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FICHA PARA CATÁLOGO - diaadiaeducacao.pr.gov.br · Caderno Pedagógico, considerando o trabalho desenvolvido na EJA, percebendo nossos principais desafios, o de construir uma Escola

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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: A RELAÇÃO ENTRE EVASÃO ESCOLAR E METODOLOGIAS DE ENSINO NA

EJA: UMA QUESTÃO PARA ANÁLISE.

Autora SOELENE DE FÁTIMA FONSECA DA LUZ

Escola de Atuação CEEBJA PROFESSOR IGNÁCIO ALVES DE SOUZA FILHO

Município da escola JAGUARIAÍVA

Núcleo Regional de Educação WENCESLAU BRAZ

Orientador PROFESSORA DOUTORA RITA DE CÁSSIA DA SILVA

OLIVEIRA

Instituição de Ensino Superior UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA – UEPG

Disciplina/Área PEDAGOGIA

Produção Didático-pedagógica CADERNO PEDAGÓGICO

Relação Interdisciplinar

TODAS AS DISCIPLINAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Público Alvo

PROFESSORES, ALUNOS E EX-ALUNOS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

Localização

CEEBJA PROFESSOR IGNÁCIO ALVES DE SOUZA FILHO

Apresentação:

A temática Evasão Escolar e Metodologias diferenciadas

levam-nos a refletir sobre as impressões e observações do

cotidiano da Escola, em função dos possíveis motivos da

Evasão escolar. Surgem então, alguns questionamentos:

Como reverter a evasão escolar? Quais os possíveis

caminhos para garantir a permanência do aluno? Os objetivos

desse trabalho são: Reconhecer as possíveis relações

existentes entre a Evasão Escolar e a metodologia de ensino

desenvolvida nas disciplinas curriculares, e também refletir

sobre a função social da Escola, tendo como referencial os

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índices de evasão escolar. O presente projeto será

apresentado a Comunidade Escolar, com as devidas

explicações, sobre a pesquisa-ação (questionários a ser

aplicados aos (10) dez ex-alunos, (10) dez alunos e (8) oito

professores (um de cada disciplina curricular), estudos de

textos, abordagens pedagógicas e aportes teóricos sobre

proposta curricular, plano de trabalho docente, sugestões de

conteúdos (4 encontros- 16horas). Espera-se coletar dados

que subsidiem professores,equipe pedagógica a identificarem

as possíveis causas da evasão escolar e principais desafios

para a superação e conseqüentemente melhoria da prática

docente.

Palavras-chave EVASÃO ESCOLAR – METODOLOGIAS DIFERENCIADAS –

ALUNO/PROFESSOR – EJA

REGISTRO DAS AÇÕES PREVISTAS:

AÇÃO

DATA AÇÃO A SER DESENVOLVIDA OBJETIVO

01 22/07/2011 Apresentação do Projeto no CEEBJA

Estabelecer relação harmoniosa e interação

do projeto.

02 A definir Aplicação dos questionários: (professores, ex-alunos, alunos)

Diagnóstico do estudo do caso.

03 A definir Análise dos dados Analisar as possíveis relações entre evasão escolar e metodologias

de ensino.

04

A definir Exposição do material Interação dos resultados frente a

Comunidade escolar.

05 A definir Grupo de estudos: ”Organização do Processo Ensino Aprendizagem

(apresentação dos temas propostos).

Analisar as possíveis relações entre evasão

escolar na EJA e a metodologia de ensino

desenvolvida nas disciplinas curriculares.

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06 Sexta-feira

(12/08/11)

1º Encontro-Evasão escolar e suas

possíveis causas- tentando reparar

a fuga.

Estabelecer ações para desenvolver

estratégias ao resgate dos evadidos.

07 Sexta-feira

(21/08/11)

2º Encontro- Conhecendo o perfil

dos alunos - para melhor acolhê-

los.

Resgatar a auto- estima e analisar se a metodologia condiz com o perfil do aluno do CEEBJA.

08 Terça-feira

(06/09/11)

3º Encontro - Professor

Inovador/Pensador do Futuro-

Cuidando da aprendizagem.

Avaliar, analisar, criar hipóteses das ações planejadas (nossas próprias ações).

09 Quinta-feira

(29/09/11)

4º Encontro -As contribuições das

metodologias de ensino-

abordagens pedagógicas sobre as

questões curriculares e as práticas

pedagógicas.

Propor aos docentes aulas diferenciadas, novas metodologias, e práticas pedagógicas inovadoras.

10

A definer Leitura e análise reflexiva da

construção didática pedagógica

Elencar algumas, metas a serem alcançadas e alguns objetivos para serem atingidos.

11 A definir Momento para reflexão dos pontos

positivos e negativos do trabalho

desenvolvido

Promover um diálogo prazeroso com todos os envolvidos.

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Caros Professores da EJA!

É preocupação constante na prática docente, conhecer as idéias, impressões

que os alunos (as) têm sobre a escola, se gostam deste espaço, se aprendem, se

estão satisfeitos com as atividades que são propostas, para que possam prosseguir

no estudo, na vida e obterem êxito.

Sendo o processo do conhecimento um aspecto central da nossa atividade

educativa, há necessidade de investigar, reconhecer e discutir com alunos (as),

professores (as) da Educação de Jovens e Adultas questões relativas a essa

modalidade de ensino, especialmente sobre índices, causas e conseqüências da

evasão escolar, observando se há existência ou não da relação entre evasão e

metodologia de ensino.

Observa-se que os Centros Estaduais de Educação de Jovens e Adultos têm

desenvolvido várias ações na tentativa de minimizar os índices de evasão dos

alunos, porém, é preciso compreender que além de estimular os alunos (as) a

permanecerem estudando, e tentar compreender a sua realidade, é necessário

entender que professor (a), equipe pedagógica, pais, alunos (as) e direção não só

fazem parte do ambiente escolar, como também constroem este espaço.

Esta diversidade, constitui os alicerces sobre os quais se assenta a

construção do trabalho do professor (a) e que muitas vezes não nos damos conta

deste grande compromisso, isto é, que o trabalho que fazemos expressa a

concepção que temos do conhecimento.

Para melhor compreendermos nossos alunos (as), nossas relações com a

produção do conhecimento, é que convidamos vocês a acompanharem as reflexões

relacionadas aos momentos de estudo, discussão e redimensionamento da proposta

da EJA, considerando os dados e possíveis causas da evasão escolar, repensando

o plano de trabalho docente, tendo em vista a adequação da metodologia de ensino

ao perfil dos alunos (as) com possibilidades de ter um amplo alcance, de transformar

a escola num espaço de reflexão.

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Estes encaminhamentos revelam as possibilidades para convidar a toda

comunidade escolar para enfrentar o desafio educacional de lutar contra a evasão

escolar, com o objetivo de conhecer melhor os alunos (as) e professores (as).

Com esta intenção, pretende-se neste momento, a observação, registro,

avaliação e planejamento, a apresentação de possibilidades metodológicas, para

que os professores (as) evidenciem as habilidades e objetivos presentes nas

diferentes ações que estão sendo desenvolvidas, e possam favorecer aos alunos a

apropriação dos conhecimentos escolares e a qualidade na relação pedagógica

desencadeada entre aluno (a), professor (a) e conhecimento.

Pretende-se trabalhar com o grupo de alunos (as) e professores (as) do

Ensino Fundamental – turno noturno, no CEEBJA Professor Ignácio Alves de Souza

Filho – Jaguariaíva – Paraná. Acompanhar as atividades desenvolvidas em salas de

aula, visitar a casa de ex-alunos, entrevistar os professores (as) (um de cada

disciplina), para realizar a pesquisa de campo, coletando dados dos sujeitos que

compõem a educação de jovens e adultos.

Como instrumento de pesquisa, pretende-se trabalhar com questionários,

entrevistas, e conversas informais, para coletar dados que possam contribuir para

melhor conhecer a EJA.

O CEEBJA Professor Ignácio Alves de Souza Filho foi criado para atender os

jovens e adultos que necessitam estudar o ensino fundamental ou médio. Ele

funciona nos três períodos: manhã, tarde e noite, oferecendo momentos coletivos e

individuais com flexibilidade de escolhas nas disciplinas, para que o aluno possa

decidir de acordo com o tempo que tem disponível.

A sede está localizada na Rua Abílio Russi, número 65 e a frase chave do

CEEBJA é “Organização do processo ensino aprendizagem”, o professor, ao

elaborar seu plano de trabalho docente, pode inserir os textos e atividades

atendendo individualmente e despertando o interesse do aluno pela aquisição do

conhecimento.

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A escola conta atualmente com uma equipe de 58 profissionais, sendo: 44

professores, 03 pedagogos, 10 administrativos e 01 diretor.

Neste ano de 2011, atende-se aproximadamente a 800 (oitocentos) alunos,

fruto de um trabalho coletivo, desenvolvido e cativado a muitas mãos, com apoio de

todos os profissionais, trabalhadores, educadores junto com a comunidade escolar.

Atende-se também alunos nas ações pedagógicas descentralizadas

(APEDs), atualmente temos quatro ações, sendo duas no Município de Arapoti e

duas no município de Sengés, sendo uma delas no distrito de Ouro Verde, as quais

objetivam atender a sociedade atual, com possibilidades de construir novas relações

humanas no estudo, no trabalho e na vida, dando sentido ao conhecimento, e a

própria escola, lutando por um mundo melhor, ajudando dar sentido ao aprendizado

e levando nossos educandos a conquista de um emprego , a aprovação em um

vestibular, concurso, possibilitando-os a escolha de seus próprios caminhos.

Os questionários para coletas de dados serão destinados a (8) oito

professores, sendo (2) dois questionários para cada professor, (10) dez alunos, (10)

dez ex-alunos, sendo (1) um questionário para cada aluno, tomando-os por

amostragem um total de (36) trinta e seis questionários, sendo (20) vinte para alunos

e (16) dezesseis para professores. Pretende-se trabalhar com todos os

questionários, com exceção se houver erros ou rasuras.

Para essa intervenção será utilizada a metodologia da pesquisa-ação, que

Franco (2005) assim define:

[...] a pesquisa-ação leva em consideração a voz dos sujeitos investigados e suas perspectivas com parte da metodologia da investigação. É de caráter formativo-emancipatório, pois permite tomar consciência das transformações que vão ocorrendo no processo e, mediante a participação consciente, os sujeitos da pesquisa passam a ter oportunidades de se libertar de mitos e preconceitos que organizam suas defesas à mudanças e reorganizam a sua auto concepção de sujeitos históricos.(FRANCO 2005,p.486)

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Partindo dos dados coletados e do estudo bibliográfico realizado espera-se

subsidiar o trabalho docente, com proposições e encaminhamentos pedagógicos

que sejam adequados e coerentes com o perfil dos alunos do CEEBJA.

Com vistas a estes jovens e adultos, professores (as) , organizou-se este

Caderno Pedagógico, considerando o trabalho desenvolvido na EJA, percebendo

nossos principais desafios, o de construir uma Escola na quais professores (as) e

alunos (as) encontrem-se como sujeitos, para termos cidadãos e trabalhadores

ativos, participativos e que possam crescer cultural, social e economicamente.

Como professora atuante no CEEBJA Professor Ignácio Alves de Souza

Filho, com experiência profissional há quase trinta anos, como professora pedagoga,

na rede pública de ensino. Espera-se deixar aqui, algumas análises e perspectivas

que traduzem as discussões e leituras realizadas no decorrer do projeto de pesquisa

e também nas aulas e orientações recebidas na IES.

Agradecemos o Governo do Estado do Paraná, que possibilitou o

aprimoramento e a realização desse trabalho (Plano de Desenvolvimento

Educacional (PDE) 2010/2011, a coordenação e os professores do IES, que muito

nos ajudaram e esperamos que ele possa oferecer subsídios para que nós

educadores de jovens e adultos, possamos conjunta e interativamente, desenvolver

esforços necessários, no sentido de tentar eliminar a evasão escolar ou, pelo

menos, diminuí-la sensivelmente, tendo como um dos objetivos a superação de cada

individuo na busca de seu crescimento pessoal, político e social.

Com este caderno pretende-se, com uma linguagem simples, mas embasada

na teoria, apresentar esse estudo aos professores (as) de EJA, para que possamos

refletir sobre nossas ações pedagógicas, tratando de temas e procedimentos

didáticos, com possíveis sugestões para produzir conhecimento, acelerando o

relacionamento das idéias e conseqüentemente procurando descobrir saídas para

enfrentar os problemas, criando novas metodologias e possibilitando alguns

encaminhamentos que poderão permear o nosso trabalho para traçarmos novos

caminhos, adquirir novos conhecimentos e enfrentar novos desafios

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Esse caderno pedagógico está estruturado em dois grandes momentos:

Momento 1- Possíveis causas da Evasão Escolar

Figura 1: http://www.imagensdahora.com.br/clipart/cliparts_path/3462/aluno_estudando_03/

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Momento 2 – As contribuições das metodologias de ensino.

Como minimizar e reverter a Evasão Escolar?

Refletindo o contexto escolar

Figura 2: http://www.jivceebjaignacioasfilho.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1

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Espera-se conceber a relação pedagógica, na qual a aprendizagem implica

dimensão individual e social, condição comum no grupo e condição individual

própria, dependência e autonomia frente a todos nós professores (as), pois o (a)

aluno (a) tem direito à igualdade e à diferença, compondo duplo desafio: o social, da

inclusão na sociedade, e o individual, da personalidade indevassável e irrepetível.

(DEMO, 2002; MORIM, 2002).

Neste sentido, sugere-se a reflexão sobre a ação de olharmos a nós mesmos,

sobre a nossa realidade, pensar na nossa prática, questionar nossa metodologia,

comparar nossas ações, para podermos interpretar e refletir sobre o sentido do

nosso compromisso, enquanto estudiosos e educadores.

Soelene de Fátima Fonseca da Luz

Professora PDE – 2010/2011.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12

MOMENTO I ..................................................................................................... 14

1.EVASÃO ESCOLAR E SUAS POSSÍVEIS CAUSAS. .................................................. 15

1.1TENTANDO REPARAR A FUGA. ......................................................................... 15

1.2. CONHECENDO O PERFIL DOS ALUNOS PARA MELHOR ACOLHÊ-LOS. ................... 22

2. PROFESSOR INOVADOR/PENSADOR DO FUTURO. ............................... 29

2.1. CUIDANDO DA APRENDIZAGEM ...................................................................... 29

MOMENTO II .................................................................................................... 35

1.AS CONTRIBUIÇÕES DAS METODOLOGIAS DE ENSINO. ...................... 36

1.1.UMA PROPOSTA DE ANÁLISE METODOLÓGICA E ABORDAGENS PEDAGÓGICAS NA EJA

……………………………………………………………………………………36

1.2.UMA REFLEXÃO SOBRE AS QUESTÕES CURRICULARES E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.

……………………………………………………………………………………46

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 52

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INTRODUÇÃO

Será que a evasão escolar na Educação de Jovens e Adultos está associada

a fatores externos, ou é causada pela própria escola?

O acolhimento e a valorização do aluno pela Escola e conseqüentemente

pelos professores possibilitam a abertura de um canal de comunicação e diálogo, o

qual pode favorecer ao aluno o processo de apropriação do conhecimento.

Qual a idéia, o conceito dos alunos sobre o CEEBJA?

É no contato com o outro e na vivência de relações e experiências na Escola

que enriquecemos nosso modo de ver e agir na sociedade, para se organizar na

vida. A Escola como espaço de sociabilidade, de transformação social, a escola

como espaço de construção do conhecimento, de garantia de permanência.

O diálogo deve ser priorizado, assim como a necessidade de conscientizar os

professores no uso de metodologias diferenciadas, no uso de materiais

pedagógicos, para pesquisar o significado que vem assumindo a prática docente

dirigida aos jovens e adultos, refletindo sobre quais os motivos que os levaram à

evasão, para podermos sinalizar alternativas no sentido de promover estratégias e

ações direcionadas a minimizar o índice de evasão no CEEBJA Professor Ignácio

Alves de Souza Filho.

Por que este aluno deixa de freqüentar as aulas, depois de ter tomado a

iniciativa de voltar aos estudos?

Será que a metodologia utilizada em sala de aula condiz ou não com o que o

jovem e adulto espera? Ou será a situação econômica, o local de trabalho (cansaço)

que de repente se tornam empecilhos para sua continuidade? Ou ainda faltou apoio

da família, da escola?

Educação de qualidade é um direito de todos os cidadãos e dever do Estado.

Efetivar o direito à educação dos jovens e adultos ultrapassa esse direito, é

preciso que o ensino seja adequado aos que ingressam na EJA ou retornam a ela

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fora do tempo regular: exige qualidade, valorização e respeito às experiências e aos

conhecimentos dos alunos (as).

O trabalho muitas vezes leva o jovem e adulto à exclusão da escola, o desafio

está condicionado às possibilidades de uma transformação real das condições de

vida do aluno-trabalhador.

Nesse sentido a escola deve ser democrática pela gestão participativa,

integrante da comunidade, autônoma e cidadã, aquela que torna o jovem e adulto

como construtores de conhecimentos, interagindo com a natureza e o mundo social,

tendo como principal objetivo o respeito à cultura dos sujeitos, no mesmo tempo que

desenvolve o domínio do conhecimento crítico para questionar a realidade e

transformá-la.

Cabe a nós educadores apoiar experiências curriculares tendo o jovem e

adulto como construtores do conhecimento, resgatar a cultura popular no processo

de elaboração do saber, definir participativamente parâmetros de qualidade para a

EJA, estimular a elaboração e implantação de currículos e metodologias próprias, o

trabalho de integração entre a prática e a teoria, o uso de recursos tecnológicos,

alargando o acesso dos programas de educação de jovens e adultos (DCES, 2006).

Só assim poderemos esperar que os alunos (as) assumam atitudes solidárias,

responsáveis, críticas e criativas, em qualquer momento de suas vidas e do seu

trabalho, tornando-se sujeitos ativos no processo de transformação da sua realidade

pessoal e social.

Você professor, tem preocupação de agir na escola de acordo com os

métodos e princípios que acredita?

Quais as metodologias que adota para manter o (a) aluno (a) na Escola?

Qual será nosso papel nesse processo?

Como evitar que a evasão ocorra?

Leia este caderno, pois tentaremos responder estas perguntas no transcorrer

das reflexões.

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Figura 1: http://www.imagensdahora.com.br/clipart/cliparts_path/3462/aluno_estudando_03/

MOMENTO I

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1. Evasão Escolar e suas possíveis causas.

1.1 Tentando reparar a fuga no CEEBJA.

Nas pesquisas sobre as causas do fracasso escolar é possível constatar que

estudos nos apontam fatores vinculados aos alunos, às suas capacidades,

motivação, como determinantes. Outras perspectivas enfatizam principalmente aos

fatores políticos sociais e culturais.

O fato é que, as desigualdades, as classes socialmente desfavorecidas, têm

servido ao propósito da exclusão, da evasão, e são em geral as que mais

apresentam porcentagem superior de fracasso. Arroyo (1997, p.39), afirma que o

fracasso escolar é produto da interação de fatores: psicológicos, socioculturais e

institucionais, que quando o aluno se evade deixa um espaço, uma oportunidade.

Diante disso, percebe-se a necessidade de mudança, no olhar pedagógico e nas

questões relativas ao âmbito escolar e que o educador precisa ter consciência, que

aluno e /ou professor nunca estarão definitivamente prontos, pois sua preparação,

sua prática, sempre requerem reflexão, diálogo, teoria e ação. E que a escola atual

necessita estar aberta, ao diálogo entre professor/aluno para que haja interação,

troca de experiências, crescimento intelectual, pessoal para que o educando se

interesse, tome gosto e permaneça na escola.

A esse respeito Vasconcellos (1995), diz que a falta de adaptação do aluno

somado ao método de ensino das escolas são os responsáveis em grande parte

pelo fracasso escolar, e que:

O grande problema da metodologia expositiva do ponto de vista pedagógico, é seu alto-risco de não aprendizagem, em função do baixo nível de interação sujeito-objeto de conhecimento-realidade (a grande probabilidade de interação significativa é muito baixa) (VASCONCELLOS, 1995, p.22).

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Afirma ainda que após pesquisas pedagógicas realizadas sobre o

aproveitamento escolar de um ano para o outro é de apenas 10% a 20% relacionado

ao conteúdo ensinado.

Isso nos impulsiona e nos leva a buscar, tentar descobrir, a definir ações,

caminhos, estratégias, metodologias para entender:

Como planejar, prever situações didáticas, para que nossos

educandos assimilem, aprendam melhor os conhecimentos que lhe

são apresentados durante todo o ano letivo?

Será que a evasão escolar na Educação de Jovens e Adultos está

associada a fatores externos, ou é causada pela própria escola?

Conversando informalmente com uma aluna do CEEBJA ela relatou:

“Bem, que eu tentava aprender, é que do jeito que a professora de Inglês

explicava eu não conseguia aprender, daí criei coragem e falei para a professora.

Agora a professora me explica de outro jeito e eu to conseguindo aprender, ta

entrando melhor na minha cabeça.” (Aluna do EFII- 45 a 50 anos).

É interessante a adoção de diferentes metodologias para que os alunos

consigam aprender, observa-se que os mesmos se constrangem e não dizem que

não estão entendendo, acham que vão ser expostos pelos colegas, até mesmo

pelos professores.

Outro referencial que subsidia os estudos sobre a evasão escolar na

educação de jovens e adultos, é os dados do IDEB/2009, no qual se observa a

elevação no índice de matrícula nas escolas públicas do Paraná, no entanto, ao

analisar os dados de evasão escolar (com percentuais reduzidos, mas com

significativo número absoluto) percebe-se o grande desafio de incluir a todos.

Nessa perspectiva, é necessário investigar os dados relacionados à evasão

escolar, assumindo o compromisso político e social de garantir a todos o direito ao

acesso à escolarização e ao saber sistematizado historicamente.

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Pretende-se, a partir da delimitação do problema, investigar os alunos

excluídos do processo educacional, na tentativa de identificar as características

socioeconômicas e culturais destes alunos.

Entende-se que é no Projeto Político Pedagógico do CEEBJA que estas

questões devam estar presentes, devendo ser fundamentadas e debatidas. Para

isso, é necessário que a escola identifique e reconheça os diferentes sujeitos

evadidos e os condicionantes sociais que determinam o sucesso ou fracasso

escolar, de forma que possa criar condições de enfrentamento a todos esses

problemas existentes e para que possa garantir o direito ao acesso e a permanência

com qualidade no processo educacional.

Caminhando pela escola ouvi o aluno dizer:

“Bom, meu problema é que eu não conseguia aprender a estudar, agora a professora me ensina, pede também para a minha colega me ajudar, to até acreditando que agora vou pra frente!” (Aluna do EFII-60 a 65anos).

“Estava presa e sem estudar a 03 anos, agora quero aproveitar meu tempo perdido, to voltando e daqui pra frente vou estudar muito!” (Aluno do EFII-21 a 30 anos).

O estudo do Projeto Político Pedagógico é um importante avanço para que

todo professor saiba conduzir o trabalho pedagógico, orientando o aluno, pois o

projeto pedagógico, nada mais é do que o conjunto de intenções da comunidade

escolar, é ele que constitui fator diferencial, e sem dúvida, é ele a identidade da

escola.

A Proposta Curricular também deve ser discutida, analisada para que o

professor observe o currículo, o programa, o guia de estudo e inclua atividades que

demandem organização diária do espaço/tempo que dispõe na sua hora atividade

para que esteja adaptando ao tipo de aluno que está atendendo.

O estudo de Arroyo (1997, p.23) aponta que “na maioria das causas da

evasão a escola tem responsabilidade de atribuir à desestruturação familiar, e o

professor e o aluno não têm a responsabilidade para aprender, tornando-se um jogo

de empurra”.

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Sabe-se que a escola, cada vez mais precisa estar preparada para receber e

formar estes jovens e adultos que são frutos dessa sociedade avassaladora,

transformadora. Para isso necessita-se de professores dinâmicos, responsáveis,

criativos e que sejam capazes de inovar e transformar sua sala de aula em um lugar

atrativo e estimulador, que de conta de formar cidadãos, para uma sociedade mais

justa, solidária.

Conversando com uma aluna do CEEBJA, observe o relato:

“Eu vim estudar aqui por que quero uma professora de Português que incentive a gente a estudar, a realmente aprender, que goste da gente, que veja o que a gente faz. Essa professora sim, que me ensine até gostar de português.” (Aluna do EFII- 30 a 40 anos).

Qualquer cidadão usa sua fala, a língua conforme as regras próprias de seu

dialeto, reflexo da comunidade lingüística a que está inserido naturalmente, há

diferença entre o modo de falar de um dialeto e outro, mas isso significa que um

dialeto dispõe de regras e outros não.

A falta de preparo, muitas vezes nas escolas, vem gerando conflitos ao longo do tempo, as pessoas tem usado e abusado da força da linguagem para ensinar contribuindo para a exclusão, gerando evasão escolar. Comenta também que a linguagem popular faz parte das diversidades culturais e regionais do país. Cagliari (1991, p.12)

Entretanto, é importante que o professor esteja consciente de que não são

apenas os problemas sociais e econômicos que influenciam a evasão e a repetência

na escola, existem outros determinantes, e que para garantir a permanência desses

jovens e adultos na escola torna-se necessário fazer valer os valores lingüísticos

que os alunos apresentam, procurando adaptar aos poucos a linguagem culta

exigida pela gramática normativa, sabendo trabalhar com os dois saberes no

contexto de sala de aula.

“O problema de voltar sabe o que é professora: é que to muito tempo sem

escola, nem sei falar direito, escrevo tudo errado, daí as professoras vão brigar

comigo.” (Aluna do EFII- 41 a 51 anos).

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Observando e ouvindo alunos e professores no CEEBJA, elaboramos os

questionários, para identificar quais os motivos mais evidentes, que levam os alunos

(as) a se evadirem, a ficarem longe dos estudos, fora da escola.

Considere-se que essas conversas várias vezes escutamos na sala da

coordenação, nos corredores da escola:

“Chego muito cansado, não tenho vontade de estudar, só deus sabe o esforço que faço para poder chegar e ficar na escola.” (Aluno EFII, 31 a 41 anos)

“Já faz dois anos que estou sem estudar. Não consigo acompanhar, tem que escrever muito, tenho muito sono.” (Aluna EFII, 51 a 60 anos).

“Estava sem estudar a 17 anos. Porque trabalhava muito, agora atendo meus netos para minha filha poder estudar, ta duro de vir para a escola.” (Aluna do EFII, 51 a 60 anos).

“Eu estava sem estudar a 13 anos voltei o ano passado, mas agora parei, achei o Inglês muito difícil, não consegui entender, a professora bem que lidou pra eu aprender, mas não deu.” (Aluno EFII 31 a 40 anos).

Percebe-se que várias são as causas que contribuem para que não

permaneçam na escola, faz-se necessário ouvir nossos alunos, precisamos que eles

apontem as causas através dos questionários para buscarmos alternativas e para

que juntos, direção equipe pedagógica, professores, funcionários consigamos

reverter esse índice.

____________________________________________PARA OBSERVAR

Pesquisa IBGE (2009)- Pesquisa Nacional por amostra de Domicílio aponta:

Estado do Paraná- 1.549.000 crianças e adolescentes entre 10 a 17 anos em

idade escolar de 5ª a série do ensino fundamental a 3ª série do ensino médio

deveriam estar na escola. De acordo com os dados da SEED, apenas 1.100 mil

estão matriculados na rede estadual de ensino.

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)-2009

Taxa de abandono escolar nas escolas da rede estadual de ensino: 9,4%

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No 1º Ano do ensino médio: 11%

Acesso realizado; WWW.diaadiaeducacao.pr.gov.br em (20/02/2011).

_________________________________________________PARA REFLETIR!

Você imaginava esse índice de evadidos?

E em nosso município qual será o índice?

E na sua escola qual será o índice?

O que podemos fazer para minimizar a evasão?

É possível mobilizar a comunidade escolar para tentarmos resgatar alguns dos

alunos evadidos?

______________________________________________________________DICAS

Que tal estabelecer algumas ações para desenvolver na escola estratégias para

resgatar os evadidos!

Será possível usar a rádio local para chamamento dos evadidos!

_________________________________________________________SUGESTÃO

Acesse o IBEGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílio) você irá saber o número de alunos em idade

escolar, para ver se já há dados mais recentes.

WWW.ibege.gov.br

Diante desses dados você poderá ter uma idéia da demanda escolar, e poderá

também saber que são muitos os alunos fora da Escola.

Procure saber também se há dados recentes feito pelo Instituto de Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

WWW.inep.gov.br

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___________________________________________ SUGESTÃO DE LEITURA

Leia a revista Nova Escola número 240 de Março de 2011, ela aponta os 15

mitos da educação e também acompanha um caderno especial do Instituto

UNIBANCO – Educar para Crescer- que oferece um especial sobre:

“Por que você perde seus alunos?

Pesquisa “feita com 3365 estudantes e revela os motivos que levam os

educandos ao abandono do Ensino Médio.”

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1.2. Conhecendo o perfil dos alunos para melhor acolhê-los no CEEBJA.

Cada dia mais o mundo do trabalho, as empresas cobram, o jovem e adulto

para a necessidade de continuar estudando, estes têm grande chances de

atualização, do direito de estudar, como estratégia de mudar, melhorar de vida, de

renovação da profissão, de ter nova oportunidade.

Chegam à EJA e já de imediato são apresentadas a eles, as possibilidades

forma de organização e o formato do curso. São as normas, a organização do

trabalho, as diretrizes, os rumos que serão tomados, não só por respeito aos

educandos, mas também para aproveitamento adequado do tempo e maximização

do esforço de todos.

Por sua natureza a educação de jovens e adultos, fundamenta-se na

organização de informações e experiências, a um conjunto de processos que dê

conta da abordagem crítica do agir e pensar até o sentir de uma comunidade ou

classe social, para desencadear novas formas de agir, no sentido de seus

interesses, conforme as Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos no

Estado do Paraná ( DCES,2006) que devem ser levadas em conta devido à

pluralidade de sujeitos.

Os alunos hoje necessitam ser respeitados como autores de si mesmo

(direitos e necessidades), não se consideram os educandos como receptores

passivos do que a sociedade lhes oferece, mas principais protagonistas de sua

própria educação, eles necessitam da organização, da reflexão crítica sobre as

vivências, experiências do cotidiano, transformando em alvo de novas intervenções,

têm necessidade da educação formal.

A EJA assume nesse momento, como princípio o mundo do trabalho, ao

mesmo tempo em que desenvolve no aluno o domínio do conhecimento crítico para

questionar, indagar a realidade e transformá-la, respeitando as características de

aluno trabalhador, da dona de casa, aqueles que voltam para a escola e vem com

uma diversidade de situações que são submetidas à apreciação e aprimoramento ao

longo do trajeto, do percurso escolar.

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Há necessidade de promover maior flexibilidade na metodologia, na

organização curricular, tendo em vista as características culturais sociais e

econômicas dos grupos atendidos (trabalhadores, presidiários, jovens que desistem

do ensino regular, mães, donas de casa), etc.

As experiências inovadoras levam-nos a reconhecer esses jovens e adultos

como construtores de conhecimentos, interagindo com a natureza e o mundo social,

tendo como ponto fundamental, ponto de partida, o respeito à cultura desses

sujeitos. Pessoas estas, que devem ser incentivadas, valorizadas, na construção e

aquisição do saber formal, do conhecimento específico.

Conversando com um jovem do CEEBJA, ele comentou estar alegre,

satisfeito, achou que teria muito mais dificuldade para aprender, estudar, a se

relacionar.

“A integração, a valorização é importante Me sinto importante aqui, a professora me ouve, escuta, não tenho medo de perguntar.” (Aluno EFII-51anos)

Do ponto de vista da aprendizagem, o professor precisa arquitetar o ambiente de tal maneira que o aluno aprenda, aos poucos, que construir conhecimento implica de modo geral, esforço conjugado e metodológico. Ciência exige método, sistematicidade, precisamos ir além de meras descrições, relatos, declarações para chegarmos a possibilidades de análise e principalmente de argumentação. (DEMO, 2004, p.94).

O plano de trabalho docente deve permear todo o processo, o professor deve

levar em conta o “sujeito” que está sendo alvo de suas estratégias e metodologias,

nunca perdendo o foco, que é a educação formal, a aquisição do conhecimento.

Para a elaboração do plano de trabalho docente é necessário:

Diagnosticar o histórico econômico do grupo ou da comunidade e estabelecer um

canal de comunicação entre o saber técnico (erudito) e o saber popular.

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É preciso entender, conhecer profundamente, pelo contato direto, a lógica do

conhecimento popular, sua estrutura de pensamento em função de novos

conhecimentos, da manifestação do ponto de vista e pela solidariedade, laços,

afetividade, que se cria com a comunidade escolar.

Como articular a função social da escola com as especificidades e as demandas

da comunidade?

A escola se efetiva na proposta pedagógica, na sala de aula no plano de

trabalho docente.

O planejamento se caracteriza como um processo ininterrupto de planejar,

acompanhar, avaliar e replanejar.

Figura3: http://anaflaviaportugues.blogspot.com/2010/07/patronesse-da-feira-do-livro-realiza.html

O plano de trabalho docente deve estar articulado com a proposta curricular e

com o guia de estudo, que é oferecido ao aluno, para que o mesmo, já esteja se

familiarizando com o que se pretende trabalhar e para que ele possa aprender.

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“O planejamento é um processo de construção desenvolvido numa

perspectiva democrática e participativa” (LIBÂNEO, 2004) e atende as seguintes

funções:

Diagnóstico e análise da realidade escolar;

Definição dos objetivos e metas;

Determinação de atividades e tarefa.

Há que se considerar e pensar também nesse momento, a metodologia que

será adotada, por que se não bem resolvida, contribui também para a evasão

escolar e que com certeza precisam ser levados em conta, de forma que facilite a

compreensão dos alunos.

O professor deve ser o mediador entre o aprendiz e a escrita, entre o sujeito e

o objeto do processo de apropriação, de assimilação do conhecimento.

É fundamental estruturar atividades que permitam o aluno (a) agir e pensar.

Como dizia Piaget, “é o sujeito que constrói o seu próprio conhecimento para se

apropriar do conhecimento dos outros.”

Conversando informalmente com uma aluna do CEEBJA ela relatou:

“Acreditar no aluno erguer sua auto-estima. Eu estudo para aplicar na minha vida, no meu trabalho, o que aprendo aqui. Mas tenho medo, será que estou aprendendo mesmo? Será que vou conseguir, não vou desistir?” (Aluna EFII- 49 anos)

Observa-se que têm vontade de aprender, de permanecerem na escola, mas

ao mesmo tempo, apresentam-se temerosos, sentem-se ameaçados, necessitam

ser estimulado, elevar sua auto- estima, pois a falta de conhecimento, a dúvida lhe

traz tensão, angustia, sentem-se complexados, muitas vezes até desamparados.

É interessante que o professor oportunize aos alunos, momentos para falarem

de si, de suas necessidades, de seus trabalhos, de suas experiências frustradas,

principalmente em relação à escola, ao trabalho, a vida.

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___________________________________DICAS PARA MOTIVAR O ALUNO

Professor (a):

“Menos que dominar conteúdos, que envelhecem e desaparecem

rapidamente, é importante que o professor consiga que o aluno saiba pensar,

porque esta habilidade representa a aprendizagem que se confunde com a

vida” (DEMO, 2010, p.31).

Comente com seus alunos que de fato, aprendendo a argumentar, ele não só faz

ciência, como em particular constrói sua autonomia e cidadania.

__________________________________________ PARA REFLETIR!

Como podemos resgatar a auto- estima de nossos alunos?

No seu plano de trabalho docente, você considera o perfil de seus alunos? De

que maneira você organiza seu plano?

Sua metodologia condiz com o tipo de aluno que você trabalha? Como você

planeja sua aula?

_____________________________________________________SUGESTÃO

Que tal solicitar uma reunião para juntos decidir:

Qual a concepção de planejamento mais adequada para à perspectiva

democrática da gestão escolar?

__________________________________________SUGESTÃO DE LEITURA

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Leitura e reflexão sobre o poema de Viviane Moré sobre múltiplas identidades/

subjetividades.

WWW.vivianemore.com.br.

____________________________________________SUGESTÃO DE FILME

O Estudante - Um filme de Roberto Girault - Califórnia Filmes.

O Estudante conta a aventura de Chano, um homem de 70 anos de idade, que

acaba de se inscrever na universidade para estudar Literatura. Assim, se encontra

com o mundo de jovens, de costumes e tradições muito diferentes das suas. Porém,

com Dom Quixote sempre como exemplo, Chano atravessa a barreira das gerações

e faz novos amigos, torna-se um guia e ajuda a resolver seus problemas. Até um

forte golpe acontece em sua vida e serão agora seus jovens amigos, que terá que

ajudá-lo a superar.

Poderá servir de instrumento auxiliar para o professor sobre algumas

questões que evidenciam na comunidade escolar, os valores que servirão de base

para um futuro confrontar com as práticas de sala de aula, tendo em vista a

característica de cada aluno.

Eis algumas questões que podem auxiliar o educador nesta ação crítica

reflexiva: (tente responder depois de assistir ao filme):

Como esse filme pode contribuir para a formação do aluno?

Qual a relação entre o conhecimento e a realidade específica do contexto de

ensino?

Como o tipo de conhecimento e interação usado propiciou o desenvolvimento da

identidade do aluno?

Que visão de homem e sociedade esse filme ajudou a construir?

Para que serviu esse filme?

Como a forma de agir demonstra visões de poder e submissão?

Qual o papel social do filme?

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Como o filme pode colaborar para a construção de cidadãos atuantes na

sociedade na qual vivemos?

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2. PROFESSOR INOVADOR/PENSADOR DO FUTURO.

2.1. Cuidando da Aprendizagem dos alunos.

Professor Inovador é aquele que não só dá aula, como propõe Boff (1999).

Saber cuidar significa dedicação envolvente e contagiante, compromisso ético e

técnico, habilidade sensível e sempre renovada de suporte do aluno, incluindo-se aí

a rota de construção da autonomia.

É fundamental e interessante, redefinir o professor como quem cuida da

aprendizagem dos alunos, aquele que não sufoca,abafa, mas aquele que liberta,

transforma seus alunos (as).

O professor é decisivo no processo de aprendizagem, ele ocupa lugar de

apoio, motivação, orientação e avaliação na vida de cada aluno (a). Maturana (2001)

chama isso de ”ponto de vista do observador”, para designar não o que o mundo

externo necessite ser observado para existir, mas que, não havendo acesso direto,

só podemos ter do mundo externo visão reconstruída a partir de dentro, é teor

hermenêutico-interpretativo.

Eis alguns relatos:

“Gosto de estudar aqui, os professores ajudam à gente, eles entendem nossa

vontade de vencer.” (Aluno do CEEBJA, 21- 30 anos).

“Estava sem estudar a 15 anos porque tinha medo que os professores não

me ajudassem à estudar.” (Aluna do EFII 31 – 40 anos).

Nessa relação busca-se a autonomia do aluno, colocando-o no centro do

processo de aprendizagem. Cabe ao professor orientar que a aprendizagem do

aluno exige condições específicas, todas de dentro para fora, Pedro Demo em seu

livro Professor do Futuro e Reconstrução do Conhecimento, nas páginas 18 a 21

destacou muito bem, procurou-se escrever aqui, algumas condições específicas,

todas de dentro para fora:

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O professor (a), o aluno (a) precisa:

Figura 4: professorcavalcante.wordpress.com/2010/12/08/o-brasil-e-o-para-avancam-na-avaliacao-do-pisa/

Pesquisar - (aprender a aprender) introduzir a metodologia e a teoria da

produção do conhecimento. Pesquisar cultiva a autonomia e o saber pensar

crítico, cabe ao professor permanecer como orientador e avaliador do que se

propõe. Através da pesquisa aprendemos que conhecer é questionar, não

afirmar; constatar, verificar; aprende-se a ler para se tornar autor; aprende-se a

argumentar, deixando de lado o argumento de autoridade e construindo a

autoridade do argumento; aprende-se a convencer sem vencer já diziam Novak&

Gowin.

Elaboração própria – toda idéia fora de nós, só entra em nossa cabeça se for

elaborada, reconstruída com mão própria. Há necessidade de orientar nossos

alunos (as) a refazerem textos, atualizar-se permanentemente, a participarem de

discussões produtivas se preparando com textos próprios.

Envolvimento - é necessário adentrar na alma do aluno, a aprendizagem exige

envolvimento profundo, não podemos esquecer que aprendemos na vida em

particular do sofrimento,do que não segue, que o aluno aprende melhor se o

fizermos sofrer (GARDENER;GOLEMAN, 2004).A dimensão afetiva é parte

integrante da aprendizagem.

Avaliação - é preciso cuidar da aprendizagem, fazer diagnóstico permanente,

para que o aluno vá aprendendo, há necessidade de garantir o direito de

aprender.

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Que articulação existe entre os professores do CEEBJA quanto às suas práticas

de avaliação e de ensino?

Que efeitos têm a avaliação interna nas motivações e no desenvolvimento das

aprendizagens os alunos?

Concordamos com Fernandes (2009) quando diz que não é fácil encontrar os

processos mais apropriados, mais adequados, para que as aprendizagens tenham

efetivamente lugar, para que os alunos tenham verdadeiramente sucesso, que

aprendam e continuem na escola.

Faz-se necessário refletir, investigar, trabalhar, é preciso muito esforço, rigor e

muita determinação para inventar, reinventar respostas necessárias.

O professor pode empobrecer ou enriquecer o currículo, pode organizar o ensino

com maior ou menor ênfase na experiência ou na resolução dos problemas. É ele a

peça fundamental para estimular e valorizar o aluno.

Os alunos podem estudar com maior ou menor orientação, compete ao professor

partilhar os conteúdos, as avaliações e utilizar uma variedade de estratégias,

técnicas e instrumento de avaliação.

A avaliação formativa tem a função principal de melhorar ou regular às

aprendizagens, ela deve ajudar o aluno a desenvolver suas aprendizagens.

Fernandes (2009, p. 158) “afirma que seria importante que as análises e as

interpretações dos resultados permitissem caracterizar o currículo que está sendo

efetivado e o tipo de efeito que esta fazendo na aprendizagem dos alunos.”

Parece claro que as considerações e as reflexões produzem uma relação muito

significativa na avaliação que se desenvolve nas salas de aula, no ensino e na

aprendizagem.

Em conversa, em reuniões na escola, os resultados mostram-nos que a

avaliação formativa,quando utilizada de modo adequado,contribui para que os

alunos aprendam mais e, sobretudo melhor.

Os alunos devem ser ativamente envolvidos no processo de suas aprendizagens

e de sua avaliação. A motivação e a auto estima tem uma influência muito forte na

aprendizagem.

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Os trabalhos, os materiais elaborados pelos alunos precisam ter as seguintes

características:

Contemplem todo ou pelo menos os domínios do currículo que são essenciais e

estruturantes,

Sejam diversificados;

Evidenciem processo e produtos de aprendizagens;

Exemplifiquem variedade e modos de processo de trabalhos;

Revelem o envolvimento dos alunos no processo de revisão, análise e seleção

de trabalhos.

Orientação - é papel do professor, apoiar o aluno do modo mais contagiante

possível, cabe exigir dele o melhor desempenho possível, levá-lo ao desafio,

estabelecendo com ele uma relação pedagógica desafiadora.

Relação pedagógica- aprendizagem implica em dependência e autonomia, o

aluno tem direito a igualdade e à diferença, é parte da sociedade e também

indivíduo específico. O professor deve ter sempre em mente diminuir a

dependência e aguçar a autonomia.

São estas sinalizações, dimensões, estratégias, que precisamos formar nos

sujeitos para que saibam pensar e aprender. Necessitamos de professor maiêutico,

aquele que em vez de lhe roubar o tempo em transmissões apelativas e decadentes,

motiva seus alunos (as) a estudar e a reconstruir conhecimento com mão própria.

O aluno precisa ser envolvido afetivamente, avaliá-lo em diferentes

momentos, tendo como ponto de partida sua autonomia, orientá-lo procurando

envolvê-lo, mas ao mesmo tempo exigindo, mostrando,cultivando sua capacidade e

sua condição de sujeito, de fazer sua própria história, conhecendo seus direitos de

igualdade quanto à diferença. Segundo Demo (2004), a aprendizagem é processo

reconstrutivo, de dentro para fora, nada entra na mente que não seja interpretado

pelo sujeito.

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Ouvimos as alunas dizerem:

“Bom, meu caso é que eu não sabia estudar, agora a professora me ensinou to até descobrindo pesquisar na internet.” (Aluna do EFII- 15 a 20 anos).

“Eu estava sem estudar há 23 anos, agora quero aprender.” (Aluno do EFII-41 a 50 anos).

________________________________________________ PARA REFLETIR

Serão estes instrumentos avaliativos, as opções metodológicas básicas do

professor em sala de aula?

Na prática do professor, as metodologias estão ligadas às diferentes ações

diárias?

Você concorda que aprendizagem é processo reconstrutivo?

Nossos educandos são capazes de construírem conhecimento com suas

próprias mãos e saberes?

Quais as análises que fazemos sobre os resultados de aprendizagem de nossos

alunos ou de nossa escola? Como as utilizamos?

______________________________________________SUGESTÃO DE LEITURA

Leia na página 91 do livro: Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e

Projeto Político Pedagógico de Celso dos Santos Vasconcellos. São Paulo –

Libertad Editora, 2010. A Poesia: Sonho Impossível. Você poderá refletir sobre

a necessidade da participação no planejamento.

Após a leitura, que tal pensar no planejamento lá dentro na sua sala de aula, no

seu aluno:

Qual foi o foco da apresentação do conteúdo?

Que objetivos/conteúdos foram trabalhados?

Que tipos de conhecimentos foram tratados: científico, cotidiano, abstrato, outro?

Qual a relação dos alunos com esse objeto de conhecimento?

Como foi a postura do professor?

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Qual foi o papel do aluno nessa aula/atividade? Por quê?

Qual foi o papel do professor nessa aula/atividade? Por quê?

Como o conhecimento foi trabalhado? Foi transmitido, construído, co-construído?

Qual foi o objetivo das interações?

Como os processos foram trabalhados?

____________________________DICAS PARA PROFESSOR DE SALA DE AULA

Precisamos compreender cada vez melhor nossos alunos, avaliar, analisar, criar

hipóteses, acompanhar o desenvolvimento das ações planejadas, avaliando

inclusive, nossas próprias ações.

Planejar de acordo com a realidade de nossos alunos, e tomar o cuidado para

enxergar quando nos afastamos, ficamos longe deles.

Registrar tudo, pois a observação contribui para a percepção da realidade, é ela

que nos faz perceber o que não parece claro e exige que a gente ouça e

interprete cada um de nossos alunos.

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Refletindo o contexto escolar

Figura 2: http://www.jivceebjaignacioasfilho.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1

MOMENTO II

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1. As contribuições das metodologias de ensino.

1.1. Uma proposta de análise metodológica e

abordagens pedagógicas na EJA

Embora considerando que a reflexão é elemento básico para o conhecimento,

sabemos que vivemos numa sociedade onde a reflexão é pouco incentivada. Isso

aumenta, cada vez mais, a responsabilidade de fazer da escola um espaço capaz de

incentivar essa capacidade tão fundamental a alunos, professores, enfim a toda

comunidade escolar.

No entanto, no processo contínuo de reflexão sobre a prática pedagógica , e

sentindo a necessidade que o ensino seja adequado aos que ingressam na escola

ou retornam a ela fora do tempo regular, onde o professor propõe,

executa,realiza,acompanha, avalia e registra as ações que desenvolve para atingir

os objetivos propostos para permitir aos educandos da EJA percorrerem trajetórias

de aprendizagens, respeitando o ritmo próprio de cada um no processo de

apropriação do conhecimento e organizar o tempo escolar a partir do tempo

disponível do educando trabalhador, aqueles que têm a possibilidade de freqüentar

as aulas com regularidade e para os que não podem freqüentar aulas com

regularidade, é possível tratar do mesmo conteúdo de formas e tempos

diferenciados.

Sugere-se que levem em consideração as experiências e percurso de vida de

cada um, com o desafio de poder dispor de mais uma possibilidade, para

enriquecimento das atividades propostas, articulando o ensino de vários conteúdos

do currículo escolar, no qual o professor elabora seu plano de trabalho docente,

tenta inserir os textos e atividades de forma mais livre para enriquecer o dia-a-dia da

sala de aula, despertando nos alunos o interesse pela aquisição do conhecimento

por meio de leitura e pesquisa.

Dentre eles destaca-se e sugere-se: poemas, letra de músicas, páginas da

Web, manuais de orientação, notícias de jornais e revistas, reportagens, história em

quadrinhos, romances, charges, receitas culinárias, leitura de cordel, bula de

remédios, normas e leis, etc.

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São esses conteúdos importantes, para orientar, trabalhar e ao mesmo tempo

informar e aguçar os alunos, atendendo suas especificidades, com uma linguagem

adequada e estruturada a partir de temas instigantes e relacionados ao seu

cotidiano, na expectativa que provoque e desafie o professor, mobilizando-o para

transformar sua prática docente.

Prática essa que depende de elementos para compreenderem a sociedade

atual de forma crítica, buscando diminuir as desigualdades, a injustiça social e ao

mesmo tempo, criando possibilidades de construir laços mais humanos na escola,

no trabalho e na vida, tendo como princípios a:

Figura 5: http://pvc-almirantenegro.blogspot.com/2010/03/estudante-participe.html

Sustentabilidade: o ser humano necessita se relacionar com a natureza, com o

mundo, produzir os meios necessários para sua existência, sobrevivência, isso

tudo é possível através do estudo, do trabalho.

Solidariedade: essa maneira de se relacionar com a natureza só pode se dar

através do auxilio mútuo, recíproco, na construção de novas relações entre

pessoas ou coisas independente.

Criticidade: o aluno necessita ser estimulado, precisamos levá-lo a refletir sobre

a realidade em que vive e atuar nela de modo transformador, com possibilidades

de uma sociedade mais justa, humana, com visão crítica a ser exercida em todos

os momentos, pois ser crítico é tentar entender as causas dos problemas, é

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saber porque as coisas são feitas de determinada forma, em determinado tempo

e ou espaço.

Criatividade: a atividade humana vai além da repetição de ações. Criar é de

suma importância para que o indivíduo se sinta valorizado, realizado, preparado

para enfrentar, novos caminhos, novos desafios, novas possibilidades.

Esse entendimento foi retirado do Caderno Metodológico da Coleção de

Cadernos da EJA, nas páginas 16 a 21, que mostra de maneira clara e evidente, os

princípios, e os caminhos para a formação de educandos cada vez mais preparados

para compreenderem o mundo em que vivem.

Percebe-se, portanto, que na natureza humana, tudo pode ser transformado,

que o educador pode e precisa assumir seu papel, recriando propostas,

oportunidades, que cheguem à sala de aula, em virtude das necessidades e

curiosidade de seus alunos. Pertinente é elaborar atividades, conteúdos de modo

integrado e interdisciplinar, propondo caminhos, alternativas e outras possibilidades.

No Caderno Metodológico da Coleção de Cadernos da EJA, nas páginas 35 a

45, você encontra algumas abordagens pedagógicas, temas e subtemas da coleção,

procurou-se aqui sintetizar algumas sugestões de cada disciplina:

Língua Portuguesa: as experiências de leitura e produção de textos procurando

a interação entre leitor, texto, professor e mundo, ampliando a produção de

sentidos no exercício de ler e de escrever, para desenvolver o pensamento

autônomo e crítico, para formar cidadãos que reflitam e questionem sobre a

língua.

Matemática: buscar sempre que possível resignificar conceitos, procedimentos,

e algoritmos matemáticos, situando-os histórica e culturalmente, aproveitando os

saberes prévios dos alunos, contextualizando e problematizando a temática, o

conteúdo em questão.

Geografia: vivemos numa sociedade historicamente marcada pela exploração

desenfreada do meio ambiente, pelas desigualdades sociais, havemos de

mostrar o caminho que busque o exercício da reflexão para a apropriação do

conhecimento amplo, consciente, crítico e transformador da realidade que nos

cerca.

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Arte: pensar em sensibilizar os educandos na arte presente em cada um de nós,

seres sensíveis à criação, sendo capaz de girar entre o real e o imaginário,

transformando o homem, ampliando horizontes e tentando compreender o

mundo que nos cerca.

Inglês: cada um tem seu tempo para aprender, cada um aprende de forma

diferente, há necessidade de familiarizar o aluno com o idioma e instigar sua

memória para compreender, textos e fala, mobilizando os saberes prévios dos

alunos, contextualizando e problematizando toda e qualquer situação.

Ciências: as atividades de ciências colocam o conhecimento científico como

ferramenta para o entendimento ou sua ampliação conceitual. Elas devem

enfocar conhecimentos específicos e aspectos como pesquisa, observação,

sistematização de dados, debates e busca de fontes de informação adicionais.

História: os alunos trazem com eles um conjunto de saberes históricos, valores

culturais, políticos, crenças, atitudes, comportamentos adquiridos. A concepção

de História, busca romper a linearidade, a fragmentação de fatos, marcos da

história de nosso município de nosso país e do mundo.

Educação Física: relacionar a disciplina com a nossa vida, evidenciando o

desenvolvimento de diferentes aprendizagens, dando oportunidade para a

reflexão, e a mudança de sua relação com o próprio corpo, promovendo a

melhoria de qualidade de vida e a transformação social.

“Aos professores cabe a missão de conquistar o aluno na escola, organizar os

conhecimentos que deverão ser aprendidos respeitando as suas vivencias através

de um planejamento que visa superar a prática inicial dos sujeitos

envolvidos.”(GASPARIN, 2007).

Nessa ação, o professor contribuirá na organização dos procedimentos

didáticos pedagógicos por meio de orientações junto aos colegas, para que de fato a

aprendizagem ocorra com sucesso e o educando permaneça na escola.

As Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA enfatizam a função social dessa

modalidade de ensino, o perfil de seus alunos, formas de avaliação, metodologia e

especificamente, os três eixos articuladores do currículo de EJA, a saber: cultura,

trabalho e tempo.

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Estes eixos deverão articular toda ação pedagógica curricular nas escolas,

sendo que foram definidos tendo em vista a concepção de currículo como um

processo de seleção de cultura, bem como pela necessidade de atender o perfil do

educando da EJA. (SEED/PR, 2005, p.37).

O tempo de aprendizagem de cada aluno deve ser levado em conta, dando

ênfase ao atendimento de suas necessidades individuais, com propostas

pedagógicas e boas metodologias que possam garantir o acesso, a permanência e o

êxito no CEEBJA.

O equilíbrio entre o tempo escolar e o tempo pedagógico na perspectiva de

um currículo com metodologia integradora e emancipadora, é especialmente

relevante na EJA. Caracteriza-se por atender os interesses e as necessidades de

pessoas que já tem um determinado conhecimento social construído, com tempos

próprios de aprendizagens e que participam do mundo do trabalho e por isso,

requerem metodologias específicas para alcançar seus objetivos. (SEED/PR, 2005,

p.47)

Paulo Freire (2006) apresenta o conceito de coerência, e segundo o

educador, não é possível adotar diretrizes pedagógicas de modo consequente sem

que elas orientem a prática, até em seus aspectos corriqueiros.

“Aprender e ensinar são processos inseparáveis. Isto acontece porque o ato

de ensinar é o ato de produzir, direta ou intencionalmente, em cada indivíduo

singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos

homens.” (SAVIANI, 1985, p.27). Este processo se efetiva quando o individuo se

apropria dos elementos culturais necessários a sua formação, humanização. O

educando quando aprende sente-se seguro, realizado, não tem vontade de desistir

da escola.

Quando o currículo é apresentado, ele define e estabelece as opções

pedagógicas, regula o campo de ação, prescrição do nível político administrativo. É

o professor que deve adaptar o currículo, ele é o sujeito, ativo, medidor, decisivo

entre o currículo e o aluno. É o momento da análise pedagógica, é a ponte entre a

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teoria e a ação, que conseqüentemente resultará na aprendizagem significativa dos

alunos.

Nele se entrecruzam inúmeras práticas e ele só se define a medida que se

prioriza matérias escolares, ele é a atividade nuclear da escola.

Os planos de trabalho docente das disciplinas operacionalizam todas as

ações configuradas na proposta curricular. São elaborados para cada disciplina, e

deve ser seguido durante cada aula pelo professor. É interessante que o professor

sempre esteja observando se em suas aulas estão presentes os elementos

constitutivos do plano de aula.

Quais são eles: conteúdo, objetivo da aula, atividades, cronograma das

mesmas, recursos, avaliação da aula e referências.

Celso Vasconcelos (2010, p.42), afirma: um bom planejamento com certeza

terá repercussão na disciplina (organização da coletividade).

Quando se trabalha com o conhecimento imediatamente precisa ser pensado

nos elementos fundamentais que organizam a ação didática do professor.

Basicamente são eles:

O que ensinar (conteúdos);

Como ensinar (forma, quando, com que, onde);

Como acompanhar (como vai o processo, como saber se estamos chegando

onde desejamos);

Como integrar o seu trabalho com os demais e da escola,

Como organizar a coletividade de sala de aula (regras, normas);

Como registrar (memória).

O compromisso com a democratização (gestão colegiada, trabalho

cooperativo, participativo, conjunto) efetivo na escola, traz ao professor o desafio de

realizar um trabalho pautado em conteúdos significativos e metodologia participativa,

integrada.

Dessa forma o (a) professor (a) terá elementos fundamentais para analisar

continuamente o caminhar de seus alunos, tanto coletiva quanto individualmente

visando o avançar, o ato de aprender em todos os momentos da sua vida, tornando-

se sujeitos ativos no processo de transformação pessoal e social, é a gestão

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colegiada atuando na escola, é o olhar voltado para o aluno como sujeito de sua

própria aprendizagem, contribuindo assim para sua permanência e primando por

uma educação de qualidade.

Pretende-se aqui sinalizar alguns fatores que contribuem para que nós

educadores, reflitamos sobre o contexto escolar, entre eles destacam-se:

Uso de materiais pedagógicos adequados;

Perfil dos profissionais;

Acolhimento dos alunos;

Conteúdos adequados;

Gestão compartilhada, trabalho coletivo;

Praticas inovadora;

Questões pedagógicas.

Serão esses fatores responsáveis pela evasão de nossos alunos?

E o corpo docente é um condicionante para o aluno se evadir?

Trabalhar com a especificidade da EJA é valorizar a experiência de vida que

este aluno já traz consigo, como trabalhador, como adulto inserido num processo de

produção e conhecimento, acreditamos que a escola possa lhe dar condições

melhores de vida, por isso que apostam e procuram por ela.

Aí um questionar-se sobre o fracasso escolar, se a ocorrência se dá na

inaptidão dos alunos ou é gerado na própria escola, assim como uma solução para

evitar tal fracasso por intermédio do professor de Educação de Jovens e Adultos.

Santos (2001) chama a atenção de que durante os percalços e interrupções

nos estudos os alunos de EJA, a exclusão precoce da escola ocorre também na

escolarização tardia, resultado da baixa escolaridade, que acarreta

constrangimentos sociais diversos.

A autora retrata que por mais que seja importante ampliar a compreensão da

exclusão e da reinserção enquanto fenômeno do sistema educacional brasileiro,

não se considera que tais fenômenos constituem experiências que sujeitos

específicos vivenciam em momentos determinados de sua vida.

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Dessa forma, o professor exerce papel determinante e de grande

responsabilidade tanto pelo sucesso quanto pelo fracasso escolar de qualquer um

de seus alunos.

Pensar na real função do professor é refletir constantemente sobre as ações,

é definir a função na prática escolar (sala de aula), pois necessitamos buscar

subsídios teóricos e práticos que possam contribuir na melhoria e crescimento de

nossos alunos.

Reconhecer que se sabe pouco sobre as culturas com as quais trabalhamos

no dia-a-dia e, mais do que isso, pesquisar sobre as manifestações e ações

resultantes, bem como garantir o reconhecimento do “outro”, faz parte das

necessidades mais imediatas na escola, trata-se de uma caminhada cujos atalhos

deverão ser construídos enquanto se caminha.

Nesta direção afirma-se que as práticas educativas devem estar

fundamentadas, aos educadores cabe a tarefa de conhecer as trajetórias e

especificidades presentes no senso comum a fim de estabelecer diálogos

pedagógicos mais interculturais, mais reflexivos e menos excludentes.

Segundo Vygotsky (2003) a aprendizagem resulta da interação entre as

estruturas do pensamento e o contexto social, num processo de construção e

reconstrução, pela ação do sujeito sobre o objeto a ser conhecido. Para ocorrer

aprendizagem seria necessário o enfrentamento de situações desafiadoras que

propiciem ao aluno chegar a patamares mais elaborados do conhecimento,

necessitando de intervenção de outros sujeitos.

A intervenção pedagógica pode ter um amplo alcance, requerendo

responsabilidade e compromisso por parte dos professores, o de transformar a

escola num espaço de reflexão.

Nas perguntas organizadas no questionário para os professores responderem,

optamos por esses fatores, e será necessário, que eles indiquem quais são os que

mais contribuem para o aluno se evadir e também que apontem além desses outros

fatores que leva o aluno a evadir-se.

Eles também se mostram preocupados com a maneira de agir para que o aluno

aprenda e continue na escola, acham que precisam ser mais dinâmicos e

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motivadores e que na EJA as aulas devem ser dadas, procurando entender à

realidade sócia cultural do aluno relacionando-a com os conteúdos. As perguntas

serão relacionadas a estas situações e provavelmente indicarão mais situações que

contribuem para a evasão.

__________________________________________SUGESTÃO DE LEITURA!

Indicamos a leitura do caderno do professor e do caderno metodológico.

Título: Coleção Cadernos de EJA.

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD)

[email protected]

O material poderá ser acessado e os professores cadastrados para interação com

as atividades.

__________________________________DICAS PARA UMA GRANDE AULA!

Que tal fazer uma aula diferenciada, usando uma nova metodologia, num lugar,

espaço diferente!

Conhecer as características específicas do CEEBJA também permite uma melhor

compreensão das ações nela ocorridas, sua história, seu perfil, pode auxiliar na

definição de formas de transformar as práticas nela existentes de modo

evolucionário, como nos sugere Kemmis.

Quais os traços marcantes na definição da escola traçados no PPP?

Quais os princípios essenciais da escola?

Como o CEEBJA se posiciona em relação à postura teórica e metodológica? (se

possível falar de cada disciplina).

Como funciona a burocracia da escola?

Quais são as regras da escola?

Certamente esta aula possibilitará aos alunos, a melhor compreensão do

processo educacional, uma reflexão crítica, uma base teórica e prática do trabalho

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que será desenvolvido, bem como o papel que cabe a cada um

(educando/educador) no contexto escolar.

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1.2 Uma reflexão sobre as questões Curriculares e as Práticas

Pedagógicas.

Tendo como ponto de partida o cotidiano vivido e na possibilidade do diálogo

como forma de aprendizagem com o outro convidamos você professor, a olhar a

proposta curricular, pensando, compreender e interpretá-la, como se fosse um texto,

sugere-se também, que você leia o livro Educação de Jovens e Adultos: currículo e

práticas pedagógicas de Valdo Barcelos, que nos inspirou e nos deu condições para

produzirmos esse texto.

A leitura e a escrita são vistas como mais uma forma de produzir

conhecimento, como manifestações de vir a ser humana/humano.

Partindo dessa possibilidade de tornar a Proposta Curricular como um “texto”

e empenhados em um esforço comum, o de buscar alternativas de intervenção nas

questões curriculares e nas práticas pedagógicas, onde podem surgir espaços para

as diferentes leituras e representações da realidade, as nossas práticas

pedagógicas e experiências curriculares podem ser observadas como o mundo pode

ser “lido, interpretado” como um texto, pode-se começar, no entanto, dificilmente

poderíamos chegar a uma conclusão, interpretação última, definitiva ou

verdadeiramente correta.

A leitura, a interpretação pode ser realizada de forma completamente

diferente dependendo de cada leitor, tema, da situação, a ser interpretada.

A interpretação de um tema educacional vai além de uma análise gramatical,

semântica, sintática. Significa trabalhar com o texto rompendo barreiras, limites,

possibilidades. Isto não só é possível, como se torna necessário, do ponto de vista

de uma proposta pedagógica de características interculturais. (FLEURI, 2003)

Certamente se interpretarmos um tema como um texto, estaremos abrindo

espaços, ampliando limites, para a construção e exercitando o discurso,

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problematizando o assunto em seus limites e formas, também estaremos

provocando uma análise, para questionar, problematizar, inclusive o próprio texto

original em seus limites e formas.

O texto seria, assim, trabalhado como um “gerador de sentidos que, de modo

mais ou menos explícito, indaga a forma como os sentidos se produzem” (SANTOS

1999, p. 150).

Essa maneira de trabalhar provoca um processo de troca de idéias, de

diálogo e de ressignificação, entre alunos e professores, daquilo que está sendo

colocado como objeto de estudo.

O principal objetivo é o diálogo, pois nele é que são nítidas as diferentes

interpretações do que colocamos em questão “o texto” o conteúdo abordado.

(SANTOS, 1999, p.150)

A vida é um tecido, quase um texto. Melhor dizendo, um texto é um tecido não

apenas de palavras, mas também de experiências e visões. (PAZ, 1994)

O autor pretende mostrar, as possibilidades de “leitura do mundo”, com a

inclusão no universo “lido interpretado” de homens e mulheres que interpretam em

seu espaço e tempo de vida. Como um pedaço da história constantemente aberto

com múltiplas possibilidades humanas, na produção do conhecimento e/ou saberes,

em busca de entendimento e de cada vez mais, de conhecimento. Um texto que

jamais será único, a medida que é tecido pelos sentimentos, emoções e

subjetividades.

Pensando como “texto” na Proposta Curricular, no Plano de Trabalho Docente

e na Prática Pedagógica, conseqüentemente estaremos contornando ou diminuindo

as dificuldades para a realização de iniciativas na Escola. Se não temos um

momento aberto para a discussão de temáticas como proposição de metodologias

diferenciadas, um currículo escolar aberto ao diálogo entre as diferentes disciplinas

ou áreas de saberes, jamais estaremos assumindo nossa participação ou nossa

parcela de responsabilidade sobre o que estamos trabalhando, fazendo.

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Visando compreender as questões curriculares e as práticas pedagógicas são

necessárias repensar as práticas educacionais escolares, rever porque o aluno se

evade, a busca de uma “interpretação”, o destaque para a importância do diálogo

entre os diferentes conhecimentos. Pois ao “interpretar” cada pessoa o fará por meio

de suas representações e também de seus conhecimentos, que podem ser

permeados por outras formas de saberes, como: o saber ético, o saber popular, das

experiências ligadas à maneira de seu viver.

Percebe-se que a educação em geral, hoje, está cada vez mais procurando

estabelecer diálogos entre diferentes formas de saber, é a comunidade em ação!

As alternativas curriculares, também não podem prescindir deste diálogo, pois

como entender os problemas de nossos alunos, sem dialogar, por exemplo, com os

mais idosos, com os mais jovens, para saber: quais suas prioridades, preferências,

necessidades imediatas, quais seus desejos sobre: trabalho, estudo, saúde, família,

lazer, necessidade de vida?

Sabemos que temos que buscar aproximação com todos os envolvidos, mais

uma vez, percebe-se o “diálogo” como possibilidade importante na produção do

conhecimento, na análise da Proposta Curricular, no plano de trabalho docente para

tornar visível por meio de diferentes interpretações, as contradições, oposições e

conflitos inerentes a esse processo tão importante, que envolve a vida de cada um

de nossos alunos, professores, comunidade em geral.

A reflexão permanente sobre as questões elencadas tem grande mérito: o de

criar possibilidades para encontrar sugestões, soluções, para obter êxito, na escola,

no trabalho, na vida.

As alternativas curriculares e as práticas pedagógicas haverão de dar

possibilidades para a reflexão, pois é do confronto e do diálogo, que poderão surgir

novas e criativas formas de vivência, convivência na escola, que tenha...

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Uma educação em geral e uma prática curricular e pedagógica, em

particular, que estejam sinceramente comprometidas com a construção de

um mundo mais apaziguado e onde a emoção que predomine seja o amor

não poderão deixar de ouvir e refletir sobre as diferentes narrativas, vozes,

silêncios, venham elas, aonde vierem. Por mais “estranhas” que nos

possam parecer merecem ser escutadas a partir de critérios de paz,

solidariedade, justiça social, fraternidade, democracia, amor e ecologia.

(BARCELOS, 2010, p.48)

Percebe-se, que o autor coloca, que cada um de nós, estudiosos da proposta

curricular, “professor”, faça a leitura do texto curricular, o fluir de nosso saber,

procurando caminhos, direção, para a construção de uma Escola: participativa,

solidária e não competitiva, excludente, discriminatória. Haveremos de buscar

solução para que o aluno não se evada, permaneça na escola!

Acredita-se que nesse momento, também o professor possa inovar e venha

desafiar o corpo docente, apresentando proposições, de uma metodologia

alicerçada por um texto metodológico próprio que busque a produção do

conhecimento dos alunos e do professor, para que reflitam sobre suas práticas

pedagógicas e venham a construir novos textos metodológicos, com a preocupação

de formar cidadãos sensíveis, intuitivos, felizes, e que sejam competentes para

contribuir na vida em sociedade, garantindo assim um futuro melhor.

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PARA DIALOGAR!

Tendo o diálogo como produção importante para o conhecimento, discuta com

seus colegas sobre as temáticas abaixo relacionadas:

Proposta curricular (fundamentos teóricos)

DIFICULDADES

1.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

POSSIBILIDADES

1.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Direitos Humanos (Regimento Escolar – atribuições do aluno e do professor).

DIFICULDADES

1.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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POSSIBILIDADES

1.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Plano de Trabalho Docente, Metodologias e práticas de ensino. (apresentação dos

planos e possibilidades metodológicas).

DIFICULDADES

1.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

POSSIBILIDADES

1.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4.__________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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_________________________________________________________SUGESTÃO

Após discussão, que tal criar um texto abordando todos os temas contando as

dificuldades encontradas e apontando as possibilidades de avanços.

Procure expor esse texto para que todos tenham acesso na Escola e que

possam discutir e analisar se houve avanços a partir do trabalho proposto.

Lembre-se: ”É a comunidade em ação!”

_____________________________________________________PARA REFLETIR

No dia-a-dia na escola propomos novos caminhos, novas metodologias?

Afinal, o plano de trabalho docente é um instrumento facilitador do seu trabalho

diário, ele é flexível?

Você já pensou quais são os motivos mais comuns que levam o professor a

mudar sua prática pedagógica?

Que tal escrever um texto diário do trabalho que você realizou isso poderá ajudar

a perceber se está conseguindo avanços!

Com vistas nas figuras 1 e 2 deste caderno pedagógico, reflita e compare-as com

a proposta do título desse material.

“Há relação entre evasão escolar e metodologias de ensino na educação de

jovens e adultos? Realmente é uma questão para análise?”

Encerra-se esse caderno com o pensamento:

“Que se reconheça: mudar a realidade não é absolutamente fácil! É a meta a

ser alcançado, um ideal que dá sentido ao caminhar. Se não sonhamos mais, se não

desejamos, se não temos a esperança crítica, o que estamos fazendo na escola, na

vida?”

VASCONCELLOS (2010, p.91)

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REFERÊNCIAS

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FERNANDES Domingos. Avaliar para Aprender- Fundamentos, práticas e políticas- Editora UNESP- São Paulo,2009. FRANCO, M.A.S. Pedagogia da pesquisa-ação. Revista Educação e Pesquisa. São Paulo, v.31, n.3, p.483-502. Disponível em HTTP: //www.scielo.br. Acesso em 18-08-2010. Moacir Gadotti, José E. Romaõ (Orgs.)- Educação de Jovens e Adultos - Teoria,

prática e proposta.

PARANÁ. Governo do Estado. Diretrizes Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos. 2006

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Pedro Demo, Professor do Futuro e Reconstrução do Conhecimento, Editora

Vozes. 2004.

SANTOS, G L.; SOARES, L.J.G. Educação ainda que tardia a exclusão da escola e a reinserção em um programa de educação de jovens e adultos entre adultos das camadas populares. 2001. SECRETARIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos, (Versão Preliminar- Curitiba: SEED/PR, 2006). VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político Pedagógico, São Paulo – Libertad Editora, 2010.