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Caderno 1 2007 ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL NOSSA SENHORA DE FÁTIMA A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS... “Esta modesta publicação nasce sob o símbolo da rebeldia e de uma teimosia coletiva e obstinada: ver a produção de nossos educandos ser socializada para além das fronteiras das totalidades ou dos componentes curriculares.” Desenho de Ivonilda Beatriz Fraga de Oliveira, Maria Berenice dos Passos de Souza e Maria Correa de Cubas

Caderno Pedagógico EJA Fátima-2007

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Produção do coletivo de professores e alunos da EJA - EMEF Fátima.

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Caderno 12007

ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTALNOSSA SENHORA DE FÁTIMA

A EJA FÁTIMACONTA HISTÓRIAS...

“Esta modestapublicação nasce

sob o símboloda rebeldia

e de uma teimosiacoletiva e obstinada:

ver a produçãode nossos educandos

ser socializada para alémdas fronteiras das totalidades

ou dos componentes curriculares.”

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@ EMEF Nossa Senhora de FátimaRua A, n.15 - Bom JesusPorto Alegre-RSTel. (051) [email protected]

Coletivo de Educadores - Educação de Jovens e Adultos:Débora Oliveira Santos (Português), Elmar Soero de Almeida (História),Iara Rosi Meirelles (Secretaria), Luci da Cruz Santos (T3), Luciana Piccoli(T1 e T2) Luiza Zanotta (Secretaria), Lúcia Cunha Pinto (Francês), MárciaVargas (Educação Artística); Neusa Lemos (Educação Física), SayonaraSteinmtez Carpes (Biblioteca), Solange Santos (Ciências e Matemática),Susane Hubner Alves (Geografia).

Coordenação Pedagógica:Marco Mello

Vice-Diretora (SEJA):Liege Levy dos Santos

Diretora:Ana Maria Rodrigues

Produções: Educandos das Totalidades 1 a 6, durante o ano letivo de 2007.Desenhos de Capa: Éderson de Abreu Isaias e Ivonilda Beatriz Fraga de OliveiraFotografia: Hermes Bernardi Jr.Revisão: Lúcia Cunha PintoDiagramação: Miguel Thomassim

ALMEIDA, Elmar Soero de; MELLO, Marco(Org.). A EJA Fátima conta Histórias... n. 1.Porto Alegre: EMEF Nossa Senhora de Fáti-ma, Educação de Jovens e Adultos, 2007

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APRESENTAÇÃO

Esta modesta publicação nasce sob o símbolo da rebeldia ede uma teimosia coletiva e obstinada: ver a produção de nossoseducandos ser socializada para além das fronteiras das totalida-des ou dos componentes curriculares.

Muitas e muitas vezes nos admiramos com a qualidade daprodução realizada no espaço de convívio e aprendizagem dasala de aula. E nos perguntávamos como seria viável fazer algoque propiciasse a circulação destas produções.

Nossa iniciativa nasce de uma memória recente: a experi-ência coletiva consagrada, que foi a política de publicação daSMED/SEJA, através da coleção "Palavra de Trabalhador", quepossibilitava anualmente um amplo processo de preparação dasproduções, com critérios de seleção e organização de uma obraverdadeiramente coletiva. Infelizmente, não se deu continuida-de a essa política e ficamos, de certo modo, sem um espaço quetantas vezes ocupamos com orgulho.

Passamos a debater e alimentar a possibilidade de termos,já que não dispúnhamos mais daquele veículo, a nossa produ-ção, do SEJA/Fátima. Mais modesta, por certo, mas igualmenteembuída do mesmo espírito: o de bradar aos quatro ventos abeleza da produção da classe trabalhadora: jovens, adultos, ido-sos produzindo e escrevendo suas próprias histórias...

A produção, aqui reunida, é fruto do trabalho cotidianoenvolvendo várias áreas e campos do conhecimento, em todasas Totalidades de Conhecimento. Muitas delas se originaram emuma produção feita para o Concurso anual "Histórias do Traba-lho", da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de PortoAlegre, outras do Projeto "Adote Um Escritor", no qual a escolarecebe um dos autores locais para um diálogo desde sua produ-ção literária e do Sarau cultural que realizamos e que revelouvários talentos. A qualidade da produção, o sentido e significa-

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PROJETO ADOTE UM ESCRITOR

Hermes Bernardi Jr

"E aqui, o primeiro trabalho concreto sobre o livro Casa Bo-tão. Quem fez foi a Dna. Ilsa, lá da Escola Nossa Senhora de Fáti-ma, da Vila Bom Jesus. Este trabalho é digno de estar entre asilustrações do livro. Fui à escola hoje à noite, dentro do ProgramaAdote um Escritor, da CRL e SMED. Fiz tantos amigos por lá... OValdomiro, a Janine, o Patrick, a Taís e tantos que nem tenhoespaço para colocar o nome de todos aqui. Gente boa e bacana daVila Bom Jesus, cheias de inteligência, criatividade e esperança demudar o rumo de suas vidas. Torço por eles e peço que acreditemque é possível mudar as coisas, com dedicação, amizade e fé em simesmo. Abraço a todos meus novos amigos com este trabalho tãolindo que ganhei de presente. Quero voltar lá!" http://tercaeucontopravoce.blogspot.com/ acesso em 22 nov. 2007

A imagem reproduzidaao lado foi um presen-te da Educanda Ilsa daSilva Rocha, Totalida-de 5, que produziu umpanô, a partir da leitu-ra em sala de aula deuma das obras do au-tor. No dia do evento,Hermes foi presentea-do com a peça.

Hermes Bernardi Jr. é escritor, contador de histórias e diretor de teatro dePorto Alegre. Tem oito livros publicados. Seu primeiro título, Abecedário ale-gre do Porto, é adotado pelas escolas da capital gaúcha há dez anos. Já Plane-ta Caiqueria, publicado pela Editora Projeto, recebeu o selo PNBE-2005, doMEC. Seu mais recente lançamento é Casa Botão, pela DCL, em 2007, um doslivros lidos no Projeto Adote o escrito pela Escola e que motivou a produçãodo trabalho de Dona Ilsa.

4 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

do do que vimos e ouvimos motivou-nos a retomar este sonhoque agora se concretiza.

Agradecemos ao Conselho Escolar e da Equipe Diretivapelo apoio à iniciativa e dedicamos esta produção a todos e to-das que acreditam em uma educação que nos ajuda a sermosmais gente...

Coletivo de EducadoresEducação de Jovens e Adultos

EMEF Nossa Senhora de Fátima

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Desistir Jamais

Na EJA corremosAtrás do futuroNo Fátima pedimosColaboração com oEstudo tambémEntendemos queLutar sempreVencer talvezDesistir jamais.

Cleiton dos SantosTotalidade 5

A EJA no FátimaTraz-nos alegria eMuita motivaçãoPor cada alunoFormado é uma grande emoção.

5 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

ÍNDICE

TRABALHOHistórias do trabalho: A história de minha vida

- Elisandra do Prado Santana ..................................................8Acordando para a vida - Patrícia Pereira ........................................9Acróstico - Ivonilda Beatriz Fraga de Oliveira, Maria Berenice

dos Passos de Souza, Maria Correa de Cubas ................... 10Meu Trabalho - Roberto da Silva Fernandes .............................. 11Dia de Trabalho - Inocência do Nascimento .............................. 12Revendo minha história - Valdomiro Fernandes ...................... 13O Trabalho - Sabrina Santos Alves ............................................... 14Minha história em poesia - Rosimeri Almeida .......................... 15A Busca de Ana - Tânia Cristina Batista Nunes ......................... 16O Patrão Safado - Joraci de Vargas .............................................. 18Sonho e Realidade - Leandro D. Silva ......................................... 19O serviço do meu marido - Ariane Ribeiro ................................. 20Os trabalhadores - Luís Paulo R. Motta....................................... 21Como sou no trabalho - Jaqueline Cibele dos Santos ................ 22O trabalho no minimercado - Juliano Gonçalves da Silva....... 23Chegou a vez do Graxa

- Eloisa Antônia da Silva Cavalcante .................................. 24O trabalho dos pacotes - Clênio Alves ......................................... 25Mundo do trabalho - Juliana S. Mello, Jéssica Couto ................ 26Poesias .................................................................................................. 27Trabalho é preciso e necessário - Maciel dos R. de Souza ..... 28Ensaio para canção - Inocência do Nascimento ......................... 29O trabalho - Edimar Dutra Dias .................................................... 30O desemprego hoje - Taís Lúcia B. Santos .................................. 31História de trabalho - Luiz Carlos Telles da Silva ..................... 32De estivador a encanador - Nilo Alves ........................................ 33Tempos modernos - Taís Lúcia Santos ......................................... 34A procura de um trabalho - Natanahel Piriz .............................. 35O trabalho - Vando de Souza Pereira ........................................... 36

60 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

EJAA EJA no Fátima nos traz educação

e também muitos amigosque ficam no coração

e boa recordação.

Paulo GiovaniVando de Souza Pereira

Vagner Mateus Monteiro EspíndolaTotalidade 4

Na Bom Jesus

Na Bom Jesus boas pessoas se criaramApesar das desvantagens

Boas famílias se montaram.

Janine Ramiro CarvalhoNatanahel Piriz de Los Santos

Valfrido Rodinei Benitez GomesSabrina dos Santos Alves

Luís Carlos Telles da Silva

6 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

FOMEO aumento da produção de alimentos não significa

a solução do problema da fome- Daniela da Silva Machado .................................................. 38

A Fome - Produção Coletiva ............................................................ 39A fome: possíveis origens e conseqüências

- Sônia Rosângela Soares Correa .......................................... 40

PRECONCEITOO preconceito nunca deixou e nunca deixará de existir

- Daniela da Silva Machado e Cleiton Santos.................... 42O pobre -Vagner Monteiro Espíndola ........................................... 43

AUTO-IMAGEMPor que somos bonitas e bonitos? - Luiz Paulo R. Motta,

Sônia Rosângela Soares Correa, Patrick Cordovade Oliveira, Vando de Souza Pereira,Chininho, Paulo Giovani ........................................................ 46

VISÕES DO PARAÍSOAriane Ribeiro, Clênio Alves, Thaís Centeno de Freitas ............ 52

CIDADANIAForça ...................................................................................................... 56Realidade ............................................................................................ 57Cidadania ............................................................................................ 57

ESCOLAEJA ........... ........................................................................................... 60Na Bom Jesus ..................................................................................... 60Desistir jamais ................................................................................... 61Produção Coletiva ............................................................................. 61Projeto Adote Um Escritor - Ilsa da Silva Rocha

e Hermes Bernardi Jr ............................................................... 62

59 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

ESCOLA

7 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

TRABALHO

58 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

8 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Histórias do trabalho:A história de minha vida

Elisandra do Prado SantanaTotalidade 5

A história de vida começou quando nasci. Desde aí minhavida foi muito corrida. Rolei muito nas casas de vizinhos. Minhamãe e meu pai tinham que trabalhar para comprar alimento,pagar conta e pagar aluguel. E não tinha quem cuidasse de nós,eu e minha irmã. Morávamos em um beco. Chovia dentro decasa e entrava água dentro. Quando as visitas iam lá, tinhamque subir na cama, porque não queriam molhar os pés, nem aspernas. Minha mãe sofreu muito trabalhando, dia e noite, paraconseguir juntar dinheiro para nos mudar, porque não agüen-tava mais nossa situação.

Depois disso compramos um barraco coberto por lona, aolado de um valão. Meu pai comprou a metade do terreno comvizinho nos fundos e pagou caríssimo uma parte. Aí, meu painegociou com ele a outra metade que foi mais cara ainda. Entãominha mãe que já estava no trabalho, e meu pai que estava nooutro, começaram a arrumar a casa, a tapar o valão, a comprar omaterial e nos deixavam em Guaíba, na casa dos meus avós. Mi-nha vó cuidou de nós até eles aprontarem a casa e depois elamorreu. Depois que já estava quase pronta a casa, minha mãemandava rancho, dinheiro, fruta para nós.

Mas depois, a minha mãe não tinha mais alegria para nada,nem nós. Porque já tinha se ido uma pessoa muito especial, guer-reira e lutadora. Nós tínhamos orgulho de ter aquela vó.

Hoje tenho mais orgulho ainda de ter minha mãe, uma TRA-BALHADORA, com letras maiúsculas.

57 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Consciência

Solidário

Sonhos

"REALIDADE"

Abra a janelaVeja lá no céuA mais bela estrela

É o amor que sintoQue como ouroVive na noite

A mais bela a brilhar

CIDADANIA

Cidadania é dever de povoSó é cidadãoQuem conquista o seuLugar na perseverante lutaDo sonho de uma nação.É também obrigação:A de ajudar a consciênciaDe quem merece o poderForça gloriosa que fazUm homem ser pra outro homem,Caminho do mesmo chãoLuz solidária e canção.

9 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Acordando para a vida

Patrícia PereiraTotalidade 5

Passamos boa parte da nossa vida vendo nossos pais traba-lhar, sem perceber a importância que o trabalho tem. Algumaspessoas aprendem desde cedo a trabalhar e valorizar seu traba-lho. E outras, como eu, descobrem bem mais tarde, quando temosa necessidade de trabalhar para nos manter.

Quando não se tem estudo, é bem mais difícil conseguir umemprego. Gastamos o que temos e o que não temos comprandocurrículos e cuidando da aparência, pois boa aparência tambémé importante numa entrevista.

Quando estamos na procura de um emprego é que percebe-mos o quanto os pais sofrem para garantir nosso sustento. Eles éque são os maiores exemplos de força de vontade para não desis-tir de procurar e estar sempre na luta, por mais difícil que pareça,pois dificuldades foram feitas para serem superadas.

Se tudo na vida fosse fácil, não teria graça viver, pois nãoaprendemos nada com facilidade e aprendemos a viver e a lutarpelo que queremos com a dificuldade.

56 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

FORÇA

Se um dia estiver diante de um problemaSeja forte, mas não como o mar que todos destróiSim como a rocha que tudo suporta...

10 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

T

C O Z I N H A R

A

Ô N I B U S

A

L I M P E Z A

H

P A S S A R R O U P A

Acróstico

Ivonilda Beatriz Fraga de Oliveira43 anos, Totalidade 1

Maria Berenice dos Passos de Souza44 anos, Totalidade 1

Maria Correa de Cubas58 anos, Totalidade 1

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CIDADANIA

11 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Meu Trabalho

Roberto da Silva Fernandes34 anos, Totalidade 2

Eu sou instalador hidráulico no canteiro de obra.Eu gosto do meu trabalho porque sei o que faço.

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12 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Dia de Trabalho

Inocência do Nascimento64 anos, Totalidade 1

Eu trabalho de empregada doméstica: lavo roupa, passo esou cozinheira. Gosto do meu serviço, respeito e gosto de serrespeitada.

Executo as minhas tarefas com vontade e sou muito pontu-al. Trabalho no bairro Bela Vista, na Alameda Afonso Celso, nú-mero 27. Trabalho há 14 anos. Antes eu ganhava a passagemcom o vale transporte, mas, agora que estou aposentada, pago apassagem com a carteira do passe livre.

Gosto do trabalho porque me sinto muito bem indo traba-lhar todos os dias e gosto de ajudar os meus netos.

53 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

13 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Revendo minha história

Valdomiro FernandesTotalidade 3

Eu cheguei a Porto Alegre em 1971, com muito sacrifício.O primeiro trabalho que consegui foi em uma obra, de ser-

vente. Lutei muito! Não é fácil. Trabalhei muito nesse tipo deserviço.

Depois trabalhei em um mercado, onde eu empacotava,depois passei a supridor, arrumador de prateleira. Depois, maistarde fui trabalhar de açougueiro.

Casei, tive filhos e fui morar na casa dela. Trabalhei de au-xiliar de açougue na Rede Zaffari. Fiquei sete meses ali. Depoistive muitos empregos e bicos.

Hoje trabalho num emprego fixo. Sou vigilante há seis anos.E estou estudando na EM Fátima. Moro no bairro Morro Santanae gosto do que faço.

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14 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

O Trabalho

Sabrina Santos AlvesTotalidade 5

De manhã com as estrelasO progresso já começaNo rumo de quem trabalhaDe quem o esforço empresta

Do trabalho faz crença deQuem pensaDo trabalho a gente vivePois sem ele ninguém progride

O que se faz é abençoadoPor mais simples que sejaDo operário ao magistradoQue do trabalho faz crença

51 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

VISÕES DO PARAÍSO

15 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Minha história em poesia

Rosimeri AlmeidaTotalidade 6

Já fui tão pobreQue andei com os pés no chãoMinha casa era um casebreMinha cama era no chão.

Hoje não sou ricaMas já tenho uma razãoEstudo e trabalhoJá durmo num belo colchão.

Moro em área verdeMas sei que vou crescerDeus me deu força e o saberE com ajuda dele sei que vou vencer.

Já trabalhei com aradoJá cuidei do gadoHoje moro na cidadeE continuo acordando de madrugada.

A roça deixei pra láPra vir estudarMas quem sabe um dia vou visitarE muitas histórias contar.

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16 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

A Busca de Ana

Tânia Cristina Batista NunesTotalidade 5

Ana era uma jovem de dezoito anos que já havia concluí-do seu segundo grau, assim como muitos jovens. Ela passavapor um desafio: achar um emprego. Mas ela não tinha experiên-cia, e isto estava atrapalhando muito a busca dessa jovem poruma vaga no mercado de trabalho.

Todos os dias era assim: Ana acordava cedo e ia, às vezes atémesmo sem tomar um café, enfrentar filas e filas atrás de uma vaga.Em todo lugar era sempre a mesma história - "precisa ter experiên-cia". Mas com obter experiência se não dão oportunidade?

- Tem dias em que penso em desistir, dizia Ana. Mas ela nãopodia desistir, tinha que lutar, ir adiante. Afinal, Ana dependiade um trabalho para criar o filho de apenas oito meses, pois esta-va sozinha, o pai da criança simplesmente havia sumido.

Ana pensava, pensava e não achava solução. O dinheiroque a mãe havia lhe emprestado estava acabando e o bebê tinhaque se alimentar. Será que todo seu esforço para estudar, mes-mo grávida, foi para nada? Será que o tão sonhado empregonão ia surgir?

Uma amiga disse a Ana que poderiam montar um peque-no salão em casa. Mas para isto teriam que ter capital para in-vestir, e elas não tinham como conseguir o capital para come-çar. A amiga de Ana era insistente e dizia que, quando quere-mos, nada é impossível.

Então começou uma nova luta na vida de Ana: arranjaralguém que lhe emprestasse o nome para fazer um empréstimono banco, pois ela nem tinha como comprovar renda, e assim fi-cava difícil.

Ana, que só tinha a mãe e a amiga Cláudia a quem recorrerno momento, pois havia perdido o pai há alguns anos num aci-dente, já não sabia o que fazer. O pequeno Mateus estava cres-cendo e precisava de várias coisas as quais ela não tinha condi-

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17 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

ções de dar, mesmo com a ajuda da mãe. Foi aí que lhe surgiuuma grande idéia: colocar a mãe como sócia no salão. Assim amãe entrava com o nome para o empréstimo e ela e a amiga como trabalho. Quando juntassem o suficiente, pagariam a mãe e fi-caria tudo certo.

Ana foi correndo contar a Cláudia sobre sua idéia e a ami-ga concordou plenamente, pois também estava desempregada.Mas será que a mãe de Ana concordaria? Não custava tentar,afinal a mãe sempre a apoiou em seus projetos, se bem que tives-se ficado triste quando soube da gravidez da filha, mas com onascimento de Mateus tudo ficou superado, apesar de o pai nãoassumir o bebê.

No dia seguinte, as duas acordaram cedo e foram expor aproposta à mãe de Ana, que concordou sem hesitar, afinal tudo oque ela queria era ver a filha feliz e realizada.

Ana e sua mãe foram até um banco que emprestava dinhei-ro para a abertura de pequenas empresas e conseguiram o em-préstimo. Mas não para o salão, e sim para uma pequena pada-ria, afinal, Ana tinha curso de padeiro e confeiteiro, que sua mãelhe proporcionou quando o pai ainda era vivo. Elas compraram omaquinário, alugaram o espaço e começaram a trabalhar.

Hoje Ana já pagou a sua mãe. O negócio está crescendo eela contratou mais dois funcionários, além de Cláudia, é claro.Sempre que pode, Ana dá aulas de confeiteiro a algum jovemque, assim como ela, busca uma oportunidade.

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18 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

O Patrão Safado

Joraci de Vargas32 anos, Totalidade 4

Vou falar sobre um emprego que tive há cinco anos, saí paraprocurar trabalho e consegui!

A minha patroa prometeu assinar minha carteira, então eulevei a minha para ela. Depois de três meses, pedi minha carteirade trabalho de volta e ela respondeu que não sabia. Mandou queeu fosse falar com o patrão que disse que ela estava no escritório.Dali a dois meses ele me devolveu sem assinar, continuei a traba-lhar porque precisava do dinheiro e ele tinha contratado outrapessoa que também reclamou da situação, o patrão assinou a car-teira dessa minha colega, e pediu também a minha novamente,eu a levei e... Mais uma surpresa! Quando encontrei minha car-teira achei um contrato em meu nome contendo coisas absurdasdo tipo trabalhar em fins de semana, feriados, tudo sem nenhu-ma remuneração e após um ano e dois meses, ele me colocou emcaráter de experiência! Reclamei, havia uma alteração de umaassinatura anterior. Quando falei, o patrão ficou furioso e disseque teria de pagar uma multa e era minha culpa.

Algum tempo depois, a patroa me comunica sobre a minhademissão, minha colega de trabalho disse que eu tinha 30 diaspara ficar lá. Passaram dois meses e ela não tinha encontradouma substituta para mim, então dei outros 30 dias à patroa paraque encontrasse outra. Ela mudou de idéia e disse que queria queeu ficasse, mas respondi não. No final daquele mês eu assinei arescisão do contrato.

Fui tirar consulta na previdência social e descobri que ja-mais ele e ela apagaram o meu INPS. Disseram-me para ir à Justi-ça, mas fiquei com medo de não arrumar outro emprego.

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19 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Sonho e Realidade

Leandro D. Silva16 anos, Totalidade 5

As pessoas transformam os seus sonhos como se eles es-tivessem fazendo coisas de madeira e aí eles começam a conse-guir outras ajudas e muitas coisas em série, como um bico oucoisas assim.

Muitas pessoas têm vontade de fazer algo que gostam masnão tem mais tempo de fazer porque não tem o estudo ou ensi-no médio completo. Todas as pessoas têm o direito de traba-lhar e também de sonhar, mas sonhar muito para os seus so-nhos se realizarem.

46 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

20 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

O serviço do meu marido

Ariane Ribeiro15 anos, Totalidade 4

Meu marido Vando, trabalha de serviços gerais numa em-presa chamada UNIMED. Todos os dias ele acorda às 6 horas damanhã. Ele toma banho, logo o café e vai para o trabalho.Lá elevarre, limpa, lava carro, etc.

Quando ele chega já são 7 horas da noite e nós vamos paraa escola e voltamos para casa às 22 horas para dormir.

Ele também trabalha de entregar o jornal Correio do Povotodas as sextas-feiras, ele sai as 2h30 da manhã e chega às 6 horasda manhã.

Este trabalho é muito bom porque temos dinheiro para pa-gar as contas da casa e para comprar comida, roupa, objetos, pro-dutos de higiene como papel higiênico, sabonete, xampu, etc. Poroutro lado é chato porque passamos muito tempo longe, ele ficaem casa domingo, sábado às vezes.

Mas eu acho que o trabalho é muito importante porque to-dos nós temos que trabalhar.

45 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

AUTO-IMAGEM

21 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Os trabalhadores

Luís Paulo R. Motta35 anos, Totalidade 6

Nós trabalhadores de todos os setores sabemos que teremosque trabalhar para nos sustentarmos e a nossa família e para terdignidade.

O setor que é mais desgastante é o setor da construção civil.O operário não tem sol e chuva, eles têm que botar a mão notijolo, no ferro e na argamassa, senão a obra não anda mesmo.

O operário sai de sua casa bem cedinho, deixa sua famíliadormindo, louco para ficar mas, não, ele tem que ir trabalhar.

Quando o trabalhador chega até o seu local de trabalho eledá três suspiros e começa a botar a mão na massa.

Os operários da nossa cidade deixam-na mais bonita. Elesconstroem nossas casas, edifícios e perimetrais para passar oscoletivos que vão levar para o trabalho milhares de operários acada dia.

São milhares de operários, sejam eles dos bairros ou vilas, asdomésticas, os motoristas e do comércio, enfim são do mundo todo.

44 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

22 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Como sou no trabalho

Jaqueline Cibele dos SantosTotalidade 6

No trabalho sou alegreNo trabalho sou felizCada dia que eu chegoMe perguntam como está Cibi?

Quando chego ao trabalhoNão sorrio pra ninguémMas quando chego em casaSempre lembro de alguém.

Esse alguém não seiQuem é, não me perguntaQue eu não sei cada vezQue chego em casa sempreFalo de vocês.

Cada dia que saioDo trabalho faço uma oraçãoVou me despedir do meu colegaPara não ter perigo não.

43 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

O preconceito nunca deixoue nunca deixará de existir

Daniela da Silva Machado e Cleiton SantosTotalidade 5

Tanto nas décadas passadas, como hoje em dia o preconcei-to é um fato que não deixa e nem deixará de existir.

Ele pode até ter mudado, mas se repararmos bem o precon-ceito de ontem, juntando ao de hoje se baseia na mesma história.

Exemplo 1 - No século XIII achavam a prostituição um malnecessário. E um clérigo do século XIII escreveu: "A prostitutana sociedade era um esgoto no palácio, retirado o esgoto, o pa-lácio inteiro ficaria contaminado". Isso é um exemplo de pre-conceito na Idade Média.

Exemplo 2 - Nos dias de hoje cada vez mais está sendo difí-cil viver nesse país preconceituoso, pois tanto as pessoas pobrescomo as ricas, não se dão ao respeito quando se fala em precon-ceito e saem julgando para no final não serem acusados.

Exemplo 3 - Hoje em dia as pessoas já não falam só na cor(racismo), mas sim no preconceito por não quererem ter amigospretos, gays, doentes, aidéticos, etc... Não querem abrir as por-tas para uma vaga de emprego se a pessoas não for como elesesperavam e etc.

Isso acontece muito também em escolas com alunos efuncionários.

Exemplo: Alunos chegam às salas de aula, jogam resíduos defrutas no chão, e se o funcionário reclama o aluno diz: - Você estáaqui para limpar. Preconceito de uma criança com um adulto.

23 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

O trabalho no minimercado

Juliano Gonçalves da SilvaTotalidade 4

O meu primo está trabalhando no minimercado que ele com-prou de um amigo.

Ele botou o irmão dele para trabalhar com ele nominimercado, para trabalhar na padaria do mercado.

O minimercado fica na Rua 1 do Bairro Bom Jesus, na ZonaLeste de Porto Alegre.

No minimercado tem bolacha de sal, bolacha doce, balas,chicletes, carne, frango, bife de frango, carne de porco, verdura,legumes, vetais, iogurtes, refrigerante, suco, sorvete, leite, chine-lo, tudo isto tem para vender no minimercado.

O minimercado tem dois andares, num andar é a casa delee da família e o outro fica o minimercado.

Vou trabalhar no minimercado, mas só se for no balcão paraatender os fregueses.

42 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

O pobre

Vagner Mateus Monteiro EspíndolaTotalidade 5

O pobre sofre cada dia no trabalho e até na rua com o trans-porte para sua casa. O pão não é fácil para o pobre. Cada dia éum dia de luta para ter o pão de cada dia.

A vida do pobre não é fácil, cada chuva e vento a sua casaalaga e tem muito prejuízo.As crianças estão desnutridas ou so-frem obesidade infantil. Eu acho que o pobre sofre mais.

Eles querem mudar de vida e trabalham muito para isso,para a sua vida melhorar.

24 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Chegou a vez do Graxa

Eloísa Antônia da Silva CavalcanteTotalidade 4

Quem vê Graxa, sempre de bom humor, não imagina o de-safio que ele enfrenta em sua vida pessoal, mas agora a vida dafamília de Luis Barcellos, o Graxa, vai ficar melhor.

Sua casa já está sendo reformada, em uma nova modalida-de de construção solidária.

Há alguns anos Luís perdeu sua filha, desde então cria astrês netas.

Na casa já em obras, além do Graxa, esposa, filha e trêsnetos, mora também uma irmã do Luis que sofreu um derrame,ficando paralisada.

É para dar condições mais dignas de vida para todos, e emespecial para a irmã que a casa está sendo reformada. Neste casoa Goldstein forneceu todo o material e Luís está executando aobra com a ajuda de amigos, construindo um anexo especial paraa irmã, com as adaptações necessárias para as suas necessidades.A parte do banheiro, por exemplo, tem que ser de tamanho sufici-ente para passar uma cadeira de rodas.

41 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

PRECONCEITO

25 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

O trabalho dos pacotes

Clênio AlvesTotalidade 4

Todo mundo acha que trabalhar de empacotador é fácil,mas vou contar toda minha vida.

Quando cheguei no meu primeiro dia, fiquei apavorado, ti-nha um colega orientador para me ensinar o básico.

No primeiro dia fiquei nervoso e não aprendi nada, mas nosegundo dia fiz muitas coisas, aprendi a separar todos os alimen-tos perecíveis, frutas e verduras e produtos de limpeza, ganheimuitos elogios.

Fiz amigos, mas tenho que me esforçar muito para ganhar aconfiança do gerente e do chefe da frente de caixa, o chefe da lojae os fiscais de caixa.

Conquistar a confiança dos clientes, as operadoras de caixae dos meus colegas empacotadores. Não é fácil trabalhar no Zaffari,mas com luta e dedicação a gente chega lá.

40 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

A fome: possíveis origens econseqüências

Sônia Rosângela Soares CorreaTotalidade 5

A fome pode ser considerada resultado de uma soma defatores, entre eles, a má administração pública.

Os políticos, ditos representantes do povo, costumam orga-nizar as finanças do Estado em favor de seus interesses, ignoran-do as considerações da Constituição Federativa do Brasil.

Além desses agravantes, a falta de alimentos na mesa deuma grande massa populacional pode ser uma das respostas quea Mãe Natureza começa a dar ao Ser Humano, destruidor dosrecursos naturais.

A degradação dos animais e plantas, a poluição dos rios edas outras reservas de água, as queimadas, que empobrecem osolo, interferem diretamente na produção de alimentos. Logo,meio ambiente preservado pode ser uma das garantias de comi-da na mesa.

Por esses e outros motivos, o estar com fome é extremamen-te prejudicial para a construção de uma sociedade sadia.

26 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Mundo do trabalho

Juliana S. MelloJéssica Couto

Totalidade 6

Existem dois dados fundamentais a respeito das mudançasocorridas no mundo do emprego no Brasil. O primeiro é que ataxa de escolaridade média de quem está empregado subiu mui-to, e isso exige dos candidatos a uma vaga que estudem mais. Ooutro dado igualmente importante é que subiu também a taxa deescolaridade dos desempregados. Sabe o que isso significa? Queestudar cinco anos apenas, algo muito comum no Brasil, não ga-rante emprego a ninguém.

A escolaridade não pressionava o mercado de trabalho daforma como os trabalhadores queriam.

39 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

A Fome

A fome é uma calamidade já em ação, um flagelo que vemdestruindo e degradando o potencial humano representado pordois terços da humanidade. O homem vive muitos problemas. Umdeles, talvez o mais trágico é a fome.

Fome que mata, fome que enfraquece, fome que anula. E omais triste disso tudo é que existe terra, existe alimento, existeriqueza.

Por que, então, tanta fome?Tanta dor?Tanta morte?Ao contrário das pessoas que passam fome, há outras que

sofrem com a obesidade. A obesidade que é o excesso de gordurano corpo, pode causar doenças que pode matar. Mas para a obe-sidade é só ter uma boa alimentação e ir ao médico.

27 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Poesias

Juliana S. MelloJéssica Couto

Totalidade 6

No trabalho onde vivoSempre cato papelãoPeço sempre moedinhaPara comprar um pão.

No trabalho onde vivoNão ligo para ninguém nãoPorque o trabalho que eu tenhoÉ minha sustentação.

38 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

“O aumento da produçãode alimentos não significa

a solução do problema da fome.”

Daniela da Silva MachadoTotalidade 5

Mas, se pararmos para pensar, de nada iria adiantar au-mentarmos a produção de alimentos, se muitas pessoas não têmnem como comprar.

Tanto nas décadas passadas como hoje em dia, a crise ali-mentar existe, só que no mundo de hoje não podemos garantirque será somente uma crise, pois a fome já está a ponto de virarum grave problema mundial..

Muitas e muitas pessoas estão sem teto, sem emprego, semter o que comer, tentando sobreviver embaixo de um viaduto oude uma ponte. Milhares e milhares de pessoas estão mendigandoem uma sinaleira pedindo uma moeda para comprar pão. Exis-tem também crianças pedindo de porta em porta um prato decomida e um copo de água, o que é realmente é triste de ver

Isso já não podemos falar que é somente fome, mas simmiséria.

Mas tudo isso não vem do nada, tudo isso existe por falta doestudo, por causa do desemprego, ou até mesmo de pessoas dro-gadas que levam a família a chegar a esse ponto.

A vida que temos hoje podemos perder no amanhã, hoje,podemos ter um emprego, um abrigo, e o que comer; amanhãpodemos estar desabrigados, sem emprego e com muita fome.

Então devemos estender a mão ao próximo, pois amanhãpodemos estar em seu lugar, mas devemos prestar bem atenção,pois existem casos de pessoas que realmente precisam, mas tam-bém existem casos de pessoas drogadas que não têm como sesustentar e usam a inocência das crianças para mendigar emseu lugar.

28 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Trabalho é preciso e necessário

Maciel dos R. de SouzaTotalidade 6

Hoje em dia necessitamos de um trabalho para poder terum certo conforto.

Muitas pessoas acham que trabalhar é uma besteira e porisso vivem do sustento dos pais.

Pois trabalhar, dar duro, suar, não é mais que uma necessi-dade de todo ser humano, pois é trabalhando que conseguimosadquirir tudo que queremos como uma roupa, um alimento, umobjeto pessoal, etc.

Na verdade há um grande número de desempregados.Os trabalhadores conseguem adquirir tudo o que querem e

os desempregados muitos deles se tornam marginais, tirando dostrabalhadores os pertences que eles demoraram para conseguircom muito suor.

37 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

FOME

29 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Ensaio para Canção

Inocência do NascimentoTotalidade 1

A vida é difícil para todo mundo, mas eu vou lutar paraaprender a ler e a escrever. Não importa se estiver chovendo, eupego um guarda-chuva e vou para o colégio. Se não tenho passa-gem, eu me arrasto por debaixo da roleta e vou em frente. Nadavai me impedir, eu vou chegar lá.

O que me importa se a minha calça jeans estiver desbota-da e se os meus tênis estiverem furados? Eu quero vencer, nãoquero ser só mais um nas ruas, aceitando maus conselhos, nãoquero matar e nem roubar.

Gurizada, diga não às drogas. Ninguém obriga as pessoas afazerem o que não querem. Nesta vida é fácil entrar, mas o difícilé sair. Gente, acorde enquanto é cedo, a droga não tem saída.

A tropa de elite vem aí e a única saída é a cadeia ou, se não,vai para o buraco. Bandidos e policiais se odeiam, a ordem delesagora é para matar. Às vezes não adianta se render, eles atiramsem saber. E, no fim, polícia e bandidos são tudo a mesma coisaporque a polícia se mistura com os bandidos e traficantes e, nofim, a corda sempre arrebenta na ponta mais fraca.

36 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

O trabalho

Vando de Souza PereiraTotalidade 5

Meu nome é Vando, eu fiquei mais de oito anos desempre-gado. Eu passei muitas dificuldades na minha vida de trabalho.Até o meu sustento porque tinha que ajudar meus pais para tra-zer dinheiro para comprar comida para mim e meus irmãos, poismeus pais não tinham dinheiro para comprar comida, eles esta-vam desempregados, foi essa a dificuldade.

Eu fui procurar emprego em uma empresa de médico. Fazmais de 10 anos que eu sonho trabalhar, mas de tanto pedir em-prego aos médicos, consegui. Foi realizado meu sonho.

Na empresa em que estou agora, estou bem porque tem osbenefícios, a carteira de trabalho está assinada, tem vale trans-porte, vale almoço, tem vale rancho e um salário mais ou menos.

Fiz fichas em 10 empresas mas nunca fui chamado, por fal-ta de estudo.

Mas estou concluindo o primeiro grau, para tentar conse-guir serviço melhor e melhorar minha vida.

30 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

O trabalho

Edimar Dutra Dias37 anos, Totalidade

Trabalho é uma responsabilidade que todos nós brasileirostemos. Eu trabalho há doze anos e gosto muito do meu trabalho.

Tive muitas dificuldade, porque não tinha aprendizado, qua-lificação. Mas trabalhei bastante, fui atrás do meu objetivo. Commuita força de vontade, estou conseguindo chegar lá e um diavou conseguir tudo aquilo que procuro.

Estou estudando, vou me formar e conseguir uma profis-são bem legal.

Uma profissão que possa ajudar as pessoas carentes e defi-cientes. O trabalho é a coisa mais importante para todas as pesso-as. Hoje em dia as coisas estão ficando mais difíceis, tem muitagente que vai à procura de trabalho e as portas se fecham porfalta de estudo, informação, qualificação e outros.

35 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

A procura de um trabalho

Natanahel Piriz de Los SantosTotalidade 5

Com lágrimas no rosto você chora soluçando e implora, for-ça para sobreviver.

O sol se esconde em teu olhar e te obriga a enfrentar maisuma noite sem dormir.

A tristeza dura uma noite.Mas a alegria vem no amanhecer.Uma vez saiu à procura de um emprego, mas a dificuldade

de arrumar é grande. Sem estudo então, nem se diz.Então decidi estudar porque teria melhores oportunidades,

terminei meus estudos e fiz cursos, fui a luta, à procura de umtrabalho.

Sempre com esperança que iria conseguir, esperei compaciência.

No amanhecer, por um telefonema me alegrei por estar nalista das mais novas empregadas.

Valeu a pena me esforçar e esperar.Quando nos esforçamos, ninguém pode impedir. O esforço

vale a pena! Perseverar.

31 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

O desemprego hoje

Taís Lúcia B. Santos16 anos, Totalidade 4

Hoje em dia o desemprego aumentou muito, está muito di-fícil conseguir um trabalho.

Já não é como antes, agora até para pegar um serviço delimpeza tem que ter primeiro grau completo ou, às vezes, se nãose está estudando não se consegue trabalho algum.

Para quem já está trabalhando, é bem mais fácil, porquenão precisa se preocupar com a escolaridade, pois para ele nãoimporta se ele estudou até a quinta série. Mas para quem estáaqui fora, já é bem mais difícil conseguir com trabalho.

Tem pessoas que acham melhor trabalhar por conta pró-pria e, num mês ganham mais do que o salário. Essas pessoasganham a vida trabalhando para si mesmas.

Enquanto que os que estão desempregados vão fazer fichae, em todos os lugares, eles falam a mesma coisa; "é só esperar nósligarmos" e passa um mês e nada, e muitas pessoas ficam espe-rando pela ligação em vez de procurar outro.

34 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

De estivador a encanador

Nilo AlvesTotalidade 4

Comecei a trabalhar como estivador, em Esteio. Eu tinha 23anos, morava lá mesmo. Era um trabalho forçado. Depois dessaépoca eu fui para a construção civil e aprendi função de encana-dor. Comecei com 30 anos e só aos 40 fui promovido à profissãode encanador. Até hoje as pessoas me reconhecem o meu traba-lho, pois gosto do que faço. Faço bem feito, nunca tive reclamaçãoe todos me procuram. Até hoje tenho a mesma profissão.

Esta profissão é mais leve que estivador. Nesse trabalho tivequatro filhos do segundo casamento e construí uma boa família.

Construí e participei de muitas obras na cidade. Moro nobairro Bom Jesus, estudo na Escola Municipal Nossa Senhora deFátima, na Totalidade 3 e ainda participo do Grupo da 3ª. Idadeno Posto Avançado da PUC e sou Delegado do OrçamentoParticipativo de minha região.

32 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

História de trabalho

Luiz Carlos Telles da SilvaTotalidade 5

O Henrique começou a trabalhar muito cedo, com apenassete anos foi trabalhar com panfletagem e venda para uma famíliade ciganos.

Aos 13 anos foi trabalhar num supermercado onde ficouaté os seus 16 anos. Então ficou desempregado até os 19 anos.Neste período foi trabalhando em obras e fazendo bicos aqui e ali,até que conseguiu um trabalho numa fábrica de móveis, de auxi-liar de serviços gerais.

Quando ele conseguiu fazer um curso de qualificação, elese machucou no serviço e desde então ele está afastado do traba-lho. Ele está no INSS e não consegue exercer a sua função.

Henrique continua sendo auxiliar de serviços gerais. Ele nãose conforma com esta situação.

Esta é uma história real, só muda o personagem.

33 - A EJA FÁTIMA CONTA HISTÓRIAS

Tempos modernos

Taís LúciaTotalidade 6

Naqueles tempos tudo era diferente, pois pessoas erampresas injustamente, sem nem ao menos ouvir o que estava acon-tecendo.

As pessoas estavam ficando loucas com tanto trabalho, quecada vez era mais rápido. O desemprego estava por vir pessoascriando novas tecnologias e assim, o desemprego só aumentava.

Para conseguir um emprego estava difícil. Milhares depessoas para uma vaga e nem todos conseguiam. Para se con-seguir um emprego era preciso ter uma boa indicação, senãonão trabalhava.

O tempo foi passando, novas tecnologias chegando e cadavez mais pessoas desempregadas.