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Curitiba, quinta-feira, 2 de setembro de 2010 - Ano XII - Número 584 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L Thomas Mayer Rieger/ LONA Ônibus descontrolado causa acidente no Mossunguê Começa, em Caxias do Sul (RS), o principal evento acadêmico de comunicação do Brasil Intercom 2010 Um ônibus biarticulado da linha Centenário/Campo Comprido atingiu cinco carros nesta quarta-feira no bairro Mossunguê. Além disso, 11 passagei- ros ficaram feridos, e a maioria deles foi encaminhada para hospitais da cida- Pág. 3 de. Estudantes de Jornalismo da Universidade Positivo estavam presentes no lo- cal do acontecimento e relataram o incidente para a equipe do LONA. Pág. 5 Lei da palmada: sim ou não? Confira o que pensam nossos articulistas Opinião Pág. 2

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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO

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Curitiba, quinta-feira, 2 de setembro de 2010 - Ano XII - Número 584Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Thomas Mayer Rieger/ LONA

Ônibus descontroladocausa acidente no

Mossunguê

Começa, em Caxias do Sul (RS),o principal evento acadêmicode comunicação do Brasil

Intercom 2010

Um ônibus biarticulado da linha Centenário/Campo Comprido atingiucinco carros nesta quarta-feira no bairro Mossunguê. Além disso, 11 passagei-ros ficaram feridos, e a maioria deles foi encaminhada para hospitais da cida- Pág. 3

de. Estudantes de Jornalismo da Universidade Positivo estavam presentes no lo-cal do acontecimento e relataram o incidente para a equipe do LONA.

Pág. 5

Lei da palmada: sim ou não?Confira o que pensamnossos articulistas

Opinião

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Curitiba, quinta-feira, 2 de setembro de 20102

Opinião

Aline [email protected]

Reitor: José Pio Martins.Vice-Reitor: Arno Anto-nio Gnoatto; Pró-Reitorde Graduação: RenatoCasagrande; Pró-Reitorde Planejamento e Ava-liação Institucional: Cos-me Damião Massi; Pró-Reitor de Pós-Gradua-ção e Pesquisa e Pró-Reitor de Extensão: Bru-no Fernandes; Pró-Reitorde Administração: ArnoAntonio Gnoatto; Coor-denador do Curso deJornalismo: Carlos Ale-xandre Gruber de Cas-tro; Professores-orienta-dores: Ana Paula Mira eMarcelo Lima; Editores-chefes : Daniel Castro( c a s t r o l o n a @ g m a i l .com.br), Diego Henriqueda Silva ([email protected]) e NathaliaCavalcante ([email protected]) .

“Formar jornalistas comabrangentes conheci-mentos gerais e huma-nísticos, capacitação téc-nica, espírito criativo eempreendedor, sólidosprincípios éticos e res-ponsabilidade social quecontribuam com seu tra-balho para o enriqueci-mento cultural, social,político e econômico dasociedade”.

O LONA é o jornal-laboratório diário doCurso de Jornalismo daUniversidade Positivo –UPRedação LONA: (41)3317-3044 Rua Pedro V.Parigot de Souza, 5.300 –Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR- CEP 81280-30. Fone(41) 3317-3000

Expediente

Missão docursode Jornalismo

Um tapinha dói, sim, ao contrário do que diz a letrado funk que embala, sensualmente, pessoas em todo o Brasil.O tapinha pode ser erótico, mas não quer dizer que seja bom– pelo menos no caso das crianças.

Existe um bafafá acerca da lei que não permite que ospais e mães batam nos seus filhos e filhas. “É só umtapinha”, ouço corriqueiramente.

Concordo. É só um tapinha. Um tapinha que não gerarespeito e sim medo. O tapinha não serve para educar, servepara descontar a raiva que o pai ou a mãe estão sentindonaquele momento. Imagine se eu fosse bater nas pessoasdas quais eu tenho raiva? Imagine se fôssemos bater umasnas outras a cada discordância que tivéssemos?

Essa história de que “eu apanhei e sou uma pessoa debem, e ele foi mimado e é um vagabundo” é ridícula.Ninguém se torna melhor porque apanhou. A educação sedá por meio do diálogo, e sim, talvez de punições, mas não

A polêmica palmada

“Se você não se comportar, nós vamos voltar pra casa agora,entendeu?”. Foi o que uma mãe disse para sua filha, de uns quatroanos de idade, no corredor de um shopping. A criança, arteira,retrucou: “Não! Eu quero agora!”.

Esse é um caso em que um tapa bem dado é mais do quejustificado. Não digo um tapa pra doer e/ou deixar marca, massim um que faça barulho, assuste um pouco e que fique a lembran-ça de ter feito coisa errada para não mais repeti-la.

Meu avô é militar aposentado e levou a disciplina do quartelpara dentro de casa quando o assunto era a educação dos filhos.Meu pai conta que apanhava todos os dias. Se não era pela manhã,então era à tarde. De certa forma, é até justificável por quê. Baseadono que ele e meu tio contam, ambos eram sapecas e aprontavamtudo e mais um pouco. Apesar da rigidez, meu avô nunca espan-cou os filhos. Era uma cintada na bunda para aprender que quan-do o pai ou a mãe fala, eles tinham que abaixar a cabeça e obedecer.

Meu pai foi um pouco mais liberal nesse quesito, mas mes-mo assim não me livrei de levar umas boas chineladas ou palma-das quando aprontava. Da mesma forma que o trabalho enobrece ohomem, a rédea curta dos pais molda o caráter dos filhos. Meu paie meu tio são ótimos exemplos de justiça e caráter.

Mencionados todos estes detalhes, vamos ao que interessa:essa lei de não poder dar um tapinha nos filhos é ridícula, umainvasão de privacidade. Criança tem que ser criada/tratada commuito amor e carinho e não pode faltar o diálogo com os pais, mastambém é imperativo que façam uso da rédea curta para educá-las.Não para punir, mas sim para que cresçam com senso de respeito,responsabilidade e, principalmente, com limites.

A psicóloga e consultora educacional Rosely Sayão, apesarde ser contrária à palmada, parece concordar comigo na questãolegal: “Essa lei, junto com outras bem diferentes, mostram a inva-são do estado na vida privada. Acho isso muito perigoso. Hojepodemos ser contra a palmada — eu sou — mas amanhã, sabe-selá o que pode ser transformado em lei”.

A função do Estado não é palpitar na criação do filho alheio,mas sim a de cuidar do bem-estar coletivo e do cumprimento dasleis cabíveis. A partir do momento em que se ausentou da respon-sabilidade de prover educação, saúde e segurança de qualidade,automaticamente deixou de ter moral para cobrar qualquer coisado cidadão. Agora me vem com essa de que não pode dar umaspalmadas em criança malcriada? O que não pode é este Estadoausente e corrupto vir palpitar na maneira como crio meus filhos.Quero dizer, como não tenho filhos, ele palpita na maneira comoos criaria, mas enfim. Cada indivíduo é soberano dentro do seu lare educa seus filhos da maneira que julgar correta.

Lei interferena soberaniado lar

Rodrigo dos R. S. de Araujo

Violência quenão gerarespeito

Essa história de que “eu apanhei e souuma pessoa de bem, e ele foi mimado e éum vagabundo” é ridícula. Ninguém setorna melhor porque apanhou

Da mesma forma que o trabalho enobrece ohomem, a rédea curta dos pais molda o cará-ter dos filhos. Meu pai e meu tio são ótimosexemplos de justiça e caráter

físicas. Privar um filho ou filha uma semana de televisão émuito melhor do que dar uma palmada ou até mesmo usarchinelos, cintos e afins para maltratar as crianças.

Por que não batemos nos nossos chefes? Por que nãobatemos nos nossos parceiros e parceiras (embora, issoocorra muitas vezes)? Porque quando se bate, se perde orespeito. Eu não disse que se perde o sentimento de apreço,carinho, afeto, amor, seja lá como você chama isso. Eu disseque se perde o respeito.

Um homem e uma mulher de bem não se fazem batendo,mas sim respeitando e educando. O maior problema é que,ao que me parece, grande parte dos pais e mães se tornamum tanto quanto ausentes na educação de seus filhos efilhas, e, no entanto, querem que as crianças sejam educadaspelas babás, professoras, avós... Quando há um “deslize”do caminho que o papai e a mamãe acham que os filhinhose filhinhas devem seguir, a solução é uma só: a pancada.

Existe a substituição do diálogo pela imposição.Menos conversa e mais discurso. O problema é que pancadanão vai resolver o problema (com o perdão da redundância).Se fosse assim, lutadores de boxe teriam auréolas acima dascabeças.

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Um ônibus biarticuladoda linha Centenário/CampoComprido sofreu um acidentena Rua Deputado Heitor Alen-car Furtado, em frente à esta-ção-tubo São Grato, no Mos-sunguê, por volta das11h45min desta quarta-feira.As equipes de socorro levaramaproximadamente 20 minutospara chegar ao local. Pelo me-nos cinco carros foram atingi-dos pelo ônibus e uma árvorefoi arrancada pela raiz.

Dentre os 180 passagei-ros estavam vários estudantesda Universidade Positivo, quevoltavam para casa. Os passa-geiros que se encontravam naúltima articulação do ônibusforam os mais afetados, sendoque, segundo o corpo de bom-beiros, 11 deles ficaram feridos.Eles foram encaminhados paraos hospitais Evangélico e Ca-juru, com exceção de dois, quetiveram ferimentos leves e nãoquiseram ser encaminhadospara o atendimento hospitalar.

Segundo um fiscal daURBS, a única informação quefoi passada diz respeito ao es-tado de saúde do motorista,que teria passado mal enquan-

to estava na direção do veícu-lo. Ele teve ferimentos leves etambém foi encaminhado parao hospital.

Segundo os passagei-ros, o veículo estava em altavelocidade desde a saída doterminal, que fica a três esta-ções do local do acidente. Ca-mila Collita, estudante de Jor-nalismo e uma das feridas(teve o braço esquerdo fratu-rado), confirma que o ônibusestava em uma velocidade aci-ma do normal. “Ele estavabem rápido e não conseguiufrear”, conta.

O estudante de Publici-dade e Propaganda WillianChan também estava no biar-ticulado. Ele explica a movi-mentação estranha feita peloveículo. “Quando a gente che-gou aqui ele começou a darmuita volta, fazer muito zigue-zague”. Chan saiu ileso, po-rém um colega seu não teve amesma sorte. “Meu amigo semachucou, se cortou no vidro.A gente o ajudou a descer doônibus”, complementa. O es-tudante ainda colaborou como amigo, deitando-o na gramae estancando seu ferimento até

Biarticulado perde o controle eatinge carros no bairroMossunguêO acidente não registrou mortes, mas 11 pessoas ficaram feridas

Thomas Mayer RiegerEhnaeull E. G. GonçalvesDaniel Castro

Fotos: Thomas Mayer Rieger

o socorro chegar.As várias versões dadas

pelos envolvidos no acidente di-ficultaram as conclusões e deixa-ram os passageiros confusos.“Na verdade, tem um monte degente dizendo que o motoristaapagou, tem gente que fala que ofreio não funciona, mas não seidireito, diz Collita.

As reações de quem viu oincidente foram variadas. O co-brador Moacir Vieira confessoujá ter presenciado situações pa-recidas, mas não com a mesmaintensidade. Ele conta que nomomento da batida estava nacompanhia de uma mulher, queficou chocada e chegou até mes-mo a chorar.

O designer Rafael Barbo-sa estava trabalhando quandoouviu o barulho causado peloacidente. Quando desceu paraverificar o que tinha acontecido,descobriu que o próprio carrohavia sido atingido. “Foi muitotriste. Peguei o carro há um mêsna concessionária e ele estavacom 300 quilômetros. Agora vouperder, provavelmente”, lamen-ta.

O trânsito na região foi li-berado por volta das 16 horas.

Hoje pela manhã um protesto organizado pelo Movi-mento Passe Livre colocou cruzes na Praça Tiradentes paralembrar as vítimas de um acidente acontecido no dia 10 dejunho. Na ocasião, um ligeirinho da linha Colombo/CIC cau-sou a morte de duas pessoas e deixou outras 32 feridas. Nessecaso, o motorista também perdeu o controle do veículo, queatingiu uma unidade das Lojas Pernambucanas.

“Na verdade, tem um mon-te de gente dizendo que omotorista apagou, temgente que fala que o freionão funciona, mas não seidireito”

Camila Collita,estudante de jornalismo

Falando nisso...

Acidente

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Arquitetura Sustentável

Monique Ferreira

A construção e planeja-mento de casas, prédios, con-juntos habitacionais, condo-mínios, e até mesmo de bair-ros inteiros já estão sendopensados dentro da chama-da “arquitetura sustentável”.O coordenador do curso dearquitetura da UniversidadePositivo, Orlando Ribeiro,define arquitetura sustentá-vel como sendo “um conjun-to de estratégias que têm porfinalidade, por meio do ar-quiteto ou urbanista, preser-var os recursos naturais paraas gerações futuras”.

O planejamento sustentá-vel começou a ser pensadomais seriamente a partir dosanos 70, com o crescimentopopulacional dos grandescentros urbanos. “As cida-des foram ficando, de certaforma, caóticas. Isso fez comque começasse a se repensartodas as escalas” , d izOrlando Ribeiro. A preocu-pação do arquiteto vai desdeo posicionamento da casa,sua direção em relação aosol, a disposição das janelasaté as origens dos materiais

utilizados. Em um projeto de arqui-

tetura sustentável, o pensa-mento abrange todo o cicloda edificação. Vai desde oprojeto às questões práticasque envolvem a reciclagem ereaproveitamento de muitosmateriais até o destino dosresíduos gerados pela obra,que podem serreaproveitados na fabricaçãode tijolos e aterros. Medidaque reduz o volume do que éencaminhado aos aterros sa-nitários. Vale lembrar que aadoção de soluçõesambientalmente sustentáveisnão acarreta aumento de pre-ço, principalmente se as me-didas forem adotadas duran-te a concepção do projeto. Aimplantação de alguns siste-mas, como o de aquecimentosolar, pode aumentar os cus-tos, mas a longo prazo a eco-nomia alcançada durante autilização paga o investimen-to.

Nos dias atuais, muito sefala em sustentabil idade.Várias áreas do conhecimen-to estão sendo estudadas porum novo ângulo. Os produ-tos pensados neste aspecto

buscam responder, em suaprodução, a três perguntasbásicas que constituem o tri-ângulo da sustentabilidade.São elas: é economicamenteviável? É ambientalmentecorreto? É socialmente justo?Em outras palavras um pro-duto sustentável deverá seracessível, economicamente,ao maior número de pessoaspossível, respeitar o meioambiente com a diminuiçãoda energia gasta na produ-ção e dos recursos naturaisempregados. E, por último, oproduto deverá alcançar asatisfação do consumidor.

Na arquitetura, bem comona construção civil, váriasmedidas sustentáveis já es-tão sendo empregadas emgrande escala. Destaca-se omelhor aproveitamento dosrecursos naturais como a luznatural e a ventilação natu-ral, a captação da energiasolar ou eólica e sua trans-formação em energia elétrica,a captação da água da chu-va para reutilização na áreada jardinagem e limpeza, ailuminação de baixo consu-mo, enf im, tudo queminimize o impacto

ambiental que aquela cons-trução pode gerar.

Ribeiro acredita que aquestão da sustentabilidadena arquitetura é um caminhosem volta. “Atingimos umestágio que não pode maisser caracterizado como ten-dência, não é um estágio pas-

conscienteArquitetura

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De bem com o meio ambiente, arquitetos trazema sustentabilidade para seus projetos

sageiro. Daqui em diante, nósdevemos sim, nos preocuparcom essa pauta de maneiraeficiente, correta e cada vezmais se aprofundar nessesestudos para que as próxi-mas gerações possam usu-fruir da vida que nós temoshoje.”

The Green Building | África do SulConstruío com blocos de concreto recicladoe madeira de áreas de reflorestamento

Divulgação

Puff com fibras debambu, paredes pinta-das com tinta natural,iluminação em leds episo em tecnocimentointegram o projeto desala ao lado

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Curitiba, quinta-feira, 2 de setembro de 2010 5

96Evento acadêmico

Diego Henrique da SilvaComeça hoje em Caxias do

Sul (RS) o principal evento aca-dêmico do Brasil na área de co-municação. Trata-se do Con-gresso Brasileiro de Ciências daComunicação, o Intercom 2010,que já está em sua 33ª edição.No período de 2 a 6 de setem-bro, estudantes de jornalismo,membros da Sociedade Brasilei-ra de Estudos Interdisciplinaresda Comunicação, professores,mestres e doutores em comuni-

cação vão se reunir para parti-cipar do congresso.

Palestras, oficinas, Gruposde Trabalho (GTs), debates,lançamentos de livros acadê-micos e apresentação de traba-lhos científicos são algumasdas atrações do evento. Alémdisso, há também a Exposiçãoda Pesquisa Experimental emComunicação (Expocom), quepremia os melhores trabalhospráticos de alunos. Esses tra-balhos podem ser de Publici-

HorasAté a próxima segunda-feira,

acadêmicos da área da comunicaçãoparticipam do Intercom 2010

Diego Henrique da Silva

de comunicação

Juventude que participaA jornalista Luísa

Barwinski vai apresentar oblog que criou em seu traba-lho de conclusão do curso(TCC) de jornalismo. Ela com-pete com estudantes de outrasquatro regiões do Brasil, na ca-tegoria Produção Editorial eTransdisciplinar em Comuni-cação: modalidade blog, noprêmio Expocom. Segundoela, o projeto nasceu há umbom tempo, quando tinha oblog ‘Palitos de Gina’, que de-pois virou seu TCC. “Partici-par do evento também é im-portante para o reconhecimen-

Um bate-papo com aorganizadora geral

De acordo com a presi-dente da comissão que orga-niza o Intercom na Univer-sidade de Caxias do Sul(UCS), Marliva Gonçalves,cerca 3.300 pessoas se ins-creveram. Entretanto, serãoaproximadamente 4 mil par-ticipantes, pois os universi-tários do campus tambémestão integrados. ParaMarliva, os principais desa-fios de organizar um eventodesse porte é juntar esforços,preparar infraestrutura eorganizar o atendimento.“Precisamos pensar emtudo: se as salas têm equi-

dade e Propaganda (cartazes,campanhas, propaganda emvídeo etc.); Jornalismo (revis-tas, telejornais, radiojornais,documentários etc.); Relaçõespúblicas (pesquisa de opinião,organização de evento etc.);Cinema e Audiovisual (roteiro,curta e longa metragem, etc.);Produção editorial etransdisciplinar em comunica-ção (edição de livro,fotonovela, fotografia artística,quadrinhos, games).

pamentos necessários e sufi-cientes, pensar no transportedos congressistas, recepção,logística e na questão de co-municação com os partici-pantes que falam em outrosidiomas”.

Perguntada sobre o quepensava da participação dosestudantes no evento, Marlivadestacou a questão da vidaprofissional. “Antigamente,bastava ter diploma, falar umalíngua estrangeira e saber da-tilografar/ digitar. Hoje os alu-nos precisam ter um diferenci-al para conseguir espaço nomercado de trabalho. A parti-cipação em congressos e semi-nários conta muito”, explicou.

to do blog, que deu trabalhopra caramba”, declara. Deutrabalho, pois não é mais umapágina na web, pois foi frutode intensa pesquisa e traba-lho.

“Foi um processo, desdefazer toda a fundamentaçãoteórica até fechar as pautas ecomeçar a fazer as primeirasreportagens”, comenta. Elasegue com o produto até hoje,que pode ser acessado empaliteiro.com.br

Luísa sabe que trazer o prê-mio não vai ser fácil. “São pes-soas que já ganharam o prê-mio na sua região. A gente

sabe que não vai competir comtrabalho fraquinho”, analisa.A dica que ela dá para quemestuda comunicação e nuncase interessou em participar doIntercom, seja na fase regionalou nacional, é que tente se em-penhar e produzir trabalhos.“Isso conta pra currículo.

Por mais que algumas pes-soas pensem ‘o que tem a verdizer que já participei doExpocom?!’, é importante, poisquem é da área da comunica-ção (e pode contratar), sabe”,defende a jornalista, que seformou no ano passado pelaUniversidade Positivo (UP).

Divulgação/ UCS

Luísa Barwinski (esquerda) junto àprofessora Elza Aparecida deOliveira, durante a edição regional doevento, em Novo Hamburgo (RS)

Campus da Universidade de Caxias do Sul(UCS), que sedia o evento

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Curitiba, quinta-feira, 2 de setembro de 20106

Em julho deste ano, o bis-po de Guarulhos, Dom LuizGonzada Bergonzini, publi-cou um artigo no site daConferência Nacional dosBispos do Brasil (CNBB) re-comendando o boicote à can-didatura de Dilma Rousseffpor causa da defesa do abor-to nos casos permitidos porlei. Embora o artigo não pos-sa mais ser encontrado nosite, alguns trechos foramsalvos, ai estão eles: “Denun-ciamos e condenamos comocontrárias às leis de Deus to-das as formas de atentadocontra a vida, dom de Deus,como o suicídio, o homicídio,assim como o aborto, peloqual, criminosa e covarde-mente, tira-se a vida de umser humano, completamenteincapaz de se defender”.

“Isto posto, recomenda-mos a todos verdadeiros cris-tãos e verdadeiros católicos aque não deem seu voto à se-nhora Dilma Rousseff e de-mais candidatos que apro-vam tais ‘liberações’, inde-pendentemente do partido aque pertençam.”

Dilma deu sua respostadizendo que essa opinião –defendida pelo bispo – não éde toda CNBB e que o que eladefende é que a lei seja cum-prida, afinal, o aborto é per-mitido no Brasil em casos deestupro e de risco de mortepara a mãe. Ela explicou di-zendo que o que acontece éque mulheres com melhorescondições fazem abortos emclínicas, enquanto as menosfavorecidas acabam recorren-do a técnicas perigosas, comoo uso de agulhas de tricô. Edisse mais, disse que a ques-tão do aborto tem de ser tra-tado como um problema desaúde pública e não religioso.

E é nesse ponto, exata-mente nesse pontinho que

Priscila SchipEscreve quinzenalmente sobre gênero,sempre às [email protected]

precisamos pegar. Qual é aprimeira coisa que precisa-mos fazer para resolver umproblema? Identificá-lo. Cer-to?

Pois é, mas antes disso épreciso outra coisa: o proble-ma, para ser problema temque existir. E é isso, o abortoé um problema porque eleexiste, ele é praticado. Entãonão adianta ficar falando emdireito à vida e blá blá blá,quando o aborto acontece.Essa que é a questão, sendolegal ou não, ele acontece.

Em 1991, no Brasil, as es-timativas eram de que o nú-mero de abortos ilegais pra-ticados por ano variavam en-tre 300 mil e 3,3 milhões, issode acordo com Singh & Wulf.Em 1994, o Alan GuttmacherInstitute publicou os resulta-dos de uma investigação so-bre aborto inseguro na Amé-rica Latina, incluindo o Bra-sil, estimando que um totalde 1.443.350 abortamentosinseguros ocorria no país. Amesma pesquisa revelou umataxa anual de 3,65 aborta-mentos por 100 mulheres de15 a 49 anos.

O estudo mais recente é oque traz valores de 2005. Deacordo com a pesquisa,1.054.242 abortos foram in-duzidos no país. Porém, épreciso ter em mente que essenúmero é baseado apenas emdados referentes a interna-ções no Sistema Único deSaúde (SUS), e em pesquisascom abordagem direta, ouseja, perguntar às mulheresse já praticaram o aborto. Nocaso do SUS é preciso levarem consideração que nemtoda a população brasileirafeminina utiliza o sistema, ede que muitas mulheres nãoprocuram o atendimento pormedo. Quanto à abordagemdireta o problema é mais evi-

Gênero

Henrique BonacinEscreve quinzenalmente sobre polí[email protected]

Atitudes quePolítica

dente, não é comum uma mu-lher que praticou o aborto fa-lar disso abertamente. O quenos atenta que o número deabortos é possivelmente bemmaior.

Segundo o Comitê para aEliminação de todas as For-mas de Discriminação con-tra a Mulher (CEDAW), a ti-pificação do aborto como cri-me não desestimula a mu-lher de se submeter ao abor-to, e acaba incentivando aspráticas de risco. Quer dizer,as mulheres que têm dinhei-ro recorrem a clínicas clan-destinas, e as que não têm,usam práticas de trauma vo-luntário, como: quedas, so-cos e atividades físicas ex-cessivas. O aborto pode ocor-rer também, por meio de in-serção de objetos no útero:cateter, arame, agulhas de te-cer e cabides.

As clinicas clandestinasnão têm nenhum padrão deatendimento, não existe ne-nhum tipo de segurança; euma mulher que recorre aesse serviço não tem comosaber se quem a atende real-mente é um médico. Quantoàs práticas “caseiras” queinduzem o aborto, não é nempreciso dizer o quanto sãoperigosas.

Hoje o aborto é a 4ª causade morte materna, superadoapenas pela hipertensão ar-terial, hemorragia e infecção.Colocá-lo como crime sem-pre tendo em mente que eleacontece é não dar direito àsaúde a essas mulheres, ésimplesmente ignorá-las.

E é sim, eu concordo quea legalização do aborto aca-ba sendo uma muleta. O ide-al é que abortos não existam.É claro que muita coisa pre-cisa ser mudada e, enquantoisso, não podemos ficar debraços cruzados. Essas mu-lheres que cometem o abortoprecisam que o sistema desaúde as apóiem, cuidandoda saúde delas, é só isso.

Bispo, Dilma eaborto no Brasil

Alguns dias atrás estava naAssembleia Legislativa do Pa-raná fazendo uma coberturajornalística no plenário e, ao fi-nal da tarde, comecei a ficarcom fome. Subi dois andaresaté a lanchonete da Assem-bleia, acompanhado de umamenina que estagia comigo.Estávamos conversando sobreo que aconteceu naquela ses-são plenária, enquanto esperá-vamos nosso pedido. Papovem, papo vai, e de repente,sentou-se à mesa ao nossolado um homem de meia ida-de. Ele apresentava um sem-blante amigável. Depois de umcerto tempo, começou a con-versar. Falava algumas coisassem nexo, mas acima de tudo,era uma pessoa muito comuni-cativa. Ao final da nossa refei-ção, estávamos falando sobre otempo bonito que fazia fora daCasa do Povo.

O homem para tentar entrarna conversa começou a emen-dar um papo sobre o Batman eGotan City, que por sinal, sófazia sentido para ele. Mas,enfim, loucuras à parte, nosdespedimos. Não disse a ele arespeito de nossa profissão e oque fazíamos ali na Assem-bleia. Apenas: “Tchau, tchau,até a próxima”. Ele nos res-pondeu: “Tenham uma boacampanha”. Nesse momento,para qualquer jornalista, ouprojeto de jornalista, uma ex-pressão como essa soa como

incomodam

um grito em nossos ouvidos.Se ele está nos dando um “boacampanha” quer dizer quemuita gente nesse lugar fazcampanha.

No entanto, a AssembleiaLegislativa do Paraná tem afunção pública de criar nos-sas leis, fiscalizar e atenderaos interesses públicos dapopulação. Se existe tantagente dentro da Assembleiafazendo campanha eleitoral,onde fica a real função dosdeputados estaduais? Tudobem, eles adiantaram algu-mas sessões, para saírem an-tes para suas campanhas.Entretanto, até que ponto elespodem usar os gabinetes de-les, na Assembleia, para fazercampanha, em dia de plená-rio? Nesses momentos, eles esuas equipes de gabinete têma obrigação de fazer isso, esomente isso. No restante dotempo, poderiam fazer suascampanhas.

Se for para fazer pela me-tade, que fechem as portasda Assembleia durante osmeses de campanha eleitoral.Assim, como andaram espe-culando nas últimas sema-nas, que após o recesso dosete de setembro, poderiamprolongar a pausa, e o retor-no ocorreria apenas após aseleições. Atitudes de deputa-dos em campanha como essa,com certeza, não devem agra-dar aos eleitores.

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Curitiba, quinta-feira, 2 de setembro de 2010 7

Página Literária

Caroline Evelyn

Todos os dias ao deitarela pede para morrer. Ima-gina todas as situações. Jámorreu um milhão de vezes,em todas as suas formas, emtodos os seus mundos. Sen-te seu corpo sendo dilacera-do, imagina os cortes, o san-g u e , a d o r ; m a n e i r a sindolores, ineficazes, assus-tadoras. Maneiras que nãomachuquem ninguém, ma-neiras de não sentir culpa,de não culpar. Quer morrer,evanescer, desaparecer, nãoexistir, sumir. O delírio maisbelo e inalcançável, jamaister existido, e sem existir,não precisar sumir. O delei-te do fim sem começo, denão precisar partir, de nun-ca ter estado.

Todas as noites, ela per-mite que sua realidade esuas fantasias se misturemcom seus sonhos, e no fim,é sempre abraçada pela es-curidão, engolfada em umaonda negra que não tem fim.E no meio de toda a turbu-lência, ao ser devolvida pe-las marés para a claridade,de nada sabe, de nada lem-bra. Um momento que nãoexistiu, um buraco no tem-

Serp o q u e n ã o s e p e r m i t i uacontecer. Volta como quemnão foi, mais uma noite quenão aconteceu e que a de-volve a um dia que ela nãodeseja.

Então em uma de suasidas, cheia de chegadas epartidas, em meio a noitesrecortadas pela impossibi-lidade de dormir sem fim,mais uma vez ela se permi-te abraçar, mais uma vezentrega-se à escuridão. Semque seus pensamentos som-brios deem ideias aos seussonhos, ela parte sem nadaesperar. O mar, no entanto,não é sombrio, nem turvo en e m c o n t u r b a d o . E l e s emostra claro e real como arealidade jamais consegueser. E nessa vida que nun-ca viu, nessa casa que nun-c a c o n h e c e u , e l a é f e l i zcomo nunca havia sido. Nac e r t e z a d a r e a l i d a d e d ecada instante, ela vive, sepermite, se joga. Sem duvi-dar de impossibi l idades ,sem perceber que jamais vi-veu nada antes , e la vivecomo se aquela vida fossesua, um presente merecidoque teve desde sempre e

Divulgação

... Ou não

que nunca vai acabar.De repente um desconhe-

cido, o medo, um susto, umrevolver, ela vislumbra ofim. Com a bala, sente o ca-lor, o sangue escorrendo, ocorpo esmorecendo. Semdor e com total consciência,se permite um pensamento“devia ser um sonho, nãoentendo porque isso não éum sonho”. Mas ela senteclaramente, que não é. Osangue quente escorrendonão permite dúvidas.

E n q u a n t o e l a p e r d e or e s t o d e c o n s c i ê n c i a , o solhos vão se abrindo e fi-tando a total escuridão. Agarganta trancada não per-mite o grito que rasga as en-tranhas, mas as lágrimas jáafogaram o rosto. Em totaldesespero, percebe que a re-alidade voltou, e pela pri-meira vez o caminho se fazinverso, da luz para a escu-ridão. Sem saber em qual re-alidade está, ela já não maispode escolher entre a morteda vida e a vida de morte.

Daniel Zanella

Gay Talese, em Fama &Anonimato, transcreve umareportagem que fez pra revis-ta Esquire, em 1965, sobre ocotidiano de Frank Sinatra. Otítulo é “Frank Sinatra EstáResfriado”. A reportagemconta o cataclisma que umresfriado gera no cantor, seusmodos um tanto rudes com to-dos que o rodeiam, seuinf indo mau humor e ascompenetradas doses de uís-que enquanto a voz não me-lhora. Gay Talese não entre-vistou o cantor. Estou a ouvirFrank Sinatra. Gosto muito deuma canção chamadaDrinking Again e o que elatem de melancólica, trôpega,sarjeta e suicida.

Hoje pouco trabalhei, nãoteve aula, o futebol na tevê es-tava contido de emoções, mi-nha companheira me deuuma resposta um tantolacônica sobre minhas letrasde saudade e, subitamente,me deu uma vontade de se

embebedar sozinho.Levanto do sofá e esprei-

to a minha carteira. Sei queela pouco pode fazer pormim hoje. A solução terá queser caseira. Ando até a cozi-nha e abro o armário. Vejoque há uma garrafinha devidro de uma cachaça demaçã, cortesia de um amigoque achou a bebida horrível.A fruteira quase vazia é umabenção: tenho limões, os me-lhores limões. O açúcar? Oaçúcar acabou. Não faz mal.Tenho gelo.

Impressiona-me em GayTalese a dimensão humanaque ele confere ao cantor, arevelação afetuosa e críticade seus momentos de insta-bilidade e irritação, a cons-ciência própria de grandeza,seu perfeccionismo salutar,os atos de generosidade eapreço ao álcool.

Não sou S inatra , mastambém aprecio o álcool eseu potencial de revelar asprofundezas. Hoje só preci-so dormir. O dia sempreameniza as questões.

DrinkingAgain

DrinkingAgainDrinkingAgain

Gay Talese