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Página 1 de 27 NOTÍCIAS FISCAIS Nº 3.355 BELO HORIZONTE, 9 DE JULHO DE 2016. “A melhor propaganda é feita por clientes satisfeitos.” Philip Kotler DISPONIBILIZADA NOVA VERSÃO DO PROGRAMA DA ECF .......................................................... 2 PERGUNTAS FREQUENTES DA ECF ....................................................................................................... 2 DECISÃO AUTORIZA USO DE CRÉDITOS DE PIS E COFINS SOBRE DESPESAS ......................... 5 RECEITA PUBLICA PORTARIA PARA USO DO RECOF-SPED POR EXPORTADORES .............. 7 TJMG APLICA O PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE E INVERTE OS ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA .... 8 CONSOLIDAÇÃO DOS PARCELAMENTOS PREVIDENCIÁRIOS DO ÚLTIMO REFIS COMEÇA DIA 12 ............................................................................................................................................................. 8 REFIS DA COPA ABRE PRAZO PARA CONSOLIDAR DÉBITOS COM A PREVIDÊNCIA ............. 9 TURMA REDUZ INDENIZAÇÃO A CONSULTOR COMERCIAL POR JUSTA CAUSA APLICADA ILEGALMENTE ............................................................................................................................................10 ENGENHEIRA QUE TRABALHAVA 8H/DIA RECEBERÁ DIFERENÇAS PORQUE SALÁRIO PROFISSIONAL É PREVISTO PARA JORNADA DE 6 HORAS .........................................................11 PRAZO PRESCRICIONAL COMEÇA A CONTAR PARTIR DA CIÊNCIA DA ALTERAÇÃO CONTRATUAL LESIVA ..............................................................................................................................12 O NOVO MARCO LEGAL DAS EMPRESAS ESTATAIS .......................................................................13 DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA: RESPONSABILIZAÇÃO DA PJ POR DÍVIDAS DOS SÓCIOS.................................................................................................................15 CARF DESCONSIDERA PLANEJAMENTO E DECIDE QUE DESCONTO É RECEITA QUANDO HÁ CONTRAPARTIDA DO BENEFICIÁRIO ................................................................................................16 ASPECTOS TRIBUTÁRIOS DA DISTRIBUIÇÃO DE PRÊMIOS........................................................17 CORTES DEVEM REVER USO DO PROPÓSITO NEGOCIAL.............................................................22

BELO HORIZONTE, 9 DE JULHO DE 2016. - BornHallmann …bhauditores.com.br/Noticias_Fiscais/Arquivos/NF 3355.pdf · A recuperação da ECF anterior só é obrigatória para pessoas

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NOTÍCIAS FISCAIS Nº 3.355 BELO HORIZONTE, 9 DE JULHO DE 2016.

“A melhor propaganda é feita por clientes satisfeitos.” Philip Kotler

DISPONIBILIZADA NOVA VERSÃO DO PROGRAMA DA ECF .......................................................... 2

PERGUNTAS FREQUENTES DA ECF ....................................................................................................... 2

DECISÃO AUTORIZA USO DE CRÉDITOS DE PIS E COFINS SOBRE DESPESAS ......................... 5

RECEITA PUBLICA PORTARIA PARA USO DO RECOF-SPED POR EXPORTADORES .............. 7

TJMG APLICA O PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE E INVERTE OS ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA .... 8

CONSOLIDAÇÃO DOS PARCELAMENTOS PREVIDENCIÁRIOS DO ÚLTIMO REFIS COMEÇA DIA 12 ............................................................................................................................................................. 8

REFIS DA COPA ABRE PRAZO PARA CONSOLIDAR DÉBITOS COM A PREVIDÊNCIA ............. 9

TURMA REDUZ INDENIZAÇÃO A CONSULTOR COMERCIAL POR JUSTA CAUSA APLICADA ILEGALMENTE ............................................................................................................................................10

ENGENHEIRA QUE TRABALHAVA 8H/DIA RECEBERÁ DIFERENÇAS PORQUE SALÁRIO PROFISSIONAL É PREVISTO PARA JORNADA DE 6 HORAS .........................................................11

PRAZO PRESCRICIONAL COMEÇA A CONTAR PARTIR DA CIÊNCIA DA ALTERAÇÃO CONTRATUAL LESIVA ..............................................................................................................................12

O NOVO MARCO LEGAL DAS EMPRESAS ESTATAIS .......................................................................13

DESCONSIDERAÇÃO INVERSA DA PERSONALIDADE JURÍDICA: RESPONSABILIZAÇÃO DA PJ POR DÍVIDAS DOS SÓCIOS .................................................................................................................15

CARF DESCONSIDERA PLANEJAMENTO E DECIDE QUE DESCONTO É RECEITA QUANDO HÁ CONTRAPARTIDA DO BENEFICIÁRIO ................................................................................................16

ASPECTOS TRIBUTÁRIOS DA DISTRIBUIÇÃO DE PRÊMIOS ........................................................17

CORTES DEVEM REVER USO DO PROPÓSITO NEGOCIAL .............................................................22

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Disponibilizada nova versão do programa da ECF

Fonte: Receita Federal. Foi disponibilizada a versão 2.0.5 do programa da Escrituração Contábil Fiscal (ECF), com as seguintes correções: - Visualização do relatório das contas da parte B do e-Lacs. - Erro de Java na validação de ECF do ano-calendário 2014 (retificadoras). - Erro na restauração de cópias de segurança. - Registros duplicados na recuperação da ECF anterior.

Perguntas Frequentes da ECF

Fonte: Receita Federal. Consolidação das perguntas frequentes da ECF das últimas quatro semanas. 1 – Mesmo tendo feito a procuração eletrônica e assinado como representante legal, o programa emite uma mensagem de erro no momento da transmissão não reconhecendo a assinatura como a do representante legal. O que fazer? Para que o programa da ECF reconheça a assinatura do representante legal no momento da transmissão, é necessário que o serviço Escrituração Contábil Fiscal (ECF) esteja explicitamente habilitado na procuração eletrônica. Isso não é automático. Há que se ressaltar que, ainda que a procuração eletrônica esteja habilitada para todos os serviços, é necessário habilitar a referida procuração para o serviço ECF. Além disso, não confunda Escrituração Fiscal Digital (EFD), que corresponde ao módulo do Sped ICMS/IPI, com Escrituração Contábil Fiscal (ECF). São módulos diferentes e, por consequência, ainda que o serviço Escrituração Fiscal Digital (EFD) esteja habilitado, é necessário habilitar o serviço Escrituração Contábil Fiscal (ECF). Demais informações sobre assinatura da ECF constam nas instruções do registro 0930 do Manual da ECF (http://sped.rfb.gov.br/pasta/show/1644). 2 – Quais são os registros que as pessoas jurídicas imunes ou isentas devem preencher? As imunes/isentas (desobrigadas do IRPJ e da CSLL) e que não estejam obrigadas a entregar a ECD deverão preencher os seguintes registros: Registro 0000: Abertura do Arquivo Digital e Identificação da Pessoa Jurídica Registro 0010: Parâmetros de Tributação Registro 0020: Parâmetros Complementares Registro 0030: Dados Cadastrais Registro 0930: Identificação dos Signatários da ECF Registro X390: Origem e Aplicações de Recursos - Imunes e Isentas Registro Y612: Identificação e Rendimentos de Dirigentes, Conselheiros, Sócios ou Titular.

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As imunes/isentas (desobrigadas do IRPJ e da CSLL) e que estejam obrigadas a entregar a ECD, além dos registros acima, também preencherão os blocos C, E, J, K e U (esses blocos serão preenchidos pelo sistema por meio da recuperação dos dados da ECD). As instruções de preenchimento constam no Manual da ECF (http://sped.rfb.gov.br/pasta/show/1644). 3 – Como fazer alterações das informações do bloco 0 (registros 0000, 0010 e 0020) sem ter criar uma nova ECF? Siga o procedimento abaixo: 1 – Abrir a ECF é um programa tipo bloco de notas; 2 – Retirar os caracteres estranhos ao final do arquivo (correspondem a assinatura digital); 3 – Fazer as alterações cadastrais; 4 – Importar o arquivo da ECF alterado no programa da ECF; 5 – Validar; 6 – Assinar; e 7 – Transmitir. 4 – Como preencher o campo 10 do registro 0010 no caso de empresas não obrigadas a entregar a Escrituração Contábil Digital (ECD)? De acordo com as instruções constantes na descrição do campo 10 (TIP_ESC_PRE) do registro 0010, no Manual da ECF: 1 – Caso a pessoa jurídica não esteja obrigada a entregar a ECD, mas efetuou a entrega facultativamente para utilizar os dados da ECD na ECF, deverá preencher o campo 10 do registro 0010 com o código “C”. Importante ressaltar que a ECD a ser recuperada na ECF deve estar validada, assinada e transmitida. Além disso, o período da ECD deve ser exatamente igual ao período da ECF. 2 – Caso a pessoa jurídica não esteja obrigada a entregar a ECD e não efetuou a entrega de forma facultativa, deverá preencher o campo 10 do registro 0010 com o código “L”. 5 – Como resolver problemas na instalação do programa da ECF? Siga o procedimento abaixo: 1 – Desinstale o programa da ECF; 2 – Apague a pasta “temp” do usuário. Por exemplo, em um computador com Windows 7, fica na pasta C:\Users\<nome od usuário>\AppData\Local\Temp; 3 – Verifique se há espaço em disco suficiente para instalação e execução do programa da ECF; 4 – Instale a versão atualizada do programa da ECF na pasta padrão (não é preciso mudar a versão Java do seu computado, pois o programa da ECF já possui a versão Java a ser utilizada), se possível em uma máquina com o antivirus desativado; e 5 – Execute o programa da ECF. Caso não resolva o problema, encaminhe o arquivo de log da instalação, que fica na pasta de instalação do programa, C:\Arquivos de Programas RFB\Programas SPED\ECD|Sped ECF Installation\Logs para análise ao Fale Conosco da ECF ([email protected]).

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6 – Recupero a ECF anterior, mas, na hora da transmissão, o programa emite uma mensagem de erro informando que a ECF anterior não foi recuperada? Faça o procedimento abaixo na versão mais atualizada do programa da ECF: 1 – Exporte o arquivo da ECF para algum diretório; 2 – Exclua o arquivo da ECF do programa da ECF; 3 – Feche o programa da ECF; 4 – Execute o programa da ECF; 5 – Importe o arquivo da ECF (que foi anteriormente exportado); 6 – Recupere a ECD (se houver); 7 – Recupere a ECF anterior (se for obrigatório); 8 – Valide; 9 – Assine; e 10 – Transmita. Caso não funcione, envie a cópia de segurança da ECD a ser recuperada (validada a assinada), o arquivo da ECF anterior (validada e assinada) e o arquivo da ECF atual para análise, detalhando o erro que está ocorrendo, ao Fale Conosco da ECF ([email protected]). 7 – Quando a recuperação da ECF anterior é obrigatória? A recuperação da ECF anterior só é obrigatória para pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real. 8 – Como fazer quando o programa da ECF emitir advertências? Advertências não impedem a transmissão. Eles servem para que a pessoa jurídica verifique se as informações prestadas estão corretas. No relatório gerado, clique em “Advertências” e em “Exibir” para verificar os motivos das advertências. 9 – O programa da ECF não calcula automaticamente a proporcionalidade da CSLL de acordo com as regras previstas no art. 4o da Instrução Normativa RFB no 1.591/2014. Como devo proceder nessa situação? No caso da adoção do art. 4o da Instrução Normativa RFB no 1.591/2014, a pessoa deve calcular a CSLL a pagar e preencher os campos diretamente, pois o programa não faz cálculos para essa situação. Para colocar o campo de cálculo da CSLL em edição, o procedimento é o seguinte (previsto no item 2.3.6 do Manual da ECF): 1 – Clicar na escrituração; 2 – Clicar em “Configurações” => “Configura Parâmetros da ECF”; 3 – Clicar em “Não – Eu escolho quais registros terão os campos atualizados pelo sistema”; 4 – Selecione os registros que deseja editar; e 5 – Edite o campo. 10 – Estou utilizando centros de custos na ECD, mas, na hora da recuperação dos dados da ECD na ECF, o programa emite mensagens de erro em relação aos centros custos. Como proceder nessa situação?

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Caso, na ECD recuperada, uma conta contábil esteja sendo informada com centro de custos e sem centros de custos, respectivamente, nos registros I155 e I355, o programa da ECF entende que a conta tem centros de custos (devido ao registro I155 recuperado) e tem centro de custos vazio (devido ao registro I355 recuperado). Nessa situação, é necessário fazer a correção do arquivo da ECD ou fazer os ajustes necessários na ECF. 11 – Estou importando um arquivo da ECF com as linhas do registro M300 (Parte A do e-Lalur) e do M350 (Parte A do e-Lacs) relacionadas a contas contábeis (registros M310 e M360 preenchidos). Contudo, no momento da validação, o programa da ECF emite mensagens de erro acusando códigos de contas inválidos nos registros M310/M360. O que fazer? Nesta situação, o problema está nas informações prestadas nos registros M310 e M360. Por exemplo, se, no registro J050 (Plano de Contas), a conta estiver cadastrada como 1010101 e, no registro M310 (conta contábil relacionada ao lançamento de adição ou exclusão da parte A do e-Lalur), a conta estiver como 1.01.01.01, o sistema considera que os códigos são diferentes, em virtude dos “pontos”, e emite a mensagem erro. Verifique se os códigos das contas preenchidos no M310/M360 constam no J050 e são exatamente iguais. 12 – No momento da transmissão do arquivo da ECF dentro do prazo, o programa exige o preenchimento do registro Y720, que somente deveria ser preenchido no caso de entrega da ECF após a data limite de entrega. O que fazer? O registro Y720 só é obrigatório no caso de entrega do arquivo da ECF após a data limite de entrega. Contudo, caso a pessoa jurídica importe o arquivo da ECF com o registro Y720 informado, o sistema exige o preenchimento dos campos do registro Y720, que são obrigatórios. Portanto, não inclua, no arquivo da ECF a ser importado, o registro Y720. Se houver obrigatoriedade dessa informação, o próprio programa da ECF exigirá o seu preenchimento.

Decisão autoriza uso de créditos de PIS e Cofins sobre despesas

Fonte: Valor Econômico. Uma sentença da Justiça Federal do Paraná garantiu a uma empresa o direito de usar créditos de PIS e Cofins sobre as despesas financeiras, geradas, principalmente, por empréstimos bancários. Essa é a primeira decisão de mérito da qual se tem notícia. Ainda cabe recurso. Desde julho de 2015, por meio do Decreto nº 8.426, estão em vigor as alíquotas de 4% de Cofins e 0,65% de PIS sobre receitas financeiras. Contudo, não foi autorizado o uso de créditos sobre as despesas financeiras. A discussão tem um grande impacto financeiro porque, com a crise econômica, as empresas em geral têm registrado mais despesas do que receitas. O advogado tributarista Maurício Faro, do BMA Advogados, responsável pelo processo, afirma que todas as companhias em regime não cumulativo podem ter interesse na

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discussão. "A depender da operação da empresa, a tomada de créditos pode ser mais vantajosa do que o não pagamento da alíquota", afirma. No processo, o advogado alegou que o Decreto nº 8.426, de 2015, que restabeleceu as alíquotas justifica a tomada de créditos. "A proibição viola o princípio constitucional da não cumulatividade", diz Faro. A sentença da juíza federal substituta Thais Sampaio da Silva Machado, da 1ª Vara Federal de Curitiba, confirma a liminar concedida por ela em novembro do ano passado. Segundo a magistrada, a argumentação da Receita Federal no processo não anula a fundamentação apresentada pela companhia. A Receita comparou o regime da não cumulatividade do PIS e da Cofins ao regime do IPI e ICMS. Para a magistrada, essa comparação seria equivocada. Isso porque, segundo a decisão "o PIS/Cofins não incide sobre operações, incide sobre a receita apurada mês a mês, sendo insuficiente admitir a não cumulatividade apenas sobre créditos físicos quando se tributam também as receitas financeiras". A magistrada também ressalta na decisão que "a captação de recursos no mercado é hoje imprescindível às operações ordinárias da grande maioria das empresas, pela necessidade de financiar o seu capital de giro". Ainda segundo a juíza, o aumento do custo com o Decreto nº 8.426, de 2015, sem o creditamento da despesa anterior, "inevitavelmente implicará a repercussão ao consumidor final, ainda que não diretamente, como ocorre com o IPI/ICMS". Porém, a magistrada entendeu que a companhia não tem direito aos créditos dos últimos cinco anos porque a tributação das receitas financeiras voltou a ocorrer com o Decreto nº 8.426, de 2015, que tornou inconstitucional a impossibilidade de tomada de créditos no regime não cumulativo. "De duas, uma: ou não se tributa a receita, ou se concede o direito ao crédito", diz. O advogado Maurício Faro afirma que a decisão enfrentou bem os argumentos do contribuinte e da Fazenda ao decidir a favor da empresa. "Com a edição do decreto que restabeleceu as alíquotas a relação ficou completamente desequilibrada sem a possibilidade de tomada de créditos das despesas", afirma. Especialista em direito tributário, o advogado Marcelo Annunziata, do Demarest Advogados, afirma que decisões que dão direito ao crédito são raras no Judiciário porque o juiz acaba por legislar ao decidir. Porém, elas seguem o princípio da não cumulatividade. Segundo o advogado, a Constituição não definiu o que seria não cumulatividade. Apenas determinou que leis próprias poderiam estabelecer quais setores entrariam no regime. "Porém, a intenção do legislador seria evitar a tributação em cascata. No regime não cumulativo, a ideia é que se consiga descontar o tributo ou alguma despesa no caso do PIS e Cofins até chegar no consumidor final", afirma. Annunziata, contudo, afirma que seria mais seguro discutir apenas a não incidência das duas contribuições sobre as receitas financeiras, porque a medida não poderia ter sido adotada por meio de decreto.

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O advogado Igor Mauler Santiago, sócio do Sacha Calmon Misabel Derzi Consultores e Advogados, afirma que preferiu discutir as alíquotas instituídas e, em ações desvinculadas, pedir o crédito das despesas financeiras. "A decisão obtida é excelente, mas concede o crédito em uma fundamentação diversa do que estamos tentando". Para Santiago, não há relação entre o direito ao crédito por despesas financeiras e a incidência do PIS e da Cofins sobre as receitas financeiras. "As despesas financeiras são empregadas na atividade produtiva, e não na geração de receitas financeiras. Nenhuma empresa não financeira toma dinheiro emprestado para aplicar", afirma. Segundo o tributarista o direito ao crédito advém da cobrança de PIS e Cofins das receitas financeiras aos bancos, pendente de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), em sede de repercussão geral. "Se a Receita cobra esses créditos das instituições financeiras como pode negar os créditos ao adquirente?", questiona Santiago. Nos processos que propôs na Justiça, ainda não há decisão.

Receita publica portaria para uso do Recof-Sped por exportadores

Fonte: Valor Econômico. Os exportadores já podem solicitar à Receita Federal o uso de benefícios do Recof-Sped - o Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado. A medida permite que as empresas importem insumos com tributos federais suspensos. A Portaria nº 47, que trata do tema, foi publicada na sexta-feira. Representantes de empresas do setor de comércio exterior aguardavam com expectativa pela norma. Em janeiro, a Instrução Normativa nº 1.612 trazia disposições gerais, determinando a regulamentação em 90 dias, o que ocorreu só agora. A Receita Federal estima que até mil empresas, responsáveis por US$ 50 bilhões anuais em exportações, possam aderir ao regime. Podem se beneficiar do Recof-Sped exportadoras de produtos industrializados no valor mínimo anual equivalente a 80% do montante total das mercadorias importadas pelo regime, no mesmo período, e não inferior a US$ 5 milhões por ano. A portaria estabelece que serão habilitadas as companhias autorizadas a operar no comércio exterior, exceto as que submetem-se ao radar limitado ou ao expresso, que são as que realizam exportações de menor valor. Além disso, elas devem ter optado pelo Domicílio Tributário Eletrônico (DTE). O pedido de habilitação pode ser realizado por meio digital e a própria unidade do domicílio fiscal da empresa será responsável pela concessão do regime em até 30 dias. "E caso esse prazo não seja cumprido, há jurisprudência no sentido de exigir seu cumprimento pelo Fisco", afirma a advogada Valdirene Lopes Franhani, do Braga & Moreno Advogados e Consultores. "Como o regime adia o pagamento dos tributos federais que incidem sobre a cadeia produtiva para o momento da exportação, isso significa ganho de fluxo de caixa relevante para as empresas".

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Segundo a advogada Carmem Grazieli da Silva, do escritório Martinelli Advogados, o regime interessa especialmente empresa que usam muito o regime de drawback porque o Recof concede benefícios parecidos. "Sem a necessidade de um sistema próprio e com a possibilidade de uma gestão mais simplificada", diz. Ela explica que o Recof isenta de multa a empresa que compra insumos no mercado nacional com suspensão tributária e depois não consegue exportar a quantidade prevista. A companhia tem que pagar apenas o imposto devido, enquanto no drawback deve recolher também multa e juros.

TJMG aplica o princípio da causalidade e inverte os ônus de sucumbência

Fonte: AGE/MG. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), na Apelação Cível 1002410112938-5/001, relativa aos embargos propostos pela empresa ArcelorMittal Brasil S/A, decidiu que, não obstante os embargos terem sido parcialmente acolhidos, a embargante deu causa à autuação integral, por não apresentar ao Fisco, a tempo e modo, documentação hábil a comprovar a realização de operação imune ao ICMS. Determinou, assim, por força do princípio da causalidade, que fossem invertidos os ônus de sucumbência, inclusive no tocante à prova pericial, em razão da conduta praticada pela empresa embargante. Tal decisão foi confirmada pelo STJ (Agravo em REsp 855115-MG).

Consolidação dos parcelamentos previdenciários do último Refis começa dia 12

Fonte: Receita Federal. Inicia-se em 12 de julho o prazo para a consolidação dos parcelamentos previdenciários de débitos administrados pela Receita Federal e pela PGFN. No total, 9.975 contribuintes pessoas físicas e 124.723 contribuintes pessoas jurídicas optaram pelos parcelamentos previdenciários do último Refis (art. 2º da Lei nº 12.996, de 2014). Os procedimentos para a consolidação dos parcelamentos deverão ser realizados pelas pessoas físicas e jurídicas exclusivamente nos sítios da Receita Federal ou da PGFN na Internet, respectivamente, nos endereços <http://www.rfb.gov.br> ou <http://www.pgfn.gov.br>, do dia 12 de julho até as 23h59min59s (horário de Brasília) do dia 29 de julho de 2016, com a utilização de código de acesso ou certificado digital do contribuinte. Os contribuintes que fizeram opção somente pelas modalidades não-previdenciárias e que queiram também consolidar débitos previdenciários, poderão, nesse mesmo período, indicar os débitos a serem parcelados. No procedimento de consolidação dos parcelamentos, os contribuintes deverão indicar: a) os débitos a serem incluídos em cada modalidade, e também a faixa e o número de prestações;

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b) os montantes disponíveis de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL que pretenda utilizar nas modalidades a serem consolidadas. Os procedimentos descritos acima também se aplicam aos contribuintes que aderiram às modalidades de pagamento à vista com utilização de créditos de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL. Para que a consolidação tenha efeito, o contribuinte deverá efetuar o pagamento de todas as prestações vencidas até o mês anterior ao da consolidação e o eventual saldo devedor das modalidades de pagamento à vista, até 29 de julho de 2016. Em se tratando de pessoa jurídica optante com inscrição baixada no CNPJ por fusão, incorporação ou cisão total, após a opção pelas modalidades de pagamento ou parcelamento, a consolidação será efetuada pela pessoa jurídica sucessora, ainda que esta não seja optante, desde que a sucessora esteja com situação cadastral ativa perante o CNPJ. Os procedimentos para a consolidação do parcelamento estão descritos na Portaria Conjunta RFB/PGFN nº 550, de 11 de abril de 2016, bem como no Manual de Consolidação, a ser disponibilizado também no dia 12 de junho de 2016, no sítio da Receita Federal na Internet.

Refis da Copa abre prazo para consolidar débitos com a Previdência

Fonte: Agência Brasil. A partir de terça-feira (12), os contribuintes que aderiram ao Refis da Copa, em 2014, podem consolidar os débitos com a Previdência Social, inscritos ou não na dívida ativa. A consolidação é a fase na qual os devedores escolhem os débitos que querem parcelar e definem o número de parcelas. Também nesta fase, as empresas podem abater da dívida total os descontos concedidos no pagamento do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido por causa de prejuízos em anos anteriores. O prazo para a consolidação das dívidas com a Previdência Social vai de 12 de julho às 23h59min59s de 29 de julho. Os procedimentos estão disponíveis nas páginas da Receita Federal e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, que administra os débitos inscritos na dívida ativa. Em ambos os casos, os contribuintes precisarão de certificação digital (ferramenta de assinatura eletrônica) ou do código de acesso ao Centro Virtual de Atendimento da Receita Federal (e-CAC). As dívidas não previdenciárias haviam sido consolidadas entre 5 e 23 de outubro do ano passado. Nesse caso, os devedores já estão pagando as parcelas. Negociação Aprovado em 2014, o Refis da Copa é um programa de renegociação de dívidas de contribuintes com a União vencidas até 31 de dezembro de 2013. Diferentemente do Refis da Crise, criado em 2009 e reaberto diversas vezes ao longo dos últimos anos, o Refis da Copa estabelecia um valor mínimo de entrada para o contribuinte aderir à renegociação.

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Para pedir o refinanciamento da dívida em até 180 meses (15 anos) com desconto nos juros, o contribuinte deveria pagar à vista parte do valor devido. O percentual correspondia a 5% para débitos de até R$ 1 milhão, 10% para dívidas de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões, 15% para débitos entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões e 20% para dívidas acima de R$ 20 milhões. Desde a criação do Refis da Copa, há dois anos, os recursos pagos à vista tinham sido recuperados aos cofres públicos. De agosto a dezembro de 2014, prazo de adesão ao programa, o governo recebeu R$ 19,949 bilhões. As parcelas, no entanto, só podem começar a ser pagas depois do processo de consolidação dos débitos.

Turma reduz indenização a consultor comercial por justa causa aplicada ilegalmente

Fonte: TST. A RR Donnelley Editora e Gráfica Ltda., de Caxias do Sul (RS), vai pagar R$ 10 mil de indenização por danos morais a um consultor comercial dispensado por justa causa um mês após ter ajuizado outra ação trabalhista contra a empresa. A indenização havia sido arbitrada em R$ 100 mil pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, mas a Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho considerou o valor excessivo, reduzindo-o, no seu entendimento, para patamar condizente com os critérios da razoabilidade e proporcionalidade. O juízo de primeiro grau registrou que a dispensa do empregado, em setembro de 2009, ocorreu um mês após ter ajuizado outra ação trabalhista contra o mesmo empregador, embora não tenha descumprido quaisquer regras legais ou contratuais. Ele estava há 25 anos na empresa, e, segundo a sentença, que fixou a reparação inicialmente em R$ 30 mil, não havia dúvida em relação ao constrangimento, mágoa, vergonha e ansiedade sofrido pelo trabalhador, nem que a dispensa tenha trazido mácula à sua imagem perante seu grupo social e profissional. O TRT-RS majorou o valor para R$ 100 mil, registrando que a empresa não informou qual o ato desidioso cometido pelo empregado para ser punido com a dispensa justificada, pois ele nem mesmo recebeu qualquer tipo de punição anterior. Acrescentou ainda a afirmação do gerente nacional de negócios da empresa de que o consultor “normalmente tinha uma performance acima da média, ganhando concursos internos, inclusive viagens internacionais”. Redução A empresa se insurgiu contra a decisão regional, sustentando no TST que a indenização deveria ser reduzida, observando os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. O apelo foi examinado na Oitava Turma sob a relatoria do ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, que ressaltou o reconhecimento da ilegalidade da dispensa justificada pelo Tribunal Regional, e a conclusão da sentença de que a punição foi uma retaliação pelo ajuizamento de outra reclamação trabalhista.

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O ministro explicou que não existe, na doutrina e na jurisprudência, um parâmetro aritmético objetivo para a fixação do valor da indenização. Em seu entendimento, apesar da gravidade do dano sofrido pelo empregado no caso, tendo em vista os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, e em face da jurisprudência do Tribunal, o valor de R$ 100 mil foi excessivo. A decisão foi por unanimidade. Após a publicação do acórdão, o consultor interpôs embargos à Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1), ainda não julgados. Processo: RR-143600-92.2009.5.04.0401

Engenheira que trabalhava 8h/dia receberá diferenças porque salário profissional é previsto para jornada de 6 horas

Fonte: TRT 3ª Região. Uma engenheira agrônoma conseguiu na Justiça do Trabalho o direito de receber da ex-empregadora, uma empresa de refinação de açúcar de cana, diferenças salariais decorrentes da aplicação do piso salarial da categoria dos engenheiros fixado na Lei 4.950/66, com reajustes previstos na norma coletiva. A decisão é do juiz Vanderson Pereira de Oliveira, em sua atuação na 2ª Vara do Trabalho de Ituiutaba. Ao analisar as provas, o julgador constatou que a reclamante não poderia ser considerada trainee uma vez que a condição não foi registrada no contrato de trabalho, nem em qualquer outro documento. Segundo observou, ela foi contratada como engenheira agrônoma para uma jornada de 44 horas extras, com salário hora de R$8,2280. A decisão se baseou no entendimento da jurisprudência de que o engenheiro tem direito ao salário profissional da Lei 4.950-A/66, sendo vedado apenas o reajuste automático com base no salário-mínimo. Nesse contexto, o juiz reconheceu que a reclamante, ao ser contratada, tinha direito a que fosse considerado o disposto na referida lei. Posteriormente, deveriam ser aplicados os reajustes salariais previstos na norma coletiva da categoria. Com amparo nessa interpretação, fundamentou o julgador não haver inconstitucionalidade na referida lei, conforme já pacificado na da OJ 71 da SDI-1 do TST: “AÇÃO RESCISÓRIA. SALÁRIO PROFISSIONAL. FIXAÇÃO. MÚLTIPLO DE SALÁRIO MÍNIMO. ART. 7º, IV, DA CF/88 (nova redação) – DJ 22.11.2004. A estipulação do salário profissional em múltiplos do salário mínimo não afronta o art. 7º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, só incorrendo em vulneração do referido preceito constitucional a fixação de correção automática do salário pelo reajuste do salário mínimo”. Na sentença foi citada jurisprudência do TST no mesmo sentido. Ainda conforme registrou o juiz sentenciante, a lei não assegurou ao engenheiro jornada reduzida de 6 horas/dia, mas estabeleceu salário para essa jornada, cuja proporção deve ser respeitada quando contratada jornada superior. No caso da reclamante, ficou demonstrado que ela não recebeu o piso salarial quando de sua contratação. O magistrado observou que o salário-hora ajustado foi de R$8,2280, bem menor que o salário-hora a que fazia jus para uma jornada de 8 diárias e 44 semanais.

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Segundo apontou, ao tempo da contratação da reclamante o salário-mínimo legal era de R$415,00, o que equivale a dizer que o salário-hora mínimo era de R$1,8863. Para uma jornada de seis horas, portanto, conforme a Lei 4.950-A/66, considerou que o valor seria de R$11,3178. E para uma jornada de 8 horas e semanal de 44, a proporção seria de R$15,0904. Por tudo isso, entendeu por bem condenar a reclamada a pagar à reclamante as diferenças salariais e reflexos entre o salário de R$15,0904 e o valor que foi pago, desde o início do período não prescrito até o final do contrato. O magistrado observou que o primeiro reajuste concedido depois do período não prescrito foi em 01/07/09, determinando que sobre ele incida o valor de R$15,0904. Também foi determinado que os demais subsequentes incidam sobre o salário-hora já atualizado e assim sucessivamente, nos mesmos percentuais concedidos pela reclamada. O julgador fez questão de reiterar que não haverá vinculação ao mínimo legal para os reajustes posteriores à admissão. Houve recurso, mas o TRT de Minas manteve a decisão. PJe: Processo nº 0000960-16.2014.503.0176. Sentença em: 27/04/2016

Prazo prescricional começa a contar partir da ciência da alteração contratual lesiva

Fonte: TRT 3ª Região. Prescrição é o esgotamento do prazo previsto em lei para que a parte proponha uma ação judicial relativa ao direito que entende violado. Ou seja, se a parte, diante dessa violação, mantém-se inerte e deixa o tempo correr sem propor a ação no prazo legalmente previsto, perde o direito de buscar essa reparação na Justiça. Mas quando se inicia a contagem do prazo prescricional? Essa foi a questão discutida na situação analisada pelo juiz Josias Alves da Silveira Filho, em sua atuação na Vara do Trabalho de Congonhas. Ele aplicou o princípio daactio nata para solucionar a controvérsia. Por esse princípio, o direito de ação nasce a partir do momento em que o titular do direito toma ciência da lesão. Somente a partir daí, conta-se o prazo prescricional. No caso, o empregado de uma siderúrgica, ao se aposentar, buscou na Justiça Trabalhista indenização pela exclusão da cláusula de invalidez permanente total por doença do seguro de vida em grupo previsto em plano de cargo e salário da empresa. Conforme sustentado pelo trabalhador, o direito ao prêmio do seguro de vida ou de indenização substitutiva somente se deu com a sua aposentadoria por invalidez, ocorrida em 08/01/14, data essa que então seria o marco inicial para a contagem da prescrição total. Mas esse não foi entendimento adotado pelo julgador. Na visão do juiz, o início do prazo prescricional não pode ser considerado como sendo a data da aposentadoria e, tampouco, a data da exclusão da cláusula de invalidez por doença do seguro de vida em grupo prevista no plano de cargos e salários. Conforme explicou, embora a empresa tenha solicitado à seguradora a exclusão do benefício em 01/10/1996, não houve prova de que essa exclusão foi comunicada ao autor como alteração do plano de cargos e salários ou de seu contrato de trabalho. “Desconhecendo o trabalhador lesão

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a seu direito, não se inicia a prescrição”, expressou o juiz, acrescentando que o trabalhador veio a ter ciência da exclusão do benefício em 21/11/01, quando recebeu indenização no valor de R$1.500,00, em decorrência do acordo coletivo celebrado, prevendo supressão de benefícios, dentre os quais a indenização de invalidez por doença da apólice de seguros. Assim, tendo em vista que a ciência da alteração do contrato de trabalho ocorreu em 21/11/01, o prazo prescricional quinquenal, previsto no artigo 7º, XXIX, da CF encerrou-se em 21/11/2006. Considerando que a ação foi ajuizada apenas em 24/04/14, ou seja, após escoado o prazo legal para tanto, o juiz acolheu a prescrição arguida pela empresa. O trabalhador recorreu da decisão, que ficou mantida pelo Tribunal mineiro. ( 0000683-75.2014.5.03.0054 RO )

O novo marco legal das empresas estatais

Por Evane Beiguelman Kramer e Percival José Bariani Junior para o Valor Econômico. A temática das boas práticas administrativas nas empresas estatais e a responsabilidade de seus gestores, executivos e acionistas deixou de se restringir ao debate acadêmico e passou ao cenário dos debates políticos, às matérias de jornais e, porque não dizer, a ser uma questão de cidadania, como desdobramento da conhecida Operação Lava Jato. Nesse contexto, foi sancionada a Lei nº 13.303 de 30 de junho de 2016, que dispõe sobre o "estatuto jurídico das empresas estatais", resultante dos textos dos Projetos de Lei do Senado nº 555/2015 e da Câmara nº 397/205, apensados sob nº PL 4.918/2016. Esse novo diploma disciplina aspectos relacionados à criação e gestão das empresas estatais, normas de licitação e contrato e mecanismos de integridade, sendo certo que a maioria das disposições não inovam a ordem jurídica nacional. Vale destacar que a lei se aplica tanto a empresas estatais exploradoras de atividade econômicas quanto a prestadoras de serviços públicos, o que pode gerar muitas controvérsias, haja vista que o regime jurídico aplicado às primeiras (regime de direito privado) é distinto daquele aplicado às demais (regime de direito público). Em que pese o fato das propostas legislativas terem como origem a Petrobras, a norma sancionada regulamentou, após 17 anos de vigência, o art. 173, §1º, da Constituição Federal, acrescido pela Emenda Constitucional 19 de 1998, bem como disciplinou o regime para as empresas estatais exploradoras de atividade econômica, empresas prestadoras de serviço público e as relações jurídicas destas entidades com terceiros, destacando importantes alterações no regime de licitações e contratações, além de dispositivos voltados a aperfeiçoar os mecanismos de controle coorporativos. Com relação aos mecanismos de controle corporativo, a Lei 13.303/2016 prevê (i) controle popular, mediante previsão expressa contida no artigo 87, §§ 1º e 2º, de representação por irregularidade em edital, impugnação ou acesso aos Tribunais de Contas; (ii) fiscalização patrimonial, contábil, financeira e operacional, interna e externa permanente, mediante a disponibilização de banco de dados, relatórios periódicos e

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auditorias periódicas aos órgãos de controle; (iii) critérios técnicos para escolha de administradores; (iv) constituição de conselho de administração, com membros independentes, sem vínculos com a empresa, Conselho Fiscal e Comitê de Auditoria Estatutário, (v) previsão de imputação de responsabilidade civil, criminal e administrativa aos conselheiros e administradores pelos danos que causarem às empresas. Nota-se, é verdade, a falta da previsão obrigatória de organismo de compliance autônomo em cada uma das estatais, essencial ao bom desempenho das funções de fiscalização interna e responsável pela elaboração e por fazer cumprir o programa de integridade da empresa. Todavia, a Lei 13.303 cuidou de tratar da temática da transparência, código de integridade e gestão de riscos, dispondo sobre as exigências mínimas nos seus artigos 8º e 9º. Consta, ainda, a previsão, no art. 24, de criação de comitê de auditoria estatutário, cujas atribuições são auxiliares ao conselho de administração e servem à coleta de dados, avaliação e monitoramento dos mecanismos internos de controle e integridade. O que se pode reafirmar é a importância do instrumento de fiscalização, controle e ética corporativa (compliance), o qual, à toda evidência, deve estar presente no âmbito das empresas estatais, pois se mostra fundamental para o resgate pleno da moralidade e da probidade. Quanto à indicação e predicativos dos administradores e diretores, oportuno ressalvar que a norma dispõe acerca de critérios explícitos, contido no art. 16 do diploma legal, exigindo experiência técnica mínima comprovada ou formação acadêmica compatível, o que servirá ao afastamento de indicações meramente políticas e suas vicissitudes partidárias. Em relação às disposições referentes às licitações nas empresas estatais, o novo "estatuto legal" segue linha muito similar à Lei nº 12.462/11, que instituiu o Regime Diferenciado de Contratações Públicas, trazendo, por exemplo, disposições quanto à inversão de fases, à fase recursal única, à etapa de negociação de preços, à possibilidade de remuneração variável com base no desempenho do contratado e ao sigilo temporário do valor do contrato a ser celebrado. A inovação legislativa é a criação da figura da contratação "semi integrada", que consiste em modalidade licitatória similar à contratação integrada, mas na qual a licitação para obras e serviços de engenharia é orientada pelo projeto básico elaborado pela empresa estatal, de forma a aproveitar sua expertise e seu know-how em seu ramo de atividade. Disposição relevante consta do art. 38, que amplia, significativamente, o rol de pessoas físicas ou jurídicas impedidas de participar de licitações ou de contratar com empresas estatais, estendendo a vedação a qualquer empresa que tenha sócio, administrador ou diretor que já tenha exercido esses mesmos cargos em empresas suspensas, impedidas ou declaradas inidôneas, no período dos fatos que deram ensejo às sanções. Outra inovação salutar diz respeito à obrigatoriedade de indicação expressa, no edital e no contrato, da matriz de risco do projeto, o que confere maior segurança aos licitantes e aos investidores, pois as responsabilidades de cada parte estarão definidas de antemão,

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viabilizando o oferecimento de uma proposta mais adequada e evitando contratempos durante a execução do contrato. Em síntese, o "Estatuto jurídico das empresas estatais" é sem dúvida, importante contribuição do Congresso para a melhoria do controle das empresas estatais exploradoras de atividade econômica, devendo ser analisada como parte importante do conjunto de medidas para a recuperação da atividade econômica.

Desconsideração inversa da personalidade jurídica: responsabilização da PJ por dívidas dos sócios

Por Anna Caroline de Lima Escolaro para Gazeta do Povo. A possibilidade de responsabilização dos sócios por dívidas da sociedade empresária, desde que presentes os requisitos legais, já não é novidade no ordenamento jurídico. No entanto, uma questão menos discutida, mas já consolidada pelos Tribunais pátrios, é a da responsabilização da pessoa jurídica por dívidas dos sócios. Essa é a chamada desconsideração “inversa” da personalidade jurídica. A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n° 948.117-MS, relatado pela Ministra Nancy Andrighi e julgado em 22/06/2010, entendeu que é possível o afastamento da autonomia patrimonial da sociedade empresária, responsabilizando-a pelo pagamento de dívidas pessoais de seus sócios. A Terceira Turma decidiu que desconsideração inversa pode ocorrer quando se verifique o abuso de direito do sócio, com o intuito de fraudar credores, transferindo seus bens pessoais para a empresa com o objetivo de impedir a localização dos mesmos. Assim, para que ocorra a desconsideração inversa, é necessária a presença do requisito do artigo 50 do Código Civil: o abuso de direito, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. Além disso, é necessária a insolvência do sócio devedor, ou seja, ele não deve ter bens próprios capazes de saldar suas dívidas pessoais, até porque, havendo bens suficientes, não haveria fraude aos credores. Esse tipo de prática, embora reprovável, é comum em casos de separações e divórcios em que o cônjuge, visando livrar parte (ou a totalidade) de seus bens da partilha, transfere-os para a pessoa jurídica. Porém, caso essa situação seja comprovada judicialmente, será possível atingir o patrimônio da pessoa jurídica, desmantelando a fraude praticada. Verifica-se, portanto, a importância de agir de acordo com a boa-fé e manter uma clara separação entre o capital da sociedade e o patrimônio pessoal dos sócios. Afinal, uma vez caracterizado o abuso de direito por meio do desvio de finalidade ou da confusão patrimonial, a divisão entre a responsabilidade dos sócios e da sociedade também pode ser dissipada, tanto para atingir o sócio em relação às dívidas da pessoa jurídica quanto para atingir a pessoa jurídica quanto às dívidas do sócio.

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Carf desconsidera planejamento e decide que desconto é receita quando há contrapartida do beneficiário

Por Amal Nasrallah para Tributário nos Bastidores. Em um interessante julgado, o CARF decidiu que a redução de preço por intermédio de descontos obtidos pelo contribuinte junto aos seus fornecedores se consubstancia em receita passível de incidência pelo PIS e Cofins. No caso analisado, um supermercado recebia descontos dos seus fornecedores. Contudo, no contrato entre fornecedor e contribuinte havia uma cláusula que mencionava: “o presente desconto é decorrente de serviços logísticos prestados pelo …, tais como, entregas centralizadas, transportes, manuseio, armazenagem de mercadorias e/ou ferramentas de controle”. Em vista disso, o supermercado foi acusado pela fiscalização de prestar serviços de logística, e que a redução de preço que o beneficiava não teria natureza de desconto incondicional (que não integra a base de cálculo do PIS e da Cofins) e tampouco de desconto financeiro (sujeito à alíquota zero), mas de verdadeira contraprestação por serviços prestados que integram a base de cálculo do PIS e da Cofins. Segundo o fisco “o que efetivamente ocorre é que o contribuinte disponibiliza serviços para seus fornecedores e por eles cobra um determinado valor, caracterizando-se tal prestação como prestação de serviços”. No caso se levantou um ponto fortíssimo a favor do contribuinte, segundo o qual, ninguém presta serviços a si mesmo. Segundo a linha de raciocínio vencida: “a propriedade de bem móvel se transfere pela tradição, ou seja, pela entrega da coisa. Antes da tradição não há transferência de propriedade” (art. 1.267 do Código Civil). “No caso de compra e venda de mercadoria, bem móvel por definição, a entrega física da coisa aperfeiçoa a transmissão da propriedade, que pode ocorrer no estabelecimento do comprador, se o vendedor assumir a responsabilidade pela entrega; ou no estabelecimento do vendedor, se couber ao comprador fazer a retirada dos bens. Porém, em qualquer caso, no momento em que o comprador receba fisicamente as mercadorias, estas ingressam em seu patrimônio, pela aquisição da propriedade que se consuma com tradição. Daí em diante, o manuseio, o transporte, a remoção e a armazenagem se fazem por conta e risco do comprador, já então o proprietário dos bens. Tais atividades, quando realizadas pelo proprietário das mercadorias, não assumem a natureza de prestação de serviço, porque ninguém pode prestar serviço a si mesmo, mercê da bilateralidade que caracteriza esse tipo de contrato. Por outro lado, tais atividades não podem ser tidas como serviço prestado ao vendedor, porquanto a este não proporcionam nenhuma vantagem ou benefício. No contrato de prestação de serviço, o tomador é aquele em favor de quem a atividade é prestada e para quem ela proporciona uma vantagem. Logo, se o vendedor já não é o proprietário das mercadorias e se para ele o transporte, a remoção, o manuseio e a

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armazenagem não representam nenhum benefício, então ele não pode ser parte em um suposto contrato de prestação de serviço, que tenha por objeto aquelas atividades. Essas são, em resumo, as razões pelas quais não se afigura correto considerar que os valores contabilizados pela impugnante como descontos possam ser reclassificados para receitas de prestação de serviço”. Outro ponto da defesa muito interessante argumentava que a autuada sequer tem no seu objeto social a atividade de prestação de serviços. Contudo, a brilhante linha de raciocínio não prevaleceu e, ao final, os descontos foram considerados receitas tributáveis para fins de PIS e Cofins. Segue a parte da ementa referente a esse assunto: “DESCONTO NA COMPRA DE PRODUTOS PARA REVENDA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS. CÔMPUTO NAS BASES DE PIS E COFINS. Não pode ser considerado como desconto, porém, como receita de serviços, tributável para fins de PIS e COFINS, a redução do preço de produtos adquiridos para revenda, cuja contrapartida é a prestação de serviços logísticos. RECUPERAÇÃO DE CUSTOS E DESPESAS. ENTREGA DE BENS E SERVIÇOS. CÔMPUTO NAS BASES DE PIS E COFINS. Não pode ser considerado como recuperação de custos ou despesas, porém, como receita da venda de bens e serviços, os valores recebidos em contrapartida da prestação de serviços ou venda de produtos”. (Número do Processo 10580.730133/2013-15, Data da Sessão 19/05/2016, Acórdão: 3301-002.978)

Aspectos tributários da distribuição de prêmios

Por Lucas Munhoz Filho para o Conjur. Sabemos que o Imposto de Renda (IR) é um tributo federal, em que o contribuinte, mediante a apresentação de declaração informando detalhadamente os seus recebimentos/gastos ao longo do ano, recolherá ao governo determinada porcentagem calculada sobre a renda auferida. O Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) trata-se do recolhimento antecipado do Imposto de Renda para operações específicas (estipuladas em lei), e que gera um futuro direito de restituição/crédito parcial deste recolhimento quando apresentada a declaração. Ou seja, o IRRF nada mais é do que o recolhimento antecipado de parte do IR, que ocorre antes de ser apresentada a declaração do contribuinte. Pois bem, dentre as inúmeras hipóteses em que o contribuinte deve realizar este recolhimento antecipado ao governo, destaca-se a distribuição de prêmios para pessoa física, operação que possui características singulares e que raramente são conhecidas pelo contribuinte, gerando, além de diversas dúvidas, desnecessários dissabores financeiros devido ao descumprimento de procedimentos fiscais específicos. Logo, o presente artigo tem como objetivo apresentar os principais aspectos tributários do IRRF correspondente à distribuição de prêmios para pessoa física e, assim, orientar o contribuinte.

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1. Fato gerador (data do sorteio x efetiva distribuição do prêmio) Dispõe o artigo 63, parágrafo 1º, da Lei 8.981/1995 (com redação dada pela Lei 11.196/2005), que o fato gerador do IRRF ocorrerá na data da distribuição dos prêmios sob a forma de bens e serviços, através de concursos e sorteios de qualquer espécie, senão vejamos: “Os prêmios distribuídos sob a forma de bens e serviços, através de concursos e sorteios de qualquer espécie, estão sujeitos à incidência do imposto, à alíquota de vinte por cento, exclusivamente na fonte. §1º O imposto de que trata este artigo incidirá sobre o valor de mercado do prêmio, na data da distribuição.” À primeira vista, o termo “distribuição” nos leva a crer que somente com a efetiva entrega do prêmio ao contemplado restaria configurado o fato gerador. Assim, não são raras as ocasiões em que os contribuintes se utilizam da data de distribuição dos prêmios como fato gerador do imposto. No entanto, este entendimento está em desacordo com o posicionamento da Receita Federal sobre a matéria, que conceitua que a “distribuição” ocorre na data do sorteio, independentemente da entrega ou não do prêmio, conforme Ato Declaratório Normativo COSIT 19/1996: “O COORDENADOR-GERAL DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto no art. 63. da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, declara, em caráter normativo, às Superintendências REGIONAIS DA RECEITA FEDERAL, ÀS DELEGACIAS DA RECEITA FEDERAL DE JULGAMENTO E AOS DEMAIS interessados que, para os efeitos do art. 63. da Lei nº 8.981/95, considera-se efetuada a distribuição do prêmio na data da realização do concurso ou do sorteio, sendo irrelevante que o seu recebimento, pelo contemplado, ocorra em outra data.” Este entendimento está, inclusive, consolidado em jurisprudência administrativa: PRÊMIOS. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA. O fato gerador do imposto de renda na fonte incidente sobre o valor dos prêmios gratuitamente distribuídos na forma de bens e serviços ocorre na data da realização do concurso ou sorteio. Lançamento Improcedente. FRANCISCO EDUARDO BIGONHA GAZZOLA – Delegado. Publicado no DOU em: 28.09.2001 – Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora / DECISÃO 1.530 em 14.08.2001 –Imposto sobre a Renda Retido na Fonte – IRRF Assim, caso o recolhimento não seja efetuado considerando como fato gerador a data do sorteio, certamente a Fazenda Pública Federal exigirá o pagamento de acréscimos moratórios no caso de prêmios contemplados e do próprio imposto em si no caso daqueles não contemplados. Deve-se considerar, portanto, que o fato gerador do IR ocorre na data do sorteio, independentemente da efetiva distribuição dos bens aos contemplados. 2. Prazo para recolhimento Após a realização de um concurso ou de um sorteio, é comum que a pessoa jurídica exija da pessoa física contemplada a apresentação de diversos documentos e/ou determina um

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prazo específico para que esta resgate seu prêmio. Assim sendo, qual data deve ser utilizada para contagem quanto ao recolhimento do IRRF? Nos ensina o artigo 70, inciso I, alínea “b”, item “2”, da Lei n° 11.196/2005, que a empresa contribuinte deverá recolher o tributo até o 3º dia útil subsequente ao decêndio da ocorrência do fato gerador (data do sorteio): “Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2006, os recolhimentos do Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF e do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários – IOF serão efetuados nos seguintes prazos: ( I – IRRF: (…) b) até o 3o (terceiro) dia útil subsequente ao decêndio de ocorrência dos fatos geradores, no caso de: (…) 2. prêmios, inclusive os distribuídos sob a forma de bens e serviços, obtidos em concursos e sorteios de qualquer espécie e lucros decorrentes desses prêmios; ” 3. Cálculo do imposto (base de cálculo e alíquota) Quanto ao cálculo do tributo devido, muitos contribuintes cometem o mesmo erro em comum, qual seja, consideram somente os prêmios que de fato foram distribuídos. No entanto, o valor a ser considerado para recolhimento do IRRF com relação aos prêmios distribuídos, ou seja, a sua base de cálculo, deve corresponder ao valor da Nota Fiscal de aquisição total dos prêmios (valor de mercado dos bens ou serviços), nos termos do artigo 677, §1º do Regulamento do Imposto de Renda (RIR): “§ 1º O imposto incidirá sobre o valor de mercado do prêmio, na data da distribuição, e será pago até o terceiro dia útil da semana subsequente ao da distribuição.” Com relação à alíquota, esta deverá incidir exclusivamente na fonte em 20% (artigo 63 da Lei 8.991/95, com redação dada pela Lei n° 9.065/95). 4. Prêmios prescritos (não retirados ou sem ganhadores) De acordo com o artigo 6º, do Decreto 70.951/1972, consideram-se prescritos os prêmios não reclamados no prazo de 180 dias, contados da data do sorteio, da apuração do resultado do concurso ou do término do prazo da promoção, caso em que o valor correspondente deverá ser recolhido, pela empresa contribuinte, ao Tesouro Nacional como renda da União, no prazo de 10 dias, in verbis: “Quando o prêmio sorteado, ganho em concurso ou conferido mediante vale-brinde, não for reclamado no prazo de cento e oitenta (180) dias, contados, respectivamente, da data do sorteio, da apuração do resultado do concurso ou do término do prazo da promoção, caducará o direito do respectivo titular e o valor correspondente será recolhido, pela empresa autorizada, ao Tesouro Nacional, como renda da União, no prazo de dez (10) dias.” Á título de exemplo, considerando-se a vigência de uma determinada promoção até o dia 15/05/2015, a pessoa contemplada tem o direito de requerer o seu prêmio dentro do prazo de 180 dias, contados a partir desta data. Vencido o prazo prescricional sem que o

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prêmio tenha sido reclamado, deverá ser recolhido ao Tesouro Nacional, em até 10 dias, o valor correspondente aos prêmios. Também são considerados prescritos os prêmios sem ganhadores, cujo valor também deverá ser recolhido ao Tesouro Nacional, mas em outro prazo, qual seja, 45 dias após o encerramento da promoção, conforme artigo 47, §1º, da Portaria Ministro de Estado da Fazenda – MF n° 41/2008: “§ 1º Os prêmios prometidos no plano de operação autorizado, em quaisquer das modalidades disciplinadas, e para os quais não haja o equivalente ganhador, por qualquer motivo, deverão ter os seus respectivos valores recolhidos aos cofres da União, no prazo de até quarenta e cinco dias após o encerramento da promoção comercial.” Observe ainda que, após a prescrição, a empresa contribuinte deverá apresentar a prestação de contas da promoção junto ao órgão autorizador, no prazo máximo de 30 dias, em formulário constante do Anexo VIII da Portaria 41/2008, ocasião em que deverão ser informados os ganhadores e os prêmios prescritos, acompanhados dos comprovantes de entrega do bem, e os comprovantes de pagamento do IRRF e os DARF’s correspondentes aos prêmios prescritos (art. 35, Portaria nº 41/2008). 5. Dedução do IRRF na apuração do Lucro Real O IRRF incidente sobre o valor (de mercado) do prêmio distribuído (por meio de sorteio ou concurso) é dedutível na apuração do Lucro Real como complemento da despesa com a distribuição do prêmio, nos termos do artigo 344, do Regulamento do Imposto de Renda (RIR): “Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do lucro real, segundo o regime de competência. (…) § 3º – A dedutibilidade, como custo ou despesa, de rendimentos pagos ou creditados a terceiros abrange o imposto sobre os rendimentos que o contribuinte, como fonte pagadora, tiver o dever legal de reter e recolher, ainda que assuma o ônus do imposto.” 6. Prêmios distribuídos por entidades imunes ou isentas Os prêmios distribuídos por entidades imunes ou isentas, de que tratam o artigo 150, VI, “c”, da Constituição Federal e o artigo 159 do RIR, também estão sujeitos à incidência do IRRF, de acordo com Ato Declaratório COSIT n° 41/1995: “O COORDENADOR-GERAL DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO, no uso de suas atribuições e tendo em vista o disposto no art. 63. da Lei nº 8.981 de 20 de janeiro de 1995, alterado pelo art. Da Lei nº 9.065. de 20 de junho de 1995 retificado em 03 de julho de 1995. Declara, em caráter normativo as Superintendências Regionais da Receita Federal e aos demais interessados que: I – Estão sujeitos à incidência do Imposto de Renda à alíquota de vinte por cento exclusivamente na fonte os prêmios distribuídos sob a forma de bens e serviços pelas entidades de que tratam o art. 150. , VI, “c”, da Constituição Federal e o art. 159. do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 1.041 de 11.01.94; II – O imposto incidirá sobre o valor de mercado do prêmio, na data da distribuição sem reajuste da base de cálculo;

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III – Compete à entidade distribuidora dos prêmios efetuar o recolhimento do imposto correspondente até o terceiro dia útil da semana subsequente à da distribuição.” Observe que as entidades imunes ou isentas deverão adotar os mesmos procedimentos de uma pessoa jurídica comum, exceto com relação ao prazo para o recolhimento do IRRF, que deverá ocorrer até o terceiro dia útil da semana subsequente à da distribuição (leia-se sorteio). 7. Prêmios distribuídos em concursos artísticos, desportivos, científicos, literários ou assemelhados Ocorrendo a distribuição de prêmios em concursos artísticos, desportivos, científicos, literários ou outros títulos assemelhados, por pessoa jurídica à pessoa física, deverão ser atendidos os procedimentos estipuladas na Solução de Divergência COSIT n° 09/2012, abaixo relacionados: I – quando houver vinculação quanto à avaliação do desempenho dos participantes: O IRRF deverá ser calculado de acordo com a tabela progressiva mensal, a título de antecipação do devido na DIRPF, ou, se o beneficiário for residente no exterior, incide exclusivamente na fonte à alíquota de 25%, independentemente da forma de distribuição dos prêmios (bens e serviços ou em dinheiro), pois estes assumem aspecto de remuneração pelo trabalho; II – quando não houver vinculação quanto à avaliação do desempenho dos participantes: II.I – prêmios distribuídos sob a forma de bens e serviços: O IRRF incide exclusivamente na fonte à alíquota de 20%. Se o beneficiário for residente no exterior, à alíquota de 15% ou, na hipótese de o beneficiário ser residente em país com tributação favorecida, assim considerada pela legislação do imposto, este incide exclusivamente na fonte à alíquota de 25%; ou II.II – prêmios distribuídos em dinheiro: a) concursos esportivos (também compreendidos os de turfe – corrida de cavalo): O IRRF incide exclusivamente na fonte à alíquota de 30%. Se o beneficiário for residente no exterior, à alíquota de 15% ou, na hipótese de o beneficiário ser residente em país com tributação favorecida, este incide exclusivamente na fonte à alíquota de 25%; b) demais concursos: O IRRF deve ser calculado de acordo com a tabela progressiva mensal, a título de antecipação do devido na DIRPF, ou, se o beneficiário for residente no exterior, incide exclusivamente na fonte à alíquota de 15%. Na hipótese de o beneficiário ser residente em país com tributação favorecida, este incide exclusivamente na fonte à alíquota de 25%. 8. Conclusão Em resumo, considerando a orientação da Receita Federal do Brasil, o fato gerador do IRRF referente à distribuição de prêmios para pessoa física ocorre no dia do sorteio, independentemente da efetiva entrega do prêmio ao contemplado, cujo valor da Nota Fiscal de aquisição (valor de mercado) deverá ser a base de cálculo do tributo, e, via de regra, incide alíquota de 20%. O recolhimento do tributo deve ocorrer até o 3º dia útil subsequente ao decêndio da ocorrência do sorteio.

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Com relação aos prêmios prescritos, que deverão ser recolhidos ao Tesouro Nacional, devem ser consideradas duas situações, a saber: a) prêmios com ganhadores, mas não retirados – prazo para recolher em 10 dias após a prescrição de 180 dias (a partir do encerramento da promoção); b) prêmios sem ganhadores – prazo para recolher em 45 dias após o encerramento da promoção. O imposto é dedutível na apuração do Lucro Real, como complemento da despesa com a distribuição do prêmio. As entidades imunes e isentas também estão sujeitas à incidência do IRRF, e possuem prazo específico de recolhimento (até o 3º dia útil da semana subsequente da ocorrência do sorteio). Por fim, no tocante aos prêmios distribuídos em concursos artísticos, desportivos, científicos, literários ou outros títulos assemelhados, é importante ressaltar que, para se determinar a alíquota incidente na retenção do IRRF, o contribuinte deverá levar em consideração, principalmente: o tipo e a finalidade do concurso; se há ou não vinculação do prêmio com relação ao desempenho dos participantes; qual o prêmio a ser contemplado (bens e serviços ou dinheiro); e se o beneficiário é ou não residente no país.

Cortes devem rever uso do propósito negocial

Por João Paulo Aguiar Moreira para o Conjur. Introdução A 1ª Turma da Câmara Superior do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais julgou, na sessão do dia 6 de abril, o caso Bariguix Fazenda Nacional[1]. Nele, discutiu-se a possibilidade de dedução, na base de cálculo da IRPJ e da CSLL, de despesas derivadas de amortização de ágio interno. Os recursos especiais da contribuinte e da Fazenda Nacional foram interpostos em face de acórdão da câmara baixa que manteve a glosa da dedução da despesa com ágio, com manutenção de multa isolada e multa de ofício, no patamar de 75% sobre o Auto de Infração. O caso representou mais um capítulo na cruzada travada pelo Fisco com o objetivo de coibir a chamada “criação fictícia” de ágio, especialmente no bojo de grandes operações de reestruturação societária. Desde meados de 2010, foi possível observar um crescimento progressivo das autuações lavradas com a finalidade de desconsiderar planejamentos tributários que envolviam fusões, aquisições e incorporações societárias, em concomitância com a aplicação de pesadas multas. Não é por outra razão que centenas de corporações estão se dirigindo ao Carf para questionarem autuações que, não raro, chegam à casa dos bilhões de reais. Isso porque, além de tratarem-se de operações gigantescas e de elevada complexidade, a fiscalização aplicou, em boa parte dos casos, multa qualificada, no patamar de 150% sobre o valor do imposto supostamente devido, por entender que houve efetiva má-fé do contribuinte.

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A questão do ágio está longe de ser simples. Em linhas gerais, pode ser entendido como a diferença entre o valor pago a um título e seu valor nominal, com o objetivo de obter alguma rentabilidade futura. Em matéria fiscal, o ágio é utilizado na dedução de encargos tributários, a exemplo do IRPJ e da CSLL, e pode ser aproveitado em até 5 anos após seu recolhimento. Apesar do advento da Lei n° 12.973/14 trazer contornos mais claros à matéria – pacificando, dentre outros aspectos, a vedação de se deduzir ágio gerado internamente –, o fato é que basta uma análise superficial da jurisprudência do Carf para revelar que os julgadores têm baseado suas decisões na ausência de “propósito negocial”. Nesse sentido, a investigação das bases e implicações da adoção da teoria do propósito negocial constitui aceleuma sobre a qual se debruça a presente empreitada. Tendo em vista a atualidade das autuações lavradas com a finalidade precípua de desconsiderar planejamentos tributários envolvendo ágio, mister se faz que revisitemos o instituto e fomentemos o debate em torno de seus fundamentos. O ponto de partida não poderia ser outro que não as origens do próprio planejamento tributário. Passemos então ao que fora proposto. Das origens do planejamento tributário A partir do advento do paradigma do welfare state, foi possível observar um crescimento progressivo do tamanho do Estado e de seus representantes. Nessa esteira, através de sua faceta financeira, a presença do Estado irradiou-se por todo o substrato social, passando a desempenhar uma série de atividades voltadas para a obtenção, gestão e aplicação dos recursos de que o Estado necessita para atingir seus objetivos precípuos[2]. Assim, sob a bandeira do atendimento das necessidades tidas como “públicas”, ampliou-se o grau de interferência estatal no âmbito privado. Por intermédio da tributação – principal fonte de receitas estatais –, retira-se do patrimônio do contribuinte aquilo que a ele pertence para que se possa dar cabo das demandas públicas. Não é por outra razão que Ives Gandra[3]aduz que a imposição tributária constitui nítida norma de rejeição social, porquanto sempre desmedida e reveladora de certo arbítrio por parte do Estado. A imposição de penalidades severas, com peso confiscatório, em face do não cumprimento da norma tributária, provaria a veracidade da tese. E é sob esta realidade que se assenta a tendência do sujeito passivo da relação tributária de esquivar-se das leis impositivas, haja vista que as considera excessivas. Surgem, nessa perspectiva, os fenômenos da elisão e da evasão fiscal, os quais compartilham, na origem, a pretensão do contribuinte de fazer frente à carga tributária desmedida. A diferenciação fundamental entre elas reside nos meios adotados para fugir dessa carga: estes podem ser legais (elisão fiscal) ou ilegais (evasão fiscal). Nesse sentido, elisão fiscal nada mais é do que “procedimento utilizado pelo sujeito passivo da relação tributária, objetivando reduzir o peso da carga tributária, pela escolha, entre diversos dispositivos e alternativas de lei, daqueles que lhe permitem pagar menos tributos[4]”.

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E é precisamente nesse contexto que se insere a disciplina do planejamento tributário. Situado no interstício da tensão entre a pretensão arrecadativa do Estado e o direito do contribuinte de organizar seus negócios da forma que entender mais proveitosa, o planejamento tributário assume seu posto de importância na dinâmica da tributação no Estado Moderno. A fundamentação desse “empreendimento jurídico” reside no reconhecimento de que a imposição tributária é essencialmente abusiva e, por isso, o interesse de dela distanciar-se será sempre legítimo; bem como na obrigação que se impõe ao Estado constitucional no sentido de que o exercício do poder de tributar seja, a todo momento, plasmado em valores e garantias constitucionais. Imbuído dessa necessidade de lastro constitucional, o Estado elegeu o princípio da capacidade contributiva[5]como critério norteador da distribuição dos encargos tributários entre a sociedade. Por meio dele, consignou-se que a tributação deverá incidir sobre fenômenos que denotem a manifestação de riqueza. Ocorre que, uma vez estipulado que as hipóteses de incidência tributária deverão evidenciar, objetivamente, a existência de capacidade contributiva, surge de imediato o questionamento acerca do modo como ela deverá ser percebida pelo legislador. Em outras palavras, quais situações deverão ser entendidas como efetivas manifestações de capacidade contributiva? Nesse ponto, observa Schoueri e Freitas que: “os fenômenos que serão submetidos à tributação nem de longe têm o condão de esgotar o universo de manifestações de capacidade contributiva. A presença de situação que revele, objetivamente, aquela capacidade, é condição necessária, mas não suficiente, para que se dê a imposição tributária. Não basta, pois, averiguar a ocorrência de capacidade contributiva […]. Importa que a situação tenha sido contemplada, de modo abstrato, pelo legislador[6]”. Tal perspectiva coloca em evidência a necessidade de se observar o princípio da capacidade contributiva sempre pelas lentes da legalidade[7]. É imprescindível que o legislador tenha disciplinado, via legislação, a hipótese de incidência tributária. Não é por outra razão que algumas manifestações de riqueza, apesar de refletirem capacidade contributiva, mantém-se incólumes da tributação. Alcançamos, afinal, o pilar central do planejamento tributário. Confiante de que apenas as situações previstas pelo legislador estarão sujeitas à pretensão tributante, o contribuinte reclama para si a prerrogativa de organizar seus negócios de forma a afastar-se da tributação, muitas das vezes por intermédio de arranjos que não fazem sentido do ponto de vista estritamente empresarial, mas compreensíveis porquanto garantem como resultado final a economia de tributos. Ocorre que, paulatinamente, diversas limitações ao planejamento tributário foram sendo criadas, via legislação ou jurisprudência, modificando o cenário até então traçado. Nesse ponto, somos remetidos à jurisprudência administrativa do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o qual passou a rejeitar diversas estruturas

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engendradas pelos contribuintes com a finalidade de minorar a incidência de tributos. Voltamos nossa atenção especificamente à ideia de propósito negocial que vem sendo adotada pelo Conselho. A doutrina do propósito negocial A adoção do propósito negocial pelo Carf tem gerado certo rebuliço no meio tributário, haja vista as imprecisões de conceituação e aplicação do novo instituto. Por meio dele, tem-se desconsiderado planejamentos tributários sempre que evidenciado que “a transação ganhou determinada forma exclusivamente por razões fiscais, ou ainda, que do ponto de vista empresarial, a transação não fazia sentido sem considerar seus benefícios tributários[8]”. Surgido na jurisprudência norte-americana em um contexto de grandes reestruturações societárias, a business purpose doctrine, questiona, em síntese, se determinada operação teria sido efetuada da mesma forma, não fossem as vantagens tributárias geradas. Dentre seus fundamentos primordiais, reside a noção de que a simples concordância do planejamento tributário com a letra da lei é insuficiente para embasar uma economia tributária válida. Impugna-se, dessa forma, toda e qualquer operação que tomou contornos diversos daqueles tidos como “normais” com vistas à economia de tributos. O fundamento da desconsideração é o de que falta à operação o necessário “substrato econômico”, o que apontaria a artificialidade desta ante a complexidade do arranjo engendrado pelo contribuinte. O argumento é recorrente nas muitas autuações que se lavram hodiernamente em face do contribuinte. Planejamento tributário sem propósito negocial é aquele que se afasta da “economicidade” típica do negócio jurídico ao qual se remete. Ocorre que, ao considerar insuficiente a circunstância de determinado planejamento tributário estar em consonância com a lei, a autoridade tributária privilegia o que se pode chamar de “interpretação econômica”. Por meio dela, defende-se ser necessário observar as implicações econômicas da norma tributária, haja vista sua natureza intrinsecamente econômica. No entanto, a crítica que se faz à adoção de uma interpretação econômica da norma de incidência tributária invoca a centralidade do princípio da legalidade estrita nesse ramo do direito. Conforme dito, é impossível adotar interpretação de conteúdo que supere o comando sedimentado em lei, ao risco de macular o arcabouço principiológico que embasa a tributação no seio do Estado moderno. Nesse sentido, ensina Ives Gandra que “a interpretação de conteúdo, embora desejável, não pode, como se pretende projetar, oferecer desenho legal distinto daquele expresso na norma, risco de se estar ofertando realidade exegética diversa daquela esculpida pelo legislador[9]”. Nessa esteira, o aplicador da norma não deve examinar conteúdo que não aquele lhe for intrínseco, posto que cogitar realidade diversa da mandamental “leva, necessariamente, ou à deturpação da norma ou à criação legislativa pela Hermenêutica, em ambos os casos

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gerando para os que possam sofrer sua aplicação restritiva prejuízo ou benefício indevidos[10]”. Para além desse ponto, imperioso registrarmos as profundas imprecisões conceituais que circundam a aplicação desse instituto na jurisprudência administrativa exarada pelo Carf. Schoueri e Freitas, após detido estudo empírico das decisões do Conselho que faziam remissão ao propósito negocial como ratio decidendi, concluíram que: “Curiosamente, embora a falta de propósito se revelasse como a efetiva razão para a recusa do planejamento, os julgadores procuravam justificar sua decisão com base em teorias como o abuso de direito, a fraude à lei, o negócio indireto e quejandas, chegando-se à situação paradoxal de que circunstâncias semelhantes eram afastadas, por fundamentos diversos[11]”. De outro plano, não podemos fechar os olhos às implicações da importação estanque de critérios alienígenas pelo ordenamento pátrio, como parece ser o caso na doutrina do propósito negocial. Especialmente se tal ingresso se dá por meio de mera evolução jurisprudencial, sem o devido trato legislativo da questão. Nesse sentido, assevera Schoueri e Freitas que “ainda mais perigosa é a importação de critérios estrangeiros, se estes provêm do common Law, cujas raízes divergem bastante da tradição continental[12]”. A conclusão a que se chega é a de que a doutrina do propósito negocial, aplicada por intermédio da jurisprudência administrativa brasileira, carece de profunda e urgente reformulação. Ante os argumentos expostos, resta patente que sua aplicação gera obstáculos para a concretização de princípios fundamentais que representam verdadeiras garantias estendidos ao contribuinte. Por certo, a adoção irrestrita do instituto sem lastro legislativo corresponde à própria aniquilação da possibilidade de se empreender planejamento tributário no Brasil, haja vista que todo e qualquer arranjo elaborado pelo contribuinte na condução de seus negócios será passível de desconsideração e tributação pelo Fisco. É imprescindível, assim, que decidamos “entre planejamento tributário e propósito negocial”. [1] Processo 10903.720003/2012-95. Acórdão 9101-002.300, publicado em 19/05/2016. [2] MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 36ª ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2015. P. 24. [3]MARTINS, Ives Gandra da Silva. Elisão e Evasão Fiscal. Revista Brasileira de Direito Tributário e Finanças Públicas. Porto Alegre, v. 8, n. 43, mar./abr. 2014. P. 31. [4] MARTINS, Ives Gandra da Silva. Elisão e Evasão Fiscal. Revista Brasileira de Direito Tributário e Finanças Públicas. Porto Alegre, v. 8, n. 43, mar./abr. 2014. P. 31. [5] Para mais a respeito do tema, recomendamos a leitura da obra de Marco Aurélio Greco (GRECO, Marco Aurélio. Planejamento Tributário. 3ª ed. São Paulo: Editora Dialética, 2011.), o qual tece brilhante análise acerca da centralidade do princípio da capacidade contributiva no sistema tributário brasileiro, com especial atenção às implicações dessa centralidade na disciplina do planejamento tributário.

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[6] SCHOUERI, Luís Eduardo; FREITAS, Rodrigo. Planejamento Tributário e o “Propósito Negocial”: Mapeamento de Decisões do Conselho de Contribuintes de 2002 a 2008. 1ª ed. São Paulo: Editora QuartierLatin do Brasil, 2010. P. 14. [7] A abordagem, ressalte-se, privilegia a teoria da principiologia jurídica já consolidada, segundo o qual a importância de um princípio só pode ser avaliada quando do choque desde com os demais, haja vista o elemento axiológico destes. [8] SCHOUERI, Luís Eduardo; FREITAS, Rodrigo. Planejamento Tributário e o “Propósito Negocial”: Mapeamento de Decisões do Conselho de Contribuintes de 2002 a 2008. 1ª ed. São Paulo: Editora QuartierLatin do Brasil, 2010. P. 17. [9]MARTINS, Ives Gandra da Silva. Elisão e Evasão Fiscal. Revista Brasileira de Direito Tributário e Finanças Públicas. Porto Alegre, v. 8, n. 43, mar./abr. 2014. P. 32. [10]__________. P. 32. [11] SCHOUERI, Luís Eduardo; FREITAS, Rodrigo. Planejamento Tributário e o “Propósito Negocial”: Mapeamento de Decisões do Conselho de Contribuintes de 2002 a 2008. 1ª ed. São Paulo: Editora QuartierLatin do Brasil, 2010. P. 18. [12]__________. P 18. O boletim jurídico da BornHallmann Auditores Associados é enviado gratuitamente para clientes e usuários cadastrados. Para cancelar o recebimento, favor remeter e-mail informando “CANCELAMENTO” no campo assunto para: <[email protected]>.