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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 24 MAX 29 HUMIDADE 60-90% • CÂMBIOS EURO 9.9 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 22 DE MAIO DE 2012 ANO XI Nº 2614 PUB Ter para ler APOIO JUDICIÁRIO Lei vai dizer quem estará na Comissão PÁGINA 4 AO FIM DE SETE ANOS Joaquim Franco volta a mostrar arte ao público PÁGINA 15 CIMEIRA RIO+20 China apresenta imagem de país ecológico ÚLTIMA OLGA RORIZ “Gostaria de trabalhar em Macau” CENTRAIS Leis por discutir que se arrastam de um ano para o outro juntam-se a novos atrasos, num padrão caótico, onde as alterações extremas na passagem da generalidade para a especialidade se tornaram hábito. Deputados dizem que a culpa é do Executivo, salientando que nem têm tempo de digerir as leis. PÁGINAS 2 E 3 De 13 propostas de lei previstas para ir este ano à Assembleia, só chegaram três. Atrasos acumulam-se, frustrações também O travão do progresso CASINOS À ESPERA Versão final de lei que condiciona entrada nas salas de jogo devia entrar em vigor a 2 de Julho. Kwan Tsui Hang duvida que o prazo possa ser cumprido SEM DATA DE ENTREGA Governo começa a distribuir casas de Seac Pai Van PÁGINA 6

Hoje Macau 22 MAI 2012 #2617

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Edição do Hoje Macau de 22 de Maio de 2012 • Ano X • N.º 2617

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Page 1: Hoje Macau 22 MAI 2012 #2617

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 24 MAX 29 HUMIDADE 60-90% • CÂMBIOS EURO 9.9 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 22 DE MAIO DE 2012 • ANO XI • Nº 2614

PUB

Ter para ler

APOIO JUDICIÁRIO

Lei vai dizerquem estarána Comissão

PÁGINA 4

AO FIM DE SETE ANOS

Joaquim Franco volta a mostrar arte ao público

PÁGINA 15

CIMEIRA RIO+20

China apresenta imagem de país ecológico

ÚLTIMA

OLGA RORIZ

“Gostaria de trabalharem Macau”

CENTRAIS

Leis por discutir que se arrastam de um ano para o outro juntam-se a novos atrasos, num padrão caótico, onde as alterações extremas na passagem da generalidade para a especialidade se tornaram hábito. Deputados dizem que a culpa é do Executivo, salientando que nem têm tempo de digerir as leis. PÁGINAS 2 E 3

De 13 propostas de lei previstas para ir este ano à Assembleia,só chegaram três. Atrasos acumulam-se, frustrações também

O travão do progressoCASINOS À ESPERA

• Versão finalde lei que condiciona entrada nas salasde jogo devia entrarem vigor a 2 de Julho. Kwan Tsui Hang duvida que o prazo possaser cumprido

SEM DATA DE ENTREGA

Governo começa a distribuir casas de Seac Pai Van

PÁGINA 6

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2 política terça-feira 22.5.2012www.hojemacau.com.mo

Deputados contestam atrasos na apresentação de leis. Dizem não ter tempo para as “digerir”

Congestionamento na Assembleia As leis são muitas, demoram muito tempo a ser analisadas e sofrem muitas mudanças depois de aprovadas na generalidade. Além disso, chegam à AL fora dos prazos previstos, o que coloca os deputados contra a forma de actuar do Executivo

Joana [email protected]

DAS 13 propostas de lei programadas para entrar na Assembleia Legislativa (AL) este

ano, apenas surgiram três, restan-do um mês para que outros três projectos sejam apresentados. A situação de atraso na legislação não é nova, mas continua a preo-cupar os deputados do hemiciclo, que pediram mais eficácia ao Governo.

Em mais um dia dedicado a dar

respostas aos deputados, Kwan Tsui Hang aproveitou para recordar que as propostas de lei que deve-riam ter sido entregues no primeiro semestre do ano começaram a chegar a partir de Março. As leis de Segurança Alimentar, Remune-rações das Forças de Segurança e alteração dos métodos eleitorais – já aprovadas na generalidade - foram-se juntando a diplomas que transitaram do ano passado, também por falta de tempo para a sua apreciação.

No total, em 2011, eram 15 as propostas de lei que deveriam ter sido concluídas. Mas, tendo em conta a agenda das Comissões Permanentes – encarregues de analisar as leis na especialidade -, seis passaram para este ano. Duas – a Lei de Salvaguarda do Patrimó-nio Cultural e o Regime Jurídico de Promessa de Transmissão de Edifícios em Construção – ainda nem subiram a plenário.

Este ano, 13 propostas têm de ser apresentadas, sendo que cinco chegariam no 1º semestre e oito no segundo. As leis de Terras e de Planeamento Urbanístico, consi-deradas das mais importantes, são algumas delas. “Há dúvidas no que respeita à conclusão dos trabalhos nos prazos definidos”, considera Kwan Tsui Hang. “Muitas das

propostas mais importantes vão ser apresentadas no segundo se-mestre, mas mesmo que se consiga despachar tudo a tempo, não se irá provocar um grave congestiona-mento da AL?” Kwan considera “lamentável” que o Governo não submeta as propostas à AL em conformidade com o previsto no programa legislativo.

AJUSTES E REAJUSTES Além dos constantes atrasos das propostas de lei, há ainda outro problema: as alterações que o Governo faz aos diplomas, depois de passarem na generalidade. Uma situação que já deu que falar entre deputados, que criticam o Execu-tivo por mudar até os títulos das leis. “A apreciação em comissão pode levar a atrasos, pois as ver-sões originais são sempre alvo de alteração depois da discussão do Governo”, reforçou Kwan Tsui Hang. “É necessário aguardar pela apresentação das novas versões, o que leva a uma suspensão na apreciação, que pode ir de meses a anos.”

Recorde-se, por exemplo, que a lei do Código Tributário foi re-tirada da análise da AL quase um ano depois de ter sido entregue. O Governo justificou que pretende rever primeiro o regime fiscal,

mas entretanto a proposta ficou meses em suspenso.

Florinda Chan, secretária para a Administração e Justiça, concorda que podem ser feitas melhorias, mas considera que todos os ajustes “são adequados” e se devem a interpretações di-vergentes da lei.

Os deputados discordam e afirmam que modificações tão profundas devem ser feitas pre-viamente à apresentação. “Tem de haver consenso logo no início da produção legislativa”, atirou Ung Choi Kun. “As leis são apre-sentadas no plenário e depois de aprovadas na generalidade chegam de novo à AL muito diferentes. Isto faz que percamos tempo, porque temos de saber o conteúdo para aprovar a lei.”

SEM SUCESSOA Direcção dos Serviços de Reforma Jurídica e do Direito Internacional (DSRJDI) serviria supostamente como centro de produção legislativa, de forma a coordenar os serviços públicos. Os deputados criticam o sistema e dizem que não se vêem resulta-dos. Chu Lam Lam, directora da entidade, assume que o atraso nas leis é originado pela necessidade de um mesmo diploma precisar

de matérias de diferentes áreas e haver divergências.

Depois da apreciação na ge-neralidade – que apenas aprova a intenção legislativa –, as leis passam à especialidade, onde se analisa artigo a artigo. São as comissões permanentes que têm de analisar o diploma, mas às vezes o tempo não é suficiente. “Se não se resolver o problema do congestionamento das leis, elas ficam paradas”, considerou Kwan. “Se há assim tantas diver-gências, então tem de se arranjar outro sistema além das reuniões, para que haja mais eficácia.”

Os deputados dizem ser impos-sível “digerir todas” as propostas de lei ao mesmo tempo, principal-mente quando, pelo atraso do Go-verno na apresentação, transitam de ano para ano.

Actualmente, estão dez di-plomas a ser analisados nas três comissões da AL, mais três foram admitidos para aprovação e ainda faltam dez outros dar entrada. Kwan Tsui Hang está pouco con-fiante. “A presente legislatura da AL termina no próximo ano e se as propostas de lei não forem apreciadas até essa data passam a ser inúteis. Deduzindo períodos de férias e fins-de-semana, o tempo para apreciação dos diplomas é bastante limitado.”

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

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3políticaterça-feira 22.5.2012 www.hojemacau.com.mo

Joana Freitas [email protected]

FOI a nova meta traçada pelo Executivo para a entrada em vigor da lei que condiciona a entrada

e o trabalho em casinos: 2 de Julho de 2012. Depois de quase dois meses desde a última reunião entre os deputados e o Executivo – em Março deste ano -, o silêncio sobre a proposta de Lei do Condiciona-mento da Entrada, Trabalho e Jogo nos Casinos chegou ao fim, quando uma nova versão do diploma caiu no site da Assembleia Legislativa (AL).

O documento traz ligeiras modificações ao conteúdo da lei anterior - aprovada na generalidade em 2011 -, incluindo a alteração do nome da legislação (antes intitula-da “Condicionamento do Acesso, Permanência e Prática de Jogos nos Casinos”).

Além de regras mais apertadas e explícitas para o acesso de jovens, funcionários públicos e pessoas

O Executivo quer proce-der a mais uma consul-

ta pública no segundo se-mestre deste ano, desta vez relacionado com o Regime de Previdência Central. O Governo quer ouvir o que tem a população a dizer sobre a transformação das contribuições em algo obrigatório – actualmente o regime é facultativo – e no montante que estas devem ter.

O Regime de Previdên-cia Central, aprovado na generalidade o ano passa-do, faz parte do Sistema de Segurança Social que prevê dar garantias aos mais idosos aquando da idade de reforma. A ser discuti-do desde 2008, há muitas dúvidas entre os deputados que analisam a proposta na

Nova versão da lei que condiciona entrada nos casinos e a data de entrada em vigor

“Não temos certeza se conseguimos cumprir”

Deputados pressionam sobre Fundo de Previdência Central

Executivo deve exigir contribuição

Segundo a versão final do diploma de Condicionamento de Entrada, Trabalho e Jogo nos Casinos – entregue em Abril à Assembleia Legislativa -, estava previsto que a lei entrasse em vigor no dia 2 de Julho deste ano. Contudo, não há certezas que esse prazo venha a ser cumprido

portadoras de deficiência ou em estado de embriaguez aos casi-nos – tanto para jogar, como para trabalhar -, a nova versão permite ainda às autoridades requerer a “Prova de Idade” – feita através de questionário –, além do tradicional documento de identificação. Entre outras modificações mais técnicas, destaca-se, no entanto, uma data concreta para a entrada em vigor da lei, algo que não é muito comum nos projectos de lei elaborados pelo Executivo e entregues às comis-sões de análise na especialidade, antes de subirem a plenário.

O prazo para a entrada em vigor – daqui a menos de 30 dias úteis – pode, contudo, não ser cumprido. Pelo menos, há quem tenha dúvidas quanto a isso.

Kwan Tsui Hang, presidente da 1.ª Comissão Permanente, encarregue de analisar a proposta na especialidade, disse ao Hoje Macau desconhecer se isso é possível. “A proposta de lei vai ter de ser discutida de forma mais aprofundada. Não temos a certeza

se conseguimos cumprir esse prazo de entrada em vigor.”

COMPETÊNCIASA deputada assegura que os mem-bros que compõem a comissão vão tentar soltar a proposta para o plenário antes do fim deste mês de Maio, mas ainda há questões que precisam de ser debatidas.

Ontem, no plenário da AL dedi-cado a responder às interpelações dos deputados, surgiu a questão da lei do jogo como exemplo de atraso no processo legislativo. Foi precisamente Kwan Tsui Hang quem criticou o incumprimento do calendário de apresentação das leis por parte do Executivo. Outra das críticas, apoiada por mais membros do hemiciclo, teve que ver com as alterações exageradas que as leis sofrem depois da aprovação na generalidade e em sede de análise do Executivo.

A justificação de Florinda Chan, secretária para a Adminis-tração e Justiça, foi a de que muitas divergências na interpretação da

lei e a participação de diferentes serviços públicos levam a atrasos na sua análise. A secretária ditou a Lei de Condicionamento de En-trada, Trabalho e Jogo nos Casinos como exemplo. “A iniciativa deste diploma era proibir o acesso dos trabalhadores da função pública aos casinos, mas agora quer alar-gar-se a outras actividades de jogo. Isso é algo que não é só da compe-tência do Francis Tam – secretário para a Economia e Finanças -, mas também da minha.”

Recorde-se que os deputados sugeriram, na altura da aprovação da generalidade da lei, que as inter-dições fossem não só nos casinos, mas nas casas de apostas e lotarias.

OUTRA DIVERGÊNCIAEsta não é, aparentemente, a única divergência. Segundo Kwan Tsui

Hang, um dos conselheiros da assessoria da AL pensa existirem diferenças entre as versões chinesa e portuguesa da lei. “Os assessores do Governo discordam, dizem haver apenas algumas palavras que têm vários significados em chinês”, referiu a deputada ao Hoje Macau.

A nova versão da lei foi apre-sentada a 23 de Abril deste ano, depois de o diploma ter sido apro-vado na generalidade em Junho de 2011. Na última reunião, em Março, Kwan Tsui Hang disse que faltava apenas a nova versão do diploma para assinar o parecer e previu que a lei poderia subir a plenário em Abril e ser aprovada na especialidade. Isso não aconteceu então e agora, faltando ainda essa aprovação, pode ser impossível cumprir o prazo de entrada em vi-gor estipulado no novo documento.

especialidade. Ho Ion Sang utilizou, por isso, o plenário de ontem para questionar o Executivo sobre a data de implementação do regi-me. O deputado ficou sem resposta, com o Governo a referir apenas que quer fazer uma auscultação pública.

Contudo, os membros do hemiciclo consideram que saber se as contribuições para o Fundo de Previdência Central vão ser obrigatórias ou facultativas e o montante dessas contribuições deve ser algo da responsabilidade do Conselho Permanente de

Concertação Social (CPCS) e não da população.

FOCO NAS EMPRESASNg Kuok Cheong sugeriu que as empresas do terri-tório e as concessionárias de jogo fossem de imediato obrigadas a contribuir para este regime. Actualmente, as injecções no fundo são feitas por trabalhadores (10 patacas), empregadores que o desejem fazer (35 patacas) e Governo. Apoiado por outros membros do hemi-ciclo, o deputado da ban-cada democrata considera

necessário mais obrigações. “Deve ser exigido às em-presas que participem já no regime, para que este seja realmente concretizável. Se não se avançar com este passo duvido que funcione.”

Também Kwan Tsui Hang questionou o Executivo sobre como incentivar as empresas inseridas nos Regimes de Previdência Central privados – como acontece com mais de 30% da população activa do território e com 2/3 dos hotéis e casinos.

O Governo diz estar a ponderar essa situação – que admite ser real – e assegura continuar a dialogar nesse sentido, podendo mesmo se-rem implementadas “medidas que beneficiem” quem fizer esta transição. Que medidas, o Executivo não avança. - J.F.

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4 política terça-feira 22.5.2012www.hojemacau.com.mo

Desenvolvimentode Habitação Pública em causaChan Meng Kam questionou o Governo sobre a Consulta sobre a Estratégia do Desenvolvimento de Habitação Pública. Afirmou que muitos residentes, após lerem a estratégia apresentada, comentaram que é atrasada, de conteúdo irrelevante e com falta de rigor científico. O deputado foi mesmo mais longe, sublinhando que leis de planeamento são feitos, como o nome indica, para planear o futuro, e que esta, tal como existe, serve para “planear o ontem”. Em suma, para ele é anacrónica e vazia. – C.L.

Chui Sai On visitaPequim e SichuanO Chefe do Executivo, Chui Sai On, lidera uma delegação do Governo da RAEM, que se desloca, no dia 26 de Maio, a Pequim, para assistir à abertura da Primeira Feira Internacional de Comércio de Serviços, e à Província de Sichuan, para a cerimónia de conclusão da construção do Centro Desportivo Aoyuan na cidade de Guangyuan. O Chefe do Executivo e restante delegação regressam a Macau no dia 30.

A Universidade de Macau vai acolher, entre 30 de

Outubro e 1 de Novembro, um colóquio internacional sobre os 500 anos das relações de Por-tugal com o Sudeste Asiático.

Intitulado “Relações de Por-tugal com a Ásia do Sueste: 500 anos de história”, o colóquio, que pretende juntar à mesa especialistas de vários cantos do mundo, terá como orador o professor Jorge Santos Alves, da Universidade Católica de Lisboa. “Após a conquista de Malaca, em 1511, desenvolve-ram-se as relações de Portugal com a Ásia do Sueste e até mes-mo com a China - e mais tarde, o Japão - tendo sido mesmo a partir de Malaca que o primei-ro português, Jorge Álvares, efectuou a primeira viagem à China, num junco chinês”, refere a nota introdutória do colóquio internacional.

Mais tarde, os portugueses acabaram por se estabelecer de forma permanente em Macau e, a partir daí, “as relações entre Portugal e a Ásia do Sueste pas-saram, então, a ser feitas através de Macau, que desempenhou assim, tal como hoje em dia, um papel de intermediário - de plataforma - nestas relações seculares”. São estas relações que se visa analisar com o contributo de académicos em várias áreas.

Rita Marques [email protected]

DEPOIS de levantadas várias questões pelos deputados relativamente à composi-ção da Comissão de Apoio

Judiciário (CAJ), que na proposta permanece “fixada por regulamento administrativo”, o Executivo decidiu proceder a alterações neste ponto. “Queremos saber a composição e o número de membros”, garantiu Chan Chak Mo, presidente da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que se reuniu pela quarta vez ontem para discutir o futuro Regime Geral de Apoio Judiciário. “Vai ser pormenorizado mas ainda não sabe-mos quão detalhadamente. Cremos que não vai abranger magistrados mas gostaríamos pelo menos de pessoas formadas em Direito.”

O CAJ, segundo o Governo, pretende aliviar o trabalho dos tri-bunais, dando vazão aos processos que ficam pendentes. Os deputados têm reiterado que a sua “criação, composição e funcionamento” não deve ficar relegada para despacho.

Mas ontem o mote da discussão prendeu-se sobretudo com os traba-lhadores não-residentes, que na nova proposta passam a ter direito a apoio judiciário desde que sejam “porta-dores de título de identificação de não-residente”. Os deputados ques-tionaram o Governo se conseguirá avaliar os bens que se encontrem fora do território para determinar a situação de insuficiência económica. “Há possibilidade de cálculo, mas se o trabalhador tiver uma casa na China como é que se pode fazer esse cálculo?”, referiu Chan Chak Mo. “Em várias situações é o requerente que faz a declaração e só se houver alguma dúvida é que o Governo pro-cede a uma investigação. Segundo o Governo, activa-se o processo de investigação para apurar se há falsa declaração de bens e, neste caso, o Governo pode imputar a responsa-bilidade à pessoa em causa.”

De qualquer modo, esclarece, não está em causa o direito à obtenção de apoio judiciário, que naturalmente deve ser concedido tendo em conta o “princípio de igualdade” presente na Lei Básica. “Creio que no futuro a comissão em causa há-de acompanhar bem o pedido.”

DILEMA ROLLS ROYCEA questão da presunção de insu-ficiência económica parece estar

Relações de Portugal com Sudeste Asiático debatidas em colóquio

Macau discute diplomacia

Composição da Comissão de Apoio Judiciário incluída na lei

Apenas gente de direitoA entidade responsável pela concessão de apoio judiciário não vai estar somente definida em “regulamento administrativo”. Os deputados bateram o pé e conseguiram que o Governo determine na nova proposta quem a compõe

finalmente encerrada, segundo o presidente da 2ª Comissão Perma-nente da AL, depois de justificada pelo Governo a sua retirada. Há, na lei ainda em vigor, que remonta a 1994, quatro grupos de pessoas que não precisam de apresentar atestado sobre insuficiência eco-nómica. Entre eles, os que recebem indemnização por terem sofrido um acidente de viação. “Por exemplo, como é que é possível um condutor de Rolls Royce ter dificuldades financeiras? Neste caso, não é pos-sível fazer valer a presunção. Agora já há uma forma de cálculo. Assim, concordo e aceito a explicação do

Governo porque antigamente não havia este cálculo.”

O novo cálculo que determina a insuficiência económica, a partir do cálculo dos bens disponíveis e da com-posição do interessado e seu agregado familiar, pode estar melhor definido, segundo o porta-voz da segunda co-missão. “Ainda há várias questões que se prendem com a composição, por exemplo, os padrastos e madrastas, mas a assessoria jurídica do Governo vai reunir em breve, tendo em conta estas dúvidas lançadas.” Os critérios, por alterar, ficarão então adiados para discussão na próxima reunião, ainda sem data definida.

“Malaca e outras regiões da Ásia”, “Missões e Missionários no Sudeste Asiático”, “Espa-ços, culturas e miscigenação”, “Memórias e Identidades” e “Os Portugueses no Mar do Sul da China” e “Legados luso--asiáticos” constituem alguns dos temas propostos no âmbito da iniciativa.

Além do académico Jorge Santos Alves, de Leonor de Seabra e de Maria Antónia Espadinha (ambas do Departa-mento de Português da Univer-sidade de Macau), a Comissão Científica é composta ainda por Hugo Cardoso (Universi-dade de Coimbra), José Carlos Venâncio (Universidade da Beira Interior) e Maria de Deus Manso (Universidade de Évora). - Lusa

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5sociedadeterça-feira 22.5.2012 www.hojemacau.com.mo

Encontrados 43 trabalhadores ilegaisNo passado mês de Abril a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e o Corpo de Policia de Segurança Pública (CPSP) efectuaram buscas de fiscalização a diversos locais de emprego. Da parte da policia, foram efectuadas buscas a 270 lugares, sendo que oito foram transferidos pela DSAL. Aí foram encontrados 31 trabalhadores ilegais. Já da parte do Governo foram revistados 12 locais, tendo sido encontrado um trabalhador em situação ilegal. As obras de construção civil e as residências, bem como os estabelecimentos comerciais e industriais foram os locais alvo de procura da polícia e do Governo.

Presidente da AICEPestá de visitaO presidente do Conselho de Administração da AICEP, Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, vai estar em Macau esta semana. Pedro Reis será orador num seminário sobre oportunidades de investimento e cooperação em Portugal. Esta é uma iniciativa da AICEP e do Instituto de Promoção do Investimento de Macau (IPIM), no dia 25 de Maio no Macao Business Support Center. Na sua intervenção, Pedro Reis dará a conhecer as reformas em curso para potenciar o crescimento económico português, quais os sectores de actividade mais atraentes e as melhores oportunidades de investimento em Portugal, com destaque para as privatizações.

Infecções detectadasnuma crecheO espaço para os mais pequenos da Associação Geral das Mulheres de Macau registou seis casos de crianças infectadas com a Doença de Mãos, Pés e Boca, através dos enterovírus que chegaram às turmas C e D. De acordo com um comunicado dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), “a situação clínica de todas as crianças infectadas foi ligeira e as mesmas não necessitaram de internamento hospitalar”. Entretanto, os serviços procederam à recolha de amostras das crianças infectadas para análise e a creche já tomou medidas para controlar a infecção.

Inflação atinge 6,27%Dados dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que a inflação no território voltou a subir. O Índice de Preços do Consumidor (IPC) revela que os preços subiram 6,75% em Abril, quando comparado com igual mês do ano anterior. As causas para o aumento prendem-se com a existência de preços mais elevados das refeições fora de casa, da carne fresca e dos produtos hortícolas. No que diz respeito a Abril de 2011, os preços das bebidas alcoólicas e tabaco aumentaram 29,55%, enquanto os produtos alimentares e bebidas não alcoólicas registaram uma subida de 9,5%.

Andreia Sofia [email protected]

AO contrário do que acontece nos Estados Unidos, em Macau é raro ver um processo

colocado em tribunal por parte de uma empresa que perde o concurso para ter uma concessão de jogo. Na opinião de Nelson Rose, académi-co norte-americano, tal acontece porque “é pouco provável” que as empresas ganhem o processo contra o Governo.

Tais situações, afirma, quase nunca aconteceram. “As empresas não querem ter essa preocupação, fazer um processo contra Macau ou China e trazer os casos para

Rita Marques [email protected]

EM visita de fiscalização aos estaleiros de Seac

Pai Van, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) promoveu um fórum sobre a segurança e saúde ocupacional com os gestores da empreitada da obra e o pessoal da linha da frente responsável pela fiscalização de segurança do Governo, de forma a priori-zar a segurança no trabalho.

Os gestores das emprei-tadas de obra, no decurso deste encontro, pretendem continuar a implementar o Ciclo de Trabalho Seguro - trabalhos de auto gestão de segurança e reforço de formação dos trabalhadores relativos à segurança - pro-movendo uma boa cultura de segurança e saúde pro-mocional.

Por sua vez, a DSAL exigiu aos empreiteiros o reforço da auto-fiscalização, em especial os aparelhos elevatórios e monta-cargas, assumindo o seu papel de monitorização dos trabalhos e normas de segurança. Vai, no entanto, considerar os problemas encontrados pelos empreiteiros relativos à gestão e cumprimento da segurança, de forma a aper-feiçoar a política de segu-rança e saúde ocupacional.

Isto sem esquecer a ne-cessidade de os empreiteiros aderirem ao “Acordo de Segurança e Saúde Ocupa-cional”, na participação do “Prémio de Segurança na Construção Civil 2012”, na construção de um mecanis-mo eficaz de comunicação trilateral sobre segurança e saúde ocupacional - Go-verno, empreiteiro e traba-lhadores.

Cecília [email protected]

DOIS representantes de um grupo de trabalhadores da construção

civil foram ontem protestar à porta de Companhia Song Seng. Tudo porque, alegam, esses empregados foram des-pedidos sem justa causa e por retaliação.

A história começa há algum tempo, quando um grupo de cinco trabalhadores locais foi à Direcção dos Serviços para os Assuntos Labo-rais (DSAL) apresentar uma queixa contra a empresa, devido a salários em atraso. “Fomos à DSAL fazer queixa”, conta um dos representantes. “Após a

Trabalhadores com salário em atraso reclamaram. Por isso terão sido despedidos

Quem faz queixa sofre retaliação

DSAL garante mais fiscalizaçãonas empreitadas

Prometemosver bem as obras

As lutas judiciais entre quem perde concessões de jogo e o Governo são raras em Macau, porque há poucas possibilidades de as empresas americanas vencerem um processo no território. Quem o diz é Nelson Rose, especialista em legislação sobre o jogo

Quem perde concursos por licenças de jogo nunca contesta

Uma forte tradição de Macau

reclamação, a Companhia Song Seng deu os salários dos primeiros dois meses a outros seis trabalhadores na mesma situação, mas nós os cinco, que fizemos a queixa, não recebemos nada. E o pior é que recebemos uma carta de despedimento no dia 8 deste mês, com a justificação de que a obra onde trabalha nos agora ficará concluída no fim do mês.”

Um responsável da Companhia Song Seng negou os salários em atra-so dos cinco trabalhadores. Afirmou que foram pagos dois meses ao total dos 11 empregados e o restante será saldado “quando o fluxo de tesouraria da empresa for melhor”.

os tribunais de Macau, porque as possibilidades de ganharem não são muito boas. Não iria valer a pena.”

O académico, que passou on-tem pela Universidade de Macau (UMAC) para falar sobre leis do jogo, estabelecendo um ponto comparativo com os Estados Unidos.

A sua visão, esclarece, não visa os tribunais da RAEM. “De certeza que existe aqui um quadro jurídico maduro que já funcio-na há tempo suficiente, assim como tribunais independentes. Não há qualquer indicação que os tribunais tenham feito um trabalho inadequado. Mas talvez não estejam habituados a esta

onda de perdas que acontecem quando estão envolvidas grandes empresas americanas.”

SEM ADVOGADOSOs juízes locais decidirem pouco sobre este tipo de casos parte, nota-se mais com a comparação feita por Nelson Rose, porque a sociedade norte-americana é bem

mais litigiosa do que a chinesa. “É uma situação pouco comum, porque Macau é parte da China e até há décadas a China tinha eliminado todos os advogados. Então estamos perante um sis-tema que durante anos não teve advogados, enquanto nos Estados Unidos temos bastantes. É algo cultural.”

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6 sociedade terça-feira 22.5.2012www.hojemacau.com.mo

A partir de amanhã as famílias inscritas para ter acesso a uma fracção económica vão receber as cartas do Instituto de Habitação para poderem escolher qual a casa onde querem viver no lote CN3. Quando poderão fazê-lo é que permanece uma incógnita

Andreia Sofia [email protected]

O edifício chama-se Koi Nga e alberga 1824 apartamentos perten-centes ao lote CN3,

situado no aglomerado de habita-ções económicas de Seac Pai Van, em Coloane. Será esta a futura morada para as famílias que estão na lista de espera do Governo para poderem comprar uma casa mais barata, sendo que a mudança para a nova residência está a meses de tornar-se realidade.

Cecília [email protected]

AS empresas retalhis-tas e os restaurantes

locais têm dificuldades em arranjar empregados, devido às melhores ofertas de emprego que surgem dos casinos. Este ano, e depois de já ter sido inau-gurado mais um casino, as dificuldades agravaram-se para as Pequenas e Médias Empresas (PME) até para

os trabalhos de Verão – empregados sazonais, como estudantes, estão também a optar por ofertas das operadoras de jogo.

Mesmo pedindo can-didatos sem qualquer requisito profissional pré-vio, os empresários das PME começam a ter fortes dores de cabeça para os contratos do Verão que se aproxima.

O proprietário de uma loja de lembranças, Leong,

disse que já pôs anúncios nos jornais locais, ofe-recendo 30 patacas por hora, com muito escassa resposta. “Quatro anos atrás, os estudantes com-petiam para conseguir estes trabalhos de verão, os empregadores não se preocupavam tal era a fartura de mão-de-obra. Já não há qualquer exigência para os empregos, mas muitos estudantes pensam que o trabalho é duro. E os

casinos também contratam trabalhadores de Verão.”

Outro empresário, Chow, proprietário de um restaurante na Avenida Costa e Horta, refere os mesmos problemas. “Os estudantes querem salários de 30 a 40 patacas por hora, nós no ano passado já subimos de 25 para 28. A maioria deles exige que o horário não passe da meia-noite. E não pode ser muito difícil.”

PME aflitas para contratar empregados sazonais de Verão

Todos nos casinos

Governo começa a distribuir casas económicas de Seac Pai Van

Chave na mão sem data

Sun Star Plaza Contratosassinados em breveTam Kuong Man deixou muitas dúvidas no ar quando questionado sobre as perdas de 21 milhões de patacas com a venda das 317 casas económicas do bloco 3 do edifício Sun Star Plaza. Aos jornalistas, o presidente do IH desculpou-se com a lei. “A escritura vai ser feita de acordo com a legislação. O Governo vai fazer em breve os contratos e a empresa de advogados já informou os seis agregados familiares para se fazer a escritura pública de acordo com a lei. Consideramos os interesses dos agregados familiares, os proprietários têm direitos e garantias.”

Os esforços pelo ambienteQuestionado sobre o lado ecológico dos materiais utilizados nas casas de Seac Pai Van, Tam Kuong Man afirmou que o projecto está a ser feito de acordo com os critérios ambientais. “O equipamento sanitário das casas está equipado com água reciclada, que também têm gás natural”, afirmou o presidente do IH, sem lançar qualquer explicação sobre a questão dos isolamentos. Recorde-se que a arquitecta Maria José de Freitas afirmou ontem ao Hoje Macau que o IH não cumpre critérios ecológicos. “Os edifícios têm de ter isolamento. Vemos que na habitação de Coloane as paredes têm de ter um mínimo de 15 centímetros, não há um principio ecológico e o IH não adopta esses princípios.”

para os candidatos terem a chave na mão.

Olhando para os preços afixados pelo Governo em Boletim Oficial, as casas mais baratas, de tipologia T1, podem atingir o valor máximo de 615 mil patacas. Já as mais ca-ras, de tipologia T3, chegam a um milhão. Os preços não variam muito das casas económicas situadas no Edifício do Lago, mas já a distância é relativamente maior.

SETE MIL À ESPERAO presidente do IH, Tam Kuong Man, justifica-se com uma aná-

Isto porque é já amanhã que o Instituto da Habitação (IH) começa a enviar as cartas para os candidatos, que depois têm um prazo para escolher qual o tipo de casa onde querem morar. A partir do dia 12 de Junho cada família terá de ir ao IH confirmar o apartamento escolhido.

Depois de analisados todos os processos, serão emitidas as licenças que permitem a assinatura do contrato de compra e venda das casas, sendo que o processo poderá levar ainda alguns meses. Portanto, não há uma data concreta

lise aprofundada de diversos factores. “O Governo convidou três empresas profissionais para avaliar o preço da habitação. O IH considerou também o preço do mercado e outros princípios, como a economia das zonas vizinhas, a capacidade, a localização e a orientação das fracções, e espe-cialmente a capacidade de aqui-sição dos agregados familiares.”

Até ao passado dia 18, eram mais de sete mil famílias em lista de espera para ter acesso a uma casa, mas o Governo já prometeu que a lista poderá sofrer uma redu-

ção até Dezembro deste ano, altura em que deverão terminar as obras em Seac Pai Van. “Esperamos depois no primeiro trimestre de 2013 atribuir as outras fracções”, garantiu Tam Kuong Man.

Embora o local próximo de Coloane ainda seja habitado por pó e terra, os responsáveis ga-rantem que os futuros moradores terão estruturas adjacentes aos apartamentos prontos. “Não é difícil porque já existe sanea-mento público. Vamos ter mais instalações sociais, bem como um supermercado.”

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7nacionalterça-feira 22.5.2012 www.hojemacau.com.mo

O primeiro-ministro da China, Wen Jia-bao, disse numa entrevista à rádio

estatal Sunday que o país deve evitar que a sua economia desa-celere rapidamente, o que exige medidas políticas decisivas.

“Evitar que a economia entre numa tendência de desacelera-ção, e evitar uma desaceleração muito rápida, é de grande urgên-cia. Não importa qual seja a polí-tica fiscal ou a política monetária, não podemos esperar para ver e perder assim o tempo certo para agir. Precisamos de implementar as políticas num cronograma adequado, se acreditarmos que estas são as acções correctas.”

Wen também prometeu dar uma maior prioridade ao cres-

O chefe dos serviços secretos de Taiwan disse ontem que a China planeia construir

dois novos porta-aviões, além daquele que as Forças Armadas do país já têm, um antigo navio soviético que está agora em testes.

“É verdade que Pequim decidiu cons-truir sozinha dois porta-aviões”, disse Tsai Teh-sheng, que lidera o Departamento de Segurança de Taiwan, no parlamento. Afirmou ainda que a construção dos dois porta-aviões deverá ter início em 2013 e em 2015, respectivamente, com datas de entrega previstas para 2020 e 2022, e serão equipados com motores convencionais, não nucleares.

O responsável pelos serviços de segu-rança referiu ainda que, desde meados de 2011, a China realizou seis testes no mar ao

seu primeiro porta-aviões. Taiwan prevê que este navio entre ao serviço antes do fim do ano, sublinhou. “Inicialmente, pode servir apenas para treinos, mas pode ser transferi-do para batalhas no futuro, se necessário”, referiu Tsai Teh-sheng.

Os testes no mar ao navio chinês têm vindo a causar preocupações na comunidade internacional quanto ao aumento do alcance do poder naval chinês, no contexto do au-mento das tensões regionais, das disputas sobre o controlo de áreas do Mar do Sul da China e quando os Estados Unidos estão a reforçar a presença militar no Pacífico.

OLHAR FURTIVONa passada semana, Taiwan anunciou que vai construir 12 novos navios de guerra

“furtivos”, capazes de passar desperce-bidos pela maioria dos radares, numa reacção à escalada militar chinesa.

Estes navios vão estar equipados com mísseis “Hsiung Feng” (Ventos Bravos), capazes de atingir o dobro da velocidade do som, com um alcance de 130 quiló-metros.

A política do executivo de Taiwan é manter forças de dissuasão que protejam a ilha de um eventual ataque chinês mas manter, ao mesmo tempo, conversações para assegurar boas relações com Pequim.

Os laços entre a China e Taiwan têm vindo a melhorar desde que, em 2008, Ma Ying-jeou tomou posse como presidente de Taiwan, prometendo evitar os conflitos com Pequim.

A produção diária de aço da China subiu para um

recorde de 2,045 milhões de toneladas nos primeiros 10 dias de Maio, segundo dados da Associação de Ferro e Aço da China (Cisa) divulgados na sexta-feira. Os números desafiaram as expectativas de uma fraca procura, que forçaria as fábricas a reduzir a produção.

O mercado de aço da China está com excesso de

oferta, diante de um quadro em que a procura pelo metal continua fraca desde o final do ano passado por causa de medidas de contenção do mercado imobiliário do país, que já duram há um ano.

Mas as siderurgias au-mentaram a produção e estão a tentar maximizar os seus lucros apesar de recuperação sazonal mais fraca do que o esperado. A China é a maior produtora de aço do mundo.

“As pequenas unidades de siderurgia ainda estão a conseguir obter um lucro pequeno e, tanto quanto sei, a maior parte das fábricas não promoveram ainda cortes de produção”, disse Hu Zhen-ghwu, analista da consultoria Custeel.com.

Segundo este analista a produção de aço da China deve continuar no patamar de cerca de 2 milhões de toneladas em Maio.

McDonald’s espera ter 2.000 restaurantes até 2013A cadeia norte-americana McDonald’s vai contratar mais 70.000 empregados na China em 2012 e até ao fim do próximo ano espera elevar para 2.000 o número dos seus restaurantes no país, noticiou ontem a imprensa oficial chinesa. Símbolo mundial do “fast-food” e do “modo de vida americano”, a McDonald’s tem já 1.400 restaurantes na China, que empregam cerca de 80.000 pessoas, e este ano tenciona “abrir mais 220 a 250”, indicou o jornal China Daily.

Pequim aprova a compra de Motorola pelo Google O ministério chinês do Comércio aprovou, com a imposição de algumas condições, a compra da Motorola pelo Google. O Google deverá cumprir uma série de obrigações que incluem a permissão de utilização da plataforma Android em sinal aberto. De acordo com o comunicado, o ministério do Comércio recebeu a 30 de Setembro do ano passado a solicitação da operadora do Google.

Pescadores regressam após detenção na Coreia do Norte A embaixada da China na Coreia do Norte disse ontem que os pescadores chineses sequestrados com os seus navios em águas entre os dois países foram libertados e regressaram a casa. A imprensa chinesa revelou há uma semana que 29 pescadores chineses tinham sido sequestrados por norte-coreanos que apreenderam também os três navios onde seguiam os homens do mar. Apesar de nunca ter sido referido tratar-se de sequestradores norte coreanos – apenas era referido que falavam coreano – a imprensa relatou que os meliantes pediam cerca de um milhão e meio de patacas para resgatar os pescadores.

Morgan Stanley reduz crescimento do PIB para 8,5%A Morgan Stanley reduziu a sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China para este ano de 9% para 8,5%, mas afirma que continua optimista sobre as perspectivas macro económicas do gigante asiático. A instituição avalia que a China tem mais opções para ajustes do que outros países, com espaço, por exemplo, para a flexibilização da política monetária. Diversas instituições de investimento reduziram as suas previsões de crescimento económico da China em 2012, após a divulgação de uma série de indicadores fracos em Abril.

Volkswagen lança “Projecto Carro do Povo” a OrienteA Volkswagen lançou o Projecto Carro do Povo, na China, para receber ideias de como seria o carro mais popular do futuro. O projecto recebeu sugestões de cidadãos do país asiático, e uma das ideias foi a de um veículo que pudesse estacionar em qualquer lugar, inclusive no ar. A sugestão foi de Jia Wand, da cidade de Chengdu, e tinha por objectivo inicial lidar com os congestionamentos - por isso, o veículo que imaginou para o tráfego urbano seria pequeno. A Volkswagen usou a ideia para criar um modelo conceito, que simula um veículo com emissões zero e que operaria graças a um sistema de levitação electromagnética, que só seria possível numa rede de estradas com as mesmas características. A ideia do Hover Car, como foi chamado, também incluía a facilidade de ser operado por qualquer pessoa.

Wen Jiabao defende ser essencial evitar rápida desaceleração

“Não podemos esperar para ver”

Taiwan diz que Pequim está a construir dois novos porta-aviões

Poder naval a crescer

Produção diária bate recorde no início de Maio

A maior produtora de aço

cimento económico, segundo noticiou a agência estatal Xinhua, face aos sinais de fragilidade apresentados recentemente pela economia chinesa. Segundo afirmou, a China vai empenhar--se ainda mais para garantir um crescimento sólido, enquanto mantém uma política fiscal pro-activa e uma política monetária prudente.

Estes comentários indicam que a recente desaceleração da economia gerou sérias pre-ocupações entre as principais autoridades da China, e sugerem fortemente que novas medidas de estímulo devem ser adoptadas num futuro breve. Wen disse neste fim de semana que as auto-ridades vão adoptar “medidas de ajuste fino” no prazo adequado,

em resposta aos novos proble-mas que surgiram na economia.

ESTÁVEL APESAR DE TUDOApesar dos comentários sobre a necessidade de incentivar o crescimento, Wen disse que as condições económicas actuais na China estão, de forma geral, estáveis. Além disso, o cresci-mento ainda estaria dentro da “faixa da meta esperada”.

O primeiro-ministro também disse que o governo vai acelerar a expansão de um projecto piloto de reforma tributária implantado em Xangai. Nesse programa, certas indústrias viram os seus impostos corporativos substi-tuídos por um imposto de valor agregado (VAT, na sigla em inglês) com uma taxa menor.

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8 publicidade terça-feira 22.5.2012www.hojemacau.com.mo

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9regiãoterça-feira 22.5.2012 www.hojemacau.com.mo

OS concertos de Lady Gaga nas Filipinas vão manter-se como

estavam planeados, apesar dos protestos dos grupos cristãos e apelos a que a controversa cantora seja expulsa do país, indicou a organização.

Allan Florendo, adjunto do vice-presidente do SM Mall of Asia, um gigantesco centro comercial cuja arena acolhe os concertos (ontem e hoje), afirmou que estavam preparados para os milhares de fãs de Lady Gaga e tam-bém para os manifestantes.

OS enviados “nucleares” de Coreia do Sul, Estados Unidos

e Japão pediram esta segunda-feira à Coreia do Norte para se abster de realizar novas “provocações”, de-pois do lançamento em Abril de um foguete de longo alcance, informou a agência Yonhap.

O enviado sul-coreano, Lim Sung-nam, e os seus colegas japonês, Shinsuke Sugiyama, e americano, Glyn Davies, reuniram-se ontem de manhã em Seul para estudar maneiras de evitar novos testes de mísseis por parte da Coreia do Norte.

“Em resposta ao lançamento fra-

O ministro timorense da Economia, João

Gonçalves, considerou ontem ser uma “questão de tempo” haver mais empresários portugueses a investir no país, salien-tando que tem tentado promover Timor-Leste em Portugal. “Tenho ido várias vezes a Portugal e tenho tentado promover o potencial de Timor-Leste e as oportunidades de negócios que o país pode oferecer, bem como os incentivos, que através da

nossa lei do investimento, damos a investidores em Timor-Leste.”

João Gonçalves falava à agência Lusa no final do Seminário Empresarial Luso-Timorense, que se realizou no Centro de Conferências de Díli e que reuniu empresários de ambos os países. “É uma questão de tempo para que possamos ter mais em-presários portugueses a investir em Timor-Leste.”

Aos empresários pre-sentes no encontro, o

ministro timorense da Economia disse que Ti-mor-leste está inserido num continente que está a crescer e que o país pode servir como “plataforma de acesso de empresários portugueses à Ásia”.

Questionado sobre quais os sectores onde os empresários portugue-ses poderiam investir, o ministro da Economia referiu as áreas de agro--negócios, industrial, pro-cessamento de produtos alimentares, pesca, turis-

mo e recursos minerais, nomeadamente mármore, granito, calcário e pedras preciosas.

Segundo o ministro, o sector do turismo é o que tem maior potencial. “Te-mos um potencial enorme ainda por ser explorado.”

A Caixa Geral de Depósitos e a Portu-gal Telecom, accionista maioritária da empresa timorense Timor Tele-com, são duas das maiores empresas portuguesas a operar no país.

O presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak,

instou ontem o seu governo a tomar medidas para amortizar o impacto de uma eventual de-gradação da situação europeia, perante os receios da Grécia abandonar o euro.

Lee Myung-bak explicou na reunião semanal do Governo que devido ao aumento da in-certeza sobre a crise na Grécia, a Coreia do Sul tem de “traba-lhar em conjunto com peritos e organizações económicas para preparar vários cenários”, reve-lou a agência Yonhap, que cita o porta-voz presidencial. “Temos de assegurar que a crise não seja um motivo de preocupação para a nossa população.”

Na Coreia do Sul, a quarta economia da Ásia, a preo-

Concertos de Lady Gaga nas Filipinas vão realizar-se apesar dos protestos de grupos cristãos

“Rezar contra vídeos blasfemos”

Coreia do Sul, EUA e Japão lançam novo aviso à Coreia do Norte

Fim às provocações

Ministro da Economia de Timor-Leste diz que investimento português é questão de tempo

Potencial enorme

Situação europeiapreocupa Coreia do Sul

Grécia é a maior dor de cabeça

“Estamos muito bem preparados em termos de segurança. Temos mais de 300 pessoas, além da polícia local. Temos pelo menos 100 seguranças, além de vários porteiros e arrumadores.”

A digressão asiática de Lady Gaga tem sido confron-tada com protestos, incluindo na Indonésia, onde a polícia recusou emitir a licença para o concerto de Junho depois das ameaças de grupos islâ-micos radicais.

Cerca de 500 manifes-tantes cristãos juntaram-se nas proximidades do local que vai acolher o espectá-

culo em Manila, que tem cerca de 20 mil lugares, segurando velas debaixo de guarda-chuvas. “Somos pessoas amantes da paz, o nosso objectivo não é a violência, nem destruir nada para chamar a atenção”, afirmou Orlando Cutaran, dirigente da Associação Evangélica de Profissionais Cristãos. “Não queremos interferir nos negócios de-les. Estamos apenas a rezar para que os organizadores mudem de opinião. Estamos a tomar posição contra as canções e os vídeos blas-femos da Lady Gaga. Não

queremos que os jovens se-jam influenciados por isto.”

Lady Gaga, que chegou no sábado às Filipinas, ficou no hotel durante o dia.

A cantora norte-ameri-cana tinha agendado apenas uma data nas Filipinas, mas acabou por marcar dois concertos devido à elevada procura de bilhetes.

As autoridades de Manila já avisaram Lady Gaga para evitar nudez, condutas lasci-vas e atitudes blasfemas nas Filipinas e adiantaram que terão inspectores no concerto para garantir que não passa dos limites.

cassado (norte-coreano) a comunida-de internacional – incluindo a Coreia do Sul, os EUA, o Japão, a China e a Rússia - enviou uma mensagem clara e coerente a Pyongyang para

que se abstenha de realizar novas provocações”, disse o enviado sul--coreano, em declarações publicadas pela Yonhap.

“Não haverá outro caminho (para a Coreia do Norte) a não ser tomar a decisão correcta”, segundo Lim, que desejou que o encontro sirva para acertar o rumo do regime de Kim Jong-un “rumo à paz”.

Após a reunião de Seul, o enviado americano para os assuntos nucleares, Glyn Davies, irá para Pequim onde se reunirá com seu colega chinês, Wu Dawei, para dialogar sobre os testes de mísseis da Coreia do Norte.

cupação pela situação grega aumentou nas últimas semanas pela possibilidade de que o país helénico não possa cumprir com os termos do resgate finan-ceiro, o que poderia obrigar a Grécia a abandonar o euro e, por consequência, desestabilizar os mercados.

A Grécia volta às urnas a 17 de Junho, depois de terem fa-lhado as tentativas de formação de um Governo de coligação após as eleições de 6 de Maio, no meio de uma grave crise económica e do debate sobre a continuidade no euro.

AINDA ASSIM...Apesar da crise europeia, as exportações sul-coreanas para a União Europeia aumentaram 16,1% em termos anuais e durante a segunda metade de 2011, potenciadas pelo tratado de Comércio Livre assinado em Julho.

As exportações para o bloco europeu aumentaram no caso de produtos refinados de petróleo (mais 235,4%), de automóveis (71,8%) e de componentes para veículos (15,3%).

Dados oficiais sustentam que 61,4% das empresas sul--coreanas e 47,1% das empre-sas europeias beneficiaram do acordo de Comércio Livre.

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10 terça-feira 22.5.2012www.hojemacau.com.moentrevista

Rita Marques [email protected]

José C. [email protected]

Está a ser um ano difícil para a cultura em Portugal. Como está a saúde da Companhia Olga Roriz?Este ano foi o segundo em que a Companhia não teve possibilidade de ter um contrato anual. Só convidei os bailarinos para fazer as criações. A nossa incerteza tem a ver com as próximas candidaturas. Também tenho o problema do espaço porque há dois anos mantinha um [cedido pela seguradora Tranquilidade] que agora terei de abandonar. Voltamos outra vez à estaca zero. Vou precisar de arranjar outro para a Companhia.

E a formação que dava lá?Todo o trabalho pedagógico e de residências artísticas que faço terei também de abandonar.

“Nortada” tem uma ligação evi-dente às suas origens, em Viana do Castelo. O que quis mostrar nesta representação do Norte?Tivemos um convite da Câmara Municipal de Viana do Castelo, quando foi altura dos 750 anos da cidade. Sendo de lá, fazia todo o sentido que fizesse esta homenagem à terra. Vivi lá até aos três anos e passei sempre três meses de férias durante a minha adolescência, até aos 15. Foram meses muito peculiares porque são tempos de liberdade, de amigos, de namorados, das praias, das viagens, dos hobbies e tinha também todo o lado familiar. Mas este trabalho tem também relação a Portugal, num todo, e à cultura e povos latinos.

Disse numa entrevista “não trato todos os dias do meu corpo mas todos os dias tenho de escrever”. A função de escritora já está in-corporada na coreógrafa? A escrita tem a ver com uma reflexão. Pensar as coisas é muito importante, portanto para reter estes meus pen-samentos tenho de escrever. Não é uma escrita poética, terá mais a ver com notas sobre os temas em que me estou a debruçar ou sobre nada (risos).

O que lhe dá mais prazer: dirigir o seu corpo de bailado ou fazer um solo?Um sítio perfeito é onde eu danço a minha própria dança. Julgo que para qualquer bailarino, mas nem todos são coreógrafos, claro. Já quando era pequenina perguntei à minha mãe se os bailarinos faziam a sua dança. Ela disse: “não, são os coreógrafos”. E eu respondi: “quero ser isso”. Ainda nem sabia dizer a palavra.

Mantém os seus medos vivos nos espectáculos para exorcizá-los?É mesmo isso que tenho a dizer. É um modo por um lado de os exorci-

Olga Roriz, bailarina e coreógrafa de 56 anos

“O corpo já não executaas minhas ordens

zar, sob uma forma até terapêutica, porque os remédios dos artistas são os espectáculos. Na vida, na dança e nas minhas criações trago todos os meus medos, tal como trago as minhas felicidades e infelicidades. Não deixo coisas em casa.

Enquanto bailarina, como é que se contorna o medo da queda, que diz sentir?(Hesita) Isso é mais complicado de explicar porque há muitas maneiras de lidar. Mas é um momento superior. É até um privilégio dos intérpretes, de quem pisa um palco. Experiências que na vida real não conseguiríamos ter. E algumas dão-nos muito prazer (risos).

Há também outro medo, talvez mais próximo das mulheres, que é o envelhecimento do corpo. Como lida com isso?No caso de um bailarino, é uma luta feita numa base diária. Desde a infân-

cia, no meu caso. O envelhecimento assusta qualquer mulher, que vê a mudança do seu corpo em frente ao espelho todos os dias, sem o con-seguir controlar. Porque a partir de certo momento já não é controlável. E comigo não foi há muito tempo. Há cinco anos queria emagrecer e sabia perfeitamente o que tinha de fazer. Neste momento, o meu corpo já não executa as minhas ordens.

Porquê?É uma luta constante com a dor porque o meu corpo já está muito deteriorado. Enquanto antes pen-sava 50% no meu corpo, neste mo-mento penso 100%. Adormeço a pensar, acordo a pensar e às vezes, a meio da noite, dói-me qualquer coisa (risos).

Sente que o corpo controla, em certa medida, a cabeça?Não é só em certa medida, é com-pletamente (risos). Controla muito.

O que representa para si ser com-parada a Pina Bausch? Essa comparação honra-me muito, quando é feita dessa maneira. Porque há algo que me une à Pina Bausch. A minha dança é uma dança teatro, que ela desenvolveu. Conheci-a e sei quão parecidas éramos. Falámos bastante tempo. Há muita coisa que pensamos sobre a vida e as pessoas e sobre o porquê de fazermos dança e de como a criamos que percebi que eram pontos comuns. O que não me agrada nada é quando comparam os nossos espectáculos como se a estivesse a copiar.

Sente que por vezes subestimam o seu trabalho?Sim e não gosto. No ano passado, disseram de forma muito indelica-da que eu tinha feito o “Pedro e a Inês”, de 2003, como uma cópia do “Vollmond” [Lua Cheia, 2006]. Ora, a minha peça foi feita três anos antes. Depois escrevi a perguntar

se afinal não tinham achado que foi Pina Bausch quem me copiou (risos).

O que pensava ela das suas peças?Não ia a Lisboa ver as minhas peças. A única coisa que lhe passei para as mãos foi a minha biografia, que ela gostou imenso e tinha sempre dentro do estúdio. E os três filmes que fiz. Por isso, tenho muita pena de não ir a Macau, porque ia com a “Nortada” e paralelamente mostrava os meus filmes.

Qual foi a última vez que estiveram juntas?Na última vez que ela se deslocou a Portugal. Combinámos que ela ia ver um ensaio da peça que eu estava a fazer, mas acabou por não apare-cer. Depois perguntei-lhe porquê. “Olhei para o estúdio mas vi-te tão concentrada que não te quis pertur-bar”, respondeu-me. Porque ela era assim. Não gostava de perturbar

Macau estreia amanhã o espectáculo “Nortada”, pela Companhia Olga Roriz, mas a autora não pôde vir. Ao Hoje Macau, revela que não só pretende visitar o território como trabalhar com uma companhia local. E conta também os desafios que a nova fase da sua vida lhe traz

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11terça-feira 22.5.2012 www.hojemacau.com.mo entrevista

Olga Roriz, bailarina e coreógrafa de 56 anos

“O corpo já não executaas minhas ordens

porque naturalmente também não gostava de ser perturbada.

As mulheres das suas peças têm a fragilidade feminina e a força masculina em simultâneo. É uma representação de si própria?É um retrato da mulher que gostaria que todas fossem. Sensuais, bonitas, elegantes, mas super-fortes, agressi-vas, se for necessário, contundentes e independentes.

Como a Olga Roriz?Também (risos). Mas não se trata de um auto-retrato. Porque jogo com a personalidade das pessoas com quem trabalho.

Não se pode deslocar a Macau porque se encontra em palco português com o solo “Present in Progress”. Pensa vir ao território em breve?Claro que sim. Infelizmente, houve uma mudança de datas que não me

permitiu estar presente com no XXIII Festival de Artes de Macau, apesar das tentativas de mudança de datas. Agora que houve uma abertura para a companhia, es-pero que possamos ir novamente não só com outros espectáculos mas também com um solo meu. Gostaria até de poder trabalhar aí com uma companhia de Macau. De coreografar uma peça minha ou re-montar uma peça, que obviamente só poderá ser feita se aí estiver.

Há essa expectativa para um fu-turo próximo?Com certeza que sim. Aliás, a com-panhia está neste momento muito vi-rada para a internacionalização, um objectivo cada vez mais necessário, não só para nós mas por qualquer companhia. Em princípio, iremos muito em breve ao Brasil. Portanto, espero que os contactos com o Brasil e com Macau possam trazer-nos um futuro proveitoso.

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12 vida terça-feira 22.5.2012www.hojemacau.com.mo

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Maria João BelchiorEm Pequim

O grande êxodo chinês devido à barragem das Três Gargantas

afinal ainda não terminou. Depois de mais de um mi-lhão de pessoas terem sido deslocadas para dar espaço à água que ia submergir os terrenos, agora é a vez de mais cem mil mudarem de casa.

O risco apareceu nas paredes das casas que come-çaram a apresentar fissuras em 2008 em várias aldeias no município de Chongqing onde os terrenos se tornaram mais instáveis desde que a subida da água na barragem atingiu a altura máxima de 175 metros.

Grupos de prevenção de desastre geológico têm vin-do a analisar os terrenos as-sim como a frequência com

Mais cem mil pessoas devem abandonar as casas

Três Gargantas cria mais deslocadosque sucedem deslizamentos de terras. Entre 2008 e 2011 ocorreram mais de duzentos deslizamentos de terras que afectaram a vida de 13 mil pessoas. Os números mos-tram o risco acrescido e, por prevenção, anunciou-se no final de Abril que mais cem mil pessoas deviam mudar de casa até ao final deste ano.

Pequenas aldeias em Chongqing estão ficar vazias à medida que os habitantes se mudam. O número de rachas nas paredes das ca-sas aumentou visivelmente assim como a profundidade destas nas paredes. O gover-no quer evitar mais desastres relacionados com uma obra que desde que apareceu em projecto no final da década de 80, tem estado envolvida em polémica.

Segundo um relatório a que a revista chinesa Caixin teve acesso, nos últimos dez anos vários projectos de

engenharia foram adiados na região devido à falta de certezas sobre a estabilidade dos terrenos.

O nível da água subiu 175 metros e submergiu centenas de hectares de terra arável nas encostas do rio.

Inicialmente estabeleceu-se como áreas das vilas a serem deslocadas todas as que se situassem até ao limite de

175 metros, sendo os valores das compensações dados de acordo com a altitude da vila. Agora acontece que aldeias que estão mais de 25 me-tros acima do nível dos 175 metros também começam a apresentar riscos para os habitantes.

Este ano é o último ano antes da barragem estar a funcionar na sua capacidade total. Alguma instabilidade nos terrenos vai obrigar a mais deslocações até ao final do ano. E no que respeita a compensações, o governo locais de Hubei e Chongqing dizem que a responsabilida-de de financiar os fundos de compensação aos habitantes deve agora passar para a companhia Three Gorges, administradora da barragem. Uma opinião de que a Three Gorges não partilha, estando a decisão final sobre de quem é a responsabilidade, nas mãos do governo central.

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13vidaterça-feira 22.5.2012 www.hojemacau.com.mo

HOJE NO PRATO

COM todos os 50 reactores nucleares parados, o Governo japonês decidiu nesta

sexta-feira pedir a cidadãos e empresas para pouparem entre 5 e 15% de electricidade no Verão e assim evitar apagões.

A decisão governamental diz respeito ao período entre 2 de Julho e 7 de Setembro. As maiores poupanças, pelo menos 15% em relação aos consumos do Verão de 2010, são pedidas na região abasteci-da pela companhia de electrici-dade Kansai, no Oeste do Japão e onde se situam as cidades de Osaka e Quioto.

Das nove companhias eléc-tricas regionais que abastecem o Japão, Kansai é uma das mais dependentes da energia nuclear, uma fatia do bolo energético que, em 2010, ultrapassou os 40%, segundo o jornal Wall Street Journal.

A região abastecida pela companhia Kyushu é desa-fiada a reduzir 10% dos seus consumos e os clientes das companhias Chubu, Chugoku e Hokuriku pouparão 5%. A

Quase cinco mil asteróides podem ser perigosos para TerraOs dados da sonda WISE permitiram aos cientistas da NASA calcular que existem cerca de 4.700 asteroides que podem ser perigosos para o planeta Terra. A sonda analisa o espaço com recurso a infravermelhos. A Wide-field Infrared Survey Explorer (WISE) permitiu aos cientistas avaliar os asteroides potencialmente perigosos para o planeta Terra. Os asteroides em causa orbitam próximo da Terra e têm tamanho suficiente para resistir à atmosfera terrestre, e, no caso de uma queda, causar estragos no planeta. A NASA já fez saber que cerca de 4.700 deles têm diâmetros superiores a 100 metros. Entre 20 a 30% do total já foi identificado, os restantes resultam de estimativas dos investigadores. Lindley Johnson, responsável pelo Programa de Observação de Objetos Próximos da Terra, financiado pela NASA, comentou as estimativas, em declarações citadas pela agência EFE: “Fizemos um bom começo na busca dos objectos que realmente representam um risco de impacto com a Terra.”

Maior telescópio solar europeu já está a trabalharO Gregor, o maior telescópio solar europeu, que será inaugurado no próximo dia 21 deste mês, já trabalha. O aparelho funciona a partir do Observatório de Teide, em Tenerife. O objectivo é observar as camadas do Sol e a magnetosfera. O equipamento, que pode captar a actividade solar com uma definição de 70 quilómetros, tem 1,5 metros de abertura e é aberto, ou seja, não está no interior de uma cúpula. Um consórcio desenvolveu o telescópio durante dez anos, num projecto liderado pelo Instituto para a Física Solar de Kiepenheuer, em Friburgo. Entre as funções do Gregor está a criação de um mapa detalhado do Sol.

Voo inaugural da nave Dragon foi adiadoUm problema no motor do foguetão Falcon 9, da empresa SpaceX, impediu no último segundo da contagem decrescente que a nave Dragon partisse de Cabo Canaveral para o seu voo inaugural com destino à estação espacial internacional ISS. Sucessora dos vaivéns espaciais da NASA nestes voos entre terra e órbita, a Dragon deveria transportar para estação espacial meia tonelada de mantimentos destinados à tripulação. Os responsáveis já anunciaram que a próxima oportunidade de lançamento é hoje, se o problema puder ser reparado até lá.

Sem nuclear, Governo pede a japoneses para cuidarem da electricidade

Toca a poupar

Macau Sã Assado

Sabia que...

... os Humanos consomem 50% de toda a água potável? Todas as outras espécies têm que se contentar com a que sobra.

ISTO É QUE VAI UM SARILHO• Pegar na mangueira é um sarilho em Macau. Aliás, em caso de incêndio o “sarilho de mangueira” tem mesmo de ser grande para poder apagar todos os fogos.Porque Macau sã assi mas também sã assado

Foto: Rita Marques Ramos

electricidade que pouparem será distribuída para Kansai e Kyushu, segundo a estação NHK.

O Verão é uma das épocas do ano com maiores picos de

consumo de electricidade. No ano passado, as companhias de energia impuseram apa-gões controlados e apelaram à poupança junto dos cidadãos e empresas. A 1 de Maio deste ano, foi relançada a iniciativa Cool Biz, que permite aos funcionários em escritórios do Governo trabalharem sem gravatas e arregaçar as mangas, para enfrentar o calor sem ares condicionados. As empresas adoptaram formas de poupar electricidade, como as lâmpa-das LED.

Ainda assim, o problema da eventual falta de electricidade poderá ser aliviado se voltarem a funcionar os dois reactores da central nuclear Ohi, parados desde 5 de Maio para manu-tenção. O primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, dis-se nesta quinta-feira que, em breve, vai tomar uma decisão sobre aqueles dois reactores e os municípios mais próximos da central estão já a debater uma proposta do Governo para aceitarem a retoma da activida-de daquele complexo nuclear.

OS APAGÕES PROGRAMADOSO Governo japonês já avisou a companhia Kansai e outras três empresas eléctricas regionais que se devem preparar para

apagões programados, durante o Verão, no caso de cortes de electricidade. Estes deverão ocorrer uma vez por dia e durante duas horas.

Mas Tóquio recusou imple-mentar poupanças de electrici-dade obrigatórias para não preju-dicar a actividade económica do país, justificou nesta sexta-feira o ministro da Economia, Moto-hisa Furukawa, em conferência de imprensa.

Antes do acidente de Fukushi-ma, causado por um tsunami a 11 de Março de 2011, a energia nuclear satisfazia entre 25 e 30% das necessidades eléctricas do Japão. Desde a catástrofe, um por um, os reactores do país foram encerrados. Quatro dos seis que compunham a central de Fukushima encerraram definiti-vamente depois do acidente. Dos restantes, uma parte está parada para manutenção ou testes de segurança e outra, apesar de já concluídas estas operações, aguardam autorização local para reiniciarem a produção.

Com todos os 50 reactores parados, as companhias de elec-tricidade já instalaram novos sistemas de produção de energia, como painéis solares e reactiva-ram antigas centrais térmicas, o que obriga a importações de combustíveis fósseis.

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terça-feira 22.5.2012www.hojemacau.com.mo14 cultura

Rita Marques [email protected]

OCUPANDO o nono lugar mun-dial ao nível do valor de produ-

ção, as indústrias culturais da Coreia do Sul foram analisadas em viagem ofi-cial do Conselho para as Indústrias Culturais (CIC), entre os dias 7 e 12 de Maio.

A força do mercado de novos produtos digitais deste país, sobretudo na senda por acompanhar o avanço da tecnologia, tem-lhe garantido a expan-são destas empresas nos mercados internacionais. Isto porque, o Governo

ADULADA como “rosa argeli-na”, a voz possante comparada

à estrela egípcia Umm Kulthoum não resistiu, aos 72 anos, a um súbito ataque cardíaco.

Durante mais de uma década, a voz de Warda al-Jazairia não se ouviu porque o marido a proibira de cantar. Retomou a carreira em 1972 depois do divórcio que a levou para os braços de um grande compositor a quem deve o apogeu. Agora, a diva argelina da música clássica árabe calou-se para sempre. Depois de mais 300 canções de patriotismo e amor, o seu coração parou subita-mente aos 72 anos.

De seu nome verdadeiro Warda Fatouki, a cantora mas também ac-triz que os fãs conheciam por Warda al-Jazairia (rosa argelina) ou apenas por Warda, nasceu em Puteaux, na região de Paris, em 1940, filha de uma libanesa e de um argelino. Foi num clube do pai, no Quartier Latin, aos 11 anos, voz possante, expres-sivos olhos castanhos e elegância nos gestos, que começou a chamar a atenção, entoando versões dos lendários egípcios Umm Kulthoum (aclamada como “rouxinol do Cairo”), Mohammed Abdelwahab e Abdelhalim Hafez. O seu apoio à Frente Nacional de Libertação (FLN) durante a guerra da Argélia forçou-a a deixar a França, em 1958.

Refugiada, primeiro, em Rabat (Marrocos) e depois em Beirute (Lí-bano), Warda decidiu mudar-se para o Egipto, onde teve lições com os mestres que emulava. Ganhou fama

BBC faz reportagem sobre os “Dóci Papiaçam di Macau” e o PatuáTem destaque na página da Internet da conhecida cadeia televisiva BBC. O Patuá é visto quase à luta por uma jornalista que se deslocou ao território e assistiu à peça de teatro do grupo de teatro “Dóci Papiaçam de Macau”. A BBC fala do Patuá como um crioulo que mescla o Português, o Cantonês e o Malaio. Enfatiza que apenas uma franja reduzida de pessoas a nível mundial falam o dialecto, que foi recentemente classificado pela UNESCO como “criticamente ameaçado”. A BBC entrevistou Ana Cardoso, Miguel Senna Fernandes e ouviu o “fascínio pelo património único de Macau”. “É parte de nós. Mantem-nos conectados com os nossos antepassados e as nossas raízes”, referiu Ana Cardoso. A cadeia de televisão britânica fala também do Patuá como “a língua do riso” e as suas ligações ancestrais à Malásia. “Remonta ao século XVI e veio de Malaca, onde ainda hoje um crioulo – Papia Kristang – ainda é falado por um pequeno número de pessoas”, explicou Miguel Senna Fernandes.

Morreu Robin Gibb, dos Bee GeesRobin Gibb, de 62 anos, morreu domingo, depois de uma luta de dois anos contra um cancro no cólon e no fígado, anunciou um porta voz da família. O cantor do grupo Bee Gees, internado num hospital de Londres, tinha sido sujeito a uma traqueostomia, há cerca de uma semana, depois de ter passado 12 dias em coma no mês passado. O seu estado era já muito débil, prevendo os médicos que, se Robin Gibb recuperasse da operação e dos dias em coma, tivesse que reaprender a andar.

Grupo chinês compra a AMC EntertainmentO grupo chinês Wanda anunciou ontem a compra da cadeia de cinemas norte-americana AMC Entertainment por 20 mil milhões de patacas constituindo a maior empresa mundial do sector. Além daquela verba, o Wanda investirá 3,9 mil milhões de patacas na AMC Entertainment para desenvolver novas iniciativas, diz um comunicado assinado pelas duas empresas. No campo da exibição cinematográfica, a cadeia Wanda é considerada a maior da Ásia, com 730 salas espalhadas pela China. “Esta aquisição ajudará a fazer do Wanda um proprietário de cinemas verdadeiramente global. Partilhamos com a AMC Entertainment uma paixão pelo crescimento da indústria cinematográfica mundial”, disse o presidente do grupo chinês, Wang Jialin.

Conselho para as Indústrias Culturais foi ver como se faz crescer o mercado

Seguir o modelo da Coreia do Sul

Desapareceu uma das últimas divas da música árabe

Adeus Wardacom uma magistral interpretação de “al-Watan al-Akbar” (A pátria maior), hino patriótico composto por Wahhab. Em 1962, voltou à Argélia celebrar a independência e casar-se. O marido confinou-a à casa e ela só voltou a actuar em 1972, quando o então presidente, Houari Boumediène, a convidou para retomar os palcos. O povo emocionou-se quando a ouviu cantar “Min Baide” (De longe), um louvor à nação livre.

A aceitação do convite con-duziu ao divórcio. De regresso ao Egipto, onde fixou residência, Warda conheceu Baligh Hamdi, compositor célebre, que se tornou segundo marido e artífice de uma carreira brilhante na música (agora feita de originais) e no cinema. Este casamento também fracassou mas não a parceria artística, com êxitos

memoráveis como “Harramt aheb-bak” (Não me é permitido amar-te). Para o estrelato, que ultrapassou as fronteiras linguísticas e musicais do Magrebe e do Mashreq, contribuiu também muito o mentor tunisino Sade Thuraya.

COM SONORIDADE POPNos anos 1990, para atrair gerações mais novas, Warda começou a mis-turar o clássico com a sonoridade pop. Um dos seus maiores êxitos foi “Batwanis beek”, uma melodia de amor com diferentes significados nos vários dialectos árabes. No Egipto, por exemplo, é traduzida como “Passei um momento bom contigo”; no Iraque, por lhe ter sido atribuído um pendor fortemente sexual, foi proibida de passar nas rádios.

Admiradora de Gamal Abdel Nasser e dos seus ideais pan-arabis-tas, Warda nunca perdeu esse fervor nacionalista. “El Ghala”, uma das suas canções, de um repertório que vendeu mais de 100 milhões de discos em todo o mundo, tornou--se controversa. Era um elogio da família de Maomé, o profeta do islão, mas também da de Muammar Khadafi, o líder líbio entretanto deposto e assassinado por uma rebelião. Essa canção fez com que Anwar Sadat a banisse do Egipto durante três anos. A proibição só foi levantada graças à intervenção de Jehane, a mulher do presidente.

Há três meses, segundo o jornal libanês em língua francesa

“L’Orient Le Jour”, Warda enviou uma carta aberta aos responsáveis da Al-Jazira, estação de televisão com sede no Qatar, criticando a cobertura noticiosa das revoltas da Primavera Árabe. “Vocês mataram milhares de líbios e continuam a prejudicar numerosos inocentes na Síria. Vocês dizem que não carregam armas, mas eu digo-vos que têm a arma de destruição mais potente: os ‘media’. Estão a matar os filhos do arabismo.” Na Argélia, que não sofreu o “contágio” das sublevações que destituíram o coronel de Trípoli, Hosni Mubarak no Egipto e Ben Ali na Tunísia, a ministra da Cultura, Khalida Toumi, lamentou hoje a morte de “uma das mais belas vozes do mundo árabe”. E acrescentou, numa mensagem de condolências: “Ela [Warda] partiu, deixando para trás um silêncio ensurdecedor e uma tristeza profunda.” O último disco de Warda foi editado em 2011: “Ellida’a Min Omnri”, considerado por alguns críticos “uma obra-prima para os sentidos”. Hoje, depois de uma oração especial e uma breve cerimónia no Cairo, o corpo da diva será conduzido, num avião militar enviado pelo actual chefe de Estado argelino, Abdelaziz Bouteflika, para uma homenagem pública, no Palácio da Cultura, em Argel. O funeral está marcado para domingo, no cemitério de El Alia, também na capital.

Com o desaparecimento de Warda e de Umm Kulthoum (em 1975 – às suas exéquias assistiram mais de quatro milhões de pesso-as), resta à música clássica árabe uma única porta-voz: a libanesa Nouahd Haddad, idolatrada pelos seus milhões de fãs como Fairouz (Turquesa).

do país garante-lhe apoios para estabelecer sistemas de produção, circulação e operação mais maduros. Este foi um dos factores que a delegação de Macau trouxe como referência a ter em conta, também porque o território tem uma população reduzida e por consequência um mercado interno limitado.

Nesta visita, os 23 membros do CIC pas-saram pelo Instituto de Promoção das Indústrias Culturais - uma insti-tuição semioficial que apoia principalmente o desenvolvimento da animação, jogos, cinema, música e das publicações

electrónicas - que, até ao momento, tem tido bas-tante sucesso na criação de valor económico para as indústrias culturais neste país.

O Centro de Anima-ção e o Centro de Conte-údo de Jogos do Instituto de Negócios também fo-ram ponto de paragem. Ambos disponibilizam

recursos de apoio às in-dústrias e concedem um tempo de incubação para que as empresas atinjam o crescimento necessário para garantir a sua auto--suficiência.

Em comunicado, o Governo garante que os membros puderam aprofundar o seu co-nhecimento da “expe-riência de sucesso no desenvolvimento das indústrias culturais, o que certamente irá contribuir para que no futuro as estratégias do desenvol-vimento propostas sejam as mais adequadas para as indústrias culturais de Macau”.

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terça-feira 22.5.2012 www.hojemacau.com.mo 15cultura

Livraria Portuguesa inaugura exposição de Joaquim Franco

“Uma coisa mista”José C. [email protected]

SETE anos depois, Joaquim Franco volta a expor em Macau. O artista

plástico recebeu o HojeMa-cau no seu atelier, na véspera da inauguração da última exposição que fez, “Estórias de Nós”, para falar da sua obra e de como vê a vida cultural de Macau.

Sete anos é muito tempo. Os motivos para tão grande interregno são vários. A mu-dança de atelier, a procura de um armazém e outros im-ponderáveis foram adiando a possibilidade de o artista plástico português, a residir em Macau há 22 anos, voltar a expor. Finalmente com um novo espaço, há cerca de um ano, uma nova mostra do seu trabalho ganhou forma. “Comecei a pôr as ideias no papel e a passá-las para a tela. É uma prática que vem de trás. Fiz muita gravura, aliás considero que a gravura é a democratização da arte.” E exemplifica. “Faz-se um ‘boneco’ com uma edição de 30 provas, por exemplo, e são 30 pessoas que usu-fruem da imagem, mais os amigos... imaginando que cada um tem cinco amigos são 30 vezes cinco... e por aí fora. Enquanto que na pintura fazemos uma tela e ela é vendida a uma pessoa.”

A gravura ocupa um lugar especial na arte de Joaquim Franco. “Gosto muito de gravura. É engra-çado que na gravura eu era mais figurativo e na pintura mais abstracto. A colecção desta exposição é uma coi-sa mista. O espaço onde se desenrolam as histórias é bastante abstracto, e utilizo uma forma muito figurativa para retratar as situações”.

VISÃO DO OUTROAs várias histórias contadas nas telas não têm sequência. São como contos isolados. Os amores e desamores de uma relação a dois ganham corpo na figura de dois copos, sempre identifica-dos, rodeados por peças de fruta... Mas o artista não gosta muito de explicar o seu trabalho. “Devem ser as pessoas a ler os quadros.” E cita uma frase de Matisse. “Não é o artista que vê aquilo que pôs no quadro. São os outros”.

As relações entre as pessoas já ocupam o espírito de Joaquim Franco pelo menos desde 2006. “Estas coisas não nascem por aca-

so. Claro que há excepções, mas existe um percurso, mais contraditório, ou me-nos contraditório, com altos e baixos, com saltos e desvios, mas o percurso mantém-se sempre. Há sempre uma ligação. Este trabalho, na realidade, re-flecte a continuidade desse percurso.”

A condição humana e as relações humanas assu-mem, nos dias que correm, uma importância especial. “Sobretudo na Europa, com a crise, estão a viver-se mo-mentos complexos. E isto é um bocadinho, embora não sendo, o movimento dos indignados. Vamos lá pensar onde é que estamos! E como

tão pequeno e com tantas possibilidades se podia fazer mais e melhor”.

Joaquim Franco diz co-mungar também da sensação de muitos dos residentes mais antigos, de que existe uma prática das autoridades responsáveis pela cultura na cidade, de ir buscar a Singapura e a outras regiões modelos que tentam depois introduzir em Macau. “São modelos que não encaixam, são enfiados a martelo, à força e depois não funcio-nam. Devia haver uma maior liberdade e abertura de ideias que depois se pudessem ajustar à situação local”.

Embora a dinâmica ar-tística continue a existir com muita vitalidade, com a presença de muitos artistas e de muitas associações, a falta de um ensino de artes em Macau e de um mercado de arte são, para Joaquim Franco, duas questões es-senciais que deveriam ser resolvidas. “ Não há galerias, não há exposições. Podia-se criar aqui uma grande Bienal Internacional de Artes. Com as condições que existem podia-se trazer a Macau um grande turismo cultural e nunca se optou por isso...” Os Picassos estão em Hong Kong, não em Macau.

JULGAMENTOA prática da promoção dos artistas na cidade foi também alvo de alguma contestação. Segundo o autor de “Estórias de Nós” a política de pôr to-dos no mesmo saco, embora, por um lado não seja má, impede que se promova uma linha de qualidade. “Tanto se dá visibilidade a um jovem que acabou de fazer um workshop qualquer de dese-nho ou de pintura e que vai a seguir fazer uma exposição, como a artistas que andam há 20 ou 30 anos a trabalhar. Acaba por ficar toda a gente no mesmo saco.”

Fica no ar a ideia de que se devia ir mais longe. Quanto à exposição que se poderá ver a partir de hoje na Livraria Portuguesa, também não se sabe se irá depois para outras paragens. “Para já vai para lá. Espero que as pessoas adiram e que gostem e que critiquem e que falem... no catálogo do meu último trabalho dizia: o público me julgará!”

O público pode, portan-to, começar a fazer o julga-mento dos 11 trabalhos que compõem a exposição de Joaquim Franco “Estórias de nós” a partir de hoje, na Livraria Portuguesa.

estamos. Se as coisas não funcionam, as relações tam-bém não podem funcionar.”

PICASSO AO LADOMacau, nos 22 anos de permanência do artista foi ganhando outro rosto à medida que o tempo foi passando. A evolução da cidade não surpreende o

artista, embora manifeste o desejo de querer sempre mais. “Macau tem evoluído da forma que se previa. É evidente que queremos sempre mais. Embora com a abertura do jogo o território tenha crescido bastante do ponto de vista económico, quem não está ligado ao jogo sente que num espaço

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GONÇ

ALO

LOBO

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16 desporto terça-feira 22.5.2012www.hojemacau.com.mo

Gonçalo Lobo [email protected]

NASCEU no Brasil, vi-veu na Argentina, em Portugal e agora está em Macau, onde re-

presenta as cores do Benfica local. Juan Castro é o senhor que se segue. Ao Hoje Macau, o luso-brasileiro falou da sua experiência de jogador de futebol, da entrada gorada no Belenenses, dos seus tempos no Mafra e da sua aprendizagem no Estoril-Praia, e claro, de Macau

Depois de cerca de meio ano, o que acha de Macau e da sua primeira experiência longe da família?Para mim, que estava em Portugal sem clube, é uma experiência boa. Sempre desejei conhecer outros locais, outras ligas de futebol. É certo que por vezes vimos com uma expectativa e encontramos outras coisas. Outra vezes nem sempre são como esperamos, mas até agora as coisas têm sido boas e correm-me bem. Macau é uma boa cidade para morar. É muito tranquila, com muita segurança, a qualquer hora. É uma cidade bonita e acolhedora. As coisas estarem em português facilitam bastante até porque eu não falo inglês e essa mistura de chinês com português é muito interessante.

Então está adaptado?Estou completamente adaptado a Macau. Ficarei o tempo que for preciso. Basta o Benfica querer re-novar quatro ou cinco anos. Sinto-me habituado a Macau e é uma honra ser um dos pioneiros do Benfica na sua estreia na Liga de Elite de Macau.

Futebolisticamente falando, o Mafra não é uma melhor opção que o Benfica?Tudo tem a sua diferença, claro. Os tipos de treinos são diferentes, as condições de treino também. Mas o Benfica está a desenvolver um bom trabalho.

O que não deu certo no Mafra?Foram várias situações. No primeiro ano, com Filipe Moreira, joguei a Taça de Portugal e assim foi. Chegá-mos aos quartos-de-final que joguei e tive oportunidade de jogar contra o Sporting, em Alvalade, naquele que considero o melhor momento da minha carreira como futebolista. No segundo ano, com Jorge Paixão, comecei a ficar sem espaço na equipa titular. Nem na Taça de Portugal joguei. Enfim, cada treinador tem os seus métodos e as suas opções. Sou profissional e tenho de respeitar mesmo que não concorde.

Entrevista Juan Castro, guarda-redes do Benfica de Macau

“Ficarei o tempo que for preciso”Como surgiu o convite do Benfica de Macau?Surgiu a partir de um contacto de Portugal, numa altura em que no defeso não consegui arranjar clube. Um ex-jogador brasileiro, chama-do Robson, que por acaso jogou em Macau com o Rui Cardoso e actualmente é pastor evangélico, disse-me que o Benfica iria a Portugal para procurar jogadores. Depois reunimos e chegámos a uma acordo.

Desde que chegou a Macau já recebeu algum convite?Não, nada.

Acha que o esqueceram em Portugal?Não acho que tenha sido esquecido pois há muitas pessoas que me conhecem. Sei que sabem do meu potencial.

Voltava a Portugal agora?Teria de analisar muito bem. O país vive uma situação de crise e, economicamente falando, não vejo futuro tão cedo. Todas as condições teriam de ser muito bem estudadas para que voltasse a Portugal.

Tem mercado no Brasil?É mais difícil. Nunca lá joguei. Conheço pessoas que talvez me pudessem lá colocar mas não é fácil. Por exemplo, tenho um contacto em Buenos Aires que também me podia colocar num ou noutro clube argentino.

E gostava de jogar no Brasil ou na Argentina?Claro que gostava. Tenho uma grande amigo que é treinador de futebol e é o tio do David Trezéguet. Ele foi meu treinador na Argentina e mantenho um contacto que pode, eventualmente, dar algum fruto na Argentina.

Se tivesse de escolher agora, o que escolheria: Macau, Portugal, Brasil ou Argentina?Acho que escolheria Brasil pois os campeonatos brasileiros cresceram muito nos últimos anos. Hoje em dia já se paga no Brasil como se paga na Europa. É um campeonato visto mundialmente e isso é bastante interessante.

Voltando a Macau. O Benfica está mais longe do título, apesar de matematicamente possível. Azar ou incompetência? O que tem falhado?O futebol é assim. No começo da temporada foi-nos pedido para fazer o melhor possível. Trabalhar, digni-ficando a camisola do Benfica. Só o

nome Benfica obriga os jogadores a estar nos primeiros lugares.

Acha que o nome Benfica vale em Macau?Claro. Muito por culpa da História e pela grande quantidade de emigran-tes portugueses que aqui vivem. O campeonato está difícil mas o que importa não é como começa mas sim como acaba. Matematicamente po-demos ser campeões como podemos ficar em quatro lugar. O importante é trabalhar, jogo a jogo.

Está confiante, mas é preciso que vocês ganhem os jogos todos que faltam e que o Ka I e o Monte Carlo não vençam...Sim, é verdade. É difícil mas não é impossível.

Já me confidenciou que num ou noutro jogo não ficou contente com a sua performance. A nível pessoal, como correm as coisas?No geral penso que tem sido boa. O Benfica é a terceira defesa menos batida. E isso é fruto de todos os jo-gadores. Há jogos em que não fiquei contente com esta ou aquela situação. Talvez por falta concentração. Isso pode ditar a morte do artista.

O que é que o mister Rui Cardoso lhe pede?

Pede tranquilidade e que fale bas-tante durante o jogo. Normalmente, gosto de falar para os meus colegas pois estou numa posição privilegia-da para ver o jogo.

Acha que dava um bom treinador?Acho que dava um bom treinador de guarda-redes [risos]. Para treinador principal tinha de estudar muito. Mas ainda sou novo. Faltam muitos anos para terminar a minha carreira.

Fica no plantel do Benfica para 2013?O objectivo é ficar. O projecto inicial implicava ficar três anos e eu estou interessado em cumprir. Gosto de cumprir a minha palavra. Claro que se houver uma proposta do outro mundo terei de repensar a vida. Sei que o Benfica não me corta as pernas, como já aconteceu no passado quando o Oeiras não me deixou ir para o Belenenses, ainda com idade de júnior.

Mas acabou por sair...Sim. Fiquei o meu primeiro ano de sénior sem competir e apenas a treinar no Estoril-Praia. A coisa positiva é que aprendi muito nesse ano. Treinei com o Cesinha [do Ka I], com o Dorival, o Leandro, o Ivan Santos, e outros grandes jogadores.

E o futebol de Macau?Ainda tem muito para dar. Este ano, pelo que ouço, está muito melhor comparando a outros anos. Contudo há muito a melhorar. Não basta virem jogadores de qualidade. É preciso melhores condições de treinos, melhores árbitros, melho-res relvados. Enfim, é preciso uma estrutura sólida e séria a trabalhar pelo futebol de Macau.

Do futebol de Macau 2012, onde a qualidade futebolística cresceu, quem é que destaca?Existem vários. O Benfica tem o Filipe Duarte, o Silva, o Edgar ou o Fábio Silva. O Cesinha, do Ka I, conheço bem desde que trabalhá-mos juntos e é um grande jogador. Acho que o Fabrício, do Monte Carlo, é muito rápido e gosto de o ver jogar, e o Alison Brito, do FC Porto é um goleador. Destaco estes.

Acha que têm lugar noutros cam-peonatos mais evoluídos?Acho que têm qualidade para isso.

E o Juan Castro, tem qualidade?Não sou que tenho de dizer isso. Quem pode afirmar isso é o treinador e as pessoas que me vêem jogar. A minha função é a de trabalhar muito.

Quem são os seus ídolos?Admiro muito o Taffarel, que foi o guarda-redes responsável pela mudança dos guarda-redes brasi-leiros, que até então, eram fracos. Em Portugal, cresci a ver o Marco Aurélio [ex-Belenenses] jogar, uma pessoa muito querida e um amigo.

Já que fala do Marco Aurélio, é verdade que no tempo de Luiz Felipe Scolari à frente da Selecção portuguesa, o guarda-redes do Belenenses foi convidado para representar Portugal?Sei que houve uma sondagem. Portugal estava a precisar e, nessa altura, era o melhor guarda-redes do campeonato português, já natu-ralizado português. O Marco estava há muito anos em Portugal e teria sido uma honra para ele.

O que é ser Atleta de Cristo?É seguir o ensinamento da Bíblia.

Ok, mas pode especificar um pouco mais? Como é que isso tem aplicação no desporto, em geral, e no futebol, em particular?O Atleta de Cristo tem de respeitar o jogo e os adversários. Tem de ter calma e saber como se comportar no recinto de jogo. Claro que somos humanos e podemos perder a com-postura, mas temos de saber estar e respeitar quem faz o desporto.

Quantos Atletas de Cristo há em Macau?Ao certo não sei, mas o Joadson e o Silva vão à igreja comigo. O Fabrício, o Márcio Luiz, o Robson e o Cesinha também acho que seguem.

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17futilidadesterça-feira 22.5.2012 www.hojemacau.com.mo

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SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-O m. q. aipo. Comprar ou vender na feira. 2-Coberta de embarcação. Coaduna. 3-Dó (ant.). Repercussão. Instrumento cortante com cabo. 4-Corta pouco a pouco com os dentes. Advir (Ant.). Soluço. 5-Esbagoar, tornar calvo. 6-Cubra de iodo. Marca para outro dia. 7-Reincorporo. 8-Admito!. Gastai com o uso. Rio da Suiça. 9-O m. q. eiró. Bago do cacho da videira. Bário (s.q.). 10-Usa-se como condimento. Adquirir, granjear. 11-Dar alabança (Ant). Abertura onde entra um botão da roupa.

VERTICAIS: 1-Tolere, aguente. Anuncia, informa. 2-Tesouro (Fig.). Lago sagado da Ásia. 3-49 (Rom.). Humor purulento que escorre de certas úlceras. Panela (Prov.). 4-Composição poética para ser cantada. Palavra de despedida. 5-Esvaziareis. Gálio (s.q.). 6-O m. q. ovi (pref.). Antiga embarcação de Guerra. 7-A minha pessoa. Consequente, dedutivo. 8-Membro de comunidade religiosa. Abecedário. 9-A classe inferior da sociedade (Pop.). Porto da URSS, no Báltico. Alto!. 10-Coxa, quadril. Agarenos, mouros. 11-Realengos, régios. Implorara.

HORIZONTAIS: 1-APIO. FEIRAR. 2-TOLDO. U. UNE. 3-UT. ECO. FACA. 4-ROI. AVIR. AL. 5-ESCAROLAR. S. 6-IODE. ADIA. 7-A. REINTEGRO. 8-VA. USAI. AAR. 9-IROS. UVA. BA. 10-SAL. G. OBTER. 11-ALABAR. CASA.VERTICAIS: 1-ATURE. AVISA. 2-POTOSI. ARAL. 3-IL. ICOR. OLA. 4-ODE. ADEUS. B. 5-OCAREIS. GA. 6-F. OVO. NAU. R. 7-EU. ILATIVO. 8-I. FRADE. ABC. 9-RUA. RIGA. TA. 10-ANCA. ARABES. 11-REAIS. ORARA.

ONDE PÁRA A CALMA?Macau parece uma cidade calma, aliás parecia. Este mês a cidade tem tido aquela calma que a caracteriza. Tudo começou com as manifestações do 1º de Maio, depois os conflitos na AL, depois os conflito entre os idosos e a polícia, e agora parece que a habitação pública se irá transformar no novo assunto da cidade.Mas afinal, o que são estas coisas? É necessário debatê-las tão intensamente? Ouvi recentemente, na TV, um deputado chamar os jovens de Macau de “estúpidos” ou “facilmente influenciáveis”. O mesmo deputado acusou outro de ser um “falso democrata” e de andar a “enganar a juventude”. Mentira. Não concordo. Apesar de apenas ter um ano de idade, não posso aceitar as calúnias do deputado sobre a juventude de Macau.Parece que ninguém compreende algo de tão básico na relação humana. Cada indivíduo tem a sua própria liberdade de expressão. Se tiver opinião contrária, assuma, e por isso terá de ser respeitado pelas restantes pessoas. Porém, não somos estúpidos, pá! Se participámos nas manifestações é porque não gostamos da forma como o Governo conduz os destinos da RAEM e queremos exprimir a nossa voz. Não somos bananas, não andamos em fila indiana com palas nos olhos, não fomos incitados por ninguém, não somos surdos nem mudos, muito menos estúpidos!Hoje estou um pouco irritável. Mas sei que posso ficar facilmente calmo. Vou esquivar-me da redação e vou aqui ao lado, ao Museu de Arte de Macau, ver as peças em vidro do artista francês Jean-Michel Othoniel. A arte sempre me ajuda a acalmar. E depois seguem-se as borboletas do MGM. Já para não falar que anseio a chegada da cantora Ute Lemper. Enfim, o que vale é que há mais para além da política medíocre de Macau. Ufa...

Pu Yi

TDM 13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:45 RTPi DIRECTO18:30 TDM Desporto (Repetição)19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 Linha da Frente22:10 Passione23:00 TDM News23:30 Príncipes do Nada00:00 Telejornal (Repetição)00:30 RTPi DIRECTO

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23:30 The Contenders England vs.

STAR SPORTS 3113:00: SBK Superbike World Championship 2012 - Highlights 13:30 HSBC FEI Classics 2012 14:30 Sk Telecom Open Day 3 17:30 SBK Superbike World Championship 2012 - Highlights 18:00 Engine Block 2012 18:30 Inside WTCC 19:00 AFC Champions League 2012 Adelaide United FC vs. Bunyodkor21:00 HSBC Sevens World Series 2011/12-Highlights 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 When The Games Begin 22:30 Golf Focus 2012 23:00 Sk Telecom Open Day 4 Highlights

FOX MOVIES 4012:40 Tangled14:25 Men In Black Ii15:55 I Am Number Four17:45 Stigmata19:25 The Resident21:00 The Next Three Days23:15 Homeland00:15 The Mechanic

HBO 4112:00 Major League13:45 Hereafter15:50 Flashdance17:20 Country Strong19:15 The Mummy21:15 Rango23:00 Luck

CINEMAX 4212:15 Godzilla14:35 The Goods16:00 The Werewolf17:25 The Flash19:00 Behemoth20:30 The Keep 22:00 When Trumpets Fade23:30 Hard Luck

SALA 2THE KICK [C](Falado em thai e coreano, legendado em chinês) Um filme de: Prachya PinkaewCom: Cho Jaehyun, Ye Ji Won14.30, 16.15, 18.00, 19.45

SALA 3THE AVENGERS [3D] [B]Um filme de: Joss WhedonCom: Robert Downey Jr., Chris Evans, Mark Ruffalo21.30

THE BEST EXOTIC MARIGOLD HOTEL [B]Um filme de:John MaddenCom: Judi Dench, Bill Nighy14.30, 16.45, 19.15, 21.30

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

OS SEGREDOS DA RAPARIGA TATUADA • Dun Burstein, Arne de Keijzer e John-Henri Homberg Através de comentários perspicazes e entrevistas reveladoras, entramos no mundo singular de Lisbeth Salander, Mikael Blomkvist e do próprio Stieg Larsson, descobrindo as fascinantes experiências da vida do autor e os incidentes à volta da vida política sueca, da violência sobre as mulheres e dos movimentos neonazis que estão no centro da obra de Stieg Larsson. O que torna Lisbeth Salander tão especial e inesquecível? Porque é que pessoas dos mais variados quadrantes sociais e diferentes preferências consideram a Trilogia Millennium tão fascinante? Quais os motivos de tanta especulação – e qual é, afinal, a verdade – sobre a trágica morte de Stieg Larsson aos cinquenta anos, imediatamente antes da publicação da trilogia, e a amarga batalha em volta da sua herança? Quais eram as ideias de Larsson para o quarto livro? Terá deixado pistas para os restantes livros da série de dez que pensara escrever?

OTELO • Paulo Moura Otelo Saraiva de Carvalho é uma das mais importantes figuras da segunda metade do século XX, em Portugal. Faltava a este homem corajoso, dedicado, aguerrido, meticuloso e patriota, que nunca teve medo de intervir quando achou que fosse necessário para o bem do seu país, uma biografia desta envergadura. Em finais de 2011 fez algumas declarações polémicas. É normal, a sua vida foi sempre assim, controversa. Esta biografia explica as razões que levam este homem descomplexado e irreverente a ser um exemplo para tantos. Das surpresas da sua vida pessoal ao seu crescimento político, passando por 1974 e FP25, não há quase nada que escape neste livro.

THE KICK

(COM 19 CASA PRETAS)

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caderno diár ioPedro Correia

18 opinião terça-feira 22.5.2012www.hojemacau.com.mo

SEGUNDA, 14 O crescimento eleitoral dos herdeiros políticos da França de Pétain à custa dos herdeiros da França do general De Gaulle é um sinal evidente - e de que ma-neira - de ignorância das lições da História.

Outro exemplo desta escandalosa igno-rância ocorreu há dias, quando os eleitores gregos favoreceram com o seu voto a for-mação de uma bancada de 21 deputados neonazis no Parlamento de Atenas, numa altura em que estão ainda vivos milhares de cidadãos que ali testemunharam a criminosa invasão grega pelos esbirros de Hitler.

Marine Le Pen e os neonazis gregos, para me quedar apenas nestes dois exem-plos, são totalmente indiferentes às lições da História - nomeadamente ao cortejo de crimes cometidos pelos regimes que lhes servem de inspiração.

É de uso corrente responsabilizar as forças moderadas pelo crescimento das franjas extremistas. Esta é, no fundo, uma justificação que pouco explica. De resto, já os teóricos nas décadas de 20 e 30 utilizavam argumentos equivalentes, responsabilizando as “democracias decadentes”, para conferir alguma aura de “racionalidade” à marcha sobre Roma conduzida por Mussolini em 1922, ao golpe militar de Primo de Rivera na Espanha de 1923 ou à alucinante cavalgada de Hitler rumo ao poder totalitário em Berlim.

Sabendo o que sabemos hoje, parece-me óbvio que temos o dever cívico de fortalecer as forças políticas moderadas. Só elas pode-rão enfrentar com sucesso a crescente vaga de demonização da democracia política com base em conceitos como ‘povo’, ‘pátria’, ‘nação’ ou ‘classe’ que servem para inflamar as massas mas são a receita garantida para um desastre muito superior a qualquer das dificuldades actuais no continente europeu.

TERÇA, 15 A comunicação social utiliza, para efeitos de simplificação de mensagem e dramatização do seu discurso, uma lin-guagem muito dicotómica. Assim tem sido, nomeadamente na caracterização das “duas Europas” - uma supostamente personaliza-da em Angela Merkel, outra no estreante François Hollande, hoje empossado como novo inquilino do Palácio do Eliseu. Mas a realidade, como sabemos, é muito mais complexa e matizada. Paris e Berlim não são entidades antagónicas mas complementares. São, enfim, dois pilares do mesmo sistema que não existiria sem qualquer deles.

Estão, portanto, ambos condenados a entender-se. Como esta tarde ficou bem patente na emblemática viagem de Hollan-de à capital alemã, onde conferenciou com Merkel horas após ter sido investido nas funções de Chefe do Estado francês.

Ainda bem para toda a Europa. Melhor dizendo: ainda bem para todos nós.

QUARTA, 16 A Europa vive, por estes dias, nitidamente uma fase de transição, de experimentação. Julgo que o diagnóstico dos problemas em grande parte está feito. Falta aplicar as soluções correctas. Para que o sistema financeiro deixe de atrofiar a economia real. Com a agravante de esse sistema não ser escrutinado pelos eleitores.

“A comunicação social utiliza, para efeitos de simplificação de mensagem e dramatização do seu discurso, uma linguagem muito dicotómica”

Não podemos, entretanto, continuar a querer tudo e o seu contrário. Ou recusamos a união monetária e a união orçamental, seu corolário lógico, ou regressamos ao tempo da soberania financeira em que cada Estado podia desvalorizar a respectiva moeda, fazer aumentar a circulação de notas, autorizar a quebra das taxas de juros e permitir ciclos inflacionistas. É nesta fase que se impõem as decisões políticas. Sendo certo que se para os gregos novas medidas de austeridade são intoleráveis, como ficou bem manifesto nas eleições legislativas do passado dia 6, para os eleitores alemães (incluindo grande parte dos eleitores da esquerda alemã) é igualmente intolerável continuar a assegurar a segurança social dos pensionistas nas ilhas do Mar Egeu.

Construir uma convergência entre estes dois pólos - o apoio solidário das economias mais fortes às economias mais fracas e a noção de que o crescimento não pode ser dissociado de medidas equitativas de disciplina financeira - parece-nos hoje uma espécie de quadratura do círculo. O caminho é estreito, mas os políticos europeus devem percorrê-lo. Porque a Europa - como notável construção política e talvez a ‘utopia’ que até hoje mais se aproximou da realidade - é um valor superior a tudo o resto.

QUINTA, 17 Morreu o escritor mexicano Carlos Fuentes - uma das figuras cimeiras do chamado ‘realismo mágico’, que congregou nomes de romancistas que permanecerão ligados a um dos melhores momentos de

sempre da literatura universal. Nomes como Gabriel García Márquez, Juan Carlos Onetti, Mario Vargas Llosa, Julio Cortázar, Miguel Angel Asturias e José Lezama Lima.

Fuentes, autor d’ O Velho Gringo, era não só um grande ficcionista mas um extraordi-nário cronista, crítico, ensaísta, espectador comprometido com os acontecimentos con-temporâneos. Envolveu-se em polémicas, com frontalidade e desassombro, na defesa dos seus ideais que contrariavam tantas vezes os ditames da correcção política. E nunca faltou à chamada quando as circunstâncias o intimavam a ser solidário com quem sofria - no seu país ou em qualquer outro.

«Acreditamos que a morte de hoje tornará ainda mais presente a vida de ontem. Com Pascal, repetimos: nunca digas ‘perdi-o’. É preferível dizer: ‘devolvi-o’. Pensa que o certo é isso mesmo. Há quem morra para se tornar ainda mais amado.» Um belíssimo texto sobre a morte que escreveu há dez anos e bem pode hoje servir de epitáfio a este gigante das letras que nunca ganhou o Nobel mas conquistou justamente o coração de milhões de leitores no mundo inteiro.

SEXTA, 18 Há canções que são parte integrante da banda sonora das nossas vidas. Não as elegemos, não as escolhemos - mas elas estavam lá, no momento certo, enquan-to crescíamos, enquanto nos formávamos, enquanto despertávamos para as complexas luzes e sombras da idade adulta. Canções que trautearemos sempre, década após década. Canções que nos acompanharão para sem-pre. Uma dessas canções, que se cruzaram comigo na adolescência, foi Love to love you baby, cantada por Donna Summer, a diva do disco sound. Um apelido que se justifica plenamente, neste caso: associo este tema a intermináveis tardes e noites de Verão à beira-mar durante esses anos mágicos da juventude.

A voz que a cantava calou-se agora para sempre. Mas permanecerá comigo como marca inapagável de um tempo em que a eternidade parecia estar ali, como um suave milagre quotidiano, ao simples alcance da mão. SÁBADO, 19 Nada me choca tanto como a exibição - tão tristemente portuguesa - da inveja e do despeito perante todos aqueles que se distinguem, se valorizam, se superam a si próprios, que conseguem ultrapassar a estreiteza de horizontes a que poderiam estar condenados, contrariando todas as sinas e todos os fados para singrar na vida.

Se esse sucesso ocorrer num palco in-ternacional, suscitando calorosos aplausos além-fronteiras, a inveja aumenta em propor-ção geométrica. E atinge delírios irracionais.

De todos os sintomas de menoridade que nos caracterizam, este é um dos mais notórios. E um dos mais entranhados. Como se fizesse parte do nosso inconsciente colec-tivo. E se calhar faz mesmo, o que explica muita coisa.

DOMINGO, 20 A frase da semana: «O passado está vivo na memória, o futuro está presente no desejo.» (Carlos Fuentes)

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à f lor da peleHelder Fernando

19opiniãoterça-feira 22.5.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Nuno G. Pereira; Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

IHá campos e bosques que já não são verdes, rios e lagos que não são mais azuis, paisagens sem cor, terras sem força. Cada vez se fazem mais aeroportos com mais terminais, fábricas de armamento, centros de energias várias. Veículos espalham fumos assassinos pelos trajectos. Há chaminés que acrescentam negro às nuvens brancas. Tudo conectado com fumos, gases, poluição. Salvemos a humanidade, não fumemos em algumas zonas de jardins públicos, marcadas com traço colorido no chão. E muito menos junto às paragens dos transportes públicos que poluem mais ao fim de cada dia de serviço do que todos nós juntos durante a vida inteira.

São tão engraçados, mas tão hipócritas alguns dispositivos legais.

II73 anos depois - não é o que as estatísticas dizem? - a equipa de futebol sénior da Académica volta a ganhar a mítica Taça de Portugal. O velho sonho, tornou-se real. A Briosa foi tão briosa como nos grandes momentos, ou seja tão generosa e fogosa, que ganhou merecidamente a uma grande equipa, o Sporting, de magníficos jogadores, porventura mal orientada para esta final. Ou demasiado confiante, portanto menos humilde demasiadamente.

Venceu também a irreverência, a men-sagem política em cada cartaz, o protesto social e estudantil em cada grito de incentivo.

Agora, segue-se a Europa! Força Briosa!!!

IIITrês dias depois de Donna Summer, outro artista planetário não resistiu mais a anos de sofrimento. Aos 62 anos cala-se a voz mais identificável dos Bee Gees - muito pelos seus falsetes tantas vezes alvo de tentativas de imitação por esse mundo fora. Juntamente com Barry e Maurice formaram na Austrália, logo no início dos anos 60, um dos grupos mais famosos de toda a história da música ligeira. Podemos acrescentar outro irmão, mais novo, Andy, falecido em 1988. Os Bee Gees, enquanto grupo, terminaram em 2003, com 43 anos de carreira.

A música pop, tal como como o disco-sound, já não é o que era.

IVQuando estão em Macau, deixam sempre um rasto de cultura, um elegante perfume maca-ense em estado puro. O casal Pedro Barreiros e Graça Pacheco Jorge, multiplicam-se em actividades diversificadas. Fazem-no com tranquilidade e discrição, por isso e pela qua-

“73 anos depois - não é o que as estatísticas dizem? - a equipa de futebol sénior da Académica volta a ganhar a mítica Taça de Portugal. O velho sonho, tornou-se real. A Briosa foi tão briosa como nos grandes momentos, ou seja tão generosa e fogosa, que ganhou merecidamente a uma grande equipa, o Sporting, de magníficos jogadores, porventura mal orientada para esta final. Ou demasiado confiante, portanto menos humilde demasiadamente”

Timor, a Briosa e o charme macaense

lidade das iniciativas - livros, documentários, palestras, gastronomia macaense ou pintura - a especial atenção que toda a comunicação social muito bem lhes dá.

VFoi o dia maior em Timor Leste, dia 20. Tal-vez exageradamente discreto, foi comemo-rado em Macau, por iniciativa da Associação de Amizade Macau-Timor, o 10º Aniversário

da Restauração da Independência daquele país, formalmente reconhecido internacio-nalmente a 28 de Novembro de 1975, data em que a independência foi promulgada.

Apesar de ainda sem conseguir obter uma sede própria a mencionada associação, com o apoio do Fórum Macau, realizou uma singela comemoração onde o presidente associativo, António Mota lembrou que “Há dez anos somos livres e senhores do nosso

destino, e seria bom que os governantes começassem a pautar pela manutenção da paz no país, combater a pobreza, a corrup-ção e o nepotismo, desenvolver o capital humano, reforçar as instituições e proteger a unidade nacional. (...) Para Timor-Leste, o ano 2012 reveste-se de uma carga histórica inimaginável. Para além da celebração do 10º Aniversário da Restauração da Inde-pendência, o país também celebra os cinco séculos da chegada dos Portugueses e cem anos de rebelião de Manufahi, comandada pelo liurai D. Boabentura. Para comemorar este evento, as tochas da paz partiram do Palácio do Governo em Dili a 17 de Maio. Irão percorrer os 13 distritos e terão encontro marcado a 30 de Agosto, em Manufahi”.

Interessante e digno de estudo, é a recen-tíssima afirmação do ex-resistente Xanana Gusmão, constatando que “o povo timorense não deve exigir mais do que tem”.

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terça-feira 22.5.2012www.hojemacau.com.mo

car toonpor Steff

RETIRADA

CicloneLonge da “civilização” da cidade,está-se bem num deserto humano.POR FERNANDO

Académica conquista Taça de PortugalA Académica venceu o Sporting, por 1-0, na aguardada final da Taça de Portugal, que decorreu no lotado Estádio Nacional. Os “estudantes” entraram com a lição bem estudada e extremamente motivados. O resultado foi o golo logo aos quatro minutos, Diogo Valente entrou pela ala esquerda cruzou para a área e Marinho cabeceou com sucesso, num lance em que os “estudantes” aproveitaram o facto de Insúa ter ido para o meio, isto porque Polga estava no chão, por causa de uma alegada falta. O Sporting tremeu, perdeu a concentração e não conseguiu entrar no jogo. Foi revelando muitas dificuldades para chegar à baliza e criar perigo. A única defesa de Ricardo foi aos 45 minutos, após um cabeceamento de Onyewu. Na segunda parte, a Académica voltou a entrar melhor e criou duas claras oportunidades para marcar, mas o avançado Edinho falhou de forma inacreditável. A equipa “leonina” tentou pelo menos chegar ao empate, mas não revelou arte, engenho ou eficácia para conseguir desfeitear a táctica bem delineada de Pedro Emanuel, para desilusão dos adeptos do Sporting. A Académica termina a época com sinal mais, após ter assegurado a manutenção, a presença na Liga Europa e a conquista da Taça de Portugal, pela segunda vez na sua história. O mesmo não se pode dizer do Sporting, que após um forte investimento não conseguiu conquistar nenhum título, terminou em quarto lugar, falhou o acesso à Liga dos Campeões e ainda perdeu a final da Taça de Portugal.

Encontrada sétima vítima mortal em sismoAumentou para sete o número de mortes confirmadas no sismo que abalou a região de Bolonha, em Itália. O tremor de magnitude 6 na escala de Richter, e que durou cerca de cinco segundos, fez ainda pelo menos 50 feridos e mais de 3 mil desalojados. O corpo da última vítima mortal foi encontrado nos escombros de uma casa em Bologna.

Macau Peléirradiado do futebolA notícia foi avançada pelo Ponto Final e confirma-se. O treinador da Casa de Portugal foi irradiado do futebol de Macau por, alegadamente, ter agredido o árbitro no final do jogo Casa de Portugal vs Kei Lun, para o Campeonato de futebol da II Divisão, e que ditou a não subida da formação de matriz lusa. A decisão, contudo, só ouviu uma das partes envolvidas: a dos árbitros. Pelé diz-se injustiçado e promete ir “até às últimas consequências” para repor a verdade dos factos. Até ver o imbróglio resolvido, Pelé vai dedicar-se à coordenação de todo o futebol da Casa de Portugal em Macau.

Facebookem queda na bolsaA estreia na Nasdaq revelou-se positiva, mas a rede social Facebook registou uma quebra forte no segundo dia que marcou a entrada da empresa na bolsa de valores. A derrapagem foi superior a 10%, tendo originado uma descida no valor de cada acção para 34 dólares. O valor anterior da acção situava-se nos 38 dólares, mas notícias de sexta-feira apontam para o facto do valor se ter mantido até hoje devido à injecção de fundos bancários em todo o processo de negociação. Ou seja, a descida não terá acontecido antes por influência dos fundos que apostaram nestas acções. O futuro dirá se a descida do valor das acções do Facebook será catastrófica ou se a empresa de Mark Zuckerberg dará rapidamente a volta por cima.

Reunificação de Jerusalém lembradaMais de 30 mil pessoas encheram as ruas de Jerusalém este domingo para celebrar a reunificação da cidade santa, que conquistou e anexou a parte oriental. As ruas de Jerusalém Oriental encheram-se de manifestantes que lembraram a chamada Guerra dos Seis Dias, que decorreu há 45 anos. O desfile iniciou próximo da residência do primeiro-ministro Benjamin Netanhyahu e terminou no Muro das Lamentações. A manifestação, não obstante o teor pacífico, foi acompanhada por centenas de polícias, que intervieram quando um grupo de dez cidadãos palestinianos tentou atacar os manifestantes.

China deve apresentar nova imagem na Rio+20

Mudança de planosA China deverá apro-

veitar o cenário da cimeira Rio+20 para tentar consolidar a

sua nova imagem de país preo-cupado com a sustentabilidade. A ideia é mostrar ao mundo que o dragão chinês vai continuar a crescer a passos largos, embora num ritmo que leve em conta a economia de energia e a redução das emissões de gases de efei-to estufa. Esta é a mensagem que o primeiro-ministro, Wen Jiabao, deverá levar ao Brasil, em Junho, durante o encontro que reunirá as autoridades das principais nações do planeta no Rio de Janeiro

Em entrevista ao jornal Glo-bo, o novo embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, afirmou que, apesar do nervosismo que se deu nos mercados financeiros com a revisão em baixa da meta para o Produto Interno Bruto do país este ano — previsão que ficou em 7,5% — o principal objectivo da medida foi “mudar o modelo de crescimento, que antes era baseado na procura e agora visa melhorar o conteúdo”.

“Vamos abandonar o modelo de desenvolvimento predatório, baseado em gastos elevados de energia e com poluição do meio ambiente. Queremos trabalhar economizando energia, e re-duzindo as emissões de gases, orientados pela inovação e pelo investimento em alta tecnologia e qualidade do desenvolvimento

humano”, disse Jinzhang, no sumptuoso salão de visitas da residência oficial chinesa em Brasília.

Há pouco mais de três meses no Brasil, este ex-vice-ministro da China para América Latina acompanhou a reacção negativa da Bolsa de Valores de São Paulo ao anúncio de redução da meta do crescimento chinês para este ano e garantiu que haver motivos para preocupações. Segundo o

embaixador, a taxa acumulada no primeiro trimestre de 2012 foi de 8,1% e ainda está no topo do ranking mundial: “A economia chinesa também está a enfrentar grandes desafios, mas podemos dizer que a China está com condições favoráveis para manter por muito tempo um desenvolvimento económico seguro e relativamente rápido. Não há motivo para preocupa-ções”, garantiu o embaixador.