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UNIVERSIDADE PAULISTACURSO DE BIOMEDICINA 6 SEMESTRE
CLULAS TRONCO
2012
UNIVERSIDADE PAULISTACURSO DE BIOMEDICINA 6 SEMESTRE
CLULAS TRONCO
Trabalho de Biologia Molecular referente ao 6 semestre da graduao do curso de Biomedicina matutino apresentado Universidade Paulista UNIP. Orientador:
2012
1 INTRODUOAs clulas-tronco embrionrias (CTE) so aquelas encontradas em embries, e possuem a capacidade de se diferenciar em qualquer clula do corpo, por isso so chamadas de pluripotentes. Devido a essa propriedade so utilizadas para pesquisas com fins teraputicos. As pesquisas com clulas-tronco vm sendo executadas desde 1981 na Inglaterra, quando pela primeira vez foram isoladas in vitro as primeiras CTE pluripotentes oriundas de embries de ratos. A partir daquele ano tem se percebido avanos espantosos no campo da biotecnologia, promovendo esperana para pacientes portadores de doenas incurveis como diabetes, doena de Parkinson, leso medular espinal, doena de Alzheimer, insuficincia cardaca e infarto entre outras possibilidades. O posicionamento do Brasil em relao s pesquisas com CTE est em meio a rdua discusso, dessa forma em maro de 2005 surgiu a Lei 11.105 de 24.03.2005, a qual permitiu o uso de embries congelados para fins de pesquisa. Mesmo depois da aprovao surgiram discusses em relao a uma possvel inconstitucionalidade desta referida lei, logo que o Cdigo Civil, em seu artigo 2, determina: A personalidade civil da pessoa comea do nascimento com vida; mas a lei pe a salvo, desde a concepo, os direitos do nascituro evidente o avano da cincia no decorrer da histria, o que se coloca em discusso qual preo esse desenvolver vai custar para a humanidade. H vrias posies sobre a questo do incio da vida. Os homens de todas as pocas se perguntam sobre as questes fundamentais de sua existncia. As respostas variam dependendo de determinados fatores, como a moral e a f. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi apresentar por meio de levantamentos da literatura cientfica, o conceito de clulas tronco, as implicaes ticas e legais na utilizao de clulas tronco embrionrias no Brasil, o avano na medicina ,pesquisas para fins teraputicos e perspectivas futuras.
1 EXTRAO E TIPOS DE CLULAS TRONCO
As clulas-tronco podem ser classificadas do seguinte modo:
Clulas-tronco totipotentes ou embrionrias - So as clulas-tronco capazes de se diferenciar em qualquer tecido do organismo humano. Correspondem s clulas resultantes das primeiras divises celulares, aps a fecundao. Encontram-se nos embries.
Figura 1 Representao das clulas tronco toti e pluripotentes. Fonte: SOUZA, M;ELIAS,D,2005.
Clulas-tronco pluripotentes ou multipotentes - So as clulas-tronco que conseguem se diferenciar em quase todos os tecidos humanos, exceto a placenta e os anexos embrionrios. Como as anteriores, encontram-se apenas nos embries.
Figura 2 Representao das clulas multipotentes. Fonte: SOUZA, M;ELIAS,D,2005.
Clulas-tronco oligopotentes - So as clulas-tronco capazes de diferenciarse em poucos tecidos. So encontradas em diversos tecidos, como no trato intestinal, por exemplo.
Clulas-tronco unipotentes - So as clulas-tronco que apenas conseguem diferenciar se em um nico tecido, ou seja, o tecido a que pertencem. Em linhas gerais, podemos dizer que, quanto mais primitiva na linha de desenvolvimento embrionrio, maior o potencial de diferenciao de uma clula-tronco.
As clulas-tronco funcionam como verdadeiros "curingas" no organismo, porque teriam a funo de ajudar no reparo de uma leso em qualquer tecido. As clulastronco da medula ssea, especialmente, tm uma funo importante: regenerar o sangue, porque as clulas sanguneas se renovam constantemente. 1.1 Clulas Tronco Adultas As clulas-tronco adultas esto presentes em todos os seres humanos e servem para repor, no dia-a-dia, clulas que morrem. Os cientistas j descobriram diversas fontes de clulas-tronco adultas, entre elas: cordo umbilical, tecido adiposo, polpa dentria, sangue menstrual, lquido amnitico, couro cabeludo, crebro, retina, pele, medula ssea e msculos.
Elas tm, no entanto, uma limitao: elas conseguem se diferenciar em poucas linhagens celulares, alm dos tecidos de onde esto presentes no corpo humano. Na prtica, funciona assim: um adulto, de peso e altura mdios, tem cerca de cinco litros de sangue circulando pelas veias do corpo. Isso significa que so 22,5 trilhes de glbulos vermelhos, 30 bilhes de glbulos brancos e 1,5 trilho de plaquetas. Os glbulos vermelhos so reciclados a cada quatro meses os velhos morrem e o ferro que eles continham reaproveitado por glbulos novinhos em folha. Toda semana os glbulos brancos velhos do lugar aos mais novos. E, a cada nove dias, as plaquetas (responsveis pela coagulao do sangue) so destrudas para dar lugar s novas que so produzidas pela medula ssea. Se no existissem clulas de reposio, como essas do sistema sanguneo, o ser humano no viveria mais do que uma semana. Essas clulas de reposio so as agora conhecidas clulas-tronco adultas. No caso do sangue so chamadas de clulas-tronco hematopoiticas. Processo de renovao similar ao que ocorre com as clulas sanguneas ocorre em outras partes do corpo, mas com dinmicas distintas.
1.2 Clulas Tronco Embrionrias
As clulas-tronco embrionrias existem somente nos primeiros dias aps a fecundao e so capazes de se transformar em qualquer um dos 216 tecidos do corpo humano. A obteno delas, no entanto, levanta um debate tico-religioso, pois para obtlas preciso usar embries humanos ou recorrer chamada clonagem teraputica, a criao de um embrio em laboratrio com poucas centenas de clulas. Nos dois casos o embrio destrudo, o que gera a polmica. No Brasil, para obter as clulas-tronco embrionrias so utilizados embries congelados em clnicas de fertilizao in vitro h mais de trs anos, ou que sejam inviveis (ou seja no podem ser implantados no tero), e que tenham o consentimento dos casais que os geraram.
Vrios grupos de cientistas no Brasil e no mundo esto trabalhando com clulasembrionrias, elas, porm, encontram-se ainda em fase de pesquisa de laboratrio e no h certeza de quanto tempo iro demorar para ficar disponveis para testes clnicos e posteriormente tratamentos com seres humanos. Somente em 2010, o FDA (Food and Drug administration) autorizou o primeiro ensaio clnico com clulas-tronco derivadas das embrionrias em lesionados medulares, a permisso foi dada empresa americana Geron.
1.3 Clulas Tronco Pluripotente Induzidas
Em agosto de 2006, um grande avano nas pesquisas com clulas tronco, foi conseguido no Japo. A equipe de cientistas liderada por Shynia Yamanaka, na Universidade de Kyoto, no Japo, conseguiu transformar uma clula da pele de um camundongo adulto em uma clula-tronco com as mesmas caractersticas da embrionria. Este tipo de clula ficou conhecido como clula-tronco pluripotente induzida. Para chegar a este resultado, os cientistas alteraram o material gentico presente nas clulas do camundongo com a tcnica do DNA recombinante. Eles injetaram quatro genes com a ajuda de um vrus. Um desses genes era o oncogene Myc, de potencial cancergeno, o que inviabiliza qualquer tipo de experimento clnico.
Figura 3 - Esquema mostrando o uso de vetores virais com fatores de transcrio para gerar clulas iPS a partir de clulas da pele. Fonte: SOUZA, M;ELIAS,D,2005.
Em 2007, dois novos estudos confirmaram a transformao de clulas da pele de roedores em clulas-tronco semelhantes s embrionrias. No mesmo ano, novo avano foi feito, desta vez com clulas da pele humana, que se transformaram em clulastronco semelhantes s embrionrias. O anncio foi feito simultaneamente pelo grupo de Yamanaka e pela equipe de James Thomson, da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos. A equipe de Thomson no utilizou o oncogene Myc. Em 2008, o grupo de Yamanaka fez um novo experimento sem o Myc. E, em 2009, a pesquisadora Junying Yu trabalhando no laboratrio de Thomson publicou uma nova tcnica de produo de clulas-tronco pluripotentes induzidas que evita o risco da mistura dos genes do vrus ou do uso de oncogenes.
2 POTENCIALIDADE DAS CELULAS TRONCO
As clulas-tronco tm duas propriedades fundamentais que as distinguem dos demais tipos de clulas. Em primeiro lugar, elas so clulas no especializadas que se renovam por longos perodos atravs da diviso celular. A outra caracterstica que sob determinadas condies fisiolgicas ou experimentais, elas podem ser induzidas a transformar-se em clulas com funes especficas, tais como as clulas miocrdicas ou as clulas produtoras de insulina do pncreas. Em outras palavras, podemos dizer que: A clula-tronco um tipo de clula que pode se diferenciar e constituir diferentes tecidos no organismo. Esta propriedade peculiar, uma vez que as outras clulas apenas podem originar clulas do mesmo tecido a que pertencem. Desse modo, podemos dizer que as clulas do fgado somente podem gerar clulas do fgado. A outra capacidade fundamental da clula-tronco a auto-replicao, que significa que as clulas-tronco podem gerar cpias idnticas delas mesmas. Estas propriedades nicas das clulas-tronco fazem com que os cientistas busquem nelas a possibilidade de encontrar a cura para muitas doenas, atravs a substituio dos tecidos danificados por grupos de clulas-tronco.
3 LEIS NACIONAIS
3.1 CAPTULO I
DISPOSIES PRELIMINARES E GERAIS
Art. 1o Esta Lei estabelece normas de segurana e mecanismos de fiscalizao sobre a construo, o cultivo, a produo, a manipulao, o transporte, a transferncia, a importao, a exportao, o armazenamento, a pesquisa, a comercializao, o consumo, a liberao no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estmulo ao avano cientfico na rea de biossegurana e biotecnologia, a proteo vida e sade humana, animal e vegetal, e a observncia do princpio da precauo para a proteo do meio ambiente. 1o Para os fins desta Lei, considera-se atividade de pesquisa a realizada em laboratrio, regime de conteno ou campo, como parte do processo de obteno de OGM e seus derivados ou de avaliao da biossegurana de OGM e seus derivados, o que engloba, no mbito experimental, a construo, o cultivo, a manipulao, o transporte, a transferncia, a importao, a exportao, o armazenamento, a liberao no meio ambiente e o descarte de OGM e seus derivados. 2o Para os fins desta Lei, considera-se atividade de uso comercial de OGM e seus derivados a que no se enquadra como atividade de pesquisa, e que trata do cultivo, da produo, da manipulao, do transporte, da transferncia, da
comercializao, da importao, da exportao, do armazenamento, do consumo, da liberao e do descarte de OGM e seus derivados para fins comerciais. Art. 2o As atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados, relacionados ao ensino com manipulao de organismos vivos, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento tecnolgico e produo industrial ficam restritos ao mbito de entidades de direito pblico ou privado, que sero responsveis pela obedincia aos preceitos desta Lei e de sua regulamentao, bem como pelas eventuais conseqncias ou efeitos advindos de seu descumprimento.
1o Para os fins desta Lei, consideram-se atividades e projetos no mbito de entidade os conduzidos em instalaes prprias ou sob a responsabilidade administrativa, tcnica ou cientfica da entidade. 2o As atividades e projetos de que trata este artigo so vedados a pessoas fsicas em atuao autnoma e independente, ainda que mantenham vnculo empregatcio ou qualquer outro com pessoas jurdicas. 3o Os interessados em realizar atividade prevista nesta Lei devero requerer autorizao Comisso Tcnica Nacional de Biossegurana CTNBio, que se manifestar no prazo fixado em regulamento. 4o As organizaes pblicas e privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais, financiadoras ou patrocinadoras de atividades ou de projetos referidos no caput deste artigo devem exigir a apresentao de Certificado de Qualidade em Biossegurana, emitido pela CTNBio, sob pena de se tornarem co-responsveis pelos eventuais efeitos decorrentes do descumprimento desta Lei ou de sua regulamentao. Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se: I organismo: toda entidade biolgica capaz de reproduzir ou transferir material gentico, inclusive vrus e outras classes que venham a ser conhecidas; II cido desoxirribonuclico - ADN, cido ribonuclico - ARN: material gentico que contm informaes determinantes dos caracteres hereditrios transmissveis descendncia; III molculas de ADN/ARN recombinante: as molculas manipuladas fora das clulas vivas mediante a modificao de segmentos de ADN/ARN natural ou sinttico e que possam multiplicar-se em uma clula viva, ou ainda as molculas de ADN/ARN resultantes dessa multiplicao; consideram-se tambm os segmentos de ADN/ARN sintticos equivalentes aos de ADN/ARN natural; IV engenharia gentica: atividade de produo e manipulao de molculas de ADN/ARN recombinante; V organismo geneticamente modificado - OGM: organismo cujo material gentico ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer tcnica de engenharia gentica;
VI derivado de OGM: produto obtido de OGM e que no possua capacidade autnoma de replicao ou que no contenha forma vivel de OGM; VII clula germinal humana: clula-me responsvel pela formao de gametas presentes nas glndulas sexuais femininas e masculinas e suas descendentes diretas em qualquer grau de ploidia; VIII clonagem: processo de reproduo assexuada, produzida artificialmente, baseada em um nico patrimnio gentico, com ou sem utilizao de tcnicas de engenharia gentica; IX clonagem para fins reprodutivos: clonagem com a finalidade de obteno de um indivduo; X clonagem teraputica: clonagem com a finalidade de produo de clulastronco embrionrias para utilizao teraputica; XI clulas-tronco embrionrias: clulas de embrio que apresentam a capacidade de se transformar em clulas de qualquer tecido de um organismo. 1o No se inclui na categoria de OGM o resultante de tcnicas que impliquem a introduo direta, num organismo, de material hereditrio, desde que no envolvam a utilizao de molculas de ADN/ARN recombinante ou OGM, inclusive fecundao in vitro, conjugao, transduo, transformao, induo poliplide e qualquer outro processo natural. 2o No se inclui na categoria de derivado de OGM a substncia pura, quimicamente definida, obtida por meio de processos biolgicos e que no contenha OGM, protena heterloga ou ADN recombinante. Art. 4o Esta Lei no se aplica quando a modificao gentica for obtida por meio das seguintes tcnicas, desde que no impliquem a utilizao de OGM como receptor ou doador: I mutagnese; II formao e utilizao de clulas somticas de hibridoma animal; III fuso celular, inclusive a de protoplasma, de clulas vegetais, que possa ser produzida mediante mtodos tradicionais de cultivo; IV autoclonagem de organismos no-patognicos que se processe de maneira natural.
Art. 5o permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilizao de clulas-tronco embrionrias obtidas de embries humanos produzidos por fertilizao in vitro e no utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condies: I sejam embries inviveis; ou II sejam embries congelados h 3 (trs) anos ou mais, na data da publicao desta Lei, ou que, j congelados na data da publicao desta Lei, depois de completarem 3 (trs) anos, contados a partir da data de congelamento. 1o Em qualquer caso, necessrio o consentimento dos genitores. 2o Instituies de pesquisa e servios de sade que realizem pesquisa ou terapia com clulas-tronco embrionrias humanas devero submeter seus projetos apreciao e aprovao dos respectivos comits de tica em pesquisa. 3o vedada a comercializao do material biolgico a que se refere este artigo e sua prtica implica o crime tipificado no art. 15 da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. Art. 6o Fica proibido: I implementao de projeto relativo a OGM sem a manuteno de registro de seu acompanhamento individual; II engenharia gentica em organismo vivo ou o manejo in vitro de ADN/ARN natural ou recombinante, realizado em desacordo com as normas previstas nesta Lei; III engenharia gentica em clula germinal humana, zigoto humano e embrio humano; IV clonagem humana; V destruio ou descarte no meio ambiente de OGM e seus derivados em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio, pelos rgos e entidades de registro e fiscalizao, referidos no art. 16 desta Lei, e as constantes desta Lei e de sua regulamentao; VI liberao no meio ambiente de OGM ou seus derivados, no mbito de atividades de pesquisa, sem a deciso tcnica favorvel da CTNBio e, nos casos de liberao comercial, sem o parecer tcnico favorvel da CTNBio, ou sem o licenciamento do rgo ou entidade ambiental responsvel, quando a CTNBio considerar a atividade como potencialmente causadora de degradao ambiental, ou
sem a aprovao do Conselho Nacional de Biossegurana CNBS, quando o processo tenha sido por ele avocado, na forma desta Lei e de sua regulamentao; VII a utilizao, a comercializao, o registro, o patenteamento e o licenciamento de tecnologias genticas de restrio do uso. Pargrafo nico. Para os efeitos desta Lei, entende-se por tecnologias genticas de restrio do uso qualquer processo de interveno humana para gerao ou multiplicao de plantas geneticamente modificadas para produzir estruturas
reprodutivas estreis, bem como qualquer forma de manipulao gentica que vise ativao ou desativao de genes relacionados fertilidade das plantas por indutores qumicos externos. Art. 7o So obrigatrias: I a investigao de acidentes ocorridos no curso de pesquisas e projetos na rea de engenharia gentica e o envio de relatrio respectivo autoridade competente no prazo mximo de 5 (cinco) dias a contar da data do evento; II a notificao imediata CTNBio e s autoridades da sade pblica, da defesa agropecuria e do meio ambiente sobre acidente que possa provocar a disseminao de OGM e seus derivados; III a adoo de meios necessrios para plenamente informar CTNBio, s autoridades da sade pblica, do meio ambiente, da defesa agropecuria, coletividade e aos demais empregados da instituio ou empresa sobre os riscos a que possam estar submetidos, bem como os procedimentos a serem tomados no caso de acidentes com OGM.
3.2 CAPTULO II Do Conselho Nacional de Biossegurana CNBS Art. 8o Fica criado o Conselho Nacional de Biossegurana CNBS, vinculado Presidncia da Repblica, rgo de assessoramento superior do Presidente da Repblica para a formulao e implementao da Poltica Nacional de Biossegurana PNB.
1o Compete ao CNBS: I fixar princpios e diretrizes para a ao administrativa dos rgos e entidades federais com competncias sobre a matria; II analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos aspectos da convenincia e oportunidade socioeconmicas e do interesse nacional, os pedidos de liberao para uso comercial de OGM e seus derivados; III avocar e decidir, em ltima e definitiva instncia, com base em manifestao da CTNBio e, quando julgar necessrio, dos rgos e entidades referidos no art. 16 desta Lei, no mbito de suas competncias, sobre os processos relativos a atividades que envolvam o uso comercial de OGM e seus derivados; 3o Sempre que o CNBS deliberar favoravelmente realizao da atividade analisada, encaminhar sua manifestao aos rgos e entidades de registro e fiscalizao referidos no art. 16 desta Lei. 4o Sempre que o CNBS deliberar contrariamente atividade analisada, encaminhar sua manifestao CTNBio para informao ao requerente. Art. 9o O CNBS composto pelos seguintes membros: I Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidncia da Repblica, que o presidir; II Ministro de Estado da Cincia e Tecnologia; III Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrrio; IV Ministro de Estado da Agricultura, Pecuria e Abastecimento; V Ministro de Estado da Justia; VI Ministro de Estado da Sade; VII Ministro de Estado do Meio Ambiente; VIII Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior; IX Ministro de Estado das Relaes Exteriores; X Ministro de Estado da Defesa; XI Secretrio Especial de Aqicultura e Pesca da Presidncia da Repblica. 1o O CNBS reunir-se- sempre que convocado pelo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidncia da Repblica, ou mediante provocao da maioria de seus membros.
2o (VETADO) 3o Podero ser convidados a participar das reunies, em carter excepcional, representantes do setor pblico e de entidades da sociedade civil. 4o O CNBS contar com uma Secretaria-Executiva, vinculada Casa Civil da Presidncia da Repblica. 5o A reunio do CNBS poder ser instalada com a presena de 6 (seis) de seus membros e as decises sero tomadas com votos favorveis da maioria absoluta.
3.3 CAPTULO III Da Comisso Tcnica Nacional de Biossegurana CTNBio
Art. 10. A CTNBio, integrante do Ministrio da Cincia e Tecnologia, instncia colegiada multidisciplinar de carter consultivo e deliberativo, para prestar apoio tcnico e de assessoramento ao Governo Federal na formulao, atualizao e implementao da PNB de OGM e seus derivados, bem como no estabelecimento de normas tcnicas de segurana e de pareceres tcnicos referentes autorizao para atividades que envolvam pesquisa e uso comercial de OGM e seus derivados, com base na avaliao de seu risco zoofitossanitrio, sade humana e ao meio ambiente. Pargrafo nico. A CTNBio dever acompanhar o desenvolvimento e o progresso tcnico e cientfico nas reas de biossegurana, biotecnologia, biotica e afins, com o objetivo de aumentar sua capacitao para a proteo da sade humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente. Art. 11. A CTNBio, composta de membros titulares e suplentes, designados pelo Ministro de Estado da Cincia e Tecnologia, ser constituda por 27 (vinte e sete) cidados brasileiros de reconhecida competncia tcnica, de notria atuao e saber cientficos, com grau acadmico de doutor e com destacada atividade profissional nas reas de biossegurana, biotecnologia, biologia, sade humana e animal ou meio ambiente, sendo: I 12 (doze) especialistas de notrio saber cientfico e tcnico, em efetivo exerccio profissional, sendo: a) 3 (trs) da rea de sade humana;
b) 3 (trs) da rea animal; c) 3 (trs) da rea vegetal; d) 3 (trs) da rea de meio ambiente; II um representante de cada um dos seguintes rgos, indicados pelos respectivos titulares: a) Ministrio da Cincia e Tecnologia; b) Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento; c) Ministrio da Sade; d) Ministrio do Meio Ambiente; e) Ministrio do Desenvolvimento Agrrio; f) Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior; g) Ministrio da Defesa; h) Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca da Presidncia da Repblica; i) Ministrio das Relaes Exteriores; III um especialista em defesa do consumidor, indicado pelo Ministro da Justia; IV um especialista na rea de sade, indicado pelo Ministro da Sade; V um especialista em meio ambiente, indicado pelo Ministro do Meio Ambiente; VI um especialista em biotecnologia, indicado pelo Ministro da Agricultura, Pecuria e Abastecimento; VII um especialista em agricultura familiar, indicado pelo Ministro do Desenvolvimento Agrrio; VIII um especialista em sade do trabalhador, indicado pelo Ministro do Trabalho e Emprego. 1o Os especialistas de que trata o inciso I do caput deste artigo sero escolhidos a partir de lista trplice, elaborada com a participao das sociedades cientficas, conforme disposto em regulamento. 2o Os especialistas de que tratam os incisos III a VIII do caput deste artigo sero escolhidos a partir de lista trplice, elaborada pelas organizaes da sociedade civil, conforme disposto em regulamento. 3o Cada membro efetivo ter um suplente, que participar dos trabalhos na ausncia do titular.
4o Os membros da CTNBio tero mandato de 2 (dois) anos, renovvel por at mais 2 (dois) perodos consecutivos. 5o O presidente da CTNBio ser designado, entre seus membros, pelo Ministro da Cincia e Tecnologia para um mandato de 2 (dois) anos, renovvel por igual perodo. 6o Os membros da CTNBio devem pautar a sua atuao pela observncia estrita dos conceitos tico-profissionais, sendo vedado participar do julgamento de questes com as quais tenham algum envolvimento de ordem profissional ou pessoal, sob pena de perda de mandato, na forma do regulamento. 7o A reunio da CTNBio poder ser instalada com a presena de 14 (catorze) de seus membros, includo pelo menos um representante de cada uma das reas referidas no inciso I do caput deste artigo. 8o (VETADO) 8o-A As decises da CTNBio sero tomadas com votos favorveis da maioria absoluta de seus membros. (Includo pela Lei n 11.460, de 2007) 9o rgos e entidades integrantes da administrao pblica federal podero solicitar participao nas reunies da CTNBio para tratar de assuntos de seu especial interesse, sem direito a voto. 10. Podero ser convidados a participar das reunies, em carter excepcional, representantes da comunidade cientfica e do setor pblico e entidades da sociedade civil, sem direito a voto. Art. 12. O funcionamento da CTNBio ser definido pelo regulamento desta Lei. 1o A CTNBio contar com uma Secretaria-Executiva e cabe ao Ministrio da Cincia e Tecnologia prestar-lhe o apoio tcnico e administrativo. 2o (VETADO) Art. 13. A CTNBio constituir subcomisses setoriais permanentes na rea de sade humana, na rea animal, na rea vegetal e na rea ambiental, e poder constituir subcomisses extraordinrias, para anlise prvia dos temas a serem submetidos ao plenrio da Comisso. 1o Tanto os membros titulares quanto os suplentes participaro das subcomisses setoriais e caber a todos a distribuio dos processos para anlise.
2o O funcionamento e a coordenao dos trabalhos nas subcomisses setoriais e extraordinrias sero definidos no regimento interno da CTNBio. Art. 14. Compete CTNBio: I estabelecer normas para as pesquisas com OGM e derivados de OGM; II estabelecer normas relativamente s atividades e aos projetos relacionados a OGM e seus derivados; III estabelecer, no mbito de suas competncias, critrios de avaliao e monitoramento de risco de OGM e seus derivados; IV proceder anlise da avaliao de risco, caso a caso, relativamente a atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados; V estabelecer os mecanismos de funcionamento das Comisses Internas de Biossegurana CIBio, no mbito de cada instituio que se dedique ao ensino, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento tecnolgico e produo industrial que envolvam OGM ou seus derivados; VI estabelecer requisitos relativos biossegurana para autorizao de funcionamento de laboratrio, instituio ou empresa que desenvolver atividades relacionadas a OGM e seus derivados; VII relacionar-se com instituies voltadas para a biossegurana de OGM e seus derivados, em mbito nacional e internacional; VIII autorizar, cadastrar e acompanhar as atividades de pesquisa com OGM ou derivado de OGM, nos termos da legislao em vigor; IX autorizar a importao de OGM e seus derivados para atividade de pesquisa; X prestar apoio tcnico consultivo e de assessoramento ao CNBS na formulao da PNB de OGM e seus derivados; XI emitir Certificado de Qualidade em Biossegurana CQB para o desenvolvimento de atividades com OGM e seus derivados em laboratrio, instituio ou empresa e enviar cpia do processo aos rgos de registro e fiscalizao referidos no art. 16 desta Lei; XII emitir deciso tcnica, caso a caso, sobre a biossegurana de OGM e seus derivados no mbito das atividades de pesquisa e de uso comercial de OGM e seus
derivados, inclusive a classificao quanto ao grau de risco e nvel de biossegurana exigido, bem como medidas de segurana exigidas e restries ao uso; XIII definir o nvel de biossegurana a ser aplicado ao OGM e seus usos, e os respectivos procedimentos e medidas de segurana quanto ao seu uso, conforme as normas estabelecidas na regulamentao desta Lei, bem como quanto aos seus derivados; XIV classificar os OGM segundo a classe de risco, observados os critrios estabelecidos no regulamento desta Lei; XV acompanhar o desenvolvimento e o progresso tcnico-cientfico na biossegurana de OGM e seus derivados; XVI emitir resolues, de natureza normativa, sobre as matrias de sua competncia; XVII apoiar tecnicamente os rgos competentes no processo de preveno e investigao de acidentes e de enfermidades, verificados no curso dos projetos e das atividades com tcnicas de ADN/ARN recombinante; XVIII apoiar tecnicamente os rgos e entidades de registro e fiscalizao, referidos no art. 16 desta Lei, no exerccio de suas atividades relacionadas a OGM e seus derivados; XIX divulgar no Dirio Oficial da Unio, previamente anlise, os extratos dos pleitos e, posteriormente, dos pareceres dos processos que lhe forem submetidos, bem como dar ampla publicidade no Sistema de Informaes em Biossegurana SIB a sua agenda, processos em trmite, relatrios anuais, atas das reunies e demais informaes sobre suas atividades, excludas as informaes sigilosas, de interesse comercial, apontadas pelo proponente e assim consideradas pela CTNBio; XX identificar atividades e produtos decorrentes do uso de OGM e seus derivados potencialmente causadores de degradao do meio ambiente ou que possam causar riscos sade humana; XXI reavaliar suas decises tcnicas por solicitao de seus membros ou por recurso dos rgos e entidades de registro e fiscalizao, fundamentado em fatos ou conhecimentos cientficos novos, que sejam relevantes quanto biossegurana do OGM ou derivado, na forma desta Lei e seu regulamento;
XXII propor a realizao de pesquisas e estudos cientficos no campo da biossegurana de OGM e seus derivados; XXIII apresentar proposta de regimento interno ao Ministro da Cincia e Tecnologia. 1o Quanto aos aspectos de biossegurana do OGM e seus derivados, a deciso tcnica da CTNBio vincula os demais rgos e entidades da administrao. 2o Nos casos de uso comercial, dentre outros aspectos tcnicos de sua anlise, os rgos de registro e fiscalizao, no exerccio de suas atribuies em caso de solicitao pela CTNBio, observaro, quanto aos aspectos de biossegurana do OGM e seus derivados, a deciso tcnica da CTNBio. 3o Em caso de deciso tcnica favorvel sobre a biossegurana no mbito da atividade de pesquisa, a CTNBio remeter o processo respectivo aos rgos e entidades referidos no art. 16 desta Lei, para o exerccio de suas atribuies. 4o A deciso tcnica da CTNBio dever conter resumo de sua fundamentao tcnica, explicitar as medidas de segurana e restries ao uso do OGM e seus derivados e considerar as particularidades das diferentes regies do Pas, com o objetivo de orientar e subsidiar os rgos e entidades de registro e fiscalizao, referidos no art. 16 desta Lei, no exerccio de suas atribuies. 5o No se submeter a anlise e emisso de parecer tcnico da CTNBio o derivado cujo OGM j tenha sido por ela aprovado. 6o As pessoas fsicas ou jurdicas envolvidas em qualquer das fases do processo de produo agrcola, comercializao ou transporte de produto
geneticamente modificado que tenham obtido a liberao para uso comercial esto dispensadas de apresentao do CQB e constituio de CIBio, salvo deciso em contrrio da CTNBio. Art. 15. A CTNBio poder realizar audincias pblicas, garantida participao da sociedade civil, na forma do regulamento. Pargrafo nico. Em casos de liberao comercial, audincia pblica poder ser requerida por partes interessadas, incluindo-se entre estas organizaes da sociedade civil que comprovem interesse relacionado matria, na forma do regulamento.
3.4 CAPTULO IV Dos rgos e entidades de registro e fiscalizao
Art. 16. Caber aos rgos e entidades de registro e fiscalizao do Ministrio da Sade, do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento e do Ministrio do Meio Ambiente, e da Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca da Presidncia da Repblica entre outras atribuies, no campo de suas competncias, observadas a deciso tcnica da CTNBio, as deliberaes do CNBS e os mecanismos estabelecidos nesta Lei e na sua regulamentao: I fiscalizar as atividades de pesquisa de OGM e seus derivados; II registrar e fiscalizar a liberao comercial de OGM e seus derivados; III emitir autorizao para a importao de OGM e seus derivados para uso comercial; IV manter atualizado no SIB o cadastro das instituies e responsveis tcnicos que realizam atividades e projetos relacionados a OGM e seus derivados; V tornar pblicos, inclusive no SIB, os registros e autorizaes concedidas; VI aplicar as penalidades de que trata esta Lei; VII subsidiar a CTNBio na definio de quesitos de avaliao de biossegurana de OGM e seus derivados. 1o Aps manifestao favorvel da CTNBio, ou do CNBS, em caso de avocao ou recurso, caber, em decorrncia de anlise especfica e deciso pertinente: I ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento emitir as autorizaes e registros e fiscalizar produtos e atividades que utilizem OGM e seus derivados destinados a uso animal, na agricultura, pecuria, agroindstria e reas afins, de acordo com a legislao em vigor e segundo o regulamento desta Lei; II ao rgo competente do Ministrio da Sade emitir as autorizaes e registros e fiscalizar produtos e atividades com OGM e seus derivados destinados a uso humano, farmacolgico, domissanitrio e reas afins, de acordo com a legislao em vigor e segundo o regulamento desta Lei;
III ao rgo competente do Ministrio do Meio Ambiente emitir as autorizaes e registros e fiscalizar produtos e atividades que envolvam OGM e seus derivados a serem liberados nos ecossistemas naturais, de acordo com a legislao em vigor e segundo o regulamento desta Lei, bem como o licenciamento, nos casos em que a CTNBio deliberar, na forma desta Lei, que o OGM potencialmente causador de significativa degradao do meio ambiente; IV Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca da Presidncia da Repblica emitir as autorizaes e registros de produtos e atividades com OGM e seus derivados destinados ao uso na pesca e aqicultura, de acordo com a legislao em vigor e segundo esta Lei e seu regulamento. 2o Somente se aplicam as disposies dos incisos I e II do art. 8o e do caput do art. 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, nos casos em que a CTNBio deliberar que o OGM potencialmente causador de significativa degradao do meio ambiente. 3o A CTNBio delibera, em ltima e definitiva instncia, sobre os casos em que a atividade potencial ou efetivamente causadora de degradao ambiental, bem como sobre a necessidade do licenciamento ambiental. 4o A emisso dos registros, das autorizaes e do licenciamento ambiental referidos nesta Lei dever ocorrer no prazo mximo de 120 (cento e vinte) dias. 5o A contagem do prazo previsto no 4o deste artigo ser suspensa, por at 180 (cento e oitenta) dias, durante a elaborao, pelo requerente, dos estudos ou esclarecimentos necessrios. 6o As autorizaes e registros de que trata este artigo estaro vinculados deciso tcnica da CTNBio correspondente, sendo vedadas exigncias tcnicas que extrapolem as condies estabelecidas naquela deciso, nos aspectos relacionados biossegurana. 7o Em caso de divergncia quanto deciso tcnica da CTNBio sobre a liberao comercial de OGM e derivados, os rgos e entidades de registro e fiscalizao, no mbito de suas competncias, podero apresentar recurso ao CNBS, no prazo de at 30 (trinta) dias, a contar da data de publicao da deciso tcnica da CTNBio.
3.5 CAPTULO V Da Comisso Interna de Biossegurana CIBio
Art. 17. Toda instituio que utilizar tcnicas e mtodos de engenharia gentica ou realizar pesquisas com OGM e seus derivados dever criar uma Comisso Interna de Biossegurana - CIBio, alm de indicar um tcnico principal responsvel para cada projeto especfico. Art. 18. Compete CIBio, no mbito da instituio onde constituda: I manter informados os trabalhadores e demais membros da coletividade, quando suscetveis de serem afetados pela atividade, sobre as questes relacionadas com a sade e a segurana, bem como sobre os procedimentos em caso de acidentes; II estabelecer programas preventivos e de inspeo para garantir o funcionamento das instalaes sob sua responsabilidade, dentro dos padres e normas de biossegurana, definidos pela CTNBio na regulamentao desta Lei; III encaminhar CTNBio os documentos cuja relao ser estabelecida na regulamentao desta Lei, para efeito de anlise, registro ou autorizao do rgo competente, quando couber; IV manter registro do acompanhamento individual de cada atividade ou projeto em desenvolvimento que envolvam OGM ou seus derivados; V notificar CTNBio, aos rgos e entidades de registro e fiscalizao, referidos no art. 16 desta Lei, e s entidades de trabalhadores o resultado de avaliaes de risco a que esto submetidas as pessoas expostas, bem como qualquer acidente ou incidente que possa provocar a disseminao de agente biolgico; VI investigar a ocorrncia de acidentes e as enfermidades possivelmente relacionados a OGM e seus derivados e notificar suas concluses e providncias CTNBio.
3.6 CAPTULO VI Do Sistema de Informaes em Biossegurana SIB
Art. 19. Fica criado, no mbito do Ministrio da Cincia e Tecnologia, o Sistema de Informaes em Biossegurana SIB, destinado gesto das informaes decorrentes das atividades de anlise, autorizao, registro, monitoramento e acompanhamento das atividades que envolvam OGM e seus derivados. 1o As disposies dos atos legais, regulamentares e administrativos que alterem, complementem ou produzam efeitos sobre a legislao de biossegurana de OGM e seus derivados devero ser divulgadas no SIB concomitantemente com a entrada em vigor desses atos. 2o Os rgos e entidades de registro e fiscalizao, referidos no art. 16 desta Lei, devero alimentar o SIB com as informaes relativas s atividades de que trata esta Lei, processadas no mbito de sua competncia.
3.7 CAPTULO VII Da Responsabilidade Civil e Administrativa
Art. 20. Sem prejuzo da aplicao das penas previstas nesta Lei, os responsveis pelos danos ao meio ambiente e a terceiros respondero, solidariamente, por sua indenizao ou reparao integral, independentemente da existncia de culpa. Art. 21. Considera-se infrao administrativa toda ao ou omisso que viole as normas previstas nesta Lei e demais disposies legais pertinentes. Pargrafo nico. As infraes administrativas sero punidas na forma estabelecida no regulamento desta Lei, independentemente das medidas cautelares de apreenso de produtos, suspenso de venda de produto e embargos de atividades, com as seguintes sanes: I advertncia; II multa; III apreenso de OGM e seus derivados; IV suspenso da venda de OGM e seus derivados;
V embargo da atividade; VI interdio parcial ou total do estabelecimento, atividade ou empreendimento; VII suspenso de registro, licena ou autorizao; VIII cancelamento de registro, licena ou autorizao; IX perda ou restrio de incentivo e benefcio fiscal concedidos pelo governo; X perda ou suspenso da participao em linha de financiamento em estabelecimento oficial de crdito; XI interveno no estabelecimento; XII proibio de contratar com a administrao pblica, por perodo de at 5 (cinco) anos. Art. 22. Compete aos rgos e entidades de registro e fiscalizao, referidos no art. 16 desta Lei, definir critrios, valores e aplicar multas de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 1.500.000,00 (um milho e quinhentos mil reais), proporcionalmente gravidade da infrao. 1o As multas podero ser aplicadas cumulativamente com as demais sanes previstas neste artigo. 2o No caso de reincidncia, a multa ser aplicada em dobro. 3o No caso de infrao continuada, caracterizada pela permanncia da ao ou omisso inicialmente punida, ser a respectiva penalidade aplicada diariamente at cessar sua causa, sem prejuzo da paralisao imediata da atividade ou da interdio do laboratrio ou da instituio ou empresa responsvel. Art. 23. As multas previstas nesta Lei sero aplicadas pelos rgos e entidades de registro e fiscalizao dos Ministrios da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, da Sade, do Meio Ambiente e da Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca da Presidncia da Repblica, referidos no art. 16 desta Lei, de acordo com suas respectivas competncias. 1o Os recursos arrecadados com a aplicao de multas sero destinados aos rgos e entidades de registro e fiscalizao, referidos no art. 16 desta Lei, que aplicarem a multa. 2o Os rgos e entidades fiscalizadores da administrao pblica federal podero celebrar convnios com os Estados, Distrito Federal e Municpios, para a
execuo de servios relacionados atividade de fiscalizao prevista nesta Lei e podero repassar-lhes parcela da receita obtida com a aplicao de multas. 3o A autoridade fiscalizadora encaminhar cpia do auto de infrao CTNBio. 4o Quando a infrao constituir crime ou contraveno, ou leso Fazenda Pblica ou ao consumidor, a autoridade fiscalizadora representar junto ao rgo competente para apurao das responsabilidades administrativa e penal.
3.8 CAPTULO VIII Dos Crimes e das Penas
Art. 24. Utilizar embrio humano em desacordo com o que dispe o art. 5o desta Lei: Pena deteno, de 1 (um) a 3 (trs) anos, e multa. Art. 25. Praticar engenharia gentica em clula germinal humana, zigoto humano ou embrio humano: Pena recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 26. Realizar clonagem humana: Pena recluso, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 27. Liberar ou descartar OGM no meio ambiente, em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos rgos e entidades de registro e fiscalizao: Pena recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 1o (VETADO) 2o Agrava-se a pena: I de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um tero), se resultar dano propriedade alheia; II de 1/3 (um tero) at a metade, se resultar dano ao meio ambiente; III da metade at 2/3 (dois teros), se resultar leso corporal de natureza grave em outrem; IV de 2/3 (dois teros) at o dobro, se resultar a morte de outrem. Art. 28. Utilizar, comercializar, registrar, patentear e licenciar tecnologias genticas de restrio do uso:
Pena recluso, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 29. Produzir, armazenar, transportar, comercializar, importar ou exportar OGM ou seus derivados, sem autorizao ou em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio e pelos rgos e entidades de registro e fiscalizao: Pena recluso, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
3.9 CAPTULO IX Disposies Finais e Transitrias
Art. 30. Os OGM que tenham obtido deciso tcnica da CTNBio favorvel a sua liberao comercial at a entrada em vigor desta Lei podero ser registrados e comercializados, salvo manifestao contrria do CNBS, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data da publicao desta Lei. Art. 31. A CTNBio e os rgos e entidades de registro e fiscalizao, referidos no art. 16 desta Lei, devero rever suas deliberaes de carter normativo, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, a fim de promover sua adequao s disposies desta Lei. Art. 32. Permanecem em vigor os Certificados de Qualidade em Biossegurana, comunicados e decises tcnicas j emitidos pela CTNBio, bem como, no que no contrariarem o disposto nesta Lei, os atos normativos emitidos ao amparo da Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995. Art. 33. As instituies que desenvolverem atividades reguladas por esta Lei na data de sua publicao devero adequar-se as suas disposies no prazo de 120 (cento e vinte) dias, contado da publicao do decreto que a regulamentar. Art. 34. Ficam convalidados e tornam-se permanentes os registros provisrios concedidos sob a gide da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003. Art. 35. Ficam autorizadas a produo e a comercializao de sementes de cultivares de soja geneticamente modificadas tolerantes a glifosato registradas no Registro Nacional de Cultivares - RNC do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.
4 HISTRICO DAS PESQUISAS
Cientistas tm se interessado em biologia celular desde o advento dos microscpios em 1800. A propagao e diferenciao celular foram testemunhados pela primeira vez e as clulas foram reconhecidos como os blocos de construo da vida, capaz de darem origem a outras clulas, a chave para o desenvolvimento da compreenso humana. Desde que o fisiologista alemo Theodor Schwann lanou, em 1839, as bases da teoria celular, pesquisadores de todo o mundo sentiram-se instigados com a possibilidade de gerar um organismo adulto completo a partir de apenas uma clula. Pesquisas com clulas-tronco avanam na busca de tratamentos para muitas doenas que afetam milhes de pessoas. No sculo XX vrios embriologistas, entre eles os alemes Hans Spermann e Jacques Loeb comearam a decifrar os segredos das clulas-tronco por meio de experimentos com clulas de embries. No incio de 1900, pesquisadores europeus perceberam que existem vrios tipos de clulas do sangue por exemplo, glbulos brancos, glbulos vermelhos e plaquetas, todas originavam de uma particular clula, as " clulas-tronco". No entanto, no foi at 1963 que as primeiras descries quantitativas das atividades de auto-renovao de clulas da medula ssea foram documentadas por pesquisadores os canadenses Ernest A. Mac Culloch e James E. Till. Todos os 200 tipos celulares distintos encontrados entre as cerca de 75 trilhes de clulas existentes em um homem adulto, derivam das clulas precursoras denominadas clulas-tronco (clulas-me). So clulas mestras que tm a capacidade de se transformar em outros tipos de clulas, incluindo as do crebro, corao, ossos, msculos e pele. O processo de gerao das clulas especializadas - do sangue, dos ossos, dos msculos, do sistema nervoso e dos outros rgos e tecidos humanos - controlado pelo genes especficos na clula-tronco. Compreender e controlar esse processo um dos grandes desafios da cincia na atualidade.
Pesquisas com clulas-tronco adultas em animais e em seres humanos est em andamento desde esse tempo, e transplantes de medula ssea - que na verdade um transplante de clulas-tronco adultas - foram efetivamente utilizados em pacientes desde a dcada de 1950. A evoluo da biotecnologia nos anos de 1980 e 1990 viu a introduo de tcnicas de segmentao e alterao do material gentico e mtodos para o crescimento de clulas humanas em laboratrio. Esses avanos abriram as portas para a investigao e cultivo de clulas tronco humanas em laboratrio. Ento, em 1998, James Thomson, cientista da Universidade de Wisconsin em Madison, com sucesso retirou clulas tronco de embries em clnicas de fertilidade e as cultivou em laboratrio, estabelecendo a primeira linhagem de clulas-tronco embrionrias humanas. Desde esta descoberta, uma pletora de evidncias emergiu para sugerir que essas clulas-tronco embrionrias so capazes de se tornar quase todas as clulas especializadas do corpo e, portanto, tm o potencial de gerar clulas de reposio para uma ampla variedade de tecidos e rgos como o corao, fgado, pncreas e sistema nervoso. O progresso na pesquisa de clulas-tronco cresce de maneira acelerada mais de 3.000 trabalhos de pesquisa com clulas-tronco embrionrias e adultas esto sendo publicados em revistas cientficas conceituadas a cada ano. As pesquisas com clulas-tronco embrionrias em humanos esbarra em vrias questes ticas e religiosas o que no ocorre com a utilizao de clulas-tronco adultas que j esto sendo utilizados em vrias condies h mais de 40 anos como exemplo o transplante medula ssea para leucemia. As evidncias demonstram que a clulas tronco adultas tm efeito benfico em vrias outras doenas como as neurolgicas, endocrinolgicas, imunolgicas, reumatolgicas, dermatolgicas, etc, e que por ser clulas do prprio organismo no existe o problema da rejeio ou incompatibilidade. J os passos da utilizao das clulas tronco embrionrias so mais lentos devido as questes ticos e religiosos.
5 A IMPORTNCIA DO USO DAS CLULAS TRONCO NA MEDICINANos ltimos anos, uma nova rea vem sendo desenvolvida no tratamento de doenas que eram consideradas incurveis pela medicina, essa nova perspectiva o uso de clulas- tronco. Alguns alvos teraputicos so os rgos considerados por muito tempo incapazes de se regenerar como o corao e o crebro. As clulas-tronco podem ser definidas como clulas com grande capacidade de proliferao e auto-renovao e capacidade de responder a estmulos externos e dar origem a diferentes linhagens celulares mais especializadas. Versteis, elas esto presentes,principalmente, nas primeiras clulas do embrio, no cordo umbilical e na medula ssea, o popular tutano. Os tratamentos feitos com clulas-tronco, apresentam uma fonte ilimitada de tecidos para transplante. De acordo com Vieira (2005), algumas doenas que seriam beneficiadas com o uso de clulas-tronco so: Cncer, na reconstruo de tecidos; Cardiopatias, na reposio do tecido isqumico com clulas cardacas saudveis e para o crescimento de novos vasos; Osteoporose, repopulando o osso com clulas novas e fortes; Doena de Parkinson, na reposio das clulas cerebrais produtoras de dopamina; diabetes, infundindo o pncreas com novas clulas produtoras de insulinas; Cegueira, na reposio de clulas da retina; danos na medula espinhal, na reposio das clulas neurais; Doenas renais, na reposio de clulas, tecidos ou mesmo o rim inteiro; Doenas hepticas, na reposio de novas clulas hepticas ou fgado todo; Esclerose Lateral Amiotrfica, na gerao de novo tecido neural ao longo da medula espinhal e do corpo; Doena de Alzheimer, na reposio e cura das clulas cerebrais; Distrofia Muscular, na reposio do tecido muscular e, possivelmente, carreando genes que promovam a cura;
Osteoartrite, no desenvolvimento de cartilagem nova; Doena Auto-Imune, na repopulao das clulas do sangue e do sistema imune; Doenas pulmonares, no crescimento de um novo tecido pulmonar.
No caso do uso teraputico com as clulas-tronco da medula ssea, conhecidas como hematopoiticas ou tutano, so retiradas do paciente por meio de uma mquina, com a ajuda de remdios. Porm esse mtodo de retirada das clulas-tronco da medula ssea muito doloroso ao paciente. Outra maneira de se obter as clulas-tronco, o uso teraputico com as clulastronco do cordo umbilical e placentrio de recm nascidos. Esta tcnica poderia ser mais eficaz, pois, a cada ano, cerca de 3 mil pessoas no Brasil vivem o drama da procura por um doador de medula.Cerca de 1,7 mil no encontram e perdem a batalha pela vida. As clulas-tronco do cordo umbilical so simples de serem obtidas, menos exigentes e mais fcil de serem compatveis. Ou seja, o sangue do cordo umbilical guardado nos bancos pode substituir, com vantagens, o transplante de medula ssea. Segundo Luis Fernando Bouzas, do Centro de Transplante de Medula ssea do Inca, no Brasil, e o Banco do Instituto Nacional do Cncer (Inca), no Rio de Janeiro, j tem no estoque o sangue de 3 mil cordes. O clculo de que, com 12 mil, qualquer brasileiro que precise encontre a salvao nos bancos pblicos do Brasil. Outros mtodos e pesquisas esto sendo estudados com as clulas-tronco como a do material lipoaspirado e a polpa do dente de leite. H tambm vrios estudos com as clulas-tronco embrionrias, porm, seu uso abalam a terapia celular e geram muita polmica, devido s questes ticas e a segurana do uso do embrio. Essas clulas tm uma alta eficincia o que as tornam uma fonte de clulas de qualquer tecido para transplante, mas por outro, elas representam um perigo. Essas clulas tem que ser induzidas em laboratrio para se transformar no tipo celular de interesse pois, caso contrrio, no organismo elas se multiplicam e podem se diferenciar descontroladamente formando tumores. Ou seja, antes de utilizarmos as clulas tronco
embrionrias como fonte de tecidos para transplante, temos que domar a diferenciao destas clulas para que elas gerem apenas os tecidos de interesse. importante ressaltar tambm que o uso das clulas tronco embrionrias tem que ser compatvel ao paciente, ou seja, se o individuo possuir doenas genticas, estas clulas carregariam o gene defeituoso e no seriam capazes de gerar tecidos sadios para transplante. Ento para o tratamento de doenas genticas com as clulas-tronco, sejam elas embrionrias, da medula ssea ou do sangue do cordo umbilical, a melhor alternativa conseguir um doador aparentado, que tem uma chance maior de compatibilidade com o paciente.
6 QUESTES TICAS
A discusso tica quanto utilizao de clulas-tronco de pr-embries produzidos mediante reproduo assistida, seja pela fertilizao in vitro, ou com as tcnicas emergentes de clonagem (clonagem teraputica), passa inevitavelmente pela delimitao do instante no qual quisermos atribuir a um conjunto de clulas o respeito devido vida. A retirada de clulas-tronco produz a morte desse "conjunto de clulas": da, fulcro das polmicas, quanto a podermos produzir esses pr-embries com o fim especfico, no de gerarmos novos seres humanos, mas sim de fabricarmos "remdios" contra patologias graves, como a doena de Alzheimer, o sndrome de Parkinson, leucemias etc. sabida a capacidade das clulas-tronco desencadearem a formao de tecidos variados, sendo inestimvel o valor dessa capacidade para se reporem, no "vivo" (caso dos doentes portadores das molstias j referidas) tecidos e rgos vitalmente prejudicados. A polmica passa tambm pela preocupao de que a utilizao dessas novas tcnicas possa levar, progressivamente, a uma "desumanizao", com dano irreparvel ao respeito vida, vigente em nossa cultura. So esses aspectos que passaremos a discutir, na busca de contribuir para seu deslinde e normatizao da prtica biomdica. A sempre renovada discusso referente ao momento no qual o embrio humano passa a "merecer" respeito sua vida e integridade, apenas comprova a aleatoriedade e o carter pragmtico da caracterizao do incio da vida. Esta observao encontra esteio, por semelhana, na recente mudana do conceito de morte, quando a morte enceflica, por motivao essencialmente utilitria, foi identificada com morte. Assim como o desenvolvimento das tcnicas de transplantes de rgos vitais, a partir de doadores "mortos", passou a exigir a redefinio do momento de morte, para que esses fossem viveis, o desenvolvimento das tcnicas de reproduo assistida est estimulando um questionamento do momento de incio da vida, para que, pelo
destino que no se sabe qual dar aos embries excedentes, este outro avano cientfico (a reproduo assistida) no seja obstaculizado. Com relao a esse aspecto, fcil perceber o quanto a caracterizao do momento de incio da vida no instante da fecundao do vulo, mormente nos pases em que o aborto crime (conceitua-se aborto, ainda, pelo menos no Brasil, como toda interrupo do processo gestacional), dificulte e mesmo impea o desenvolvimento de novas tcnicas de reproduo assistida. As tcnicas de reproduo assistida (RA), intervindo na juno dos gametas masculino e feminino, produzindo-se um embrio (ou pr-embrio, como muitos preferem denominar, nessa fase), requerem a replicagem desses "conceptos" para que haja expectativa de xito com sua implantao no tero: h, portanto, praticamente sempre embries excedentes, que habitualmente so congelados, mas cuja utilizao para se dar prosseguimento ao processo concepcional muito improvvel. Assim, como, alis, tambm ocorre nas situaes em que clinicamente se indica a reduo embrionria (proteo da vida da mulher gestante, que no pode suportar mais do que um nmero definido de fetos), h que se encontrar uma forma, que a lei avalize, de se poderem descartar embries. E, para que isso possa ocorrer, ser necessrio que se modifique o conceito de momento de incio da vida, uma vez que, na maioria dos pases, o direito vida clusula ptrea das Constituies (exceo seja feita, conforme j se referiu, aos pases em que, embora se reconhea como momento de incio da vida a fecundao, permitese a prtica do aborto). , portanto, indispensvel que se altere o conceito de momento de incio da vida, visando aos referidos objetivos absolutamente pragmticos, ou que se abram excees legais que permitam a inutilizao de embries ou, de sua utilizao para outros fins, e este, especificamente, o assunto de que iremos tratar, neste artigo ou, ento, finalmente, que se probam todas essas novas tcnicas, que, ao menos em princpio, visam busca de melhor qualidade de vida para pessoas que desejam procriar. Absolutamente inaceitvel , entretanto, o carter retrgrado de conceituaes e leis existentes, a menos que se deseje, como ocorre no conto "O aprendiz de feiticeiro" - no caso especfico da reproduo assistida que o homem, tendo o poder de replicar
embries ao seu talante, no os possa destruir, quando eles no fossem ser aproveitados, tornando-se, portanto, vtima de seu "feitio". Afinal, a vida um continuum, que, mesmo abstraindo-nos das crenas atinentes espiritualidade, poder-se-ia considerar tendo seu incio material nos pr-gametas e seu fim na esqueletizao do cadver. Milhares de trabalhos j foram escritos sobre a partir de quando e at quando se reconhea que um ser humano pessoa (e este, certamente, no ser um deles), mas absolutamente evidente o carter inerente a uma cultura, aleatrio e pragmtico da tentativa de se estabelecer esses limites. Ademais, as condies instrumentais em que se produz laboratorialmente um ovcito - pelo "encontro" dos gametas, e construo de uma clula diplide a partir de duas haplides -, bem como a possibilidade de se replicar esse produto, configuram um universo totalmente diferente daquele da fecundao "natural". Pretender-se estender os conceitos vigentes quanto ao "ncio da vida" dogmaticamente no instante da concepo - a essas novas situaes, artificiais, j configura uma perverso lgica, realizada sob o pretexto de se quererem incluir na proteo oferecida aos seres humanos em formao, esses conjuntos celulares, originados dessa forma. A perverso torna-se mais evidente no momento em que at mesmo a fecundao - pela clonagem, a partir de clulas diplides - se torna dispensvel, para o objetivo de se produzirem conjuntos celulares, virtuais fontes de clulas-tronco. Essas consideraes tem a finalidade de trazer tona o autoritarismo obscurantista de setores que, sob o disfarce da religio, obstaculizam o avano cientfico, corrompendo a meta de se obter uma qualidade de vida melhor para o maior nmero possvel de pessoas. Pretender-se o suporte da cincia pina-se, apenas, o que interessa, como o fato de, na fecundao, se estar constituindo a bagagem gentica do que poder vir a ser um novo ser na tentativa de se eternizarem subjetivismos dogmticos. Dentro da ptica "autonomista" que expusemos, pode-se perguntar: por que colocarmos tantas barreiras a uma futura construo de clones humanos?
Por que, se tivermos bem claros - e respeitarmos - os valores que desejamos preservar (entre os quais destacam-se o respeito vida e sua qualidade, a rejeio de todo tipo de dominao ou subjugao, a tentativa de administrao equilibrada do confronto individual versus coletivo etc.), veramos com tanto "pnico" a eventual implementao de um avano cientfico deste porte? Mas surgem tambm outras perguntas. Far sentido, no plano moral, abrir tanta polmica sobre a possvel licitude da clonagem, recalcando, ou -pior - menosprezando as tragdias dos extermnios, os sofrimentos sem fim nos regimes autoritrios, as iniqidades sociais aterradoras e as discriminaes implicadas por polticas eugnicas racistas? Afirma-se que no existem, at o momento, pesquisas cientficas fidedignas sobre as NTRAs (Novas Tecnologias de Reproduo Assistida) para que possamos ter segurana de que no se geraro portadores de anomalias congnitas srias e que no prejudiquem a qualidade de vida de seus portadores. Esta uma objeo importante, pois implica o controle social rigoroso sobre toda pesquisa com seres humanos e a proteo dos sujeitos vulnerveis pelo Estado. Esta a Resoluo n 196/96 brasileira, emanada do Conselho Nacional de Sade, que submete Comisso Nacional de tica em Pesquisa (Conep) os protocolos de pesquisa (para aprovao, ou no) em matrias temticas, como o caso da reproduo humana. Mas, vinculados como estamos, em nosso Pas, normatizao totalmente fora de sintonia com os avanos da RA (quando se pense que ainda se probe a manipulao e o descarte de embries produzidos in vitro), como pretender que se acumule conhecimento suficiente para empreender futuramente uma clonagem de seres humanos? Tratando-se de um horizonte novo, que se descortina, so dificilmente previsveis as virtuais aplicaes dessa e de qualquer nova tcnica. Quando, de acordo com a lenda grega, Prometeu "roubou" (produziu) o fogo, ele certamente no tinha a perspectiva da sua extraordinria descoberta, nodal para a histria da Humanidade. Por analogia, pode-se razoavelmente perguntar: sero os clones humanos produzidos to somente para a replicao gentica de pessoas, atendendo ao desejo
(compreensvel) de sujeitos isolados ou de casais estreis? Provavelmente no. Tratarse-ia, ento, da tentativa de o Homem alcanar a imortalidade? Pode-se considerar essa expectativa v, uma vez que a identidade gentica no determinante da personalidade (como muito bem se v nos gmeos univitelinos) e, mais radicalmente, a repetio gentica nada tem que ver com a continuao da subjetividade. E a produo de rgos, visando realizao de transplantes, no ser tambm ela uma perspectiva teraputica capaz de produzir um extraordinrio salto no aumento da qualidade e quantidade de vida do ser humano? Poder-se- objetar que a "produo" de seres humanos, ainda que para fins teraputicos, uma violncia contra um dos inestimveis valores de nossa cultura: a vida. Mas o que significa "fazer violncia" vida quando pensamos em toda a histria da medicina, da sade pblica, da educao e, de forma mais geral, em toda a histria da cultura e da tcnica humanas? No deveramos pensar no ser humano como um ser que transforma a realidade em realidade para si, adaptando-a a seus desejos e projetos, pois isso faz parte de sua segunda natureza que transforma a primeira natureza constituda por sua biologia? Ademais, havendo vida, a partir de que momento e/ou sob quais condies consideramos a existncia de um sujeito, a quem atribuiremos direitos? Tendo em conta a legitimidade prima facie de construirmos nosso futuro e desestigmatizando sentimentos morais incrustados em nossa cultura, no poderamos pensar na construo de clones sem estruturas nervosas (que no podem, portanto, sofrer, evitando assim eventuais objees sencientocntricas) que, por semelhana, compararamos a corpos em estado de morte enceflica, e que certamente no consideramos pessoas e sim "banco de rgos"? Em suma, cabe reiterar que certamente no sero as tcnicas em si que nos levaro a um "inferno tico", supostamente implicado pela vigncia do imperativo tecnolgico e o correspondente niilismo dos valores. Por isso, consideramos que no devemos aprioristicamente tem-las, e sim monitorar cuidadosamente a sua aplicao. Face s premissas supra, est clara a nossa posio francamente favorvel utilizao de clulas-tronco, a partir de pr-embries produzidos in vitro, sejam eles resultantes de fecundao ou de clonagem.
A importncia desse avano cientfico e tecnolgico tem, ao que tudo indica, enorme valor teraputico. A possibilidade de se tratarem (e curarem?) doenas como leucemias, mal de Parkinson, Alzheimer, a par de se poderem desenvolver rgos que podero ser utilizados em transplantes, uma perspectiva alentadora no sentido de melhorar a qualidade e alongar o tempo de vida de muitas pessoas.
7 PERSPECTIVAS FUTURASA aplicao de clulas-tronco/progenitoras na reconstituio de tecidos no reparveis cresce de forma marcante. Doenas dos sistemas hematolgico (leucemias, linfomas), nervoso (acidente vascular cerebral, esclerose mltipla, traumatismo raquimedular) e cardiovascular (infarto do miocrdio, insuficincia cardaca) so alvos naturais de interesse. Fontes possveis de clulas-tronco/progenitoras incluem embries, SCU, medula ssea ou sangue perifrico. H em todo o mundo preocupao especial quanto a limites ao uso de clulas embrionrias. A legislao brasileira atual facilita a definio do papel teraputico destas clulas ao mesmo tempo em que estimula a busca por fontes alternativas (particularmente de clulas autlogas adultas). Bancos pblicos de SCU alognico representam uma alternativa socialmente justa e cientificamente recomendvel. A corrida cientfica na busca de solues que utilizem clulas-tronco deve ser vista com extrema ateno. O otimismo exagerado com que o tema tratado e o espao especial reservado ao assunto nos meios de comunicao (e a conseqente presso gerada) no justificam a eliminao de etapas essenciais de pesquisa. O problema amplo e envolve uma srie de variveis como fonte, nmero e seleo prvia de clulas-tronco, mecanismos de ao envolvidos, cenrios clnicos ideais e complicaes em longo prazo, que devem ser consideradas. Investimento macio em pesquisa pr-clnica essencial. Tcnicas de identificao dos tipos celulares mais adequados para cada situao clnica, de administrao eficiente de clulas-tronco e de confirmao precisa do destino destas clulas devem ser aprimoradas. Experimentao animal exaustiva e uso de mtodos de imagem in vivo so cruciais para a segurana e eficcia dos procedimentos. Ao mesmo tempo, aplicao criteriosa de fundos governamentais e vigilncia da prpria comunidade cientfica so garantias eficazes de que princpios ticos e tcnico cientficos elementares norteiem a procura por novas aplicaes envolvendo clulas-tronco.
8 CONCLUSO
Os estudos sobre CT tm gerado grandes perspectivas na rea da medicina, porm, os resultados ainda so preliminares e por essa razo torna-se necessria muita cautela na execuo e divulgao de novas terapias celulares. A gerao de falsas expectativas, na populao em geral, solo frtil para um sem nmero de charlates venderem terapias enganosas, geralmente a preos aviltantes. As CT constituem modelos ideais para que os mecanismos genticos e ambientais envolvidos no desenvolvimento dos tecidos possam ser compreendidos. Aumentando o entendimento dos mecanismos moleculares envolvidos na proliferao e diferenciao das CT, nalmente as promessas de sua utilizao em diversas terapias celulares podero ser cumpridas.
REFERNCIAS
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