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EQUIPA PROVINCIAL DE PASTORAL VOCACIONAL PROVÍNCIA PORTUGUESA DA SOCIEDADE SALESIANA N.º 4 NOVEMBRO 2010 bússola da mihi animas PERSEVERANÇA: Dom Bosco procurou agir sempre com prudência, mas com uma perseverança tenaz. Confiava sem limites no Senhor e avançava com firmeza exclamando “Deus providenciará!”. Lemos nas Memórias Biográficas: O CAMINHO: “Quando encontro uma di- ficuldade, mesmo das maiores, faço como os que vão pelo caminho e a certo ponto o encontram obstruído por uma grande pedra. Se não puder tirar o obstáculo do meio, passo por cima, ou sigo por um caminho mais longo dando uma volta. Ou então, suspensa a empresa começada, para não perder tempo inutilmente à es- pera, começo logo outro projecto. Mas nunca perco de vista a obra começada até terminar. Com o tempo, os frutos ama- durecem, os homens mudam, as dificul- dades aplanam-se”. Nem as dificuldades da meninice, nem a grave doença no início da sua missão SEMPRE ADMIREI EM DOM BOSCO A TENACIDADE COM QUE ENFRENTOU E LEVOU A CABO CADA PROJECTO AO LONGO DE TODA A SUA VIDA. «Deus providenciará» com os jovens de Turim, nem as incom- preensões com o bispo Gastaldi – para citar apenas alguns exemplos – con- seguiram fazê-lo afastar do caminho que Deus lhe marcava. CONFIAMOS: Como sempre fez na nossa família, também hoje confiamos que Deus fará florescer as pobres obras das nos- sas mãos. Com a invencível tenacidade do nosso Pai, enfrentamos projectos até à temeridade quando está em causa o bem dos jovens. Por muito fortes que so- prem os ventos, Deus convertê-los-á em brisa suave; por muito altos que sejam os montes, Deus aplaná-los-á. Não duvides, há sempre caminhos. No carreiro árido e tortuoso, Deus sempre providencia aos de coração grande, de vistas largas e de passo firme. > PE. JOSÉ MIGUEL NÚÑEZ em dia > PE. JOSÉ ANÍBAL MENDONÇA O mundo inteiro acordou sobressaltado com o drama daqueles 33 mineiros da mina de São José, no Chile, que, de repente, se viram presos a 700 metros de profundidade, sem contacto com o exterior, sem luz, com imenso calor e humidade e, sobretudo, sem saberem qual seria a sua sorte… Felizmente essa história terminou bem, muito bem! Graças ao interesse do governo chileno e às várias ajudas externas, a cápsula Fénix resgatou aqueles homens, um a um, perante as lágrimas de alegria e alívio de todo o mundo, que seguiu tintim por tintim os dois meses e tal desta operação. Ficaram-me na retina impressionantes expressões de fé desses homens. Fez- -me recordar o salmo que diz que não há buraco ou lugar, por mais profundo e isolado que seja, onde Deus não nos encontre – “se descer aos abismos, ali Vos encontrais” (Sl 138). Não há bar- reiras para a fidelidade e iniciativa do amor de Deus. Ama-nos perdidamente e sempre! Fez-me lembrar também que há tantos missionários deste Amor, espalhados por todo o mundo, que continuam a tentar resgatar seres humanos, filhos de Deus muito amados, enterrados em buracos de miséria, violência e aban- dono. Para mim era bem merecido que esses também pudessem ser coloca- dos nas primeiras páginas dos jornais com a cápsula Fénix! EXPRESSÕES DE FÉ

Bússola n.º 4

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Jornal da Equipa de Pastoral Vocacional da Província Portuguesa da Sociedade Salesiana. Número 4. Novembro 2010

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Page 1: Bússola n.º 4

EQUIPA PROVINCIAL DE PASTORAL VOCACIONAL

PROVÍNCIA PORTUGUESA DA SOCIEDADE SALESIANA

N.º 4NOVEMBRO 2010

bússola

da mihi animas

Perseverança: Dom Bosco procurou agir sempre com prudência, mas com uma perseverança tenaz. Confiava sem limites no Senhor e avançava com firmeza exclamando “Deus providenciará!”.

Lemos nas Memórias Biográficas:

O CaminhO: “Quando encontro uma di-ficuldade, mesmo das maiores, faço como os que vão pelo caminho e a certo ponto o encontram obstruído por uma grande pedra. Se não puder tirar o obstáculo do meio, passo por cima, ou sigo por um caminho mais longo dando uma volta. Ou então, suspensa a empresa começada, para não perder tempo inutilmente à es-pera, começo logo outro projecto. Mas nunca perco de vista a obra começada até terminar. Com o tempo, os frutos ama-durecem, os homens mudam, as dificul-dades aplanam-se”.

Nem as dificuldades da meninice, nem a grave doença no início da sua missão

� Sempre admirei em dom BoSco a tenacidade com que enfrentou e levou a caBo cada projecto ao longo de toda a Sua vida.

«Deus providenciará»

com os jovens de Turim, nem as incom-preensões com o bispo Gastaldi – para citar apenas alguns exemplos – con-seguiram fazê-lo afastar do caminho que Deus lhe marcava.

COnfiamOs: Como sempre fez na nossa família, também hoje confiamos que Deus fará florescer as pobres obras das nos-sas mãos. Com a invencível tenacidade do nosso Pai, enfrentamos projectos até à temeridade quando está em causa o bem dos jovens. Por muito fortes que so-prem os ventos, Deus convertê-los-á em brisa suave; por muito altos que sejam os montes, Deus aplaná-los-á. Não duvides, há sempre caminhos. No carreiro árido e tortuoso, Deus sempre providencia aos de coração grande, de vistas largas e de passo firme.

> pe. joSé miguel núñez

� em dia> pe. joSé aníBal mendonça

O mundo inteiro acordou sobressaltado com o drama daqueles 33 mineiros da mina de São José, no Chile, que, de repente, se viram presos a 700 metros de profundidade, sem contacto com o exterior, sem luz, com imenso calor e humidade e, sobretudo, sem saberem qual seria a sua sorte…

Felizmente essa história terminou bem, muito bem! Graças ao interesse do governo chileno e às várias ajudas externas, a cápsula Fénix resgatou aqueles homens, um a um, perante as lágrimas de alegria e alívio de todo o mundo, que seguiu tintim por tintim os dois meses e tal desta operação.

Ficaram-me na retina impressionantes expressões de fé desses homens. Fez--me recordar o salmo que diz que não há buraco ou lugar, por mais profundo e isolado que seja, onde Deus não nos encontre – “se descer aos abismos, ali Vos encontrais” (Sl 138). Não há bar-reiras para a fidelidade e iniciativa do amor de Deus. Ama-nos perdidamente e sempre!

Fez-me lembrar também que há tantos missionários deste Amor, espalhados por todo o mundo, que continuam a tentar resgatar seres humanos, filhos de Deus muito amados, enterrados em buracos de miséria, violência e aban-dono. Para mim era bem merecido que esses também pudessem ser coloca-dos nas primeiras páginas dos jornais com a cápsula Fénix!

exPressões De fé

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o guia.. .

É verdade que a vocação implica descobrir aquilo que Deus quer de nós, mas podemos já assegurar: uma das coisas que Deus mais quer de nós é que sejamos verdadeiramente felizes.

Peço desculpa por contrariar a ideia de que Deus se alegra com a nossa dor e o nosso mal. Eu, pessoalmente, não posso acreditar num Deus assim: seria demasiado mesquinho. Ao invés, acredito - e o Novo Testamento confirma - que o nosso Deus é o Deus da alegria, da festa, da felicidade.

Neste tempo, temos andado obcecados à procura da felicidade e, no entanto, não parece que sejamos mais felizes. Temos andando à procura dela no sítio errado, com certeza…

O que significa realmente ser feliz? Como podemos ser verdadeiramente felizes, segundo este Deus que nos quer felizes?

Há um autor que diz que “a vontade de Deus é que o homem seja Homem”. Por isso é que Deus se fez homem - Jesus, o Homem mais humano - para nos mostrar como poderíamos

� é verdade que a vocação impli-ca deScoBrir aquilo que deuS quer de nóS, maS podemoS já aSSegurar: uma daS coiSaS que deuS maiS quer de nóS é que SejamoS verdadeira-mente felizeS.

vocação a ser feliz e a ser homem

� Já COmeçOu a PreParaçãO

Da JOrnaDa munDial Da JuventuDe e O mJs vai lá

estar! A JMJ celebra-se em Madrid de 16 a 21 de Agosto de 2011.

Queres vir connosco? Tens vontade de participar? Se tens entre 16 e 35 anos

não percas esta oportunidade. As inscrições estão abertas! Informa-te através do e-mail

[email protected] e em mjsmadrid11.blogspot.com.

acontececontemplar

> pe. david teixeira

aDventO/Quatro semanas de qualidade

� anteS do natal, oS criStãoS têm um tempo de preparação: o advento. São quatro SemanaS para deixar creScer a eSperança e reencontrar aS razõeS da alegria.

O Deus verdadeiro que Se mostrou em Jesus de Nazaré quer-nos felizes. Ele vem ao nosso encon-tro. A sua presença ajuda-nos a superar as dificul-dades. A sua companhia permite-nos ultrapassar os fracassos. Ele é como uma luz que nos aponta um caminho seguro para uma vida de alta quali-dade. Advento é o tempo de colocar o coração em sintonia com o Deus-menino. É o tempo para aprendermos de novo o que é a beleza e a ternura.A liturgia da Igreja oferece-nos um caminho seguro para a esperan-ça. Ao longo do Advento, a litur-gia escolhe um conjunto de textos que ajudam o nosso coração a converter-se à esperança e ao optimismo.

As Edições Salesianas prepararam um livri-nho precioso - “Rezar

> ediçõeS SaleSianaS

ser Homem. Por isso é que Ele nos chamou à vida para sermos homens, porque se nos quisesse anjos, ter-nos-ia criado como anjos e não como homens… Antes de ser qualquer outra coisa, somos então chamados a ser aquilo que somos: homens. E, portanto, quanto mais homens formos, mais felizes seremos, porque que estamos no bom caminho da nossa vocação.

Seria bom que pensássemos um pouco mais nisso, porque, infelizmente, hoje já ninguém se preocupa em ser homem… acham que é uma coisa normal, mas não é, porque sempre podemos escolher o homem que queremos ser: o Homem, com letra maiúscula.

O que significa, portanto, ser homem?

Ser corpo e espírito, uma unidade. Não somos um corpo que tem um espírito, antes, somos um espírito com corpo;

Ser livre de responder, actuar e produzir de acordo com a tua consciência, ainda que com algumas limitações;

Ser limitado, marcado pela ambivalência e pela contradição: pecador e vir tuoso, livre e escravo, consciente e inconsciente, condenado à morte e convidado à ressurreição…

Ser social, que convive, interage e inter-sente com os outros;

no Advento” - com uma meditação, uma imagem e uma oração para cada um destes dias, como esta que aqui deixamos, a do 8 de Dezembro.

luCas 1,26-38eis a serva do senhor, faça-se em mim segun- do a tua palavra.

No meio das nossas rotinas, da nossa normali-dade, Deus aparece. E faz-nos propostas muito pouco normais. Lança-nos desafios que nos parecem impossíveis. Põe em causa todas as roti-

nas e hábitos. Com Maria, aprendemos a aco- lher Deus no nosso dia-a-dia. Aprende-

mos a abertura total ao amor com que Deus nos ama. Aprendemos a dizer “sim”. E, tal como Maria, a nossa vida fica cheia de Cristo.

Senhor, ensina-me a dizer “sim” aos teus convites.

A não ter medo da tua palavra. A correr o risco de Te dar

a minha vida.

© Martin Walls, Stock.xchng

Ser necessitado e capaz de Deus, ainda que muitos tentam substituir, quando não calar, esta necessidade;

Ser imagem de Deus: aquele que é amado e que ama incondicionalmente o outro/Outro. E também aquele que é mistério e incompreensível tal como Deus é mistério e incompreensível.

Portanto, antes de te pré-ocupares com qualquer vocação, ocupa-te em ser homem.

© Joanna Kopik, Stock.xchng

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a minha vez

Sou o Francisco Car-doso Carneiro, te-nho 17 anos e nasci em Lamego.

Foi na catequese que aprendi a relacionar-me com Deus e comecei a ir acompanhado da minha vizinha que

era também a minha catequista.

Até chegar aos salesianos, frequentei várias escolas: o Colégio Imaculada Conceição (Lamego), o Colégio de Lamego e a Escola EB23/S ‘Dr. Leite Vasconcelos’. Depois de algu-mas experiências não muito bem sucedidas, a minha mãe, em conversa com uma pessoa amiga, foi aconselhada a inscrever-me no Colégio Salesianos de Poiares. Tinha quinze anos quando fui para lá e fiquei dois anos. Do que mais me marcou e que se distinguia das minhas experiências anteriores foi a relação próxima com os professores e os salesianos.

Por causa desta proximidade, o Pe. Aníbal Mendonça, no meu primeiro ano, convidou--me para um encontro vocacional a nível nacional. Foi aí que nasceu o bichinho da vo-cação salesiana. A partir daí, fui falando mais amiúde com o Pe. Aníbal e com o salesiano Luís Almeida sobre isto. No segundo ano, par-ticipei, de novo, noutro encontro vocacional e foi uma confirmação daquilo que vinha sentin-do.

A entrada na Casa Imaculada Conceição a-conteceu depois de várias conversas com o Pe. Aníbal, que me informou que havia uma possibilidade de reabrir esta casa que há mui-to estava sem jovens. E assim foi.

Agora estou aqui, nesta comunidade, a fazer a experiência de aspirante. Pessoalmente, estou a adorar. O dia-a-dia é vivido em família, com trabalho, oração e estudo. Além disto, tenho vivido novas experiências: já tive a oportu-nidade de me encontrar com o Reitor-Mor; estou a aprender guitarra juntamente com o João e o Nuno; estou, com o Diogo, como quase-responsável de um grupo de acólitos; voltei a frequentar a catequese para, se Deus quiser, ser crismado ainda este ano; estou a aprender a rezar segundo o método da lectio divina, estou a aprender a ‘fazer limpezas’, ou seja, no sábado, temos um tempo para deixar a nossa casa num brinco; e, claro, estou a fre-quentar o décimo ano do curso tecnológico de Produção Gráfica.

Estou a tentar viver tudo isto a cem por cento, pois nesta comunidade os salesianos são fan-tásticos, vivemos a ‘vida deles’ e ajudam-nos imenso, sobretudo na perspectiva de darmos uma resposta à nossa vocação. E, claro, tudo isto, sempre acompanhado pelo Senhor Jesus.

> franciSco carneiro

“O dia-a-dia é vivido em família”

Bem cedinho, o toque do telemóvel teima em pôr fim a um bom e merecido descanso… é hora de erguer-me e agra-decer a Deus este “despertar” para um dia de história a realizar!

O primeiro momento do dia na comu-nidade de quinze irmãs salesianas do Bairro do Rosário é a oração de Laudes e a meditação, escutando e acolhendo o dom da Palavra de Deus para esse dia e entregando ao Senhor as as-pirações mais profundas que a Sua voz sugere. E a Eucaristia é a chave de ouro deste tempo matutino de especial encontro com o Senhor. Bem nutridas da Sua Presença, é tempo de viver na presença das irmãs e dos irmãos com quem a minha história se realiza.

O pequeno-almoço é um momento rápido, pois dali a nada as vozes dos alunos, professores, auxiliares e colabo-radores enchem a casa, o que merece uma presença nossa atenta e acolhe-dora.

É difícil que haja um dia semelhante ao outro no Externato Nossa Senhora do Rosário. Com uma formação de base em economia deixei há pouco as práti-cas lectivas da matemática e estou profissionalmente dedicada à educação moral e religiosa católica.

Como coordenadora da pastoral e pro-fessora, a melhor expressão para des-crever a missão do dia-a-dia talvez seja estar e caminhar com. De facto, não são as aulas que se dão, ou o tempo que se investe a preparar e avaliar, que qualifi-cam o perfil de uma salesiana, mas a atenção aos grupos de pessoas com quem se educa, tendo no coração uma grande paixão pelos jovens e a confian-ça nos recursos que têm para crescer e serem o melhor que podem ser, no pre-sente e no futuro. O pátio é também um excelente momento que aproveito para dialogar e aprender com os alunos sobre os mais variados assuntos, para jogar e rir com eles, para ser um ombro amigo diante de um olhar preocupado, vazio ou triste de quem precisa de sentir que alguém se interessa pela sua vida.

Ninguém passa indiferente na nossa vida e muito menos as crianças e jovens

que se cruzam connosco! Por isso é que na oração do final da tarde levo e confio a Deus as situações que “pesam” sobre tantas pessoas que conheço e de quem gosto muito. Há que confiar… Deus é imensamente maior do que aquilo que conseguimos humanamente ver e cuida dos seus filhos.

Quando é dia de prática de estágio in-tegrado numa escola pública tudo corre ainda a maior velocidade, pois obriga a fazer o trajecto entre Cascais e a Parede num brevíssimo espaço de tempo, para leccionar a uma turma giríssima do 7º ano: são miúdos curiosos, atentos e que desafiam imenso o professor de EMRC nos dias de hoje. Continuo, entretanto, a formação académica em Lisboa, com as aulas do Mestrado. Um ano especial, que requer muito empenho, método e vontade em ir revendo e aplicando o que se pensa saber bem, mas que afinal é sempre possível ir fazendo melhor.

À noite, após a amena conversa em co-munidade ao jantar, procuramos reunir--nos e estar um momento a conversar na sala de convívio enquanto aguarda-mos a Boa-noite dada pela Irmã Maria das Dores, Directora da Comunidade.

Antes de adormecer, faço um flash-back do dia que passou e dirijo-me no íntimo a Nossa Senhora: nesta situação eu não fui capaz! Vá, ajuda-me ou lembra--me amanhã como posso melhorar e ser mais de Deus para os outros!

> ir. alzira SouSa

uma irmã presente nas salas de aula e nos pátios

indiscreto

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Muitas vezes na vida, as situações difíceis são de tal ordem que não sabemos ou não queremos afrontá-las porque nos “incomodam”.

Há tantas histórias para contar, mas muitas vezes tenho medo de esquecer alguns pormenores e, sobretudo, o que sinto mais intensamente é o pudor e respeito por quem viveu ou ainda vive certas situações.

Encho-me de coragem e começo assim:

… também hoje veio ao Centro, contente por estar connosco. Brincou, comeu uma maçã e um pão e agora dorme profundamente no banco … estranhamente hoje não vagueia pela rua e nem vai trabalhar porque, tal como tantos outros seus coetâneos, também ele quer celebrar a festa de Dom Bosco. De facto, hoje o Centro está em festa e também o P. festeja e quer ajudar-me em tudo. Além disso, hoje não deve preocupar-se em ir ao porto ganhar a jornada, porque o Pe. Roberto prometeu jogos e pão, como acontece para os miúdos da sua idade que frequentam a escola. P. é um rapaz de 13 anos, um dos tantos que o Pe. Roberto encontra durante a noite nas ruas de Luanda; procura-os, encontra-se com eles e ensina-os a viverem como pessoas e como cristãos.

P. já fez metade desse percurso. Vive a meias entre a rua e uma casa de acolhimento, e os próximos passos serão uma “casa família” e

finalmente, ao menos é isso que se espera, a escola e uma profissão.

Durante este período reconstrói--se a rede de amizades e de família de P. com muitas dificuldades, pois custa-lhe a falar da própria história, composta de tantos abusos e violências. Os voluntários

passam dificuldades para conseguir reconstruir um tecido

“roto” e, muitas vezes, só com a fé conseguem manter esse

esforço. Sim, é verdade, porque se num dia se consegue um passo para a frente, frequentemente no dia seguinte dão-se dois para trás. É mesmo a imagem do bom pastor à procura da ovelha tresmalhada que os impele a encontrar soluções mesmo que aquela ovelha perdida os arranhe ou se revolte.

Assim acabava de acontecer com P. que, no dia anterior, tinha aparecido tarde em casa e um pouco “exaltado” por ter estado a respirar gasolina… e agora ei-lo a dormir como um anjo…

Enquanto olhas para ele pensas no seu futuro e perguntas-te: vale a pena? Sim, claro que vale, vale tanto para alguém que, como dizia Dom Bosco, esteja disposto a arrastar a língua desde Valdocco até ao cimo do monte sobranceiro à cidade, chamado Superga!

Não à lamentação e sim à vida, também para o P., porque o Senhor ama-o pelo que ele é, e porque continua hoje a ser um dos tantos meninos da rua de Luanda.

© Alicia Solario, Stock.xchng

DOs hOmens e DOs Deuses de xavier Beauvois

Este filme, vencedor do festival de Cannes, conta-nos a história dos monges de Tiberin na Argélia. Uma comunidade cisterciense de 9 monges ameaçada pelo ter-rorismo e o fanatismo de alguns muçulmanos. A pergunta que se

repete ao longo de todo o filme è: partir ou ficar? No fim a resposta…”O Bom Pastor não abandona as suas ovelhas quando vem o ladrão.” Exemplo de doação e serviço desinteressado aos irmãos seja de que religião forem.

PrePara O BerçO: é natal de angelo Comastri

Neste livro Mons. Comastri, com a sua sabedoria e profundidade convida-nos a ir além da balbúrdia e da confusão que hoje acompanham inevitavelmente o Natal, e a contemplar o centro deste mistério, criando

um espaço de silêncio no qual se possa deixar falar Deus, que desceu ao meio de nós. Para que no tempo de advento que se aproxima não esqueçamos o que realmente interessa.

vem aí� 25 De nOvemBrO

neste Dia festeJa-se mãe margariDa, a mãe De D. BOsCO e DO OratóriO

� 8 De DezemBrO Dia santO - sOleniDaDe Da imaCulaDa COnCeiçãO

� 18 e 19 De DezemBrO retirO vOCaCiOnal fma “vem e sê a minha luz!” - Casa PrOvinCial, mOnte estOril

animais ferozes> pe. mauro coStantini

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PrOPrieDaDe Da PrOvínCia POrtuguesa Da sOCieDaDe salesianaRua Saraiva de Carvalho, 275 1399-020 Lisboat: 21 090 06 00 f: 21 090 06 39 w. www.salesianos.pt

Casa salesiana imaculada Conceiçãot: 22 589 80 45 f: 22 589 80 46

Fotografia da capa: © RTVE

cartoon> prof. nuno quareSma