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Volume 1, Número 2
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
Artigo
AVALIAÇÃO: UM INSTRUMENTO DE APERFEIÇOAMENTO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Páginas 227 a 241 227
AVALIAÇÃO: UM INSTRUMENTO DE APERFEIÇOAMENTO DA PRÁTICA
PEDAGÓGICA
Lydia Maria Gomes da Silva1
RESUMO: A avaliação é um objeto de estudo realizado por vários estudiosos
interessados na temática. Este artigo vem apresenta as diferentes formas de avaliar e as
dificuldades que surgem no decorrer dela. Sabe-se que a avaliação deixou de ser um mero
instrumento de atribuição de notas, e passou a ser um instrumento a favor da ampliação
do processo ensino-aprendizagem, rumo a uma prática pedagógica mais eficiente. Este
trabalho tem como objetivo falar das diferentes formas de avaliação usadas pelos
professores em relação ao ensino – aprendizagem do aluno. Foi um estudo realizado
através de uma pesquisa de campo, com entrevistas executadas junto ao corpo docente
de duas escola municipais, uma no município de Casinhas-PE/Brasil e outra em Vertente
do Lério-PE/Brasil. Analisando as respostas das professoras pudemos observar que a
maioria ainda vê a avaliação como um instrumento para medir a capacidade do aluno,
com isso, a idéia de vê-la como parte do processo que poderá nos levar para vários
caminhos está cada vez mais distante. Fatos estes que comprometem todo desenvolver do
nosso trabalho, entretanto a pesquisa nos ajudou a detectar as dificuldades e as diferentes
formas de avaliação feita pelo professor no decorrer da sua vida acadêmica possibilitando
assim conhecer melhor os diferentes caminhos pelos quais a avaliação perpassa.
Palavras-chave: Avaliação; Aluno; Professor; Ensino – aprendizagem.
ABSTRACT: The evaluation is study object accomplished by several interested
specialists in this theme. This article presents the different forms of evaluating and the
1 Coordenadora da Biblioteca da EREM – Escola de Referência em Ensino Médio Severino
Farias, Surubim/Pernambuco/Brasil; Professora da UPE/PROGRAPE (Programa de Graduação
em Pedagogia); Professora do Curso de Pedagogia na UVA (Universidade Vale do Acaraú – Pólo
Limoeiro/Pernambuco e João Alfredo/Pernambuco); Pós-Graduada em Magistério de 1º e 2º
Graus, Licenciada em Educação Ambiental; Psicopedagoga (Especialista em Terapia do
Desenvolvimento e da Aprendizagem e Especialização Psicoeducacional do Desenvolvimento e
da Aprendizagem - SAPIENS/ Brasil – CORPE/Portugal – Curso ministrado pelo Doutor Vitor
da Fonseca - Portugal); Mestrado na Universidade Lusófona do Porto/Portugal; Doutoranda pela
UniGrendal Pólo João Pessoa – Paraíba/Brasil.
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difficulties that appear in elapsing of her. It is known that the evaluation left of being a
mere instrument of attribution of notes, and it became an instrument in favor of the
amplification of the teaching – learning, process heading for a more efficient pedagogic
practice. This work has as objective speaks in the different evaluation ways used by the
teacher in relation to the teaching – the student’s learning. It was a study accomplished
through a field research, with interviews executed among teacher from two municipal
schools, one in the municipal district of Casinhas-PE/Brazil and another from Vertente
do Lério-PE/Brazil. Analyzing the teachers’ answers could observe that most still sees
the evaluation as an instrument to measure the student’s capacity, with that, the idea of
seeing her as part of the process that can take us for several roads is more and more distant.
Facts detect the difficulties and the different evaluation forms done by the teacher in
elapsing of your academic life making possible like this to know the different roads better
for the which the evaluation passes.
Keywords: Evaluation; Student; Teacher; Teaching – learning.
INTRODUÇÃO
Buscamos através deste artigo, demonstrar a contribuição da avaliação como
instrumento de aperfeiçoamento da prática pedagógica. Constata-se que a avaliação passa
por vários processos, podendo ser feita como um instrumento de correção ou como ajuda,
se bem conduzida. Assim sendo, para a sua efetivação, buscou-se realizar um diagnóstico
geral sobre a aplicação prática da avaliação, bem com demonstrar dificuldades
encontradas na feitura de uma avaliação consequente, durante o processo de construção
da aprendizagem. A escolha deste assunto deu-se por saber ser esse, um mecanismo
direcionador, decisivo no decorrer da vida estudantil do individuo redimensionando a
prática pedagógica.
Inúmeros estudos (FREIRE, 1987; SANT’ANNA, 1999) têm mostrado a
influência exercida pela avaliação, não só durante toda vida estudantil, mas também no
decorrer da vida social particular do individuo. Assim podemos perceber a profundidade
com que deveria ser tratada a questão da avaliação pelas escolas, pelos mestres e até pelas
famílias. Ao mesmo tempo podemos dizer que ela incide sobre todos os elementos
envolvidos na escolarização: boa formação cultural, melhoria dos níveis de ensino
aprendizagem, melhor padrão de vida, tudo isto perpassando por uma efetiva e
consequente aplicação de uma estrutura avaliativa adequada, buscando um auxílio e
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configurando o ambiente educativo, procurando assim elevar o nível das propostas de
ensino surgidas, buscando encontrar um caminho que proporcione resultados satisfatórios
para todos os envolvidos neste processo avaliativo.
AVALIAÇÃO ESCOLAR COMO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO
Em tempos passados, a avaliação escolar era feita para verificar se o aluno
memorizou os conteúdos que constavam na grade curricular e os educando eram vistos
como incapacitados de aprender. No entanto, ainda hoje a postura da educação tradicional
continua em nossas escolas, visto que se expressa de forma diferente de antigamente.
Assim, foi perdendo o caráter de agressão física e tornando-se cada vez mais sutil, pois a
violência perde o seu caráter inicial e manifesta-se atingindo a personalidade do
educando.( HOFFMANN, 2000) a avaliação nesta concepção, e motivo de repressão pelo
qual o professor não dá importância ao que foi construído ao logo de um processo de
ensino aprendizagem. Esta avaliação e a forma de testar e medir os acertos e erros dos
indivíduos.
Fica claro que os professores entendem que na prática ainda hoje, e dar notas,
fazer provas, registrar notas, conceitos, dentre outros. Assim, utilizam dados
comprováveis na medida em que e mais fácil atribuir aos alunos médias de resultados
obtidos em exames. As notas/conceitos dos educandos são decorrentes do termo
“medida”, em que os professores medem: extensão, volume e outros atributos dos objetos
e fenômenos como ressalta Hoffmann (2000):
O instrumento de avaliação mais utilizado, neste enfoque, é a
prova pelo qual os objetivos distorcidos e muitas vezes são
marcados para castigar os alunos ameaçá-los a reprovação. Isso
tem denominado em muitas escolas para pegar desprevenidos,
causando assim medo, o melhor, pânico entre os educando [...]
conceber e nomear o ‘ fazer testes’ o ‘dar notas’, por avaliação e
uma atitude simplista e ingênua! Significa reduzir o processo
avaliativo, de acompanhamento e ação com base na reflexão, a
parcos instrumentos auxiliares desse processo, com se
nomeássemos por bisturi um procedimento cirúrgico. (p.53).
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Desse modo, a avaliação se torna uma razão de controvérsias entre educados e
educadores, havendo uma enorme diferenciação entre educar e avaliar. A avaliação
classifica-se em três modalidades: diagnóstica, formativa e somativa.
A modalidade diagnostica consiste na sondagem, projeção e retrospecção das
situações dos desenvolvimentos do aluno, permitindo constatar as causa de repetidas
dificuldades de aprendizado. Quando os objetivos não forem atingidos, são retomados e
elaboram-se novas estratégias para que se efetue a produção do conhecimento. (HADJI,
2001). Sant’Anna, (1999) complementa que esta modalidade deve ser feita no inicio de
cada ciclo de estudos através de uma reflexão constante, crítica e participativa.
A modalidade formativa informa o professor e o aluno sobre resultado de
aprendizagem no desenvolvimento das atividades escolares. O educador faz uso dela
durante o decorrer do ano letivo.
A modalidade somativa tem por função classificar os educadores ao final da
unidade, segundo níveis de aproveitamento apresentados não apenas com os objetivos
individuais, mais também pelo grupo.
A avaliação possui três funções de fundamental importância para o processo
educativo como diagnosticar, controlar e classificar. (SANT’ANNA, 1999). A função
diagnóstica tem como objetivo identificar, analisar as causas de repetidas incapacidades
na aprendizagem, evidenciando dificuldades em seu desempenho escolar, sendo que a
função formativa ou de controle tem a finalidade de localizar, apontar as deficiências,
insuficiências no decorrer do processo educativo de acordo com os objetivos a serem
atingidos. Quanto à função classificatória podemos dizer que:
Frente a este contexto, o professor deve desenvolver o papel de problematizador.
Ou seja, problematizar as situações de modo a fazer com que o aluno construa o próprio
conhecimento sobre o tema abordado de acordo com o contexto histórico, social e político
ao qual está inserido, buscando a igualdade entre educador – educando, onde ambos
aprendem, trocam experiências e aprendizados no processo educativo, uma vez que: “não
há educador tão sábio que nada possa aprender, nem educando tão ignorante que nada
possa ensinar” (BECKER, 1997, p.147).
Diante disso, vem a comprovar a interação do aluno no processo de ensino –
aprendizagem em que cada um tem a ensinar para outro, sendo que a avaliação é um elo
entre a sociedade, as escolas e os estudantes. Em Brasil, (1996) a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional nº. 9.394/96 indica que a avaliação escolar visa de acordo com o
art. 24, inciso V - a Verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
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a) avaliação continua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultado ao longo do período
sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudo para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação de preferência paralelos ao período
letivo, para os casos de baixo rendimento escola, a serem disciplinados pelas
instituições de ensino em seus regimentos.
A avaliação escola e um processo pelo qual se observa, verifica-se, analisa-se,
interpreta-se em determinado fenômeno (construção do conhecimento), situando-o
concretamente quanto aos dados relevantes. Objetivando uma tomada de decisão em
busca da produção humana.
Segundo (LUCKESI, 1997), avaliar tem basicamente três passos:
- Conhecer o nível de desempenho dos alunos em forma de constatação da realidade.
- Comparar essa informação com aquilo que e considerado importante no processo
educativo (qualificação).
- Tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados esperados. Neste sentido, é
essencial definir critérios importantes, informá-los aos alunos sem uma necessidade, pois
a avaliação só tem sentido quando e contínua, provocando o desenvolvimento do
educando. (p.88).
O importante é que o educador utilize o diálogo como fundamental eixo norteador
e significativo papel da ação pedagógica.
Por conseguinte, a avaliação qualitativa deve estar alicerçada na qualidade de
ensino e pode ser feita para avaliar o aluno como um todo num decorrer do ano letivo,
observando a capacidade e o ritmo individual de cada um. Desta forma para haver uma
avaliação qualitativa e não classificatória deve acontecer uma mudança nos paradigmas
de ensino em relação à democratização do excesso da educação escolar e com isso haverá
uma qualidade de ensino educando, onde acontecerá um sentido de avaliação produtiva
nos processos avaliativo. Esta democratização tem sido um dos maiores problema com
os quais a escola se defronta, como ter um projeto se não existe espaço sistemático de
encontro dos que compõem a comunidade escolar para que haja uma realização coletiva,
de acordo com (HADJI, 1992 ).
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A auto-avaliação deve estar presente em todos os momentos da vida, uma vez que
é o ato de julgar o próprio desempenho do aluno e professor. O educador deve ser auto-
avaliar, revendo as metodologias utilizadas na sua prática pedagógica. E a auto-avaliação
do aluno para avaliar o professor deve servir como subsídio, para a sua própria auto-
avaliação, momento este que servira para refletir sobre a relação e interação entre
educando e educador.
Faz-se necessário ao educador o comprometimento como profissional durante as
suas inter-relações em que o compromisso não pode ser um ato passivo, mas sim a
inserção da praxe na prática educativa do professor x alunos.
Segundo Freire (1999) sua possibilidade de reflexão sobre si, sobre seu estar no
mundo, associada indiscutivelmente a sua ação sobre o mundo, não existe no ser, seu
estar no mundo se reduz a um não poder traz por os limites que lhes são impostos pelo
próprio mundo, do que resulta que este ser não e capaz de compromisso. E um ser imerso
no mundo, no seu estar, adaptado a ele e sem ter dele consciência. (p. 16).
Nesse sentido, contata-se que, a auto-avaliação deve ser utilizada pelo educador
que se preocupa em formar indivíduos críticos, capazes de analisar suas próprias aptidões,
propiciando condições para o aluno refletir sobre si mesmo e o que tem construído ao
longo da vida.
Dentro desta linha, é válido ressaltar que a avaliação é vista como um processo
abrangente da existência humana, que perpassa numa reflexão crítica no sentido de captar
seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão de
o que fazer para superar os obstáculos, tendo como função o processo transformador da
educação na sociedade.
O que é Avaliação?
Em quase todos os encontros com professores, bem com nos relatos de outros
especialistas e pesquisadores da avaliação, constata-se a contradição entre as intenções
proclamadas e o processo efetivamente aplicado. Certamente tal contradição nasce da
autocensura gerada pelo descompasso entre imagem idealizada da avaliação – auferida
em tinturas de teorias mais atuais e progressistas – e a realidade cotidiana das escolas,
condicionadas pelo sistema de promoção e seriação, e pelas péssimas condições concretas
de trabalho.
Contudo se tentamos levantar os diversos conceitos de avaliação, certamente
encontraremos tantos quantos são seus formuladores. É claro que em cada conceito de
avaliação subjaz uma determinada concepção de educação. Então percebemos que,
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embora apresentando pequenas variações formais, este tema bem como suas diferentes
concepções deriva da educação. Então vejamos algumas definições de avaliação
encontradas nos autores mais consagrados e nas publicações mais recentes:
Segundo Bradifield; Maredock, (1963) defende que:
A avaliação é o processo de atribuição de símbolos a fenômenos
com o objetivo de caracterizar o valor do fenômeno, geralmente
com referência a algum padrão de natureza social, cultural ou
científica. (p.1-16).
Segundo Sant’Anna (1995), esta definição reflete, claramente, a postura
classificatória dos autores, pois consideram a avaliação como um julgamento de valor,
com base em padrões consagrados e tomados previamente como referência, são eles:
‘sociais’, ‘culturais’ ou ‘científicos’:
A avaliação consistirá em estabelecer uma comparação de que foi
alcançado com o que pretende atingir. Estaremos avaliando quando
estivermos examinando o que queremos, o que estamos construindo e o
que conseguimos, analisando sua validade e eficiência (=máxima
produção com um mínimo de esforço) (p.4 – 23).
A teoria de Sant’Anna hesita entre a avaliação diagnóstica e a classificatória, pois
ainda se preocupa com a “validade” e a “eficiência”. Embora possamos subentender que
a formulação dos padrões de referência dos desempenhos registrados pelos alunos sejam
adstritos às decisões dos próprios agentes envolvidos no processo de avaliação.
Como bem define Luckesi, (1995). A avaliação é um juízo de qualidade
sobre dados relevantes para uma tomada de decisão. (p. 9).
Muitas outras definições ou conceitos poderiam ser relacionados, mas para os
estudiosos do tema, trava-se uma interminável batalha pelo monopólio da verdade e da
precisão do conceito, surgindo também uma variação conceitual na razão direta da
diversificação das concepções pedagógicas assumidas.
Compreende-se que o alargamento do conceito de avaliação nos faz ver suas
diversas faces e como o poder está associado a ela. Mostra o seu fim e os seus meios.
Falar da avaliação no âmbito da educação escolar, nos leva a pensar a sua função, o papel
social do professor, a razão da existência da escola. Traz discussão sobre inclusão e
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exclusão, privilégios e direitos, direitos e obrigações, instrução e formação, que alunos
queremos formar, que escolas estaremos construindo para a nossa sociedade. (Op. Cit).
Entretanto a maior dificuldade que se tem hoje, na discussão sobre a avaliação, é
enxergá-la como um componente do processo. A idéia de processo não e fácil de ser
assimilada. Porém, é o seu entendimento que determina o quanto se pode compreender
sobre os vários aspectos e as várias dimensões que a avaliação possui. É preciso discutir
a palavra, o que se entender por ela, que imagens ela nos sugere. Pode significar para
muitos uma linha reta com percurso definido, tempo definido, tamanha estipulado.
Significando também um caminho cheio de variáveis, sem pontos de parada
preestabelecida. Sugere ainda a noção de movimento, de evolução algo que não pára que
esta sempre se transformando em nossa rede em cada uma de nossas escolas, é preciso
fazer uma discussão e perseguimos um entendimento mais claro.
Por ser uma relação humana, ela não e exata e nem está completamente sob
controle. A avaliação não pode ser fechada aos novos elementos que surgirão no decorrer
do caminho. Os pesos e as medidas terão que ser relativizados. Os alunos principais
personagens, terão que ser tratados como parte desse processo:
O diálogo é a confirmação conjunta do professor e dos alunos no ato comum de
conhecer e reconhecer o objetivo de estudo. Então em vez de transferir o
conhecimento estatisticamente, como se fosse fixo do professor, o dialogo requer
uma aproximação dinâmica na direção do objetivo. Freire (1999, p. 125).
Então para que se conheça melhor o sentido e a finalidade de termo avaliação
deve-se antes de tudo:
Conhecer melhor o aluno: suas competências curriculares, seu estilo
de aprendizagem, seus interesses, suas técnicas de trabalho. A isso
poderíamos chamar de avaliação inicial.
Constatar o que está sendo aprendido: o professor vai recolhendo
informações, de forma contínua e com diversos procedimentos
metodológicos e julgando o grau de aprendizagem, ora em relação a
todo grupo – classe, ora em relação a um determinado aluno em
particular.
Adequar o processo de ensino: aos alunos como grupo e àqueles que
apresentam dificuldades, tendo em vista os objetivos propostos.
Julgar globalmente um processo de ensino-aprendizagem: ao termino
de uma determinada unidade, se faz uma analise e reflexão sobre o
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sucesso alcançado em função dos objetivos previstos revê-los de
acordo com os resultados apresentados. (p. 126)
Vendo a avaliação a partir dessas finalidades, ela terá que ser: contínua, ou seja,
realizada sempre que possível, evitando a exclusividade da rotina artificial das situações
de prova na qual o aluno é medido somente naquela situação especifica abandonando-se
todo o resto que foi aprendido pelo aluno no decorrer das aulas. Global quando se realiza
tendo em vista as várias áreas de capacidade do aluno: cognitiva motora, de relações
interpessoais, de atuação e, a situação dos alunos nos vários componentes do currículo
escolar. Formativa, quando concebidas como um meio pedagógico para ajudar o aluno
em seu processo educativo. (SOUZA, 1991).
ESTUDO SOBRE A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.
O tema abordado fala que por detrás dos grandes pensadores socialistas e
psicólogos, surgiu a teoria das representações sociais servindo de objeto de estudo, para
as descobertas do homem como ser social, seu habitat, suas idéias e juízo de valor,
compreende-se também que em cada grupo, encontramos as diferenças étnicas-culturais,
cor e religião, e o jeito de ser de cada um, como “ser” pensante produto do meio em que
vive. O resultado de tudo isso, vem como bagagem de conhecimento recebida e repassada
pelos professores, responsáveis formadores de conceitos da ação educativa.
A teoria das representações sociais surge como uma tentativa de Serge Moscovici
(1978) em redefinir o campo da psicologia social que se encontrava imenso em
“paradigmas solitários” calçados na tradição behaviorista, visando estudar “o individuo,
o pequeno grupo, as relações formais” ( MOSCOVICI. P.14). Como bem conceitua
Lopes, (2004) para o referido teórico, existe ainda um obstáculo entre as tradições
associadas ao positivo no que diz respeito ao limite da psicologia social (sociologia
psicologia) essa teoria é quase uma novidade em educação.
Méd (1934 apud Farr) trouxe uma enorme contribuição para a teoria das
representações sociais na medida em que enfatizou a importância da linguagem para se
compreender a natureza humana. Farr afirma que:
[...] a linguagem é uma forma de expressão especificamente humana. É
uma característica distinta do ser humano em relação aos animais. A
linguagem é também social. Nas sociedades modernas, a linguagem é,
provavelmente, quase a única importante fonte de representação. (p.41).
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A educação institucionalizada em escolas resiste de todos os modos a ação de
novas idéias e novas teorias, e só lentamente vai se transformando, até chegar a constituir
verdadeira aplicação da nova filosofia democrática da sociedade moderna.
METODOLOGIA
Foi realizado um estudo em duas escolas urbanas da rede municipal de ensino. A
primeira escola designada como ‘‘A ’’ localiza-se no município de Casinhas –
Pernambuco/Brasil, e a segunda escola designadas como ‘‘ B ’’ localiza-se no município
de Vertente do Lério –Pernambuco/Brasil.
A pesquisa foi de cunho qualitativo com entrevista semi-estruturada no que diz
respeito ao que vem a ser “avaliação” e as suas respectivas dificuldades. E também de
cunho quantitativo no que se refere ao tempo de serviço, escolaridade do profissional, em
quantos turnos trabalha.
O tema avaliação como instrumento de aperfeiçoamento da prática pedagógica,
foi refletido e discutido durante o decorrer da pesquisa com os professores colaboradores.
Este método de pesquisa nos permitiu obter informações quanto às dificuldades
que o professor tem ao avaliar seu aluno, os instrumentos e métodos utilizados na
avaliação, para que serve e o que se entende sobre a mesma.
Para que se conheça a melhor o perfil das quinze professoras entrevistadas de
primeira à quarta série, colocaremos a seguinte um gráfico que lhe dará melhor condições
de conhecimento do perfil de escolaridades das mesmas.
ESCOLARIDADE QUANTIDADE
1 2º GRAU 5
2 GRADUANDO 7
3 GRADUADA 2
4 PÓS-GRADUADA 1
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ESCOLARIDADE
Análise dos Dados
Categoria 1 – Dificuldades ao Avaliar
Das quinze professoras entrevistadas quatro disseram que a maior dificuldade que
elas sentem ao avaliar é por causa da falta de interesse dos alunos; quatro culparam o
sistema e os pais dos alunos, este por ficarem cobrando que os filhos sejam sempre
avaliados por provas; duas responderam não ter dificuldades ao avaliar; duas sentem
dificuldades em tudo; uma afirma que a grande quantidade de alunos atrapalha a avaliação
e as demais reclamam do aprendizado nas séries anteriores impedindo uma avaliação mais
homogênea.
Percebemos então nas entrevistas que a grande maioria culpa os alunos, com isso
deixam de propiciar uma outra reflexão da prática pedagógica, sendo esta de fundamental
importância para se ter bons resultados.
0
1
2
3
4
5
6
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1 2 3 4
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Categoria 2 – O Significado da Avaliação da Aprendizagem
Com relação a esta categoria dez das professoras entrevistada disseram que entendem
ser avaliação da aprendizagem um processo sistemático , que acompanha o conhecimento
do aluno, partindo dos conteúdos que o professor transmite. Pois ela só tem sentido
quando as informações que são passadas pelos alunos servem para obter novas
aprendizagens. As outras cinco disseram ser a avaliação uma ferramenta que deveria ser
usada no dia-a-dia, valorizando a participação do aluno.
Como defende Haydt, (1988) “avaliar é julgar ou fazer a apreciação de alguém ou
alguma coisa tendo como base uma escala de valores [ou] interpretar dados quantitativos
e qualitativos para obter um parecer ou julgamento de valores, tendo por base padrões e
critérios” (p. 10 ).
Categoria 3 – Instrumento Usado Para Avaliar o Trabalho
De acordo com o gráfico podemos identificar que:
Dentre as entrevistadas, oito responderam que os métodos usados por ela são: provas.
Duas: produções de trabalho e exercícios. As demais afirmam utilizar debates, observam
a evolução do aprendizado do aluno, leitura, jogos e atividades lúdicas. Podemos observar
na análise do gráfico que os professores, apesar de tantas informações a respeito do
sistema de avaliação, ainda insistem em usar métodos avaliativos ultrapassados “provas”
dentro desta perspectiva Hoffmam (2000), afirma:
Conceber e nomear o ‘fazer testes’, o ‘dar notas’, por avaliação é uma
atitude simplista e ingênua! Significa reduzir o processo avaliativo de
PROVAS
TRABALHOS EEXERCÍCIOS
DEBATE/LEITURA/ATIV.LÚDICA
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acompanhamento e ação com base na reflexão, a parcos instrumentos
auxiliares desse processo, como se nomeássemos por bisturi um
procedimento cirúrgico. (p. 53).
Contribuindo com as idéias de (SOUZA, 1991) avaliação é parte essencial do
processo, devendo ter objetivos definidos, para que venha realmente cumprir a sua função
diagnóstica.
Categoria 4 – A Utilidade da Avaliação na Aprendizagem
Todas as entrevistadas responderam que a avaliação da aprendizagem serve para saber
o nível dos alunos, detectando as deficiências dos mesmos, servindo assim como um
instrumento de acompanhamento do aluno e como revisão da prática do professor para
que assim ele possa detectar o que ainda não conseguiu desenvolver ao longo do período.
Corroborando com as idéias de (HOFFMANN 2000; GADOTTI 1984), a temática da
ressignificação da pratica pedagógica avaliativa é essencial e inerente a educação. Onde
se compreende que a avaliação faz parte de um todo, portanto esta deve ser próxima da
coletividade, saindo do individualismo e ganhando dimensões do grupo de trabalho.
CONCLUSÃO
A avaliação escolar é sem dúvida algo de grande importância, uma vez que é
potencialmente instrumento usado na construção ou no pleno desenvolvimento do modelo
de atuação escolar. Se conduzida com caráter reflexivo serve como nomeador, para que
possa o professor, tomar certas decisões ou executar modificações e reforços que
favorecem o desenvolvimento necessário ao alcance pleno dos objetivos planejados.
É preciso um rompimento com o modelo tradicional de avaliação, que fuja da
aplicação de provas como medidor de conhecimento e ainda, que se instale novo modelo,
onde o aluno seja acompanhado e estimulado constantemente, podendo assim ser
avaliado. O que deve ser modificado, antes de qualquer outra questão, é a verdadeira
função da avaliação no contexto escolar. Enquanto for realizada com a intenção única de
atribuir nota ao aluno, não contribui para um maior desenvolvimento dos envolvidos em
sua confecção, mas ao contrario até, pode ser um dos fatores geradores de um maior
índice tanto de evasão quanto de reprovação escolar. É fundamental que se tenha uma
visão sobre o aluno como um ser social e político, capaz de atos e fatos, e em
conformidade com o senso critico, sujeito de seu próprio desenvolvimento.
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Segundo Sousa (1991, p. 451) o ato de avaliar deve estar fundamentado nos seguintes
pontos:
Continuidade: a avaliação deve estar presente durante todo o processo
educacional, e não somente em períodos específicos;
Compatibilidade com os objetivos proposto: a avaliação deve estar em
conformidade com os objetivos definidos como norteadores do processo
educacional para que venha realmente cumprir a função de diagnóstico;
Amplitude: a avaliação deve estar presente em todas as perspectivas do processo
educacional, avaliando assim todos os comportamentos do domínio (cognitivo,
afetivo e psicomotor).
Diversidade de formas: para avaliar devemos utilizar as várias técnicas possíveis
visando também avaliar todos os comportamentos do domínio. Com base nestes
pressupostos, podemos afirmar que a realidade do processo avaliativo é
completamente oposta à filosofia da educação problematizadora necessária em
nossas escolas.
Uma boa parte dos educadores infelizmente ainda encontra dificuldades ao lidar com
a complexidade do ser humano. Por sua vez o professor deve colocar em sua prática diária
novas propostas que visem à melhoria do ensino procurando igualar os níveis de
aprendizagens que os alunos possuem, facilitando assim o processo avaliativo.
Podemos constatar na pesquisa realizada que avaliar é um ato extremamente
complexo, cuja responsabilidade não é competência única do professor, mas sim de todos
os elementos integrantes do processo educacional (alunos, pais e administradores). É
importante frisar que não existe uma receita pronta para avaliação, mas esperamos que
este artigo possa vir a contribuir como referência para uma questão tão complexa como é
o ato de avaliar, pois formar é levar o aluno a encontrar o próprio caminho, a transformar-
se, a evoluir, a refletir, a mover-se e relacionar-se.
REFERÊNCIAS
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BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96.
Volume 1, Número 2
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
Artigo
AVALIAÇÃO: UM INSTRUMENTO DE APERFEIÇOAMENTO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Páginas 227 a 241 241
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