imposição da penalidade cabível. Em outras

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palavras, além dos juros de mora, o pagamento em atraso também pode implicar a imposição de multa de mora, caso a legislação tributária assim estabeleça.

E no § 1º do art. 161, para fins de cálculo dos juros de mora, o CTN fixa a taxa de 1% ao mês, que deve ser observada quando a lei não estabelecer taxa diversa.

Por fim, o § 2º do art. 161 determina que não é cabível a cobrança de juros de mora enquanto estiver pendente de resposta a consulta formulada pelo sujeito passivo dentro do prazo de pagamento do tributo.

1.1.4. Imputação de pagamento

Para encerrar o estudo dos dispositivos relativos ao pagamento, resta analisar o que dispõe o art. 163 do Código:

Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas:

I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária;

II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos;

III - na ordem crescente dos prazos de prescrição;

IV - na ordem decrescente dos montantes.

O dispositivo se refere à chamada “imputação de pagamento”. Trata-se de procedimento que se aplica nos casos em que o sujeito passivo possui mais de um débito em aberto com o mesmo sujeito ativo, e efetua pagamento em montante insuficiente para quitar todos eles.

Como se nota, o Código estabeleceu a ordem pela qual os débitos devem ser extintos, afastando essa prerrogativa do contribuinte. Por essa razão, esse dispositivo é alvo de várias críticas da doutrina.

Considerando os atuais procedimentos de administração tributária, com a predominância de pagamentos sendo efetuados sem qualquer interveniência da autoridade fiscal, esse dispositivo tem pouca aplicação prática.

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Para fins de ilustrar a aplicação desse dispositivo, vale transcrever a seguinte lição doutrinária2, com destaques ora acrescidos:

[...] essa regra se aplica, obviamente, aos casos em que ao sujeito ativo cabe definir qual o crédito a ser quitado, como nas hipóteses de falência do devedor, em que, por exemplo, o produto da arrematação em leilão é o único numerário disponível para o pagamento da dívida, já que, enquanto em atividade, cabe sempre ao sujeito passivo definir o débito que pretende quitar.

A importância desse dispositivo para o concursando decorre do fato de que é muito fácil formular questões abrangendo os critérios previstos pelo Código para o procedimento de imputação:

1º critério – obrigação própria: Primeiramente, devem ser extintos os débitos em relação aos quais o sujeito passivo seja contribuinte (obrigação própria). Somente depois que todos esses débitos forem extintos, eventual saldo remanescente do pagamento pode ser utilizado para fins de extinção de débitos do sujeito passivo na condição de responsável (contribuinte indireto).

2º critério – tributos vinculados: – Caso o sujeito passivo tenha mais de um débito na condição de contribuinte, a preferência deve ser dada aos tributos vinculados, de caráter contraprestacional. Segundo estabeleceu o Código, primeiro devem ser extintas as dívidas referentes a contribuições de melhoria. Havendo saldo remanescente de pagamento, as taxas devem ser extintas antes dos impostos.

3º critério – risco de perder o direito de ação: – Este critério se aplica aos casos em que, na condição de contribuinte, o sujeito passivo tenha débitos referentes a tributos de mesma natureza (dois ou mais impostos, por exemplo). Nesse caso, quanto menor o prazo de prescrição, maior o risco de extinção do crédito por decurso de prazo. Por isso, segundo esse critério, deve-se dar preferência para a imputação do pagamento aos débitos na ordem crescente do prazo de prescrição.

4º critério – relevância da dívida: – Por fim, de acordo com o último critério (ordem decrescente dos montantes), as maiores dívidas devem ser extintas primeiro. Portanto, caso o sujeito, na condição de contribuinte, tenha débitos referentes a tributos de mesma natureza e com iguais prazos até a prescrição, a autoridade administrativa deve dar preferência ao débito de montante mais elevado.

2 VOLKWEISS, Roque Joaquim. Direito Tributário Nacional. 38 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 20002, p. 386-387.

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1.2. Consignação em pagamento julgada procedente

Ao mesmo tempo em que o sujeito passivo tem o dever de pagar o crédito tributário, ele também tem o direito de efetuar o pagamento e obter a quitação da sua dívida. Para tutelar esse direito, existe a ação de consignação em pagamento, cabível quando o sujeito ativo se recusa a receber o pagamento, cria impedimento ao seu recebimento, ou mesmo quando há mais de um sujeito ativo exigindo o mesmo crédito. Confira a forma pela qual o Código tratou do tema:

Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:

I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;

II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal;

III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.

§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar.

§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.

Primeiramente, é preciso ficar bem claro que a consignação em pagamento é uma ação judicial, de iniciativa do sujeito passivo, em que se coloca em discussão o obstáculo ao direito de efetuar o pagamento. Em outras palavras, esta não é uma ação disponível para o sujeito passivo que deseja discutir o valor da dívida ou alegar a ilegalidade de sua cobrança. Esta é uma ação disponível para o sujeito passivo que quer pagar sua dívida, mas se depara com uma conduta abusiva do credor!

Essa conclusão é ratificada pelas hipóteses de cabimento da consignação em pagamento, listadas pelo CTN:

recusa de recebimento do pagamento pelo sujeito ativo;

subordinação do recebimento pelo sujeito ativo ao:

pagamento de outro tributo ou de penalidade;

cumprimento de obrigação acessória prevista na legislação;

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cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal;

exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.

Na petição inicial da consignação em pagamento, o consignante (sujeito passivo autor da ação) deve identificar o sujeito ativo e expor os motivos que o levaram a ajuizar a ação. Além disso, na petição inicial, o deve comprovar a consignação (o depósito) do montante que entende devido e que, por isso mesmo, propõe-se a pagar (§ 1º).

Caso a ação a consignação seja julgada procedente, resta reconhecido pelo Poder Judiciário que o sujeito passivo tinha razão em seu pedido. Nesse caso, a importância consignada é convertida em renda e o crédito tributário é extinto (§ 2º, parte inicial).

Caso a ação a consignação seja julgada improcedente, no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis (§ 2º, parte final).

Neste momento, deve ficar claro que, para fins de extinção do crédito, não basta ajuizar a consignação em pagamento. Para extinguir o crédito, ela precisa ser julgada procedente.

1.3. Compensação

Nos termos do art. 368 do Código Civil, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.

No âmbito do Direito Tributário, a compensação foi elencada entre as hipóteses de extinção, e encontra-se assim disciplinada:

Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública.

Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento.

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Primeiramente, há que se ressaltar que, em matéria tributária, a compensação depende da existência de lei do ente tributante, que especifique as condições para sua operacionalização.

Além disso, para fins de compensação, o direito do sujeito passivo contra a Fazenda Pública tem que ser líquido e certo. Em outras palavras, quanto ao direito do sujeito passivo, seu valor deve estar bem determinado, e não pode haver qualquer dúvida quanto à sua existência. Aliás, para esclarecer o requisito da necessária certeza em relação ao direito do sujeito passivo, em 2001, foi introduzido ao Código o art. 170-A, abaixo reproduzido:

Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.

O objeto desse dispositivo é o direito creditório do sujeito passivo com origem em pagamento de tributo que em juízo ele defende ser indevido, ou maior que o devido. Por exemplo, imagine que um contribuinte sistematicamente recolhe um tributo, mas depois toma conhecimento de uma tese que defende a ilegalidade de sua cobrança. Nesse caso, ele pode levar a discussão a juízo e, caso seja procedente sua tese, fica confirmada a natureza de indébito dos pagamentos que havia realizado e, consequentemente, origina-se um direito contra a Fazenda.

Pois bem, com a introdução do art. 170-A no CTN, restou sepultada a discussão acerca da possibilidade de o contribuinte, em compensação, utilizar direito creditório lastreado em decisão judicial que ainda possa ser objeto de recurso.

Por oportuno, vale destacar que, antes mesmo da publicação do art. 170-A do CTN, o STJ já havia consolidado o seguinte entendimento:

Súmula 212/STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória.

Podemos concluir que o art. 170-A do CTN se alinha com a Súmula 212/STJ com base no fato de que as medidas liminares não representam provimento judicial definitivo e, quanto à ação cautelar, no fato de que ela não tem por objeto o direito que se discute na ação principal (que pode originar o indébito contra a Fazenda). Na verdade, na cautelar, o autor pretende se proteger contra o risco de dano irreversível caso o direito discutido na ação principal seja contra ele exercido.

Por outro lado, e aproveitando o ensejo, vale observar que a jurisprudência do STJ se desenvolveu no sentido de que o mandado de segurança

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constitui meio adequado para obter a declaração do direito à compensação. Confira a redação da súmula em que restou gravado esse entendimento:

Súmula 213/STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária.

Note bem que a Súmula 213/STJ não se refere a liminar em mandado de segurança. Trata-se do próprio provimento final em mandado de segurança. Analisando os precedentes que conduziram à publicação dessa súmula, nota-se que se tratava de casos em que se discutia o direito à compensação, sem adentrar nos aspectos fáticos inerentes ao direito. Em outras palavras, a Súmula 213/STJ se refere ao direito de utilizar determinado crédito em compensação tributária que ainda seria pleiteada. Nesse sentido, confira o excerto abaixo reproduzido, extraído da ementa do Acórdão no REsp 119.155:

O mandado de segurança constitui meio próprio para o exame de pedido de compensação de créditos referentes a contribuição para o Finsocial com parcelas vincendas da Cofins, por se tratar de questão apenas de direito.

Diferente é o caso da convalidação de compensação já realizada, que demandaria dilação probatória, o que é incompatível com o mandado de segurança:

Súmula 460/STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte.

Nesses casos envolvendo convalidação, o contribuinte praticamente pretendia que o juiz substituísse a autoridade fiscal na apreciação de compensação já efetuada. Como se nota, essa tentativa não foi acolhida pelo Poder Judiciário.

Por fim, cabe observar que o direito do sujeito passivo contra a Fazenda, passível de compensação, pode ser vencido ou vincendo. Caso seja vincendo, a lei pode estabelecer que, em seu cálculo para valor presente, seja aplicado desconto não superior a 1% ao mês.

1.4. Transação

De acordo com o art. 840 do Código Civil, mediante concessões mútuas, os interessados podem celebrar transação com o objetivo de prevenir ou terminar um litígio. No artigo seguinte, o a Lei Civil estabelece que a transação ali prevista somente tem lugar quanto a direitos patrimoniais de caráter privado.

Como se nota, a transação é um negócio jurídico, e como tal, a manifestação da vontade constitui elemento fundamental.

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No âmbito do Direito Tributário, a transação encontra-se prevista pelo art. 171 do CTN, no nível de normas gerais, nos seguintes termos:

Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e conseqüente extinção de crédito tributário.

Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso.

Devido ao Princípio da Indisponibilidade do Direito Público, esse dispositivo é alvo de muitas críticas. Devido à sua aplicação prática bastante restrita, nosso interesse no instituto é meramente teórico.

A primeira observação que devemos fazer se refere à necessidade de lei do ente tributante que estabeleça as condições e indique a autoridade administrativa apta a celebrar a transação tributária.

Outra observação se refere à grafia incorreta da palavra “terminação”, que restou gravada “determinação”. Nesse sentido, diferentemente do instituto previsto no Código Civil, na esfera tributária, havendo autorização legal, a autoridade administrativa somente pode realizar transação para encerrar um litígio, nunca para preveni-lo. Desse modo, fica evidente a necessidade da existência de um litígio.

Apenas para ilustrar o mecanismo da transação tributária, considere que a Fazenda Pública tenha lançado crédito no montante de R$ 1 milhão, e que o sujeito ativo tenha ingressado em juízo contestando a referida cobrança, alegando que a autoridade administrativa apurou seus débitos de maneira ilegal, duplicando indevidamente sua dívida. Nesse caso, supondo haver uma lei que autorize a transação de até 50% do montante que compõe a parte litigiosa dos créditos envolvidos em disputas dessa natureza, o desfecho do caso poderia ser representado da seguinte forma:

Fazenda Pública

(R$ 1 milhão) Sujeito Passivo

(R$ 500 mil)

R$ 750 mil (extinto pelo pagamento)

R$ 250 mil (extinto pela transação)

Concordam em encerrar o litígio por R$ 750 mil

+ R$ 250 mil

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1.5. Remissão

A remissão consiste no perdão do crédito tributário já constituído, podendo abranger tanto o tributo quanto as penalidades pecuniárias. A matéria é disciplinada pelo CTN no seu art. 172, da seguinte forma:

Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo:

I - à situação econômica do sujeito passivo;

II - ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato;

III - à diminuta importância do crédito tributário;

IV - a considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso;

V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.

Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.

Mais uma vez, a viabilização do instituto depende da edição de lei do ente tributante. Inclusive, tratando-se de medida com clara natureza de benefício fiscal, para que a remissão possa ser validamente concedida, a Constituição Federal exige a edição de lei específica (CF, art. 150, § 6º).

Portanto, havendo lei específica que autorize, a autoridade fiscal pode conceder a remissão do crédito tributário por meio de despacho fundamentado em uma ou mais razões previstas para a concessão do benefício.

E note no parágrafo único desse dispositivo que o despacho que concede a remissão não gera direito adquirido a seu destinatário, aplicando-se o disposto no art. 155 do CTN. Desse modo:

caso reste comprovado que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, o crédito deve ser cobrado acrescido de juros de mora;

se o beneficiado tiver agido com dolo ou simulação, à cobrança deve ser acrescida a penalidade cabível e o prazo decorrido desde a concessão da remissão não é computado para fins da prescrição;

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se o beneficiado tiver agido sem dolo ou simulação, não lhe deve ser imposta penalidade, e a “revogação” do benefício somente pode ser efetuada antes do encerramento do prazo de prescrição.

Por fim, chamo sua atenção para o fato de que, na ausência de norma expressa, o aplicador da legislação tributária não pode dispensar um tributo devido com base na equidade (CTN, art. 108, § 2º). No entanto, por razões de equidade, o legislador pode autorizar que seja concedida a remissão do crédito tributário (CTN, art. 172, inciso IV).

1.6. Decadência

Sabemos que a obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador (CTN, art. 113, § 1º). No entanto, ainda que existente, para conferir exigibilidade ao direito da Fazenda Pública, é necessário constituir o respectivo crédito, o que normalmente ocorre com o lançamento, ato privativo da autoridade fiscal (CTN, art. 142).

Para evitar que o contribuinte ficasse indefinidamente sujeito ao lançamento, em homenagem à segurança jurídica e à necessidade de prover estabilidade nas relações jurídicas, o Código estabelece um prazo para o fisco constituir seu crédito. Se esse prazo não for respeitado, o direito da Fazenda será extinto, acometido pela decadência.

Portanto, a decadência implica a perda do direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário, de tornar exigível a obrigação tributária. Considerando que se encontra enumerada entre as causas de extinção do crédito tributário, podemos concluir que a decadência fulmina a própria obrigação tributária que, como sabemos, extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente (CTN, art. 113, § 1º).

Em relação ao fato de o Código ter relacionado a decadência entre as hipóteses de extinção do crédito tributário, é muito frequente a critica resumida à seguinte indagação: se a decadência impede o lançamento e, consequentemente, a constituição do crédito tributário, como ela pode extinguir algo que nem mesmo chegou a existir?

Do ponto de vista teórico, a crítica é pertinente. Do ponto de vista prático, a solução encontrada pelo Código não chega a provocar entraves relevantes. Ao contrário, como a decadência foi relacionada entre as hipóteses de extinção do crédito tributário, não resta dúvida de que também provoca a extinção da

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respectiva obrigação tributária, sendo certo que essa foi a intenção do legislador do Código.

Segundo o CTN, é de cinco anos o prazo para a Fazenda Pública constituir seus créditos, variando o termo inicial para contagem desse prazo, conforme a circunstância. Nesse sentido, confira a disciplina do Código sobre o tema:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;

II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.

1.6.1. Regra geral de contagem do prazo de decadência

Encontra-se relativamente pacificada a tese de que o inciso I do art. 173 do CTN contempla a regra geral de contagem do prazo decadencial que corre contra a Fazenda: cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.

Para esclarecer a sistemática adotada na regra geral de contagem do prazo decadencial, considere que o fato gerador de um tributo tenha ocorrido ao longo do ano de 2010:

Nesse caso, como já seria possível efetuar o lançamento no próprio ano de 2010, o prazo de decadência se inicia no primeiro dia de 2011, encerrando-se no final de 2015, de modo que, em 2016, não mais caberia efetuar o lançamento em relação a esse fato gerador.

FG Início da contagem

2009 2010 2011 2012 2013

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1.6.2. Contagem do prazo de decadência no caso de anulação de lançamento anterior por vício formal

Passando, agora, à situação prevista no inciso II do art. 173, caso o lançamento anterior, efetuado dentro do prazo decadencial, tenha sido anulado por vício formal, novo lançamento pode ser efetuado no prazo de cinco anos contados da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado o lançamento anterior.

Vício formal se refere a elemento extrínseco ao ato que formaliza o lançamento, não se referindo ao próprio conteúdo do ato. Em outras palavras, vício formal se refere ao procedimento ou ao documento que tenha formalizado o lançamento.

Por exemplo, se o fato gerador ocorreu e a autoridade fiscal apurou corretamente o tributo correspondente, exatamente conforme a lei determina, não há vício material capaz de ensejar a anulação do lançamento. No entanto, se essa mesma autoridade tiver se valido de provas ilícitas para demonstrar sua constatação, que comprometam todo o trabalho realizado, é caso de anulação por vício formal, sendo possível efetuar novo lançamento.

Confira a representação dessa hipótese no diagrama abaixo:

1.6.3. Antecipação do início de contagem do prazo de decadência

Outra regra sobre o termo inicial do prazo de decadência é encontrada no parágrafo único do art. 173 do CTN. De acordo com esse dispositivo, o direito de a Fazenda constituir seus créditos se extingue com o decurso do prazo de cinco anos contados da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.

Embora ainda permaneça alguma polêmica em torno desse dispositivo, é majoritária a corrente que entende se tratar de hipótese de antecipação do início da contagem do prazo decadencial que seria deflagrado de acordo com a regra geral do inciso I do mesmo artigo.

FG Início da contagem

2010 2011 2012 2013 2014 2009

Lançamento

Anulação do lançamento por

vício formal

2015

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Trata-se, portanto, do caso em que, antes do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ser efetuado o lançamento a autoridade administrativa dá início ao procedimento fiscal. Confira essa situação no diagrama abaixo, considerando que, de acordo com a regra geral inscrita no inciso I do art. 173 do CTN, o prazo decadencial seria contado a partir do primeiro dia de 2013, mas sua contagem restaria antecipada para a data, no ano de 2012, em que a autoridade administrativa tenha notificado o sujeito passivo acerca do início da fiscalização:

Em síntese, o disposto no parágrafo único do art. 173 do CTN somente se aplica para antecipar o termo de início da contagem do prazo de decadência. Dessa forma, sendo o início da fiscalização formalizado após o início da contagem do prazo segundo a regra geral, o parágrafo único do art. 173 não produz qualquer efeito. Entender o contrário significa admitir o absurdo de permitir que a Fazenda Pública, às vésperas de ver seu direito acometido pela decadência, renovar seu prazo em mais cinco anos com a simples notificação do termo de início de fiscalização.

1.6.4. Prazo de decadência de tributos lançados por homologação

No caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o § 4º do art. 150 do CTN contém regra específica de contagem do prazo decadencial:

Art. 150. [...]

§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Nas situações regulares envolvendo os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o contribuinte efetua o pagamento antecipado e, com o decurso do prazo de cinco anos contados da data de ocorrência do fato gerador, sem manifestação da autoridade administrativa, seu procedimento resta homologado tacitamente. Nesse caso, considera-se extinto o crédito tributário pelo pagamento

FG Início da contagem

2012 2013 2014

Termo de início de fiscalização

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antecipado e posteriormente homologado (CTN, art. 156, inciso VII), e não pela decadência.

No entanto, na hipótese de o contribuinte não ter apurado corretamente o tributo devido, depois de transcorrido o prazo de cinco anos contados da data de ocorrência do fato gerador, o crédito tributário relativo a eventual diferença não recolhida espontaneamente pelo contribuinte é extinto pela decadência. Em outras palavras, depois de prazo de cinco anos da data de ocorrência do fato gerador, a Fazenda não pode mais lançar de ofício a diferença entre o que foi pago antecipadamente e a importância que entender devida.

Acompanhe no diagrama abaixo a representação do início da contagem do prazo decadencial no caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação:

Na situação representada no diagrama acima, suponha que o fato gerador de um tributo sujeito ao lançamento por homologação tenha ocorrido em 31 de março de 2010, e que o contribuinte tenha efetuado o pagamento antecipado conforme seu entendimento sobre a matéria. Nesse caso, depois de 31 de março de 2015, a Fazenda Pública encontra-se impedida de efetuar o lançamento de eventual diferença que entenda ser devida.

Agora note que, em se tratando de tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo de decadência se inicia na data de ocorrência do fato gerador, coincidindo com a própria data de surgimento da obrigação tributária. Comparando essa regra com as demais, podemos concluir que, no caso dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o início da contagem da decadência ocorre em momento anterior a todos os outros e, consequentemente, o prazo de cinco anos também se encerra antes.

A justificativa para essa “maior pressão” sobre o Fisco é o fato de que, com o pagamento antecipado, a Fazenda Pública já toma conhecimento da ocorrência do fato gerador, sendo razoável, desde logo, iniciar a contagem do prazo que, uma vez esgotado, faz perecer seu direito em razão de ter se mantido inerte.

Diante desse fato, se o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (e, por óbvio, nem declarado o tributo), a “notícia” da ocorrência do fato gerador não é dada ao Fisco, de modo que não se faz presente a justificativa para a

FG Início da contagem

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Termo final do prazo de

decadência

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“antecipação” do início da contagem da decadência. Por conta dessa circunstância, o STJ consolidou o entendimento no sentido de que a regra de contagem do prazo de decadência prevista no § 4º do art. 150 do CTN não se aplica aos casos em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado e nem declara o tributo sujeito ao lançamento por homologação. Nesses casos, aplica-se a regra geral prevista no inciso I do art. 173, qual seja, o prazo de decadência se inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado.

Por fim, de acordo com a ressalva encontrada na parte final do § 4º do art. 150 do CTN, nos casos de dolo, fraude ou simulação não se considera homologado o lançamento (e nem definitivamente extinto o crédito) no prazo de cinco anos contados da data de ocorrência do fato gerador, sem manifestação da Fazenda Pública. Depois de muita discussão acerca do assunto (e de até mesmo ser cogitada a tese de que inexistiria decadência nesses casos!), consolidou-se o entendimento de que, no caso de tributo sujeito ao lançamento por homologação, havendo dolo, fraude ou simulação, o prazo de decadência que corre contra a Fazenda Pública se inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado, de acordo com a regra geral prevista no inciso I do art. 173.

1.6.5. Quadro resumo das diferentes hipóteses de contagem da decadência

Diante de tudo o que foi exposto, podemos propor a seguinte sistematização:

Hipótese Regra que disciplina a decadência

Tributo não sujeito ao lançamento por

homologação

Situação normal Regra geral: CTN, art. 173, inciso I

Termo de início de fiscalização lavrado antes do início do exercício

seguinte àquele em que poderia ser lançado o tributo

CTN, art. 173, parágrafo único

Tributo sujeito ao lançamento por

homologação

Com pagamento antecipado CTN, art. 150, § 4º

Sem pagamento antecipado, e sem declaração

Regra geral: CTN, art. 173, inciso I

Com dolo, fraude ou simulação

Em qualquer caso Anulação de lançamento anterior

por vício formal CTN, art. 173, inciso II

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1.7. Prescrição

De acordo com a teoria geral do Direito, a prescrição implica o perecimento do direito de ação. Em outras palavras, a prescrição é a perda da possibilidade de inaugurar o pertinente processo para fins de obter a tutela judicial contra lesão ou ameaça de lesão a um direito. Nesse sentido, entende-se que a prescrição fulmina o direito de ação, e não o próprio direito que se pretendia ver tutelado.

No âmbito tributário, o entendimento é diferente. Na primeira parte, a conclusão é a mesma: a prescrição é a perda do direito de ação da Fazenda Pública para ajuizar cobrança judicial de crédito tributário não pago pelo sujeito passivo. Desse modo, uma vez constituído o crédito dentro do prazo decadencial, caso o contribuinte não liquide sua dívida, só resta ao ente tributante exigir sua execução em juízo. Nesse caso, se a Administração Tributária não ajuizar a execução fiscal dentro do prazo que lhe é oferecido, fala-se em prescrição do direito de ação (direito de inaugurar o processo perante o Poder Judiciário).

No entanto, há um efeito adicional da prescrição a ser considerado no campo tributário. Considerando que a prescrição encontra-se expressamente prevista na lista de hipóteses de extinção do crédito tributário, sua verificação concreta implica não somente a perda do direito de ação da Fazenda Pública, mas também o perecimento do próprio crédito tributário e, por conseguinte, da obrigação tributária que lhe deu origem. Este tem sido o entendimento adotado pelo STJ, a exemplo do que ocorreu no julgamento do REsp 1.004.747, conforme se verifica na sua ementa, abaixo reproduzida na parte que aqui nos interessa:

Há que se atentar para o fato de que a prescrição, na seara tributária, estampa certa singularidade, qual seja, a de que dá azo não apenas à extinção da ação, mas do próprio crédito tributário, nos moldes do preconizado pelo art. 156, V, do CTN. Tanto é assim que, partindo-se de uma interpretação conjunta dos arts. 156, V, do CTN, que situa a prescrição como causa de extinção do crédito tributário, e 165, I, do mesmo diploma legal, ressoa inequívoco o direito do contribuinte à repetição do indébito, o qual consubstancia-se no montante pago a título de crédito fiscal inexistente, posto fulminado pela prescrição.

A prescrição do crédito tributário encontra-se disciplinada pelo art. 174 do CTN, da seguinte forma:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.

[...]

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Portanto, o prazo de prescrição que corre contra a Fazenda Pública também é de cinco anos, assim como no caso da decadência. No entanto, diferentemente do que se verifica em relação à decadência, há somente um marco inicial de contagem do prazo de prescrição: a data da constituição definitiva do crédito tributário.

Nos casos em que o crédito tributário é formalizado por meio da declaração do sujeito passivo, já se pode considerá-lo definitivamente constituído.

Nos casos em que o contribuinte é notificado do lançamento, ele é intimado a pagar o crédito tributário ou apresentar impugnação (CTN, art. 145, inciso I). Caso apresente impugnação, e uma vez mantida a exigência, a prescrição somente se inicia após o encerramento do processo administrativo. Por outro lado, se o contribuinte não apresentar impugnação, já se considera definitivamente constituído o crédito tributário, marcando o início da contagem do prazo de prescrição.

No parágrafo único do art. 174, o CTN prevê as hipóteses em que ocorre a interrupção da prescrição, provocando a integral devolução do prazo à Fazenda Pública. Confira abaixo a redação desse dispositivo:

Art. 174. [...]

Parágrafo único. A prescrição se interrompe:

I - pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;

II - pelo protesto judicial;

III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor.

Nesse dispositivo, perceba que as três primeiras hipóteses correspondem a situações em que o credor já iniciou algum procedimento judicial relativo à cobrança de seu crédito, demonstrando que não está inerte.

Na última hipótese ali prevista, é o próprio devedor que se reconhece nessa situação, provocando a interrupção da prescrição ainda que seu ato tenha sido praticado fora de um procedimento judicial. Trata-se, por exemplo, da confissão de dívida efetuada num pedido de parcelamento.

Para encerrar a análise do parágrafo único do art. 174 do CTN, é importante destacar que o próprio despacho do juiz que recebe a petição inicial na execução fiscal e ordena a citação do devedor já interrompe a prescrição. Essa previsão decorre de uma alteração introduzida pela Lei Complementar nº 118, de

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2005. Antes dessa alteração, a prescrição somente era interrompida com a citação pessoal do devedor, de modo que era praticamente impossível levar adiante a cobrança judicial em face de contribuintes que se evadiam.

1.8. Pagamento antecipado e posteriormente homologado

Nas situações regulares envolvendo os tributos sujeitos ao lançamento por homologação (CTN, art. 150), o contribuinte deve efetuar a apuração e o pagamento independentemente de prévia manifestação da autoridade fiscal.

Nesse caso, de acordo com o § 1º do art. 150 do CTN, o pagamento antecipado pelo obrigado extingue o crédito, sob condição resolutória da sua ulterior homologação. Essa é a essência da condição resolutória: pode-se considerar extinto o crédito desde o momento em que o pagamento é efetuado; no entanto, essa situação não é definitiva enquanto não for homologado o procedimento do sujeito passivo.

Portanto, se a autoridade fiscal expressamente homologa o procedimento levado a efeito pelo sujeito passivo, considera-se extinto o crédito tributário desde a data em que for efetuado o pagamento.

Por outro lado, se autoridade administrativa se mantiver inerte, após o decurso do prazo de cinco anos contados da data de ocorrência do fato gerador, o procedimento levado a efeito pelo sujeito passivo restará homologado tacitamente. E também nesse caso, considera-se extinto o crédito tributário pelo pagamento antecipado e posteriormente homologado, ainda que tacitamente (CTN, art. 156, inciso VII).

1.9. Dação em pagamento em bens imóveis

De acordo com o art. 356 do Código Civil, ocorre a dação em pagamento na hipótese em que o credor consente em receber prestação diversa da que lhe é devida.

No âmbito das relações tributárias, considerando que tributo é prestação pecuniária, o CTN teve que ser alterado para fins de permitir a extinção do crédito tributário mediante dação em pagamento de bens imóveis, e ainda assim, na forma e nas condições estabelecidas em lei do ente tributante.

Quanto à possibilidade de extinção do crédito tributário mediante dação em pagamento em bens móveis, recupero aqui as observações que fizemos logo no início desta Aula (item 1).

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A despeito da taxatividade que o Código pretendeu imprimir à lista de hipóteses de extinção do crédito tributário, é importante conhecer um precedente do STF, em que foi admitido ao Estado do Rio Grande do Sul “dispor sobre as formas de quitação de seus próprios créditos tributários”, inclusive criando a possibilidade de ser efetuada a dação em pagamento em bens móveis. Trata-se do julgamento da medida cautelar na ADI 2.405 em que, por maioria de votos, os Ministros do STF entenderam que os entes políticos não se encontram restritos à lista de hipóteses de extinção do crédito tributário, prevista no CTN.

Por trás desse entendimento, encontra-se a seguinte tese: se os entes políticos podem até mesmo perdoar seus créditos pela remissão (item 1.5), por que não poderiam definir as formas pelas quais seus créditos seriam quitados?

Trata-se de um precedente importante, que deve ser conhecido pelo candidato, e manejado com bastante cuidado. Recomenda-se utilizá-lo somente se o examinador formular a questão indicando que a resposta deve se orientar pela jurisprudência do STF. Do contrário, é melhor se orientar de acordo com a literalidade do art. 141 do CTN, segundo o qual o crédito tributário regularmente constituído somente se extingue nos casos previstos pelo próprio Código.

1.10. Demais hipóteses de extinção do crédito tributário

Neste item vamos dar uma breve notícia em relação às demais hipóteses de extinção do crédito tributário, previstas nos incisos VI, IX e X do art. 156 do CTN:

Art. 156. Extinguem o crédito tributário:

[...]

VI - a conversão de depósito em renda;

[...]

IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;

X - a decisão judicial passada em julgado.

[...]

As hipóteses de extinção do crédito acima reproduzidas se inserem num contexto de litígio entre a Fazenda e o sujeito passivo. Conforme vimos na Aula 08, na via administrativa, a simples apresentação de uma impugnação tempestiva contra o lançamento já é causa suficiente para suspensão da exigibilidade do crédito tributário (CTN, art. 151, III). Essa situação perdura até o encerramento do litígio,

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com a ciência da decisão administrativa definitiva. Nesse caso, se a decisão for favorável ao contribuinte, o crédito tributário será extinto (CTN, art. 156, IX).

Por outro lado, diferentemente do que ocorre na via administrativa, o simples ingresso na via judicial não suspende a exigibilidade do crédito tributário. Para produzir esse efeito na via judicial, o contribuinte tem que obter uma medida liminar ou a tutela antecipada.

Uma vez negado o provimento judicial de urgência (cautelar ou tutela antecipada), o contribuinte pode conseguir a suspensão da exigibilidade do crédito tributário mediante o depósito do montante integral. No final do litígio, se a decisão judicial que transitar em julgado for favorável ao contribuinte, o crédito tributário será extinto (CTN, art. 156, X), e o depósito poderá ser levantado pelo contribuinte. Por outro lado, se a decisão final for desfavorável ao contribuinte, o crédito tributário será extinto pela conversão do depósito em renda da Fazenda Pública (CTN, art. 156, VI).

Para ilustrar a situação envolvendo um litígio judicial, considere que um contribuinte tenha se insurgido contra um lançamento de R$ 1 milhão efetuado em seu nome. Sem sucesso com o pedido de liminar, restou-lhe depositar em juízo o montante integral da exigência para fins de suspender a cobrança. Considere, agora, que ao final do processo tenha transitado em julgado uma decisão judicial que lhe tenha sido parcialmente favorável, reduzindo o lançamento para o montante de R$ 700 mil. Nessa situação hipotética, o desfecho do caso poderia ser representado da seguinte forma:

Lançamento (R$ 1 milhão)

Depósito (R$ 1 milhão)

R$ 700 mil (extinto pela conversão do depósito

em renda)

R$ 300 mil (extinto por decisão judicial

irreformável)

Sujeito passivo: levantamento de parte

do depósito

Decisão judicial: valor devido é de R$ 700 mil

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2. PAGAMENTO INDEVIDO

Deixei para desenvolver o tema “pagamento indevido” em item próprio porque ele diz respeito a uma relação jurídica invertida, diversa daquela que ao longo deste Curso nos acostumamos a enxergar. Nas relações envolvendo o pagamento indevido, a pessoa que nos habituamos a chamar de sujeito passivo passa à condição de credor, e a Fazenda Pública se torna o devedor.

A origem do direito à restituição de tributo encontra-se prevista no art. 165 do CTN, nos seguintes termos:

Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:

I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;

II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento;

III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.

Desde logo vale esclarecer que a ressalva ao § 4º do art. 162 de refere ao caso em que a destruição de estampilha não confere direito à restituição. Além disso, note que o direito à restituição independe de prévio protesto.

As duas primeiras hipóteses se referem ao caso de pagamento indevido ou efetuado em montante maior que o devido, por erro de cálculo, de interpretação, ou mesmo de erro na identificação do sujeito passivo, situação que se observa com alguma frequência nos casos em que contadores atendem a diversos clientes.

A última hipótese não deixa de também se referir a um pagamento indevido ou maior que o devido. A diferença é que essa condição somente se configura posteriormente, em face de uma decisão judicial ou administrativa que reforma, anula, revoga ou rescinde uma decisão anterior.

2.1. Restituição de tributos indiretos

Indiretos são justamente os tributos que, por sua natureza, comportam a transferência do respectivo encargo financeiro. É o caso do ICMS devido pelo

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comerciante, mas que se encontra embutido no preço pago pelo consumidor na compra da mercadoria. Numa situação como essa, o comerciante se reveste da condição de “contribuinte de direito”, pois é ele quem figura no polo passivo da obrigação tributária que tem como sujeito ativo o Estado membro da federação. E considerando que o consumidor é a pessoa que efetivamente suporta o encargo financeiro representado pelo tributo, nesse contexto ele é denominado de “contribuinte de fato”.

Com relação aos tributos diretos, o direito à restituição cabe a quem efetuou o recolhimento indevido ou a maior. Por outro lado, no caso dos tributos indiretos, havendo recolhimento indevido ou a maior, se a restituição for efetuada ao contribuinte de direito (no nosso exemplo, o comerciante), haverá seu enriquecimento sem causa, afinal, quem efetivamente suportou o encargo financeiro foi o contribuinte de fato (no nosso exemplo, o consumidor).

No art. 166, o Código disciplina a restituição de tributos indiretos, nos seguintes termos:

Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la.

Portanto, conforme se infere a partir do dispositivo acima reproduzido, o contribuinte de direito somente tem legitimidade para pleitear restituição de tributo indireto quando:

comprovar que assumiu o encargo financeiro representado pelo tributo, demonstrando que não o repassou a terceiro; ou

o contribuinte de fato expressamente autorizá-lo a recebê-la.

Em linha com o art. 166 do CTN, o STF publicou a seguinte súmula:

Súmula 546/STF - Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão, que o contribuinte "de jure" não recuperou do contribuinte "de facto" o "quantum" respectivo.

Quanto ao contribuinte de fato, considerando que se trata de quem efetivamente suporta o encargo financeiro representado pelo tributo indireto, era de se esperar que fosse reconhecida sua legitimidade para pleitear a restituição. No entanto, o STJ consolidou um entendimento contrário a essa pretensão, sob o fundamento de que ele integra a relação jurídica tributária.

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Tal entendimento foi proferido em julgamento de recurso especial representativo de controvérsia, submetido à sistemática dos recursos repetitivos (CPC, art. 543-C). Trata-se do REsp 903.394. Devido à sua importância, segue abaixo a transcrição de excertos de sua ementa, com destaques acrescidos:

1. O "contribuinte de fato" (in casu, distribuidora de bebida) não detém

legitimidade ativa ad causam para pleitear a restituição do indébito relativo ao

IPI incidente sobre os descontos incondicionais, recolhido pelo "contribuinte de

direito" (fabricante de bebida), por não integrar a relação jurídica tributária

pertinente.

[...]

4. Em se tratando dos denominados "tributos indiretos" (aqueles que

comportam, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro),

a norma tributária (artigo 166, do CTN) impõe que a restituição do indébito

somente se faça ao contribuinte que comprovar haver arcado com o referido

encargo ou, caso contrário, que tenha sido autorizado expressamente pelo

terceiro a quem o ônus foi transferido.

[...]

6. Deveras, o condicionamento do exercício do direito subjetivo do contribuinte

que pagou tributo indevido (contribuinte de direito) à comprovação de que não

procedera à repercussão econômica do tributo ou à apresentação de

autorização do "contribuinte de fato" (pessoa que sofreu a incidência

econômica do tributo), à luz do disposto no artigo 166, do CTN, não possui o

condão de transformar sujeito alheio à relação jurídica tributária em parte

legítima na ação de restituição de indébito.

7. À luz da própria interpretação histórica do artigo 166, do CTN, dessume-se

que somente o contribuinte de direito tem legitimidade para integrar o pólo

ativo da ação judicial que objetiva a restituição do "tributo indireto"

indevidamente recolhido (Gilberto Ulhôa Canto, "Repetição de Indébito", in

Caderno de Pesquisas Tributárias, n° 8, p. 2-5, São Paulo, Resenha Tributária,

1983; e Marcelo Fortes de Cerqueira, in "Curso de Especialização em Direito

Tributário - Estudos Analíticos em Homenagem a Paulo de Barros Carvalho",

Coordenação de Eurico Marcos Diniz de Santi, Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2007,

págs. 390/393).

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8. É que, na hipótese em que a repercussão econômica decorre da natureza da

exação, "o terceiro que suporta com o ônus econômico do tributo não

participa da relação jurídica tributária, razão suficiente para que se verifique a

impossibilidade desse terceiro vir a integrar a relação consubstanciada na

prerrogativa da repetição do indébito, não tendo, portanto, legitimidade

processual" (Paulo de Barros Carvalho, in "Direito Tributário - Linguagem e

Método", 2ª ed., São Paulo, 2008, Ed. Noeses, pág. 583).

[...]

2.2. Restituição de juros e multa

Considerando que é muito comum os tributos serem acrescidos de juros e multa, o art. 167 do CTN disciplina a restituição desses acréscimos legais, na hipótese de acompanharem tributo pago indevidamente ou a maior:

Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição.

[...]

Como se nota, a restituição dos acréscimos legais segue a mesma proporção da restituição do valor pago indevidamente a título de tributo. Por exemplo, se um contribuinte efetuar pagamento em valor de R$ 50 mil a título de Imposto de Renda, acrescido de 10% de juros (R$ 5 mil) e 20% de multa de mora (R$ 10 mil) e, posteriormente, restar comprovado que o valor devido a título de Imposto perfazia, na verdade, o montante de R$ 40 mil, a ele será devida a restituição de R$ 10 mil a título de tributo pago indevidamente, além de R$ 1 mil de juros indevidos, e de R$ 2 mil a título de multa de mora indevida.

Ainda em referência ao exemplo acima, suponha agora que o Imposto pago a maior tenha sido apurado em declaração entregue fora do prazo, e que tal fato tenha motivado a imposição de multa por descumprimento de obrigação acessória (de caráter formal) no valor de R$ 3 mil. Conforme esclarece a ressalva encontrada na parte final do art. 167 do CTN, o fato de ter havido pagamento a maior de tributo apurado nessa declaração não repercute sobre a imposição da multa de R$ 3 mil, de caráter formal, originada pelo atraso no cumprimento dessa obrigação acessória e que, por isso mesmo, decorre de motivação autônoma.

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2.3. Juros na restituição

No parágrafo único do art. 167, acima analisado, o CTN cuida de questão diversa, razão pela teria sido melhor que a norma fosse posta em artigo autônomo. Isso porque, enquanto o caput do art. 167 se refere à restituição dos juros indevidamente pagos pelo particular, o parágrafo único do mesmo artigo cuida da incidência de juros sobre os valores devidos pela Fazenda Pública a título de restituição. Confira, nesse sentido, a redação do dispositivo em análise:

Art. 167. [...]

Parágrafo único. A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a determinar.

Juros não capitalizáveis são os chamados juros simples. É situação diversa do anatocismo, que consiste na prática de capitalização dos juros, gerando os juros compostos.

Portanto, à luz do que dispõe o CTN, ainda que o pagamento indevido tenha sido efetuado vários anos antes, os juros (simples) somente são computados a partir do transito em julgado da decisão que reconhecer o direito à restituição.

2.4. Decadência do direito de pleitear restituição

Da mesma forma que o Fisco possui um prazo para constituir o crédito tributário, o particular também está sujeito ao perecimento do seu direito à restituição. Trata-se do objeto do art. 168 do CTN:

Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados:

I - nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;

II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória.

Nos casos de pagamento indevido ou a maior que não corresponderam a uma imposição resultante de um litígio (incisos I e II do art. 165), a regra é bastante simples: o direito de pleitear a restituição se extingue com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário.

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De acordo com o entendimento consolidado pelo STJ, no caso de tributos submetidos ao lançamento por homologação, a data da extinção do crédito tributário corresponderia à data de homologação do lançamento. Atualmente, em razão do que dispõe o art. 3º da Lei Complementar nº 118, de 2005, restou assentado que, também no caso de tributos submetidos ao lançamento por homologação, a data da extinção do crédito tributário corresponderia à data do pagamento indevido ou a maior:

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Quanto ao pagamento que se torna indevido ou a maior por conta da reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão anterior (inciso III do art. 165), o inciso II do art. 168 estabelece que o direito de pleitear a restituição se extingue com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória.

Podemos representar essa hipótese da seguinte forma:

No diagrama acima, perceba que o pagamento foi realizado em decorrência de uma decisão que posteriormente veio a ser anulada. Nesse caso, o prazo de cinco anos para pleitear a restituição se inicia, não da data do pagamento, mas, sim, da data em que se tornar definitiva a anulação da decisão condenatória.

Decadência

5 anos CTN, art. 168, III

Decisão condenatória Anulação

Pagamento

Definitividade da anulação

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2.5. Prescrição do direito de ação contra decisão administrativa que nega restituição

Para encerrar nosso estudo acerca do “pagamento indevido”, resta analisar o teor do art. 169 do CTN, que cuida do prazo de prescrição para buscar a anulação judicial de decisão administrativa denegatória de restituição. Confira, abaixo, a redação do referido dispositivo:

Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição.

Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada.

Aqui o Código claramente estabeleceu prazo mais restritivo para o particular se socorrer ao Judiciário contra o indeferimento administrativo de seu pedido de restituição: nesse caso, seu direito de ação prescreve em dois anos (e não em cinco). Confira a representação dessa situação no diagrama abaixo:

No parágrafo único do art. 169, o Código trata da interrupção do prazo de prescrição pelo início da ação judicial. Ora, se o particular já ingressou com a ação judicial e, portanto, já não há mais como perecer seu direito de provocar o início do processo, talvez você esteja se perguntando qual o sentido em estabelecer a interrupção do prazo de prescrição. A indagação é pertinente. Mas há uma justificativa. Com o recomeço da contagem, passa a correr contra o particular o prazo de outra espécie de prescrição, a chamada prescrição intercorrente, que flui no curso do processo e “penaliza” a inércia imputada ao autor que, indevidamente, deixar de praticar algum ato que dele se espera, dando causa à paralisia do processo.

Prescrição

2 anos CTN, art. 169

Pedido administrativo de restituição

Decisão administrativa

denegatória

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Portanto, conforme estabelece o parágrafo único do art. 169 do CTN, a prescrição é interrompida pelo início da ação judicial, e a prescrição intercorrente se inicia, pela metade do prazo (ou seja, um ano), a partir da data da intimação (citação) validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada.

Neste ponto, é preciso ressaltar que parece ser majoritário o entendimento no sentido de que o lapso temporal entre a decisão administrativa denegatória e a ocorrência de eventual prescrição intercorrente não pode ser inferior ao prazo previsto no caput do art. 169 do CTN. Em outras palavras, se o particular ingressa com a ação judicial no primeiro ano do seu prazo bienal, e rapidamente o representante da Fazenda Pública é citado, dando início à contagem do prazo de prescrição intercorrente de um ano, na prática, seu prazo de prescrição restaria reduzido, ainda que tivesse sido bastante diligente. Para evitar que a prescrição prejudique quem não se manteve inerte, o entendimento que prevalece é no sentido de o prazo total de prescrição que corre contra o particular não pode ser inferior ao prazo de dois anos, previsto no caput do art. 169 do CTN.

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3. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

A exclusão do crédito tributário é o objeto dos arts. 175 a 182 do CTN. De acordo com a teoria mais aceita, com a exclusão, ainda que tenha ocorrido o fato gerador e surgido a obrigação tributária, a autoridade fiscal fica impedida de constituir o respectivo crédito por meio do lançamento. Da mesma forma, no caso de tributo sujeito ao lançamento por homologação, com a exclusão, o sujeito passivo fica desobrigado de efetuar o pagamento antecipado.

Nos termos do art. 175 do CTN, são causas de exclusão do crédito tributário a isenção e a anistia. Confira a redação desse dispositivo:

Art. 175. Excluem o crédito tributário:

I - a isenção;

II - a anistia.

Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela conseqüente.

Nos próximos itens, vamos analisar a isenção e a anistia. Agora cabe destacar que, basicamente, a diferença entre elas está no fato de que a isenção exclui o crédito tributário relativo a tributo, enquanto que a anistia exclui o crédito tributário relativo a penalidade pecuniária.

Neste momento, perceba que o parágrafo único do art. 175 do CTN reafirma a autonomia das obrigações acessórias, que já havíamos estudado na Aula 06. Nesse sentido, as obrigações acessórias ficam preservadas mesmo no caso de ter sido excluído o crédito tributário que decorre da obrigação principal.

Por exemplo, a pessoa física é obrigada a apresentar a Declaração do Imposto de Renda ainda que no ano-base tenha recebido apenas rendimentos isentos, na hipótese em que esses rendimentos superem R$ 40 mil. Na mesma linha, o industrial tem que emitir a nota fiscal para acompanhar os produtos que saem de seu estabelecimento, ainda que os referidos produtos sejam isentos do IPI.

Para encerrar este item introdutório, cabe destacar uma característica comum à isenção e à anistia. Conforme já havíamos estudado, as hipóteses de exclusão do crédito tributário constituem matéria reservada à lei (CTN, art. 97, inciso VI). E mais do que isso, a Constituição Federal exige que a lei que concede isenção ou anistia seja específica:

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Art. 150. [...]

§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g

3.1. Isenção

Embora existam outras teses, o entendimento que prevalece no meio jurídico é no sentido de que a isenção implica a dispensa do pagamento de um tributo devido. Essa conclusão parte da premissa de que a isenção não impede a ocorrência do fato gerador e, portanto, não representa obstáculo ao surgimento da obrigação tributária. Em verdade, a isenção impede a constituição do crédito tributário que dela decorre.

O art. 176 do CTN reforça a necessidade de lei para concessão de isenções, nos seguintes termos:

Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.

A referência a “isenções previstas em contrato” diz respeito aos benefícios previstos em acordos que governos celebram com empresas com o objetivo de atrair investimentos para o seu território. Nesses casos, conforme estabelece o Código, ainda que por meio de contrato o ente público se comprometa a conceder isenção, o benefício depende de previsão em lei, que pode, inclusive, fixar condições para a sua concessão e também prazo de duração.

E de acordo com o parágrafo único do mesmo artigo, a isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de

ISENÇÃO

FG

Lançamento

Obrigação tributária

Crédito tributário

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condições a ela peculiares. De qualquer forma, a limitação da concessão do benefício a apenas uma parte do território do ente tributante deve se basear em critério legítimo para não configurar afronta ao princípio da isonomia. Por exemplo, seria legítima a concessão de IPTU para os proprietários de imóveis situados na região mais carente do município. Por outro lado, não seria legítima a concessão de isenção de IPTU limitada à região que responde pela maior quantidade de votos que elegeram o prefeito.

Quanto à abrangência da isenção, o art. 177 do CTN estabelece o seguinte:

Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva:

I - às taxas e às contribuições de melhoria;

II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.

Como facilmente se nota, em regra, a isenção não abrange taxas e contribuições de melhoria, que são tributos vinculados. Trata-se de uma disposição que simplesmente evita a extensão do benefício a tributos que se justificam como forma de contraprestação a uma atividade estatal dirigida ao particular, salvo disposição em contrário. Dessa forma, a isenção do ITBI não implica a isenção das taxas cobradas no processo de transferência da propriedade imobiliária.

Além disso, também em regra, a isenção não abrange tributos instituídos posteriormente à sua concessão. No entanto, mais uma vez, por conta da cláusula “salvo disposição de lei em contrário”, a regra pode ser flexibilizada pelo legislador.

Ainda quanto à abrangência das isenções, agora sob o ponto de vista subjetivo, o art. 179 do Código deixa claro que o benefício pode ser concedido em caráter geral ou individual. Acompanhe a redação do dispositivo:

Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão.

[...]

§ 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.

Quando concedida em caráter geral, a isenção decorre diretamente da lei, como no caso da isenção do imposto de renda sobre os dividendos recebidos por

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pessoas físicas e jurídicas. Nesse caso, a isenção independe de prévio reconhecimento por parte da autoridade administrativa.

Por outro lado, a isenção pode ser condicionada à comprovação de enquadramento às condições previstas em lei para sua concessão, quando então não alcança a generalidade das pessoas e assume caráter individual. Nesses casos, de acordo com o dispositivo acima reproduzido, a isenção é efetivada com base na lei, mas mediante despacho da autoridade administrativa, que se manifesta em relação a requerimento formulado pelo interessado, no qual deve fazer prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos para sua concessão. Por exemplo, podemos citar a isenção do IPI concedida a quem comprovadamente seja titular de autorização, permissão ou concessão do Poder Público para exercer a profissão de taxista.

E, de acordo com o § 2º do art. 179 do CTN, a isenção concedida em caráter subjetivo não gera direito adquirido (assim como a moratória, a remissão e a anistia), aplicando-se o disposto no art. 155 do CTN. Desse modo:

caso reste comprovado que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, o crédito deve ser cobrado acrescido de juros de mora;

se o beneficiado tiver agido com dolo ou simulação, à cobrança deve ser acrescida a penalidade cabível e o prazo decorrido desde a concessão da isenção não é computado para fins da prescrição;

se o beneficiado tiver agido sem dolo ou simulação, não lhe deve ser imposta penalidade, e a “revogação” do benefício somente pode ser efetuada antes do encerramento do prazo de prescrição.

Faltou analisar o disposto no § 1º do art. 179 do CTN, abaixo reproduzido:

Art. 179. [...]

§ 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção.

Esse dispositivo se refere aos chamados tributos com fato gerador continuado, lançados por período certo de tempo, como os impostos sobre a propriedade (IPTU, IPVA e ITR), lançados anualmente. Segundo essa regra, a isenção

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relativa a esses tributos, quando concedida em caráter pessoal (individual), deve ser renovada a cada período. Em outras palavras, o dispositivo estabelece que, nesses casos, a isenção é válida apenas para o período a que se referir o despacho de reconhecimento do direito ao benefício.

Por fim, vamos analisar o art. 178 do CTN, que trata da revogação ou modificação de isenções:

Art. 178. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.

No dispositivo acima, primeiramente perceba que as isenções podem ser revogadas ou modificadas por lei, a qualquer tempo. Caso isso aconteça, se a isenção for referente a impostos sobre o patrimônio e a renda, o dispositivo de lei que revoga total ou parcialmente só pode entrar vigor, no mínimo, no 1º dia do exercício seguinte (CTN, art. 104, inciso III).

No entanto, quando as isenções forem onerosas, elas não podem ser revogadas. Trata-se das isenções concedidas por prazo certo e em função de determinadas condições. Depois de várias decisões no mesmo sentido, o STF consolidou esse mesmo entendimento na seguinte súmula:

Súmula 544/STF: Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas.

Trata-se dos casos em que a lei, além de beneficiar o destinatário com a isenção, dele exige uma contrapartida, um ônus a ser cumprido, normalmente associado à instalação de empreendimentos e à geração de empregos. Por exemplo, podemos citar a isenção de IRPJ, pelo prazo de dez anos, concedida às pessoas jurídicas que obedeceram às condições legais e instalaram empreendimentos industriais ou agrícolas, previamente aprovados pela SUDENE, na Região Nordeste do Brasil.

Portanto, note que as isenções onerosas geram direito adquirido. E não confunda com as isenções concedidas em caráter subjetivo, destituídas de onerosidade, que não geram direito adquirido (CTN, art. 179, § 2º).

Como última observação, cabe ressaltar que o art. 178 do CTN não impede a revogação de lei que concede isenção onerosa. Na verdade, esse dispositivo impede a revogação de isenção onerosa já concedida com base na lei. Desse modo,

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o legislador está livre para revogar a lei e, com isso, impedir que novas isenções onerosas sejam concedidas.

3.2. Anistia

Para encerrar nosso estudo sobre a exclusão do crédito tributário, vamos agora analisar a anistia, que é o perdão de infrações tributárias. Dessa forma, a anistia impede a constituição do crédito tributário referente à respectiva penalidade pecuniária.

Talvez aqui seja oportuno destacar a diferença entre remissão e anistia. Vimos no item 1.5, que a remissão consiste no perdão do crédito tributário já constituído, podendo abranger tanto o tributo quanto as penalidades pecuniárias. Por outro lado, como implica o perdão da infração e impede o lançamento da multa, podemos afirmar que a anistia se refere ao crédito tributário ainda não constituído.

De acordo com o art. 180 do CTN, a anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede. Do contrário, serviria como estímulo direto ao cometimento de infrações, o que não se pode esperar de uma norma jurídica.

No diagrama abaixo, encontra-se representada a concessão de anistia que deve (1) corresponder a crédito ainda não constituído, e (2) se referir a infração cometida anteriormente à vigência da lei que a concede:

Além disso, o art. 180 do CTN estabelece que a anistia não se aplica:

aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções (enquadramento na lei penal);

aos atos que, mesmo sem o enquadramento na lei penal, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele;

ANISTIA

Infração Lançamento

Obrigação tributária principal (multa)

Crédito tributário

Lei que concede anistia

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salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas.

Portanto, podemos concluir que o CTN proíbe a concessão de perdão legal da infração tributária cometida sob uma dessas circunstâncias acima enumeradas. A exceção se refere às infrações resultantes de conluio que, salvo disposição em contrário, podem ser anistiadas, evidenciando um claro paradoxo, afinal, não há conluio que não seja doloso, conforme a própria legislação tributária estabelece desde 1964, no caso, a Lei nº 4.502/64:

Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 (sonegação) e 72 (fraude).

Por fim, da mesma forma que acontece em relação a outros benefícios, a anistia pode ser concedida em caráter geral ou individual. E ainda que concedida em caráter geral, nos termos do art. 181 do CTN, ela pode ser:

limitada:

às infrações da legislação relativa a determinado tributo;

às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza;

a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares;

concedida sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa.

E, mais uma vez, tratando-se de benefício fiscal, caso seja concedida em caráter individual, a anistia é efetivada com base na lei, mas mediante despacho da autoridade administrativa, que se manifesta em relação a requerimento formulado pelo interessado, no qual deve fazer prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos para sua concessão (CTN, art. 182).

E, de acordo com o parágrafo único do art. 182 do CTN, a anistia em caráter subjetivo não gera direito adquirido (assim como a moratória, a remissão e a isenção), aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 155 do CTN.

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4. PRINCIPAIS PONTOS DA AULA

Extinguem o crédito tributário:

o pagamento;

a compensação;

a transação;

a remissão;

a prescrição e a decadência;

a conversão de depósito em renda;

o pagamento antecipado e a homologação do lançamento;

a consignação em pagamento, julgada procedente;

a decisão administrativa irreformável, assim entendida a

definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto

de ação anulatória;

a decisão judicial passada em julgado;

a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições

estabelecidas em lei.

O pagamento parcial do crédito tributário não importa em presunção

de pagamento das prestações em que se decomponha.

O pagamento total do crédito tributário não importa em presunção de

pagamento de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros

tributos.

A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito

tributário.

No específico caso de pagamento por meio de cheque, considera-se

extinto o crédito somente após o seu resgate pelo sacado.

Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é

efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito passivo.

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Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o

vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se

considera o sujeito passivo notificado do lançamento.

O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros

de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da

imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer

medidas de garantia previstas no próprio CTN ou em lei tributária.

Vencido o prazo para pagamento, o sujeito passivo já se considera em

mora, sendo desnecessária qualquer providência do sujeito ativo para

fins de constituí-lo nessa condição.

Não é cabível a cobrança de juros de mora enquanto estiver pendente

de resposta a consulta formulada pelo sujeito passivo dentro do prazo

de pagamento do tributo.

Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo

sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público,

relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de

penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa

competente para receber o pagamento determinará a respectiva

imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que

enumeradas:

em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em

segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária;

primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e

por fim aos impostos;

na ordem crescente dos prazos de prescrição;

na ordem decrescente dos montantes

Caso a ação a consignação seja julgada procedente, resta reconhecido

pelo Poder Judiciário que o sujeito passivo tinha razão em seu pedido.

Nesse caso, a importância consignada é convertida em renda e o

crédito tributário é extinto.

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Caso a ação a consignação seja julgada improcedente, no todo ou em

parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das

penalidades cabíveis.

A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja

estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa,

autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos

e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda

Pública.

É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo,

objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito

em julgado da respectiva decisão judicial.

Súmula 212/STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser

deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar ou

antecipatória.

Súmula 213/STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada

para a declaração do direito à compensação tributária.

Súmula 460/STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar

a compensação tributária realizada pelo contribuinte.

A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e

passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante

concessões mútuas, importe em determinação de litígio e

consequente extinção de crédito tributário.

A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por

despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito

tributário, atendendo:

à situação econômica do sujeito passivo;

ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a

matéria de fato;

à diminuta importância do crédito tributário;

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a considerações de equidade, em relação com as características

pessoais ou materiais do caso;

a condições peculiares a determinada região do território da

entidade tributante.

A decadência implica a perda do direito da Fazenda Pública de

constituir o crédito tributário, de tornar exigível a obrigação tributária.

O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-

se após 5 (cinco) anos, contados:

do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o

lançamento poderia ter sido efetuado;

da data em que se tornar definitiva a decisão que houver

anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado;

da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito

tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer

medida preparatória indispensável ao lançamento.

No caso de tributo sujeito ao lançamento por homologação, se a lei

não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da

ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda

Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento

e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência

de dolo, fraude ou simulação.

Considerando que a prescrição encontra-se expressamente prevista na

lista de hipóteses de extinção do crédito tributário, sua verificação

concreta implica não somente a perda do direito de ação da Fazenda

Pública, mas também o perecimento do próprio crédito tributário e,

por conseguinte, da obrigação tributária que lhe deu origem.

A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos,

contados da data da sua constituição definitiva.

A prescrição se interrompe:

pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;

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pelo protesto judicial;

por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe

em reconhecimento do débito pelo devedor.

O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto,

à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do

seu pagamento, nos seguintes casos:

cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou

maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou

da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador

efetivamente ocorrido;

erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da

alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na

elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao

pagamento;

reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão

condenatória

A restituição de tributos que comportem, por sua natureza,

transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a

quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo

transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a

recebê-la.

A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na

mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias,

salvo as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela

causa da restituição.

A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em

julgado da decisão definitiva que a determinar.

O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo

de 5 (cinco) anos, contados:

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nas hipóteses de pagamento indevido ou a maior que não

corresponderam a uma imposição resultante de um litígio, da

data da extinção do crédito tributário;

na hipótese em que o pagamento que se torna indevido ou a

maior por conta da reforma, anulação, revogação ou rescisão de

decisão anterior, da data em que se tornar definitiva a decisão

administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha

reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão

condenatória.

Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa

que denegar a restituição.

O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial,

recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação

validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública

interessada.

Excluem o crédito tributário:

a isenção;

a anistia.

A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das

obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito

seja excluído, ou dela consequente.

Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva:

às taxas e às contribuições de melhoria;

aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.

A isenção concedida em caráter subjetivo não gera direito adquirido.

Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o

despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de

cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do

primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover

a continuidade do reconhecimento da isenção.

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As isenções podem ser revogadas ou modificadas por lei, a qualquer

tempo. Caso isso aconteça, se a isenção for referente a impostos sobre

o patrimônio e a renda, o dispositivo de lei que revoga total ou

parcialmente só pode entrar vigor, no mínimo, no 1º dia do exercício

seguinte.

No entanto, quando as isenções forem onerosas, elas não podem ser

revogadas. Trata-se das isenções concedidas por prazo certo e em

função de determinadas condições.

Anistia é o perdão de infrações tributárias. Dessa forma, a anistia

impede a constituição do crédito tributário referente à respectiva

penalidade pecuniária.

A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas

anteriormente à vigência da lei que a concede.

A anistia não se aplica:

aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções

(enquadramento na lei penal);

aos atos que, mesmo sem o enquadramento na lei penal, sejam

praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou

por terceiro em benefício daquele;

salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio

entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas.

A anistia pode ser concedida em caráter geral ou limitadamente:

às infrações da legislação relativa a determinado tributo;

às infrações punidas com penalidades pecuniárias até

determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de

outra natureza;

a determinada região do território da entidade tributante, em

função de condições a ela peculiares;

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sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei

que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à

autoridade administrativa.

A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em

cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em

requerimento com a qual o interessado faça prova do preenchimento

das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei para

sua concessão, hipótese em que não gera direito adquirido.

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5. QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES

(FCC/ Auditor Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo/2009)

1. Sobre os prazos de natureza decadencial, previstos no CTN e correndo contra a Fazenda Pública, seja para homologar lançamento efetuado pelo contribuinte, seja para efetuar lançamento de ofício, é correto afirmar que são de

a) cinco anos contados da ocorrência do fato gerador para efetuar o lançamento de ofício e cinco anos contatos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado para homologar o realizado pelo contribuinte.

b) cinco anos contados da constituição definitiva do crédito tributário para efetuar o lançamento de ofício e cinco anos contados da ocorrência do fato gerador para homologar o lançamento efetuado pelo contribuinte.

c) cinco anos contados da ocorrência do fato gerador, seja para efetuar o lançamento de ofício, seja para homologar o lançamento efetuado pelo contribuinte.

d) cinco anos contados da ocorrência do fato gerador para homologar lançamento efetuado pelo contribuinte e cinco anos contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado, para o lançamento de ofício.

e) dez anos contados da constituição definitiva do crédito tributário, seja para efetuar o lançamento de ofício seja para homologar o lançamento efetuado pelo contribuinte.

(FGV/ Auditor Fiscal da Receita Estadual do Rio de Janeiro/2010)

2. O Código Tributário Nacional, em seu artigo 156, relaciona expressamente as hipóteses de extinção do crédito tributário.

As alternativas a seguir apresentam hipóteses que estão inseridas na extinção do crédito tributário, à exceção de uma. Assinale-a.

a) Novação.

b) Dação em pagamento com bens imóveis.

c) Transação.

d) Compensação.

e) Pagamento antecipado e homologação do lançamento.

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(FGV/ Auditor Fiscal da Receita Estadual do Rio de Janeiro/2010)

3. Analise as afirmativas a seguir.

I. O contribuinte de direito poderá postular a repetição do indébito se estiver autorizado por quem tenha assumido o encargo financeiro do tributo.

II. Os juros moratórios são devidos a partir do trânsito em julgado da sentença.

III. A correção monetária incide a partir do pagamento indevido.

Assinale:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.

b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

(FGV/ Auditor da Receita Estadual do Amapá/2010)

4. O Código Tributário Nacional consagra uma estrutura dualista ao distinguir a Obrigação Tributária (OT) do Crédito Tributário (CT) de tal forma que, enquanto a OT surge pela ocorrência do "fato gerador", o CT dependeria do procedimento de lançamento para sua perfeita constituição.

Com base na estrutura dualista, o Código Tributário Nacional estabelece no artigo 156 diversas hipóteses de extinção do "Crédito Tributário", dispositivo que mereceu severas críticas por parte da doutrina, dentre as quais o fato de que, por vezes, a Obrigação Tributária é extinta antes mesmo da constituição do crédito, tal como ocorre no caso de:

a) decadência.

b) prescrição.

c) impossibilidade do cumprimento da obrigação.

d) compensação.

e) dação em pagamento com bens imóveis.

(FGV/ Fiscal da Receita Estadual do Amapá/2010)

5. Na hipótese de o sujeito passivo recolher tributo a maior ou indevidamente, não é correto afirmar que:

a) poderá ingressar com medida judicial para obter a restituição do tributo pago a maior ou indevidamente.

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b) terá a prerrogativa de apresentar requerimento administrativo solicitando a restituição dos valores (recolhidos a maior ou indevidamente), tanto em espécie como por meio de compensação, caso seja permitida por lei.

c) o Código Tributário Nacional estabelece que o prazo para pleitear a restituição do indébito tributário é de cinco anos, contados da extinção do crédito tributário, nos casos de pagamento a maior ou indevido.

d) a regra geral definida pelo Código Tributário Nacional fixa o prazo de 2 anos para prescrição da ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição.

e) embora criticável, é condição necessária, consoante o Código Tributário Nacional, à restituição do tributo pago indevidamente ou a maior, o protesto prévio, sob pena de ser denegado o pedido do contribuinte.

(FGV/ Fiscal da Receita Estadual do Amapá/2010)

6. De acordo com o CTN, não se afigura como causa de extinção do crédito tributário:

a) a decadência.

b) a prescrição.

c) a anistia.

d) a remissão.

e) a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória.

(FGV/ Auditor Fiscal da Receita Estadual do Rio de Janeiro/2011)

7. Em relação à prescrição e decadência no âmbito tributário, é correto afirmar que

a) o despacho do juiz que ordenar a citação do réu em ação de execução fiscal não tem o condão de suspender ou interromper o prazo prescricional, uma vez que, em relação aos prazos, estes serão sempre mais benéficos ao contribuinte.

b) a decadência se refere ao prazo de 2 (dois) anos de que a administração pública dispõe para o lançamento do crédito tributário, a partir da ocorrência do fato gerador da obrigação principal.

c) a decadência é fenômeno que atinge a obrigação tributária, não permitindo a sua constituição, ao passo que a prescrição alcança o crédito tributável tornando-o inexequível.

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d) o direito de pleitear a restituição de tributos obedece ao prazo prescricional de 2 (dois) anos a contar da data do pagamento espontâneo do tributo pago indevidamente ou a maior.

e) a ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 3 (três) anos, contados da data de sua constituição definitiva.

(FEPESE/ Auditor Fiscal da Receita Estadual de Santa Catarina/2010)

8. Assinale a alternativa correta.

a) Conforme o artigo 165, CTN, o sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, somente em caso de cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido.

b) O lançamento direto, ou de ofício, é realizado pela autoridade administrativa quando a lei assim o determine, e, dentre outras situações, quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração solicitada, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade.

c) O artigo 172, CTN, prevê que a lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, unicamente em função da situação econômica do sujeito passivo, ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato ou devido à diminuta importância do crédito tributário.

d) A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la, devendo a aludida autorização ser concedida unicamente mediante expresso procedimento judicial.

e) Nos termos do artigo 169, CTN, prescreve em cinco anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição, sendo que o prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada.

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(FEPESE/ Auditor Fiscal da Receita Estadual de Santa Catarina/2010)

9. Assinale a alternativa correta.

a) Da leitura do artigo 156, CTN, podemos concluir que extinguem o crédito tributário, entre outras modalidades, a compensação, a transação, a remissão, a prescrição e a decadência, a conversão de depósito em renda, o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1o e 4o e a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2o do artigo 164.

b) O princípio da anterioridade especial veda a cobrança de tributos antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observada a anterioridade geral, prevista no art.150, III, b, CF, com exceção do IR, IOF, IPI, IPVA e ICMS.

c) Pela leitura do artigo 170, CTN, podemos concluir que a lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, desde que já vencidos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública.

d) A Lei complementar 104/2001 incluiu no CTN o art.170-A, dispondo que é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes da decisão judicial de segundo grau, para evitar abusos no uso do referido instituto tributário.

e) Conforme o artigo 173, CTN, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados da data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária e da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

(FCC/ Auditor Fiscal Tributos Municipais de São Paulo/2012)

10. Ocorrido o fato gerador do IPTU, iniciou-se o prazo para que a Fazenda Pública municipal efetuasse o lançamento desse tributo, o que foi feito dentro do prazo previsto na legislação.

O contribuinte, discordando do valor do crédito tributário constituído por meio desse lançamento, ofereceu, tempestivamente, impugnação contra ele, a qual, todavia, resultou totalmente infrutífera, já que a decisão definitiva, na esfera administrativa, manteve a integralidade do crédito tributário lançado.

Resignado com essa decisão administrativa, o contribuinte optou por não discutir a questão na esfera judicial, dando ensejo a que a Fazenda Pública pudesse cobrar dele o crédito tributário constituído pelo citado lançamento.

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O prazo inicialmente referido para a Fazenda Pública efetuar o lançamento do tributo; o obstáculo jurídico do início da fluência do prazo para a cobrança do crédito tributário definitivamente constituído e o prazo finalmente mencionado para a Fazenda Pública poder cobrar do contribuinte o crédito tributário definitivamente constituído são, respectivamente, denominados

a) suspensão de exigibilidade do crédito tributário; decadência e prescrição.

b) decadência; suspensão de exigibilidade do crédito tributário e prescrição.

c) prescrição; suspensão de exigibilidade do crédito tributário e decadência.

d) prescrição; decadência e suspensão de exigibilidade do crédito tributário.

e) decadência; prescrição e suspensão de exigibilidade do crédito tributário.

(FCC/ Auditor Fiscal Tributos Municipais de São Paulo/2012)

11. Para poder discutir em juízo a incidência ou não de um determinado tributo, lançado por município paulista, o contribuinte ingressou com a ação judicial que considerou apropriada e, no bojo dessa ação, efetuou o depósito da importância em discussão.

Como a decisão definitiva do processo foi contrária ao contribuinte, a quantia depositada foi convertida em renda da Fazenda Pública municipal.

Nesse caso,

a) a conversão em renda da quantia questionada judicialmente extingue o crédito tributário e o seu depósito, integral ou não, suspende definitivamente a exigibilidade desse mesmo crédito.

b) o depósito da quantia questionada, integral ou parcial, suspende a exigibilidade do crédito tributário e a conversão dele em renda extingue esse mesmo crédito.

c) o depósito integral da quantia questionada suspende a exigibilidade do crédito tributário e a conversão dele em renda extingue esse mesmo crédito.

d) tanto o depósito integral da quantia questionada como sua conversão em renda da Fazenda Pública municipal suspendem a exigibilidade do crédito tributário questionado judicialmente.

e) tanto o depósito integral da quantia questionada como sua conversão em renda da Fazenda Pública municipal extinguem o crédito tributário questionado judicialmente.

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(FCC/ Auditor Fiscal Tributos Municipais de São Paulo/2012)

12. Uma pessoa adquiriu, no ano de 2011, por meio de contrato de compra e venda, um imóvel localizado no município de São Paulo. Em razão de erro de cálculo, essa pessoa, contribuinte do ITBI, acabou pagando quantia superior à efetivamente devida.

Com consequência desse pagamento indevido, esse contribuinte, neste exercício de 2012,

a) poderá pleitear a restituição do que foi pago em excesso, no decurso do prazo de cinco anos contados da data em que foi feito o pagamento indevido.

b) não poderá pleitear a restituição da importância indevidamente paga.

c) poderá pleitear a restituição de tudo o que foi pago, no decurso do prazo de dois anos, contados da data da ocorrência do fato gerador do imposto cujo pagamento foi feito indevidamente, devendo, então, fazer o pagamento da quantia correta.

d) poderá pleitear a restituição de tudo o que foi pago, no decurso do prazo de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador do imposto cujo pagamento foi feito indevidamente, devendo, então, fazer o pagamento da quantia correta.

e) poderá pleitear a restituição do que foi pago em excesso, no decurso do prazo de dois anos contados da data em que foi feito o pagamento indevido.

(FCC/ Auditor de Controle Externo TCE PR/2011)

13. Atendendo a erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto à matéria de fato, a lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado,

a) anistia.

b) moratória.

c) parcelamento.

d) remissão.

e) compensação.

(ESAF/ Analista Técnico de Políticas Sociais do MPOG/2012)

14. São formas de extinção do crédito tributário:

a) o pagamento e a moratória.

b) a compensação e a remissão.

c) a conversão do depósito em renda e o depósito do montante integral do crédito.

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d) a transação e o parcelamento.

e) a consignação em pagamento e a moratória.

(FCC/ Defensor Público Estadual RS/2011)

15. Um determinado contribuinte apresentou à Fazenda a Guia de Informação e Apuração do ICMS (GIA) e deixou de recolher no prazo legal o imposto nela informado, relativo a fatos geradores do mês de fevereiro do ano de 2005. O vencimento do tributo devido era no último dia útil do mês de março de 2005. No mês de junho de 2010, a Fazenda ajuizou ação de execução fiscal, tendo o contribuinte apresentado embargos à execução alegando a prescrição do crédito tributário. Tendo em conta essas circunstâncias e a atual jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que

a) não se trata de prescrição, mas de decadência, cujo prazo para o lançamento ainda não se escoou, pois, cuidando-se na hipótese de lançamento de ofício ou direto, o prazo decadencial de 5 (cinco) anos conta-se a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.

b) não ocorreu nem prescrição nem decadência, pois, tratando-se, o ICMS, de tributo sujeito a lançamento por homologação, adota-se a chamada tese dos 5 (cinco) mais 5 (cinco), de modo que o prazo para cobrança é de 10 (dez) anos, o qual ainda não decorreu.

c) ocorreu a prescrição, pois, tratando-se de tributo sujeito a lançamento por homologação, a entrega da GIA constitui o crédito tributário, independentemente de qualquer outra providência do Fisco relativa a lançamento, sendo que, no caso, já se escoou o prazo prescricional de 5 (cinco) anos contados do vencimento do débito tributário.

d) não ocorreu a prescrição, pois, tratando-se de lançamento direto ou de ofício, o prazo prescricional conta-se a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.

e) embora o prazo não seja de prescrição, mas de decadência, o fato é que esta última já se configurou, pois, tratando-se o ICMS de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial de 5 (cinco) anos conta-se a partir da data do vencimento do tributo ou da data da entrega da GIA, o que ocorrer por último.

(FCC/ Auditor Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo/2013)

16. A Lei Estadual no 12.605/2012, do Estado da Bahia, aprovada pela Assembleia Legislativa daquele Estado, em seu artigo 11, assim prescreveu:

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“Art. 11 − Ficam extintos, independentemente de requerimento do sujeito passivo, os débitos vencidos até 30 de setembro de 2012, por veículo, relativos ao Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores − IPVA, cujo valor atualizado em 31 de outubro de 2012 seja igual ou inferior a R$ 500,00 (quinhentos reais).”

Esse é um típico caso de

a) remição.

b) anistia.

c) remissão.

d) isenção.

e) moratória.

(FCC/ Defensor Público Estadual AM/2013)

17. O contribuinte pretende quitar seu débito com a Fazenda Pública através da entrega de bem imóvel de sua propriedade. Neste caso, esta medida só terá cabimento se

a) houver lei do ente competente especificando a forma e as condições para a realização da dação em pagamento, hipótese em que será admitida como causa de extinção do crédito tributário.

b) o bem imóvel estiver garantindo o juízo da execução e desde que haja interesse por parte do ente em receber aquele bem imóvel na forma de depósito, hipótese em que será admitida como causa de exclusão do crédito tributário.

c) estiver o débito em fase de cobrança judicial e não houver sido apresentado embargos à execução fiscal pelo executado, bem assim que haja lei autorizando esta transação como forma de extinção do crédito tributário.

d) for feita em juízo, nos autos da execução fiscal e mediante homologação judicial desta forma de compensação do crédito tributário como causa de extinção do crédito tributário.

e) houver previsão legal do ente competente admitindo a entrega de bem imóvel como forma de pagamento direto, causa de extinção do crédito tributário, já que o tributo pode ser pago em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir.

(FCC/ Juiz de Direito TJPE/2013)

18. O contribuinte tem o direito de fazer consulta sobre dispositivos legais acerca de matéria tributária. Neste caso,

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a) julgada procedente a consulta, ou seja, reconhecendo o fisco que o sujeito passivo consulente não tem obrigação tributária, o crédito tributário sequer será constituído, razão pela qual a consulta é causa de exclusão do crédito tributário.

b) somente a consulta judicial é causa de extinção do crédito tributário quando julgada procedente, ou seja, quando o fisco reconhece que o crédito tributá rio é ilegal.

c) a consulta é procedimento judicial, que deve ser pro posto antes da data do vencimento do tributo.

d) a consulta formulada antes da notificação válida ao sujeito passivo, relativamente ao crédito tributário, suspende a exigibilidade do crédito tributário.

e) não haverá mora e, portanto, incidência de juros moratórios, quando o sujeito passivo deixa de pagar o crédito na data vencimento, desde que pendente de resposta à consulta formulada antes do vencimento do tributo.

(FCC/ Juiz de Direito TJPE/2013)

19. Nas situações a seguir, está correto o que se afirma em:

a) Se o fisco se recusar a realizar compensação entre créditos e débitos, do mesmo sujeito passivo, estando atendidos todos os requisitos legais para a compensação, deverá ser proposta uma consignação

em pagamento com pedido de compensação.

b) Se o contribuinte teve negada a repetição do indébito na esfera administrativa terá ele dois anos, a contar da decisão administrava irrecorrível para pleitear judicialmente a anulação desta decisão.

c) Contribuinte de imóvel limítrofe entre dois municípios que venha a receber notificações para pagar Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana − IPTU dos dois municípios deve fazer o pagamento a apenas um dos municípios, ignorando a outra notificação.

d) Se o fisco subordinar o pagamento do crédito tributário ao cumprimento de obrigação acessória, o contribuinte deverá cumprir a obrigação acessória, já que esta é vinculada e dependente da obrigação principal de pagar.

e) O sujeito passivo tem cinco anos a contar da homologação, expressa ou tácita, para pleitear a restituição de valores que tenha pago indevidamente ou a maior.

(FCC/ Juiz de Direito TJPE/2011)

20. Em nosso sistema tributário, a data da constituição definitiva do crédito tributário é o marco fundamental para contagem do prazo de

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a) decadência.

b) interposição de recurso administrativo.

c) pagamento do crédito tributário sem juros e correção monetária.

d) prescrição tributária.

e) parcelamento do débito fiscal.

(FGV/ Juiz de Direito TJAM/2013)

21. O contribuinte realiza o fato gerador de ICMS em 01.03.2004. Em março de 2008 a fiscalização, percebendo que o contribuinte não havia declarado nem recolhido o tributo, promove a autuação fiscal. No mesmo mês (março/2008) o contribuinte promove a impugnação administrativa da exigência fiscal. Em março de 2012 sobrevém a decisão administrativa definitiva (assim entendida a decisão insuscetível de novo recurso do contribuinte na fase administrativa).

Permanecendo inadimplido o crédito fiscal, a Fazenda Pública ajuíza, em março de 2013, a competente Execução Fiscal, à qual o contribuinte opõe Embargos de Devedor alegando a extinção do crédito por força da decadência e/ou da prescrição.

Diante do exposto, o magistrado incumbido de solucionar a causa deverá

a) acolher o argumento de decadência do direito da Fazenda constituir o crédito tributário, ante o decurso de oito anos entre o fato gerador e a decisão administrativa definitiva.

b) acolher o argumento de prescrição do direito da Fazenda ajuizar a Execução Fiscal, ante o decurso de nove anos entre o fato gerador e o ajuizamento da Execução Fiscal.

c) acolher tanto o argumento da decadência quanto o argumento da prescrição.

d) acolher o argumento da Fazenda, na impugnação aos Embargos de Devedor, no sentido de que não se consumou nem a decadência nem a prescrição.

e) acolher o argumento de prescrição do direito da Fazenda constituir o crédito tributário, ante o decurso de oito anos entre o fato gerador e a decisão administrativa definitiva.

(FGV/ Auditor Fiscal da Receita Estadual do Rio de Janeiro/2011)

22. O CTN expressamente estabelece, no que diz respeito à extinção do crédito tributário, que

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a) é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo que seja objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.

b) a lei permite à autoridade administrativa conceder remissão total ou parcial do crédito tributário em virtude de erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo quanto à matéria de direito, em exceção ao art. 3º da LICC. que dispõe que ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

c) no caso de consignação do pagamento pelo sujeito passivo, caso seja julgada procedente, o montante consignado é convertido em renda, ao passo que, na improcedência, o crédito tributário é cobrado acrescido de juros de mora, sem aplicação de qualquer penalidade.

d) caso haja dois ou mais débitos simultâneos do mesmo sujeito passivo para com o mesmo sujeito ativo, a imputação do pagamento compete, em primeiro lugar, ao contribuinte ou responsável pelo pagamento. Somente na hipótese de abstenção deste, a autoridade administrativa fará a imputação.

e) a isenção, uma das modalidades de extinção do crédito tributário, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, o prazo de sua duração.

(FCC/ Analista de Controle Externo do TCE AP/2012)

23. A anistia, isenção em caráter não geral e remissão têm em comum o fato de serem

a) causas de extinção do crédito tributário.

b) causas de exclusão do crédito tributário.

c) causas de suspensão do crédito tributário.

d) formas de renúncia de receita tributária.

e) hipóteses de não incidência qualificada.

(ESAF/ Analista Tributário da RFB/2012)

24. Analise os itens a seguir e assinale a opção correta.

I. A isenção, desde que concedida por prazo certo, e independentemente de ser condicionada a contrapartidas por parte do contribuinte, não poderá ser revogada por lei.

II. A anistia só abrange as infrações cometidas a partir da sua vigência, devido ao princípio da irretroatividade das leis.

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III. A anistia dos crimes, concedida em lei penal, não estende seus efeitos à matéria tributária.

a) Somente o item I está correto.

b) Somente o item II está correto.

c) Somente o item III está correto.

d) Estão corretos os itens I e III.

e) Estão corretos os itens II e III.

(FCC/ Auditor Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo/2013)

25. Por meio de lei ordinária, o Estado do Rio Grande do Norte instituiu isenção do ICMS exclusivamente para operações com determinadas mercadorias a fim de incentivar o desenvolvimento econômico e social de determinada região, a qual possuía o menor Índice de Desenvolvimento Humano − IDH estadual. Conforme previsto na Lei, este benefício seria concedido apenas aos estabelecimentos que estivessem localizados na referida região e que previamente apresentassem requerimento. A empresa Anaximandro Indústria e Comércio Ltda. requereu o direito de adotar esta isenção em suas operações, pois está estabelecida dentro da região prevista. Em face da situação hipotética apresentada e do ordenamento jurídico vigente, é correto afirmar:

a) A empresa, em função de a isenção ter sido concedida em caráter regional, tem o direito subjetivo de não recolher as taxas estaduais durante o período de fruição do benefício, mormente por estas taxas onerarem suas atividades, o que não se coaduna com o objetivo socioeconômico da lei.

b) A empresa pode utilizar-se da isenção, por estar prevista em lei ordinária estadual e ser norma válida, vigente e eficaz, independentemente de despacho da autoridade administrativa.

c) A empresa, no requerimento apresentado à autoridade administrativa, deve fazer prova do preenchimento das condições previstas na lei ordinária editada pelo Estado do Rio Grande do Norte, a fim de que seja autorizada a adoção desta forma de exclusão do crédito tributário em suas operações.

d) A limitação desta isenção aos contribuintes estabelecidos em determinada região do Estado é ilegal, pois trata de forma desigual contribuintes estabelecidos no mesmo Estado da Federação, razão pela qual as empresas localizadas em outras regiões, por analogia, podem adotar a isenção.

e) A empresa em razão da maneira como deve ser interpretada a legislação tributária que dispõe sobre isenção, conforme comando do CTN, poderá estender os

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efeitos deste benefício para todas as mercadorias que não estão previstas na lei instituidora, sobretudo pelo caráter socioeconômico da lei.

(FCC/ Procurador da Assembleia Legislativa da PB/2013)

26. Com relação à exclusão do crédito tributário é correto afirmar:

a) Nos casos de exclusão de crédito tributário são dispensadas as obrigações acessórias relativas à obrigação principal cujo crédito seja excluído.

b) Lei tributária estadual pode conceder isenção para taxas e contribuições de melhoria.

c) Despacho de autoridade administrativa concedendo isenção em caráter individual gera direito adquirido para o beneficiário desta modalidade de exclusão de crédito tributário insuscetível de posterior fiscalização.

d) Isenção pode ser concedida por contrato, mesmo na ausência de lei específica, não sendo causa de responsabilidade funcional.

e) São causas excludentes do crédito tributário: isenção, anistia e moratória.

(FCC/ Juiz de Direito TJGO/2012)

27. Em fevereiro de 2012 o juiz proferiu despacho ordenando a citação em sede de execução fiscal para cobrar crédito tributário decorrente de fato gerador ocorrido em janeiro de 2001, cuja notificação de lançamento aconteceu em dezembro de 2006. Nesse caso,

a) houve decadência, pois entre a constituição do crédito tributário e o despacho do juiz ordenando a citação transcorreram mais de cinco anos.

b) houve decadência, pois entre a ocorrência do fato gerador e a constituição do crédito tributário transcorreram mais de cinco anos.

c) houve a prescrição, pois entre a constituição do crédito tributário e o despacho do juiz ordenando a citação transcorreram mais de cinco anos.

d) não houve nem a decadência, nem a prescrição, pois o prazo é interrompido com a inscrição do crédito em dívida ativa, conforme previsão expressa na Lei de Execução Fiscal.

e) não houve a decadência, pois o prazo para cobrar o crédito tributário só se inicia após transcorridos 180 dias da inscrição na dívida ativa, conforme previsão expressa na Lei de Execução Fiscal.

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(FCC/ Analista Judiciário do TRF da 3ª Região/2014)

28. A conversão do depósito em renda,

a) pressupõe que exista arrematação de bem penhorado ou depósito como meio de garantir a execução fiscal e propor embargos à execução fiscal.

b) é procedimento administrativo de suspensão da exigibilidade do crédito tributário em sede de recurso administrativo.

c) não impede a discussão do crédito tributário em sede de mandado de segurança quando determinado por meio de penhora on line.

d) autoriza a emissão de certidão positiva com efeitos negativos enquanto não houver pagamento.

e) é procedimento para extinção do crédito tributário que foi precedido de depósito do montante integral como medida de suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

(FCC/ Auditor Fiscal de Controle Externo do TCE-PI/2014)

29. Antonio, proprietário de uma loja de confecções, localizada na parte comercial mais valorizada da cidade de Teresina, efetuou, em março de 2006, a venda de roupas esportivas a um freguês no valor de R$ 500,00, deixando de emitir, deliberadamente, o documento fiscal exigido pela legislação do ICMS, mesmo sabendo que deveria emiti-lo antes da saída da mercadoria do estabelecimento.

Não houve, portanto, a atividade de lançamento por homologação.

O freguês saiu da referida loja com a mercadoria, mas sem portar o documento fiscal.

A fiscalização estadual piauiense, realizando seus trabalhos no estabelecimento comercial de Antonio, em setembro de 2012, encontrou provas da ocorrência da referida venda e da falta de emissão de documento fiscal para documentá-la.

Com base nessas informações e na disciplina do Código Tributário Nacional acerca dessa matéria, a fiscalização piauiense

a) poderia ter efetuado o lançamento de ofício do tributo no próprio mês de setembro de 2012.

b) não poderia mais ter efetuado o lançamento de ofício do tributo, pois ocorreu decadência.

c) poderia ter efetuado o lançamento de ofício do tributo dentro de cinco anos, contados a partir de setembro de 2012.

d) não poderia ter efetuado o lançamento de ofício do tributo, pois ocorreu prescrição.

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e) não poderia ter efetuado o lançamento de ofício do tributo, pois a falta de emissão do documento fiscal extinguiu o crédito tributário.

GABARITO

1. D 2. A 3. E 4. A

5. E 6. C 7. C 8. B

9. A 10. B 11. C 12. A

13. D 14. B 15. C 16. C

17. A 18. E 19. B 20. D

21. D 22. A 23. D 24. C

25. C 26. B 27. C 28. E

29. B