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Direito Administrativo para TRT-RJ – Técnico Judiciário Profº Cyonil Borges – Aula 01 Prof. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 77 AULA 01: AGENTES PÚBLICOS Concursandos de todo o Brasil, Nem sempre a primeira impressão é a que fica! Viu! Atrasei a aula 01 (só um cadinho, rs.). Seguinte. Devido ao atraso, vou adiantar quase todo o conteúdo da parte de servidores, inclusive os toques da Lei 8.112, de 1990. Legal! Mas, Professor, e as aulas seguintes? Vai contar piadas? Nem pensar! Vamos avançar por questões aplicadas pela FCC de 2009 a 2012. E mais teoria, obviamente. O resultado vocês já sabem! Vamos gabaritar a prova. Tenho convicção disso! Hummm...que prepotência! Rs...Opa, não é isso não! É que as provas de FCC observam a Lei de Lavoisier (nada se cria, tudo se copia). Ah! Como, nos próximos encontros, teremos contato com as questões de FCC (muitas, até enjoar!), vou, ao longo da presente aula, rechear com questões da FGV (questões bem parecidas com as de FCC). Peço que acreditem nessa sistemática. Tenho alguma experiência com concursos públicos. Já vi e ouvi de tudo um pouco. Abraço forte a todos, Cyonil Borges.

Direito Administrativo - Aula 01 - Agentes Públicos

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AULA 01: AGENTES PÚBLICOS

Concursandos de todo o Brasil,

Nem sempre a primeira impressão é a que fica! Viu! Atrasei a aula 01

(só um cadinho, rs.).

Seguinte. Devido ao atraso, vou adiantar quase todo o conteúdo da

parte de servidores, inclusive os toques da Lei 8.112, de 1990.

Legal! Mas, Professor, e as aulas seguintes? Vai contar piadas?

Nem pensar! Vamos avançar por questões aplicadas pela FCC de

2009 a 2012. E mais teoria, obviamente.

O resultado vocês já sabem! Vamos gabaritar a prova. Tenho

convicção disso! Hummm...que prepotência! Rs...Opa, não é isso

não! É que as provas de FCC observam a Lei de Lavoisier (nada se

cria, tudo se copia).

Ah! Como, nos próximos encontros, teremos contato com as

questões de FCC (muitas, até enjoar!), vou, ao longo da presente

aula, rechear com questões da FGV (questões bem parecidas com as

de FCC). Peço que acreditem nessa sistemática. Tenho alguma

experiência com concursos públicos. Já vi e ouvi de tudo um pouco.

Abraço forte a todos,

Cyonil Borges.

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TEORIA

1 – A RAZÃO DE SER DOS AGENTES PÚBLICOS

Vocês já pensaram por que, realmente, existem agentes públicos? A

resposta é relativamente simples. O Estado tem atribuições a serem

cumpridas. E tais atribuições não são efetivamente desempenhadas pelo

Estado, pois este é um ser, uma pessoa, imaterial, ou seja, sem existência

física, enfim, o Estado não tem pernas e sequer braços. Desse modo, é

necessário que alguém “materialize” a atuação do Estado. Nesse contexto,

surgem os agentes públicos.

Antes da classificação dos agentes públicos, é útil conceituá-los. Para

tanto, é possível nos socorrermos às lições doutrinárias, bem como, às

normas. Vejamos.

Doutrinariamente, podemos dizer que os agentes públicos

constituem um conjunto de pessoas que, de alguma forma, exercem

uma função pública, como prepostos do Estado. De pronto, vejamos o

conceito de agente público nas normas jurídicas. Para tanto, façamos a

leitura da Lei 8.429/1992, popularmente conhecida como "Lei de

Improbidade Administrativa". O conceito que a norma em referência dá à

categoria é o que se segue:

Reputa-se agente público, para efeitos desta Lei, todo aquele que

exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por

eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer

forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou

função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

A despeito da Lei de Improbidade dispor sobre as sanções aplicáveis

aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito na administração

pública, o conceito contido em tal norma pode ser utilizado para a definição

geral, a qual, conforme se observa, é bastante ampla, englobando dos

mais altos escalões (detentores de mandato, tal como o Presidente da

República), até àqueles que executam as mais simples tarefas.

Feitas essas considerações iniciais, passemos à classificação dos

agentes públicos.

2 – CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS

A doutrina clássica divide agentes públicos da seguinte forma:

políticos; administrativos; honoríficos; delegatários; e credenciados.

Já a doutrina moderna enquadra-os em: políticos, particulares em

colaboração, servidores públicos estatais e agentes militares.

Vejamos, abaixo, a clássica.

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Os Agentes Políticos são aqueles incumbidos das mais altas

diretrizes estabelecidas pelo Poder Público, em outros termos, são aqueles

que desenham o destino da nação. Ocupam os mais elevados postos da

Administração Pública, sejam cargos, funções, mandatos ou comissões,

com ampla liberdade funcional e com normas específicas para sua escolha.

São exemplos unânimes entre os doutrinadores: Membros do Legislativo

(Deputados, Senadores e Vereadores), Chefes de Poder Executivo

(Presidente da República, Governadores e Prefeitos), assessores diretos

destes (Ministros e Secretários), e os membros de carreira diplomática.

Gosto de apontar, em turma, que os agentes políticos “transpiram” o

poder. São aqueles que você lembra quando se menciona poder constituído.

Quando se pensa em Poder Executivo Federal, qual a 1ª imagem que vem à

lembrança? O Presidente da República, o Ministro de Estado. São agentes

políticos, como vimos. E assim se sucede no poder legislativo.

O amigo se questiona: a classificação acima é dita unânime, então

qual a divergência existente? Desvenda ‘Mister M’. Vamos a ela.

Há certa discussão doutrinária a respeito da possibilidade de

inclusão de alguns agentes na categoria dos agentes políticos, tais

como os Magistrados; membros do Ministério Público (Procuradores da

República e Promotores do Ministério Público dos Estados), e dos

Tribunais de Contas.

Alguns autores mostram-se a favor; outros se apresentam contrários

a tal inclusão. Então como se comportar na PROVA?

Informamos que o STF no Recurso Extraordinário 228.977/SP,

referindo-se especificamente aos Magistrados, tratou-os como agentes

políticos, investidos para o exercício de atribuições constitucionais, sendo

dotados de plena liberdade funcional no desempenho de suas funções, com

prerrogativas próprias e legislação específica.

Assim, sem maiores discussões, além dos integrantes do

Legislativo, Chefes de Executivo (e seus auxiliares diretos), os

Magistrados podem ser enquadrados na categoria de agentes

políticos.

Legal. E os membros dos Tribunais de Contas?

A doutrina clássica enquadra-os como agentes políticos. Porém, o

STF, estranhamente, afirmou, com todas as letras, que os membros dos

TCs são agentes administrativos.

Quanto aos membros do Ministério Público, ou seja, promotores

de justiça e procuradores da república, de modo geral, a corrente

moderna não os situa como agentes políticos.

Duas são as principais características comuns dos agentes

políticos:

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a) boa parte de suas competências é obtida diretamente da

Constituição; e,

b) de regra não se submetem às regras comuns aplicáveis aos

servidores públicos. É o caso dos Juízes, os quais não se submetem à

Lei 8.112/1990, por exemplo.

Os Agentes Administrativos, por sua vez, constituem o maior

contingente dos agentes públicos e são os que exercem cargos, empregos

ou funções públicos, no mais das vezes, de caráter permanente. Não

são membros de Poder do Estado, sequer exercem atribuições

políticas ou governamentais. Integram, sim, o quadro funcional dos

entes da federação, bem como o das entidades da Administração

Indireta.

Os agentes administrativos submetem-se à hierarquia funcional

e ao regime jurídico estabelecido pela entidade à qual pertencem. São

agentes administrativos: servidores públicos ocupantes de cargos

efetivos; exercentes, exclusivamente, de cargos em comissão;

exercentes de empregos ou funções públicos; e os servidores

temporários (estes últimos são referidos no inc. IX do art. 37 da

CF/1988). Isso mesmo. Os temporários são agentes públicos, apesar de

não ocuparem cargo ou emprego público. Mas, se temporário não ocupa

cargo, nem emprego, ocupa o quê? Ocupa a tal função temporária.

No caso da União, a Lei que rege os temporários é Lei 8.745, de

1993. Mas não se preocupem em ler tal norma, pois ela não cai,

reiteradamente, na prova, ok? E quando cai, é um desastre geral, porque

ninguém sabe o gabarito, nem os Professores, que precisam consultar a lei,

rsrs...

Por sua vez, os Agentes Honoríficos são cidadãos (particulares

em colaboração) que, em razão de sua condição cívica, sua

honorabilidade ou de sua reconhecida capacidade profissional, são

convocados para colaborar transitoriamente com o Estado, sem vínculos

empregatícios ou estatutários, e, no mais das vezes, não recebendo

remuneração por tal atividade (esta é a principal característica dos

honoríficos: não são remunerados em espécie – dindim, no máximo, um

‘vale coxinha’). Mas podem receber compensações, como, por exemplo,

folgas por terem trabalhado nas eleições como mesários.

A despeito de os agentes honoríficos (particulares em colaboração)

não serem servidores públicos (são agentes), exercem função

pública, sendo, por consequência, considerados funcionários públicos,

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ao menos para fins penais. Vejamos o que estabelece o art. 327 do

Código Penal:

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os

efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem

remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,

emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha

para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada

para a execução de atividade típica da Administração Pública.

(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os

autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes

de cargos em comissão ou de função de direção ou

assessoramento de órgão da administração direta, sociedade

de economia mista, empresa pública ou fundação instituída

pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)

Em razão da transitoriedade do vínculo, a função pública

desempenhada pelos agentes honoríficos não há de ser considerada

para efeitos de acumulação de cargos, funções ou empregos

públicos. São agentes honoríficos: jurados, os mesários eleitorais,

os comissários de menores.

Os Agentes Delegados ou delegatários são particulares em

colaboração com Estado que têm sob sua incumbência a execução de

certas atividades, obras ou serviços públicos, por sua conta e risco, enfim,

em seu nome próprio. Sujeitam-se às normas e à fiscalização

permanente do Estado, em especial do Poder Público delegante

(Administração Direta e, excepcionalmente, Agências Reguladoras).

São exemplos de agentes delegatários: concessionários,

permissionários e autorizatários de serviços públicos; os titulares

(“donos”) de cartório; leiloeiros; e tradutores oficiais. Lembro, por

relevante, que, da lista apresentada, os tabeliães submetem-se a

concurso público de provas E títulos (art. 236 da CF/1988).

Por fim, os Agentes Credenciados são os que recebem a

incumbência da Administração para representá-la em determinado

ato ou praticar certa atividade específica, mediante remuneração do

Poder Público, em momento ou tempo certo. É o caso, por exemplo,

dos peritos credenciados pela Justiça, para que elaborem laudos

necessários à tomada de decisão por parte do magistrado. Muitas vezes, o

magistrado precisa determinar, por exemplo, a indisponibilidade de bens de

um particular, para fazer frente a uma eventual dívida que vai ser satisfeita

judicialmente. Só que Juiz não sabe quanto custa um imóvel

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(ilustrativamente). Daí ocorre a designação do perito credenciado para fazer

a avaliação.

Bom, apenas para finalizar. Foram apresentados exemplos de cada

uma das categorias desses agentes, os quais são infindáveis. Então, se

poupem de ficar se perguntando se este ou aquele agente público é

administrativo, honorífico etc. Entendam os conceitos, logo fica mais fácil

acertar na prova, ok?

(FGV/2010 - SEAD-AP - Fiscal da Receita Estadual) São

servidores públicos, exceto:

(A) os servidores trabalhistas ocupantes de emprego público.

(B) os servidores estatutários ocupantes de cargo público.

(C) os servidores das empresas concessionárias de serviços públicos.

(D) os servidores sujeitos ao estatuto especial da pessoa federativa

correspondente.

(E) os servidores temporários contratados para atenderem à

necessidade temporária de excepcional interesse público.1

(FGV/2010 - BADESC – Advogado) São considerados

servidores públicos:

(A) os chefes do Executivo e os militares.

(B) os servidores estatutários e os agentes políticos.

(C) os servidores temporários e os empregados públicos.

(D) os agentes putativos e os particulares em colaboração com o

Poder Público.

(E) os militares e os empregados de uma empresa permissionária de

serviço público.2

1 Gabarito: alternativa C. Primeiro detalhe para a resolução. Perceba que a ilustre organizadora fez

referência a servidores e não a agentes públicos. São servidores, os estatutários (exemplo dos regidos pela

Lei 8.112, de 1990), os celetistas (exemplo dos servidores trabalhistas das empresas estatais) e os

temporários (exemplo do recenseador do IBGE) e os agentes especiais (exemplo dos membros do MP).

Na alternativa C, a organizadora apresenta uma das espécies do gênero particulares em colaboração com

o Poder Público, os quais, por sua vez, são espécie do gênero agentes públicos. 2 Gabarito: alternativa C.

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(FGV/2009 - MEC) As pessoas físicas que prestam serviços ao

Estado e às entidades da Administração Indireta, com vínculo

empregatício e mediante remuneração paga pelos cofres

públicos são consideradas:

(A) militares.

(B) agentes políticos.

(C) servidores públicos.

(D) concessionários públicos.

(E) permissionários públicos.3

(2011/FGV – OAB) São considerados agentes públicos todas as pessoas físicas incumbidas, sob remuneração ou não,

definitiva ou transitoriamente, do exercício de função ou atividade pública.

Assim, é correto afirmar que os notários e registradores são:

a) agentes públicos ocupantes de cargo efetivo e se aposentam aos

70 (setenta) anos de idade.

b) agentes públicos vitalícios, ocupantes de cargo efetivo, e não se aposentam compulsoriamente.

c) delegatários de serviços públicos aprovados em concurso público.

d) os notários e registradores são delegatários de serviços públicos,

investidos em cargos efetivos após aprovação em concurso.4

3 – CONCEITOS BÁSICOS

3.1 CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES

Cargos públicos podem ser vistos como as mais simples e

indivisíveis unidades de competência a serem exercidas por um agente

regido por estatuto próprio, que, no caso federal, é a 8.112/1990.

3 Gabarito: alternativa C. Primeiro: prestam serviços para a Administração Indireta. Assim, descartamos

os militares e os agentes políticos. Segundo: são remunerados pelos cofres públicos. Logo excluímos

alternativas “D” e “E”. Voilà. Chegamos à alternativa C. 4 Gabarito: alternativa C. Os notários são particulares em colaboração, também chamados de agentes

delegatários. O erro da letra A é que não se aplica a eles as regras de aposentação dos servidores públicos.

O erro da letra B é que não assumem cargos públicos, mas sim funções públicas, mediante delegação do

Estado, depois da prévia aprovação em concurso público, de provas e títulos. O erro da letra D é sutil, tais

agentes não assumem cargos públicos, repito, exercem funções.

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Esta definição está em linha com o disposto na Lei 8.112/90, que

estatui o regime jurídico dos servidores públicos da União, na

Administração Direta, bem como nas Autarquias (inclusive as de regime

especial) e nas fundações públicas, em âmbito FEDERAL. É importante

destacar, desde logo, que:

I) A Lei 8.112, de 1990, não abrange os servidores das

demais esferas federativas, uma vez que estados e

municípios tem sua própria autonomia, devendo, portanto,

estabelecer seu próprio regime jurídico de servidores; e,

II) A Lei 8.112, de 1990, não alcança sociedades mistas e

empresas públicas da União. Assim, o campo de

abrangência da Lei é a Administração Direta, Autarquias e

Fundações Públicas FEDERAIS.

Apenas para ilustrar, vejamos o art. 2º da Lei 8.112/1990, que define

cargo público como: o conjunto de atribuições e responsabilidades

previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um

servidor.

Sinceramente, esse conceito aí não é muito útil não... Se

“escondermos” a parte final (cometidas a servidor) o conceito serve,

praticamente, para qualquer coisa, de goleiro de time de futebol até

astronauta...

Por isso, parte da doutrina prefere conceituar cargo público como um

lugar inserido na organização do serviço público, regido por norma

própria (no caso federal, a Lei 8.112, de 1990) a ser preenchido por

servidor público, com funções próprias e remuneração fixada em lei.

Esclareço que os cargos na Lei 8.112, de 1990, são de provimento

efetivo ou comissionado. Ou seja, aqueles que ocupam exclusivamente

cargos em comissão também ocupam, obviamente, cargos. Só que tais

cargos não são efetivos, mas sim comissionados. Mas é importante

registrar essa informação, pois COMISSIONADOS NÃO SÃO

EMPREGADOS PÚBLICOS, NÃO SÃO REGIDOS PELA CLT. Peço não

confundir o fato de tais servidores seguirem o RGPS (sistema de

previdência) com a natureza jurídica do cargo: comissionado.

Vejamos o conceito de emprego, então.

O cargo público difere do emprego público essencialmente no

que se refere ao vínculo que une o ocupante ao Estado: no caso do cargo

público, o vínculo é estatutário, institucional, unilateral, legal (de

novo: no caso da União, a Lei 8.112, de 1990); no do emprego público, o

vínculo é contratual, bilateral, sob a regência da Consolidação das Leis do

Trabalho – CLT.

Os empregados públicos, a despeito de não terem direito à

estabilidade constitucional referente ao exercício de cargo público ou ao

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regime próprio de previdência dos servidores públicos, devem ser

admitidos mediante concurso, ante o que estabelece o inc. II do art. 37

da Constituição Federal.

Questão interessante é se “é possível, HOJE, a contratação sob o

regime de emprego público (CLT) na Administração Direta,

Autárquica e Fundacional FEDERAL?”.

Bom, isso diz respeito à redação do caput do art. 39 da CF/1988, que

teve sua constitucionalidade apreciada mediante a Ação Declaratória de

Inconstitucionalidade – ADI 2135.

Em tal julgado, o Supremo deferiu, cautelarmente, para suspender a

vigência do dispositivo, em razão de aparente inconstitucionalidade no rito

formal para sua aprovação. Assim, por conta das nuances do processo de

controle de constitucionalidade, com a suspensão da vigência do caput do

art. 39, volta a valer a redação anterior de tal dispositivo, que é a seguinte:

Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios instituirão, no âmbito de sua competência,

regime jurídico único e planos de carreira para os

servidores da administração pública direta, das

autarquias e fundações.

Assim, primeiro de tudo: com a ADI 2135, a Lei 8.112, de 1990,

pode voltar a ser chamada de regime jurídico único. Vejamos outros

detalhes a respeito.

A Lei 8.112/1990 instituiu, para a União (pessoas jurídicas de Direito

Público), o chamado Regime estatutário, legal, institucional. É um

sistema legal, e não contratual, por se tratar de uma Lei, à qual os

ocupantes de cargos efetivos e comissionados em nível federal

aderirão.

Seu campo de abrangência diz respeito, repetimos, à UNIÃO e não

aos estados/municípios, os quais detêm competência para editar suas

próprias leis referentes aos servidores de sua esfera, em razão da

autonomia concedida pelo art. 18 da CF/1988.

Cabe, aqui, explicitar o sentido da expressão “Regime Jurídico”

constante do art. 1o da Lei 8.112/1990. Regime jurídico é um conjunto de

regras que regula determinado instituto. No caso, a Lei 8.112/1990 trata da

vida funcional do servidor público, de seu ingresso originário até sua saída,

com ou sem extinção definitiva do vínculo, nessa ordem, aposentadoria e

readaptação, por exemplo.

Necessário ressaltar que o Estatuto, mesmo em âmbito federal,

abrange não a totalidade dos agentes públicos, mas somente os

servidores públicos das pessoas jurídicas de Direito Público

(Administração Direta e Indireta de Direito Público, inclusive,

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agências especiais), no conceito dado pela Lei, ou seja, os ocupantes de

CARGOS PÚBLICOS.

O Código dos Servidores Civis não abrange, por exemplo, os

agentes políticos (Presidente da República, Deputados, Magistrados, por

exemplo), tampouco os particulares que colaboram com o poder

público (Leiloeiros e tradutores, por exemplo), ou mesmo empregados

públicos (os tais celetistas).

Bom, finalmente, a Função pública, de maneira residual, pode ser

definida como o conjunto de atribuições às quais não corresponde cargo

ou emprego público. Não se pode dizer que as funções, no sentido de

desempenho de atribuições, sejam excludentes com relação aos

cargos/empregos públicos. De fato, na clássica assertiva do mestre Hely

Lopes, todo cargo tem função, mas pode haver função sem cargo. Por

isso que se diz que é possível que a função não corresponda a cargo. Com

efeito, quando se fala em funções públicas, têm-se claras pelo menos

duas situações:

I) Na contratação temporária de servidores, em razão de

necessidade temporária de excepcional interesse público

(inc. IX do art. 37 da Constituição Federal). Em razão da

transitoriedade que a contratação visa a atender, muitas vezes

em caráter de urgência, dispensa-se mesmo a realização de

concurso público, dado que o trâmite normal de um

procedimento complexo como o concurso público para seleção

de pessoal inviabilizaria o atendimento da situação excepcional.

Tais agentes são submetidos, maior parte das vezes, a

processo seletivo simplificado;

II) No preenchimento de funções de confiança, referentes à

chefia, assessoramento ou outro tipo de atividade para as

quais o legislador não haja criado cargos de natureza efetiva.

Ressalto, desde logo, que há uma distinção conceitual

importantíssima para concursos públicos entre as funções de

confiança e os cargos em comissão. Essa distinção será

trabalhada mais à frente.

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Mata rápido essa: temporários fazem concurso? NÃO! Mas como,

temporário não faz concurso? Um dia desses eu vi um para o IBGE... Olha

só, gente, vamos ler, juntos, o inc. IX do art. 37 da CF/1988:

a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo

determinado para atender a necessidade temporária de

excepcional interesse público.

Assim, uma primeira observação. Para a contratação temporária

exige-se LEI.

A CF exige concurso público para CARGOS E EMPREGOS públicos

(inc. II do art. 37 da CF/1988), daí, não há necessidade de concurso

para os temporários. MAS COMO NÃO?

O concursando se pergunta: os TEMPORÁRIOS NÃO TÊM

CARGO/EMPREGO? Não! Então, os temporários possuem o quê?

FUNÇÕES públicas temporárias. Passemos, então, a falar um pouco mais

sobre tais funções temporárias, já que o assunto está se tornando comum

em provas recentes.

“De cara”, serão destacados julgados do STF que vêm consolidando

posição mais conservadora da Corte a respeito das contratações

temporárias: estas não podem ser utilizadas indiscriminadamente,

para atividades da rotina administrativa.

O caso mais “clássico” (é novo, mas já é clássico) é o relacionado às

atividades da Defensoria Pública. Vejamos o que diz a ADIN 3700,

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apreciada em 2008 e noticiada no informativo do Supremo do modo que se

vê:

Contratação Temporária de Advogado e Exercício da Função de

Defensor Público

Por vislumbrar ofensa ao princípio do concurso público (CF, art. 37, II), o Tribunal julgou procedente pedido formulado em

ação direta ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, para declarar a inconstitucionalidade

da Lei 8.742/2005, do Estado do Rio Grande do Norte, que dispõe sobre a contratação temporária de advogados para o exercício da função de Defensor Público, no âmbito da

Defensoria Pública do referido Estado-membro. Considerou-se que, em razão de desempenhar uma atividade estatal

permanente e essencial à jurisdição, a Defensoria Pública não convive com a possibilidade de que seus agentes sejam recrutados em caráter precário.

Asseverou-se ser preciso estruturá-la em cargos de provimento efetivo, cargos de carreira, haja vista que esse tipo complexo

de estruturação é que garante a independência técnica das Defensorias, a se refletir na boa qualidade da assistência a que têm direito as classes mais necessitadas. Precedente citado:

ADI 2229/ES (DJU de 25.6.2004).

O destaque não consta do texto original. O caso é incidental, ou seja,

tratou ESPECIFICAMENTE das atividades dos defensores. Daí, mais

recentemente, o STF fixou parâmetros para as contratações temporárias

de forma mais clara:

ADI N. 3.430-ES

RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI

EMENTA: CONSTITUCIONAL. LEI ESTADUAL CAPIXABA QUE

DISCIPLINOU A CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE SERVIDORES

PÚBLICOS DA ÁREA DE SAÚDE. POSSÍVEL EXCEÇÃO PREVISTA

NO INCISO IX DO ART. 37 DA LEI MAIOR.

INCONSTITUCIONALIDADE. ADI JULGADA PROCEDENTE.

I – A contratação temporária de servidores sem concurso

público é exceção, e não regra na Administração Pública,

e há de ser regulamentada por lei do ente federativo que assim

disponha.

II – Para que se efetue a contratação temporária, é necessário

que não apenas seja estipulado o prazo de contratação em

lei, mas, principalmente, que o serviço a ser prestado revista-

se do caráter da temporariedade.

III – O serviço público de saúde é essencial, jamais pode-

se caracterizar como temporário, razão pela qual não

assiste razão à Administração estadual capixaba ao

contratar temporariamente servidores para exercer tais

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funções.

IV – Prazo de contratação prorrogado por nova lei

complementar: inconstitucionalidade.

V – É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de não

permitir contratação temporária de servidores para a execução

de serviços meramente burocráticos. Ausência de relevância

e interesse social nesses casos.

VI – Ação que se julga procedente.

* noticiado no Informativo 555

O trecho negritado é para que se registre o seguinte: as atividades

que sejam consideradas essenciais não podem ser objeto de

contratação direta.

3.2 – CARGOS VITALÍCIOS, EFETIVOS E EM COMISSÃO

Inicialmente, vejamos o que diz o inc. V do art. 37 da CF/1988:

V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente

por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos

em comissão, a serem preenchidos por servidores de

carreira nos casos, condições e percentuais mínimos

previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de

direção, chefia e assessoramento

Os destaques, mais uma vez, não constam do texto original: funções

de confiança são para servidores de cargos EFETIVOS, enquanto que

os cargos em comissão devem ser preenchidos por servidores de

CARREIRA, nos casos/condições/percentuais mínimos estabelecidos em

LEI.

Alguns pontos comuns entre as funções e os cargos

comissionados:

I) destinam-se à Direção e ao Assessoramento Superior. É por

isso que, recorrentemente, referem-se a tais cargos como os de D.A.S.

Ressalto que tanto os cargos em comissão, como as funções de

confiança, devem ter por finalidades atribuições de comando ou de

assessoria. Um cargo de motorista não pode ser, por exemplo, um cargo

comissionado (exclusivamente), pois não é de comando ou assessoria,

apesar de ser um cargo de direção..., rsrs....

II) são preenchidos sem a necessidade de concurso público

prévio, não oferecendo garantia de permanência do titular no cargo

(estabilidade). Dispensam, ainda, motivação para a exoneração de

seus ocupantes, com exceção feita, por exemplo, aos Diretores de Agências

Reguladoras, que, a despeito de exercerem cargos de direção, não são

exoneráveis (demissíveis) ad nutum, uma vez que contam com mandato;

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III) não há nomeação para FUNÇÕES DE CONFIANÇA, mas tão

só mera designação. De fato, como para ocupar FUNÇÃO DE CONFIANÇA o

sujeito já tem que ser detentor de cargo efetivo, será meramente

DESIGNADO para a função de confiança. Vejamos o que diz o § 4o do art.

15 da Lei 8.112:

O início do exercício de função de confiança coincidirá

com a data de publicação do ato de designação, salvo

quando o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer

outro motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil

após o término do impedimento, que não poderá exceder a

trinta dias da publicação.

Perceba que o início do exercício da função de confiança é

IMEDIATO, e tem início com a publicação do ato que designa para tal.

A razão é uma só: como o sujeito já possui cargo efetivo, então por que

nomeá-lo, novamente? Assim, será DESIGNADO para a função de

confiança.

Por fim uma breve nota sobre cargos vitalícios: esses são de

previsão constitucional, isto é, cargos vitalícios são aqueles previstos na

CF de 1988. Após a aquisição da vitaliciedade, somente por meio de

processo judicial com sentença transitada em julgado poderá ocorrer

a perda do cargo pelo vitalício. Podem ser citados como exemplos de

tais cargos: o dos Magistrados (art. 95, I, CF); o de membros do

Ministério Público (art. 128, §5º, I, “a”, CF) e dos membros dos

Tribunais de Contas (art. 73, §3º, CF).

3.3 – CRIAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS

Aqui, a observação é singela: cargos públicos são criados por

LEI. Seria, praticamente, só isso. Mas tem um segredinho, como sempre...

Como a criação de cargos se faz por lei (com exceção dos cargos

de legislativo, que são criados por Resolução), a extinção também se faz

por Lei, ante um princípio válido para o direito, de modo geral, que

chamamos de “simetria” (ou paralelismo de forma), é dizer, como se

faz, desfaz-se. Se o cargo público é criado por lei, por lei deve ser

extinto. Mas é bom recordar que a CF/1988 dá a possibilidade de extinção

de cargos públicos VAGOS por decreto (vejam o inc. VI do art. 84 da

CF/88).

Detalhe: cargos públicos preenchidos também podem ser

extintos. Só que, neste caso, é necessária a edição de uma LEI, por

conta do nosso princípio da simetria.

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3.4 – PADRÃO, CLASSE, CARREIRA, CARGOS ISOLADOS E QUADRO.

Essa passagem é para que os amigos possam ter uma breve noção a

respeito de como se organizam os quadros de pessoal da Administração

Pública. Vamos lá.

Os cargos a serem ocupados por servidores públicos organizados

em carreira são distribuídos em padrões e classes.

Classes constituem o agrupamento de cargos da mesma

profissão, com idênticas atribuições, responsabilidades e

vencimentos. Classes, portanto, constituem os “degraus” de crescimento

em uma carreira.

Interessante notar que PADRÃO é a subdivisão de uma classe, ou

seja, DENTRO DAS CLASSES, TEMOS OS PADRÕES.

Quando um servidor ocupante de cargo organizado em carreira

muda de CLASSE é PROMOVIDO. Já quando ele muda de padrão, SEM

MUDAR DE CLASSE, é PROGREDIDO.

A Lei 8.112/1990 fala só de PROMOÇÕES e não de progressões

funcionais. E, detalhe: segundo a Lei, a promoção é forma simultânea

de provimento e vacância. Confiram nos arts. 8º e 33 da norma. Depois

voltaremos a esse assunto (provimento e vacância). Mas, antes,

continuemos a entender a organização dos quadros da Administração.

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Carreira é o agrupamento de classes de uma mesma profissão

ou atividade, organizadas sob o fundamento da hierarquia. Para o

ingresso em uma carreira referente a cargos efetivos, o provimento

deverá ser originário (a ocorrer por nomeação), devendo ser precedido,

sob a égide da atual Constituição Federal, de concurso público (nesse

ponto, uma paradinha, e leiam ao art. 37, inc. II, CF).

De outra parte, há cargos que não se encontram organizados

em carreira, sendo únicos em sua categoria. São tais cargos ditos

isolados. Um exemplo destes é o cargo de Ministro. No ano “X”, tem

determinadas atribuições e remuneração; no ano “Y”, as atribuições e

remuneração são as mesmas. Ou seja, não há alteração na

complexidade das atribuições, à semelhança do que ocorre com os

cargos organizados em carreira.

Ao somatório de carreiras, cargos isolados, e, ainda, das funções

de um mesmo órgão ou Poder dá-se a denominação de quadro.

E assim se organiza a Administração: cargos organizados em

carreira, exemplo, técnico de controle externo do TCU, e cargos isolados,

exemplo, auditor, o que substitui os Ministros, do TCU.

Ah! Um último detalhe. Se um sujeito de cargo de nível médio galga

todas as classes e níveis de sua carreira, chegando ao topo de tal carreira,

mesmo que ele seja excelente, não poderá ser “ascendido” a uma

carreira de nível superior, uma vez que o STF vem decidindo que isso é

inconstitucional, por se tratar de uma situação que não é mais autorizada

pela atual constituição. Ou seja, se o sujeito em questão quiser passar para

uma carreira de nível superior, terá de prestar novo concurso.

4 – ACESSIBILIDADE A CARGOS PÚBLICOS

A acessibilidade quer dizer como se faz para termos acesso aos

cargos e empregos públicos. Então, o que é preciso fazer para ingressar

em um cargo efetivo? Não vale responder fazer cursinho! Em realidade, a

resposta é CONCURSO PÚBLICO. Então, para podermos falar sobre o

ingresso dos servidores nos quadros da Administração, a primeira coisa é

falar sobre os concursos. A seguir.

4.1 – A REGRA DO CONCURSO PÚBLICO

Repassemos, inicialmente, os conteúdos gerais a respeito do

concurso público, a partir do regramento constitucional estabelecido no inc.

II do art. 37 da CF, que assim dispõe:

A investidura em cargo ou emprego público depende de

aprovação prévia em concurso público de provas ou de

provas e títulos, de acordo com a natureza e a

complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,

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ressalvadas as nomeações para cargo em comissão

declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

Várias observações podem ser feitas em relação a este inciso.

Primeiro: a exigência de concurso público ocorre não só com

relação aos servidores estatutários, mas também com relação aos

empregados públicos. Perceba que, mesmo as empresas estatais

exploradoras de atividades econômicas (§1º do art. 173 da CF), como as

Sociedades de Economia Mista e as Empresas Públicas, devem contratar seu

pessoal por meio de concurso público. Esse, inclusive, é o entendimento do

STF. Mas, responde rápido aí: todo acesso a cargo público demanda

concurso público. Sem entrar em detalhes, um item assim estaria ERRADO,

uma vez que cargos em comissão não demandam concurso. Tenham

atenção, então!

Nesse primeiro ponto também ressalto que o inc. I do art. 37 da CF,

com redação dada pela EC 19/98, dispõe:

os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos

brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei,

assim como aos estrangeiros, na forma da lei.

Verifica-se a possibilidade de não só os brasileiros, natos ou

naturalizados, terem acesso a cargos/empregos/funções públicos, mas

também os estrangeiros. Contudo tal acesso permitido aos

estrangeiros não é amplo e irrestrito: há cargos privativos de brasileiro

natos. São exemplos de cargos privativos de brasileiros natos: Presidente e

Vice-Presidente da República; Presidente da Câmara dos Deputados;

Presidente do Senado Federal; e, Ministro de Estado da Defesa.

Segundo: o concurso pode ser só de provas ou de provas e

títulos, não se admitindo concurso só de títulos (releiam o inc. II do

art. 37). O amigo então se questiona: e o famoso exame curricular? Não é

cabível?

Esclareço que as contratações temporárias, por excepcional

interesse público, referidas no inc. IX do art. 37 da CF/1988, e já objeto

de comentários acima, não estão sujeitas à regra do concurso público,

cabendo, no entanto, conforme o caso, processo seletivo simplificado

mediante provas, provas e títulos, ou ANÁLISE CURRICULAR. Da

mesma forma, alerto para a inexigibilidade de concurso para o

preenchimento de determinados cargos vitalícios, tais como os de Ministros

do STF e do Tribunal de Contas da União, dentre outros.

Pois bem. Seguindo adiante, podemos ver o concurso como um

procedimento administrativo composto de várias etapas, tais como a

inscrição, a aprovação e a nomeação do candidato, para citar apenas

algumas.

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A inscrição não gera ao candidato o direito à realização das provas,

haja vista que a Administração pode alterar a data ou mesmo desistir de

realizá-las, tratando-se, pois, de uma expectativa de direito dos

candidatos.

Na doutrina, boa parte dos autores tem entendido que a aprovação

gera ao candidato expectativa de direito à investidura no cargo ou

emprego em questão, ou seja, o aprovado em concurso público tem

mera expectativa de direito à nomeação. Contudo, as coisas vêm

mudando.

Por uma questão de moralidade, de respeito aos cidadãos ainda bem

que a jurisprudência vem mudando. No STJ, decisões como as seguintes

passaram a surgir:

Servidor público - Concurso - Aprovação de candidato

dentro do número de vagas previstas em edital -

Direito líquido e certo à nomeação e à posse no cargo.

(Recurso em Mandado de Segurança n° 19.922)

O destacado “ainda bem” da frase anterior é por conta da certa

tranquilidade de que as decisões como essa citada podem trazer para

centenas, milhares, de candidatos, os quais aprovados em concurso público,

NAS VAGAS PREVISTAS NO EDITAL, simplesmente não são chamados

pela Administração. Com tais precedentes, muitos terão chance de não

serem “deixados de lado” pela Administração.

Agora, já notaram como passaram a proliferar concursos com

cadastros de reserva?

Pois é, se não há vagas previstas no edital, não tem como que se

falar de direito à nomeação. Essa a razão de concurso com cadastro de

reserva.

E, agora, o martelo foi batido pelo STF (RE 598099). O Supremo

reconheceu o direito subjetivo à nomeação. Segundo a Corte, a

Administração Pública deverá agir eficientemente ao deflagrar concurso

público para provimento de cargos públicos e nomear os candidatos

aprovados em número igual ao dos cargos vagos previstos no edital

do certame, homenageando-se a profissionalização da função pública.

Terceiro ponto: a validade do concurso (melhor seria eficácia,

mas deixa pra lá) está prevista no inc. III do art. 37 da CF/1988:

o prazo de validade do concurso público será de até dois

anos, prorrogável uma vez, por igual período

Apesar de ser uma questão mais do que batida em concurso atentem que

a vigência do concurso é de ATÉ dois anos, PRORROGÁVEL por igual

período, ou seja, FACULTADO à Administração prorrogar, tratando-

se, portanto, de ato discricionário da Administração.

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Uma observação, aliás, três interessantes:

I) o prazo inicial determina a prorrogação. Assim, um concurso

pode ter vigência de seis meses, prorrogáveis por mais seis;

II) o concurso só pode ter seu prazo de vigência prorrogado

caso ainda esteja em vigor. Assim, concursos vencidos não podem

ser prorrogados, pois não existem mais; e,

III) a contagem de prazo de vigência ocorre a partir da

homologação do resultado mesmo, enfim, oportunidade em que a

Administração reconhece a legitimidade de todas as etapas do concurso.

Quarto ponto: a questão do ingresso dos deficientes nos quadros

da Administração. Vamos nós de novo na CF/1988:

VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos

públicos para as pessoas portadoras de deficiência e

definirá os critérios de sua admissão

De pronto, percebam que o dispositivo constitucional não isenta os

portadores de deficiência de prestar concurso para ingresso nos quadros da

Administração. O que se preserva, contudo, é o direito de tais pessoas de

participarem de concursos públicos, para cargos que sejam compatíveis

com as deficiências que portem.

A propósito, a Lei 8.112/90, ao regulamentar a matéria, estatui:

Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se

inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas

atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são

portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% das vagas

oferecidas no concurso.

Percebe-se, pelo dispositivo transposto, que o limite é máximo.

Mas, interessante notar que, a partir de decisões judiciais, pode-se

afirmar que nem todo concurso precisa reservar vagas para

deficientes. Tratemos, sinteticamente, do Mandado de Segurança

26310/STF.

Com base nesse entendimento, a Suprema Corte considerou

legítimo o edital de concurso para o preenchimento de duas vagas que

não reservou nenhuma para deficientes. Entendeu a Corte Suprema

que reservar uma vaga, ou seja, cinquenta por cento das vagas existentes,

implicaria majoração indevida dos percentuais legalmente

estabelecidos. Então, simplesmente a partir desse julgado, podemos dizer

que NEM TODO CONCURSO PÚBLICO RESERVARÁ VAGAS PARA

DEFICIENTES. Aliás, a própria definição de deficiência por vezes traz

polêmica. Vejamos, por exemplo, a questão dos monoculares.

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O STF, ao tratar do RMS 26.071 entendeu que J.F.A., portador de

visão monocular, tinha o direito de ocupar o cargo de técnico judiciário do

Tribunal Superior do Trabalho (TST). A decisão foi adotada por unanimidade

da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

No caso, os ministros da Turma concordaram com o entendimento do

relator de que visão monocular é uma necessidade especial e legitima o

portador a concorrer às vagas especiais nos concursos públicos.

Agora, vejam só: o candidato, a despeito de ser possuidor de visão

em um olho só, não era considerado deficiente, por conta das normas que

tratam da matéria, pois teria plena capacidade visual no olho direito. Ora, é

gritante que tal situação (monocular) deve ser considerada deficiência, na

linha do decidido pelo STF. Destaque-se que esse é mesmo

posicionamento do STJ (visão monocular é deficiência, para efeitos de

participação em concurso).

É de incumbência de junta médica oficial avaliar se o portador

de deficiência possui condições de exercer o cargo pretendido, ou,

ainda, informar se o candidato é mesmo deficiente. Caso não seja

deficiente, o candidato que houver concorrido para a vaga nessa qualidade

terá sua aprovação invalidada, e deverá ser convocado o deficiente seguinte

na ordem de classificação, para que se adote o mesmo procedimento

verificatório.

Quinto ponto: o estabelecimento de limitações ao acesso a

cargos e empregos públicos, ou seja, firmar que só a partir de

determinada altura, tal sexo, determinada condição física, e outros, o

candidato pode ter acesso ao cargo ou emprego pretendido.

As limitações ao acesso aos cargos/empregos públicos só devem ser

aceitas quando razoáveis e em consonância com a ordem jurídica. No

caso de veto à participação de candidato, deverá SEMPRE ser

motivada. Tal regra encontra-se consolidada na Súmula 684, do STF: É

inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a

concurso público.

Também não devem ser admitidas as odiosas restrições

discriminatórias, em relação à origem, sexo, raça, religião, etc. De toda

forma, há necessidade de estabelecimento de requisitos que

permitam aferir a aptidão do interessado em ingressar no serviço

público. Tais requisitos, em virtude do princípio da legalidade, devem gozar

de previsão legal, e não apenas no edital do certame. Nesse quadro,

cumpre trazer à lume o RE 184.432-RS, apreciado pelo STF:

O edital de concurso não é instrumento idôneo para o

estabelecimento de limite de idade para a inscrição em

concurso público; para que seja legítima tal exigência é

imprescindível a previsão em lei. Nada impede que o edital

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mencione ou mesmo reproduza o que dispõe a Lei, a título de

exigência. O que se veda é realização de exigências

exclusivamente por meio de edital.

O momento de exigência dos requisitos para o exercício das

atribuições do cargo também é importante: devem ser cumpridos quando

da posse, e não no momento de inscrição, conforme a Súmula 266 do

STJ. Quanto às carreiras específicas da área jurídica, Juízes e Membros do

MP, há outras regras. Mas não vêm ao caso no curso de Direito

Administrativo.

Com relação às limitações de idade, o STF entende ser razoável

(Súmula 683) a sua existência, desde que a natureza das atribuições do

cargo as exija. Por exemplo: idade máxima para agentes da Polícia

Federal, haja vista a necessidade de vigor físico.

Por fim, a questão da exigência dos exames psicotécnicos, que

pode ser entendida, em certa medida, como uma espécie de limitação.

Se fossemos citar a jurisprudência do STF a respeito do assunto,

passaríamos horas aqui. Mas basta apenas uma súmula para entendermos.

É a Súmula 686 da Corte Constitucional, que assim estabelece:

Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a

habilitação de candidato a cargo público.

Não há dúvida, portanto: só a LEI possibilita a exigência de

exames psicotécnicos.

Quinto ponto: o concurso para seleção de servidores é diferente

do concurso modalidade de licitação. Pode parecer bobo, mas isso ainda

cai em prova...

Os de lá (de licitações) têm por objeto a escolha de um ALGO

(trabalho – técnico, artístico, científico), e os de cá (Lei 8.112/1990),

a escolha de ALGUÉM. Não podem ser confundidos.

(FGV/2010 - SEFAZ-RJ – Fiscal de Rendas) Com relação aos

servidores públicos, analise as afirmativas a seguir.

I. Ofende os princípios constitucionais do contraditório e da ampla

defesa a ausência de defesa técnica por advogado em processo

administrativo disciplinar.

II. Segundo a jurisprudência do STF, candidatos aprovados em

concurso público dentro do número de vagas gozam de direito à

nomeação.

III. A sindicância, sempre de caráter sigiloso, consiste no

procedimento adequado para apurar falta funcional do fiscal de

rendas do Estado do Rio de Janeiro.

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Assinale:

(A) se somente a afirmativa I estiver correta.

(B) se somente a afirmativa II estiver correta.

(C) se somente a afirmativa III estiver correta.

(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.5

(2011/FGV – OAB) O art. 37, II, da Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988, condiciona a investidura em cargo ou emprego público à prévia aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as

nomeações para os cargos em comissão.

Em relação a concurso público, segundo a atual jurisprudência dos tribunais superiores, é correto afirmar que

a) o prazo de validade dos concursos públicos poderá ser de até dois

anos prorrogáveis uma única vez por qualquer prazo não superior a dois anos, iniciando-se a partir de sua homologação.

b) os candidatos aprovados em concurso público de provas ou de

provas e títulos e classificados entre o número de vagas oferecidas no edital possuem expectativa de direito à nomeação.

c) os candidatos aprovados em concurso público de provas ou de provas e títulos e classificados dentro do limite de vagas oferecidas

no edital possuem direito subjetivo a nomeação dentro do prazo de validade do concurso.

d) os candidatos aprovados em concurso público de provas ou de

provas e títulos devem comprovar a habilitação exigida no edital no

momento de sua nomeação.6

5 Gabarito: alternativa E. O gabarito preliminar, à época, foi alternativa E. Depois dos recursos, a banca

alterou para letra “C”, isso porque não havia posicionamento consolidado no STF. Acontece que, depois

da prova, o STF manifestou-se em Recurso Extraordinário (598.099) sobre o direito subjetivo à

nomeação. Por isso, fica mantida a alternativa E. O erro do item I é que a Súmula Vinculante 5, do STF,

dispensa a presença de defesa técnica no processo administrativo disciplinar. 6 Gabarito: alternativa C. Pronto, está confirmado o posicionamento da FGV sobre o tema. Fiquem

atentos, afinal a FCC compartilha de idêntico entendimento.

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4.2 – PROVIMENTOS: FORMAS E TIPOS

Podemos dizer que o início da relação do candidato com o cargo

público e com a Administração Pública se dá com o provimento.

Provimento é o ato administrativo mediante o qual uma pessoa

passar a ser a detentora do cargo, ou seja, é o preenchimento de cargo.

A forma originária de provimento de cargos públicos é a nomeação.

Antes dela, a pessoa é mera pretendente a um cargo, é dizer, um

concursando.

Importante que os cargos em comissão também têm provimento.

Basta ver o que diz o art. 9º da 8.112/1990, que diz que os provimentos

são EFETIVOS (para o cargo efetivo, obviamente) e EM COMISSÃO,

para cargos dessa natureza.

Daí, algo importante: as outras formas de provimento só são

aplicáveis aos cargos efetivos, não aos cargos em comissão. Vamos

tratar de todas as formas de provimento, começando pela nomeação.

A nomeação, forma de provimento originário, é que inaugura tal

vínculo, sendo uma das formas de provimento previstas na Lei 8.112/1990

(art. 8º).

Muita gente confunde nomeação com posse. São coisas distintas.

NOMEAÇÃO é o primeiro provimento. POSSE é o ato formal em que o

NOMEADO firma o compromisso de exercer o cargo, ou seja, é o

compromisso solene, no qual se afirma: eu quero o cargo!

É o momento em que se investe servidor, coloca a capa com Poderes,

algo do tipo ‘Batman’. Apesar de fazerem parte do mesmo procedimento (o

concurso), a nomeação e a posse não podem ser confundidas, embora

só possamos falar em posse se tiver ocorrido, preliminarmente, nomeação

(vejam o § 4º do art. 13 da Lei nº 8.112/1990).

Mais uma forma de provimento da Lei nº 8.112/1990: a promoção.

Como sobredito, as formas de provimento, de acordo com a Lei

8.112/1990, são sete: Nomeação, Aproveitamento, Promoção,

REintegração, REcondução, REadaptação e REversão.

O concursando pensa: nossa, que coisa chata! Cheio de nomes! Sabe

o que nós fazemos para memorizar? N P A RE RE RE RE! O que é isso? As

iniciais de cada uma das formas de provimento apontadas pela Lei nº

8.112/1990.

Fazer o quê? Tem que dar um jeito de lembrar. Tem um mnemônico

da Professora Elaine, olha aí – o Rei Narciso Reformou o Pátio da Amada

Rainha Regina – escolham! Ah – para cada uma das formas de

provimento que começam com RE colocamos uma palavra-chave para

memorização. Exemplo: reintegração – palavra chave: DEMISSÃO.

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(FGV/2011- TRE-PA- Técnico Judiciário - Área Administrativa)

São formas de provimento de cargo público:

(A) nomeação e promoção.

(B) promoção e ascensão.

(C) readaptação e transferência.

(D) ascensão e cessão.

(E) nomeação e transferência.7

Vejamos, então, cada uma delas, apenas deixando de lado a

nomeação, já abordada.

O aproveitamento, em regra, diz respeito ao retorno ao serviço

público de servidor que estava em disponibilidade. Disponibilidade não

é nada mais que estar sem trabalhar, ocorrendo em razão da extinção

do cargo ou da declaração da desnecessidade deste.

O servidor em disponibilidade permanece com remuneração

proporcional ao tempo de serviço, conforme estabelece o § 3º do art.

41 da atual Constituição Federal, até o adequado aproveitamento, em cargo

com atribuições compatíveis com o cargo anteriormente ocupado.

Já a promoção é o movimento no âmbito de uma mesma carreira,

com adição de vencimentos e de responsabilidades, ocorrendo pela

mudança de CLASSE. Lembrem-se do que já foi dito: a mudança de

CLASSES é promoção, enquanto que a mudança de PADRÕES dentro

de uma classe é PROGRESSÃO FUNCIONAL.

7 Gabarito: alternativa A. Só reforçar que a ascensão e transferência, enquanto formas de provimento e

vacância, foram declaradas inconstitucionais pelo STF.

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Não há promoção com relação a cargos isolados, uma vez que

estes não compõem uma carreira. A promoção pode ocorrer por

merecimento ou por antiguidade (tempo de serviço). Chamo atenção,

ainda, para dois pontos com relação à promoção:

I) muitos doutrinadores criticam a inserção da promoção como forma

de provimento. De fato, ao ser promovido, o servidor continua ligado ao

cargo público, sendo discutível, doutrinariamente, ver-se a promoção como

forma de provimento. Todavia, para fins de concurso público, não cabe

tal discussão, uma vez que a Lei 8.112/1990 coloca, textualmente, a

promoção como forma de provimento;

II) não há que se falar de promoção de uma carreira para

outra, como de Analista para Auditor da Receita, por exemplo. Nesse caso,

a hipótese é diferente. Seria uma espécie de “ascensão”, o que é

inadmissível, na visão do STF;

III) a promoção é também uma forma de vacância, prevista no

art. 33 da Lei 8.112/1990. Atentem para essa informação, uma vez que o

examinador adora “brincar” com as formas simultâneas de VACÂNCIA E

DE PROVIMENTO.

Por sua vez, a reintegração ocorre no caso de desfazimento de

decisão que levou à demissão de servidor estável. A palavra-chave para

a reintegração é, portanto, DEMISSÃO. A invalidação (desfazimento) da

decisão pode ser administrativa ou judicial. Mas, vem a pergunta: e se o

cargo do sujeito que foi demitido estiver ocupado? Vai ser reintegrado

aonde?

Se o cargo do reintegrado estiver ocupado, o ocupante, se

estável, deverá ser reconduzido ao seu cargo de origem (se ainda

estiver vago). Se o cargo anterior estiver preenchido, o servidor

estável será aproveitado em outro cargo, ou mesmo posto em

disponibilidade, sem qualquer indenização.

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Esse esqueminha acima é do amigo Sapo da Vez.

(FGV/2011 - TRE-PA - Analista Judiciário) O retorno de servidor

à atividade, quando invalidada sua demissão, corresponde à:

(A) reversão.

(B) readaptação.

(C) reintegração.

(D) recondução.

(E) recapacitação.8

Interessante anotar que a condição para a

reintegração/recondução do servidor público é a ESTABILIDADE.

Apesar de extremamente criticável, é o que dispõe a CF/1988 (veja o § 2º

do art. 41 da CF). Ressalte-se, ainda, que a Lei 8.112/1990 assegura ao

injustamente demitido o ressarcimento de todas as vantagens

(remunerações, por exemplo) que faria jus, o que não acontece, repito,

com o eventual ocupante, que, a depender da natureza do vínculo com a

Administração, poderá ou não ser reconduzido ou posto em disponibilidade

ou aproveitado em outro caso.

(FGV/2010 – CODEBA – Advogado) Assinale a afirmativa

INCORRETA a respeito do regime jurídico do servidor público.

(A) O servidor estável somente perderá o cargo em virtude de

sentença transitada em julgado.

8 Gabarito: alternativa C.

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(B) É condição para a aquisição da estabilidade a avaliação especial

de desempenho.

(C) O servidor ficará em disponibilidade se seu cargo for extinto.

(D) O servidor estável somente será reintegrado ao seu cargo se

invalidada sua demissão por sentença judicial.

(E) O servidor estável, na condição de ocupante da vaga de outro que

foi reintegrado, será reconduzido ao cargo de origem; entretanto,

com direito à indenização.9

Já a recondução ocorre em duas hipóteses – na reintegração do

ocupante do cargo e na inabilitação de estágio probatório e a palavra-

chave é RETORNO AO CARGO ANTERIOR.

A 1ª hipótese já foi abordada acima. No caso da inabilitação em

estágio probatório, o inabilitado deverá ter ocupado cargo anterior, no

qual já era estável. Desse modo, ao ser inabilitado no novo cargo, deverá

retornar ao anteriormente ocupado.

(FGV/2006 – MIN CULTURA – Anal Adm) De acordo com a Lei

8.112/90, é incorreto afirmar que:

(A) a posse em cargo público dependerá de prévia inspeção médica

oficial.

(B) a posse poderá se dar mediante procuração específica.

(C) o servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença

judicial transitada em julgado ou de processo administrativo em que

lhe seja assegurada ampla defesa.

(D) o servidor estável não aprovado no estágio probatório não

poderá ser reconduzido ao cargo anteriormente ocupado.

(E) a exoneração de cargo efetivo se dará a pedido do servidor, ou de

ofício.10

Interessante questão diz respeito à possibilidade da recondução a

pedido. Imaginemos o seguinte: um servidor Federal logrou êxito (foi

aprovado) no concurso para Perito da Polícia Federal. O servidor Federal,

que já era estável no serviço público, resolve tomar posse e entrar em

9 Gabarito: alternativa E. Veja a parte final da sentença: “(...) com direito à indenização”. Como disse e

redisse apenas o reintegrado é quem faz jus à indenização. 10

Gabarito: alternativa D. Nos termos do Estatuto dos servidores públicos civis da União, a inabilitação

no estágio probatório pode importar recondução ou exoneração. No caso, em análise, o servidor é estável,

logo é-lhe garantida a recondução, daí a incorreção do quesito.

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exercício no cargo de perito. Posteriormente, descontente com o novo

cargo, revolve pedir para ser reconduzido.

Tal situação é juridicamente possível, dado se tratar de um ato

menos gravoso do que a reprovação do servidor no estágio probatório, que

poderia dar motivo à recondução. Inclusive, esse foi o entendimento

perfilhado pelo STF ao apreciar, dentre outros, o RMS 22.933-DF, de 1998.

Portando, não há dúvida: reconhece-se o direito do servidor estável à

recondução enquanto durar o estágio probatório do novo cargo.

Ficamos assim. Seja pela inabilitação no novo cargo, ou mesmo

em razão de pedido do servidor, o STF tem resguardado esse direito do

servidor, ENQUANTO DURA O ESTÁGIO PROBATÓRIO NO NOVO

CARGO.

Ah! Antes que alguém pergunte, o estágio probatório, PELA

JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES, tem duração de 36

MESES. O QUÊ???? É, é isso mesmo! Já volto a falar sobre isso.

Pergunta capciosa: é possível a recondução entre esferas

distintas da Federação? Noutras palavras: servidor público federal passa

em um concurso para um cargo estadual, arrepende-se, pede para voltar.

Pergunta-se: é possível a recondução do servidor em questão? Resposta

difícil...

Na visão da AGU, TCU e Tribunais Superiores há o entendimento

de que é sim possível a recondução entre diferentes esferas da

Federação. Guarda aí com carinho esta informação, afinal a FCC também

compartilha desse entendimento.

A readaptação, por sua vez, trata da possibilidade de recolocação

do servidor que tenha sofrido limitação (que é nossa palavra-chave para

esta forma de provimento), física ou sensível (mental), em suas

habilidades, impeditiva do exercício das atribuições do cargo que ocupava.

Portanto, por meio da readaptação, o servidor será remanejado para um

cargo compatível com sua nova situação laboral.

Para que possa ocorrer a readaptação, o novo cargo terá que ser

compatível com o anterior, é dizer, com atribuições afins, nível de

escolaridade compatível etc. Desse modo, não pode um auditor do INSS

– cargo de atribuição de nível superior, por exemplo, ser readaptado na

condição de motorista – cargo de atribuição de nível médio, com atribuições

nitidamente diferenciadas. Ressalte-se que, na hipótese de inexistência

de cargo vago, o readaptando exercerá suas atribuições na condição

de excedente.

ATENÇÃO: EXCEDENTE é diferente de DISPONÍVEL. Excedente,

trabalha, e, por isso, recebe normalmente sua remuneração.

Disponível não está trabalhando, recebendo, por conseguinte,

remuneração proporcional ao tempo de serviço.

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(2011/FGV – SEFAZ-RJ – Analista de Controle Interno) A

forma de provimento dos cargos públicos que consiste na

investidura do servidor em cargo de atribuições e

responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha

sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em

inspeção médica denomina-se:

(A) readaptação.

(B) reintegração.

(C) reversão.

(D) recondução.

(E) aproveitamento.11

Reversão é o retorno do servidor aposentado à atividade

(Aposentou, voltou! Volta por reversão). Pode ocorrer em decorrência de

duas situações.

Na 1ª, a insubsistência de motivo de invalidez (reversão DE

OFÍCIO), a causa que levou à aposentadoria (uma enfermidade) não existe

mais.

Em tal situação, o servidor em processo de reversão deverá ser

submetido ao exame da junta médica oficial, a qual, então, deverá declarar

que inexiste (insubsistente) o fato motivador da aposentadoria.

Estando provido o cargo do servidor revertido, este exercerá suas

atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.

Na 2ª situação, a reversão ocorre a pedido do servidor, desde que

haja interesse da administração (ato discricionário), e se cumpridas as

seguintes condições:

- pedido do servidor, o qual deveria ser estável na atividade;

- aposentadoria ocorrida nos cinco anos anteriores à solicitação,

sendo que essa aposentadoria tem que ter sido “a pedido”,

voluntária. Não há que se falar em reversão para:

I) aposentados pela compulsória, pois completaram a idade

máxima para o exercício de cargos EFETIVOS;

II) aposentados por invalidez: neste caso, se não existir mais o

motivo de invalidez e não for impossível a reversão pelo

transcurso de prazo decadencial, o servidor será revertido DE

OFÍCIO; e,

11

Gabarito: alternativa A.

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- necessidade de cargo vago. ATENÇÃO: não há que se falar em

excedente na reversão a pedido, pois a Lei EXIGE a existência

de cargo vago para tal hipótese.

Depois de aferidos todos os requisitos anteriores, a reversão a

pedido é ATO DISCRICIONÁRIO da Administração Pública, ou seja, ficam

a critério desta. Isso serve para que a Administração avalie se a reversão

em questão refere-se a um servidor que tem um histórico de “útil” ao

interesse público.

Não fosse assim, a Administração teria de reverter alguns que,

absolutamente, não teriam contribuição significativa a dar ao poder público,

por seu histórico. Daí, bem racional que a reversão a pedido do servidor

fique a critério da Administração Pública.

Por fim, uma última informação: REMOÇÃO e REDISTRIBUIÇÃO

(também chamada ‘relotação’) não são formas de PROVIMENTO, são

formas de DESLOCAMENTO do servidor ou cargo público,

respectivamente.

A remoção é deslocamento do servidor, com ou sem mudança de

sede, para desempenhar suas atribuições em outra unidade do mesmo

quadro. Redistribuição é o deslocamento do cargo efetivo, ocupado ou

não, no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou atividade.

Ambos não são hipóteses de provimento ou vacância.

Vejamos dois exemplos, para situarmos a questão:

Na sala de determinado órgão ‘X’, em São Paulo, tem 10 cadeiras –

cargos -, sendo que apenas sete existem pessoas sentadas – servidores. No

órgão ‘Y’, localizado no Rio de Janeiro, tem 12 cadeiras, sendo que apenas

10 estão preenchidas. Assim, o servidor pode ser removido de São Paulo

para o Rio de Janeiro, pergunta-se: quantas vagas foram criadas? Quantos

servidores entraram? Não houve vacância e sequer provimento, exatamente

porque o número de servidores e de cargos permaneceu constante.

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Agora, o órgão ‘X’ precisa de novas cadeiras em um novo

departamento que acaba de ser criado. Bom, como vimos, a criação de

novas cadeiras (cargos) depende de lei, no entanto, como das 12 cadeiras

no RJ apenas 10 estão preenchidas, e como em SP, há três cadeiras

subutilizadas, que tal deslocarmos as cadeiras para o novo

departamento, isso mesmo, que tal redistribuir, promover a relotação

das cadeiras? Notem que, igualmente, não houve redução ou acréscimo

do quantitativo de servidores, não sendo, portanto, o caso de se falar

em vacância ou em provimento. Acrescento que a redistribuição pode

acarretar o deslocamento de cadeiras ocupadas. Por exemplo: houve a

criação de um novo departamento da Receita, com a reunião de tarefas

afetas à matéria previdenciária. Assim, é possível redistribuir as cadeiras do

INSS para a Receita, e, conforme o caso, os servidores sentados nas

cadeiras serão igualmente redistribuídos.

Já a remoção pode ocorrer de ofício (no interesse da

administração) ou a pedido do servidor.

Na remoção de ofício, caso seja necessária a mudança de sede do

servidor, este fará jus à ajuda de custo (com um máximo de até três

remunerações, conforme regulamento), para compensar despesas

ocorridas.

Na remoção de ofício, fica garantido o direito do servidor e de seu

cônjuge, filhos, enteados ou menor sob sua guarda, de se matricular em

instituições de ensino congênere, em qualquer época, independente de vaga

ou de época (cuidado! Instituições congêneres...Não tem o filho do servidor,

civil e militar, estudante de faculdade particular, direito de matricular-se na

Universidade de Brasília ou públicas em geral, em razão da remoção de

ofício, a não ser, obviamente, que o curso só seja oferecido pela instituição

pública).

Notaram o negrito na expressão DE OFÍCIO neste parágrafo? É que

existem outras formas de remoção, que são bem diferentes.

A remoção a pedido pode a ser a critério da administração ou

independente do interesse desta.

Na primeira hipótese, o servidor faz o pedido e a Administração

avalia a conveniência (é ato discricionário). Já remoção a pedido,

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independente do interesse da administração, ocorre nas seguintes

hipóteses:

- Para acompanhamento do cônjuge, que também deve ser servidor,

ou militar, de qualquer dos poderes da União, dos Estados, dos

Municípios, que foi deslocado no interesse da administração. Em outros

termos, se o cônjuge passou em concurso ou solicita remoção, ele é

quem criou o problema (talvez, não queira mais você! Rsrsrs...), não

tendo a Administração o dever de removê-lo, assim entende o STJ;

- Por motivo de doença do servidor, cônjuge, ou dependente que

viva às suas expensas, sendo que deverá constar do assentamento

funcional do servidor;

- Em virtude de concurso de remoção, em que o número de

interessados é superior ao número de vagas na unidade de destino.

Em todas as hipóteses, SEMPRE que a remoção/redistribuição

implicar o exercício de atribuições do servidor em outro município, será

concedido um prazo àquele de 10 a 30 dias contados da publicação do

ato para a retomada do efetivo desempenho de suas atividades, estando

incluso, nesse prazo, o tempo de deslocamento para a nova sede.

Estando o servidor afastado, ou de licença, o prazo aqui

referenciado deverá ser contado a partir do término do impedimento.

Ah! Um último detalhe nessa passagem. Peço que se esqueçam da

vida de vocês da expressão TRANSFERÊNCIA. O STF declarou-a

inconstitucional, por ferir o princípio do concurso público.

Bom, vamos resumir o que vimos nesse item na já famosa tabelinha:

FORMA DE PROVIMENTO RAZÃO/PALAVRA-CHAVE

Nomeação Provimento originário

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Aproveitamento Em regra, retorno à atividade do servidor

que estava em disponibilidade

Promoção Crescimento na carreira

Reintegração Demissão. Voltou. Reintegrou.

Recondução Voltar ao cargo anteriormente ocupado.

Readaptação

Servidor sofreu limitação em sua

capacidade de trabalho. Sendo possível,

será readaptado.

Reversão O aposentado voltou ao exercício de

cargo ativo.

OBSERVAÇÃO:

remoção/redistribuição

Não são formas de provimento, e sim

de deslocamento de servidor ou cargo

4.3 – POSSE x EXERCÍCIO

A posse, na verdade, “aperfeiçoa” a nomeação, é dizer, sem posse,

de nada vale a nomeação. É por isso que se a doutrina diz que se o

nomeado não tornar posse, o ato jurídico [de nomeação] será

tornado sem efeito. O prazo para a posse é de trinta dias,

improrrogáveis, contados da nomeação.

Ah, três informações importantes:

- na posse, não há que se falar em “assinatura de contrato”, mas

sim de um termo, no qual são firmados os compromissos do servidor;

- é possível posse mediante procuração específica (§ 3º do art.

13 da Lei 8.112/1990). Ora, se é possível casamento por procuração, claro

que pode se tomar posse procuração;

- não se pode confundir posse com exercício. Este último quer

dizer começar a trabalhar. Pode não coincidir com a posse. Olhem só o

que diz o § 1º do art. 15 da Lei 8.112, de 1990: É de quinze dias o prazo

para o servidor empossado em cargo público entrar em exercício,

contados da data da posse.

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Bom, só para registro: o servidor faz jus à remuneração a partir

do EXERCÍCIO e não da POSSE, ok? Tem que trabalhar, feliz e

infelizmente...

E outra: não é possível exercício por procuração, claro. O

servidor “X”, profissional em concursos, passa no cargo “Y” e outorga

procuração ao candidato “A”. Depois, passa no cargo “W”, outorgando

procuração ao candidato “B”. Na boa, isso ia virar uma indústria das provas.

Exercício tem uma relação com a posse como se fosse o casamento e

a Lua de Mel. É possível casamento (posse) por procuração. Já para a lua

de mel (o exercício), é bom entrar em exercício. E que ele seja

efetivo...rsrsrsrs...

4.4 – POSSIBILIDADES DE ACUMULAÇÃO DE CARGOS E EMPREGOS

PÚBLICOS.

De antemão, registre-se que a regra geral é que se veda a

acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicos, seja

na Administração Direta, seja na Administração Indireta. A regra da

não acumulação abrange, portanto, também autarquias, fundações,

empresas públicas, e sociedades de economia mista, em quaisquer

esferas da federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).

A partir da EC 19/1998, a regra da não acumulação passou a abarcar

as subsidiárias daquelas entidades, bem como as sociedades controladas

direta ou indiretamente pelo Poder Público. Por consequência, a presente

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regra não é impeditiva de ocupações privadas por parte do servidor

público, desde que, obviamente, tais ocupações não sejam

incompatíveis com o cargo exercido pelo servidor (p. ex.: a Lei

8.112/1990 veda a gerência de sociedades empresariais, ressalvando

conselhos Fiscal e de Administração de entidades sob o domínio do Estado,

por exemplo).

Há que se ter um pressuposto para que possa ocorrer a acumulação

remunerada: a compatibilidade de horários. Não existindo

compatibilidade de horários, TODA E QUALQUER acumulação de

cargos/empregos públicos será vedada.

A jurisprudência do TCU admite acumulação com jornada

máxima de 60 horas, ou seja, um cargo/emprego público de 40 horas +

um cargo/emprego público de 20 horas, por exemplo.

Outro ponto a ser levado em consideração diz respeito à observância

dos tetos constitucionais remuneratórios, estabelecidos no art. 37, XI, da

CF, os quais, no caso de acumulação (acima listados), não poderão ser

superados. Aguardem, já falarei sobre os tais tetos remuneratórios (geral e

subtetos nos Estados).

De acordo com o inc. XVI do art. 37 da CF é permitida a

acumulação de cargos e empregos públicos nas seguintes situações:

a) dois cargos de professor;

b) um cargo de professor com outro técnico ou científico;

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de

saúde, com profissões regulamentadas.

Não há maiores controvérsias no que diz respeito à acumulação de

dois cargos de professor. Todavia, não é o que se verifica nas duas outras

hipóteses.

Há falta de precisão no que se refere à definição de cargo técnico

ou científico, o que tem provocado algumas dúvidas na interpretação que

se faz da expressão. A despeito das controvérsias, pode-se afirmar que há

possibilidade de cargos de nível médio serem tidos como técnicos, desde

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que as características de seu exercício possam ser entendidas como

técnicas.

Como exemplo de cargos de nível médio que podem ser entendidos

como de características técnicas citamos: Programador, Técnico de

laboratório, Técnico de Contabilidade, Auxiliar de Enfermagem, e

desenhista. Cargos de nível médio, cujas atribuições sejam de baixa

complexidade, no mais das vezes fazendo parte da rotina administrativo-

burocrática do Estado, não devem ser considerados “técnicos ou

científicos”, não podendo, por consequência, serem acumulados com

outro de professor. São exemplos de tais tipos de cargos, de acordo com

o parecer H – 194, da extinta Consultoria Geral da República: Agentes

Administrativos, Agente de Portaria, etc.

No mesmo sentido, podemos afirmar que não são todos os cargos de

nível superior. Exemplo disso: analistas administrativos, de modo geral,

que não tenham por atribuição tarefas técnicas, como analistas da

área meio (administrativa) de tribunais judiciais. Logo, não cabe cogitar

de acumulação neste caso, pois, ainda que se trate de um cargo de

professor, o outro não é visto como técnico (o de analista da área meio

do tribunal judicial em referência). A propósito, vejamos a questão exigida

em prova anterior elaborada pelo CESPE (não é FCC, mas garanto que a

FCC trilha idêntico raciocínio, como veremos mais à frente):

10 - (2006/CESPE/TRF-5/JUIZ) Suponha que Pedro seja

professor em uma universidade pública. Nesse caso, ele

poderá acumular o seu cargo de professor com um cargo de

analista judiciário, área meio, em tribunal regional federal.

Gabarito: ERRADO

Como o Pedro da questão é analista da área meio, não poderia

acumular o cargo com o de professor, como pré-falado. Daí o erro da

questão. Aliás, esse tema de acumulação de cargos e empregos públicos já

foi até tema de prova dissertativa. Mas tudo tem seu tempo. Prossigamos,

por ora, em nossas análises.

Falemos um pouco do acúmulo de cargo/empregos públicos por parte

de aposentados. Havia certa controvérsia doutrinária se estes poderiam,

ou não acumular os proventos da aposentadoria com a retribuição

pecuniária do cargo, emprego ou função. Tal dúvida foi dirimida,

contudo, com a redação dada pela EC 19/98 ao § 10º do art. 37 da CF, que

diz:

É vedada a percepção simultânea de proventos de

aposentadoria decorrente do art. 40 ou dos arts. 42 e 142

com a remuneração de cargo, emprego ou função

pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta

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Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão

declarados em lei de livre nomeação e exoneração.

Assim, o aposentado pode acumular os proventos recebidos

com:

I) a retribuição pecuniária de outro

cargo/emprego/função, desde que a hipótese de acumulação

fosse permitida caso em atividade estivesse;

II) cargos eletivos (de Deputado, Prefeito, Governador, etc.);

e

III) cargos em comissão.

Há que se destacar, ainda, que as hipóteses de acumulação

referem-se a DOIS cargos, empregos ou funções públicos. Assim, não se

admite o acúmulo de três ou mais cargos/empregos, ainda que algum

deles provenha da aposentadoria. Há apenas uma hipótese de

acumulação de três cargos, em virtude da norma temporária contida no

§ 1º do art. 17 da ADCT: dois de médico civil, com outro de médico

militar. Mas, em concursos públicos, de cinco anos para cá, não temos

visto as organizadoras tratar do assunto. Se isso cair em prova, pode chorar

de alegria, só vocês vão acertar! Garanto!

A vedação à acumulação também não abrange empregos da

iniciativa privada, conforme já dito anteriormente. Assim, é possível, por

exemplo, que o servidor público seja vigilante de posto de gasolina, sem

problemas.

Outras hipóteses de acumulação permitida são as seguintes:

a) Mandato de Vereador com as vantagens de cargo,

emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo

eletivo. Deve haver, óbvio, compatibilidade de horários, e

servidor deve exercer seu cargo;

b) Ministro do TCU com outra função de magistério

(art. 73, §3º, da CF/88);

c) Magistrado com uma função de magistério (art. 95,

§ único, I, da CF 88); e,

d) Membro do Ministério Público com outra função

pública de magistério (art. 128, § 5º, II, d, da CF/1988).

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Mais uma vez, vale a lembrança: é vedada a acumulação de

cargos/empregos/funções públicos, admitindo-se tão só os casos de

previsão constitucional, desde que haja compatibilidade de horários

no exercício das ocupações públicas.

4.5 – FORMAS DE VACÂNCIA PREVISTAS NA 8.112/1990

DEFININDO... Vacância é a situação em que o cargo público está

vago, sem ocupante, tornando-o passível de ser provido por alguém. As

formas de vacância previstas na Lei 8.112/1990 são (art. 33):

exoneração, demissão, promoção, readaptação, aposentadoria,

posse em outro cargo inacumulável e falecimento. ATENÇÃO: a

ascensão e a transferência foram expressamente revogadas pela Lei

9.527/1997. A questão sobre ascensão e transferência cai mais do que

chuva nas tardes de Belém!

Inicialmente, cabe fazer diferença entre exoneração e demissão.

Esta última é uma penalidade, prevista na Lei nº 8.112/1990, bem como

no Código Penal (inc. I do art. 92 do CP). Já os casos de exoneração não

constituem punições, tratando-se de hipóteses específicas, com previsão

na Lei 8.112/1990 (arts. 34 e 35).

Destaques pertinentes à vacância:

I) Promoção é, a um só momento, vacância, em cargo inferior, e

provimento, em cargo superior, no âmbito de uma carreira. Pode ser por

antiguidade ou por merecimento. A despeito de muitos doutrinadores

criticarem a inserção da promoção como forma simultânea de

provimento/vacância, por razões que, com sinceridade, não são importantes

para nossas exposições aqui, MEMORIZEM: PROMOÇÃO – FORMA

SIMULTÂNEA DE PROVIMENTO/VACÂNCIA;

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II) além da promoção, há outra forma simultânea de

vacância/provimento, de acordo com a Lei 8.112/1990 (art. 8º e 33): a

readaptação. De fato, ao passar pela limitação na capacidade laboral,

o servidor é readaptado, caso possível, noutro cargo, compatível com tal

limitação, deixando o primeiro vago, ao tempo que provê o segundo;

III) apesar de não ser indicada expressamente na Lei como

forma de vacância, a recondução, em decorrência de inabilitação em

estágio probatório, é, de acordo com apontamentos da doutrina, forma

simultânea de vacância, dado que o servidor deixará vago o último

cargo, no qual foi inabilitado, voltando a prover o primeiro. Nessa última

hipótese, o servidor, caso estável, deverá ser reconduzido ao cargo

anteriormente ocupado, provendo-o de forma derivada.

Há quem aponte, ainda, para a posse em outro cargo não

acumulável, forma de vacância expressa, sendo entendida como

provimento implícito.

Inclusive, vejamos uma questão bem recente de ESAF (ano 2012 –

Assistente Técnico Administrativo). Abaixo:

Abaixo se encontram relacionadas algumas hipóteses de vacância do cargo

público. Analise cada uma das hipóteses e assinale (1) caso ela implique

simultaneamente o provimento de novo cargo pelo servidor e (2) para aquelas

que não se relacionem a provimento de novo cargo.

Após a análise, assinale a opção que contenha a sequência correta.

1. Demissão ( )

2. Exoneração ( )

3. Promoção ( )

4. Aposentadoria ( )

5. Posse em outro cargo inacumulável ( )

6. Readaptação ( )

a) 2 / 2 / 2 / 1 / 1 / 1

b) 2 / 2 / 1 / 2 / 1 / 1

c) 1 / 2 / 1 / 2 / 1 / 1

d) 2 / 1 / 1 / 2 / 1 / 2

e) 2 / 2 / 1 / 2 / 2 / 1

A resposta foi letra B. Perceba que a banca seguiu o entendimento

doutrinário de que a posse em outro cargo não acumulável acarreta

vacância e provimento. Nunca vi esse entendimento adotado por FCC.

Em todo caso, fica aí a dica!

(FGV/2011- TRE-PA- Técnico Judiciário - Área Administrativa)

Ocorre a vacância do cargo público nos casos de:

(A) ausência superior a três dias consecutivos.

(B) licença-maternidade.

(C) licença temporária.

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(D) falecimento.

(E) ascensão.12

5 – ESTABILIDADE x ESTÁGIO PROBATÓRIO

Alguém aí já deve ter pensado: ih, lá vem confusão... essa

interminável história a respeito de estabilidade X estágio probatório... pois

é, como a intenção é só facilitar a vida dos amigos, vamos direto ao

“âmago”...

Inicialmente, cumpre registrar que o estágio probatório sempre

“andou junto” com a estabilidade, a despeito de serem, conceitualmente,

figuras distintas.

Estágio probatório é o período a que deve ser submetido o

servidor ESTATUTÁRIO nomeado para cargo de provimento efetivo.

No estágio probatório, a capacidade e a aptidão do servidor para

desempenho do cargo são constantemente avaliadas. Podemos dizer

que o estágio probatório funciona como um período para confirmação no

cargo.

Respondam rápido aí: ser um bom analista ou técnico judiciário

implica, necessariamente, ser um bom auditor da Receita ou do TCU? A

resposta, evidentemente, é não, pois os cargos possuem atribuição distinta.

Por isso que a doutrina diz que a cada novo cargo, novo estágio

probatório. Isso mesmo. O servidor analista judiciário pode ser estável no

serviço público e, ainda assim, ter de se submeter a novo estágio

probatório.

A grande confusão quanto ao instituto em estudo é quanto a sua

duração: se de 36 meses (em decorrência da EC 19/98, que alterou o

período de aquisição da estabilidade), ou se de 24 meses, conforme

consta do texto da Lei 8.112/1990. Alguns autores afirmam que o estágio

probatório é de três anos, e sua transposição é necessária para a aquisição

da estabilidade. Em nível federal, a matéria é extremamente confusa.

Todavia, em julgados recentes, os tribunais superiores vêm adotando a

posição de que o estágio probatório é de 36 meses.

E, como sobredito, a posição do STF é a mesma, em tempos

recentes: o estágio probatório tem 36 meses de duração. O que é

acompanhado por FCC! Atentos!

Um último detalhe. Os critérios de avaliação do estágio

probatório constam da Lei 8.112, de 1990, art. 20, e são: assiduidade,

disciplina, capacidade de iniciativa, responsabilidade e

produtividade.

12

Gabarito: alternativa D.

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Já a estabilidade é a garantia constitucional dada ao servidor

ocupante de cargo efetivo, nomeado em virtude de concurso público,

quanto à permanência no serviço público após três anos de efetivo

exercício.

Na redação original da CF/88, a estabilidade seria adquirida após dois

anos de efetivo exercício, apenas com o decurso do tempo, ou seja, a partir

de um critério puramente objetivo, em face do mero transcurso do tempo.

Contudo, após a EC nº 19/1998, para a aquisição da estabilidade

são exigidos três anos de efetivo exercício, ao término dos quais deverá

ser precedida de avaliação especial de desempenho por comissão

especial instituída para esse fim (caput e art. 41 da CF/1988), pelo que,

pode-se afirmar, a estabilidade deixou de ser estritamente objetiva,

uma vez que depende da mencionada avaliação especial.

Sinteticamente, podem ser apontadas quatro condições necessárias

para aquisição da estabilidade:

I) aprovação em concurso público. Tal condição exclui a

possibilidade de aquisição para quaisquer agentes públicos que tenham

vínculos empregatícios provisórios ou transitórios junto à

Administração Pública, tais como os contratados temporariamente por

excepcional interesse público (art. 37, inc. IX, da CF/88).

II) nomeação para cargo de provimento efetivo. Tal condição

afasta, por exemplo, a aquisição de estabilidade pelos empregados

públicos, regidos pela CLT, ou, ainda, pelos ocupantes, exclusivamente,

de cargos em comissão.

III) cumprimento de estágio probatório. Só lembrando que o

estágio probatório deve ser visto com duração de 36 meses, pelos

entendimentos mais recentes dos tribunais superiores.

IV) avaliação especial de desempenho para fins de aquisição

de estabilidade (§4º do art. 41 da CF). Assim, o servidor não adquire

estabilidade pelo simples decurso de prazo, mas, de outro modo, deve se

sujeitar à avaliação específica para tanto.

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Questão interessante surge na possibilidade de a Administração não

proceder à avaliação de que ora se trata. Nesse caso, na ausência de

avaliação, seria o servidor estável ou não?

A resposta é que o servidor deve ser considerado estável, em razão da

avaliação positiva de forma tácita, para efeitos de estabilidade.

Ressalte-se que tal avaliação funcional foi criada em favor da

Administração. Contudo, não poderia o servidor ser prejudicado pela inércia

administrativa. O STF corroborou essa afirmativa ao apreciar o MS 25.543-

DF, em 21.8.2003, registrando que a ausência de avaliação de

desempenho não afasta a presunção de estabilidade no cargo.

Diferentemente do estágio probatório, a estabilidade é NO SERVIÇO

PÚBLICO, noutra clássica afirmação doutrinária.

A CF/1988 fala das seguintes hipóteses de perda de estabilidade:

I) em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

Esta hipótese é, praticamente, autoexplicativa – uma sentença judicial

irrecorrível pode determinar a perda do cargo pelo servidor;

II) mediante processo administrativo em que lhe seja

assegurada ampla defesa. Hipótese semelhante à anterior, com a

diferença é que, neste caso, a via é administrativa;

III) em decorrência de insuficiência de desempenho (inc. III do

§ 1º do art. 41 da CF), na forma de Lei Complementar a ser editada (norma

de eficácia limitada), de âmbito nacional. Devem ser assegurados a ampla

defesa e o contraditório, como condição de validade do processo. Não

constitui medida punitiva (não é demissão, é exoneração) e atende o

princípio da eficiência; e,

IV) em razão de excesso de despesa de pessoal (art. 169, § 3º,

CF/1988), caso descumpridos os limites para tal natureza despesa,

estabelecidos na Lei Complementar 101/2000 (a tão famosa Lei de

Responsabilidade Fiscal – LRF). Contudo, para que, neste caso, a

exoneração do servidor estável ocorra, o ente federativo deverá,

preliminarmente, ter adotado as seguintes medidas administrativas:

i) redução ao menos em 20% das despesas com cargos em

comissão ou funções de confiança; e,

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ii) exoneração dos servidores não-estáveis. De acordo com o art.

33 da EC nº 19/1998, os não-estáveis são aqueles admitidos na

administração direta, na autárquica e na fundacional, no entanto, sem

concurso público de provas ou de provas e títulos após o dia 5 de outubro

de 1983.

SOMENTE se essas medidas prévias não forem suficientes para

o reequilíbrio das despesas de pessoal é que se poderá promover a

exoneração dos estáveis, em decorrência de excesso de despesa.

Por fim, lembro que o cargo objeto da redução será extinto,

sendo vedada a criação de cargo, de emprego, ou de funções com

atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de QUATRO anos

(lembrem aqui do mandato Presidencial). O servidor (estável!) fará jus à

indenização, correspondente a um mês de remuneração BRUTA por

ano de serviço (não é contribuição, cuidado!).

Apesar de pouco exigido em concursos públicos, lembro que a

CF/1988, por meio do art. 19 da ADCT, fixou hipótese excepcional de

aquisição da estabilidade por parte de certos agentes públicos.

Tal instituto tem recebido a denominação por parte da doutrina de

estabilização constitucional. O referido dispositivo constitucional afirma

que devem ser considerados estáveis todos os servidores públicos civis

federais, estaduais, distritais e municipais, da Administração Direta e

Indireta de Direito Público, que estivessem em exercício há pelo

menos cinco anos na data de promulgação da CF, de 1988, e que não

houvessem sido admitidos na forma estabelecida no art. 37 da CF (por

via de concurso público). Estes servidores são estáveis, porém não

são efetivos. Segundo a CF, a efetividade deveria ser adquirida com a

realização de concurso público, em que o tempo de serviço, inclusive, seria

contado para efeito de titulação.

O artigo (Art. 19, ADCT) deixa claro que a regra da estabilização

não se aplica aos cargos, empregos e funções de confiança e aos

que a lei declare de livre nomeação e exoneração. Não se aplica,

também, aos professores de nível superior, nos termos a serem dispostos

em lei.

Aproveitando a passagem, destaco que a vitaliciedade diz respeito a

cargos que apresentam maior garantia de permanência a seus ocupantes.

Após a aquisição da vitaliciedade, somente por meio de processo

judicial, com trânsito em julgado, poderá ocorrer a perda do cargo.

Podem ser citados como exemplos de tais cargos: o dos Magistrados (art.

95, I, CF); o de membros do Ministério Público (art. 128, §5º, I, “a”, CF)

e dos membros dos Tribunais de Contas (art. 73. §3º, CF). Enfatizo que

essa lista de agentes não pode ser ampliada por meio das

Constituições Estaduais.

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A vitaliciedade possui várias semelhanças, bem como diferenças,

com relação à estabilidade. Contudo, é só atribuída a determinadas

categorias de agentes públicos em razão da especificidade das funções que

lhes são acometidas, reconhecidas constitucionalmente.

Do mesmo modo que a estabilidade, a vitaliciedade representa

garantia de permanência no serviço público, diferindo, contudo, em

relação ao processo de perda: a vitaliciedade, após sua aquisição,

poderá ser perdida apenas em decorrência de sentença judicial

transitada em julgado; já a estabilidade poderá ser perdida, além de

judicialmente, por meio de processo administrativo, no qual sejam

assegurados o contraditório e a ampla defesa ao servidor, além das

hipóteses de exoneração tratadas já tratadas acima. Assim, é de se

reconhecer que a vitaliciedade, como instituto jurídico, é de mais difícil

perda do que a estabilidade.

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6 – O SISTEMA REMUNERATÓRIO DOS AGENTES PÚBLICOS

6.1 – FIGURAS PECUNIÁRIAS BÁSICAS

A princípio, necessário se faz estabelecer alguns conceitos iniciais.

Em primeiro lugar, ainda que não mencionado no dispositivo acima

transcrito, é necessário dizer que vencimentO é a retribuição pecuniária

recebida pelo servidor em razão do exercício de cargo público, com

valor fixado em lei (art. 40 da Lei 8.112/1990). Corresponde, portanto, à

parcela básica devida ao servidor pelo exercício do cargo.

VencimentoS, assim, no plural, é a “espécie de remuneração, e

corresponde à soma do vencimentO e das vantagens pecuniárias,

constituindo a retribuição pecuniária devida ao servidor pelo exercício do

cargo público”. Esta definição, dada pelo Prof. Hely Lopes, em muito se

aproxima do que a Lei 8.112/90 estabelece como remuneração, em seu art.

40: “Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das

vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei”.

Por estar contido na norma, ainda que possa sofrer extremadas

críticas quanto à imprecisão do conceito, preferimos o conceito dado pela

Lei 8.112/1990. De toda forma, conforme a doutrina e a jurisprudência

dominante, pode-se concluir que vencimentoS e remuneração são

conceitos equivalentes. Percebem vencimentoS, ou remuneração, os

servidores estatutários.

De acordo com a Lei 8.112, de 1990, o vencimentO do servidor

pode ser inferior ao salário-mínimo. O que não pode ser inferior ao

mínimo é a REMUNERAÇÃO. A questão é simples quando se vê a redação

do art. 41 da Lei 8.112/1990:

§ 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao

salário mínimo.

A redação, diga-se, incorpora jurisprudência assentada no STF.

Durante muito tempo houve discussão se o vencimento ou a remuneração,

afinal o que não poderia ser inferior ao salário mínimo.

Já subsídio é a espécie remuneratória a ser paga em parcela única

obrigatoriamente aos detentores de mandato eletivo, bem como a

outros agentes políticos (Membros da Magistratura, Ministério Público e

de Tribunais de Contas, Ministros de Estado, Secretários Estaduais e

Municipais).

O regime de subsídio é extensível para servidores públicos

integrantes de carreiras específicas, são eles: Advocacia Geral da

União, Defensoria Pública, Procuradoria Geral da Fazenda Nacional,

Procuradorias dos Estados e do DF, servidores da Polícia Federal, Polícia

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Rodoviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros

Militares.

Esta espécie remuneratória, no entanto, é de adoção facultativa

para os servidores organizados em carreira, desde que assim

disponha Lei Federal, Estadual, Distrital ou Municipal, conforme o

caso. É o caso dos Auditores Federais da Receita Federal, os quais, nos dias

atuais, percebem a remuneração mediante subsídio.

Salário, no serviço público, é a retribuição pecuniária paga aos

empregados públicos, da Administração Direta ou àqueles que

ocupam emprego na Administração Indireta, e a todos aqueles

contratados sob a regência da CLT.

Ainda há duas outras figuras pecuniárias que podem ser pagas a

servidores, ou dependentes, conforme o caso: os proventos, que,

tecnicamente, são a forma de se pagar o aposentado e os servidores

colocados em disponibilidade; e as pensões, pagas aos dependentes

do servidor, em razão do falecimento deste. Mas com relação a estas duas

últimas figuras teremos outras informações a apresentar, quando

chegarmos no trecho do sistema previdenciário dos servidores.

Além das figuras acima, podem ser pagas aos servidores

gratificações, adicionais e indenizações. As duas primeiras podem ser

incorporáveis à remuneração do servidor na forma da Lei. Já as últimas,

as indenizações, jamais se incorporam à remuneração. Tendo em

conta o objetivo do nosso curso, que é ser o mais objetivo possível, vamos

falar das indenizações, que tem mais chance de cair em prova, afinal são

parcelas que, inclusive, podem ultrapassar o teto remuneratório, como

veremos mais à frente.

Gratificações e Adicionais Incorporáveis à remuneração

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Indenizações Jamais se incorporam à remuneração

As indenizações são devidas ao servidor em virtude de gastos em

que este teve de incorrer em decorrência de exigências do trabalho. Nada

mais é do que uma restituição desses gastos. São quatro as

indenizações (DATA) apontadas na Lei 8.112/1990: Diárias, Ajuda de

custo, auxílio-Transporte e Auxílio-moradia.

(FGV/2006 – MIN CULTURA – Anal Adm) Com base no regime

jurídico dos servidores civis da União, a respeito das

vantagens e indenizações, analise as afirmativas a seguir:

I. Além do vencimento, poderá ser paga ao servidor a vantagem das

gratificações.

II. As indenizações podem ser incorporadas ao vencimento ou

provento.

III. Ajuda de custo, diárias e transporte constituem indenizações ao

servidor.

Assinale:

(A) se nenhuma afirmativa estiver correta.

(B) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.

(C) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.

(D) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.

(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.13

a) Ajuda de custo:

Destina-se a custear despesas do servidor que, no interesse do

serviço, passa a ter exercício em nova sede, com caráter permanente.

Ou seja, o servidor público, removido de ofício, tem direito a este

adicional.

13

Gabarito: alternativa C. O erro do item II é que as indenizações jamais se incorporam à remuneração.

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Esta verba de caráter indenizatório também é devida àquele que,

mesmo não sendo servidor da União, for nomeado para cargo em

comissão, com mudança de domicílio. Exemplo: o sujeito mora em

Rondônia, não é servidor público, mas é nomeado para um cargo em

comissão em Brasília. Terá direito à ajuda de custo.

Na remoção de ofício, correm por conta da Administração,

ainda, as despesas de transporte do servidor, de sua família, bagagens e

bens pessoais.

O valor da ajuda de custo deve ser calculado com base no valor da

remuneração, não podendo exceder o correspondente a três meses

desta. Destaque-se que o servidor será obrigado a restituir o que

recebera a título de ajuda de custo caso, de maneira injustificada, não

se apresente na nova sede em 30 dias.

À família do servidor que morrer na nova sede é garantida ajuda

de custo/transporte para volta à localidade de origem no prazo de um

ano contado da data de falecimento.

Por fim, veda-se o duplo pagamento. Isto é, se os membros do

casal são servidores, e removidos de ofício, passando ambos a ter

exercício na mesma sede nova, a ajuda de custo será devida apenas na

proporção relacionada a um destes.

b) Diárias:

As diárias destinam-se a indenizar as despesas extraordinárias

com alimentação, pousada e locomoção urbana e deve ser paga ao

servidor que se afastar de seu local de lotação (sede) em caráter

eventual/transitório (o deslocamento pode ser para localidades no Brasil

ou exterior).

Aqui cabe um aviso para os amigos que vem da iniciativa privada:

normalmente, em empresas privadas, quando o sujeito para fazer um

trabalho para a empresa, recebe uma “ponta”, uma quantia, para fazer

frente às despesas que surjam na viagem, na qual juntam um “monte” de

comprovantes e, quando retornam, “prestam contas” desse dinheiro. Se

sobrar dinheiro, devolve. Se faltar, depois recebe a diferença. No caso das

diárias dos servidores, é diferente. O sujeito recebe a diária, se

sobrar, é dele a sobra. Se faltar, se vira...

Bom, prossigamos.

Se o deslocamento for exigência do cargo, não serão devidas

diárias. Também não serão devidas diárias se o deslocamento ocorrer

dentro de uma mesma região metropolitana (ou assemelhada) ou em

áreas de controle integrado, mantidas com países limítrofes.

A diária é, evidentemente, devida por dia de afastamento, sendo

paga pela metade quando o pernoite do servidor não for necessário,

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ou quando a União custear, de outro modo, despesas que deveriam ser

arcadas com diárias, exemplo, neste último caso, de hotéis conveniados e

custeados pela União.

Não havendo deslocamento da sede, ou no caso de retorno

antecipado, o servidor tem cinco dias de prazo para o recolhimento

proporcional das diárias.

c) Transporte:

Conhecido como "auxílio transporte", é devido ao servidor que utiliza

meio de transporte próprio para a execução de serviços externos,

em decorrência das atribuições próprias do cargo. Não deve ser

confundido com a diária, cujo fundamento jurídico é outro: o

afastamento eventual e temporário do servidor com relação ao local

de sua lotação.

d) Auxílio Moradia (arts. 60-A a 60-E e art. 158, todos da Lei

8.112/90):

Esta é a indenização mais nova na Lei 8.112/90.

O auxílio moradia consiste no ressarcimento das despesas

comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou

com meio de hospedagem administrado por empresa hoteleira, no

prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo servidor. Na

esfera federal, é vulgarmente conhecido como “ressarcimento de

moradia funcional”. Isso mesmo. É forma de ressarcimento por despesas

comprovadas.

Essa parte de indenizações é meio “decoreba” pura. O mais

importante é perceber que as indenizações não se incorporam, jamais,

na remuneração do servidor, e que, de acordo com a EC 47, de 2005,

são consideradas parcelas extrateto, ok?

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6.2 – FIXAÇÃO DA REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES E REVISÃO

GERAL

Tanto os vencimentos quanto os subsídios, para sua fixação e

alteração, terão de ser, de regra, objeto de lei ordinária específica,

enfim, que somente trate do assunto remuneração. Deve ser respeitada a

iniciativa privativa de cada poder, sendo que, para os cargos

componentes da estrutura de cada Poder, caberá:

a) No caso dos servidores do poder Executivo, a iniciativa deverá

ser do Presidente da República;

b) Para os cargos da Câmara dos Deputados, a iniciativa é

privativa desta Casa. A regra também vale para o Senado

Federal;

c) No Judiciário, a competência é privativa de cada Tribunal (art.

96, II, b, CF/1988).

Evidencia-se que as regras acima valem para os cargos públicos, ou

seja, valem para a fixação dos vencimentoS (remuneração) de tais

cargos. Para a fixação dos subsídios de determinados agentes, há regras

específicas, a saber:

a) A fixação do subsídio dos Ministros do STF deve estar contida

em lei de iniciativa dessa Corte. Não mais existe, assim, a

necessidade de iniciativa conjunta dos Presidentes da República,

da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do STF para a

fixação dos subsídios. O Projeto de Lei que proceda a essa

fixação deve ser submetido à sanção ou veto do Presidente da

República;

b) A fixação do subsídio dos Deputados Federais, dos Senadores,

do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos

Ministros de Estado é de exclusiva Competência do

Congresso Nacional, não havendo o Projeto de Lei

decorrente a ser submetido à sanção/veto do Presidente da

República.

Assegura-se a revisão geral anual das remunerações pagas aos

servidores públicos, para todos, na mesma data e sem distinção de

índices (art. 37, inc. X). Tal revisão constitui direito dos servidores e não

pode ser confundida com revisões específicas, levadas a efeito de

forma a reestruturar ou implementar melhores estipêndios a carreiras

determinadas.

A revisão geral trata-se de um reajustamento genérico,

arrimado, em essência, na perda do poder aquisitivo por parte do servidor

em decorrência do processo inflacionário; a revisão específica alcança

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apenas carreiras, ou cargos, com o fito de readequar a remuneração

paga a estes a servidores a níveis condizentes com as atribuições exercidas.

A revisão remuneratória geral dos servidores é dever

inarredável por parte dos governos de todas as entidades da

federação, como ensina José dos Santos Carvalho Filho. O STF, ao apreciar

diversas ADIs, já se pronunciara pela inconstitucionalidade por omissão

quando se verifica a ausência de lei que determine a revisão geral das

remunerações dos servidores. No que se refere à esfera federal, o STF

manifestou-se pela mora legislativa, de responsabilidade do Presidente

da República, o qual houvera deixado de apresentar o Projeto de Lei

necessário à revisão geral das remunerações dos servidores federais (ver

ADI 2.061-DF).

6.3 – TETOS REMUNERATÓRIOS

Tetos remuneratórios. Assunto sempre polêmico e de incidência certa

na prova! Mas, sem medo, vamos “enfrentá-lo”, tentando ser o mais preciso

possível.

“Teto” é o valor máximo que pode ser pago a servidores (em

sentido amplo), a título de remuneração/subsídio. O assunto consta do

longo inc. XI do art. 37 da CF, o qual é responsável por fixar o teto

remuneratório dos servidores públicos, de modo geral:

A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,

funções e empregos públicos da administração direta,

autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos

Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais

agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie

remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas

as vantagens pessoais, ou de qualquer natureza, não

poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos

Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se

como limite, nos municípios, o subsídio do Prefeito, e nos

Estados e Distrito Federal, o subsídio do Governador, no

âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados

Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o

subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça,

limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos

por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros

do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder

Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério

Público, aos Procuradores e aos Defensores.

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Diversas conclusões podem ser extraídas de tal trecho constitucional.

Em primeiro lugar é que cada um dos entes da federação possui um teto

específico, instituído da seguinte forma:

a) em âmbito federal, o teto é único, e corresponde ao

subsídio dos Ministros do STF;

b) em âmbito estadual, os limites remuneratórios são

diferenciados por poder, perceba:

No Executivo dos Estados, corresponde ao subsídio do

Governador;

No Legislativo dos Estados, ao subsídio dos

deputados estaduais e distritais.

Quanto ao Judiciário, na ADIn 3854 o STF fixou um

entendimento bastante interessante e importante para

fim de concursos públicos. A Corte Constitucional

entendeu que, por se tratar de um poder uno, aos

membros do Judiciário (Membros de Tribunais

Judiciais, Juízes) aplica-se o teto único,

correspondente ao subsídio dos Ministros do STF.

Mas, ATENÇÃO: ESSE TETO É O QUE VALE PARA OS

MEMBROS DO JUDICIÁRIO, MAS NÃO PARA OS

SERVIDORES DAQUELE PODER. Para estes últimos,

em nosso entendimento, a partir da leitura da citada ADI

3854, continua a valer o teto fixado na CF/1988, ou

seja, suas remunerações não podem ser superiores

a 90,25% do subsídio dos ministros do STF;

em âmbito municipal, o teto também é único e

equivale ao subsídio recebido pelo Prefeito do

Município.

Poder Teto

Âmbito

Federal Teto é Único Subsídios do STF

Âmbito

Estadual

Poder Executivo, inclusive

agentes administrativos das

Defensorias e do Ministério

Público.

Subsídio do Governador

Poder Legislativo Subsídio dos Deputados

Estaduais e Distritais

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Membros do Judiciário

(Juízes) Subsídio dos Ministros do STF

Servidores do Judiciário,

Defensores, Procuradores e

Membros do MP.

Subsídio do Desembargador do

TJ, limitado, no entanto, a

90,25% do subsídio dos

ministros do STF.

Âmbito

Municipal Teto é único Subsídio do Prefeito

Nos três casos acima, a aplicabilidade do teto remuneratório é

imediata, em razão do que estatui o art. 17 do ADCT, com redação dada

pela EC 41/2003 (norma de eficácia plena), em que se determina que os

vencimentos, a remuneração, vantagens e adicionais, assim como os

proventos de aposentadoria, sejam reduzidos aos limites

estabelecidos, não se admitindo, na situação, invocação de direito

adquirido.

Inclui-se, para efeitos de consideração de teto, toda e quaisquer

vantagens remuneratórias recebidas, incluindo-se vantagens

pessoais. Como sobredito, as indenizações não são computadas para

efeitos de teto. Com efeito, a EC 47/2005 foi expressa ao considerar

parcela extrateto as verbas de caráter indenizatório.

É de se destacar, também, que os subsídios dos Ministros do STF

não podem ser ultrapassados, em regra: é um teto intransponível,

portanto. Contudo, nada impede que subsídios de prefeitos e

governadores igualem o recebido por aqueles Ministros. Já os

Deputados Estaduais/Distritais jamais receberão sequer igual aos

membros da Corte Suprema.

De fato, o art. 27, §2º, da CF estatui que o subsídio dos deputados

estaduais/distritais será de, no máximo, 75% do que recebe um

deputado federal. Como este último poderia receber subsídio, no máximo,

igual ao de um Ministro do STF, tem-se que os deputados estaduais

podem receber, também, no máximo, 75% do teto da União, que é o

citado subsídio dos Ministros da Egrégia Corte.

Ressalte-se, ainda, que só serão limitados com base no teto

constitucional os salários dos empregados públicos das empresas

públicas, sociedades de economia mista, bem como de suas

subsidiárias, caso tais entidades recebam recursos da União, dos

Estados, Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de

pessoal ou de custeio em geral (art. 37, §9º, CF), é aquilo que a Lei de

Responsabilidade Fiscal – LRF denomina entidades estatais

dependentes.

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(FGV/2009 - SAD-PE – Anal. Gestão Adm.) No que se refere ao

teto remuneratório constitucional e subsídios dos servidores

públicos, analise as seguintes afirmativas:

I. O teto atinge os proventos dos aposentados e a pensão devida aos

dependentes do servidor falecido.

II. Os servidores de sociedade de economia mista, e suas

subsidiárias, somente são alcançados pelo teto se receberem recursos

da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para

pagamento de despesas de pessoal ou custeio em geral, conforme

decorre do § 9º do artigo 37 da CF/88.

III. Na aplicação do teto, serão consideradas todas as importâncias

percebidas pelo servidor, incluídas as vantagens pessoais ou de

qualquer outra natureza.

IV. O servidor que esteja em regime de acumulação de cargos

efetivos não está sujeito a um teto único que seja a soma da dupla

retribuição, estando cada remuneração vinculada a um teto

correspondente.

Assinale:

(A) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

(B) se somente as afirmativas I e IV estiverem corretas.

(C) se somente as afirmativas I, II e III estiverem corretas.

(D) se somente as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.

(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.14

(FGV/2008 - TCM-PA – Auditor) Para efeito de teto

remuneratório dos servidores públicos, o Estado-membro

pode fixar como limite único o subsídio mensal dos

desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado

ao subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal

Federal, no percentual de:

(A) 90,25%.

(B) 91,25%.

14

Gabarito: alternativa C. O único item incorreto é o IV. Inclusive, nos termos do inc. XVI do art. 37, da

CF, de 1988, é registrado, expressamente, que as eventuais acumulações devem observar, além da

compatibilidade de horário, o teto remuneratório.

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(C) 90,75%.

(D) 91,00%.

(E) 90,50%.15

(FGV/2008 - SEFAZ-RJ - Fiscal de Rendas) Não se computa

para efeitos dos limites remuneratórios dos servidores

públicos a seguinte parcela:

(A) gratificação.

(B) adicional de insalubridade.

(C) adicional por tempo de serviço.

(D) adicional de periculosidade.

(E) ajuda de custo.16

6.4 – EQUIPARAÇÕES E VINCULAÇÕES

O inciso XIII do art. 37 da CF estabelece: é vedada vinculação ou

equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para efeito de

remuneração de pessoal do serviço público. Vejamos com mais detalhe o

sentido das expressões VINCULAR e EQUIPARAR, a partir de apontamentos

doutrinários.

Equiparar significa a previsão, em lei, de remuneração igual à

de determinada carreira ou cargo, enquanto que vincular não significa

remuneração igual, mas atrelada a outra, de sorte que a alteração da

remuneração do cargo vinculante provoca, automaticamente, a

alteração prevista para o cargo vinculado.

É considerada vinculação, também, a subordinação da alteração

remuneratória a índices, tais como os de inflação, de arrecadação

orçamentária, de reajuste do salário mínimo ou de correção monetária,

como no item que analisamos.

No que diz respeito à proibição de vinculação a índices de correção

monetária, a atual orientação é pacífica, em virtude da Súmula 681 do STF,

que diz: é inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos

de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção

monetária.

15

Gabarito: alternativa A. 16

Gabarito: alternativa E. São verbas de caráter indenizatório: ajuda de custo, diárias, auxílio transporte e,

mais recentemente, auxílio moradia.

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No entanto, há hipóteses constitucionais admitidas de

vinculação/equiparação. Nesse caso, não há dúvida quanto à

legitimidade da imposição, dado que o ordenamento jurídico guarda origem

na CF/1988. Citem-se, a título de exemplo, as seguintes situações:

a) Os Ministros do Tribunal de Contas da União,

equiparados aos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, no

que se refere a garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos

e vantagens (art. 73, §3º);

b) Os subsídios dos Ministros do STF servirão de base

(vinculação) para a fixação do subsídio mensal dos Ministros dos

Tribunais Superiores (art. 93, V).

Em síntese: equiparar/vincular remunerações ou subsídios

não é possível, salvo se tais equiparações/vinculações contarem com

previsão constitucional.

Outra relevante questão quanto aos servidores públicos é sobre a

irredutibilidade de subsídios e vencimentos, direito hoje

constitucionalmente garantido, por força do inc. XV do art. 37 da CF/1988.

Tal direito que, a princípio, poderia dar impressão de ser limitado aos

cargos públicos, também deve ser estendido aos ocupantes de

empregos públicos – que recebem salários, e, ainda, a cargos em

comissão e funções gratificadas.

Deve-se ler o direito à irredutibilidade como vedação à redução

DIRETA dos vencimentos. De fato, não são resguardados os

vencimentos e subsídios quanto à possibilidade INDIRETA de

redução, tal como na incidência de novos impostos ou do aumento da

inflação.

O direito em exame não abrange, todavia, adicionais e

gratificações devidas por certas circunstâncias, muitas vezes de natureza

transitória, que possam ser absorvidas por conta de vencimentos mais

elevados, tal como na implantação de novos planos de carreira. O que se

obstrui é a redução do TODO da remuneração, mas não a

incorporação dessas parcelas transitórias.

No caso de mudança de regime jurídico de um agente público

também se garante a irredutibilidade dos valores que recebia

anteriormente. Assim, caso um servidor “celetista” seja transposto para o

regime estatutário, a sua remuneração não poderá ser inferior ao salário de

seu emprego.

Por fim, mais uma interessante questão diz respeito à possibilidade

de redução de parcelas indevidamente recebidas pelos servidores

públicos. O citado inc. XV autoriza a imediata redução dessas figuras

remuneratórias. Realçamos, ainda, a alteração do inc. XIV do mesmo art.

37, hoje com a seguinte redação:

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Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor não serão

computados nem acumulados para fins de concessão de

acréscimos ulteriores.

Pela redação antiga do dispositivo, vedava-se o cômputo dos

acréscimos para concessão de acréscimos posteriores sob idêntico

fundamento, o que poderia implicar, por exemplo, o cômputo desses

acréscimos para concessão de outros, sob fundamentos diversos, era o que

a doutrina denominava efeito ‘cascata’ ou ‘repicão’.

Contudo, pela nova redação do inc. XIV, não há mais dúvida: toda e

qualquer vantagem pecuniária percentuais ou calculadas com base em

referências – sobretudo adicionais e gratificações – deve ter como base

de cálculo o vencimento básico, excluindo-se, por conseguinte, outras

figuras remuneratórias da base de incidência para o novo

acréscimo.

Reforço que, por ser de norma de eficácia plena, o inciso XV permite

a imediata redução das parcelas remuneratórias indevidamente

concedidas, respeitado, óbvio, o devido processo legal.

7 – SISTEMA DE RESPONSABILIZAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS

7.1 – AS “3 RESPONSABILIDADES”

Cargos públicos devem ser exercidos com normalidade, ou seja,

dentro dos limites da Lei. O indevido exercício do cargo levará o seu

ocupante, o servidor, a responder pelas infrações cometidas.

Conhecidamente, a responsabilização do servidor pode ocorrer em três

esferas: civil (prejuízo material), penal (crimes e contravenções) e

administrativa, de acordo com o caso.

Essas esferas, com as respectivas penalidades, ainda que

independentes, poderão ser cumulativas, é dizer, um servidor que

tenha sofrido uma sanção na esfera administrativa poderá também ser

apenado cível e penalmente, em razão de um mesmo fato. Destrinche-se

essa última assertiva, tendo em conta, sobretudo, a apuração criminal.

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A absolvição penal negando a autoria do crime ou a afirmando

a inexistência do fato interfere nas outras duas esferas (civil e

administrativa). Por que a esfera criminal repercute nas demais? Isso se

deve à apreciação das provas na esfera criminal, que é muito mais ampla,

mais minudente.

De fato, o Juiz criminalista é o mais cuidadoso possível na condução

do processo de sua competência e na aplicação da pena de sua alçada, até

tendo em conta que as penas “capitais” em nosso país, praticamente, vêm

da esfera criminal (não há prisão por dívida/civil no Brasil, salvo aquele

caso “bobo” que o examinador não coloca mais em prova: não pagamento

de pensão alimentícia).

De toda forma, se na esfera criminal houve a absolvição por

insuficiência de provas, o resultado não interfere nas demais

instâncias, nas quais se poderia muito bem aplicar punições ao servidor

infrator. Um pequeno exemplo simplifica.

Suponhamos que haja desaparecido um note book no órgão da

Receita Federal. Feita a denúncia criminal e instaurado o processo judicial, o

Juiz responsável absolve o potencial infrator, pela falta de provas

cabais que levem à conclusão de aquele servidor seria, efetivamente, o

culpado. A situação, que não é tão rara, ocorre, no essencial, por conta de

dois princípios: em dúvida, em benefício do réu; e, todos são

inocentes até que se PROVE o contrário.

Desse modo, havendo dúvida se o servidor seria, ou não, culpado,

resta ao Juiz absolvê-lo. Pois bem. Instaurado um processo administrativo

(de natureza disciplinar, ressaltamos), a Administração estaria impedida

de aplicar uma punição ao faltoso? NÃO. Por exemplo: adverti-lo, em

razão de não ter guardado o equipamento em local adequado, no qual

ficasse fora do alcance de pessoas mal intencionadas.

Em suma: é possível punição administrativa no caso de

absolvição criminal POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS, até em razão

mesmo da natureza das punições administrativas, bem mais “leves” que as

criminais.

Alguns autores gostam de chamar essa situação de “resíduo

administrativo” (Súmula 18 do STF): a infração potencial não poderia

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ser punida criminalmente, ante a insuficiência de provas para tanto,

mas poderia ser punida administrativamente, desde que haja provas

para tal fim. Desnecessária, portanto, a conclusão (ou sequer a

instauração) de processo criminal para que uma eventual punição

administrativa seja aplicada a um servidor faltoso.

Há muita controvérsia doutrinária a respeito da condenação na esfera

penal. A controvérsia está em saber se sentença condenatória, afinal,

repercute, ou não, na esfera administrativa. No entendimento majoritário

da doutrina, não influência direta da esfera penal, nessa hipótese

(condenação). Desse modo, caso o judiciário condene o servidor, a

sentença deverá especificar, se for o caso, quais os efeitos na esfera

administrativa que irão ocorrer. Nos termos do art. 92 do CP, a sentença

judicial condenatória poderá surtir efeitos na esfera administrativa a

depender do quantum da pena e natureza do delito. Tratando-se de

crimes funcionais, para penas iguais ou superiores a um ano; para

crimes não funcionais, penas superiores a quatro anos.

(2011/FGV – OAB) Determinado servidor público foi acusado

de ter recebido vantagens indevidas valendo-se de seu cargo público, sendo denunciado à justiça criminal e instaurado, no âmbito administrativo, processo administrativo disciplinar por

ter infringindo seu estatuto funcional pela mesma conduta. Ocorre que o servidor foi absolvido pelo Poder Judiciário em

razão de ter ficado provada a inexistência do ato ilícito que lhe fora atribuído.

Nessa situação, é correto afirmar que:

a) a decisão absolutória não influirá na decisão administrativa do

processo administrativo disciplinar, por serem independentes.

b) haverá repercussão no âmbito do processo administrativo disciplinar, não podendo a administração pública punir o servidor pelo fato decidido na esfera penal.

c) em nenhuma hipótese a decisão penal surtirá efeito na esfera

administrativa, mesmo que a conduta praticada pelo servidor seja prevista como ilícito penal e ilícito administrativo.

d) a punição na instância administrativa nunca poderá ser anulada,

caso tenha sido aplicada.17

17

Gabarito: alternativa B. No caso, em análise, a absolvição foi por inexistência do fato, logo haverá a

comunicabilidade da decisão penal à esfera administrativa.

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(2011/FGV – SEFAZ-RJ – Auditor Fiscal) A respeito do regime

de responsabilidade dos servidores públicos em âmbito

federal, é correto afirmar que:

(A) o servidor público responde penal e administrativamente pelo

exercício irregular de suas atribuições, ao passo que a

responsabilidade civil é exclusiva da Administração Pública.

(B) embora as instâncias penal e administrativa sejam

independentes, a decisão penal absolutória por insuficiência de

provas vincula a instância administrativa.

(C) as sanções administrativas não podem cumular-se com as

sanções civis decorrentes de uma mesma infração funcional, sob

pena de bis in idem.

(D) a ação disciplinar prescreve em 2 (dois) anos, seja qual for a

natureza da infração administrativa cometida pelo servidor.

(E) a responsabilidade do servidor será afastada no caso de

absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.18

A responsabilização civil pressupõe que houve um prejuízo

material causado a alguém e tem por fim a reparação do dano. No caso de

falecimento do servidor que houver proporcionado o prejuízo, a obrigação

de ressarcir se estende aos herdeiros (sucessores) até o limite do valor da

herança recebida. O servidor responde subjetivamente, ou seja, só ser

culpado (em sentido amplo, envolvendo dolo e culpa) pelo prejuízo

causado a alguém.

Perceba que a responsabilidade do servidor não se confunde

com a da Administração. A responsabilidade da Administração

Pública poderá ser objetiva, caso enquadrada nos casos preceituados no

§6º do art. 37 da CF/1988 (a tal teoria do risco administrativo).

(FGV/2010 - PC-AP - Delegado de Polícia) Com relação à

responsabilidade civil, penal e administrativa decorrente do

exercício do cargo, emprego ou função pública, analise as

afirmativas a seguir:

18

Gabarito: alternativa E. A letra A está errada porque a responsabilidade do servidor alcança, também, a

esfera civil. A letra B está falsa porque a absolvição por inexistência de provas não vincula a

Administração, haja vista o princípio da verdade material ou real. As sanções podem cumular-se, daí a

incorreção da letra C. Prescreve em cinco anos, no caso de demissão, e em 180 dias, no caso de

advertência, daí o erro da letra D.

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I. O funcionário público, condenado na esfera criminal, poderá ser

absolvido na esfera civil e administrativa, prevalecendo a regra da

independência entre as instâncias.

II. A absolvição judicial do servidor público repercute na esfera

administrativa se negar a existência do fato ou excluí-lo da condição

de autor do fato.

III. A Administração Pública pode demitir funcionário público por

corrupção passiva antes de transitado em julgado da sentença penal

condenatória.

IV. A absolvição do servidor público, em ação penal transitada em

julgado, por não provada a autoria, implica a impossibilidade de

aplicação de pena disciplinar administrativa, porém permite a ação

regressiva civil para ressarcimento de dano ao erário.

Assinale:

(A) se somente a afirmativa I estiver correta.

(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

(C) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas.

(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.19

A responsabilização administrativa decorre de infrações da mesma

espécie, conforme previsão em norma, no nosso estudo, em especial, a Lei

8.112/1990, a qual indica as seguintes punições como passíveis de serem

aplicadas aos servidores por ela regidos (art. 127):

a) Advertência;

b) Suspensão;

c) Demissão;

d) Destituição de cargo em comissão ou função comissionada; e,

e) Cassação de aposentadoria ou disponibilidade

Duas informações finais, antes de cuidarmos das penas que podem

ser aplicadas aos servidores:

19

Gabarito: alternativa D. O erro do item I é que a condenação é mais repressiva, de tal sorte que o

servidor não será, na esfera administrativa ou civil, declarado inocente. O erro do item IV é que a

inexistência de provas (não provou a autoria é diferente de negou a autoria!) não vincula a esfera

administrativa.

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I) Para os servidores públicos, demissão é punição. Assim,

quando alguém não deseja mais permanecer no cargo, não pedirá

demissão, mas sim exoneração; e,

II) A exoneração não é um ato punitivo, mas tão só uma

forma de vacância prevista na Lei 8.112, de 1990 (arts. 33 e 34 –

leiam). Assim, servidor regido por esta norma não pode ser punido

com exoneração, vez que não se trata de punição.

(FGV/2009 - MEC) De acordo com a Lei Federal nº 8.112/90,

nas penalidades disciplinares incluem-se:

I. Demissão;

II. Advertência;

III. Cassação de disponibilidade;

IV. Suspensão;

Assinale:

(A) se somente I e II estiverem corretas.

(B) se somente I e III estiverem corretas.

(C) se somente I, II e III estiverem corretas.

(D) se somente II, III e IV estiverem corretas.

(E) se todas estiverem corretas.20

(FGV/2009 - MEC - Anal Sistema Operacional) Assinale a

opção que apresenta com exatidão as penalidades

disciplinares previstas na lei 8.112/90 a que está sujeito o

servidor:

(A) advertência; suspensão; demissão; cassação de aposentadoria ou

disponibilidade; destituição de cargo em comissão; destituição de

função comissionada; prisão domiciliar.

(B) advertência; suspensão; demissão; cassação de aposentadoria ou

disponibilidade; destituição de cargo em comissão; destituição de

função comissionada.

(C) advertência; suspensão; demissão; destituição de cargo em

comissão; destituição de função comissionada.

20

Gabarito: alternativa E.

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(D) advertência; admoestação verbal pública perante os funcionários

da repartição; suspensão; demissão; cassação de aposentadoria ou

disponibilidade; destituição de cargo em comissão; destituição de

função comissionada.

(E) advertência; suspensão; demissão; cassação de aposentadoria ou

disponibilidade; destituição de cargo em comissão; destituição de

função comissionada; diminuição dos vencimentos básicos.21

Bom, agora vamos fazer aquilo que concursando gosta: os tais

esqueminhas. Olha só, o trecho abaixo sintetiza o que há de mais

importante no que diz respeito às punições aplicáveis aos servidores. Então,

bastante atenção, ok? Mas, explicando um pouco mais o esquema.

Natureza quer dizer qual a gravidade da punição. A mais leve é a

advertência, a mais pesada é a demissão.

Para servidor diz respeito a quem pode receber a punição em

questão.

Prazo de prescrição é em quanto tempo a punição prescreve. Esse

prazo dá início com o conhecimento do fato e não com a prática do

ato, nos termos do art. 142 da Lei 8.112, 1990.

Instrumento de apuração refere-se a qual tipo de processo deve

ser utilizado para apurar, e, sendo o caso, punir a infração. Falaremos

logo a seguir sobre esses processos.

Autoridade competente para aplicar: quem pode aplicar a pena.

Registro em assentamento: indica quando a punição deve ser

“inscrita na ficha” do servidor punido. Tal observação deve ser lida em

conjunto com o cancelamento do Registro: caso o servidor não tenha

praticado nova infração disciplinar no período indicado nessa observação,

voltará a ser “primário”, isto é, a infração será “apagada de sua ficha”.

Por fim, principal consequência, que é expressão autoexplicativa.

Vejamos:

a) Advertência:

- Natureza: leve

- Para servidor: Efetivo e não efetivo

- Hipóteses de Infração: descumprimento do art. 117, inc. I a VIII e

XIX

- Prazo de Prescrição: 180 dias;

- Instrumento de Apuração: Sindicância

21

Gabarito: alternativa B.

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- Autoridade competente para aplicar: chefe da repartição ou outras

autoridades previstas em regulamento

- Registro em Assentamento: Sim

- Cancelamento do Registro: 3 anos de efetivo exercício, caso o

servidor não tenha praticado nova infração disciplinar no período.

- Principal consequência: Penalidade de Suspensão, no caso de

reincidência no período de 3 anos.

OBS: a mais branda das penalidades.

b) Suspensão

- Natureza: grave.

- Para servidor: efetivo, apenas, isso porque comissionados, neste

caso, serão destituídos e não suspensos, afinal o cargo é de

dedicação exclusiva.

- Hipóteses de Infração: as mesmas de advertência, no caso de

reincidência.

- Prazo de Prescrição: 2 anos (contados do conhecimento do fato,

denúncia formal)

- Instrumento de Apuração: Sindicância, para um máximo de 30 dias.

Processo Administrativo Disciplina (PAD) nos demais casos.

- Autoridade competente para aplicar: até 30 dias – chefe da

repartição ou outras autoridades previstas em regulamento. Mais de

30 dias, autoridade superior à chefia imediata.

- Registro em Assentamento: sim

- Cancelamento do Registro: após 5 anos.

- Principal consequência: suspensão da contagem do tempo de serviço;

cancelamento da remuneração.

OBS:

- Limite máximo de 90 dias. Havendo conveniência, poderá ser

convertida em multa na base de 50% por dia de vencimento

ou remuneração. O servidor deverá permanecer em atividade.

Aqui um detalhe pouco percebido: a multa não é penalidade

autônoma prevista em Lei.

- Servidor que se recusa a submeter a exame médico: caso específico

de suspensão (até 15 dias).

c) Demissão:

- Natureza: Gravíssima

- Para servidor: efetivo

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- Hipóteses de Infração: art. 132.

- Prazo de Prescrição: 5 anos;

- Instrumento de Apuração: PAD

- Autoridade competente para aplicar: Presidente da República,

Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e

pelo Procurador Geral da República (Os Chefes de Poder, por assim

dizer). Admite-se a delegação a Ministros de Estado.

- Registro em Assentamento: Sim.

- Cancelamento do Registro: não haverá.

- Principal consequência: quando ocorrer no caso de “a bem do serviço

público” (hipóteses dos incs. I, IV, VIII, X e XI, art.132)

impedem o servidor de retornar ao serviço público para

sempre (na mesma esfera). A redação do artigo parece-nos

inconstitucional, pois se apresenta como uma pena de caráter

perpétuo, o que é vedado pelo atual regramento jurídico nacional.

Contudo, como a STF ainda não se pronunciou quanto à matéria, ela

deve ser aceita para fins de concurso público.

OBS:

- a cassação da aposentadoria ou da disponibilidade aplica-se ao

inativo que tenha praticado, na atividade, falta punível com

demissão

- a destituição de cargo em comissão será aplicada nos casos de

fatos puníveis com suspensão ou demissão.

Características Advertência Suspensão Demissão

Natureza Leve Grave Gravíssima

Para servidor Efetivo e Não

efetivo

efetivo apenas

(comissionados

serão destituídos

e não suspensos)

Efetivo

Hipótese de

incidência

Descumprimento

do art. 117, inc. I

a VIII e XIX

As mesmas da

advertência, no

caso de

reincidência

Art 132

Prazo de 180 dias 2 anos (contados

do conhecimento 5 anos

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Prescrição do fato)

Instrumento de

Apuração Sindicância

Sindicância

(máximo de 30

dias); PAD nos

demais casos

PAD

Autoridade

competente

para aplicar

Chefe da

repartição ou

outras

autoridades

previstas em

regulamento

Até 30 dias –

chefe da

repartição ou

outras autoridades

previstas em

regulamento; Mais

de 30 dias -

autoridade

superior à chefia

imediata

Chefes de

Poder,

Tribunais

Superiores,

PGR. Admite-

se a

delegação a

Ministros de

Estado

Cancelamento

de registro

3 anos de efetivo

exercício, caso

não tenha

praticado nova

infração disciplinar

no período

Após 5 anos Não haverá

Principal

consequencia

Penalidade de

Suspensão, no

caso de

reincidência no

período de 3 anos

Suspensão da

contagem do

tempo de serviço;

cancelamento da

remuneração

Hipóteses dos

incs. I, IV,

VIII, X e XI,

art.132

impedem o

servidor de

retornar ao

serviço

público na

mesma esfera

(FGV/2009 - MEC - Anal Sistema Operacional) Não será aplicada

a pena de demissão do servidor público, de acordo com as previsões

da lei 8.112/90, na seguinte hipótese:

(A) crime contra a administração pública.

(B) abandono de cargo.

(C) inassiduidade habitual.

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(D) insubordinação grave em serviço.

(E) não atingimento das metas estabelecidas pelo superior

hierárquico.22

8 – O SISTEMA PREVIDENCIÁRIO DO SERVIDOR PÚBLICO

Ai, ai, começou a coisa chata... Em turma, o que vemos, muitas

vezes é um “muxoxo” (reclamação) geral quando começamos a falar sobre

o sistema previdenciário do servidor. Gente, não pode! Esse será o nosso

caminho: um dia (com muita fé!) nos aposentaremos, e, daí a necessidade

de previdência! Então, nada de reclamar, hein? Rsrs...

8.1 – A PREVIDÊNCIA “GERAL” E A PREVIDÊNCIA “PRÓPRIA” DOS

SERVIDORES

De início, vejamos o que diz o §20 do art. 40 da CF/88:

Fica vedada a existência de mais de um regime próprio

de previdência social para os servidores titulares de

cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do

respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o

disposto no art. 142, § 3º, X.

O grifo não consta do original. O dispositivo em questão fala tão só

do regime PRÓPRIO dos servidores que ocupem CARGOS EFETIVOS.

Todavia, há ainda o REGIME GERAL de previdência social, a que se faz

referência no art. 201 da CF/1988.

Deixando de lado a parte final do dispositivo, que trata do art. 142 da

CF/1988, o qual diz respeito aos militares, possuidores de regras próprias

de aposentadoria, pode-se fazer a seguinte afirmação: não é possível o

estabelecimento de mais de um regime próprio de previdência de

servidores públicos no âmbito de cada uma das pessoas federativas

(União, Estados, DF e Municípios – entes estatais).

“De cara”, atenção para o fato de que o regime próprio de

previdência dos servidores públicos, no âmbito das pessoas federativas,

abrange tão só os ocupantes de cargos EFETIVOS, ou seja, não

alcança os que ocupem, exclusivamente, cargos em comissão ou

temporários, que estarão ligados ao Regime GERAL de Previdência

Social.

22

Gabarito: alternativa E. Considerando que as metas fixadas costumam ser inatingíveis, não teríamos

mais servidores públicos. Ou melhor, teríamos todos os servidores, afinal quem processaria os servidores

da comissão processante.

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Outras informações importantes:

I) Muita confusão é feita entre SEGURIDADE SOCIAL e PREVIDÊNCIA

SOCIAL. A primeira é maior que a última, sendo composta, ainda, por ações

de saúde e de assistência social.

II) há características comuns aos dois regimes previdenciários

obrigatórios (o próprio, dos servidores; o geral, dos trabalhadores de

modo geral – art. 201, CF/1988), a saber:

a) são de caráter contributivo e solidário. Os sistemas de

previdência, em razão dos benefícios que custeiam, possuem ônus a ser

sustentado. Desse modo, aqueles que se beneficiarão do sistema devem

contribuir para sua manutenção, de maneira a preservar o equilíbrio

financeiro e atuarial. Aqui, a contributividade: PAGAMOS para fazer uso

dos benefícios previdenciários, como aposentadorias e pensões, que são os

principais.

Em razão da solidariedade, pode-se afirmar que a contribuição

previdenciária não tem por objetivo pura e simplesmente o futuro

pagamento do benefício do trabalhador e de sua família. De outro modo,

deixo claro que os beneficiários, ainda que aposentados ou pensionistas,

devem continuar a contribuir, de maneira a equilibrar o sistema.

A despeito da existência de severas críticas quanto à

constitucionalidade da cobrança daqueles que passaram a vida toda

contribuindo para auferir benefícios, tais quais servidores aposentados, para

os quais faltaria a necessária causalidade da contribuição, o certo é que, de

acordo com o STF, tal fato deve ser aceito sob a ótica jurídica da

solidariedade. Por oportuno, exponha-se julgado daquela Corte (Adin

3.105/2004), no qual asseverou:

...d) a contribuição instituída [e cobrada dos aposentados] não

se faz sem causa, razão por que não se há de falar em confisco

ou discriminação sob o fundamento de que ‘não atende aos

princípios da generalidade e da universalidade (art.155,

parágrafo 2º, I), já que recai só sobre uma categoria de

pessoas’: d.1) a EC 41/2003 transmudou a natureza do regime

previdencial que, de solidário e distributivo, passou a ser

meramente contributivo e, depois, solidário e contributivo, por

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meio da previsão explícita de tributação dos inativos,

‘observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e

atuarial’, em face da necessidade de se resolver o colapso

havido no sistema, em decorrência, dentre outros fatores, da

queda da natalidade, do acesso aos quadros funcionais

públicos, do aumento da expectativa de vida do brasileiro e,

por conseguinte, do período de percepção do benefício....

Assim, para fins de concurso público, inquestionável: É LEGÍTIMA A

COBRANÇA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE SERVIDORES

APOSENTADOS, ANTE O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE, QUE REGE

A PREVIDÊNCIA SOCIAL. Realço que não incidirá contribuição

previdenciária até o limite do teto dos benefícios do regime geral de

previdência social, até devido à isonomia com os aposentados do

RGPS que gozam de imunidade tributária;

b) Prezam o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema. Para

tanto, a Constituição Federal estabelece princípios e critérios que devem ser

observados (vide arts. 40 e 201 da CF/1988); e,

c) Veda-se a adoção de requisitos e critérios diferenciados

para a concessão da aposentadoria e pensão aos albergados por ambos

os regimes. Ressalve-se, contudo, que há possibilidade de diferenciação

quanto aos portadores de deficiência, bem como quanto àqueles que

realizem atividades executadas sob condições especiais que

prejudiquem a saúde ou a integridade física, estabelecidas em leis

complementares (vide § 4º do art. 40 e § 1º do art. 201 da CF). Assim,

resulta que, de modo geral, consagra-se a proibição de desigualdade de

tratamento àqueles que integram um mesmo regime previdenciário,

respeitando-se as exceções citadas.

Bom, para efeitos de concursos, dois são os principais benefícios

advindos do sistema previdenciário dos servidores: aposentadorias e

pensões. Vejamos.

8.2 – APOSENTADORIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS

Bom, sem dúvida, este é o benefício mais conhecido da previdência,

própria dos servidores ou geral. Vamos falar de cada um dos tipos de

aposentadoria – a compulsória; a voluntária e a por incapacidade

laboral, a qual a CF/1988, bem como a Lei 8.112/1990 chamam de

aposentadoria por invalidez permanente, em um péssimo momento

das normas, dado o tom absolutamente pejorativo imprimido a uma

situação já difícil atravessada por alguém que sofreu uma limitação em sua

capacidade de trabalho.

Para efeitos de aposentadoria, vários grupos de servidores se

formaram a partir das reformas previdenciárias recentes, decorrentes das

emendas constitucionais 20/98, 41/2003 e 47/2005.

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Inicialmente, tratemos da aposentadoria COMPULSÓRIA, para só

depois tratarmos das duas outras formas de aposentadorias, a POR

INVALIDEZ PERMANENTE E A VOLUNTÁRIA.

A aposentadoria compulsória ocorre aos 70 anos de idade do

servidor, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição.

Nessa situação, em razão de mandamento constitucional (art. 40, inc. II),

há presunção absoluta (iures et iure) de incapacidade do servidor

quanto ao desempenho de cargo EFETIVO, a qual não admite prova em

contrário, é dizer, atingida a idade de 70 anos, o servidor deverá ser

aposentado, ato contínuo. Contudo, destacamos que a aposentadoria

compulsória alcança os cargos EFETIVOS, não abarcando, por

consequência, aqueles que ocupam, exclusivamente, cargos em

comissão, nos quais poderão se manter além do mencionado limite de

idade.

Assim, ao completar 70 anos de idade o servidor SERÁ aposentado do

cargo efetivo, sem se falar de direito a permanecer em atividade. Como

sobredito, nada impede que seja convidado para assumir um cargo

comissionado, até mesmo devido à experiência adquirida ao longo dos anos

de serviço público.

O inc. I do art. 40/CF estabelece a hipótese de aposentadoria por

invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo

de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço,

moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na

forma da lei. Ocorre invalidez quando da impossibilidade física ou psíquica

do servidor para o exercício de seu cargo.

Em razão das alterações ocorridas na ordem jurídica brasileira quanto

ao assunto, há uma pergunta que “não quer calar”: como não há mais

aposentadoria integral para os ingressados nos quadros da Administração

Pública a partir da EC 41/2003 (a partir de 1º/1/2004), qual a interpretação

a ser dada ao dispositivo transposto com relação a estes?

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Bom, quando não decorrente do último trecho do inciso acima

reproduzido (exceto...) não há maiores dúvidas: os proventos devem ser

proporcionais ao tempo de contribuição. Mas, e no que se refere às

exceções? Faz jus à aposentadoria integral o servidor que, ingressado nos

quadros da Administração Pública pós EC 41, sofreu acidente em serviço, ou

acometido por moléstia/doença que levaram a sua invalidez? Bom, para fins

de concurso, as organizadoras têm apontado para a integralidade. No

entanto, a resposta está nas mãos do legislador ordinário. Vejamos.

De fato, antes da EC 41/2003, sem nenhum medo de errar, em

tais hipóteses o servidor aposentado por invalidez permanente

deveria receber proventos integrais. Contudo, a integralidade, na

forma antes concebida, não existe mais para os que ingressem APÓS o

advento da EC 41/2003, dado que os proventos agora devem ser

calculados tendo em conta o que dispõem os §§ 3º e 17 do art. 40 da CF,

que estabelecem como base de cálculo as remunerações percebidas pelo

servidor no setor público, bem como o que recebera quando na iniciativa

privada.

Contudo, seguindo o exemplo dado pelos autores Vicente Paulo e

Marcelo Alexandrino, imagine-se a seguinte situação: determinada pessoa,

que nunca trabalhou anteriormente (na iniciativa privada ou no setor

público), ingressa nos quadros públicos após a EC 41, em seu 1º dia de

trabalho como servidor público com vínculo estatutário, vem a sofrer, em

serviço, acidente que leva a sua invalidez. Não há dúvidas de que esse

servidor terá direito à aposentadoria, a qual, no entanto, deverá ser

estabelecida pelo legislador.

Aposentadoria voluntária pressupõe a manifestação de vontade

do servidor para que passe à inatividade. Como requisitos básicos, a CF,

após a EC 41/2003, estabelece, indistintamente de sexo, dez anos de

efetivo exercício no serviço público (em quaisquer esferas) e cinco anos

no cargo no qual o servidor deseja se aposentar.

Para homens e mulheres, adicionalmente, são exigidos as idades

mínimas de sessenta e cinquenta e cinco anos e tempo de

contribuição de trinta e cinco e trinta anos, respectivamente, para

que seus proventos sejam calculados a partir do que o servidor recebera

na iniciativa privada bem como no setor público, na forma da lei.

A aposentadoria voluntária poderá ocorrer, ainda, aos sessenta e

cinco anos de idade, no caso dos homens, e aos sessenta anos, para

as mulheres, com proventos proporcionais ao tempo de

contribuição.

Lembro, ainda, que o § 19 do art. 40 da CF criou a figura do “abono

de permanência”. Ao lado das indenizações da Lei 8.112, de 1990, é

considerada parcela extrateto.

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Essa nova figura destina-se a compensar os servidores que se

encontram juridicamente aptos à aposentadoria voluntária não

proporcional (sessenta anos de idade, trinta e cinco anos de contribuição,

se homem; cinquenta e cinco anos de idade, trinta de contribuição, se

mulher, além dos dez anos de efetivo exercício e cinco anos no cargo, para

ambos), bem como aqueles servidores que ingressaram no serviço

público antes da promulgação da EC 20/98, e que podem demandar

aposentadoria voluntária com base nas regras de transição constantes do

art. 2º da EC 41/2003.

Para tanto, tais servidores devem, obviamente, continuar no exercício

de seus cargos, fazendo jus ao abono de permanência enquanto

estiverem em exercício, até a data em que completar setenta anos de

idade, quando será compulsoriamente aposentado. Em síntese: o abono de

permanência, como o nome de certa maneira indica, é pago a quem, já

podendo se aposentar, permanece na atividade nos quadros públicos.

As hipóteses da aposentadoria voluntária, que ocorre a pedido,

podem ser distinguidas em três situações, tendo em conta o referencial da

EC 41/2003:

I) do servidor que ingressou nos quadros do serviço público após

a publicação da EC 41/2003;

II) daqueles que ingressaram no serviço público até 16.12.98

(data de promulgação da EC 20/98); e,

III) os que ingressaram no serviço público após a EC 20/98, e

antes da EC 41/2003. Vejamos estes grupos.

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Reitero que os servidores que se encontram nessas situações

transitórias são aqueles que já haviam ingressado, ou não, no serviço

público à época das duas aludidas EC’s 20 e 41, porém sem possibilidade

jurídica de se aposentar.

O direito de revisão dos proventos é assegurado aos

servidores do Grupo EC 20/98 de maneira a assegurar-lhes o valor

real, contudo, não se assegura a paridade entre os vencimentos dos

servidores ativos e os proventos de tal categoria de inativos. Assim,

os servidores do Grupo EC 20/98 não fazem jus, por exemplo, à

reclassificação e transformação posteriores dos cargos em que se

deram a aposentadoria. Com toda sinceridade, raríssimas são as questões

em prova a respeito desse grupo de servidores, ante o nível de

detalhamento requerido para compreensão da matéria. Daí, não

“estressem” com essas regras.

Os que se encontram em situação transitória em face da EC

41/2003, doravante denominados de “Grupo EC 41/2003”, constituído

por aqueles que adentraram no serviço público após a EC 20/98 e antes

da promulgação da EC 41/2003, sem fazerem jus, contudo, no

momento de promulgação desta última Emenda, ao direito à aposentadoria.

Este grupo de servidores pode optar entre o regime estabelecido no

art. 40, CF, ou ainda pelas regras constantes do art. 6º do texto da

EC 41/2003, que fixa os seguintes requisitos mínimos para aposentadoria:

a) 60 e 55 anos de idade para homens e mulheres,

respectivamente;

b) 35 anos de contribuição para homens e 30 para

mulheres;

c) 20 anos de efetivo exercício no serviço público, não se

fazendo distinção de sexo; e,

d) 10 anos de carreira e 5 anos de efetivo exercício no

cargo em que o servidor se aposentar, também sem distinção de

sexo.

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A vantagem desse último regime com relação à regra contida no art.

40 da CF é quanto aos proventos: serão eles integrais e paritários, isto

é, não haverá perda remuneratória, correspondendo à totalidade da

remuneração do servidor quando na ativa. A desvantagem diz respeito à

necessidade de maior tempo de serviço público (20 anos) com relação

ao disposto no art. 40 da CF.

Ressalto que a Emenda Constitucional 47/2005 (chamada

corriqueiramente, ao tempo de sua tramitação no Congresso Nacional, de

“PEC paralela”) estabeleceu um novo subgrupo, mais benéfico, dentre

aqueles que até 16/12/1998 (data de publicação da EC 20/98) houvessem

ingressado no serviço público na qualidade de servidor público. De acordo

com o art. 3º da referida emenda, tais servidores podem se aposentar com

proventos integrais e paritários se cumprirem, cumulativamente, os

seguintes requisitos:

I) trinta e cinco ou trinta anos de contribuição, respectivamente,

para homens e mulheres;

II) vinte e cinco anos de efetivo exercício no serviço público,

quinze anos de carreira e cinco anos no cargo em que se der a

aposentadoria (regra indistinta, para homens e mulheres).

A vantagem desse subgrupo é um “redutor” da idade mínima

para a aposentadoria: 1 ano a menos de idade mínima, para cada ano

adicional de contribuição previdenciária. Um exemplo matemático torna

mais fácil de ver a hipótese:

- Para os homens, a idade mínima para a aposentadoria é de 60

anos. Caso um homem esteja enquadrado no último grupo citado e

contribua, por exemplo, por 36 anos para previdência, poderia se aposentar

com 59 anos de idade; caso contribuísse por 37 anos, com 58 anos poderia

se aposentar. E assim sucessivamente.

Nossa! Quantas regras! É, pessoal, por isso que a gente diz que não

tem vida mole por aqui! Mas no fim, tudo dará certo. Vocês verão! Mas, por

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enquanto, vamos fazer o que a gente pode: estudar! Vamos continuar com

as pensões.

8.3 – PENSÕES

Passemos, agora, à rápida contextualização das pensões, para

esclarecimentos, dado que estas também constituem importante benefício

previdenciário.

A pensão é o pagamento efetuado pelo Estado à família do

servidor em atividade ou aposentado em virtude de seu falecimento.

Duas observações primeiras com relação a esta figura:

I) Não são pensões de natureza alimentar (que pais pagam em

razão de dependente, no caso de separação do casal, por exemplo). Essas

(alimentícias) são estudadas pelo Direito Civil, que não cai em nossa prova

(uma pena...)

II) A pensão é um benefício dos DEPENDENTES e não do

servidor, que é instituído em razão da morte deste último.

A EC 41 alterou substancialmente o sistema das pensões por morte

do servidor. Aspecto fulcral a ser observado é que, a partir da referida

Emenda, só se garante a integralidade do benefício até o valor do

teto instituído que, em janeiro de 2004 (usamos esse ano, por que o valor

era “redondo”), era de R$ 2.400,00, correspondente ao limite máximo

estabelecido para os benefícios do RGPS.

Esse valor deverá ser reajustado de maneira a preservar,

permanentemente, seu valor real. Com efeito, incidirão sobre tal parcela

pecuniária os mesmos índices aplicáveis aos benefícios do RGPS. Observo,

contudo, a situação específica daqueles que à época da EC 41/2003 já

recebiam pensão ou que até a data de publicação da referida

Emenda já houvessem cumprido os requisitos para a concessão do

benefício. A este grupo peculiar garante-se a integralidade dos valores

correspondentes aos proventos/remuneração recebidos pelo

servidor falecido, bem assim a paridade do benefício, que deverá ser

revisto na mesma proporção e na mesma data em que se promova a

alteração dos servidores ativos.

O benefício da pensão por morte do servidor, esteja este em

atividade ou não na data do óbito, deve levar em conta a remuneração ou

os proventos recebidos pelo servidor naquele momento. O cálculo do valor

da pensão é efetuado da seguinte forma:

- até o limite máximo dos benefícios do RGPS, o servidor

receberá a totalidade dos proventos/remuneração. Caso exceda esse

valor, a pensão corresponderá ao limite do RGPS, acrescido de 70% da

parte que o exceder. Para que fique claro, um exemplo, supondo que o

teto do RGPS fosse de R$ 2.800,00 exatos (para facilitar o cálculo): se o

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servidor percebia 4.000,00 de aposentadoria ao falecer, os proventos de

pensão serão de R$ 2.800,00 (o limite do RGPS) mais 70% de

1.200,00 (o excedente de R$ 2.800,00 até o valor dos proventos de

aposentadoria de R$ 4.000,00), ou seja, a pensão será de R$ 3.640,00 (R$

2.800,00 + R$ 840,00).

O teto remuneratório estabelecido para o funcionalismo público

(inc. XI do art. 37 da CF/88) é plenamente aplicável aos beneficiários

de pensão por morte de servidor. Aplicam-se aos pensionistas

contribuições previdenciárias sobre a parcela que exceder o valor

correspondente ao RGPS, com percentual igual aos servidores ativos.

Por fim, aos pensionistas dos militares dos Estados, Distrito

Federal e dos Territórios dar-se-á tratamento próprio, a ser

estabelecido por meio de lei específica, tal qual dispõe o § 2º do art. 42 da

CF.

8.4 – PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR DOS SERVIDORES

PÚBLICOS

A partir da promulgação da EC 20/98, foi autorizado à União, Estados

e Municípios instituir, cada um deles, regime de previdência

complementar para os servidores titulares de cargo efetivo

submetidos à regra do art. 40/CF.

Nessa situação, poderão referidas entidades estatais estabelecer

como limite máximo de aposentadorias e pensões do RPPS o limite

máximo dos benefícios pagos no âmbito do RGPS, tratado no art. 201/CF.

Importa observar que, para a imposição de tal teto,

NECESSARIAMENTE deverá ser instituída, preliminarmente,

previdência complementar dos servidores públicos.

Ressalte-se, ainda, que o regime complementar dos servidores

públicos é diferente do regime também complementar dos

trabalhadores submetidos ao RGPS, cuja disciplina constitucional encontra-

se no art. 202 da Carta Magna, ou seja, não serão esses “fundos de

previdência” hoje existentes no mercado.

A instituição do regime de previdência complementar, a partir da

promulgação da EC 41/2003, dar-se-á a partir de lei de iniciativa

privativa do Poder Executivo (art. 40, §15, da CF), no que diz respeito a

sua esfera estatal. Assim, no que se refere à iniciativa de lei quanto à

matéria ora tratada, preserva-se a pluralidade normativa, sendo necessária

lei ordinária de cada entidade integrante da federação para o

estabelecimento da previdência complementar de sua alçada.

O §15 do art. 40 da Constituição Federal estabelece, ainda, que a

gestão do novo regime estará sob a incumbência de entidades

fechadas de previdência complementar, de natureza pública, com os

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planos de benefícios oferecidos apenas na modalidade de

contribuição definida.

A “natureza pública” de tais entidades não quer dizer que elas

tenham de ser criadas, necessariamente, com personalidade jurídica de

direito público, como as autarquias. De outra forma, significa que a

entidade tem a gestão de recursos públicos e visa à atividade de

interesse público (previdenciária), e, desse modo, deverão estar

submetidas ao controle por parte das entidades estatais.

A expressão “contribuição definida” implica que o benefício de

previdência complementar será definido pelo total de contribuições de

cada participante. Pode-se afirmar que na modalidade contribuição

definida, os riscos são assumidos pelo contribuinte, uma vez que, com

relação ao benefício, o valor que será pago variará de acordo com as

flutuações de mercado, adequação das aplicações dos recursos, etc.

Do ponto de vista atuarial, é a modalidade mais segura para o

EMPREGADOR, mas não para o contribuinte, que sabe quanto paga,

mas não saberá, com certeza, o que levará, uma vez que a

CONTRIBUIÇÃO é definida, mas não o BENEFÍCIO.

Por fim, de acordo com o § 16 do art. 40 da CF/88, os servidores

ingressados no serviço público antes da instituição da previdência

complementar só estarão submetidas a esta mediante prévia e

expressa opção: SERVIDORES PÚBLICOS OCUPANTES DE CARGOS

EFETIVOS SÓ ESTARÃO SUBMETIDOS À PREVIDÊNCIA

COMPLEMENTAR CASO QUEIRAM!

Forte abraço a todos

E até o próximo encontro. Preparem-se! Teremos muitos exercícios para a

fixação da matéria!

Cyonil Borges.