4
EQUIPA PROVINCIAL DE PASTORAL VOCACIONAL PROVÍNCIA PORTUGUESA DA SOCIEDADE SALESIANA N.º 10 JUNHO 2011 bússola da mihi animas “Na festa de Todos-os-Santos (1850), um familiar meu, enquanto jogava ao pião jun- to ao muro do manicómio da Via Giuglio, disse-me: – Queres ir ver Dom Bosco? – Para quê? – Hoje dão castanhas. – Mas, quem é Dom Bosco? – É um padre que junta muitos rapazes nas festas e ali se divertem. Hoje dão casta- nhas, anda daí. O PADRE BAPTISTA FRANCESIA, UM DOS 18 JOVENS QUE EM DEZEMBRO DE 1859 SE REUNIRAM COM DOM BOSCO PARA CONSTITUIR A SOCIEDADE SALE- SIANA, NARRA ASSIM O SEU PRIMEIRO ENCONTRO COM DOM BOSCO: «Voltar à fonte» Eu fui e vi pela primeira vez o que era um Oratório festivo (…). Quanto me diverti! Mas, no melhor da festa, tocou a campainha. Vi correr, como por encanto, todos os que es- tavam à minha volta. Julgando que eu tam- bém devia correr, corri por onde me pare- ceu e fui cair, por sorte minha, junto a Dom Bosco, que avançava para conter aquela onda de rapazes que parecia correr sem saber para onde. Ele disse-me logo: – Queres ouvir duas palavras ao ouvido? – Ah, claro! – Mas sabes o que significam? – Sim, sim, que vá confessar-me. – Bravo! Adivinhaste. Como te chamas? – João Baptista. Tomou-me pela mão e levou-me à Cape- la Pinardi”. Dom Bosco faz-se próximo, muito afec- tuoso, carinhoso. Sempre presente entre os seus rapazes, para todos tem a palavra ao ouvido adequada no momento preciso. Muitos rapazes terão de “vir e ver”, como o jovem Francesa. A nós compete dar-lhes rosto, palavras e gestos de bondade à Dom Bosco hoje. > PE. JOSÉ MIGUEL NÚÑEZ, CONSELHEIRO REGIONAL DO REITOR-MOR PARA A EUROPA OESTE em dia > JOAQUIM ANTUNES, SDB Mauro não era um miúdo mau, pese em- bora as três primeiras letras do seu nome indiciarem que dali não viria coisa boa. O pai trabalhava onde podia, mais nos bis- cates que na sua profissão de pedreiro. A mãe, reumática, dava-lhe os mimos que podia. Mauro terminou o sexto ano a custo. Já tinha corpo para ir trabalhar. Deixou a escola e foi para uma oficina de mecânica. O ofício deixava-lhe entranhado na pele, nas unhas e nos cabelos, o cheiro dos des- perdícios. Mauro pertencia ao grupo do bairro. Não era bem um deles, mas a fúria da claque obriga à obediência cega. Nesse dia havia jogo e o líder pediu-lhe que integrasse o grupo que atacaria a claque rival. Chegado o momento do confronto, pôs o cachecol do clube a tapar-lhe meia cara. Mauro não queria magoar ninguém. O líder deu-lhe ordens. Mauro olhou para uma rapariga que passava por ali, com uma camisola do adversário, e quis salvá-la. Estava disposto a servir de escudo. Começou a correr e ela recebeu-o com um soco violento no nariz. Não era uma miúda. Era um vândalo gue- delhudo que o massacrou de pontapés e lhe partiu várias costelas. Mauro passou semanas no hospital. Em Turim, muitos jovens se constituíram em bandos para se digladiarem até ao sangue. Tiveram Dom Bosco que os desafiou a serem diferentes. E alguns deles, imagine- -se, seguiram-no e tornaram-se membros ardorosos da Congregação por ele fun- dada. Há muitos Mauros, hoje como ontem, capazes de servirem de escudo aos com- panheiros. Do que precisam é de alguém que os incentive e lhes mostre o caminho. Queres ser um desses? Como Dom Bosco? MAURO, O BOM DA FITA

Bússola n.º 10

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Jornal da Equipa de Pastoral Vocacional da Província Portuguesa da Sociedade Salesiana. Número 10. Junho 2010

Citation preview

Page 1: Bússola n.º 10

EQUIPA PROVINCIAL DE PASTORAL VOCACIONAL

PROVÍNCIA PORTUGUESA DA SOCIEDADE SALESIANA

N.º 10JUNHO 2011

bússola

da mihi animas

“Na festa de Todos-os-Santos (1850), um familiar meu, enquanto jogava ao pião jun-to ao muro do manicómio da Via Giuglio, disse-me:– Queres ir ver Dom Bosco?– Para quê?– Hoje dão castanhas.– Mas, quem é Dom Bosco?– É um padre que junta muitos rapazes nas festas e ali se divertem. Hoje dão casta-nhas, anda daí.

� O PADRE BAPTISTA FRANCESIA, UM DOS 18 JOVENS QUE EM DEZEMBRO DE 1859 SE REUNIRAM COM DOM BOSCO PARA CONSTITUIR A SOCIEDADE SALE-SIANA, NARRA ASSIM O SEU PRIMEIRO ENCONTRO COM DOM BOSCO:

«Voltar à fonte»Eu fui e vi pela primeira vez o que era um Oratório festivo (…). Quanto me diverti! Mas, no melhor da festa, tocou a campainha. Vi correr, como por encanto, todos os que es-tavam à minha volta. Julgando que eu tam-bém devia correr, corri por onde me pare-ceu e fui cair, por sorte minha, junto a Dom Bosco, que avançava para conter aquela onda de rapazes que parecia correr sem saber para onde. Ele disse-me logo:– Queres ouvir duas palavras ao ouvido?– Ah, claro!– Mas sabes o que significam?– Sim, sim, que vá confessar-me.– Bravo! Adivinhaste. Como te chamas?– João Baptista.Tomou-me pela mão e levou-me à Cape-la Pinardi”.

Dom Bosco faz-se próximo, muito afec-tuoso, carinhoso. Sempre presente entre os seus rapazes, para todos tem a palavra ao ouvido adequada no momento preciso. Muitos rapazes terão de “vir e ver”, como o jovem Francesa. A nós compete dar-lhes rosto, palavras e gestos de bondade à Dom Bosco hoje.

> PE. JOSÉ MIGUEL NÚÑEZ, CONSELHEIRO REGIONAL DO REITOR-MOR PARA A EUROPA OESTE

� em dia> JOAQUIM ANTUNES, SDB

Mauro não era um miúdo mau, pese em-bora as três primeiras letras do seu nome indiciarem que dali não viria coisa boa. O pai trabalhava onde podia, mais nos bis-cates que na sua profissão de pedreiro. A mãe, reumática, dava-lhe os mimos que podia. Mauro terminou o sexto ano a custo. Já tinha corpo para ir trabalhar. Deixou a escola e foi para uma oficina de mecânica.

O ofício deixava-lhe entranhado na pele, nas unhas e nos cabelos, o cheiro dos des-perdícios.

Mauro pertencia ao grupo do bairro. Não era bem um deles, mas a fúria da claque obriga à obediência cega. Nesse dia havia jogo e o líder pediu-lhe que integrasse o grupo que atacaria a claque rival. Chegado o momento do confronto, pôs o cachecol do clube a tapar-lhe meia cara. Mauro não queria magoar ninguém. O líder deu-lhe ordens. Mauro olhou para uma rapariga que passava por ali, com uma camisola do adversário, e quis salvá-la. Estava disposto a servir de escudo. Começou a correr e ela recebeu-o com um soco violento no nariz. Não era uma miúda. Era um vândalo gue-delhudo que o massacrou de pontapés e lhe partiu várias costelas. Mauro passou semanas no hospital.

Em Turim, muitos jovens se constituíram em bandos para se digladiarem até ao sangue. Tiveram Dom Bosco que os desafiou a serem diferentes. E alguns deles, imagine--se, seguiram-no e tornaram-se membros ardorosos da Congregação por ele fun-dada. Há muitos Mauros, hoje como ontem, capazes de servirem de escudo aos com-panheiros. Do que precisam é de alguém que os incentive e lhes mostre o caminho.

Queres ser um desses? Como Dom Bosco?

MAURO, O BOM DA FITA

Page 2: Bússola n.º 10

página 2n.º 10 Junho 2011

contemplar

Os dons do Espírito Santo

� A IGREJA AO FALAR DO ESPÍRITO SAN-TO SEMPRE USOU ALGUNS SÍMBOLOS PARA FACILITAR A SUA COMPREENSÃO. UM DOS SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO É O FOGO, ENQUANTO A ÁGUA SIGNIFICA O

> IR. MARIA JOÃO GARCIA, FMA NASCIMENTO E A FECUNDIDADE DA VIDA DADA NO ESPÍRITO SANTO, O FOGO SIM-BOLIZA A ENERGIA TRANSFORMADORA. HÁ OUTROS IGUALMENTE CONHECIDOS COMO A POMBA, A BRISA...

Para nos ajudar a rezar durante este tempo em que esperamos para celebrar o Pentecostes, vamos ler e meditar a passagem João 20,19-23.

Depois de rezares a Palavra, liberta-te das tuas ocupações e preocupações, cria em ti espaço para Deus para que Ele te possa preencher com os seus dons. Os dons do Espírito Santo.

Ê Espírito Santo concede-nos o Dom do Entendimento, para que compreendamos o que Deus nos fala, e vivamos conforme a sua vontade.

Ê Espírito Santo concede-nos o Dom da Fortaleza, para que tenhamos força e coragem suficientes para darmos testemunhos autênticos de Jesus Cristo.

Ê Espírito Santo concede-nos o Dom da Sabedoria, para reconhecermos o Pai nos acontecimentos e nos caminhos de cada dia, convencendo-nos de que Deus é aquele que está presente na nossa vida.

o guia.. .

É urgente, portanto, que, evitando cair no outro extremo e procurando sempre o equilíbrio, invistamos também no que somos de espiritual, pelo silêncio, pela interioridade, pela contemplação. A boa notícia é que este investimento já começa a ser uma evidência nos dias de hoje. No acompanhamento dos jovens, é evidente que este cuidado para com a dimensão espiritual, através do silêncio, da interioridade e da contemplação, não pode de maneira nenhuma ser negligenciado.

Ê Pelo silêncio

Numa sociedade onde tudo é informação, somos “obrigados” a procurar lugares de silêncio, de calma, de paz e de escuta, adequados para conectarmos com a informação que ocorre no nosso interior, porque também ele tem uma voz à qual nem sempre prestamos a devida atenção.

� TODOS SABEMOS QUE SOMOS COR-PO E ESPÍRITO. NO ENTANTO, NA NOSSA SOCIEDADE PERITA EM DIVISÕES, TEMOS TENDÊNCIA PARA DIVIDIR O QUE SO-MOS. É POR ISSO QUE ALGUNS PARECEM VALORIZAR MAIS UMA DIMENSÃO QUE OUTRA E, INFELIZMENTE, NA NOSSA SO-CIEDADE TAMBÉM MATERIALISTA, O COR-PO PARECE GANHAR VANTAGEM CONSI-DERÁVEL.

Atenção ao nosso espírito > PE. DAVID TEIXEIRA, SDB

É por isso que esta procura não deve ser sinónimo de fuga ou refúgio, mas, pelo contrário, sinónimo de encontro, mais íntimo, sem interferências, com Deus, connosco mesmos e com os outros. É compreensível, portanto, que estes lugares de silêncio assustem, porque receamos o que descobriremos nesses encontros…

Ê Pela interioridade

A interioridade é o nosso mundo interior, habitado por instintos e desejos, e por ressonâncias do mundo exterior. É aí que somos mais nós mesmos, sem máscaras. É aí onde nos ocupamos de nós mesmos e do nosso coração. É aí que nos encontramos também com o nosso ser espiritual, onde,

para além dos nossos outros pequenos desejos, nos deparamos com o único desejo capaz de nos saciar e que se torna sempre insaciável: Deus, mais interior que o meu íntimo, segundo palavras de Santo Agostinho. É neste mundo interior habitado por Deus que Ele nos dá liberdade, vitalidade, entusiasmo e mais desejo de O conhecermos experiencialmente.

Ê Pela contemplação

Numa sociedade que vive, ou sobrevive, tão acelerada e dispersa, é imprescindível a contemplação, que é a capacidade de nos relacionarmos com o exterior a partir do nosso íntimo, e de captar, portanto, o que está além das aparências, dos conhecimentos e dos factos. Ela apreende o outro lado das coisas, a sua profundidade, o seu significado, o seu valor, a sua espiritualidade, porque as coisas não são apenas coisas. É pela contemplação que ganhamos consciência do todo e de que nós somos parte e parcela deste todo. É por ela também que nos apercebemos dos mistérios e milagres de Deus que escapam à vista desarmada. É por ela que aprendemos a viver como se fossemos contemplados… por Deus.

Ê Espírito Santo concede-nos o Dom da Ciência, para que saibamos julgar os acontecimentos com o olhar misericordioso de Deus.

Ê Espírito Santo concede-nos o Dom do Conselho, para que possamos perceber nas situações da vida a voz de Deus. E assim encontrarmos no momento oportuno a decisão certa, a palavra na hora certa.

Ê Espírito Santo concede-nos o Dom da Piedade, para que saibamos ir ao encontro de Deus com o sentimento de filhos.

Ê Espírito Santo concede-nos o Dom do Temor de Deus, para que cientes de nossas fraquezas, cheguem a uma fé segura e firme e a um amor visível na dedicação e no serviço da Igreja e da humanidade.

Escolhe o Dom que mais precisas neste momento e pede a Jesus que te ajude a acreditar que consegues amar como Ele te ama. Lembra-te que foste escolhido por Ele para ser enviado aos outros. Lembra-te que és muito querido(a) por Deus. Se quiseres termina a tua oração louvando a Santíssima Trindade: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio agora e sempre. Ámen.

© JackWM05, Stock.xchng

© Matic Zupancic, Stock.xchng

Page 3: Bússola n.º 10

página 3n.º 10 Junho 2011

a minha vez

Há pouco tempo li uma frase de Thomas Merton que dizia: “A vo-cação é feita dos sinais da pas-sagem de Deus pela vida do homem”. Gostei

desta frase porque me fez rever o caminho vocacional percorrido até aqui como um sinal da presença de Deus.

A minha vocação não está marcada por sinais grandiosos, por chamamentos especiais ou aparições milagrosas mas pela simplicidade do dia-a-dia. Quando tinha 10 anos entrei no Colégio dos Órfãos do Porto e ali conheci os salesianos. A escola teve influência na minha vocação mas comecei a interrogar-me seriamente sobre a vocação quando comecei a frequentar o Centro Juvenil. Foi ali que conheci pessoas que marcaram fortemente o início da minha vocação. Depois vieram os encontros vocacionais, as conversas com vários salesianos, e aqui tenho de nomear o Pe. Paulo Pinto e o Pe. João Chaves pelo encorajamento e a paciência! O caminho depois prosseguiu normalmente, na simplicidade do quotidiano: Pré-noviciado, Noviciado, Filosofia, Tirocínio e agora a Teologia. Etapas das quais poderia escrever páginas e páginas distinguindo as tais passagens de Deus na minha vida. Concluo dizendo que se a vocação é um caminho, é impossível percorrê-lo sozinho. Se o companheiro essencial de viagem é Deus é preciso perceber que as pessoas que Ele nos põe no caminho são essenciais. Sinto que na minha história vocacional não teria conseguido seguir em frente se não tivesse sempre confiado nos salesianos que me acompanharam!

Preparo-me para dizer o meu “Sim” para sempre ao projecto de Deus para mim na Profissão Perpétua. Peço-vos uma oração para que o Senhor da vida e da vocação me mantenha fiel a Ele sempre!

Coragem… façam-se à estrada! Confiem em quem Deus vos dá como guias e não tenham medo do caminho. Como diz o Poeta: “...Não há caminho, o caminho faz--se caminhando!”

> LUÍS ALMEIDA, SDB

“A vocação é um caminho, é impossível percorrê-lo sozinho” Pertenço àquela pequena minoria, segundo

alguns, que faz aquilo de que gosta, com realização profissional e vocacional. Chamo-me João Chaves, sou Salesiano Sacerdote e trabalho como Coordenador de Pastoral na Escola Salesiana de Manique. Um coordenador de Pastoral é aquele que se preocupa por tudo aquilo que aproxima as pessoas de Deus e Deus das pessoas, isto é, com tudo. Claro que, ao não podermos chegar a tudo, concentramo-nos em situações que evidenciam melhor este binómio de Deus e das pessoas como acontece na catequese, nas celebrações das festas, nos bons-dias, na Formação Cívica, nos retiros, nos sacramentos, nas aulas de EMRC, na presença no pátio…

O dia começa com a oração, não poderia ser de outra forma uma vez que é n’Ele que “vivemos, nos movemos e existimos” como diz S. Paulo nos Actos do Apóstolos.

O primeiro grande momento de presença obrigatória é o momento do “Bom-Dia” (5 minutos no início da manhã com os alunos da escola, com um pequeno pensamento, uma breve reflexão e uma oração). Na Escola Salesiana de Manique há sempre um “Bom-Dia” colectivo por anos, para cada dia da semana.

O resto do dia é passado entre aulas de EMRC e Formação Cívica, reuniões da direcção da escola ou de outros grupos de trabalho, preparação de materiais, organização de encontros e iniciativas. Os intervalos são para estar no pátio com os alunos, ao bom estilo salesiano: um toque na bola aqui, um cumprimento além, uma palavra a este, uma recomendação àquele outro.

No fim do dia recolho-me de novo na comunidade: É o tempo para nos sentirmos

comunidade e fazermos comunhão. Momento importante é a Eucaristia, muitas vezes celebrada na comunidade das irmãs Doroteias do Linhó. Depois do jantar um momento de distensão com um pequeno passeio com outros Salesianos nos espaços da Escola ou outros espaços ao ar livre. A noite, que já por si é pequena, tem ainda algumas horas de trabalho à frente do computador ou na secretária, procurando deixar tudo pronto para o dia seguinte. A passagem pela capela para um encontro pessoal com o Senhor, a vista de olhos ao jornal diário e algumas páginas de um romance ditam os últimos momentos do meu dia, que muitas vezes já termina no dia seguinte.

Quem procurava encontrar coisas extraordinárias no meu dia-a-dia, estará decepcionado. Porém, é nas coisas normais de todos os dias que procuro viver e ser expressão visível do extraordinário: ser portador do amor de Deus, especialmente aos mais jovens.

> PE. JOÃO CHAVES, SBD

Um coordenador de Pastoral

indiscreto

Page 4: Bússola n.º 10

página 4n.º 10 Junho 2011

Vamos de Maputo a Tete. Deixamos uma ci-dade quase sufocada com tráfego rodoviário, para chegar a uma zona mais a Norte, de ambiente rural. Dista quase dois mil quilóme-tros de Maputo. Atravessamos a grande ponte sobre o rio Zambeze. Passamos por Matundo e Moatize, com escolas salesianas. E entra-mos em aldeias carenciadas. Aí está a ser aplicado um programa que pode alegrar o coração missionário.

Crianças a sorrir mas de estômago vazio. Voltemos alguns anos atrás. As crianças des-calças tinham sorriso no rosto, porque julga-vam o mundo como elas o viviam.

E os pais? Trabalhadores de fracos recursos, a olhar para o céu ou para a terra sem produzir.

O raiar de nova vida. O mapa desta situação mudou. Como? Vamos usar o nome por ex-tenso: Programa Integrado de combate à pobreza através do desenvolvimento rural de capacitação humana. Uma iniciativa de pro-moção, para mudar o cenário, dando espe-ranças e transformando a vida para melhor.

Está em curso a 2.ª fase, 2010-2012. Mais de mil famílias beneficiaram dos seguintes bens: Introdução do Centro de Hortícolas; repo-

voamento de gado bovino e caprino para re-produção, consumo e tracção animal.

O projecto estendeu-se a várias comunidades. Nomeamos algumas: Inhangona; Mussaca-ma…; Mameme II. Aqui está a ser criado um centro agrícola, para formação de agricultores. Forma as pessoas no conhecimento de novas técnicas de agricultura e pecuária.

Os salesianos de Moatize e Sede da Visita-doria salesiana acompanham este Programa. Sentem a alegria do povo, já não do terceiro mundo, mas de povo em desenvolvimento!

As melhorias são visíveis. As famílias melho-raram as casas; as palhotas deram lugar a casas de alvenaria; beneficiam de um centro de informática na sede da paróquia; os filhos têm acesso à escola; jovens frequentam a Escola Secundária em Moatize e em Tete; as famílias têm dinheiro para comprar vestuário; adquirem facilmente produtos de primeira ne-cessidade; levam os filhos ao posto de saúde; têm alimentação ao longo de todo o ano; com a venda de produtos hortícolas avançam com acções de impacto; aumentou o número de criadores de gado e de produtores hortícolas.

Este projecto tem sido acompanhado pelas autoridades locais e do governo. Em Feve-reiro de 2011, este projecto recebeu a visita do representante da JEW, da Áustria, Sr. Hannes Velik, que testemunhou a mudança na zona, onde a falta de horizontes se transformou em esperança e vida.

Com os nossos benfeitores ajudamos popu-lações a saírem da pobreza.

vem aí� 10 DE JUNHO

DIA DE PORTUGAL / FESTA DA COMUNIDADE PROVINCIAL SALESIANA (MANIQUE)

� 13 DE JUNHO FESTA DE SANTO ANTÓNIO

� 23 DE JUNHO SOLENIDADE DO CORPO DE DEUS

� 24 DE JUNHO FESTA DE SÃO JOÃO BAPTISTA

animais ferozes> PE. ANTÓNIO GONÇALVES, SDB

LIBERTAR ZONAS DA SITUAÇÃO DE POBREZA

Esperança e vida

Gostavas de conhecer melhor a vocação

salesiana?Queres receber este jornal no teu e-mail?

Bússola Jornal da Equipa de Pastoral Vocacional

Pe. Álvaro Lago [email protected]. Alzira Sousa [email protected]. David Teixeira [email protected]. João Chaves [email protected]. José Aníbal Mendonça [email protected]. Juan Freitas [email protected]. Maria João Garcia [email protected]

PROPRIEDADE DA PROVÍNCIA PORTUGUESA DA SOCIEDADE SALESIANARua Saraiva de Carvalho, 275 1399-020 Lisboat: 21 090 06 00 f: 21 090 06 39 w. www.salesianos.pt

Casa Salesiana Imaculada Conceiçãot: 22 589 80 45 f: 22 589 80 46

Fotografia da capa: © Brierley, Stock.xchng

cartoon> DIANA ARROBAS

“Profissão Perpétua Luís Almeida, Mogofores, 17 de Julho, 16h”

PORQUE NÃO PADRE? www.whynotpriest.org

Um site onde jovens seminaristas dão respostas

sobre a sua vocação. O site surge para responder à frase do Bem-Aventurado João Paulo II: “Hoje é um tempo maravilhoso para ser sacerdote!”. Quer ajudar os jovens a dar resposta às próprias inquietudes. É interessante... passa por lá!

SÃO JOÃO PAULO II Alain Vircondelet

Apesar do autor chamar Santo ao Bem-Aventurado João Paulo II, o livro é uma biografia bem feita e deta- lhada da vida deste

grande homem que continua a fascinar todas as gerações.

sugestões> LUÍS ALMEIDA, SDB