Identificação de Métodos Para Apoiar a Descrição Da Visao Do Produto

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  • VII SEPRONE A Engenharia de Produo frente ao novo contexto de desenvolvimento sustentvel do Nordeste: coadjuvante ou protagonista?

    Mossor-RN, 26 a 29 de junho de 2012

    IDENTIFICAO DE MTODOS PARA APOIAR A DESCRIO DA VISO DO PRODUTO

    Lucelindo Dias Ferreira Junior (EESC-USP) - [email protected] Daniel Capaldo Amaral (EESC-USP) - [email protected]

    Joo Lus Guilherme Benassi (EESC-USP) - [email protected]

    Resumo: O sucesso de um produto est relacionado sua capacidade de satisfazer s necessidades dos consumidores e se destacar frente aos produtos concorrentes no mercado. Uma das formas de se atender aos anseios do consumidor envolvendo-o no projeto do produto por meio de uma viso, um artefato que comunica a essncia do produto a ser desenvolvido, guiando os esforos da equipe para a realizao do projeto. Apesar de existir relevante literatura sobre o tema, pouco se discute acerca de mtodos especficos para a operacionalizao da viso do produto. Este trabalho teve por propsito identificar mtodos nas reas de metodologia de projeto e design de produto para suprimir essa lacuna, por meio de uma reviso bibliogrfica sistemtica. Como resultado, obteve-se um banco com 16 trabalhos relevantes, dos quais foram extrados 7 mtodos. Os mtodos identificados mostraram-se parcialmente aptos a atender s necessidades da viso do produto, de modo que requerido um aprimoramento de suas capacidades individuais. Palavras-chave: Viso do Produto; Gesto do Desenvolvimento de Produtos; Gesto de projetos.

    1. INTRODUO O sucesso de um produto est relacionado sua capacidade de satisfazer s necessidades dos consumidores e se destacar frente aos produtos concorrentes no mercado. Uma das formas de se atender expectativas do consumidor, de maneira criativa e inesperada, por meio de uma viso do produto. A viso do produto fundamental na definio de conceitos do produto, antecipando, de forma concisa e visual, os aspectos forma, funo e benefcio, na nomenclatura de Crawford e Di Benedetto (2006), que sero entregues pelo produto ao trmino do projeto. O propsito propiciar equipe de projetos um senso de orientao, guiado pelas necessidades temporais do consumidor, que facilitar um processo de desenvolvimento mais rpido e alinhado com as tendncias de mercado. Lynn e Akgn (2001) referem que o uso de uma viso do produto pode ajudar no desenvolvimento de produtos inovadores mais bem ajustados aos requisitos do cliente. Tem sido publicado um nmero expressivo de trabalhos que apresentam benefcios e caractersticas da viso do produto em um alto nvel de abstrao, desde a dcada de noventa. Por exemplo, Brown e Eisenhardt, em 1995, e Tessarolo, mais recentemente, em 2007. Mas a utilizao efetiva do conceito de viso do produto requer mecanismos para a sua operacionalizao, ou seja, mtodos prescritivos e direcionados para a ao. Essa literatura no apresenta, porm, mtodos especficos para apoiar a viso. O objetivo do presente trabalho apresentar o processo de identificao, sistemtica, de mtodos para apoiar a descrio da viso do produto, utilizados no mbito do desenvolvimento de produtos manufaturados, classificados como bens de consumo, que possam ser aplicados no Processo de Desenvolvimento de Produtos. Assim, espera-se responder s seguintes questes: (1) quais mtodos esto disponveis, parcial ou integralmente, para apoiar a descrio da viso do produto?; (2) quais as principais caractersticas de cada mtodo, pontos fortes e fracos, considerando o atendimento aos fundamentos estipulados pela literatura?; e, (3) o que precisa ser aprimorado e quais so os desafios relevantes na rea?

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    2. VISO DO PRODUTO De acordo com Brown e Eisenhardt (1995), a viso do produto representa uma combinao entre competncias e estratgias organizacionais e necessidades de mercado que tenciona criar um conceito de produto efetivo. Tessarolo (2007) capta essa definio e refora dizendo que o construto viso do produto corresponde definio de objetivos claros e de uma reconhecida estratgia para o Processo de Desenvolvimento do Produto (PDP), que deve ser compartilhada entre todos os envolvidos. Nas teorias de reas como Agile Project Development, Lean Development, Flexible Product Development, a viso do produto considerada a big picture, descrevendo de maneira clara a razo pela qual o projeto est sendo empreendido e as principais caractersticas que o produto deve ter ao final de todas as entregas (HIGHSMITH, 2004; LARMAN; VODDE, 2010; AMARAL et al., 2011; BENASSI; AMARAL, 2011). Schwaber e Beedle (2002) apud Pichler (2010) acrescentam que essa viso um sketch que representa a essncia do produto futuro, funcionando como uma meta global e guiando as pessoas envolvidas no projeto, isto , consumidores, usurios, gerncia, time de desenvolvedores e outros stakeholders. Em termos de contedo, uma viso do produto deve ser um artefato que representa um produto inexistente, que ser desenvolvido, em imagens e curtas descries do escopo do produto (BENASSI; AMARAL, 2011). Observa-se que o termo viso do produto, conforme referido nessas teorias, pode ser considerado algo intermedirio entre o escopo do produto e o conceito do produto, referidos por Rozenfeld et al. (2006) e Crawford e Di Benedetto (2006). A viso do produto distancia-se desses outros termos por representar, de maneira sucinta, o resultado final do projeto de produtos cujas caractersticas sejam menos previsveis. Ademais, uma viso do produto robusta deve possuir certas caractersticas objetivas e subjetivas. As caractersticas objetivas (i.e., ser representada em imagens, descrever interfaces entre partes, apresentar lista de materiais inicial, etc.) permitiriam o alinhamento das ideias da equipe de projetos para guiar o desenvolvimento do produto para a realizao de entregas de caractersticas testveis ao final de cada ciclo de desenvolvimento (iterao), que propiciariam a validao antecipada e gradativa do produto em projeto, junto aos consumidores (LARMAN; VODDE, 2010). As caractersticas subjetivas (i.e., ser concisa, acessvel, alinhada estratgia, ser flexvel a mudanas, etc.), por outro lado, propiciariam um maior envolvimento das pessoas relacionadas ao projeto, o que inclui uma integrao do consumidor final ao longo das fases do desenvolvimento, e um alinhamento do projeto com a viso estratgica da empresa. Apesar dos benefcios relatados na teoria sobre o tema viso do produto, os autores que os destacaram no se ocuparam de propor um mtodo ou forma de descrever esta viso. De forma a suprimir essa lacuna, fez-se uma reviso sistemtica na literatura das reas de metodologia de projeto e design de produto, com o propsito de identificar mtodos que poderiam solucionar o problema da operacionalizao da viso do produto. O processo de reviso est descrito na prxima seo.

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    3. ETAPAS DA PESQUISA A reviso bibliogrfica sistemtica (RBS) foi dividida nas seguintes etapas: definio de protocolo da RBS; pesquisa e leitura dos resumos; leitura do texto na ntegra; identificao de novos autores/trabalhos; excluso de trabalhos; realizao de fichamentos; sntese dos resultados; e, identificao de oportunidades de trabalhos futuros. Essas etapas foram realizadas na sequncia apresentada na Figura 1, e sero detalhadas a seguir.

    Figura 1. Etapas da Reviso Bibliogrfica Sistemtica Fonte: Autoria prpria

    A reviso iniciou com a definio do protocolo da reviso bibliogrfica sistemtica, documento que define os parmetros bsicos pelos quais dever ser estruturada a pesquisa. Nesse protocolo foram definidos os itens: objetivo da reviso; justificativa; palavras-chave; bases de dados alvo da pesquisa; strings; critrios de incluso e excluso de artigos; e, critrios de incluso e excluso de mtodos encontrados nos artigos. Como o objetivo e a justificativa da reviso encontram-se na introduo deste trabalho, sero mostrados, aqui, somente os outros itens que compuseram o protocolo. Em seguida, foram definidas palavras-chave para a busca. As palavras-chave escolhidas podem ser divididas em trs grupos: no primeiro grupo foram includas as palavras indicadoras do tema da pesquisa, como vision, visioning, envision, etc.; no segundo grupo, foram includos blocos de palavras que atuariam em conjunto com as palavras do primeiro grupo, objetivando filtrar e orientar a busca por artigos presentes em reas de pesquisa, tais como costumer-oriented design, participatory design, project planning, product development, etc..; e, no terceiro grupo, foram includos blocos de palavras com significado completo, para busca isolada das palavras dos outros dois grupos, como product concept visioning; future product concept generation; visionary concept, e etc.. Para a pesquisa utilizou-se bases de dados cientficas, como Scielo, Science Direct, IEEE, Scopus, ISI Knowledge, entre outras. Nessas bases fez-se pesquisa usando strings, adaptadas para permitir a pesquisa em cada base de dados. Por fim, foram definidos os critrios de incluso e excluso de artigos e mtodos. Os critrios de incluso e excluso de artigos objetivaram, sobretudo, a seleo por trabalhos: consonantes com o tema e as intenes da pesquisa; disponibilizados integralmente nas bases; e, que apresentassem

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    mtodos descritos, na ntegra, que poderiam apoiar a descrio da viso do produto. O mtodo, para ser considerado mtodo de apoio descrio da viso do produto, deveria atender aos seguintes critrios: ser, declaradamente, para apoiar a descrio de algo similar a uma viso do produto; resultar, integral ou parcialmente, nas caractersticas de uma viso do produto, conforme estabelecida em Benassi e Amaral (2011), i.e., resultar em esboos do produto inexistente e numa descrio sucinta dos benefcios, funcionalidades, forma, desempenho, e tecnologias esperados; e, possibilitar o envolvimento do consumidor final, em qualquer nvel. A definio de mtodo adotada foi procedimento ou meio articulado na forma de um conhecimento especfico usado para resolver um problema especfico (ENGWALL, KLING e WERR, 2005). Partindo das informaes contidas no protocolo de RBS, iniciou-se a pesquisa nas bases de dados. Dos trabalhos encontrados, foram excludos aqueles que explicitamente divergiam do assunto estudado. Assim, somente os trabalhos relacionados ao tema de pesquisa foram selecionados e adicionados a uma planilha eletrnica. Procedeu-se, ento, leitura dos resumos desses trabalhos, que foram classificados quanto ao nvel de relevncia para o estudo, considerando-se os critrios de incluso e excluso de artigos e mtodos. Os trabalhos considerados relevantes foram lidos na ntegra e fichados. Ademais, durante a leitura integral dos trabalhos ditos relevantes, foram identificados outros trabalhos relevantes, nas referncias bibliogrficas. Esses trabalhos complementavam o contedo dos artigos lidos e aceitos, ou que indicavam a existncia de outros trabalhos/mtodos que poderiam se enquadrar ao escopo da pesquisa. Isso gerou loopings na pesquisa, cujo propsito foi encontrar uma maior quantidade de trabalhos relevantes. Para propiciar a busca contnua por trabalhos relevantes sobre o tema, ativou-se os sistemas de alerta das bases de dados pesquisadas. Ao trmino da busca, fez-se uma sntese do contedo encontrado, que favoreceu a gerao de algumas oportunidades para novos trabalhos.

    Na seo seguinte so apresentados os principais resultados da reviso bibliogrfica sistemtica.

    4. IDENTIFICAO E DESCRIO DE MTODOS PARA A VISO DO PRODUTO Como resultado da reviso bibliogrfica sistemtica, obteve-se um banco de 63 artigos pr-selecionados sobre o tema viso. Os resumos desses trabalhos foram lidos e pontuados com valores de 0 a 3, de acordo com o nvel de relevncia. Pontuou-se com o valor 1 os artigos bastante relevantes, que apresentavam e descreviam mtodos para apoiar a descrio da viso do produto enquadrados nos critrios de incluso e excluso de mtodos. Pontuou-se com o valor 2 os artigos que apresentavam e descreviam mtodos para apoiar a descrio da viso que no se ajustavam aos critrios de incluso e excluso de mtodos. Pontuou-se com o valor 3 os artigos abrangentes sobre o tema viso, que no apresentavam e/ou descreviam mtodos para apoiar a descrio da viso. Por fim, pontuou-se com o valor 0 os artigos que no apresentavam qualquer relao com o tema proposto, mas que, apesar disso, havia sido pr-selecionado. No Quadro 1, encontram-se os 16 artigos pontuados com o valor 1, e considerados mais relevantes, classificados para leitura integral.

    Ttulo Autor Fonte Ano 1 Making visions visible for long-term landscape management E. Lange, S. Hehl-Lange Futures 2010

    2 From vision to action: Framing the Leitbild concept in the context of landscape planning

    M. B. Potschin, H. Klug, R. H. Haines-

    Young Futures 2010

    3 Avaliao do desempenho de mtodo para a representao da viso no Gerenciamento gil de Projetos F. H. T. de Carvalho Qualify 2010

    4 Avaliao de modelos e proposta de mtodo para representao da viso na gesto gil de projetos J. L. G. Benassi Dissertation 2009

    5 A vision-oriented approach for innovative product design C. Lin, D. Luh AEI1 2009

    6 Product vision book P. Haine Blog 2008

    7 Visionary concept: Combining scenario methodology with concept S. Leppimaki; J. Chapter in a book 2008

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    development Laitinen; T. Meristo; H. Tuohimaa

    8 Developing a visioning methodology: Visioning choices for the future of operational research

    F. O'Brien, M. Meadows JORS

    2 2007

    9 Vision in product design [vip]: The warm bath P. Lloyd, P. Hekkert, M. van Dijk Booklet 2006

    10 Exploring the current practice of visioning: Case studies from the UK financial services sector

    F. O'Brien, M. Meadows MD

    3 2003

    11 Envision future needs: From pragmatics to pleasure J. V. Bonner; J. M.

    Porter Chapter in a book

    2002

    12 How to develop visions: a literature review, and a revised CHOICES approach for an uncertain world

    F. O'Brien, M. Meadows JSPAR

    4 2001

    13 Designing from context: Foundations and applications of the ViP approach P. Hekkert, M. van Dijk Proceeding 2001 14 Community participation methods in design and planning H. Sanoff Chapter in a book 2000

    15 MUST: A method for participatory design F. Kensing, J. Simonsen, K. Bodker Chapter in a book 1998

    16 Generating Visions: Future Workshops and Metaphorical Design F. Kensing; K. H.

    Madsen Chapter in a book

    1991

    1 Advanced Engineering Informatics

    2 Journal of the Operational Research Society

    3 Management Decision

    4 Journal of Systemic Practice and Action Research

    Quadro 1. Artigos selecionados para leitura integral Fonte: Autoria prpria

    A partir da leitura integral dos artigos apresentados na Tabela 1, mtodos que poderiam apoiar a descrio da viso do produto foram identificados. A leitura exigiu a busca por outros trabalhos dos autores, para complementar e aprofundar a compreenso dos mtodos descritos. Os mtodos identificados foram: Future Workshops; Vision in Product Design; Visionary Concepts; Vision-Oriented Innovative; SSNiF Scenary; e, Product Vision Management Method. Uma descrio deles ser feita a seguir.

    4.1. Mtodos para apoiar a descrio da viso do produto 4.1.1. Future Workshops

    O mtodo Future Workshops foi desenvolvido por Junkg e Mullert (1987) no contexto do planejamento pblico. O objetivo primrio do mtodo , atravs da organizao de reunies com pessoas envolvidas em um problema comum, propiciar o estabelecimento de vises conjuntas e algumas metas para se alcanar essas vises. A razo pela qual esse mtodo consta neste trabalho que ele baseado na descrio de vises em termos de imagens que resultam de um esforo coletivo. Por esse mesmo motivo, Kensing (1987) absorveu o mtodo para aplicao no desenvolvimento de interfaces humano-computador que inclusse os usurios na idealizao das caractersticas timas dos sistemas. Conforme Kensing e Madsen (1991) demonstram em seu artigo, o mtodo Future Workshops utilizado para apoiar a gerao de vises do produto, no caso um sistema para controle de emprstimo de livros. No mesmo trabalho, o mtodo Future Workshops usado em conjunto com uma tcnica chamada Metaphorical Design, para ampliar as perspectivas dos usurios ao fazer analogias entre a realidade enfrentada por esses e outras realidades existentes que inspirem o delineamento dos cenrios futuros. O mtodo Future Workshops dividido em trs fases principais. A primeira fase a fase de crtica. Nessa fase, aps a escolha das pessoas que sero envolvidas no mtodo, so apontados, em curtas declaraes, os aspectos mais relevantes no trabalho de interao com o sistema atual, com particular enfoque nos pontos que menos agradam. Essa fase funciona como um estruturado

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    brainstorming sobre os problemas correntes de trabalho. Ao trmino, as declaraes so agrupadas por tema. Na segunda fase, a fase de imaginao, os participantes imaginam o que seria a condio ideal de uso dos sistemas, mesmo que paream demasiadamente fantsticas, alm disso, as declaraes negativas previamente construdas so convertidas em declaraes positivas. Tambm so feitos desenhos para representar os anseios dos participantes quanto ao sistema ideal. Durante as discusses um mediador deve introduzir metforas que estimulem o desenvolvimento das vises pelos participantes. Esse conjunto de dados avaliado e ranqueado por ordem de importncia segundo a opinio dos envolvidos. Por fim, na fase de implementao, os participantes apresentam o esboo, ou viso, do sistema desejado e avaliada a possibilidade de implementao da viso, bem como a necessidade de se estabelecer novas condies para que a viso seja realizada. Ento, quando da deciso, um plano detalhado feito, indicando pessoas, tarefas e prazos para a concretizao da viso (KENSING; MADSEN, 1991; BDKER; GRNBAEK; KYNG, 1993).

    4.1.2. Vision in Product Design O mtodo Vision in Product Design, ViP, foi desenvolvido por Paul Hekkert e Matthijs van Dijk, objetivando sistematizar o processo de desenvolvimento de produtos inovadores, baseado na construo de cenrios. No booklet The Warm Bath, Lloyd, Hekkert e van Dijk (2006) apresentam resumidamente a estrutura do mtodo detalhado em Hekkert e van Dijk (2011). O mtodo divido em seis fases. As trs primeiras fases so classificadas como fases de desconstruo e as trs ltimas, fases de concepo. A ideia central do mtodo fazer com que a equipe de desenvolvimento de produtos obtenha uma compreenso ampla dos fatores que impulsionaram a existncia de produtos utilizados pelas pessoas na atualidade para, ento, projetar esses fatores e identificar oportunidades de produtos em condies futuras. O ponto de partida para o uso do mtodo o estabelecimento de um domnio. Conforme o glossrio disponvel em Lloyd, Hekkert e van Dijk (2006), o domnio representa a rea foco da pesquisa que, em algumas situaes, j vem definido para a equipe de desenvolvimento de produtos, atravs de uma breve descrio denominada brief. Um domnio pode indicar desde um tipo de produto a um grupo que englobe mais que um tipo de produto. As fases do mtodo ViP ocorrem em termos de nvel de desconstruo e concepo. A primeira fase refere-se desconstruo ao nvel do produto. Nessa fase, a equipe de design participa de um processo de observncia e reflexo acerca dos produtos existentes que se enquadram no domnio estabelecido. Esse processo objetiva identificar o mximo de informaes sobre os produtos escolhidos, a fim de se construir uma lista descritiva. Os autores exemplificam com alguns tipos de perguntas que devem estimular a captar esses dados tais como: como o produto funciona?; de quais materiais feito?; quais cores possui?; quais convenes adota?; se assemelha a quais outros produtos?; um produto que ainda est evoluindo?; de onde pode ter vindo a inspirao para o produto?. A segunda fase refere-se desconstruo ao nvel de interao entre usurios e produtos. Nessa fase a equipe de design observa e descreve as caractersticas de interao entre pessoas e produtos, que pode ser feita pela anlise de uso de um produto por mais que um usurio ou de mais que um produto por apenas um usurio. Como resultado dessa fase, a equipe deve identificar qualidades de interao para determinados tipos de produtos. Essas qualidades devem ser registradas em termos de palavras existentes ou neologismos. Os autores apresentam um exemplo no qual um usurio deve utilizar uma cadeira e referem como qualidades possveis para essa interao os termos firmeza, segurana, tenso, harmonia etc..

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    A terceira fase remete ao nvel do contexto onde est inserido o produto. O objetivo dessa fase identificar os fatores que estimularam a necessidade de um tipo de interao e, em consequncia, resultaram no desenvolvimento de um produto em especial. Nesse nvel, a equipe de design realiza uma anlise ampla que inclui identificao de fatores biolgicos, tecnolgicos, culturais, sociais e psicolgicos que construram um contexto. Espera-se que a equipe entenda as relaes de influncia do contexto na determinao de caractersticas-chave de produtos. A quarta fase iniciada com o processo de concepo. Inicia-se construindo um cenrio de acordo com os fatores selecionados que devero influenciar um futuro projetado. dada especial ateno ao contexto que resultar da combinao e inter-relao dos fatores. Esses fatores so agrupados em quatro categorias: princpios que definem padres estveis no mundo; estados que definem circunstncias relativamente constantes; desenvolvimentos que ocasionam mudanas ao longo do tempo; e, tendncias, que determinam o comportamento das pessoas como consequncia das mudanas. Na quinta fase ocorre a concepo ao nvel de interao. Nesse sentido so projetadas qualidades esperadas de acordo com o cenrio estabelecido na fase anterior. As qualidades de interao identificadas pela equipe de design so, ento, refinadas para dar origem gerao de novos conceitos de produtos. Essas qualidades podem ser apresentadas atravs de frases, fotos e/ou metforas. Na sexta e ltima fase iniciada a construo de concepes do produto. Todas as informaes obtidas at o momento so utilizadas, sobretudo os dados resultantes das quarta e quinta fases. So geradas concepes de produtos futuros que atendam s qualidades de interao estabelecidas anteriormente e que se enquadrem no domnio definido ao princpio do mtodo.

    4.1.3. Visionary Concepts O mtodo Visionary Concepts foi desenvolvido por Laitinen et al. (2008) com o propsito de facilitar a gerao de conceitos de produtos inovadores atravs do uso de cenrios futuros. O mtodo originou-se das pesquisas conduzidas no mbito do projeto Systematic Product Concept Generation Initiative, realizado pelas instituies finlandesas Abo Akademi University, Helsinki University of Technology e University of Arts and Design Helsinki (MERISTO et al., 2007). Segundo Laitinen et al. (2008), o mtodo est dividido em cinco fases principais. Na primeira fase, so identificados os fatores que ocasionam e direcionam as mudanas no ambiente. Para isso faz-se uso da anlise PESTEL, considerando-se os fatores polticos, econmicos, socioculturais, tecnolgicos e ecolgicos. O objetivo central dessa fase reconhecer os fatores de mudana chaves para a determinao de diferentes tipos de cenrios. Com as informaes obtidas com a anlise PESTEL, inicia-se a segunda fase, na qual so construdos cenrios futuros. Os autores referem o mtodo Modelo de Filtro de Cenrios, SFM, para ajudar a realizar a construo de cenrios (MERISTO et al., 2009). Em suma, o mtodo SFM funciona como um crivo que refina um determinado cenrio, e direciona-o de acordo com o tipo de orientao desejada para o produto, isto : pelo mercado, pela tecnologia ou pela sociedade. A inteno desenvolver um grupo de cenrios com caractersticas distintas, que possam servir de base para o desenvolvimento dos conceitos. Na terceira fase so identificadas as necessidades do produto para cada tipo de cenrio criado. Pode-se construir tabelas que listem as variveis ou caractersticas que atendam s necessidades em cada cenrio. Ao trmino, as variveis so classificadas e selecionadas quanto ao grau de importncia. Na quarta fase inicia-se o processo de gerao de conceitos de produtos utilizando-se as caractersticas-chave, selecionadas na fase anterior, e as caractersticas dos cenrios como agentes limitantes. Ocorre, ento, o processo de gerao de ideias pela equipe e desenvolvimento dos sketches das ideias mais promissoras, decididas em consenso. Nesse processo, o desenho de um conceito com maior potencial evolui para um conceito de design (forma de um produto) e,

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    posteriormente, para o nvel de aplicaes conceituais do produto futuro. Portanto, os conceitos que originaro produtos futuros so avaliados quanto viabilidade tcnica e o potencial de mercado. Na quinta e ltima fase, cujos autores no enfatizaram nos artigos encontrados, ocorre as atividades e operaes relacionadas ao P&D da empresa, que captam os conceitos gerados e analisam o potencial da perspectiva da gerao de negcios futuros. Laitinen et al. (2008) complementam que a forma de apresentao dos conceitos deve incluir, no mnimo, as principais caractersticas do conceito, estimativas do mercado potencial e sua viabilidade tcnica. Ilustraes, desenhos, animaes, ou outra representao material, so modos que podem ser utilizados para comunicar os conceitos e as ideias relacionadas. Esses conceitos devem ser estruturados pela mesma equipe que gerou os cenrios futuros. Segundo os autores, o mtodo Visionary Concepts pode ocasionar um estreitamento das ligaes entre a alta administrao e as pessoas do P&D, fazendo com que cada grupo possa perceber melhor a perspectiva um do outro. Alm de ajudar a empresa a comunicar a viso e misso para as outras pessoas da organizao ao nvel do produto.

    4.1.4. Vision-Oriented Innovative Lin e Luh (2009) desenvolveram o mtodo Vision-Oriented Innovative, VOI, para o desenvolvimento de produtos inovadores. A inteno desse mtodo permitir a descrio de uma viso para produtos inovadores que possa ser testada e validada, fazendo uso de mtodos encontrados em outras reas. Para tanto, os autores utilizaram o questionrio 5W1H para desenvolver cenrios e os mtodos TRIZ, Image Scale e Anlise Morfolgica para a definio das funes e forma do produto. O VOI constitudo de dez estgios. No primeiro estgio ocorre a definio do projeto, atravs de uma identificao de objetos e explorao de oportunidades pelos participantes e stakeholders. Esse estgio deve iniciar com um sumrio do background do projeto, permitindo aos participantes uma orientao no processo de analisar e identificar problemas. No segundo estgio, h a explorao de vrias questes, isto , um estudo em diversas fontes de pesquisa tais como relatrios de tendncias, patentes, sugestes de lead users para estimular os participantes a discutir e levantar questes-chave. Com base nas informaes adquiridas, os participantes iniciam a desenvolver cenrios que sero analisados por todos com a indicao de pontos fortes e fracos. Para a realizao desse estgio os autores sugerem o uso de mtodos tais como brainstorming, synectics, associao, hope listing, Delphi. No quarto estgio os cenrios so, ento, revisados e as ideias mais interessantes, agrupadas em um provvel cenrio de longo prazo, utilizando o questionrio 5W1H. Esse permitir a identificao dos principais usurios, condies e interaes. Aps a construo do cenrio de longo prazo, desenvolvido um cenrio de curto a mdio prazo com base naquele, atravs do mtodo backcasting. No quinto estgio, o cenrio de curto a mdio prazo comparado ao contexto atual de modo a propiciar a identificao de lacunas, isto , problemas no resolvidos pelos produtos atuais e principais problemas dos usurios. Em seguida, no estgio seis, so desenvolvidas solues funcionais para os problemas. Os autores sugerem a utilizao do mtodo TRIZ, a fim de gerar solues genricas a princpio e, depois, solues especficas que devero ser avaliadas e selecionadas. O objetivo selecionar a soluo que melhor atenda aos requisitos do cenrio. No stimo estgio, so geradas alternativas para a aparncia do produto. Os autores sugerem os mtodos Image Scale e a anlise morfolgica. No mtodo Image Scale, os participantes avaliam, utilizando escalas numricas, fotos de produtos com relao a adjetivos presentes em uma tabela, para a identificao de caractersticas de aparncia do produto que devero ser melhor desenvolvidas. Utiliza-se, ento, a anlise morfolgica para permear a gerao de mltiplas combinaes de formas, atravs de decomposio e associao de sub-funes ou componentes. Ao

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    trmino desse processo, no oitavo estgio, critrios so estabelecidos para avaliar a viabilidade das combinaes de forma geradas e selecionar as mais factveis. No nono estgio, a combinao de forma selecionada incrementada com consideraes relacionadas ergonomia, manufatura, projeto de engenharia, etc.. No estgio final, o resultado validado, no entanto, isso no significa que o produto poder ser produzido, pois algumas combinaes de forma originadas podem requerer tecnologias inexistentes no momento. Assim, o tipo de validao ir depender do tipo de produto desenvolvido. De acordo com o caso, podem ser feitas validao por prottipo, teste de usabilidade, ou mesmo por especialistas.

    4.1.5. SSNiF Scenary Haine (2010), consultor da Product Vision Associates, desenvolveu mtodos para apoiar a descrio da viso do produto em seu Product Vision Book. Esse livro, apresentado em formato de blog, pode ser considerado uma coletnea de informaes baseadas em dados empricos e tericos. Segundo o autor, viso do produto uma linha de conhecimento e prtica que estuda meios para se desenvolver e planejar produtos futuros atravs da criao de imagens mentais. Essas imagens devem ser constitudas de dois principais componentes: o conceito do produto, ou seja, a ideia e a estria de como o produto beneficiar os consumidores; e o modelo de negcios, que informa como o produto dever beneficiar seus sponsors. Quanto ao primeiro componente, o conceito do produto, Haine (2010) sugere que seja construdo atravs do mtodo de captura de cenrios SSNiF. Quanto ao segundo componente, isto , o modelo de negcio, o autor no entra em detalhes, considerando a primeira parte da viso do produto mais crtica nas organizaes. O mtodo para a captura de cenrios SSNiF, cria atravs de uma ordem lgica e simples de raciocnio a ligao entre os pontos-chave no processo de desenvolvimento de produtos centrado no usurio, isto , stakeholders (usurios/consumidores), situaes de uso, necessidades e features. Ele dividido em quatro etapas. Na primeira etapa so identificados os stakeholders alvo (usurios/consumidores), atravs da conduo de entrevistas e observao, por exemplo. Na segunda etapa so identificadas as cenas vivenciadas pelo grupo de stakeholders selecionados, para, na terceira etapa, serem identificadas as necessidades no atendidas ou necessidades em potencial dos stakeholders. Por fim, na quarta etapa, a equipe de desenvolvimento deve imaginar caractersticas (features) ou mesmo produtos inteiros que possam solucionar problemas ou atender a necessidades latentes dos stakeholders. Essas informaes so declaradas em tabelas como as do Microsoft Office Excel ou Google Spreadsheets, para permitir que a equipe possa acessar, compartilhar, refinar ou incluir novos dados com maior facilidade e rapidez.

    4.1.6. Product Vision Management Method Benassi e Amaral (2011) desenvolveram um mtodo para apoiar a descrio da viso do produto denominado Product Vision Management Method, ou PVMM. O PVMM resultou da composio de elementos encontrados em outros mtodos reconhecidos na rea de desenvolvimento de produtos que foram avaliados com base em critrios estabelecidos aps uma reviso bibliogrfica sobre o tema viso. No PVMM, a viso de um produto construda em seis etapas principais. Na primeira etapa definido o escopo do projeto e do produto atravs do preenchimento do Termo de Abertura do Projeto. Nesse documento so apresentados o nome e apelido do projeto, data de incio, nome do produto, gerente de projeto, stakeholders, declarao de alto-nvel com a descrio do mercado-alvo, produto, custo-meta e distribuio. Tambm so informados quais so os potenciais produtos concorrentes e/ou patentes disponveis, os nomes dos fornecedores de ideias e do responsvel pela matriz item-entrega (na sexta etapa). Na segunda etapa ocorre a captao das necessidades do produto pelos stakeholders. Nessa etapa deve-se preencher o formulrio da captao das necessidades do produto, cujos campos permitem a descrio ou insero de imagens de cenas que mostrem produtos similares sendo usados,

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    problemas relacionados ao uso, sugestes de melhorias e identificao das necessidades do cliente resultantes do problema. Na terceira etapa h o desdobramento das necessidades evidenciadas anteriormente em pr-requisitos do produto, isto , em caractersticas fsicas, porm sem detalhamento excessivo. Esse papel desempenhado pela equipe de projeto. Na quarta etapa, com base nas informaes geradas anteriormente, h a criao de pr-concepes, isto , ideias em termos de forma, funcionalidades etc., possveis solues para o novo produto. As pr-concepes geradas na quarta etapa so apresentadas aos clientes na quinta etapa. O objetivo dessa fase propiciar um ambiente para a gerao de mais ideias, considerando as opinies/crticas levantadas pelos clientes durante o processo de apresentao para melhorar as caractersticas-chave do produto. Na sexta e ltima etapa preenchida, pelo gerente de projetos e alguns stakeholders, a matriz item-entrega. Essa matriz agrupa todas as informaes produzidas at o momento e permite o planejamento da fase inicial do projeto. As informaes presentes na matriz so: descrio simplificada dos sistemas, subsistemas e componentes (SSC); relao entre pr-requisitos em SSCs e os pacotes de trabalhos a serem realizados para se conceber solues em relao a problemas nos primeiros; lista de responsveis pelos SSCs, pacotes de trabalho e stakeholders responsveis pelas atividades nas etapas anteriores; campo para apresentao dos prazos de entrega dos SSCs e pacotes de trabalho. A viso do produto, portanto, o conjunto de documentos originados durante as seis etapas do mtodo PVMM. 5. COMENTRIOS SOBRE OS MTODOS IDENTIFICADOS Nesta seo, os mtodos encontrados na reviso bibliogrfica sistemtica so comentados pelo pesquisador quanto capacidade de apoiar a descrio das caractersticas fundamentais, requeridas por uma viso do produto aplicada a produtos manufaturados, bens de consumo (ver Quadro 2). Uma avaliao mais aprofundada pode ser vista em Benassi, Ferreira Junior e Amaral (2011). Considerou-se, para a realizao da presente anlise, o contedo disponvel sobre o tema, que tem sido provido, em grande parte, pelos trabalhos na rea de Gerenciamento gil de Projetos, por autores como Highsmith (2004), Smith (2007) e Pichler (2010). A partir desse contedo, tem-se que a viso do produto deve: ser sucinta; resultar em esboos do produto inexistente; descrever benefcios; descrever funcionalidades; descrever forma; descrever desempenho esperado; descrever tecnologias; e, envolver ativamente o consumidor.

    Mtodos Pontos Fortes Pontos Fracos Future Workshops

    (a) so feitos esboos dos produtos; (b) so feitas asseres sucintas sobre como deve funcionar/ser o novo produto; (c) faz-se uso de metforas e analogias para aumentar as possibilidades de propostas; (c) pode ser utilizado nas fases iniciais do Processo Desenvolvimento de Produtos; (d) requisita participao do consumidor mais ativa.

    (a) no especificado nvel de detalhe da viso; (b) no h um padro para a descrio da viso; (c) no explicado como a viso deve ser implementada e as entregas; (d) fase de crtica pressupe que o usurio tenha experimentado algo similar ao que ser desenvolvido; (e) consumidor envolvido de forma no sistemtica.

    ViP (a) resulta em esboos do produto; (b) pode ser utilizado nas fases iniciais do Processo Desenvolvimento de Produtos; (c) descreve benefcios em termos de qualidades de interao; (d) analisa fatores intervenientes, atravs da identificao e prospeco do contexto.

    (a) consumidor observado ou consultado, baixo envolvimento; (b) vises nem sempre so pensadas com base em tecnologias existentes.

    Visionary Concepts

    (a) resulta em esboos; (b) pode ser utilizado nas fases iniciais do Processo Desenvolvimento de Produtos; (c) descreve desempenho/tecnologias e

    (a) participao do consumidor no referida, exceto como entrada a partir de pesquisas de mercado.

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    benefcios/funcionalidades; (d) desenvolve vises com base em tecnologias viveis; (e) analisa fatores intervenientes, atravs da identificao e prospeco do contexto.

    VOI (a) a viso pode ser apresentada em esboos ou mock-ups; (b) permite a participao de Lead Users; (c) escopo do produto descrito, incluindo funcionalidade, forma e benefcios do produto; (d) viso pode ser testada ao final do projeto.

    (a) Lead Users colaboram, mas somente na gerao de ideias inicial; (b) viso pode se tornar muito detalhada, h gerao de muitos artefatos; (c) mtodo pode ser complexo de entender, dificultando a participao do consumidor leigo; (d) viso pode basear-se em tecnologias no existentes.

    SSNiF Scenary

    (a) pode apresentar descries sucintas dos benefcios, formas e funcionalidade do produto; (b) utiliza recursos como o Google Spreasheet, o que facilita a construo conjunta da viso, usando a Internet; (c) pode ser utilizado nas fases iniciais do Processo Desenvolvimento de Produtos.

    (a) no indica o uso de esboos; (b) descrio dos benefcios, formas e funcionalidades do produto podem estar somente implcitas em features do produto; (c) consumidor participa apenas com agente de consulta.

    PVMM (a) permite a construo de imagens do produto; (b) foi concebido para ser usado nas fases iniciais do projeto; (c) visa o desenvolvimento de vises viveis do ponto de vista tecnolgico; (d) o escopo do produto definido em termos de funes, caractersticas fsicas e benefcios; (e) estabelece o planejamento de entregas.

    (a) consumidor agente de consulta, assim o nvel de envolvimento baixo; (b) gerao/preenchimento de muitas tabelas, o que torna a construo da viso confusa e burocrtica; (c) mtodo pode ser complexo de entender, dificultando a participao do consumidor leigo.

    Quadro 2. Pontos fortes e fracos dos mtodos para apoiar a descrio da viso do produto Fonte: Autoria prpria

    6. CONSIDERAES FINAIS Este trabalho utilizou uma reviso bibliogrfica sistemtica para identificar mtodos que poderiam apoiar a descrio da viso do produto, no contexto do desenvolvimento de produtos manufaturados, classificados como bens de consumo. A realizao dessa reviso permitiu que 63 trabalhos fossem encontrados, dos quais 16 foram lidos integralmente para a identificao de mtodos. A partir dessa reviso, apoiada pelos loopings, foi possvel que novos trabalhos fossem encontrados, e 7 mtodos identificados. Considerando as caractersticas dos mtodos identificados, pode-se notar algumas semelhanas entre eles, como: incentivam a busca por solues compartilhadas pela equipe de projetos, promovendo discusses participativas para a definio de uma viso nica; almejam a estruturao de uma viso sucinta, textual ou visualmente compreensvel pelos envolvidos; utilizam como base para a explorao e definio da viso do produto a construo de cenrios futuros. Constata-se que os mtodos requerem diferentes nveis de envolvimento do consumidor no processo de definio da viso. Por exemplo, o mtodo Future Workshop sugere que os futuros usurios do produto evidenciem problemas que podero afet-los e solues, na descrio da viso; enquanto o mtodo PVMM sugere a participao de consumidores potenciais do produto na avaliao e validao de conceitos que comporo a viso; e, o mtodo ViP, traz para o projeto informaes indiretas dos consumidores, obtidas por observao ou por outras fontes, filtradas pela perceo do projetista. H, tambm, uma diferena no grau em que esto estruturados os mtodos, isto , no rigor com que esto apresentados, na literatura, os passos para a operacionalizao, e na indicao completa e explcita dos artefatos gerados ao longo da aplicao, a exceo dos mtodos SSNiF e PVMM. Ademais, para os mtodos que requerem maior nvel de envolvimento do consumidor, como o

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    caso do Future Workshop, PVMM e VOI, h pouca explanao sobre os procedimentos prticos para a promoo do envolvimento do consumidor. Isso gera dvidas sobre como promover o envolvimento para o caso em que h grande quantidade de consumidores, geograficamente distribudos, comum em produtos manufaturados, classificados como bens de consumo, para os quais workshops ou reunies no funcionariam eficientemente. A partir da anlise, percebe-se que nenhum dos mtodos est apto a atender, de maneira isolada, a todas as necessidades para a viso do produto, porm, um aprimoramento das capacidades individuais dos mtodos pode ser feito, com a adio de elementos de suporte estrutura bsica de cada um. Isso factvel, pois os mtodos identificados j so resultantes de uma composio de mtodos bsicos e reconhecidos nas teorias de metodologia de projeto e design de produto, como, por exemplo, os mtodos TRIZ e Anlise Morfolgica, no VOI, e os mtodos para a construo de cenrios, presentes em todos os 7 mtodos identificados. Trabalhos futuros podem focar o estudo e aplicao de composies de mtodos que melhor atendam s necessidades da viso do produto, com o propsito de viabilizar efetivamente o seu uso no projeto de produtos inovadores. REFERNCIAS AMARAL, D. C.; CONFORTO, E. C.; BENASSI, J. L. G.; ARAUJO, C. Gerenciamento gil de projetos: aplicao em produtos inovadores. So Paulo: Saraiva, 2011.

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