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PUB TIAGO ALCÂNTARA AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB ASSOCIAÇÃO AMERICANA PEDE EXPLICAÇÕES SOBRE RELAÇÕES COM TRÍADES LIGAÇÕES PERIGOSAS DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 16 DE MAIO DE 2014 ANO XIII Nº 3090 PUB hojemacau Verdade e consequência FISCO COMISSÁRIO EUROPEU PRESSIONA O GOVERNO DA RAEM Quase todos já assinaram o acordo para a troca automática de informações tributárias. A China também. Macau arrisca-se a continuar na cauda do pelotão no combate à fraude e à evasão fiscal. PÁGINA 5 EXPLOSÃO DE VIOLÊNCIA FAZ MAIS DE 20 MORTOS CRIMINALIDADE Um pouco mais de tudo SOCIEDADE PÁGINA 8 VIETNAME/CHINA PÁG. 1O Os dois Chefes de Estado reuniram-se no Grande Palácio do Povo num encontro marcado por testemunhos de uma velha amizade e um novo ponto de partida. PÁGINAS 2 E 3 VISITA DE ESTADO Cavaco Silva encontra-se com Xi Jinping em Pequim JOGO PÁGINA 7

Hoje Macau 16 MAI 2014 #3090

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Hoje Macau N.º3090 de 16 de Maio de 2014

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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ASSOCIAÇÃO AMERICANA PEDE EXPLICAÇÕES SOBRE RELAÇÕES COM TRÍADES

LIGAÇÕES PERIGOSAS

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 1 6 D E M A I O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 9 0

HOMOSSEXUAIS PORTUGUESES PODEM CASAR EM MACAU

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hojemacau

Verdade e consequência

FISCO COMISSÁRIO EUROPEU PRESSIONA O GOVERNO DA RAEM

Quase todos já assinaram o acordo para a troca automática de informações tributárias. A China também. Macau arrisca-se a continuar na cauda do

pelotão no combate à fraude e à evasão fiscal.

PÁGINA 5

EXPLOSÃODE VIOLÊNCIAFAZ MAISDE 20 MORTOS

CRIMINALIDADE

Um poucomais de tudo

SOCIEDADE PÁGINA 8

VIETNAME/CHINA PÁG. 1O

Os dois Chefes de Estado reuniram-se no Grande Palácio do Povo num encontro marcado por testemunhos de uma velha amizade e um novo ponto de partida.

PÁGINAS 2 E 3

VISITA DE ESTADOCavaco Silva encontra-secom Xi Jinping em Pequim

JOGO PÁGINA 7

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2 hoje macau sexta-feira 16.5.2014VISITALU

SA

O Presidente da Repú-blica, Cavaco Silva, disse ontem que as relações entre Por-

tugal e a China conhecem uma «realidade sem precedentes», sendo marcadas por «amizade», «respeito» e «confiança».

«As relações entre os nossos

A viagem da presidência portuguesa à China entrou no seu quarto dia, com uma passagem pelo Grande Palácio do Povo, em Pequim, onde Cavaco Silva teve oportunidade de conversar com o seu homólogo Xi Jinping

RELAÇÕES ENTRE PORTUGAL E CHINA SÃO “REALIDADE SEM PRECEDENTES” - CAVACO SILVA

À descoberta do novo mundo

«Ambos concordámos que estamos num novo ponto de partida histórico»XI JINPING

«As relações entre os nossos dois países conhecem uma realidade sem precedentes quer no domínio político, quer no domínio económico, quer no domínio científico, mas também no domínio cultural»CAVACO SILVA

dois países conhecem uma rea-lidade sem precedentes quer no domínio político, quer no domí-nio económico, quer no domínio científico, mas também no domínio cultural», disse o Chefe de Esta-do poucos minutos depois de ter sido recebido no Grande Palácio do Povo, em Pequim, pelo seu homólogo Xi Jinping.

Cavaco Silva, que desde segun-da-feira está na China em visita oficial que começou em Xangai e termina em Macau, sublinhou que as relações bilaterais entre Portu-gal e a China são «marcadas pela amizade, pelo respeito mútuo e pela confiança» e que essa confiança «é muito importante nas relações» bilaterais.

«As conversações que aca-bámos de ter foram conversa-ções muito frutuosas e ambos recordámos a assinatura, aqui, no Palácio do Povo, em 1987, da Declaração Conjunta sobre

a questão de Macau e a forma como se processou a transição da administração portuguesa para a administração chinesa, um caso exemplar a nível internacional», concluiu.

Também Xi Jinping, à chegada de Cavaco Silva a Pequim, saudou o seu homólogo português como

um «velho amigo» e manifestou «alto apreço» pelo papel de Cavaco Silva na resolução da questão de Macau.

«Este é o nosso primeiro encontro, mas tenho a sensação de estar a reencontrar um velho amigo», disse Xi Jinping no início do encontro.

Cavaco Silva recordou que há 20 anos não visitava a China e felicitou a liderança chinesa pelo «progresso económico, social e tecnológico» do país.

DE MÃOS DADASO presidente chinês disse que a China está «disposta a trabalhar de mãos dadas com Portugal» para promover «uma nova etapa» nas relações bilaterais. «Ambos concordámos que estamos num novo ponto de partida histórico», afirmou Xi Jinping acerca das conversações com o presidente português, que considerou também «frutíferas”. «Encaramos novas oportunidades de desenvolvimen-to», acrescentou.

Numa declaração aos jorna-listas, ao lado de Cavaco Silva, o presidente chinês salientou que as relações sino-portuguesas se caracterizam pela «boa confiança politica», «frutuosa cooperação

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3 visitahoje macau sexta-feira 16.5.2014

LUSA

China e Portugal juntos aexplorar África e América Latina

Cristiano Ronaldo relembrado no Palácio do Povo

Chineses interessados na privatização da TAPRELAÇÕES ENTRE PORTUGAL E CHINA SÃO “REALIDADE SEM PRECEDENTES” - CAVACO SILVA

À descoberta do novo mundo

O presidente executivo da EDP, António Mexia, disse ontem, em Pequim,

esperar que a contribuição sobre o sector energético seja “extraor-dinária e não recorrente”, subli-nhando a importância de serem mantidas as “regras do jogo”.

“Tudo o que é extraordinário é extraordinário e não recorrente”, disse o responsável da eléctrica portuguesa, ao salientar que a taxa “é entendida” como contribuição para o esforço de contenção que está a ser feito em Portugal.

António Mexia referiu também que a introdução da taxa é entendida pela EDP no “processo” de inter-venção da ‘troika’ em Portugal, que acredita que terá carácter temporário, e afirmou que a “estabilidade das regras do jogo é fundamental para qualquer parceria, para qualquer investimento e para a capacidade de atrair investimento fundamental para o crescimento em Portugal”.

O presidente da EDP falava à margem de um acordo assinado ontem com a China Three Gorges, numa cerimónia no Grande Palá-cio do Povo, integrada na visita oficial de Cavaco Silva à China.

O acordo visa a exploração de novos mercados que possam gerar investimento da EDP ou co-investimento entre a EDP e a China Three Gorges.

pragmática» e «intenso intercâm-bio na área social e cultural».

«Concordámos manter os con-tactos de alto nível, aprofundar a confiança mútua e intensificar a comunicação sobre importantes temas regionais e internacionais, fundando uma base política cada vez mais sólida para o relaciona-mento bilateral.”

Xi Jinping disse ainda que «a China felicita Portugal por estar a sair do programa de assistência fi-nanceira e das dificuldades criadas pela crise da dívida».

A declaração foi feita depois de os dois presidentes terem assistido à assinatura de sete acordos de cooperação bilateral, sobre Educação, Ciência, Cul-tura, Desporto e outras áreas, e também entre empresas.

Um dos acordos diz respeito ao «encerramento do processo de privatização» da Caixa-Seguros, em que o grupo privado chinês Fosun detém agora 80% do capital.

Os presidentes da EDP e da China Three Gorges, o maior ac-cionista da eléctrica portuguesa, assinaram «um acordo sobre o reforço das relações estratégicas e de cooperação».

A China está disposta a “explorar com

Portugal vias de coope-ração trilateral em Áfri-ca e na América Latina”, disse à agência Lusa o vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros com o pelouro da Eu-ropa, Wang Chao.

“Portugal é um membro fundador da CPLP e tem tradicional-mente uma significativa influência nos países de língua portuguesa”, afirmou Wang Chao, respondendo por escrito a perguntas da agência noticiosa portuguesa em Pequim.

“A China valoriza a sua cooperação com Portugal e os outros países de líingua por-tuguesa”, acrescentou.

O vice-MNE chinês considerou que o Fó-rum para a Cooperação Económica e Comercial

entre a China e os Países de Língua Portuguesa, criado há dez anos e conhecido como “Fó-rum Macau”, se tornou, entretanto, “uma grande plataforma de intercâm-bio e cooperação”.

Nas respostas à agência Lusa, Wang Chao recordou o encon-tro do vice-primeiro--ministro português, Paulo Portas, com um dos vices-primeiros--ministros chineses, Wang Yang, realizado em Novembro passado, durante a IV Confe-rência Ministerial do Fórum.

“As duas partes alcan-çaram um largo acordo sobre o aprofundamento do papel de Macau e do Fórum como uma ponte para promover a cooperação bilateral e multilateral”, referiu o vice-MNE chinês.

OS líderes de duas companhias aéreas chinesas admitiram estar interessa-

dos numa eventual privatização da TAP, indicou na quarta-feira o Presidente da República portuguesa, Cavaco Silva.

Ainda em Xangai, de onde saiu na quarta--feira, “a TAP foi referida” numa reunião com empresários chineses, em que participou também o ministro da Economia, António Pires de Lima, “mas não numa perspectiva de curto prazo”, disse Cavaco Silva.

Contudo, “os dois presidentes de com-panhias aéreas presentes ficaram espanta-

dos quando lhes fornecemos os números dos voos semanais de Portugal para o Brasil e disseram que isso era um elemento que não deixariam de ter em consideração, tal como a nossa ligação particular a Angola”, revelou o presidente português.

Segundo Cavaco Silva, na reunião, Pi-res de Lima disse que o governo português “não exclui que o processo de privatização da TAP venha a ser aberto no futuro e quando isso acontecer fica à disposição o caderno de encargos para ser consultado”, disse, sem precisar datas.

O capitão da selecção portuguesa de fute-

bol, Cristiano Ronaldo, foi evocado ontem no Grande Palácio do Povo, em Pequim, no primeiro encontro entre

EDP ESPERA QUE TAXA SOBRE SECTOR ENERGÉTICO NÃO VENHA PARA FICAR

A extraordinária regra do jogo

“Tudo o queé extraordinárioé extraordinárioe não recorrente”ANTÓNIO MEXIA

“Há passos concretos e há novos alvos”, disse António Mexia, ao recordar que as duas empresas já investiram em parques eólicos em Portugal, estão a finalizar acordos de três centrais hídricas no Brasil e a iniciar estudos sobre novos merca-dos eólicos, nomeadamente o Brasil.

o presidente português e o seu homólogo chinês, Xi Jinping.

Numa declaração aos jornalistas após uma hora de conversações e a assi-natura de oito acordos de colaboração, Cavaco Silva contou que, ao falarem do Brasil, o presidente chinês mencionou o próximo Mundial de futebol, que vai ser disputado naquele país.

“O senhor presidente

teve a oportunidade de desejar boa sorte à selecção portuguesa no Mundial e referiu o importante papel desempenhado por Cristia-no Ronaldo”, disse Cavaco Silva, que se encontrava ao lado de Xi Jinping.

Cristiano Ronaldo - “C Luo”, em chinês - é o portu-guês mais popular na China e Xi Jinping é conhecido como sendo um adepto de futebol.

Sobre os compromissos assumi-dos pela China Three Gorges, Antó-nio Mexia sustentou que a empresa já assumiu que irá construir a fábrica de turbinas “desde que haja merca-do” e que o centro de investigação em Portugal na área das renováveis já foi lançado em Lisboa.

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hoje macau sexta-feira 16.5.20144 POLÍTICA

Candidaturas para eleição do Chefe do Executivo até ao dia 20 de Maio

O Governo poderá mesmo vir a diminuir o período em que os visitantes podem ficar em trânsito em Macau. Quem o diz é Cheong Kuok Vá, Secretário para a Segurança, que ontem apresentou o balanço da criminalidade do primeiro trimestre deste ano

PERÍODO DE TRÂNSITO VAI SER MENOR DO QUE SETE DIAS. AUMENTAM CHINESES ILEGAIS

Cheong Kuok Vá dixit

9804pessoas em excesso de

permanência de Janeiro a

Março

JOANA [email protected]

S EGUNDO os dados apresentados ontem pelo Secretário para a Segurança, Che-

ong Kuok Vá, os casos de excesso de permanência e de ausência de documentos aumentaram exponencial-mente nos primeiros três meses do ano, no que aos chineses do continente diz respeito. Só de Janeiro a Março, 9804 pessoas foram apanhadas pelas autoridades em excesso de permanência em Macau, ainda que com documentos da RPC. Os nú-meros indicam um aumento de 28,1% face ao mesmo período do ano passado.

Também da China, mas sem documentos, foram apanhados 289 indivíduos, mais 12,5% do que em 2013. No total, o número de estrangeiros em excesso

de permanência no território chegou aos 717, mais 7,5%.

A situação pode levar as autoridades a mudarem as políticas de emissão de vistos.

O Secretário para a Se-gurança não avança datas, mas explica que a redução de dias está a ser ponderada, até porque é algo que tem vindo a acontecer desde

2006. A maior parte dos vi-sitantes, diz o responsável, abusa. “Percebemos que há uma parte dos visitantes que

aproveitam ter de apanhar voos para outras regiões para abusarem”, admite Cheong Kuok Vá. “Os Ser-viços de Migração também estão a estudar medidas para fazer face a esta situação. Penso que muito em breve poderá ser anunciada uma decisão.”

Em 2006, o número permitido de trânsito em

Macau passou de 30 para 14 dias e, em 2008, voltou a descer para sete dias. Estas reduções, diz o Secretário, vão servir de referência para a nova política.

CAMPUS DA UMAC É NOVA VIAO facto de a maioria das pessoas em situação ilegal nestes casos ser da China continental leva, contudo,

as autoridades de Macau a fazerem outra promessa: “Vamos contactar com as autoridades homólogas da parte chinesa para estudar outras possibilidades para combater esta situação”, frisou Cheong Kuok Vá.

O responsável indica ainda que Macau tem novas vias para imigração ilegal. Uma delas é o novo campus da Universidade de Macau, na Ilha da Montanha, onde as pessoas saltam os muros para entrar em Macau ile-galmente. O Secretário não tem, contudo, dados sobre a quantidade de indivíduos que já se aventuraram a fazer isto.

OS Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) já co-

meçaram a receber as candidaturas das pessoas colectivas com capacida-de eleitoral para a eleição do Chefe do Executivo. Até esta quarta-feira, já tinham sido registados 261, 651, 470 e 4233 votantes. Estes números dizem

respeito ao número de pessoas que entregaram o boletim de candidatura, das pessoas colectivas que levanta-ram os boletins com o propósito de votar e ainda as pessoas colectivas que apresentaram a relação dos vo-tantes e dos votantes registados. Os participantes deverão candidatar-se

até ao próximo dia 20 deste mês, 40 dias antes da data da realização das eleições para os membros da Comis-são Eleitoral. No final, apenas 400 irão eleger o Chefe do Executivo. Por esse motivo, as instalações dos SAFP estarão abertas ao público nos dias 18 e 19 de Maio.

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hoje macau sexta-feira 16.5.2014 5 política

LEONOR SÁ [email protected]

O deputado e presi-dente da Associa-ção dos Trabalha-

dores da Função Pública de Macau (ATFPM) José Pereira Coutinho volta a insistir na compensação – em folgas – dos dias de trabalho em feriados para os funcionários públicos. Desta vez, refere-se aos inspectores de higiene ali-mentar do Instituto para os Assuntos Cívicos e Munici-pais (IACM), que, segundo a interpelação escrita ontem pelo deputado, “apresen-taram queixas contra o

O comissário europeu para os Assuntos Fis-cais, Algirdas Semeta, instou Macau a assinar

o acordo para a troca automática de informações tributárias com vista a aumentar a transparência e combater a fraude e evasão fiscal, durante uma visita à Ásia.

“Macau ainda não assinou a convenção da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvi-mento Económico] sobre a troca automática de informações. Eu não

FUNÇÃO PÚBLICA COUTINHO VOLTA A INSISTIR NO PAGAMENTO DE FERIADOS

Tanto bate até que fura?

UE NEGOCIAÇÕES COM GOVERNO SOBRE TROCA DE INFORMAÇÕES FISCAIS

A insustentável leveza fiscalTodos querem mais transparência e menos fraudes. As palavras são bonitas e óbvias, mas Macau, segundo o comissário europeu para os Assuntos Fiscais, está na cauda do pelotão na corrida global à evasão fiscal ao não ter assinado ainda o acordo para a troca automática de informações tributárias

Europeia e Macau pode ser re-forçada ao nível das alfândegas, tendo destacado o combate aos produtos falsificados e o contrabando como um dos pontos principais da visita.

Nesse âmbito, Algirdas Semeta encontrou-se com o director-geral dos Serviços de Alfândega de Macau, a quem pediu “colaboração na luta contra o comércio de produtos contrafeitos”.

“Os produtos falsificados prejudicam seriamente as em-presas legítimas e enganam os nossos consumidores. Então, trabalhar com os nossos parceiros comerciais para acabar com este problema é uma grande prioridade para a UE”, observou.

Semeta deslocou-se a Macau logo no início da sua visita à Ásia, que se estende até domingo.

O comissário lituano está, agora, em Hong Kong, seguindo depois para Pequim, onde par-ticipará em diversas reuniões e eventos, incluindo no 7.º Comité Misto de Cooperação Aduaneira UE-China.

Durante a visita a Pequim, será assinado um novo plano de acção em matéria aduaneira sobre os Direitos de Propriedade Intelectual entre a UE e a China, indicou Algirdas Semeta. - Lusa

vejo que essa seja uma posição sus-tentável. A União Europeia (UE), a China, Estados Unidos e até mesmo a Suíça e Singapura, já subscreve-ram, a par de outros”, disse ontem Algirdas Semeta, numa resposta escrita enviada à agência Lusa.

“Ninguém pode continuar na corrida global e ignorar esta evo-lução ao nível fiscal”, acrescentou o comissário responsável pela Fiscalidade e União Aduaneira e Luta contra a Fraude e Auditoria. Para Algirdas Semeta, “a indústria financeira de Macau tem todo o interesse em preparar-se para o que será em breve um padrão verdadeiramente global”.

Não obstante ter tido informa-ções positivas por parte das auto-ridades locais, no sentido em que estaria em andamento “o trabalho técnico para avaliar o que precisa de ser feito para implementar o intercâmbio automático de infor-mações na região”, o comissário europeu ressalvou que “isso não diminui o facto de, ao contrário de Singapura ou da China, Macau não ter ainda subscrito o acordo”.

“Macau não pode continuar na cauda da comunidade internacio-nal em termos de transparência global”, continuou.

Além do domínio da tributa-ção, Algirdas Semeta sustentou que a cooperação entre a União

facto de não estarem a ser devidamente compensados” com um dia de descanso no caso de trabalharem durante os feriados.

O presidente da ATFPM quer ainda saber se o IACM vai, ou não, cumprir as re-comendações recentemente publicadas pelo Comissa-riado contra a Corrupção (CCAC), que aconselham, precisamente, a compensa-ção de feriados aos inspec-tores de higiene alimentar

que trabalhem em regime de turnos.

Ao Governo, Pereira Coutinho também pergun-tou se o IACM vai come-çar a reunir as associações de trabalhadores antes da implementação de novas medidas, “com a finalidade de conciliar os vários inte-resses em causa”. Isto por-que, segundo o presidente da ATFPM, “os queixosos [inspectores de higiene ali-mentar] alegam que o IACM

à qualidade de vida profis-sional dos trabalhadores da função pública de Macau. Exemplo disso é uma das interpelações entregues pelo deputado no início deste mês, na qual pediu esclareci-mentos acerca deste mesmo assunto, questionando o Chefe do Executivo sobre a eventual compensação – em folgas ou em numerário – a “todos os funcionários que trabalharam desde o estabe-lecimento da RAEM até à presente data no regime de turnos e que foram explora-dos na não atribuição do dia de descanso compensatório remunerado, face à errada interpretação da lei”.

“Os produtos falsificados prejudicam seriamente as empresas legítimas e enganam os nossos consumidores. Então, trabalhar com os nossos parceiros comerciais para acabar com este problema é uma grande prioridade para a UE”

“Macau não pode continuar na cauda da comunidade internacional em termos de transparência global”ALGIRDAS SEMETA Comissário europeu para os Assuntos Fiscais

estabelece regimes horários de trabalho especiais de uma forma discricionária sem prévia audição de as-sociações representativas”, colocando determinadas medidas em prática sem que estas possam ser primeira-mente discutidas entre as duas partes.

Este é um assunto que tem vindo a ser focado pelo deputado há já algum tempo, exigindo respostas a questões que digam respeito

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6 hoje macau sexta-feira 16.5.2014SOCIEDADE

ANDREIA SOFIA [email protected]

A Organização Internacio-nal do Trabalho (OIT) coloca Macau no grupo de países sem qualquer

licença de paternidade, à semelhan-ça da China, Hong Kong, Japão ou Vietname, entre outros países da Ásia. Isto apesar da lei do trabalho prever o direito a dois dias úteis ao trabalhador, sem remuneração, como sendo faltas justificadas.

O mesmo relatório refere ainda que está a ser discutida na China a introdução de três dias de licença de paternidade pagos a 80% da média salarial. Miguel Quental, advogado especialista em Direito do Trabalho, defende que Macau deveria adoptar esses três dias, mas pagos na totalidade.

“Deveriam ser implementados três dias no mínimo, não faz sentido que o pagamento não seja inte-gral”, disse ao HM, destacando a necessidade de maiores incentivos à maternidade e paternidade à luz da legislação em vigor.

Recorde-se que o ano passado o Governo garantiu que existe a necessidade de rever a lei no

O Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT)

garantiu ontem através de um comunicado oficial que as obras do segmento sul do Metro Ligeiro na península de Macau deverão ter início no segundo semestre deste ano, sendo que os trabalhos de concurso começam no início do próximo ano. A ideia é começar a obra de construção o mais rápido possível para “permitir uma rápida extensão do serviço do Metro Ligeiro até à península de Macau”.

A garantia foi dada de-pois do Governo ter apre-sentado junto de diversas

METRO LIGEIRO OBRAS DE LIGAÇÃO À PENÍNSULA ARRANCAM ESTE ANO

Guia de marcha

“A discriminação através da maternidade ainda persiste em todo o mundo, algo que é originado muitas vezes pela crise económica”RELATÓRIO OIT

O relatório da Organização Internacional do Trabalho coloca Macau no mapa das regiões sem licença de paternidade, apesar da lei prever dois dias sem remuneração. A OIT diz ainda que a China está a estudar a implementação de três dias pagos a 80%. Miguel Quental pede os mesmos três dias para Macau, pagos na totalidade

TRABALHO RELATÓRIO COLOCA RAEM SEM LICENÇA DE PATERNIDADE

Macau no mapa cinzento da OIT

sentido de introduzir a licença de paternidade, em vez de se manter apenas o direito a dois dias não remunerados enquanto faltas jus-tificadas. 2014 foi a data apontada para os trabalhos de revisão.

Francis Tam, Secretário para a Economia e Finanças, disse na altura que, em relação à licença de paternidade, seria um assunto discutido com a população de forma abrangente e que estaria em linha com a revisão da lei das relações laborais. O Secretário admitiu ainda que alguns artigos do diploma estariam desajustados face à situação actual.

Ainda este ano a Associação

Geral das Mulheres de Macau (AGMM) promoveu a recolha de assinaturas de apoio à futura licen-ça de paternidade com cinco dias.

DIFÍCIL ANALISAR DISCRIMINAÇÃO O relatório da OIT, ontem pu-blicado, traça um retrato das

questões da maternidade e pater-nidade em mais de 100 países de todo o mundo. No geral, é dito que “a discriminação através da maternidade ainda persiste em todo o mundo, algo que é ori-ginado muitas vezes pela crise económica”. Contudo, a OIT re-

“Deveriam ser implementados três dias no mínimo, não faz sentido que o pagamento não seja integral”MIGUEL QUENTALAdvogado especialista em Direitodo Trabalho

associações locais os pro-jectos do Metro Ligeiro na zona da avenida 24 de Junho. Segundo um comunicado, as associações consideram que o traçado elevado nessa zona “abrange a área central da cidade e pode satisfazer a necessidade de deslocação dos cidadãos e turistas”, mas pedem uma diminuição dos impactos que este meio de transporte poderá trazer.

“O impacto causado pelo

viaduto do Metro Ligeiro à paisagem da zona litoral e da Estátua de Kun Iam deve ser minimizado através das medidas de mitigação. Por outro lado, as associações esperam que o Governo possa iniciar, com a maior brevidade possível, a cons-trução concreta da Linha da Península de Macau, no sentido de estender o serviço do Metro Ligeiro para esta península”, pode ler-se no

comunicado do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT).

A Associação Geral dos Operários de Macau ou a Aliança de Povo de Ins-tituição de Macau foram algumas das organizações ouvidas, tendo o Governo prometido “acelerar os tra-balhos de pormenorização sobre a solução elevada da avenida 24 de Junho do segmento sul da linha (de Metro Ligeiro) da península de Macau”, tendo pedido que “a equipa técnica de consultores concentre os recursos no trabalho de acompanhamento”.

fere que “é muito difícil analisar a extensão dos despedimentos ou da discriminação do emprego com base na maternidade”, uma vez que “estudos ou inquéritos sobre o assunto são raros”.

A OIT dá o exemplo de um estudo feito na China pela Fede-ração das Mulheres da China, que mostrou que 21% das mulheres que se mudaram para as zonas urbanas, oriundas dos meios rurais, foram despedidas depois de terem ficado grávidas.

O relatório revela que “uma larga maioria das mulheres tra-balhadoras em todo o mundo”, equivalente a 830 mil milhões de mulheres, “não têm uma protec-ção adequada na maternidade”. O relatório diz ainda que quase 80% destas mulheres estão em África ou Ásia. Apenas 28,4% das mulheres empregadas recebem benefícios financeiros em situações de ma-ternidade.

Nos continentes asiático e africano menos de 10% das tra-balhadoras estão “efectivamente protegidas na maternidade com benefícios financeiros”. “Estas são regiões onde os esquemas de responsabilidades dos patrões são maiores, onde o trabalho informal é predominante e onde os rácios de mortalidade infan-til e na maternidade ainda são muito altos”, aponta o relatório da OIT.

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TIAGO ALCÂNTARA

hoje macau sexta-feira 16.5.2014 7 sociedade

JOANA [email protected]

A União Interna-cional de Enge-nheiros Opera-cionais (IUOE,

na sigla inglesa) pediu a Manuel Joaquim das Ne-ves explicações sobre um operador junket em Macau que terá, alegadamente, rela-ções com membros da 14K. Numa carta enviada ao HM, Jeffrey Fiedler, Director de Projectos e Iniciativas Espe-ciais do sindicato, explica ter pedido à DICJ que indique como considerou a pessoa em causa adequada para ser um promotor de jogo.

“Um pilar fundacional da selecção de ‘adequação’ no regulamento de jogo das EUA é eliminar candidatos com ligações a figuras do crime organizado”, pode ler-se na carta enviada a Manuel Joaquim das Neves, director da DICJ, a que o HM teve acesso.

“Esta carta pretende chamar a atenção para um proprietário de [uma em-presa] junket, que se chama Pun Chi Man. Documentos públicos em Macau mos-tram que o senhor Pun é proprietário ostensivo de, pelo menos, três junkets licenciados. Mas, os registos empresariais de Macau tam-bém revelam que o senhor Pun tem sido um parceiro de negócios em parcerias sepa-radas com dois membros da tríade 14K.”

Os alegados parceiros de negócios citados pela IUOE são Chan Seng Leong e Si Cheng Wan, detidos junta-mente com Wan Kuok Koi em 1998. Foram condenados entre sete a nove anos na cadeia cada um, por crimes relacionados com a partici-pação em crime organizado.

Pun Chi Man estará, de acordo com a acusação da União, a operar no casino Wynn. Segundo o site da DICJ, está licenciado desde Janeiro deste ano.

COMO É POSSÍVEL?A IUOE é um sindicato de engenheiros de casinos do Nevada nos EUA e Jeffrey Fiedler foi um dos funda-dores do site CasinoLeaks, que se comprometeu a tornar públicas algumas polémicas no mundo do jogo em Ma-cau. Ao que o HM apurou, o site foi desligado.

Apesar de afirmar que não há provas de que Chan Seng Leong e Si Cheng Wan tenham, eles próprios, negó-cios no jogo VIP do Wynn,

EUA SINDICATO ACUSA PROMOTOR DE JOGO DA WYNN DE TER LIGAÇÕES A MEMBROS DA 14K

Ser ou não ser... “adequado”

“Como é que a DICJ e a Wynn Macau aprovaram como ‘adequado’ um operador junket que tem parcerias de negócio com membros da tríade 14K, condenados por crimes em Macau?”UNIÃO INTERNACIONAL DE ENGENHEIROS OPERACIONAIS

“até ao momento, [a DICJ] não tem informações que indiciem a prática de condutas irregulares por parte dos promotores de jogo constantes da lista legalmente publicada no ano de 2014”DICJ

A União Internacional de Engenheiros Operacionais de casinos no Nevada quer que Manuel Joaquim das Neves explique como é que um promotor de jogo que tem, alegadamente, ligações à tríade 14K possa exercer funções relacionadas com casinos. Uma carta foi enviada à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, que nega ter conhecimento de ilegalidades

na carta enviada à DICJ, a União questiona como é que é possível que pessoas com alegadas ligações ao mundo do crime organiza-do recebam autorização de licença para operarem como junkets.

“Num recente depoimen-to perante o regulador do jogo dos EUA, os executivos da Wynn descreveram o proces-so de licenciamento de junket da DICJ como ‘exaustivo’ e disseram que a candidatura passa por accionistas, mem-bros da família, empresas, relações com a banca”, expli-ca a carta. Fiedler acrescenta que a União sabe que, na candidatura, os promotores de jogo têm de divulgar par-cerias e que a própria Wynn faz investigações adicionais aos seus junkets.

São estes factores e o facto de as informações sobre Pun Chi Man serem públicas, que leva a IUOE a questionar o director da DICJ, numa carta que segue com conhecimento para

Chui Sai On, Chefe do Exe-cutivo, e Li Gang, director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, entre outros.

“Como é que a DICJ e a Wynn Macau aprovaram como ‘adequado’ um opera-dor junket que tem parcerias de negócio com membros da tríade 14K, condenados por crimes em Macau?”, questiona a União. “Tanto a Wynn como a DICJ deviam ter identificado as associa-ções empresariais de Pun Chi Man.”

IDONEIDADE GARANTIDAA DCIJ, contudo, assegura que não tem conhecimento de qualquer ilegalidade da parte de Pun Chi Man. A lei, diz o organismo, é seguida.

“Na apreciação dos pe-didos do âmbito do licen-ciamento dos promotores de jogo, esta Direcção tem cumprido rigorosamente o Regulamento Adminis-trativo, nomeadamente no

que respeita ao processo de verificação da idoneidade dos interessados”, começa por dizer ao HM.

O organismo dirigido por Joaquim das Neves assegura que a idoneidade é algo em que a DICJ sempre se foca. “Tendo em consideração que as licenças de promotor

de jogo são válidas pelo período de um ano civil e que, decorrido um determi-nado prazo, há lugar a uma reverificação da idoneidade, está legalmente garantida a fiscalização contínua dos promotores de jogo.”

Segundo o que disse o organismo ao HM, “até ao

momento, [a DICJ] não tem informações que indiciem a prática de condutas irregula-res por parte dos promotores de jogo constantes da lista legalmente publicada no ano de 2014”.

Na carta, a IUOE quer que Manuel Joaquim das Neves explique como se determina em Macau “a adequação” dos promotores de jogo. “Para que possamos entender se a definição é aná-loga de alguma forma ao que é considerado “adequação” nos EUA.”

A IUOE representa mais de dois mil engenheiros fixos em casinos do Neva-da. Acompanhando a carta entregue à DICJ, foi um documento com mais de cem páginas sobre Pun Chi Man.

O HM também pediu esclarecimentos à Wynn, mas esta não se mostrou disponível para responder até à hora do fecho desta edição. O HM sabe que a União ainda não recebeu qualquer resposta da DICJ.

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hoje macau sexta-feira 16.5.20148 sociedade

JOANA [email protected]

O S dados apresentados ontem pelo Secretário para a Segurança, Che-ong Kuok Vá, indicam

um aumento em 25 casos, face ao mesmo período do ano passado.

A maior parte das vítimas é do sexo feminino e são esposas dos agressores. “As vítimas do sexo feminino são 70. E em 2013, foram 47 mulheres. Estão envolvidas 51 esposas.”

Segundo o Secretário, contudo, há também vítimas do sexo mascu-lino, ainda que menos do que o ano passado: são oito, sendo que três são maridos das agressoras. No primei-

A partir de 6 de Outubro será proibido fumar nas salas

comuns dos casinos e serão criadas salas de fumadores. A medida – “que visa a melhoria da saúde pública” – , foi anunciada ontem pelo Governo.

Depois de lançada a propos-ta, por seis operadoras de jogo, para a criação de salas de fuma-dores nos casinos, o Governo considera que a presente medida permitirá melhorar a qualidade do ar no interior dos casinos, reduzindo o impacto resultante da exposição, da maior parte dos trabalhadores e de outras pessoas, ao fumo do tabaco. Este tem vindo a ser, aliás, um pedido constantemente feito pelos trabalhadores do jogo.

Em comunicado, o Governo informa ainda que vai “acelerar

os procedimentos de apreciação e aprovação”, para que seja possível uniformizar a data de 6 de Outubro para a proibição total de fumo nas salas comuns dos casinos.

Desde que foi implementado o Regime de Prevenção e Con-trolo do Tabagismo, recorde-se, a 1 de Janeiro, que todos os ca-sinos de Macau podem ter zonas para fumadores até um máximo de 50% da área destinada ao público, mas a qualidade do ar dessas zonas tem que satisfazer as respectivas disposições legais. Alguns casinos não passaram na vistoria da qualidade do ar e os empregados queixam-se que o fumo passa, muitas vezes, das salas VIP para as salas comuns.

Para 2015, está prevista uma “revisão geral” da lei.

Fórum Macau organiza curso sobre jogo

O “curso sobre regulamentação e inspecção do jogo na RAEM para

autoridades angolanas” decorre até este Sábado e conta com a organização do Fórum Macau.

Segundo um comunicado, a acção de formação está enquadrada na vertente de formação em recursos humanos segundo o plano de acção concebido na 4ª Confe-rência Ministerial do Fórum Macau. Com disciplinas que versam sobre as leis do jogo em vigor em Macau, o funcionamento dos meios de inspecção ou as formas de combate ao branqueamento de capitais, o curso conta com a participação de seis autoridades do Ministério das Finanças de Angola.

A delegação é chefiada por João Boa Francisco Quipipa, director do gabinete de estudos e relações internacionais deste ministério. Rita Santos, secretária-geral adjunta do Fórum Macau, vai ainda dar uma palestra sobre o papel de Macau enquanto plataforma de negócios.

UM estudo publicado no Journal of Hospitality

Marketing & Management refere que um em cada qua-tro funcionários de jogo que trabalham no sector há menos de cinco anos pretendem despedir-se nos próximos seis a 12 meses devido a um estado de cansaço extremo, de ordem físico e emocional, causado pelo ambiente de trabalho. Os funcionários disseram ainda que sofrem de um grau moderado de exaustão devido ao trabalho que exercem.

O estudo, citado pelo jornal Ponto Final, foi feito com base num inquérito a 391 trabalhadores das seis operadoras do território, sendo que as investigadoras

consideram “preocupante” o número de funcionários que pretendem despedir-se.

Em declarações ao Ponto Final, Kim Kuok, docente de gestão da Universidades de Macau, disse que “este valor é um desastre para o planeamento de uma em-presa, até porque é difícil substituir estas pessoas já que a taxa de desemprego é muito baixa”.

O estudo refere que as próprias operadoras devem dar mais atenção às condi-ções de trabalho disponi-bilizadas, adiantando que devem ser criados turnos mais estáveis, informações sobre turnos com maior an-tecedência e a atribuição de maiores períodos de férias.

CRIMINALIDADE SOBE NO PRIMEIRO TRIMESTRE. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA AUMENTA PARA 85 CASOS

Mulheres de Macau estão a ser agredidas

ro trimestre do ano passado, foram 15 os casos de violência doméstica que envolveram homens vítimas.

Este ano verificaram-se ainda dois casos que envolveram meno-res. O número diz respeito a quei-xas feitas pelas próprias vítimas. A Lei de Prevenção da Violência Doméstica, recorde-se, está ainda nas mãos do Governo, que voltou atrás em tornar este tipo de violên-cia num crime público.

SUBIDA GERALNo geral, a criminalidade aumen-tou entre Janeiro a Março deste ano. Houve mais 8,3% de crimes, cerca de 3236, sendo que o maior aumento – 211% - foi notado nos crimes de extorsão. Mais crimes

de usura (54) foram também re-gistados pelas autoridades.

No primeiro trimestre, subidas também nos crimes contra a vida em sociedade (mais 48%), nos crimes contra o território (mais 17,3%) e nos relacionados com a delinquência juvenil. No total houve 16 casos envolvendo 20

jovens, mais 33,3% do que no mesmo período do ano passado.

A criminalidade violenta subiu também 5% (191 casos), sendo que a extorsão através dos “nude chats”, inserida neste tipo de vio-lência segundo Cheong Kuok Vá, é um dos crimes que continua a subir em flecha em Macau.

No geral, houve menos rou-bos, menos furtos e menos casos de fogo posto, mas mais pessoas foram enviadas ao Ministério Público (1186).

MENOS CONSUMO DE DROGANo dia em que se soube que a Polícia Judiciária fez a maior apreensão de droga deste ano, os dados do Gabi-nete do Secretário para a Segurança indicam que os crimes relacionados com o consumo e o tráfico de estu-pefacientes diminuíram.

No total, houve menos 40,3% de consumo de droga (72 casos) e menos 9,5% de tráfico e venda de drogas (63 casos).

As autoridades anunciaram ontem ter feito a maior apreensão de droga do ano: mais de três quilos de ice foram encontrados na posse de um norte-americano de 73 anos, sendo que a droga podia render no mercado 3,8 milhões de patacas. Uma mulher chinesa, da província de Hunan, é suspeita de ter entre-gue a droga ao homem, escondida em pacotes de chá. Ambos estão detidos. A droga estaria destinada à Austrália.

Os casos de violência doméstica estão a aumentar no território, sendo que só nos primeiros três meses deste ano houve um aumento de 25 casos, em relação aos números do ano passado

Salas comuns dos casinos sem fumo em vigor já a partir de Outubro

Um em cada quatro funcionários do jogo quer despedir-se

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hoje macau sexta-feira 16.5.2014 9 sociedade

ANDREIA SOFIA [email protected]

F OI ontem entregue a petição ao presidente da República Cavaco Silva para que os

casamentos entre pessoas do mesmo sexo, já legalizado em Portugal, seja reconhecido em Macau. Mais do que garantir os direitos dos cidadãos portugue-ses, a Associação Arco-Íris pede que haja uma maior dinamização do assunto.

Reservas cambiais recuam As reservas cambiais oficiais de Macau recuaram para 120,3 mil milhões de patacas no final de abril de 2014, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com as estimativas preliminares da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), as reservas cambiais caíram 1,4% relativamente aos dados rectificados do mês anterior e sofreram uma diminuição na ordem dos 6,6% em termos anuais homólogos. A taxa câmbio efectiva - que mede as paridades relativas cambiais contra as divisas dos principais parceiros comerciais ponderadas pelas suas quotas relativas do comércio - foi de 97,11 em abril de 2014, crescendo 0,34% e diminuindo 1,02 pontos, respectivamente, face aos dados do mês anterior e aos relativos ao período homólogo de 2013.

PUB

AvisoPrograma de Devolução do Imposto Profissional do Ano de 2012

Nos termos do artigo 18º da Lei n.º 13/2013, a Direcção dos Serviços de Finanças vai devolver 60% do imposto profissional de 2012 pago pelos contribuintes, portadores do bilhete de identidade de residente da Região Administrativa Especial de Macau, em 31 de Dezembro de 2012, até ao limite de 12.000,00 patacas. No entanto, não se vai proceder à devolução do imposto de valor inferior a 50,00 patacas. O montante da devolução vai ser pago por cheque cruzado a enviar por via postal, por transferência bancária e por título de pagamento M/7.

A Direcção dos Serviços de Finanças vai proceder, em Março e Abril do corrente ano, à devolução do referido imposto aos contribuintes que reúnem os requisitos, pelos seguintes meios:

- Transferência bancária: trabalhadores que exercem funções nos serviços da Administração Pública (incluindo os organismos autónomos) e que por eles recebem remunerações; trabalhadores de estabelecimento de ensino que recebem o subsídio directo, e pessoal docente que recebe o subsídio para o desenvolvimento profissional, previstos nos Despachos do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura n.ºs 66/2004 e 76/2012, respectivamente e

- Cheque cruzado: contribuintes cuja devolução não é efectuada por transferência bancária.

A obtenção dos dados referentes à devolução pode ser da seguinte forma:

1) Dirigem-se pessoalmente aos seguintes locais:Núcleo de Informações Fiscais / Núcleo do Imposto Profissional, sitos no Edifício Finanças, r/c e sobreloja, respectivamente;Centro de Atendimento Taipa; ouCentro de Serviços da RAEM.

2) Os utilizadores do Serviço Electrónico da DSF podem consultar detalhadamente os dados de devolução, através do mesmo sistema

3) No website da DSF estão disponibilizadas informações sobre a existência ou não da devolução do imposto;

4) Podem consultar nos 44 quiosques da Direcção dos Serviços de Identificação localizados em 31 locais de Macau, sendo necessário para o efeito o BIR.

Os contribuintes podem entregar o “Pedido de emissão de 2ª via do cheque do Programa de Devolução do Imposto Profissional do Ano de 2012”, nos seguintes prazos e locais:

Prazo

1) Para os cheques enviados para Macau: 14/04/2014 a 29/12/2017;2) Para os cheques enviados para Taipa e Coloane: 17/04/2014 a 29/12/2017.

Locais de entregaNúcleo de Informações Fiscais, sito no Edifício Finanças, r/c;

Centro de Atendimento Taipa; ou

Centro de Serviços da RAEM.

Aos 24 de Março de 2014.

A Directora,Vitória da Conceição

ARCO-ÍRIS QUER MAIOR DINAMIZAÇÃO SOBRE CASAMENTOS GAY

Direito à informação

“Os representantes do Governo deveriam trabalhar em conjunto, e sobretudo, proteger os direitos humanos. Temos vindo a receber pedidos para a assistência nesta questão”JASON CHAO

vindo a receber pedidos para a assistência nesta questão. Co-nhecemos pessoas que casaram no Canadá, mas cujo casamento não é reconhecido em Macau”, disse Anthony Lam.

O HM tentou entrar em contacto com Vítor Sereno, cônsul-geral de Portugal em Macau, mas não foi possível obter uma reacção até ao fecho desta edição.

Tanto Jason Chao como Anthony Lam consideram que Cavaco Silva tem uma postura “conservadora” em relação ao casamento homossexual. Contudo, “enquanto presidente da República tem obrigação de proteger os direitos dos cidadãos”.

“Respeitamos a liberdade de religião do presidente da República, e acreditamos que é a sua responsabilidade pro-mover os direitos LGBT, por-que, em primeiro lugar, é uma tendência universal e é algo legal em Portugal”, acrescen-tou o presidente da Associação Arco-Íris.

Jason Chao e Anthony Lam não pedem apenas o reconhecimento dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo em Macau, mas também mais informação sobre o assunto junto do consulado

“Do que temos conhecimen-to o consulado de Portugal em Macau desencoraja os cidadãos com a cidadania portuguesa que queiram casar em Macau. No website não há qualquer informação sobre o casamento homossexual, procurámos in-formações. Isto é uma questão relativamente nova e deveria ser mais dinamizada para promover a consciência dos residentes de Macau com cidadania portugue-sa”, disse Jason Chao, membro da Associação Arco-Íris e tam-bém presidente da Associação Novo Macau (ANM).

Os chineses de Macau com cidadania portuguesa “deve-riam ser informados como podem registar o casamento homossexual, é isso que pedí-amos. Podiam viajar para Por-tugal e registar lá o casamento, mas é mais conveniente fazer o registo aqui no consulado”, explicou Jason Chao.

“Os representantes do Go-verno deveriam trabalhar em conjunto, e sobretudo, proteger os direitos humanos. Temos

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10 CHINA hoje macau sexta-feira 16.5.2014

U M médico de um hospital na província de Ha Tinh, no centro do país, disse que cinco trabalhadores

vietnamitas e 16 outras pessoas descritas como chinesas foram mortas na noite de quarta-feira em distúrbios, num dos piores momentos nas relações sino--vietnamitas desde que os dois países se enfrentaram numa breve guerra fronteiriça em 1979.

“Cerca de cem pessoas foram enviadas para o hospital ontem à noite. Muitas eram chinesas. Muitas outras estão a chegar ao hospital esta manhã”, disse um médico do Hospital Geral Ha Tinh.

Entretanto, centenas de chi-neses fugiram para o Camboja

O governo de Taiwan começou a retirar esta quinta-feira

milhares dos seus cidadãos do Vietname por causa dos protestos anti-China em que dois taiwaneses foram feridos e que causaram perdas multimilionárias nas centenas de empresas da ilha que foram atacadas pelos vietnamitas, segundo fontes governamentais.

“Centenas de taiwaneses estão refugiados e sob pro-tecção policial, alguns es-condidos nas suas empresas, das quais uma dúzia foram destruídas e saqueadas, cau-sando perdas multimilioná-rias e planos de mudança”, disse o presidente da câmara de Comércio taiwanesa em Binh Duo, Tsai Wan-chen, à rede de televisão “TVBS”.

O presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, anunciou ontem a activação de um mecanismo para retirar os cidadãos taiwaneses do Vie-tname e ordenou o envio de aviões para acelerar a repa-triação dos mesmos, muitos dos quais se encontram

O S Estados Unidos consideram a co-locação de uma

plataforma de petróleo e várias embarcações da Chi-na em águas disputadas com o Vietname como “provo-cadora”, disse o secretário de Estado dos EUA, John Kerry. AP

“Kerry disse que a cons-trução pela China de uma plataforma de petróleo e numerosas embarcações do governo em águas dispu-tadas com o Vietname era provocadora”, de acordo com a porta-voz do De-partamento de Estado dos EUA, Jen Psaki.

“O secretario de Estado pediu que ambos os lados procurem baixar as tensões, garantir o trajecto seguro das suas embarcações no mar e resolver a disputa por meios pacíficos, em conformidade com a lei internacional.”

O Ministério de Re-lações Exteriores chinês disse que certamente houve atitudes provocadoras no Mar do Sul da China, mas

VIETNAME 20 MORTOS EM PROTESTOS ANTI-CHINA

As culpas e o cartório

A explosão da violência contra fábricas e escritórios de empresas chinesas “está relacionado directamente com a indulgência do governo vietnamita”XINHUA

TAIWAN RETIRA OS SEUS CIDADÃOS DO VIETNAME

Pernas para que te queroEUA ACÇÃO DA CHINA É “PROVOCADORA”

Bem prega frei Tomás…

Mais de 20 pessoas foram mortas e um enorme projecto siderúrgico estrangeiro foi incendiado no Vietname esta quinta-feira, onde os protestos anti-China se espalharam para o centro do país um dia depois de ataques no sul

parte do Mar do Sul da China reivindicada pelo Vietname.

“CONIVÊNCIA” COM PROTESTOS Pequim acusou ontem o governo vietnamita de “conivência” com os participantes nos protestos contra a China. A explosão da violência con-tra fábricas e escritórios de empresas chinesas “está relacionado directa-mente com a indulgência do governo vietnamita e a sua conivência com parte das forças locais contrárias à China e dos provocadores de dis-túrbios”, declarou Hua Chunying, porta-voz da diplomacia chinesa.

A violência contra fábricas e em-presas consideradas chinesas atingiu 22 das 63 províncias do Vietname. Segundo a agência Xinhua, 10 fun-cionários chineses desapareceram nesta quinta-feira após ataques con-tra quatro empresas da província de Ha Tinh, a 500 km de Hanói. “Até ao momento perdemos o contacto com 10 funcionários e outros 55 foram feridos”, afirmou à agência um representante da empresa mais afectada, a China 19th Metallurgical Corporation.

“Invadiram nossos escritórios, destruíram e saquearam as nossas unidades e incendiaram o nosso prédio de dormitórios”, afirmou o director de outra empresa, também citado pela Xinhua.

para escapar dos distúrbios, informou a polícia do Cambo-ja nesta quinta-feira. “Ontem mais de 600 chineses vieram do Vietname para o Camboja pelo posto internacional de controle de Bavet”, disse à Reuters o porta-voz da Polícia Nacional, Kirt Chantharith.

“Estão em pensões e hotéis em Phnom Penh, e cerca de 100 pessoas permaneceram na cidade de Bavet”, acrescentou. “Depois da situação se acalmar, poderão voltar para o Vietname ou ir para outros lugares.”

Milhares de vietnamitas re-agiram com fúria à prospecção de petróleo pelos chineses numa

refugiados e sob protecção policial, sem acesso a seus lares e sem os documentos necessários para viajar.

Os empresários taiwa-neses esperam retirar todos os seus familiares, enquanto a maioria pretende perma-necer no Vietname, refu-giados em locais seguros, até que a situação permita a reabertura das suas em-presas ou a preparação para a retirada dos seus investi-mentos do país.

O Vietname foi o prin-cipal destino dos inves-timentos taiwaneses nos últimos dez anos, segundo

dados do Ministério da Economia de Taiwan, e uma das principais fontes de operários estrangeiros e de esposas estrangeiras para os cidadãos da ilha, por isso os ataques contra taiwaneses e as suas propriedades causou surpresa na ilha.

O Ministério dos Negó-cios Estrangeiros de Taiwan enviou para o Vietname 20 mil cartazes com os dizeres “Sou taiwanês” e “Venho de Taiwan” para evitar que os manifestantes confundam as empresas taiwanesas com as chinesas.

Os protestos foram mais intensos nas províncias de Binh Duong e Dong Nai, onde existem cerca de 1500 fábricas taiwanesas, e che-garam ao seu ponto máximo na terça-feira.

As empresas taiwanesas investiram US$ 27,3 mil milhões em 2.301 projectos no Vietname desde 1988 até Março deste ano, o que transforma Taiwan na quar-ta fonte de investimentos estrangeiros no Vietname, segundo dados de Taiwan.

que a China não é a parte culpada e repetiu que os Estados Unidos foram os responsáveis por encora-jarem tal comportamento.

A China acusou o Vie-tnamita de provocar coli-sões com os seus navios no Mar do Sul da China, mas convidou o país para negociações que acabem com uma disputa criada por Pequim com a instalação de uma plataforma de petróleo gigantesca em águas con-testadas.

Uma autoridade do MNE em Pequim exigiu que o Vietname retire seus

navios, após o seu vizinho afirmar que os navios chi-neses usaram canhões de água e colidiram com oito dos seus navios no fim de se-mana perto da plataforma.

O Vietname disse que duas das embarcações foram seriamente danifica-das e seis pessoas ficaram feridas no pior revés nas relações entre as duas na-ções em anos.

Yi Xianliang, do MNE, disse que a China só tinha enviado navios civis para a área enquanto Hanói enviou vários navios militares. “O nosso objectivo, o nosso único objectivo é garantir as nossas operações de perfuração normais, legais e razoáveis” , disse Yi, acres-centando que a China seria obrigada a aumentar as suas medidas de segurança em resposta ao que chamou de provocações do Vietname. “As operações da China nas águas das ilhas de Triton e Paracel são um direito soberano da China e não têm nada a ver com o Viet-name”, disse à imprensa.

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11 chinahoje macau sexta-feira 16.5.2014

U MA empresa cons-truiu na cidade de Hangzhou, na Chi-na, uma cúpula in-

flável gigante sobre o local de uma fábrica fechada de pesti-cidas, informou a agência de notícias do governo chinês nesta quarta-feira. A “bolha” de poliéster cobre uma área do tamanho de cerca de três

campos de futebol: tem 20 mil metros quadrados, mas ainda “protege” menos que metade da zona contaminada com produtos químicos dei-xados pela empresa.

A fábrica foi fechada em 2009, mas o mau chei-ro do solo ainda obriga os moradores a cobrir as suas bocas e narizes, de acordo

com a agência de notícias, que não revelou a causa do odor.

Décadas de crescimento económico desenfreado atingiu duramente o meio ambiente da China e a poluição tem provocado protestos que ajudaram a tornar o governo da China mais sensível aos riscos.

No mês passado, o Mi-nistério do Meio Ambiente estimou num relatório que cerca de 16% do solo da China continha um nível de contaminação acima do permitido. O ministério constatou que 82,8% das amostras contaminadas continham poluentes inor-gânicos tóxicos, incluindo

cádmio, mercúrio, arséni-co e chumbo.

A China anunciou tam-bém em Abril seu primeiro projecto-piloto para o tra-tamento de poluição por metais no solo e evitar que terras agrícolas sejam mais contaminadas, mas os críti-cos dizem que os esforços não são suficientes.

Vem aí gás da Rússia A China deve assinar acordos de importação de gás natural da Rússia durante a visita do presidente Vladimir Putin na próxima semana, disse a agência Xinhua, citando o vice-ministro de Relações Exteriores, Cheng Guoping. Os dois países estão a negociar o preço para o contrato de oferta, que a princípio foi acordado no ano passado, disse o ministro. Putin estará na China na terça e na quarta-feira da semana que vem, durante um encontro em Xangai. Cheng disse que muitos dos detalhes nos acordos de gás foram acordados em Fevereiro, depois do presidente Xi Jinping se encontrar com Putin em Sochi, na Rússia, durante os Jogos de Inverno. A Xinhua não publicou nenhum detalhe sobre os novos acordos. No ano passado, a Rússia assinou um acordo preliminar para enviar para a China 38 mil milhões de metros cúbicos de gás por ano, a começar em 2018. O documento previa a construção de um grande gasoduto que ligaria campos de gás na Sibéria com cidades chinesas, a um custo estimado de US$ 50 mil milhões.

China Telecom quer investimento privadoA China Telecom, a terceira maior operadora de telefones da China, está à procura de investimento privado para desenvolver novos negócios como sistemas de pagamento on-line e redes sociais, segundo o China Daily. “Joint ventures e aquisições são caminhos possíveis para que cooperemos com empresas privadas”, disse Wang Xiaochu, presidente do Conselho da China Telecom, segundo uma matéria no jornal nesta quarta-feira. “Estamos preparados para deixar os direitos de operação para accionistas menores porém mais capazes, mesmo quando a China Telecom controlar a maioria das acções”, disse Wang, de acordo com o China Daily. Os maiores conglomerados da China, incluindo a Sinopec, ou China Petroleum & Chemical Corp, e a companhia de investimento CITIC Group, anunciaram planos de reestruturação e cisões nos últimos meses. As medidas vem na sequência do anúncio em Novembro do Partido Comunista da China de que o governo iria incentivar reformas para aumentar o papel do mercado e do sector privado em negócios estatais, amplamente vistos como ineficientes.

O chefe das forças arma-das tailandesas ameaçou ontem com uma possível

intervenção militar em resposta às violências relacionadas com a crise política, num raro comunicado oficial em seis meses de crise. “Se a violência continuar, talvez os militares tenham que sair (...) para restaurar a paz e a ordem”, afirmou Prayuth Chan-O-Cha no texto, precisando que as tro-pas “podiam ter necessidade de recorrer à força para resolver a situação”.

Até aqui, o exército tailandês recusou sempre intervir, mesmo quando os manifestantes ocuparam ministérios e edifícios públicos nos últimos meses.

A história da Tailândia está marcada por golpes de Estado (18

REGIÃO

TAILÂNDIA CHEFE DAS FORÇAS ARMADAS AMEAÇA INTERVIR

Em nome da paz e da ordemconseguidos ou tentados desde 1932, data de instauração da mo-narquia constitucional).

A última intervenção do exér-cito numa crise política remonta a 19 de Maio de 2010, quando - por ordem do Governo - lançou um assalto contra o campo dos “ca-misas vermelhas”, apoiantes do actual poder. A acção fez mais de 90 mortos e 1.900 feridos.

O último golpe de Estado mi-litar data de Setembro de 2006, quando os generais leais ao rei derrubaram Thaksin Shinawatra, no cargo de primeiro-ministro des-de 2001. Os militares assumiram a gestão do país, até às eleições, em Dezembro de 2007.

Entretanto, a comissão eleitoral tailandesa defendeu o adiamento das eleições legislativas, marcadas

para 20 de Julho, depois da morte de três manifestantes num ataque com granadas contra um acam-pamento, em Banguecoque, por recear uma escalada da violência.

Após semanas de acalmia, este ressurgimento da violência ocorre na sequência da destituição da primeira--ministra Yingluck Shinawatra, irmã de Thaksin, pelo Tribunal Constitu-cional, a 7 do corrente mês.

O movimento antigovernamental continua a manifestar-se quase dia-riamente, nas ruas de Banguecoque, em defesa da substituição do Gover-no - que afirma continuar a ser mani-pulado por Yingluck e Thaksin - por um “conselho popular” não eleito.

Por seu lado, o movimento dos “camisas vermelhas” pró-Thaksin declarou já que voltará à rua, em caso de novo “golpe de Estado

judiciário”, fazendo recear novas violências. Em 2010, os “ver-melhos” ocuparam o centro de Banguecoque durante dois meses para exigir a demissão do Governo, antes de um assalto do exército.

Com mais de 90 mortos e 1.900 feridos, este foi o episódio mais sangrento de um ciclo de crises políticas que levaram às ruas, al-ternadamente e desde 2006, os ini-migos e os defensores de Thaksin.

O milionário, no exílio para escapar à prisão por fraude finan-ceira, continua a personificar a divisão do país, entre as massas rurais e urbanas desfavorecidas do norte e nordeste, que lhe são fiéis, e as elites de Banguecoque, que gravitam em torno do palácio real e consideram Thaksin uma ameaça para a monarquia.

HANGZHOU INSTALA CÚPULA PARA EVITAR CHEIRO DE SOLO CONTAMINADO

Pesticidas do descontentamento

Page 12: Hoje Macau 16 MAI 2014 #3090

12 hoje macau sexta-feira 16.5.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

A COR DAS CEREJEIRAS • António Graça de Abreu António Graça de Abreu, tendo por base os haiku, poemas curtos nascidos no Japão, convida-nos a viajar pela melodia das palavras, a divertirmo-nos e a deixarmo-nos seduzir pela graciosidade da sua poesia que nos mostra a diferença entre o vulgar e o raro, entre o trivial e o transcendente. Segundo palavras do autor, os poemas reunidos neste livro foram “compostos no silêncio, no fluir das estações do ano, após a suave ou agitada exaltação do corpo, no deslumbramento de caminhadas por muitos e sinuosos atalhos do mundo, como pequenos poemas de circunstância, quase sempre fruto da espontaneidade no abrir das palavras.

CIDADE PROIBIDA • Eduardo Pitta«Em “Cidade Proibida” deparamos com um fresco ao mesmo tempo minucioso, cruel e desencantado da sociedade portuguesa contempo-rânea. [...] Não tenho dúvidas aliás de que Cidade Proibida, se Pitta fosse inglês, seria facilmente candidato ao Booker. Mas será que teria (ou terá) hipóteses, em Portugal, de ganhar um merecido prémio da APE?» – José Mário Silva, Diário de Notícias.

Transformers animam Venetian a partir de Junho

É já no início do próximo mês que o casino Venetian

acolhe o 30º aniversário da Expo Transformers, que vai ocupar o auditório de exposições F do complexo de jogo. A mostra ficará patente ao público diariamente até dia 5 de Outubro, das 11 às 20 horas.

O evento, organizado pelo casino e pela empresa FM Event, está pensada para ser a maior exposição asiá-tica sobre os Transformers, contando com mais de mil items de colecção, bem como estátuas de personagens com sete metros de altura.

A novidade desta ex-posição é o conjunto de hologramas de dois metros de altura, que serão projec-tados até ao final do evento, reproduzindo o planeta Cy-bertron, local fictício onde as personagens ganham vida.

A Transformers Expo 2014 vai ocupar mais de 2,5 quilómetros quadrados, onde vai ser possível ver a evolução que os Autobots – personagens de ficção que surgem sob a forma de robôs e representam o heroísmo, tendo os Decepticons como arqui-inimigos – tiveram desde a sua criação.

Como cortesia, o colec-cionador de Hong Kong, Mark Chan e o restaurador de Xangai, “Death Knell”, vão emprestar um total de 200 peças únicas, parte delas repintadas pelo artista chinês.

A exposição encontra-se dividida em dez áreas que dizem respeito a diferentes temáticas e actividades, sendo que os fãs poderão adquirir peças de colecção exclusivas, apenas à venda na Expo Transformers.

O grupo Macau Au-diovisual Alpha (MAVA) es tá ,

desde ontem, à procura de sorrisos de cidadãos de Macau em formato de fotografia, para mais tarde figurarem no espectáculo de vídeo mapping que en-cerra a festa da 25ª edição do Festival de Artes de Macau. A proposta pública de convidar a população de Macau a colaborar neste projecto foi pensada como uma forma diferente de envolver os residentes nas actividades realizadas no território.

Pos te r io rmente , o MAVA, que apelidou a

iniciativa de “Operação Sorriso”, pretende se-leccionar algumas das fotografias enviadas pelo público e juntá-las ao espectáculo de vídeo ma-pping, que prepara para apresentar na sessão de encerramento do festival, assim potenciando uma maior interactividade entre as pessoas e a arte.

As pessoas interessa-das em participar nesta iniciativa e fazer parte do vídeo do MAVA, deverão enviar um email para [email protected], com fotografias individu-ais a rir ou a sorrir.

No filme “Um sonho

de luz”, as Ruínas de S. Paulo vão ser palco para uma viagem ao mundo dos sonhos, simultaneamente demonstrando a multicul-turalidade existente em Macau. O MAVA é o pri-meiro grupo especializado em mapping arquitectural no território. Todos os filmes reproduzidos serão publicados na plataforma digital Youtube, para que mais gente possa assistir ao espectáculo.

O espectáculo de ima-gens digitais vai realizar--se de dia 31 deste mês até dia 8 de Junho, sendo apresentado às 20 e às 21 horas durante nove dias.

ARTE CONTEMPORÂNEA INVADE RUAS DE HONG KONG ESTE FIM DE SEMANA

Festivais Art Basel e Chai Wan Mei na linha da frente

MAVA QUER COLECCIONAR SORRISOS DE MACAU

Sorria, vai ser projectado

LEONOR SÁ [email protected]

A arte contemporâ-nea vai encher a cidade vizinha de Hong Kong este

fim de semana. Entre os even-tos mais marcantes estão os festivais Art Basel e Chai Wan Mei, ambos englobando uma série de actividades itinerantes que permitem que os visitantes passeiem por Hong Kong ao mesmo tempo que marcam presença em mostras de arte.

A festival anual Art Basel realiza-se pela segunda vez e permite que os visitantes “explorem as várias dimen-sões da arte moderna e con-temporânea, incluindo pin-turas de museu, esculturas e fotografia clássica”, como pode ler-se no website ofi-cial do evento. O Art Basel vai, ainda, organizar tardes

de cinema da responsabili-dade do curador Li Zhenhua, e um evento exclusivo do artista alemão, Carsten Ni-colai, que vai compreender a apresentação de Alpha, uma instalação audiovisual a ser apresentada nos dias 15, 16 e 17, às 20.30 horas. Através de um gerador de frequên-cias sincronizadas, Nicolai vai iluminar o International

Commerce Centre (ICC). A obra do artista alemão foi pensada como forma de inte-ragir com a população, tendo sido criada uma aplicação de telemóvel através da qual os espectadores poderão participar no espectáculo de luzes. Nicolai aponta o Tamar Park, o Sun Yat Sen Memorial Park e o terraço dos pódios 3 e 4 do centro

comercial IFC como os melhores locais para assistir a Alpha.

O festival Chai Wan Mei começa hoje e vai continuar

até sábado à noite em várias zonas da cidade de Hong Kong. O evento, organizado pela galeria 10 Chancery Lane, em parceria com o ins-

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hoje macau sexta-feira 16.5.2014 13 eventos

Festival de Artes do Tap Seac encerra este domingoO Festival de Artes do Tap Seac voltou-se a realizar novamente este ano, tendo começado no fim de semana passado e acabando no próximo, entre os dias 16 a 18 de Maio. A edição deste ano conta com a presença e participação de mais de 200 barraquinhas com arte para mostrar e vender, onde os núcleos criativos iMart, de Guangzhou e BGCA, de Hong Kong vão estar representadas. Tal como em anos passados, o Festival de Artes do Tap Seac tem contado com a actuação de bandas musicais do interior de China. Este evento tem entrada gratuita e abre portas às 17 horas, encerrando às 22 horas. No sábado, vai ainda haver um seminário com o crítico de cultura de Hong Kong, Craig Au-Yeung, evento integrado no Fórum anual do Auditório do Carmo.

Escola de São Paulo com nova sala de exposiçõesA Escola de São Paulo inaugura hoje, às 11 horas, a galeria de exposições Fra Angelico. A nova sala vai servir como mais um recursos educacional para professores, alunos e pais e a sua criação foi pensada para que possam ser expostas obras de artes de novos e emergentes artistas de Macau. As exposições, que podem ser da autoria de professores, antigos e actuais alunos, pais e outros membros da escola, deverão ser rotativas e podem ser compostos por obras de escultura, pintura, fotografia, imagem digital, desenho e trabalhos em cerâmica e papel.

ARTE CONTEMPORÂNEA INVADE RUAS DE HONG KONG ESTE FIM DE SEMANA

Festivais Art Basel e Chai Wan Mei na linha da frente

tituto de arte contemporânea Platform China, e a empresa Asia One, vai consistir na abertura ao público de 40 espaços artísticos que in-

cluem galerias de exposições, centros criativos e estúdios, englobando a mostra de tra-balhos de fotografia, design, arquitectura, instalações de

vídeo e pop-arte de mais de 30 artistas internacionais. Estarão abertos estúdios de arte, nos quais serão reali-zados vários workshops de escrita, de fotografia, pintura, desenho e até de comida, através do FoodLab, espaço dedicado à gastronomia. Os visitantes poderão, ainda visi-tar exposições sobre a China, como é o caso da série de fotografias documentais de Jo Farrell, que retrata o estado e a história da técnica tradicional chinesa de mulheres chinesas com pés enfaixados.

Este festival, com entrada gratuita, começa hoje às 14 horas e encerra às 22 horas, continuando amanhã, das 11 às 19 horas, no distrito de Chai Wan. A organização do festival vai providenciar autocarros gratuitos para transportar os visitantes até ao local dos eventos.

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N A manhã do dia 16 de Maio de 1710, o Capitão--geral de Macau Diogo de Pinho Teixeira convocou

todos os cidadãos para nessa mesma tarde irem a sua casa, na Fortaleza do Monte. A reunião serviu para eleger os membros do Senado e assim, daí saíram eleitos os vereadores António de Sou-sa Gaio e José da Cunha, o juiz João da Cunha Lobo, o escrivão Francisco de Mendonça e como procurador, To-más Garcez de Couto. Estranho é ter sido essa reunião na cidadela e não no edifício do Senado e ter-se Diogo de Pinho Teixeira imiscuído nos assuntos da governação civil da cidade, quan-do as suas funções eram apenas de governador militar. De salientar estar já nomeado em Goa, desde 9 de Abril de 1710, um novo Capitão-geral para Macau, Francisco de Melo e Castro, apesar da cidade ainda não ter conhe-cimento de tal.

Então, o que estava a acontecer?Desde 13 de Fevereiro de 1719, os

membros do Senado tinham-se refu-giado no Colégio de S. Paulo devido ao Capitão-geral Diogo de Pinho Tei-xeira ter anulado as eleições senatoriais devidamente efectuadas. Os senadores protestaram pois, pelas instruções re-ais, o Capitão-geral não poderia inter-ferir nos assuntos administrativos do governo da cidade.

O conflito de competências, entre o Senado e o Capitão-geral Diogo Teixeira, não era novo e tinha levado a cidade a enviar a Portugal em 1708 o Procurador do Senado Gaspar Fran-cisco da Silva para conseguir obter a confirmação dos 28 privilégios de Macau. Mas também Diogo Teixei-ra, em carta ao Rei, denunciava a má administração realizada pelo Senado. Já anteriormente, em 1688, o Senado tinha-se manifestado pelo facto de o Capitão-geral António de Mesquita Pimentel não querer dar cumprimento aos privilégios concedidos pelos Vice--Reis da Índia ao Senado de Macau. A 30 de Dezembro de 1709, D. João V confirmou o alvará passado ao Senado pelo Governador da Índia, Dom Ro-drigo da Costa e os privilégios dados pelo Vice-Rei da Índia, Dom Duarte de Menezes, para o Senado nome-ar os seus oficiais, devendo, porém, tais nomeações ser confirmadas pelo Ouvidor e os cargos perpétuos, pelo Vice-Rei ou Governador do Estado da Índia, em nome do Rei.

Ainda com Gaspar Francisco da Silva em Portugal, logo sem a cidade conhecer o que ficara regiamente de-terminado, o Capitão-geral Diogo de Pinho Teixeira ordenou a prisão e en-

O CAPITÃO GERALDIOGO TEIXEIRAE OS DOIS SENADOScarceramento dos elementos do Sena-do, eleitos no início de 1710, por es-tes não acatarem a sua autoridade, tal como a concebia.

Prevenidos a tempo, os membros do Senado refugiaram-se no Colégio da Madre de Deus, mais conhecido como de São Paulo, de onde, com a cooperação dos jesuítas, davam expe-diente aos negócios da cidade.

DOIS SENADOS NA CIDADESem conseguir dissolver o Senado, o Capitão-geral Diogo Pinto Teixeira, por uma proclamação, convocou à sua casa, na Fortaleza do Monte, todos

os cidadãos, sem excepção de pessoa alguma que não tivesse justo impe-dimento, para realizar nova eleição. Após todos, sobre ameaça, assinarem o termo da nova eleição, ficando assim dois senados a funcionar ao mesmo tempo, Diogo Teixeira enviou uma or-dem escrita para os padres da Compa-nhia expulsarem os antigos membros do Senado. Declarava já não serem senadores os que se encontravam re-fugiados no Colégio, pois o povo ti-nha feito outros para governarem esta cidade.

Como os jesuítas zombassem de se-melhante resolução, no dia 17 de Maio

mandou o Capitão-geral cercar o Colé-gio, colocando sentinelas em cada uma das portas.

Dois dias depois, o então juiz João da Cunha Lobo refugiou-se com os seus três filhos no Colégio de S. Paulo e para o seu lugar, outra vez se ajuntaram os homens bons da cidade para fazerem juiz, na falta do que se homiziou. Assim foi eleito Manuel Gomes, que também logo se recolheu no mesmo Colégio. Entretanto o Capitão-geral fez todas as diligências para que o Ouvidor entrasse à força no Colégio e prendesse os ilega-lizados membros do Senado que lá esta-vam. As fontes não revelam quem era na

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 16.5.2014

altura o Ouvidor e assim, cada um dos autores, que escreveu sobre este episó-dio da História de Macau, dá para esse cargo uma pessoa diferente, constando os nomes de João Carneiro Zuzarte, To-más Garcez do Couto, ou Gaspar Fran-cisco da Silva.

Como os Jesuítas não acederam à entrada do Ouvidor no Colégio, foi colocada uma mesa no adro da igreja, ao cimo da escadaria de S. Paulo, para aí se fazer o ponto da situação. Durante dois dias seguidos, reuniram-se o Vigá-rio Geral do Bispado, Lourenço Gomes e o Provincial da Companhia de Jesus, Miguel de Amaral e pelo lado do Ca-pitão-geral, o Ouvidor acompanhado pelo seu ajudante advogado Manuel de Abreu Preto e os tabeliães, Tomé Vaz e Cristóvão de Almeida. Os jesuítas ates-taram os seus privilégios e argumenta-ram com sucesso que não era permitida a entrada à força no seu Colégio, pois era inadmissível do ponto de vista le-gal. Terminaram assim infrutíferas as diligências.

Dias depois, mandou o Capitão-ge-ral vir um canhão do barco de António da Cruz para arrombar a porta do dito Colégio. Ou porque não acharam uma peça de artilharia transportável, ou como o tiro resultasse inadequado para esse fim, deu ordens para arrasar o Co-légio com os canhões da Fortaleza do Monte. Isto foi evitado pela interces-são de D. João do Casal que lhe foi pe-dir para deixar a cidade em paz e como não quis o Capitão-geral ceder aos seus rogos, tomou o bispo a resolução de ir para a Sé e mandar expor o Santíssimo até ao primeiro dia de Junho.

E continuando a usar as informa-ções de Montalto de Jesus, Gonzaga Gomes, Marques Pereira, Gonçalo Mesquitela e Padre Manuel Teixeira. Na tarde do dia 2 de Junho de 1710, na residência do Capitão-geral se ajunta-ram todos os prelados e alguns homens bons a fim de o convencerem a desistir do seu propósito de forçar a entrega da corporação do Senado, que se tinha re-fugiado no Colégio de S. Paulo e que fora por ele demitida, originando com isso graves desordens e inquietações em que andava esta cidade com perigo de se perder. O Padre Marco da Com-panhia de Jesus e o Vigário-Geral con-seguiram, pelas suas fortes razões, levar o Capitão-geral a mandar retirar as seis sentinelas com que cercava o Colégio de S. Paulo. A conferência desse dia não serenou o conflito que trazia a ci-dade dividida em partidos.

UMA CIDADE EM POLVOROSAMuito antes de se iniciar este grave pro-blema e sem estar relacionado com ele,

andava já a cidade em alvoroço desde 1707, quando o Patriarca de Antioquia, Charles Tomás Maillard de Tournon, foi expulso da China e em Macau fi-cou sob a guarda dos portugueses. Aí

provocou um conflito entre as Ordens religiosas, com excomunhões de ambas as partes, mas esta história ficará para uma outra oportunidade.

Dos cidadãos que no Colégio de S. Paulo estavam homiziados em grande número, nenhum se aventurara a sair, continuando a existir os dois Senados governando, um na casa da Câmara e o outro, que fora dissolvido, no Colégio da Companhia de Jesus.

O Capitão-geral convocou os ci-dadãos para no dia 6 de Junho realiza-rem a eleição do juiz que faltava, mas a maior parte deles não compareceu. Nesse dia foram sucessivamente eleitos João Soares, Manuel Peres e António Pinheiro, mas, à medida que iam sen-do eleitos, recolhiam-se junto aos seus predecessores no Colégio de S. Paulo, continuando assim vago o cargo de juiz. Também aí muitos cidadãos pro-curaram abrigo.

Duas semanas depois, a 22 de Ju-nho, chegou à vista de Macau o navio de vias, Boas Novas, onde se sabia vir o Padre José Teixeira, S.J.. Receando que este barco trouxesse ordens do Vice--Rei para o prender, o Capitão-geral e seus apaniguados, onde se incluía o Ouvidor, levaram os seus trastes e até

camas, refugiando-se na Fortaleza do Monte. Para saber das novas ordens trazidas, Diogo Teixeira mandou uma embarcação ao Boas Novas, mas esta foi recebida a tiro de bala. No dia se-guinte, outra vez foi enviada a embar-cação com Francisco Leite, acompa-nhado por soldados, mas regressaram a terra sem nada poder fazer, nem tão pouco saber.

A 23 de Junho, no aniversário da invasão holandesa, os senadores, bas-tão na mão, saíram do seu refúgio no Colégio e, escoltados por muitos par-tidários armados de mosquetes, foram a um conselho geral na casa do Sena-do, celebrado com o fim de restaurar a tranquilidade pública. Após terem sido chamados os religiosos, os Vereadores Manuel de Pina Falcão e Manuel Gon-çalves dos Santos falaram para o povo sobre as desordens ocorridas e pediram conselhos. O bispo Casal, que presidia à reunião, recusou servir de mediador face à atitude despótica do capitão--geral. Depois de muitos outros orado-res, pegou na palavra o recém-chegado Padre José de Teixeira S.J. e, pelos seus

(Continua na página seguinte)

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VIII

DIOGO TEIXEIRA

ENVIOU UMA ORDEM

ESCRITA PARA OS

PADRES DA COMPANHIA

EXPULSAREM OS

ANTIGOS MEMBROS DO

SENADO. DECLARAVA

JÁ NÃO SEREM

SENADORES OS QUE

SE ENCONTRAVAM

REFUGIADOS NO

COLÉGIO, POIS O POVO

TINHA FEITO OUTROS

PARA GOVERNAREM

ESTA CIDADE

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16 h hoje macau sexta-feira 16.5.2014

conselhos sensatos, que apelavam à concórdia, foi escolhido pelo Bispo e Vereadores para ir à fortaleza e patroci-nar a causa. Assim seguiu o jesuíta para cidadela onde intercedeu aos pés do Capitão-geral, de joelhos e com lágri-mas nos olhos, levando Diogo Teixeira a ceder. Como condições do acordo, este exigiu a capitulação da cidade. De regresso, o jesuíta apresentou o acor-dado, que foi admitido e assim foram redigidas as cláusulas de capitulação. Levadas nessa tarde à Fortaleza pelo mesmo padre, foram recusadas por se achar algumas das suas condições insa-tisfatórias. Durante uma semana, a situ-ação manteve-se num beco sem saída e o conflito, latente.

No dia 29 de Junho de 1710 reben-taram as hostilidades. Informado de que se estava a realizar um conselho geral, Diogo de Pinho Teixeira, à uma da tarde, vindo da Fortaleza do Monte e acompanhado por dois sargentos, foi a Santa Clara. Daí saiu com o capitão Tomé Marques, D. Henrique de Noro-nha, o alferes Baltazar Teixeira e uma força de quinze soldados. Dirigiu-se à casa de Francisco Leite, onde “come-ram vinho com pólvora”, para combi-nar o que fazer e daí seguiram para a casa do Senado, para dis-persar a assembleia.

Ao subirem a actual Rua do P. Luís Fróis, S.J., a gente da ci-dade armada, à frente da qual vi-nha o Vereador mais velho João de Pina Falcão, correu desde o Largo do Senado para lhes bar-raram o caminho. O encontro aconteceu já na Rua Central, onde Diogo Teixeira os intimou a afastarem-se e por estes não lhe obedecerem, mandou fazer fogo. O povo respondeu, devolvendo o fogo. O Capitão-geral resolveu retirar-se, ficando para trás Fran-cisco Leite com alguns militares. Os partidários de Diogo Teixeira fugiram apressadamente para o

Convento de S. Francisco, mas os fra-des fecharam-lhes as portas e por isso, esconderam-se em algumas casas parti-culares e no Mato de S. Clara. Por fim, Francisco Leite abandonou o local e no Campo de S. Francisco foi feito prisio-neiro com alguns dos seus, não pelos moradores que não os perseguiram, mas por quatro ou cinco cafres. Outros apanharam o alferes, que não quisera correr e após lutar para se defender, foi morto.

Enquanto tal se desenrolava, o Capitão-geral mandou a artilharia da Fortaleza do Monte fazer três tiros de peça contra o edifício do Senado e so-bre a gente que se reunira no Largo do Senado. A bala do primeiro tiro passou sobre o telhado do palácio e foi parar à casa de um chinês na Calçada do Tronco, sem ofender pessoa alguma. A segunda, entrou pela porta do Senado matando o porteiro, Francisco Tris-tão e foi bater em um dos degraus de pedra, cujos estilhaços feriram vários indivíduos. Já a terceira, não chegou a ser disparada pois o fogo não pegou à escorva.

Os cidadãos tocaram então a re-bate o sino da cidade para que todos

acudissem e o bispo mandou sair o Santíssimo, que foi levado à Fortale-za do Monte pelo Padre José de Pina. Veio o Capitão-geral recebê-lo a meio da calçada e aí ajoelhou e fez sua ora-ção. Deste modo se pôs termo à de-sordem.

No dia seguinte, o Bispo com outros superiores religiosos foram à Fortaleza do Monte pedir ao Capitão-geral que se aquietasse, concedendo este tudo o que o Bispo lhe pediu, dizendo-lhe para fazer tudo o que lhe parecesse ser mais útil e mais acertado. Ao sair da fortaleza, o bispo foi saudado com uma salva de cinco tiros.

O que iria ser o novo Capitão-geral, já se encontrava na cidade.

A 2 de Julho de 1710, os prelados reunidos com o Senado redigiram as cláusulas do acordo, que foi assinada num conselho geral. À noite, os sena-dores retiraram-se novamente para o Colégio, perante a incerteza de o Capi-tão-geral cumprir o acordo, sendo-lhe o documento enviado no dia seguinte.

No dia 8 de Julho morreu em Ma-cau o Patriarca de Antioquia, Charles de Tournon, mas na cerimónia, man-dada celebrar na Igreja da Misericórdia

Mapa chinês do século XVIII

por Pinho Teixeira, não compareceram a maioria dos religiosos, nem tão pou-co os senadores. Oito dias depois, a 16, chegou o Procurador Gaspar Francisco da Silva enviado a Lisboa pelo Senado com os privilégios desta Câmara con-firmados.

Mas os vereadores só saíram no dia 28 de Julho do Colégio, onde até então permaneceram, para assistirem à posse do novo Capitão-geral, Francisco de Melo e Castro.

A vida da cidade entrou na norma-lidade e seis meses depois, era já outro o problema. A 28 de Janeiro de 1711 o Senado reclamava ao Capitão-geral Melo e Castro, contra a Companhia de Comércio de Macau, criada em Lis-boa, por esta desrespeitar as condições régias estabelecidas sobre as fazendas livres e que agora, a Companhia con-siderava estarem abrangidas no seu ex-clusivo.

Terminamos citando o que diz Gonzaga Gomes. No dia “18 de Feve-reiro de 1711, Diogo de Pinho Teixei-ra, que governou desde 1706 a 1710, embarcou para Goa, saindo também nesta ocasião muitos indivíduos, por motivo das questões havidas durante

o seu governo, uns, voluntaria-mente, a fim de evitar que lhes sobreviesse qualquer mal, e ou-tros, por ordem de Francisco de Melo e Castro, que os teve presos, na cadeia, figurando, en-tre eles, os senadores que foram nomeados por Diogo de Pinho Teixeira, em 1710. No mesmo barco seguiu preso e excomun-gado, à ordem do Comissário do Santo Ofício, o ex-Ouvidor Tomás Garcez do Couto, por, no exercício das suas funções, ter mandado prender um naique desse tribunal.”

Muitos cidadãos deixaram também Macau, por sua livre von-tade, apreensivos com as dificul-dades que se previam para breve.

NO DIA 8 DE JULHO MORREU

EM MACAU O PATRIARCA DE

ANTIOQUIA, CHARLES DE

TOURNON, MAS NA CERIMÓNIA,

MANDADA CELEBRAR NA IGREJA

DA MISERICÓRDIA POR PINHO

TEIXEIRA, NÃO COMPARECERAM

A MAIORIA DOS RELIGIOSOS,

NEM TÃO POUCO OS

SENADORES.

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17 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 16.5.2014

N UNCA percebi bem a im-portância da edição de som até ter feito o meu primeiro filme. É que, se o seu som for

mau, uma audiência normal vai percebê--lo imediatamente. Se for bom, ninguém vai reparar. A edição de som é uma parte importante na construção da película. Se souber como editar o filme, deverá conse-guir apanhar a edição de som de forma re-lativamente fácil. Eu próprio não sou um perito na edição de som, mas sei que, para ter a minha vida mais facilitada, deve-se graver desde o início bom som no local onde estamos a filmar.

Infelizmente, Macau é demasiado compacto e denso, logo há sempre um carro a passar ou um bebé a chorar algu-res, perto de si, pronto a estragar a grava-ção do áudio. Se não conseguir um bom som no diálogo, enquanto está a filmar, tente ADR (dobragem) mais tarde. Ou seja, os actores terão de fazer novamente as falas, depois de já ter sido fechado o filme. Por acaso, fiz bastante isso no meu filme de Macau, ‘Roulette City’.

Às vezes, a atmosfera barulhenta de Macau também dá muito carácter ao fil-me. Mas todos os sons que acabam por entrar no filme, lembre-se, têm sempre de fazer sentido e ajudar a contar a história. Por exemplo, não quer sons de um cão a ladrar numa cena, quando não há cães nem nas filmagens, nem na história.

A música fala-nos à alma e é um importante elemento nos filmes. É algo que pode alterar completamente o ambiente das suas cenas. Em Macau, não é muito pedir a quem lhe arranja a música para o filme, que também faça a edição de sons. Pague-lhe um preço módico pelos dois serviços. Isso ajuda-ria também o seu ajudante a ficar mais feliz, afinal compor música é bem mais divertido do que apenas editar som.

De qualquer forma, é sempre boa ideia ouvir o trabalho do seu compo-

Thomas Lim*

FAZER UM FILME EM MACAU: DO GUIÃO ÀS FILMAGENS

Capítulo VIII: Edição de som e banda sonora

* Actor, guionista e director do filme “Roulette City”

sitor de música antes de decidir traba-lhar com ele. Em relação a Macau, faça sempre questão de anunciar as suas ex-pectativas logo à partida. Já vi

estrangeiros a criar empresas de edi-ção musical e de som em Macau pen-sando que há a falta de serviços deste tipo no território, querendo ser pagos com base em custos europeus, quando as suas capacidades e profissionalismo não estão à altura desses padrões. Isto pode aplicar-se a qualquer outra fase da produção. Para evitar casos como este, é uma boa ideia pensar num com-positor de música que já conheça bem, porque ele vai ajudá-lo a contar a sua história de uma muito melhor forma.

A MÚSICA FALA-

-NOS À ALMA E É

UM IMPORTANTE

ELEMENTO

NOS FILMES.

É ALGO QUE

PODE ALTERAR

COMPLETAMENTE

O AMBIENTE

DAS SUAS CENAS

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18 DESPORTO hoje macau sexta-feira 16.5.2014

MARCO [email protected]

O Organismo Au-tónomo Des-portivo da Casa de Portugal em

Macau está cada vez mais per-to de assegurar uma das suas mais duradouras ambições. O grupo de trabalho orientado pelo técnico são-tomense Pelé falhou nas duas últimas tem-poradas o objectivo a que se propunha, de garantir a ascen-ção ao convívio dos grandes do futebol do território. Este ano, com um plantel renovado e uma postura mais cons-ciente, a formação de matriz portuguesa está praticamente com os pés na Liga de Elite.

O grupo de trabalho diri-

SEERGIO [email protected]

O S pilotos macaen-ses Jerónimo Ba-daraco e Álvaro

Mourato estiveram em pleno destaque na corrida do cam-peonato asiático de carros de turismo, mais conhecido por TCSA, na sua sigla inglesa, no passado fim-de-semana no Circuito Internacional de Sepang, Malásia.

Com 24 concorrentes presentes, Badaraco subiu ao pódio à geral na segunda corrida, enquanto Mourato esteve irrepreensível na classe N2000, vencendo

ONZE DE MATRIZ PORTUGUESA ESTÁ A DUAS VITÓRIAS DA LIGA DE ELITE

Casa de Portugal derrotou Hong Lokgido por Pelé ficou ao início da noite de quarta-feira mais perto de assegurar o desígnio da subida de divisão, ao der-rotar a exigente formação do Hong Lok por duas bolas a uma em partida em atraso da 12ª jornada do Campeonato de Futebol da 2ª Divisão. Originalmente previsto para 8 de Maio, o encontro acabou por ser protelado devido ao mau tempo que se abateu sobre o território na recta final da semana passada.

O adiamento não afectou a predisposição da formação de matriz portuguesa, mas frente ao Hong Lok – que partia para o desafio na se-gunda posição da tabela – o onze orientado por Pelé não conheceu facilidades. Numa partida pautada pelo equilí-brio, o Organismo Autónomo Desportivo só na recta final do encontro conseguiu fazer valer a sua supremacia e traduzir em golos um enor-me manancial de ambição.

Miguel Botelho, que se tem revelado o “matador” de ser-viço na formação de matriz portuguesa, impulsionou a Casa de Portugal para a frente do marcador a oito minutos dos noventa regulamentares, ao dar a melhor sequência a um bom cruzamento do francês Nicholas Friedmann.

A formação dirigida por Pelé conseguiu fazer no es-paço de dez minutos o que não tinha conseguido operar durante os restante oitenta. A

três minutos do fim do tempo regulamentar, Jean Peres marcou de cabeça o segundo golo da partida, evitando dissabores ao conjunto de matriz lusa. Lutador, o Hong Lok não se deixou intimidar pela eficácia da Casa de Por-tugal e reduziu já em período de descontos. Mais do que a qualidade da exibição, Pelé sublinha a importância da vitória. O técnico de origem são-tomense lamenta, ainda assim, o desperdício no úl-

timo reduto do adversário: “Conseguimos alcançar o objectivo a que nos propu-nhamos, que passava por garantir o triunfo e com esta vitória estamos um pouco mais próximos de conseguir garantir a subida à Liga de Elite. O resultado poderia ter sido, ainda assim, muito mais dilatado. Falhamos muitas oportunidades e fren-te a um adversário como o Hong Lok não marcar pode ser fatal”, remata Pelé.

MOURATO E BADARACO EM DESTAQUE NO CIRCUITO DE SEPANG

Macaenses mostram como se fazambas as corridas. Aos co-mandos do Honda Accord CL7 que nos habituamos a ver no Campeonato de Car-ros de Turismo de Macau (MTCS) a época transacta, Badaraco dividiu a segunda linha da grelha de partida com o seu companheiro de equipa Leong Ian Veng. Contudo, enquanto o ex--campeão do AAMC Chal-lenge ficou pelo caminho e nem sequer alinhou na

segunda manga, Badaraco terminou no quinto posto na primeira corrida.

Na segunda corrida, dis-putada no domingo, “Nóni” finalizou na segunda posi-ção, apenas sendo batido pelo jovem tailandês Tin Sritrai, campeão em título do TCSA e que no circuito malaio venceu autoritaria-mente ambas as corridas do fim-de-semana com um BMW 320si.

Na categoria N2000, destinada às viaturas de pro-dução, Mourato, ao volante do Honda DC5 preparado pela Wing Ming Auto, viu--se surpreendido na quali-ficação por Samuel Hsieh, em carro igual. Todavia, o piloto de Hong Kong aban-donou na primeira corrida, devido a um furo, abrindo as portas da vitória na primeira corrida ao representante da RAEM. Apesar da pres-

são de Yu Kam Cheung, de Hong Kong, Mourato superiorizou-se novamente ao seu maior adversário na segunda corrida, repetindo o triunfo e saindo de Sepang isolado na liderança no campeonato, no que respei-ta à classe N2000.

Com o cancelamento das corridas de Cantão, devido aos problemas na importa-ção provisória das viaturas, e da Coreia do Sul, devido a

um desentendimento interno entre a equipa que gere os destinos da pista de Inje, o TCSA terá esta temporada provas apenas na Malásia, em Sepang, e na Tailândia, em Bangsaen e Buriram. Como as duas provas na Tailândia não contam para a categoria N2000, Mourato espera dar continuidade à sua campanha no TCSA com outra viatura. “Uma equipa de Hong Kong convidou-me para correr no carro deles da classe S2000”, disse ao HM o piloto que este ano irá mesmo comparecer à partida do MTCS na nova polémica classe 1.6 Turbo.

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hoje macau sexta-feira 16.5.2014 (F)UTILIDADES 19

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LÍNGUADE gATO

João Corvo fonte da inveja

C I N E M ACineteatro

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 27 MAX 30 HUM 75-95% • EURO 10.9 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE

No jardim do paraíso Deus não era preciso.

16 DE MAIO

SALA 1GODZILLA [B]Um filme de: Gareth EdwardsCom: Aaron Taylor-Johnson, Ken Watanabe, Elizabeth Olsen14.30, 16.45, 21.30

GODZILLA [3D] [B]Um filme de: Gareth EdwardsCom: Aaron Taylor-Johnson, Ken Watanabe, Elizabeth Olsen19.15

SALA 2 TRANSCENDENCE [C]Um filme de: Wally PfisterCom: Johnny Depp, Morgan Freeman, Rebecca Hall, Paul Bettany14.30, 16.45, 19.15

THE AMAZINGSPIDER-MAN 2 [B]Um filme de: Marc WebbCom: A. Garfield, E. Stone, J. Foxx, D. DeHaan21.30

SALA 3ABERDEEN [C](FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Pang Ho-cheungCom: Louis Koo, Gigi Leung, Eric Tsang, Miriam Yeung14.15, 16.00, 17.45, 19.30

THE ETERNAL ZERO [C](FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Takashi YamazakiCom: Junichi Okada, Haruma Miura, Mao Inoue21.30

GODZILLA

Junko Tabei torna-se na primeira mulher a chegar ao topo do Everest• A alpinista japonesa Junko Tabei, que nasceu em Fukushi-ma, a 23 de Maio de 1939, torna-se na primeira mulher a atingir o topo do Monte Everest, a 16 de Maio de 1975. Hoje é dia de recordar o feito de uma heroína nipónica.Formada em literatura inglesa, Junko Tabei tornou-se mundialmente conhecida por ter atingido o topo do Everest, algo que nenhuma outra mulher conseguira antes. A 16 de amigo de 1975, Tabei coloca a bandeira do seu país no topo da montanha mais alta do mundo, até então conquistado apenas por homens.Junko Tabei formava uma equipa de 15 alpinistas seleccio-nadas para escalar aquela montanha. O início da expedição dá-se em 1975, através do Katmandu, capital do Nepal, pela rota da pioneira conquista de Edmund Hillary e Tenzing Norgay, em 1953.No início de Maio, a 6300 metros de altitude, o grupo sofre uma avalanche, que atinge o acampamento. Junko Tabei perdeu a consciência durante cerca de seis minutos, até ser resgatada por um guia.Este incidente grave não a impediu de prosseguir a aventura e 12 dias depois, liderando o grupo de japonesas, Tabei tornou-se a primeira a alcançar o topo do Everest, num feito histórico.Neste dia, em 1770, Maria Antonieta, com 14 anos de idade, casa-se com Luís-Augusto, um adolescente de 15 anos, que mais tarde seria coroado rei da França: Luís XVI.Nas Artes, a 16 de Maio de 1966, The Beach Boys lançam ‘Pet Sounds’, referência da música pop, no mesmo dia em que Bob Dylan apresenta outra obra-prima: ‘Blonde On Blonde’.

Ah, esses bons vivãs!Entre sestas e festas, às vezes ponho-me a pensar nos portugueses de Macau. Sempre ouvir dizer que em Roma se deve ser romano e não me parece que isso aconteça muito por estas bandas. Infelizmente, noto que mesmo depois de quase 15 anos desde a transição de soberania, esta continua a ser uma terra onde muitos se acham colonizadores, desdenhando e maltratando os “seus” súbditos, que nem reis e rainhas do tempo de Dom Afonso Henriques. O real problema não são as gerações mais velhas cujo comportamento, ainda que sem desculpa plausível, pode ser tristemente justificado pelo facto de terem vivido num período de efectiva transição, experienciando os almoços de domingo obrigatórios do Clube Militar, ou os passeios de iate na então marina da praia de Cheoc Van. A verdadeira questão são os mais novos, aqueles que recebem essa mesma lógica colonial dos seus pais. Poderá, então, tratar-se de um problema hereditário? Que passa de pais para filhos e por aí em diante? Será que, num futuro longínquo, Macau vai continuar a ter essa fracção – ainda que ínfima – de colonizadores pós-modernos, que tentam exercer o seu aparente poder a cada virar de esquina, a cada pagamento ao balcão, a cada entrada no táxi? Não descurando o facto de Portugal ter governado, por vários anos, o território de Macau, julgo que seria de bom tom respeitar a restante população que por aqui vive. Primeiro, porque o civismo e a educação são pedras basilares da sobrevivência em sociedade, e depois porque – sejamos francos – os portugueses estão em franca minoria, quando comparados com os restantes residentes de Macau. Por estes lados, todos os portugueses são emigrantes, mas alguns julgam-se reis, rainhas, príncipes e princesas, donos de um reino que não é o seu. Nunca foi, nem nunca será.

A história do terceiro romance de Chico Buarque, um dos maiores músicos e compositores de Música Popu-lar Brasileira (MPB) começa com um cenário “Lost in Translation”: José Costa é o escritor fantasma que telefona a Kriska, o seu amor, que o obriga a repetir palavras numa má pronuncia em húngaro, só para se rir. Costa foi parar à Húngria por acaso, tendo deixado no seu Brasil outro amor, Vanda, pivot de telejornal.

Durante um tempo Costa vagueia entre o Brasil e a Europa, entre uma cama e outra, sempre com o estigma de ser alguém que escreve para os outros e que, por isso, está condenado a viver na sombra. Mas um dia o cenário muda, e a sua vida pessoal também. Uma leitura contemporânea, leve, onde não encontramos o Chico Buarque das canções, mas também não andamos muito longe dele. - Andreia Sofia Silva

CHICO BUARQUE, BUDAPESTE (2003)

U M L I V R O H O J E

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hoje macau sexta-feira 16.5.2014

A última vez que vi um Presi-dente não foi uma experiên-cia agradável. Já lá vão uns anos e os tempos eram ou-tros. Não se falava ainda em crise e a troika não constava do dicionário português, já se tinha a mania das expor-tações e adivinhava-se uma (re)descoberta do Oriente

em passos tímidos, mas a comunidade local, a que recebeu o Presidente, não estava com grande disposição para festas.

O Presidente chegou a Macau poucas semanas depois de cinco pessoas da comu-nidade – então bem mais pequena – terem ficado numa onda gigante que esmigalhou o coração de muitos. O Presidente não teve culpa da onda nem sequer do que aconteceu a seguir: o momento em que o bom, o mau e o execrável da diplomacia portuguesa se revelaram com toda a força, sobretudo o lado mais negro da diplomacia portuguesa.

Acontece que o Presidente, com cara de menos amigos do que parecia ter na altura em que lhe captei a voz em campanha eleitoral, veio a Macau falar de cortiça e de vinhos e de negócios. A cortiça e os vinhos e os negócios que interessavam aos jornalistas da comitiva, estrategicamente colocados à frente do Presidente; a cortiça e os vinhos e os negócios que pouco ou nada diziam aos jornalistas de Macau, estrategicamente

contramãoISABEL [email protected]

Fazem bem os que esticam os tapetes vermelhos, os que erguem os braços com copos de champanhe, os que põem a mão no peito já sem a bandeira, mas com a bandeira no pensamento. É para isso que serve a liberdade: para celebrarmos o que nos faz bem. Eu, por cá, preferia o meu país de volta

O país de voltaremetidos para as costas do Presidente, sem direito a perguntas. Fiz uma. Sobre Macau. Não foi sobre cortiça nem vinhos nem ne-gócios. Fui interrompida. Pelo Presidente. O Presidente com cara de poucos amigos. Especulou-se na altura que talvez tenha sido por causa dos maus resultados do clube de futebol do seu coração.

São tempos idos, muito idos. Na altura ainda não se falava em troika nem se so-nhava em sair da zona de conforto. Jamais se imaginaria que Portugal ia ter uma de-bandada de portugueses aflitos, ninguém poderia acreditar que a política de Macau se escondesse nas voltas da burocracia para

não atribuir residência aos portugueses, essas espécies então raras deste parque temático em construção, tão enaltecidas por alturas do 10 de Junho pelo contributo para a eco-nomia local.

Nesses tempos que já lá vão, no país do Presidente, os reformados recebiam todos os meses a mesma coisa e com a mesma coisa organizavam a vida. Ainda não tinha chegado o tempo de acabar com hospitais, centros de saúde, serviços de urgência, tribunais, finanças e todas as outras infra-estruturas necessárias a uma relação honesta com o Estado. Não se tinha ainda apostado em esquecer os velhos, em esquecer os novos,

AUGUST HERMANN KNOOP, UM

BRINDE

em esquecer os pobres, o BPN ainda não era um escândalo (para alguns) e uma história mal contada (por outros). Nesse ano que já foi há uns anos, o país do Presidente era um país de portas abertas: saía quem quisesse sair e entrava quem quisesse voltar.

O Presidente agora é outro e o Presidente vem aí. O Presidente que cá não vinha há 20 anos, quando ainda não era Presidente, só primeiro-ministro. O Presidente está a chegar e há quem o vá aplaudir, que as ins-tituições são as instituições e não as pessoas. Fazem bem em aplaudir as instituições, mas eu prefiro as pessoas. Também fazem bem aqueles que aplaudem as instituições e as pessoas que as corporizam, porque é para isso que serve a liberdade: para aplaudirmos as pessoas que, para nós, são pessoas de bem.

Também faz muito bem o Presidente em andar em digressão pela China, fazem muito bem os ministros que querem vender à China. Vendam, vendam o que ainda não venderam, façam saldos, promoções, lancem cartões de cliente, vendam mais e mais e mais que os cofres privados precisam de dinheiro, e já agora os públicos também. Vendam, vendam, vendam. Descubram o que ainda têm para vender.

Fazem bem os empresários aos pares que, por um módica quantia e com todas as vantagens do excursionismo, com guia incluído, andam à procura da China, a China de hoje e a China de amanhã, a China que compra caro, que compra tudo, a China, a China, a China, a maravilhosa China dos chineses que se iluminam com uma garrafa de vinho e uma rolha da melhor cortiça.

Fazem muito bem os representantes das universidades que alinharam na aventura e vieram à procura das condições ideais para a invenção de uma sinologia tardia, uma sinologia à portuguesa com certeza, que vieram mostrar o quão importante é a língua portuguesa, que vieram aprender o quão fantástica é a língua chinesa, que vieram declamar o quão maravilhosas podem ser as relações bilaterais de academia feitas.

Fazem muito bem aqueles que aplaudem tudo isto, que há que manter as relações entre os dois países, dinamizá-las, construir uma nova etapa, pensar no futuro, que o que vem a seguir é sempre melhor. Faz bem a diplomacia em ser diplomática e sim, sim, eu sei que fazem bem aqueles que não contam em público as privadas mensagens que só ao povo interessam, mas que ao povo não devem ser divulgadas.

Faz muito bem Macau em aplaudir tudo isto, há o passado e o passado foi fantástico, do presente nem sem fala, há medalhas para todos os gostos e feitios e até o defensor do passado grego e latino do território vai sair no final desta história com uma medalha ao peito, pelo tanto que tem feito por esta portugalidade que ostenta no primeiro nome, o nome inicial.

Fazem bem os que esticam os tapetes vermelhos, os que erguem os braços com copos de champanhe, os que põem a mão no peito já sem a bandeira, mas com a bandeira no pensamento, os que se sentem mais em casa por os lá de casa fazerem uma visitinha em passo apressado. É para isso que serve a liberdade: para celebrarmos o que nos faz bem. Eu, por cá, preferia o meu país de volta.

20 OPINIÃO

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hoje macau sexta-feira 16.5.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Joana Freitas (Coordenadora); Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; José C. Mendes; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

21 opinião

PORTAOS arqueólogos chineses descobriram nos arredores de Xian o túmulo de Qin Huangdi, o imperador da dinastia Qin que uniu pela primeira vez o império. Recentemente, surgiu a notícia de que através de sondas electromagnéticas, ou seja ainda sem entrarem no espaço, se calcula que a sala onde está o sarcófago meça cerca de 80 metros por 50. Isto é, não tem qualquer comparação com os exíguos lugares onde eram sepultados os faraós egípcios. Trata-se de uma espantosa descoberta e espera-se que as peças a encontrar tragam um enorme contributo não apenas para a História daquele período (220-206 a.C.) mas também para o acervo de arte chinesa existente.É voz corrente nos meios arqueológicos que a China está a manter esta extraordinária descoberta nalgum secretismo não permitindo, por exemplo, a peritos estrangeiros que participem nas investigações e tenham, pelo menos, acesso ao evoluir dos acontecimentos. E é pena.Afinal, a História de uma país como a China é, em si mesma, património mundial e se a China dá um tão belo exemplo de proposta de partilha da conquista do espaço, não vejo porque não há-de partilhar com os estrangeiros este momento grandioso da sua arqueologia.Tenho para mim que quanto melhor o mundo conhecer a China e a sua fabulosa História, a sua intrincada Filosofia e a sua riquíssima Literatura, mais será respeitada e admirada internacionalmente. O pior que o País do Meio pode fazer neste momento é fechar-se, ter segredos, isolar-se seja a que nível for. E muito menos o deve fazer ao nível cultural. A cultura chinesa é altamente apetecível e deve ser divulgada o mais possível no estrangeiros. Infelizmente, tal em dependido quase só de alguns estrangeiros apaixonados que tudo fazem para estudar a China e para a divulgar por esse mundo fora. Talvez seja o mundo disso mudar e ser a própria China a assumir com orgulho o seu passado, presente e futuro. E Macau? Será poderá ter neste processo algum papel? Somos ou não somos uma porta?

João Paulo CuenCa*

Q UANDO abandono os corredores de mármore do meu hotel-cassino francês, onde um chinês me saúda com “bon soir”, encontro sobrados e igre-jinhas coloniais com lan-ternas vermelhas, pedras portuguesas no chão e, ao fim da rua cortada por becos esfumaçados e pensões obscuras, as

torres dos cassinos gigantescos flutuan-do como espaçonaves na chuva –Wynn, MGM, Galaxy, Sands, a maioria deles construída depois que a soberania de Macau foi transferida de Portugal para a China em 1999.

Depois de dobrar esquinas a esmo pela cidade inédita, me perder em salas de jogo do tamanho de quarteirões e deixar US$ 80 no ímpar preto para depois ganhar US$ 40 no vermelho 13, encontro alguns amigos no topo de uma das torres, de onde se tem a di-mensão aérea dos monumentos verticais de dinheiro e insensatez. Ainda iremos a outra boate e a um terceiro subsolo com lasers fatiando nuvens de fumaça e imprimindo pontos coloridos nas pernas descobertas e muito brancas das chinesas.

Volto traçando as pernas para o hotel –e não é porque estou bêbado que caminhar pela ex-colônia portuguesa na China é uma experiência desconcertante. Um quarteirão

A cópia da cópia em Macau

A principal lição de Macau é sobre o contemporâneo e o simulacro. Aqui, há uma imitação da imitação de Veneza que existe em Las Vegas

a outra faceCARLOS MORAIS JOSÉ

resume séculos de colonialismo e uns pou-cos e selvagens anos de globalização em arranha-céus de néon emparelhados com sobrados portugueses e ruelas medievais. Cada esquina diz muito sobre a Europa e a China deste século em perpétua inaugura-ção, sobre a passagem do tempo –e, claro, sobre Portugal, essa senhora austera que nos olha de cima, ainda que estejamos no topo da escada.

céu artificial em perpétuo crepúsculo. A Europa também está em outros cassinos, como o MGM, onde há uma miniLisboa com uma estação do Rossio inteira den-tro. E no fajuto cais de pescadores, onde vemos um anfiteatro romano, uma vila mexicana, prédios art déco de Miami e mais uma imitação de Portugal e outra da própria China.

Em quantos séculos ou décadas as pessoas vão parar de conseguir diferenciar essas cópias em estilo Epcot Center dos prédios históricos da cidade? Até que ponto uma igreja em estilo colonial português na Ásia, como a Igreja da Sé, onde entrei e ouvi Roberto Carlos e sua cantilena religiosa pelas caixas de som, é mais autêntica do que qualquer um desses monumentos ao kitsch? Pois chinesa ela não é.

E ainda: dá pra relacionar a sensação que um português recém-chegado a Macau no século 18 tinha ao encontrar o calçamento copiado das ruas de Lisboa com a nossa olhando essas novas cópias no século 21? O que faz da cópia coisa orgânica, autêntica e real? Quanto tempo?

Não sei. Mas responder as perguntas que Macau nos faz o tempo inteiro ajudaria a desatar uma fita de moebius local: como foi que os bares do Rio de Janeiro começaram a parecer com as cópias de bares do Rio de Janeiro encontradas em São Paulo?

* João Paulo Cuenca é um escritor brasileiro que participou na edição de 2013

do Festival Rota das Letras

Mas a principal lição de Macau é sobre o contemporâneo e o simulacro. Aqui, há uma imitação da imitação de Veneza que existe em Las Vegas. Fica no Venezian, que é o maior cassino do mundo e fatura o mesmo que a cidade inteira de Las Vegas leva com o jogo a cada ano.

É a sexta maior construção já feita pelo homem, com 980 mil metros qua-drados, 3.000 quartos e não sei quantos canais cheirando a cloro com gondoleiros filipinos cantando “O Sole Mio” sob um

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hoje macau sexta-feira 16.5.2014 23PERFIL

SOPHIE LEI

“SINTO-ME BEM SUCEDIDA”LEONOR SÁ [email protected]

P ODE dizer-se que, actualmente, é uma das mulheres mais influentes de Macau. Pik Kwang – geralmente conhecida

como Sophie Lei – nasceu nos anos 60, em Macau, onde vive há já vários anos, tendo também estudado no Canadá. Já conheceu mundo e meio, incluindo países e regiões como França, Tailândia, América do Norte e Malásia, mas é em Macau que se sente bem, ainda que Paris e Nova Zelândia sejam dos seus destinos preferidos para férias.

Em 2009, fundou a revista de lifestyle SODA com o intuito de colmatar “a neces-sidade que a população local tem de saber o que acontece em Macau”. A par da gestão da revista, Sophie também administra a World Freight Removal com o seu marido há já 30 anos, empresa especializada na gestão de entregas e de mudanças.

“Cada vez mais jovens estão a voltar às suas raízes”, comparando com o panorama da sua juventude, nos anos 80, em que “não havia oportunidades como há hoje em dia e quem foi estudar para fora dificilmente vê Macau como possível escolha”

falha. Na opinião da empresária, a criação da revista foi “uma boa ideia”, uma vez que “cada vez mais jovens estão a voltar às suas raízes”, comparando com o panorama da sua juventude, nos anos 80, em que “não havia oportunidades como há hoje em dia e quem foi estudar para fora dificilmente vê Macau como possível escolha”.

Paralelamente, Sophie completa o seu cur-rículo com trabalhos de design e de arranjos florais, algo que aprendeu em cursos promo-vidos pela Direcção para os Assuntos Laborais (DSAL). O interesse pela área do design já vem de trás, acabando por fazer um curso no Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau (CTTPM) nesta ver-tente. Continua a ter um papel “muito activo” na área do design no território, preferindo os campos da moda e do grafismo, alegando que gosta “muito de ver coisas bonitas. Principal-mente pessoas e roupas”.

Lê muito e esteve na Coreia, em Singapura e em França para participar em alguns se-minários, conferências e cursos leccionados de design, como forma de aprender cada vez mais. “Gosto de trabalhar com gente mais nova, porque conseguem sempre ensinar-nos coisas novas”, diz.

A alimentação saudável é outra das áreas em que a designer e empresária se está a fo-car, pois acredita que devemos estar bastante preocupados com a nossa saúde. “Macau é um pouco lento em relação a este tipo de coisas”. A sua filha mais nova está prestes a licenciar--se em arquitectura sustentável, pelo que a filantropa tenciona passar mais tempo com ela para aprender sobre a temática, estando já pensada a criação de uma associação que sirva para consciencializar a população sobre a necessidade de cuidar do meio ambiente. Acredita que “só assim é possível manter Ma-cau” como “cidade com equilíbrio”. Embora a economia e a taxa de desemprego estejam de vento em popa, a gestora lamenta que “a protecção ambiental ou a alimentação saudá-vel sejam áreas ainda pouco desenvolvidas”.

Conhecida por ter sido uma das primeiras mulheres de Macau da sua geração a usar um iPad, considera que é uma das melhores formas de estar a par da actualidade e expan-dir um negócio. Quando começou a usar o Facebook como plataforma de empreende-dorismo, foi criticada por quem ainda não tinha conseguido percepcionar as vantagens do mundo online. “Isto é uma tendência e ninguém vai poder pará-la”, disse em 2009 sobre o Facebook, website que entende ter mudado “a forma de viver do ser humano”.

Sobre o sucesso, Sophie Lei diz que “tem tudo a ver com a definição que cada um”. Considera-se uma mulher “bem sucedida”, principalmente ao níveis familiar, da saúde mental e do corpo e do trabalho.

Para além disto, está também envol-vida em várias actividades de caridade, que incluem a organização de festas de solidariedade e de angariação de fundos. Entre 2011 e 2013, foi presidente do Clube Internacional de Mulheres de Macau, criado há 36 anos para ajudar os mais desfavoreci-dos. «Todas as mulheres são bem vindas no clube, independentemente do seu passado ou dos seus antecedentes”, disse ao HM. Foi a escrever para a imprensa de Hong Kong e de Macau que Sophie teve a ideia de criar a sua revista, afirmando que a população local estava “definitivamente a precisar” de uma publicação de Macau direccionada para ma-térias de lifestyle, como o bem-estar físico e psicológico, eventos culturais, entre outros. “Depois da liberalização do jogo, começou a haver muito mais actividades a acontecer em Macau”, altura em que “os locais só liam revistas de Hong Kong”, tendo a SODA Ma-gazine surgido para colmatar esta aparente

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cartoonpor Stephff

hoje macau sexta-feira 16.5.2014

Chinesa Fosun jáé dona de 80%da Caixa SegurosA Fosun International assinou ontem em Pequim com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) os documentos necessários para fechar a compra de 80% do capital das seguradoras do grupo financeiro português, por uma verba superior a cerca de mil milhões de euros. “A aquisição foi oficialmente concretizada a 15 de Maio”, lê-se num comunicado da companhia chinesa, no qual é especificado que o valor do negócio está fixado nos 1.038 milhões de euros, mas que o mesmo ainda “será ajustado com base numa auditoria que vai ser feita no espaço de 45 dias a partir desta data”. A companhia chinesa voltou a assegurar o seu compromisso “estável e de longo prazo” com este investimento, elogiando a equipa de gestão das seguradoras adquiridas (Fidelidade, Multicare e Cares) e enfatizando as sinergias que beneficiarão ambas as partes.

Funeral de ministroda Guiné-Bissau marcado para sábadoO corpo de Rui Araújo Gomes, ministro das infra-estruturas do governo de transição da Guiné-Bissau, chegou ontem ao país e o funeral realiza-se no sábado ao som da banda Capa Negra, que fundou, referiu fonte familiar à Lusa. O governante foi encontrado morto há uma semana, vítima de doença súbita, num quarto de hotel de Macau, onde representava o país num fórum sobre investimentos. A urna selada está depositada no Hospital Militar de Bissau de onde vai sair esta sexta-feira para cerimónias familiares na casa onde Rui Araújo Gomes residia. Engenheiro civil formado na antiga Checoslováquia, Rui Araújo Gomes, 60 anos, era primo em primeiro grau do ex-primeiro-ministro guineense Carlos Gomes Júnior cujo governo foi deposto por um golpe militar em Abril de 2012.

“A alternativa não se faz contra o jogo, faz-se sendo inteligente e antecipando os problemas e é isso que o governo de Macau não tem vindo a fazer.”

A abertura do casino ‘San-ds Macau’ há 10 anos mudou radicalmente não só o panorama da indús-

tria do jogo, mas também gerou mais concorrência, emprego e riqueza, a par de mais inflação e dependência económica.

Estes são alguns dos 12 prós e contras que o economista Albano Martins identifica sobre a entrada no mercado de Macau do primeiro operador estrangeiro de casinos, que veio quebrar o monopólio de cerca de quatro décadas do mag-nata Stanley Ho.

“Em dez anos muita coisa mu-dou para bem e muita coisa mudou para mal”, disse Albano Martins à agência Lusa.

Nos aspectos positivos, o eco-nomista português radicado em Macau destaca que a liberalização do mercado do jogo, legislada em 2002, trouxe “mais competição e com isso alguma modernidade à vida da cidade”, além de ter per-mitido a expansão do segmento VIP mas também do de massas.

Em terceiro lugar, o maior número de espaços de jogo “en-cheu os cofres públicos, porque a administração de Macau não tinha praticamente dinheiro nenhum, a não ser um fundo de terras que Portugal tinha deixado”.

Ao mesmo tempo, a ‘explo-são de casinos’, a partir de 2004, levou ao aumento dos salários e à criação de postos de trabalho, deixando para trás os tempos em

SANDS PRIMEIRO CASINO AMERICANO EM MACAU MUDOU MAIS DO QUE A INDÚSTRIA DO JOGO

Dez anos não é muito tempo

que a taxa de desemprego rondava os 7%, fazendo-a “praticamente desaparecer”.

Albano Martins destacou também as oportunidades geradas

com a abertura de “bons espaços de entretenimento”, os quais abri-ram caminho para a dinamização do sector de congressos e con-venções, apesar de não acreditar

que este tipo de actividade traga alguma diversificação económica porque, segundo defende, “esta vai ser sempre feita nas barbas do jogo”.

“Em sexto lugar, [a liberaliza-ção do jogo] abriu e deu a conhecer Macau ao mundo”, realçou.

Em contrapartida, “secou completamente as fontes de mão--de-obra local e criou alguma ideia, por parte dos residentes, de que não se pode estar continua-mente a importar trabalhadores”.

Apesar dos benefícios óbvios do aumento dos salários, a popu-lação passou a sofrer os efeitos da inflação. “Os custos de produção aumentaram substancialmente e isto também tem ajudado a alimentar a inflação”, disse o economista.

A multiplicação das operado-ras de jogo fez as “subir as rendas brutalmente”, contrastando com o período até ao início do novo milénio, em que “o imobiliário estava a morrer”.

O ‘boom’ económico reflectiu--se ainda no aumento da “crimi-nalidade, mas à volta do jogo”.

“A dependência do jogo aumentou fortemente, directa e indirectamente, até porque há muitas empresas a trabalharem indirectamente para o sector, e isto torna-nos [Macau] muito mais vulneráveis”, advertiu Albano Martins.

“Mas poderia ser feito de outra forma? Não, a liberalização do jogo em Macau foi uma opção muito forte, muito clara, muito inteligente da parte de Edmund Ho [antigo chefe do Executivo]”, frisou.

O problema, continuou Albano Martins, “é que depois a adminis-tração local não foi competente o suficiente ou não teve capacidade para, à medida que o jogo se foi desenvolvendo, conseguir alter-nativas na solução dos problemas que o próprio sector foi criando”.

“Macau está com enormes problemas a todos os níveis, as infra-estruturas não respondem ao crescimento brutal do jogo, a mão-de-obra não é suficiente e o Governo não corta o cordão um-bilical, permitindo que o território cresça”, sublinhou, destacando outros constrangimentos como o elevado número de visitantes da cidade (mais de 29 milhões em 2013).

Albano Martins insiste na bus-ca de soluções: “A alternativa não se faz contra o jogo, faz-se sendo inteligente e antecipando os pro-blemas e é isso que o governo de Macau não tem vindo a fazer”.