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1 ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL NOSSA SENHORA DE FÁTIMA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS CONTA HISTÓRIAS... Caderno 6 2012/2013

Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

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Produções do coletivo de professores e alunos da EMEF Nossa Senhora de Fátima.

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Page 1: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

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ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

CONTA HISTÓRIAS...

Caderno 6 2012/2013

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CRÉDITOS

EMEF Nossa Senhora de Fátima Rua A, n.15 – Bom Jesus Porto Alegre-RS Tel. (051) 3338-3695 [email protected],com.br Coletivo de Educadores - Educação de Jovens e Adultos: André Rodrigues Horta (Matemática), Andréia Brugalli (Ts Iniciais), Carlos Eduardo Berwanger (Ed. Física), Éverton Eliéser Dias Silva (Inglês), João Nely Niederaurer (Ed. Física), João Rudimar Kunz (Biblioteca), Kelly da Silva Moraes (História), Mara Denise Medaglia Leães Martins(Bibioteca) Marcia Nunes de Vargas (Arte Educação), Marisa Flores (Totalidades Iniciais), Miriam Moschen Silveira (Ciências), Suzane Hubner Alves (Geografia), Suzi Maria Petró (Português), Coordenação Pedagógica: Marco Mello Coordenação Cultural: Marcos Flores Biblioteca: João Rudimar Kunz Vice-Direção: Maria de Lourdes Morey Pivetta Fabiana Muller Machado Diretor: Sérgio Mayer Produções: Educandos das Totalidades 1 a 6, durante os anos letivos de 2012 e 2013. Arte da Capa: Luiz Francisco Vaz Silveira Fotografias: Educadores e Educandos da EJA, Coletivo da Cooperativa de Comunicação Comunitária

HORTA, André; KUNZ, João Rudimar; PETRÓ, Suzi Maria; MELLO, Marco (Orgs.) A Educação de Jovens e Adultos conta Histórias... Porto Alegre: EMEF Nossa Senhora de Fátima, Educação de Jovens e Adultos,

2012/2013, n.6.

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ÍNDICE

Apresentação 6

Introdução Capítulo I – Histórias de vida: produções a partir da leitura de Simone Saueressig Caça-Palavras - Ts iniciais e profª Andréia Brugalli 10

A Superação em Pessoa - Ariel Naiara – T5 11

O Menino de Ipanema - Mariana Tavares da Silva – T5 13

Uma Menina Rebelde - Murillo Machado Silva – T5 15

Novo Rumo - Jean Felipe Lima da Silva – T5 16

A Família do Campo - Adilson Dias - T5 18

A Dor de uma Perda - Francielle Souza – T6 20

A História de um Menino - Cleidielen da Luz – T6 21

A Noite de Cláudio - Filipe Santana Mendonça – T6 22

A Vida de Natacha - Tamires Silva da Silva – T6 23

A Morte Bate na Porta - Maxsuel Oliveira - T6 24

Capítulo II – Liberdade

A Suposta Liberdade - Erick Messias Neves – T5 27

A Liberdade de Pensar - Dienifer Franciele Santos - T6 28

Liberdade - Juliane Silva de Moura - T5 28

A Conquista da Liberdade - Tiago Soares - T6 29

Capítulo III – Heróis e heroínas do cotidiano

Uma Heroína - Marimar Gonçalves - T5 32

Minha Heroína - Marcos da Silva - T5 32

Obrigado por Existir - Brenda Nunes da Silva T5 33

Uma História de Superção - Thalia Lima – T4 34

Meus Heróis - Juliano Fraga de Souza – T4 35

O Exemplo do Thiago - Tiago Medeiros - T4 35

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Heroínas - Alisson Gomes – T5 36

Se todas Fossem Assim - Pâmela Ribeiro – T5 37

Heróis sem Superpoderes - Daniela Albu. - T5 38

A Dona Jussara - Stephanie Santos - T4 38

Uma Guerreira -Keila Mirelly Oliveira – T4 39

Sonho de um Jovem - Camila Martins – T6 40

Meu Pai e minha Mãe - Geovane Savicki - T6 41

O Esforço compensa - João Carlos Fernandes – T6 42

Superação - Kerolin Alexandra Silva Santos - T6 43

O Guri - Luis Felipe Alves da Silva - T 6 44

Capítulo IV - Periferia lado bom: Uma (nova) leitura de

mundo a partir da obra de Ferréz.

Análise do conceito de Literatura Marginal: 47

Contos e Crônicas: proposta de trabalho: 47

Produção Escrita 47

Documentário Literatura e Resistência 48

Análise da proposta de alguns romances do escritor 48

Trabalho Interdisciplinar 49

RAP Como Poesia e Proposta Social - Prof. Magda Teresinha

da Silva e alunos(as) da C30 50

Gabriela Linhares 51

Marcelo R. S. Júnior 52

Jéssica R. de Rodrigues 52

Ismael Pedroso 53

Análise de Charges 54

Beleza Negra 55

Favelas de Papelão e a Estética da Periferia 56

A Experiência da Realização de um Curta Metragem na EJA

57

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Vida na Periferia 58

Produções textuais: o estudo da narrativa curta e o recurso da

intertextualidade 59

O Grande Assalto

Recontado por Bruna Mariane Silva– T6. 60

Recontado por Isaac Cordova de Oliveira - T5 61

Recontado por Kerolin e Marco Aurélio – T6 62

Fábrica de Vilões de Ferréz

Recontado por Brenda Nunes e Juliano Fraga - T5. 63

O Estudo e a produção da Enumeração Caótica 64

Ferréz - Keila, Thalia e Tiago – T4 64

Fragmentos - Keila, Tiago e Stephanie - T4 65

Voz 470 66

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APRESENTAÇÃO

Para ouvir o que o outro tem a dizer é preciso escutar.

Os alunos da Educação de Jovens e Adultos da EMEF

Nossa Senhora de Fátima têm muito a dizer. Querem falar

sobre seu cotidiano de luta e sofrimento; falar sobre as

injustiças e mazelas sociais; falar, sobretudo, de um país que

ainda não é para todos.

Para além dos dramas e tragédias pessoais, o que

permeia esses textos é um desejo profundo de vida, de vida

digna, de busca incessante pela felicidade, pela superação da

dor mirando no exemplo de heróis do cotidiano.

Os alunos e professores trazem o 6º caderno com suas

produções que refletem sua trajetória, sua história. É

fundamental escutar o que eles têm a dizer pois seus textos

são repletos de um desejo profundo de superação. Parabéns a

todos!

Convido, você leitor, a ler e escutar estas histórias

fascinantes. Muitas parecem ficção; outras, a mais pura e nua

realidade.

Sérgio Luís Mayer - Diretor

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INTRODUÇÃO

Todos nós temos algo a contar, a narrar, a refletir desde o vivido e do imaginado. E fazer isso, no contexto da uma escola pública que atende estudantes jovens, adultos e idosos adquire um significado ainda mais especial. Trata-se de lutar com a palavra, de recuperar a humanidade muitas vezes perdida ou roubada, de acender novamente a chama da esperança e alimentar sonhos e lutar por uma vida melhor, que passa necessariamente pelo acesso, permanência e sucesso na trajetória escolar, muitas vezes acidentada, que caracteriza o perfil dos estudantes da EJA Esta é uma mostra significativa do trabalho realizado ao longo de 2012 e 2013 pelas Totalidades de Conhecimento da EJA da EMEF Nossa Senhora de Fátima, cujo volume 6 temos a satisfação de apresentar. A realidade vivida pelos alunos e alunas da EJA tem como características a fragilidade social, exclusão, drogadição, tráfico e subemprego. A comunidade está na expectativa de mudanças na organização territorial das famílias da Bom Jesus, em função da expansão de um grande empreendimento imobiliário que tem tensionado os moradores quanto à incerteza de sua permanência neste espaço. Encontraremos aqui nos quatro capítulos que compõem este Caderno o resultado de um trabalho coletivo e em muitos momentos interdisciplinar. Com esta publicação "A EJA Fátima conta histórias" reafirmamos o compromisso da divulgação da produção de nossos educandos e educandas que evidencia o processo de amadurecimento e reflexão em relação às suas aspirações. Ler e escrever o mundo com emoção, criatividade e compromisso é talvez uma das principais tarefas da escola pública popular. Acreditamos nisso e convidamos a que você adentre nesse universo que essa publicação possibilita. Venha se emocionar e aprender com a arte de viver, com as histórias de superação, com o jogo de cintura e os sonhos que povoam o imaginário desses jovens.

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I – Histórias de vida:

produções a partir da leitura

de Simone Saueressig

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No ano de 2012 fomos contemplados com a visita da

escritora Simone Saueressig à nossa escola através do projeto

Adote um escritor.

Para conhecê-la melhor, acessamos seu blog e lemos

uma série de seus textos. Inspirados nessa leitura, os alunos

criaram as suas histórias e fizeram cartazes e outros trabalhos

manuais.

Os alunos das Ts Inicias leram as crônicas A balconista,

Hibernação, Caixa de Pandora e Matéria-prima. A partir desta

última fizeram vários objetos e brinquedos com sucatas,

criaram caça-palavras e fizeram pesquisas sobre a utilidade do

material reciclável. Os da T5 leram várias crônicas e o conto O

galpão e criaram as suas histórias inspirados nessas leituras.

Os da T6 leram várias crônicas e o livro Um vulto na escuridão

e a partir dessa leitura criaram as suas histórias.

Simone Saueressig é escritora de texto denso, cheio de

realidades extremas, capazes de produzir emoções fortes no

leitor. Como ela mesma diz em sua crônica Tapada: “Porque

para mim, particularmente, a palavra e a leitura têm que ser

isso: prazer, verdade pessoal, desejo. Viver na cobertura deve

ser bom, mas é na calçada que a literatura de verdade é

escrita, mesmo que esteja recheada de sacis, gnomos, bruxas

e cavaleiros andantes. O resto não é literatura, é matemática;

matemática financeira”.

A seguir são apresentados os textos produzidos pelos

alunos. Também eles falando de vivências marcantes, cheios

de vida e de realidade, bem ao estilo da escritora que leram e

adoraram.

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CAÇA-PALAVRAS

Ts iniciais e profª Andréia Brugalli

Encontre 7 palavras relacionadas ao trabalho

desenvolvido sobre o projeto adote um escritor.

No mês de novembro desse ano, receberemos pelo

projeto adote um escritor, a escritora gaúcha Simone

Sauerssig.

Lemos vários dos seus contos, como: caminhada, a

balconista e hibernação e escolhemos o que se chama

matéria-prima.

Esse conto fala da ferramenta mais poderosa da espécie

humana: a imaginação.

Gostamos tanto do que lemos que resolvemos juntar

muitos materias e sucatas.

Soltamos a imaginação, criando muitos objetos.

Estamos ansiosos pelo Adote um escritor do próximo

ano.

M A N C I O M X I W I R R B C D A N B Y C S B O Z E U

I S X Z H J A T C A G N Z O E X T Y W B C F G A I J Z

T E O C O N T O S F H M N R Z V I C V D J K L E N F E

V Z F G J K E I R R T E S C R I T O R A M S R A I T O

F A G I Z L R A C O T S U U M T P D Z B P S C K L W Y

H D R O T S I Z A E K C C X I M W C R P R Z T O I H S

Z O B F D V A J N Z R S A E P Q E K P O K T S G H T I

B T O S H Z P N M S S Ç T U V Q I L T F X V D F E G W

N E J S M W R G T P Q A A L I T I M A G I N A Ç A O U

O J L Ç V A I G R S T O R P Q I Y J E D Z M K X Y V E

C K R Y L S M S Y X W K P M D F U S K L J U N E S X O

P R T M U I A S D J H O Z R E S I M O N E H T I K L E

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A SUPERAÇÃO EM PESSOA

Ariel Naiara – T5

Era uma vez uma menina chamada Juliana. Ela tinha 14

anos e morava com sua mãe e dois irmãos. Juliana nunca

conheceu seu pai, mas nem por isso era uma menina diferente

das outras de sua rua. Ela era alegre, divertida e carinhosa.

Além disso, Juliana era muito estudiosa e obediente. Ajudava

sua mãe que trabalhava fora sem reclamar, pois sabia que sua

mãe precisava de ajuda em casa, já que ficava o dia todo fora

de casa e voltava à noite cansada de tanto trabalhar. Juliana e

sua mãe não tinham muita intimidade por culpa do trabalho e

do pouco tempo que sua mãe tinha livre. Ela então passava a

maior parte do tempo cuidando dos seus irmãos e quando eles

iam para o colégio ela ficava na internet desenhando e nas

redes sociais. Como ela sempre foi uma ótima aluna, sua mãe

nem se preocupava muito com suas notas. Mas Juliana chegou

em casa com uma nota vermelha e sua mãe a proibiu de mexer

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no computador. Na verdade ela estava com problemas na

escola porque tinha uma garota que vivia implicando com ela.

Então ela contou para sua mãe mesmo com medo e essa

menina foi expulsa do colégio. Juliana passou por vários

problemas por causa disso e já não era mais aquela menina

estudiosa que sua mãe conhecia. Ela saiu do castigo e voltou a

usar o computar direto. Em um dia normal Juliana estava no

MSN conversando com suas amigas da escola quando sua

prima a chamou para conversar e começou a contar que tinha

um menino da sua escola que queria conhecê-la. Sua prima

então viu que seu amigo estava online e convidou Juliana para

conversarem juntos. Ela aceitou e começou a conversar com

esse menino que se chamava Lucas. Ele tinha 16 anos e eles

se tornaram grandes amigos. Conversavam todos os dias, sem

falta. Eles entravam na internet ao mesmo tempo para não

perderem nem um tempo da sua conversa. Mas Juliana tinha

um problema: ela estava gostando do Lucas e queria ser mais

que uma amiga. Então ela contou a ele, que respondeu a

mesma coisa: que queria ser mais que um amigo dela. Juliana

e Lucas marcaram de se encontrar no dia 27 de fevereiro, às

15h30m na casa de sua prima. Quando Lucas chegou lá, ela

ficou encantada e abriu um baita sorriso. Juliana havia

encontrado o amor de sua vida sem nem encostar nele. Ela já

sabia disso e era verdade. Juliana começou a namorar e eles

se viam quase todos os dias. Mas uma grande coisa estava

para acontecer: Juliana estava grávida de Lucas. Apavorada,

achando que ele ia querer terminar o namoro, ligou pra ele

contando e perguntando o que faria com a gravidez. Por um

momento passou pela sua cabeça abortar, mas seu namorado

disse que isso era errado e que ele assumiria o bebê. Eles iam

dar um jeito e iam criar a criança juntos. Lucas imediatamente

arrumou um emprego e Juliana tinha que criar coragem para

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contar a sua mãe. Ela contou. Sua mãe ficou muito triste ao

saber, mas disse que nada iria mudar, exceto sua adolescência

que ia ter que esperar um pouco, pois ela ia ser mãe e teria

que aprender a cuidar de um bebê. Isadora nasceu. Era uma

menina linda, grande e saudável. Juliana esperou ela fazer

alguns meses e voltou a estudar para terminar o colégio e se

formar para depois conseguir um emprego bom e que não

tirasse tanto do seu tempo com sua filha e com seu namorado

pois, Juliana levava uma lição da vida. Ela não queria que sua

filha passasse pelo mesmo problema que ela havia passado na

infância com sua mãe: a falta de comunicação. Juliana queria

estar o tempo todo ali do lado de sua filha. Ficar com ela nas

horas difíceis e nas horas boas e alegres. Ela arrumou um

emprego ótimo e podia passar o resto da tarde com sua filha e

seu namorado. Eles foram morar juntos e criaram a sua própria

família. Hoje Juliana tem 25 anos e Lucas tem 27. Sua filha

Isadora já está enorme, com 10 anos. Eles construíram uma

casa enorme e Isadora tem um quarto só para ela, todo rosa,

com brilho. Coisa que quando pequena Juliana nunca havia

podido ter porque era a mais velha e seus irmãos é que

ganhavam as coisas. Hoje Juliana é feliz e não ficou magoada

ou triste com sua mãe pela falta de carinho e atenção quando

era pequena. Muito pelo contrário ela usou isso como

experiência e nunca deixou nada faltar para sua filha. E vive

ainda muito feliz com sua vida e sua família, lembrando que

essa vida de hoje antigamente já foi muito complicada.

O MENINO DE IPANEMA

Mariana Tavares da Silva – T5

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Era um dia um menino que se chamava Felipe. Ele

morava com sua mãe Marlene, seu pai Matheus e seus dois

irmãos, a Júlia e o Júlio. A vida deles era muito boa e feliz, até

um dia sua mãe sofrer um acidente quando estava na parada

de ônibus. Um carro atravessou o ponto de ônibus onde ela

estava, bateu nela e infelizmente ela ficou doente (afetou a

mente dela). Ela só não podia sair sozinha; o resto ela fazia

sozinha.

Depois do acidente, já fazia um ano, o pai de Felipe

começou a beber. E ele não se cuidava mais. Depois de um

tempo ele foi ao médico. O médico falou que ele estava

sofrendo de abstinência ou de mal estar físico ou mental por

falta do álcool. Os irmãos do Felipe não iam mais à aula. E

também andavam com pessoas que usavam drogas e até

roubavam e matavam por dinheiro. E às vezes por diversão,

quando estavam drogados. Só o Felipe que não entrou nessa.

Ele continuou a cuidar de sua mãe quando podia.

Depois de um tempo a Júlia e o Júlio começaram a fumar

drogas. A mãe, dona Marlene, não conseguia tomar conta da

Júlia nem do Júlio. Daí ela conseguiu um abrigo para deixá-los.

Ali no abrigo continuaram arrumando problemas. A dona

Marlene ficou muito triste por ficar longe deles. Mas sabia que

ia ser bom para eles. Só que eles não conseguiam ficar no

abrigo e também começaram a roubar o abrigo: algumas

coisas como TV, rádio, roupas das crianças, tudo para trocar

por drogas. Eles fugiam todas as vezes que se sentiam presos

e quando sentiam falta das drogas.

Um tempo depois o Felipe foi para o abrigo porque ele

andava sujo e sozinho pela rua. E também não ia mais à

escola. Até que um dia o juiz foi na casa dele buscá-lo. A dona

Marlene ficou muito triste porque achava que não ia mais vê-lo,

mas ela conseguiu uma sapiencial para pedir para ir ver o seu

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filho lá no abrigo. O acordo foi que ela podia ir vê-lo de 15 em

15 dias no abrigo. Ela ficou muito feliz por ele ter uma chance

de ter uma vida melhor do que seus irmãos e ter uma boa

educação.

Enquanto o Felipe e a dona Marlene estavam passando

por tudo isso, seu pai foi internado numa clínica para

recuperação de dependentes de álcool e seus continuavam a

usar drogas perigosas, tipo LSD e cocaína, que já estavam

afetando os sentidos de sua consciência e seus irmãos

sentimentos pela própria mãe. E depois de um tempo um outro

irmão, o Vinícius, morreu por causa das drogas que ele usava

diariamente. E a Júlia foi internada numa clínica de

recuperação de dependentes químicos.

Já fazia muito tempo e ela já estava muito melhor do que

antes. Sua mãe ficou muito feliz por ela ter saído das drogas. E

quando era tempo começou a dar tudo certo para a família de

dona Marlene. A Júlia e o Felipe estavam se comportando.

Depois de um tempo a Júlia saiu da clínica recuperada e tinha

uma surpresa que ninguém estava esperando. Naquele tempo

quando ela foi para a clínica ela estava grávida de um belo

menino chamado Michael. A sua mãe ficou muito feliz com o

netinho e com todos os filhos que restaram, mas sentia muita

falta de seu filho Vinícius. Mas fazer o quê? Não deu tempo de

salvá-lo; já era muito tarde.

O marido de dona Marlene, depois de 7 anos, já estava

quase libertado da bebida. Então ele pôde voltar para sua

casa. Assim eles viveram felizes para sempre.

UMA MENINA REBELDE

Murillo Machado Silva – T5

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Era uma menina chamada Lucinda. Era muito rebelde,

não trabalhava e não queria nada da vida. Roubava para ir ao

baile e comprar drogas. Ficou devendo dinheiro para o

traficante. Ele a levou para o mato e a estuprou. Ela falou para

mãe, mas a mãe dela não deu bola pra sua filha e mandou-a

embora de casa. Sem dinheiro, foi roubar em uma casa e não

sabia que nesta casa morava um policial. Tomou um tiro e foi

para o hospital. Depois de duas semanas foi pra casa. Três

meses depois voltou ao hospital e soube que seu filho nasceria

com problemas e prometeu a Deus que se seu filho

melhorasse não roubaria mais ninguém. Poucos meses depois

seu filho nasceu e, como ela prometeu, arrumou um emprego e

ajudava famílias carentes e pessoas desabrigadas. Depois

soube que tinha uma doença transmissível muito forte que não

tinha cura. Sentada na porta de casa seu filho olhou para seus

olhos e disse:

- mãe eu te amo muito.

Cansada, ela deitou em sua cama, fechou os olhos e

morreu. E foi lembrada como mãe Lucinda.

NOVO RUMO

Jean Felipe Lima da Silva – T5

Era uma vez um garoto muito levado que se chamava

Lucas. Ele era era um garoto muito pegador. Ia em festas e em

aniversários só para ficar com as gurias das festas.

Um certo dia ele saía cedo para jogar o lixo fora e se

encontrou com uns vizinhos dele que iam à igreja. E

aproveitando, os vizinhos o convidaram para ir também e

Lucas respondeu:

- Hoje não. Quem sabe amanhã!

Page 17: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

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E um dos vizinhos respondeu:

- Você já pensou pra onde você vai se Jesus voltar

amanhã?

Depois de fazer essa pergunta foram à igreja. E aquela

pergunta incomodou o Lucas pelo resto do dia. Passado um

dia, Lucas, indo para o colégio de ônibus, viu uns mendigos na

rua pela janela e pensou: será que o que eu estou vivendo é o

melhor? Depois disso lembrou do que os vizinhos dele tinham

falado e fez a mesma pergunta a um amigo e o amigo

respondeu:

- Ah Lucas, eu vou querer ir à igreja só quando eu ficar

bem velhinho!

No dia seguinte o amigo dele morreu porque foi

atropelado. Por isso Lucas pensou: vou na igreja, pois quero

ver quem é esse Jesus de quem eles me falaram.

Então ele foi a igreja e chegando lá ele encontrou com os

seus vizinhos e de novo um deles perguntou para o Lucas:

- Pensou?

E Lucas respondeu:

- Estou confuso e quero saber quem é esse Jesus a

quem eu vejo vocês adorarem tão felizes. Olhando vocês

pensei que minha vida não é tão feliz quanto a de vocês e eu

tenho tudo que eu preciso. O que me falta? E um dos seus

vizinhos respondeu:

- Falta paz em sua vida agitada, falta descanso de

incomodações e, principalmente, falta um amigo verdadeiro,

que não minta, que seja aconselhador, que o apoie em suas

decisões. Quer que eu fale o nome dele? É Jesus Cristo !!!

E depois disso ele começou a estudar a bíblia e a

conhecer Jesus Cristo. E passou tempos de estudo e começou

a pensar em seus erros e começou a se desculpar com as

pessoas a quem ele magoou.

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Depois se tornou um grande missionário.

A FAMÍLIA DO CAMPO

Adilson Dias - T5

Era mais ou menos o ano de 1942 em quando uma

família saiu de sua cidade natal, para ser mais preciso do

interior, para tentar uma vida melhor na cidade grande.

Chegando na cidade, o homem, pai de família, foi

procurar um lugar para morar com sua família. Ele tinha quatro

filhos que se chamavam: Rubem, José, Jéssica e Benjamim.

Rubem era o mais velho. Ele era alto, forte e conhecedor

do campo, mas inexperiente na cidade. José era esperto,

risonho, rápido e conhecedor de animais. Jéssica, a filha do

meio, cuidava da casa com sua mãe, Judite, que cozinhava

muito bem. E como o seu marido Antônio não conseguia

trabalho, elas faziam comida para vender e com isso ele foram

sobrevivendo a cada dia. Benjamim era o bebê. Chorava muito

para mamar e sua mãe, sempre pronta, cuidava de seu lindo

nenê sem tristeza alguma.

Judite era uma mulher forte, trabalhadora, sempre alegre

e feliz. Além de cozinhar, ainda lavava roupa para fora. Um

certo dia Antônio, Rubem e José saíram em mais uma tentativa

de conseguir um emprego. Sem nunca perder a esperança,

saíram cedo. José queria trabalhar com animais e foi para a

cidade de Sapucaia do Sul onde conseguiu um emprego no

zoológico.Ele ficou muito feliz. Rubem conseguiu na construção

civil. Não foi difícil, pois ele era alto e forte e logo o chefe o

contratou.

Antônio, que era homem experiente da roça, não tinha

conseguido nada, também por não ter estudo. Ele ficou triste e

abatido, mas sua esposa o incentivava todos os dias. Um certo

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dia ele falou com seu amigo chamado Pedro, que era porteiro

de um prédio muito lindo no centro de Porto Alegre. E ele,

vendo a dificuldade da família, resolveu ajudar e pensou: vou

ajudar o Antônio. Pedro falou com seu patrão, o Sr Jeremias:

- Jeremias, o senhor está precisando de um zelador?

Seu Jeremias respondeu:

- Sim Pedro, você conhece alguém?

- Sim senhor Jeremias, tenho uma pessoa certa para o

trabalho.

- Então vá buscar essa pessoa rápido!

Pedro saiu eufórico e chegou na casa de Antônio

gritando:

- Vizinho, vizinho tenho uma ótima noticia para o senhor!

Antônio, ansioso e espantado, saiu correndo e disse:

- O que aconteceu homem? Fale logo! Que gritaria é

essa!?

E pedro começou a contar o que havia acontecido:

- Olha Antônio, conversando com meu patrão perguntei a

ele se precisava de alguém para trabalhar no prédio como

zelador. E ele me respondeu que sim. Então arrumei o trabalho

pra você!

Antônio abriu um sorriso largo no rosto e chorou ao

mesmo tempo. Pedro sem entender nada perguntou:

- Por que está chorando homem?

Ele respondeu:

- Estou chorando de alegria porque eu já estava

querendo ir embora e você, meu amigo, traz essa notícia

maravilhosa!

Ele então abraçou Pedro e lhe agradeceu feliz. Antônio

juntou a família e contou a novidade do seu trabalho e todos

ficaram felizes. Eles pagaram o aluguel de sua casa. Jéssica

foi para a escola e José e Rubem seguiram trabalhando felizes.

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Judite, que nunca desistiu, agradeceu a Deus por sua família

estar feliz.

Essa é realidade de muitas famílias que vêm do interior

do Estado tentar realizar seus sonhos e acabam passando por

muitas dificuldades por não terem tido oportunidades de ir a

uma escola ou apenas aprender uma profissão, mas nunca

desistem dos seus sonhos e projetos. E você que tem essa

oportunidade, não a desperdice!

A DOR DE UMA PERDA

Francielle Souza – T6

Havia uma menina. A mãe dela estava muito doente.

Quando ela tinha cinco anos, via a mãe dela triste sozinha, já

que seu pai tinha morrido quando ela tinha três anos e desde

então a mãe dela não se casou com mais ninguém.

A menina não aguentava mais ver sua mãe doente, e sua

mãe sempre ficava feliz quando estava com ela.

- Filha, a mamãe está bem! Isso já vai passar!

Mas ela sabia que não iria.

Todas as noites a mãe dela lia um livro e dava boa noite

para ela. Ela fingia dormir e quando a mãe dela saia do quarto

ela levantava da cama e rezava dizendo:

- Papai do céu, faz minha mamãe melhorar! Só isso que

lhe peço!

A cada dia que passava a mãe dela só piorava e ela

sofria mais e mais com isso. Ela se trancava no quarto,

chorava e pensava o que seria dela sem sua mãe do seu lado.

Dois anos depois, quando ela fez sete anos, a mãe dela

estava com um câncer maligno. Todos sabiam, menos ela, que

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a mãe não iria sobreviver. Mas para a menina todos falavam

que ela estava bem.

Cinco dias depois a mãe dela morreu. E tiveram que

contar para a menina. A tia dela chegou e falou:

Chorando a tia dizia: - Meu amor, mamãe não melhorou e

não vai mais voltar!

Ela dizia:

- E agora titia, o que eu vou fazer sem minha mamãe?

Ela era tudo pra mim! Quero minha mamãe de volta! Não vou

aguentar ficar sem ela! Eu sei, meu amor, mas temos que ser

fortes e tentar superar isso, ok?! Sempre vou estar do seu lado.

Ela foi no enterro da mãe dela e só chorava. Depois teve

de ir com sua tia para casa.

Até hoje, sempre no mesmo horário de dormir, ela pega o

mesmo livro que a mãe dela lia para ela.

Dez anos depois ela ainda sente a falta da mulher mais

importante da vida dela. Desde então ela nunca mais esqueceu

dessa lembrança.

A HISTÓRIA DE UM MENINO

Cleidielen da Luz – T6

Havia um menino que morava com sua mãe. Seu pai

estava preso. Sua mãe trabalhava muito e não dava atenção

para seu filho. O menino estudava em uma escola ali perto de

sua casa.

Num belo dia o menino, indo para o colégio, encontrou

uns amigos na esquina. Eles estavam fumando maconha. Mas

o menino não sabia ainda, pois tinha apenas 13 anos. Os

amigos dele lhe ofereceram maconha para fumar. Diziam que

era bom e os deixava mais atraentes e as meninas gostavam

disso.

Page 22: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

22

O menino não queria fazer isso, mas como ele ainda não

tinha muito apoio de sua mãe e o carinho de seu pai, porque

estava preso, ficou pensando e acabou aceitando o convite dos

seus amigos. Em pouco tempo estava ele ali fumando drogas.

Passou o tempo e sua mãe ficou sabendo que seu filho estava

fumando drogas. Ela não acreditou quando disseram para ela.

Quando ela o pegou fumando, deu-lhe um belo de um xingão,

mas sabia que isso não iria resolver.

O menino já não queria mais ficar nessa vida. Aí pediu

ajuda a sua mãe, que com muito esforço lhe ajudou. Levou-o a

uma clínica de reabilitação. Ali ele ficou por 2 anos se tratando.

Passou o tempo e ele já estava bem, sem nenhum vício.

Seu pai já tinha saído da cadeia. Sua mãe ficou muito feliz e

começou a dar muito mais amor e carinho para o menino, que

prometeu nunca mais fumar aquelas porcarias que só iriam lhe

fazer mal.

A NOITE DE CLÁUDIO

Filipe Santana Mendonça – T6

Era uma vez um menino que se chamava Cláudio. Ele

tinha apenas sete anos e tinha um medo imenso do escuro,

tanto que dormia de luz acesa. Uma certa noite seus pais

foram sair e ele ficou em casa sozinho, jogando vídeo game.

Ele estava tão entretido jogando que nem viu seus pais saírem.

Até que deu um apagão na sua casa. Ficou tudo escuro e

Cláudio logo ficou desesperado, chamando sua mãe:

- Mãe, vem aqui me buscar!

Aí ninguém lhe respondeu. Foi então que ele ficou mais

desesperado, pois percebeu que estava sozinho em casa.

Então Cláudio abriu a porta do seu quarto. Quando abriu a

Page 23: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

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porta do quarto ele viu alguma coisa se mexendo no corredor.

Então ele fechou a porta do seu quarto lentamente para que a

coisa que ele tinha visto não o pegasse. Ficou no quarto

debaixo da cama só observando para ver se a coisa que ele

tinha visto ia entrar no quarto.

Cláudio ficou um bom tempo debaixo da cama, até que

ouviu um barulho estranho em frente a seu quarto. Ele ficou

com tanto medo que ficou que nem uma pedra. Parecia que

nem respirava. Ficou ali até voltar a luz. Quando voltou a luz,

Cláudio saiu debaixo da cama lentamente e ficou em frente à

porta pensando se deveria abrir a porta ou não. Foi então que

ele decidiu sair do quarto.

Quando ele abriu a porta, percebeu que o que ele tinha

visto se mexendo era a cortina e o som estranho era o vento

soprando contra a janela. Foi aí que ele viu que era apenas sua

imaginação.

Depois desse acontecimento todo, Cláudio foi para sala

ver um filme, mas estava tão cansado que acabou dormindo no

sofá. Quando seus pais chegaram, Cláudio estava dormindo. E

o seu pai o levou para cama para descansar dessa longa noite

estranha.

E assim foi a história do Cláudio.

A VIDA DE NATACHA

Tamires Silva da Silva – T6

Natacha é uma menina que sofria com a ausência da sua

mãe. Seu pai a criou desde seus dois anos de idade, quando a

sua mãe foi embora.

Quando Natacha atingiu sua adolescência ela começou a

ficar rebelde. A partir do momento em que a Natacha conheceu

Page 24: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

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uma turma de adolescentes, ela começou a se comportar mal,

a tirar notas ruins no colégio, começou a se vestir mal, a usar

roupas rasgadas e a pintar os olhos de preto.

Seu pai sabia que ela estava sofrendo, mas ele não sabia

o que fazer. Contudo, ele não gostava de ver sua filha

sofrendo. Natacha começou a fazer coisas que ela aprendeu

na rua: toda as noites ela fugia para pichar muros, paredes e

até monumentos históricos. Natacha sabia que o que ela

estava fazendo era errado, mas na pichação ela expressava

todo o seu sofrimento e sua raiva pela ausência da sua mãe.

Um dia o seu pai a pegou pichando e ficou muito

decepcionado com a filha. Ele podia entender o seu sofrimento,

mas não aceitava isso que ela estava fazendo.

Desde aquele dia Natacha parou de pichar e decidiu

fazer curso de grafite. Seu pai a apoiou e disse que melhor era

ela se interessar numa coisa que ela gostasse. Desde o dia

que ela começou a fazer grafite, ela conheceu pessoas novas

que lhe faziam bem. Seus pais estavam orgulhosos com a sua

filha, que decidiu seguir sua vida em frente com o seu pai.

Um dia, quando ela ia completar dezesseis anos de

idade, sua mãe ligou, bem no dia do seu aniversário. Ela ficou

muito feliz e decidiu perdoar sua mãe e se perdoar por tudo o

que tinha feito de errado. Desde esse dia ela começou a se

tornar uma pessoa melhor.

A MORTE BATE NA PORTA

Maxsuel Cordova de Oliveira - T6

Era uma noite escura e chuvosa naquela cidade e na

casa 73 só estava uma adolescente, já que os pais haviam

saído. A garota estava sentada no sofá bebendo refrigerante,

Page 25: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

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comendo pipoca e assistindo a um filme de terror quando

alguém bateu na porta .

Ela resolveu atender, mas quando atendeu não havia

ninguém na porta. Então ela achou que era alguma brincadeira

e continuou assistindo ao filme. Daí bateram novamente na

porta. Ela atendeu e novamente não havia ninguém, Já irritada,

ela fechou a porta.

Meia hora depois, o telefone tocou. A ligação era a cobrar

e a garota atendeu, pois achou que poderia ser importante. Ela

perguntou quem era e uma voz seca respondeu:

- É a morte!

A garota pensou; não acreditava em outro trote e

desligou o telefone. Mas quando ela se sentou no sofá de

repente a pipoca caiu no chão, a garrafa de refrigerante

quebrou, a TV desligou e as luzes piscaram até se apagarem

totalmente. A esta altura a jovem já viu um sujeito usando uma

túnica ensanguentada com capuz e segurando com suas mãos

de esqueleto uma foice suja de sangue se aproximar de casa.

Ela resolveu colocar o sofá na porta para que o sujeito não

conseguisse entrar, mas o sujeito (que era a morte) quebrou

uma janela e entrou. E a jovem só teve tempo de gritar

enquanto era degolada pela morte.

Uma hora depois os pais da jovem chegaram em casa e

ficaram apavorados ao verem o corpo sem cabeça pendurado

na escada. E se mudaram no dia seguinte ...

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II – LIBERDADE

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Durante os trabalhos do semestre com as totalidades finais foi assistido ao filme Escritores da Liberdade. A partir disto, as turmas foram desafiadas a refletir sobre a realidade de cada uma e os obstáculos precisavam ser transpostos para que se possa alcançar a liberdade.

Essas reflexões resultaram em uma produção textual em que os alunos procuraram tematizar a gestão da liberdade.

Nas páginas a seguir, encontram-se os textos produzidos pelos alunos.

A SUPOSTA LIBERDADE

Erick Messias Neves – T5

Vivemos e falamos tanto da liberdade e sobre o que ela

nos proporciona diariamente.

Vivemos livres ou ainda somos escravizados?

Vivemos numa sociedade em que tudo é referente à

liberdade.

Não muito distante de hoje, 23 de novembro, me peguei

pensando em liberdade.

A mídia nos fala que somos livres, mas sabemos que não

funciona assim. Nos obrigam a sustentar o nosso vício, nos

dizem “compre só marcas caras, não se preocupe com seu

intelecto e, claro, não perca a nossa querida e amada novela

diária”. E nos obrigam a nos autodenominar livres.

A minha realidade é muito diferente da sua realidade.

Então isso é prova de que minha liberdade é distinta da sua

liberdade.

Liberdade e justiça são medidas do mesmo jeito, só que

cada um as usa conforme quer ou precisa.

Acho que se eu fosse falar de liberdade usaria essa

frase: Somos robôs programados para crer que somos livres!!!

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A LIBERDADE DE PENSAR

Dienifer Franciele Santos dos Santos - T6.

O mundo impõe muitos limites, barreiras e obstáculos.

Por isso faz com que queiramos atravessá-los, seja da maneira

difícil - como pela ruindade, maldade e por egoísmo -, ou pela

maneira fácil, que às vezes pode ser tão cansativa como a

primeira mas em compensação temos nossa consciência

tranquila e no fim somos recompensados de várias formas.

Todos esses limites, barreira e obstáculos fazem

lutarmos pela liberdade.

Não a liberdade comum, mas a liberdade de pensarmos,

de querermos alguma coisa, de fazermos acontecer e de

sermos quem realmente somos.

A liberdade é da nossa natureza. Nós não gostamos de

ser presos e de receber ordens. A liberdade é algo que todos

possuímos, mas que nem todos conseguem!

Então, se você quer alguma coisa, lute por ela, de cabeça

erguida!

LIBERDADE

Juliane Silva de Moura - T5

Liberdade pode ser vista de uma forma diferente para

cada um. Pode ser uma coisa boa como pode ser também uma

coisa ruim... Eu defino liberdade respeitar os direitos dos outros

e ter conceitos corretos, sem ninguém para impedir de poder

escolher o caminho que você quer seguir, sendo responsável

por sua escolha.

Por uma forma de vida melhor, escolho viver livre, é

claro. Quem é que gosta de ficar preso em um lugar sem ter

contato com as pessoas que gosta? Prefiro deixar de fazer

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muita coisa que gostaria em vez de ficar preso em uma prisão

ou coisa do tipo, levando a minha vida mais a sério. Tudo um

dia se resolve.

A CONQUISTA DA LIBERDADE

Tiago Soares - T6

Liberdade é o ato de se tornar livre de alguma forma.

Tanto de prisões de onde alguém deve estar há muito tempo

querendo sair, quanto de hospitais em que pessoas doentes

não aguentam mais ficar, pois queriam estar na rua, livres

Liberdade pode ser diversas coisas. Mas para mim liberdade é

você ter direito de se expressar, ter direito de andar na rua sem

preocupações, sem motivos para se esconder.

Por exemplo, quando alguém caminha bem pois acaba

de quitar todas suas dívidas. Para mim ela está livre, pois

livrou-se de uma grande dor de cabeça. Isso é estar livre. A

liberdade é você poder sair na rua sem medo de tomar um tiro,

ser assaltado ou presenciar alguma forma de violência. Até

porque como as coisas estão nas vilas, no bairros nobres, é

mais seguro estar preso do que solto.

Liberdade é o analfabeto poder ter opinião, liberdade de

expressão. Isso já foi feito pelo ex-presidente Lula, que teve

coragem de se expressar e assumir um país.

Isso tudo é liberdade. Até quando você ama alguém e

esse alguém é de outra religião, outros costumes e seus pais o

proíbem, aí você luta por esse alguém até conseguir. Isso é um

ato de liberdade

Liberdade se resume em diversas coisas ou maneiras de

agir, de tomar decisões, lutar por algo. Enfim, ser livre porque

você conquistou isso, a sua liberdade.

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III – HERÓIS E HEROÍNAS

DO COTIDIANO

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Com o objetivo de estimular a leitura e escrita através de

diferentes estratégias, recorremos a um longa metragem que

fornecesse elementos que auxiliassem a compreender a

realidade. Dentro dessa ideia, surgiu o filme Uma história de

amor e fúria. O longa é uma animação dirigida por Luiz

Bolognese. A história, baseada na mitologia indígena, narra o

amor entre um herói imortal - escolhido para lutar eternamente

contra Anhangá, signo da morte e destruição - e Janaína, a

mulher por quem ele é apaixonado por 600 anos. O herói

assume vários personagens ao longo do tempo, mantendo seu

espírito de luta, especialmente porque seu amor o alimenta.

Janaína morre e renasce em cada episódio.

O filme aborda quatro eventos da História do Brasil,

contados a partir do ponto de vista dos vencidos. Três deles

são reais. A guerra entre Tupiniquins e Tupinambás, no início

da colonização portuguesa, em 1565; a Balaiada, revolta

ocorrida no Maranhão em 1825 e a guerrilha urbana no período

da ditadura militar em 1968. O último evento é uma projeção do

futuro, em 2096. O filme mostra a violência que se tornou

intrínseca na sociedade brasileira, mas também o amor que

mantém acesa a chama da luta política e o desejo de

transformação.

Após a exibição do filme, realizamos uma atividade

reflexiva que contou com três momentos e que combinou o

trabalho em grupo e a produção individual. Primeiramente,

houve uma discussão no grande grupo motivada pelas

seguintes questões: O que eu vi? O que eu senti? O que eu

compreendi? Em seguida, cada aluno recebeu um material

para esquematização das informações abordadas no longa.

Por fim, foi realizada uma produção textual individual, a partir

das histórias de vida e trabalho de cada um, tendo como

temática inicial os heróis e heroínas populares e da vida real,

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que inspiram nossos esforços por uma vida boa, digna e com

justiça social. Algumas das produções seguem reproduzidas a

seguir.

UMA HEROÍNA

Marimar Gonçalves - T5

Heroína para mim é a minha mãe Margarete. Ela tem 38

anos, gosta de limpar a casa, de assistir TV, é noveleira, gosta

de assistir filmes, gosta de se vestir esportivamente.

Ela é uma heroína para mim porque não sabe ler e nem

escrever, mas isto não a impede de nada, ela vende lixa no

centro quase todos os dias, para ter dinheiro para nós.

Eu acho que o trabalho dela é muito difícil porque as

pessoas quase não compram suas lixas, mas ela tem amigas

que já a conhecem, que a ajudam com dinheiro. Minha querida

é aposentada por causa do problema de pressão alta que ela

tem.

Eu, Marimar, estou estudando para, no futuro, poder

ajudar a minha mãe a ter uma vida melhor. Esta é minha

heroína Margarete, que merece tanto.

MINHA HEROÍNA

Marcos da Silva - T5

Minha mãe é uma ótima pessoa, muito calma e

atenciosa com todos da família e também ótima conselheira.

Minha mãe se chama Ivone Bandeira da Silva. Ela me

criou, bem como todos os meus irmãos praticamente sozinha.

Ela ia trabalhar e me levava junto com ela; não me deixava

com ninguém para eu não ser judiado. Até hoje ela faz isso

com os meus irmãos. Ela faz tudo, não deixa eles fazerem

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nada e isso me deixa muito brabo porque eles ficam muito mal

acostumados, e ela já não tem mais idade para fazer tudo em

casa. Minha mãe está sempre em primeiro lugar para mim.

Ela sempre vai ser minha heroína, acima de tudo. Ela me

criou e é a única pessoa que vai estar sempre com as portas

abertas para eu ter um lugar para sempre voltar e uma mãe

para poder abraçar. Isto é a melhor coisa da vida.

OBRIGADO POR EXISTIR

Brenda Nunes da Silva - T5

Minha grande heroína é uma pessoa protetora, que não

deixa fazer o mal o mal a nós: minha mãe Sulene. Ela é uma

pessoa protetora, cuidadosa, carinhosa. Ela nos ajuda quando

estamos em apuros. Dá-nos aquele apoio quando precisamos

de carinho. Ela, uma vez, me chamou para conversar. Quando

eu estava em apuros me colocou sentada na cadeira e falou:

- Tu estás num caminho que não vai acabar bem, tu vais

te dar muito mal, andando com essas pessoas. Precisas

arrumar boas companhias! Se tu não te arrumares, podes

entrar numa fria e não mais sair dela. Agora pensa no que eu

te falei e sai dessa porque, com essas pessoas, tu não vais

chegar a lugar nenhum. Só vais arrumar uma briga e acabar no

hospital. Entendeu? Qualquer coisa me avisa.

Eu disse: - Obrigado minha mãe

Ela disse: - De nada, só estou fazendo meu trabalho de

mãe.

Ela é muito importante, porque faz parte da minha vida.

Se não fosse por esta heroína, eu não estava aqui hoje. Sulene

é minha melhor amiga. Ela me dá muito carinho e me salva dos

perigos. Quero que ela sempre esteja do meu lado para o que

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der e vier. Adoro ver filmes com ela, principalmente, as novelas

da tarde como “Cuidado com anjo”, “Rubi” e o “privilegio de

amar.” MINHA HEROÍNA, OBRIGADO POR EXISTIR!

UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO

Thalia Lima – T4

Paula é uma menina que morava numa fazenda no

município de Montenegro com seu pai e sua bisavó. Quando

ela fez 16 anos, sua bisavó faleceu e, então, ela foi com seu

pai morar em Porto Alegre. Pouco tempo depois, seu pai

também faleceu. Aí ela foi morar com a sua mãe. Sua mãe,

então, começou a obrigá-la a vender seu corpo.

Depois de meio ano nesta vida, Paula conseguiu fugir e

foi morar na rua. Logo depois, ela descobriu que estava grávida

de gêmeos. Como naquele tempo ela fumava muito crack,

acabou perdendo seus filhos. Então ela conheceu um rapaz e

foi morar com ele. Quando ele descobriu que ela estava

esperando um filho dele, ele a mandou embora. Então, ela foi

morar novamente na rua e foi ali que o filho dela nasceu.

Quando Paula estava morando com seu filho na rua, ela

encontrou um rapaz que a assumiu, juntamente com o filho.

Eles, então, foram morar com ele. No entanto, eles brigaram e

ela se separou dele. Depois de um tempo, eles voltaram, mas

ela estava esperando um filho de outro homem. Então ele

assumiu ela e os dois filhos dela. Depois disso ele não se

separaram e tiveram mais duas filhas.

Hoje a Paula é uma mulher muito responsável. Ela faz

todo o serviço de casa e cuida muito bem dos seus filhos e

nunca deixa faltar nada para eles.

Page 35: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

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MEUS HERÓIS

Juliano Fraga de Souza – T4

Meus pais são os meus heróis.

Os meus pais são pessoas legais, e eles trabalham muito

para tentar dar o melhor para nós.

Eles gostam muito de ir para a praça para tentar relaxar

um pouco e também para ficar um pouco com a família, porque

eles não têm tempo suficiente para ficar com a gente. Eles

sempre pedem para nós estudarmos e sermos alguém na vida,

porque eles não tiveram muitas chances na vida de estudar.

Os meus pais sempre foram meus heróis desde sempre.

Eles tiveram que largar quase tudo para cuidar de mim no

hospital, porque deu um problema comigo quando eu era ainda

bebê, porque eu fui operado com 4 meses e eles pensavam

que eu não ia conseguir sobreviver a uma operação de risco.

Eu fui operado por causa de uma veia do coração que se

rompeu. Desde aí eles tiveram que me cuidar por muito tempo

e por isso eu sou muito grato por eles terem me cuidado até os

16 anos de idade.

Os meus pais sempre serão muitos importantes para mim

e por isso eu quero estar vivo para dar tudo que eles

precisarem, porque eles nunca deixaram eu e meus irmãos

passarmos fome e até, quando tinha pouca comida, eles não

comiam só para dar para nós. Eu vou retribuir tudo o que eles

me deram de melhor. Eu vou ficar com os meus pais até o dia

que Deus quiser levá-los para o céu.

Eu amo minha mãe Elisa e meu pai Alcemar !

O EXEMPLO DE THIAGO

Tiago Ferreira Medeiros - T4

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Thiago era um homem de 30 anos de idade. Ele morava

no Rio de Janeiro, na favela da Rocinha. Tinha uma boa

família, com três filhos. Durante a semana ele trabalhava em

obras. Ele dava duro para sustentar a sua família.

Num domingo de tarde, às 3 horas, ele estava indo num

passeio. Ele ia levar a sua família no parque. Quando ele

estava andando na rua com seu veículo, aconteceu um tiroteio.

Um grupo de bandidos fortemente armados havia assaltado um

banco e estava fugindo da polícia. Quando viu, Thiago estava

com a sua família no meio daquela guerra.

Com o Thiago felizmente não aconteceu nada. Mas a sua

mulher levou um tiro e ficou paralítica numa cadeira de rodas.

Mas ele nunca abandonou a sua esposa. Ao contrário, ficou do

lado dela e nunca a traiu. Desde então ele trabalha bastante

para poder cuidar da sua esposa e dos seus filhos.

Hoje os filhos de Thiago cresceram homens

responsáveis, honestos e trabalhadores. Graças ao exemplo

que tiveram do seu pai.

HEROÍNAS

Alisson Guilherme Souza Gomes – T5

Minhas heroínas são minha mãe Divaldina e minha irmã

Daiane. Minha mãe é uma pessoa que trabalha atualmente

com reciclagem, que não é uma coisa fácil, porque ela chega

com dor nos braços e estressada. Minha heroína ainda,

quando chega em casa, faz a comida, cozinhando pratos que

minhas irmãs ainda não sabem fazer.

Daiane, minha irmã, é uma pessoa que trabalha

atualmente como vendedora. Às vezes não é fácil, porque ela

tem que ser vendedora e mãe ao mesmo tempo. Minha heroína

Page 37: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

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ainda, ao chegar em casa, tem que limpar, cozinhar e ainda

cuidar da Renatinha, que está aprendendo a andar.

Essas são as heroínas da minha vida. Eu as admiro

porque elas têm vontade de viver a vida. Admiro-as pela

bravura e pela capacidade que elas têm de enfrentar as

dificuldades.

Amo minha mãe Diva e minha irmã Daiane.

SE TODAS FOSSE ASSIM...

Pâmela Ribeiro de Ribeiro – T5

A minha heroína é minha mãe porque ela é uma pessoa

muito boa de coração. Ela sempre ajuda os mais necessitado

ela não pensa só nela, ela procura saber como vai nossa

vizinha. Ela tem 5 filhos e não tem como fazer a necessidade

deles todos´ porque ela recebe menos de um salário mínimo. E

a minha mãe às vezes manda roupas para minha vizinha para

ajudá-la. A minha mãe cuida dos filhos dessa vizinha para ela

fazer faxina. Minha vizinha não tem marido e ela tem que se

virar sozinha. Minha mãe está sempre a ajudando porque ela

tem um bebê de 3 meses e minha mãe o cuida para que as

outras crianças possam estudar.

Como já sou mãe, eu me inspiro nesta grande pessoa,

que é minha querida mãe, que tanto ajuda os outros. Eu

procuro me inspirar nesta pessoa tão importante para dar

educação para o meu filho, João Gabriel.

Se todas as mães fossem assim, o mundo seria bem

melhor!

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HERÓIS SEM SUPERPODERES

Daniela Albuquerque - T5

Hoje em dia, ser um herói é privilégio para poucos, se

analisarmos o corre-corre, as opções que temos e as

dificuldades vindas juntamente com o trabalho de cada um.

Mas, com tantos problemas, vemos a garra de certos

profissionais em várias áreas, principalmente os que fazem o

serviço de defesa pública.

Pensamos nas dificuldades do corpo de bombeiros da

brigada militar ou mesmo dos bombeiros civis que atuam em

todos os tipos de acidentes.

Eles não têm capas, nem poderes especiais, mas têm a

coragem para dar suas vidas pela de outras pessoas, animais

e bens de terceiros.

Pode ser um animalzinho em apuros, pessoas em

acidentes, afogamentos, incêndios florestais ou residencias, lá

estão estes homens e mulheres, lutando com muita vontade,

apesar de todas as dificuldades enfrentadas.

Assim sendo, damos os parabéns aos heróis do fogo,

pessoas simples que têm, acima de tudo, seriedade no que

fazem. A estes bombeiros somos gratos por sua boa vontade e

valor profissional que, com certeza, são reconhecidos no

mundo todo por sua dedicação e amor ao próximo.

A DONA JUSSARA

Stephanie Santos - T4

A dona Jussara: esta é a minha avó. Ela é uma pessoa

guerreira e é muito trabalhadora.

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Minha avó é uma pessoa que ajuda as netas para que

elas não sofram na vida. Apesar de termos pais, eles não

moram conosco, apesar de procurarem auxiliar minha avó, pois

ela tem bastante idade.

Minha avó trabalha de segunda a segunda como

cuidadora de uma pessoa idosa. Ela quase não teve descanso

até agora nesta vida.

Eu tenho muito orgulho da minha avó Jussara e também

da minha mãe. Elas são presentes na minha vida e são muito

especiais.

UMA GUERREIRA

Keila Mirelly dos Santos Oliveira – T4

Uma mulher chamada Maria que adorava curtir a vida,

mas a mãe dela era bem carrasca com ela. Numa destas

aventuras, ela teve uma filha chamada Yara. Ttudo bem, mas

criando esta filha, ela teve outra que se chamou Yasmin. Como

ela não tinha como sustentar as duas, ele teve que entregar

uma das meninas para o pai.

Ela começou a se envolver com outro homem chamado

Tadeu. Neste envolvimento, ela teve duas filhas chamadas

Mirelle e Tuane. No entanto, ela sofria muito na mão desse

homem: ele batia nela, batia nas filhas e até chegou a dizer

que as filhas não eram dele.

Um dia, a Maria foi pedir um copo de leite para ele, que

não gostou e grudou a cabeça dela num vidro de um carro até

sair sangue. Tempos depois, quando ela foi defender a filha,

ele a encheu de socos novamente. Nesse momento, em que

ele a estava soqueando, ela perdeu o bebê que estava

carregando na barriga, que também era dele.

Page 40: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

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Passando o Natal e o Ano Novo, as crianças não tinham

o que comemorar. Elas ficavam olhando os outros festejando e

elas não tinham nada. Maria teve uma bela decisão: não iria

mais deixar as filhas passarem por isto. Ela foi à luta e

começou a trabalhar como doméstica em várias casas. Cada

dia, ela vinha com dinheiro para casa, e a vida dela melhorava

cada vez mais. Dentro de casa, agora, só entravam coisas

boas.

Hoje, ela continua trabalhando em serviços gerais. A vida

dela está se tornando cada vez melhor. Às vezes, ela chega

reclamando, mas ela para e pensa: “não quero voltar à vida em

que eu estava.”

Maria está na luta, não deixando nada faltar em casa,

sempre ensinando à filhas coisas que ela nunca aprendeu.

Sempre incentivando-as a estudar, para que tenham um futuro

melhor e não passem o que ela passou na vida.

SONHO DE UM JOVEM

Camila da Silva Martins – T6

Era uma vez um jovem que sonhava em ser médico. Ele

terminou o Ensino Médio com 18 anos e logo começou a

faculdade. Quando fez vinte anos, perdeu sua mãe e teve que

trabalhar, pois em São Paulo as coisas eram muito difíceis e

ele só tinha seu pai e seu irmão. Mas nunca desistiu de seu

sonho. Mesmo com muita dificuldade, sempre confiou em

Deus, pois seu sonho sempre foi salvar vidas. Seu sonho maior

era salvar vidas de crianças.

Enfim, terminou a faculdade com 23 anos, graças a Deus.

Aí logo começou a trabalhar no hospital São Magno. Começou

ganhando muito bem, juntou um dinheiro para comprar uma

casa para seu pai e seu irmão. Logo conseguiu comprar a casa

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e seu pai ficou muito feliz e muito orgulhoso de seu filho. Mas

ele precisava de uma coisa para ser feliz por completo: uma

esposa. Com 30 anos conheceu uma enfermeira muito bonita,

loira dos olhos verdes e convidou-a para ir jantar com ele. Ela

aceitou e começaram a namorar. Quando fizeram três meses

juntos, ele convido-a para almoçar no domingo na casa dele,

para conhecer seu pai. E ela aceitou e ficou muito feliz, pois

estava muito apaixonada. Enfim chegou o domingo e ela foi no

almoço muito nervosa. Ela adorou o pai do namorado e seu

irmão.

Quando fizeram um ano juntos, ele convidou-a para viajar

e ela aceitou. Então eles foram de carro. Na estrada aconteceu

um acidente horrível e ela se machucou muito. Ele tentou

salvá-la, pois não estava muito machucado. Mas não

conseguiu salvar a vida de sua namorada. Ele ficou muito

triste. Podia te largado sua carreira, mas não, foi em frente,

levantou sua cabeça e foi em frente salvar cada dia mais vidas.

Ele disse: “Não consegui salvar a vida da minha amada

mas salvarei muitas outras vidas, pois Deus está comigo.”

MEU PAI E MINHA MÃE

Geovane Rodrigues Savicki - T6

Meu pai é meu herói porque ele me criou e desde

pequeno me deu tudo que ele poderia me dar: educação. Me

ensinou a ser um homem de verdade, nunca bater numa

mulher e sempre lutar pelos meus sonhos e nunca fazer o mal;

sempre ajudando e respeitando as pessoas que nós gostamos.

A nunca roubar nada de ninguém e nunca usar drogas, nunca

matar nenhuma pessoa e fazer sempre o certo.

''Minha Mãe, Minha Rainha. Sou Maloqueiro sim minha

vida é Periferia''. Minha mãe também me criou e me deu

Page 42: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

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educação, sempre me mostrou o caminho certo e nunca me

deu motivo para usar drogas. Sempre me ajudou a correr atrás

do meu sonho e lutar pelos meus direitos, mas sempre fazendo

o bem, nunca o mal. Que pena que meu irmão nunca ouviu os

conselhos da minha mãe! Olha onde ele está hoje: na cadeia,

roubando e fazendo mal para pessoas, traficando, apanhando

da polícia, sempre indo preso e sempre roubando das pessoas.

O ESFORÇO COMPENSA

João Carlos Brandão Fernandes – T6

“Essa é a história de um rapaz que trabalha durante o dia

e estuda à noite para ter uma qualidade de vida melhor.”

Começa assim: Paulo César, apelido PC, é um rapaz

esforçado que se levanta às 6:50 da manhã, de segunda a

sexta-feira para ir ao trabalho, que inicia às 08:00 da manhã.

Ele trabalha no Bairro Navegantes, onde desempenha a função

de auxiliar de refrigeração. Ele tem como tarefa auxiliar seu

colega de serviço, alcançando ferramentas e carregando

aparelhos de ar condicionado. Isso durante o dia, porque no fim

da tarde, quando solta do serviço, às 17:48, ele pega seu

automóvel para ir até sua residência para tomar banho e

enfrentar uma jornada de aula na escola Nossa Senhora de

Fátima, que fica no bairro Bom Jesus, onde ele mora. Ele tem

que aguentar a jornada de aula que inicia às 19:00 e termina às

22:30. Para ele não é fácil vir do serviço cansado e ter que

assistir às aulas. Ele faz esse esforço para poder concluir o

Ensino Fundamental e começar o Ensino Médio para poder

fazer cursos e concursos que pedem tal formação, para então

ganhar um salário melhor e poder levar uma vida melhor, com

dignidade, e poder ter tudo que seu esforço puder lhe dar.

Page 43: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

43

SUPERAÇÃO

Kerolin Alexandra Silva Santos - T6

Alfredo era um menino que nasceu no interior do sul do

Brasil. Era de uma família muito humilde. Seus pais

trabalhavam muito para dar o mínimo de conforto para seus

filhos. Alfredo foi crescendo e já pegou a postura de

responsável. E com apenas onze anos começou a trabalhar

para ajudar seus pais com as despesas de casa, afinal era o

irmão mais velho e mesmo em casa sempre cuidou de seus

irmãos.

Com 16 anos, então Alfredo decidiu sair de casa para

morar sozinho. Foi quando conheceu sua primeira namorada,

Idalina, que era vizinha da casa de seus pais. Eles tinham a

mesma idade. Namoraram por um ano e meio. Ai então Idalina

engravidou e eles se casaram, tiveram sua primeira filha

chamada Carine, e com muita dificuldade financeira resolveram

tentar a vida na cidade grande. Alfredo achou que morando na

cidade as coisas iriam melhorar. Engano seu. Longe da família,

Alfredo se desequilibrou ainda mais. Trabalhava durante o dia

de reciclagem e à noite de guarda. E mesmo assim o dinheiro

que ganhava era muito pouco, pois na cidade ganhava mais,

mas também tudo era mais caro. Então sua vida financeira

estava até pior.

Depois de um tempo sua esposa Idalina descobriu uma

grave doença que a levou à morte. Desesperado, com sua filha

para criar sozinho e com a perda de sua esposa, perdeu o

serviço e se entregou a uma outra realidade, a bebida. Alfredo

bebia dia e noite. Sua filha tinha apenas 7 anos e vivia solta no

mundo; era cuidada por Deus.

Então um dia Alfredo acordou bem cedo, pegou sua filha,

e foi reciclar e conseguiu alguns trocados. E voltou para sua

Page 44: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

44

terra natal, onde ainda moravam seus quatro irmãos e seus

velhos pais, que logo o acolheram em sua casa, onde teve o

aconchego familiar e os velhos conselhos de seus pais. Diziam

para ele: - vai trabalhar por sua filha, que nesse momento

infelizmente não tem mais a mãe. Mas tem você que deve

cuidar e lhe dar educação, como nós fizemos com você e seus

irmãos.

Então Alfredo começou a trabalhar, seguindo o conselho

de seus pais, e se esforçar muito para dar todo o conforto

possível para sua única filha, fruto do amor dele e de Idalina.

O GURI

Luis Felipe Alves da Silva - T 6

Havia um homem que tinha uma família. Ele era super

educado com as pessoas. Ele tinha dois filhos que gostavam

muito de futebol. Eles torciam para o mesmo time que o pai e a

mãe deles.

Um certo dia um dos filhos dele brigou no colégio por

causa de time de futebol. Daí o pai dele foi no colégio para

resolver o problema. E o pai do outro guri também foi lá. E um

disse que brigaram porque o outro falou que o time dele era

ruim. E o outro falou que ele tinha falado mal do time dele. Mas

a verdade era que os dois nunca tinham ido a um estádio de

futebol. E daí planejaram a briga para eles voltarem a ser

amigos. Então os dois contaram para os pais que na verdade

fizeram isso porque nunca tinham ido a um estádio e queriam

ir. O pai dos irmãos era rico e falou para ele que ia levá-lo. O

pai do outro era pobre e falou que não dava para ir porque não

tinha dinheiro. Daí o guri falou para o outro com quem tinha

brigado que não ia pode ver um jogo porque o pai dele não

Page 45: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

45

tinha dinheiro. Então o guri teve a ideia de pedir a mesada do

pai dele, rico, e dar para o pai pobre levar o guri para o estádio.

E ele levou.

O guri pobre nunca soube de onde tinha vindo o dinheiro

para levá-lo ao estádio. E depois de velho, ele foi descobrir. E o

guri rico ficou como meu herói da história.

Page 46: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

46

IV – Periferia lado bom:

Uma (nova) leitura do mundo a partir da obra de Ferréz

Page 47: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

47

Na educação, sempre se deve desenvolver uma

proposta de trabalho que facilite, provoque, proporcione,

estimule, encaminhe o desenvolvimento e aprimoramento do

ser humano. Para que isto ocorresse, realizou-se uma série de

atividades que buscasse alcançar este objetivo, desde a leitura

da obra do escritor até a realização de atividades comparativas

entre a obra de Ferréz e outras já realizadas ao longo do

semestre, como a exibição de cinematografia. Dentro deste

conceito, realizou-se a seguinte proposta de trabalho:

Produção desenvolvida com o documentário “Literatura e

Resistência”, contos, crônicas, romance, novela, poesias, HQ e

letras de raps.

Análise do conceito de Literatura Marginal:

• O que é e como o escritor se insere neste conceito.

Contos e Crônicas: proposta de trabalho:

• Análise do gênero e suas características.

• Análise interpretativa social e linguística

Produção Escrita:

Reescrita dos contos Fábrica de Fazer Vilões,

O Grande Assalto, Pão Doce (da obra Ninguém é Inocente em

São Paulo) e “Relógios (texto postado na internet).

Page 48: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

48

Documentário Literatura e

Resistência:

• Observação e análise da

proposta do artista Ferréz.

Seu comprometimento social.

Análise da proposta social do

gênero Crônica:

• Interpretação das narrativas

Sobreviver em São Paulo de

Ferréz e Eu amo esta cidade

de Marcelo Rubens Paiva.

Análise da proposta de alguns romances do escritor:

• Capão Pecado e

Manual Prático do

Ódio..

• Leitura e análise das

obras HQ Desterro,

Amanhecer Esmeralda

e O Pote Mágico.

• Análise da proposta

literária, social e

semiótica das obras.

Page 49: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

49

Trabalho Interdisciplinar:

• Estudos sobre a localidade de Capão Redondo e sua

formação.

• Semelhanças e diferenças entre a comunidade paulista

e a gaúcha Bom Jesus.

• O futuro da comunidade Bom Jesus frente aos grandes

empreendimentos imobiliários que estão chegando à

região.

• Trabalho com o filme Uma história de amor e fúria o

mito do herói e o anti-herói na sociedade. Estudos sobre

o herói e o anti-herói na literatura ferreana.

Page 50: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

50

RAP COMO POESIA E PROPOSTA SOCIAL

Prof. Magda Teresinha da Silva e alunos(as) da C30

O desenvolvimento da leitura e da escrita, na nossa

sociedade de um modo geral, e mais especificamente para aqueles cujo acesso ao universo da produção escrita é limitado, muitas vezes até impedido, pela condição socioeconômica, tem, cada vez mais, como espaço privilegiado a escola. Nesse contexto, ler e escrever se constituem em ferramentas essenciais para o acesso ao saber historicamente produzido, bem como o protagonismo na produção de conhecimento, permeados pela postura crítica frente à realidade e exercício pleno da cidadania.

Desse modo, a atuação da escola na formação de alunos leitores e produtores de textos significativos assume papel relevante. Para nós, alunos e professores da EMEF Nossa Senhora de Fátima, a vinda do escritor paulista Ferréz à escola, através do programa Adote um escritor, ofereceu total condição para essa atuação.

No primeiro momento, os alunos de C30 assistiram ao documentário sobre Ferréz, Literatura e Resistência, tomando contato com a surpreendente história de vida do escritor, morador de um bairro de periferia de São Paulo, mas que, contrariando ao que comumente acontece, não sucumbiu à violência nem à impotência diante de uma realidade cruel. Foi, como leitor voraz, no diálogo com os textos lidos, e como leitor crítico do mundo a sua volta, buscando compreender o porquê da situação de miséria e de violência, que Ferréz tornou-se um fomentador da leitura e da escrita, para que as pessoas excluídas tivessem voz, pois elas têm história, têm necessidades, anseios, assim como têm direito a satisfazer tais necessidades, a fazer projetos e a aspirar a uma vida melhor.

Page 51: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

51

A partir da escuta do texto de Ferréz, Eu queria ter e ser, do CD Determinação, os alunos foram convidados a recriar a poesia, refletindo sobre si mesmos, sobre os seus sentimentos, os seus desejos, a vida. A opção pela poesia se deve ao interesse demonstrado pelos alunos por esse gênero textual, todos adolescentes, buscando compreender as suas transformações, procurando respostas para as suas dúvidas, tentando enfrentar os seus medos e, em meio a tudo isso, com uma imensa necessidade de partilhar os seus sentimentos. O resultado são textos ricos de significados, sobretudo, de que as pessoas precisam se sentir mais amadas.

Eu queria poder entender as regras da vida. Eu queria poder estar prevenida da dor de um amor. Eu queria comer e não engordar. Eu queria que o amor nunca acabasse. Eu queria que minha família fosse eterna. Eu queria que não houvesse armas. Eu queria que toda maldade virasse amor. Eu queria que toda lágrima de tristeza virasse

felicidade. Eu queria que toda violência virasse amizade. Eu queria que todo pesadelo fosse só um sonho. Eu queria poder realizar meus sonhos.

Page 52: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

52

Eu queria que todo mundo tivesse só amor no coração.

Eu queria passar por provas fáceis na vida. Eu queria errar menos e acertar mais. Eu queria não ter ciúmes. Eu que ria ser feliz com a minha família ao meu lado.

Gabriela Linhares

Eu queria saber o dia de amanhã. Eu queria saber se vou estar bem, minha família,

meus amigos, meu cachorro, o policial, o gari, o bancário e até o empresário.

Eu queria pedir desculpas para meu pai, por aquela janela que eu quebrei sem querer. Mas não pedi, por quê?

Eu queria poder mudar o mundo com uma palavra tão simples: PAZ...

Se fosse necessário, eu morreria pela causa. Eu queria ser aquele super-herói que salva os jovens

das drogas. Eu queria recuperar a juventude, mas descubro que

sou jovem... Quero ser alguém na vida e sei que posso. Gostaria de dar mais risadas, mas não dá. Todo jovem tem seu objetivo. Qual é o seu?

Marcelo R. S. Júnior

Eu queria ter pais que se gostassem Eu queria ter uma família unida. Eu queria ser poeta e expressar meus sentimentos. Eu queria ser alegre todos os dias. Eu queria ter mais amigos. Eu queria ter sido amiga de todos da escola. Eu queria ser mais corajosa e não ter medo de nada. Eu queria ser uma criança inocente para sempre. Eu queria ter um dia só com as minhas amigas.

Page 53: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

53

Eu queria ter um amor de verdade. Eu queria ser uma borboleta e viver livre para voar. Eu queria ser uma flor e enfeitar um jardim. Eu queria ter dinheiro e ajudar os sem-teto. Eu queria ter uma vida normal. Eu queria ter uma música da minha história de vida.

Jéssica R. de Rodrigues

Eu queria ser Deus. Eu queria ter o poder de fazer viver alguém que eu amo. Eu queria ser outra pessoa para sentir o que ela sente. Eu queria que os outros me compreendessem. Eu queria poder ter um mundo só pra mim. Eu queria ser invisível para ouvir o que os outros falam de mim. Eu queria ter olhos de gavião, só para ver quem eu gosto de perto. Eu queria ser algo mais para alguém. Eu queria poder ter meu avô perto de mim, mas não dá. Eu queria ter alguém que soubesse o que eu sinto... Deixa... só as fadas sabem disso.

Ismael Pedroso

Page 54: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

54

ANÁLISE DE CHARGES

Análise de charges sobre o Brasil, tendo como temas:

educação, saúde e grandes manifestações sociais.

Comparativismo com a literatura do escritor e seu papel social

com o selo 1Dasul

Page 55: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

55

BELEZA NEGRA

Proposta de trabalho na disciplina de arte-educação:

estudos sobre a personagem Manhã como representante da

beleza brasileira afrodescendente. Confecção de penteados

com tranças na representação do embelezamento da figura

feminina

Page 56: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

56

FAVELAS DE PAPELÃO E A ESTÉTICA DA PERIFERIA

Dentro da proposta de trabalho, a disciplina de Arte-

Educação conseguiu resgatar, junto à Totalidade 5, os estudos

desenvolvidos com geometrização de formas na construção de

maquetes que representam áreas da periferia. A partir do

suporte cinematográfico do documentário O Gigante do

Papelão, que registra a produção do artista plástico carioca

Sérgio Cézar, foi possível estabelecer ligações entre a estética

visual e a estética literária, desde a visão de seus moradores.

Page 57: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

57

A EXPERIÊNCIA DE REALIZAÇÃO DE UM

CURTA-METRAGEM NA EJA

A leitura coletiva da narrativa Desterro de Ferréz

operacionalizou o envolvimento de seus participantes numa

obra de cinematografia que uniu diferentes linguagens:

palavras, sons, cores e imagens num processo criador.

Neste trabalho, buscou-se uma integração de esforços

na direção de facilitar e

estimular o crescimento e

aprimoramento dos alunos em

diferentes áreas do cinema:

escrita de um roteiro, ângulo de

filmagem, interpretação cênica

dos personagens, composição

de cenário, seriedade na

observação do silêncio e tantos

outros que são necessários para

a composição de uma obra

visual e sonora.

O filme de curta-

metragem Vida na Periferia,

resultante desse processo, foi

fruto de criação coletiva dos

alunos da Totalidade 6, sob

direção da Profa. Márcia Vargas e com a colaboração na

edição dos alunos da Cooperativa de Comunicação

Comunitária 470, sob a coordenação da Profa. Geórgia Decker.

Page 58: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

58

VIDA NA PERIFERIA

Elenco: Anne Caroline Costa dos Santos, Bruna Fontoura, Camila Martins, Gabriela Ribeiro, Geovani Savicki, Jean Felipe Silva, João Fernandes, Kerolin Santos, Mariana Silva, Marco Aurélio Carvalho, Patrick Lopes. Participação Especial: Miriam Moschen Silveira Dublagem: Muryllo Silva da Costa, Larissa Silva, Guilherme Declerque de Almeida, Márcia Vargas, Jean Felipe Lima da Silva Direção: Prof. Márcia Vargas Agradecimentos: a todos os professores da EJA e em Especial ao Jornal Voz 470 e Professora Goergia Decker

Acesse em: http://www.youtube.com/watch?v=ukNfy9AvTYA

Page 59: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

59

PRODUÇÕES TEXTUAIS: O ESTUDO DA NARRATIVA CURTA E O RECURSO DA INTERTEXTUALIDADE

Com os estudos realizados em torno de narrativas

curtas de Ferréz, os alunos produziram contos em que ocorreu

a mudança do ponto de vista do narrador.

O GRANDE ASSALTO

Recontado por Bruna Mariane Silva da Silva– T6.

Eu, um jovem traficante, estava na Avenida Santo

Amaro às 4h da madruga, quando avistei um porco, logo a

minha frente, tentei desviar e fui para trás de um ônibus que

estava parado. Minha charanga estava cheia de drogas, que eu

iria vender lá na boca da periferia.

Um mendigo parou em frente de uma loja de gente

poderosa e percebeu que havia uma lixeira na sua frente com

um pedaço de pão dentro dela. Ele foi até a lixeira para pegar o

pão. Uma senhora avisou a outra. Mesmo que tudo aquilo

fosse inocente, elas se sentiram ameaçadas pelo mendigo.

Então, chamaram o porco. Nessa hora, eles vieram correndo,

pois era pedido de duas madames e não de um pobre da

periferia.

Sorte foi a minha. Os filhos da puta logo iam me

enxertar, se não fosse aquele pé rapado e as velhas dondocas.

Na real, fiquei com medo, mas tinha que sair dali, caso

contrário iria para o xadrez. Os porco pegaram o pobre

mendigo e não prenderam porque pegar o pão de uma lixeira

não é crime.

Tive muita sorte naquela porra!

Page 60: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

60

Quem tava com a zika do bagulho era o pé rapado

chinelo. Na real, me safei como sempre. Os porco nunca vão

me pegar na correria!

Onde fica a droga de justiça neste país?

O GRANDE ASSALTO

Recontado por Isaac Cordova de Oliveira - T5

Eu estava

policiando na Avenida

Santo Amaro às 13 h.

Eu vi um mendigo do

caramba, fedorento,

estranho, todo frau, em

frente a uma loja de

autoescola aberta,

notando as bolas

promocionais amarradas

na porta. Desci da

viatura, olhei para todos

e me aproximei do

mendigo.

Na avenida,

havia também um

ônibus parado, com

vários passageiros.

Notei um senhor

sentado no banco do

ônibus. Ouvi ele dizer

bem alto que havia um mendigo todo podre na rua, parado em

frente à autoescola. Percebi também uma louca de uma loira

Page 61: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

61

me olhando, assim como outras pessoas. Acho que estavam

esperando minha reação. O que chamou a minha atenção

também foi um cara em um carrão bem bacana com cara de

culpado. Acho que estava com droga, provavelmente, iria

vender na faculdade. Como eu não queria me incomodar,

resolvi encarar o puto do mendigo, pois era mais fácil, menos

papel para preencher na delegacia.

Ele roubou umas bolas promocionais e eu já cheguei

nele dando uns chutes e socos. Depois levei ele para a

delegacia e todos me aplaudiram. Ganhei o dia!

O GRANDE ASSALTO

Recontado por Kerolin e Marco Aurélio – T6

Estava eu parado em frente a uma concessionária mais

ou menos pelas 13h.

Estava com uma fome do caralho, acabei pensando em

roubar as bolas promocionais que tinha na concessionária que,

com certeza, para o dono não iriam fazer falta.

Em um certo momento, parou um carro, que pelo

modelo, não era nem um pouco barato. O cara tava com uma

cara de espiado a fu. Parecia que escondia algo.

Eu reparei em um ônibus que passa todos os dias.

Percebi que as pessoas estavam de bico em mim, mas nem

dei bola. Por mim que se fodam. Na real, me dar algo para

comer, ninguém vai.

A fome apertou e eu decidi pegar as bolas e saí

correndo. As pessoas no ônibus notaram e começaram a gritar

“Olha o neguinho ladrão. Pega ladrão!”

Page 62: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

62

Logo apareceu um policial que veio atrás de mim

rapidamente. Na correria, deixei as bolas caírem, mas, mesmo

assim, o filho da puta me pegou e me botou na viatura.

Na verdade, o cara do carrão deveria tá com droga no

carro, mas como estava bem vestido, num carrão, o puto do

policial nem deu bola e veio atrás de mim, que na real, só

queria um dinheiro pra comprar algo pra comer.

FÁBRICA DE FAZER VILÕES DE FERRÉZ

Recontado por Brenda Nunes e Juliano Fraga - Turma T5.

Meu nome é Jean, trabalho na Rota. Meu chefe é muito

doidão. Certa vez, ele resolveu avacalhar no Capão Redondo.

Ele escolheu um bar todo arrumadinho, mandou eu arrebentar

a porta e entramos dando porrada em todo mundo.

Uma pobre nega começou a chorar e disse que o filho

dela tava dormindo lá em cima.

- Acorda, preto!

- O quê, O quê...

- Mas o quê...

- Vamo logo, porra...

- Ai, peraí, o que tá acontecendo.

- Levanta logo, preto, desce pro bar.

- Mas eu...

- Desce pro bar, porra!

- Tô indo.

A nega começou a chorar.

- Você trabalha em que, seu nego? – Perguntou meu

chefe.

- Tô desempregado!

Page 63: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

63

Eu fiquei com pena, mas meu chefe foi longo xingando

e dando porrada. Chamou até a pobre mulher de vaca puta.

Puta que pariu, eu até fiquei com pena do guri que encheu o

olho d’água.

O louco do meu chefe mandou todo mundo apaga a luz.

Eu tentei interferi e ele me chamou de trouxa e depois deu um

tiro no teto. E daí nós fomo embora e eles ficaram no bar....

O ESTUDO E A PRODUÇÃO DA ENUMERAÇÃO CAÓTICA

Com a Totalidade 04, estudou-se o recurso expressivo da enumeração caótica, analisando produções de escritores consagrados como Walt Whitman.

Na produção coletiva, listaram-se substantivos concretos e abstratos que dessem subsídios para a elaboração de um texto semelhante àqueles lidos. Como recurso argumentativo nesta produção, utilizou-se a possibilidade de escrita de palavras que viessem do geral para o particular, contrapondo polos negativos com positivos.

FERRÉZ

Keila, Thalia e Tiago – T4

Ferréz → América, Brasil, São Paulo Capital, Capão Redondo,

denúncia, hip-hop, Rota, morte, perda, insegurança, tristeza,

abandono, dor, solidão, vazio, raiva, maldade, lentidão,

investigação, amargura e ódio.

Ferréz ∞ Literatura, Mundo, Música, Emprego, 1Dasul,

Camisetas, Hip-Hop, Fé, Confiança, Segurança, Perdão,

Desculpa, Amizade, Conquista, Doçura, Saúde, Paz,

Educação, Bibliotecas, Bondade, Felicidade, Sabedoria,

Page 64: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

64

Alegria, Mansidão, Vida e Esperança, Capão Redondo, São

Paulo Capital, Brasil, América do Sul, Mundo....

FRAGMENTOS

Brasil, RS, POA, Zona Leste, Bom Jesus

Keila, Tiago e Stephanie - T4

Morte, maconha, cocaína, pedra, loló, lança-perfume, bolinha,

polícia civil, correria, disfarce, pular casas, cercas, tiros,

barulho, sangue, morte, prisão.

Escola, Nossa Senhora de Fátima, Educação, Ensino, Opinião,

Amizade, Leitura, Aprendizado, Colaboração, Respeito, Paz,

Saúde, Liberdade, Foco, Fé, Felicidade, Infinito.....

Ferréz – O Pote Mágico, O Grande Assalto, Relógios, O Pão e

a Revolução, Fábrica de Fazer Vilões, Heróis.....

Capão Pecado, Manual Prático do ódio, Desterro, Contos,

Crônicas, Amanhecer Esmeralda, Intertextualidade,

Conhecimento, Sabedoria Aprendizado, Infinito...

Page 65: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

65

A cooperativa de comunicação comunitária que atende

alunos da comunidade da Bom Jesus. Essa cooperativa integra

um projeto chamado Cidade Escola e oferece aulas de

informática, rádio e jornal, identificados pelo nome VOZ 470,

sendo este o número da linha do ônibus do nosso bairro. Nas

aulas de rádio fazemos gravações de áudio, vinhetas e

também colocamos música no recreio. Na informática fazemos

digitação de textos no computador, usamos os programas

paint, editor de textos, criamos blogs e atualmente estamos

aprendendo novas ferramentas de informática como o Linux

Educacional, LibreOffice. Enfim, nos apropriando de novos

conhecimentos assim como compartilhando saberes com

nossa comunidade escolar. No jornal cobrimos eventos como a

Festa Junina, fazemos Jornal Mural além de termos uma

parceria com a EJA na cobertura de eventos, tais como o

projeto Adote um Escritor, bem como na montagem e edição

de trabalhos em mídia.

Conheça nossas produções por via de nossas mídias

eletrônicas:

www.voz470.blogspot.com

www.facebook.com/jornalvoz470

email para contato: [email protected]

Responsáveis: Georgia Decker

Supervisora: Márcia Centeno

Page 66: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

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Page 67: Caderno Pedagógico EJA Fátima 2012 2013

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FRAGMENTOS

Brasil, RS, POA, Zona Leste, Bom Jesus

Morte, maconha, cocaína, pedra, loló, lança-perfume,

bolinha, polícia civil, correria, disfarce, pular casas, cercas,

tiros, barulho, sangue, morte, prisão.

Escola, Nossa Senhora de Fátima, Educação, Ensino, Opinião,

Amizade, Leitura, Aprendizado, Colaboração, Respeito, Paz,

Saúde, Liberdade, Foco, Fé, Felicidade, Infinito.....

Ferréz – O Pote Mágico, O Grande Assalto, Relógios,

O Pão e a Revolução, Fábrica de Fazer Vilões, Heróis.....

Capão Pecado, Manual Prático do ódio, Desterro, Contos,

Crônicas, Amanhecer Esmeralda, Intertextualidade,

.Conhecimento, Sabedoria Aprendizado, Infinito...

“O processo de aprendizagem na

alfabetização de adultos está envolvida na prática de ler, de interpretar o que lêem, de escrever, de contar, de aumentar os conhecimentos que já

têm e de conhecer o que ainda não conhecem, para

melhor interpretar o que acontece na nossa realidade”

Paulo Freire