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Curitiba, quinta-feira, 14 de maio de 2009 - Ano XI - Número 485 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L Violência contra a mulher está em todas as classes sociais Diferente do que algumas pessoas pensam, a violência contra a mulher acontece em todas as classes sociais. Mas parte dos brasileiros ainda têm o costume de atribuir esse tipo de prática a pessoas de classes econômicas mais baixas. Pesquisa realizada pelo Ibope, em fevereiro deste ano, aponta que mais da metade dos brasileiros conhecem alguma mulher que sofre agressão do parceiro. O estudo também revela que cerca de 24% dos entrevistados acha que os homens agridem as mulheres por falta de condições econômicas. Os especialistas, porém, dizem que a questão é mais ampla e alertam para outros fatores que contribuem para a ocorrência dessa situação. A coragem para denunciar o agressor continua como uma das principais ferramentas para diminuir a incidência do problema. Páginas 4 e 5 Páginas 4 e 5 Páginas 4 e 5 Páginas 4 e 5 Páginas 4 e 5 Página 7 Página 7 Página 7 Página 7 Página 7 Profissão de pescador corre o risco de desaparecer Além da remuneração baixa, agora os profissionais que dependem da pesca para sobreviver sofrem com outro pro- blema: a diminuição no número de pei- xes no mar. Além disso, com mais op- ções no mercado de trabalho, os pesca- dores não conseguem passar a função a seus filhos, como acontecia na tradição. E segundo os próprios pescadores, para encarar o trabalho da pesca é preciso gostar muito, antes de tudo. Juan Lucas Martínez Poucas rádios dão prioridade ao jornalismo em Curitiba Cultura Livro “O som das Ruas”, do professor de radiojornalis- mo Luiz Witiuk, faz um apa- nhado geral sobre a situação das rádios e a maneira como a produção jornalística é tratada em cada uma delas. O lança- mento aconteceu anteontem no auditório do bloco vermelho, na Universidade Positivo. Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Cinema Vaticano propõe boicote a “Anjos e Demônios” Atitude segue a mesma li- nha da que foi tomada em 2006, quando foi lançado “O código Da Vinci”. Os dois fil- mes são inspirados na obra do escritor Dan Brown. Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 6 Página 6 Página 6 Página 6 Página 6 Coluna O deputado e seu foro privilegiado

LONA 485- 14/05/2009

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, quinta-feira, 14 de maio de 2009 - Ano XI - Número 485Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Violência contra amulher está em todasas classes sociaisDiferente do que algumas pessoas pensam, a violência contra a mulher acontece em todas as classes sociais.Mas parte dos brasileiros ainda têm o costume de atribuir esse tipo de prática a pessoas de classes econômicasmais baixas. Pesquisa realizada pelo Ibope, em fevereiro deste ano, aponta que mais da metade dos brasileirosconhecem alguma mulher que sofre agressão do parceiro. O estudo também revela que cerca de 24% dosentrevistados acha que os homens agridem as mulheres por falta de condições econômicas. Os especialistas,porém, dizem que a questão é mais ampla e alertam para outros fatores que contribuem para a ocorrênciadessa situação. A coragem para denunciar o agressor continua como uma das principais ferramentas paradiminuir a incidência do problema.

Páginas 4 e 5Páginas 4 e 5Páginas 4 e 5Páginas 4 e 5Páginas 4 e 5

Página 7Página 7Página 7Página 7Página 7

Profissão de pescador correo risco de desaparecer

Além da remuneração baixa, agora osprofissionais que dependem da pescapara sobreviver sofrem com outro pro-blema: a diminuição no número de pei-xes no mar. Além disso, com mais op-ções no mercado de trabalho, os pesca-dores não conseguem passar a função aseus filhos, como acontecia na tradição.E segundo os próprios pescadores, paraencarar o trabalho da pesca é precisogostar muito, antes de tudo.

Juan Lucas Martínez

Poucas rádiosdão prioridadeao jornalismo

em Curitiba

Cultura

Livro “O som das Ruas”,do professor de radiojornalis-mo Luiz Witiuk, faz um apa-nhado geral sobre a situaçãodas rádios e a maneira como aprodução jornalística é tratadaem cada uma delas. O lança-mento aconteceu anteontem noauditório do bloco vermelho,na Universidade Positivo.

Página 3Página 3Página 3Página 3Página 3

Cinema

Vaticano propõeboicote a “Anjos

e Demônios”Atitude segue a mesma li-

nha da que foi tomada em2006, quando foi lançado “Ocódigo Da Vinci”. Os dois fil-mes são inspirados na obra doescritor Dan Brown.

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Coluna

O deputado e seuforo privilegiado

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Expediente

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalis-mo da Universidade Positivo – UP,

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000

Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins.Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitorde Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitora de Extensão:Fani Schiffer Durães; Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesqui-sa: Luiz Hamilton Berton; Pró-Reitor de Planejamento e Ava-liação Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Cur-so de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Profes-sores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida e Mar-celo Lima; Editores-chefes: Antonio Carlos Senkovski, Cami-la Scheffer Franklin e Marisa Rodrigues.

“Formar jornalistas comabrangentes conhecimentosgerais e humanísticos, capa-citação técnica, espírito cria-tivo e empreendedor, sólidosprincípios éticos e responsa-bilidade social que contribu-am com seu trabalho para oenriquecimento cultural, so-cial, político e econômico dasociedade”.

Missão do cursode Jornalismo

OpiniãoFutebol

Sistema “mata-mata”de coração e emoção

Pontos corridos:O melhor time é campeão

Fotos: divulgação

Luiz Fernandes

Emoção. Esta é a palavra-chave da fórmula de campeo-nato “mata-mata”. Todos sabemque futebol é emoção, pode aténão ser o mais justo, com dizempor aí, mas é o mais vibrante,estimulante e empolgante. Estaé a fórmula que deveria ter oCampeonato Brasileiro, que hámuito não traz emoção.

Vou começar com um exem-plo recente. Alguém gostou dafórmula do Campeonato Para-naense de pontos corridos? Jáouvi muitos sussurros que nãoé o ideal, que deveria voltar aosistema com dois jogos finais, ofamoso “mata-mata”.

Assim, acredito da mesmamaneira que os pontos corridosprejudicam equipes de menorporte. Vejam os CampeonatosBrasileiros no de sistema pon-tos corridos. Apenas dois outrês times brigam pelo título. Noprimeiro ano, Cruzeiro d i s -parado. Depois o“pega” foi um pou-co melhor, entre San-tos e Atlético, e assimpor diante. Está com-provado. Não é um cam-peonato empolgante a to-dos, não é?

Mas que justiça é essa,como dizem os adeptos dospontos corridos? Para mim,justiça significa que todosos clubes receberam a mes-ma verba da televisão, quenenhum time tenha prefe-rência por ser a maiortorcida, ou ser favoreci-do por se enquadrarno “eixo do mal”, oRio-São Paulo. Serámesmo que o campeo-nato de pontos corri-dos já não começa in-justo? Isso é apenasuma forma de ta-par o sol com a pe-neira. Como diz

um colega: “O importante nãoé ser honesto, e sim, parecer ho-nesto”. Assim que o complô daCBF age.

Lembro-me de finais memo-ráveis, que me faziam amar,cada vez mais, o futebol. Quesaudade das finais cheias deemoção, que paravam a cidadepara todos verem as disputasdo sistema “mata-mata”. Eramoito equipes na segunda fase,que brigavam para serem cam-peãs. A emoção era tanta, que ocoração faltava saltar pela boca.

Só para citar alguns jogosmarcantes, quem não se lembrado gol que o jogador Tupãzinhofez na final contra o São Paulode 1990? Esse jogador entrou devez para a história corinthiana.E agora, alguém se lembra doúltimo gol do Corinthians naconquista do Brasileiro de2005? Eu não.

E as conquistas paranaensesde 1985 e 2001, do Coritiba e doAtlético, respectivamente? Seráq u e na fórmula de pontos

corridos eles seri-am campeões?Certamente, não.

Sandro Michailev

Mais um campeonato brasi-leiro começa. Serão trinta e oitorodadas de muita emoção, comvinte equipes lutando pelo título.Esta é a oitava edição do Brasi-leirão no sistema de pontos cor-ridos, solução que veio para co-locar ordem e justiça em um cam-peonato que, algum tempoatrás, nem sempre premiava omelhor time. Era uma festa. Jáchegamos a ter 96 equipes dispu-tando o campeonato, que eraconcorrido por fases regionais,com critérios de qualificaçãopara fases posteriores das maisabsurdas, como maior média depúblico nos jogos. Tivemos tam-bém um campeão, pasmem, comsaldo negativo, além de outrostantas contradições. Há quemdiga que isso é justo e mais emo-cionante. Porém, tenho certezaabsoluta de que o sistema depontos corridos é o melhor e digoo porquê rebatendo os argumen-tos mais usados de quem defen-de o “mata-mata”.

1º “Com os pontos corridos, o

campeonato perde a emoção efica sem graça. Um time disparana frente e os jogos não valemmais nada”.

Não é bem assim. Quem gos-ta de futebol sabe que até jogo desuburbana, com equipes que es-tão no meio da tabela sem preten-são nenhuma no campeonato,tem emoção. Existem times queainda estão lutando por vagasna Copa Libertadores da Améri-ca (principal torneio sul-america-no, de tiro curto, aí sim é um cam-peonato para o sistema “mata-mata”), outras equipes lutam porvagas na Copa Sulamericana (es-tilo Libertadores) e ainda outraslutam contra o rebaixamento.Portanto, o campeonato ficacheio de alternativas, ganha ememoção e não perde.

2° “Por causa dos pontos cor-ridos, a média de público está di-minuindo. Ninguém quer ver jo-gos que não valem nada”.

Outra mentira. Um estudo re-cente da empresa de gestão es-portiva Golden Goal Sports Ven-ture (GGSV) mostra que na edi-ção de 2007 do Brasileirão se ob-

teve a melhor média de públicodos últimos vinte anos.

3º “Com a volta do ‘mata-mata’, times menos preparadostêm a chance de ficar com o ca-neco”.

É o jeitinho brasileiro en-trando em cena novamente. Asorte e não a competência e a re-gularidade triunfando. Nospontos corridos, aquele timeque realmente se preparou le-vanta a taça, não há questiona-mento.

4º “Se o sistema de pontoscorridos fosse tão bom assim,ele seria adotado em competi-ções como a Copa do Mundo,Liga dos Campeões da Europae Libertadores”.

Essas são competições detiro curto, que envolvem equi-pes seletas e obtiveram suasclassificações em outros cam-peonatos que, na maioria dasvezes, são de pontos corridos.O sistema mais lógico é o depontos corridos e, especifica-mente, essas competições fo-gem desse padrão por conta,principalmente, de calendário.

Futebol

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André Rosas

Estreia amanhã nos cine-mas a continuação de “O Có-digo Da Vinci”, intitulada“Anjos e Demônios”, baseadono romance de Dan Brown. Apossibilidade de um boicoteao filme foi proposta pelo Va-ticano, hipótese que tambémfoi cogitada no lançamentodo primeiro longa, em 2006.

O filme mostra os Illumina-ti, sociedade secreta de intelec-tuais que pretende se vingarde um massacre orquestrado,século atrás, pelos católicos,ameaçando destruir a Cidadedo Vaticano as vésperas doconclave, cerimônia que elegeo novo Papa.

A polêmica em torno do fil-me é tanta que nenhum padreprocurado pela equipe de re-portagem quis se pronunciarsobre a posição da Igreja. ParaMarli Tereza Piegel, 59 anos,a Igreja Católica ainda escon-de muitos segredos. “Sem dú-vida ainda temos muito paradescobrir, é uma instituiçãofeita por homens, precisa dizer

algo mais”? Quando questiona-da se a igreja é afrontada direta-mente pelo livro e pelo filme elanão hesita em responder: “Sim.Eles têm medo, imagine alguémchegar e falar tudo aquilo?

A publicitária Poliana Bar-celos, 31 anos, compartilha damesma opinião. “Tanto o livroquanto o filme colocam propos-tas que, se forem reais - pode atéhaver uma possibilidade de ser- fará com que muitas pessoas‘fiquem sem chão’”. No primei-ro filme da série, novas tradu-ções para obras da Igreja sãodadas, como a análise do qua-dro “A Última Ceia”. Para Po-liana o que importa são os va-lores. “A Igreja é uma institui-ção que vem sofrendo altera-ções conforme o tempo. Jesus éimportante pelo o que trouxe deensinamentos para nós, não im-porta de que forma”.

Para o segundo filme da série,a produção solicitou ao Vaticanoque pudesse realizar as grava-ções na cidade, porém, o pedidofoi negado. Se o filme irá chamarou não a atenção, isso as pesso-as terão de conferir nos cinemas.

Diego SarzaMaria Carolina Lippi

O professor de radiojornalis-mo da Universidade Positivo,Luiz Witiuk, lançou na últimaterça-feira (12), no auditório dobloco vermelho, o livro “O Somdas Ruas”, que mapeia as rádi-os com produção jornalística deCuritiba. O evento contou com apresença do coordenador do cur-so de jornalismo da UP, Alexan-dre Castro, além do presidentedo Instituto Cultural de Jornalis-mo do Paraná – realizador doprojeto - Tomás Barreiros.

Em um bate-papo descon-traído – em formato de progra-ma de rádio de auditório - co-mandado pelo professor ElsonFaxina e com a participação daex-aluna do autor, Tatiana Za-bot, e dos amigos Ricardo Vi-

CulturaRádio Cinema

eira e Tomás Barreiros, Witiukcontou como foi o processo depesquisa que possibilitou a cri-ação de “O Som das Ruas”.

Homem de rádio experiente,Luiz Witiuk tem passagens porvárias emissoras curitibanas, den-tre eles a Rádio Clube. Ele ficousurpreso com o resultado do traba-lho. “Nunca imaginei que um diaseria capaz de escrever um livro,aproveitei o mestrado para fazer apesquisa e deu certo”, enfatiza.

Por outro lado, o professorficou decepcionado ao consta-tar o baixo número de rádios

Vaticano incentivaboicote a filme“Anjos e Demônios” mostra a história de umasociedade secreta que deseja se vingar de católicos

que dão prioridade ao conteú-do jornalístico. Segundo ele,dentre todas as rádios da ca-pital paranaense, apenas novedão vez ao jornalismo, sendoque dessas, apenas quatrotêm equipes de produção pró-pria, por isso a vontade mai-or das emissoras é de “taparburacos” na programação.“Percebi que há muita preocu-pação em cobrir espaço, por-que há muito espaço e poucaprodução”.

No livro o autor tambémfala sobre a importância da in-teratividade com o público naprodução de um programa jor-nalístico no rádio. “É um sonhoque o rádio possa ‘abrir as por-tas’ para os ouvintes”. E foicom essa visão de participaçãopopular, que o título “O somdas ruas” foi criado, com a aju-da do revisor Marcelo Lima,que também é professor da Uni-versidade Positivo.

O evento contou com a pre-sença de muitos alunos, a re-percussão foi bastante positi-va. “O Witiuk é um cara quemarcou época no rádio, no li-vro ele aprofunda uma visãoque é fundamental sobre mer-cado de trabalho”, comentaSandro Moser, estudante do 5ºperíodo de jornalismo da UP.

Livro mapeia oradiojornalismofeito em Curitiba

O professor Luiz Witiuk no lançamento de “O Som das Ruas”

Maria Carolina Lippi

O lançamento do livro “O som das ruas” aconteceu anteontem na UniversidadePositivo e contou com formato de um programa de rário de auditório;

“Nunca imaginei que um dia seriacapaz de escrever um livro,aproveitei o mestrado para fazera pesquisa e deu certo”LUIZ WITIUK, AUTOR DO LIVRO “O SOM DAS RUAS”

Morre o professor Luiz Hamilton Berton

Luiz Hamilton Berton faleceu na tarde da última terça-feiradepois de ter feito parte da equipe que organizou os cursos dePós-Graduação do então Centro Universitário Positivo (Uni-cenp) desde 2000. Com a transformação do centro universitá-rio em universidade, em 2008, Luiz Hamilton passou a ser oPró-Reitor de Pós Graduação e Pesquisa da Universidade Po-sitivo. Antes de dar aulas em áreas como Análise financeira,Controladoria e gestão de negócios, entre outras, Berton nas-ceu em 8 de outubro de 1964, na cidade de Canoinhas, SantaCatarina. Viveu a maior parte da sua vida em Curitiba e teveuma formação que passou por uma graduação em CiênciasEconômicas, pelo mestrado na Universidade Católica do Para-ná (PUCPR), pelo doutorado na Universidade Federal de San-ta Catarina (UFSC) e também por seu título mais recente: pós-doutor pela Universidade de São Paulo (USP) em 2004. LuizHamilton Berton tinha 44 anos.

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EspecialViolência contra a mulher

O princípioda igualdadeLei Maria da Penha é o primeiro passo para conscientização e garantia dos direitos das mulheres

“Já passaram pelas minhas mãos dois casos de casaishomossexuais onde uma das parceiras foi vítima deagressão pela companheira. Achei interessante a coragemdelas de denunciar e expor sua orientação sexual”SÂMIA CRISTINA COSER, DELEGADA

Carolina Grams DiasGabriela BurattoGabriela Feitosa Junqueira

Está equivocado quem as-socia violência contra a mu-lher à pobreza e ignorância. Aviolência doméstica viola osDireitos Humanos e atingemulheres de todas as classessociais, etnias, religiões e ní-veis de instrução.

No Brasil, o movimento dasmulheres ganhou força na dé-cada de 70, com o intuito de

lutar por questões sociais e desaúde pública. Mas, a defesados direitos das mulheres ga-nhou mais visibilidade trêsdécadas depois, com a im-plantação da Lei Maria daPenha.

Em agosto de 2006, foi san-cionada pelo presidente LuísInácio Lula da Silva a Lei11.340, conhecida como Mariada Penha, com o objetivo decoibir a violência doméstica efamiliar contra a mulher. Onome da Lei é uma homena-

gem a farmacêuti-ca Maria da Pe-nha Maia Fernan-des: ela sofreu

duas tentati-vas de homi-cídio provo-cadas porseu marido,o professoruniversitárioMarco Antô-

nio Herredia.Primeiramen-

te, Marco Antô-nio lhe deu um

tiro, deixando-aparaplégica, e de-

pois tentou eletrocus-são e afogamento.

Com o intuito decombater a violência,

uma rede constituída deONGs e órgãos públicos

está sendo construídapara atender e dar suporte

as vítimas da violência do-méstica. Em Curitiba existem

instituições como o Conse-lho Estadual da Mu-

lher, Pousada de

Maria, Núcleo de Proteção àsCrianças e Adolescentes Víti-mas de Crime (NUCRIA), Ideia,Esperança, Delegacia da Mu-lher, Juizado de Violência Do-méstica e Familiar Contra aMulher, Centro de Referência àMulher em Situação de Violên-cia, entre outros.

Curitiba possui apenas umcentro de apoio governamen-tal. O Centro de Referência àMulher em Situação de Violên-cia (CRMSV) é bancado peloGoverno do Estado. O Centro,coordenado pela assistente so-cial Marciana da Cunha Bas-tos, é localizado no Pilarzinho.As mulheres geralmente pro-curam o CRMSV para relatar aagressão sofrida e solicitarapoio psicológico e jurídico.De lá elas são encaminhadaspara a Delegacia da Mulher,onde poderão prestar queixa edar entrada ao processo contrao agressor. A instituição contacom advogados, psicólogos eassistentes sociais.

A Delegacia da Mulher nãoatende apenas casos de violên-cia doméstica, embora esta sejasua meta e prioridade: são re-alizadas queixas que vão des-de simples assaltos até a prá-tica de violência física e sexu-

al. Na região metropolitana deCuritiba é possível encontrardelegacias da mulher em SãoJosé dos Pinhais, Araucária eQuatro Barras; Almirante Ta-mandaré conta com uma sub-delegacia.

A intensidade do fluxo depessoas que passam pela de-legacia é impressionante. Se-gundo a delegada Sâmia Cris-tina Coser, segunda-feira é odia em que há mais ocorrênci-as, entre 30 e 40, e nos outrosdias, por volta de 20.

Os casos mais comuns sãode ameaça, lesões corporais le-ves e vias de fato – lesões quenão são perceptíveis visual-mente. Crimes sexuais são me-nos frequentes. Muitas pesso-as vão pedir solicitação parafazer o exame de conjunçãocarnal, realizam o exame, masnão voltam pra fazer o boletimde ocorrência.

A mulher que se dirige àdelegacia pode prestar queixapreenchendo um boletim deocorrência, se houver lesõescorporais é solicitado à vítimauma perícia, que deverá serfeita no IML (Instituto MédioLegal) ou nos hospitais asso-ciados: Hospital do Trabalha-dor em caso de lesões domés-

ticas e, em caso de violênciasexual, no Hospital Cajurú ouHospital de Clínicas. Depoisde alguns dias, a vítima é cha-mada na Delegacia para rela-tar em detalhes os fatos ocor-ridos e dar autorização paraque ações legais sejam toma-das sobre o caso.

Três delegadas são encarre-gadas de analisar as queixas.Após esta análise, o acusadoé indiciado e o relatório feitopor uma das delegadas é en-viado à promotora de justiçaque irá decidir se o caso seráou não arquivado.

Os denunciados não preci-sam necessariamente ser dosexo masculino. “Já passarampelas minhas mãos dois casosde casais homossexuais ondeuma das parceiras foi vítimade agressão pela companhei-ra. Achei interessante a cora-gem delas de denunciar e ex-por sua orientação sexual”,diz Sâmia.

O juizado, instalado em ja-neiro de 2007, dá cumprimen-to à Lei Maria da Penha queestipula que os tribunais dejustiça de cada estado deverãocriar juizados onde houver de-manda. No Paraná, apenasCuritiba possui um juizado

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EspecialViolência contra a mulher

especializado na violência do-méstica, nos demais municípi-os as varas criminais acumu-lam essa função.

Apesar de ser denominado‘juizado’, o Juizado da Violên-cia Doméstica e Familiar Con-tra a Mulher é uma vara crimi-nal como qualquer outra deCuritiba, o único diferencialestá na quantidade de proces-sos: cerca de 10.000 contra amédia de 800 nas demais va-ras. Embora a diferença sejaalarmante, todas contam coma mesma quantidade de funci-onários.

O tempo decorrido para odecreto da sentença do agres-sor varia. Se o indivíduo já es-tiver preso, dura cerca de trêsmeses, mas, se estiver solto nãohá previsão. É necessário teracesso ao inquérito policial re-alizado pela Delegacia da Mu-lher antes do julgamento, masesta também não está conse-guindo dar conta da demandaabundante de denúncias.

São inúmeros os casos nosquais a mulher agredida dáentrada no processo contra oagressor e acaba voltandoatrás. Alguns processos po-dem ser arquivados, mas ou-tros não. Quando ocorre umalesão grave ou uma tentativade homicídio, por exemplo,não há como a vítima recuar,o processo se torna obrigató-rio. Em casos de ameaça, a ví-tima pode desistir até o pro-cesso começar.

O trabalho do juizado é di-ficultado também pela falta deesclarecimento de sua real

função. Diversas mulhereschegam até ele solicitando umtratamento para o agressor,muitas vezes drogado e alco-ólatra, mas não desejam queestes sejam presos ou proces-sados. “É difícil explicar paraessa pessoa que o internamen-to e/ou tratamento é umaquestão de saúde e não umaquestão jurídica” afirma a ju-íza Luciane Bortoleto. Elaainda completa: “Muitas mu-lheres não dão conta de seusrelacionamentos e apelampara o Estado resolver pro-blemas conjugais. Cabe ao Es-tado interferir apenas no quediz respeito à violência e isso,muitas vezes, é difícil de fazê-las entender”.

As punições variam deacordo com a gravidade docrime cometido. Em casosmais sérios o agressor serápreso e, em casos mais leves,prestará serviços à comunida-de. Fica proibido pela Lei Ma-ria da Penha o pagamento demultas como forma de isençãode responsabilidade. Outrainovação que a Lei trouxecomo forma de sentença, é aobrigatoriedade de tratamen-to para o indivíduo.

A psicóloga do juizado, Iva-na Maria de Mello Possiede, afir-ma que a Prefeitura de Curitibajuntamente ao Governo Federalsão profundamente engajadosna causa. “A primeira-dama,Fernanda Richa, é extremamen-te envolvida com a questão daviolência doméstica. Ela enfiouos dois pés na causa e trabalhadireto com a gente” conta Ivana.

- Física: quando a vítima sofre lesões corporais.

- Psicológica: crime de ameaça.

- Moral: crimes contra a honra, que ofendem a moral e adignidade - difamação, calúnia, injúria.

- Patrimonial: furtos e roubos.

- Sexual: quando a vítima é obrigada a fazer sexo,sem seu consentimento e/ou vontade.

A classificação da violência perante a lei

Fotos: divulgação

Tanto a violência doméstica, como sua denúncia, não envolvem apenas casais. Outraspessoas da família podem se tornar vítimas ou denunciantes. Veja alguns exemplos:

M.A.S.*, 69, tem 10 filhos. O filho mais é sustentado por uma das irmãs, de 48 anos. Amoça, que há algum tempo está construindo uma casa no terreno da família, vem sofren-do ameaças e violência tanto física como verbal por parte do irmão, que deseja a interrup-ção na construção da casa, por medo de perder o direito à herança. Há mais de um anomãe e filha foram prestar queixa e até agora nenhuma atitude foi tomada. Ainda vítimade agressão e agora ameaçada de morte, a moça, juntamente com M.A.S, voltou à dele-gacia para pedir a expulsão do irmão de sua casa.

J.C.*, 51, está denunciando seu genro, 29, responsável pela internação de sua filha, 28,em uma clínica psiquiátrica. Os dois eram casados havia seis anos e, durante todo essetempo, a esposa era vítima de violência moral, além de ter sido traída três vezes. O mari-do não trabalhava e era sustentado pela mulher. Todas as noites ele se trancava no escri-tório da casa e passava as madrugadas se masturbando na frente de webcams e assistin-do a filmes eróticos. Cansadas da falta de respeito, mãe e filha resolveram tirar satisfaçãocom o indivíduo, decisão que acabou resultando em violência física entre os três. A moçanão conseguiu suportar a pressão de um casamento desestruturado e acabou tendo deser internada em uma clínica para tratamento.

*Os nomes não foram revelados a pedido das entrevistadas.

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ColunaPolítica

Nobres deputados

Giulia Lacerda

Até quando as pessoaspraticam uma atividade físi-ca para manter uma boa saú-de? Até elas perceberem me-lhoras no corpo e assim,substituírem a saúde pelaforma física. A partir dessemomento, começa uma buscaincansável pelo corpo perfei-to. É só olhar para a parededas academias para se depa-rar com pôsteres de atletas“sarados”, que sem dúvida,contam com a ajuda do jogode luz e sombra, de maquia-gens e do milagroso pho-toshop. Com tudo isso, qual-quer um fica impecável.Tudo não passa de uma gran-de ilusão, que as pessoas pro-curam alcançar, muitas ve-zes, sem sucesso.

Infelizmente, essas gran-des mentiras são vendidasnão apenas nas academias,mas também nas revistas, natelevisão, nas prateleiras daslojas infantis, nos manequinsexpostos nas lojas de roupa,nos outdoors e em todo lugaronde a sociedade consiga im-por o considerado modelo debeleza. Para quem pratica umexercício físico, no entanto,esses padrões se tornam, namaioria das vezes, excessiva-mente importantes. O atletanão profissional deixa depensar na saúde para focarsuas energias e tentar atingirtal modelo.

Muitas das revistas maiscomercializadas no Brasilapresentam em suas capasfrases como: “descubra a di-

eta do chá e emagreça 10kilosem um mês”, “faça a rotina deexercícios que preparamospara você ficar magra e duri-nha”, ou ainda, “10 maneirasrápidas para perder peso”.Para ilustrar essas matérias,pessoas bonitas, com o corpoem forma, felizes, sorrindo,com os cabelos perfeitamentepenteados, sem suor e expres-são de esforço no rosto. Quan-ta mentira em apenas algumaspáginas. O tom utilizado nes-sas matérias mostram uma re-alidade inexistente. Qualquerpessoa que faça uma atividadefísica sabe que há muitas difi-culdades pelo caminho e que,por mais que haja prazer du-rante a prática, não há comosuperá-las sem derramar gotasde suor. É engraçado observarcomo até mesmo as fotos quemostram as séries de alonga-mentos têm atletas com expres-são de serenidade. Não hácomo praticar qualquer exercí-cio físico sem esforço.

As pessoas precisam reto-mar os valores passados peloesporte. Se tiver que havercompetição, que seja na qua-dra, na pista de corrida, napiscina, mas não na frente doespelho. O atleta deve se sen-tir bem com a atividade queescolheu e se empenhar parafazer bem feito. A publicidadeilusória deveria ser substituí-da, pelo menos nos veículosespecializados, em esporte,pelos verdadeiros benefíciosdo exercício, que parecem es-tar sendo deixados de ladonessa nossa sociedade priori-tariamente capitalista.

Esporte

Gabriel Hamilko

Uma semana agitada nos cor-redores da Assembleia Legislati-va. Deputados Estaduais não sa-bem para onde correr, o que fa-zer ou onde se esconder. A mai-oria, provavelmente, foi dar umaconferida no site do Detran paraver se suas multas também pode-riam ser usadas futuramente.

Muito já se discute sobre oacidente envolvendo o deputadoestadual Fernando Ribas CarliFilho e as duas vítimas, que emhomenagem, vale repetir o nome:Gilmar Rafael Souza Yared, 26anos, e Carlos Murilo de Almei-da, 20 anos. Diversos setores damídia estão revoltados com a gra-vidade da tragédia. Deixandoum pouco de lado a figura de umdeputado presente na ação. Umacidente dessas proporções co-move a sociedade.

Com a presença do deputadoaumenta a expectativa: será quea famosa impunidade e o jeitinhoque é dado com os políticos, se-rão manifestados novamente?Será que a morte trágica em umacidente, não acarretaria em umaseriedade maior nas investiga-ções, deixando a parcialidade de

espelho meu!Espelho,Espelho,

O acidente envolvendo o deputado estadual FernandoRibas Carli Filho, 26 anos, fez duas vítimas fatais

Fotos: divulgação

beneficiadosbeneficiados

lado e agindo de forma humana?Não é o que se viu, integralmen-te, neste começo de investigação.

Visitas políticas, esquecimen-tos de coleta de sangue para ve-rificação de álcool, e o afasta-mento do deputado da capitalparanaense e dos holofotes. Amídia nacional demorou em“descobrir” tudo e, junto com apopulação, aumentar a pressãopara uma investigação justa, atémesmo pelo conformismo do no-ticiário local, que demorou emmostrar as consequências do aci-dente e como será a apuração,preferindo mostrar o estado desaúde da excelência, por meio deboletins médicos.

O foro privilegiado do depu-tado não é o único que dificultauma investigação, mas sim, avontade de investigar e mostraro resultado. Após a divulgaçãodas multas e da carteira suspen-sa de Fernando, as autoridades

se assustaram com a forte reper-cussão que isso gerou, recuandona abertura de provas, como ima-gens do radar e de câmeras de se-gurança. Além de parecer queexiste certo “medo” ou “desâni-mo” que toma conta dos que de-veriam procurar novas provas.

A torcida é para que a justiçaseja feita e duas mortes não fi-quem impunes, por meio de maisum influência oriunda de umafamília formada por políticos, emespecial, de alguém que costumaandar como se estivesse em suarua particular e vivendo à custado dinheiro público.

Neste texto, confesso que dei-xei a emoção e a indignação deum cidadão comum tomar conta.Alguém que não aguenta a polí-tica e suas manobras praticadasneste país, mas que nem por issodesiste de se expressar, mesmoque às vezes não tenha meios su-ficientes para isso.

Com a presença do deputado aumenta aexpectativa: será que a impunidade eo jeitinho que é dado com os políticos,serão manifestados novamente?

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Curitiba, quinta-feira , 14 de maio de 2009 7

GeralPesca

Rodrigo Araújo

Em comemoração aos 40anos do Nazareth, o ex-guitar-rista da banda e produtor,Manny Charlton está produ-zindo um álbum de covers, doqual a banda curitibana Mo-torocker vai participar comuma versão de “Telegram”. Omesmo disco contará com no-mes como Metallica e GunsN’ Roses e será gravado emmeados de setembro.

O Motorocker foi formadoem 1993, por Marcelus (Vocal),Luciano e Thomas Jefferson(Guitarras), Sílvio (Baixo) eJuan Neto (Bateria). A bandaficou conhecida no sul do paíspela fidelidade aos covers dogrupo AC/DC. Cansados doestereótipo de banda cover,partiram para composiçõespróprias, resgatando ideiasque já estavam prontas desde1987. O primeiro disco foi“Igreja Universal do Reino do

Rock”, lançado em 2006. Comexcelente aceitação pelo públi-co, venderam todas as cópias eobtiveram nove como a menornota em revistas especializadas.

A consagração foi inevitável,tanto é que realizaram o sonho deviver apenas da música. “Muitaspessoas acham que o fato de sermúsico é algo paralelo, apenaspara se divertir, e o tem como umvagabundo. Elas não entendemque é uma profissão como outraqualquer, em matéria de valor ouposição social”, diz o guitarristaThomas Jefferson.

Eles já abriram shows debandas consagradas, como Mo-törhead, Deep Purple, GlennHughes, Biohazard, Sepultura eKrisiun. Mas, mesmo com tan-tas mudanças, o sucesso nãomodificou o relacionamento dogrupo com o público. “Não so-mos melhores do que nin-guém”, diz o vocalista Marce-lus. Tanto isso é verdade que abanda não tem um set list (lista

Pescadores têmfunção ameaçadaJuan Lucas Martínez

Domingo, cinco da manhã. Apraia de Penha ainda está deser-ta. Na rua, perto da areia, somen-te as luzes de alguns postes es-tão acesas. Todos ainda dormem.

Mas, no meio do mar, nãotão longe da costa, é possívelver que isso não é verdade. Vá-rios barcos, a maioria de ma-deira, com pequenos motores eredes jogadas na água, mudama paisagem. São os pescadoresque, mesmo durante o feriado,não deixam de trabalhar.

Um exemplo é Gercino Mi-guel da Silva, de 54 anos. Há qua-se 40 anos pescando nas costasde Santa Catarina, ele começouna profissão por meio de seu pai,e até hoje nunca considerou exer-cer outra atividade. Assim comoseus colegas de profissão, elenão tem horário para trabalhar.“Às vezes ficamos um dia intei-ro, ou perdemos uma noite, pes-cando camarão.”

Devido ao fato desses profis-sionais não terem uma agendafixa, na maioria das vezes elesnão têm férias, sendo que so-mente deixam de pescar quandoa lei não permite. O pescadorJosé Soares, de 58 anos, diz queeles trabalham de “Janeiro à Ou-tubro, quando fecha a temporadade pesca”. Os meses de Novem-bro e Dezembro fazem parte doprincipal período de reproduçãodos peixes e camarões não só naregião, mas em todo o país.

Com isso, a renda dos pes-cadores acaba um tanto preju-dicada. “Nós temos seguro-de-semprego durante os mesesem que não trabalhamos”, de-clara José, “mas a renda de pes-cador não é muito boa”. Numdia, um barco consegue pescaraté 500 quilos de camarão, que,depois de vendidos, podem

chegar até dois mil e quinhen-tos reais. “Mas temos que des-contar todos os gastos comcombustível, barco, rede, isca,e nem sempre conseguimosvender tudo o que pescamos”,diz Gercino.

Além disso,o pescador PedroLuis Arvize, de 73 anos, e qua-se sessenta de profissão, comen-ta que “o tanto de peixe que pes-camos hoje é menor do que an-tigamente. Hoje, aqui na praia,só pescamos camarão, que é oque tem para pegar por aqui.”

Este trabalho não contacom uma procura grande, ecom o número de opções queexistem hoje, nem os própriospescadores mantêm a tradiçãoem suas famílias. Pedro Luis,com nove filhos, não tem ne-nhum interessado em continu-ar no mesmo ramo. “Eu conse-gui criar meus filhos com arenda, mas eu acho que hojenão conseguiria. Não temmais fartura, já não paga tãobem trabalhar aqui.”

Mesmo com a falta de pei-xe, a grande maioria dos pes-cadores não pensa em fazeroutra coisa. “A gente nuncaaprendeu a fazer mais nada, ehoje é difícil sair disso, masnão é uma coisa que se fazsem gostar, todo mundo aquientrou nesse trabalho porquegostava, e ainda gosta de pes-car”, completa José.

Quando questionados so-bre o que fazem no períodoem que não estão no mar, amaioria respondeu que gostade passear, ver a família, osfilhos e às vezes até pescarcom eles. “É trabalho, mastambém é divertido. Por issoque a gente aguenta”, decla-ra Gercino. “É o que sabemosfazer, e a sorte é gostar disso.Nos últimos anos, tem cada

vez menos peixe, menos cama-rão, que é o que mais vende.Mas ainda é divertido.”

Sobre o mercado de pescada praia de Penha, em Itajuba,Santa Catarina, o pescador Pe-dro é pessimista: “esse tipo derelação que temos (a venda decamarão direto ao consumidor)não deve durar muito. Temmuito menos do animal naágua. Tem bastante criadouropor aí, e ninguém mais quer serpescador. A pesca não vai aca-bar, todo mundo gosta de pei-xe, mas quem vai vender vãoser os criadouros, ou o pessoalque pesca em alto-mar”.

de músicas a serem executa-das) definido para os shows.Eles definem geralmente asduas primeiras músicas e a se-quência será de acordo com oque o público quiser ouvir.

A apresentação do últimosábado (9), que teve aproxi-madamente 3 horas, contouprincipalmente com músicaspróprias e alguns covers inter-calados, que foram desdeAC/DC até Motörhead, pas-sando por Accept, Black Sab-bath e Iron Maiden. “Tocarcovers é muito bom, mas tocaroriginais é melhor. Quando10, 20 ou 30 pessoas batempalma é ótimo. Quando milbatem [palmas], você precisase segurar. É a tua música,né?”, diz Marcelus.

Com lançamento previstopara este ano, a banda está fi-nalizando a gravação de seunovo álbum, intitulado tempo-rariamente de “Sangue noolho e Rock na veia”.

Banda participa de comemoração dos 40 anos de Nazareth

Juan Lucas Martínez

Diminuição do número de peixes em águas mais rasas é um dos motivos

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EnsaioJeff Koons

Gustavo Krelling

Residência do Rei Sol (Luís XIV) e posteriormente, Maria An-tonieta, o Palácio de Versailles é uma jóia da arquitetura barroca eorgulho da nação francesa. Versailles é um símbolo da erudição,mas esse status foi posto em xeque com a exposição do artista plás-tico norte-americano, Jeff Koons, que ocupou os jardins e interiordo palácio com 17 obras, algumas monumentais. O artista tem umestilo que lembra o kitsch, que significa algo de mau gosto artísti-co, uma produção considerada inferior. Muitos franceses se revol-taram por uma arte pop estar exposta em um lugar de tanta erudi-ção. Mas o trunfo da exposição está nesse incrível contraste entreo pop e o estilo barroco do palácio. A estranheza causada entre aarquitetura e as obras concede um ritmo visual forte para quemvisita o palácio.

A irreverência de Jeff Koons

Considerado um dos maioresdo mundo, o Palácio de Versa-

lhes possui 2.000 janelas, 700quartos, 1.250 lareiras e 700

hectares de parque. É um dospontos turísticos mais visita-

dos de França.