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PROVÍNCIA PORTUGUESA DA SOCIEDADE SALESIANA EQUIPA PROVINCIAL DE ANIMAÇÃO VOCACIONAL N.º 15 MARÇO 2013 bússola os protagonistas – Que queres de nós?, pergunta um jovem com ar de chefe. Mete-te na tua vida e dei- xa-nos em paz. – Enquanto espero o comboio gostava mui- to de jogar convosco, responde Dom Bosco com invencível bondade. – Um padre jogar connosco?, responde o jovem surpreendido. – Porque não?, replica o Apóstolo. OUTONO DE 1857. DOM BOSCO ESPERA PELO COMBOIO EM CARMAG- NOLA, 30 KM DE TURIM. ESCUTA VOZES DE RAPAZES QUE GRITAM E CORREM. DESTEMIDO VAI AO ENCONTRO DELES. ELES APROXIMAM-SE DESCONFIADOS… Um vadio encontra abrigo > PE. ABÍLIO NUNES, SDB > PE. ARTUR PEREIRA, SDB Conta-se que um dia um sábio que cos- tumava entrar numa floresta densa en- controu um homem que por ali se aven- turava pela primeira vez, bem equipado com todos os instrumentos de orientação, entre os quais uma bússola sofisticada. O sábio, curioso, pediu para examinar o precioso objeto. E, tão bem o fez que, sem se saber por que motivo, quando o devolveu ao dono já não funcionava. O pobre homem dizia mal da sua vida e amaldiçoava a hora em que passou para a mão do sábio a sua preciosa bússola. O sábio enquanto se desculpava como podia, convidou o homem a acompanhá- -lo floresta adentro. Ele, apesar de tudo, acedeu… Depois de algum tempo os dois companheiros de viagem encontraram- -se diante de um alto monte. Subiram. Dali tudo se via nitidamente: estradas, caminhos, carreiros, vilas e cidades… E, ó maravilha das maravilhas, o homem des- cobriu lá longe no horizonte o seu destino, aquele ao qual a sua bússola o deveria conduzir. Vale a pena subir ao monte. Vale a pena identificar bem o caminho que se pre- tende seguir. É que, saber com quem se caminha, pode ser a garantia de que se está no caminho certo. Em tempo de Quaresma vale a pena subir ao mon- te para dele descer com a vontade de, como Cristo, dar a vida, sobretudo pelos jovens mais pobres, como Dom Bosco. UM SÁBIO POR COMPANHEIRO em dia – Quem és?, pergunta Dom Bosco. – Sou Miguel Magone, o chefe do grupo - responde com insolência. Num curto mas fecundo diálogo Dom Bos- co apercebe-se da situação em que Miguel vivia: 13 anos, órfão de pai, pouco assistido pela mãe, meio vagabundo… – Gostarias de estudar?, pergunta D. Bosco depois de o ter escutado com muita sim- patia… O jovem vencido pela bondade daquele estranho padre responde com tristeza: – Sim, mas como? Dom Bosco entrega-lhe uma medalha di- zendo-lhe: Hoje à noite reza uma oração ao Pai do Céu. Confia n’Ele!... Entretanto o comboio aproxima-se e Dom Bosco acrescenta: Diz a teu pároco que entre em contacto comigo em Valdocco… Adeus… Miguel foi para Turim graças a este maravilhoso encontro. Ali encontrou uma casa, uma família, um pai e uma nova oportunidade para a vida. Com Dom Bosco, deixou a rua e começou a estudar… (Continua)

Bússola n.º 15

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Jornal da Equipa de Pastoral Vocacional da Província Portuguesa da Sociedade Salesiana. Número 15. Março 2013

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Page 1: Bússola n.º 15

PROVÍNCIA PORTUGUESA DA SOCIEDADE SALESIANA

EQUIPA PROVINCIAL DE ANImAçãO VOCACIONAL

N.º 15mARçO 2013

bússola

os protagonistas

– Que queres de nós?, pergunta um jovem com ar de chefe. mete-te na tua vida e dei-xa-nos em paz. – Enquanto espero o comboio gostava mui-to de jogar convosco, responde Dom Bosco com invencível bondade.– Um padre jogar connosco?, responde o jovem surpreendido.– Porque não?, replica o Apóstolo.

� OutOnO de 1857. dOm BOscO espera pelO cOmBOiO em carmag-nOla, 30 km de turim. escuta vOzes de rapazes que gritam e cOrrem. destemidO vai aO encOntrO deles. eles aprOximam-se descOnfiadOs…

Um vadio encontra abrigo> pe. aBíliO nunes, sdB

> pe. artur pereira, sdB

Conta-se que um dia um sábio que cos-tumava entrar numa floresta densa en-controu um homem que por ali se aven-turava pela primeira vez, bem equipado com todos os instrumentos de orientação, entre os quais uma bússola sofisticada.

O sábio, curioso, pediu para examinar o precioso objeto. E, tão bem o fez que, sem se saber por que motivo, quando o devolveu ao dono já não funcionava. O pobre homem dizia mal da sua vida e amaldiçoava a hora em que passou para a mão do sábio a sua preciosa bússola.

O sábio enquanto se desculpava como podia, convidou o homem a acompanhá--lo floresta adentro. Ele, apesar de tudo, acedeu… Depois de algum tempo os dois companheiros de viagem encontraram--se diante de um alto monte. Subiram. Dali tudo se via nitidamente: estradas, caminhos, carreiros, vilas e cidades… E, ó maravilha das maravilhas, o homem des-cobriu lá longe no horizonte o seu destino, aquele ao qual a sua bússola o deveria conduzir.

Vale a pena subir ao monte. Vale a pena identificar bem o caminho que se pre-tende seguir. É que, saber com quem se caminha, pode ser a garantia de que se está no caminho certo. Em tempo de Quaresma vale a pena subir ao mon-te para dele descer com a vontade de, como Cristo, dar a vida, sobretudo pelos jovens mais pobres, como Dom Bosco.

Um sábio por companheiro

em dia

– Quem és?, pergunta Dom Bosco.– Sou miguel magone, o chefe do grupo - responde com insolência.Num curto mas fecundo diálogo Dom Bos-co apercebe-se da situação em que miguel vivia: 13 anos, órfão de pai, pouco assistido pela mãe, meio vagabundo… – Gostarias de estudar?, pergunta D. Bosco depois de o ter escutado com muita sim-patia…O jovem vencido pela bondade daquele estranho padre responde com tristeza: – Sim, mas como? Dom Bosco entrega-lhe uma medalha di-zendo-lhe: Hoje à noite reza uma oração ao Pai do Céu. Confia n’Ele!...Entretanto o comboio aproxima-se e Dom Bosco acrescenta: Diz a teu pároco que entre em contacto comigo em Valdocco… Adeus…

miguel foi para Turim graças a este maravilhoso encontro. ali encontrou uma casa, uma família, um pai e uma nova oportunidade para a vida. com Dom bosco, deixou a rua e começou a estudar… (Continua)

Page 2: Bússola n.º 15

página 2n.º 15 março 2013

boa leitura

� encOntrO cOm dOm BOscOVinte e oito alunos das Escolas de

Lisboa, Estoril e manique participaram no dia 1 de fevereiro no 7.º Encontro

com D. Bosco, nos Salesianos de Lisboa. Vimos um pequeno vídeo

sobre a mensagem do Reitor-mor dos Salesianos e foi-nos apresentado um livro, escrito pelo próprio Dom Bosco, sobre as vidas de miguel magone,

Francisco Besucco e Domingos Sávio, três protagonistas que resolveram

ser felizes. Na capela da Comunida-de, rezámos e ouvimos as palavras de ‘Boa Noite’ do Pe. Artur Pereira, Provincial. Seguiu-se o jantar… O

encontro terminou com uma síntese, e houve ainda tempo para ouvir as

palavras de despedida do Pe. Simão Cruz, Diretor das Oficinas de S. José,

de Lisboa.

acontece

A vida exige um “centro”. Este centro não pode ser o próprio “eu” (o indivíduo curvado sobre si mesmo). O centro da nossa vida deve ser o mistério pascal da morte e ressurreição de Jesus.A vocação nasce a partir dum cristianismo exi-gente. Vivemos numa cultura do “analgésico”, dum cristianismo inócuo, de sala de estar, com sabor a chá… Só um cristianismo de “alto pre-ço” produz vocações.Vivemos também uma cultura da “indecisão”. A liberdade tornou-se um “ídolo”, mas um ídolo estéril, que tolhe a capacidade de tomar opções definitivas. mas a vocação exige uma opção definitiva pelo primado do amor a Deus e ao próximo.

Por outro lado, a vocação é missão. Deus não chama para a auto-realização individual. Deus chama para a auto-doação à luz do mistério pascal…

É preciso despertar nos jovens um “verdadeiro nojo” por uma vida confortável, totalmente es-téril e fechada ao amor… O “umbiguismo nar-cisista” é o maior obstáculo ao despertar da vocação...

� trata-se dO textO das cOnferên-cias prOferidas pelO padre amadeO cencini nOs dias 4 e 5 de aBril de 2008 na diOcese dO pOrtO sOBre O prOBle-ma vOcaciOnal.

TU és… TU serás chamaDoamaDeo cencini, edições paulinas, prior Velho, 2008, 64 págs.

> pe. rOgériO almeida

contemplar

como rezar?

� rezar é amar sintOnizandO cOm O mOdO de ser de deus, é ser “casa” Onde ele gOsta de viver: «se alguém me tem amOr, guardará a minha pa-lavra; e O meu pai O amará, e nós vi-remOs a ele e nele faremOs mOrada”. (JO 14,23)

Como rezar? Orar é “tratar de amizade, es-tando muitas vezes a sós, com quem sabe-mos que nos ama”. (S. TERESA DE ÁVILA)

“Enquanto jogais, nas conversas ou noutro passatempo, elevai a mente ao Senhor e oferecei-lhe o que viveis”. (D. BOSCO)

“Quando damos espaço ao amor de Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele, participan-tes da sua própria caridade”. (BENTO XVI)

Estas três pessoas dão-nos a mesma indi-cação para bem rezar: dar tempo, dar espa-ço ao Amor de Deus. Quando amamos alguém, estando muitas

> ir. fernanda luz, fma

vezes a sós, pensamos e até nos torna-mos semelhantes à pessoa amada. Rezar é Amar, dar tempo a Deus que nos ama, elevar para Ele, constantemente, o nosso pensamento. Assim, aos poucos e sem dar conta, estamos a viver de forma semelhante à de Jesus que nos ensinou, com a Sua vida, a estar sempre unido ao Pai, na força do Es-pírito Santo.

Experimentemos rezar com o salmo 86:

Inclina, Senhor, os teus ouvidos e respon-de-me pois para Ti elevo a minha alma.

Ensina-me o teu caminho, dirige o meu coração para que honre o teu nome.

Senhor, meu Deus, de todo o coração hei-de louvar-Te e glorificar o teu nome para sempre.

© abcdz2000, Stock.xchng

> franciscO palma (10ºc)

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página 3n.º 15 março 2013

vocações com história

Quando alguém escreve sobre os seus tempos de infância, traz quase sempre as mais varia-das peripécias, e uma nostalgia alegre dessas idades. De lon-ge, também acho que tenho dentro de mim um recanto de felicidade ida.

mas verdade verdadinha, nem tudo foi fácil, nem sempre aconteceu poesia. Bem pelo contrário: a vida custava. Trabalhava-se des-de que nos dávamos conta de existir. Tudo era pouco, havia que lutar. Não para guardar, para se ter nesses dias.Na minha aldeia, rico era aquele que não tinha a barriga muito vazia e tinha alguma muda de roupa para se cobrir e agasalhar.Os poucos momentos livres para descan-so eram passados com os amigos. Quase sempre os mesmos. mas não faltavam... Em cada família era um rancho, em algumas um batalhão. Jogava-se, corria-se, saltava--se. Era o pião, o batalho, os botões (jogar à “tica”, como dizíamos!), o futebol, as escondi-das, a ida aos ninhos, a fuga até ao rio para tomar banho, o sorripiar fruta a amadurecer das hortas dos vizinhos, os berlindes, as corridas ou perícias de arco... Se se pisava o risco, lá andava a mão ligeira da mãe, a palmatória da professora. mas ninguém guardava ressentimento por tão pouca coi-sa. muito menos passava pela cabeça de quem fosse denunciar às autoridades. Isso só complicaria as coisas.Tudo o que nós queríamos era correr, brin-car e saltar... Autoridades eram os pais, os irmãos mais velhos, a professora, as pesso-as idosas. Essas eram as autoridades. E o respeito raiava a reverência!coisas comuns, não é verdade? Tudo era comum. até a minha ida para o seminário!... Nunca caí de nenhum cava-lo, nunca vi luzinhas nem ouvi trovões nem vozes do outro mundo. Não! Tudo comum. Como comum foi ouvir o meu amigo Tono, companheiro das minhas andanças, dizer--me uma tarde em que eu apanhava frança na horta (Fui ao dicionário ver se a palavra “frança” existia em português. Existe. Diz assim: ramos, ramada alta de árvore, copa, ramagem). E é isso mesmo. Eu andava a apanhar as pontas das videiras acabadas de podar. Na nossa horta. o Tono disse: “Fim, amanhã vou para padre”. Fiquei a olhar para ele, agoniado por se me acabar um compincha de brincadeira. e assim foi. no dia seguinte tinha desaparecido.

> pe. delfim santOs, sdB

“coisas comUns, nÃo é VerDaDe?”

Fiquei sempre a remoer, porque, enfim, não se abandona assim um amigo para se “ir para padre”! passaram-se uns meses, e tudo tinha voltado à normalidade. não faltavam os amigos para brincar. e foi no fim de uma brincadeira de um Do-mingo à tardinha que o zeca disse: “ei, passa lá a bola que este vai ser o meu último chuto. amanhã vou para padre”. e eram dois. Comecei a sentir que se não andasse ligeiro ficava sem amigos de brinca-deira, e logo dos melhores!“Sabe, mãe, o Zeca da Ti Aurora vai para pa-dre”. Eu estava sentado no banco da farinha, junto à lareira que ardia na feitura da ceia. Não me entusiasmou a sua resposta: “Que Deus o guie pelo caminho do bem”. Pois é, mas eu ficava ali, a vê-los partir, feito mor-cão. “Ó mãe, você podia também deixar-me ir!” “Eles não te querem lá, à laia a que per-tences! Para padre só os que Deus chama”. A verdade é que Ele não me tinha chama-do. Ou se chamou, juro que não ouvi. mas mesmo assim, continuei a cismar com isso. Só estava ela e eu em casa. Ela atarefada com a ceia e eu ali, a olhar para ela e para o lume, a ver se vinha mais alguma frase mais reconfortante para a minha “decisão”. Não veio. Esperávamos que os outros chegas-sem para rezar o terço e cear. Chegou o meu pai. E ela disse-lhe: “Chegou-me a casa a dizer que queria ir para padre”. Ele encolheu os ombros. Não era de muitas falas o meu Pai. mas foi uma boa deixa para eu insistir.

“Os outros vão e os pais deixam e só vocês é que não me deixam”.Passaram-se uns dias. A minha mãe che-gou a casa do campo e disse-me: “A se-nhora Rosa do Lino vai na segunda-feira ao Porto, se quiseres ela leva-te para falar com o Senhor Padre Diretor”. Quero. Fui e fiquei. E acertei. mas não deixo de ter saudades do tempo em que para ser feliz me bastava apenas ter por perto os pais, os irmãos, a família, os amigos.

cartoon> nunO quaresma

a ressurreiçãO

Page 4: Bússola n.º 15

página 4n.º 15 março 2013

sugestões

vem aí� 16-17 De março

páscoa JoVem esToriL

� 31 De março páscoa

� 11 De maio orDenaçÃo sacerDoTaL LUís aLmeiDa igreJa Do bonFim, porTo

animais ferozes> tanu kulkarni, the hindu newspaper

sim, eLes sonham com o regresso a casa

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Fotografia capa © Chris Gilbert, Stock.xchng

a cabana de Wm. paul Young Em A Cabana, o autor conta a história de uma conversa com Deus que mudou para sempre a vida do protagonista. aDopTe Um carDeaL www.1conclave.com Bento XVI pediu ao fiéis que rezassem

pela eleição do novo Papa. Um grupo de jovens brasileiros tomou a iniciativa e criou este serviço. Registando-te no site, automaticamente, ser-te-á atribuído um cardeal eleitor para que possas interce-der por ele até o início do conclave com missas, orações (Pai Nosso, Ave maria, Angelus), terços, vias sacras, adorações, jejuns e outros sacrifícios.

> miguel mendes

Numa rua estreita de Gandhinagar, os carros fazem várias viagens até à sede da missing Child Bureau (mCB) no distrito de Bangalore, serviço de investigação de crianças despa-recidas, para entregar crianças recolhidas na central de camionagem majestic e na estação de comboios de Bangalore. Numa sala fechada no edifício, as crianças jogam Carom, um jogo de tabuleiro semelhante aos bilhares. Priya F., a mais vivaça do grupo, tira a peça de ataque a um dos rapazes e asse-gura que é a sua vez de jogar.Enquanto algumas destas crianças estão an-siosas por se juntar às suas famílias, outras temem a ideia de regressar a casa. “Tenho medo, fugi para Raichur há 10 dias. Queria casar-me com o meu namorado, mas as coisas não correram bem, a família dele não permitiu. Regressámos a Bangalore e o meu amigo deixou-me na estação de comboios. Agora tenho a certeza que os meus pais me vão castigar”, conta Priya, de 13 anos. A um canto está sentado Azarudin Khan, 12 anos. “Onde é que te apanharam? Para onde ias?”, perguntam os outros miúdos. Ele não responde. Quando lhe pergunto, diz que trabalhava numa carpintaria na cidade onde ganhava 3.000 rupias por mês, 42 euros, aproximadamente. Foi recolhido pelo pesso-al do mCB junto à estação majestic. “Vivo em Bangalore com a minha mãe. Ela bate-me muito. Os meus pais separaram-se. Quero ir para mumbai viver com o meu pai. Ele trata-rá de mim”, afirma.A conversa é interrompida pela chegada de comida para as crianças. Vem num balde, arroz e ensopado de legumes. Cada uma pega num prato. Rangaswamy (15 anos) fugiu de casa há dois meses para procurar trabalho. “Em casa, resmungava e a minha mãe dava-me comida. Tenho saudades

dela. Agora só quero voltar, mas os meus pais não sabem que estou aqui e a viagem é muito longa para a minha mãe me vir bus-car”.Depois do almoço, o grupo vai ver televisão e a discussão começa sobre o canal de te-levisão. O responsável do centro resolve a questão: Cartoon Network. A paz regressa.Uns minutos depois, um homem de meia idade entra na sala e Pryia corre para ele. “É o meu pai”, anuncia aos outros. O pai, Francis Xavier, segurança, não quer largar a mão da filha. “Porque é que fugiste?, pergun-ta várias vezes. Durante meia hora o pai e a criança conversam com o conselheiro, Pryia pode regressar a casa. Despede-se dos ou-tros que a olham com inveja.

A Bangalore Oniyavara Seva Coota (BOSCO) é uma organização de caridade sem fins lu-crativos salesiana criada em 1980 para apoio às crianças de rua, perdidas, órfãs ou aban-donadas, e crianças exploradas da cidade de Bangalore, terceira maior cidade da Índia com 8 milhões e meio de habitantes na ci-dade e quase 9 milhões na sua área metro-politana. Cerca de um quarto dos menores da Índia não vai à escola. Os voluntários da BOSCO recolhem crianças como Pryia, tiram--nos da rua e oferecem um futuro a milhares de crianças e adolescentes. A BOSCO tem oito centros de acolhimento para menores, e seis presenças nas ruas. Todos os anos re-colhem 6.000 crianças, e atualmente estão a criar um projeto experimental no país para a custódia de crianças e adolescentes. (www.boscoban.org)

Um futuro para estas crianças