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I Simpósio Internacional sobre Desenvolvimento Profissional Docente Olhares de Si Sentidos da Docência nos discursos dos Professores Regiane Macuch [email protected] Realizando Estágio Pós-Doutoral na FPCEUP como Bolsista da Fundação CAPES, Ministério da Educação do Brasil, Brasília/DF 70040-020 (Processo nº BEX 9552/11-1) Painel II– A aprendizagem docente no contexto da formação em serviço

I Simpósio Internacional sobre Desenvolvimento Profissional Docente Olhares de Si Sentidos da Docência nos discursos dos Professores Regiane Macuch [email protected]

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  • I Simpsio Internacional sobre Desenvolvimento Profissional Docente Olhares de Si Sentidos da Docncia nos discursos dos Professores Regiane Macuch [email protected] Realizando Estgio Ps-Doutoral na FPCEUP como Bolsista da Fundao CAPES, Ministrio da Educao do Brasil, Braslia/DF 70040-020 (Processo n BEX 9552/11-1) sob orientao da prof Doutora Carlinda Leite Painel II A aprendizagem docente no contexto da formao em servio
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  • A necessidade de se estudar a aprendizagem docente a partir da perspectiva do prprio professor justifica-se por si uma vez que a profisso docente se constri no decorrer da vida profissional do professor por meio da reflexo e da reanlise de sua prtica
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  • O estudo geral a que esta apresentao se reporta tem como foco o exerccio da docncia no ensino superior e os sentidos que lhe so atribudos pelos prprios docentes Nesta comunicao apresentamos alguns sentidos que os professores dos cursos de Engenharia na Universidade do Porto atribuem ao exerccio da docncia
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  • MOTIVAES De necessidades e motivaes pessoais provenientes de um percurso acadmico na rea da Educao e de minha trajetria profissional enquanto docente universitria. Da constatao da escassez de estudos sobre os docentes do ensino superior, particularmente no que diz respeito ao seu processo de desenvolvimento profissional. Da participao no Projeto de Investigao Interinstitucional desenvolvido pela UTFPR Curitiba em parceria com Portugal e Espanha O trabalho que se apresenta resulta:
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  • INQUIETAES Situaes indicadoras de uma certa ambiguidade identitria ou secundarizao da identidade profissional do professor de Engenharia face a uma identidade associada formao disciplinar de base. A constatao da prevalncia do saber disciplinar face ao saber pedaggico visvel na naturalizao da profisso docente vinculada ao ensino superior, no entendimento do ensino como uma atividade artesanal, a qual, se associa a crena de que para ensinar basta dominar o contedo. A inferncia de uma desvalorizao do saber pedaggico, enquanto saber profissional prprio que delimita a profissionalidade docente
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  • QUADRO CONCEITUAL Desenvolvimento profissional docente Profissionalismo e profissionalidade docente no contexto do ensino superior Pedagogia Universitria Eixos Principais
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  • QUADRO CONCEITUAL Nos ltimos anos a dimenso pedaggica no ensino superior tem vindo a ganhar centralidade nos discursos poltico e acadmico. Entretanto, alguns estudos revelam que, neste nvel de ensino, ainda limitado o investimento numa formao contnua que articule os conhecimentos tericos com as prticas dos professores Leite e Ramos (2010) Tardif e Lessard (2009) Marcelo Garcia (2009)
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  • Nosso Intuito com o Estudo Analisar as concepes e os valores profissionais que orientam o exerccio profissional docente. Perceber em que reas do exerccio profissional os docentes centram os seus interesses e qual o foco das suas preocupaes. Compreender o entendimento do professor sobre os fatores potencialmente inibidores e facilitadores entre a teoria e a prtica que envolvem o trabalho docente. Identificar o valor dado pelo professor aos dispositivos de formao didtico-pedaggica e os efeitos que os mesmos lhe atribuem nos modos como desenvolvem o trabalho docente.
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  • Do ponto de vista metodolgico o foco substantivo e intencional deste estudo est nos significados e nas aes dos sujeitos pesquisados ou seja consideramos as perspetivas da pessoa investigada baseadas em Denzin e Lincoln (2006) Bogdan e Biklen (1994) Este trabalho inscreve-se no paradigma qualitativo ou interpretativo
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  • FASE I - Questionrio online Visamos conhecer o perfil do docente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e saber se o mesmo tinha interesse em participar do estudo por meio de uma entrevista com o intuito de recolher informaes sobre: a formao acadmica inicial e contnua o tempo entre a formao inicial e o incio da docncia na universidade as atividades desenvolvidas na universidade a formao especfica para a docncia universitria
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  • FASE II - Entrevista Semiestruturada Visamos aceder s representaes dos docentes por meio da obteno de testemunhos na primeira pessoa das suas trajetrias profissionais com o intuito de recolher impresses sobre: a forma como esses percursos se desenharam, as mudanas que ocorreram e a que fatores ou acontecimentos atribuem essas mudanas, o modo como concebem o exerccio profissional e os respectivos processos de desenvolvimento profissional.
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  • MATRIZ DE ANLISE T EMA I P ERCEPO DOS D OCENTES SOBRE A TIVIDADE D OCENTE T EMA II R ELAO ENTRE A D OCNCIA NA E DUCAO S UPERIOR E A ATIVIDADE P ROFISSIONAL DE B ASE T EMA III O VALOR DA FORMAO PEDAGGICO - D IDTICA T EMA IV D IVERGNCIAS C ONVERGNCIAS ENTRE A TEORIA E A PRTICA DO TRABALHO DOCENTE
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  • OS ENTREVISTADOS 14 docentes do sexo masculino e 6 do sexo feminino. Todos os entrevistados tm titulao de Doutor. 16 docentes tm dedicao exclusiva na Universidade. 12 docentes exerceram outra atividade profissional antes da docncia. 16 docentes nunca tiveram formao especfica para o exerccio da docncia no ensino superior. Foram realizadas 20 entrevistas
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  • E LEMENTOS DA C ARREIRA NO E NSINO S UPERIOR CategoriaSubcategorias BiogrficosAnos de servio na universidade Experincia profissional no Ensino Superior Experincias profissionais fora do ensino Cargos/ Funes desempenhadas Formao de base Formao complementar Formao continuada especfica para a docncia Razes e/ou Justificativas para a entrada na carreira Devido experincia profissional Devido ao percurso acadmico Devido a influncia de algum Fruto do acaso
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  • 70% professores entrevistados estavam acima dos 50 anos Faixa etria dos Professores Entrevistados (ocorrncias) Idade (em anos) 1 2 1 1 1 2 1 3 2 1 2 2 1
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  • Tempo como docente na Universidade ( em anos ) (Gnero)
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  • Atividades desenvolvidas na universidade pelos entrevistados Percentualdocnciainvestigaogestoextensooutra 10 a 20%43791 20 a 30%41210 30 a 40 %58300 40 a 50 %53400 50% ou + 2 4000 TOTAL201916101
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  • Funes j desempenhadas na universidade para alm da docncia
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  • Alguns depoimentos
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  • Professora (55 anos de idade 19 anos na FEUP) ao falar da Relao entre Teoria Pedaggica e a Prtica na Sala de Aula Eu nunca tive uma nica disciplina de pedagogia na minha formao. Mesmo que haja muita coisa que nesses cursos tipo Effective Teaching que muitas vezes j sabemos, preciso relembrar isso... para chamar a ateno que h alunos que aprendem melhor se virem as coisas, h alunos que aprendem melhor se ouvirem as coisas, alunos que aprendem melhor se estiverem em p em vez de estarem quietos, h alunos que aprendem melhor com msica, a ouvir msica, o caso da minha filha.. Mesmo que sejam ideias tericas, mesmo que sejam ideias que no se apliquem nossa realidade, ns sempre vamos buscar um bocadinho que depois vamos aplicar nossa realidade. Claro est que ningum d as aulas como ns.
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  • Professor (54 anos 26 anos na FEUP) ao falar das aulas tericas focadas na exposio de contedos quando questionado sobre a relao Teoria Pedaggica e Prtica na Sala de Aula Eu acho que dar aulas, em grande parte, representar. Portanto, teriam que ser aulas de teatro. Ns estamos ali (sala de aula) a representar um papel e temos que cativar a audincia. eu acho sinceramente que a arte de representar, est muito ligada arte de dar aulas. Porque no fundo, ns estamos ali expostos, perante um grupo grande de pessoas (os alunos), que est no fundo a avaliar tambm o nosso trabalho.
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  • O mesmo Professor ao considerar sobre os problemas enfrentados, superados e que persistem em sala Eu, eu acho que sou um afortunado por no precisar, por nunca ter sentido necessidade de ter esse tipo de formao. Mas j soube de aces de formao que decorreram aqui na faculdade e sei de colegas meus que frequentaram essas aces e disseram que foram confrontados com situaes em que nunca tinham pensado e raciocinaram acerca de assuntos dos quais nunca tinham raciocinado. E portanto, isso foi extremamente til para eles. E tanto til que, tanto quanto eu sei, continuam, alguns deles continuam a frequentar essas aces. Portanto, isso , ah, creio que extremamente til para quem tem essa necessidade. Eu felizmente, no tenho tido essa necessidade. Tambm posso estar a ser um bocado inocente, no ? Mas, ah, felizmente no tenho tido essa necessidade, que nunca tive, nunca tive problema nenhum felizmente com os alunos.
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  • Professor (50 anos de idade 22 anos de FEUP) ao falar da Relao entre Teoria Pedaggica e a Prtica na Sala Ns enquanto engenheiros, nunca tivemos grandes abordagens da Pedagogia e da Didctica, da forma como dar aulas, tivemos que nos fazer a ns mesmos. Tivemos que ir beber experincia dos que c andavam h mais tempo, que nos apoiaram, e enfim, tentando, adaptando as personalidades de cada um, tentando transmitir o melhor que sabamos e podamos a matria a que ramos obrigados a dar. Paralelamente, tive oportunidade de fazer uma ou duas aces de formao profissional sobre Pedagogia, sobre Didctica, sobre, enfim, um pouco a postura que era necessrio ter para poder dar aulas. E depois foi o saber de experincia feito de, de vinte e tal anos de dar aulas.
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  • O mesmo professor ao considerar sobre o papel do docente em sala de aula O trabalho de docente passa muito por teatro, um professor um actor. A forma como gesticula, a forma como interage, mais do que um conhecimento tcnico, um professor tem que saber cativar os alunos. E se for preciso, mudar o tom de voz, se for preciso, mudar o tom de voz, falar mais alto, falar mais baixo, estabelecer o contacto visual com os alunos, ter algumas expresses que lhes cativem. Isso meio caminho andado para que se possa estabelecer um entendimento de professor/aluno, e depois a transmisso do conhecimento tcnico torna-se mais fcil. Mas no basta s isso.
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  • No basta uma pessoa gesticular, no basta uma pessoa ser um bom actor, no basta ter todas as qualidades de um bom comunicador, preciso que aquilo que comunique, o contedo esteja dominado. Bom, e a entra a competncia tcnica... ou parte dessa competncia tcnica, s se adquire se paralelamente actividade docente, a actividade de investigao. O mesmo professor ao considerar sobre o papel do docente em sala de aula
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  • Professor a (53 anos de idade 29 anos de FEUP) ao falar da Relao entre Teoria Pedaggica e a Prtica na Sala A pessoa no precisa de ser uma especialista em Pedagogia, para conseguir dar uma aula boa, no ? H uma parte grande, que vem da experincia. Momentos de reflexo sobre prtica docente so teis, portanto, essa reflexo sobre a prtica pedaggica faz sentido ser feita..., quer dizer, h coisas gerais e depois h muitas coisas que so da rea, por exemplo, problemas das cincias experimentais, no existem na matemtica. Portanto, esses tipos de reflexes so muito teis se forem aceites... Portanto, se o docente a procura. Se sente como uma coisa que lhe imposta, uma pessoa tem tendncia a reagir. Eu acho que ser muito til se a pessoa fr motivada... Se a sentir como imposta, acho que muito prejudicial.
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  • A mesma professor a ao falar da necessidade da formao pedaggico-didtica Eu penso que h vrias coisas, h coisas muito diferentes... H coisas que so de competncia, digamos mais tipo tcnica na sala-de-aula, desde como que usam os e-learnings e essas coisas assim... algumas pessoas tm muita dificuldade, alguns lidam bem com a informtica, esses no precisam de formao para nada, aqueles que tm mais dificuldade precisariam, esse tipo de coisas... e para alguns docentes seria muito til, Tcnicas de Voz, por exemplo, colocao de voz... Muitas vezes os estudantes queixam-se que no ouvem e o docente sai de l rouco, um problema de colocao, quer dizer, a pessoa se aprendesse a colocar a voz ou tivesse aulas de drama, quer dizer, esse tipo de coisas que so competncias tcnicas.
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  • A mesma professora a ao falar da necessidade da formao pedaggico-didtica Ah, do ponto de vista da Pedagogia, eu acho que til a pessoa conhecer outras experincias, e que til a aco de formao.... mais do ponto de vista da didctica da Matemtica do que da Pedagogia. H pessoas que foram matemticos e que tm como matemtico, um percurso que reconhecido por toda a gente e que depois a partir de uma certa altura da vida decidem interessar-se por questes da Didctica e pronto. Essas pessoas so mais bem aceites do que uma pessoa que tenha feito a carreira toda na rea de Pedagogia. At porqu parece que assim, est falando a nossa linguagem, n... e j est de certa forma avaliado, j esta acreditado pelo seu passado. Portanto, eu acho que isso s vezes funciona bem.
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  • A mesma professor a ao falar da necessidade da formao pedaggico-didtica Porque se me vm dizer como que se ensina um menino de cinco anos, eu quero l saber, quer dizer, no tenho filhos... Eu no vou tratar com eles, percebe... se me pem qualquer coisa relacionada com alunos do ensino superior, aonde eu identifico, podem-me estar a dar sugestes, ou ideias para qualquer coisa que me acontece, estou muito mais motivada do que se fr Teoria da Pedagogia, porque essas coisas, s pessoas que no so da rea, se interessam muito pouco... e acaba criando uma distncia maior do que deveria ser um processo muito mais de troca.
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  • Assinala-se: As concepes sobre ensino-aprendizagem surgem como diferentes facetas do que significa ensinar e aprender e do que ser professor. Os discursos dos professores focam aulas tericas e remetem ao desenvolvimento profissional docente baseado na experincia do aprender a ser professor. Os discursos sobre a formao pedaggica pedem um processo mais adequado aos contextos e esto relacionados as concepes que os docentes tm do processo em sala de aula.
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  • Consideraes Finais
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  • Acreditamos que aprender a ensinar um processo de socializao pelo qual as pessoas adquirem seletivamente Valores Atitudes Interesses Destrezas Conhecimentos e ocorre em vrios nveis, fruto de diversas influncias, realizando-se ao longo da vida profissional do docente
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  • Assim, os dados aqui comunicados no apresentam por completo todas as dimenses do estudo uma vez que ainda estamos em fase de anlise do material recolhido MUITO OBRIGADA !!!
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  • BOGDAN, R.C; BIKLEN, S.K. (1994) Investigao qualitativa em educao. Porto Editora, LTDA. CACHAPUZ, A. F. (2001) Em defesa do aperfeioamento pedaggico dos docentes do ensino superior. In REIMO, C. (Org.) A formao pedaggica dos professores do ensino superior, pp. 55-61. Lisboa: Edies Colibri. DENZIN, N.; LINCOLN, Y. (2006) A disciplina e a prtica da pesquisa qualitativa. In N. Denzin, & Y. Lincoln. O planejamento da pesquisa qualitativa. Teorias e abordagens. 2 edio. Porto Alegre: Artmed, pp. 15-47. LEITE, C. (2007) Que lugar para as cincias da educao na formao para o exerccio da docncia no ensino superior? in IX Congresso SPCE Educao para o sucesso: polticas e actores, Funchal: UMadeira, pp. 131-140. REFERNCIAS
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  • LEITE, C. (2010) (Org.) Sentidos da pedagogia no ensino superior. Porto: Livpsic/CIIE. MARCELO GARCA, C.; VAILLAN, D. (2009) Desarrollo profesional docente. Cmo se aprende a ensear? Madrid, Espaa: Narcea Ediciones. RAMOS, K. M. (2010) Reconfigurar a profissionalidade docente: um olhar sobre aes de atualizao pedaggico-didtica. Porto: Universidade do Porto. TARDIF, M.; LESSARD, C.(2009) O trabalho docente. Elementos para uma teoria da docncia como profisso de interaes humanas. 5. ed. Petrpolis, RJ: Vozes.