61
MINISTÉRIO DA EDUCACÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Departamento de Ciências dos Alimentos Bacharelado em Química de Alimentos Análises físico-químicas do farelo de arroz e de seus subprodutos Flávia Fernandes Paiva

Irgovel Rel de Estágio

Embed Size (px)

DESCRIPTION

relatório do estagio desenvolvido na irgovel - industria rio grandes de óleos vegetais - em Pelotas - RS

Citation preview

Page 1: Irgovel Rel de Estágio

MINISTÉRIO DA EDUCACÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASDepartamento de Ciências dos AlimentosBacharelado em Química de Alimentos

Análises físico-químicas do farelo de arroz e de seus subprodutos

Flávia Fernandes Paiva

Pelotas, 2008.

Page 2: Irgovel Rel de Estágio

FLÁVIA FERNANDES PAIVA

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DO FARELO DE ARROZ E DE SEUS SUBPRODUTOS

Relatório final de estágio apresentado à Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação da Profa. Carla Rosane Barboza Mendonça, como parte das exigências da disciplina de Estágio Supervisionado, do Curso de Química de Alimentos, para obtenção do título de Bacharel em Química de Alimentos.

Orientadora: Profª. Carla Rosane Barboza Mendonça.

Pelotas, 2008.

1

Page 3: Irgovel Rel de Estágio

Resumo

Paiva, Flávia. Análises físico-químicas do farelo de arroz e de seus subprodutos, 2008, 42p. Relatório de estágio final apresentado ao Curso de Bacharelado em Química de Alimentos. Universidade Federal de Pelotas-UFPEL.

A Irgovel é pioneira e única fabricante de óleo de arroz comestível no Brasil.

Seu parque industrial ocupa uma área de 50.000 m² e tem capacidade de processar

60.000 toneladas/ano de farelo de arroz, matéria-prima obtida do processo de

beneficiamento do arroz, utilizada para obtenção de óleo. A empresa conta hoje com

um quadro de 200 funcionários, trabalhando 24 horas por dia. A empresa atua tanto

no mercado nacional como também no mercado internacional, exportando seus

produtos para o MERCOSUL, Ásia e União Européia. O estágio teve início com o

acompanhamento de todos os setores da indústria, através da observação das

atividades realizadas, desde a chegada dos insumos e matérias-primas até a

expedição dos produtos obtidos. Após a observação de todos os setores da

indústria, para o entendimento do processo de extração e refino de óleo de farelo de

arroz, o período restante do estágio foi desenvolvido no laboratório de análises

físico-químicas, onde as avaliações realizadas permitem controlar a qualidade do

processo. Diariamente, são realizadas no laboratório físico-químico de controle de

qualidade análises do farelo de arroz, do farelo peletizado, dos óleos de todas as

etapas do processo e das rações comercializadas. As análises mais corriqueiras que

são realizadas nos produtos comercializados pela empresa são a análises de

acidez, umidade e análise colorimétrica. Dessa forma, o estágio realizado no

Laboratório da Indústria Riograndense de Óleos Vegetais – Irgovel foi extremamente

importante para a vida profissional, pois além de permitir que fossem colocados em

prática muitos conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do Curso de Bacharelado

em Química de Alimentos, possibilitou agregar novos conhecimentos.

Palavras-chaves: Óleo de arroz. Refino de óleos vegetais. Análises físico-químicas.

2

Page 4: Irgovel Rel de Estágio

Lista de Figuras

Figura 1: Foto aréa da Indústria Riograndense de Óleos Vegetais e Ltda ...........

Figura 2: Alguns dos produtos produzidos e comercializados pela Irgovel ............

Figura 3 Fluxograma geral do processo de extração e refino do óleo de farelo de arroz ......................................................................................................................

Figura 4: Farelo de arroz e pellets ..........................................................................

Figura 5: Amostras de óleo de arroz com diferentes graus de beneficiamento ......

8

9

12

16

33

3

Page 5: Irgovel Rel de Estágio

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Composição físico-química dos produtos de arroz, obtida em teor de umidade de 14% .................................................................................................... 13

4

Page 6: Irgovel Rel de Estágio

Sumário

1 Introdução ...........................................................................................................1.1 Histórico da empresa .....................................................................................1.2 Produtos da IRGOVEL ....................................................................................

2 Objetivos .............................................................................................................2.1 Objetivo geral ..................................................................................................2.2 Objetivos específicos .....................................................................................

3 Atividades desenvolvidas .................................................................................3.1 Análises do farelo de arroz .....................................................................................3.1.1 Impurezas ......................................................................................................3.1.2 Grau de acidez................................................................................................3.1.3 Extrato etéreo ................................................................................................3.2 Análise do farelo peletizado ..........................................................................3.2.1 Determinação de umidade .............................................................................3.3 Análises dos produtos da extração do farelo de arroz ...............................3.3.1 Análises do óleo bruto ...................................................................................3.3.1.1 Grau de acidez ............................................................................................3.3.1.2 Determinação de umidade ..........................................................................3.3.1.3 Matéria decantada ......................................................................................3.3.1.4 Insolúveis em acetona ................................................................................3.3.2 Análise do farelo desengordurado .................................................................3.3.2.1 Extrato etéreo .............................................................................................3.4 Análises dos produtos da etapa de refino do óleo de arroz .......................3.4.1 Análises dos produtos da etapa de degomagem ...........................................3.4.1.1 Análise do óleo degomado .........................................................................3.4.1.2 Análise da goma .........................................................................................3.4.2 Análises dos produtos da etapa de neutralização .........................................3.4.2.1 Análises do óleo neutro ..............................................................................3.4.2.2 Análises do óleo da primeira lavagem ........................................................3.4.2.3 Análises do óleo da segunda lavagem .......................................................3.4.2.4 Análise do óleo neutro seco ........................................................................3.4.2.5 Análise da borra ..........................................................................................3.4.3 Análises do óleo da etapa de braqueamento ................................................3.4.3.1 Grau de acidez ............................................................................................3.4.3.2 Análise colorimétrica ...................................................................................3.4.3.3 Determinação de umidade ..........................................................................3.4.3.4 Determinação de sabões ............................................................................

778

101010

111213141414151616171818181919192020222223252526272829293030

5

Page 7: Irgovel Rel de Estágio

3.4.4 Análises do óleo da etapa de deceramento ...................................................3.4.4.1 Grau de acidez ............................................................................................3.4.4.2 Análise colorimétrica ...................................................................................3.4.5 Análises do óleo da etapa de desodorização ................................................3.4.5.1 Grau de acidez ............................................................................................3.4.5.2 Análise colorimétrica ...................................................................................3.4.5.3 Ponto de fumaça .........................................................................................3.4.5.4 Análises sensoriais .....................................................................................3.4 Análises dos óleos da destilaria ...................................................................3.4.1 Análise do óleo hidrolisado ............................................................................3.4.1.1 Grau de acidez ............................................................................................3.4.2 Análises do óleo destilado .............................................................................3.4.2.1 Grau de acidez ............................................................................................3.4.2.2 Análise colorimétrica ...................................................................................3.5 Análises das rações .......................................................................................3.5.1 Determinação de umidade .............................................................................3.5.2 Determinação de proteínas ............................................................................3.5.3 Extrato etéreo ................................................................................................3.5.4 Determinação de fibras ..................................................................................3.6 Considerações finais .....................................................................................

4 Sugestões ...........................................................................................................4.1 Sugestões ao curso de Bacharelado em Química de Alimentos ...............4.2 Sugestões à indústria Irgovel ........................................................................

5 Conclusão ...........................................................................................................

Referências ...........................................................................................................

3031313132323333343434343535353536363637

383838

39

40

1 Introdução

1.1 Histórico da empresa

6

Page 8: Irgovel Rel de Estágio

A Irgovel Indústria Riograndense de Óleos Vegetais Ltda, é uma empresa

originária do estado de Goiás, que até o início da década de 70 era a maior

produtora de arroz. Nessa região também se concentrava o maior número de

empresas de beneficiamento de arroz, que por conseqüência acabou despertando o

interesse no desenvolvimento dos seus subprodutos.

Em 1972, o Rio Grande do Sul passou a liderar a produção nacional de

arroz, e com isso a empresa, já detentora da tecnologia de produção e

industrialização de óleo de arroz, foi atraída para a cidade de Pelotas, onde

implantou a maior e mais moderna indústria brasileira do setor(Fig.1).

Até hoje a Irgovel é pioneira e única fabricante de óleo de arroz comestível

no Brasil. Seu parque industrial ocupa uma área de 50.000 m² e tem capacidade de

processar 60.000 toneladas/ano de farelo de arroz, matéria-prima obtida do

processo de beneficiamento do arroz, utilizada para obtenção de óleo, alcançando

um rendimento de aproximadamente 20% de óleo. A empresa conta hoje com um

quadro de mais de 200 funcionários, trabalhando 24 horas por dia. A empresa atua

tanto no mercado nacional como também no mercado internacional, exportando

seus produtos para o MERCOSUL, Ásia e União Européia.

Recentemente, mais precisamente no dia quatorze de março de dois mil e

oito, a empresa foi comprada pelo grupo americano Nutacea, sediado no estado do

Arizona que também se dedica à produção de farelo e produtos nutracêuticos

(IRGOVEL, 2008).

Figura 2: Foto da Indústria Riograndense de Óleos Vegetais e Ltda.

Fonte: IRGOVEL,2008.

7

Page 9: Irgovel Rel de Estágio

1.2 Produtos da Irgovel

A Irgovel comercializa, a partir do farelo de arroz, óleo de arroz com

diferentes graus de beneficiamento, ou seja, desde óleo bruto até o óleo que passou

por todas as etapas de refino (óleo degomado, óleo neutralizado, óleo clarificado,

óleo decerado e óleo refinado). Todos estes óleos são comercializados à granel (em

tambores de 180 kg ou em carretas de 25.000 kg), sendo que o óleo refinado

também é comercializado em embalagens de pet ou lata de alumínio, ambas de 900

mL.

Além dos óleos de arroz a Irgovel ainda realiza o envase de óleo refinado de

algodão, canola, girassol, milho e soja.

A Irgovel também comercializa todos os subprodutos do processo de

extração e refino do óleo oriundo do farelo de arroz. Da etapa de extração do farelo

de arroz se obtém o farelo de arroz desengordurado estabilizado e peletizado

(FADE) ou é utilizado como insumo para a fábrica de rações ou usado diretamente

na alimentação animal. Os produtos obtidos da etapa de refino do óleo de arroz são:

a goma, que é obtida da etapa de degomagem; a borra, que é obtida da etapa de

neutralização; e a cera, que é obtida da etapa de deceramento do óleo. Também é

comercializado ácido graxo destilado, produto com 99,9 % de pureza, utilizado com

alta rentabilidade na indústria química, em especial para elaboração de produtos de

higiene e limpeza.

A empresa possui ainda uma vasta gama de rações animais especialmente

formuladas para aves, bovinos de leite, bovinos de corte, eqüinos, suínos e ovinos,

onde o principal insumo utilizado é o farelo de arroz desengordurado (Fig.2). As

rações são comercializadas à granel ou em embalagens de polipropileno de 25 e 40

Kg.

Figura 2: Alguns dos produtos produzidos e comercializados pela Irgovel.

8

Page 10: Irgovel Rel de Estágio

Fonte: IRGOVEL,2008.

2 Objetivos

2.1 Objetivo geral

Este estágio teve como principal objetivo colocar em prática e aprimorar os

conhecimentos adquiridos durante o Curso de Bacharelado em Química de

9

Page 11: Irgovel Rel de Estágio

Alimentos, permitindo evidenciar a importância de aliar a teoria desenvolvida em

sala de aula com a prática em uma indústria de alimentos.

2.2 Objetivos específicos

Conhecer e acompanhar as etapas de processamento do farelo de arroz,

desde a recepção da matéria-prima até a obtenção do óleo bruto, acompanhar as

etapas do refino do óleo de arroz e a produção das rações, bem como atuar no

controle de qualidade de cada etapa através de análises físico-químicas.

3 Atividades desenvolvidas

O estágio obrigatório para a obtenção do título de Bacharel em Química de

Alimentos foi realizado na Irgovel Indústria Riograndense de Óleos Vegetais Ltda.,

localizada no município de Pelotas/RS, durante os meses de julho a outubro de

10

Page 12: Irgovel Rel de Estágio

2008, totalizando 510 horas. Inicialmente realizou-se um acompanhamento de todos

os setores da indústria, através da observação das atividades realizadas, desde a

chegada dos insumos e matérias-primas até a expedição dos produtos obtidos.

Setores como almoxarifado, manutenção e estação de tratamento de efluentes,

também foram observados.

Após a observação de todos os setores da indústria, para o entendimento do

processo de extração e refino de óleo de arroz, o período restante do estágio foi

desenvolvido no laboratório de análises físico-químicas, onde as avaliações

realizadas permitem controlar o processo e a qualidade dos produtos.

Dentre as atividades acompanhadas e realizadas, abordam-se mais

especificamente neste relatório as análises físico-químicas executadas em todos os

produtos comercializados pela empresa.

Diariamente, são realizadas no laboratório físico-químico de controle de

qualidade análises do farelo de arroz, do farelo peletizado, dos óleos de todas as

etapas do processo e das rações comercializadas.

A figura 3 apresenta o fluxograma do processo de obtenção do óleo de

farelo de arroz, conforme executado pela empresa Irgovel, para melhor

compreensão dos produtos que são originados e os pontos de controle realizados.

11

Farelo de arroz

Extração

Óleo bruto

DegomagemGoma

Page 13: Irgovel Rel de Estágio

Figura 3 - Fluxograma geral do processo de extração e refino do óleo de farelo de arroz.

3.1 Análises do farelo de arroz

A Irgovel atualmente processa cerca de 250 toneladas de farelo de arroz por

dia. Logo após a chegada à Irgovel, através de caminhões graneleiros ou carretas,

uma amostra do farelo de arroz é coletada e enviada ao laboratório de controle de

qualidade, para a realização de análises de impurezas, acidez e extrato etéreo.

Essas análises são realizadas com o objetivo de controlar a matéria-prima a ser

processada e classificar seus fornecedores, ou seja, quanto mais distante dos

padrões estiver o farelo, menor será o valor atribuído à negociação, sendo que, no

caso do produto ser de qualidade muito baixa, a empresa pode deixar de comprar do

respectivo fornecedor.

O farelo de arroz recebido na empresa pode ser proveniente do polimento do

arroz branco ou do polimento do arroz parboilizado.

Na tabela 1 consta a composição aproximada do arroz e dos produtos de

arroz.

12

Neutralização

Clarificação

Deceramento

Desodorização

Filtração

Embalagem

Ração Borra

Ácido Graxo Bruto

Hidrolisado

Destilado

Cera

Page 14: Irgovel Rel de Estágio

Tabela 1 – Composição físico-química dos produtos de arroz, obtida em teor de

umidade de 14%.

Produto Proteína

(%)

Gordura

(%)

Fibras

(%)

Cinzas

(%)

Carboidratos

(%)

Arroz bruto 5,8 - 7,7 1,5 - 2,3 7,2 - 10,4 2,9 - 5,2 64 - 73

Arroz integral 7,1 - 8,3 1,6 - 2,8 0,6 - 1,0 1,0 - 1,5 73 - 87

Arroz polido 6,3 - 7,1 0,3 - 0,5 0,2 - 0,5 0,3 - 0,8 77 - 89

Farelo do arroz 11,3 - 14,9 15,0 - 19,7 7,0 - 11,4 6,6 - 9,9 34 - 62

Casca do arroz 2,0 - 2,8 0,3 - 0,8 34,5 - 45,9 13,2 - 21,0 22 - 34

Fonte: Composição do farelo de arroz, 2008.

3.1.1 Impurezas

O objetivo desta análise é para verificar a porcentagem de impurezas

presente no farelo de arroz, dentre as impurezas, classifica-se no farelo a presença

de casca, arroz, quirera e ponta de arroz. Esta análise é feita pesando uma massa

de 50 gramas de farelo sobre uma peneira com malha de 20 Tyler e realizando o

peneiramento; as impurezas retidas são pesadas e calculada a porcentagem de

impureza. A porcentagem de impurezas contida no farelo de arroz varia de 8 a 30%.

Na composição do farelo encontram-se teores variáveis de amido

proveniente do endosperma, como também resíduos de casca e de fragmentos de

grãos, devido ao processo de descasque e polimento do produto. Em um farelo de

boa qualidade esses contaminantes são indesejáveis e devem ser evitados tanto

quanto possível (CARVALHO et al.,1999)

A importância da análise de impurezas justifica-se pela redução no

rendimento da extração do óleo, causado pela presença de impurezas. Material

diferente de farelo, além de não conter óleo dificulta as operações de extração,

podendo causar obstrução das telas da prensa (RENDIMENTO DE ..., 2008).

3.1.2 Grau de acidez

A análise de acidez no farelo é de grande importância, visto que o farelo de

arroz contém várias enzimas, dentre as quais se destaca a presença de enzimas α-

13

Page 15: Irgovel Rel de Estágio

amilase, β-amilase, catalase, lipases, lipoxigenases e peroxidases, sendo as 3

últimas as mais importantes. As enzimas lipolíticas, as quais são ativadas na etapa

de polimento do grão de arroz, hidrolisam os triglicerídeos do produto e aumentam

rapidamente a quantidade de ácidos graxos livres, reduzindo o rendimento em óleo

neutro e dificultando seu refino.

Essas reações desencadeiam processos de rancidez oxidativa e hidrolítica

que devem ser controlados para evitar a degradação do farelo de arroz e permitir

sua utilização como matéria-prima para obtenção de óleo comestível. Isto pode ser

conseguido pela estabilização do farelo por métodos físicos ou químicos, ou pela

extração do óleo imediatamente após a obtenção do farelo (PAUCAR-MENACHO et

al, 2007). A análise de acidez é realizada segundo a metodologia da AOAC (1997).

3.1.3 Extrato Etéreo

A análise de extrato etéreo é realizada segundo as normas da AOAC (1997),

com o objetivo de conhecer o percentual de óleo contido no farelo de arroz. Em

geral, a quantidade de óleo no farelo de arroz branco é de 12 a 20 % e no farelo de

arroz parboilizado esse teor varia de 18 a 25 %.

3.2 Análise do farelo peletizado

Para que ocorra da extração de óleo do farelo de arroz é necessária a

realização do condicionamento da massa a ser extraída. Os objetivos do

condicionamento são: permitir a obtenção de aglomerados (pellets) com

características adequadas de resistência mecânica, velocidade de extração,

percolabilidade e drenabilidade, além de permitir a liberação de óleo contido nos

esferozomas para facilitar a etapa de extração (MORETO 1998; ZAMBIAZI, 2004).

A análise do farelo peletizado é realizada no farelo cozido úmido

(imediatamente após o cozimento), no farelo seco (após passar pelo secador) e no

farelo já desendordurado peletizado (FADE ou ração já elaborada).

3.2.1 Determinação de umidade

14

Page 16: Irgovel Rel de Estágio

A água presente no farelo na etapa do cozimento desempenha a função de

meio de transferência de calor, além de hidratar os fosfolipídeos, promover a

coagulação de proteínas e facilitar a ruptura da película dos esferozomas para

ocorrer a liberação de óleo. Porém, a quantidade de água não pode ser muito

elevada, para não gerar sobrecarga do secador durante a etapa de secagem, pois a

umidade do pellet no secador tem que estar entre 8 e 10 %, para que ocorra melhor

rendimento de extração de óleo. Se a umidade for muito elevada, o material se torna

muito fluído, originando um óleo com muitas impurezas, por outro lado, se o material

estiver muito seco, ele fica farinhento e não se compacta, ocorrendo menor

rendimento na extração (ZAMBIAZI, 2004).

A umidade no farelo desengordurado peletizado (FADE ou ração) não pode

ser maior que 12 %, para não aumentar as possibilidades de desenvolvimento de

bolores.

A determinação de umidade nos pellets é realizada em uma balança

determinadora de umidade, onde a evaporação da água e dos voláteis de uma

amostra, até o peso constante, é realizada por ação de uma lâmpada que emite

radiação infravermelha.

A Fig. 4 mostra o farelo de arroz antes e depois do processo de peletização.

Figura 4: Farelo de arroz e pellets.

3.3 Análises dos produtos da extração do farelo de arroz

15

Page 17: Irgovel Rel de Estágio

Os produtos resultantes da extração do farelo de arroz são o próprio farelo

de arroz, porém desengordurado, e o óleo bruto de arroz. O óleo do farelo de arroz é

extraído por meio do solvente hexano, que é o solvente universal adotado nas

indústrias de óleos, por possuir alto poder extrativo e relativamente baixo ponto de

ebulição e custo, apesar de ter como desvantagens o fato de ser inflamável,

explosivo e tóxico (OETTERER, 2006).

Entretanto, os dois produtos resultantes da extração não devem conter a

presença de solvente, já que isso indica falha no processo e perda de solvente. Por

esse motivo, é realizado em ambos os produtos o teste do fogo. Este teste é feito

ateando um fósforo aceso, tanto em um erlenmeyer que vem tampado contendo

amostra de óleo bruto, quanto em uma lata tampada contendo farelo de arroz pós-

extração.

3.3.1 Análises do óleo bruto

Logo após a realização do teste do fogo, caso este dê resultado negativo

(não ter ocorrido à presença de fogo, o que indica ausência de solvente) recolhe-se

uma amostra de óleo bruto para avaliar o grau de acidez, sendo esta determinação

repetida em intervalos de duas horas; também são realizadas as análises de

umidade, matéria decantada e insolúveis em acetona, sendo estas repetidas a cada

seis horas.

3.3.1.1 Grau de acidez

As características que depreciam e diferenciam o óleo de arroz bruto da

maioria dos óleos vegetais são o alto teor de ceras e ácidos graxos livres (AGL). O

aumento rápido da acidez do óleo de arroz é devido a lipólise enzimática, o óleo

sofre hidrólise com formação de AGL, o que dificulta o refino para fins comestíveis

(MORETO et al, 1998).

Na indústria Irgovel, na maioria das vezes, o processo de refino do óleo não

ocorre continuamente, por esse motivo o óleo oriundo da extração é armazenado em

tanques de inox até que ocorra o processo de refino. A análise do grau de acidez é

realizada com o objetivo de determinar a acidez com que o óleo está saindo após a

extração, para enviá-lo ao tanque no qual é compatível com a acidez de outros óleos

16

Page 18: Irgovel Rel de Estágio

já estocados, ou seja, óleos de alta acidez vão para um tanque (acima de 10% de

acidez) e óleos de baixa acidez vão para outro tanque (até 10% de acidez). A

análise de acidez também é realizada quando o óleo estocado vai ser refinado, para

saber com qual acidez este óleo vai entrar no processo.

A determinação de ácidos graxos livres é dada pela porcentagem (em peso)

de ácidos graxos livres, em relação a um ácido graxo específico, geralmente o ácido

oléico (PM = 282 g) ou outro ácido graxo predominante na amostra. O procedimento

está baseado na dissolução a quente da gordura em solvente previamente

neutralizado, seguido de titulação com uma solução padrão de NaOH, na presença

de fenolftaleína como indicador (OSAWA; GONÇALVEZ; RAGAZZI, 2006).

Em óleos brutos e degomados, a determinação da % AGL por titulação com

indicador é operacionalmente difícil e o ponto de viragem é impreciso, uma vez que

esses óleos não foram submetidos a processo de clarificação. Os pigmentos

presentes mascaram a observação do ponto de equivalência da titulação com

indicador, podendo ocasionar muitas vezes um erro (OSAWA; GONÇALVEZ;

RAGAZZI, 2006).

3.3.1.2 Determinação de umidade

A análise de umidade avalia a presença de água na amostra. Como a água

não possui valor energético, a sua presença reduz o valor energético do produto e

reduz sua qualidade; muitas vezes a adição de água é feita intencionalmente,

constituindo-se em fraude. Os padrões de avaliação toleram a contaminação de

óleos e gorduras com no máximo 1 % de água. A água presente nos óleos e

gorduras acelera o processo de oxidação (AVALIAÇÃO DA QUALIDADE ..., 2008).

Para a determinação de umidade usa-se o método direto, no qual a água é

retirada do produto por processo de aquecimento, sendo o teor de umidade

calculado pela diferença de peso das amostras no início e final do processo

(VALENTINI; CASTRO; ALMEIDA; 1998).

3.3.1.3 Matéria decantada

17

Page 19: Irgovel Rel de Estágio

A realização da análise de matéria decantada no óleo bruto não é uma

medida de controle e sim apenas uma análise para se ter conhecimento do estado

em que o óleo está saindo da etapa de extração. Nessa análise observa-se a

quantidade de impurezas presentes no óleo, como por exemplo, restos de farelo.

Normalmente a quantidade de matéria decantada no óleo bruto varia de

traços a 1 %, ou seja, indicando que óleo extraído quase não possui impurezas. Esta

determinação é realizada colocando-se 10 mL de amostra em um tubo graduado

que é centrifugado por 15 minutos em uma velocidade de 1500 rpm.

3.3.1.4 Insolúveis em acetona

O método determina matéria insolúvel em acetona, inclusive fosfatídios em

óleos brutos e degomados (MORETTO; FETT, 1998).

A técnica para determinação de insolúveis em acetona, realizada na Irgovel,

consiste em pesar cinco gramas do óleo em um tubo graduado e adicionar, até a

marca de 10 mL do tubo, acetona saturada com iodeto de potássio; na seqüência,

centrifuga-se por 15 minutos na velocidade de 1500 rpm. A quantidade de insolúveis

em acetona, presente no óleo bruto, geralmente, é em torno de 3%.

3.3.2 Análise do farelo desengordurado

Após a realização do teste do fogo, sendo o resultado negativo, recolhe-se

uma amostra deste farelo para realização da análise de extrato etéreo, que deve

indicar a quantidade de óleo remanescente na amostra.

3.3.2.1 Extrato etéreo

Após a extração com hexano, do óleo do farelo de arroz, a presença de óleo

no farelo deve ser mínima. Quanto menor a presença de óleo no farelo maior a

eficiência do processo de extração, pois, maior será o rendimento de óleo extraído.

Desta forma, o objetivo da análise de extrato etéreo no farelo “desengordurado” é

avaliar a eficiência do processo de extração. Está análise é realizada pelo método

de Soxhlet, utilizando-se hexano como solvente. Geralmente a quantidade de óleo

remanescente no farelo varia de 0,4 a 2,0%.

18

Page 20: Irgovel Rel de Estágio

3.4 Análises dos produtos da etapa de refino do óleo de arroz

O óleo bruto, extraído por solvente, deve obrigatoriamente passar pelas

etapas que compõem o refino. Os componentes não triglicerídeos são retirados,

incluindo-se ácidos graxos livres, peróxidos e compostos voláteis, como aldeídos e

cetonas, que perfazem o total de perdas do refino. Quanto mais baixa a qualidade

do óleo bruto, maiores são as perdas e os gastos no refino, e menor é o rendimento

industrial (OETTERER, 2006).

O refino propriamente dito começa nos tanques de óleo bruto, não só pela

deposição por gravidade do material insolúvel, mas também pela observação das

normas corretas de bombeamento e estocagem, mantendo a qualidade do óleo

(OETTERER, 2006).

O processo de refino ao qual é submetido um óleo bruto, para que este

atinja o grau comestível, é decisivo na qualidade (odor, sabor e cor), na

funcionalidade (composição em ácidos graxos, vitaminas e antioxidantes) e no custo

(perda de óleo neutro, equipamentos e custo energético) do produto final

(PESTANA, 2007).

Nas indústrias, após o término de cada fase do processamento, são

enviadas amostras do material ao laboratório de controle de qualidade para que se

proceda a avaliação. Quando surge algum problema, outras análises são efetuadas

e o material retorna ao processamento. Uma vez satisfeitas todas as condições

estabelecidas pelos padrões da indústria (ou legislação), o produto segue para o

acondicionamento e expedição (CAMARGO,1998).

Na indústria Irgovel, para o refino do óleo bruto de arroz são realizadas

todas as etapas inerentes, ou seja, degomagem, neutralização, branqueamento,

deceramento e desodorização. Durante o decorrer de cada etapa do processo é

realizada a coleta de uma amostra de óleo, que é levada até o laboratório para que

seja realizado o controle do processo. A cada hora é realizada análise de acidez nos

óleos de todas as etapas do refino, e também a análise de cor, exceto no óleo

degomado. A análise de acidez é expressa em percentual de ácido oléico, de acordo

com AOAC (1997). A análise de cor é efetuada através do fotocolorímetro-Lovibond.

Outras análises que são realizadas nos óleos são feitas a cada seis horas e essas

serão descritas posteriormente.

19

Page 21: Irgovel Rel de Estágio

3.4.1 Análises dos produtos da etapa de degomagem

A degomagem é um processo de tratamento que tem por objetivo principal a

remoção de fosfolipídios, utilizando agentes de floculação (água/ácido), criando

assim, condições para que haja a precipitação das gomas, que arrastam consigo

compostos metálicos e coloridos, com eliminação por intermédio de centrífuga

separadora (GERMANO; GERMANO, 2008).

3.4.1.1 Análise do óleo degomado

No óleo degomado são realizadas análises de acidez, insolúveis em acetona

e matéria decantada.

3.4.1.1.1 Grau de acidez

Após o óleo ter passado pela etapa de degomagem, uma das análises

realizadas é a do grau de acidez, que tem por finalidade descobrir qual acidez que o

óleo apresenta nesse estágio, já que a acidez é um fator determinante na etapa

seguinte do processo de refino. É importante a realização desta, pois durante essa

etapa o óleo é adicionado de água e submetido a temperaturas mais elevadas,

fatores que podem acarretar reações hidrolíticas, que geram aumento de acidez

devido a liberação de ácidos graxos livres; quanto maior o percentual de água no

óleo, mais rapidamente estas reações ocorrem (CELLA; D’ ARCE; SPOTO, 2002).

Por outro lado, há também o excesso de ácido fosfórico (que não reagiu), e

conseqüentemente, influencia no aumento da acidez do óleo degomado (MORAIS et

al, 2001).

Nos padrões estabelecidos pela Irgovel o óleo degomado deve estar com

acidez de no máximo 12 % em ácido oléico.

3.4.1.1.2 Insolúveis em acetona

A realização da análise de insolúveis em acetona no óleo indica,

principalmente, a presença de goma, já que esta interfere na neutralização. A goma

20

Page 22: Irgovel Rel de Estágio

tem a propriedade de emulsificar o óleo, e caso permaneça na etapa de

neutralização, grande quantidade de óleo é perdida por arraste com a borra, que é o

resíduo da reação de neutralização. Além disso, a operação posterior de quebra da

borra se torna extremamente difícil em presença de alto teor de gomas

(OETTERER, 2006).

Pelos motivos enumerados é aconselhável a retirada das gomas antes da

etapa de neutralização (PESTANA, 2007).

O procedimento realizado para a análise da matéria decantada consiste em

colocar a amostra dentro de tubos graduados de 10 mL e centrifugá-los na

velocidade de 1500 rpm por 15 minutos.

3.4.1.1.3 Matéria decantada

Nessa análise é observada a quantidade de impurezas presentes no óleo,

como por exemplo, restos de farelo no óleo.

O modo de execução e os resultados desta análise são similares aos já

descritos para o óleo bruto.

3.4.1.2 Análise da goma

A maior parte dos óleos contém fosfolipídeos, também conhecidos como

fosfatídeos ou simplesmente gomas. Estes fosfatídeos são excelentes agentes

emulsificantes e também aumentam as perdas durante o processo de refino

(ZAMBIAZI, 2004). Por estes motivos, as gomas devem ser removidas do óleo.

Os fosfolipídeos existem em duas formas no óleo, na forma hidratável e na

forma não hidratável. A primeira forma é prontamente removida pela adição de

água, ao passo que a segunda não é afetada pela água e tende a ser mais

lipossolúvel (OETTERER, 2006).

A análise realizada na goma é a matéria decantada, sendo esta realizada

em intervalos de seis horas.

3.4.1.2.1 Matéria decantada

21

Page 23: Irgovel Rel de Estágio

Analisa-se, na goma, a porcentagem de matéria decantada, de água e de

óleo restante. O mais importante é que não permaneça resíduo de óleo na goma, o

que significa perda de óleo no processo. Segundo Oetterer (2006), as gomas

apresentam considerável quantidade de óleo, o que incorre em altas perdas.

Esta análise é realizada seguindo o mesmo procedimento descrito

anteriormente.

3.4.2 Análises dos produtos da etapa de neutralização

A neutralização tem como principal fundamento o condicionamento do óleo

para abastecimento da centrífuga separadora. Este processo divide-se basicamente

em quatro etapas: condicionamento, neutralização, lavagem e secagem.

A neutralização é uma das etapas de maior importância no processo. Ela

tem como objetivo principal a retirada de ácidos graxos livres, que são responsáveis

pela acidez do óleo. Através da reação dos ácidos graxos livres com solução de

soda cáustica os mesmos são transformados em sabões, que são removidos por

processos físicos junto com fosfatídeos não hidratáveis (GERMANO; GERMANO,

2008).

A retirada dos ácidos graxos livres contribui para a estabilização do óleo,

diminuindo a suscetibilidade à rancificação e a alteração de cor (BARUFFALDI,

1998).

Na Irgovel, são enviadas da produção para o laboratório amostras do óleo

neutro, que são denominadas de óleo da centrífuga, óleo da primeira lavagem e óleo

da segunda lavagem, além destas também são enviadas amostras da borra (resíduo

do processo de neutralização).

3.4.2.1 Análises do óleo neutro

O óleo neutro consiste no óleo que já foi tratado com soda cáustica e passou

pela centrífuga para a retirada da borra (CAMARGO, 1984).

Na Irgovel no óleo neutro são realizadas análises de acidez, cor, umidade e

sabões.

22

Page 24: Irgovel Rel de Estágio

3.4.2.1.1 Grau de acidez

O óleo neutro é o que apresenta menor valor de acidez durante todo o

processo de refino, ou seja, conseguindo alcançar uma acidez de óleo refinado.

Para estar dentro dos padrões da empresa este óleo deve apresentar uma acidez

entre 0,02 a 0,05 % em ácido oléico. A menor acidez deste óleo deve-se ao

tratamento com NaOH, que pode reduzir o teor de ácidos graxos livres a 0,01 - 0,03

% nessa etapa (OETERER, 2006).

3.4.2.1.2 Análise colorimétrica

A técnica para viabilizar a leitura da cor, mundialmente aceita, é a

determinação de cor em colorímetro Lovibond (AOCS, 2002). Este é um método

bastante subjetivo que consiste na comparação visual de amostras de óleos

contidas em uma cubeta de 51/4’’, com a combinação de padrões, nas cores amarelo

(Y) e vermelho (R). Embora subjetivo, os padrões de cor Lovibond são aceitos em

quase todo o mundo como meio seguro de se chegar a valores precisos de cores.

Segundo Moretto e Fett (1998), a etapa de neutralização exerce um efeito

branqueador no óleo devido à coagulação e ação química.

Estudos demonstram que existe uma relação entre a cor e o conteúdo de

acidez, ou seja, um aumento na acidez reflete em aumento da cor (CELLA; D’

ARCE; SPOTO, 2002).

O óleo desta etapa do processo apresenta intensidade de cor fixada na cor

20 amarelo, normalmente apresenta coloração em 1 azul e a cor vermelho varia de 4

a 6,5.

3.4.2.1.3 Determinação de umidade

A técnica de determinação de umidade é realizada pelo método direto, como

já foi descrito anteriormente. Esta análise é realizada a cada seis horas para controle

de processo.

3.4.2.1.4 Determinação de sabões

23

Page 25: Irgovel Rel de Estágio

A determinação de sabões após a neutralização tem o propósito de

determinar a quantidade de água que será necessária adicionar na etapa seguinte,

que é a primeira lavagem.

O óleo resultante da etapa de neutralização ainda contém um pouco de

sabão e deve receber uma certa quantidade de água para a remoção do sabão

residual (GERMANO; GERMANO, 2008).

Para esta análise, primeiramente, pesa-se cerca de 40 g de amostra em um

erlenmeyer e adiciona-se 1 mL de água destilada e 50 mL de solução de acetona

neutralizada (contendo indicador bromofenol). Aguarda-se a separação das fases:

se a fase superior for amarela indica ausência de sabões; se estiver verde, titula-se

a amostra com HCl 0,01 N até a viragem para cor amarela permanente.

Fórmula do cálculo para a determinação de sabões é apresentada na

equação a baixo:

ppm de sabões = (mL gasto – mL branco) x 0,01 x 304400

Peso da amostra (g)

3.4.2.2 Análises do óleo da primeira lavagem

Logo após a retirada da borra do óleo por centrifugação, este deve passar

por lavagens com água quente para a eliminação de resíduo de sabões

(CAMARGO, 1984). Na Irgovel esse processo ocorre em duas etapas: primeira e

segunda lavagem.

No óleo da primeira lavagem são realizadas análise de acidez, umidade e

sabões.

3.4.2.2.1 Grau de acidez

A acidez do óleo da primeira lavagem é maior que a acidez do óleo neutro,

essa varia de 0,06 a 0,25 % em ácido oléico. O aumento de acidez pode ser devido

a ocorrência de maior conteúdo de umidade deste, visto que nesta etapa o óleo é

lavado com água para garantir total retirada da soda residual e da borra (PESTANA

et al., 2006).

24

Page 26: Irgovel Rel de Estágio

3.4.2.2.2 Determinação de umidade

A técnica de determinação de umidade é realizada pelo método direto, como

já foi descrito anteriormente. Esta análise é realizada a cada seis horas para controle

do processo.

3.4.2.2.3 Determinação de sabões

A análise de determinação de sabões nessa etapa tem o objetivo de verificar

a eficiência do processo de primeira lavagem do óleo. Segundo Oetterer (2006), a

eficiência de separação do sabão residual no óleo nessa primeira fase é de 90 %.

3.4.2.3 Análises do óleo da segunda lavagem

A operação de segunda lavagem é necessária para que as operações

subseqüentes não sejam prejudicadas em termos de qualidade e nem de aspecto

econômico (GERMANO; GERMANO, 2008).

No óleo da segunda lavagem são realizadas as análises de umidade e

sabões.

3.4.2.3.1 Determinação de umidade

A determinação de umidade é realizada pelo método direto, como já foi

descrito anteriormente. Esta análise é realizada a cada seis horas para controle do

processo.

3.4.2.3.2 Determinação de sabões

25

Page 27: Irgovel Rel de Estágio

O óleo obtido da segunda lavagem deve estar isento de sabão, porém

contém alto teor de umidade, devendo ser conduzido para um secador a vácuo

(OETTERER, 2006). Na Irgovel essa condição de isenção de sabões não ocorre,

indicando falha no processo.

3.4.2.4 Análise do óleo neutro seco

Após as duas lavagens que são realizadas no óleo, este passa pela etapa

final da neutralização, que consiste de uma secagem a vácuo, a fim de reduzir os

teores de umidade remanescentes da lavagem do óleo (GERMANO; GERMANO,

2008). Este óleo que passou pela secagem a vácuo é chamado de óleo neutro seco.

Nesse óleo são analisados a acidez, umidade e sabões.

3.4.2.4.1 Grau de acidez

A determinação da acidez serve para ter controle do processo, para saber

com qual acidez que esse óleo está saindo depois de todas as etapas da

neutralização. O índice de acidez do óleo neutro seco varia de 0,05 a 0,12 % em

ácido oléico. A acidez permitida pela legislação brasileira para óleo de arroz

neutralizado (ou seja, óleo semi-refinado), é de no máximo 0,8 % em ácido oléico,

indicando que os padrões de acidez da Irgovel atendem a legislação vigente

(ANVISA, 1999).

3.4.2.4.2 Determinação de umidade

A determinação de umidade é realizada pelo método direto, como já foi

descrito anteriormente. Devido ao óleo desta etapa do processo ter passado por

uma secagem a vácuo, deve apresentar-se praticamente isento de umidade. Esta

análise é realizada a cada seis horas para controle do processo.

3.4.2.4.3 Determinação de sabões

A determinação de sabões nessa etapa, objetiva verificar a eficiência dos

processos de lavagens do óleo, sendo que, se o processos de lavagem forem

26

Page 28: Irgovel Rel de Estágio

eficientes, o óleo não deve mostrar presença de sabões. Porém, na Irgovel não se

verifica a ausência de sabões no óleo neutro seco, o que indica falha nos processos

de lavagem, o que resulta em prejuízos tanto na qualidade do óleo quanto no

aspecto econômico (GERMANO; GERMANO, 2008).

3.4.2.5 Análise da borra

A borra é o nome dado ao sabão que é gerado no processo de refino do

óleo na etapa de neutralização, a qual é separada do óleo por centrifugação

(CAMARGO, 1984).

A borra contém, além de seu maior conteúdo em sabões, óleo neutro,

fosfolipídeos, resinas e mucilagens, proteínas, pigmentos e alguns compostos

insaponificáveis. Este subproduto é utilizado como componente energético de

rações e como fonte de ácidos graxos para a indústria oleoquímica (OETERER,

2006).

Segundo Moretto e Fett (1998) outro fator de perdas resultantes da

neutralização é o arraste de óleo neutro pela borra.

Na borra são realizadas as análise de determinação de matéria graxa e

acidez.

3.4.2.5.1 Determinação de matéria graxa

Esta análise tem por objetivo determinar a porcentagem de óleo presente na

borra. Através dessa análise consegue-se detectar a quantidade de óleo que ficou

retida na borra, sendo este fator responsável por perdas que ocorrem no processo.

Quanto menos óleo estiver contido na borra mais eficiente foi o processo de

neutralização e menores serão as perdas decorrentes.

A análise de matéria graxa na borra ocorre em duas etapas, a primeira é o

corte da borra e a segunda é a sua lavagem. Logo abaixo estão descritos estes

procedimentos.

Para a realização do corte da borra são pesados 3g de amostra, que são

adicionados de 20 mL de água destilada e de 1,5 mL de ácido sulfúrico

concentrado. A mistura é deixada em chapa quente até formação de 2 fases.

Para a lavagem da borra transfere-se a amostra com água quente a 70ºC e

2 colheres de NaCl (com pH ajustado em 7,0) para um balão previamente pesado,

27

Page 29: Irgovel Rel de Estágio

lava-se bem o funil usado para transferência com hexano (que após será

recuperado). O balão é então levado para estufa onde permanece por 3 h. Após

esfria-se e pesa-se, sendo o conteúdo de matéria graxa calculado segundo a

equação abaixo.

%Mat. graxa = Peso sabão – (peso balão - amostra seca). 100

Peso amostra úmida

3.4.2.5.2 Grau de acidez

A análise de acidez na borra é realizada com a amostra seca, ou seja,

depois que esta saiu da estufa, já que é aproveitada a mesma amostra usada na

análise da matéria graxa.

O procedimento da análise de acidez realizada na borra, consiste de uma

titulação com NaOH 0,1N seguindo as normas da AOAC (1997).

3.4.3 Análises do óleo da etapa de braqueamento

Esta etapa tem como principal finalidade a remoção dos pigmentos

indesejáveis (principalmente a clorofila), os quais estão naturalmente presentes, ou

aqueles que sejam produzidos por modificações e decomposição da matéria-prima

durante a estocagem, transporte e processamento. Outras impurezas também

eliminadas são resíduos de sabões, traços de metais pesados, produtos de

oxidação, resíduos de fosfatídeos e material insaponificável (ZAMBIAZI, 2004).

Processos físicos são os mais utilizados para o braqueamento, nestes são

empregadas substâncias adsorventes, como terras clarificantes, que são separadas

do óleo por filtração (CAMARGO, 1984).

O processo de degomagem já remove uma certa quantidade de corantes

presentes no óleo. A neutralização com álcalis também exibe um efeito

branqueador, devido a coagulação e ação química. Todavia, o consumidor exige

28

Page 30: Irgovel Rel de Estágio

atualmente óleos e gorduras quase incolores e, por essa razão, realiza-se a etapa

de branqueamento no óleo de arroz (MORETTO e FETT, 1998).

Na Irgovel são realizadas análise de acidez, cor, umidade e sabões no óleo

clarificado.

3.4.3.1 Grau de acidez

A análise de acidez é realizada para se ter controle do processo. A acidez no

óleo clarificado varia de 0,10 a 0,25%.

Nessa etapa pode ocorrer aumento da acidez, devido a filtragem para a

retirada da terra clarificante, que é executada em presença de ar, processo que

pode levar à formação de ácidos graxos livres. Já que segundo Damy e Jorge (2003)

os ácidos graxos livres são produtos resultantes da hidrólise, ainda que pequenas

quantidades podem ser produzidas por reações oxidativas.

3.4.3.2 Análise colorimétrica

Através da análise de cor, é possível saber se a quantidade de terra

clarificante adicionada na etapa de branqueamento está sendo suficiente. Está

análise é um ponto de controle do processo de branqueamento. No caso do óleo

estar saindo muito escuro é necessário adicionar mais terra clarificante.

Quanto menor a cor no filtro vermelho do colorímetro maior é a eficiência da

etapa do branqueamento.

A técnica para essa análise é a mesma já citada anteriormente e a

intensidade de cor apresentada por esse óleo é 20 amarelo e o vermelho varia de 3

a 4,5.

3.4.3.3 Determinação de umidade

29

Page 31: Irgovel Rel de Estágio

A determinação de umidade é realizada pelo método direto, como já foi

descrito anteriormente. Esta análise é realizada a cada seis horas para controle do

processo.

3.4.3.4 Determinação de sabões

No processo de refino do óleo de arroz, na indústria Irgovel, é somente nesta

etapa o óleo apresenta ausência de sabões. A remoção de sabões no

branqueamento é devida a propriedade das terras clarificantes de remover, além de

pigmentos, outras impurezas como os resíduos de sabões, traços de metais

pesados, produtos de oxidação, resíduos de fosfatídeos e de matéria insaponificável

(ZAMBIAZI, 2004).

3.4.4 Análises do óleo da etapa de deceramento

As ceras são ésteres de ácidos graxos e monohidroxiálcoois de alto peso

molecular. Apresentam um alto ponto de fusão e são mais resistentes à hidrólise do

que os glicerídeos.

Alguns óleos vegetais, incluindo os de milho, de arroz e de soja, apresentam

quantidades suficientes de ceras (cerca de 0,0055 %), que os tornam turvos quando

resfriados (RIBEIRO e SERAVALLI, 2004).

O óleo de arroz contém um teor de ceras superior ao encontrado em outros

óleos vegetais, por isso, faz-se necessária a etapa de deceramento. O método de

remoção consiste no resfriamento do óleo no tanque, onde as ceras se cristalizam,

precipitam e são removidas por filtração ou centrifugação (PESTANA, 2007).

No óleo decerado são realizadas na Irgovel, análises de acidez e de cor.

3.4.4.1 Grau de acidez

A determinação da acidez é para se ter controle do processo, sendo que a

máxima acidez aceita pela indústria Irgovel é de 0,25 % em ácido oléico. A acidez

permitida pela legislação de óleo de arroz para esta etapa do processo, ou seja, óleo

30

Page 32: Irgovel Rel de Estágio

degomado e decerado, é de no máximo 15 % em ácido oléico, indicando que os

padrões de acidez da Irgovel atendem a legislação brasileira (ANVISA, 1999).

3.4.4.2 Análise colorimétrica

Logo após o óleo de arroz ter passado pelo processo de deceramento, este

apresenta aspecto bem mais característico de óleos vegetais, visto que, nessa etapa

foram removidas as ceras do óleo, que são as responsáveis pela turbidez do

mesmo. A análise de cor tem o objetivo de verificar se a etapa de deceramento foi

eficiente, tendo tornado o óleo mais límpido e claro.

A técnica para essa análise é a mesma já citada anteriormente e nessa

etapa de refino o óleo decerado apresenta intensidade de cor em 20 amarelo.

3.4.5 Análises do óleo da etapa de desodorização

A desodorização consiste na última etapa do processo de refino do óleo, tem

como objetivo deixar o óleo isento de substâncias voláteis, responsáveis por odores

e sabores desagradáveis (BARUFFALDI, 1998). Estas substâncias são da mais

variada natureza, tais como: ácidos graxos livres, principalmente aqueles de baixo

peso molecular, traços residuais de solventes, aldeídos, cetonas, óleos essenciais,

entre outros (CAMARGO, 1984).

A desodorização nada mais é do que uma destilação a vácuo, onde a

pressão é reduzida e a temperatura é elevada, desta forma ocorre a volatilização

dos compostos responsáveis pelo flavor e odor (ARAÚJO, 2004).

A etapa de desodorização além de remover odores desagradáveis dos

óleos, visa também uma melhoria no aspecto sabor, cor e estabilidade do produto.

Esta melhoria, porém só é possível se as etapas anteriores forem realizadas

corretamente, visto que a deficiência nos processo anteriores dificilmente são

totalmente corrigidas, o que pode afetar a qualidade final do produto (ZAMBIAZI,

2004).

No óleo desodorizado, que é o óleo que já passou por todas as etapas de

refino, são realizadas análise de acidez, cor, ponto de fumaça e análises sensoriais

de sabor e odor.

31

Page 33: Irgovel Rel de Estágio

3.4.5.1 Grau de acidez

A acidez máxima permitida pela Anvisa para óleo de arroz refinado é de 0,3

% em ácido oléico. Na Irgovel está acidez varia de 0,03 a 0,06 % em ácido oléico,

indicando que a indústria atende os padrões estabelecidos pela legislação.

Essa diminuição da acidez durante a etapa de desodorização é devido à

utilização de alta temperatura, que é responsável pela volatilização parcial dos

ácidos graxos livres (GERMANO e GERMANO, 2008).

Segundo Moretto e Fett (1998), na etapa de desodorização se tem uma

remoção quase que completa dos ácidos graxos livres residuais.

3.4.5.2 Análise colorimétrica

A análise da cor do óleo desodorizado é uma questão de qualidade na

Irgovel, já que, a aparência do óleo é a primeira barreira para aceitação do produto

pelos consumidores.

Quanto menor a intensidade da cor vermelha no colorímetro, melhor é a

aceitação do óleo pelos consumidores. A retirada dos corantes dos óleos vegetais é

mais uma questão de exigência dos consumidores, do que um requisito para sua

boa qualidade. Na realidade, os corantes naturais nunca são prejudiciais, ao

contrário, com sua retirada pode correr diminuição das propriedades alimentícias e

nutritivas do óleo, pois é inevitável a perda a perda associada com os corantes, de

vitaminas e alguns fatores de crescimento (PAUCAR-MENACHO et al, 2007).

A máxima intensidade na leitura da cor permitida pelo controle de qualidade

da Irgovel é de 20 amarelo e 3,5 vermelho.

O tempo de desodorização é importante para a redução da cor,

principalmente da coloração amarela provocada pela presença de carotenóides, que

na desodorização se decompõem pela ação da temperatura, em produtos de menor

peso molecular e conseqüentemente voláteis (ZAMBIAZI, 2004).

3.4.5.3 Ponto de fumaça

O ponto de fumaça de um óleo ou gordura indica a estabilidade térmica,

quando o produto é aquecido em contato com o ar. Esse corresponde a temperatura

32

Page 34: Irgovel Rel de Estágio

na qual são constatadas as primeiras fumaças do material sob aquecimento

(RIBEIRO e SERAVALLI, 2004).

O ponto de fumaça do óleo de arroz refinado produzido na indústria Irgovel

varia de 230 a 240 ºC.

3.4.5.4 Análises sensoriais

Os atributos avaliados nas análises sensoriais realizadas no óleo refinado da

indústria Irgovel são gosto e odor. Ambos, segundo a legislação vigente, devem ser

característicos (ANVISA, 1999).

Na Fig. 5 é mostrada a aparência do óleo de farelo de arroz com diferentes

graus de beneficiamento.

Figura 5: Amostras de óleo de arroz com diferentes graus de beneficiamento.

3.4 Análises dos óleos da destilaria

Na indústria Irgovel, o sabão que é eliminado durante a etapa de

neutralização do óleo, o qual é chamado de borra, é destinado para o setor de

destilaria, onde através de processos tecnológicos adequados esta borra é

transformada em ácido graxo destilado. Este subproduto apresenta várias

aplicações em indústrias de cosméticos e matérias de limpeza.

33

Page 35: Irgovel Rel de Estágio

3.4.1 Análise do óleo hidrolisado

Ao ser destinado ao setor da destilaria, a borra, primeiramente, passa por

um processo para transformar o sal de sódico de ácido graxo (sabão) em óleo. Em

um segundo passo este óleo passa pelo processo de hidrólise, o qual tem como

objetivo quebrar as cadeias dos ésteres em ácido graxos livres. O óleo resultante

desta etapa é chamado de óleo hidrolisado e nele é realizada, no laboratório de

controle de qualidade da Irgovel, a análise de acidez.

3.4.1.1 Grau de acidez

A análise do grau de acidez é realizada no óleo hidrolisado com o objetivo

de identificar a eficiência do processo de hidrólise, pois quanto maior a quebra da

cadeia do éster maior será a acidez do óleo, visto que este contém mais ácidos

graxos.

A produção de um óleo hidrolisado de alta acidez proporciona um óleo

destilado de maior grau de pureza.

Quanto maior for a acidez do óleo hidrolisado melhor, a partir de 80% de

acidez a Irgovel já libera este óleo para que ele seja destilado. A análise de acidez é

realizada, conforme já foi descrito anteriormente, de acordo com adaptações da

AOCS (1997).

3.4.2 Análises do óleo destilado

Após o óleo ter sido hidrolisado ele passa pela etapa de destilação, onde,

através de temperatura e pressão adequados, ocorre a vaporização dos ácidos

graxos livres que são posteriormente condensados para formar o óleo destilado de

alto grau de pureza. Neste óleo são realizadas as análises de acidez e de cor.

3.4.2.1 Grau de acidez

34

Page 36: Irgovel Rel de Estágio

A Irgovel produz seu óleo destilado com alto grau de pureza, conseguindo

obter até 99,9% de acidez. Este óleo somente é liberado quando obtiver uma acidez

de no mínimo 99,4% de acidez, caso isso não ocorra, o óleo passa novamente pelo

processo de destilação para obter acidez mínima.

3.4.2.2 Análise colorimétrica

Também é realizada no óleo destilado a análise da cor, seguindo

metodologias já descritas anteriormente.

Quanto mais claro estiver este óleo menor será sua acidez. A cor deste óleo

varia do 8 vermelho ao 16 vermelho, mantendo-se ambos em 20 amarelo no

colorímetro Lovibond (AOCS, 2002).

3.5 Análises das rações

As rações na indústria Irgovel são desenvolvidas a partir do subproduto

oriundo da extração do óleo de arroz, o farelo de arroz desengordurado estabilizado

e peletizado (FADE), que pode ser utilizado como insumo para fábrica de rações ou

diretamente na alimentação animal.

Em todos os tipos de rações produzidas na Irgovel são realizadas as

análises de umidade, proteínas, extrato etéreo e fibras para se ter um controle dos

produtos que estão sendo comercializados.

Para cada tipo de ração produzida na Irgovel existe um parâmetro de

controle de qualidade que deve ser seguido, porém, como existe uma vasta gama de

rações na indústria, esses padrões não serão detalhados neste relatório.

3.5.1 Determinação de umidade

A determinação de umidade nas rações é realizada em uma balança

determinadora de umidade, que opera com uma fonte de radiação infravermelha,

conforme já descrito anteriormente.

A determinação de umidade nas rações é de extrema importância, uma vez

que, a saída de uma ração da empresa com umidade acima da estabelecida pode

35

Page 37: Irgovel Rel de Estágio

trazer vários problemas, como por exemplo, o desenvolvimento de fungos, que pode

levar a rejeição do produto por parte do animal, e conseqüentemente do cliente,

podendo até mesmo gerar devolução.

3.5.2 Determinação de proteínas

As proteínas são moléculas de natureza heteropollimérica, de ocorrência

universal na célula viva, constituindo cerca de 50 % de seu peso seco. Exercem

várias funções, entre as quais as mais freqüentes são a de catalisadores biológicos

e componentes estruturais das células (GAVA, 1984)

A técnica utilizada para a determinação de proteína bruta na indústria Irgovel

é o método Kjeldahl (AOAC, 1990).

Como cada tipo de ração tem um padrão de proteína que deve ser mantido,

realiza-se a análise de proteínas para garantir ao cliente a veracidade das

informações especificadas no produto.

3.5.3 Extrato etéreo

A realização da análise de extrato etéreo serve para determinar a

porcentagem de lipídeo contida na ração. Está análise é realizada pelo método de

Soxhlet, onde o solvente utilizado é o hexano.

A presença de lipídeos nas rações animais é importante devido ao fato de

que certos lipídeos são utilizados pelo organismo como fonte de energia e outros

são componentes estruturais das células (CAMARGO et al, 1984).

3.5.4 Determinação de fibras

Fibra é definida como sendo o componente estrutural das plantas, que

compõe a parede celular, é a fração menos digerível do alimento, ou seja, aquela

que não é digerida por enzimas de mamíferos, além de ser componente essencial

para estimular a mastigação e ruminação. A fibra é essencial, já que os ácidos

graxos voláteis produzidos pela fibra durante a fermentação ruminal são as

principais fontes de energia para o animal (BIANCHINI et al., 2007).

36

Page 38: Irgovel Rel de Estágio

A determinação de fibras nas rações produzidas pela Irgovel é feita pela

análise de fibra bruta, onde esta é isolada por ácidos e bases fortes. A extração

ácida remove amidos, açúcares e parte da pectina e da hemicelulose dos alimentos.

A extração básica retira proteínas, pectinas e hemicelulose remanescentes e parte

da lignina (BIANCHINI et al., 2007).

3.6 Considerações finais

A Irgovel tem por missão produzir alimentos com excelência, para isso está

em permanente busca de aperfeiçoamento dos métodos de gestão de qualidade.

Garantir a qualidade dos alimentos produzidos, atentando não só para os

aspectos de higiene, mas também para a recepção, o armazenamento, a produção e

a distribuição do produto, passa a ser uma ferramenta para aumentar a qualidade, a

produtividade do setor e a satisfação dos clientes.

Então, a produção de alimentos seguros e com qualidade deve ser um dos

principais objetivos das áreas de alimentos, conscientizando a importância e o valor

competitivo que isso representa.

37

Page 39: Irgovel Rel de Estágio

4 Sugestões

4.1 Sugestões ao curso de Bacharelado em Química de Alimentos

Realizar com mais freqüência visitas à indústrias relacionadas as

matérias tratadas nas disciplinas ao longo do Curso.

Acrescentar a grade curricular uma cadeira de recursos humanos, para

melhorar o relacionamento aluno-indústria.

Aquisição de livros referentes à disciplina de óleos e gorduras vegetais.

Alteração do nome do curso para Ciência e Tecnologia de Alimentos,

devido a pouco contato com matérias específicas de química.

4.2 Sugestões à indústria Irgovel

Reaproveitar a água utilizada no resfriamento do destilador de água, do

extrator de Soxhlet e do destilador de proteínas.

38

Page 40: Irgovel Rel de Estágio

Criação de padrões dos resultados das amostras levadas ao laboratório

de controle de qualidade.

Cursos de boas práticas de laboratório e aulas explicativas do objetivo de

cada análise realizada no laboratório para todas as laboratoristas da Irgovel.

Utilização de um detergente de uso específico para gordura ao invés de

detergente comum.

5 Conclusão

No decorrer do estágio foi possível acompanhar a rotina de uma empresa-

proporcionando convívio com pessoas da área industrial- e constatar a real

importância da presença de um Químico de Alimentos na indústria, visando sempre

à melhoria dos processos, assim como, foi possível relacionar os conhecimentos

adquiridos durante a graduação com a prática industrial.

Foi possível também, durante a produção, verificar a importância do controle

de processos para que haja um elevado padrão de qualidade. Para que isso ocorra,

é de extrema importância que haja o bom funcionamento do laboratório, com ética e

o domínio dos princípios e procedimentos das análises realizadas.

Dessa forma, o estágio realizado no Laboratório da Indústria Riograndense

de Óleos Vegetais – Irgovel, foi extremamente importante para a vida profissional,

pois além de permitir que fossem colocados em prática muitos conhecimentos

teóricos adquiridos ao longo do Curso de Bacharelado em Química de Alimentos,

possibilitou agregar novos conhecimentos.

39

Page 41: Irgovel Rel de Estágio

Referências

ANVISA. Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de óleos e gorduras vegetais. Resolução nº 482, de 23 de setembro de 1999.

AOAC. Association of Official Analytical Chemists. “Official methods of analysis”. 15. ed., Washington, D.C., 1990.

AOAC. Association of Official Analytical Chemists. “Official methods of analysis”. 17. ed., Washington, D.C., 1997.

AOCS. American Oil Chemists’ Society. “5º ed Official Methods and Recommended Practices of the Amenrican Oil Chemists’ Society”. Champaign, 2002.    

ARAÚJO, J. M. A. Química de Alimentos: teoria e prática. 3. ed. Visçosa: UFV, 2004. 474p.

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE ÓLEOS. Disponível em: <http//www.polinutri.com.br>. Acesso em: 18 set. 2008. 

BARUFFALDI, R.; OLIVEIRA. M. N. Fundamentos de Tecnologia de Alimentos. v.3. São Paulo: Atheneu Editora, 1998. 317p.

40

Page 42: Irgovel Rel de Estágio

BIANCHINI, W. et al. Importância da fibra na nutrição de bovinos. Revista Electrónica de Veterinária. Botucatu-SP, 2007.

CAMARGO, R. de et al . Tecnologia dos Produtos Agropecuários: Alimentos. 1ª ed. São Paulo:Nobel, 1984. 298p.

CARVALHO, J. L. V. de; VIERA, N. R. de A. A cultura do arroz no Brasil. Goiás: Embrapa Arroz e Feijão Santo Antônio de Goiás, 1999, p.605-621.

CELLA, R. C. F; D’ARCE, M. A. B; SPOTO, M.H.F. Comportamento do óleo de soja refinado utilizado em fritura por imersão com alimentos de origem vegetal. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.22, n.2, p. 111 –116, 2002.

COMPOSIÇÃO DO FARELO DE ARROZ. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/alimentus.doc> Acesso em: 30 ago. 2008.

DAMY, P. A.; JORGE, N. A. Determinações físico-químicas do óleo de soja e da gordura vegetal hidrogenada durante o processo de fritura descontínua. Brasilian Journal of Food Tchecnology. Campinas, n.138, v.6 p.251 –257, 2003.

GAVA, A. J. Princípios de Tecnologia de Alimentos. São Paulo: Nobel, 1984. 284p.

GERMANO, P. M. L; GERMANO, M. I. S. Higiene e vigilância Sanitária de Alimentos. 3º ed. São Paulo: Manole, 2008. 986p.

IRGOVEL. Disponível em <www.irgovel.com.br>. Acesso em: 23 de agosto 2008.

MORAIS, M. M.; PINTO, L. A. A.;ORTIZ, S. C. A.; CREXI, V. T.; SILVA, R. L.; SIVA, J. D. Estudo do processo de refino do óleo de pescado. Revista Instituto Adolfo Lutz, v. 60, n.1, p.23-33, 2001.

MORETTO, E; FETT, R. Tecnologia de Óleos e Gorduras Vegetais na Indústria de Alimentos. São Paulo: Livraria Varela, 1998. 150p.

OETTERER, M. REGITANO-D’ARCE, M. A. B; SPOTO, M.H.F. Fundamentos de ciência e tecnologia de alimentos. São Paulo: Manole, 2006. 612p.

OSAWA, C. C.; GONÇALVES, L. G; RAGAZZI, S. Titulação potenciométrica aplicada na determinação de ácidos graxos livres de óleos e gorduras comestíveis. Química Nova, São Paulo, v.29, n.3, p. 593-599, 2006.

PAUCAR-MENACHO, L.M; SILVA, L.H.;SANT’ANA, A. S.; GONÇALVES, L. A. G. Refino de óleo de farelo de arroz (Oryza sativa L.) em condições brandas para preservação do γ-orizanol. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.27, n.1, p. 45-53, 2007.

41

Page 43: Irgovel Rel de Estágio

PESTANA, V. R. Avaliação da qualidade do óleo de arroz e do conteúdo de tocoferóis e orizanóis durante o processo de refino. Dissertação de Mestrado, UFPEL. Pelotas-RS, 2007. 73p.

PESTANA, V. R.; ZAMBIAZI, R.; BRUSCATTO, M. H.; MOURA, R. S. Oxidação induzida do óleo de arroz neutro/branqueado, decerado e desodorizado. In: XV Congresso de Iniciação Científica da Universidade Federal de Pelotas. Anais do XV CIC UFPel. Pelota-RS, 2006. CD-Room.

RENDIMENTO DE ÓLEO DE FARELO DE ARROZ. Disponível em: <http://www.argus.com.br>.Acesso em: 17 set. 2008.

RIBEIRO, E. P; SERAVALLI, E. A. G. Química de Alimentos. São Paulo: Edgard Blucher, 2004. 181p.

VALENTINI, S. R. de T; CASTRO, M.F.P. M; ALMEIDA, F. H. Determinação do teor de umidade de milho utilizando aparelho de microondas. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.18, n.2, 1998.

ZAMBIAZI, R. Tecnologia de Óleos e Gorduras. Apostila da disciplina de Tecnologia de Óleos e gorduras. Pelotas, 2004. 64p.

42