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PUB PROMOTOR QUE DESAPARECEU COM 10 MIL MILHÕES ESTARÁ EM SINGAPURA DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 5 DE MAIO DE 2014 ANO XIII Nº 3082 ARTURO CALDERON CONDENADO A QUATRO ANOS DE PRISÃO PÁG. 6 Huang Shuan desapareceu de Macau deixando dívidas que ascendem a 10 mil milhões. Há quem garanta que se encontra em Singapura, depois de ter liquidado uma empresa que tinha em Zhuhai. Mas o problema está em saber que consequências terá este acto na indústria do jogo local. hojemacau AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB ONU JULIANA DEVOY em Genebra para apresentar relatório sobre violência doméstica na RAEM O Governo apresentou um relatório à ONU, mas a Aliança Anti-Violência Doméstica elaborou um “alternativo”, que chega em mão à Suíça. PÁG. 2 BIR’s Coutinho pede ajuda a Cavaco PÁGINA 3 PÁGINA 4 O D D O HOMEM QUE DEVIA DEMAIS

Hoje Macau 5 MAI 2014 #3082

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Hoje Macau N.º3082 de 5 de Maio de 2014

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Page 1: Hoje Macau 5 MAI 2014 #3082

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PROMOTOR QUE DESAPARECEUCOM 10 MIL MILHÕES ESTARÁ EM SINGAPURA

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E G U N DA - F E I R A 5 D E M A I O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 8 2

ARTURO CALDERON CONDENADO A QUATRO ANOSDE PRISÃO PÁG. 6

Huang Shuan desapareceu de Macau deixando dívidas que ascendem a 10 mil milhões. Há quem garanta

que se encontra em Singapura, depois de ter liquidado uma empresa que tinha em Zhuhai. Mas o problema

está em saber que consequências terá este acto na indústria do jogo local.

hojemacau

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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ONUJULIANA DEVOYem Genebra para apresentar relatório sobre violência doméstica na RAEMO Governo apresentou um relatório à ONU, mas a Aliança Anti-Violência Doméstica elaborou um “alternativo”, que chegaem mão à Suíça. PÁG. 2

BIR’sCoutinho pede ajuda a Cavaco

PÁGINA 3

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O HOMEMQUE DEVIADEMAIS

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2 hoje macau segunda-feira 5.5.2014POLÍTICA

JOANA [email protected]

M ACAU vai estar sob a lupa do Comité para os Direitos Huma-nos, Económicos e

Sociais da Organização das Nações Unidas (ONU) até 23 de Maio e Juliana Devoy encontra-se hoje frente-a-frente com o comité para falar sobre a violência doméstica no território.

A irmã, directora do Centro do Bom Pastor – que apoia mulheres e crianças vítimas deste tipo de violência -, é uma das mais acérri-mas defensoras da criminalização pública da violência doméstica e fala em nome da Aliança Anti--Violência Doméstica de Macau.

“Para que se concretize a ideia da criminalização da violência domés-tica e se crie uma lei justa, que não só proteja as vítimas, mas que puna os perpetradores, Juliana Devoy está em Genebra, como representante da Aliança, tendo obtido permissão para falar com o Comité no dia 5 de Maio”, explica um comunicado da organização, enviado ao HM.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA JULIANA DEVOY EM GENEBRA COM RELATÓRIO PARA ESCLARECER A ONU

Peregrinação ao OesteJuliana Devoy está em Genebra para falar com a ONU sobre Macau e a violência doméstica. A visita surge depois de um relatório do Governo ter sido entregue à organização internacional: a Aliança não gostou e submeteu também um que põe os pontos nos is quanto às intenções do Executivo e à real situação na RAEM

“A esperança da Aliança é que um apelo a esta organização in-ternacional possa vir a influenciar, de alguma maneira, o Governo de Macau, para que este acabe com a sua postura discriminatória contra as mulheres e concorde em tornar a violência doméstica um crime público”, refere ainda o documento.

Ao mesmo tempo, e face a per-guntas feitas no ano passado pela ONU, a Aliança não se conteve e enviou a sua própria versão do relatório sobre a violência domés-tica na RAEM. O documento foi enviado em simultâneo a um outro, feito pelo Governo.

(IN)DIFERENÇAS Por ter assinado a Convenção Internacional para os Direitos Humanos, Económicos e Sociais da ONU, Macau tem a obrigação de prestar contas à organização. No entanto, as mesmas perguntas podem levar a respostas bem dife-rentes e, neste caso, isso aconteceu.

No que diz respeito aos passos tomados pelo Governo para “crimi-nalizar a violência doméstica como

vítimas e perpetradores”, prosse-gue o relatório.

O documento da Aliança continua, referindo que a maioria da população (61%) concordou, em 2011, com que a violência doméstica fosse crime público e que, em 2012, o Governo decidiu alterar isto para semi-público “sem qualquer consulta” ou justificação. “Não se sabe a lógica desta mu-dança e há falta de transparência no processo legislativo.”

HARMONIA E STATUSAs contradições entre os dois relató-rios não ficam por aqui. O documen-to do Governo diz, por exemplo, que existe um Departamento de Aconse-lhamento Familiar que disponibiliza advogados, assistentes sociais e psicólogos, bem como instituições “apoiadas pelo Governo” que dão guarida às vítimas.

“Sempre que necessário, as vítimas podem ter serviços médi-cos e de aconselhamento”, frisa o Executivo, explicando ainda que “é mantida uma relação próxima com instituições privadas” para ajudar as vítimas. E é ainda acres-centado: “O IAS também começou publicidades e seminários [em dois dias diferentes], na esperança de reforçar a atenção da sociedade para a questão.”

Já a Aliança não parece muito satisfeita com os trabalhos que estão a ser feitos. Na sua versão do relató-rio – que apelida de “alternativa” -, a organização explica que “uma em cada dez mulheres” já foi vítima de violência doméstica, tanto ao nível físico, como psicológico e de abusos sexuais – e isto segundo dados do próprio Governo. Mais educação pública é pedida pela Aliança, que explica ainda ao Comité que os ca-sais do mesmo sexo foram retirados da proposta de lei.

Mas há mais: “Os actuais instrumentos legais e apoios pro-videnciados não são acessíveis às mulheres de imigrantes, que constituem uma larga percentagem de vítimas”, informa ainda.

Se para a Aliança Anti-Vio-lência Doméstica de Macau – que inclui nove grupos sociais e civis, incluindo o Bom Pastor, de Juliana Devoy – é impensável que a “maior preocupação das vítimas seja a dependência económica dos abu-sadores e a tolerância da violência entre a família, que considera que a violência doméstica é um assunto da esfera familiar e privado”, para o Governo esta tem sido precisamente a justificação base para retroceder novamente à semi-criminalização da violência doméstica.

A Aliança refere que a actual proposta de lei é apenas “para manter o status quo”. O Governo defende-se dizendo que está em cau-sa “harmonia social e familiar”. Na próxima quinta-feira, os represen-tantes de Macau aparecerão perante o comité da ONU para sustentar a sua posição. Não deverá ser fácil.

uma ofensa separada” – uma das questões colocadas pela ONU –, o Executivo admite que “a violência doméstica ainda não foi conside-rada exclusivamente como um ofensa criminal individual”, mas assegura que, “ainda assim”, o Código Penal de Macau já tem este problema em conta. “Por exemplo, prevê [as punições] em caso de ofensa à integridade física e aos maus tratos de menores, pessoas incapacitadas e cônjuge”, refere o documento enviado pelo Governo.

O Executivo continua dizendo

que já está quase na fase final a Lei de Prevenção à Violência Domés-tica e que “já há condições para que entre em processo legislativo”, depois de “algumas melhorias”.

Contudo, enquanto que a Administração dá apenas como informações complementares que, assim que entrar em vigor, a lei vai permitir “reforçar a protecção e o apoio às vítimas” , “obrigar os perpetradores a aconselhamento” e reforçar a educação na comu-nidade, a Aliança Anti-Violência Doméstica de Macau vai bem mais longe nos detalhes, contrariando até o documento do Executivo.

“A actual proposta de lei prevê que a violência doméstica seja um crime semi-público (...), o que é di-ferente da proposta feita em 2011, que previa este tipo de violência como um crime público”, começa por apontar a Aliança.

“As alterações são um passo atrás no combate à violência doméstica, porque as autoridades não vão conseguir punir os in-fractores, se as vítimas decidirem não apresentar queixa e não há aconselhamento obrigatório para

A Aliança refere que a actual proposta de lei é apenas “para manter o status quo”. O Governo defende-se dizendo que está em causa “harmonia social e familiar”

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3 políticahoje macau segunda-feira 5.5.2014

LEONOR SÁ [email protected]

A 1ª Comissão Perma-nente da Assembleia Legislativa (AL) ou-viu seis associações

de construção civil de Macau, na passada sexta-feira, sobre as principais questões relacio-nadas com a proposta de Lei sobre Prevenção e Controlo do Ruído Ambiental, a ser analisada pelos deputados. A lei propõe alterações relativas à poluição ambiental e sonora das obras de construção civil, ao horário de trabalho dos funcionários e às técnicas de escavação usadas.

Em cima da mesa estiveram várias questões, a principal di-zendo respeito à já mencionada diminuição do horário diário de trabalho de dez para oito horas. Se tal medida for aprovada, as empresas construtoras vão passar a trabalhar das oito horas da manhã às seis da tarde.

C AVACO Silva podia intervir para acabar com as dificuldades

na emissão de bilhetes de identidade de residência em Macau a portugueses. A ideia foi defendida por José Pereira Coutinho no programa Rádio Macau Entrevista.

O deputado e conselheiro das comunidades portuguesas falou das dificuldades em ob-ter autorização de residência no território, considerando que este “é o assunto que mais serviria os nossos interesses – ajudar a que os portugueses possam ter residência cá em Macau”.

Pereira Coutinho entende que a chegada de Cavaco Silva à China, que acontece já este mês, pode ajudar na aceleração dos processos de emissão de BIR e, diz, con-trariar os que nas altas esferas da Administração não gostam dos portugueses:.

“Causa-me alguma tris-teza como português ver que, aqui em Macau, eles [portugueses] têm trabalho, pessoas que os contratem, mas não têm autorização para

O Governo con-corda com as instituições do

ensino superior, relativa-mente à necessidade de formar quadros bilingues qualificados, informação avançada depois da pri-meira reunião entre seis instituições universitá-rias de Macau e o Gabi-nete de Apoio ao Ensino Superior (GAES).

Durante o encontro, as duas partes concor-

daram com a criação do grupo de trabalho, pensado para fomentar a discussão e decisões relativas à formação de quadros qualificados em chinês e em português.

O GAES subscreveu a necessidade de formar os residentes de Macau, uma vez que se pretende que a região seja, simul-taneamente, um “centro” e uma “plataforma”. Além disso, a cooperação

com os países de língua portuguesa está pensada para continuar, pelo que a existência destes quadros bilingues se torna ainda mais importante.

Das seis instituições presentes na reunião con-tam-se a Universidade de Macau, a Escola Superior das Forças de Segurança, o Instituto Politécnico, a Universidade da Cidade de Macau, ou a Universi-dade de São José.

Subsídio para a manutenção de vida orçamentado em 14 milhõesA atribuição do subsídio especial para a manutenção de vida, a ser concedido a partir de hoje, deverá custar cerca de 14,1 milhões de patacas aos cofres do Governo. Este medida, da responsabilidade do Instituto de Acção Social (IAS), deverá englobar 3800 famílias, sendo que o valor depende do número de pessoas do agregado e varia entre as 2200 e 8600 patacas. O objectivo deste subsídio é ajudar as famílias monoparentais mais carenciadas, ou que incluam portadores de doença crónica ou deficientes. Tem vindo a ser levada a cabo desde 2003, no âmbito do Projecto de Concessão do Subsídio Especial para a Manutenção de Vida e acontece duas vezes por ano, sendo esta a primeira de 2014.

LEI DO RUÍDO CONSTRUTORES CIVIS DISCORDAM DE DIMINUIÇÃO DOS HORÁRIOS

O destino marca a obra

BIR PARA PORTUGUESES COUTINHO PEDE AJUDA A CAVACO

Olhe por nós, sr. PresidenteQUADROS BILINGUES GOVERNO ADMITE NECESSIDADE

As vozes e as nozes

O sector discorda desta medi-da, uma vez que pode vir a obri-gar a um prolongamento do tempo da obra, pois exis-tem técnicas – como a injecção de betão – que necessitam de dez ou mais horas para serem executadas.

Com a di-minuição do tempo de tra-balho, muitas obras poderão vir a ter que ser prolongadas, o que poderá, a longo prazo, di-ficultar factores como o próprio quotidiano dos ci-dadãos, explicam os construtores.

Os homens da cons-trução civil expressaram alguma preocupação com falta de clareza desta norma, que pode

afectar as obras que necessitam de mais tempo. Assim, deverão

ser criadas regras para casos especiais, nos quais o horá-

rio poderá, por exemplo, ser estendido até às

actuais dez horas de trabalho, de forma a conseguir efectuar todas as tarefas necessárias.

Os morado-res, por outro lado, defendem a rectificação desta proposta, uma vez que consideram que

o ruído é um problema grave,

facilmente minora-do com a aprovação

da medida.

PREOCUPAÇÕESOutra questão levantada pelos

construtores está relacionada com a discrepância no valor das multas

aplicadas, tendo-se comparado a coima relativa a ruído no quoti-diano, que é de apenas 600 patacas para o infractor, à aplicada nas obras de bate-estacas, por exemplo, que é bastante superior. Sobre este problema, a comissão clarificou que o ruído no quotidiano apenas afecta, na maioria das vezes, uma pessoa, enquanto as obras de grande envergadura podem afectar muito mais.

Por último discutiu-se a divi-são das competências pela Polícia de Segurança Pública (PSP) e pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), encarregada de gerir os níveis de ruído, com a qual os construtores concordam.

A presente proposta de Lei já consagra a DSPA, enquanto entidade competente para execu-tar a lei, em tarefas que passam pela realização de medições de 20 minutos do nível de ruído. Se este ultrapassar o limite máximo consagrado na lei, a DSPA tem poder para aplicar uma multa. Contudo, os construtores temem que este processo se democratize, questionando-se se uma simples queixa por telefone poderá fazer com as autoridades impeçam a obra de prosseguir. Exigem, por isso, clarificação neste ponto.

trabalhar. Choca-me. Talvez o presidente da república possa influenciar, aquando da sua vinda a Macau, e falar com os nossos governantes, aqui em Macau e na China, que os portugueses são bons, não são aldrabões, estão aqui para contribuir. Vêm cá porque, de facto, em Portugal não há trabalho e é preciso dar a mão, ajudar. Acho que é uma questão política, no sentido em que há algumas

pessoas, no mais alto nível da governação de Macau que não gostam de portugueses”, disse o deputado.

Actualmente, há mais de duas dezenas de portugueses à espera do BIR.

OS FUTUROS GOVERNANTES: AS PREVISÕESNa mesma entrevista, Pereira Coutinho referiu prever que apenas dois secretários se vão manter no Governo. Segundo o deputado, Lau Si Io vai manter-se com a pasta dos Transportes e Obras Públicas, sendo que Florinda Chan sai e é substituída por Cheong U na Administração e Justiça.

Para Pereira Coutinho, os Assuntos Sociais e Cultura de Cheong U passam para Alexis Tam, actual porta-voz do Governo.

Para substituir Francis Tam na tutela da Economia e Finanças, Pereira Coutinho aposta no nome do empresá-rio Lionel Leong, enquanto Wong Sio Chak, diz, deixa a direcção da Polícia Judiciária para tutelar a Secretaria para a Segurança.

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hoje macau segunda-feira 5.5.20144 SOCIEDADEJOANA [email protected]

O promotor de jogo que desa-pareceu na se-mana passada

de Macau poderá estar em Singapura e, de acordo com informações a que o HM teve acesso, terá dissolvido uma empresa, que tinha em Zhuhai, um dia antes de desaparecer. Huang Shuan, que operava em diversas salas VIP de Macau, deixou o território com uma quantia estimada entre 8 a 10 mil milhões de dólares de Hong Kong, sem deixar rasto, no dia 19 de Abril.

De acordo com o Wall Street Journal, Huang Shuan estaria em actividade no território há cerca de quatro anos, sendo conhecido por conseguir grandes negócios, uma vez que pagava cerca de 2,25% aos investidores, mais do que o padrão normal da indústria, que é entre 1% a 2%.

Já a Credit Suisse indica que o homem – um operacio-nal do grupo junket Kimren (ou Jin Lin) – desapareceu já a 19 de Abril. A 23 de Abril, no jornal Ou Mun, a Kimren fez um anúncio onde dizia que não tinha qualquer res-ponsabilidade relativamente aos actos de Huang.

ESCONDIDONA BOCA DO LEÃOEntretanto, mais de uma centena de pessoas ligadas aos casinos andam à procura de Huang Shuan, que figura já no site Wonderful World – que se dedica a publicar nomes e dados sobre pessoas com dívidas de jogo - como um dos maiores devedores.

O site avança que o ho-mem “está em Singapura” e

C ASINOS do território e ban-cos em todo o mundo tentam perceber o impacto que o

desaparecimento de Huang Shuan pode causar à indústria do jogo. É o caso do HSBC, do Deutsche Bank, do Bank of America Merrill Lynch e do Credit Suisse, que fizeram já relatórios sobre o assunto.

“A questão-chave é saber se este é um incidente isolado, ou se veremos

uma reacção em cadeia que levaria a uma desaceleração do crescimento das receitas do jogo VIP”, disse o Bank of America Merrill Lynch em comunicado, citado pelo jornal.

Também Hoffman Ma, um in-vestidor junket e director-executivo do Ponte 16, disse ao Wall Street Journal que os investidores podem, agora, “hesitar em investir”.

Tem sido comum, ainda mais re-

centemente, que agentes reguladores em todo o mundo tenham expressa-do preocupações sobre a indústria junket, devido principalmente aos poucos detalhes dados sobre as quantidades e pessoas envolvidas.

Fonte ligada ao jogo diz ainda ao HM, que é “normal” acontecerem investimentos fora das empresas licenciadas, tal como aconteceu com Huang Shan.

Huang Shuang dava muito dinheiro a ganhar. Mas, num ápice, desapareceu com dívidasna ordem dos 10 mil milhões. O promotor de jogo, que liquidou uma empresa que tinhaem Zhuhai, estará em Singapura. O plano parece ter sido bem arquitectado

PROMOTOR QUE DESAPARECEU COM 10 MIL MILHÕES DE HKD PODE ESTAR EM SINGAPURA

Golpe em Junket Street

diz ainda que Huang tinha uma empresa com sede em Zhuhai, com o mesmo nome, com mais de “cem pessoas como funcionários e oito membros”

REACÇÕES UM POUCO POR TODO O MUNDO

Nós por cá todos bem?

de gestão. O site, visitado pelo HM, indica que, a 17 de Abril, Huang pagou salários e bónus aos empregados e no dia 18 dissolveu a empresa.

Segundo a Kimren, as informações prestadas pelo Wonderful World “estão todas correctas”. De acor-do com declarações de

um executivo da empresa junket, “Huang estava em actividade fora da firma”.

MGM, Altira, Grand Lis-boa e Starworld são alguns

dos casinos em que Huang Shan operava, mas poderão haver mais, segundo o que disse ao HM uma fonte li-gada ao jogo, que pediu para não ser identificada. Os 10 mil milhões de dólares que Huang tem consigo serão provenientes de investimen-tos extra-casinos.

Huang, que é natural de Guizhou, no continente, não teria licença e não é accio-nista na Kimren Group. Algo que, segundo o especialista contactado pelo HM, não vai tornar fácil a sua descoberta e a recuperação do dinheiro, “se realmente ele desapareceu por opção” própria. Diz o Wall Street Journal, citando um dos responsáveis da Kimren, que Huang estaria a exercer a sua actividade separadamente do grupo junket.

“Assim que rompeu a no-tícia do seu desaparecimento, os investidores correram para os casinos onde ele operava, para conseguirem ter o seu dinheiro de volta”, diz o jornal norte-americano, que fala com executivos das operadoras de jogo.

O homem não foi ainda identificado como criminoso pela polícia, que se recusa, inclusive, a prestar declara-ções sobre o assunto. Ao HM não foi possível perceber sequer se o caso está a ser investigado. Huang, que tem 38 anos, está identificado como sendo 100% perigoso. - * com Jacinta Jiang

“A questão- -chave é saber se este é um incidente isolado, ou se veremos uma reacção em cadeia que levaria a uma desaceleração do crescimento das receitas do jogo VIP”BANK OF AMERICA MERRILL LYNCH

“Não conseguimos prever que(o caso Huang) venha a causar um grande impacto no mercado do jogo de Macau”FRANCIS TAMSecretário Paraa Economia e Finanças

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TIAG

O AL

CÂNT

ARA

hoje macau segunda-feira 5.5.2014 5 sociedade

IAS GARANTE QUE ALTERAÇÕES NO INSTITUTO HELEN LIANG NÃO SÃO PARA BREVE

Creche mas não cresce para já

ANDREIA SOFIA [email protected]

E M mais uma sessão do julga-mento que coloca Raymond Tam, ex-administrador do Instituto para os Assuntos

Cívicos e Municipais (IACM), e outros três arguidos no banco dos réus, foi ouvida uma testemunha que apresentou declarações contrá-rias ao que tinha dito ao Ministério Público (MP) aquando da fase de investigação.

O MP pediu a leitura dessas declarações, mas tanto o juiz do Tribunal Judicial de Base (TJB) como os advogados de defesa ne-garam o pedido, por consideraram que não se conseguia comprovar onde havia contradição.

Lei Chi Hong havia dito ao MP que, em 2009, tinha visto documentos sobre as dez campas do cemitério São Miguel Arcanjo e que tinha mesmo digitalizado alguns requerimentos. Contudo, na sessão de sexta-feira negou.

“Nunca cheguei a ver docu-mentos sobre as dez campas, nunca vi o original e não sei porque é que aqui está escrito que sim”, tendo referido também não se lembrar se assinou o documento das declara-ções antes de o assinar.

O juiz questionou como foi feito o inquérito na altura. “Quando a testemunha estava a prestar de-clarações baralhou-se? Não sei que documentos foram mostrados.”

Paulina Alves dos Santos, advo-gada assistente do processo, disse que Lei Chi Hong estava a “mentir”. “A testemunha diz que nunca viu docu-mentos sobre as dez campas, mas está ali dito que sim. Ele mentiu. Não é discrepância, é não dizer a verdade. Diz uma coisa ao MP, e agora isto?”

A advogada foi mais longe e pediu mesmo a gravação da au-diência, por forma a “ponderar” a apresentação “de uma queixa ao MP sobre falsos testemunhos.”

O MISTÉRIO DA SALA DOS FUNDOSA sessão de sexta-feira no TJB foi ainda protagonizada pelas decla-rações de mais duas testemunhas. E mais uma vez a defesa tentou provar que foi Ng Peng In, antigo administrador do IACM, quem reteve os documentos a entregar ao MP, juntamente com os seus “colaboradores”. Contudo, o juiz do TJB disse “não ser possível

Lei Chi Hong disse ao Ministério Público que, em 2009, viu documentos sobre as dez campas, mas na última sessão de julgamento referiu o contrário ao juiz. Paulina Alves dos Santos garantiu que vai “ponderar” apresentar queixa sobre falsos testemunhos

CASO IACM JUIZ RECUSA TESTEMUNHA DO MP. ASSISTENTE PONDERA QUEIXA POR

Diz que viu mas não viu

A INDA não é este ano que o Instituto Helen Liang vai passar a funcionar

como creche. O Instituto de Acção Social (IAS) confirmou ao HM que os trabalhos de concepção da remodelação das infra-estruturas ainda está a ser feito. “Encontra-se em fase de elaboração e alteração do desenho de remodelação do respectivo instituto. A agenda de trabalhos só será confirmada após a conclusão da concepção do desenho, não se prevendo o início das obras de remodelação no corrente ano”, confirmou o organismo ao IAS.

O Instituto Helen Liang dedi-

ca-se a acolher crianças com pro-blemas familiares e que, por isso, não podem viver com a família. O edifício foi desenhado na década de 60 pelo arquitecto português Manuel Vicente.

Cabe ao Governo transferir as crianças para outros centros de acolhimento, mas esse trabalho só deverá acontecer em finais deste ano.

“Por forma a coordenar a transferência das crianças, o IAS irá iniciar o trabalho de acompa-nhamento das mesmas, que se prevê ter inicio no fim deste ano. Daí que o IAS envidará todos os esforços para apoiar o Instituto na preparação e coordenação dos

referidos trabalhos, a fim de re-duzir as consequências negativas que poderão afectar as crianças no processo de mudança”, confirmou a entidade ao HM.

O HM retratou o dia-a-dia das 21 crianças que ainda vivem no Instituto Helen Liang numa reportagem publicada em Março. A instituição, gerida pela Missio-nárias Dominicanas do Rosário, tem como directora Anita Wong, que, à data, poucos pormenores sabia sobre a decisão de mudança do Governo.

“Este ano temos entre três e quatro crianças que podem voltar para casa, com menos de 12 anos.

Trata-se de uma decisão do Gover-no e não sabemos de nada, mas já disse que se querem uma mudança têm de ser responsáveis a transferir estas crianças. Depois disto vamos voltar para a igreja e continuar o nosso trabalho (as Missionárias Dominicanas do Rosário têm uma escola e um centro religioso).”

Actualmente o IAS supervisio-na oito centros de acolhimento e um internato, dando apoio finan-ceiro à sua gestão independente. Cerca de 292 crianças têm apoio destas instituições, sendo que, nos últimos anos, não houve um au-mento “significativo” do número de utentes, afirma o IAS. - A.S.S.

ao MP conseguir provar que eles guardaram os documentos e aqui também não podemos provar”.

Tudo começou quando a segun-da testemunha ouvida, Iong Kin Chong, que trabalhou na secção dos cemitérios do IACM desde 2001, foi no dia 26 de Maio de 2010 procu-rar documentos sobre as campas a

pedido de Sio Kok Kun, seu antigo chefe e quarto arguido no processo, “numa sala ao fundo do corredor” nos arquivos da Barra. Contudo, nesse dia Iong Kin Chong diz que nada encontrou. No dia seguinte a testemunha terá levado a secretária de Ng Peng In à mesma sala, tendo esta encontrado os documentos.

Iong Kin Chong não mostrou certeza dos lugares onde pro-curou documentos nem quem acompanhou nessa procura, mas o advogado Álvaro Rodrigues citou um relatório de 4 de Junho, feito por Sio Kok Kun, que contém os nomes das pessoas que procuraram documentos sobre as campas.

“O quarto arguido escreveu isso e disse que a testemunha, João Manuel Neves, e a secretária de Ng Peng In procuraram documentos na sala dos fundos. A defesa imputa o atraso na entrega dos documentos à atitude de Ng Peng In e os seus colaboradores e já mostrou várias provas neste tribunal.” Álvaro Rodrigues pediu a Paulina Alves dos Santos e ao MP para questionarem a veracidade do documento, mas ambos disseram que não tinham essa “competência”, por não se tratar de um documento oficial do serviço.

Álvaro Rodrigues fez mesmo um pedido de visita por parte do tribunal às instalações na Barra. “No dia em que a secretária [de Ng Peng In] foi procurar documentos eles apareceram e a procura estava a ser feita desde Março. Penso que haveria interesse do tribunal em fazer uma deslocação ao local. Se calhar vou lá mesmo ver, por curiosidade pessoal.” O juiz recusou o pedido.

“Nunca cheguei a ver documentos sobre as dez campas, nunca vi o original e não sei porque é que aqui está escrito que sim”LEI CHI HONG

“A testemunha diz que nunca viu documentos sobre as dez campas, mas está ali dito que sim. Ele mentiu. Não é discrepância, é não dizer a verdade. Diz uma coisa ao MP, e agora isto?”PAULINA ALVES DOS SANTOS

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6 sociedade hoje macau segunda-feira 5.5.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

A RTURO Chiang Calderon, ex-ins-pector da Polícia Judiciária (PJ) e

tido como o antigo braço di-reito de Pan Nga Koi, ex-líder da tríade 14K, foi condenado pelo Tribunal Judicial de Base (TJB) a cumprir uma pena de prisão efectiva de quatro anos e nove meses. Calderon, que já esteve cerca de dez anos preso por atenta-dos à bomba e conflitos entre seitas, volta a sofrer mais uma condenação por ofensa à integridade física de forma não continuada e posse de armas proibidas. Calderon estava acusado de planear o homicídio de uma mulher, mas o tribunal acabou por não conseguir comprovar que havia a intenção de praticar esse acto.

A sentença, lida pelo juiz Mário Silvestre, frisou que a pena aplicada a Arturo Cal-deron nada teve a ver com a sua “imagem” pública e com “os crimes praticados no passado”. “Deve-se avaliar que era uma época diferen-te”, pode ler-se na decisão.

E OS OUTROS...Lam Peng Chi, que seria o criador do plano e marido da vítima, e Fong Tim Wo, um dos arguidos que ajudou no plano, foram condenados a penas de quatro anos e três meses de cadeia, enquanto que Chon Kit, o quarto argui-do e um homem do continen-te que teria sido contratado para assassinar a mulher, viu ser-lhe aplicada a pena de quatro anos e cinco meses, por estar na qualidade de emigrante ilegal em Macau.

A defesa dos três ar-guidos decidiu recorrer da sentença, mas desconhece--se ainda se João Redinha, advogado de Arturo Cal-deron, vai tomar a mesma iniciativa.

O PLANO PERFEITORecorde-se que Arturo Chiang Calderon foi preso em Novembro de 2012 no seu apartamento na Taipa, depois de ter recebido o pedido de Lam Peng Chi, funcioná-rio de um casino e agente intermediário de jogo, para matar a sua mulher, que teria um amante. Calderon ficaria encarregue de organizar o crime e contratar assistentes para o pôr em prática.

O juiz Mário Silvestre falou de um plano “perfeito”, elaborado “com cautela”. “A conduta seria muito grave se

O antigo braço direito de Pan Nga Koi foi condenado a uma pena de prisão efectiva de quatro anos e nove meses pelo crime de ofensa grave à integridade física de forma não consumada e posse de armas proibidas

ARTURO CALDERON APANHA QUASE CINCO ANOSDE PRISÃO POR OFENSA GRAVE À INTEGRIDADE FÍSICA

Quatro por quatro

atacasse a mulher. Mesmo que o casal não se entendesse esta não era a forma de resol-ver a questão, nem era uma forma legal. Trata-se de uma ofensa grave à integridade física.”

“Avaliámos que havia um plano para ofender cor-poralmente alguém com uma

[chave] de parafusos, mas não podemos saber se efec-tivamente pretendiam matar. São condutas que podemos considerar como um atentado físico na forma não continu-ada”, disse Mário Silvestre.

Calderon estava acusado pelo Ministério Público dos crimes de tentativa de homi-

cídio, acolhimento de emigrante ilegal e posse de armas proibidas. Acabou por ser absolvido do segundo crime. “Na investigação não havia provas directas que imputavam ao segundo arguido esta ideia. As provas não são suficientes e só tínhamos uma escuta como prova de que o quarto arguido chegou a Macau

para praticar a sua conduta. Provámos que foi ordenado por outro arguido”, disse o juiz.

CHAVES DE FENDAS COMO “LEMBRANÇAS”O juiz Mário Silvestre frisou ainda “as dúvidas” sentidas pelo colectivo de juízes do TJB. “Não conseguimos claramente saber, com todas as escutas e gravações, se havia termos para matar alguém. Não conseguimos distinguir o plano do quarto arguido e qual a parte do corpo que seria atingida com [a chave de fendas], nem a força aplicada. O tribunal tem dúvidas.”

A sentença refere ainda que os quatro arguidos uti-lizaram “códigos próprios para comunicarem”, mas explica que nem todas as armas encontradas na casa de Arturo Calderon pelas

autoridades tinham como fim a morte de alguém.

“Entendemos que alguns tipos de facas serviam como lembrança e eram especiais. Pertenciam ao segundo arguido, mas não podemos concluir que havia o intuito do leso por homicídio. Mas era para a ofensa da integri-dade física”, disse o juiz.

Aquando da detenção dos condenados, em 2012, Vong Chi Hong, porta-voz da Polícia Judiciária (PJ) confirmou que o plano estaria a ser preparado há cerca de dois meses, sendo que dois arguidos foram detidos em primeiro lugar quando seguiam a mulher. Arturo Calderon e o ma-rido da presumível vítima acabaram por ser presos depois. Na casa de Calde-ron estariam várias chaves de fendas, 20 facas, pistolas de ar e explosivos.

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hoje macau segunda-feira 5.5.2014 7 sociedade

JOANA [email protected]

U NS dias depois de dados dos Serviços de Finanças mos-trarem que as tran-

sacções de casas desceram quase 56% no mês de Março, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) anunciou que o território vai ter mais de 14 mil fracções privadas prontas entre este ano e os próximos dois a três.

Dados do organismo mostram que, só no pri-meiro trimestre de 2014, quatro empreendimentos foram autorizados a receber residentes e outros 19 estão concluídos ou a ser alvo de vistorias. Mas, a DSSOPT avança que são 86 os prédios em construção e que pode-

LEONOR SÁ [email protected]

É já a partir da segunda me-tade de Junho que as em-presas vão poder começar

a candidatar-se ao Fundo das Indústrias Criativas (FIC), en-tidade que soma um orçamento inicial de 200 milhões de patacas. Cada empresa vai poder requerer financiamento até nove milhões, quantia que os representantes do FIC, do Instituto Cultural (IC) e do Conselho para as Indústrias Culturais (CIC) afirmam que se trata de uma mera estimativa. A concessão de mais apoio financei-ro, recorde-se, é possível, ainda que tenha que ser aprovada pelo Chefe do Executivo.

O FIC visa o financiamento de empresas privadas que possam contribuir, activamente, para o desenvolvimento do sector cul-

MACAU VAI TER MAIS DE 14 MIL APARTAMENTOS ATÉ 2017. TRANSACÇÕES DE CASAS A CAIR

São mais que as árvores

INDÚSTRIAS CULTURAIS EMPRESAS PODEM CANDIDATAR-SE AO FUNDO A PARTIR DE JUNHO

Novas apostas a caminhotural em Macau. Durante a sessão de apresentação do quadro da política de desenvolvimento das Indústrias Culturais, Leong Heng Teng, presidente do Conselho de Administração do Fundo das Indústrias Culturais, explicou que serão quatro as áreas elegíveis a este programa de financiamento: design criativo, exposições e es-pectáculos culturais, colecção de obras artísticas e media digital. Estas campos deverão abranger actividades como o design de produtos culturais e criativos – lembranças, por exemplo –, design gráfico, publicitário e de interiores, mas também a organi-zação de espectáculos musicais e de dança, de serviços logísticos e de organização e implementação de toda a produção cinemato-gráfico ou de vídeo, a venda de obras de arte em leilão e, ainda, a concepção de brinquedos, a

produção e emissão de livros e filmes, entre outras.

Estão aptas para concorrer as entidades empresariais que reúnam determinadas condições como “característica local vincada e com potencialidades de desen-volvimento”, que “impulsionem o estudo e exploração, concepção, produção, venda e promoção dos produtos culturais e criativos” e que potenciem o registo da pro-priedade intelectual.

O CIC assegurou que estão reunidos os esforços para que esta iniciativa continue a evoluir, expli-cando que existem, mesmo, planos a curto e a longo prazo. A área que as entidades entendem precisar de mais desenvolvimento é a do turis-mo cultural, que deverá arrancar já no início deste Verão. O comércio e as finanças culturais são as próximas apostas do Governo, num quadro temporal mais longo, pois são áreas

que exigem mais esforços e, talvez, mais financiamento.

UM ESPAÇO ÚNICOLeong defende a criação de uma zona da cidade onde possam estar reunidas todas as actividades e indústrias culturais e criativas, per-mitindo que Macau seja reconhe-cido enquanto espaço periférico destas áreas específicas.

Assim, a criação de um even-tual centro de indústrias culturais e criativas pode vir a dinamizar o turismo em Macau, ramificando o tipo de actividades possíveis. Leong defende a utilização de

espaços antigos da cidade como bairros antigos, pois acredita que que “Macau tem muitos espaços livres devidamente equipados para receber” este tipo de iniciativas.

As principais funções das entida-des que levam a cabo este projecto são a criação de plataformas de serviços a um nível básico, que impulsionem empresas novas a desenvolverem-se, a formação de marcas, a criação de convenções, de exposições e de workshops explica-tivos, o enfoque na áreas dos recur-sos humanos, gerindo e adoptando novas medidas dentro das empresas escolhidas – como o recrutamento de estagiários, por exemplo.

A legislação dita que o apoio financeiro pode ser providenciado em diferentes modalidades que são “subsídios a fundo perdido, na for-ma de pagamento de projectos”, de juros de empréstimos bancários” e empréstimos sem juros.

O FIC deverá servir para promo-ver áreas da cultura de Macau que não haviam sido desenvolvidas até hoje, potenciando uma maior esco-lha de actividades e interesses para os turistas que visitem a região.

rão, então, a existência de mais 14 mil apartamentos. Destes, 23 são empreendi-mentos residenciais com mais de 20 metros de altura que, sozinhos, abrem as portas a 13.300 casas.

“Segundo as estimativas preliminares poderão estar concluídos no corrente ano ou nos próximos dois a três anos”, frisa um comunicado da DSSOPT.

A maioria dos aparta-mentos serão T2 e estarão localizados em Macau. Na Taipa, apenas cinco prédios residenciais vão nascer, en-quanto Coloane está a ser outra das apostas fortes dos constru-tores: 12 empreendimentos estão localizados na ilha.

MAIS A NASCERDe acordo com os dados da Direcção dos Serviços de

Finanças, no mês de Mar-ço foram transaccionadas em Macau 693 casas, uma quebra de 55,8% face ao mesmo mês de 2013. As in-formações mostram subidas no preço por metro quadra-do (mais 1,7%) e descidas na área útil média de cada fracção, que caiu 10,12%.

Enquanto a construção parece acontecer tanto na península, como nas ilhas, as Finanças mostram que, em

Macau venderam-se menos 47,55% de casas. Na ilha da Taipa foram vendidas menos 20,9% e na ilha de Coloane menos 93,5%.

Ainda assim, as Obras Públicas continuam de mãos cheias face à emissão de licenças para construção de empreendimentos habita-cionais privados. Por exem-plo, nos primeiros três meses do ano, estão em apreciação 223 projectos de prédios

destes, sendo que se estimam que, caso autorizados, ve-nham proporcionar a Macau quase 21 mil apartamentos e cerca de 27 mil lugares de estacionamento. Contudo, pode haver desistências.

“Cerca de 60% dos projectos destes empre-endimentos habitacionais estão ainda em apreciação, contudo os requerentes não solicitaram ainda, decorrido mais de meio ano, a reali-zação dos trabalhos da fase ulterior.”

Este ano, os quatro pré-dios cuja “Licença de Utili-zação” foi já atribuída abrem portas a 93 casas privadas, todas elas em Macau. Os restantes 19 que estão em fase de vistoria dividem-se por Macau (5), Taipa (1) e Coloane (3), sendo que “permitirão proporcionar

cerca de 1700 fracções ha-bitacionais”.

ARREBENTA A BOLHANa análise aos dados das Fi-nanças, o economista Albano Martins apontou à agência Lusa que o número de tran-sacções tem vindo a contrair substancialmente com os preços a crescerem cada vez menos.

“Entre Janeiro e Fevereiro deste ano, o número de tran-sacções em termos homólogos caiu 38% e os preços subiram 18,8%. Até Março, a queda nas vendas foi de 45,9% e os pre-ços ‘apenas’ cresceram 9,6%”, explicou Albano Martins, ao salientar que isto significa que o “mercado imobiliário está a aproximar-se cada vez mais do ‘rebentar’ da bolha”.

Albano Martins explicou que as “bolhas são cíclicas”, mas o mercado local está infla-cionado devido à especulação à qual o Governo não tem pos-to devidamente travão como, por exemplo, penalizar forte-mente quem tem casas vazias e não as utiliza ou coloca no mercado de arrendamento.

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8 hoje macau segunda-feira 5.5.2014CHINA

V ÁRIOS activistas acusam o Par-tido Comunista na China, de uma

campanha ‘bárbara’ contra o “cristianismo” depois de equipas de demolição e a policia terem iniciado a demolição de uma igreja que se tornou símbolo de resistência contra a oposi-ção à religião naquele país. Os fiéis da igreja fizeram recentemente um cordão humano à volta da Igreja a fim de protestarem contra a ameaça de demolição, mas de nada adiantou. Sob a forte acusação de construção ile-gal, as autoridades chinesas começaram a demolição a semana passada, deixando estupefactos a população religiosa daquela região. O atrito entre o Partido Co-munista Ateu da China e as Igrejas Protestantes devido a diferença de pensamento já vem de longe. A demolição foi ordenada, segundo a comunidade protestante de Wenzhou, pelo Secretário local do Partido Comunista

O presidente chinês, Xi Jinping, or-denou às tropas em estado de alerta na Região Autônoma Uigur de Xin-

jiang, que dêem um “ golpe esmagador “ nos terroristas.

Xi Jinping, que também é o presidente da Comissão Militar Central do Partido Comunista da China, fez as declarações ao visitar as tropas do Exército Popular de Libertação (EPL) em Xinjiang.

Falando com altos funcionários do EPL, no domingo, Xi Jinping ordenou que as forças do EPL ajudem os departamentos governamentais e as representações locais do Partido, no combate ao terrorismo e salvaguardem a estabilidade social.

Todas as formas de terrorismo devem ser erradicadas na fase inicial, enquanto se tomam medidas decisivas para deter os terroristas e impedir que ganhem impulso, disse Xi.

Numa outra reunião em separado com funcionários do EPL e forças policiais arma-das da China em Xinjiang na terça-feira, o presidente chinês disse que a estabilidade a longo prazo da região autónoma é vital para o desenvolvimento, a reforma e a estabilidade do país, a unidade nacional, a harmonia étnica e a segurança nacional.

O Presidente chinês pediu que as tropas e os policias armados desempenhem um papel mais participativo na protecção das fronteiras do país, no combate a actos terroristas violentos.

“Eles devem trabalhar para aumentar a unidade étnica e devem participar e auxiliar no desenvolvimento e na construção do futuro de Xinjiang, a fim de contribuir para a paz e a ordem duradoura na região”, disse Xi Jinping.

Pelo menos 11 mortos emqueda de ponte em construção Pelo menos 11 pessoas morreram no sábado no desabamento de uma ponte em construção na localidade chinesa de Liangkenkou, na província de Cantão, informou ontem a agência Xinhua. A estrutura cedeu pelas 13:00 de sábado, quando cerca de 30 pessoas executavam trabalhos sobre a mesma. Cinco pessoas morreram no local e outras seis faleceram já num hospital das imediações. A ponte estava a ser construída sem licença, por iniciativa dos moradores da localidade. O Governo local suspendeu a obra em Abril, mas os trabalhos foram retomados a 01 de Maio. As autoridades investigam o caso e mantêm sob custódia o responsável das obras, segundo a Xinhua. Este é o segundo acidente mortal registado em pontes na China este fim de semana, depois de outros seis trabalhadores terem morrido na queda de um túnel de uma estrada em construção na província oriental de Anhui. O túnel era parte de uma ponte sobre o rio Yangtse, o maior da Ásia.

GOVERNO CHINÊS ACUSADO DE CAMPANHA “ANTI-CRISTÔ APÓS DEMOLIÇÃO DE IGREJA PROTESTANTE

“Projecto modelo” com pecados mortais

XI JINPING ORDENA “GOLPE ESMAGADOR” AO TERRORISMO

A bem da nação

da China que fez uma recente visita ao local e teria consta-tado várias irregularidades.

As autoridades locais afir-mam que a igreja protestante aprovada pelo governo violou certos códigos de construção,

dizendo também que a sua estrutura não era segura.

Mas o prédio de oito andares com mil metros qua-drados, foi designado como um “projecto modelo” em Setembro passado, de acor-

do com o site da igreja. Os líderes evangélicos disseram que os funcionários do parti-do comunista se revoltaram ao ver as cruzes nas torres das igreja. O Governo po-rém, acusa os religiosos de

ilegalidade na construção. É verdade que os evangélicos não são muito cuidadosos com o seu rebanho, visto que ainda não há muito tempo templos evangélicos tanto no Brasil como noutros pa-

íses inclusive no continente africano, devido à negligên-cia dos princípios básicos de segurança, acabaram a ceifar as vidas de muitos dos seus frequentadores. A Cúpula da Igreja Renascer, por exemplo, contribuiu de modo negligente para a morte de nove pessoas

Pior foi o que aconteceu na Igreja Universal do Reino de Deus, que resultou na morte de mais de 20 pessoas. Até mesmo a Igreja Adven-tista do Sétimo Dia teve problemas de negligência quando um dos seus locais de adoração ruiu com cerca de 30 pessoas presentes.

A Igreja Assembleia de Deus e muitas outras tiveram o mesmo problema que não é tão raro quanto possa pare-cer. Existem inúmeros casos de Igrejas Católicas com o mesmo problema que podem ser constatados numa sim-ples busca na internet. Se as autoridades na China acreditavam realmente num possível desabamento o tempo o dirá.

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9 chinahoje macau segunda-feira 5.5.2014

A população de Taiwan está dividida em relação ao acordo de livre comércio com a China, assinado em Junho de

2013 e ainda não ratificado no Parlamento, se-gundo uma sondagem sexta-feira divulgada.

De acordo com a sondagem, pedida pelo Governo e executada pela Universidade Chengchi, 42,5% dos taiwaneses inquiridos apoiam o Executivo, enquanto 40,1% se opõe ao mesmo.

Já 70,4% dos entrevistados pede maior transparência e participação dos cidadãos nas negociações com a China e 73,9% exige uma comunicação mais expedita entre o Governo e os deputados antes da assinatura dos acordos com Pequim.

Os taiwaneses também mostraram pre-ocupação pelas implicações sobre a segu-rança nacional dos acordos com a China e 72,6% quer que, antes da sua assinatura, o Conselho de Segurança Nacional os reveja detalhadamente para avaliar o seu impacto neste âmbito.

Três navios chineses naságuas territoriais das DiaoyuTrês navios da guarda costeira chinesa entraram sexta-feira nas águas territoriais de uma ilha controlada pelo Japão, mas reivindicada pela China, dias depois do apoio manifestado pelo líder dos EUA a Tóquio. A guarda costeira japonesa informou que navios da homóloga chinesa penetraram, pouco depois do meio-dia, na zona de 22 quilómetros ao largo de uma das ilhas do arquipélago das Diaoyu. Esta é a terceira vez que navios chineses entram nas águas territoriais daquelas ilhas desde que o Presidente norte-americano, Barack Obama, assegurou, a 24 de Abril, durante uma visita de Estado a Tóquio, que as Diaoyu estavam “cobertas” pelo tratado de defesa entre os Estados-Unidos e o Japão, dando a entender que Washington defenderia o seu aliado em caso de ataque da China àqueles territórios. A China mantém que as ilhas fazem parte do seu território.

LIVRE COMÉRCIO POPULAÇÃO DE TAIWAN DIVIDIDA

A desconfiançaé a mãe da segurança

A sondagem foi realizada por telefone entre 09 e 13 de Abril pelo Centro de Estu-dos Eleitorais da Universidade Chengchie tem um nível de confiança de 95% e uma margem de erro de 2,95%.

O acordo, que decorre do acordo--quadro entre a China e Taiwan para a Co-operação Económica, assinado em 2010, prevê a abertura às empresas taiwanesas de 80 sectores de serviços na China, e de 64 sectores de Taiwan às empresas chinesas.

Os territórios da China e Taiwan seguiram caminhos distintos desde o final da guerra civil em 1949, quando o Partido Comunista tomou o poder no continente chinês e o antigo Governo, dirigido pelo Partido Nacionalista, se refugiou na ilha.

A China defende a “reunificação pacífi-ca” com Taiwan segundo a mesma formula adoptada para Hong Kong e Macau (“um país, dois sistemas”), mas ameaça “usar a força” se a ilha declarar a independência.

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10 hoje macau segunda-feira 5.5.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

SHANTARAM • Gregory David RobertsQuando chegou a Bombaim não passava de um fugitivo: sem identidade, sem futuro, sem esperança. Nessa cidade conheceu o paraíso e o inferno, o amor e o ódio, a paixão e a guerra. E conquistou um nome que lhe foi dado com o coração: Shantaram. Aterrou em Bombaim fugindo de um passado de crime e drogas, perseguido pela Polícia após ter escapado de uma prisão de alta segurança na Austrália. Nos seus bairros miseráveis, aqueles onde os estrangeiros nunca entram e onde só o amor e a lealdade poderão garantir a sobrevivência, a sua vida ganhou um sentido e alcançou uma intensidade que julgava impossível. Conquistou um lugar entre traficantes, contrabandistas e falsários, adoptou os seus códigos de honra e criou laços que o levaram até às montanhas do Afeganistão, ao lado de mujahedines que combatiam as tropas soviéticas. Esta é a história real da transformação de um homem.

O ENIGMA DO MAR MORTO • Adam BlakeO ex-mercenário Leo Tillman e a ambiciosa po-lícia Heather Kennedy investigam uma série de mortes enigmáticas. As pistas levam-nos até aos manuscritos do Mar Morto, em concreto a um evangelho mortal escondido entre eles. Colocando a própria vida em risco, Tillman e Kennedy vão cruzar-se com um bando de sinistros assassinos que derramam lágrimas de sangue e acreditam ser descendentes de Judas.

A exibição de filmes rodados em Macau, iniciativa integrada no âmbito da 25ª edição

do Festival de Artes de Macau e da responsabilidade da Associação Audiovisual CUT, vai ter lugar pela semana fora, nas noites de terça, quin-ta e sexta-feira, sempre às 20 horas.

A série cinematográfica começou com “Filha de uma grande casa”, pe-lícula realizada por Ng Wui, em 1959 e que foi exibida no passado sábado.

Amanhã, os espectadores pode-rão assistir a “História Imortal”, a ser passado no auditório das Casas--Museu da Taipa, às 20 horas. O

LEONOR SÁ [email protected]

A primeira semana do Festival de Artes de Macau vai compreender

a organização de diferentes espectáculos que incluem música clássica, eventos ao ar livre, mostras de peças cinematográficas rodadas em Macau e a aguardada peça anual do grupo de teatro de Macau, Dóci Papiaçám.

A exibição de filmes rea-

“Quando me apaixono... Por ambas” (2000), de Samson Chui “História Imortal” (1986), de Yonfan

FESTIVAL DE ARTES DE MACAU PRIMEIRA SEMANA COM AGENDA CHEIA

Festa para todos os gostos

FAM MOSTRA DE FILMES RODADOS EM MACAU

Terra que inspira

Lee Yue Hong inaugura exposição de pintura de pavõesÉ já no próximo dia 8 que o pintor de Macau, Lee Hue Hong, faz a sua primeira exposição de pintura de pavões, a ter lugar na sala de exposições do Centro UNESCO. Esta iniciativa é co-organizada pela Fundação Macau e insere-se no projecto de Promoção de Artistas de Macau. A partir de quinta-feira, o Centro UNESCO vai dispor de 60 obras deste artista do território, sendo também lançada uma publicação sobre o evento e sobre as pinturas de Lee. A exposição poderá ser vista até dia 16 deste mês e a entrada é gratuita.

Visita às zonas ecológicas do Cotai: inscrições começam hojeComeçam hoje, as inscrições para mais uma edição do dia aberto ao público para visita das zonas ecológicas do Cotai, a realizar-se entre os dias 10 e 24 deste mês. Esta iniciativa tem um limite máximo de 100 inscrições, com especial atenção para grupos escolares e turísticos. São duas, as zonas ecológicas do Cotai, situadas junto à Ponte de Flor de Lótus e compreendem dois observatórios de aves, em funcionamento desde 2012. A imposição de um limite de visitantes tem o objectivo de preservar o habitat dos animais em questão. Esta iniciativa tem vindo a ser realizada mensalmente desde o início deste ano.

lizados em Macau iniciou-se no passado sábado e vai con-tinuar pela semana fora, nos dias 6, 8 e 9 deste mês, em vários locais do território.

O ciclo de espectáculos ao ar livre, a ter lugar na Praça Iao Hon entre os dias 9 e 11 (de sexta-feira a domingo), vai contar com diferentes acontecimentos que aliam o tradicional ao moderno. Contudo, o calendário das festa é, ainda, desconhecido.

No próximo domingo, é a vez da Orquestra de Câmara

local, Macao Virtuosi fazer um concerto de homenagem ao músico Mozart, no Teatro Dom Pedro V, abrindo assim as hostes da música clássi-ca, sendo que no dia 13, a Orquestra de Macau vai por em prática a obra “O Oriente encontra o Ocidente”, a ter lugar no Centro Cultural de Macau (CCM).

Os dias 10 e 11 deste mês – próximo fim de semana – estão reservados para a performance anual do grupo de teatro de Macau, Dóci Papiaçám, a ter lugar no CCM, casa habitual deste colectivo teatral. A peça encenada para esta 25ª edição do FAM chama-se “Vivo na Únde (casa de sonho)?” e deverá começar por volta das 19.30 horas, tanto sábado como domingo.

realizador Yonfan, natural de Taiwan mas actualmente a residir em Hong Kong, escolheu também Macau como cenário preferido para este seu filme, realizado em 1986.

Já na viragem do milénio, em 2000, Samson Chui criou “Quando me apaixono...Por ambas”, embora o seu repertório cénico seja, na sua grande maioria, Hong Kong,

descrevendo o cosmopolitismo e diversidade cultural desta região. Contudo, esta peça de 2000 vem, precisamente, mostrar que Macau é um local igualmente especial e único, algo que pode ser visto na quinta-feira, na Casa de Lou Kau.

O quarto e último filme desta iniciativa, a ser exibido no Albergue da Santa Casa da Misericórdia, na

sexta-feira, é da autoria de Lo Kim Wah. “Abandonados” foi lançado em 2004 e é mais recente das cinco películas da semana.

A escolha destas obras pretende que os espectadores possam ver Macau em diferentes épocas, com algumas das peças a preto e branco e outras a cores, reflectindo, ao mesmo tempo, uma Macau antiga e mais nova. Para os amantes da sétima arte, aconselha-se o visionamento de toda a selecção cinematográfica, com o objectivo de perceber as crescentes alterações que a região foi sofrendo ao longo do tempo. - L.S.M.

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11 eventoshoje macau segunda-feira 5.5.2014

F OI na passada sexta--feira que o Instituto Cultural (IC) lançou a

primeira edição impressa do mapa cultural e criativo de Macau e uma aplicação móvel mapeada, permitindo que os utilizadores consigam ver quais as actividades ou centros culturais e criativos mais próximos da sua loca-lização. O mapa, desenhado pelo ilustrador de Macau, Chan Wai Lam, pretende dar a conhecer Macau numa perspectiva divertida e fa-cilitada. O mapa mostra os principais pontos turísticos, incluindo Museus, Casas--museu, miradouro e lojas de lembranças e de produtos típicos de Macau.

O mesmo mapa refere a morada, os transportes de acesso, o horário de funcio-namento e o custo de entra-da em cerca de 27 locais, fazendo, ainda, referência aos 25 elementos históricos classificados como patrimó-nio mundial, como a Praça do Lilau, o Tempo de Á-Má, a Santa Casa da Misericórdia, a praça do Leal Senado, a Fortaleza do Monte, ou a Casa Garden.

Este mapa interactivo deverá ser distribuído não só no território, como também em Hong Kong, num total de 158 locais que incluem museus, hotéis, agências de viagens e outras entidades culturais e criativas. Para o Executivo, este é mais um passo na promoção de inicia-tivas culturais e criativas tem fomentado a criação de novas marcas e produtos originais

Sands celebra 10º aniversário com menu especial em sete restaurantesEm jeito de comemoração dos seus dez anos de existência, o casino Sands vai organizar, durante este mês, diferentes selecções exclusivas de menus alimentares em vários dos seus estabelecimentos de restauração. Assim, o gigante do jogo vai convidar locais e turistas a juntarem-se nos restaurantes Copa Steakhouse, Moonlight Noodle House, Xanadu Lounge, Sweetspots, Golden Court e nos espaços de buffet 888 Food Court e 888 Buffet. No restaurante Copa Steakhouse, por exemplo, o menu de comemoração inclui pratos como salada de espargos com caviar, macarrão de lagosta com queijo, ou filé mignot com puré de rúcula e ovos de codorniz. O Golden Court é conhecido pela cozinha tipicamente cantonesa, incluindo haliote, uma iguaria fortemente apreciada na Ásia, peixe cozido ao vapor com massa de arroz fina, dumplings de camarão, entre outras especialidades de Cantão. No 888 Buffet, os menus de comemoração incluem vários tipos de marisco, especialidades cozinhadas em wok, ou mesmo perna de carneiro com batatas assadas. Este estabelecimento dispõe, ainda, de uma vasta variedade de sushi e sashimi fresco.

Garcínia

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

Nome botânico: Garcinia cambogia L.Família: Guttiferae (Clusiaceae).Nomes populares: Tamarindo-do-Malabar.

Nativa das florestas subtropicais do Cambo-ja, sul de África e Polinésia, e cultivada na Índia e outros países do Oriente, a Garcínia é um arbusto ou pequena árvore de 4 a 6 metros de altura e folhas persistentes. O fruto, de cor laranja ou amarela e com vários sulcos, é semelhante a uma pequena Abóbora; no seu interior encontram-se vá-rias sementes envolvidas num arilo branco e suculento, semelhante ao Mangostão, o fruto de uma outra espécie do mesmo género botânico, a Garcinia mangostana.Planta muito usada pela milenar Medicina Ayurvédica, a Garcinia cambogia é ainda usada como condimento. Investigações científicas realizadas nos últimos anos têm comprovado as suas excelentes proprieda-des no auxílio à perda de peso. São usadas as cascas secas do fruto.

COMPOSIÇÃOÁcido hidroxicítrico, entre outros ácidos orgânicos; lactonas hidroxicítricas, an-tocianósidos, compostos fenólicos e sais minerais.O ácido hidroxicítrico (em inglês, Hydroxy Citric Acid ou HCA), estruturalmente seme-lhante ao ácido cítrico presente nas frutas cítricas, tem uma actividade reguladora sobre o metabolismo das gorduras. Esta acção é mais intensa quando se administra a planta com todos os seus constituintes do que o HCA isoladamente.

AÇÃO TERAPÊUTICAPlanta muito utilizada como adjuvante no emagrecimento, a Garcínia é conhecida por promover a perda de peso diminuindo o apetite, tendo sido já identificados vários mecanismos de acção: 1) evita o armaze-namento de gordura no fígado e tecido adiposo (gordura abdominal); 2) promove a utilização da gordura já armazenada contribuindo para a perda de peso; 3) o excesso de açúcares passa a ser armaze-nado no fígado e nos músculos; 4) o fígado envia uma mensagem de saciedade ao cérebro de que resulta uma redução dos alimentos ingeridos! Esta acção reguladora do apetite ocorre sem os habituais efeitos estimulantes sobre o sistema nervoso, o

que a torna isenta de contra-indicações e efeitos secundários. Para completar esta acção, esta planta aumenta ainda a produ-ção de serotonina, um neuro-transmissor que, não só regula o apetite reforçando os mecanismos anteriores, como proporciona bem-estar contribuindo para controlar a ansiedade e melhorar o estado de ânimo de quem cumpre uma dieta.Além de induzir uma menor ingestão de ali-mentos e controlar a síntese de colesterol e triglicéridos, a Garcínia é igualmente antio-xidante prevenindo a oxidação das gorduras e a sua deposição nas artérias (ateromas), sendo benéfica nas dislipidemias. É ainda útil aos diabéticos a quem reduz os níveis de glicose no sangue.

OUTRAS PROPRIEDADESPlanta amarga, a Garcínia favorece a diges-tão, tem efeito anti-inflamatório e suavizan-te das mucosas do trato gastrintestinal, e diminui a acidez do estômago protegendo-o contra o aparecimento da úlcera gástrica ou auxiliando no seu tratamento; tem sido igualmente usado na colite e síndrome do cólon irritável.Os desportistas beneficiarão igualmente com a sua administração, uma vez que a sua acção sobre o metabolismo das gor-duras não só aumenta a energia disponível nos músculos, melhorando a performance física, como favorece a queima das gor-duras armazenadas permitindo redefinir a musculatura.

COMO TOMARUSO INTERNO:• Em cápsulas e comprimidos, para tomar de acordo com a bula. A Garcínia integra numerosas fórmulas para o emagrecimento.• A casca do fruto, muito ácida, é utilizada, depois de seca, como condimento no caril em muitos países do sudeste asiático.• Da resina é elaborada a goma-guta de conhecidas propriedades purgantes, e utilizada como laxante e na parasitose intestinal. A goma-guta pode ser ainda obtida de outras plantas do género Garcinia.

PRECAUÇÕESPlanta segura quando administrada cor-retamente. Não deve ser tomada durante a gravidez e lactação. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.

HOJE NA CHÁVENAIC LANÇA MAPA CULTURAL E CRIATIVO

Tudo explicadinho

e de espaços inovadores, que permitem um melhor desen-volvimento de Macau, que, em termos de turismo, surge como alternativa ao jogo.

Os espaços culturais e criativos que surgem neste mapa foram seleccionados

a partir da Base de Dados das Indústrias Culturais e Criativas de Macau, o que quer dizer que algumas das empresas da área da cultura podem estar fora do mapa, apesar de poderem fazer as inscrições. - L.M.S.

Os espaços culturais e criativos que surgem neste mapa foram seleccionados a partir da Base de Dados das Indústrias Culturais e Criativas de Macau

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hoje macau segunda-feira 5.5.201412 publicidade

Anúncio

O Pedido do Projecto de Apoio Financeiro do FDCTpara à 2ª vez do ano 2014

(1) Fins O FDCT foi estabelecido por Regulamento Administrativo nº14/2004 da

RAEM, publicado no B. O. N° 19 de 10 de Maio, e está sujeito a tutela do Chefe do Executivo. O FDCT visa a concessão de apoio financeiro ao ensino, investigação e a realização de projectos no quadro dos objectivos da política das ciências e da tecnologia da RAEM.

(2) Alvos de Patrocínio(i) Universidades, instituições de ensino superior locais, seus institutos e

centros de investigação e desenvolvimento (I&D);(ii) Laboratórios e outras entidades da RAEM vocacionados para

actividades de I&D científico e tecnológico;(iii) Instituições privadas locais, sem fins lucrativos;(iv) Empresários e empresas comerciais, registadas na RAEM, com

actividades de I&D;(v) Investigadores que desenvolvem actividades de I&D na RAEM.

(3) Projecto de Apoio Financeiro(i) Que contribuam para a generalização e o aprofundamento do

conhecimento científico e tecnológico;(ii) Que contribuam para elevar a produtividade e reforçar a

competitividade das empresas;(iii) Que sejam inovadores no âmbito do desenvolvimento industrial;(iv) Que contribuam para fomentar uma cultura e um ambiente propícios

à inovação e ao desenvolvimento das ciências e da tecnologia;(v) Que promovam a transferência de ciências e da tecnologia,

considerados prioritários para o desenvolvimento social e económico;(vi) Pedidos de patentes.

(4) Valor de Apoio Financeiro(1) Igual ou inferior quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00)(2) Superior a quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00)

(5) Data do PedidoAlínea (1) do número anterior Todo o anoAlínea (2) do número anterior A partir do dia 2 – Maio – 2014

até 1 – Julho – 2014(O próximo pedido será realizado no dia 1 – Set. – 2014 ao 31 – Out. – 2014)

(6) Forma do PedidoDevolvido o Boletim de Inscrição e os dados de instrução

mencionados no Art° 6 do Chefe do Executivo nº 273 /2004,《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》, publicado no B. O. N° 47 de 22 de Nov., para o FDCT. Endereço do escritória: Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n° 411-417, Edf. “Dynasty Plaza” 9° andar, Macau. Para informações: tel. 28788777; website: www.fdct.gov.mo.

(7) Condições de AutorizaçõesPor despacho do Chefe do Executivo nº 273 /2004, processa o 《Regulamento

da Concessão de Apoio Financeiro》.

O Presidente do C. A. do FDCT,Tong Chi Kin 30 / 4 / 2014

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hoje macau segunda-feira 5.5.2014

hARTE

S, L

ETRA

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IDEI

AS

13

É um pouco difícil de perceber como é que alguém ainda tem paciência para ver filmes de Martin Scorsese. Mais difícil de

entender é como é que o próprio autor, um homem que tem uma vasta cultura de cinema, consegue ainda reunir ânimo para fazer o tipo de filmes que continua a fazer. Se exceptuarmos The Age Of In-nocence e Hugo, no período entre 1990 e 2013, o realizador tem feito sempre o mesmo filme.

Martin Scorsese é um realizador es-pecialista em retratos masculinos, indivi-duais, ou de grupo. A grande maioria são chicos espertos, uma longa lista de qua-dros, muitos deles aborrecidos, de ameri-canos de origem italiana com pronúncias ridículas e fatos assertoados de carapau de corrida.

Não há muitas mulheres, parece-me, mas isto não é um artigo académico so-bre este realizador. Lembre-se, contudo, que no início da sua carreira há dois fil-mes muito centrados em intensas figuras femininas, filmes cujos títulos o publici-tam: Boxcar Bertha e Alice Doesn’t Live Here Anymore (Who’s That Knocking at my Door tem um bom nu feminino). New York New York tem Lisa Minelli e The Age of Innocence, de 1993, tem uma presença feminina for-te. Nada mais, em 21 filmes. Não se per-cebe bem o que aconteceu às mulheres.

A sua origem, italiana, explica parte desta obsessão com figuras masculinas que tentam impor a sua vontade e o seu poder sobre os mais desprotegidos e os mais incautos. Exprime um orgulho in-fantil em saber coisas e em ter mais força do que os outros. É um traço latino bem identificado, o do fascínio com a exibi-ção do poder e da prepotência.

Deus sabe que eu tento. Consegui ver cerca de 25 minutos de The Departed e, re-centemente, uma hora de The Wolf of Wall

luz de inverno Boi Luxo

A PROPÓSITO DE THE WOLF OF WALL STREET, MARTIN SCORSESE, 2013

Street.* Ao centésimo lugar comum sobre espertalhões desisti, pouco seduzido pelo banal (parece que admirado) ritmo rápido da montagem e pela exibição constante de uma banalidade mil vezes representada.

O único filme recente deste celebrado autor ítalo-americano que consegui ver até ao fim foi Hugo, não por ser melhor que os outros dois (é muito pior) mas por ser tão insuportavelmente infantilóide e lamechas que não consegui resistir a su-jeitar-me ao suplício, expressão da mes-ma mecânica masoquista que me levou a ver até ao fim, não há muito tempo, o en-graçado, pomposo e piroso The Tree of Life, de Terrence Malick. Malick, que não dá entrevistas, não esclareceu ainda se este seu filme é ou não uma comédia.

Poder-se-ia pensar que entre a sua longa galeria de espertalhões os que se apresentam como anti-heróis, os prota-gonistas de The Last Temptation of Christ, The King of Comedy, After Hours e Hugo, são mais interessantes, mas nem por aí lá vamos.

Recordo que a lista de figuras macho é mesmo muito longa e torna-se quase impossível afastar a ideia de que Martin Scorsese é uma espécie de garoto eter-namente fascinado pelo miúdo mais for-te lá da rua.

Toda a sua filmografia expressa uma tradição urbana oral de rua, uma tradição de admiração pelo aparentemente mais esperto ou pelo empreendedor de suces-so que se transmite através do uso da voz off, um artifício ambíguo que neste tipo de filmes não passa de uma exibição de fraqueza.

Neste último, não se consegue definir sequer um possível interesse pela figura do representado, como poderá acontecer em Hugo, The Last Temptation of Christ, Ra-ging Bull ou The Aviator, e esta é uma falha que o condiciona desde o início. Jordan Belfort, o protagonista, é uma figura sem

qualquer tipo de interesse ou excepcio-nalidade. Talvez consiga arrancar algum sorriso condescendente na rua dele (Wall Street) mas duvido. Antes a titubeante história de J.R. em Who’s That Knocking at my Door e as inanidades que o cristianis-mo consegue insinuar na cabeça de um homem vulnerável e disposto à bondade.

Tudo isto é semelhante à carreira de Woody Allen, um realizador também de Nova Iorque que tem uns 5 filmes inolvidáveis e que há décadas que tenta emergir de um lodaçal viscoso de auto--citações, piroseiras, lamechices, repeti-ções, tristes ilusões e pura incompetência. Veja-se, todavia, o início de uma das suas obras grandes, Broadway Danny Rose, para perceber o que é a tradição oral nova ior-quina judaica, italiana, irlandesa ou afro--americana.

Estes dois autores, sensivelmente da mesma geração (Scorsese nascido em 1942 e Allen em 1932), ao contrário de Francis Ford Coppola (n. 1939), parece não terem a noção do sentido de esgota-mento da sua obra.

Raging Bull, The Color of Money, Mean Streets, Goodfellas, Casino, Cape Fear, The Wolf of Wall Street, entre outros, são elo-gios (e são elogios, não são críticas) a uns tipos vagamente desinteressantes, armados de pistolas, piadas sem piada, mal vestidos e que falam mal inglês. A sua gramática visual pouco mudou des-de Taxi Driver e também não é daí que viria algum interesse especial.

Se resta alguma causa para celebra-ção esta encontra-se nas profundezas da sua filmografia. Mean Streets, Taxi Dri-ver e Raging Bull são filmes inesquecíveis, brutalmente doce e inocente o primeiro, muito violento e nocturno o segundo e filmado como nenhum outro o terceiro. After Hours e The King of Comedy, são filmes excelentes.

E isto é que causa mais perplexidade. Como é que alguém que filma Raging Bull ou mesmo After Hours e The King of Comedy (por exemplo) faz aborrecimentos como The Color of Money, filmes completamen-te desinteressantes como Casino e este último pastelão sobre Wall Street? É um enigma e este cresce se nos lembrarmos de mais duas coisas.

1) Como celebridade e mestre es-piritual e fílmico de um vasto grupo de seguidores, Martin tem opiniões expres-sas em documentários sobre cinema e em várias entrevistas. A Personal Journey with Martin Scorsese Through American Mo-vies, de 1995, é um longo documentário em que Scorcese discorre, lendo, sobre a história do cinema americano, mas não encontramos aí comentários parti-cularmente originais, ou algo que se não possa encontrar numa qualquer outra história do extremamente sobrevalori-zado cinema americano.

2) Scorsese tem responsabilidades maiores numa fundação, The Film Foun-dation, com desígnios na reconstrução, reabilitação e re-apresentação de um vastíssimo conjunto de filmes de origens diversíssimas, dos E.U.A. à Índia e ao Ja-pão. Mais de 600 filmes foram já alvo da sua acção de preservação e divulgação.

Scorsese é obviamente uma pessoa com uma longa experiência e uma cultu-ra alimentada por milhares de horas de visionação de filmes de proveniências muito diferentes. Todavia, Scorsese vê todos estes filmes e continua a repetir--se no mesmo tipo de pastelões. Porquê? Quem é que ainda vê estas merdas? Os sobrinhos dele? Os miúdos lá da rua?

* Em favor do rigor sujeitei-me posteriormente a ver até ao fim este longo filme maçador. As primeiras impressões não sofreram alteração, apenas se acrescentou a estas uma triste sublinha.

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UCRANIA14 hoje macau segunda-feira 5.5.2014h

José Goulão, Pilar CamaChoWWW.JORNALISTAS SEM FRONTEIRAS.COM

N ÃO é oficial, mas nos bastidores do Serviço de Acção Externa da União Europeia (SAE) e outras

estruturas diplomáticas, em Bruxelas, cresce a inquietação com os comporta-mentos do governo de Kiev em relação às oposições a que chama “pró-russas” e às regiões da Ucrânia onde que são maioritárias.

“Fascistas ou não fascistas, o que são antes de mais é irresponsáveis, ou aconselhados por gente irrespon-sável”, afirma um funcionário origi-nário de um país do Leste da Europa. “Tomaram o  freio nos dentes e agora fazem lembrar “Fascistas ou não fas-cistas, o que são antes de mais é irres-ponsáveis, ou aconselhados por gente irresponsável”aquele garoto que teima em desafiar o gigante da escola porque se acha com as costas quentes por o pai ser campeão de boxe”, acrescenta.

Os receios com o que se passa na Ucrânia são manifestados, em privado, por diversos funcionários do SAE que temem os efeitos da insistência nestes “comportamentos perigosos” não ape-nas sobre a União Europeia mas sobre toda a Europa.”Será que eles pensam que os russos vão ficar sossegados a as-sistir ao massacre de comunidades que têm afinidades culturais, linguísticas e religiosas com eles? E por mais quan-to tempo resistirão às provocações, que crescem todos os dias de intensidade?” - interroga-se um diplomata do Serviço, de nacionalidade britânica tal como a comissária Catherine Ashton, a res-ponsável pela diplomacia da União.

O diplomata franze o sobrolho e guarda silêncio perante a pergunta sobre a reacção da própria Ashton à situação e desvia o tema. “Infelizmente”, lamenta, “ainda há muita gente que não  apren-deu com os resultados desastrosos das mentiras que provocaram a invasão do Iraque; a mentalidade de Bush e Blair deixou escola, só que do outro lado não está um Saddam Hussein que  definía-mos como perigoso para fazermos de heróis. E que faremos se os russos forem socorrer o Leste da Ucrânia? A NATO entra em guerra com eles? Se assim acontecer não será esta a mãe de todas as guerras, a mãe de todas as tragédias?”  

No quartel general da NATO fala--se pouco sobre o que vai na cabeça de cada um, reina a disciplina militar, a ordem chega de cima e ponto. “Não tenho dúvida de existem receios”, con-

fessa um diplomata nórdico, que pede anomimato como todos os interlocu-tores do Serviço de Acção Externa. O silêncio tem a virtude da compreensí-vel segurança no posto, mesmo quan-do estão milhões e  milhões de vidas humanas em jogo.”Simplesmente não se manifestam esses receios porque a organização não foi definida para os escutar”, insiste.

“A propaganda desta casa é um de-sastre”, acusa o diplomata. “É definida por americanos que só vivem bem com a existência de guerras, desde que não

sejam em sua casa, e executadas por gente que segue a voz do dono e nor-malmente é mais papista que o papa. As ordens espalhadas para esconder que existem fascistas no governo da Ucrânia, ou seja, a insistência numa estratégia er-rada desde o início para conseguir o gol-pe de Estado, não favorecem condições para que agora sejam denunciados os riscos em toda a sua amplitude. Fez-se crer que aquilo em Kiev era democracia e tinha a ver com o espírito europeísta, seja lá o que isso ainda for hoje, e ago-ra não existe audiência para uma voz de

comando capaz de endireitar este plano inclinado para o abismo. Não é preciso ser-se diplomata para saber que os che-fes militares americanos jamais admitem um erro”, afirma o diplomata.

Entre funcionários do Serviço de Acção Externa da União percebe-se que não é fácil viver nesta dependência em relação à NATO. Um dos interlo-cutores escutados admitiu-o com toda a franqueza - e irritação - e resumiu a opinião numa frase: “Todos os dias os Estados Unidos concentram esfor-ços militares nos países europeus que fazem fronteira com a Rússia, mon-tam estruturas de  espionagem física e electrónica, instalam tropas regulares e especiais e agora têm em desenvolvi-mento a fase para o controlo absoluto da Ucrânia, abafando as comunidades dissidentes mesmo que recorrendo a colaboradores fascistas. Tudo isto para impor dissuasão à Rússia? Não acredi-to: seria matar moscas com mísseis, há meios tão eficazes, muito mais ligeiros, menos dispendiosos e perigosos. Pare-ce haver deste lado quem esteja inte-ressado numa guerra com Moscovo. É uma aposta tão forte como criminosa”.

O que está a acontecer nestes dias em território ucraniano, considera o diplomata, “é o início de uma limpeza étnica, ou melhor, de uma purificação da Ucrânia, ou não seja promovida por gente nazi e xenófoba”. A dúvida, insiste, é “saber até quando os russos vão aguentar quietos. Sabemos que es-tão a preparar-se para acolher fugitivos em massa, mas não se pode iludir que o problema, além de humanitário, toca no orgulho do país: desta vez as vítimas não são eslavos dos Balcãs, são mesmo russos. Há um risco sério de rebentar uma guerra em que sairemos todos der-rotados, seja qual for o lado”.

O QUE ESTÁ A

ACONTECER NESTES

DIAS EM TERRITÓRIO

UCRANIANO,

CONSIDERA O

DIPLOMATA, “É O INÍCIO

DE UMA LIMPEZA

ÉTNICA”

“FASCISTAS OU NÃO FASCISTAS, O QUE SÃO ANTES

DE MAIS É IRRESPONSÁVEIS, OU ACONSELHADOS

POR GENTE IRRESPONSÁVEL”

INQUIETAÇÃO EM BRUXELASCOM AS ATITUDES DE KIEVˆ

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15 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 5.5.2014

José Goulão

O absurdo é o pão-nosso-de--cada-dia mas ainda sobra espaço para nos surpreen-dermos com a insensibili-

dade e a inconsciência do que se noticia e comenta sobre os acontecimentos na Ucrânia, principalmente no Sul e Sudeste do país.

Sabemos, por experiência acumula-da, que neste mundo há limpezas étnicas boas e limpezas étnicas más. Na guerra dos Balcãs eram boas quando feitas por muçulmanos da Bósnia, croatas, albane-ses do Kosovo e muito más, criminosas até, as feitas por sérvios. Também é boa a limpeza étnica de palestinianos que Is-rael tornou rotina há mais de 60 anos e prossegue hoje, sem travão, na Cisjordâ-nia, em Jerusalém Leste, sendo que o que acontece em Gaza também o é.

A limpeza étnica que começou nas regiões de maioria russófona da Ucrâ-nia, por sinal onde se concentra o que resta das fontes de indústria e energia do país, parece ser das boas. Por en-quanto evita chamar-se-lhe o que é, até que a coisa seja mais ostensiva.

LIMPEZA ÉTNICAA operação que o exército às ordens

do aparelho militar e de segurança fas-cista que tomou o poder em Kiev de-senvolve em Slaviansk, Odessa, Kra-matorsk e outras cidades e regiões tem um objectivo subjacente: uma limpeza étnica daqueles que, para os ucranianos que se acham puros, são escumalha, “moskals”, gente para apunhalar, fuzi-lar, pôr a andar, pelo menos é o que gritam as hordas organizadas que se juntam ao exército na grande manobra de intimidação em curso.

O que está  no terreno é uma opera-ção terrorista, de terrorismo de Estado, promovida por um governo ilegítimo colocado no lugar por potências inter-nacionais e que agora pretende silen-ciar e, de preferência, ver-se livre das oposições, não importa como.

Em terminologia ocidental, aqui-lo que é escumalha para os ucrania-nos puros, fascistas e governantes, são os “pró-russos”, os “separatistas”, palavras recitadas como se fossem insultos. 

Quase ninguém ousa pronunciar – há dignas e honrosas excepções – os termos que qualificam esses resistentes: antifascistas, federalistas, pessoas que não querem ser cidadãos de segunda no seu país por falarem uma outra lín-gua e terem eventualmente uma reli-gião diferente da seguida pela elite de Kiev.

O que está igualmente em curso é uma provocação a Moscovo.  A coberto dela, os Estados Unidos e a NATO continuam a reforçar o cerco junto às fronteiras europeias da Rús-sia, fazendo da Ucrânia um membro informal mas efectivo da Aliança Atlântica.

Até quando a Rússia aguentará o desafio que é a perseguição organiza-da a comunidades de um país vizinho que têm inegáveis e reconhecidas afi-nidades com os russos? E depois de a paciência moscovita se acabar?

Terá o comum dos mortais alguma noção dos tremendos riscos para o pla-neta do que está a acontecer na Ucrâ-nia, limpeza étnica incluída?

TERÁ O COMUM DOS MORTAIS ALGUMA NOÇÃO

DOS TREMENDOS RISCOS PARA O PLANETA DO QUE

ESTÁ A ACONTECER NA UCRÂNIA, LIMPEZA ÉTNICA

INCLUÍDA?

PUB

Page 16: Hoje Macau 5 MAI 2014 #3082

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

Hong Ngai 1 – 0 Artilheiros

Chuac Lun 2 - 1 Hong Nam

Hong Lok 1 – 0 Man Fung Hong

C.Portugal 5 – 2 Serviços de Alfândega

Roma – Sub-18

Benfica 1 – 0 Ka I

C.P.K 0 – 0 Kei Lun

Monte Carlo 4 - 0 PSP

Sub-23 0 - 1 Sporting

RESULTADOS

RESULTADOS

16 DESPORTO hoje macau segunda-feira 5.5.2014

MARCO [email protected]

U MA grande penalida-de, convertida aos 21 minutos pelo português Bruno Martinho, valeu à

formação da Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau uma preciosa vitória sobre o Windsor Arch Ka I, em partida a contar para a décima ronda do principal campeonato de futebol do território. Com o triunfo, o conjunto encarnado manteve a liderança isolada da Liga de Elite, ao mesmo tempo que dilacerou as poucas esperanças de chegar ao título que ainda restavam à formação orientada pelo veterano Chan Man Kin.

Ao não conseguir pontuar fren-te aos líderes do Campeonato, o Ka I auto-excluíu-se do processo de decisão da competição. Com dez pontos de atraso para o primeiro classificado, a formação que do-minou o futebol da RAEM durante os primeiros anos da presente dé-cada deixou-se apanhar na quarta posição da tabela pelo Chao Pak Kei e dificilmente terá uma palavra a dizer na definição do nome do vencedor da mais reputada prova do desporto-rei do território.

No sábado, no Estádio da Tai-pa, o Ka I vendeu cara a derrota no duelo frente ao Benfica. Num desafio em que o equilíbrio foi a nota dominante, a formação encarnada deparou-se com um ad-versário obstinado e rigoroso, que foi vetando com grande eficácia o acesso à baliza à guarda de Ieong Fong Meng.

Logo nos instantes iniciais da partida, Cuco é derrubado em falta no miolo do terreno do Ka I, mas o livre directo que se seguiu saiu directamente dos pés de Edgar Teixeira para a muralha defensiva montada pelos pupilos de Chan Man Kin. O cenário repetiu-se pouco depois com contornos seme-lhantes no outro reduto do relvado, com o Ka I a não conseguir tirar proveito de um livre directo, que acabou com o esférico a alçar-se muito aquém da baliza à guarda de Rui Nibra.

O ritmo de jogo manteve o carácter pouco promissor até aos catorze minutos, com o Benfica a mostrar-se incapaz de desarticular a estratégia do adversário e o Ka I a revelar falta de coordenação ofen-siva. O primeiro grande sobressalto do encontro acabaria, no entanto, por se materializar antes ainda do primeiro quarto de hora da partida, com o onze orientado por Chan Man Kin a visar de rajada por três ocasiões a baliza encarnada.

PENALTI SOLITÁRIO GARANTE TRIUNFO FRENTE AO KA I

Benfica conserva liderança

O Organismo Au-tónomo Despor-tivo da Casa de

Portugal em Macau está a nove pontos e três vi-tórias de garantir um dos seus principais objectivos. A formação de matriz portuguesa ficou ontem mais perto de garantir a ascensão ao principal campeonato de futebol do território, depois de ter go-leado o onze dos Serviços de Alfândega por cinco bolas a duas. Frente ao segundo posicionado do Campeonato de Futebol da II Divisão, o grupo de trabalho orientado por Pelé não defraudou. Tiago

II DIVISÃO PUPILOS DE PELÉ GOLEARAM SERVIÇOS DE ALFÂNDEGA POR 5-2

A Casa é quem mais ordena

Rui Nibra respondeu à altura ao assédio da linha avançada ad-versária, ao defender um primeiro remate de Gustavo Xavier e a recarga de Adilson Silva, antes de ver um terceiro remate passar ao lado do último reduto das águias do território.

O Benfica só aos dezassete mi-nutos dispõe de uma oportunidade digna de tal nome, mas o disparo de William Carlos Gomes esbarra num defesa adversário e não chega a incomodar Ieong Fong Meng na baliza do Ka I. Os pupilos de Bruno Álvares demonstravam, no

entanto, uma outra dinâmica e aos 19 minutos, William Carlos Gomes liberta Edgar Teixeira no lado esquerdo do ataque encarnado. O médio tenta abrir para o outro lado do terreno, para Vinício Morais Alves, mas um defesa adversá-rio antecipa-se ao lance e a bola acaba por não chegar ao dianteiro macaense.

A insistência do Benfica acabou por suscitar os frutos desejados aos 21 minutos, na sequência de uma boa jogada de ataque que é travada em falta no coração do último reduto do Ka I. Depois de discutir o lance com um dos juízes auxiliares, o árbitro do desafio considera que Cuco foi derrubado de forma irregular e aponta para a marca de grande penalidade e brinda o onze de matriz portuguesa com uma grande oportunidade para inaugurar o placard. Bruno Martinho toma em mãos a respon-sabilidade de converter o penalti e não desperdiça, num lance em que o guarda-redes Ieong Fong Meng nem sequer se fez ao lance.

O golo fez o pêndulo do en-contro oscilar de novo a favor do Ka I, que não consegue, ainda assim, criar oportunidades fla-grantes. Durante mais de vinte minutos, o Benfica quase não consegue superar a barreira do meio-campo, mas é aos encar-nados que pertence a derradeira grande oportunidade da primeira parte. Vinício Morais Alves con-segue conquistar algum espaço

frente à defesa adversária, mas falha por pouco a baliza do Ka I.

Na etapa complementar, o Benfica fez o que lhe competia e conseguiu garantir que as redes à guarda de Rui Nibra permaneces-sem intactas até ao fim dos noventa minutos. Sem grandes soluções ofensivas, o Ka I foi sempre mais pressionante, mas não conseguiu desenhar grandes espaços frente a uma defesa que se mostrou férrea e inquebrantável. Com a derrota, a formação orientada por Chan Man Kin só não caiu para o quinto lugar da tabela porque o Chao Pak Kei abriu mão de uma grande oportu-nidade e não conseguiu ir além de um empate sem golos frente ao Kei Lun. O lanterna vermelha da Liga de Elite estreou-se a pontuar na presente edição do certame.

No domingo, o Clube Despor-tivo Monte Carlo cumpriu com o que lhe era exigido e vingou a derrota frente ao Sporting com um triunfo inequívoco frente ao Grupo Desportivo da Polícia de Segurança Pública, num desafio em que o brasileiro Rafael Medeiros foi o jogador que mais se eviden-ciou. Leong Ka Hang inaugurou o marcador para os campeões do território aos onze minutos e a magra vantagem norteou o anda-mento da partida até à passagem da hora de jogo.

Aos 62 minutos, Rafael Medei-ros fez o gosto ao pé pela primeira vez, repetindo o feito com igual determinação aos 80 e aos 90 minutos. No derradeiro desafio da décima ronda, o Sporting Clube de Macau levou a melhor sobre a frágil formação da Selecção de Sub-23 da Associação de Futebol de Macau pela margem mínima. O único golo do desafio foi marcado por Jardel aos 55 minutos.

Assunção inaugurou o marcador na recta inicial da partida, antes de Rafael Moreira assinar o nome nos anais da partida com um grande golo. Filipe Nogueira colocou a forma-ção de matriz portuguesa

a vencer por três bolas a zero na cobrança de uma grande penalidade. O golo surgiu antes ainda do final dos primeiros quarenta e cinco minutos e influiu uma maior tranquilidade aos pupilos de Pelé, que

permitiram que o onze dos Serviços de Alfândega assinassem uma melhor entrada na etapa comple-mentar. A formação dos serviços de estrangeiros e fronteiras aproveitaram uma falha defensiva de Carlos Vilar para reduzir para três bolas a uma.

Os instintos de re-cuperação do onze dos Serviços de Alfândega acabaram por se revelar sol de pouca dura. Filipe Nogueira bisou no desafio pouco depois, ao marcar na cobrança exímia de um livre directo. O conjunto dos Serviços de Alfândega ainda conseguiu reduzir de

novo, mas o insuperável Filipe Nogueira voltou a refrear os ânimos do adversário com novo golo cobrado de livre directo, levando a Casa de Portugal a encerrar as hostilida-des com um conclusivo parcial de duas bolas a duas. Com o triunfo, a formação orientada por Pelé reforçou a liderança isolada do Campeonato da II Divisão. O emblema de matriz portuguesa lidera agora com 27 pontos e dispõe de sete pontos de avanço sobre o Clube Desportivo dos Serviços de Alfândega. O onze dos serviços de estrangeiros e fronteiras deixou-se apa-nhar na segunda posição pelo Hong Lok, formação que no sábado derrotou o Man Fung Hong pela margem mínima.- M.C.

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hoje macau segunda-feira 5.5.2014 (F)UTILIDADES 17

Pu YiPOR MIM FALO

João Corvo fonte da inveja

C I N E M ACineteatro

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 21 MAX 25 HUM 75-95% • EURO 11.0 BAHT 0.2 YUAN 1.3

A guerra do Vietname. O horror. A película do consagrado realizador americano revela-se um magnifico pesadelo e ficará para sempre como um dos mais poderosos filmes da história do cinema. Baseado na obra Heart of Darkness, de Joseph Conrad, Apocalypse Now conta a história do capitão Willard, um combatente no Vietname que recebe uma missão especial e confidencial: encontrar e matar um homem no meio da selva vietnamita. O problema é que o homem é o coronel Walter Kurtz, um dos mais condecorados e respeitados oficiais do exército americano, que parece ter enlouquecido e formado uma seita onde é tratado como Deus pelos seus seguidores. Willard e sua equipa partem num barco ao encontro de Kurtz e de si mesmos, enquanto assistem aos horrores e à estupidez da guerra. Apocalypse Now é uma viagem irreal e psicologicamente arrasadora sobre o ser humano e as suas limitações. - José C. Mendes

ACONTECEU HOJE

Não há bela. Logo, não há senão.

5 DE MAIO

SALA 1THE AMAZINGSPIDER-MAN 2 [B]Um filme de: Marc WebbCom: Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dante DeHaan14.15, 16.45, 21.45

THE AMAZINGSPIDER-MAN 2 [3D][B]Um filme de: Marc WebbCom: Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dante DeHaan19.15

SALA 2 THE DEMON WITHIN [C](FALADO EM CANTONÊS E LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Dante LamCom: D. Wu, N.Cheung, L. K. Chi, D. Lam, A. On14.30, 16.30, 19,30, 21.30

SALA 3BILOCATION [C](FALADO EM JAPONÊS E LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Mari AsatoCom: Mari Asato, K. Takitoh, Kento Senga14.30, 16.45, 19.15, 21.30

THE AMAZING SPIDER-MAN 2

H O J E H Á F I L M EAPOCALIPSE NOW

FRANCIS FORD COPPOLA, 1979

Nasce o Conselho da Europa, pilar dos Direitos Humanos• O Conselho da Europa é a mais antiga instituição europeia em funcionamento. Nasceu a 5 de Maio de 1949, fundado por dez países e conta actualmente com 47 estados membros. Neste dia, nasceu também Karl Marx e morreu Napoleão Bonaparte, em 1821. Trata-se de uma organização que tem como finalidade a defesa dos Direitos Humanos, o fortalecimento dos regimes democráticos, bem como a estabilidade político-social na Europa. Bélgica, Dinamarca, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Suécia e Reino Unido foram os países fundadores, sendo que actualmente o organismo tem 47 estados membros: todos os países europeus (excepto o Cazaquistão). É uma entidade reconhecida pelo direito internacional e serve mais de 800 milhões de cidadãos dos países que os integram. Portugal foi admitido a 22 de Setembro de 1976. É no Conselho da Europa que estão inseridos o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e a Convenção Europeia dos Direitos Humanos. Sempre que se verifica uma violação destes direitos fundamentais em algum dos estados-membros, aquele tribunal julga os processos. Com sede em Estrasburgo, França, o Conselho da Europa é um pilar do desenvolvimento, assente no respeito entre os povos e em conquistas históricas. É uma garantia de que as Constituições são respeitadas, assim como os direitos dos cidadãos.

As três GraçasSalazar dizia que se levar uma obra a bom termo arranjava um chefe, se a queria parar nomeava uma comissão. Bem sei que muitos partilham da mesma opinião, ainda que não simpatizem com a ideologia e a prática política do ditador português. Por mim, que tenho um feitio individualista, curiosamente nunca concordei com o aforismo salazarista. Confesso que inicialmente percebi a sua lógica e até a sua eventual eficácia, o seu potencial pragmatismo. Mas ouve sempre algo que não me agradou. Acho que um dia percebi porquê: é devido ao seu profundo pessimismo, à sua falta de crença na capacidade dos homens trabalharem em equipa e com isso conseguirem um resultado melhor do que o obtido por um indivíduo. E eu, apesar de poder sentir algum pessimismo quando olho à volta e para a frente, recuso-me a fazer de um sentimento pessoal uma religião a aplicar aos outros. Pelo contrário, gosto de acreditar que as virtudes de cada um potenciam as dos outros e que os defeitos pessoais podem ser minorados pelo trabalho em grupo. Bem sei que nem sempre as coisas se passam assim, mas eu quero acreditar nisto e pronto. É como se fosse uma questão de fé, um princípio.Quanto se falamos de questões relacionadas com o poder e o seu exercício, esta minha crença ganha ainda contornos mais bem definidos, porque me parece ainda mais clara a importância de descentralizar, de delegar, como meio de garantir eficácia e atingir os objectivos pretendidos. Se, por um lado, um poder centralista não se ajusta ao próprio modo de funcionamento da sociedade contemporânea (porque, por exemplo, não tem hipótese de acompanhar a sua velocidade), por outro, um dispositivo governamental descentralizado manifesta na sua acção três características fundamentais, chamar-lhe-ia as três Graças: são elas a proximidade, responsabilização e criatividade.

Page 18: Hoje Macau 5 MAI 2014 #3082

18 OPINIÃO hoje macau segunda-feira 5.5.2014

E RA ainda um corpo banhado em incipiência, a Igreja de Roma, quando esbarrou de frente com um dos seus primei-ros e mais diligentes dilemas. Impelidos pela necessidade de submeter à razão o mistério da vida, da morte e da ressur-reição do Nazareno, os três magníficos da Igreja auroreal

– Jerónimo, Agostinho de Hipona e Ambró-sio de Milão – procuraram, cada um de seu modo, perceber em que exacto desígnio se esgotava a humanidade do Messias, em que humores e revoluções do corpo se esvaía o Cristo homem e germinava o Cristo Deus. A dúvida que os assaltou, traduziu-a Milan Kundera numa interrogação lancinante em “A Insustentável Leveza do Ser”: “Quando era garoto e folheava o Antigo Testamento para crianças, ilustrado com gravuras de Gustave Doré, via nele o Bom Deus em cima de uma nuvem. Era um velho senhor, tinha olhos, um nariz, uma longa barba, e eu dizia a mim mesmo que, como tinha boca, devia comer. Se comia, devia ter intestinos. Mas essa ideia logo me assustava, por que, apesar de pertencer a uma família pouco católica, sentia o que havia de sacrilégio nessa ideia dos intestinos do Bom Deus.”

Diligentes e metódicos, os doutores da Igreja armaram-se dos artifícios da lógica e da aritmética da fé, peroraram longamente sobre a extensão da humanidade de Cristo, mas nenhum arriscou dizer com vertical certeza se o filho de Deus feito Homem se refugiava de quando em vez em sentinas, retretes, latrinas e intimatórios que tais na mais animalesca das contemplações. Pragmático, Santo Agostinho recusava por princípio a possibilidade. Para demonizar o acto sexual e exponenciar-lhe a perni-ciosidade do carácter, o filósofo de Hipona mergulha-o num banho de urina e trampa, como se nos humores do corpo – na linfa, no vómito, nas fezes – se alojassem todas as sementes do mal e o próprio Tardo ali fizesse casa.

“Inter faeces et urinam nascimur”, escre-veu Santo Agostinho, condenando tudo o que é acto sexual e conotando a ideia de pecado original com a corporal abrangência que hoje lhe é associada. Concebida sem pecado original, Maria isentou Cristo da sombria natureza da carne e do mundo e como tal, insinua o tétrico filósofo de Hipona, o filho de Deus feito Homem não defecava; em termos estritamente teológicos, um Cristo defecante borrava a pintura. E não tinha já o grande gnóstico Valentino esclarecido, cento e muitos anos antes, que Jesus comia e bebia, mas não obrava? Que nunca levou o menino do interior a ver o mar?

O dilema escatológico (não no sentido te-ológico, mas no sentido fisiológico do termo) galgou as barreiras da religião e impôs-se, ao longo dos últimos cento e muitos anos com particular vigor, como uma das pedras bási-cas da modernidade civilizacional. O braço

expediente c ín icoMARCO CARVALHO

Se a moda pega, os próximos anos serão para a China, literalmente, anos de merda

Faz-me fezes na Muralha

de ferro já não é mais entre a humanidade e a divindade de Cristo, mas encontra eco na própria natureza do Homem. É um duelo invertido entre o bom selvagem de Rousseau e as normas de uma sociedade que tem na ostracização da actividade defecativa um dos seus primeiros actos de sociabilidade. Desde muito pequenos que somos ensinados a desanuviar na sanita porque parece mal fazermos um tal serviço nas calças, no átrio do centro comercial ou no meio da sala de jantar, em pleno baptizado do irmão mais novo, mesmo por trás da cadeira da soltei-rona gorda que sempre que te vê te macera as bochechas com a saciedade de quem amassa uma masseira de pão. Mais do que um questão de educação – ensinam-te – a arte de defecar em privado demarca a bar-reira entre o instinto e a razão, a civilização e a selvajaria.

Quase noventa anos antes de Milan Kundera se deixar consumir pelo alcance da humanidade de Cristo, Eugène Henri Paul Gaugin descobriu de forma muito pouco

aprazível que a distância que aparta diferentes concepções do mundo é muitas vezes subtil e fugidia. Durante a sua primeira estadia no Tahiti, o pintor francês, num daqueles actos irreflectidos que balizavam a sua vida, orga-nizou uma tamara’a, a gigantesca refeição com que os maoris da Polinésia Francesa celebravam a vida, a morte, a comunhão e a transcendência. Convidou amigos de Papeete, de Mataiea, nativos conhecidos e desconhecidos. Comeu, bebeu, roçou o corpo frágil e sifilítico na pele dourada das vahines, rebolou por entre as coxas elásticas da Ma-oriana, a mulher do vizinho Tutsitil e num acto de irrefreável liberdade defecou sobre as pedras ardentes sob as quais a tamara’a tinha sido sepultada. As vahines de Mataiea devolveram-lhe a liberdade, aliviando-se sem pudor e durante semanas a fio à porta da cabana em que vivia com Teha’amana, a jovem ninfa retratada em Manao Tupapao.

Na vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong, um exercício de liberdade como o que foi perpetrado há mais de um século por Gaugin no sul do Pacífico enxameou os ânimos entre a an-tiga colónia britânica e Pequim, atiçando princípios de desconfiança que terão, mais cedo ou mais tarde, consequências políticas. Não é propriamente grave que o gatilho da animosidade tenha sido despoletado por um gesto impensado e pouco racional à luz das

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regras que se convencionalizaram ser as mais adequadas em termos sociais. É, isso sim, particularmente grave que um dos jornais que servem de voz à cúpula do regime se tenha arvorado e apressado a fazer a defesa de um acto de barbárie, ainda que perpetrado por um infante de dois anos. Não é segredo nenhum que Mao Zedong conservou até ao fim dos seus dias o hábito de defecar ao ar livre, mas talvez não fosse despropositado que a China guardasse do Velho Timoneiro outros (ou quem sabe, nenhuns) ensinamen-tos. Que o culto do líder se ficasse mais pela ideologia do que pela escatologia, até porque o que se lê entre linhas no Global Times, por entre acusações de fascismo e xenofobia, são pregões de desculpabilização e incentivo, qualquer coisa como: “Ide, filhos da Pátria, e estrumai o mundo inteiro.”

Se a moda pega e o discurso ganha adeptos dentro e fora de portas e os humores do corpo se libertam do estigma com que Agostinho de Hipona os sobrecarregou, o Continente, com alguns dos monumentos mais visitados do mundo, corre o risco de ver a Grande Muralha transformada num ululante dragão de dejectos ou o Templo do Céu convertido num disforme “flan” de excrementos, porque não faltarão, por certo, visitantes à procura de alívio. Se a moda pega, os próximos anos serão para a China, literalmente, anos de merda.

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19 opiniãohoje macau segunda-feira 5.5.2014

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N O dia 22 de Abril de 2014, chegou a notícia de que um casal do continente, acom-panhado de um filho com cerca de dois anos, tinha sido detido pela polícia porque a criança tinha urinado na Sai Yeung Choi Street South. O acto foi filmado por um jovem de Hong Kong que

usou o telemóvel para registar a acção. O pai da criança entrou em confronto com o jovem e retirou o cartão de memória do telefone. A família tentou abandonar o local, sem êxito, até que chegou a polícia.

Durante a luta, chegou outro jovem de Hong Kong que também tentou impedir a fuga da família do continente. A mãe da criança agrediu o jovem com o carrinho de bebé. Depois da investigação policial, o pai foi libertado sem condições, enquanto a mãe foi libertada sob caução, tendo de se apresentar na polícia a meio do mês de Maio para dar continuidade à investigação.

O vídeo da criança foram postos no Weibo, e receberam mais de dez mil co-mentários. A maioria dos comentários dos cibernautas da China continental eram de compreensão para com os pais da criança que tinham primeiro procurado uma casa de banho.

“Como é que se diz a um bebé para aguentar a urina? É impossível”

Outros comentários tolerantes diziam que a mãe da criança usou uma fralda para apanhar a urina. O desconhecimento da cidade foi outra das razões apontadas para desculpar os pais que não conseguiram encontrar uma casa de banho.

Por último, os comentários criticavam também a gravação porque esta mostrava o órgão sexual da criança.

Os comentários do lado de Hong Kong foram os esperados. Primeiro, a infracção da lei era óbvia. Não é permitido urinar na rua. Segundo, significa falta de decência. Terceiro, os pais não tomaram as precauções devidas. Não ter conseguido encontrar uma casa de banho, não é desculpa para urinar na rua.

Este acontecimento veio acentuar a tensão entre os habitantes de Hong Kong e os do continente.

Os cidadãos de Hong Kong dizem que os do continente são “pessoas com um com-portamento pouco civilizado”, enquanto do outro lado se acusa os habitantes da RAEK de “ discriminação”, para com os que vêm do continente. A população de Hong Kong tem uma atitude paternalista para com as pessoas do continente.

Uma das consequências mais sérias, foi o

macau v is to de hong kongDAVID CHAN*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

Criança urina na rua em Mongkok

Os cidadãos de Hong Kong dizem que os do continente são “pessoas com um comportamento pouco civilizado”, enquanto do outro lado se acusa os habitantes da RAEK de “ discriminação”, para com os que vêm do continente

facto de que algumas notícias online dizerem que os turistas do continente iriam trazer os filhos para urinar nas ruas de Hong Kong durante os feriados de Maio. Os habitantes de Hong Kong responderam que

“Se o teu filho urinar na rua, tiramos uma fotografia. Fazes isso uma vez, tiramos uma fotografia.”

Este acontecimento levanta algumas questões.

Não há dúvidas que urinar na rua é um crime. A secção 8(1) do Public Cleansing and Prevention of Nuisances Regulation (Cap. 132BK) proíbe que qualquer pessoa urine na rua ou em qualquer local público. Para mais, salvo causa razoável, a secção

8(2) proíbe que qualquer pessoa permita que uma criança com menos de 12 anos urine na rua ou em qualquer local público.

A secção 8(2) é aplicável neste caso. Os pais serão réus se o governo de Hong Kong os processar. A defesa dos pais é não ter conse-guido encontrar uma casa de banho. Cabe ao tribunal acreditar, ou não, nisto. Se o tribunal aceitar esta versão, os pais não serão punidos. Se não acreditar, ficarão sujeitos a uma pena.

Existe um ponto interessante. A mãe da criança usou uma fralda para limpar o chão. A secção 8(2) apenas proíbe urinar na rua, não diz nada sobre se as consequências. Vale a pena atentar nisto. Se a lógica da secção 8(2) é prevenir a poluição das ruas, então os pais da criança não devem ser punidos, porque a rua não ficou suja. Por outro lado, se a lógica da secção 8(2) é evitar que as pessoas urinem nas ruas, então os pais da criança devem ser considerados culpados.

A razão da lei deve ser determinada pelo tribunal e como tal só nos resta esperar pela sua decisão.

Para evitar situações semelhantes, o governo de Hong Kong deveria fazer uns folhetos a informar que é proibido as crianças urinarem na rua. Estes folhetos poderiam ser distribuídos na alfândega, e assim os turistas já saberiam das consequências de quebrar a lei. O governo pode processá-los por este crime. Seria um tratamento justo, porque se um habitante de Hong Kong urinar na rua, será também punido ao abrigo da mesma lei. Não é uma questão de discriminação. Mais ainda, o governo poderia elaborar uma lista negra, e o infractor seria impedido de entrara no território.

Estes são conselhos para Hong Kong. Mas também temos de pensar nos interesses dos que vêm do continente. É estritamente proibido tirar fotos de pessoas a urinar. A pessoa que o faz está a lesar a privacidade do outro. A polícia devia enviar o caso para o Hong Kong Privacy Commissioner. Para mais, o vídeo e a foto só podem ser usados como provas da acusação. Uma vez terminado o caso judicial estes ele-mentos devem ser destruídos para proteger a privacidade da criança.

A lei deve ser, provavelmente, a melhor forma de lidar com o caso acima descrito porque fornece um tratamento justo tanto para os habitantes de Hong Kong, como para os vindos do continente. Quem quer que seja que urine na via pública deve ter o mesmo tratamento.

Vale a pena que em Macau se pense nesta questão, visto que situações semelhantes também podem acontecer aqui.

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hoje macau segunda-feira 5.5.2014

cartoon por Stephff CONFUSÃO À PORTA

JOANA [email protected]

A Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) assegura que está aten-ta ao património da

RAEM que está a ser utilizado, apesar de afirmar que a manuten-ção nem sempre é da sua conta.

Numa resposta escrita a uma interpelação da deputada Kwan Tsui Hang, Vitória da Conceição, directora da DSF, explica que existe uma base de dados exclusiva sobre o património e frisa que o organismo continua, por exemplo,

Esgoto condiciona trânsito no Fai Chi Kei Desde sábado e até depois de meados de Junho, a zona do Fai Chi Kei terá condicionamentos ao trânsito. A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas vai instalar mais colectores de esgotos no subsolo, com o intuito de aumentar a capacidade de drenagem bairro do Fai Chi Kei, pelo que, durante 45 dias, vão haver alterações ao trânsito: será proibida a passagem na Avenida do Almirante Lacerda e a mudança de direcção para a Avenida do General Castelo Branco. Será ainda desactivada a paragem de autocarro da Avenida do Almirante Lacerda/ Avenida do General Castelo Branco e a paragem de autocarro da Piscina do Complexo Desportivo de Macau será provisoriamente relocalizada a cerca de 40m na Avenida de Artur Tamagnini Barbosa.

A S estatísticas do inquérito à utilização da tecnologia informática, referente

ao ano passado, registam uma subida significativa face a anos anteriores, mostrando que 153 milhões de pessoas em Macau utilizaram o mundo virtual para os mais variados fins, em 2013. No total, houve 8900 pessoas a utilizarem internet de fibra óptica no ano passado, o que se traduz num aumento significativo, face ao mesmo período de 2012.

De acordo com a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), quase todos os jovens, de idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos, utilizaram a Internet a um nível diário. A percentagem de utilizadores jovens atinge os

96%, quase englobando toda esta faixa etária. Foi também verificado um aumento na percentagem de pessoas com mais de três anos de idade que online, situando-se nos 65,8%. Ou seja, mais de metade dos residente de Macau – incluindo crianças – utilizam as plataformas virtuais.

Os dados demonstram, também, que os smartphones continuam a revelar-se uma das ferramentas mais populares na RAEM, cuja utilização representa 17,6% de todas as plata-formas de acesso possíveis, como computadores ou tablets.

Este inquérito, relativo ao uso das tecnologias informáticas, concluiu, ainda, que mais de metade das mulheres de Macau (65,4%) acedem à Internet com

frequência, quase atingido a mesma percentagem de indiví-duos masculinos, que se fixou nos 66,2%.

Em 2013, as principais acti-vidades dos internautas tiveram que ver com a pesquisa de infor-mação – via motores de busca – e a comunicação, através de redes sociais. Cerca de 13,6% dos utili-zadores acederam à Internet para fazer compras online, percenta-gem que subiu cerca de 1 ponto percentual, quando comparado com os valores de 2012.

Ao contrário dos smartpho-nes, os computadores parecem estar a perder adeptos, uma vez que a sua utilização diminuiu 0,4%, ficando-se apenas pelos 61,7%. - L.S.M.

Mais de 300 proibidosde entrar nos casinos Informações da Direcção dos Serviços de Coordenação e Inspecção de Jogos (DCIJ) revelam que existem mais de 350 pedidos para o plano de interdição de entrada nos casinos e auto isolamento, algo que apenas pode ser pedido – ou autorizado - pelos próprios jogadores. Destes, cerca de 70 pediram ajuda directamente ao Instituto de Acção Social (IAS) “para orientação”. Devido aos números, e de acordo com o IAS, vão ser colocados balcões para efeitos de requerimentos para a auto-proibição de entrada nos próprios casinos. Também tutores vão ser enviados para os casinos, para ensinarem os trabalhadores das salas a lidar com problemas de patologia do jogo, quer dentro de portas, quer para clientes.

Casinos sobem receitas em mais de 10%As receitas dos casinos de Macau em Abril totalizaram 31.318 milhões de patacas, mais 10,6% do que no mesmo mês de 2013. De acordo com os dados revelados pelos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos, os casinos locais facturaram desde Janeiro 133.517 milhões de patacas, mais 17,5% do que no mesmo período do ano passado.Actualmente seis operadores estão licenciados para explorarem jogos de fortuna e azar em 35 casinos que disponibilizavam no final de Março 5700 mesas de jogo e 12.232 slot machines.

Macau vai ter pelo menos mais 25 mil quartosActualmente, existem cerca de 48 novos empreendimentos a ser construídos em Macau, incluindo nas ilhas da Taipa e Coloane. As estimativas, da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, apontam para o aumento do número de quartos para 25 mil. Os registos do primeiro trimestre deste ano apontam para a construção de 18 novos estabelecimentos hoteleiros, sendo que existem mais 25 em fase de apreciação. À zona do Cotai, deverão ser adicionados mais 7500 quartos, a península de Macau contando com mil e Coloane com 200 quartos, após a finalização do projecto que engloba apenas um estância hoteleira. As estatísticas adiantam, ainda que os projectos em construção devem ocupar quase dois quilómetros da região. Os planos ainda em apreciação englobam a eventual criação de quase 16 mil quartos espalhados por todas as ilhas da RAEM, a península de Macau com 18 empreendimentos. Também os lugares de estacionamento deverão aumentar de acordo com as construções hoteleiras já em curso, somando um total de 8560 novos lugares para automóveis, que incluem espaço para veículos ligeiros e motociclos. Existem, assim, a certeza de que Macau contará com quase mais 10 mil quartos já em construção, ponderando-se a aprovação de mais projectos futuros, que deverão englobar mais de 15 mil quartos de hotel por toda a região.

USO DE SMARTPHONES E FIBRA ÓPTICA AUMENTA SIGNIFICATIVAMENTE

Macau sabe navegar

MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS PERTENCENTES AO GOVERNO DEPENDE DE QUEM OS OCUPA

Hotel Estoril ainda sem definiçãoa efectuar serviços de manutenção no antigo hotel Estoril, em frente ao Tap Seac, ainda que este não tenha um fim reservado.

“Para gerir de forma adequada o património da RAEM, a DSF tem vindo a registar exclusiva-mente informações, como o nú-mero, os valores e até as situações do uso do património”, começa por dizer a DSF.

“De entre o património da RAEM que à DSF compete gerir, a maior parte, encontra-se actual-mente distribuída e a ser utilizada por serviços públicos, a pedido dos mesmos e segundo a necessidade

real.” Outra parte, destinada à habitação, serve para o alojamento dos funcionários públicos e outra parte está entregue a privados. “Foi cedida de forma gratuita para uso como sedes de instituições sem

fins lucrativos, como associações de caridade, organizações acadé-micos, profissionais, etc.”

A DSF não indica quantos são os prédios pertencentes ao patrimó-nio entregues e em uso, mas explica que a manutenção cabe “exclusi-vamente” aos serviços públicos ou associações que usufruem desse património, incluindo a “conser-vação e manutenção diárias”.

Kwan Tsui Hang pediu de-talhes sobre o estado de conser-vação de edifícios como o Hotel Estoril, por exemplo, mas a DSF garante que não há qualquer pro-blema com o local.

“A DSF continua a proceder à manutenção e à conservação diárias, assegurando, desse modo que todo aquele conjunto [hotel e parque de estacionamento], se mantenha em boas condições. Quando houver uma decisão a tomar pelas autoridades sobre a infra-estrutura, vai a mesma passar a ser cedida pela entidade, pelo que não se verifica a questão básica de falta de manutenção e conservação.”

Ainda na resposta, a DSF falou do futuro do prédio no largo de São Domingos que pertencia ao Gabinete de Comunicação Social. Conforme notícia avançada pelo jornal Ponto Final na semana passada, o local será a sede do Centro de Distribuição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa. O prédio está a ser usa-do como Centro de formação para funcionários públicos pelo Governo e, agora, a DSF diz que serão feitas apenas “obras de embelezamento ao aspecto exterior” do prédio, para o transformar no Centro.