Cenas Domestic As, Visao, 21 Setembro 1995

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  • 8/3/2019 Cenas Domestic As, Visao, 21 Setembro 1995

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    ARTES PLSTICASCENAS

    DOMSTICASMdulo, LisboaUma das respostas antagnicas estticahomogeneizante do modernismo temsido a necessidade, expressa m trabalhosde diferentes artistas, de recolocar o seu trabalho num campo especfico, seja ele o dacultura, da etnicidade ou do gnero. O corpo tem sido, desde os finais dos anos 80,um lugar de constante pesquisa nestas re

  • 8/3/2019 Cenas Domestic As, Visao, 21 Setembro 1995

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    sivo, globalmente anti-romntica. Enquanto que Bad Girls (Kilimnik e Williams) utilizam o desenho para recuperar a experincia reprimida (e muitas vezes dolorosa, nocaso de Williams) da objeco, os fotgrafos neste grupo (Bruce Charlesworth, Cindy Sherman, Bernard Faucon) aproveitamo medium para apontar a natureza altamente construda dos mitos sociais. Aexcepoaqui Nan Goldin cujo trabalho tem umtom mais cru dado recorrer reportagempessoal.

    A pea de Tony Oursler incorpora umaprojeco em vdeo da cara de urna mulher,estrategicamente colocada debaixo da pernade uma cadeira de braos, dando instrues(num loop de 35 minutos) de natureza ambivalente e ertica. Por comparao, a partede vdeo da instalao de Antnio Rego(mos mimando tarefas sublinhando a banalizao dos gestos quotidianos) parece aomesmo tempo minimal e reservada.Embora de escala modesta, estamos perante urna exposio estimulante, a primeiraem Lisboa a abordar a obsesso com o objecto na arte contempornea. O objecto, nadefinio seminal de Kristeva, aquela violncia q u simultaneamente implora e pulveriza o sujeito, um vazio pelo qual os li-

    mites ou as fronteiras (por exemplo entre vida e morte) se tomam novamente fluidos. Aexpresso visual do objecto requer sempreuma mediao, seja atravs da apropriao,do humor ou da prpria linguagem. Algodisto nos dado a saborear de forma picantenestas Cenas Domsticas: um sabor que nosagua o apetite e nos faz querer mais.

    RUTH ROSENGARTEN

    DISCOSZIPLESS

    VANESSA DAOUed. MCA/BMG

    N o indito pensar e concretizar umdisco sobre o trabalho de um poetaou de uma poetisa. J no to comum queola autoria se disponha no s a emprestarepisodicamente a voz a um ou mais momentos das suas prprias palavras e a permitir pequenas modificaes ou acrescentosaos seus poemas. Talvez o facto de EricaJong, a escritora radical que est no centrodeste Zipless, ser tia do produtor tenha ajudado. Por outro lado, aquele marido damulher que, em nome prprio, assina o tra-