CI 10-7-1 Logistica de Subsist en CIA

Embed Size (px)

Citation preview

CI 10-7/1

MINISTRIO DA DEFESA EXRCITO BRASILEIRO COMANDO DE OPERAES TERRESTRES

Caderno de Instruo

LOGSTICA DE SUBSISTNCIA

1 Edio - 2005

Experimental Preo: R$

CARGAEM______________

MINISTRIO DA DEFESA EXRCITO BRASILEIRO COMANDO DE OPERAES TERRESTRES

PORTARIA N 008 COTER, DE 25 DE OUTUBRO DE 2005.

Caderno de Instruo CI 10-7/1 Logstica de Subsistncia

O COMANDANTE DE OPERAES TERRESTRES, no uso da delegao de competncia conferida pela letra e), do item XI, Art. 1 da Portaria n 761, de 2 de dezembro de 2003, do Gab Cmt Ex, resolve: Art. 1 Aprovar, em carter experimental, o Caderno de Instruo CI 10-7/1 Logstica de Subsistncia . Art. 2 Estabelecer que a experimentao deste Caderno de Instruo seja realizada durante os anos de instruo de 2005, 2006 e 2007. Art. 3 Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicao.

Gen Ex ROBERTO JUGURTHA CAMARA SENNA Comandante de Operaes Terrestres

NDICE DE ASSUNTOS Pag 1. Introduo ................................................................................... 1 2. Tecnologia social - rea Material .............................................. 2 a. Construo sustentvel ............................................................... 2 b. Mtodos de construo ............................................................... 2 c. Construo de cisternas ............................................................. 3 d. Carneiro hidrulico ...................................................................... 6 e. Defumador .................................................................................. 9 f. Secador de frutas solar ............................................................... 10 g. Aquecedor solar .......................................................................... 10 3. Tecnologia social - rea Vegetal ............................................... 14 a. Conserva vegetal ......................................................................... 14 b. Processamento ........................................................................... 15 c. Receita de conservas .................................................................. 16 d. Desidratao de frutas ................................................................ 20 e. Horta ........................................................................................... 22 4. Tecnologia social - rea Animal ................................................ 24 a. Desidratao de carne ................................................................ 24 b. Defumao .................................................................................. 25 c. Criao de escargots .................................................................. 29 d. Minhocultura ............................................................................... 30 e. Piscicultura ................................................................................. 32 5. Concluso ..................................................................................... 35 Bibliografia ........................................................................................ 37 Anexos Anexo A ........................................................................................ A-1 - Logstica de subsistncia, aplicao de tecnologia social ............ A-1 - Logstica de subsistncia ............................................................. A-3

O presente Caderno de Instruo tem carter experimental. Portanto sero muito teis as sugestes envidas para o COTER - 1a Subchefia. QG Ex - Bloco H - SMU 70630-901-Braslia-DF

APLICAO DE TECNOLOGIA SOCIAL CADERNO BSICO 1. INTRODUO A tecnologia social visa a reunir conhecimentos de prticas artesanais de subsistncia, que no passado responderam pela sustentabilidade e qualidade de vida das famlias. Muitas dessas tcnicas esto hoje espalhadas na vastido do nosso territrio. Conhecimentos valiosos, deixados por colonizaes estrangeiras ou herdada de nativos, que vm sendo esquecidos. Resgatar e aprimorar as boas prticas, compilando-as como acervo dos objetivos do Programa da Logstica de Subsistncia, uma das metas do Exrcito Brasileiro, trabalho que por certo no se esgotar de imediato neste caderno de instruo. A logstica de subsistncia orienta a capacitao de recursos humanos na aplicao da tecnologia social, que est vocacionada para trs principais reas: material, vegetal e animal. Um dos objetivos da logstica de subsistncia produzir com mais eficincia a mesma quantidade de produto, utilizando menos insumos, de maneira a diminuir seu custo unitrio e, assim, aumentar a rentabilidade do produtor rural. Por essa razo, o emprego de fontes alternativas de energia como as provenientes do sol, vento e da gua so objetivos da logstica de subsistncia. Elas so certamente fatores gratuitos da produo e condizem com as polticas econmicas do pas, na reduo do consumo das fontes convencionais. A conservao de frutas, carne, gros atravs de secagem solar, por exemplo, ainda contribui para reduzir a perda do produto no campo. Portanto, saber aproveitar esses fluxos naturais de energia , sem dvida, otimizar os recursos locais, minimizando custos e melhorando o resultado da produo. No presente caderno, apresenta-se algumas tcnicas que podem ser aplicadas no primeiro estgio de tecnologia social. 1

CI 10-7/1

2. TECNOLOGIA SOCIAL - REA MATERIAL Nessa rea, tratar-se- da Tecnologia Social Sustentvel e de mtodos de construo alternativa, como o uso de peas de forro de PVC em aquecedor solar e de construo de secador de frutas, tambm com utilizao de energia solar. Com relao ao emprego de produtos convencionais, ser dada nfase aplicao de tcnicas de grande simplicidade, versatilidade, custos reduzidos e, sobretudo, de fcil aplicabilidade. Tal o caso da tcnica ferrocimento, que permite a construo de cisternas, piscinas, criatrios de peixes, biodigestores, casas etc. Sero apresentadas, ainda, tcnicas de construo de defumadores rurais, criatrios de minhocas, helirios e outras. a. Construo Sustentvel Trata-se de um modelo diferente de bioconstruo, onde se empregam ecomateriais e solues tecnolgicas inteligentes para promover o bom uso e a economia de recursos. um sistema construtivo que busca a integrao do homem com a natureza. Difere da construo natural porque poder, ou no, empregar material natural e produtos provenientes da reciclagem ou resduos gerados pela sociedade. uma forma de construo natural, no entanto, diferente das moradias indgenas, nas quais so empregados s recursos naturais locais de uma forma instintiva e intuitiva. b. Mtodos de construo 1) Superadobe - um novo mtodo de construo rpido, econmico e que pode ser realizado em qualquer local. Consiste na utilizao de sacos do tipo sacaria, nos quais ir se empregar o material natural do local, seja terra, seja areia, sem distino da composio (rico ou pobre em argila). Depois de estar cheio, o superadobe (saco) pilado, fieira por fieira. A cada trs fieiras, intercalase arame farpado. uma construo rpida, que oferece grandes vantagens em relao aos outros recursos naturais, principalmente pela rapidez de feitura e por no exigir qualidade do material empregado no enchimento do saco. Outra vantagem que na base pode ser usada uma mistura de areia e cimento, na proporo de nove por um, o que poder evitar a umidade natural proveniente do solo.

Enchimento do superadobe 2

Uso do pilo

CI 10-7/1

Etapas da construo com o superadobe

2) Adobe - O adobe uma espcie de tijolo cru, feito de maneira artesanal, em frma de madeira, composto por barro e palha. A terra empregada dever conter, no mnimo, 10% de argila, mas o ideal o percentual de 20%. Em caso de subsolo rico em areia, deve ser utilizada uma poro de calcrio como meio de enriquecer e de se obter o percentual ideal da massa. Depois de preparado, o adobe deixado ao sol para secagem, o que em geral leva de 15 a 20 dias, dependendo da regio e do clima existente. O trabalho de construo com o adobe semelhante ao realizado com o tijolo convencional. Porm, em vez de se empregar a argamassa, utiliza-se o barro. um mtodo de construo natural muito econmico, resistente e de grande durabilidade, desde que um bom teto proteja as paredes da umidade e da chuva. Como desvantagem, aponta-se o tempo que leva para ser confeccionado o tijolo de adobe. Outros mtodos empregados em construo: taipa de mo; fardos de palha (palha e lama); taipa leve (com serragem cimento e barro); taipa sopapo (com madeira); taipa de pilo etc. c. Construo de Cisternas A construo de cisternas do tipo ferrocimento de fcil difuso, principalmente pela simplicidade da tcnica construtiva e pela resistncia de suas paredes. O reservatrio tem a forma cilndrica, o que lhe proporciona distribuio por igual da presso hidrosttica sobre suas paredes. Alm de ser um excelente reservatrio para se coletar a gua da chuva, pode tambm ser utilizado como biodigestor, celeiro de gros ou reservatrio para a criao de peixes, rs etc. 3

CI 10-7/1 de construo rpida, de baixo custo e de fcil manejo, o que dispensa a necessidade da mo-de-obra especializada. A cisterna uma estrutura de concreto de 2(dois) centmetros de espessura, super-reforada com malha de telas metlicas. , sem dvida, uma maneira econmica de se utilizar o cimento, com resultado surpreendente. 1) Clculos Antes de iniciar a construo da cisterna, necessrio que se conheam as necessidades locais de gua, principalmente a quantidade a ser armazenada, o tamanho e a capacidade do reservatrio, quantos metros de tela e ferro sero utilizados, e quanto se gastar de cimento e areia. a) Necessidades dirias de consumo de gua, por indivduo: - homem ..................... 14 a 28 litros - aves ......................... 0,2 a 0,38 litros - bovinos ..................... 53 a 83 litros - caprinos e ovinos ...... 06 a 11 litros - sunos ...................... 06 a 16 litros Exemplo: 365 dias x 14 litros = 5.110 litros, por pessoa. - Uma famlia de 4 pessoas/ 1 ano: 5.110 litros x 4 = 20.440 litros - Uma famlia de 5 pessoas/1 ano: 5.110 litros x 5 = 25.550 litros b) Capacidade do reservatrio: Conhecida a necessidade de consumo, verifica-se a dimenso do reservatrio. Como o reservatrio tem a forma cilndrica, ento para conhecer a sua capacidade basta saber o raio e a altura de suas paredes. Capacidade do reservatrio = r2. h, onde: vale 3, 14; h representa a altura do reservatrio e r o raio do reservatrio. c) Dimenso da tela. Para o clculo do comprimento das telas (malha 10x10 e pinteiro), utilizadas na confeco da estrutura da cisterna, calcula-se o permetro do reservatrio a ser construdo, acrescido de mais 30 cm. Este acrscimo servir para se transpassar as malhas e fazer uma boa amarrao: 2 r + 30cm 2) Construo a) Preparo da base (contrapiso) Primeiramente, deve-se preparar o piso onde ser construdo o reservatrio. O terreno dever ser nivelado e compactado. Em seguida, preparase o contrapiso, com a argamassa numa proporo de 3(trs) medidas de areia, 1(uma) de brita e 1(uma) de cimento, para revestir a armao do reservatrio.

4

CI 10-7/1 b) Preparo da malha de sustentao Depois de montada, recobre-se a malha de ao com uma tela do tipo pinteiro, utilizando-se para isso arame recozido, que ir prender malha com malha. Deve-se deixar a parte superior da malha livre, ou seja, sem a tela pinteiro, pois essa parte servir para a amarrao com a tampa da cisterna. Ainda, dependendo da altura da cisterna, coloca-se duas ou trs varas de vergalho de 4.2 polegadas para reforar a malha de sustentao. Em seguida, prepara-se o fundo apenas com a malha de ao. Ergue-se a tela que ser a parede da cisterna e faz-se o formato cilndrico. Sobrepe-se armao do fundo e finaliza-se o trabalho, fazendo a amarrao com o arame recozido. O resultado ser uma estrutura na forma de uma gaiola. Isso feito estar pronta para receber a argamassa.

c) A argamassa A dosagem da argamassa de 1(um) saco de cimento para 4(quatro) latas de 20 litros de areia, e 1(uma) de gua. O rendimento de 4m2 de superfcie, com dois centmetros de espessura. Para verificar a justa proporo de gua, pega-se um punhado de argamassa e aperta-se na mo. Se escorrer gua, est mida demais. No caso de no escorrer gua, abre-se a mo e procura-se partir no meio o pedao, sem esfarelar. Se isso ocorrer, porque falta gua. d) A recoberta de argamassa A argamassa aplicada diretamente sobre as telas, de baixo para cima, em faixas de 30 cm. Para isso, utiliza-se um anteparo para que a argamassa seja comprimida e fique bem compactada e sem vazios no seu interior. Porm, deve-se evitar o atrito da colher de pedreiro e a tela de pinteiro. As telas devem ser recobertas com pelo menos 0,5 cm de argamassa e no mais de 1,5 cm, para que o peso do excesso no faa a argamassa soltar. Aps a primeira argamassa, deve-se esperar pelo menos 12 horas para aplicao do reboco. O acabamento do reboco feito com o auxlio de uma esponja ligeiramente umedecida. Ela deve ser passada levemente por toda a superfcie para alisar as paredes. Tambm, deve-se ter o cuidado de reforar o reboco da base da cisterna, de maneira a evitar a permanncia de aresta entre o encontro das paredes laterais e o fundo. 5

e) A cura da argamassa O processo da cura fundamental. Aps 24 horas, deve-se encher o reservatrio, para que a cura do cimento se faa sob presso. normal que apaream pequenas infiltraes durante a primeira semana, o que ir desaparecer durante a cura total do cimento (aproximadamente 8 dias). A gua da cura no deve ser aproveitada para uso humano. f) Material necessrio: - vergalho de 4.2 polegadas, tela pinteiro, arame recozido, tela Q138 Gerdau, malha 10X10 (bobina 60m por 2,45m, ao CA60), cimento, areia lavada, registro de 60 mm e tubos PVC 60 mm. d. Carneiro Hidrulico O carneiro hidrulico um exemplo de tecnologia rudimentar muito til. Apesar de o avano tecnolgico haver sepultado esse engenho simples, ainda possvel encontr-lo em propriedades rurais onde h fonte superficial de gua. econmico, ecolgico e, sobretudo, eficiente. Trata-se de uma bomba dgua cuja operao baseia-se no fenmeno fsico conhecido como Golpe de Ariete, em que seu funcionamento utiliza unicamente a energia hidrulica proveniente da fonte de alimentao. 1) Funcionamento Ao correr pelo tubo de alimentao, a gua alcanar uma acelerao tal que formar uma presso e fechar a vlvula de impulso. Interrompido o fluxo, ocorrer uma forte presso no interior do tubo, fato que resultar na abertura da vlvula de reteno. Consequentemente, haver a entrada da gua na cmara, fazendo com que o ar a contido seja comprimido at as presses se igualarem. Nesta situao, o carneiro hidrulico estar pronto para funcionar, bastando acionar algumas vezes a vlvula de impulso.

Com a vlvula de impulso aberta, a gua comea a sair em pequenos esguichos at que, com o aumento da velocidade da gua, ocorre o seu fechamento. A gua, que tinha uma velocidade crescente, sofre uma interrupo brusca, causando um surto de presso ou Golpe de Arete, que ir percorrer o carneiro e todo o tubo de alimentao. Este surto de presso provoca a abertura 6

da vlvula de reteno, que permitir a entrada da gua na cmara. Na medida em que o ar contido no interior da cmara vai sendo comprimido, a resistncia entrada da gua vai aumentando, at que a presso no interior fique um pouco superior e provoque o fechamento da vlvula de reteno. A gua contida na cmara, no podendo retornar ao corpo do carneiro, s tem como sada o tubo de recalque. Posteriormente, ocorre a formao de uma onda de presso negativa que provoca a abertura da vlvula de impulso, dando ento condies para a ocorrncia de um novo ciclo. Com o desenrolar dos ciclos sucessivos, a gua comea a encher o tubo de recalque e sua elevao ocorre na medida em que o ar da cmara fica mais comprimido. Para iniciar a operao do carneiro hidrulico basta abrir, com a mo, a vlvula de impulso. O funcionamento automtico. Para paralisar, basta manter a vlvula de impulso fechada. 2) Tubo de alimentao : O comprimento do tubo importar significativamente no desempenho do carneiro hidrulico. Se o comprimento do tubo no for o ideal, a troca em volume entre expanso e contrao no ser suficiente para produzir a suco necessria para abrir a vlvula de impulso, razo porque o tempo entre os extremos ser muito curto para superar a inrcia da referida vlvula. O comprimento do tubo (L) dividido pelo seu dimetro () deve estar compreendido entre 150 e 1000. Assim sendo, um tubo de 40mm o comprimento mnimo de 6m e o mximo de 40m: Quando L / = 150 Quando L / = 1000 L / 40 = 150 L / 40 = 1000 ento, L = 6m ento, L = 40m 3) Tubo de recalque: O comprimento do tubo de recalque dever ter no mximo dez vezes o comprimento do tubo de alimentao. Se for maior do que 10 vezes, ento devese aumentar o dimetro do tubo de recalque. Ainda, deve-se evitar o uso de joelhos e curvas. 4) Rendimento Trata-se do percentual de gua a ser bombeado ou recalcado. Compreende a relao entre a altura de queda dgua da fonte (h) e a altura onde a gua ser recalcada (H). Quanto maior for o quociente dessa relao, maior ser o aproveitamento (R). h/H 1/2 1/3 1/4 1/5 1/6 1/7 1/8 R 60% 55% 50% 45% 40% 35% 30% 5) Vazo Compreende a quantidade de gua a ser aproveitada. Isso depender do tamanho do carneiro hidrulico e da relao entre a altura da queda dgua e o recalque (h/H). q = R . Q . h/H onde: Q = vazo da fonte, h = altura de desnvel da fonte e H = altura do recalque.

7

6) Cmara de ar O ideal que a cmara contenha quantidade de ar, no mnimo, igual a 10 vezes o volume da gua que entra pelo golpe. Quando a gua sai da cmara, leva junto parte do ar. Com o passar do tempo, todo o ar ter escapado e o carneiro hidrulico, ento, deixar de funcionar. Para evitar tal situao, faz-se um orifcio de 1mm de dimetro no tubo de alimentao, a uns 20 cm do carneiro hidrulico. 7) Confeco de um carneiro hidrulico de baixo custo Abaixo, observa-se o esquema de confeco de um carneiro hidrulico de baixo custo, feito com tubos de PVC e outros materiais acessveis.

Esquema de confeco de um carneiro hidrulico de baixo custo

8

CI 10-7/1 e. Defumador Trata-se de um defumador simples, construdo com manilha de cimento e tijolos, capaz de produzir at 20 Kg de alimento defumado por dia. Sua fonte de calor e fumaa a serragem. O material para sua construo barato e fcil de encontrar. Especificao do material para a sua construo: - 1(uma) manilha de cimento de 60 ou 80 cm de dimetro interno e altura de 90 cm a 1,0 m; - 1(um) saco de cimento; - 100(cem) tijolos macios; - duas tampas de madeira e pedaos de cabo de vassoura, para cabide. A construo tambm simples. No cho, desenha-se um quadrado com 1m de lado. No centro do quadrado, marca-se um crculo de 60cm de dimetro (o dimetro da manilha). Marque tambm o lugar onde ser feita a porta do defumador, com 40 cm de largura. Depois, constri-se a base. Para isso, assentam-se as fiadas de tijolo at 50 cm de altura aproximadamente. Devese colocar um x de 18 cm de largura, feito de chapa, sobre o buraco central da base. Essa chapa evitar a queda de gordura sobre a lata de serragem, bem como a subida da fuligem em excesso. Colocado o x sobre a base, assentase a ltima fiada de tijolos e espera-se 24 h para secagem. Faz-se duas tampas de madeira. Uma para a base do defumador, com uma abertura de 10cm x 10cm de maneira a ter tamanho suficiente para tampar a entrada da base do defumador. A tampa pode ser de madeira, chapa de ao, lata ou outro material. A tampa para a manilha deve ter tamanho suficiente para cobrir todo o defumador. Deve-se deixar uma abertura de 10x10 cm para a sada de fumaa. A queima da serragem para produzir calor e fumaa feita em uma lata vazia de aproximadamente 18 litros. Basta fazer um buraco do dimetro de uma garrafa na lateral da lata bem rente ao fundo e colocar um arame para servir de ala.

Manilha de cimento

Lata de 18 Litros

Tampa de madeira

9

CI 10-7/1 f. Secador de frutas solar Secar frutas uma tcnica razoavelmente simples. A desidratao se d pela exposio das frutas ao sol, o que resulta na perda da gua contida no produto. A desidratao, alm de ser um mtodo de conservao, tem sido utilizada como meio de oferta de novos produtos no mercado. Como nos casos de banana, manga, ma e abacaxi desidratados, tomate seco em conserva e suco de frutas em p. A vantagem da secagem permitir o aproveitamento de toda a produo, a comercializao e o consumo fora do perodo da safra. Evita o desperdcio e garante o armazenamento por muito mais tempo. Existem diferentes tipos de secadores solares. Pode-se fazer um modelo simples, valendo-se de um armrio de ao em desuso que receba servios de recuperao de solda e demais adaptaes necessrias. Ele, assim, j possui toda a estrutura metlica, com exceo da tampa, que tem de ser em vidro. Com dimenses de 2m x 1m x 0,25 m, o dispositivo ter capacidade para secagem de 10 Kg de frutas. tampa em vidro abertura com tela para ventilao portas metlicas com dobradias

Um outro exemplo simples de secador solar o visto na figura abaixo. Pode ser construdo com peas de madeira, tela e vidro ou chapa transparente de acrlico. A base inferior deve ser pintada de preto. A base mdia, local da exposio do produto ao sol, deve ser confeccionada em tela. O processo de secagem conseqncia da incidncia direta de radiaes solares sobre a base mdia e do calor emitido pela base preta. O tamanho do dispositivo depender da necessidade. Por exemplo, se a base mdia tiver 2 m, o secador comportar 12 kg de frutas.Aberturas inferiores para a entrada do ar fresco (duas entradas) Abertura superior para a sada do ar mido (uma sada)

g. Aquecedor solar Trata-se de um tipo de aquecedor solar de baixo custo, de fcil construo e de excelente resultado, que proporciona a obteno de gua aquecida de forma sustentvel. Com um simples reservatrio de 200 litros poder-se- atender de10

CI 10-7/1 manda de gua quente no meio rural, por exemplo, para o banho de uma famlia de 4 a 6 pessoas. Atualmente, vem sendo implementado com sucesso, inclusive em locais institucionais com demanda expressiva de consumo. 1) Princpio de funcionamento Apresenta o mesmo princpio de funcionamento do sistema tradicional, porm diferenciando pelo tipo de material empregado. O funcionamento do sistema se inicia quando a energia solar incide sobre a superfcie dos coletores. Essa energia absorvida transforma-se em calor e aquece a gua que est no interior dos coletores. A gua aquecida menos densa e comea a se movimentar em direo caixa, dando incio a um processo natural de circulao da gua, chamado de termo-sifo. O reservatrio deve ficar mais alto que os coletores. A circulao contnua e ocorrer enquanto houver uma boa irradiao solar ou ento, at quando toda a gua do circuito atingir a mesma temperatura. Nos dias encobertos, o sistema de aquecimento solar aproveita a radiao difusa. 2) Esquema geral da operao do sistema de aquecimento solar

1 - reservatrio 2 - coletores 3 - chuveiro 4 - sistema geral de dutos 5 - bia tipo pescador

3) Os coletores So fabricados com placas de forro de PVC alveolar. Eles diferem dos convencionais por no utilizarem caixa e cobertura de vidro, que permitem a obteno do efeito estufa (aquecimento adicional). A obrigatria ausncia da cobertura de vidro evita que a gua aquea demais, afetando assim a integridade dos componentes de PVC, material este que tem limite de aquecimento. Os fatores que influenciam na quantidade de coletores a serem instalados so de ordem climtica. Em alguns estados da regio Sul, sugere-se colar na superfcie inferior do coletor uma placa EPS (isopor), elevando-se assim a temperatura da gua do reservatrio em aproximadamente 3 a 4 C. A relao de 1 ou 1,5 coletor para cada cem litros de gua. Caso haja excesso de temperatura, diminui-se um coletor. Em caso contrrio, se a temperatura estiver baixa, aumenta-se o nmero de coletores no sistema. 11

CI 10-7/1 a) Montagem de um coletor 1: Corta-se 2(dois) pedaos de 70 cm de cano PVC de 32 mm e fixa-se os tubos em uma tbua. Demarca-se a rea onde ser feito o rasgo de 61 cm x 1,1cm. Centralizase esse rasgo, de forma que as pontas dos tubos fiquem com 4,5 cm de comprimento cada. Observe-se que a medida do rasgo seja igual largura da placa alveolar, menos 1cm. 2: Faz-se um rasgo na rea demarcada para a introduo da lmina de serra. Este rasgo pode ser feito com um ferro de solda ou com o auxlio de uma furadeira, com broca de 3mm. 3: Com a ponta da lmina de serra, inicia-se o corte da rea demarcada. 4: Realizados os cortes, retira-se a tira, d-se acabamento com lixa nas superfcies cortadas e arredonda-se, com lima redonda, as extremidades do rasgo, levando para a largura original da placa alveolar de 61,5 cm. 5: Lixa-se as extremidades da placa e encaixa-se 0,5 cm de placa no rasgo de cada tubo. No caso de montagem de dois ou mais coletores, fazer dois gabaritos idnticos, de 123 cm cada, e utiliz-los em todos os coletores, para garantir a distncia constante entre os tubos de entrada e sada de gua, o que permitir fcil encaixe com luvas de coletor a coletor. 6: Deitar a placa sobre uma camada de 11 mm de jornal (mantendo correta a posio dos dutos, relativa placa). Aplicar sobre a chapa limpa uma quantidade adequada do adesivo Plexus 310. Uma opo eficiente e de rpida secagem o emprego de resina. Com uma lata de de resina para laminao, talco industrial e catalisador, prepara-se uma carga tcnica, ou geocont, que substitui perfeitamente o adesivo Plexus 310, com a vantagem de ter uma secagem imediata. 7: Aps a secagem e o teste de vazamento, lixa-se levemente uma das faces do coletor e limpa-se com lcool. Pinta-se a face com tinta preta fosca, inclusive a rea da colagem e a parte superior dos dutos. b) Teste de vazamento 1: Tampa-se trs extremidades com caps 32 mm e a outra, com um joelho 90 e um tubo de 3 m de comprimento na vertical. 2: Completa-se com gua e observa-se por 15 minutos se no h vazamento. Se houver, refora-se com o adesivo nos locais observados e refaz-se o teste.

12

CI 10-7/1 c) Fixao e inclinao dos coletores Se possvel, deve-se direcionar os coletores para o norte geogrfico, fixando-os na estrutura de madeira do prprio telhado. Essa fixao deve ser feita com fios de cobre rgido de longa vida no ambiente externo ou com braadeiras. Se os coletores forem instalados em uma laje, deve-se considerar como inclinao tima a latitude do local acrescida de 10. No caso de residncias com telhados que no atingem a inclinao sugerida (latitude + 10 graus), pode-se compensar essa diferena com o acrscimo de mais um coletor, caso a temperatura da gua do banho no inverno esteja abaixo do esperado. Ainda necessrio manterse uma pequena inclinao lateral no conjunto para facilitar a eliminao de bolhas de ar dos coletores e tubulao. Ensaios em laboratrio indicam que, para cada 1m de coletor, considera-se que 2 cm de inclinao lateral so suficientes para garantir a movimentao das bolhas de ar da tubulao. O lado da sada da gua quente dos coletores deve ser o ponto mais alto do conjunto. O reservatrio deve estar acima do nvel das placas e, quanto maior este desnvel, melhor ser a circulao de gua entre os coletores e o reservatrio. Assim, necessrio que a cota inferior do reservatrio (fundo) esteja pelo menos 5 cm acima da cota superior dos coletores (tubo superior). 4) Reservatrio trmico integral (exclusivo para gua quente) a) Abertura de furos Fazer dois furos de 32 mm de dimetro em duas paredes opostas. O furo do lado esquerdo a sada de gua fria para os coletores e o furo da direita o retorno da gua aquecida. A posio do furo da esquerda o mais baixo possvel, para que todo o volume de gua possa ser aquecido. O furo da direita pode ser realizado at a altura equivalente metade da altura da caixa. Faz-se um terceiro furo com dimetro de 25 mm numa parede perpendicular dos furos anteriores. O centro desse furo poder estar a uma altura mxima da metade da altura total da caixa. Por esse furo ser distribuda a gua aquecida para o chuveiro. Fazer mais dois furos na parte superior do reservatrio para entradas de gua da rua e sada do ladro. Os trs furos inferiores sero entrada e sada para os coletores e a sada para o chuveiro. b) Isolamento trmico do reservatrio Para o isolamento trmico das laterais e tampa da caixa, podem ser utilizados tipos diversos de material, sabendo-se que a eficincia do isolamento depende da espessura e da qualidade do material. Colcho de espuma, serragem, jornal, EPS (isopor) e grama seca picada so exemplos de materiais que podem ser utilizados como isolante trmico, a baixo custo. 13

CI 10-7/1 5) Relao de Material

3. TECNOLOGIA SOCIAL - REA VEGETAL O campo de atividades da rea vegetal estar focado na cultura de frutas, legumes e conservas vegetais. Esta ltima seria uma conseqncia do trabalho obtido na horta, pois objetiva a comercializao de excedentes de produo, viabilizando, assim, o aumento da renda do agricultor familiar. Na Logstica de Subsistncia, a tecnologia social praticada na rea vegetal visa, alm do consumo, a segurana de patrimnio, utilizando tipos de plantaes no cercamento de propriedades, reas residenciais, hortas etc. a. Conserva vegetal O agroprocessamento vegetal uma tcnica milenar utilizada para a conservao de alimentos. Atualmente, crescente o consumo de produtos agrcolas processados, como o caso de passas de frutas, sopas instantneas com vegetais desidratados, frutas cristalizadas, sucos de frutas em p, temperos como o alho e as ervas desidratadas. Alm disso, observa-se que o processamento agrega valor ao produto, o que torna a atividade mais atrativa. E, quanto a isso, percebe-se que o agroprocessamento vegetal no se limita agricultura familiar, pois a atividade poder ser desenvolvida de maneira independente, em parceria com agricultores familiares e indstrias estabelecidas. Mas, antes de conhecer alguns processos de produo (artesanais), devese tratar de alguns procedimentos que, se no forem observados, certamente estaro comprometendo todo o trabalho. As hortalias, potes, tampas e utenslios precisam ser rigorosamente limpos e esterilizados para evitar a proliferao de fungos ou bactrias nas conservas. 1) Higienizao do material Lava-se todo o material com gua e sabo e enxga-se bem, para no deixar resduos. 14

CI 10-7/1 Depois, enxga-se os vidros com gua quente. Eles devem ser emborcados, ainda molhados, na grade do forno, para uma esterilizao de 10 minutos numa temperatura de 140C (moderada). Embora algumas literaturas recomendem a imerso dos vidros em uma soluo com gua sanitria, esse um mtodo no apropriado, pois os recipientes no devem apresentar resqucio qumico, j que iro receber alimentos. Se no houver pasteurizador especfico, preparar um caldeiro com tampa e com profundidade suficiente para cobrir os vidros at 5 cm, e deixar ferver por 30 minutos. Manter os vidros aquecidos na panela ou pasteurizador at o momento de sua utilizao. importante observar que a higiene das embalagens implica na vida do produto. A simples presena de ar no interior da conserva favorece o desenvolvimento de bactrias. 2) Higienizao dos vegetais Primeiramente, lava-se as hortalias em gua corrente. Em seguida, para que ocorra a desinfeco de vermes da terra, necessrio deix-las de molho por cinco minutos em uma soluo com gua, cido brico e vinagre. Concentrao: - dois litros de gua; - uma colher de sobremesa de cido brico; e - uma colher de sobremesa de vinagre. Passados os cinco minutos, deixa-se escorrer em uma vasilha higienizada. Dessa forma, verduras e legumes mantm o aspecto saudvel e permanecem frescas por mais tempo. b. Processamento Aps higienizar e preparar os vegetais da conserva, eles esto prontos para serem colocados nos vidros. Para isso, seguem-se os seguintes passos: 1: Aps o branqueamento, retira-se da panela as hortalias, uma a uma, usando-se para isso um pegador de inox. Deve-se coloc-las no vidro at ficarem a uns 2 cm da boca do recipiente. 2: Cobre-se a conserva com a calda, at 1 cm da boca do vidro. 3: Preparo da calda: a calda para a conserva de legumes feita com 1 litro de gua, 2 colheres de sopa de sal e 1 colher de sopa de suco de limo. J a calda para o picles feita com vinagre de vinho branco e gua, em propores iguais. Leva-se a mistura ao fogo, mexendo bem at iniciar a fervura. Para cada litro, adiciona-se uma colher de sopa de sal. 4: Depois, faz-se a retirada de ar e a pasteurizao. Para isso, colocam-se os vidros de conserva num caldeiro com fundo falso ou forrado com um tecido dobrado, para barrar o contato com a panela quente. Os potes vo para o banhomaria ainda destampados, com a gua j fervendo. Eles devem ser colocados na gua bem devagar e retirados continuamente, de 5 ou 6 vezes seguidas, em

15

CI 10-7/1 intervalos de poucos minutos. Enquanto esto na gua, a retirada do ar ajudada por uma esptula, ou palito de churrasco, que espetando os alimentos e passando rente s laterais, libera possveis bolhas. Depois de o ar sair por completo, as bordas so limpas com papel toalha e as tampas, fechadas. 5: Por ltimo, aps fechadas as conservas, acrescenta-se mais gua, at 5 cm acima das tampas, para o tempo de fervura indicado pela receita. A contagem do tempo comea a partir do momento que a gua entra em ebulio. Depois desse tempo, os potes ficam sobre uma toalha, temperatura ambiente por 12 horas, ou ento so resfriados. Para isso, gua fria deve ser despejada lentamente dentro do caldeiro, entre os potes, nunca sobre eles. 6: Aps o resfriamento, o vcuo j estar formado. Para testar, gira-se a tampa sem forar, vira-se o vidro de boca para baixo e verifica-se se houve vazamento, pelo tato. Ento, desvira-se o frasco e aperta-se a tampa novamente. Nos potes com tampas quatro garras, basta soltar as presilhas e tentar levantar o vidro por elas. Se a tampa sair, repete-se a vedao. c. Receitas de conservas 1) Conserva de pepino Fazer a cura dos pepinos: escolha uma poro de pepinos tenros. Aps higieniz-los, v intercalando camadas de pepinos e sal modo numa saladeira at que fiquem completamente cobertos. Aps vinte e quatro horas, coloque-os em uma peneira para escorrer, por cerca de meia hora, at ficarem enxutos. Preparar a calda: 1 litro de gua, 2 colheres de sopa de sal e 1 de suco de limo, ferver por trs a cinco minutos. Encher o pote de vidro: colocar um pouco da calda no vidro pasteurizado e quente. Organize os pepinos e acrescente, por exemplo, dente(s) de alho, pimenta do reino em gro, estrago. Retirar bolhas de ar: colocam-se os vidros em banho-maria, destampados, com a gua j fervendo. Enquanto esto na gua, a retirada do ar ajudada por uma faca ou esptula, ou palito de churrasco, que passando rente s laterais, libera possveis bolhas. Acrescente mais calda, se necessrio. Manter a conserva a 1 cm abaixo da boca do pote. Limpar as bordas dos vidros e fechar os potes. Fazer o tratamento trmico: no caldeiro onde foi realizado o banho-maria, acrescente mais gua, at 5 cm acima das tampas. Deixar ferver por 15 minutos. Fazer o resfriamento: acrescente gua fria que deve ser despejada lentamente dentro do caldeiro, entre os potes, nunca sobre eles. 2) Conserva de legumes Para a conserva mista, separar vagem, cenoura, couve-flor, cebola e pimentes. Fazer o branqueamento das hortalias, fervendo a cenoura e a couveflor por dois minutos. Retirar a panela do fogo e escorrer a gua quente, adicionando, em seguida, gua gelada. 16

CI 10-7/1 Preparar a calda: 1 litro de gua, 2 colheres de sopa de sal e 1 de suco de limo, ferver por trs a cinco minutos. Encher o pote: colocar um pouco da calda no vidro pasteurizado e quente. Organizar os vegetais at cobrir as hortalias. Mantenha a conserva a 1cm abaixo da boca do pote Retirar as bolhas de ar: colocam-se os vidros de conserva em banho-maria, destampados, com a gua j fervendo. Enquanto esto na gua, a retirada do ar ajudada por uma faca ou esptula, ou palito de churrasco, que passando rente s laterais, libera possveis bolhas. Acrescente mais calda, se necessrio. Finalmente, limpar as bordas dos vidros e fechar os potes. Fazer o tratamento trmico: no caldeiro onde foi realizado o banho-maria, acrescente mais gua, at 5 cm acima das tampas. O tempo de cozimento de 30 minutos e a conserva poder ser consumida a partir do dia seguinte. Fazer o resfriamento: acrescente gua fria que deve ser despejada lentamente dentro do caldeiro, entre os potes, nunca sobre eles. 3) Picles Podem ser feitos com nico tipo de hortalia ou vrios. Todas as hortalias devem ser bem lavadas antes de serem cortadas. As mais duras, como a cenoura, a vagem e a couve-flor, devem passar por uma fervura rpida de dois a trs minutos. Depois coloque os pedaos dentro do vidro, de modo que fiquem a uns 2 cm da boca do vidro e a calda a 1 cm. O vidro cheio deve ser posto em banho-maria para a retirada do ar. Aps esse processo, coloca-se a tampa. Tempo de cozimento: - para meio litro ............ 15 minutos - para um litro................ 30 minutos - para 2 litros ................ 60 minutos O ideal consumir sete dias aps o preparo, quando os picles ficam picantes. Em boas condies de vedao e armazenamento, o produto tem validade de 6 meses. 4) Picles de pepino Fazer a cura dos pepinos: escolha uma poro de pepinos tenros. Aps higieniz-los, v intercalando camadas de pepinos e sal modo numa saladeira at que fiquem completamente cobertos. Aps vinte e quatro horas, coloque-os em uma peneira para escorrer, por cerca de meia hora, at ficarem enxutos. Preparar a calda: a calda para os picles feita com vinagre de vinho branco e gua, em propores iguais. Leve a mistura ao fogo, mexendo bem at iniciar a fervura. Para cada litro, adiciona-se uma colher de sopa de sal. Encher o pote de vidro: colocar um pouco da calda no vidro pasteurizado e quente. Organizar os pepinos. Mantenha a conserva a 1cm abaixo da boca do pote. 17

CI 10-7/1 Retirar as bolhas de ar: colocam-se os vidros de conserva em banho-maria, destampados, com a gua j fervendo. Enquanto esto na gua, a retirada do ar ajudada por uma faca ou esptula, ou palito de churrasco, que passando rente s laterais, libera possveis bolhas. Acrescente mais calda, se necessrio. Em seguida, limpar as bordas dos vidros e fechar os potes. Fazer o tratamento trmico: no caldeiro onde foi realizado o banho-maria, acrescente mais gua, at 5 cm acima das tampas. Deixar ferver por 15 minutos. Fazer o resfriamento: acrescente gua fria que deve ser despejada lentamente dentro do caldeiro, entre os potes, nunca sobre eles. 5) Picles mistos Para o preparo de picles mistos, utilizar: - 200 gramas de cenourinha, - 200 gramas de couve-flor, - 200 gramas de vagem, - 2 pimentes (1 verde e 1 vermelho), - 6 cebolas pequenas, - 4 xcaras de vinagre branco, - 2 colheres de sopa de acar, - 3 colheres de sopa de sal, - cravo, louro, pimenta-do-reino em gros. Inicialmente, lavar as hortalias em gua corrente. Picar as hortalias. Fazer o branqueamento das hortalias: para isso, colocar gua para ferver, que d para cobrir as hortalias, adicionando uma colher de sopa de sal e de colher de sopa de acar por litro de gua. Colocar as hortalias em gua fervente, esperar de 1 a 3 minutos, retirar a panela do fogo e escorrer a gua quente, adicionando, em seguida, gua gelada. Escorrer a gua e deixar as hortalias secarem. Preparar a calda: 4 xcaras de vinagre, 2 colheres de sopa de acar e 2 de sal. Levar ao fogo para ferver junto com um saquinho de tecido contendo cravoda-ndia, louro, pimenta-do-reino. Organizar os vegetais nos vidros: colocar um pouco da calda no vidro pasteurizado e quente. Organizar os vegetais, at cobrir as hortalias. Retirar as bolhas de ar: colocam-se os vidros de conserva num caldeiro com fundo falso ou forrado com um tecido dobrado, para barrar o contato com a panela quente. Os potes vo para o banho-maria ainda destampados, com a gua j fervendo. Eles devem ser colocados na gua bem devagar e retirados continuamente, de cinco ou seis vezes seguidas, em intervalos de poucos minutos. 18

CI 10-7/1 Enquanto esto na gua, a retirada do ar ajudada por uma faca ou esptula, ou palito de churrasco, que espetando os alimentos e passando rente s laterais, libera possveis bolhas. Acrescente mais calda, se necessrio. Limpar as bordas dos vidros e fechar os potes. Fazer o tratamento trmico por 15 minutos: acrescentar mais gua no caldeiro, at 5 cm acima das tampas, para o tempo de fervura indicado. A contagem do tempo comea a partir do momento em que a gua entra em ebulio. 6) Picles de cebola Para a confeco dos picles de cebola, utilizar: - 1 Kg de cebolas pequenas; - 3 pimentes (verdes e vermelhos); - 4 colheres de sopa de acar; - 3 xcaras de vinagre branco, forte; - 1 xcara de sal; - 3 folhas de louro; - 10 pimentas-do-reino; - 10 cravos da ndia. Lavar em gua corrente, sanificar e descascar as cebolas. Fazer uma salmoura com 1 litro de gua e xcara de sal. Colocar as cebolas na salmoura e deixar em repouso por 6 horas. Escorrer a gua das cebolas. Cortar os pimentes em tiras e junt-los s cebolas. Fazer uma salmoura igual anterior e levar ao fogo para ferver. Em seguida, despejar a salmoura fervendo sobre as cebolas e pimentes. Escorrer a salmoura das cebolas e pimentes secando-os bem. Preparar uma calda com vinagre, acar e 1 colher de sopa de sal e levar ao fogo para ferver com um saquinho de pano, contendo louro, cravo e pimenta-doreino. Depois, colocar um pouco da calda de vinagre no vidro pasteurizado e quente. Organizar a cebola e as tiras de pimentes no vidro. Cobrir as hortalias com a calda quente, retirando as bolhas de ar. Acrescentar mais calda, se necessrio. Limpar as bordas dos vidros. Tampar os vidros com tampas metlicas, pasteurizadas. Fazer o tratamento trmico por 15 minutos.

19

CI 10-7/1 d. Desidratao de frutas Trata-se de uma tcnica razoavelmente simples, em que a desidratao se d pela exposio das frutas ao sol, o que resulta na perda da gua contida no produto. A desidratao, alm de ser um mtodo de conservao, tem sido utilizada como meio de oferta de novos produtos no mercado. Como os casos da banana, manga, ma e abacaxi desidratados, do tomate seco em conserva e dos sucos de frutas em p. A lavagem com gua limpa, o descascamento, o corte e o tratamento prsecagem so as principais etapas que antecedem a desidratao. A qualidade do produto final depende diretamente da forma que o processo de desidratao conduzido. A escolha da fruta fator preponderante. Ela deve estar em boas condies, madura e sem qualquer sinal de decomposio. O acar age como conservante do produto e, por isso, o grau de maturao depende dessa concentrao. A secagem das frutas mais maduras sempre mais lenta porque o elevado teor de acar age, retendo a gua. Os principais fatores da avaliao do produto so: cor, sabor, aroma, textura e aspectos microbiolgicos. 1) Banana A escolha da fruta a primeira preocupao para que se tenha um bom produto. A fruta deve estar madura, mas em bom estado, tenra e sem sinais de machucados. D-se preferncia ao uso da banana dgua, pois essa possui grande teor de acar, quando madura. O processo muito simples e consiste no seguinte: - lavar a fruta e coloc-la em imerso em gua clorada (50mg de cloro/litro) por 30 minutos; - descascar a fruta e rasp-la, retirando o resto de fibras, ou mergulh-la num recipiente contendo gua aquecida a 75, durante 2 minutos. Depois, enxgla em gua fria; - colocar a fruta na bandeja e lev-la ao desidratador a 60C, durante 24 horas. O tempo de permanncia depender do teor de acar da fruta. Em secador solar, a mdia de 4 dias. A banana pode ser desidratada inteira ou em rodelas de 0,5 a 1 cm de espessura. 2) Mamo O mamo dever estar em boas condies, maduro e doce. O processo consiste em: - lavar a fruta e coloc-la em imerso em gua clorada (50mg de cloro/litro) por 30 minutos; - descascar a fruta com faca de ao inoxidvel e retirar as sementes; - cortar em fatias de 0,5 a 1 cm de espessura; - mant-la no secador de 6 a 8 horas a 60C. O tempo depende do teor de acar da fruta. 20

CI 10-7/1 3) Abacaxi O abacaxi dever estar em boas condies, maduro e doce. O processo consiste em: - lavar a fruta e coloc-la em imerso em gua clorada (50mg de cloro/litro) por 30 minutos; - descascar a fruta com faca de ao inoxidvel; - cort-la em fatias de 0,5 a 1 cm de espessura e retirar o miolo; - mant-la no secador de 6 a 8 horas, a 60C. O tempo depende do teor de acar da fruta. 4) Manga Recomenda-se frutas das variedades Haden, Tommy, Palmer, Keitt, dentre outras, cujas polpas so quase desprovidas de fibras. O processamento consiste em: - lavar a fruta e coloc-la em imerso em gua clorada (50mg de cloro/litro) por 30 minutos; - descascar a fruta com faca e ao inoxidvel; - cort-la em fatias de 0,5 a 1 cm de espessura, no sentido vertical; - mant-la no secador de 6 a 8 horas a 60C. O tempo depende do teor de acar da fruta. 5) Ma Devem-se escolher mas maduras e tenras. O processo consiste em: - lavar a fruta e coloc-la em imerso em gua clorada (50mg de cloro/litro) por 30 minutos; - a fruta poder ser descascada ou no, mas deve-se retirar as sementes. - cortar em fatias de 0,5 a 1cm de espessura e dar um banho de cido ctrico (soluo de 1%) ou limo (20ml a 50ml de suco de limo para 1 litro de gua), deixando na soluo por 10 minutos. Isso far com que com a fruta desidratada no fique muito escura; - levar ao secador e mant-la de 6 a 8 horas a 60C. 6) Tomate seco em conserva Em sntese, o processo produtivo consiste na seleo dos frutos, lavagem, pr-tratamentos (como a desidratao osmtica) e, se possvel, a aplicao de antioxidante (cido ascrbico, cido ctrico e metabissulfitos). Para o preparo, deve-se usar: - 1 Kg de tomates ( perfeitamente maduros)

21

CI 10-7/1 - 1 litro de gua - 50 gramas de sal - 30 gramas de acar Realizar a lavagem dos tomates em gua corrente (deixar em imerso por 10min em gua clorada). Cortar e retirar as sementes (o corte poder ser em 4 ou 8 partes iguais ou ainda em rodelas). Realizar o pr-tratamento. Um dos processos mais empregados a desidratao osmtica, pela simplicidade e baixo custo. Para isso, deve-se preparar uma salmoura a 5% e adicionar 3% de acar. Deixar os tomates nessa soluo por 20 minutos e depois, escorrer o excesso. Preparo da soluo: - 01 litro de gua - 50 gramas de sal de cozinha (cloreto de sdio) - 30 gramas de acar Aps a desidratao, poder ser realizado um banho de imerso com cido ascrbico, na proporo de 1.500mg/l, durante 1 minuto. Para efetuar a secagem, deve-se colocar os tomates na bandeja e lev-los para o secador de frutas, onde podero ficar por cerca de 12 a 14 horas, numa temperatura mdia de 60C. Isso feito, s preparar a conserva. Para o preparo da conserva, observar as seguintes etapas: 1: Ingredientes da calda: - 60% de leo de girassol - 40% de azeite de oliva - sal, organo e especiarias a gosto 2: Misturar os produtos em uma panela, aquecendo-os at a temperatura de 90C, de maneira a t-los bem homogneos. 3: Para o envasamento, proceder da mesma maneira das demais conservas. Cuidar da lavagem e esterilizao dos vidros. Preparar os tomates no pote e completar com a calda oleosa. Fazer a retirada de bolhas de ar (vcuo). 4: Estocagem: o produto poder ser estocado em ambientes ventilados, sem poeira e sem incidncia de raios luminosos, durante trs meses. e. Horta O primeiro passo para a construo de uma horta dever ser definir a localizao. O local apropriado para o cultivo deve ter as seguintes caractersticas: estar em terreno plano; ter terra fofa, boa luminosidade e ser voltada para o nascente; disponibilidade de gua para a irrigao e o sistema de drenagem; estar longe de sanitrios e esgotos. A seguir, ver-se-o os passos para a construo de uma horta tradicional, assim como os conhecimentos de uma nova metodologia do cultivo de hortalias, que se chama mandala. 22

CI 10-7/1 1) Horta tradicional - Preparo dos canteiros: antes de iniciar a preparao dos canteiros, devese limpar o terreno. Com auxlio de uma enxada, revira-se a terra a uns 15 cm de profundidade. Com o ancinho, desmancham-se os torres, retirando pedras e outros objetos, nivelando o terreno. - Demarcao dos canteiros: iniciar a demarcao dos canteiros com auxlio de estacas e cordas, observando-se as seguintes dimenses: 1,20m x 2 a 5 m, e espaamento de um canteiro a outro de 50 cm. Caso o solo necessite de correo, podem ser utilizadas cal hidratada ou serragem. - Adubao dos canteiros: o melhor adubo para a horta o hmus da minhoca. Mas outros tipos de adubo natural podero ser preparados, como a compostagem e o biofertilizante obtido atravs de biodigestor. A compostagem compreende resduos vegetais e animais. Assim sendo, palhas, galhos, restos de cultura, cascas e polpas de frutas, p de caf, folhas, esterco e outros, quando acumulados, apodrecem e, com o tempo cerca de trs meses , vo se transformando em adubo orgnico ou hmus (o hmus da minhoca possui mais nutrientes). - Preparo das covas: as covas devem ser feitas com antecedncia de, no mnimo, 18 dias antes do plantio ou transplantio. O espaamento entre as covas varia de acordo com o tipo de hortalia. As covas devero ter a seguinte dimenso: 20x20cm ou 30x30cm de largura e 20 a 30 cm de profundidade. - Cuidados com a horta: dependendo da regio, a horta deve ser regada duas vezes ao dia. O solo no pode ficar encharcado, para evitar o aparecimento de fungos. Tem de ser mantida limpa e as ervas daninhas, retiradas diariamente com a mo. A cada colheita, deve ser feita a reposio do adubo para garantir a qualidade da terra e das hortalias. 2) Horta mandala Trata-se de um projeto inovador, cujo cultivo irrigado por meio de um tanque circular onde sua volta so construdos os canteiros, tambm na forma circular. Esse reservatrio, com capacidade de at 30 mil litros de gua, poder ser abastecido por audes, cisternas ou outros sistemas, como o de captao de gua das chuvas. O tanque ainda poder ser utilizado para a criao de peixes, patos e marrecos. uma forma a eficiente cuja metodologia vem sendo implementada com sucesso em vrios estados da federao. Para as regies que sofrem estiagem, uma alternativa para o aproveitamento racional dos recursos hdricos.

23

CI 10-7/1 4. TECNOLOGIA SOCIAL - REA ANIMAL Com referncia rea animal, a logstica de subsistncia enfoca algumas criaes e conservao de produto crneo, atravs da desidratao com salga e defumao. Considera-se, ainda, importante a utilizao do animal como elemento de segurana e manejo de propriedade rural. a. Desidratao de carne A salga e a desidratao, seguidas ou no de defumao, foram e ainda so as formas mais primitivas de conservao da carne. O processo em si simples e envolve basicamente o tipo de salga e a maneira da secagem do produto. So as tcnicas de preparo que fazem as variedades do produto, que se diferenciam pela cor, sabor, odor, maciez e principalmente pelo tempo de prateleira. O charque, por exemplo, recebe uma salga mais acentuada, mais desidratado e tem vida de prateleira entre 3 a 4 meses. J a carne-de-sol recebe pouca salga, mais hidratada e, por conseguinte, possui tempo de prateleira reduzido. 1) Carne-de-sol, carne serenada e carne-de-vento A carne-de-sol um produto crneo levemente salgado, preparado base de sal fino e parcialmente desidratada. tradicionalmente preparada e consumida na regio Nordeste, entretanto, pouco se conhece a respeito do seu processamento. Observa-se que a tcnica baseada em procedimentos artesanais, razo pela qual a existncia de diferentes mtodos de preparo desse produto. Da mesma forma so as carnes serenadas e a carne-de-vento, que pouco diferem da carne-de-sol. A diferena reside exatamente na secagem do produto, pois enquanto na carne-de-sol a dessecao se d ao sol, na carne serenada ocorre ao sereno e na carne-de-vento ocorre em local coberto e bem ventilado. O preparo do produto deve comear pela escolha da carne, preferencialmente as da parte traseira do gado. A manta de carne deve ficar com uns dois dedos de espessura, aproximadamente 3 ou 4 cm. Usa-se, para o preparo: - 80 g de sal (ou se preferir 3 colheres de sopa de sal de cura com mais uma de sal de cozinha); - 100 g de alho amassado (opcional); - pimenta do reino moda a gosto (opcional); - 01 colher de ch de tempero especial para carne (opcional). Descrio do processo: - passe na superfcie da manta de carne o sal e o tempero em esfregao; - deixe, em uma vasilha, marinar por 3 horas; - pendure a carne para a secagem; 24

CI 10-7/1 - o tempo de secagem da carne-de-sol de uma noite e mais um dia de sol; - o perodo de secagem da carne serenada normalmente das 22 s 06 h do dia seguinte. 2) Charque O processo mais demorado e compreende os perodos de salga mida, salga seca, lavagem e secagem. A vantagem do produto reside no tempo de prateleira que pode chegar at quatro meses, em temperatura ambiente. a) Material necessrio - sal grosso; - vasilha plstica ou inox; - esteira de palha ou tbua plana. b) Descrio do processo - a manta de carne dever ter, no mximo 4cm, de espessura e gordura voltada para cima; - iniciando com a fase da salga mida, deixar a carne na salmoura por 40 minutos. A concentrao ser de 330g de sal para 1 litro de gua; - para o escorrimento da salmoura, a carne ser colocada sobre esteiras de palha ou caixa de madeira local, onde receber a segunda fase da salga; - na fase da salga seca, com o sal grosso, manter a carne por um perodo de cura de 12 horas; - para a ressalga, fazer a adio de sal entre as camadas de carne; - dar tombos nas carnes, ou seja, fazer a inverso das peas, deixando voltadas para cima as mantas de baixo; - aps a cura, fazer a lavagem com gua sanificada para retirar o excesso de sal; - finalmente, para a secagem, a primeira exposio ao sol rpida, por uma hora, sempre nas primeiras horas da manh. Depois, deixa-se por trs dias em descanso. Faz-se novas exposies, intercaladas com descanso, at obter a secagem ideal. O charque possui um teor de umidade de 45%. b. Defumao um processo de conservao cuja operao se d atravs da utilizao de sais e secagem em cmaras prprias, onde o produto submetido ao de fumaa e calor controlados. Tal processo poder ocorrer sob duas formas: 1) defumao a frio: quando o produto submetido ao da fumaa a uma temperatura que varia entre 12 a 18C, durante horas ou semanas. No tem efeito para a conservao do produto. So exemplos o presunto cru tipo Parma e outros presuntos e salames especiais. 25

CI 10-7/1 2) defumao a quente: quando o produto submetido ao de fumaa e calor, variveis entre 45 a 65C, durante perodos tambm variveis, normalmente entre 4 a 9 horas. Em outras oportunidades, a defumao tambm pode ser empregada como uma simples operao final de processamento, com objetivo de se ter mais um mtodo de conservao, aroma ou colorao, como nos casos de alguns presuntos, mortadelas, queijos etc. Alm de proporcionar aumento de vida de prateleira, a defumao ainda agrega valor ao produto. 3) Preparo da pea Aps a escolha da pea a ser defumada, passa-se s etapas do preparo. importante salientar que, em todas as fases do processamento, deve-se ter o mximo cuidado com a higiene, o que compreende desde o asseio de facas, vasilhas, bancadas etc., at o uso adequado de tbuas de corte de carne (de madeira), gamelas e outros utenslios de difcil limpeza, que permitem a proliferao de microorganismos nocivos. a) Condimentao O principal o uso do sal (cloreto de sdio), que evita o desenvolvimento dos microorganismos, desidrata e aumenta o tempo de conservao. O sal ainda pode ser associado ao acar e a outros condimentos como urucum, alho, pimenta etc., como forma de estimular ou impressionar o paladar. Outros sais podem ser empregados no processamento, como o sal de cura (nitrato ou nitrito de sdio ou potssio), que age como inibidor do agente causador do botulismo e microrganismos em geral, responsveis pela deteriorao. Estes sais desenvolvem na carne a colorao rsea, que se manifesta aps sua aplicao e durante a defumao. No comrcio, podem ser encontrados como condimentos para assados ou condimentos para cura rpida etc. Nesse caso, o nitrito vem misturado ao sal de cozinha, o que desaconselha sua ingesto em altas doses. Na embalagem descrita a quantidade do condimento para a massa crnea, sendo que esse clculo deve ser feito de forma cuidadosa, pois o excesso prejudica a sade. b) Cura Durante a cura, o produto de ser mantido em temperatura baixa (4C). A cura da carne pode ser realizada de algumas formas: salga seca, salga mida ou salga mista. A opo de cura a ser utilizada varia de acordo com o tamanho da pea, de maneira que o mtodo escolhido dever garantir uma distribuio uniforme dos ingredientes no produto. Na cura a seco, os sais (sal de cozinha, nitrato, nitrito) e outros aditivos so aplicados na superfcie da carne por frico, onde os cortes tm pouca quantidade de carne ou com pequenas espessuras. Os produtos curados a seco, depois de completado o processo, devem ser lavados com gua morna para a retirada do excesso de sal e secos em seguida ao ar livre ou com fumagem a frio. J a cura mida utiliza a salmoura adicionada ao sal de cozinha, nitrato, nitrito, acar e outros ingredientes como urucum, aafro, glutamato monossdico, ascorbato de sdio etc. A embalagem do sal de cura indica a diluio da salmoura. Aps o preparo, a soluo injetada no interior das 26

CI 10-7/1 peas, na quantidade de at 12%, com o objetivo de reduzir o tempo da cura e distribuir os sais uniformemente na carne (pernil, lombo, picanha etc.). Em seguida, a pea posta em imerso em vasilhas de plstico, ao inoxidvel ou tanques de alvenaria revestidos de azulejos, onde as peas so mergulhadas para desencadear a cura. c) Aditivos usados no processo - Conservantes: so encontrados comercialmente com os nomes de sal de cura, cura rpida, P Hngaro, P Prague, Super Rendimento Regal. - Antioxidantes: os principais so os ascorbatos (semelhantes vitamina C), que agem como aceleradores da cura e retardam o aparecimento de alteraes oxidativas, evitando o rano e reduzindo a formao de nitrosamina (composto cancergeno). Por essa razo, coloca-se no bacon menos nitrito e mais ascorbato. So usados tambm para estabilizar e unificar a cor da carne. So encontrados comercialmente com os nomes de Acelerador Regal, Exacor, Fixador de Cor, Dourador e Hipercel. d) Lavagem e amarrao das peas Aps o perodo de cura, as peas devem ser lavadas em gua para retirar o excesso de sal. Em seguida, elas sero amarradas individualmente com barbante de calibre grosso, ao longo do produto, para conferir aparncia mais homognea ou dar forma a ele. Essa amarrao permite, tambm, que seja realizada a ala para pendurar as peas no gancho usado no defumador. e) Preparo do defumador No caso especfico em que se utiliza um defumador do tipo artesanal, cuja construo de alvenaria e manilha de cimento, seguir-se-o os seguintes passos: (1) Preparo da serragem: a serragem a ser utilizada dever ser obtida em serrarias, nunca em marcenarias, em razo de se evitar a queima de resinas, colas e produtos txicos. Deve-se optar por madeiras mais duras, pois as macias so mais ricas em lignina e mais resinosas, alm de formarem mais benzopirenos e hidrocarbonetos poliaromticos (HPAs). (2) Enchimento da lata: de posse da serragem (umedecida), pode-se utilizar duas garrafas para auxiliar a acomodao desse material na lata de 20 litros, de forma a se obter a formao de um tnel. Esse tnel, preparado na serragem que se encontra dentro da lata, ir formar um ngulo reto, o que permitir a circulao do ar e a formao da fumaa entre a abertura lateral, na base da lata, e a sua boca superior. Isso feito, coloca-se um pouco de brasa no tnel, certificandose de que a combusto est firme, aps o qu, coloca-se a lata no interior da cmara de defumao. f) Combusto e fluxo de oxignio Altas temperaturas sempre acarretam produo elevada de HPAs (hidrocarbonetos poliaromticos), que so carcinognicos (podem causar cncer), enquanto que os mtodos controlados tendem a produzir fumaa praticamente isenta de tais compostos. 27

CI 10-7/1 4) Receitas a) Frango: as aves devem ser bem limpas, especialmente na parte interna da carcaa, devendo ser removido o sangue coagulado, que normalmente se localiza onde estava o fgado e, tambm, nas cavidades internas do peito prximas ao pescoo. A pele, normalmente usada para segurar as pernas juntas (aps abatida a ave), deve ser cortada fora, pois alm de ser portadora de muita gordura, sua retirada permitir que a cavidade fique aberta, permitindo a entrada de calor e fumaa. Salmoura para tempero: - 1 litro de gua - 100 g de Super Rendimento (ou sal de cura) - 2 colheres de sobremesa de sal de cozinha - 1 colher de sobremesa de acar cristal - 1 colher de sopa de tempero especial para aves Injetar a salmoura nas aves, com auxlio de uma seringa, dando agulhadas nas seguintes partes: duas em cada coxa, uma em cada contra-coxa, uma em cada asa, duas em cada peito, uma em cada lateral e duas nas costas. Deixar as aves nessa salmoura para a cura, por 12 horas, na geladeira. Aps a cura, lavar as aves em gua corrente e mergulh-las em uma soluo contendo 2(dois) litros de gua fria, de copo de urucum em p e 1(um) copo de vinagre. Em seguida, as peas sero furadas para passar o barbante e fazer a ala, de maneira que, no defumador, as cavidades de vicerao fiquem voltadas para baixo. Embrulh-las em papel alumnio e lev-las ao defumador, onde ficaro por um perodo de 4 horas. Aps esse perodo, retirar o papel laminado e voltar ao defumador para um perodo de mais 2 horas. b) Peixes: deve-se escolher peixes que no tenham muitas espinhas. Devese ainda retirar escamas, olhos e guelras, mas conservar a cabea, em peixes grandes. Para cada quilo de peixe, convm usar os seguintes ingredientes para a salmoura: - 1 litro de gua - 50 gramas de super-rendimento (aditivo para cura) - 5 gramas de sal de cozinha - 5 gramas de glutamato monossdico - 10 gramas de condimento para peixe ( Arisco, Califrnia...) O processo consiste em misturar todos os ingredientes na(s) vasilha(s) onde os peixes sero curados, durante um perodo de 12 horas (em local refrigerado). Aps esse perodo, lav-los em gua corrente e pendur-los por uma hora para escorrer, com exceo da sardinha e dos fils, que devem ser colocados em grelhas. Leve-os ao defumador por 70 minutos, com a tampa aberta. Em seguida, feche a manilha e deixe-os por um perodo de 40 minutos sob a ao da fumaa concentrada. c) Carne suna (sem aditivos): so utilizados os seguintes ingredientes para temperar 10(dez) quilos de carne: - 300 g de sal de cozinha - 100 g de urucum em p 28

CI 10-7/1 - 10 g de pimenta preta - 10 g de acar cristal - 4 g de noz moscada - 10 g de alho - 5 g de pimenta malagueta Antes de temperar, preciso que se faa uma massagem nas peas para facilitar a absoro do tempero. Ao temperar, esfrega-se com fora, para que os condimentos penetrem na carne. Depois, cobrir com filme plstico e deixar na geladeira por um perodo de 12 horas. Passado o perodo da cura, retire o filme plstico e faa outra recondimentao, massageando novamente a carne com a sobra do tempero. Em seguida, depois de furadas para passar o barbante, fazer as alas e embrulhar as peas em papel de alumnio laminado, para serem levadas ao defumador. A carne dever ficar no defumador por um perodo de 4 horas, protegida pelo laminado. Aps esse perodo, retira-se o laminado e completa-se o tempo com mais 2 horas de defumao, mesma temperatura (75C). c. Criao de escargots O escargot um molusco terrestre comestvel, no muito conhecido em nosso pas, mas smbolo da gastronomia francesa. Faz parte da alimentao do homem desde os primrdios da civilizao e, atualmente, sinnimo de requinte, estando presente na maioria dos restaurantes pelo mundo. H relatos de criao de escargots pelos romanos, durante suas campanhas de conquistas da Europa. O Brasil, por ter um clima basicamente tropical, apresenta as condies adequadas para sua criao, o que pode ocorrer em pequenas propriedades e at mesmo em fundo de quintais. de fcil manuteno e no necessita muita mo-de-obra. Uma nica pessoa realiza as tarefas dirias de rotina de uma criao de mdio porte, no ocupando tempo integral. A partir do momento que eclodem os ovos, os animais j so auto-suficientes para sobreviver, sem exigir maiores cuidados. O escargot um animal essencialmente vegetariano e se reproduz com grande facilidade, o que acontece durante todo o seu perodo de atividade. hibernante, o que lhe confere uma boa capacidade de sobrevivncia, tem crescimento rpido e a vantagem de no haver entre eles o perigo do canibalismo, mesmo com a falta de alimento. Possui uma carne magra, de baixo teor calrico e rica em protenas e vitaminas, em especial a vitamina C. Contm, tambm, vrios sais minerais, principalmente o clcio, cujo teor equivale ao dobro do encontrado nas carnes de boi e de frango. Alm disso, uma carne de fcil digesto. Helirio o nome dado s instalaes de criao do escargot. Dependendo do sistema de criao, as instalaes sero conhecidas por parques criatrios (para criao extensiva), galpes (para criaes de mdio e grande portes), viveiros externos e caixas criatrias (para o sistema intensivo). O helirio pode ser instalado em locais simples e nas reas urbanas, principalmente porque no causa mau cheiro, doenas ou barulho, nem polui o ambiente. Como vantagens na opo da 29

CI 10-7/1 instalao de um helirio, pode-se citar a fcil implantao, os custos iniciais baixos, a reproduo fcil, o crescimento rpido da criao e a manuteno simples. O parque criatrio o sistema de criao realizado a cu aberto. muito simples e pode ser construdo com placas de concreto ou alvenaria e, a exemplo da caixa criatria, coberto por uma tela de nylon. No existem medidas padronizadas. Dependendo da rea disponvel, so sugeridos parques com 4,5m de comprimento por 1,5m de largura. A altura da mureta do cercado dever ter 0,5m. Adotando essas medidas, no ser necessrio entrar no parque, para a manuteno e alimentao dos escargots. O solo dos parques no deve ser argiloso, pois isso dificulta a escavao dos ninhos. Tambm no deve ser arenoso, porque as laterais do ninho se desmoronam, na medida em que vo sendo escavadas. No interior do parque criatrio, devero ser colocados os cochos. So tubos de PVC de duas polegadas, cortados ao meio, no sentido longitudinal. Os bebedouros e abrigos podem ainda ser construdos com telhas do tipo colonial, tambm conhecidas como telhas de canal. Para o bebedouro, deixe a parte cncava da telha para cima e faa uma barragem de cimento de 0,5 cm, nas extremidades. Assim, a gua ficar retida na superfcie da telha e no afogar os escargots. d. Minhocultura Trata-se da criao de minhocas em cativeiro. uma atividade simples, perfeitamente inserida no sistema biodinmico, onde as sobras ou lixo de uma organizao se tornam recurso para outras. Assim, o esterco do gado e o lixo orgnico da cozinha sero as fontes desse criatrio. Primeiramente, a atividade buscar a produo de hmus, com fins de suprir o solo da horta. Hmus de minhoca nada mais do que o excremento das minhocas. um produto natural, rico em nutrientes que so facilmente absorvidos pelas plantas. Serve, tambm, como fonte de alimentao para a piscicultura, atividade prevista nas tcnicas de Logstica de Subsistncia. Ele controla a toxidez do solo, corrigindo excessos de alumnio, ferro e mangans, alm de contribuir para atingir o pH mais favorvel para o crescimento das plantas. rico em clcio, magnsio, fsforo e potssio e seu excesso no prejudica os vegetais. A respeito das instalaes, pode-se dizer que so simples, compreendendo criatrios que variam desde mtodos tradicionais como os de canteiros, at novas tcnicas como o minhobox. Pode-se montar um criatrio nos moldes do sistema minhobox, utilizando-se, entretanto, caixas de madeira. O ciclo de produo se divide em duas etapas. Na primeira, a de consumo, as minhocas transformam o substrato da caixa superior em hmus, o que ocorre em 25 dias. Na segunda, a de passagem, tudo acontece em 5 dias. Para que esta 30

CI 10-7/1 ocorra, retira-se o fundo da caixa superior e as minhocas migram, naturalmente, para as caixas acopladas abaixo, abastecidas de mais alimento e umidade. A grande vantagem do sistema consiste na fcil manuteno, que elimina o uso de peneiras, e o maior aproveitamento de espao. O criatrio poder ser colocado no interior de armazns, pequenos cmodos, galpes de criao desativados etc. Ainda oferece facilidade na transferncia de local do criatrio, reduo de mo-de-obra, proteo do hmus contra pragas, dispensa das hidrataes etc. 1) Minhocrio O criatrio se d em caixas de madeira, adaptadas ao modelo do sistema minhobox, que emprega caixas em material plstico. Para o incio da atividade, so construdas caixas que ficam acomodadas em prateleiras. O nmero de caixas est vinculado quantidade de matrizes adquirida. A densidade do minhocrio de, no mnimo, de litros de minhoca por metro quadrado. Para as dimenses da caixa abaixo demonstrada, de 1/5 l .

2) O substrato O substrato ser o alimento da minhoca. Compreende esterco e resduos vegetais. No caso, pode-se utilizar o esterco de gado (curtido) e o lixo orgnico de cozinha. Tambm poder ser utilizada uma mistura de 20% de esterco suno e 80% do esterco de gado. Quanto ao preenchimento da caixa, ser feito da seguinte forma: 1 camada: 5 cm de capim ou folhas secas; 2 camada: 10 cm de composto (mistura de esterco, capim cortado, restos orgnicos etc.); 3 camada: manta grossa de folhas secas, para conservar a umidade e a escurido, no podendo deixar passar a luz solar. O ideal que o minhocrio seja construdo num local que receba pouca insolao direta, de modo que a luz e o calor do Sol no prejudiquem a criao. importante, tambm, manter um nvel adequado de umidade, j que o excesso poderia facilitar o danoso aparecimento e a proliferao de sanguessugas, nocivas s minhocas. 31

CI 10-7/1

Sistema Minhobox

e. Piscicultura A piscicultura oferece algumas possibilidades que vo desde uma simples criao para o consumo domstico ou como uma forma de negcio. No caso da comercializao, a venda poder se dar em feiras livres, restaurantes, peixarias, supermercados e pesque-pagues (lazer). O mercado promissor, haja vista que o quilo do peixe, dependendo da espcie, pode chegar a custar vinte vezes mais do que a carne de frango. 1) Formas de criao A criao de peixes pode assumir o carter extensivo, como o que ocorre em lagoas e represas, em que no h o controle de predadores nem da qualidade da gua. A taxa de estocagem de 1(um) peixe para cada 10 m. Na forma de cultivo semi-intensivo, a densidade de estocagem maior, de 2(dois) a 5(cinco) peixes para cada 10 m. Para isso, necessrio adubar a gua e reforar a alimentao natural com um complemento alimentar (farelo, torta de mamona, farinha etc. O cultivo intensivo aquele que compreende o uso de rao balanceada na alimentao dos peixes, em razo das altas densidades de estocagem (1 peixe por m2). 2) Tipos de instalaes : Viveiros: so reservatrios escavados em terreno natural, com sistemas de abastecimento e de drenagem, como nos casos de lagoas, audes e barragens. Tanques: podem ser estruturas de concreto, plstico ou outro material impermevel, mais usadas nos sistemas intensivo de criao. Tanques-rede: so como gaiolas flutuantes, mantidas em represas e grandes reservatrios. 3) Principais parmetros da gua : - pH: na faixa de 6,5 a 9, sendo timo entre 7 e 8; - alcalinidade: acima de 20mg/l, melhor de 50 a 150 mg/l; - temperatura: ideal entre 25 a 28C;

32

CI 10-7/1 - a gua deve ser de boa qualidade e livre de poluentes, sendo aconselhvel o abastecimento com o aproveitamento do declive do terreno, evitando-se assim o uso de bombas; - caso seja utilizado um poo artesiano, necessrio que a gua percorra um canal a cu aberto, para diminuir o excesso de gases dissolvidos. 4) Criatrios em tanques O tamanho do tanque varia de acordo com a quantidade de peixes que se deseja criar. Nos grandes viveiros, a superfcie da gua, em contato com o ar, aumenta a taxa de oxigenao. Entretanto, surgem os inconvenientes. Na hora do manejo, por exemplo, h maior demora para se encher e esvaziar o tanque, assim como, requer-se um maior tempo para se passar a rede. Na piscicultura domstica, a superfcie dos viveiros varia de 100 a 500 m2 e a profundidade, at 2m. Nos locais onde ocorrem muitas variaes de temperatura, recomendvel que a profundidade dos tanques esteja por volta de 1,70m. onde a maior parte dos peixes se refugia, porque l a temperatura da gua costuma manter-se homognea e estvel. 5) Processo de criao O manejo o conjunto de prticas utilizadas para a explorao do cultivo. Das tcnicas de manejo do cultivo de peixes, fazem parte: - a preparao dos viveiros (calagem e adubao); - o condicionamento e transporte dos primeiros alevinos; - o povoamento dos tanques; - a alimentao; e - a despesca. A calagem necessria quando a gua do viveiro apresentar pH inferior a 7,0. A correo se faz com calcrio dolomtico e cal. Em geral, em terras cidas utiliza-se 200g/m de calcrio ou, no caso da cal, 100g/m. Aps a calagem, aguarda-se em mdia quinze dias para a adubao e o enchimento do viveiro. Os peixes no iro consumir diretamente o adubo. A adubao ir proporcionar gua um maior desenvolvimento do plncton, ou seja dos zooplnctons e fitoplnctons dos quais se alimenta a maioria das espcies. Podem ser utilizadas fezes frescas, mas o esterco curtido surte maior efeito. A adubao qumica (inorgnica) deve ser feita de forma complementar. Em geral, a gua tem quantidade mnima de fosfato, por isso, costuma-se utilizar a combinao fsforo-nitrognio como nutriente auxiliar na produo de peixes. Entretanto, o excesso de adubo faz com que a produo de plncton cresa muito, diminuindo o oxignio na gua durante a noite. Por isso, a adubao deve ser suspensa sempre que houver ocorrncia de peixes buscando ar na superfcie, no incio da manh, quando a quantidade de peixe for maior que 200g/m, quando a temperatura da gua for inferior a 20C, ou ainda quando a transparncia da gua estiver abaixo de 30 cm. A transparncia da gua pode ser controlada por meio do Disco de Secchi, que pode ser feito no local do criatrio. Um simples CD pode servir. Faz-se um X no disco e pinta-se de preto e branco as figuras opostas. Usa-se um cordo ou uma fita graduada de 10 em 10 cm e um peso para proporcionar a imerso do 33

disco. E est pronto o disco de Sechi. As aferies so feitas entre as 10:00 e as 14:00h, perodo em que o Sol se encontra mais alto. De 5 a 7 dias aps a adubao e o enchimento com gua, faz-se o povoamento do tanque com os alevinos. Sendo utilizada a alimentao artificial, a rao dever ser oferecida diariamente e, pelo menos cinco dias por semana, em duas refeies, preferencialmente no incio da manh e no final da tarde. A quantidade a ser oferecida dever ser de 3 a 4% da biomassa, o peso total dos peixes no tanque, clculo este que deve ser alterado a cada 15 Disco de Sechi ou 30 dias. Exemplo: cultivo intensivo de tambaquis. - taxa de estocagem: 1(um) peixe por m - rea do viveiro: 2.500 m2 - peso mdio da amostra: 200 g ou 0,2 Kg - quantidade de rao: 4% (0,04) da biomassa Ento: 2.500 peixes x 0,2 Kg = 500 Kg de biomassa - 500 kg x 0,04 = 20 Kg de rao diria, ou seja: - 10 Kg de rao por refeio ( 2 x ao dia ). 6) Principais peixes indicados para o cultivo: - Pacu: um peixe onvoro, que pode ser alimentado com sementes frutas, gros, pequenos moluscos, crustceos, insetos e com rao. peixe de piracema e s se reproduz em cativeiro, com induo artificial. Nos viveiros, pode ultrapassar 1,1 kg em um ano de cultivo. Estocagem: 1 peixe por m. - Tambaqui e tambacu: com crescimento mais rpido que o pacu, porm menor resistncia ao frio, registra-se alta mortalidade em temperaturas abaixo de 15C. So onvoros e aceitam raes. So peixes de piracema. O tambacu o cruzamento da fmea do tambaqui com o macho do pacu. Estocagem igual do pacu. - Tilpia do Nilo: mais utilizada para o cultivo. Possui hbito alimentar planctfago e detritvoro, mas prefere alimentar-se com plncton. Aceita bem raes artificiais. Atinge 600g no perodo de 6 meses. Possui uma reproduo precoce, j aos 4 meses de vida. Estocagem: 3 a 5 peixes por m2. - Curimbat: tambm chamado de corumbat, grumat ou curimat. um peixe muito conhecido do Sul ao Nordeste do Pas. Cresce melhor em viveiros grandes, podendo atingir at 800 g no primeiro ano. Por ter hbito alimentar ilifago, ingere o lodo do fundo de tanque e, por isso, sua carne tem um ligeiro gosto de terra. No policultivo, onde utilizado como espcie secundria, sua funo remover o lodo, liberando gases txicos e colocando em suspenso a matria orgnica, o que ajuda a adubar os tanques. - Lambari: um peixe de pequeno porte, encontrado em grande parte de rios e lagoas do Brasil. Atinge o tamanho comercial acima de 7 cm, por volta de 3 a 4 meses. Com hbito alimentar onvoro, tem bom aproveitamento de raes fareladas. Reproduz-se naturalmente nos viveiros, com 3 a 4 desovas por ano. 34

5. CONCLUSO Espera-se, com a publicao do presente Caderno de Instruo, que a logstica de subsistncia, por meio de implementos simples e prticos, possa contribuir para a melhoria social das famlias do meio rural. O conhecimento, aliado motivao, poder proporcionar iniciativas inovadoras, at mesmo quelas pessoas no envolvidas diretamente em trabalhos agrcolas. O excedente da produo, por exemplo, poder se transformar em novos produtos, com valores econmicos agregados. Isto significar o gerenciamento de uma nova cadeia produtiva e a perspectiva de melhoria nas relaes sociais da comunidade. Portanto, observa-se que a logstica de subsistncia, valendo-se da tecnologia social, poder alcanar horizontes bem maiores do que proporcionar a autosustentabilidade da pequena propriedade rural. A participao do Exrcito Brasileiro em metas de polticas pblicas, cooperando e participando de iniciativas que possam gerar empregos e aumento da renda familiar, uma ao permanente da mo amiga que sempre fez parte de sua honrosa histria.

35

36

BIBLIOGRAFIA ABRA Aldeia Bio-Regional Amaznica. Bio-Construo. www.abra144.com.br ALMEIDA, Paulo Csar Carrazedo. Como Criar Minhocas. Braslia, Ed. Sebrae, 1994. ARAJO, Mrcio Augusto. A moderna Construo Sustentvel. www.idhea.com.br VILA, Joo Carlos. Princpios Bsicos do Mtodo Biodinmico. [email protected] BANANA PASSA E DESIDRATAO DE FRUTAS. Centro de Treinamento da EMATER-DF. BARRETO, Antonio Carlos & LIMA, Luiz Antonio. Carneiro Hidrulico - Resgate Secular. Revista Globo Rural, Rio de Janeiro, outubro de 1997. BARRETO, Renato. Secador Solar de Baixo Custo. www.cct.ufcg.edu.br/ informes/ccthoje/ago.03/ BRESSAN, M.Cristina et al. Produtos Crneos Curados e Defumados. www.editora.ufla.br/boletim / pdfexteno/bol_76.pdf CALIFORNIA INSTITUTE OF EARTH ART AND ARCHITECTURE. www.calearth.org/ 3vaults.htm CAMPOS, Licnia De. Charque. Servio Informao Carne - SIC. www.sic.org.br/ charque.asp CARTILHA Queijo Minas Frescal, Ricota, Bebida Lcta, Queijo Meia Cura, Vol 1 - SENAR COMO FAZER UMA HORTA. [email protected] COSTA, Ftima. Helicultura, Histrico. Almanaque Rural, Ano I, Edio n 04, P.51-73 FELIPPES, Marcelo Augusto De. Logstica de Subsistncia. Revista Segmento Empresarial, ano VII, Ed. 46, P. 46. GLOBO RURAL.Benfeitoria Cmara de Calor. Rio de Janeiro. P.21-22; 6566. 1997. GUIMARES, Afrnio Augusto. Minhocas Minhobox, afranio@ minhobox.com.br IDHEA- Instituto para o Desenvolvimento da Habitao Ecolgica, www.idhea.com.br JIMNEZ, Jos Manuel. Super Ariete. ingesol @ jet. es LIRA,Zildomar. Os segredos dos defumados. www.redeglobo.globo.com/cgi_bin/ globorural MANUAL DO CHURRASCO. www.manualdochurrasco.com.br/22/carneseca.htm 37

PISCICULTURA. Texto extrado da Web, [email protected]. PRODUO DE CONSERVAS ARTESANAIS. Almanaque Rural, Ano I, Edio n 03, P.82-84 RENATO, Z. Minhocultura. www.planeta.terra.com.br/informatica/zerenato/ minhocas.html ROJAS, Zarate & NICOLS, Ricardo. Modelagem, Otimizao e Avaliao de um Carneiro Hidrulico. Piracicaba, 2002 70p, :il. tese doutorado Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. SECADOR SOLAR DE PRODUTOS AGRCOLAS, ITACAB Instituto de Transferncia de Tecnologias Apropriadas para Sectores Marginales, Lima Per, [email protected] SICKERMANN, Jack M. Gerenciamento das guas de chuva. www.agua-dechuva.com SISTEMAS DE CISTERNAS, www.mmb-foundation.org/projetos/bi_aguaviva SOCIEDADE DO SOL. Manual Aquecedor Solar de Baixo Custo. www.sociedadedosol.org.br TIAGO FILHO, Geraldo L. & VIANA, Augusto N. Carvalho. Carneiro hidrulico. Site do CERPCH Centro Nacional Referncia em Pequenos Aproveitamentos Hidroenergticos Itajub MG.

38

A-1ANEXO AEXEMPLO DE INCLUSO DA MATRIA LOGSTICA DE SUBSISTNCIA NO PROGRAMA PADRO DE INSTRUO MILITAR TEMPO ESTIMADO DIURNO: 5h (OII) OBJETIVOS INDIVIDUAIS DE INSTRUO ORIENTAO PARA INTERPRETAO TAREFA CONDIO PADRO-MNIMO SUGESTES PARA OBJETIVOS INTERMEDIRIOS ASSUNTOS Ab o r d a r a p a r t i c i p a o d o E x rc ito B ra s ile iro nas atividades de poltica pblica e incluso social do jovem cidado. O militar dever: - C onhecer a origem da lo g s tic a d e s u b s is t n c ia , promovendo, mediante idias, s o lu e s d e me lh o ria n o aproveitamento dos recursos locais. - Id e n tific a r a s p rin c ip a is r e a s d a te c n o lo g ia s o c ia l: Material, Animal e Vegetal. - Identi fi car as ati vi dades desenvo lvi d a s no s d i fe re nte s ca mp o s da logstica de subsistncia. - Identificar os campos de atividade. - Propriedade rural sustentvel. - O xito rural e as implicaes no c re s c i me nto d e s o rd e na d o e na qualidade de vida urbana. - P r ti c a s a g rc o la s tra d i c i o na l com idias novas. - Fontes de energia renovvel - A relao homem e natureza e as solues simples e prticas. M o s tr a r a s a tiv id a d e s O m ilit a r d e v e r r e s p o n d e r o r a d e s e n v o l v i d a s n o c o r r e ta m e n te a m a io r p a r te m b i t o d o E x r c i t o d a s p e rg u n ta s re a liz a d a s sobre o assunto. Brasileiro. Mo stra s d e i ma g e ns d o s tra b a lhos com: - superabode; - cisternas em ferrocimento; - aquecedor solar de baixo custo; - secador de frutas solar; - aproveitamento da energia solar; e - captao de gua da chuva.

1. LOGSTICA DE SUBSISTNCIA: APLICAO DE TECNOLOGIA SOCIAL

C o n h ecer a L o g stica d e S u b s is t n c ia e o s e u p a p e l s o c ia l n a melhoria da qualidade d e vid a ap licad a tecnologia social.

1 . L o g s ti c a d e S ub s i s t nc i a ( c o nhe c i m e nt o s iniciais): a . A p re s e nta o e hi s t ri c o d a lo g s ti c a d e subsistncia. b. Os campos de atua o d a lo g sti ca d e sub si st nci a co m a p li ca o da tecnologia social (Material, Vegetal e Animal). b. Os campos de atuao d a l o g s t i c a d e s ub s i s tnci a com apli cao da tecnologi a soci al (Material, Vegetal e Animal).

Conhecer as atividades desenvo-lvidas na rea material de tecnologia social.

2 . Te c n o l o g i a S o c i a l rea Material: a . C o ns tr u o s us te ntvel e natural. b . T c ni c a d e c o ns truo em ferro cimento. c . F l uxo s d e e ne r g i a natural (gua, sol, vento).

CI 10-7/1

EXEMPLO DE INCLUSO DA MATRIA LOGSTICA DE SUBSISTNCIA NO PROGRAMA PADRO DE INSTRUO MILITAR (continuao) TEMPO ESTIMADO DIURNO: 5h

CI 10-7/1

1. LOGSTICA DE SUBSISTNCIA: APLICAO DE TECNOLOGIA SOCIAL

(OII) OBJETIVOS INDIVIDUAIS DE INSTRUO

ORIENTAO PARA INTERPRETAO

TAREFA

CONDIO

PADRO-MNIMO

SUGESTES PARA OBJETIVOS INTERMEDIRIOS

ASSUNTOS

C o n h e c e r a s a t iv id a des desenvolvidas na rea vegetal de tecnologia social. Mostrar as atividades ora desenvolvidas no mbito do Exrcito Brasileiro.

O militar d ever d esen vo lver as atividades artesanalmente c o m c o n s e rv a s v e g e ta is , p ic le s , fr u ta s d e s id r a ta d a s , horta mandala, horta tradicional.

3 . Te c n o l o g i a S o c i a l rea Vegetal: Visitar uma horta comunitria ou a. Mtodo artesanal para uma propri edade rural produti va elaborao de conservas da regio. vegetais. b. Construo de hortas

A-2

A-3TEMPO ESTIMADO DIURNO: 5h (continuao) (OII) OBJETIVOS INDIVIDUAIS DE INSTRUO ORIENTAO PARA INTERPRETAO TAREFA CONDIO PADRO-MNIMO SUGESTES PARA OBJETIVOS INTERMEDIRIOS ASSUNTOS M o s tr a r a s a tiv id a d e s O m ilit a r d e v e r r e s p o n d e r o r a d e s e n v o l v i d a s n o c o r r e ta m e n te a m a io r p a r te m b i t o d o E x r c i t o d a s p e rg u n ta s re a liz a d a s sobre o assunto. Brasileiro. Comentar sobre as atividades de: - cri aes do mei o rural (aves, sunos, bovinos, ovinos e etc...) ; - p i s c i c ul t ur a ( ut i l i za o d e c ri a t ri o s e m ta nq ue s d e fe rro cimento); - defumados e salga; e - mi nhocultura (aprovei tamento do hmus como adubo natural e a minhoca como rao). 4 . Te c n o l o g i a S o c i a l rea Animal: a. Tcnicas de conservao de produtos crneos ( d e f um a d o s , c ha r q ue , carne-de-sol etc). b. Minhocultura. c. Piscicultura.

1. LOGSTICA DE SUBSISTNCIA

C o n h e c e r a s a t iv id a des desenvolvidas na rea animal de tecnologia social.

CI 10-7/1

CI 10-7/1

A-4

CI 10-7/1

A-5

Mais uma realizao da Sala de Editorao Grfica do COTER

44