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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 25 MAX 30 HUMIDADE 65-90% • CÂMBIOS EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 8 DE MAIO DE 2012 ANO XI Nº 2604 PUB Ter para ler Em Macau, a publicidade ao jogo não está suficientemente regulamentada. Quem o afirma são especialistas na matéria, que consideram errada a colocação de anúncios a casinos nas ruas. Até porque a maioria dos jogadores compulsivos sofrem recaídas mesmo depois de terem prometido largar o vício. PÁGINA 5 INAUGURAÇÃO EM TAIWAN Delegação de Macau ao som do Fado PÁGINA 3 CASAMENTO CHINÊS A tradição ainda é o que era CENTRAIS Apelo ao vício Especialistas consideram que há demasiada publicidade ao jogo ESCOLHA DO CHEFE Au Kam San pede discussão aprofundada PÁGINA 3 CARDEAL TONG Um Papa chinês é para já irrealista PÁGINA 7 LEONEL ALVES PROCESSO LEGISLATIVO Leis primeiro nas comissões, só depois no plenário PÁGINA 2

Hoje Macau 8 MAI 2012 #2605

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Edição do Hoje Macau de 8 de Maio de 2012 • Ano X • N.º 2605

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Page 1: Hoje Macau 8 MAI 2012 #2605

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 25 MAX 30 HUMIDADE 65-90% • CÂMBIOS EURO 10.2 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 8 DE MAIO DE 2012 • ANO XI • Nº 2604

PUB

Ter para ler

Em Macau, a publicidade ao jogo não está suficientemente regulamentada. Quem o afirma são especialistas na matéria, que consideram errada a colocação de anúncios a casinos nas ruas. Até porque a maioria dos jogadores compulsivos sofrem recaídas mesmo depois de terem prometido largar o vício. PÁGINA 5

INAUGURAÇÃO EM TAIWAN

Delegação de Macau ao somdo Fado

PÁGINA 3

CASAMENTOCHINÊS

A tradiçãoainda éo que era

CENTRAIS

Apelo ao vícioEspecialistas consideram que há demasiada publicidade ao jogo

ESCOLHA DO CHEFE

Au Kam San pede discussão aprofundada

PÁGINA 3

CARDEAL TONG

Um Papachinês é parajá irrealista

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LEONEL ALVES PROCESSO LEGISLATIVO

Leis primeiro nas comissões, só depois no plenário

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2 política terça-feira 8.5.2012www.hojemacau.com.mo

Como a coisa assim não funciona bem, Leonel Alves quer as leis primeiro nas comissões e só depois no plenário da AL. Segundo afirma, assim seria melhorado o entendimento das políticas e a comunicação com o Governo

Cecília [email protected]

O deputado e membro do Conselho Executivo Leonel Alves referiu que o modo de fazer

as leis tem de ser modificado. “Agora cada comissão desem-penha o papel principal na con-sideração das propostas de lei e o plenário da AL não consegue desempenhar plenamente o seu papel. Então as propostas de lei

DADOS da Direcção de Serviços de Estatística e

Censos de Macau mostraram, re-centemente, que existe um fosso acentuado entre ricos e pobres. “Há diferenças profundas ao nível do rendimento médio dos diversos grupos profissionais”, pode ler-se no seu comunicado.

A assistência financeira tem crescido através do aumento do Índice Mínimo de Subsistên-cia com o objectivo de suprir as necessidades básicas dos grupos mais vulneráveis. O índice estabelece um limite de renda para um padrão mínimo de vida em Macau. As pessoas com rendimentos abaixo desse mínimo podem candidatar-se.

Lee Jik-Joen, professor de Sociologia da Universidade de Macau (UMAC), reconhece que o Governo de Macau é “gene-roso” na assistência financeira aos mais desfavorecidos. “É sabido que a qualidade de vida

das famílias monoparentais, dos deficientes, dos recém--chegados - maioritariamente vindos da China Continental - e dos mais idosos tem melhorado substancialmente.”

Há famílias que vivem com um subsídio de 6000 patacas mensais, garantido pelo Insti-tuto de Ação Social de Macau (IAS). Contudo, as políticas do Governo podem não ser suficientes para estreitar o fosso entre ricos e pobres. “A disparidade entre pobres e ricos vai tomar-se mais evidente e o número de pessoas a cair abaixo do nível mínimo de pobreza vai crescer”, avisa Lee Jik-Joen, que considera que as políticas podem tornar-se insustentáveis no longo prazo.

O FIM DA INDÚSTRIA MANUFACTUREIRAPara o economista e também professor da UMAC, Patrick

Ho, os desempregados, geral-mente na faixa etária entre os 45 e 55 anos, têm pouca escolarida-de e muitos vêm das indústrias manufactureiras, que estão a desaparecer. “Essas indústrias estão a fechar e as pessoas per-dem os empregos, dado que têm geralmente pouca escolaridade e não encontram trabalho nas indústrias de serviços”, explica.

“O fosso entre a mão de obra não qualificada das indústrias manufactureiras e os emprega-dos das indústrias de serviços e do jogo esteja a aumentar em vez de diminuir”, afirma o economista.

No grosso modo, a tendên-cia é para que “os rendimentos médios mensais continuem a subir, uma vez que a maior parte dos empregadores, sobretudo na indústria do jogo e da hotelaria, estão a aumentar os salários para reter a mão de obra qualificada importada”, explica.

CHEGOU ao fim a discussão sobre o

projecto de regulamen-to administrativo que aprova os modelos de rótulos para os maços de tabaco. Segundo um co-municado do Conselho Executivo, tal diploma deverá entrar em vigor a partir do dia 1 de Janeiro de 2013. Os novos ró-tulos deverão ser intro-duzidos pelos Serviços de Saúde de Macau (SSM), ficando encar-regue “da divulgação de notas explicativas ou de aclaramento sobre os modelos aprovados.”

As embalagens de cigarros, charutos, ta-

Leonel Alves quer propostas de lei nas comissões antes do plenário

Em nome do entendimento

Novos rótulos deverão ser introduzidos pelos Serviços de Saúde

Tabaco com novos rótulos em 2013

Especialistas afirmam que políticas do Governo não ajudam

Fosso cada vez mais largo

poderiam ir primeiro às comis-sões, onde seriam discutidas e, em seguida, passar para o plenário para serem aprovadas na generalidade com o objective

de aumentar a vitalidade das sessões”. O deputado pensa ainda que se deveria evitar que as propostas sejam avaliadas e aprovadas no plenário mas

depois substancialmente modifi-cadas nas comissões.

FORTALECER A COMUNICAÇÃO “Macau é liderado um governo e a AL tem que cooperar com o Chefe do Executivo para fazer um bom trabalho político. O executivo e o legislativo devem fortalecer os canais de comunicação. Os fun-cionários do governo não devem ir só anualmente à AL em Novem-bro para apresentarem as Linhas de Acção Governativa,” criticou Leonel Alves. “Devem melhorar a comunicação e os debates durante o ano, para que se possa fiscalizar melhor o Governo, bem como facilitar a cooperação com a AL.

DIVIDIR AS COMISSÕES“A AL não serve apenas para ‘cha-tear’ o Governo. O mais importante é melhorar o entendimento dos objectivos das políticas gover-namentais e os seus problemas,

através de mais comunicação, trabalhando juntos para os resol-ver e melhorar a implementação das políticas. Então, tanto as comissões permanentes, como as comissões especiais, podem considerar estabelecer reuniões de grupos para aumentar a trans-parência nas discussões com o Governo”, sublinhou o deputado.

Leonel Alves acha também que seria adequado estimular o debate e exigir aos representantes do governo a sua participação no debate. Assim, a verdade seria mais nítida. “Devia ser melhorada a compreensão dos verdadeiros objectivos das po-líticas do Governo através de debates, no sentido de um melhor entendimento da situação real, para aumentar a transparência da governação, reduzir mal-enten-didos na comunidade. Isto seria benéfico para a implementação das política”, concluiu.

baco de cachimbo e cigarrilhas verão os seus rótulos alterados, sendo que estes são compostos por uma advertência sanitária, desenhos, e linha verde telefónica de apoio a quem deseja terminar com o vicio do tabaco.

As alterações aos

rótulos respeitam as regras internacionais em termos de saúde. “Tomando por refe-rência o artigo 11.º da Convenção Quadro da Organização Mun-dial de Saúde para o Controlo do Tabaco e a regulamentação de execução publicada, a impressão de adver-tências sanitárias, men-sagens e desenhos nas embalagens de cigarros tem por fim poder, de forma mais eficaz, aconselhar a abstenção do consumo de tabaco, prevenir e controlar o tabagismo”, revela o mesmo comunicado.

ANTÓ

NIO

FALC

ÃO

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HOJE

MAC

AU

3políticaterça-feira 8.5.2012 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

PASSA a ser uma questão “importantíssima” saber o que é uma Comissão Eleitoral do Chefe do

Executivo amplamente repre-sentativa, diz Au Kam San. Isto, porque Pequim afirmou necessá-rio manter, em 2014, a eleição do líder máximo do Governo através deste método.

Contudo, o documento de consulta que circulou entre a população para a recolha de opiniões sobre a reforma política mencionava apenas o aumento de lugares, sendo esta apenas uma mudança quantitativa e que não representa, para o deputado democrata, a ampla represen-tatividade tão anunciada pelo Executivo.

Por isso mesmo, Au Kam San vai apresentar hoje uma proposta para debater este assunto na Assembleia Legislativa (AL). “A concretização da decisão do Comité Permanente, no respei-tante à ampla representatividade da Comissão Eleitoral, é uma questão primordial para o de-senvolvimento da democracia em Macau. [Mas], aumentar o número de membros não sig-nifica que haja progresso na democracia, nem tão-pouco se está a concretizar o conteúdo da referida decisão, que pretende uma ampla representatividade”, escreve o deputado na proposta de debate.

Au Kam San quer discutir no hemiciclo o método de escolha dos membros da comissão antes de ser aprovada a lei que altera os diplomas eleitorais, também hoje aprovados em sede de plenário.

O guitarrista Paulo Va-lentim e a fadista Isa-

bel Mexia vão representar a RAEM, na abertura oficial da delegação Económica e Cultural de Macau em Taiwan, no dia 13 de Maio em Taipé, numa cerimónia que contará com a presença do Secretário Cheong U e do porta-voz do Governo, Alexis Tam, soube o Hoje Macau.

A presença do fado foi assegurada através de uma colaboração entre o Governo e a Casa de Portugal, disse ao nosso

jornal uma fonte próxima do processo. “É muito bom que o fado, agora Património Mundial da Humanidade, também seja entendido como uma expressão artística que existe em Macau, na arte e na voz de filhos da terra”, referiu a mesma fonte.

A cerimónia de aber-tura oficial, que terá tam-bém momentos culturais chineses, será presidida por Cheong U, que se desloca pela segunda vez a Taiwan em viagem oficial. A delegação de

Macau, instalada no edi-fício Taipei 101, no cen-tro político e económico de Taipé, encontra-se instalada num espaço arrendado com cerca de 1.500 metros quadrados.

A delegação, chefiada pela antiga secretária-geral da Comissão de Apoio ao Desenvolvimento Turísti-co de Macau, Leong Kit Chi, e que, de facto, está aberta ao público desde o final de novembro do ano passado, tem uma compo-nente cultural e económica e desde a primeira hora que

os responsáveis de Macau afastam qualquer objectivo político na actividade da representação.

Alexis Tam, porta-voz do Governo e chefe de Ga-binete de Fernando Chui Sai On, salientou na apre-sentação da delegação que esta vai “prestar serviços de apoio aos residentes de Macau, designadamente na certificação de docu-mentos e em situações de emergência, promover o intercâmbio e cooperação nas áreas da economia, comércio, turismo, protec-

ção ambiental, educação, saúde, cultura, ciência e tecnologia, e o reforço de acções conjuntas de com-bate ao crime e assistência judicial mútua”.

Os contactos oficiais entre as Regiões Adminis-trativas Especiais da China (Macau e Hong Kong) e Taiwan surgem após a assi-natura do histórico Acordo de Cooperação Económica entre Taipé e Pequim, em Junho de 2010, o primeiro estabelecido desde o final da guerra civil chinesa, há 60 anos. - Hoje Macau/Lusa

Deputado apresenta proposta para debater o sistemade eleição do Chefe do Executivo

Pensar antes de aprovarAu Kam San não desiste: a reforma proposta para a escolha do Chefe do Executivo não agrada e, em dia de aprovação no hemiciclo, o democrata pede uma discussão mais aprofundada antes do aval dos deputados. A alteração propõe o acréscimo de cem membros ao grupo que escolhe o líder do Governo, mas Au Kam San tem outras sugestões

Delegação Económica e Cultural em Taipé abre oficialmente a 13 de maio

Silêncio que se vai cantar o fado!

“Os quatro grandes secto-res componentes da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo devem ser partilhadas e os resi-dentes devem poder escolher os membros que os representem, consoante os sectores a que pertencem”, frisa Au Kam San como justificação para o pedido de debate.

Recorde-se que, actualmente, os membros do Colégio Eleito-ral são nomeados pelo Governo Central. O deputado da bancada democrática considera que a manutenção desta metodologia de escolha nada contribuirá para criar um grupo com ampla repre-sentatividade, bem como a situação de manter a escolha do Chefe do Executivo à porta fechada. “Deve ser eliminada.”

Mas Au Kam San tem ainda outra sugestão. Actualmente, dos 300 membros da Comissão Elei-toral, cem pertencem aos sectores industrial, comercial e financeiro e 40 ao sector do trabalho. Au Kam San propõe reduzir os primeiros para 80 e aumentar os segundos em 20 lugares, já que considera ser “irracional esta estrutura, uma vez que na população são mais os trabalhadores do que os empre-gadores”.

Se 2/3 dos deputados aprova-rem hoje a proposta de alteração às metodologias de eleição, vão ser 33 os deputados no hemiciclo em 2013 e mais 100 membros na Comissão que elege o Chefe do Executivo, em 2014.

Além da aprovação destas pro-postas, entram ainda no hemiciclo para debate e aprovação a Lei de Segurança Alimentar – que prevê sanções e punições mais fortes para quem desrespeite as regras de segurança da comida – e as re-munerações acessórias das Forças de Segurança – que prevêem um aumento dos apoios financeiros para os trabalhadores.

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LOCAIS ONDE HAVERÁ VIDEOVIGILÂNCIA JÁ TÊM SÍMBOLOS PRONTOS

4 sociedade terça-feira 8.5.2012www.hojemacau.com.mo

Concurso de fotografiaaberto até dia 20Até à meia noite do dia 20 de Maio, o Gabinete de Comunicação Social (GCS) deixa aberto o concurso de fotografia “Momentos Felizes da Vida em Macau 2012”, disponível para todos os residentes. A ideia é mostrar situações do território que englobem actividades prazerosas à população. Todas as obras seleccionadas farão parte de uma exposição, podendo ainda integrar a capa ou o interior do livro anual “Macau 2012”, editado pelo gabinete. No site do GCS, pode ser encontrada informação sobre o concurso, bem como pode ser feita a inscrição. No site serão ainda expostas as fotografias premiadas. Os prémios incluem montantes de 500 a oito mil patacas para os diferentes lugares. A selecção de trabalhos aceites a concurso decorrerá no dia 3 de Junho de 2012.

Mais portuguesesa aprender chinês A língua chinesa está a interessar cada vez mais os portugueses residentes em Macau, que estudam cantonense e mandarim para cumprir as necessidades básicas de comunicação do dia-a-dia, por motivos profissionais ou interesse pela cultura oriental. Karen Chiang é professora de cantonense no Centro de Difusão de Línguas (CDL), onde junta cerca de dez nacionalidades por turma, mas onde a predominante é, de longe, a portuguesa. “Talvez tenha mais alunos portugueses porque há mais portugueses a virem para Macau do que de outros países. Ou talvez os portugueses conheçam melhor Macau”, arrisca a professora. Mais à vontade a português do que em mandarim - a língua oficial chinesa -, Karen Chiang é o exemplo de uma escolaridade feita durante a administração portuguesa, ao ser “apenas” professora de cantonense, falado por cerca de 80 milhões de pessoas. Actualmente, cerca de 25 portugueses frequentam os vários níveis de cantonês e dez estudam mandarim no CDL, o centro de línguas oficial.

Governo comreceitas positivas A Administração gastou, entre Janeiro e Abril, um quarto da receita e fechou o mês passado com um saldo positivo de 29.722,8 milhões de patacas. Dados provisórios da execução orçamental disponíveis na página electrónica dos Serviços de Finanças de Macau indicam que entre Janeiro e Abril o Governo recolheu receitas globais de 40.126,2 milhões de patacas contra despesas de 10.403,4 milhões de patacas. Entre receitas, a subirem 21,1% face aos primeiros quatro meses de 2011 e cumpridas em 39,4% do previsto para 2012, e despesas, a caírem 2,7% face ao mesmo período do ano passado e cumpridas em apenas 15,8% dos gastos orçamentais para todo o ano, o saldo positivo da administração aumentou 32,4% para 29.722,8 milhões de patacas. Já as receitas correntes foram contabilizadas em 40.081,6 milhões de patacas - uma subida de 21,1% face a 2011 e cumpridas em 39,4% do orçamentado - com os impostos directos a valerem 35.915 milhões de patacas e destes os impostos sobre o jogo contados em 35.109,2 milhões de patacas.

A Sociedade de Jogos de Macau anunciou

ontem um recorde de lucros líquidos no pri-meiro trimestre de 1.713 milhões de dólares de Hong Kong, mais 21,7% do que no mesmo período de 2011.

De acordo com os resultados principais da operação da Sociedade de Jogos de Macau, empresa fundada por Stanley Ho, a receita de jogo do grupo subiu 8,5% para um tam-bém recorde de 19.684 milhões de dólares de Hong Kong.

Em trimestre de recor-des, o EBITDA ajustado subiu 14% face ao mes-mo período de 2011 para

1.914 milhões de dólares de Hong Kong.

O casino Grand Lis-boa, a sede da empresa, manteve a liderança do grupo com as receitas de jogo a subirem 25,9% para 6.714 milhões de dólares de Hong Kong.

No final do primeiro trimestre, a Sociedade de Jogos de Macau detinha uma quota global de 27,3% das receitas do sector do jogo, menos 4,6% do que no primeiro trimestre de 2011.

O grupo mantém ainda uma forte liquidez, com 23.066 milhões de dólares de Hong Kong em caixa e dívidas de 2.812 milhões de dólares de Hong Kong. - Lusa

ENCONTRA-SE detido o homem suspeito de envolvimento num caso de graffiti numa parede

na Rua do Campo, depois de ter sido alvo do inquérito pelo Mi-nistério Público (MP). Segundo a Polícia Judiciária (PJ), o individuo, de apelido Sou e com 51 anos de idade, terá escrito “2+2 sucks” junto do edifício da Administração Pública. As autoridades suspeitam ainda que Sou pertence a uma as-sociação do território, contudo, até ao momento ainda não foi revelado qualquer nome. Sou pode agora incorrer numa acusação de dani-ficação de propriedade pública.

Foram ontem aprovados em Boletim Oficial os avisos públicos

destinados a informar a população dos espaços públicos sujeitos

a sistemas de videovigilância. Recorde-se que a lei que autoriza a

instalação de câmaras que captam som e imagem nos espaços públicos

foi aprovada no início deste ano.

Os avisos têm que ser colocados em local bem visível e têm dois tipos

de dimensões. De acordo com a lei, deve constar nos avisos a indicação

da entidade das Forças e Serviços de Segurança responsável pelo

sistema de videovigilância e respectivo contacto, nas línguas chinesa e

portuguesa e, quando tal se justifique, em língua inglesa.

Caso denunciado este fim-de-semana

Graffiti origina prisão

SJM continua a bater recordenas receitas de jogo

Império de Ho valoriza-se

O caso chegou à PJ por inter-médio de uma denuncia feita por um segurança do edifício da Admi-nistração Pública. Posteriormente, as autoridades dirigiram-se a casa do suspeito, tendo “convidado” Sou a prestar declarações nas instalações da Judiciária, como refere o Macau Post Daily.

Entretanto, o graffiti já foi

removido da parede, não sem antes a respectiva foto ter cir-culado pela rede social Face-book. Junto à fórmula “2+2”, referente à eleição do número de deputados para a Assembleia Legislativa no âmbito da refor-ma politica, o desenho continha um caracter chinês que significa “malcheiroso”.

A segunda consulta pública sobre o processo de reforma política terminou no dia 23. O projecto de lei que prevê a eleição de mais deputados para a AL e mais membros para o Colégio Eleitoral vai agora ser discutido no hemiciclo, com a garantia governamental que será aprovado ainda este ano.

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5sociedadeterça-feira 8.5.2012 www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

DEPOIS do deputado Ho Ion Sang ter levantado a questão ao Governo em Fevereiro, especialistas

da área do jogo vêm agora reforçar a ideia de que a legislação sobre publicidade precisa de ser revista, por forma a conter conteúdos que regulem as práticas publicitárias dos casinos.

Apesar de concordar com a renovação da lei sobre Activi-dade Publicitária, Davis Fong, director do Instituto para o Estu-do do Jogo da Universidade de Macau (UMAC), vai mais longe, defendendo a inclusão de regras na proposta de lei sobre o Condi-cionamento da Entrada, Trabalho e Jogo nos Casinos, actualmente em discussão na Assembleia Le-gislativa (AL). “Em Macau não existe nenhuma lei que faça refe-rência à publicidade nos casinos. Deveria existir alguma regulação relativamente ao jogo, e penso que poderiam ser incluídas regulações específicas nesta proposta de lei”, disse ao Hoje Macau.

Tais alterações iriam servir de suporte legislativo até surgir mudanças no actual diploma sobre

Especialistas dizem que actual lei é insuficiente

Publicidade ao jogo na gavetaA proposta de lei sobre o Condicionamento da Entrada, Trabalho e Jogo nos Casinos deveria incluir regras reguladoras da publicidade ao jogo, defende Davis Fong. Especialistas frisaram no IPM a necessidade de revisão da actual lei de Actividade Publicitária

Actividade Publicitária. “Penso que é suficiente introduzir algumas mudanças, em vez de criar uma nova lei. Além disso, é algo que já existe, por exemplo, na Austrália.”

Olhando para a actual lei, não existe qualquer ponto que faça referência aos casinos, excepto no artigo 8.º, que refere que “não podem ser objecto de publicidade (...) os jogos de fortuna ou azar, enquanto alvo essencial da men-sagem publicitária”.

LÁ FORA OU CÁ DENTRO?Wu Kam Hon, presidente do Ins-tituto da Publicidade de Macau, afirma que facilmente o público é confundido com os tipos de men-sagens publicitárias que encontra

na rua. “O conteúdo da lei deveria estar mais claro. A publicidade promocional deveria estar dentro dos casinos, e não na rua, para não se misturar com a restante. A publi-cidade feita apenas com imagens não representa um problema, mas a divulgação de promoções deveria ser proibida fora dos casinos.”

O responsável garante ainda que a divulgação junto dos órgãos de comunicação social deve dimi-nuir “passo a passo”. “O jogo é uma actividade criativa, e há que encontrar um ponto de equilíbrio, promovendo os casinos a pensar no seu alvo de mercado.”

Regular as mensagens publi-citárias sobre os casinos serve, sobretudo, para diminuir os

impactos negativos que o jogo acarreta. “Com lucros tão fortes, os casinos deveriam olhar para o lado responsável. O jogo tem impactos positivos, como a cria-ção de emprego, mas depois leva a que haja corrupção, lavagem de dinheiro e casos de jogo proble-mático. Quem é responsável por isto? As multas para os infractores deveriam aumentar, além de que o conhecimento do público sobre o jogo poderia ser fomentado”, disse Liu Shuang.

AS REGRAS DA COREIAE SINGAPURAPelo IPM passaram também dois especialistas da Coreia do Sul e de Singapura, onde debateram o

A maioria dos jogadores compulsivos, que ti-

nham prometido não voltar a jogar, não cumprem a sua palavra. Quem o afirma é a directora do Gabinete Coordenador dos Servi-ços Sociais Sheng Kung

Hui Macau, braço de uma organização sedeada em Hong Kong, que revelou serem cerca de 60% os que são incapazes de resistir à tentação. “Embora esses jogadores venham volun-tariamente ao Gabinete,

depois de passado algum tempo continuam a fazer a mesma coisa”, disse Chang Mei Fong, revelando algu-ma preocupação.

“São como bombas--relógio em casa. O Gover-no tem a responsabilidade

de limitar os anúncios ao jogo, que são a principal causa de atracção. Como os anúncios dão sempre a ideia de ‘ganhar mais e mais rápido’, eles não conseguem largar o vício. Isto é prejudicial para os

jovens e já influencia as donas de casa de modo cada vez mais grave.”

A directora apontou ainda que alguns casinos ficam muito próximos das zonas re-sidenciais, e até das universi-dades, o que torna ainda pior

a situação. “A verdade é que os jogadores querem largar o vício, mas têm capacidades limitadas para isso. Logo, o Governo tem que dar lhes dar a mão, ajuda-los, como é a sua responsabilidade”, sublinhou Chang. - C.L.

Estudo mostra que jogadores compulsivos reincidem mesmo depois de prometerem largar o vício

Anúncios ao jogo devem ser limitados

lado responsável dos casinos e do papel que o meio publicitário pode desempenhar. Apesar de possuírem indústrias de menor dimensão, as regras são mais apertadas e as leis existem em maior número. No sistema legal coreano a questão da divulgação nos casinos é referida na Lei da Publicidade e na Lei de Pro-moção do Turismo, para além do trabalho de duas comissões especializadas. “Os níveis de responsabilidade acontecem a nível económico, legal, ético e filantrópico”, assumiu Jeong Kim, que defendeu a ideia de manter o sector do jogo sem técnicas de marketing.

Já Ong Yew Fai falou do caso de Singapura, onde o Governo con-trola a publicidade que é distribuída nas ruas e os horários dos “shuttle bus”, que não eram “sustentáveis”. “A publicidade aos casinos é per-mitida no aeroporto e direccionada para os turistas”, salientou.

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6 publicidade terça-feira 8.5.2012www.hojemacau.com.mo

EDITALEdital no :30/E/2012Processo no :452/BC/2011/F, 499/BC/2011/FAssunto :Demolição da obra não autorizada pela infracção às respectivas disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI)Locais :Rua da Cal nº 19, Edf. Vai Kiong, terraço sobrejacente à fracção 3o andar A, Macau. Rua da Cal nº 19, Edf. Vai Kiong, fracção 3o andar A, Macau.

Chan Pou Ha, subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, no uso das competências delegadas pela alínea 7) do no 1 do Despacho no 09/SOTDIR/2009, publicado no Boletim Oficial da RAEM no 16, II série, de 22 de Abril de 2009, faz saber por este meio aos donos das obras ou seus mandatários e aos utentes dos locais abaixo indicados, cujas identidades se desconhecem, o seguinte:1 Processo no 452/BC/2011/F. Local da obra: Rua da Cal nº 19, Edf. Vai Kiong, terraço sobrejacente à fracção 3o andar A, Macau. OagentedefiscalizaçãodestaDSSOPTdeslocou-seaolocalacimaindicadoeverificouarealização de obra sem licença cuja descrição e situação é a seguinte:

Obra Infracção ao RSCI e motivo da demolição Sanção

1.1

Construção de um compartimento não au-torizado com cobertura metálica, gradea-mento metálico, janela em caixilharia de alumínio e paredes em alvenaria de tijolo.

Infracção ao no 4 do artigo 10o, obstrução do caminho de evacu-ação.

Nos termos do no 3 do artigo 87o do mesmo regulamento, é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000.00 patacas.

1.2 De acordo com o no 1 do artigo 95o do RSCI, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e portuguesa de 12/10/2011, a audiência escrita dos interessados, mas estes não apresentaram a resposta no prazo indicado e não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição da obra não autorizada acima indicada.

2 Processo no 499/BC/2011/F. Local da obra: Rua da Cal nº 19, Edf. Vai Kiong, fracção 3o andar A, Macau. OagentedefiscalizaçãodestaDSSOPTdeslocou-seaolocalacimaindicadoeverificouarealização de obra sem licença cuja descrição e situação é a seguinte:

Obra Infracção ao RSCI e motivo da demolição Sanção

2.1Fechamento da varanda da fracção com janela em caixilharia de alumínio.

Infracção ao nº 12 do artigo 8º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

Nos termos do no 7 do artigo 87o do mesmo regulamento, é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000.00 patacas.

2.2 De acordo com o no 1 do artigo 95o do RSCI, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e portuguesa de 12/10/2011, a audiência escrita dos interessados, mas estes não apresentaram a resposta no prazo indicado e não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição da obra não autorizada acima indicada.

3 Sendo as escadas e corredores comuns e terraço do edifício considerados como caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no no 4 do artigo 10o do RSCI. Além disso, a varanda referida do processo nº 499/BC/2011/F é considerada como ponto de penetração para realização operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podendo ser obstruído com elementos fixos (gaiolas, gradeamentos, etc.), de acordo com o disposto no nº 12 do artigo 8º.

4 Nestas circunstâncias, de acordo com o no 1 do artigo 88o do RSCI e no uso das competências delegadas pela alínea 7) do no 1 do Despacho no 09/SOTDIR/2009, publicado no Boletim Oficial da RAEM no 16, II Série, de 22 de Abril de 2009, e por meu despacho de 02/05/2012 exarado sobre a informação no 07683/DURDEP/2011, ordeno aos donos da obra ou seus mandatários que procedam, por sua iniciativa, no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, à demolição das obras acima indicadas e à reposição dos locais afectados, bem como aos interessados e aos utentes que procedam à remoção de todos os materiais e equipamentos nele existentes e à de-socupação do local acima referido, devendo, para o efeito e com antecedência, apresentar na Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, a declaração de responsabilidade do construtor responsável por essa demolição, bem como a apólice de seguro contra acidentes de trabalho e doenças profissionais. Após a conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicado o facto à DSSOPT para efeitos de vistoria.

5 Findo o prazo da demolição e da desocupação não será aceite qualquer pedido de demolição da obra acima mencionada. De acordo com o no 2 do artigo 139o do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei no 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se ainda que nos termos dos nos 1 e 2 do artigo 89o do RSCI, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços p�blicos e com a colabo-, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços p�blicos e com a colabo- a DSSOPT, em conjunto com outros serviços p�blicos e com a colabo-ração do Corpo de Polícia de Segurança P�blica, procederá a partir do termo do prazo atrás referido à execução dos trabalhos acima referidos, a expensas do infractor. Além disso, tendo o prazo da demolição e da desocupação voluntárias expirado, a DSSOPT dará início aos trabalhos da demolição e da desocupação, não podendo ser cancelados os referidos trabalhos uma vez iniciados. Por fim, os materiais e equipamentos deixados no local acima indicado serão depositados no local indicado à guarda de um depositário a nomear pela Administração. Findo o prazo de 15 (quinze) dias a contar da data do depósito e caso os bens não tenham sido levantados, consideram-se os mesmos abando-nados e perdidos a favor do governo da RAEM, por força da aplicação do artigo 30o do Decreto-Lei no 6/93/M, de 15 de Fevereiro.

6 As obras acima indicadas infringem o disposto no RSCI, pelo que, os infractores são sancionáveis com a respectiva multa. Além disso, de acordo com o no 4 do artigo 87o do mesmo regulamento, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou segurança do edifício.

7 Nos termos do no 1 do artigo 97o do RSCI e das competências delegadas pelos nos 1 e 4 da Ordem Executiva no124/2009,publicadanoBoletimOficialdaRAEM,NúmeroExtraordinário,ISérie,de20 de Dezembro de 2009, da decisão referida no ponto 4 do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data de publicação do presente edital.

Aos 02 de Maio de 2012 A Subdirectora dos Serviços Enga Chan Pou Ha

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7nacionalterça-feira 8.5.2012 www.hojemacau.com.mo

Privatização da EDP fechada sexta-feiraO processo de privatização da EDP fica fechado na sexta-feira, dia em que a China Three Gorges (CTG) completará o pagamento ao Estado português de cerca de 28 mil milhões de patacas, anunciou ontem o presidente da empresa chinesa. “Está tudo acertado. Amanhã parto para Lisboa e no dia 11 fechamos o acordo”, disse ontem à agência Lusa em Pequim o presidente da CTG, Cao Guangjing. Cao Guangjing considera o acordo “muito importante” para as duas empresas. “Não somos apenas accionistas, somos parceiros, que apoiamos plenamente o desenvolvimento da EDP e, ao mesmo tempo, vamos trabalhar juntos para desenvolver novos negócios”, afirmou. Em declarações à agência Lusa, Cao Guangjing realçou ainda que a entrada da CTG no capital da EDP “irá aproximar Portugal e a China”. “A State Grid já está também em Portugal e mais companhias chinesas irão investir em Portugal”, disse.

Médio Oriente China fala com Jordânia O enviado especial chinês para o Médio Oriente, Wu Sike, reuniu-se ontem em Aman, capital da Jordânia, com o secretário-geral da diplomacia jordana, Taher al-Masri, com quem esteve a analisar as questões do Médio Oriente que despertam maior atenção internacional. Numa entrevista concedida após o encontro, Wu afirmou que a visita tem o objectivo de contactar com as partes envolvidas sobre o desenrolar da situação no Médio Oriente, o desenvolvimento das relações entre a Palestina e Israel e a solução da crise da Síria. O representante chinês assinalou ainda que a China dá grande importância aos papéis desempenhados pela Liga Árabe e pelos países árabes na solução do problema da Síria e que o país asiático apoia a mediação de Kofi Annan nesta questão. Segundo Wu, outro dos objectivos da sua visita é preparar a reunião ministerial do fórum de cooperação entre a China e os países árabes, a ser realizada no final de Maio na Tunísia.

A China “está pronta para traba-lhar” com a França, declarou

ontem um porta-voz da diplomacia chinesa, um dia depois da eleição do socialista François Hollande para a presidência francesa.

“A China está pronta para traba-lhar com a parte francesa e tratar as questões bilaterais numa perspectiva estratégica e de longo prazo”, de-clarou Hong Lei, durante uma con-ferência de imprensa, realçando “a continuação do desenvolvimento são

e regular das relações sino-francesas que não sirva só os interesses dos dois países e dos dois povos, mas também a paz mundial, a estabilidade e o desenvolvimento”, adiantou o porta--voz chinês. François Hollande tinha indicado recentemente que reservaria à China - país onde nunca esteve – uma das primeiras deslocações ao estrangeiro se fosse eleito presidente.

Segundo o investigador chinês do departamento do Estudo da Europa da Academia Nacional de

Ciências Sociais, Tian Dewen, o programa de reformas de Hollande corresponde à vontade da popula-ção. Tian acredita que a eleição do novo presidente francês não vai influenciar significativamente as relações diplomáticas e econó-mico-comerciais entre a China e a França.

Tian afirmou ainda que o so-cialista Hollande poderá dar mais atenção às questões ideológicas, como os direitos humanos e a

democracia, o que poderá trazer alguma incerteza nas relações bilaterais, mas que tal não exer-cerá uma grande influência nas mesmas.

O académico acrescentou tam-bém que as relações económicas e comerciais já atingiram um relacio-namento pragmático, sustentável e de benefício recíproco, que não dependem apenas do governo, mas são uma necessidade natural das duas economias.

A relação entre a China e o Vati-cano “está longe de ser ideal”, mas

“esse dia vai chegar”, afir-mou ontem em Macau o cardeal chinês John Tong, mostrando-se confiante no reatar de laços.

“Neste momento, diria que a relação não é a ideal, está longe de ser ideal. Con-tudo, sou sempre optimista e, por isso, penso que ainda há esperança. Porquê? Por causa da nossa fé”, argu-mentou o responsável de Hong Kong em Macau, onde se deslocou ontem a convite do seu homólogo, José Lai.

Além disso, “a China tem-se aberto amplamen-te ao mundo exterior e, portanto, essa política de abertura não pode retroce-der. Nesse sentido, a única coisa que a China tem a fazer é tornar-se cada vez mais aberta. Penso que tudo é possível e que devemos ter sempre esperança que uma solução final vai ser alcançada”, referiu.

Sobre a forma como essa aproximação pode ocorrer, John Tong apontou: “Primei-ro, temos de rezar, […] tentar aumentar a nossa interacção com a Igreja na China de forma discreta e, de modo a fazer com que esses contactos sejam bem sucedidos, temos ainda de ter um conhecimen-to básico acerca da situação na China”.

O cardeal frisou a im-portância de as pessoas poderem aprender mais sobre o tipo de política implementada por Pequim.

Depois de ser adquirido esse conhecimento sobre a Igreja na China é que se poderá “prestar serviços adequados aos irmãos e irmãs na China”, realçou o bispo de Hong Kong.

O ponto alto da sua visita

Diplomacia chinesa comenta eleições presidenciais francesas

“Prontos para trabalhar”com Hollande

Relação com Vaticano “está longe de ser ideal”,mas “o dia vai chegar”, diz cardeal John Tong

“Não é realista terum Papa chinês”a Macau foi a celebração da Missa de Acção de Graças, que reuniu centenas de pes-soas na Sé Catedral.

Para John Tong, um dos 22 novos cardeais nomea-dos pelo papa Bento XVI em Janeiro, até o facto de agora integrar o núcleo dos conselheiros mais impor-tantes do papa parece ser indissociável da missão a cumprir.

“Como mencionei na minha homilia, o crédito

da minha nomeação para cardeal não me deve ser atribuído”, tendo mostrado antes “o grande amor e pre-ocupação do santo padre pela Igreja na China”, advogou.

Por via desta designa-ção, o papa “espera que eu envide mais esforços para promover uma ponte entre as igrejas da China e do exterior, ajudando diferentes comunidades da China a reconciliarem-se e, finalmente, para alcançar

a comunhão plena entre o santo padre e a Igreja universal”.

Apesar de ter entrado para a ‘elite’ do Vaticano e de exercer as suas funções como bispo na Região Administrativa Especial de Hong Kong, John Tong entende que, além de “não ser realista ter um papa chinês”, tal não seria uma boa solução com vista à desejada aproximação.

O responsável referiu

que “um papa chinês deve-ria ter um forte apoio das comunidades católicas por detrás e a própria China não é um país católico”.

Hong Kong e Macau são os únicos locais na China onde a autoridade papal na Igreja Católica Romana é aceite.

Pequim cortou as rela-ções diplomáticas com o Vaticano em 1951, depois do Partido Comunista ter tomado o poder e consti-tuído a sua própria igreja fora da autoridade do papa.

No interior da China, o culto só é autorizado nas igrejas aprovadas pelo Estado, pela Associação Católica Patriótica Chi-nesa, que reconhece o papa como um líder es-piritual mas rejeita a sua autoridade na ordenação de padres e bispos. Algu-mas igrejas clandestinas permanecem fiéis ao Vaticano.

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8 nacional terça-feira 8.5.2012www.hojemacau.com.mo

HÁ alguns anos atrás os carros compactos extremamente simples dominavam as ruas da

China, mas actualmente cada vez mais chineses estão a optar por veículos mais sofisticados o que está a abrir as portas para os fa-bricantes de automóveis mundiais aumentarem os seus lucros neste sector de mercado em crescimento.

Considerando o enorme tama-nho do mercado automobilístico chinês, a maioria dos construto-res ganha muito menos dinheiro na China do que em países onde os compradores exigem carros mais caros e utilitários desporti-vos. Os lucros também são mais magros porque os fabricantes estrangeiros têm de aliar-se a companhias chinesas para fazer negócios no país, dividindo os lucros. A General Motors Co., por exemplo, vendeu mais carros na China do que nos Estados Unidos no ano passado, mas só ganhou cerca de 10 mil milhões de pa-tacas com as suas joint-ventures na China, enquanto que o lucro obtido com as vendas nos EUA foi de cerca de 55 mil milhões de patacas.

A China tornou-se o principal destino do investimento alemão no exte-

rior, ultrapassando pela primeira vez a Europa, informou ontem um jornal oficial, citando uma sondagem da As-sociação das Câmaras de Comércio e Indústria da Alemanha.

Em 2011, o investimento alemão na China atingiu cerca de 10 mil milhões de patacas, mais do que a soma do que a Alemanha investiu na França, Espanha e Itália, indicou a mesma fonte.

“Em termos relativos, a China continua a ser um dinâmico motor de crescimento comparado com países

como a Espanha ou Grécia, onde não há crescimento absolutamente nenhum”, disse um empresário alemão citado pelo “China Daily”.

A Alemanha é também o maior parceiro comercial da China na União Europeia, assegurando cerca de metade das exportações dos “27” para aquele país e mais de um quinto (22 por cento) das importações.

“A Alemanha foi sempre a pedra angular da economia europeia, mas a Europa já não é tão importante para a Alemanha como costumava ser”, comentou o “China Daily”.

A economia chinesa - a segunda maior do mundo, a seguir aos Estados Unidos - abrandou para 8,1 por cento no primeiro trimestre de 2012, quase dois pontos da média anual de crescimento de 9,9 por cento ao longo das últimas três décadas.

Segunda prevê o Banco Mundial, o Produto Interno Bruto chinês deverá crescer 8,2 por cento em 2012 e 8,6 por cento em 2013.

UM cidadão brasileiro, de sobrenome Mozen, que

evitou o roubo da mala de uma mulher na província chinesa de Cantão, tornou-se famoso no Weibo (Twitter chinês) ao

China responsável pelo aumento do volume da indústria automóvel

Gosto mais sofisticado

China tornou-se o principal destinodo investimento alemão

“Europa já nãoé tão importante”

Brasileiro fica famoso depoisde evitar assalto e ser agredido

Passividade dos transeuntes gera polémica no Weibo

criticar a passividade dos que assistiram à cena depois dos ladrões o agredirem na cabeça, informou o jornal Xin Beijing esta segunda-feira.

Mozen, de 27 anos, que se

dedica ao comércio de calçado na cidade de Donguan há três anos, caminhava pela rua da cidade quando viu três homens a assaltar uma mulher, tentan-do tirar-lhe a mala.

Sem pensar duas vezes o brasileiro tentou evitar a ac-ção criminosa, mas os ladrões enfrentaram-no atingindo-o em todo o corpo e na cabeça, destacou o jornal.

Cerca de 30 pessoas que assistiram a tudo ficaram es-táticas a ver o rapaz no chão sem o auxiliar até que um professor, ajudado por uma mulher, o levou ao hospital, onde foi tratado, levando mais de dez pontos na cabeça.

O brasileiro denunciou na rede social chinesa a passivi-dade das pessoas que observa-ram o incidente, o que levantou uma grande polémica.

Não há dúvida de que o merca-do asiático, e a China em especial, têm vindo a gerar boa parte do aumento do volume da indústria automobilística nos últimos anos. O preço de venda dos carros é baixo, mas os modelos mais sim-ples também têm menor custo de fabrico e a mão-de-obra é mais barata do que na Europa ou nos Estados Unidos.

Os fabricantes vêem oportu-nidades para aumentar o preço de venda ao consumidor de veículos novos, num mercado que deverá

crescer de 18,5 milhões de veículos vendidos no ano passado para até 30 milhões em 2020.

“Esperamos que no futuro as nossas margens de lucro sejam mais equilibradas do que são ago-ra”, disse Kevin Wale, director da GM na China.

MAIS DINHEIRO,MELHORES CARROSEsta dinâmica está a mudar à me-dida que os consumidores chineses acumulam mais dinheiro e come-çam a exigir carros mais parecidos

com os que andam pelos EUA e na Europa, com mais opções, mais espaço e maior segurança. A nova onda de ofertas foi exibida recente-mente no Salão do Automóvel de Pequim, onde muitos fabricantes expuseram carros de luxo, carros de passeio maiores e utilitários desportivos.

A Ford Motor Co. já anunciou que vai levar novos utilitários desportivos para o mercado chinês: o Kuga, uma versão chinesa do seu utilitário compacto Escape; o pequeno EcoSport; e o Explorer,

um utilitário maior. A italiana Fiat SpA, conhecida na Europa sobre-tudo pelos seus carros pequenos, planeia voltar ao mercado chinês com um novo Sedan de médio porte. A GM, que está a levar novos veículos Cadillac para a China, usou o Salão para apresentar o seu modelo de luxo, o Marquis.

Wale disse que a GM espera que as suas margens de lucro aumen-tem à medida que a marca avança para um segmento de carros mais sofisticados.

Arrancar mais lucros no gigante asiático não será fácil. A competi-ção é intensa e crescente, com cada vez mais fabricantes automóveis a correr para a China para lucrar com um mercado em expansão.

Wale disse que o crescimento das vendas provavelmente vai dar mais impulso aos lucros do que uma variedade maior de veículos. A procura de veículos mais caros, disse, “não é um remédio mágico que vai gerar uma explosão de lucros”.

Embora os chineses se sin-tam atraídos por veículos mais sofisticados, as suas preferências são ainda muito diferentes das da população americana ou eu-ropeia. Os utilitários desportivos actualmente à venda na China são pequenos, tais como o CRV da japonesa Honda Motor Co., e não há praticamente mercado para as pick-up e para grandes utilitários que são os principais geradores de lucros nos EUA.

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9regiãoterça-feira 8.5.2012 www.hojemacau.com.mo

Japão vai “acompanhar de perto” a reacção da UE à política de HollandeO Japão vai “acompanhar de perto” a reacção da União Europeia à política económica do novo presidente francês, François Hollande, afirmou ontem o porta-voz do Governo nipónico, Osamu Fujimura. Depois de ter felicitado Hollande pela sua vitória nas presidenciais francesas de domingo, Fujimura lembrou que a crise na Europa não está ainda resolvida. “Acreditamos que a crise da dívida europeia está em vias de sair da situação crítica em que se encontrava no ano passado. Mas isso não nos permite estar optimistas”, disse o porta-voz do Executivo japonês em conferência de imprensa. Ao constatar que os “desenvolvimentos da economia europeia afectam de forma importante a economia” japonesa, Fujimura garantiu que Tóquio acompanhará “de perto os debates na Europa acerca das políticas do presidente eleito Hollande”.

Tornado perto de Tóquio deixa rasto de destruiçãoA passagem de um tornado a cerca de 50 quilómetros da capital japonesa deixou para trás um rasto de destruição. Pelo menos uma pessoa morreu e dezenas ficaram feridas. A vítima mortal é um adolescente de 14 anos. As regiões de Ibaraki e Tochigi, a nordeste de Tóquio foram as mais afectadas. Mais de duas centenas de habitações ficaram danificadas, as ligações ferroviárias foram interrompidas e segundo a companhia eléctrica, TEPCO, mais de 20 mil pessoas estão sem electricidade. O mau tempo levou a Agência de Meteorologia nipónica a emitir um aviso de alerta na região.

O porta-voz da Presidência das Filipinas, Edwin Lacierda, disse recentemente que

o seu país prefere chamar à Ilha Huangyan, Ilha Panatag. A informação foi divulgada na semana passada pelo “Manila Bulletin”.

Em conferência de imprensa, o porta-voz revelou que a tensão na ilha já está atenuada e que o seu país prefere chamá-la Panatag. Ao ser questionado se a denominação significa uma reivindicação das Filipinas pelos direi-tos sobre a ilha, o porta voz da Presidência limitou-se a dizer que é “para simplificar” e lembrou que, no passado, as Filipinas usaram

Atóis de Scarborough e Bajo de Masinloc para classificar a ilha.

Em resposta, a diplomacia chinesa reiterou por repetidas vezes que Huangyan é território inerente da China e que as águas da ilha são tradicionalmente uma área de pesca chinesa. A China não altera a sua posição de defender uma solução diplomática para a questão. A chancelaria chinesa pediu veementemente às Filipinas para voltarem ao caminho correcto para solucionar o assunto e disse que qualquer acto para complicar e amplificar o ocorrido não favorecerá a solução da questão.

A Coreia do Sul e os Es-tados Unidos iniciaram

ontem o seu exercício mili-tar aéreo anual em grande escala, designado “Max Thunder”, quando se espe-cula sobre a possibilidade de Pyonguang realizar um novo teste nuclear, infor-mou a agência Yonhap.

Estas manobras vão prolongar-se até ao dia 18 no espaço aéreo sul-

-coreano, a sudoeste da península coreana, e têm como objectivo a promoção das capacidades e a coorde-nação das tropas dos dois países, envolvendo 60 avi-ões de combate e centenas de pilotos, segundo fontes das Forças Armadas de Seul citadas pela Yonhap.

Os exercícios envolvem simulações de combates aéreos com quatro a oito ae-

ronaves, o reabastecimento em pleno voo a cargo de um avião norte-americano e a neutralização do sistema de defesa aéreo inimigo em caso de guerra.

Os EUA mantêm em território sul-coreano cerca de 28.500 soldados desde o final da Guerra da Coreia (1950-53), que terminou com um armistício e não com um tratado de paz.

NA Tailândia, os donos de animais de estimação costumam despedir-se dos seus “companheiros”

em rituais fúnebres budistas vistosos, que abrem caminho para a reencarna-ção do ser que passou por esta vida.

No templo That Thong, em Ban-guecoque, uma dúzia de parentes e amigos assistem compungidos às preces para Bisho, um Golden Retriever que durante os últimos 15 anos foi considerado como membro da família.

Um monge budista recita mantras no dialecto pali, que são repetidos pelos presentes, que dão as mãos entre si para realizar uma corrente positiva para a alma do animal, que após ser cremado terá as cinzas lançadas nas águas do rio.

“Antes não podia nem ver ani-mais, porque tinha medo, mas tudo mudou quando acolhemos Bisho com apenas dois meses de idade. Desde então, a minha perspectiva sobre os animais mudou”, disse à Agência Efe a matriarca da família, Indra.

Sob um calor abrasador, o cão começa a exalar um certo mau cheiro e a atrair algumas moscas, o que não impede que Indra e seu filho mais novo o acariciem e até mesmo beijem o focinho do golden retriever.

Os restos de Bisho são intro-duzidos para incineração numa câmara desenhada por Ploysing Passornsiri, fundadora da empresa Pets Crematorium, que também realiza todo o ritual funerário e ajuda no lançamento das cinzas no rio Chao Phraya.

A empresa, pioneira no serviço, realiza entre 30 e 60 funerais por mês, que representam apenas uma parte dos que são realizados dia-riamente em numerosos templos budistas da Tailândia, país onde os animais de estimação, desde

Tailândia Animais de estimação também vão para o céu

Entre o céu e o inferno

Filipinas e China procuram solução diplomática

Tensão atenuadaEUA e Coreia do Sul iniciaram manobras aéreas

“Max Thunder”

cães até répteis, aves e macacos, são muito valorizados.

“Fundei a empresa há três anos porque não quero que quando meu animal de estimação morrer ele seja incinerado de qualquer manei-ra. Já organizamos funerais para peixes, serpentes, tartarugas, gatos e inclusive um ouriço”, explica a jovem tailandesa, que é formada em arquitectura.

Os amigos de Bisho deixam um papel cor-de-rosa no interior da incineradora para se despedir do animal, e colocam do lado de fora uma bandeja com fruta, e a comida favorita do golden retriever.

GASTAR SEM RECEIOO ritual funerário completo custa entre cerca de 750 e 2.500 patacas, dependendo do tamanho do animal.

Cada vez mais tailandeses estão dispostos a gastar esta quantia para se despedir de seus animais de estimação, incluindo a excursão até o rio para lançar as cinzas. Influenciados pelo hinduísmo, os budistas tailandeses acreditam que além da reencarnação como animais ou seres humanos na Terra, as almas também podem passar milhares de anos no céu ou no inferno, dependendo do karma acumulado.

Nascer como um animal é con-siderado um castigo e é preciso centenas de vidas antes da reen-carnação num ser humano, embora em casos especiais alguns animais possam chegar ao céu pelos seus méritos.

Segundo a tradição tailandesa, a libertação final, ou o nirvana, alcançado somente por pessoas e seres divinos, interrompe os ciclos de reencarnação das almas na Terra, assim como a passagem pelo céu e o inferno, também considerados lugares temporários.

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10 terça-feira 8.5.2012www.hojemacau.com.motradição

Cecília [email protected]

OS casamentos chi-neses estão reple-tos de diferentes preparações sim-

bólicas. Muitas delas com-pletamente diferentes das dos casamentos ocidentais. Contudo, em termos de emo-ções, são exactamente iguais aos casamentos do Ocidente: bonitos, engraçados e român-ticos. O Hoje Macau esteve num casamento tradicional chinês e explica assim como se processam os rituais nup-ciais da China.

A ESCOLHA DO DIAO dia do casamento tem que ser um dia especial. Um dos momentos que ainda pairam na memória colectiva chinesa está relacionado com a aber-tura dos Jogos Olímpicos, em Pequim, no dia 8 de Agosto de 2008. O número oito é consi-derado um algarismo de sorte, por isso muitos casais deram o nó nesse dia. O ano do dragão também atrai muito jovens a casarem e ainda, a terem os “bebés do Dragão”. Hoje em dia, os noivos fazem as juras de amor eterno antes da ceri-mónia, porque normalmente a cerimónia dura o dia inteiro.

OS RITUAIS CHINESESAo contrário dos casamentos ocidentais, um casamento chi-nês é organizado e pago pela família do noivo. É frequente antes do casamento, a família do noivo transportar presentes de casamento em caixas ver-melhas, para a casa da noiva. Acredita-se que dá sorte os pertences estarem em casa dos noivos durante o casamento. Muitos contêm presentes pes-soais para a noiva, para que no dia do casamento todos os seus bens estejam na casa do noivo.

Três dias antes do casa-mento, as mulheres da família da noiva retribuem o gesto, levando à família do noivo presentes embrulhados em papel vermelho. Outro ritual importante é o facto de o casal comprar uma nova cama para a sua noite de núpcias, e cobri--la com novos lençóis, que deverão ser vermelhos. Caso o casal já tenha uma cama, não deverão deixar de comprar roupa de cama nova para o dia do casamento, sempre ver-melha. Uma cama nova e uns lençóis novos simbolizam um começo novo, e supostamente trazem boa-sorte ao casal.

Antes do dia de casamen-to, a noiva chinesa entra, tradicionalmente, em reclusão com as amigas mais próximas. A noiva e o noivo, na noite

O Hoje Macau esmiúça o casamento tradicional chinês

Um ritual de preparações simbólicasanterior ao casamento, reali-zam uma cerimónia especial que envolve o pentear e o desentrançar dos cabelos; isto simboliza a entrada na idade adulta. A noiva deverá reali-zar esta cerimónia debaixo do olhar da lua para desejar descendência. Ambos devem escovar o cabelo quatro vezes, trazendo cada escovadela uma lufada de boa sorte. A primeira simboliza a união do casal desde o início do casamento até ao fim, a segunda traz harmonia e verdade até ao fim da vida, a terceira trará filhos e netos, e a quarta saúde e um casamento duradouro.

Depois da cerimónia, a noiva serve chá para os pais do casal, agradece a graça, diz adeus aos seus pais porque no dia seguinte vai viver com o seu marido. No final, tomam os ‘Tangyuan’, bolinhas de farinha de arroz glutinoso de forma redonda que é servido com sopa. Tudo por um casa-mento perfeito e “doce como o mel”.

O DIA DO CASAMENTONa manhã do casamento, o noivo é simbolicamente

vestido pelos seus pais. Vai ter a casa da noiva, levan-do presentes em dinheiro, embrulhados em tecido vermelho, para oferecer aos amigos da noiva - damas-de--honor -, em retribuição por a deixarem sair para casar. Hoje em dia, os pajens fazem os jogos com o noivo e os amigos dele antes de o dei-xarem encontrar a noiva. Por exemplo, os rapazes têm que fazer tudo o que as raparigas desejam, como, por exem-plo, abdominais ou flexões até o noivo encontrar o papel, previamente escondido, dos votos e juras de amor.

Quando o noivo encontra a “carta de amor” tem que ler o texto em voz alta, para toda a gente saber como vai ele se comportar enquanto marido. No fim, o noivo pergunta ao seu amor se ficou satisfeito com o juramento. Com a res-posta positiva, a noiva abre a porta, os noivos servem chá para os pais da noiva, ajoelhados à sua frente. Este gesto simboliza o pedido de permissão para o casamento. A mãe dá o dote, normalmen-te são pulseiras com padrões

O dia do casamento tem que ser um dia especial. Um dos momentos que ainda pairam na memória colectiva chinesa está relacionado com a abertura dos Jogos Olímpicos, em Pequim, no dia 8 de Agosto de 2008. O número oito é considerado um algarismo de sorte, por isso muitos casais deram o nó nesse dia. O ano do dragão também atrai muito jovens a casarem e ainda, a terem os “bebés do Dragão”

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11terça-feira 8.5.2012 www.hojemacau.com.mo tradição

O Hoje Macau esmiúça o casamento tradicional chinês

Um ritual de preparações simbólicase símbolos relacionados com o Dragão e a Fénix. O pai da noiva entrega “as mãos” de sua filha para o noivo, o que significa confiar a filha para o rapaz e ele tem que a tratar bem. Passo seguinte: o casal vai para a casa do noivo.

Contudo, e antes disso, acontece a cerimónia reli-giosa onde o casal é con-duzido ao altar da família e homenageia o céu e a terra, os antepassados e o Deus Tsao-Chün. Em seguida é servido o chá para os pais dos noivos, com duas se-mentes de lótus. A noiva e o noivo fazem uma vénia. Isto completa a cerimónia de casamento chinesa, excepto em algumas religiões onde ambos bebem vinho pelo mesmo copo.

Tradicionalmente depois da cerimónia, os recém--casados ajoelham-se e seguram a taça para servir o chá, começando pelos pais dos noivos, depois servem os familiares mais velhos e continuam até servir todos os parentes. A mulher senta-se ao lado esquerdo do homem. Os convidados sentam-se em

cadeiras, enquanto os noivos se ajoelham. Em retorno, os recém-casados recebem en-velopes vermelhos da sorte recheados com joias ou di-nheiro. O casal normalmente costuma fazer uma sessão fotográfica profissional, com vestidos de cariz ocidental, antes do dia do casamento.

CERIMÓNIA OCIDENTALMissão cumprida. Agora, a noiva troca a roupa tradicio-nal pelo vestido ocidental. “Usei o vestido ocidental,

porque a cor branca signifi-ca santidade. Pessoalmente gostava de ter feito uma cerimónia na igreja, mas como não sou cristã e cató-lica, encenei a situação no hotel”. lamentou a recém--casada Qin.

O jantar é, normalmente, uma festa dedicada aos ami-gos e parentes dos noivos. A cerimónia é considerada por todos como a parte mais significativa do evento. Um profissional contratado faz um discurso sobre a histó-

ria das famílias e do casal. Depois, os recém-casados cortam um bolo gigante, re-gra geral em camadas como símbolo de uma escalada que o casal fará. E cortam de bai-xo para cima, representando o crescimento amoroso que permanecerá durante toda a vida, tal como é conhecido por se fazer no Ocidente. As noivas chinesas trocam de roupa três a quatro vezes durante a recepção.

Quando chega a hora da toma do vinho, normalmente no fim da festa, é feito um brinde aos noivos e os con-vidados saúdam os noivos e os seus pais. A música da recepção pode passar por um simples teclado musical, até à utilização de uma orquestra. É costume os convidados apertarem as mãos antes de abandonarem a cerimónia. Um casamento chinês mais elaborado, com uma recepção com refeição, poderá ter até dez pratos de comida diferentes.

Durante a refeição, a noi-va veste o vestido tradicional de cor vermelha. O verme-lho é a cor dominante. Para os chineses é a tonalidade do amor e da prosperidade. Normalmente a decoração é toda em vermelho e dourado, assim como os convites, as lembranças e até a indumen-tária da noiva.

Outra curiosidade: os noivos não fazem lista de presentes mas disponibili-zam um envelope vermelho na mesa dos convidados. Assim, cada um colabora com um valor em dinheiro.

RITUAL DA NOITE DO CASAMENTODepois de todas as festas os noivos volvem ao seu quarto. Nele, deverão estar acesas velas com Dragões e Fénix. Tudo para afastar os maus espíritos. Os recém-casados beberão vinho de duas taças atadas por um fio vermelho, com os braços entrelaçados. Este é o voto formal – e íntimo - do casamento na cultura chinesa.

DEPOIS DO CASAMENTONos casamentos chineses não há despedidas de sol-teiro mas há lua-de-mel. Na manhã do primeiro dia do casamento, a noiva deverá preparar o pequeno-almoço do noivo, e nos três dias seguintes ao casamento, os noivos deverão visitar os pais da noiva. O casal recém-casado deverá levar presentes, e a família da noiva retribuirá com outros presentes.

Na manhã do casamento, o noivo é simbolicamente vestido pelos seus pais. Vai ter a casa da noiva, levando presentes em dinheiro, embrulhados em tecido vermelho, para oferecer aos amigos da noiva - damas-de-honor -, em retribuição por a deixarem sair para casar

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terça-feira 8.5.2012www.hojemacau.com.mo12 cultura

A expansão para Taiwan dos projectos de Carlos Couto serve para contrabalançar as flutuações do mercado em Macau, revela o arquitecto

O arquitecto português Carlos Couto está a desenhar hotéis e um autódromo em Taiwan,

ilha que define como tendo espaço para a afirmação de vários profis-sionais porque “tem ainda muita construção civil e pouca arquitec-tura”. “Este trabalho começou com o desenho de um autódromo em Taiwan e, devido à empatia criada com os responsáveis do grupo Lih Pao, fomos avançando para outros projectos, como os hotéis”, expli-cou Carlos Couto.

O arquitecto português, radica-do em Macau e autor do desenho do premiado pavilhão de Portugal na Exposição Mundial de Xangai, esteve cerca de um ano a desenhar

UMA galeria portuguesa e três brasileiras vão participar na

feira de arte contemporânea de Hong Kong, que reúne 266 galerias de 39 países e territórios, entre 17 e 22 de Maio. A galeria portuguesa Filomena Soares, de Lisboa, e as brasileiras Casa Triângulo, Nara Roesler e Mendes Wood são os participantes dos países de língua portuguesa da 5.ª edição da ART HK 2012.

Estreante na feira a decorrer na antiga colónia britânica, a Galeria Filomena Soares espera um ambien-te “frutífero à promoção dos artistas que representa junto de coleções públicas e privadas e junto de um novo público emergente”.

COURTNEY Love, viúva de Kurt Cobain, perdeu os

direitos de imagem do carismá-tico líder dos Nirvana, que se suicidou em 1994, para a filha de ambos, Frances Bean Cobain, de 19 anos. Segundo o The Fix, uma publicação online, que teve acesso a documentos da família, Frances Bean Cobain, cuja relação atribulada com a sua mãe tem sido muitas vezes alvo de atenção mediática, é então a responsável pelo património e os direitos Kurt Cobain.

Ao que tudo indica, em 2010, Courtney Love aban-donou o cargo de gerente da End of Music LLC, empresa que administra todos os bens, incluindo os direitos de publici-dade, nome e música de Cobain.

A decisão foi a consequên-cia directa de um pedido de empréstimo no valor de três milhões de dólares à sua filha. Até que o dinheiro seja devol-vido na totalidade a Frances Bean Cobain, Courtney Love

não poderá tomar nenhuma decisão em relação ao patrimó-nio, nem lucrar com os direitos de Kurt Cobain. Frances Bean Cobain é quem decide agora o que acontece com os direitos do líder dos Nirvana.

Os conflitos entre mãe e filha já duram há muito tempo. Em 2009, as duas cortaram re-lações e Frances ficou à guarda da avó paterna e de uma tia. Quando em 2010 fez 18 anos, herdou grande parte dos seus bens. No entanto, Courtney Love não tem facilitado a vida e nos últimos tempos têm sido muitas as disputas por bens de Kurt Cobain, desde equipamen-to musical, até roupas e pinturas do cantor.

Os direitos de imagem dos Nirvana, não têm porém nada a ver com este conflito, uma vez que são administrados por uma outra empresa, a Primary Wave Music, não se resumindo apenas a Kurt Cobain como a toda a banda.

Pequim reforça apoio financeiro à culturaO Ministério das Finanças da China pediu às autoridades locais para reforçarem o investimento financeiro nas indústrias culturais, com o objetivo de garantir recursos para a reforma do sector. De acordo com o Ministério, o nível de crescimento do orçamento dedicado à cultura, desporto e media deve ser superior ao crescimento da receita fiscal. Além disso, deve ser elevada também a quota da participação da cultura na despesa financeira. O governo chinês quer reforçar também o apoio dos sectores financeiros à indústria da cultura, incentivando empresas culturais a realizarem financiamento directamente no mercado.

China, Japão e Coreia do Sul ampliam cooperação culturalChina, Japão e Coreia do Sul acordaram hoje um plano de acção para fortalecer a cooperação cultural, incluindo a protecção dos respectivos patrimónios. A iniciativa foi o resultado de uma reunião dos ministros do sector na cidade de Xangai, na qual advogaram por designar as chamadas cidades culturais em cada um dos países em 2014. Entre essas acções figura também a realização de feiras de arte que possam atrair criadores modernos e tradicionais. Os titulares assinalaram que os ricos patrimónios culturais dos seus países podem ser aproveitados para promover vínculos mais estreitos na região. Para além disso concordaram abordar em futuros encontros vias para uma maior protecção dos direitos de propriedade intelectual, por os considerarem importantes para a actividade económica associada à cultura. Estes encontros realizam-se desde 2007 com vista a impulsionar elos mais estreitos entre os três países, que também mantêm amplas relações económicas.

Arquitectura Carlos Couto aposta em projectos em Taiwan

Vou ali ao lado e já venho

HK Arte contemporânea portuguesa e brasileira em feira internacional

A cor do dinheiroCourtney Love perde os direitos de imagem de Kurt Cobain para a filha

No lugar do morto

a pista, que foi pensada para a categoria 2, onde podem ter lugar treinos de Fórmula 1, mas não corridas. “A pista está agora na fase de aprovação pelas autorida-des de Taiwan e pela FIA e será

um complexo que terá ainda uma unidade hoteleira e um kartódro-mo”, explicou Carlos Couto, que abriu também recentemente um escritório na ilha.

Além do projecto em Taipé,

Carlos Couto está a desenhar hotéis para o mesmo grupo em Kenting, Sul da ilha e em Pu Lih, centro de Taiwan, e vai começar a trabalhar noutras unidades hoteleiras na região de Hongqian, em Xangai, China, “tudo para o mesmo grupo”.

“É um desafio de um grupo em crescimento e de novos projectos que estão integrados em zonas turísticas de grande valor e que irão permitir criar e envolver os novos edifícios com a paisagem, apostando na qualidade em detri-mento da quantidade”, explicou.

Com o início dos trabalhos em Taiwan previstos ainda para 2012, Carlos Couto prevê alargar o quadro de pessoal no escritório de Taiwan e olha o mercado da ilha como um contrabalanço às flutuações do mercado de Macau.

“Esta actividade tem ciclos e o arranque de muitas obras quer particulares, quer publicas, per-mite hoje termos muito trabalho, mas os ciclos económicos vão criar tempos de estagnação no investimento e por isso há que abrir horizontes e criar pontos de apoio que se irão compensar mutuamente”, concluiu.

“Esperamos que a feira permita boas oportunidades de negócios ime-diatas, bem como um investimento em futuras parcerias com instituições internacionais, públicas e privadas”, disse o director da galeria portuguesa, Manuel Santos. Fundada em Lisboa há dez anos, a Galeria Filomena Soares vai também aproveitar Hong Kong como uma “montra” para os artistas que representa.

“Aliado ao enorme crescimento económico da Ásia, nos últimos anos o novíssimo mercado artístico asiático, nomeadamente da China, tem vindo a ganhar um espaço de enorme visibili-dade quando comparado com os outros mercados ditos tradicionais: América do Norte e Europa”, explicou o mesmo responsável.

A presença brasileira na ART HK 2012 integra duas galerias paulistas - as veteranas Nara Roesler e Casa Triân-gulo, estabelecidas na arte contempo-rânea há mais de 20 anos -, e a jovem Mendes Wood. Fundada em 2010, a Mendes Wood estará representada na secção “Art Futures”, dedicada aos jovens talentos até aos 35 anos.

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terça-feira 8.5.2012 www.hojemacau.com.mo 13cultura

Rita Marques [email protected]

O Prémio Identi-dade 2012 do Instituto Inter-nacional de Ma-

cau (IIM) foi atribuído ao Lusitano Club de Hong Kong. A cerimónia de en-trega decorre na próxima quarta-feira, dia 9, na sede desta instituição fundada em 1866, pelas 12h30.

O Lusitano Club de Hong Kong foi a primeira Casa de Macau criada no exterior. Arrancou pelas mãos de por-tugueses e macaenses que trabalhavam para a adminis-tração do território vizinho. A ideia de criar um clube que representasse uma co-munidade que ia cimentando o seu lugar na sociedade de Hong Kong surgiu de J. A. Barretto e Delfino Noronha.

“INCENDIES”, nomeado para o Óscar de “Melhor

Filme Estrangeiro”, vai ser o pri-meiro filme exibido no Albergue SCM em mês de “Cine Club”. As quintas-feiras de 17, 24 e 31 de Maio vão estar recheadas de viagens pelo circuito francófono Canadá, Marrocos e Bulgária, onde o feminismo está na ordem do dia.

O filme canadiano do realiza-dor Dennis Villeneuve, inspirado na peça de Wajdi Mouawad, leva o espectador até ao Médio Oriente onde se descobre a vida secreta de Nawal Marwan, mãe de dois filhos gémeos, que segundo desejos da mãe já falecida, vão procurar as suas raízes.

A 24 de Maio será exibido “La Grande Villa”, de Latif Lahlou, sobre uma mulher francesa que se encontra desvalorizada, traída e incapaz de se adaptar à vida junto com a família do marido marro-quino. Este enredo explora o papel da mulher na modernidade e a co-existência com outras culturas.

“Georgi e as Borboletas” tem tela marcada no dia 31 de Maio

“SIGNUM Living Store” é o nome do novo espaço, loca-

lizado bem no centro histórico da cidade - perto do templo de A-Má -, que promete impulsionar a arte local a partir deste mês.

Já funcionava há alguns meses como loja dedicada à decoração de interiores mas agora surge, também, como um espaço de arte e design que servirá sobretudo de ponte entre os visitantes e aqueles que mostram as suas histórias, segundo uma percepção artística e criativa.

Hong Cheng Man e José Lázaro das Dores são os dois artistas lo-cais, nascidos e criados na RAEM, convidados a expor na Signum Living Store este mês. O primei-ro é conhecido pelas impressões da serie “Enigma”, seleccionada como uma dez melhores na Macau Annual Art Exhibition 2006, e pela colecção de borboletas inspirada na poesia clássica chinesa “Butterfly Falls in love with flower”. Lázaro das Dores, que trabalha escultura, diferentes média e pinturas, viu por cinco vezes consecutivas os seus trabalhos seleccionados para o “Macau Annual Art Exhibi-

Lusitano Club de Hong Kong distinguido com Prémio Identidade 2012 do IIM

Refúgio durante a invasão japonesa

Alliance Française de Macau com agenda cheia no mês de Maio

Albergue SCM exibe filmes francófonos

Novo espaço de arte e design promove talentos locais

Arte à esquina do património

MAIS FRANCOFONIA• 26 MAIO

Floral Workshop - The Floral Wedding Crown (AFM) MOP 400

• 30 MAIO

Concerto Le Comptoir Des Fous (Torre de Macau) Gratuito

• 31 MAIO

Workshop “Savoir-Vivre” (Grand Hyatt) MOP 800

no Albergue SCM. Esta história, por sua vez, centra-se na vida do homem e nos seus sonhos. Este homem é Georgi Lulchev, psiquiatra, neurologista, médi-co chinês, administrador, Chef amador, empresário e director do Instituto de Psicologia para homens com deficiência. O seu sonho é criar uma fazenda no jar-dim do instituto onde os pacientes poderiam envolver-se em activi-dades terapêuticas a partir do seu trabalho. Todos os filmes serão exibidos pelas 19h no Albergue

SCM e necessitam de marcação de reserva (28522550/28523205).

Amanhã será inaugurada a exposição de fotografia de “Nice Ville de Lumière”. Esta série de imagens dá a conhecer a cidade do sul de França, a segunda maior do país na costa mediterrânea, depois de Marselha. A exposição estará patente no Sofitel Hotel - Ponte 16, pelas 18h30, até 31 de Julho. A entrada é livre, a qualquer hora.

A programação insere-se na comemoração dos 25 anos da Alliance Française de Macau - R.M.R

tion”, tendo sido galardoados em 2004 para o “The Tenth National Exhibition of Arts in China”. Os últimos trabalhos abstractos estão incluídos na “Understanding of Light” que exploram a sua ima-ginação da natureza. A glassnine Art, a empresa de curadoria de arte, co-organizará as exposições artísticas. - R.M.R

pre um símbolo de referência para a comunidade macaen-se que ajudou na edificação daquela antiga colónia bri-tânica tendo contribuído, de forma empenhada, nas lides do seu governo, na criação de instituições de ensino, na vida empresarial, nas múltiplas manifestações desportivas e até na sua defesa territorial.

O Prémio Identidade do IIM, instituído em 2003, visa premiar as obras realizadas em prol da defesa dos valores de Macau, do apoio social e cultural e do papel desen-volvido no estabelecimento de uma definição macaense. E já contemplou inúmeras personalidades e institui-ções que contribuíram para o reforço e valorização da identidade macaense, tais como Monsenhor Manuel Teixeira (2003), Henrique de Senna Fernandes (2004) e, no último ano, os Projec-tos “Memória Macaense” e “Macanese Families”, lançados e coordenados, res-pectivamente, por Rogério Passos Dias da Luz e Prof. Henrique d’Assumpção.

Arnaldo de Oliveira Sales, o ex-presidente do Urban Council de Hong Kong, também homenageado com o Prémio Identidade de 2005, foi um dos residentes do Lusitano Club. A partir de 1967, lançou as reformas que ajudaram a instituição a ser um dos clubes de co-munidade mais sólidos do mundo.

O edifício serviu de sede para as companhias portuguesas de Voluntários, perante a ameaça de invasão japonesa de Hong Kong, e, quando esta se concretizou no dia de Natal de 1941, em centro de acolhimento de refugiados portugueses, antes da sua evacuação para Macau, um dos raros locais na Ásia que escapou aos movimentos do exército nipónico.

O Clube constituiu sem-

O vencedor do Prémio Identidade 2012, atribuído pelo Instituto Internacional de Macau, transformou-se em centro de acolhimento de refugiados portugueses durante a invasão japonesa de Hong Kong

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terça-feira 8.5.2012www.hojemacau.com.mo14 desporto

João [email protected]

CONFORME se referiu na sexta--feira passada, a entrevista ao

Grande Mestre de Xadrez Alfonso Romero Holmes, teria uma 2ª parte, onde, entre outros assuntos, se falaria da sua estadia em Macau (1). Com efeito, como então se referiu, Romero Holmes chegou no dia 1 de Maio vindo do torneio de Malaca e por cá ficou até domingo, dia 6, tendo então seguido para Hong Kong, a convite da Associação de Xadrez da região vizinha, onde permaneceu esse dia. Ontem, segunda-feira, re-gressou a Kuala Lumpur e, dali, a Espanha.

Aqui em Macau, Rome-ro Holmes deu três sessões de treino à nossa Selecção Olímpica e uma simultânea nas instalações do Insti-tuto Português do Oriente (IPOR), que apadrinhou esta iniciativa juntamente com a Associação de Xa-drez de Macau.

Este foi, de resto, o ponto alto da curta estadia de Romero Holmes em Ma-cau e uma verdadeira festa do xadrez, de 1 contra 31, muitas crianças e jovens, bem organizado, com boa disposição e até prendas para todos os que mediram forças com o Grande Mestre espanhol, simpaticamente oferecidas pelo IPOR.

Para a história, embora seja o menos importante, ficam as 27 vitórias de Ro-mero Holmes contra as suas duas derrotas, infligidas por Li Hui (actual campeão de Macau) e Carlos Vilhena (professor de xadrez na Es-cola Portuguesa de Macau) e dois empates, um contra Fu Chu Tai, de 11 anos, e outro com José Silveirinha.

Depois da simultânea e de um merecido repouso do guerreiro, fomos jantar com Romero Holmes e, no fim da ceia, fizemos então a prometida 2ª parte da entrevista, num registo diferente mas não menos interessante do que a 1ª parte. Aqui está ela.

João Valle-Roxo - Alfonso, estás cá desde terça-feira

Entrevista Alfonso Romero Holmes, Grande Mestre de Xadrez

“Macau é tremendamente dinâmica”[dia 1], quais são as tuas impressões de Macau?Alfonso Romero Hol-mes - Bom, é uma cidade tremendamente dinâmica. Normalmente está associada ao jogo, à noite, mas não é só isso. Há um luxo, há uma qualidade de vida, há um gosto pelo património, eu fiquei deslumbrado com esta cidade. Creio, todavia, que se devia tentar apostar mais no mercado turístico europeu. Na Europa não conhecem toda a Macau e se soubessem como é, de certeza que viriam muitos turistas europeus visitar Macau.

JVR - Conheces algum sítio parecido com Macau?ARH - Bom, não conheço Las Vegas (risos), mas na verdade, conheço mais de 40 países e nunca vi um sítio assim. As ruas, a própria arquitectura, tradicional e do mais moderno que há no mundo, lado a lado, é única. Não vi nada igual. Além disso, é muito cosmopolita e aceita todas as culturas.

JVR - Tiveste tempo para ver algum monumento, al-gum património histórico?ARH - Sim, vi, por exemplo, as Ruínas de São Paulo, o Museu da Marinha e o Templo de A-Má, com o Sil-veirinha a explicar-me um pouco da história de Macau. Ele mostrou-me também a cidade e acompanhou-me nestes passeios, mostrou-me a comida. Gostei muito e de certeza que virei cá mais vezes.

JVR - Tiveste tempo para ver a parte ligada ao jogo, casinos ou hotéis?ARH - Sim, vi alguns casi-nos e alguns hotéis. Também vi algo que não tinha ainda visto: é que, pelo menos os hotéis que visitei, todos eles tinham expostas peças valiosas de arte. É fantástico.

JVR - E o quê que achaste do panorama xadrezisto e da organização?ARH - Fui muito bem rece-bido, as pessoas foram muito simpáticas e a Associação de Xadrez está muito bem organizada. Vê-se que se está a fazer um bom trabalho, com a divulgação do xadrez

nas escolas e muitas crianças interessadas. Até vemos os próprios pais a acompanhar as crianças e a compreen-der que o xadrez ajuda a melhorar o rendimento nos estudos e é bom para o seu desenvolvimento.

JVR - Achas então que o xadrez pode ajudar no desenvolvimento das pessoas?ARH - Sim, sim. O xadrez não só pode ajudar a criança, o adulto ou uma pessoa de 65 anos a planear melhor, raciocinar, memorizar me-lhor, como também ajuda na preparação para a pró-pria vida. Há um livro do Garry Kasparov, “Como a vida imita o xadrez” (2) que fala disto mesmo. E eu, nas palestras, nas sessões

de treino, abordo sempre este tema. Há um tremendo paralelismo entre o xadrez e a vida e encontra no xadrez um pouco daquilo que vais encontrar na tua profissão e na vida: Saber planear, vencer obstáculos, avaliar correctamente uma situação, um problema, calcular, às vezes o factor sorte. Tudo é muito parecido com a vida. O xadrez é fantástico para a preparação das crianças.

JVR - Gostaste da simul-tânea realizada no IPOR?ARH - Sim, muito, foi um sítio com óptimas condi-ções, num edifício muito bonito, um evento muito bem organizado, corri al-guns quilómetros, mas também não há problema (risos). Havia uma menina

muito nova e um menino, também, que jogaram muito bem. Acho que o futuro do xadrez em Macau está assegurado.

JVR - E quanto ao nível dos xadrezistas principais de Macau?ARH - Bom, Macau é pequeno e está rodeado de países muito fortes no xadrez mundial, como a China, a índia, a Indonésia, as Fili-pinas e o próprio Vietname e é muito difícil poder com-petir com esses países. Por exemplo, se compararmos Macau com Hong Kong, está ao seu nível ou até superior. Por isso, o que eu acho que Macau tem um óptimo nível xadrezista se compararmos com sítios com a mesma dimensão ou pouco maiores. O que é preciso é continuar e reforçar o trabalho que está a ser feito e cada geração será, em princípio, mais forte do que a anterior.

JVR - Gostaste de treinar a Selecção Olímpica de Macau?ARH - Sim, claro, e espero ter contribuído com estas nove horas de treino para a sua qualidade xadrezista. Com certeza que em tão pouco tempo não é possí-vel estar a ensinar e repisar aberturas, finais técnicos, teoria pura. Daí que o que eu procurei, foi fazer-lhes ver que o xadrez não é tão estrito como se pensa, mas sim muito mais flexível. Que não devem recear experimentar as suas ideias, mesmo que não venham nos livros de teoria. Devem dar largas à sua imaginação e procurar ser criativos, sem receios.

JVR - Mas não abordaste também alguma teoria?ARH - Sim claro, com exemplos, com partidas. Os jogadores trabalham, têm famílias e, por isso, não têm muito tempo livre para estudar aprofundadamente aberturas, por exemplo. Daí que os aconselhei a escolherem aberturas sãs e simples. Mas, para mim, o mais importante é o meio--jogo e também enfatizei esta parte.

JVR - Só para acabar: na 1ª parte da entrevista, houve

uma pergunta formulada, mas fomos interrompidos antes de responderes e de-pois esquecemo-nos os dois do assunto. Por isso, agora, tenho que a fazer outra vez. Porque é que o Fisher, recebido pelo presidente dos EUA como um herói nacional depois de ganhar o campeonato do mundo contra o russo Spassky em 1972, acabou perseguido pelo seu próprio país, exilado na Islândia, onde acabou por falecer?ARH - É difícil perceber, mas a recusa do Fisher em defender o seu título contra Karpov em 1975, o seu auto--isolamento e declarações políticas muito agressivas, ao mesmo tempo que a sua aceitação em fazer um intitulado jogo de desforra contra Spassky na Sérvia, em 1992, terão conduzido a essa situação.

JVR - Justificável?ARH - Excessiva.

JVR - E achas que atribuir o título de campeão mun-dial a Karpov sem ele ter jogado foi justo?ARH - Bom, pois se o ad-versário não queria jogar, o quê que ele podia fazer? Eu sou muito amigo de Karpov e ele contou-me que mesmo depois de já ser proclamado campeão do mundo, tentou tudo para fazer um jogo con-tra o Fisher. Ele e o Fisher encontraram-se muitas ve-zes, nas Filipinas, no Japão e até nos EUA para ver se che-gavam a um acordo quanto à realização de uma partida entre os dois. Contou-me o Karpov, que uma vez chega-ram mesmo a um acordo e só faltava assinarem o contrato. Encontraram-se em Los Angeles para a assinatura. Só que então, mesmo antes de assinar, Fisher fez uma exigência impossível: que a então União Soviética declarasse que aquele jogo era para se decidir o título de campeão do mundo.

JVR - Quem achas que ganharia o jogo para o campeonato do mundo de 1975, se ele se tivesse realizado? ARH - Acho que seria o Fisher. O problema é que ele não admitia sequer poder

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terça-feira 8.5.2012 www.hojemacau.com.mo 15desporto

Marco [email protected]

A Selecção de hóquei em campo de Hong

Kong não deixou créditos por mãos alheias e levou de vencida mais uma edição do Interport que todos os anos coloca frente a frente as Selecções de um e do outro lado das margens do Delta do Rio das Pérolas.

A formação da antiga colónia britânica recebeu e venceu há um ano a sua congénere do território por oito bolas a zero. Este ano foi a vez da Associação de Hóquei de Macau organizar o evento, mas nem o facto da Selecção do Lótus acolher o adversário perante o seu próprio público ajudou a suavizar os contornos do descalabro.

Longe das inexcedíveis prestações alcançadas nas décadas de 50 e de 80, a frá-gil formação do território não conseguiu contrariar o melhor jogo do adversário e chegou ao intervalo a perder por quatro bolas a zero. A Selecção orientada por Ji Fong conseguiu ainda dar um ar da sua graça no início do segundo tempo, ao reduzir por intermédio de Sou Kam Fai, mas o onze da RAEHK não demorou a tomar conta da partida, tirando proveito de um maior poderio físico e de uma melhor organização dentro do terreno de jogo. Mais eclética – integra jogadores com origem no Paquistão, na Índia, na China Continental e no Reino Unido – a Selecção de Hong Kong acabou por conquistar uma vez mais

Hóquei em Campo Macau perde em casa por 11-1

Hong Kong vence duelo do Deltaperder um único jogo contra ninguém, nem mesmo con-tra o Karpov. Via-se como o melhor de todos os tempos – e se calhar era verdade – e não concebia a ideia de per-der um jogo que fosse, por isso, acho que depois de se tornar campeão tinha medo de jogar. Era um génio do xa-drez, como o foi o Maradona ou o é o Messi no futebol, e teve três anos dourados. Mas depois, desapareceu. Tal como o Maradona, não era emocionalmente estável. Já o Messi é e, por isso, acho que pode vir a ser ainda maior que o Maradona.

JVR - Ele morreu com 64 anos, o mesmo número de casas de um tabuleiro de xadrez. Mera coinci-dência?ARH - Sim, não sou supers-ticioso.

JVR - Há muitos xadrezis-tas que o são?ARH - Como em tudo, há alguns. O Karpov, por exemplo, é um pouco.

JVR - Entretanto, vem aí, dentro de poucos dias, um novo jogo para o campeo-nato mundial de xadrez: o campeão em título, o indiano Anand, contra o ex-russo e agora israelita Guelfand. Achas que vai ser fácil para o Anand, como a maioria dos obser-vadores o diz?ARH - Bom, teoricamente Anand é o favorito. Mas numa partida para o cam-peonato do mundo, nunca se sabe, de certeza, que Guel-fand vai bem preparado.

JVR - Algum destes dois jogadores é mesmo actual-mente o melhor do mundo?ARH - Anand é muito for-te, pelo menos um dos três melhores.

JVR - Mas e o melhor do mundo? Quem é actual-mente?ARH - É difícil. Creio que ou Carlsen, que é o nº 1 do ‘rating’ mundial e de que já falámos antes, ou Anand. Mas, na verdade, não con-cordo com os privilégios que tem o campeão do mundo no sistema actual. No sistema actual, o campeão do mundo fica tranquilamente à espera de ver quem vai ganhar o torneio ou os jogos dos can-didatos. Eu acho que seria mais justo decidir-se quem é o campeão do mundo num só torneio que reunisse os melhores jogadores, incluin-do o campeão do mundo e,

quem ganhasse esse torneio, seria o campeão.

JVR - Como aconteceu em 2005, em San Luís, Ar-gentina, quando o búlgaro Veselin Topalov se tornou campeão do mundo?ARH - Sim, da mesma forma.

JVR - Já agora, achas pos-sível ser verdade o que o Topalov disse do Kramnik, que ele andava a fazer “ba-tota”, com computadores, ou qualquer coisa assim, durante o jogo entre eles os dois para o título de campeão? (3)

ARH - É difícil responder, mas o que eu posso dizer é que uma vez estive a jantar com o Topalov em Espanha e ele estava totalmente con-vencido de que isso tinha acontecido. E mostrou-me mesmo vídeos do jogo e ou-tras coisas muito estranhas, pouco normais, que então aconteceram.

JVR - Entretanto, desde essa altura, a carreira de Topalov tem vindo a descer. Haverá alguma ligação?ARH - Não, isso foi porque o Topalov casou (risos).

JVR - É difícil compatibi-lizar a profissão de xadre-zista com a família?ARH - Sim, é difícil. Toma--te quase todo o tempo se queres atingir os níveis mais altos e depois se te queres manter lá em cima.

JVR - Alfonso, muito obrigado e que te corra tudo bem.ARH - Foi um grande prazer, as pessoas foram fantásti-cas e fiquei fascinado com Macau.

Hasta la vista

(1) Podem ler a 1ª parte da entrevista na edição on-line de 4 de maio de 2012 do HojeMacau (www.hojemacau.com.mo)(2) Garry Kasparov é ex-campeão do mundo de xadrez e por muitos considerado o melhor jogador de sempre. Uma sinopse deste livro pode ser lida em: http://gestaoplusedicoes.blogspot.com/2011/09/imprensa-vida-imita-o-xadrez.html(3) Um caso sem precedentes na história dos matches para o título de campeão do mundo: Em Outubro de 2006, Topalov acusa publicamente Kramnik de usar computadores ou estar a receber ajuda externa durante os jogos, quando ia à casa de banho. Foi amplamente noticiado aqui no Hoje Macau, em tempo real. Podem fazer uma ideia do que se passou indo ao link: http://chess.about.com/od/chesshistory/a/Toiletgate.htm

a competição, derrotando Macau pelo resultado final de onze bolas a uma.

Sem jogadores com idade superior a 25 anos no grupo de trabalho escalonado por Ji Fong, a Selecção do território acusou a falta de experiên-cia e a juventude extrema de alguns dos atletas que

alinharam no desafio, mas, paradoxalmente, é dos es-calões jovens que chegam as melhores indicações quanto ao futuro da moda-lidade na RAEM. Depois de ter conseguido há um ano defender com sucesso o título conquistado no Interport da categoria, a Selecção júnior de Macau

voltou este ano a conservar o troféu, ainda que não tenho conseguido melhor do que um empate sem golos na recepção à sua congénere de Hong Kong.

O nulo alcançado pela Selecção júnior acabou por salvar a honra da for-mação da casa, impedindo que o conjunto adversário alcançasse o pleno no Centro de Hóquei da Taipa. Depois da vitória por 11-1 frente a Selecção sénior, os responsáveis pela Hong Kong Hockey Association festejaram novo triunfo na categoria de veteranos, com as velhas glórias da antiga colónia britânica a levarem a melhor sobre os antigos craques do hóquei do território pelo parcial de 10 – 6. A nível interno, as competições domésticas fo-ram, recorde-se, dominadas pelo Lusitânia Sport Club, que juntou na recta final da presente temporada a vitória na Taça ao êxito alcançado no Campeonato.

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16 vida terça-feira 8.5.2012www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

EM 2015, a licença da Yut Yuen – empresa detento-ra do Canídromo - expira e Albano Martins disse

já ter sugerido a transformação do terreno num parque com estacio-namento por baixo. O presidente da Anima assegura ter apresentado o pedido junto do Chefe do Exe-cutivo e quer tentar, na próxima semana, ser recebido pelo líder do Governo para debater a questão dos galgos e da falta de uma lei de protecção animal.

Ao Hoje Macau, o técnico-su-perior do Gabinete do Porta-Voz, Fernando Ferreira, confirmou que o pedido de reunião já foi feito por Albano Martins, mas diz não haver ainda, nem para esta nem para a próxima semana, data para o encontro com Chui Sai On.

A afirmação de Albano Mar-tins vem na sequência de uma

APESAR das repetidas advertências da Food

and Drug Administration (FDA), os produtos de frango secos feitos na China ainda estão nas

O coala foi classifica-do nesta segunda-feira

como uma das espécies a proteger em várias regiões da Austrália, onde a sua sobre-vivência está ameaçada pela urbanização, atropelamentos ou doenças, anunciou o Governo.

As populações de coalas (Phascolarctos cinereus) das províncias de Nova Gales do Sul, Queensland e da região em redor da capital, Camber-ra, foram classificadas entre as espécies “vulneráveis”.

Albano Martins quer reunir com Chui Sai On para debater protecção animal

Sem data para conversar

Guloseimas de frango para cão feitas na China estão a alarmar consumidores

Reclamações não param de aumentar

Símbolo ameaçado pela urbanização, atropelamentos e doenças

Coala sob protecção na Austrália

notícia avançada pelo jornal Ponto Final, que diz que em pouco mais de duas semanas, um galgo de quatro anos chegará à Anima

– Sociedade Protectora dos Ani-mais de Macau, se o Canídromo não voltar atrás com a decisão que tomou no fim-de-semana passado.

O jornal refere que a inicia-tiva de contactar a Anima foi do próprio Canídromo, apesar de ter sido motivada por uma carta da

Direcção de Inspecção e Coorde-nação de Jogos (DICJ).

Depois de, em Abril, o Ca-nídromo ter rompido um acordo feito com a Anima e ter voltado atrás na doação de cães retirados das corridas para que estes fos-sem adoptados, pode ser desta que o sistema funcione. Albano Martins, que dirige a sociedade protectora dos animais, tinha prometido não querer mais nego-ciar com a Yat Yuen – a empresa do Canídromo -, mas repensou a decisão, desde que desta vez a companhia de Stanley Ho não falhe na entrega do animal, disse ao Ponto Final.

No sábado a anima terá rece-bido uma carta do Canídromo, que cita uma notificação da DCIJ, dizendo ter um “cão retirado do activo” disponível para ser entregue a associação. O tempo – “dentro de duas ou três semanas” – é justificado com procedimentos que têm de ser levados a cabo. São eles, a alteração do registo de propriedade do cão, exame de saúde, castração e autorização do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. O Canídromo não terá dado qualquer justificação para ter quebrado o acordo com a Anima.

prateleiras das lojas e há reclamações de que os cães estão a ficar doentes. A FDA já registou mais de 600 reclamações dos consumidores associadas a estas embalagens de frango desde a primeira advertência, em Novem-bro de 2007.

Muitos cães afectados por guloseimas tóxicas foram diagnosticados com Síndrome de Fanconi adquirida, uma doença renal que é caracterizada por um elevado nível de açúcar na urina.

As amostras do frango foram recolhidas nos EUA e testados pela FDA e outros laboratórios mas os cientistas não têm po-der para determinar uma causa definitiva para as doenças relatadas. A FDA vai analisar 30 produtos mas não especificou de que marcas. Alguns donos de animais acreditam que o ingrediente contamina-

do não pode ser limitado a galinha.

Enquanto isso, milhares de assinaturas foram reco-lhidas nas petições de três sítios da internet que estão a pedir à FDA para recolher todas as tiras de frango seco fabricados na China.

O FDA diz não o fa-zer até ser identificado o contaminante. E acredita que cabe aos fabricantes emitir um comunicado voluntário. Até agora, nenhum o fez.

Especialistas dos EUA alertam os consumidores a comprar apenas gu-loseimas feitas no país mas os fabricantes só são obrigados a listar onde a carne é distribuída e não a sua proveniência.

Os sinais associados à ingestão destes produ-tos alimentares têm sido diminuição do apetite, letargia, vómitos, diarreia, fezes com sangue, urina e aumento da sede.

Esta é a categoria inferior à categoria “em perigo”, segundo a lista da União Internacional para a Conser-vação da Natureza (UICN). Segundo a estação australia-na ABC, as populações de coalas das duas primeiras regiões registaram reduções de 40% nos últimos 20 anos; hoje já não existem coalas em estado selvagem perto de Camberra.

“O coala é o símbolo da Austrália e tem um lugar es-pecial no nosso país”, disse o

ministro do Ambiente, Tony Burke. O Governo anunciou ainda a criação de um fundo para apoiar investigações sobre o habitat do animal. O pequeno marsupial, espécie endémica australiana, está a sofrer com a redução do seu habitat nas regiões mais densamente povoadas, se-gundo um relatório oficial de 2011. Antes da chegada dos colonos britânicos, em 1788, eram vários milhões os coa-las a viver na Austrália. Mas, nos anos 1920, foram mortos pelo seu pêlo e as populações diminuíram drasticamente, especialmente nas regiões do Sul. A indignação po-pular pôs fim à carnificina. Mas a urbanização do país tornou-se uma nova ameaça. Hoje deverão existir apenas 40.000 coalas. Ainda assim, nas províncias de Victória e Austrália do Sul, as po-pulações são consideradas excessivas e “devem ser controladas”, disse Tony Burke.

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17futilidadesterça-feira 8.5.2012 www.hojemacau.com.mo

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

SALA 1LOCKOUT [C]Um filme de: James Mather, Stephen St. LegerCom: Guy Pearce, Maggie Grace14.30, 16.30, 19.30, 21.30

[Tele]visão

Aqui há gato

Sudoku [ ] Cruzadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Feixe de feno; Medida itinerária do Japão. 2-Suave; Distraído (fig.). 3-Haste de planta; Adoçar um pouco. 4- Suspiros; Suflixo desigantivo de aumento. 5-Sexta nota da escala musical; Grosseiro. 6-Trabalhador de enxada. 7-Instrumento musical de sopro de forma ovóide, feito de barro cozido; Atmosfera. 8-Antes do meio dia; Aparelho para tirar água dos poços ou cisternas; Pessoa notável na sua especialidade. 9-Fábrica de louça de barro; Leilão da pescaria em primeira mão. 10-Vara comprida e grossa dos andores; Bolo que se dá de presente pela Páscoa. 11-Agora; Sujeitara a ónus.VERTICAIS: 1-Indivíduo que se deixa enganar facilmente; Origem. 2-Cada um dos pequenos parapeitos intervalados no cimo dos castelos; Guardar segredo. 3-Observa; Edifício onde se reúne a vereação. 4-Interjeição que exprime admiração; Macho e fêmea; Batráquio. 5-Metalóide pardo-azulado com propriedades anti-sépticas; Radical químico que entra na composição das matérias plásticas. 6-Barco pequeno. 7-Despertar; Uma das virtudes teologais. 8-Hasta pública; Impulso. 9-Imposto sobre o Rendimento das pessoas Colectivas; Senhora (abrev.); Carta numa só folha. 1-Ilha onde vivia a feiticeira (mit.); Roer. 11-Aversão; Deserto do Norte de Africa.

HORIZONTAIS:1-Paveia; Li. 2-Ameno; Aéreo. 3-Pé; Adocicar. 4-Ais; Ol. 5-Lá; Grasso. 6-Cavador. 7-Ocarina; Ar. 8-AM; Nora; Ás. 9-Olaria; Lota. 10-Varal; Folar. 11-Ora; Onerara.VERTICAIS:1-Papalvo; Ovo. 2-Ameia; Calar. 3-Vê; Câmara. 4-Ena; Par; Rã. 5-Iodo; Vinilo. 6-Canoa. 7-Acordar; Fé. 8-Leilão; Alor. 9-IRC; Sra; Ola. 10-Ea; Ratar. 11-Horror; Sara.

É SEMPRE URGENTEO trabalho do jornalista é sempre feito com um ritmo frenético, as notícias mais recentes, as últimas opiniões, os temas mais atraentes. Porém, não sei se as pessoas vão ler os nossos artigos porque, parece-me, só têm interesse em ler as revistas de fofocas, a vida dos outros. E nós - sim, eu incluo as minhas patinhas de redactor - somos um jornal sério, e até mesmo, segundo um advogado meu conhecido “o jornal mais moderno Hoje em Macau”. E sabem porquê? Porque os jornalistas são todos jovens, com mente fresca e aberta! E isso, no meu entender, são só vantagens.Como sabem, a vida do jornalista é das mais familiares para mim, já que convivo com eles diariamente. Vejo os meus companheiros escreverem e escreverem sem parar, parece que as notícias não têm fim.... embora, ainda assim, eles se queixem, por isso, também há alturas em que não há notícias importantes nem interessantes. E quando isso acontece, fica tudo em alvoroço na redacção... já tive de me habituar.Nunca pensei que os trabalhadores do jornalismo também pudessem ter as notícias na cabeça. Nunca! Temos pelos menos dois poetas no escritório! Com obras publicadas em Macau e à venda na Livraria Portuguesa. Os poemas são lindíssimos, uma paixão para Macau! Vejam que até mesmo um gato como eu fica apaixonado por eles!Fiquei a saber que sou famoso no mundo, devido à origem do meu nome. Foi-me mostrada a foto que foi tirada em Hong Kong, uma loja de óculos com o mesmo nome que o meu! Mas um dia também eu serei muito conhecido no mundo pelos meus feitos...Finalmente, quero acrescentar, que estes dias de trabalho são sempre um stress. É sempre tudo urgente. Mas não podemos viver tanto o stress, é também preciso saber gozar bem a vida. A vida não é um acidente, nada é urgente em frente de um dia lindo. E tudo se torna calmo no fim da vida... Acho que estou a ser influenciado pela recente presença do Buda, não? Talvez...

Pu Yi

TDM 13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:45 RTPi DIRECTO17:00 Liga Sagres: Porto - Sporting (Repetição)18:30 TDM Desporto (Repetição)19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 Linha da Frente22:10 Passione23:00 TDM News23:30 Magazine Liga dos Campeões00:00 Príncipes do Nada00:30 Telejornal (Repetição)01:00 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 A Hora de Baco15:00 Consigo15:30 Feitos em Portugal16:00 Bom Dia Portugal 17:00 O Elo Mais Fraco17:45 Vingança18:30 Correspondentes19:15 Documentário: Aqui Há Terra – Faroleiras nos Açores20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Ingrediente Secreto – Bivalves22:45 Portugal no Coração

ESPN 3013:00 IAAF World Challenge League15:30 MLB Regular Season 2012 Texas Rangers vs. Baltimore Orioles18:30 (Delay) Baseball Tonight International 2012 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 20:00 The Football Review20:30 Champions And Challengers 2 21:00 Beach Soccer Worldwide Mundialito Portugal vs. Mexico22:00 Sportscenter Asia 2012

22:30 The Football Review23:00 Champions And Challengers 2 23:30 Beach Soccer Worldwide Mundialito Portugal vs. Mexico

STAR SPORTS 3112:00 SBK Superbike World Championship 201214:00 ATP - BMW Open17:00 International Motorsport News 2012 18:00 FEI Equestrian World 201218:30 Engine Block 2012 19:00 Laureus Spirit Of Sport 19:30 FA Cup 2011/12 Final Chelsea vs. Liverpool21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 When The Games Begin 22:30 Golf Focus 2012 23:00 SBK Superbike World Championship 2012 FOX MOVIES 4012:40 Paul Blart: Mall Cop14:15 Unstoppable15:55 From Prada To Nada17:45 Robots19:20 Disney’S A Christmas Carol21:00 Tangled22:45 Homeland23:45 Prom

HBO 4112:00 Sundays At Tiffany’S13:30 Dangerous Liaisons15:30 One True Thing17:45 Bean19:20 Jonah Hex20:45 Licence To Kill23:00 Luck

CINEMAX 4212:30 Snatch14:15 Cross16:00 The Double Man17:50 Hollywood Buzz18:20 Blind Fury19:55 Wild Geese Ii22:00 Silverado00:10 The Evil Dead

SALA 2THE AVENGERS [3D] [B]Um filme de: Joss WhedonCom: Robert Downey Jr., Chris Evans, Mark Ruffalo14.15, 16.45, 19.15, 21.45

SALA 310+10 [B](Falado em mandarim, legendado em chinês e inglês)14.30, 19.30

DARK FLIGHT [3D] [C](Falado em thai e inglês, legendado em chinês)Um filme de: Isara NadeeCom: Macha Wattanapanich, Peter Knight14.30, 16.30, 19.30, 21.30

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

LUÍSA SOBRAL • The Cherry on my Cake Voz, guitarra, papel e caneta. «The Cherry on my Cake» é o primeiro disco assinado em nome próprio de uma via-gem musical que começou logo aos 12 anos. Dos Beatles a Billie Holiday, de Ella Fitzerald a Chet Baker, de Re-gina Spektor a Bjork, todos cabem no universo de Luísa Sobral. A cantora estudou na Berklee College of Music, em Boston (EUA), e durante a estadia de 4 anos naquela cidade foi nomeada para «Best Jazz Song», no Malibu Music Awards (2008); «Best Jazz Artist» no Hollywood Music Awards; «International Songwirting Competition» (2007) e ainda «The John Lennon Songwriting Competi-tion» (2008).

PANDA VAI À ESCOLA • O Musical – ao vivo Um dos personagens mais famosos e queridos pelas crianças está de volta com o DVD “Panda Vai à Escola, O Musical – ao vivo”, um espectáculo onde não faltam temas como “Laranjas e Bananas”, “Olha o Piolho” ou “O Jogo das Cores” e muitos outros sucessos. No espectáculo participa a turminha do Panda, composta por um elenco de jovens cantores, actores e bailarinos que contagiam com a sua alegria, energia e boa disposição, a que aliam uma grande interacção com o público, sempre com o objectivo de ensinar, a brincar.

LOCKOUT

(contém 20 casas negras)

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caderno diár ioPedro Correia

18 opinião terça-feira 8.5.2012www.hojemacau.com.mo

TERÇA, 1 Regresso a Macau demorada-mente, com os olhos, percorrendo as imagens do Google Maps. Amigos e conhecidos que nos últimos anos se deslocaram à cidade vieram de lá desiludidos, garantindo que o progresso matara grande parte do fascínio que todos sentíamos num dos raros locais do planeta onde o saudável cruzamento de etnias e culturas não é um mito mas uma realidade concreta. Dou sempre um des-conto a opiniões deste género: aquilo que costuma ancorar-nos ao passado é sobretudo a recordação de um tempo irrecuperável em que somos jovens e temos o olhar mais disponível para os pequenos e médios as-sombros do mundo.

Fiz bem em não levar à letra essas pala-vras de prevenção contra a face contempo-rânea de uma cidade onde passei dez anos bem vividos. As fotografias devolvem-me locais que me são muito familiares e outros que já não conheci mas o conjunto parece--me mais equilibrado, mais harmonioso e ainda mais deslumbrante do que a galeria de milhares de imagens que conservo frescas na memória. Lá está o prédio onde vivi, na Estrada D. Maria II. A Calçada do Tronco Velho, onde trabalhei. E tantos outros locais que me são familiares: Jardim da Montanha Russa, Mong-Há, Rua do Campo, Tap Seac, Praia Grande, Avenida Almeida Ribeiro, Rua do Campo, Rua Central, todo o centro histórico - ruínas de São Paulo, Leal Sena-do, Teatro D. Pedro V, antigo seminário de São José, antigo Hotel Bela Vista, antigo Hospital de São Rafael. E a Colina da Guia e a Penha e o Museu Marítimo e o templo de A-Má. A farmácia, o banco, o jardim de infância onde a minha filha andou. De repente o tempo dilui-se e recupero diversos episódios guardados na memória.

E há toda a zona envolvente entre o Porto Interior e a Avenida Infante D. Henrique, onde foram criados os lagos artificiais, rasgadas novas vias de circulação rápida, implantados novos edifícios. Não são do meu tempo, mas gostei de ver. Uma forma de matar saudades enquanto não sucede de outra maneira. Não precisei ter bebido a mítica água da fonte do Lilau para me prender a Macau para sempre, como aliás sucede com cada um de nós que conheceu o privilégio de sulcar as rotas que nos levam sempre em direcção do sol nascente. E logo associo tudo isto aos versos de Álvaro de Campos: «Uma folha de mim lança para o Norte, / Onde estão as cidades de Hoje que eu tanto amei; / Outra folha de mim lança para o Sul, / Onde estão os mares que os Navegadores abriram; / Outra folha minha atira ao Ocidente, / Onde arde ao rubro tudo o que talvez seja o Futuro, / Que eu sem conhecer adoro; / E a outra, as outras, o resto de mim / Atira ao Oriente.»

QUARTA, 2 Foi um dos mais célebres textos desde sempre aparecidos na imprensa espanhola: a 30 de Maio de 1968, o jornal Madrid publicava - com chamada de primeira página - um editorial intitulado «Retirarse a tiempo - No al General De Gaulle».

Na capa dessa edição, via-se uma grande foto sob a manchete «Francia: es el final». A

Aquilo que costuma ancorar-nos ao passado é sobretudo a recordação de um tempo irrecuperável em que somos jovens e temos o olhar mais disponível para os pequenos e médios assombros do mundo

foto mostrava manifestantes em Paris com uma máscara do velho general, que ocupava o Palácio do Eliseu desde Janeiro de 1959, e um letreiro em que se lia ‘Démission’. Legenda do jornal: «Um grito en la calle: Dimisión!»

Tudo apontava à superfície para De Gaulle, mas qualquer leitor mediano de entrelinhas percebia que nesta manchete do irreverente diário dirigido pelo jornalista Antonio Fontán tudo aquilo visava outro general: Francisco Franco.

Aliás, para que não restassem dúvidas, o editorial - assinado por Rafael Calvo Serer, presidente do conselho de administração da empresa proprietária do jornal - terminava desta forma:

«Espanha mantém várias semelhanças em termos sociais e políticos com o país vizinho [França]. Se em França existe o problema da sucessão de De Gaulle e do regime da V República, também Espanha enfrenta problemas. Enquanto o general francês desenvolveu uma política externa esquerdista, mas conservadora no interior, em Espanha está por fazer a reforma das estruturas económicas e sociais.

Se o movimento universitário e ope-rário são de oposição radical ao regime personalizado por De Gaulle devido à falta de participação dos governados ao nível económico, social e político, em Espanha ainda não se solucionou a questão da plena participação democrática numa altura em que, segundo as leis vigentes, já foram ultrapassados os períodos totalitário e autoritário do regime.

Esta é a questão-chave. Para a sua resolu-ção colocam-se estas interrogações práticas e urgentes: como poder formar-se um Governo para enfrentar estas novas realidades? Qual será a organização política mais adequada para que este Governo possa contar, nas suas decisões, com a maior participação individual ou associativa? E por último, no momento em que venha a ocorrer um vazio

previsível, quem há-de ser o Chefe do Es-tado que reúna as melhores condições para a acção daquele Governo radical de modo a contar com a máxima adesão popular?»

O ditador espanhol, já nos seus anos cre-pusculares mas ainda com o regime “atado e bem atado” (a expressão é dele e ainda hoje se utiliza em Espanha, associada ao franquismo), enfureceu-se com esta edição do periódico madrileno e mandou aplicar--lhe uma das maiores sanções pecuniárias de que há registo na história do jornalismo espanhol. Mais tarde as pressões do regime acabariam por conduzir à demissão de Fon-tán, que após a morte de Franco viria a ser ministro do primeiro executivo liderado pela União do Centro Democrático, de Adolfo Suárez, e presidente da primeira legislatura do Senado após o restabelecimento da de-mocracia (1977-79).

Em 1971, o irreverente Madrid viu-se forçado ao encerramento. Mas já conquistara um lugar de relevo no combate ao franquis-mo, designadamente por esta desassombrada edição de Maio de 1968. E hoje um dos mais relevantes prémios jornalísticos anuais em Espanha tem precisamente este nome prestigiado: Diario Madrid.

QUINTA, 3 A crise e o chamado “acordo ortográfico”, conjugadamente, relançaram o circuito de venda de livros usados. Há cada

vez mais procura desses livros em Portugal. Por isso, e também para sacar uns cobres fáceis, herdeiros vendem a peso bibliotecas inteiras de pais e avós. Invoco, a título de exemplo, um escritor de que gosto muito: Vergílio Ferreira. Ainda há pouco descobri uma primeira edição do romance-chave deste escritor, Aparição (com data de 1959) por apenas cinco euros. Quem vende ao desbarato nem faz ideia do que está a vender: só quer ter o dinheiro na mão, tão cedo quanto possível. E alguns alfarrabistas de circunstância que fazem essas compras por atacado também não: só querem revender os livros, quanto mais cedo melhor. Recusar ler na grafia anal-fabetizante adoptada nos últimos meses pela generalidade dos editores nacionais é um acto de cidadania. Não o sugiro a ninguém, não critico quem procede de maneira diferente, mas imponho-o a mim próprio.

Há milhares e milhares de livros disponí-veis em ‘fundos de armazém’ que vêm agora à superfície nas livrarias, ao encontro de leitores como eu, que preferem a “antiga” ortografia e estão disponíveis para adquirir essas obras im-pressas numa escrita sem erros. Certas livrarias têm já secções específicas para livros destes, pensando precisamente nos portugueses que recusam o “acordo”.

Sinto-me bem acompanhado. Alguns dos nossos melhores escritores - António Lobo Antunes, Manuel Alegre, Manuel António Pina, Vasco Graça Moura, Pedro Tamen, Baptista-Bastos, Miguel Esteves Cardoso - pensam como eu. E ainda ontem ouvi o mais célebre escritor moçambicano, Mia Couto, dizer claramente em entrevista à SIC Notícias: «Não sou adepto do acordo ortográfico.»

Palavras que naturalmente aplaudo.

SEXTA, 4 A frase da semana: «O heroísmo pode salvar um povo em circunstâncias difí-ceis, mas o que determina a grandeza desse povo é a acumulação diária de pequenas virtudes» (Gustave Le Bon).

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à f lor da pele edi tor ia lHelder Fernando

Carlos Morais José

19opiniãoterça-feira 8.5.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Nuno G. Pereira; Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

IA percorrer o início da quarta década em Macau, com meio século de trabalho tendo como motivação maior o Direito, o advogado Rui Cunha vai diversificando, consequen-temente, as suas sensibilidades muito para além do grande escritório com o seu nome.

A criação do “C&C” (Clube Recreativo, Desportivo, Cultural e de Apoio Social), que tão importantes eventos tem vindo a organi-zar, é um exemplo de como é possível acres-centar interesses cultos e fazer convergir neles o interesse colectivo, nomeadamente da comunidade de língua portuguesa, mas não somente.

Mais recentemente, a formação da Funda-ção Rui Cunha - afirmadamente independente de subsídios de qualquer entidade - veio en-riquecer o panorama sócio-cultural local. Ao provir da Fundação, um Centro de Reflexão, Estudos e Divulgação do Direito de Macau (CRED-DM), isso significa, a meu ver, um real assumir de preocupação, felizmente consequente, com a identidade muito própria desta terra. Não existindo particular doutrina sobre o Direito de Macau, sendo escassas as publicações sobre esta matéria, surge agora, através da Fundação, a oportunidade de todos, designadamente os profissionais do Direito, de qualquer quadrante académico, privado ou público, mostrarem os seus estudos ou atenderem aos estudos de outros.

Fico ciente de que o perigo de erosão do Direito de Macau, facilmente detectável nos últimos anos, tem no CRED-DM um institu-to culto de alerta e de defesa, de manutenção do melhor, de travão à erosão, de amparo ao perigo de se chegar ao completo esboroar identitário desta pequena parte da grande China e que tanto e singular significado oferece, historicamente, ao próprio País.

Difundir o Direito de Macau, reflecti-lo, explicá-lo pedagogicamente, é também, e de que maneira, de enorme utilidade pública. Macau merece. Uma vez que é fundamental um Direito forte e estável, para as comunidades se sentirem fortes, estáveis, seguras. Enfim, a imperiosidade da existência de uma sociedade ampla e verdadeiramente harmoniosa.

Como alguém afirmou há uns meses (António Sotero, que dirige o “C&C”), o “humanismo empresarial” de Rui Cunha, é cada vez mais agregador. De pessoas, de vontades, de ideias, podemos acrescentar, embora desnecessariamente. Nesta Macau do século XXI, que se pretende diferente para melhor, sem perder a essência da sua identidade, o “sonho individual” de um homem ao erguer uma Fundação com as características da que agora dá os seus primeiros passos (presidida pelo

O senhor Lavoisier, a quem uns revolucionários ou contra-revolucionários, cortaram a cabeça, teve uma intuição muito interessante que se transformou em lei: “Nada se perde, tudo se transforma”. Ora por mais que desejemos ser discípulo do decapitado francês ou mesmo do grego Heraclito de Éfeso, não podemos deixar de considerar que, ao contrário do que acontece na Natureza pura e dura, a que a Física procura há muito decantar, no mundo humano tudo se passa exactamente ao contrário, isto é: “Tudo se perde, nada se aproveita”.Talvez pelo facto do Homem ser a única consciência presente no universo (ao que se sabe), talvez porque o conhecimento da morte nos reduz a uma terrível efemeridade, talvez por outra razão qualquer, seja como for, a verdade é que as nossas produções enquanto espécie encontram-se à partida condenadas ao desaparecimento ou mesmo à extinção. Se é verdade que uma espécie evolui e se transforma, quantas línguas e traços culturais da Humanidade não desapareceram já para sempre? Quantos monumentos, quantos livros, quantos sentimentos, que se pretendiam eternos, não se esboroaram já no passar do tempo? Daí que, ao contrário do que acontece na Natureza, os artefactos humanos sejam de muito mais difícil conservação e exijam um redobrado cuidado. Eles transformam-se, eles evoluem, mas também desaparecem como aconteceu em tantas culturas de que hoje nem sonhamos a sua pretérita existência. Há muito pouco tempo faleceu uma senhora que era a última que sabia falar uma das línguas das ilhas Andaman. Agora é impossível voltar a conhecer essa língua, o modo peculiar como ela proporcionava o mundo dos que a elaboraram, a maneira única como descrevia um universo. Assim esse mesmo universo, culturalmente construído, também desapareceu.E isto não acontece só nas ilhas Andaman, esse remoto arquipélago do Índico: passa-se todos os dias um pouco por todo o lado. O património cultural é frágil, precisa de cuidados constantes. No limite, será verdade: “Tudo se perde, nada se aproveita”, mas a nossa obrigação, enquanto seres portadores de uma cultura, será preservá-la, em nome da diversidade e da riqueza colectiva da Humanidade. Um dia tudo desaparecerá, é certo, mas é precisamente essa luta contra o esquecimento que faz emergir o que temos de melhor e mais trágico em nós. É o que realmente nos outorga o lado divino que ousamos, por vezes, reconhecer na Humanidade.

Difundir o Direito de Macau, reflecti-lo, explicá-lo pedagogicamente, é também, e de que maneira, de enorme utilidade pública. Macau merece

TUDO SE PERDE,NADA SE APROVEITAUm homem, uma fundação

seu fundador e tendo na comissão executiva uma figura como Túbal Gonçalves, com profundos conhecimentos sobre Macau, além de outras personalidades), é um dos grandes exemplos que fazem a melhor parte da História da presença portuguesa neste Oriente Extremo. Obra naturalmente só possível, como Rui Cunha sublinhou, “com a ajuda incansável de amigos e colaboradores”.

Sendo Macau esta famosa reciprocida-de de culturas, esta tradicional simbiose de pessoas, esta envolvência social dife-rente integrada na China, o nascimento da Fundação Rui Cunha, enaltece esta singularidade, por certo ajudando-a a fortalecer as características. “Um dever de retribuição”, afirma o fundador. Gesto de honra.

Tanto o Centro, como o Auditório, a Biblioteca Jurídica, a Galeria de Exposições, entre outras áreas de actuação da Fundação Rui Cunha, terão condições para perdurar ao longos dos tempos. A sua marca distintiva é “Por Macau, Mais e Melhor”. Para orgulho colectivo.

IIVários analistas andam interrogando se o famoso caso à volta do dissidente chinês Chen Guangcheng é assim tão aparentemente importante para a China e para os Estados Unidos, e porquê.

Há quem afirme que a importân-cia advém do facto de o dissidente ter pedido proteção na embaixada norte-americana, dessa forma chamando a atenção internacional para uma série de circunstâncias, no seu entender negativas, exis-tentes no seu país. Outros dizem que a brandura oficial chinesa neste caso da autorização para Guangcheng ir alegadamente estudar para os Estados Unidos, é o principal em todo este as-sunto. O certo é que a visita de Hilary Clinton a Pequim, ficou quase relegada para segundo plano no noticiário das agências internacionais.

Num ano de mudanças ao mais alto nível na estrutura do poder em Pequim, tal como elei-ções presidenciais nos Estados Unidos, não parece conveniente, para ambos os lados, que surjam questões dramáticas nos tempos mais próximos.

IIISe pudermos, não nos retire-mos dos hábitos, não nos des-viemos da vida quando hábitos e vida não colidem com os outros. Continuemos a construir mitos, a imaginar sonhos, a realizar utopias. Nada de silêncios nem de corações atormentados. Como imperativo categórico, façamos isso.

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terça-feira 8.5.2012www.hojemacau.com.mo

car toon por Steff

CicloneSeria tão bonito se pudéssemos tirar o pensamento da cabeça e mandá-lo de férias, para longe do corpo. POR FERNANDO

Lisboa 11.º melhor destino europeuRazões para gostar de Lisboa? Segundo os utilizadores do portal de turismo TripAdvisor, há muitas. Vão desde a Sé Catedral do século XII às modernas pontes que atravessam o Tejo, ou desde o aqueduto das Águas Livres do século XVII à futurista Gare do Oriente. Graças a essa variedade, a capital portuguesa foi eleita o 11.º melhor destino europeu. Na lista dos 25 melhores destinos da Europa, Lisboa surge à frente de cidades como Veneza, Itália (12.º), Edimburgo, na Escócia (13.º) e Madrid, Espanha (14.º). O pódio do Traveler´s Choice 2012 pertence a Londres (Reino Unido), Roma (Itália) e Paris (França), seguidas de Istambul (Turquia), Barcelona (Espanha), Berlim (Alemanha), Florença (Itália), Praga (República Checa), Dublin (Irlanda) e Amesterdão (Holanda). O Trip Advisor destaca os encantos dos bairros típicos da Mouraria, Alfama e Bairro Alto, bem como os museus, os mercados ao ar livre, os elevadores, o Castelo de São Jorge e, como não podia deixar de ser, o Fado. O Oceanário de Lisboa, a gelataria Santini e a Fundação Calouste Gulbenkian são as três atracções mais votadas pelos turistas que visitam a cidade.

Rússia Putin toma posse pela segunda vezDiversos confrontos marcaram ontem a tomada de posse de Vladimir Putin, que assume novamente o cargo de presidente da Rússia. No exterior do Kremlin cerca de 120 pessoas foram detidas, entre os quais se encontrava Boris Nemtsov, antigo primeiro-ministro e opositor do Governo. Segundo as autoridades, os manifestantes “serão postos em liberdade após uma conversa instrutiva.” Dmitri Medvededv já foi entretanto proposto para o cargo de primeiro-ministro.

Grécia Novo Governo pronto em 10 diasDepois do impasse politico provocado pelas eleições de ontem, a Grécia vai agora passar por um processo negocial para formar um novo Governo, e que deverá demorar 10 dias. Tal situação acontece porque o partido Nova Democracia ficou longe da maioria absoluta, necessitando de um parceiro para formar Governo. Tal seria possível com o Pasok, mas, em conjunto, os votos recolhidos não conseguem uma maioria no Parlamento grego. Encontrar um partido que forme coligação parece, por enquanto, impossível. O líder da Esquerda Democrática já disse à Reuters que não pretende ligar-se aos dois partidos.

Paquistão Refém pede socorro a ObamaUm refém norte-americano sequestrado no ano passado por suspeitos membros da Al-Qaeda no Paquistão apelou ao Presidente Barack Obama , num vídeo revelado ontem em vários sites islamistas, que aceda às exigências dos seus raptores de pôr fim aos raides aéreos na região e assim lhe salve a vida. “A minha vida está nas suas mãos. Se aceitar aceder às exigências [dos raptores], eu sobrevivo, se não então morro”. Na mesma mensagem, o refém, de 70 anos, assevera à mulher que se encontra bem: “Tenho tomado toda a minha medicação, estão a tratar bem de mim”. Weinstien vivia no Paquistão quando foi raptado, em Agosto de 2011, esta é a primeira vez que aparece.

Sérvia Segunda volta junta Tadic e NikolicBoris Tadic vai defrontar-se com o ex-nacionalista Tomislav Nikolic na segunda volta das eleições presidenciais sérvias, depois da grande ronda de sufrágio, ontem, que nas legislativas viu os principais partidos rivais a obterem resultados também muito próximos. Entre os dois mais votados do total de 12 candidatos para a chefia de Estado ficou apenas um por cento de diferença nos votos, com Tadic na dianteira, com 26%. Tadic, um liberal activamente pró-Europa de 54 anos, demitiu-se no mês passado, forçando a realização antecipada das presidenciais junto com as eleições legislativas (mais regionais e municipais).

Barcelona Filme português premiado“Sangue do meu Sangue”, de João Canijo, voltou mais uma vez a ser premiado. O filme português venceu o Prémio do Público no «D´A - Festival Internacional de Cinema D´Autor» de Barcelona, o único atribuído pelo festival. Depois de ter sido distinguido na semana passada na Áustria, o drama protagonizado por Rita Blanco, Cleia de Almeida, Anabela Moreira e Rafael Morais competia agora com as melhores obras do ano no que respeita à autoria contemporânea e ao cinema independente. O filme de João Canijo já foi distinguido com o Prémio da Crítica Internacional e o Prémio Otra Mirada da TVE, o Grande Prémio do Júri no Festival de Miami (EUA) e o Prémio Melhor Filme no Festival de Pau (França).

O candidato socialista venceu a segunda vol-ta das presidenciais francesas com uma

vantagem de 1,2 milhões de votos em relação ao Presidente cessante Nicolas Sarkozy. No discurso na Praça da Bastilha, em Paris, François Hollande disse que,

a sua vitória - com 51,56% dos votos - é uma mensagem para todo o povo da Europa que, apesar do que dizem os seus líderes, quer que se ponha termo à austeridade.

Apesar de só ocupar ofi-cialmente o Eliseu no dia 15, altura em que também deverá ter Governo formado, enquanto se

prepara para a tomada de posse vai já ouvindo alguns recados por parte da Alemanha.

A chanceler alemão - a outra metade do “casal Merkozy” - não se queria encontrar com Hollande mas numa conferência de impren-sa em Berlim, disse que “será acolhido de braços abertos” na sua primeira visita à Alemanha. “A cooperação franco-alemã é essencial para a Europa e nós queremos que toda a Europa seja bem sucedida”. Mas, desde logo, deixou um recado de que “não é possível renegociar o pacto orça-mental”, que foi “assinado por 25 dos 27 Estados membros da União

Europeia”, disse ontem o porta-voz da chanceler alemã, que assim se opõe à posição defendida durante a campanha pelo socialista em re-lação à necessidade de reformular o pacto orçamental para dar uma maior dimensão ao crescimento da economia e ao emprego.

No seu discurso de vitória, Hollande disse ainda que quer dar “à construção europeia uma dimensão de crescimento, de emprego, de prosperidade, de futuro”. O socialista prometeu ir explicar a Berlim e aos outros parceiros europeus “que a aus-teridade não pode mais ser vista como uma fatalidade”.

A China disse ontem esperar que as legislativas na Síria

ajudem no processo de reformas, por ocasião da visita a Pequim de uma delegação da principal coligação da oposição síria, que classificou as eleições «de absurdas».

As primeiras eleições par-lamentares “multipartidárias” em meio século, organizadas pelo regime de Bashar al-Assad, foram qualificadas de absurdas pelo Conselho Nacional Sírio (CNS) devido à violência no país.

Uma delegação do CNS, diri-gida pelo seu presidente Burhan Galioun, está em Pequim, onde deve ser recebida por responsá-veis do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O porta-voz daquele ministé-rio, Hong Lei, disse esperar que a votação a decorrer hoje “ajude a promover o processo de refor-mas na Síria e a responder aos razoáveis pedidos de proteção dos interesses do povo sírio”.

Hong Lei indicou ainda que o secretário-geral da Liga Árabe,

Nabil al-Arabi, actualmente em visita à China, se encontrará com o chefe da diplomacia chinês, Yang Jiechi, e com o vice-presidente, Xi Jinping, provável futuro chefe de Estado. Precisou que a Síria é um dos temas dos encontros.

A China, que dispõe do direito de veto no Conselho de Segurança, bloqueou duas reso-luções a condenar a repressão na Síria antes de votar a favor da declaração não vinculativa apoiando a missão do enviado especial Kofi Annan.

Síria China espera que eleições ajudem

Pezinhos de lã

Sarkozy derrotado nas eleições francesas

Hollande presidente