20
AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB A UIA reuniu em Macau e deixou vários recados CORRUPÇÃO PÁGINA 6 JOAQUIM AFONSO GONÇALVES A história do “mais abalizado” sinólogo PUB PÁGINAS 2 E 3 PUB TÁXIS | FIM AOS ABUSOS TIAGO ALCÂNTARA DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 2 DE MAIO DE 2014 ANO XIII Nº 3081 Teólogo, músico, matemático, o homem que veio de Trás-os-Montes para Macau ensinar missionários europeus, no século XIX. A DSAT já disse o que tem de ser feito. Mais poder nas mãos da PSP para acabar com a impunidade dos taxistas. A lei pode entrar em processo legislativo já em Julho CHAMEM A POLICIA hojemacau 1º DE MAIO O povo saiu à rua em números nunca vistos. As vozes, embora brandas, são cada vez mais h ´ PÁGINA 5

Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Hoje Macau N.º3081 de 2 de Maio de 2014

Citation preview

Page 1: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

A UIA reuniu em Macau e deixou vários recados

CORRUPÇÃO PÁGINA 6

JOAQUIM AFONSO GONÇALVES

A história do “mais abalizado” sinólogo

PUB

PÁGINAS 2 E 3

PUB

TÁXIS | FIM AOS ABUSOS

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 2 D E M A I O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 8 1

Teólogo, músico, matemático, o homem que veio de Trás-os-Montes para Macau ensinar missionários europeus, no século XIX.

A DSAT já disse o que tem de ser feito. Mais poder nas mãos da PSP para acabar com a impunidade dos taxistas. A lei pode entrar em processo legislativo já em Julho

CHAMEMA POLICIA

hojemacau

1º DE MAIOO povo saiu à ruaem números nunca vistos. As vozes, embora brandas,são cada vez mais

h

´ PÁGINA 5

Page 2: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

2 hoje macau sexta-feira 2.5.20141º DE MAIO

HOJE

MAC

AU

Mais direitos para os trabalhadores, casinos sem fumo, implementação do sufrágio universal. O dia 1 de Maio celebrou-se ontem com uma manifestação sem confrontos com a polícia ANDREIA SOFIA SILVA LEONOR SÁ MACHADO JACINTA [email protected]

M UITO antes dos protestos do Dia do Tra-balhador co-

meçarem, já o jovem Kam Pang estava a pensar neles. No dia anterior, em conjunto com alguns amigos, con-cebeu em Coloane slogans utilizados na manifestação. Chui Sai On, Chefe do Exe-cutivo, foi a figura central nos cartazes que chamavam a atenção para o problema da poluição do ar.

Mas este não foi o único problema que levou hoje Kam Pang para as ruas. “Não estou satisfeito com este Governo. Sinto que devemos protestar porque é a única coisa que temos garantida. Cada vez mais jovens protes-tam, porque já não estamos tranquilos, devido ao custo de vida”, disse ao HM.

Para as 18 associações que saíram à rua no dia 1 de Maio, os protestos co-meçaram durante a manhã e duraram até às 19 horas, quando os manifestantes começaram a reunir-se junto à sede do Governo, onde foram entregues as peti-ções. Muitos queixaram-se do pouco espaço nas vias públicas, mas a Polícia de Segurança Pública (PSP) garantiu aos jornalistas que tudo correu bem. Nas ruas estiveram cerca de 1000 pessoas, mais 200 polícias.

“Os manifestantes con-trolaram-se e não houve incidentes, e todos conse-guiram entregar a sua peti-ção ao Governo. Tentámos deixar o máximo de vias

CERCA DE MIL PESSOAS SAÍRAM À RUA NUM PROTESTO SEM INCIDENTES

O povo é sereno

“Cada vez mais jovens protestam, porque já não estamos tranquilos, devido ao custo de vida”KAM PANG Manifestante

“Os manifestantes controlaram- -se e não houve incidentes, e todos conseguiram entregar a sua petição ao Governo”WONG CHI WANG Comissário da PSP

para que os manifestantes pudessem passar, mas o mais importante é deixar que os restantes utilizadores da via pública possam andar à vontade”, disse Wong Chi Wang, comissário da PSP.

“EXISTEM VÁRIAS COISAS ERRADAS NA SOCIEDADE”Ng Kuok Cheong, deputado da Assembleia Legislativa (AL) e membro da Associa-ção Novo Macau (ANM), afirmou que o território

“continua a alterar-se desde 2000. As pessoas que cos-tumam estar presentes na manifestação são, na sua grande maioria, da classe trabalhadora”, contudo “este ano aconteceu algo novo. Estão aqui essas pessoas, mas também es-tão jovens trabalhadores e funcionários dos casinos”. O deputado acrescentou, ainda, que os manifestan-tes querem, cada vez mais, “expressar as suas ideias”.

As vozes mais sonantes da manifestação de ontem proclamavam a proibição total do fumo nos casinos, pelo bem da saúde dos croupiers.

Kelvin, da Associação Forefront of the Macau Gaming, disse ao HM que exigem que os casinos sejam completamente livres de fumo. “Actualmente apenas é proibido fumar em cerca de 15% dos espaços interiores dos casinos, o que significa que apenas 15% dos tra-balhadores estão livres de fumo.”

A taxa de adesão a este protesto público foi signi-ficativamente mais alta do que em anos anteriores, o que pode representar um maior descontentamento por parte dos cidadão da RAEM. Foram vários os jovens que se juntaram à manifestação, fosse como parte de uma das associações envolvidas, ou a título singular.

Ray Leong frequen-ta o ensino secundário e

mostrou-se certo dos seus direitos e deveres enquanto residente, afirmando que “existem várias coisas er-radas na nossa sociedade”, tendo apontado a subida dos preços da habitação como um dos mais prementes.

“Há dez anos atrás, era possível comprar uma casa entre um milhão e três milhões de patacas. Hoje em dia, esse mesmo valor chega apenas para comprar um lugar de estacionamen-to automóvel.” Outro dos exemplos dados por Leong é a construção massiva que tem vindo a ser realizada em Coloane ao longo dos últimos anos, onde “o Go-verno escavou a montanha para construir prédios muito altos”, fazendo, assim, desa-parecer mais um “pulmão verde” desta região.

“Há várias decisões que o Governo tomou que podem vir a destruir a nos-sa sociedade e das quais ninguém nos falou”, disse ainda Leong, acrescen-tando que “houve várias promessas, feitas em 2009, que ainda hoje estão por cumprir”. O jovem disse

ainda que embora a grande maioria julgasse que Macau iria melhorar depois da con-denação do ex-secretário Ao Man Long, “tudo aca-bou por ficar pior”. Leong também não acredita que o próximo mandato de Chui Sai On seja melhor, “talvez devido à forte relação que existe entre as áreas política e comercial”.

Leong concorda com a cessação total do fumo em todos os espaços fechados dos casinos, justificando que “é necessário cuidar da sociedade e dos cidadãos de Macau e isso é um dever do Governo”.

Sobre a tão debatida celeuma em volta da contra-tação de não-residentes para o cargo de croupiers, o jovem discordou desta possibilidade. “É contraproducente, porque, para muitos residentes, é uma das únicas saídas possíveis, uma vez que não têm cursos profissionais.” “Até porque se não for o nosso Governo a defender e proteger os cida-dãos de Macau, quem será?”, rematou.

UMA TRADIÇÃO “Queremos que o Governo aceite as nossas exigên-cias”, disse ao HM uma empregada do casino Sands. “Estamos aqui porque que-remos chamar a atenção do Governo, é simples. Tam-bém é uma tradição partici-par no Dia do Trabalhador. Queremos que os nossos salários sejam aumentados porque são mais baixos em relação a outros casinos. Muitos colegas meus não estão satisfeitos.”

Au Kam San, deputado e membro da ANM, foi à manifestação “porque é mi-nha responsabilidade saber aquilo que os trabalhadores querem”. “Sinto-me conten-te, porque cada vez há mais pessoas que dão atenção aos seus próprios direitos, e isso é importante. A organização da manifestação tem tendên-cia a amadurecer”, disse o deputado. Outro líder da as-sociação disse ainda ao HM que existe “falta de empenho do nosso Governo em termos de habitação pública” e que “o projecto da lei sindical já chumbou muitas vezes”.

Ao final da tarde, mui-tos manifestantes ficaram junto aos lagos Nam Van, enquanto a PSP escolhia aqueles que iriam entregar as petições ao Governo. Os altifalantes pousaram no chão, os cartazes recolhe-ram-se: estava celebrado mais um dia 1 de Maio.

“Há dez anos atrás, era possível comprar uma casa entre um milhão e três milhões de patacas. Hoje em dia, esse mesmo valor chega apenas para comprar um lugar de estacionamento automóvel”

“Há várias decisões que o Governo tomou que podem vir a destruir a nossa sociedade e das quais ninguém nos falou” RAY LEONG Manifestante

Page 3: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

3 1º de maiohoje macau sexta-feira 2.5.2014

ANTÓ

NIO

FALC

ÃO

GONÇALO LOBO PINHEIRO

ANDREIA SOFIA [email protected]

P ASSAVA pouco de- pois das quatro da tarde quando a As-sociação do Partido

Trabalhista, do activista Lei Kin Iun, começou a dirigir--se para a sede do Governo. No meio dos manifestantes que empunhavam cartazes de cor vermelha, estava o jurista António Katchi. “Sou um trabalhador e acho que todos os trabalhadores têm razão para se manifestar em Macau com este Governo, tal como outros países”, disse ao HM.

Num protesto marcado pela exigência de mais direitos dos trabalhadores, Katchi lançou sobretudo crí-ticas ao actual desempenho do Governo. “Há a magna questão do sistema político, porque sem mudanças não há possibilidade de haver um Governo com uma política diferente. É um sistema que está desenhado para assegurar o poder político dos capitalistas, para fazer com que, além do poder económico, tenham o po-der político. Assim, não há margem para um Governo diferente. Podem mudar as caras, mas as políticas vão continuar.”

António Katchi não tem dúvidas de que cada vez mais as pessoas vão sair para a

A LGUNS trabalhadores da in-dústria do jogo que optaram por se manifestar ontem, fizeram o

percurso desde a Taipa à Assembleia Legislativa, em Macau, de carro e moto-ciclo. Mais de meia centena de carros e cerca de 30 motas rodaram até ao local, onde entregaram petições.

A Associação de Empregados das Empresas de Jogo Macau, a Associa-ção dos Trabalhadores da Indústria de

Jogos de Fortuna e Azar de Macau, a Associação Sindical dos Trabalhado-res da Sociedade de Jogos de Macau, S.A. e a Associação de Condutores da Indústria de Jogos de Macau rein-vidicaram principalmente melhores condições de trabalho nos casinos. O fumo do tabaco deu o mote para a manifestação, que tinha como um dos objectivos pedir a proibição total de fumar nas salas de jogo.

“O ambiente é muito mau e espero que o Governo ceda na proibição de fumar”, referiu um dos manifestantes, da Associação Sindical dos trabalha-dores da SJM.

Mas os manifestantes não se concen-traram apenas nisto. Da Taipa a Macau era possível ver sinais que reinvidicavam regras contra a importação de mão--de-obra estrangeira nos casinos e um sistema de promoção “mais justo”. - J.F.

ANTÓNIO KATCHI E BILL CHOU DUAS VOZES NA MANIFESTAÇÃO

“Os protestos vão tornar-se mais frequentes”

“Macau está muito atrás dos padrões fixados antes da II Guerra Mundial”ANTÓNIO KATCHI

TRABALHADORES DO JOGO CONDUZEM DESDE A TAIPA À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

Com as duas mãos ao volante

O jurista português considera que “não há margem para um Governo diferente” e que as políticas vão continuar, mesmo que mudem as caras. Bill Chou, académico da Universidade de Macau, diz que Macau assiste a “paradoxos ridículos” em termos económicos

rua. “Um dos cartazes que vi no Iao Hon dizia que o Chefe do Executivo não tem capacidade para dirigir a região e por isso deve sair do poder. E havia outro que pedia o sufrágio universal e democracia. Portanto as manifestações contra o Che-fe do Executivo e o sistema político estão presentes”, disse o jurista português.

Bill Chou, professor da Universidade de Macau (UM) e activista, surgiu ao lado do grupo Juventude Dinâmica de Macau (Macau Youth Dynamics).

“Os protestos vão tornar--se mais frequentes. Os trabalhadores dos casinos, que supostamente deveriam ser os grandes beneficiários do crescimento económico, estão cada vez mais des-contentes com as políticas do Governo. Se o Governo não banir o fumo de todas as áreas dos casinos, os trabalhadores vão continuar a protestar”, disse ao HM.

“Noto mais pessoas em relação ao ano passado, isso indica que as pessoas estão a tornar-se mais ambiciosas face à eficiência das políticas

do Governo”, disse ainda o académico.

“PARADOXOS RIDÍCULOS”Bill Chou chamou a atenção para o facto das políticas do Governo “estarem a falhar”. “Estamos a assistir a para-doxos ridículos, a economia está a crescer muito rapida-mente mas a qualidade de vida está a deteriorar-se, devido ao sistema político, que dá lugar a interesses empresariais. Temos de ter todas as oportunidades, incluindo este protesto, para mostrarmos a existência de problemas sociais e a falência das políticas do Governo.”

Já António Katchi co-mentou a falta de actuali-zação de alguns pontos na

legislação laboral em vigor. “Os seis dias de férias úteis por ano estão ao nível de uma convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de 1936. Já o número de horas de trabalho por semana, 48 corresponde à convenção de 1919. Foi feita uma nova convenção em 1935, nunca aplicada a Macau, que reduziu as horas.

Macau está muito atrás dos padrões fixados antes da II Guerra Mundial.”

O jurista chama ainda a atenção para a ausência de uma lei sindical. “É algo que tem sido pedido por muitos manifestantes aqui. A inexistência dessa lei difi-culta, na prática, o exercício dos direitos inscritos na Lei Básica.”

“Estamos a assistir a paradoxos ridículos, a economia está a crescer muito rapidamente mas a qualidade de vida está a deteriorar-se, devido ao sistema político, que dá lugar a interesses empresariais”BILL CHOU

Page 4: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

hoje macau sexta-feira 2.5.2014

TIAGO ALCÂNTARA

4 POLÍTICA

C HUI Sai On dei-xou no ar a hipó-tese de se vir a melhorar as leis

laborais. Segundo disse o Chefe do Executivo numa cerimónia para celebrar o Dia do Trabalhador, que aconteceu um dia antes do 1 de Maio, o Governo está “empenhado” em reforçar estas leis, porque está atento às necessidades dos residentes. “Tencionamos proteger os direitos labo-rais através do aperfeiço-amento do sistema legal e das leis que regulam as relações laborais”, frisou à TDM.

O Chefe do Executivo referiu ainda que também vai ser “optimizado” o mecanismo de importação de trabalhadores não-resi-dentes, uma promessa que já tinha sido deixada na Assembleia Legislativa.

Mais ainda, Chui Sai On assegura que a com-petitividade dos trabalha-dores vai ser reforçado, através de formações e a criação de quadros qualificados. Ao mesmo tempo, as empresas vão ser incentivadas a subir os ordenados e a apostar mais na mobilidade dos profissionais locais dentro das empresas.

Esta quarta-feira, o líder do Governo disse ainda à imprensa que o Governo não nega a pos-sibilidade de rever a Lei de Controlo do Tabagismo, com vista à proibição do fumo nos casinos. Con-tudo, esse processo só será realizado “em tempo oportuno”.

Chui Sai On disse “compreender a atenção da sociedade e opinião pública ao processo de

controlo anti-tabaco, no-meadamente nos estabele-cimentos de entretenimen-to. Assim, o Governo ten-ciona reforçar o trabalho neste sector, efectuando a revisão da lei quando tal for oportuno, e reforçando o trabalho de prevenção e controlo”, pode ler-se numa nota de imprensa oficial.

O Chefe do Executivo disse ainda que o Governo “compromete-se a conti-nuar a auscultar as opini-ões de forma a alcançar consenso”.

“O Governo está fir-me quanto à aplicação da legislação em questão, cujo trabalho tem que ser progressivo”, disse ainda. Contudo, Chui Sai On acrescentou que a proposta de lei “foi submetida a um longo período de consulta”.

C HAN Pou Ha, subdirectora das Obras Públicas e Transportes, vai representar a RAEM em

assembleias gerais de duas empresas envolvidas no caso dos terrenos em frente ao aeroporto, onde estava a ser construído o empreendimento de luxo La Scala.

Um despacho publicado esta quarta--feira em Boletim Oficial nomeia a responsável para ser a porta-voz do Governo na assembleia geral da Lei Pou Fat e na da Tai Lei Loi, tendo em conta que a RAEM é sócia destas sociedades.

A Lei Pou Fat, recorde-se, era a empresa detentora dos terrenos em frente ao aeroporto de Macau, na Tai-pa. Os lotes estiveram em foco num recente julgamento que condenou dois empresários de Hong Kong por corrupção passiva. Os dois homens foram acusados de pagar 20 milhões de dólares de Hong Kong a Ao Man Long, ex-secretário para as Obras Públicas e Transportes, condenado a 29 anos e meio de corrupção.

Os terrenos foram inicialmente entregues a cinco empresas, sendo que a Tai Lei Loi foi uma delas. Tanto esta, como a Lei Pou Fat são controladas maioritariamente pelo Governo, sendo que também a CAM – Sociedade do Aeroporto detém 5%. Ambas as empresas realizam as assembleias gerais a 8 de Maio.

O HM tentou perceber se a assembleia geral terá na agenda a recente decisão do tribunal, uma vez que, apesar de os empresários a quem foram concedidos os terrenos

IH recebe 20 suspeitos deilegalidades com habitações públicas

O Instituto de Habitação (IH) disse, em comunicado, que encontrou 20 casos de

suspeita de violação das regras da habitação pública só no primeiro trimestre deste ano. De acordo com a nota, as irregularidades devem--se, sobretudo, a problemas relacionados

com a posse de imóveis e terrenos pelos arrendatários da habitação, algo que não é permitido e a ultrapassagem dos limites máximos de rendimentos. O IH inspeccionou mais de 400 unidades e encontrou duas pessoas que infringiram estas regras dos limites, 11 que não viviam na habitação arrendada permanentemente e sete com problemas nos contratos. O IH apela aos inquilinos que cumpram as regras e relembra que pode recuperar as fracções em caso de incumprimento.

Director da DSRT representa Governo na Canais Básicos

JÁ está escolhido o delegado do Governo para a Canais de Televisão Básicos de Macau, S.A. Um despacho

publicado em Boletim Oficial esta semana dá conta que Hoi Chi Leong é o escolhido para ficar no cargo até 31 de Março de 2016. Actualmente, Hoi Chi Leong é o director em exercício da Direcção dos Serviços de Regulação das Telecomunicações (DSRT), estando a substituir Tou Veng Keong, que saiu do organismo recentemente. Agora, Hoi Chi Leong, passa a acumular a função de delegado do Governo junto da Canais de Televisão Básicos de Macau, recebendo a quantia mensal de 6600 patacas. A Canais Básicos, recorde-se, foi a recentemente constituída empresa do Governo para assegurar a transmissão de programas televisivos à população, depois de, a 22 de Abril, o contrato de exclusividade com a TV Cabo ter acabado.

TRABALHO LEI PODE VIR A SER REVISTA, MAS REVISÃO DA LEI DO TABACO SÓ “QUANDO FOR OPORTUNO”

As mãos na massa

EMPRESAS COM TERRENOS JUNTO AO AEROPORTO REÚNEM COM REPRESENTANTE DO GOVERNO

La Scala na agenda?

“Tencionamos proteger os direitos laborais através do

aperfeiçoamento do sistema legal e das

leis que regulam as relações laborais”

CHUI SAI ON

terem sido condenados, ainda não há decisão sobre os lotes de terrenos. Na Segunda Instância ainda corre um processo sobre o caso, sendo que a Chinese Estates Holdings já disse que vai lutar até ao fim pelas terras.

Fonte conhecedora do processo disse ao HM que “é possível” que se “fale” no assunto, mas que só depois da decisão do tribunal sobre os terrenos é que se pode fazer algo. - J.F.

Page 5: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

hoje macau sexta-feira 2.5.2014 5 política

JOANA FREITAS*[email protected]

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) já ter-minou o texto de revisão

do regulamento dos táxis e assegura que a lei poderá entrar em processo legislativo a partir de Julho deste ano. Isso mesmo disse Che Sai Wan, Chefe do Departamento de Gestão do Tráfego da DSAT, à imprensa na passada terça-feira.

De acordo com informação em chinês – que não foi providenciada aos jornalistas portugueses e cuja tradução só poderá estar pronta para a semana -, a ideia da alteração ao regulamento é, entre outras, dar mais poder à Polícia de Segurança Pública (PSP).

Actualmente, recorde-se, os agentes da autoridade não têm poder para resolver as queixas dos cidadãos face aos taxistas, pelo que estas caem em saco roto. Ma Chio Hong, inspector chefe do Comissariado de Trânsito da PSP, explicou na terça-feira que nem poderia comentar o facto de as queixas dos residentes sobre motoristas de táxi não serem atendidas, porque “esses assuntos normalmente são tratados pela DSAT, sendo que a PSP não tem competência na matéria e só presta assistência”.

Uma das maiores alterações pedidas pela DSAT é o aumento das multas em caso de infracções e permitir à PSP ter jurisdição no que diz respeito à regulação dos táxis.

“Interessa expandir o poder da PSP para se obter melhor eficiência na aplicação da legislação”, refere uma nota da DSAT. A modificação

Uma das maiores alterações pedidas pela DSAT é o aumento das multas em caso de infracções e permitir à PSP ter jurisdição no que diz respeito à regulação dos táxis. “Interessa expandir o poder da PSP para se obter melhor eficiência na aplicação da legislação”, refere uma nota da DSAT

O regulamento que gere o sector dos táxis está revisto pelas mãos da DSAT e deve entrar em processo legislativo a partir de Julho. Mais competência para a PSP é um dos pontos focados na revisão, uma vez que, por agora, os agentes da autoridade não têm qualquer competência para tratar as infracções dos taxistas

TÁXIS PSP ASSUME O COMANDO

O fim da impotência?de regras “desactualizadas e ina-dequadas” é outros dos pontos que interessa rever.

Dados apresentados esta sema-na mostram que cerca de 75,5% dos casos de infracções cometi-dos por taxistas dizem respeito à cobrança excessiva de tarifas. Só nos primeiros três meses deste ano, foram detectados conjuntamente 360 comportamentos ilegais – des-tes, 272 deveram-se ao facto de o taxista pedir mais dinheiro do que o que seria normal. Contudo, as punições não são muito eficazes. De acordo com a DSAT, apenas 11 casos foram alvo de multa, sendo que destes apenas seis dos taxistas que cobraram tarifas indevidas foram punidos. O valor total das multas passadas chegou às 9500 patacas.

Para Ma Chio Hong, o próprio valor das multas é demasiado baixo e não tem qualquer efeito dissuasor no comportamento dos taxistas. “Estas acções ilegais não só afec-tam a reputação do sector, como afectam a imagem de Macau.”

Entre as infracções cometidas por taxistas, destacam-se ainda 144 casos de recusa de transporte. Os casos de ilegalidades cometidas aumentaram de 145 no ano pas-sado, para 360 este ano e, apesar

de terem sido detectados 279 ca-sos verificados – em apenas 235 acções – “não significa que todas foram punidas”.

NOVO CONCURSO ABERTOEntretanto, o Governo já abriu o concurso público para a concessão de 200 novas licenças de táxi, que serão distribuídas entre Agosto e Novembro. Um despacho publi-

cado esta quarta-feira em Boletim Oficial dá conta que o concurso decorre até ao final do mês, dia 29, e que todos os residentes com BIR ou autorização de residência podem candidatar-se.

As novas licenças são válidas por oito anos, não prorrogáveis, e os preços que acompanham as

propostas vão ser um dos factores mais importantes na avaliação do Governo.

De acordo com o despacho, o preço base das licenças é de 200 mil patacas, mais 10% de “selo de verba”. Para poderem ser admiti-dos, os concorrentes têm de pagar uma caução de 50 mil patacas “como garantia do exacto e pon-tual cumprimento das obrigações

decorrentes da apresentação da proposta”. As licenças serão atri-buídas aos valores mais elevados apresentados pelos candidatos.

O anúncio de que o Executivo iria permitir mais 200 táxis a circu-lar em Macau foi feito este mês e, de acordo com o Governo, serviria para colmatar as necessidades reais

do território, uma vez que os táxis actualmente existentes não são suficientes. Também a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) afirma que este é um passo importante nessa medida.

“Esperamos que a concessão de 200 alvarás de táxi consiga atenuar a grande procura de táxis por parte dos cidadãos e visitantes e permita ainda às pessoas interessadas em dedicar-se ao sector de táxi obter alvará, mediante forma justa e imparcial.”

As licenças não são trans-missíveis e serão atribuídas em grupos de 50 de cada vez. No último concurso semelhante, em 2012, o Governo arrecadou 180 milhões de patacas, sendo que a média de preços de cada uma das propostas apresentadas foi de 900 mil patacas.

Nas ruas de Macau, actual-mente, circulam 1180 táxis, sendo que apenas 650 possuem licenças vitalícias.

Está previsto que os táxis pos-sam começar a circular no final do ano e, de acordo com o Governo, estas novas licenças não servem para complementar as que vão chegar ao final do prazo, pelo que, se no futuro, for necessário, as autoridades poderão emitir novos pedidos ao Chefe do Executivo para mais licenças de táxi.

As propostas vão ser abertas a 31 de Maio no Pavilhão Polidesportivo do Instituto Politécnico de Macau, num acto público. - * com Jacinta Jiang

Page 6: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

6 hoje macau sexta-feira 2.5.2014SOCIEDADE

JOANA [email protected]

A União Interna-cional dos Ad-vogados (UIA) elaborou em Ma-

cau uma Resolução sobre o problema da corrupção, lançando apelos não só aos governos, como aos próprios advogados que têm de lidar com a situação. No docu-mento, enviado ao HM pelo advogado de Macau João

Admite que é complexo, mas também que é actual. A corrupção esteve sob a lupa da União Internacional dos Advogados, que reuniu em Macau e deixou apelos para que os casos deste tipo sejam tratados com imparcialidade

CORRUPÇÃO UNIÃO INTERNACIONAL DE ADVOGADOS LANÇA APELOAOS GOVERNOS PARA CUMPRIREM DIREITOS

Um caso chamado bicudo

“Os estados devem assegurar que os direitos de defesa e os direitos a um julgamento justo (...) são observados durante os processos que envolvem casos de corrupção, independentemente do júri a que sejam apresentados”

Miguel Barros, é enfatizada a necessidade de os governos conseguirem garantir que os casos de corrupção são trata-dos de forma imparcial e in-dependente, principalmente em relação às situações que envolvam autoridades da Administração.

A UIA, que reuniu em Macau entre Outubro e No-vembro do ano passado, de-finiu, na altura, a corrupção como algo “extremamente actual”, tendo-se debruçado sobre o tema com mais de mil advogados e profissio-nais da justiça e mais de 300 conferencistas.

A Resolução, agora ratificada, indica que os governos devem adoptar medidas que permitam que os órgãos que investiguem casos de corrupção – no caso de Macau, o Comis-sariado contra a Corrupção (CCAC) -, sejam sujeitos a investigações externas, por uma terceira parte indepen-dente. “De forma a garantir a sua independência, evitar a possibilidade de manipula-ção e a terem procedimentos mais transparentes”, indica o documento.

A lista das sugestões deixadas aos governos, con-tudo, é longa. E, de acordo com João Miguel Barros, há uma parte que merece ser realçada.

“Os estados devem as-segurar que os direitos de defesa e os direitos a um julgamento justo – direitos fundamentais reconhecidos por todas as convenções internacionais – são obser-vados durante os processos que envolvem casos de cor-rupção, independentemente do júri a que sejam apresen-tados”, pode ler-se na parte realçada pelo advogado e citada na Resolução.

NA PELEJoão Miguel Barros, recor-de-se, é um dos advogados de defesa nos julgamentos conexos ao de Ao Man Long, o ex-secretário das Obras Públicas e Transpor-tes condenado a 29 anos e meio de prisão por corrup-ção. A seu cargo, o causí-dico teve Pedro Chiang, considerado como testa de ferro de Ao e condenado por duas vezes. À seme-lhança de outros defensores

envolvidos no caso, João Miguel Barros é um dos mais acérrimos críticos da forma como o julgamento do ex-secretário e os a ele conexos – até agora qua-tro - foram conduzidos. O advogado sempre defendeu que, tanto a forma de reco-lha de provas – em buscas feitas sem autorização e sem a presença de representante de Ao à sua casa e escritório -, como as decisões dos juízes, infringiram direitos fundamentais.

Ainda este ano, e depois de conhecida a decisão do Tribunal Judicial de Base sobre o chamado caso das ETAR - onde o cliente de Barros acabou condenado -, o advogado voltou a frisar

que todos os julgamentos que envolveram Ao Man Long tiveram pressupostos políticos que nunca per-mitiram que nenhum dos arguidos saísse inocente. A alegada ilegalidade das provas recolhidas e de documentos truncados e anónimos foi outro dos factores que levou Barros a intervir nas audiências de julgamento mais do que uma vez, bem como outros defensores.

DIREITOS, ACIMA DE TUDO Na Resolução da UIA, situações semelhantes a esta são tidas em conta, para a união reafirmar que a luta contra a corrupção não pode justificar que se

ignore ou viole princípios do Direito e da Lei e padrões internacionais sobre direito à defesa.

“É do interesse tanto dos suspeitos, como das vítimas que os princípios seguidos se conformem a estes direitos”, realça a UIA.

A união apela directa-mente às autoridades gover-namentais, para referir que são elas, principalmente, quem mais deve respeitar estes direitos. “Nomeada-mente no que diz respeito a possibilitar formas de recur-so acessíveis e eficazes.” No caso de Ao Man Long isso não foi possível, uma vez que, por ser Secretário, o responsável foi julgado em Última Instância.

A UIA assume que a corrupção é uma ameaça à escala global, que põe em causa não só a credibilidade de instituições e governos, como mina princípios de-mocráticos e direitos hu-manos. A união caracteriza o fenómeno como sendo “complexo” e sugere aos advogados que se envol-vem nestes casos – tanto do lado de defesa, como de acusação – que cumpram e façam cumprir direitos e convenções internacionais “independentemente” dos prevaricadores e do crime.

A UIA é uma das mais antigas uniões de advoga-dos, tendo sido constituída em 1927.

Page 7: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

hoje macau sexta-feira 2.5.2014 7 sociedade

JOANA [email protected]

A Avenida Almei-da Ribeiro vai ter uma pensão de duas estrelas,

depois de o Governo ter conce-dido duas parcelas de terreno à Sociedade de Fomento Predial e Desenvolvimento Dong Kin Cheong. De acordo com um despacho publicado esta semana em Boletim Oficial, a nova pensão terá sete pisos e lojas comerciais.

A intenção de construir uma pensão foi manifes-tada pela própria empresa, que submeteu o pedido à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) em Março de 2012.

O 5.º Fórum Interna-cional sobre o In-vestimento e Cons-

trução de Infra-Estruturas acontece em Macau nos dias 8 e 9 de Maio e, para a secretária-geral da Associa-ção dos Construtores Civis Internacionais da China, será “um excelente meio de ligação entre a China e os países de língua portuguesa”, além do

BNU com nova agência na BarraO Banco Nacional Ultramarino (BNU) inaugurou oficialmente mais uma agência. O banco, que funciona em Macau há 111 anos, tem, agora, mais um posto de atendimento, na Rua da Praia do Manduco, perto do mercado de São Lourenço. De acordo com nota à imprensa, o BNU diz que a abertura de mais uma agência tem como objectivo atender às necessidades dos seus clientes. Nos últimos 12 meses, o BNU abriu quatro novas agências.

GOVERNO ARRENDA LOTE NA SAN MA LOU PARA RESIDENCIAL DE DUAS ESTRELAS

Pensão estrelinha“O procedimento seguiu

a sua tramitação normal, tendo o processo sido en-viado à Comissão de Terras que, reunida em 18 de Abril de 2013, emitiu parecer fa-vorável ao deferimento do pedido, que foi homologado por despacho do Chefe do Executivo, a 4 de Junho de 2013”, pode ler-se no despacho.

A Sociedade de Fomento Predial e Desenvolvimento Dong Kin Cheong tem como administrador Chong Sio Kin, presidente da Associa-ção Geral das Agências de Fomento Predial de Macau.

O terreno, que fica no número 480 da San Ma Lou, tem 494 metros quadrados e o arrendamento é válido por 25 anos. Durante o período

de aproveitamento do terre-no, a Dong Kin Cheong paga 7410 patacas ao Executivo e o prazo de aproveitamento do terreno é de 36 meses, ou seja, até Abril de 2017.

O montante global do prémio de contrato pago pela empresa foi de cerca de 13 mil milhões de patacas.

MAIS TURISTAS NOS HOTÉIS A construção de mais pen-sões e hotéis de baixo custo é uma promessa que tem vindo a ser feita pelo Exe-cutivo, de forma a garantir que Macau consiga fornecer quartos fora dos casinos, cujos preços são elevados. No ano passado, por exem-plo, o Governo aprovou a construção de uma pensão de duas estrelas na Rua dos

Ervanários, sendo que havia cerca de meia dezena de projectos deste tipo à espera de aprovação.

No final do primeiro tri-mestre do ano estavam em actividade 99 hotéis e pen-sões que disponibilizavam 28 mil quartos, o que reflecte uma descida de 1% face ao número disponível no final de Março do ano passado. Entre os quartos disponíveis, 18 mil estavam localizados em hotéis de cinco estrelas, o que traduz 66% do total disponível.

Esta semana foram dados a conhecer novos números, que indicam que mais de 2,6 milhões de pessoas ficaram alojadas nos estabelecimen-tos hoteleiros de Macau no primeiro trimestre do ano, elevando a taxa média de ocupação para 86% - mais 6% do que em período ho-mólogo. Só no mês de Março foram 918 mil os hóspedes nos hotéis de Macau, sendo que 57% ficaram alojados em hotéis de cinco estrelas.

FÓRUM INTERNACIONAL SOBRE INVESTIMENTO E CONSTRUÇÃO A 8 E 9 DE MAIO

O elo mais forte“desenvolvimento económi-co” que este tipo de evento traz para Macau, referiu Yu Xiaohong. “Contamos com a presença de vários partici-

pantes oriundos dos países de língua portuguesa”, afirmou ao especificar alguns países como “Cabo Verde e Angola”.

A secretária-geral ex-

plicou também que foram organizadas diversas acções entre a China e países de ex-pressão portuguesa para que fosse possível “uma partici-

pação de sucesso”. Na sua quinta edição, o fórum estará subordinado ao tema “Inter-ligação de infra-estruturas proporciona nova dinâmica na cooperação internacio-nal”, no qual serão estudados temas como as perspectivas e o planeamento da ligação regional de infra-estruturas, as propostas de solução de financiamento e os modelos de cooperação múltipla.

O evento terá lugar no Centro de Convenções e Exposições do Venetian e contará com a participação de dirigentes governamen-tais de 28 países e mais de 1300 representantes de ins-tituições de todo o mundo.

O Fórum Internacional sobre o Investimento e Cons-trução de Infra-estruturas foi criado pela Associação dos Construtores Civis Interna-cionais da China em 2010 e tem vindo a promover encontros anuais entre go-vernantes e empresários do sector em Pequim e Macau, que atraíram já a participa-ção de mais de quatro mil delegados.

Page 8: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

GOOG

LE M

APS

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

8 sociedade hoje macau sexta-feira 2.5.2014

JOANA [email protected]

O Governo garante que continua a dar acom-panhamento à situação da poluição em Ká Hó

e assegura ter já lançado regras para fábrica de cimento, uma das maiores poluentes da zona.

Lau Si Io, secretário para os Transportes e Obras Públicas, reuniu com mais de seis departa-mentos do Governo esta semana e o Executivo diz que a Direcção dos Serviços de Protecção Am-biental e a Direcção dos Serviços de Economia têm vindo a destacar funcionários para efectuar inspec-ções in loco na fábrica.

“Se for detectado algum pro-blema, a fábrica vai ser informada imediatamente da ocorrência, para que tome medidas de melhoria no mais rápido possível.”

Um comunicado do Executivo relembra que foi exigido à fábrica que adopte medidas para melhorar o descarregamento e o transporte fechado de materiais, de forma a reduzir a dissipação de poeira. Mas há mais.

“Os veículos devem ser com-pletamente lavados antes de sair do estabelecimento e exigiu-se à fábrica que implemente acções o mais rápido possível para que reforce o sistema de aspersão de água e medidas para evitar a dissipação de poeira”, garante o Governo, que diz que, actual-mente, estes trabalhos estão a ser

U MA mulher indo-nésia está a “viver” há cerca de um mês

no terminal internacional do Aeroporto de Macau, depois da sua entrada ter sido negada pelas autori-dades locais, revelou esta semana o diário Macau Daily Times.

De acordo com o jor-nal, a mulher, de apelido Suwarni, como confirmado pelo consulado indonésio em Hong Kong, está há cerca de um mês na zona internacional sem con-seguir entrar na cidade e recusando regressar ao seu país.

Entretanto, as autorida-

Viaduto de Wai Long com trânsito condicionado durante a noitede sábado

AMANHÃ à noite, o trânsi-to no viaduto da Avenida

Wai Long, na Taipa, vai estar condicionado, devido às obras de construção do Metro Ligeiro naquela zona, junto ao Aeroporto de Macau. Os veículos que circu-larem no sentido da Universidade de Macau durante o dia, terão de passar pelo túnel subterrâ-neo da avenida e circulação de automóveis ligeiros apenas é permitida nas zonas do átrio de partidas e ao estacionamento sul do aeroporto, pelo que todos os restantes veículos (com mais de oito metros, por exemplo) terão que optar pelo túnel.

KÁ HÓ GOVERNO OBRIGA FÁBRICA DE CIMENTO E TERMINAL DE AREIAS A TOMAR MEDIDAS ANTI-POLUIÇÃO

Sem poeira nos olhos

realizados e os serviços estão a fazer fiscalização.

Também o armazém de areias do Terminal de Contentores do Por-to de Ká-Hó está sob vigilância do Governo. A Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água assegura que tem supervisionado o terminal, para que não haja poeiras a voar pela vila.

“Actualmente, o armazém está

equipado de sistema de aspersão de água automática e de sistema para lavagem dos pneus de veículos, estando a ser efectuada diariamente a limpeza das vias de acesso ao armazém.”

TÚNEL DE VIGIAA promessa de melhorias no am-biente chega depois de muita con-testação dos moradores da zona,

que se queixam da poluição há mais de três anos. Em Ká Hó existem muitas escolas e, recentemente, professores e alunos disseram “chega”. O Chefe do Executivo, Chui Sai On, comprometeu-se a mudar a situação, depois de uma visita ao local.

Além das fábricas no local, do aterro de cinzas volantes e do terminal de areia, foi recentemente

MULHER INDONÉSIA HÁ UM MÊS NO AEROPORTO

Quarto com vista para a pistades de Macau contactaram a representação consular indonésia que, segundo fonte oficial contactada pela agência Lusa esteve reunida na quarta-feira com a cidadã indonésia

que terá já aceitado regres-sar ao seu país.

“A senhora Suwarni chegou a Macau oriunda de Xangai”, disse a fonte contactada pela Lusa ao salientar que, “aparente-

mente, não tinha bilhete de regresso e não comprovou a sua capacidade económi-ca para permanecer como turista em Macau”.

A mesma fonte adian-tou que Suwarni “dorme em quartos especialmente preparados para os passa-geiros a quem não é admi-tida a entrada em Macau e que todas as refeições são suportadas pela Air Macau, a companhia que a transportou de Xangai até Macau”. De acordo com o Macau Daily Times, a mulher custa 800 patacas por dia ao aeroporto.

Mas, fonte contacta-da pela Lusa diz não se

espantar com a situação. “É uma situação normal em muitos aeroportos. Não posso neste momento revelar as razões da recusa de entrada, mas podemos dizer que a senhora Suwar-ni tem todas as condições para permanecer na zona internacional dado que todas as suas despesas desde 1 de Abril, o dia em que chegou a Macau, estão a ser suportadas pela Air Macau que, inclusivamen-te, já tentou, sem sucesso, repatriar para a Indonésia a passageira”, disse a fonte.

Com a reunião desta semana a fonte contactada pela Lusa acredita que o caso “esteja perto do fim” embora se escuse a “dar garantias já que a senhora Suwarni já recusou duas vezes o regresso à Indoné-sia sem qualquer custo”.

anunciado que iriam começar as obras para o túnel de Ká Hó. O Governo diz-se atento.

“Os serviços responsáveis pelo desenvolvimento de infra--estruturas exigiram que a em-presa concessionária continue a implementar medidas de miti-gação e a fazer a monitorização ambiental, conforme o relatório de avaliação de impacto am-biental”, diz o comunicado. “Vai continuar-se a acelerar a manu-tenção e a reforçar a limpeza das estradas.”

As obras para o túnel vão come-çar a partir de Julho e o Executivo confirma que é necessário fazer explosões para a escavação do túnel. Por isso mesmo, foi exigido à empresa que vai fazer a obra a instalação de portas anti-explosi-vas, para minimizar os ruídos e dissipação de poeira.

“Na sequência das sugestões do relatório de avaliação do im-pacto ambiental, essas exigências foram introduzidas no conteúdo do concurso para adjudicação da empreitada.”

Lau Si Io salientou que as acções de melhoramento do am-biente de Ká Hó são “contínuas” e diz que o Governo está deter-minado a melhorar o ambiente da zona. Também Chui Sai On anunciou recentemente que os moradores da zona vão ser alvo de novos exames médicos em 2015 e o Governo está a preparar--se para que eles sejam submeti-dos a exames periódicos.

Page 9: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

hoje macau sexta-feira 2.5.2014

T RÊS pessoas morreram e 79 ficaram feridas esta quarta-feira num ataque a uma estação ferroviária

na região autónoma chinesa de Xinjiang, noticiou a agência oficial Xinhua.

De acordo com a Xinhua, os atacantes agrediram pessoas com facas e colocaram explo-sivos na estação ferroviária sul de Urumqi, capital de Xinjiang, oeste da China, no que a agência classifica como um “violento ataque terrorista”.

A China e a Rússia vão levar a cabo manobras navais conjuntas no

final de Maio no Mar da China Oriental, anunciou o Ministério de Defesa chinês na sua página de internet.

O anúncio dos exercícios mi-litares é visto como uma forma de mostrar o “mau estar” de Pequim perante a atitude de Washington em relação às ilhas Diaoyu (dis-putadas entre o Japão – apoiado pelos Estados Unidos – e a Chi-na), as quais estão localizadas no Mar da China Oriental.

“Os exercícios, que são manobras regulares entre a ma-rinha chinesa e russa, têm como objectivo intensificar a coope-ração pragmática entre os dois exércitos, assim como melhorar

a sua capacidade de resposta a eventuais ameaças de segurança marítimas”, explica um comuni-cado publicado pelo Ministério de Defesa chinês.

O Mar da China Oriental passou a ser um tema delicado para as relações internacionais depois que Pequim anunciou, em Novembro do ano passado, a criação de uma Zona de Identi-ficação de Defesa Aérea (ADIS) naquelas águas, onde se situam as ilhas Diaoyu, além de outros ilhotes também disputados com outros países. A iniciativa pro-vocou a condenação de países terceiros, incluindo o Japão, Estados Unidos e Filipinas.

O Presidente russo, Vladimir Putin, deverá realizar uma visita à China este mês.

O primeiro-ministro chinês, Li Ke-qiang, visitará An-

gola na próxima semana, num périplo africano que envolve mais três países (Etiópia, Nigéria e Quénia), disse quarta-feira fonte di-plomática à agência Lusa.

A visita ocorre um ano depois de o presidente Xi Jinping ter visitado o continente africano, evidenciando o cres-cente relacionamento entre a China e África.

Pelas contas chine-sas, o comércio entre a China e o continente africano aumentou 5,9% em 2013, para cerca de 1.5 bilião de

patacas, com um saldo de cerca de 178 mil milhões de patacas favorável a África.

A China tornou-se o maior parceiro comercial de África em 2011, ultra-passando a Europa e os Estados Unidos da América, e estima-se que cerca de um milhão de chineses estejam a trabalhar no continente africano, nomeadamente em Angola.

Principal cliente do petróleo angolano, a China é vista também em Luan-da como um dos maiores parceiros do programa de “Reconstrução Nacional” iniciado após o final da longa guerra civil no país, em 2012.

Libertado activista Xu WanpingAs autoridades chinesas libertaram Xu Wanping, um activista chinês condenado em 2005 por “incitar a subversão contra o Estado” depois de cumprir nove anos de prisão, confirmou quarta-feira a Organização de Direitos Humanos na China (HRIC). Xi Wanping foi colocado em liberdade na tarde de terça-feira e terá sido levado pelas autoridades para sua casa, na cidade de Chongqing, centro do país, explicou Ye Shiwei, director do programa da HRIC, que saudou a decisão da justiça chinesa. O activista, de 51 anos, cuja defesa da democracia e dos direitos humanos já o tinha levado à prisão, por oito anos, está debilitado em termos de saúde o que terá sido a causa da sua libertação antes de cumprir a pena de 12 anos a que foi condenado, apontam diversas organizações. Segundo a HRIC, as autoridades vêem as manifestações como uma oportunidade para lançar uma campanha de repressão contra dissidentes como Xu, que já era conhecido por ter participado no movimento democrático de 1989 e por ser membro da fundação do Partido Democrático da China.

TRÊS MORTOS EM ATAQUE CONTRA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

Terror de ponta e mola

PEQUIM E MOSCOVO COM MANOBRAS NO MAR DA CHINA ORIENTAL

Agitação marítimaPRIMEIRO-MINISTRO CHINÊS VISITA ANGOLA NA PRÓXIMA SEMANA

Périplo africano

O ataque ocorreu no dia em que o Presidente chinês, Xi Jinping, terminou uma visita a esta remota região autónoma, onde se concentra a minoria muçulmana Uighur.

Quatro pessoas ficaram feridas com gravidade mas em “condição estável”, após terem sido enviadas para um hospital da região, acrescentou a Xinhua ao citar responsáveis locais do Partido Comunista Chinês.

Numa mensagem divulgada pela rede social ‘Weibo’, o diário

Notícias de Pequim referiu 50 feridos e indicou, ao citar fonte policial, que foram transporta-dos para diversos hospitais.

Região fronteiriça de oito Estados da Ásia central, Xin-jiang é uma vasta zona se-midesértica rica em recursos naturais, e onde os Uighur, muçulmanos turcófonos, cons-tituem a principal etnia.

Os Han, etnia maioritária na China, afluíram aos milhões nas últimas décadas à região e os Uighur queixam-se de pressões

e perseguições por parte das autoridades e de uma política repressiva face à sua religião e cultura.

Desde 2009 a região é palco de violência recorrente que se intensificou nos últimos meses, no que Pequim classifica como actos “terroristas” atribuídos a movimentos separatistas e islamitas.

Citado pela Xinhua, Xi Jin-ping prometeu aplicar em Xin-jiang uma estratégia antiterrorista destinada a “atacar em primeiro lugar” para “intimidar os inimi-gos” e “inspirar os cidadãos”.

O chefe de Estado chinês acrescentou ainda que Pequim vão aplicar “políticas apropriadas para melhorar a harmonia [entre] etnias e garantir a prosperidade de todos os grupos étnicos”.

9CHINA

Page 10: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

10 hoje macau sexta-feira 2.5.2014publicidade

Page 11: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

HOJE MACAU

HOJE MACAU

HOJE MACAU

HOJE MACAU

TIAGO ALCÂNTARA

TIAGO ALCÂNTARA

TIAGO ALCÂNTARATIAGO ALCÂNTARA

11hoje macau sexta-feira 2.5.2014

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

MEDICINA CHINESA NAS MÃOS DE ASSASSINOS • Frédéric LenormandTi Jen-Tsie (630-700) foi um magistrado tão reconhecido que figura nos anais judiciários da dinastia Tang. As novas aventuras que Frédéric Lenormand lhe dedica convida-nos a descobrir a fascinante cultura chinesa através dos meandros de uma intriga policial. Um médico ousou introduzir um veneno mortal no círculo do imperador da China. O juiz Ti foi encarregado de investigar no seio do “Grande Serviço Médico”, uma instituição única no mundo que reúne todos os conhecimentos médicos e forma os melhores sábios do império. Da acupunctura à farmaco-peia, Ti lança-se numa perseguição a um assassino tão brilhante quanto perigoso, levando-nos a descobrir todas as subtilezas da arte da medicina chinesa.

MEL • Ian McEwanGrã-Bretanha, 1972. Serena Frome, a bela filha de um bispo anglicano, é aliciada para os Serviços Secretos no seu ano final em Cambridge. A guerra fria cultural prossegue e o país é assolado por convulsões sociais e actos de terrorismo. Serena é então en-viada numa «missão secreta» que a faz imergir no mundo literário de Tom Haley, um jovem escritor promissor. Ela começa por gostar das suas histórias, mas rapidamente passa a gostar do próprio homem que as escreve. Conseguirá Serena manter a ficção da sua vida oculta? Para isso, ela vai ter de ignorar a primeira regra do espião: Não confies em ninguém.

1º DE MAIOEM IMAGENS

Page 12: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

hoje macau sexta-feira 2.5.201412 publicidade

AnúncioConsiderando que não se revela possível notificar directamente a interessada, conforme o despacho

da signatária no processo n.o 0082/2012/IP em 10 de Dezembro de 2013 e nos termos dos artigos 68.o e 72.o do Código de Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M de 11 de Outubro, este Gabinete notifica a residente Lam, Anita, portadora do BIR n.o 516527X(X), que cometeu a infracção administrativa nos termos do n.o 2 do artigo 33.o da Lei da Protecção de Dados Pessoais por ter revelado os dados pessoais de cliente através de rede social contra o disposto do artigo 6.o da mesma lei. Este Gabinete decide aplicar a multa no valor de 12000 patacas. E a residente Lam, Anita tem que parar com os actos de infracção e os corrigir imediatamente, eliminando todos os dados publicados dos clientes nas redes sociais, acrescentando ainda as cláusulas ou informações relacionadas para corresponder ao direito de informação dos titulares.

Sobre a respectiva sanção, a interessada pode interpor o recurso contencioso ao Tribunal Administrativo da RAEM nos termos do artigo 16.o do Decreto-Lei n.o 52/99/M e nos prazos estabelecidos no artigo n.o 25.o do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 110/99/M.

Nos termos dos artigos 145.o, 148.o, n.o 1 e 149.o do Código do Procedimento Administrativo, a interessada pode apresentar a reclamação a este Gabinete dentro de 15 dias a contar da data da publicação deste aviso, e nos termos dos artigos 155.o e 156.o do código supracitado, a interessada pode interpor o recurso hierárquico facultativo junto do Chefe do Executivo dentro do prazo estabelecido para interposição de recurso contencioso do acto em causa, para além disso, nos termos do n.o 2 do artigo 150.o e n.o 3 do artigo 157.o do mesmo código, a reclamação e o recurso hierárquico facultativo não suspendem a eficácia do acto recorrido.

Nos termos da alínea e) do artigo 14.o do Decreto-Lei n.o 52/99/M , a interessada deve dirigir-se ao Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais, situado na Avenida da Praia Grande, nº. 804, Edifício China Plaza, 13.o Andar, A-F, Macau para levantar a guia de sanção, dentro de 15 dias a contar da data da publicação deste aviso, a fim de realizar o pagamento no Edifício da Direcção dos Serviços de Finanças situado na Avenida da Praia Grande, n.os 575, 579 e 585. Caso a interessada não efectuar o pagamento de multa, o respectivo processo será encaminhado para a Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças para cobrança coerciva nos termos do artigo 17.o do mesmo Decreto-Lei e do artigo 29.o do Decreto-Lei n.o 30/99/M.

Por último, nos termos do artigo 63.o e segunites do Código do Procedimento Administrativo, a interessada pode dirigir-se pessoalmente a este Gabinete na hora de expediente para consultar o processo.

Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais, aos 29 de Abril de 2014.

A Coordenadora Chan Hoi Fan

AvisoFaz-se público que, por despacho de S. Ex.a o Chefe do Executivo, de 20 de

Março de 2014, e nos termos do disposto na Lei n.º 14/2009 (“Regime das carreiras dos trabalhadores dos serviços públicos”) e no Regulamento Administrativo n.º 23/2011 (“Recrutamento, selecção, e formação para efeitos de acesso dos trabalhadores dos ser-viços públicos”), se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento de três lugares de assistente técnico administrativo de 2.ª classe, 1.º escalão, da carreira de assistente técnico administrativo, em regime de contrato além do quadro do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais.

Aviso de abertura foi publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.° 18, II Série, de 30 de Abril de 2014. O prazo para a apresentação de candidaturas é de vinte dias, a contar do primeiro dia útil ao da publicação do presente aviso no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau. Os candidatos devem preencher a “ficha de inscrição em concurso” aprovada pelo Despacho do Chefe Executivo n.º 250/2011 (pode ser requisitada na Imprensa Oficial ou descarregada na página electrónica daquela entidade pública) juntamente com o arquivo associado, e apresentá-la, no período definido, durante o horário de expediente (segunda-feira a quinta-feira, 9:00 – 13:00; 14:30 – 17:45; sexta-feira, 9:00 – 13:00; 14:30 – 17:30), para este Gabinete, sito na Avenida da Praia Grande, n.º 804, Edifício China Plaza, 13.º andar, A-F, em Macau.

Para mais informações é favor consultar o site deste Gabinete http://www.gpdp.gov.mo.

A CoordenadoraChan Hoi Fan

30/04/2014

Anúncio

O Pedido do Projecto de Apoio Financeiro do FDCTpara à 2ª vez do ano 2014

(1) Fins O FDCT foi estabelecido por Regulamento Administrativo nº14/2004 da

RAEM, publicado no B. O. N° 19 de 10 de Maio, e está sujeito a tutela do Chefe do Executivo. O FDCT visa a concessão de apoio financeiro ao ensino, investigação e a realização de projectos no quadro dos objectivos da política das ciências e da tecnologia da RAEM.

(2) Alvos de Patrocínio(i) Universidades, instituições de ensino superior locais, seus institutos e

centros de investigação e desenvolvimento (I&D);(ii) Laboratórios e outras entidades da RAEM vocacionados para

actividades de I&D científico e tecnológico;(iii) Instituições privadas locais, sem fins lucrativos;(iv) Empresários e empresas comerciais, registadas na RAEM, com

actividades de I&D;(v) Investigadores que desenvolvem actividades de I&D na RAEM.

(3) Projecto de Apoio Financeiro(i) Que contribuam para a generalização e o aprofundamento do

conhecimento científico e tecnológico;(ii) Que contribuam para elevar a produtividade e reforçar a

competitividade das empresas;(iii) Que sejam inovadores no âmbito do desenvolvimento industrial;(iv) Que contribuam para fomentar uma cultura e um ambiente propícios

à inovação e ao desenvolvimento das ciências e da tecnologia;(v) Que promovam a transferência de ciências e da tecnologia,

considerados prioritários para o desenvolvimento social e económico;(vi) Pedidos de patentes.

(4) Valor de Apoio Financeiro(1) Igual ou inferior quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00)(2) Superior a quinhentos mil patacas. (MOP$500.000,00)

(5) Data do PedidoAlínea (1) do número anterior Todo o anoAlínea (2) do número anterior A partir do dia 2 – Maio – 2014

até 1 – Julho – 2014(O próximo pedido será realizado no dia 1 – Set. – 2014 ao 31 – Out. – 2014)

(6) Forma do PedidoDevolvido o Boletim de Inscrição e os dados de instrução

mencionados no Art° 6 do Chefe do Executivo nº 273 /2004,《Regulamento da Concessão de Apoio Financeiro》, publicado no B. O. N° 47 de 22 de Nov., para o FDCT. Endereço do escritória: Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n° 411-417, Edf. “Dynasty Plaza” 9° andar, Macau. Para informações: tel. 28788777; website: www.fdct.gov.mo.

(7) Condições de AutorizaçõesPor despacho do Chefe do Executivo nº 273 /2004, processa o 《Regulamento

da Concessão de Apoio Financeiro》.

O Presidente do C. A. do FDCT,Tong Chi Kin 30 / 4 / 2014

Page 13: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

hoje macau sexta-feira 2.5.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

13

“Antes das filmagens, convém sempre planear de forma organizada o calendário”

A NTERIORMENTE, falámos sobre as várias fases de pré--produção na feitura de um fil-me, que tem um foco especial

em Macau. Como sabem, tomei como referência a experiência que tive a fazer o “Roulette City”, a minha primeira lon-ga-metragem. Expliquei por que escolhi Macau, como surgiu a inspiração para a história, como consegui encontrar uma equipa e como seleccionei os actores.

Com tudo isso feito, agora estamos prontos a seguir para o que considero o mais emocionante e, na minha opinião, também o mais stressante no processo de fazer um filme: as filmagens.

Filmar, geralmente, envolve mais pes-soas. Consequentemente, envolve po-tencialmente mais problemas. Um dos grandes problemas com que nos depara-mos a maior parte das vezes são os horá-rios e é aí que um assistente de produção pode realmente ajudar. Antes das filma-gens, convém sempre planear de forma organizada o calendário das filmagens, reservar os locais onde se pretende filmar e conseguir as licenças para isso e, claro, agendar os actores. Dependendo do ta-manho da produção, poderá haver entre

Thomas Lim*

FAZER UM FILME EM MACAU: DO GUIÃO ÀS FILMAGENS

Capítulo VI: Filmagens

* actor, guionista e director do filme“Roulette City”, em exibição nos cinemas

um a três assistentes para ajudar, mas, em Macau, um é, normalmente, o suficiente.

O papel do realizador, por sua vez, é diferente. O realizador precisa de prepa-rar uma lista de filmagens a fazer – ou o que chamamos de storyboard -, para que saiba exactamente que filmagens preci-sam de ser feitas durante cada dia. Isto ajuda também o assistente de director a planear quanto tempo precisa em cada local. Se todas estas preparações forem feitas de forma apropriada, todos os membros da equipa de filmagens sabem exactamente o que fazer antes mesmo das filmagens terem lugar.

Em Macau, os membros que com-põem as crew, por vezes, não sabem bem o tipo de tarefas que têm durante a produção, devido principalmente à inex-periência. Com essa inexperiência vem também uma tendência grande para que esses membros percam a concentração e comecem a distrair os outros. Mas, se identificarmos claramente o que precisa de ser feito e atribuirmos as tarefas de forma eficaz, as coisas deverão correr bem.

Assim que todos os trabalhos prepara-tivos estiverem concluídos, o realizador passa apenas a controlar e a dirigir os actores durante as filmagens, enquanto os membros da crew executam o que foi,

anteriormente, planeado. Os actores são os membros mais imprevisíveis durante a produção: são as criaturas mais sensíveis de toda a indústria cinematográfica, com, provavelmente, os maiores, mas mais vulneráveis egos. Coordenar os actores exige experiência, dado que diferentes actores reagem de forma diferente às di-recções dadas.

Ter sido actor por tantos anos, aju-dou-me realmente nesse aspecto, por-que não tenho tanto “medo” dos actores, como muitos realizadores têm. A minha própria experiência enquanto actor, permite-me perceber quais os pedidos razoáveis feitos pelos actores, enquanto permite que perceba também aqueles que não devem ser levados a sério. Ou-çam sempre os pedidos e sugestões dos actores – e qualquer outro dos membros da vossa crew -, mas nem sempre concor-dem ou discordem com eles.

Lembre-se sempre que a produção de um filme não é uma democracia. É uma ditadura absoluta e você, enquanto rea-lizador, é o ditador. Seja qual for a deci-são que tome enquanto filma – aliás, em qualquer parte da feitura do filme – deve ser para o bem da produção. Se seguir esta regra de ouro, e mostrar claramen-te que este é o seu objectivo, conseguirá ganhar o respeito e a confiança da sua

equipa. Se é novo nisto, prepare-se bem para conseguir ganhar esse respeito e não se contente com algo que o seu instinto lhe diz estar errado. Por outras palavras, confie sempre no seu instinto. No prin-cípio, pode não conseguir perceber por que é que quer algo filmado de uma certa forma, mas, com o tempo, as suas prefe-rências e opções vão desenvolver natu-ralmente, como um estilo seu, único. Se as pessoas gostarem, então pode vir a ser a sua imagem de marca.

Uma sugestão, para que se prepare mentalmente – quando estiver a fazer o seu filme, pode ter preparados cem cená-rios diferentes para filmar num dia, mas o 101º que, normalmente, não estava pla-neado, é onde vai ser realmente filmado. O trabalho de um realizador é adaptar--se às mudanças que vão acontecendo ao longo da produção e conseguir as melho-res filmagens, mesmo com as limitações e problemas que lhe são atirados durante o processo. Há sempre algo inesperado à espera para o surpreender, tanto no bom, como no mau sentido. Aceite as suas li-mitações e faça um filme que estará além daquilo que os recursos lhe oferecem. Aí, terá o meu respeito também.

Page 14: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

14 hoje macau sexta-feira 2.5.2014

O PROFESSOR DOS SINÓLOGOS MACAENSES DO SÉCULO XIX

h

A comunidade falante do por-tuguês vive em Macau há 460 anos e se no início teve nos jesuítas os seus grandes

professores e sinólogos, com a expulsão destes, raros foram depois os períodos em que contou com bons professores e escolas para se aprender chinês, assim como, sobre a cultura e civilização chi-nesa. Vivemos actualmente num tempo em que cada vez são precisos mais tra-dutores, tanto para as relações diplo-máticas, como comerciais e culturais. Para se chegar à fase de conseguir fazer essas pontes entre diferentes línguas, não basta saber falar, ler e escrever, mas é também necessário entender a cultura e civilização onde estas estão inseridas.

Foi num período turbulento de Macau que Joaquim Afonso Gonçal-ves aqui viveu e como professor for-mou uma nova elite de sinólogos para trabalhar na Procuratura dos Negó-cios Sínicos e servir a Administração portuguesa.

Joaquim Afonso Gonçalves (1781-1841) nasceu a 23 de Março de 1781 em Tojal, aldeia de Trás-os-Montes do concelho de Serva. Entrou para o Seminário de Rilhafoles em Lisboa a 17 de Maio de 1799 e fez os seus votos como padre lazarista (da Con-gregação da Missão ou de S. Vicente de Paulo) em 18 de Maio de 1801. Em 1812, embarcou de Lisboa para Macau onde chegou a 28 de Junho de 1813. Segundo o que diz Marques Pereira: “Veio a ser o mais abalizado sinólogo de quantos missionários cul-tivaram ainda até hoje esse género de estudo.”

Leccionou inglês e chinês e tam-bém música no Seminário de S. José até morrer, tendo aí formado quase todos os sinólogos macaenses do sé-culo XIX.

O Seminário de S. José fora fun-dado em 1728 pelos Jesuítas, mas de-vido ao decreto pombalino de 19 de Janeiro de 1759, os seus bens foram confiscados e já pelo decreto de 3 de Setembro de 1759, foram eles expul-sos de Portugal e das suas colónias. Em Macau, os jesuítas só foram pre-sos em 5 de Julho de 1762, devido ao Governador António de Mendonça

José simões morais(TEXTO E FOTOS)

Corte Real ter até então mantido em segredo tais decretos. Os jesuítas do Seminário de S. José foram entregues ao guardião do Convento de S. Fran-cisco, Pe. Frei Joaquim de Sta. Rosa, sendo estes, em 8 do mesmo mês, reunidos aos que estavam sequestra-dos em S. Domingos e depois expul-sos.

Em 1784, o Seminário de S. José foi confiado aos lazaristas e nesse pri-meiro ano teve apenas oito alunos. Segundo Ljungstedt em 1815 esta-vam no Colégio oito jovens chineses, dois malaios e dezasseis rapazes nas-cidos em Macau e em 1831, sete jo-vens chineses, dois de Manila, cujos pais eram portugueses e treze nasci-dos em Macau.

No período liberal de 1822, os lazaristas aderiram ao constituciona-lismo, mas este movimento foi sufo-cado em 23 de Setembro de 1823 e o Bispo de Macau, Frei Francisco de N. Sra. da Luz Chacim nomeado go-vernador. Os lazaristas protestaram e em 4 de Outubro de 1823 foram pre-sos, sendo muitos enviados para Goa. Joaquim Afonso Gonçalves e Luís Álvares Gonzaga fugiram para Mani-la, regressando poucos anos depois, talvez em 1825, onde continuaram a leccionar no Real Colégio de S. José (o antigo Seminário), que agora tinha na direcção o Padre Borja.

Joaquim A. Gonçalves ensinava chinês aos padres que vinham da Europa para missionar no interior da China. Um dos seus alunos foi o francês Gabriel Perboyre, que no ano de 1835 escreveu sobre o seu professor: “Eu terei por professor o Sr. Gonçalves que compôs um dicio-nário chinês-português e um outro português-chinês e prepara um ter-ceiro latim-chinês. É autor também de uma gramática latino-chinesa e duma gramática luso-chinesa. É com ele que os missionários que vem da Europa estudam o chinês. É também muito sábio na Astronomia e nas Ma-temáticas... Vai enviar para Paris as observações que fez sobre o cometa deste ano...”

Outro aluno foi João Rodrigues Gonçalves, que em 23 de Abril de

“É COM ELE (JOAQUIM AFONSO GONÇALVES) QUE

OS MISSIONÁRIOS QUE VÊM DA EUROPA ESTUDAM

O CHINÊS. É TAMBÉM MUITO SÁBIO NA ASTRONOMIA

E NAS MATEMÁTICAS... VAI ENVIAR PARA PARIS AS

OBSERVAÇÕES QUE FEZ SOBRE O COMETA DESTE ANO...”

GABRIEL PERBOYRE, 1835

Page 15: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 2.5.2014

1862 seguiu como intérprete do Conselheiro Isidoro Francisco Gui-marães, Governador de Macau e mi-nistro plenipotenciário de Portugal na China, na ida a Pequim para nego-ciar um tratado de amizade e comér-cio com este país.

Como Padre da Congregação da Missão, Joaquim Afonso Gonçalves escreveu em 1828 uma gramática latina, ‘Grammatica latina, ad usum sinensium juvenum’ e para os alunos estudarem a língua chinesa, tanto fa-lada como escrita a obra ‘Arte China, constante de alphabeto e gramma-tica, comprehendendo modelos das differentes composições’ editada no ano de 1829.

Para complementar, ainda fez dois dicionários, o ‘Diccionario portu-guez-china, no estylo vulgar manda-rim e classico geral’, no ano de 1831 e o de chinês-português ‘Dicciona-rio china-portuguez, no estylo vul-gar mandarim, e classico geral’ em 1833. Neles reduziu os 214 radicais normalmente usados nos dicionários para 124 e redigiu um catálogo de 1300 grupos fonéticos, a que chamou diferenças.

Quando por um decreto de 28 de Maio de 1834 foram suprimidas em Portugal todas as ordens religiosas e congregações, só após dois anos a Congregação da Missão foi dissolvi-da em Macau devido à oposição do Padre Joaquim José Leite, procurador das Missões e Superior, para a execu-ção do decreto.

Assim, já apenas como padre se-cular, Joaquim Afonso Gonçalves continuou a leccionar no Colégio e deu à luz novas obras, também elas impressas no Colégio de S. José desta cidade: Em 1837 é editada a Voca-bularium latino-sinicum, pronuntia-tione mandarina litteris latinis, dois anos depois, em 1839, o Lexicon Ma-nuale Latino-Sinicum, continens om-nia vocabula utilia et primitiva etiam scriptoe sacroe. Já em 1841, saiu o Lexicon Magnum Latino-Sinicum, ostendens etymologiam, prosodiam, et constructionem vocabulorum.

Joaquim A. Gonçalves deixou por sua morte inéditas as seguintes obras: Verixou do Novo Testamento em língua china, uma versão chinesa do Novo Testamento, que o padre tam-bém não terminou, tal como o Dicio-nário sínico-latino.

“Além de músico e compositor notável, teólogo e matemático, insig-ne conhecedor profundo das línguas europeias, era sobretudo admirável

no estudo da língua chinesa, a que se dedicou com ardor em favor das mis-sões do seu instituto”, palavras escri-tas em Memoires de la Congregation de la Mission. Foi membro da Real Sociedade Asiática de Calcutá. Em 18 de Novembro de 1840 foi eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa, mas não chegou a receber o diploma, nem o de Cavaleiro da Ordem de Nossa Se-nhora da Conceição de Vila Viçosa, cuja mercê lhe fora decretada ao mes-mo tempo.

O exímio sinólogo, Padre Joaquim Afonso Gonçalves faleceu em Macau de febre maligna no Seminário de S. José na tarde do dia 3 de Outubro de 1841, tendo sido sepultado no Cemi-tério de S. Paulo.

O ‘Echo do Povo’ de 15 de Julho de 1860 afirmava: “Macau, sabemos nós, que vai cumprindo o vaticínio (que mais de uma vez havemos fei-to lembrar) de um jornal de Lisboa, profetizando que brevemente ia a ser reduzido a uma terra de selvagens; palavras formais dessa profecia. Isto dizia a ‘Revolução de Setembro’, há obra de vinte anos a esta parte, por lhe constar que a instrução pública de Macau acabava de receber um golpe mortal, com o falecimento do muito Rev. P. Gonçalves; que diria se sou-besse do estado lamentável a que ela hoje se acha reduzida?!”

Sepultado durante anos no Cemi-tério de S. Paulo, quando este fechou e a maioria das sepulturas removidas para o Cemitério de S. Miguel Arcan-jo, foi em 8 de Outubro de 1872 o corpo de João Rodrigues Gonçalves transferido para a Igreja de S. José.

Em memória do ilustre professor do Colégio de S. José, por simpatia, respeito e veneração, uma enorme multidão de macaenses e portugueses associou-se ao cortejo. Todos os alu-nos do Seminário e padres, tal como o restante clero da cidade, assim como os funcionários públicos e as

mais altas individualidades do gover-no, tanto militar como civil, acom-panharam em procissão o cortejo de trasladação dos ossos e nem mesmo o governador faltou. Uma hora antes das cinco da tarde, altura marcada para a saída da urna do antigo Ce-mitério de S. Paulo, já o largo e as escadarias de S. Paulo estavam com imensa gente. Todos os seus alunos ainda vivos disputaram a honra de levar aos ombros a caixa que encer-rava a urna onde estavam os ossos do seu mestre. E ali estavam Camilo de Sousa, Lourenço Marques, J. F. Fran-co, Eduardo Pio Marques, Vicente C. da Rocha, Faustino Gordo, Dr. Pitter, Carlos R. da Rocha, António C. Bran-

dão, Pe. Francisco Anacleto da Silva, cura da Sé, Pe. Cortella, vigário de S. Lourenço, Gabriel Marques, João dos Remédios e os padres, Baptista Siam, Paz, José Gonçalves Pereira, Julião e José de Arimathéa.

Com grande solenidade se reali-zou o cortejo, “fechando o préstito com música do batalhão com guarda de honra. Durante o trânsito, todos os sinos da cidade dobravam a fina-dos. Ninguém se lembrava em Macau de ter visto um acompanhamento tão concorrido. A Igreja de S. José esta-va quase toda forrada de crepes e por cima do altar-mor estava um grande crucifixo que tinha sido da antiga igreja de S. Francisco.” Nesse dia, as cerimónias acabaram às 10 da noite, tendo contado com matinas e música vocal e instrumental, assim como uma pregação em chinês, encontrando-se a urna no meio da igreja.

No dia seguinte as cerimónias con-tinuaram, onde se cantaram Laudes e houve uma missa, no fim da qual o Reverentíssimo Governador do Bispa-do, Dr. António Luís de Carvalho fez o elogio fúnebre do ilustre extinto. Depois foi a urna colocada por baixo do coro da igreja, na parede do lado do evangelho. Em 1903, após a reno-vação do edifício da Igreja de S. José, passou a urna para o lado da epístola.

A sua sepultura apresenta-se com uma lápide em mármore preta man-dada gravar pelos seus amigos e dis-cípulos com a inscrição em latim que começa com “D. O. M.” (A Deus Óti-mo Máximo) e para não se tornar fas-tidioso apenas aqui damos a tradução: “Aqui jaz o Re, Sr. Joaquim Afonso Gonçalves, português, sacerdote da Congregação da Missão, exímio pro-fessor do Real Colégio de S. José, só-cio estrangeiro da Real Sociedade Asi-ática, solícito pelo bem das missões chinesas, compôs e publicou obras muito úteis nas línguas chinesa, latina e portuguesa, sendo ele de costumes irrepreensíveis e exímio na doutrina, de vida ilibada, o qual, cheio de dias, descansou no Senhor, mais que sexa-genário, em 3 de Outubro do ano de 1841. Os seus amigos e discípulos de letras dedicaram esta lápide em me-mória de tão grande varão.”

Assim, quem entra na Igreja de S. José encontra à direita depositado um dos mais proeminentes sinólogos portugueses, Joaquim Afonso Gon-çalves, professor que escreveu um conjunto de livros de gramática e di-cionários essenciais para o estudo da língua chinesa.

“ALÉM DE MÚSICO

E COMPOSITOR

NOTÁVEL, TEÓLOGO

E MATEMÁTICO,

INSIGNE CONHECEDOR

PROFUNDO DAS

LÍNGUAS EUROPEIAS,

ERA SOBRETUDO

ADMIRÁVEL NO ESTUDO

DA LÍNGUA CHINESA,

A QUE SE DEDICOU

COM ARDOR EM FAVOR

DAS MISSÕES DO SEU

INSTITUTO”

MEMOIRES DE LA CONGREGATION

DE LA MISSION

JOAQUIM A. GONÇALVES DEIXOU POR SUA MORTE

INÉDITAS AS SEGUINTES OBRAS: VERIXOU DO NOVO

TESTAMENTO EM LÍNGUA CHINA, UMA VERSÃO

CHINESA DO NOVO TESTAMENTO, QUE O PADRE

TAMBÉM NÃO TERMINOU, TAL COMO O DICIONÁRIO

SÍNICO-LATINO

Page 16: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

16 DESPORTO hoje macau sexta-feira 2.5.2014

SÉRGIO [email protected]

O mês de Abril foi animado para os pilotos de Macau. Da Chi-

na continental até ao norte de Itália, os representantes da RAEM no automobilismo não deixaram créditos por mãos alheias.

Rodolfo Ávila disputou a segunda prova da Taça Pors-che Carrera Ásia em Xangai, jornada que fez parte do programa do Grande Prémio da China de Fórmula 1. Depois de um desapontante nono lugar numa primeira corrida disputada em piso molhado, Ávila, que ao longo do fim-de-semana se debateu com uma viatura pouco cooperante, ficou às portas do pódio na segunda manga, após ter estado na luta por um lugar no pódio até aos momentos finais. A temporada do troféu da prestigiada casa germânica continua no segundo fim-de--semana de Maio no circuito permanente de Zhuhai, cir-cuito de boas memorias para o piloto português.

Por seu lado, o com-patriota André Couto já

A selecção portuguesa masculina venceu esta quarta-feira a

Grécia e perdeu contra o Ja-pão, na que foi a sua primeira derrota no Campeonato do Mundo de ténis de mesa por equipas, em Tóquio.

No primeiro jogo do dia do grupo C da primeira divi-são, a selecção das “quinas” venceu a equipa grega por 3-1, com Marcos Freitas a ultrapassar Kalinikos Krean-ga por 3-1 (11-7, 6-11, 11-8, 12-10), Tiago Apolónia a ser derrotado frente a Panagiotis Gionis por 3-0 (11-9, 11-6, 11-8), João Monteiro a vencer Konstantinos Papageorgiou por 3-0 (13-11, 11-7, 11-8) e Marcos Freitas a confirmar a vitória contra Panagiotis Gionis por 3-2 (8-11, 14-16, 11-5, 13-11, 16-14).

A TLÉTICO e Real vão fazer história no Estádio da Luz,

em Lisboa, no próximo dia 24 de Maio. Pela primeira vez desde que existem competições europeias, duas equipas da mesma cidade vão defrontar-se numa final. Uma partida 100% madrilena, para onde a equipa de Simeone garantiu nesta quarta-feira um bilhete, após ter elimi-nado o Chelsea, na meia--final. Depois do empate a zero no primeiro jogo, os “colchoneros” foram destemidamente a Londres bater o conjunto coman-dado por José Mourinho, por 3-1. E até estiveram a perder.

O treinador português do Chelsea tem um registo curioso na Champions. Sempre que chegou à final venceu (2003-04, pelo FC Porto; 2009-10, ao serviço do Inter de Milão), mas tem

uma enorme dificuldade em ultrapassar as meias--finais. Em oito tentativas (cinco consecutivas nas últimas temporadas) fa-lhou seis. Desta vez, foi o Atlético de Madrid quem bateu o pé ao setubalense, que ainda chegou a sonhar, aos 36’, quando Fernando Torres inaugurou o marca-dor e colocou a sua equipa em vantagem.

Mas a reacção dos espa-nhóis foi pronta, peremptó-ria e desarmante. Ainda an-tes do intervalo empataria o encontro, passando para a frente da eliminatória, regressando para a segunda metade mais determinada em solidificar o triunfo do que em defender a curta vantagem. O resultado fo-ram mais dois golos e um conjunto de boas defesas do guarda-redes Courtois (ironicamente emprestado pelo Chelsea) a destroçar as esperanças inglesas.

FUTEBOL ATLÉTICO ULTRAPASSA CHELSEA E VAI AO ESTÁDIO DA LUZ

Final inéditaTÉNIS DE MESA PRIMEIRA DERROTA PORTUGUESA NO MUNDIAL

Japoneses não perdoam

PILOTOS DE MACAU CORRERAM EM VÁRIAS FRENTES

Abril corridas mil

começou a sua campanha no Blancpain Endurance Series, a competição que junta a elite europeia das cor-ridas de resistência com as viaturas de Grande Turismo.

Entre cinco dezenas de concorrentes, no circuito italiano de Monza, o pilo-to de Macau qualificou o Audi R8 LMS ultra roxo da equipa chinesa Brother Racing Team, mas prepara-do pelos ingleses do Team Parker, no décimo sexto posto da geral. Couto, que no seu turno de condução

chegou a rodar no Top-10, e os seus companheiros de equipa chineses Congfu Cheng e Sun Zheng termi-naram a corrida ganha pelo português Álvaro Parente (McLaren MP4-12C) no vigésimo segundo lugar.

No primeiro fim-de--semana do mês Couto também participou no teste colectivo da Taça Audi R8 LMS, obtendo o melhor tem-po, o que é um sinal positivo para o arranque da tempo-rada, agora marcado para o terceiro fim-de-semana de

Maio na Coreia do Sul. Aqui mais perto, no Circuito Internacional de Guangdong, Filipe Clemente Souza e Ng Kin Veng participaram no passado fim-de-semana na ronda de abertura do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC). Impedidos de usar os seus Chevrolet Cruze ex-WTCC no campeonato de Macau da especialidade, devido à introdução dos novos regu-lamentos, o duo de Macau foi muito bem-vindo pela or-ganização da China Interior. Souza e Veng nunca tiveram condições de ombrear com as equipas de oficiais da Ford e VW, mas o macaense e o seu companheiro de equipa foram sétimo e oitavo clas-sificados respectivamente à chegada.

Por fim, como o HM já aqui tinha noticiado no início do mês, o veterano Jo Mer-szei participou na primeira prova do recém-nascido campeonato filipino “Asian V8 Championship Series”, levando a melhor sobre os quatro participantes da “Open Class” no dia do seu quadragésimo aniversário.

Frente à selecção japo-nesa, selecção anfitriã do Mundial, Portugal perdeu por 3-1 com Tiago Apoló-nia a ser derrotado por 3-0 contra Jun Mizutani (11-7, 11-7, 11-9), Marcos Freitas a perder por 3-2 contra Koki Niwa (11-8, 6-11, 12-10,

4-11, 11-9), João Monteiro a vencer Kenta Matsudaira por 3-2 (11-9, 12-14, 7-11, 11-9, 11-9) e com Marcos Freitas derrotado por Jun Mizutani por 3-2 (11-6, 11-7, 7-11, 4-11, 11-6).

Com esta derrota, Portu-gal perdeu a invencibilidade

no mundial e foi alcançado pelo Japão no primeiro lu-gar do grupo C da primeira divisão, com sete pontos.

A selecção feminina, que disputa a segunda divisão do torneio, obteve a vitória por falta de comparência da Ni-géria no jogo de quarta-feira.

Page 17: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

hoje macau sexta-feira 2.5.2014 (F)UTILIDADES 17

Pu YiPOR MIM FALO

João Corvo fonte da inveja

C I N E M ACineteatro

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 21 MAX 26 HUM 75-98% • EURO 11.0 BAHT 0 .2 YUAN 1.3

Com a assinatura de Steven Spielberg, “Quem tramou Roger Rabbit?” é um dos filmes do género mais marcantes dos anos 1980/1990. Uma excelente combinação da animação tradicional, com um elenco de actores (humanos) de luxo, é uma mistura de comédia, com fantasia e alguns elementos de filme noir. A sensualidade de Jessica Rabbit e a inocência de Roger Rabbit apelam ao gosto, tanto dos adultos, como dos mais novos. Um filme que vale a pena ver e que não cansa ver mais do que uma vez, “Quem tramou Roger Rabbit?”, leva-nos a uma Hollywood de 1947, onde Eddie Valiant (Bob Hoskins), um detective particular, investiga um mistério que envolve Roger Rabbit, um famoso desenho animado acusado de homicídio. Uma homenagem a Bob Hoskins, que faleceu esta semana. - Joana Freitas

Morre Leonardo da Vinci,o génio da História da pintura• Leonardo da Vinci recorda-se a 2 de Maio, dia da morte do grande génio da história da pintura. Destacou-se com obras como ‘Mona Lisa’ ou a ‘A Última Ceia’, mas também deixou a sua marca na ciência, com a utilização da energia solar. “Que o teu trabalho seja perfeito para que, mesmo depois da tua morte, ele permaneça”, disse um dia Leonardo da Vinci. É isso que fazemos, não com perfeição, mas porque a perfeição do trabalho deste génio permanece e assim o determina. Leonardo da Vinci nasceu em Anchiano, a 15 de Abril de 1452 e foi uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento, destacando-se em diversas áreas, desde a pintura à poesia, passando pela arquitectura, botânica e escultura. Mas da Vinci deixou uma marca na História noutras áreas: como cientista, matemático, engenheiro e até inventor. O seu nome está ainda ligado ao desenvolvimento da aviação e da balística, sendo que é considerado um dos grandes homens do Renascimento. É apontado como um dos maiores pintores de sempre, além de ser considerado o homem com mais talento em todas as áreas a que se dedicou ou pelas quais se apaixonou. Tudo o que Leonardo da Vinci fazia estava para além do seu tempo. Fora da sua grande arte, a pintura, destacou-se pela inovação, desde a invenção de uma calculadora, um helicóptero e um tanque de guerra, à utilização da energia solar e a sustentação de uma tese sobre placas tectónicas. Da Vinci é considerado o maior génio da História da Humanidade, pela sua criatividade e pela multiplicidade de talentos, nas áreas da ciência e da arte. Morre em Amboise, a 2 de Maio de 1519. Hoje, recorda--se o maior dos génios.

ACONTECEU HOJE

A música é o registo sublime do ressonar do universo.

2 DE MAIO

SALA 1THE AMAZINGSPIDER-MAN 2 [B]Um filme de: Marc WebbCom: Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dante DeHaan14.15, 16.45, 21.45

THE AMAZINGSPIDER-MAN 2 [3D][B]Um filme de: Marc WebbCom: Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dante DeHaan19.15

SALA 2 THE DEMON WITHIN [C](FALADO EM CANTONÊS E LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Dante LamCom: D. Wu, N.Cheung, L. K. Chi, D. Lam, A. On14.30, 16.30, 19,30, 21.30

SALA 3BILOCATION [C](FALADO EM JAPONÊS E LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Mari AsatoCom: Mari Asato, K. Takitoh, Kento Senga14.30, 16.45, 19.15, 21.30

THE AMAZING SPIDER-MAN 2

Os táxis Sim, eu sei. Outra vez o mesmo assunto. Desculpem-me, mas não posso evitar falar disto. Não é que ande muito de táxi, até sou gato para dar à pata, mas irrita-me a impunidade que os senhores motoristas têm cá por Macau. Nesta santa terrinha, notícia não é quando os taxistas fazem algo mal, é quando fazem algo bom. É que é tão raro isso acontecer que merece destaque quando se encontra alguém com bom coração. Bem, mas o que me trouxe aqui nem foi isto. É que, esta semana, a DSAT e a PSP anunciaram medidas contra os senhores taxistas. A minha questão é a seguinte: as infracções cometidas pelos motoristas de táxi triplicaram no espaço de um ano e isto tendo em conta apenas os três primeiros meses de 2014. De mais de 200 infracções por cobrança excessiva, por exemplo, e mais umas quantas de recusa em transportar passageiros, apenas 11 casos – que incluem outras situações que não só estas – foram alvo de multa. E, pasme-se, uma fortuna: 9500 patacas – sim, leu bem – foi o total das multas aplicadas. O que vale é que quando perguntámos aos senhores agentes da polícia e aos fiscais da DSAT o que pode ser feito para acabar com esta tortura que é apanhar um táxi em Macau, eles têm um plano: vão-se vestir informalmente, mas com identificação ao peito e escutar as conversas entre passageiros e taxistas. Uff, que alívio. Claro que, se acontecer alguma coisa, o senhor passageiro deve saber que não lhe adianta de nada falar com o senhor polícia. É que, por cá, a PSP nada pode fazer se houver problemas com taxistas. Por isso é que os há. Porque o comportamento destes senhores sai sempre impune.

H O J E H Á F I L M EQUEM TRAMOU ROGER RABBIT?

ROBERT ZEMECKIS (1988)

Page 18: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

hoje macau sexta-feira 2.5.2014

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

Trabalho, segurança, saúde e emprego

18 OPINIÃO

“The supply of jobs results from growth and decline, location and relocation of firms and their demand for labour by skill. The demand for jobs results from population and immigration and outmigration by age, education, and skill. Intraregional labour mobility results from decisions of firms to hire or release workers and decisions of workers to start or end a job. These decisions affect commuting patterns and residential and firm location and the associated construction and real estate markets.”

Employment Location in Cities and Regions: Models and Applications (Advances in Spatial Science)

Francesca Pagliara, Michiel de Bok, David Simmonds, and Alan Wilson

A S condições de trabalho cria-das pela revolução industrial a partir da segunda metade do século passado nos países que adoptaram tal modo de produção eram deploráveis. O período normal de traba-lho diário era superior a doze horas. A disciplina do traba-lho era controlada por chefes

que castigavam duramente quem não cum-pria com as regras de trabalho estabelecidas.

As condições de higiene e salubridade eram lastimáveis. O recrutamento de traba-lhadores era realizado indiscriminadamente entre homens, mulheres e crianças. Os traba-lhadores começaram a organizar-se face aos abusos da entidade patronal, utilizando como forma de luta as greves e as manifestações de rua pela qual pretendiam fazer valer os seus direitos.

A American Federation of Labor cele-brou o seu IV Congresso, em Chicago, em Novembro de 1884. Os representantes dos trabalhadores, nessa reunião, propuseram que a partir do primeiro dia de Maio de 1886 as entidades patronais deveriam respeitar o período normal de trabalho diário de 8 horas, e se assim não fosse, os trabalhadores entrariam em greve.

O presidente dos Estados Unidos, An-drew Johnson, como resposta a esta exigên-cia promulgou uma lei que estabelecia que o período normal de trabalho diário passava a ser de 8 horas. A lei não foi aceite e cumprida pelas entidades patronais e as organizações representativas dos trabalhadores declara-ram greve e mobilizaram-se para reclamar os seus direitos.

A polícia reprimiu brutalmente os traba-lhadores durante a manifestação realizada em Chicago. Os trabalhadores fizeram ex-plodir uma bomba que causou a morte de vários polícias. Os oradores das organizações dos trabalhadores, por tal facto, foram presos bem como outros participantes anarquistas e acusados em tribunal de conspiração e assassínio.

Tudo foi feito para provar uma culpabili-dade que não podia ser demonstrada durante o processo, mas que apesar de tal facto, não foi impeditiva de serem condenadas oito pessoas, sendo duas a prisão perpétua,

uma a quinze anos de trabalhos forçados e as restantes cinco a morrer na forca.

O entusiasmo das organizações dos tra-balhadores estendeu-se a diferentes países do mundo. A Segunda Internacional, realizou uma reunião em Paris, em 1889, comemo-rando a Revolução Francesa, tendo adoptado uma resolução referente ao primeiro de Maio, como sendo o dia em que os trabalhadores deviam lutar com o poder público e obrigá--lo a reduzir legalmente o período normal de trabalho diário para oito horas.

O dia primeiro de Maio foi escolhido em expressa alusão aos mártires de Chicago. A partir de 1890, começaram a realizar-se todos os anos, em número crescente de países, acções em que os trabalhadores propunham às entidades patronais e governamentais as suas reivindicações económicas e políticas.

O dia primeiro de Maio na actualidade tem múltiplos significados para as dife-rentes correntes político-ideológicas que conformam as sociedades dos países, sendo para uns dia de luta, de reivindicação dos direitos dos trabalhadores e para outros um dia de festa e de confraternização entre os trabalhadores.

O dia 28 de Abril foi considerado como sendo o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho subordinado ao tema “A segurança e a saúde no uso de produtos químicos no trabalho”. O último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que ainda que os produtos químicos possam ser úteis, é necessário adoptar medidas para prevenir e manter sob controlo os potenciais riscos que acarretam para os trabalhadores, locais de trabalho e meio ambiente.

Os produtos químicos são muito impor-tantes, e não apenas nos locais de trabalho porque são essenciais para a existência de uma vida saudável e gozo do bem-estar que o mundo presentemente tem para oferecer, neles se incluindo os pesticidas que melho-ram a quantidade e a qualidade da produção alimentar, os fármacos que curam as doenças e os produtos de limpeza que ajudam a criar condições de vida sadias.

Os produtos químicos são também indis-pensáveis em muitos processos industriais para a fabricação de produtos que são im-portantes para o nível de vida. O controlo das exposições a estes produtos químicos no local de trabalho, bem como a limitação das emissões para o meio ambiente, são tarefas que os governos, as entidades patronais e os trabalhadores têm-se esforçado por atingir.

Os produtos químicos apresentam uma grande diversidade de efeitos prejudiciais, desde riscos para a saúde como o cancro e riscos físicos como a inflamabilidade, até riscos ambientais como a contaminação generalizada e a toxidade da vida aquática. Os incêndios, explosões e outros desastres muitas das vezes são resultantes do controlo inadequado dos riscos físicos relacionados com as substâncias químicas.

É de considerar os importantes pro-gressos relativamente ao regulamento e

gestão dos produtos químicos no âmbito da segurança e saúde no trabalho, mas tal facto não obsta a que continuem a ocorrer graves incidentes e ainda existem repercussões negativas tanto na saúde dos seres humanos como no meio ambiente.

Os trabalhadores que estão em contacto directo com as substâncias perigosas têm o direito de trabalhar num meio seguro e sau-dável, e de estar devidamente informados, preparados e protegidos. É difícil determinar a extensão dos efeitos sobre a saúde rela-cionados com a exposição a substâncias químicas no local de trabalho e devido à complexidade de avaliar as misturas de substâncias químicas.

As estratégias dirigidas a prevenir a ex-posição nociva tendem a concentrar-se em substâncias químicas individuais. Tal facto, complica ainda mais quando se constata que estas substâncias também podem encontrar--se combinadas em misturas na maioria dos locais de trabalho e poucas vezes são avaliadas nessa forma.

As normas relativas aos produtos quí-micos aplicam-se geralmente a substâncias individuais. A realidade existente é de que tanto os produtos químicos aos quais os trabalhadores podem estar expostos, como a concentração da atenção em cada substância, nunca os poderá proteger de forma adequada.

A maioria dos trabalhadores estão ex-postos a misturas, ao invés de substâncias químicas individuais, daí que o controlo das exposições a misturas é essencial para elabo-rar um programa de prevenção e protecção eficaz. Os esforços para estabelecer a ligação entre uma exposição a substâncias químicas e o aparecimento de um cancro vinte anos mais tarde também têm sido impedidos por falta de informação sobre as suas consequências.

Torna-se necessário melhorar o registo dos efeitos que resultam da exposição aos produtos químicos. O relatório exorta os go-vernos, entidades patronais, trabalhadores e as suas organizações representativas a colaborar com o desenvolvimento e implementação de políticas e estratégias nacionais dirigidas à gestão racional das substâncias químicas no trabalho, devendo abranger, de forma completa e simultânea, os sectores da saúde, segurança e meio ambiente relacionados com a produção e uso de produtos químicos.

O objectivo é manter os benefícios conseguidos graças à produção e ao uso de produtos químicos e ao mesmo tempo minimizar a exposição dos trabalhadores e as emissões de substâncias químicas para o meio ambiente através de acções nacionais e internacionais.

É necessária uma resposta a nível mun-dial coerente para coordenar o progresso científico e tecnológico, o crescimento da produção de produtos químicos e as mu-danças na organização do trabalho. Assim, é importante desenvolver novas ferramentas que facilitem o acesso à informação sobre os riscos dos produtos químicos e as medidas de prevenção e protecção que estão associadas.

A Convenção da OIT sobre a segurança na utilização dos produtos químicos no trabalho de 1990, define produto químico como os elementos e compostos químicos, e as suas misturas, quer sejam naturais ou sintéticas, tais como os obtidos através de processos de produção.

Os produtos químicos perigosos classifi-cam-se em função do tipo e grau dos perigos físicos e riscos para a saúde. As propriedades perigosas das misturas formadas por dois ou mais produtos químicos poderão ser deter-minadas por avaliações baseadas nos riscos inerentes dos seus componentes.

Tendo em consideração a situação do em-prego em 2013 e as previsões para o corrente ano, o desemprego no mundo aumentou, no ano passado em cerca de cinco milhões de pessoas. A desigual recuperação económica e as sucessivas revisões em baixa das previ-sões de crescimento económico incidiram na situação do emprego no mundo. Calcula-se que no passado ano o número de pessoas desempregadas eram de cerca de duzentas e dois milhões, um aumento de quase cinco milhões de pessoas relativamente ao ano anterior, significando que o emprego está a crescer a um ritmo mais lento que a força de trabalho.

O forte aumento do desemprego mundial registou-se nas regiões da Ásia Oriental e da Ásia Meridional, representando 45,5 por cento das pessoas que procuravam emprego, seguidas da África Subsaariana e da Europa. A América do Sul, em mudança foi respon-sável por menos de cinquenta mil pessoas desempregadas relativamente ao número mundial de pessoas sem trabalho, represen-tado cerca de um por cento do aumento total do desemprego no ano passado.

É de considerar, que em conjunto, o defi-cit mundial de emprego, criado e relacionado com a crise desde o seu início em 2008, reunido a um número por si só considerável de pessoas à procura de emprego, continua a aumentar. O deficit atingiu no ano passa-do mais de sessenta milhões de empregos, incluindo trinta e dois milhões de pessoas a mais que procuravam trabalho, vinte e três milhões que desanimaram e deixaram de procurar e sete milhões de pessoas econo-micamente inactivas que optaram por não participar no mercado de trabalho.

A manter-se esta tendência, o aumento para 2018 será de treze milhões de pessoas a mais desempregadas e o desemprego mundial continuará a piorar, ainda que de forma gradual, para se situar em mais de duzentos e quinze milhões de pessoas no final desse ano. No período de quatro anos serão criados cerca de quarenta milhões de novos empregos por ano, que é um número inferior ao número previsto de pessoas que entram no mercado de trabalho, ou seja, perto de quarenta e três milhões por ano. A taxa mundial de desemprego, em termos gerais, manter-se-á constante durante os próximos cinco anos, isto é, meio ponto percentual acima do valor registado antes da crise.

Page 19: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

HOJE MACAU

hoje macau sexta-feira 2.5.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Joana Freitas (Coordenadora); Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Jacinta Jiang; José C. Mendes; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

19PERFIL

FELIPE FONTANELLE

O MÚSICO DOS MIL CONCERTOSANDREIA SOFIA [email protected]

U M dia o pai de Felipe Fontanelle decidiu mudar de vida. Cansado da violência que se sentia na cidade de São Paulo,

no Brasil, aceitou um convite para trabalhar em Lisboa. Chegada a altura de escolher o sítio onde viver, o pai deste músico brasileiro não pensou duas vezes: apanhou o comboio e foi até à última estação. Cascais era o destino e foi a casa de Felipe Fontanelle e da família durante 17 anos. Foi nessa cidade que este músico, que durante seis meses tocou com a banda 80 e Tal no Hard Rock Café, descobriu aquilo que queria fazer.

A paixão, essa, já tinha começado mais cedo, sem ele perceber muito bem como. “Vejo fotos minhas com três e quatro anos e todos os brinquedos que queria tinham a ver com música. Então há fotos em que estou com uma bateria de plástico, uma guitarrinha. Os meus pais ouviam muita

música, tinham mais de 300 discos de vinil, que depois acabaram por ficar comigo”, conta ao HM.

Durante os 25 anos que viveu em Por-tugal, Felipe Fontanelle fez “milhões de projectos” na música: foi finalista no Festival da Canção, fez trabalhos de estúdio, compôs genéricos para telenovelas, fez jingles para publicidade, organizou eventos.

Os estudos ficaram pelo ensino secun-dário. Com a banda Pudim Floyd, a base do grupo 80 e Tal, como o próprio refere, teve dez anos de trabalho intenso. “Foi uma banda famosa dos bares de Lisboa e não só.

Chegámos a fazer sete a nove concertos por semana. Tocávamos coisas muito diferentes e foi o arranque maior, também da experi-ência de palco”, conta.

Felipe Fontanelle gravou um álbum de originais, homónimo, em 2006, e só em 2012 voltou a gravar o projecto “experimental” “Chillbill”. Pouco antes do convite para tocar em Macau, Felipe estava a preparar o segundo álbum. “Estava na fase de juntar e compor em Portugal, queria muito fazer um disco novo. Estava radiante com a ideia de conhecer um mundo novo e uma cultura completamente diferente, mas o meu medo era se ia deixar de lado a minha carreira a solo.” Não deixou. Sem concertos, dedica o tempo livre a juntar palavras e a criar novas canções.

“A vinda para cá foi um desbloquear de muita coisa. Tem sido super produtivo, tenho trabalhado para o meu próximo disco. Tenho arriscado mais e perdido um pouco o medo de mostrar o que já fiz.”

Com os membros da banda 80 e Tal, planeia “um projecto de tributo a Macau”, algo “inovador”. “Temos feito pesquisas sobre poemas de Macau e neste momento estamos a musicar temas.” Felipe Fonta-nelle não gosta de pensar o tempo a longo prazo: actualmente está em Macau e é a Oriente que quer continuar. “Tem sido uma fase muito boa para mim. O objectivo é trabalhar na minha área, onde me sinto confortável.

“A vinda para cá (Macau) foi um desbloquear de muita coisa. Tem sido super produtivo, tenho trabalhado para o meu próximo disco”

“Vejo fotos minhas com três e quatro anos e todos os brinquedos que queria tinham a ver com música”

Page 20: Hoje Macau 2 MAI 2014 #3081

PUB

hoje macau sexta-feira 2.5.2014

H Á já 310 candidaturas ao Plano de Apoio a Jovens Empreendedores, que en-

trou em vigor em Agosto do ano passado. De acordo com a Rádio Macau, dos projectos apresentados, 167 receberam luz verde das au-toridades. O director dos Serviços de Economia, Sou Tim Peng, diz que está concluída a análise de 208 candidaturas que abrangem sobretudo as áreas da restauração, comércio a retalho, beleza, vestu-ário e comércio na internet.

Este é, aliás, um tipo de comércio que está a merecer o apoio do plano, que permite aos jovens empreendedores – dos

21 aos 49 anos – pedir até 300 mil patacas para iniciarem o seu negócio. Segundo o que disse Sou Tim Peng à TDM, os jovens que queiram começar a trabalhar por conta própria não têm, necessa-riamente, de ter um espaço físico. “verificamos que há tendência de criação de lojas on-line e projectos menos tradicionais. Nesses casos, podemos precisar de mais informação para perce-bermos a viabilidade do projecto, mas não há essa exigência de ter lojas de rua.” O plano permite que os jovens possam devolver o montante pedido no prazo de oito anos, sem juros.

O casino MGM vai trazer até Macau, no próximo dia 12, o artista de escul-

turas de espuma de café, Kazuki Yamamoto. No entanto, a sua arte tem uma particularidade: tratam--se de esculturas com volume, a três dimensões e não apenas de de-senhos no topo de um cappuccino.

Esta mostra, criada para promover a marca Black Ivory Coffee e que alia o aroma e sabor intensos do café à arte, vai estar aberta ao público até ao dia 18 de Maio, podendo a assistência fazer pedidos especiais de esculturas a Yamamoto, que esculpe quase tudo o que se possa imaginar.

O artista japonês passou da pintura de quadros normais, a duas dimensões, para obras de pessoas famosas e desenhos animados em 3D, algo visualmente marcante e original. Em menos de cinco minu-tos, o agora escultor consegue ma-

terializar a espuma de leite gordo e passá-la de uma chávena para outra e moldando-a com o auxílio de uma colher, algo inovador e que, cer-tamente, despertará a curiosidade de quem passar pelo Grande Praça Café, estabelecimento localizado no MGM Macau.

Foi em 2007 que Yamamoto deu início à sua carreira de barista, tendo o interesse pela arte latte surgido em 2011. A publicação das suas esculturas na rede social do Twitter fez com que o japonês se tornasse mundialmente reco-nhecido como um dos melhores artistas de esculturas de espuma em 3D da actualidade.

O Grande Praça Café vai, então, dedicar a semana de 12 a 18 de Maio ao artista nipónico Kazuki Yamamoto, podendo os clientes escolher uma das várias figuras sugeridas pelo artista para figurar no seu café. - L.S.M.

MGM TRAZ ARTE DE ESPUMA A 3D

Café do Japão tem mais dimensão

MAIS DE 150 PROJECTOS APROVADOS PARA JOVENS EMPREENDEDORES

Luz verde para lojas on-line