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  MODALIDADES ORGANIZATIVAS E MODALIDADES DIDÁTICAS NO ENSINO DE LINGUAGEM VERBAL 1  Kátia Lomba Bräkling 2 2  Não espere que o rigor do teu caminho que obstinadamente se bifurca em outro, que obstinadamente se bifurca em outro tenha fim...(Borges, 1967) A  G ESTÃO DO T EMPO P EDAGÓGICO E AS MODALIDADES O RGANIZATIVAS  Para organizarmos o trabalho de ensino de linguagem, é preciso que se leve em conta a maneira mais adequada para fazermos a gestão do tempo, considerando modalidades didáticas que otimizem a utilização do mesmo. Considerando-se: a) o princípio de organização do currículo em espiral  pois os alunos precisam ter contato com os conteúdos em diferentes momentos do processo de aprendizado, de maneira a dele se apropriarem melhor ; b) a natureza de cada conteúdo e suas necessidades de abordagem; c) a necessidade de haver uma seleção dos conteúdos em função do tempo de que se dispõe para ensinar e das expectativas de aprendizagem colocadas para os alunos, e inspirando-nos em Lerner (2002)  mas não apenas , podemos dizer que três podem ser as modalidades 3  - denomin adas pela autora de organizativas - nas quais o trabalho de sala de aula pode ser organizado: a) os projetos de leitura, escuta e produção de textos; b) as seqüências de atividades; c) as atividades independentes. Tal como proposto pela autora, podemos identificar dois critérios fundamentais que distinguem umas das outras: a frequência à sala de aula e a duração do trabalho implicado na modalidade. Além desses, também é possível reconhecer a potencialidade de cada modalidade organizativa para trabalhos com conteúdos específicos. 1  BRAKLING, K. L. A leitura da palavra: aprofundando compreensões para aprimorar as ações. Concepções e prática educativa.  São Paulo (SP): SEE de SP/CEFAI; 2012.  2  Especialista em Organização Curricular e Formação de Professores em Alfabetização e Ensino de Língua Portuguesa. Professora da Pós-Graduação do ISE Vera Cruz. Assessora da SEE de SP. Mestre em Linguística  Aplicada pela PUC de SP . 3  A esse respeito, consultar LERNER, D. É possível ler na escola?. Artigo publicado originalmente na revista Lectura y Vida , ano 17, nº 1, mar. 1996. Tradução para o português de Daniel Revah, Maíra Libertad Soligo Takemoto, Rosangela Moreira Veliago e Suzana Mesquita Moreira. Revisão de Heloisa Cerri Ramos.  A mesma discussão está presente no livro LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre (RS): Artmed; 2002 (pp. 87-92).  

Modalidades didáticas- abr2012

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  • MODALIDADES ORGANIZATIVAS E MODALIDADES DIDTICAS NO ENSINO DE LINGUAGEM VERBAL1

    Ktia Lomba Brkling22

    No espere que o rigor do teu caminho que obstinadamente se bifurca em outro, que obstinadamente se bifurca em outro tenha

    fim...

    (Borges, 1967)

    A GESTO DO TEMPO PEDAGGICO E AS MODALIDADES ORGANIZATIVAS

    Para organizarmos o trabalho de ensino de linguagem, preciso que se leve em conta a maneira mais adequada para fazermos a gesto do tempo, considerando modalidades didticas que otimizem a utilizao do mesmo.

    Considerando-se:

    a) o princpio de organizao do currculo em espiral pois os alunos precisam ter contato com os contedos em diferentes momentos do processo de aprendizado, de maneira a dele se apropriarem melhor ;

    b) a natureza de cada contedo e suas necessidades de abordagem;

    c) a necessidade de haver uma seleo dos contedos em funo do tempo de que se dispe para ensinar e das expectativas de aprendizagem colocadas para os alunos,

    e inspirando-nos em Lerner (2002) mas no apenas , podemos dizer que trs podem ser as modalidades3 - denominadas pela autora de organizativas - nas quais o trabalho de sala de aula pode ser organizado:

    a) os projetos de leitura, escuta e produo de textos;

    b) as seqncias de atividades;

    c) as atividades independentes.

    Tal como proposto pela autora, podemos identificar dois critrios fundamentais que distinguem umas das outras: a frequncia sala de aula e a durao do trabalho implicado na modalidade. Alm desses, tambm possvel reconhecer a potencialidade de cada modalidade organizativa para trabalhos com contedos especficos.

    1 BRAKLING, K. L. A leitura da palavra: aprofundando compreenses para aprimorar as aes. Concepes e prtica educativa. So Paulo (SP): SEE de SP/CEFAI; 2012.

    2 Especialista em Organizao Curricular e Formao de Professores em Alfabetizao e Ensino de Lngua Portuguesa. Professora da Ps-Graduao do ISE Vera Cruz. Assessora da SEE de SP. Mestre em Lingustica Aplicada pela PUC de SP.

    3 A esse respeito, consultar LERNER, D. possvel ler na escola?. Artigo publicado originalmente na revista Lectura y Vida, ano 17, n 1, mar. 1996. Traduo para o portugus de Daniel Revah, Mara Libertad Soligo Takemoto, Rosangela Moreira Veliago e Suzana Mesquita Moreira. Reviso de Heloisa Cerri Ramos. A mesma discusso est presente no livro LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possvel e o necessrio. Porto Alegre (RS): Artmed; 2002 (pp. 87-92).

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    Nessa perspectiva4, as atividades independentes do ponto de vista da freqentao sala de aula, podem ser habituais ou permanentes e ocasionais. As primeiras seriam aquelas que possuem uma periodicidade freqente e definida, possibilitando ao aluno contato constante com a mesma e com o contedo nela tematizado. As atividades independentes ocasionais seriam aquelas tratadas de maneira no regular, para tratar de um contedo eventualmente considerado como necessrio, como leituras de assuntos relevantes no momento e sistematizao de aspectos do conhecimento.

    So exemplos de atividades independentes permanentes as situaes de leitura em voz alta realizada pelo professor, sistematicamente trs vezes na semana; ou a Roda de Leitores, realizada uma vez por semana (ou quinzenalmente), por exemplo; ou, ainda a leitura de escolha pessoal realizada de maneira articulada com a Roda de Leitores. So exemplos de atividades independentes ocasionais as leituras espordicas de notcias do jornal ou sobre um determinado tema que tm relevncia em um momento especfico; a sistematizao de um contedo gramatical, ortogrfico ou discursivo.

    As seqncias de atividades ou seqncias didticas de atividades5 so como o prprio nome j indica uma seqncia de atividades organizadas para trabalhar determinado contedo, seja ele discursivo, textual ou gramatical em leitura, escuta ou produo de modo a possibilitar ao sujeito uma apropriao efetiva dos aspectos do conhecimento implicados, de maneira progressiva.

    So exemplos de atividades organizadas nessa modalidade, as seqncias de leitura planejadas com a finalidade de se estudar um determinado tema; para se estudar as caractersticas de determinado gnero; para se estudar determinada regularidade ortogrfica; caractersticas de determinado movimento esttico da literatura, entre outros.

    Os projetos de leitura, de escuta e de produo de textos so atividades planejadas de maneira seqenciada, sempre orientadas para a elaborao de um produto final destinado a interlocutores e lugares de circulao externos sala de aula ou escola. Um projeto pode ser composto por seqncias didticas de atividades e, ainda, por atividades independentes. As diferentes modalidades organizativas podem articular-se no desenvolvimento de um nico trabalho.

    Por exemplo: no desenvolvimento de um projeto de leitura que vise o conhecimento da obra de determinado autor, a apresentao das obras em estudo pode realizar-se nos momentos previstos para atividades independentes permanentes, como a leitura em voz alta feita pelo professor ou a leitura colaborativa (ou compartilhada). Podem ser previstas, ainda, a leitura em voz alta feita por alunos (tambm uma atividade permanente), pais, encarregado da sala de leitura, e outros profissionais. Da mesma forma, nesse mesmo projeto, possvel organizar-se uma seqncia de leitura para se estudar recursos lingsticos e estticos de apresentao de personagens, por exemplo, ou de pontuao, ou de criao de suspense, utilizados pelo autor em sua obra.

    So exemplos de projetos:

    4 A autora agrupa as atividades independentes em ocasionais e de sistematizao. parte as atividades

    independentes, a autora indica as atividades habituais. No entanto, quando estudamos a caracterizao de cada modalidade, pode-se observar que tambm estas so independentes, no sentido de no constiturem uma sequncia de atividades estando, no tempo de trabalho, isoladas de outras. Os exemplos dados na obra de referncia esclarecem essa ideia: hora de contar histrias, hora da leitura de curiosidades cientficas, leitura de captulos de um dado romance, um a um, em diferentes dias. Por isso a proposio desse agrupamento que, embora difira do da autora, no o contradiz; ao contrrio, o ratifica.

    5 Referncia: DOLZ, J.; B. SCHNEUWLY & J.-F. DE PIETRO 1998. Rcit dlaboration dune squence: Le dbat publique. IN: J. DOLZ & B. SCHNEUWLY (eds) Pour un Enseignement de lOral: Iniciation aux genres formels lcole. Paris: ESF Editeur, 1998.

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    a) elaborao de uma coletnea de lendas indgenas, tendo como produto final a montagem de um mural contendo as 10 lendas mais representativas das culturas indgenas do Brasil, com a finalidade de divulgar esse aspecto dessa cultura para os alunos da escola.

    b) elaborao de uma coletnea de poemas de bichos, tendo como produto final um livro, para circular entre os alunos da escola;

    c) gravao de um CD de causos de diferentes regies brasileiras, para compor o acervo da escola.

    d) organizao de seminrio temtico sobre biomas brasileiros e os problemas ambientais respectivos, envolvendo a escola e a comunidade escolar ampliada;

    e) elaborao de um dossi da obra de determinado autor, contendo resenhas das diferentes obras e uma anlise das suas caractersticas estticas e estilsticas, com a finalidade de disponibilizar na biblioteca da escola;

    f) elaborao de uma coletnea de contos de fadas modernos elaborados pela classe;

    g) elaborao de um fichrio de resenhas para ser socializado na biblioteca.

    Para finalizar, importante lembrar que fundamental organizar uma rotina de trabalho equilibrada, na qual as modalidades selecionadas possibilitem o trabalho com os diferentes contedos de leitura e escrita.

    A rotina precisa ser conhecida pelos alunos, de maneira que possam preparar-se para ela.

    AS SITUAES OU MODALIDADES - DIDTICAS

    As modalidades organizativas em especial as que se referem s atividades independentes devem articular-se ao que chamamos, nesse texto, de modalidades didticas6 de atividades ou, ainda de tipo de atividades, mesmo. Trata-se de atividades elaboradas de modo a tematizar aspectos muito especficos do contedo, lanando mo de procedimentos que permitem que seja lanada um lente de aumento sobre aquele aspecto, tratando esse contedo de maneira intensa.

    Esses tipos de atividades ou modalidades didticas tanto podem ser de leitura ou escuta, de produo de textos orais ou escritos, como de anlise lingustica, podendo constituir-se como atividades habituais ou ocasionais, e compor sequncias didticas de atividades e projetos.

    A prtica de ensino da linguagem verbal no pode prescindir nem das modalidades organizativas, nem das modalidades didticas de atividades (ou situaes didticas), cabendo ao professor selecion-las e articul-las na rotina de trabalho.

    Assim, a roda de leitores ou a leitura colaborativa (situaes didticas) podem ser atividades permanentes (modalidade organizativa) na escola, tendo uma periodicidade quinzenal, semanal ou diria. Da mesma forma, uma sequncia didtica (situao didtica), embora a sua frequncia deva, inevitavelmente, ser menor, devido ao fato de ter uma durao maior, assim como os projetos.

    6 Lerner (2002) as caracteriza como situaes didticas (p. 90), embora no se refira a todas as situaes

    que aqui sero apresentadas.

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    A seguir, so apresentados trs quadros nos quais procuramos agrupar situaes didticas de leitura, produo de textos e reflexo lingustica, caracterizando-as.

    SITUAES MODALIDADES - DIDTICAS DE TRABALHO COM LINGUAGEM7

    ATIVIDADES DE LEITURA PARTE 1

    TIPOS FINALIDADES

    Leitura Pontual

    Para trabalhar com a constituio da necessidade de ler regularmente, com diferentes finalidades, em especial, para informar-se a respeito de atualidades e temas relevantes para a vida cidad ou assuntos em desenvolvimento e estudo em aula. Trata-se de instituir um dia fixo na semana, no qual se leia em determinado horrio.

    Os leitores podem ser tanto o professor quanto os alunos, se o tema for socializado e combinado previamente.

    Leitura Colaborativa (ou compartilhada)

    Estudar o texto coletivamente, por meio de leitura que mobilize nos alunos capacidades de leitura necessrias para a construo da sua proficincia. A ideia que a explicitao dos modos de obter informao para responder s perguntas propostas, tornem observveis as estratgias que cada um utiliza para significar, possibilitando a apropriao dessas estratgias por quem ainda no as construiu.

    A leitura colaborativa fundamental para o ensino de como se l, ao contrrio da leitura independente com questes escritas para resposta a leitura silenciosa-, que apenas verifica o que o aluno j consegue fazer. Dito de outra forma, a leitura colaborativa ensina a ler e a silenciosa apenas verifica se o aluno sabe faz-lo.

    Leitura Programada

    Trabalhar com a ampliao da proficincia dos alunos no que se refere leitura de textos mais extensos, programando a leitura parte a parte. A partir da leitura prvia de cada parte, a professora promove a discusso coletiva das mesmas, ensinando procedimentos de recuperao da parte lida anteriormente. O trabalho de discusso compreende tambm a mobilizao de capacidades de leitura para a atribuio de sentido ao texto, considerando suas caractersticas mais especficas.

    Alm disso, esta modalidade permite, ainda, o trabalho com a obra de determinado autor, pois possibilita a problematizao de suas especificidades de estilo e de tratamento temtico.

    Leitura em voz alta feita pelo professor

    Algumas finalidades: explicitar ao aluno por meio da fala do professor - comportamentos de leitor (critrios de escolha e apreciao das obras, por exemplo; recursos que utilizou para a escolha do texto autor, gnero, editora, ilustraes, entre outros); possibilitar aos alunos que no leem o contato com textos em linguagem escrita de boa qualidade; possibilitar aos alunos contato com textos que no escolheriam de maneira independente; ampliar repertrio de leitura.

    Esta modalidade didtica possibilita ao professor modelizar comportamentos e procedimentos de leitor.

    Atividades sequenciadas de leitura para estudo de determinado tema

    Possibilitar o estudo de determinado tema por meio de uma sequncia de atividades que preveem a leitura de textos com grau crescente de ampliao e/ou aprofundamento de informaes.

    7 Sntese elaborada por Ktia Lomba Brkling para trabalho de assessoria e formao de professores (set/07).

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    MODALIDADES DIDTICAS DE TRABALHO COM LINGUAGEM

    ATIVIDADES DE LEITURA PARTE 2

    TIPOS FINALIDADES

    Roda de Leitores

    Possibilitar a socializao das leituras realizadas de maneira independente, com a finalidade de observar comportamentos leitores j construdos pelos alunos e, ao mesmo tempo, ampliar seu repertrio por meio da explicitao dos comportamentos de todos. No processo de socializao, explicitam-se os critrios de apreciao esttica em uso pelos diferentes alunos, criando-se um espao de circulao dos mesmos, o que cria a possibilidade de apropriao dos mesmos por diferentes leitores.

    Possibilitar, ainda, a discusso e estudo de uma determinada obra ou de um conjunto de obras do mesmo autor, com a finalidade de compreender seu estilo pessoal.

    Pode realizar-se, portanto, considerando obras de escolha pessoal ou obras selecionadas pela escola.

    Leitura de Escolha Pessoal

    Possibilitar aos alunos a escolha de obras que contemplem suas preferncias pessoais, permitindo que o professor tenha uma referncia do tipo de leitura que j da competncia autnoma dos alunos.

    Leitura Individual com questes para interpretao escrita

    Trata-se de atividade que permite ao professor analisar qual a proficincia autnoma de seu aluno em relao s capacidades de leitura que devero ser mobilizadas para responder as questes propostas. No se trata, portanto, de atividade que permita interveno processual na leitura, mas verificao de competncia j constituda.

    importante focalizar que a compreenso do aluno ser traduzida na escrita, o que requer a utilizao de uma proficincia diferente, que a de produzir textos.

    Alm disso, preciso considerar que h necessidade de que as perguntas elaboradas possibilitem a investigao efetiva da compreenso do texto pelo aluno.

    Leitura em voz alta

    Atividade que permite o trabalho com os aspectos relativos oralizao de texto escrito como dico, entonao, dramatizao, entre outros. preciso que acontea em um contexto no qual oralizar texto escrito faa sentido.

    Para tanto, importante recorrer s situaes enunciativas nas quais essa capacidade solicitada: ler discurso em cerimnia de encerramento de ano letivo, de comemorao, ler textos em saraus literrios, ler textos vrios, em voz alta, para gravar CD de divulgao, anunciar, em supermercado, produtos e promoes, ler em voz alta para discutir coletivamente um texto, entre outras.

    Dirio Pessoal de Leitura

    Trata-se da elaborao de um dirio pessoal que contenha comentrios a respeito da obra que se est lendo.

    Cada aluno elabora o seu dirio e, a cada dia levam para a classe disponibilizando-o para leitura dos demais colegas.

    A finalidade de tal atividade tanto acompanhar os critrios de apreciao esttica que cada aluno est utilizando para analisar o que l, quanto possibilitar a circulao das impresses registradas entre os demais alunos da classe.

    Dirio de Estudos

    Trata-se da elaborao de um dirio que conter as atividades preparadas pelo professor para estudo de determinada obra: reflexes sugeridas; orientaes de leitura; pesquisas para aprofundamento de determinada questo apresentada pela obra; investigao do contexto de produo da obra; conhecimento do autor e do ilustrador, por meio da leitura de sua biografia, entre outras.

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    MODALIDADES DIDTICAS DE TRABALHO COM LINGUAGEM

    ATIVIDADES DE LEITURA PARTE 3

    TIPOS FINALIDADES

    Leitura de textos conhecidos de cor

    Trata-se de atividades de leitura realizadas com a finalidade de potencializar a compreenso do sistema de escrita.Tais textos, que comumente so conhecidos de cor em razo de sua funo e caractersticas (parlendas, letras de msica, quadrinhas), por terem uma linha rtmica/meldica que o sustenta, permitem o ajuste de palavra e melodia/ritmo, recurso este que permite ao leitor iniciante deduzir/inferir o que est escrito em cada segmento.

    Leitura por pareamento

    So tipos de exerccios que apresentam dois (ou mais) grupos de enunciados para serem relacionados ou pareados.

    So exemplos desse tipo de exerccios aqueles que pedem, por exemplo, para se relacionar uma coluna de enunciados contendo ttulos de contos conhecidos pela classe, com outra coluna contendo nomes de personagens dos mesmos contos.

    Trata-se de um tipo de atividade potencialmente interessante para a alfabetizao inicial.

    Leitura por ordenao de partes do Texto

    So atividades realizadas tanto com textos j conhecidos pelos alunos, como com texto desconhecidos. Podem ser realizadas, basicamente, de trs maneiras:

    a) com textos que os alunos conhecem de cor: para o trabalho com alunos que ainda no compreenderam o sistema. Os textos, nesse caso, necessariamente sero quadrinhas, letras de msica, parlendas;

    b) com textos que os alunos conhecem, mas no sabem de cor: para alunos com uma proficincia maior do que a dos alunos citados no caso anterior, ou quando a atividade ser realizada de maneira colaborativa;

    c) com textos desconhecidos: para alunos que j compreenderam o sistema e possuem uma proficincia relativa na leitura. A atividade possibilita a tematizao de articuladores que estabelecem as relaes de coeso e coerncia entre os trechos.

    OBSERVAES FUNDAMENTAIS:

    a) As modalidades didticas acima apontadas tanto devem ser articuladas s modalidades organizativas propostas por Lerner (2002), quanto podem articularem-se entre si, dependendo da finalidade didtica colocada.

    b) Todas as atividades podem ser submetidas ao movimento metodolgico de aprendizagem fundamental. Ou seja, todas as atividades podem ser realizadas no coletivo (para modelizao pelo professor), em duplas/grupos (para colaborao entre alunos), e individualmente (para verificao das apropriaes realizadas).

    c) Da mesma forma, uma modalidade didtica pode organizar-se, internamente, nos trs momentos tpicos do movimento metodolgico. Por exemplo, uma leitura programada pode iniciar com a leitura coletiva de uma parte da obra, passar a leitura em duplas, de outras partes da mesma obra para, s depois, propor leitura individual.

    d) Uma atividade pode ter o seu grau de complexidade adaptado s possibilidades dos alunos se for ajustado ou o agrupamento por meio do qual ser realizada, ou a modalidade de linguagem por meio da qual ser desenvolvida. Por exemplo, um texto com interpretao a ser feita a partir de questes pode ser dado para leitura de alunos menos proficientes, se a sua realizao for proposta em agrupamento e se as respostas forem discutidas oralmente. Para os mais proficientes, que j se apropriaram da escrita, tal leitura pode ser realizada em colaborao, mas respondida por escrito. E assim por diante.

  • MODALIDADES DIDTICAS DE TRABALHO COM LINGUAGEM

    ATIVIDADES DE PRODUO DE TEXTOS PARTE 1

    ATIVIDADES FINALIDADES ATENDIDAS PRIORITARIAMENTE PELA

    ATIVIDADE

    CONSIGNAS ADEQUADAS

    (algumas possibilidades)

    ASPECTOS A SEREM TEMATIZADOS

    (aspectos que podem ser tematizados, considerando-se a proficincia j constituda dos alunos)

    RECONTO (1)

    Possibilitar a apropriao das caractersticas da linguagem escrita da esfera literria, por meio do reconto.

    Recontar como se estivesse lendo o texto no livro.

    Aspectos discursivos: o contexto de produo est contido na consigna. Sendo assim, a adequao do texto que ser produzido s caractersticas do contexto de produo aspectos discursivos fundamentais - se relaciona aos aspectos nela definidos.

    Aspectos Textuais:

    a) registro literrio (expresses lexicais, uso de pronomes do caso oblquo, articuladores temporais e causais tpicos da linguagem literria, anteposio do adjetivo ao substantivo);

    b) critrios de sequenciao de fatos relativos ao gnero do texto recontado (no geral, sequncia temporal com as respectivas relaes de causalidade);

    c) recursos de coeso referencial8;

    d) recursos referentes coeso sequencial (articuladores textuais);

    e) procedimentos de escritor (planejamento, reviso processual).

    Aspectos gramaticais: so tratados no uso, em funo da textualizao realizada.

    Procedimentos e recursos - de produo de texto: planejamento e textualizao.

    IMPORTANTE: Os aspectos relativos compreenso do sistema no devem ser prioridade nessa atividade.

    8 Maneiras de retomar contedos, expresses, fatos que foram mencionados anteriormente, ou de anunciar o que ser abordado em seguida. Exemplo: 1) Aqueles livros que eu retirei

    da biblioteca, ambos esto na lista dos mais vendidos naquela livraria (ambos recupera aqueles livros); 2) Eles esto na lista dos mais vendidos, aqueles livros que emprestei. (Nesse caso, eles antecipa/anuncia aqueles livros).

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    MODALIDADES DIDTICAS DE TRABALHO COM LINGUAGEM

    ATIVIDADES DE PRODUO DE TEXTOS PARTE 2

    ATIVIDADES FINALIDADES ATENDIDAS PRIORITARIAMENTE PELA

    ATIVIDADE

    CONSIGNAS ADEQUADAS

    (algumas possibilidades)

    ASPECTOS A SEREM TEMATIZADOS

    (aspectos que podem ser tematizados, considerando-se a proficincia j constituda dos alunos)

    RECONTO (2)

    Trabalhar com a capacidade de organizar temporalmente um texto da ordem do narrar ou relatar , estabelecendo relaes de causalidade (quando houver) por meio da recuperao dos episdios e organizao dos mesmos.

    Vamos lembrar de tudo o que aconteceu nessa histria?

    Agora vamos dizer, um por um, os fatos importantes da histria que a professora leu.

    Aspectos Discursivos: relativos s especificidades de organizao interna dos textos tpicos do gnero em questo.

    Aspectos Textuais: sequncia temporal, relaes de causalidade.

    DITADO DE TEXTO

    CONHECIDO AO

    PROFESSOR

    (REESCRITA com

    escrevente)

    Possibilitar a apropriao das caractersticas da linguagem escrita seja em registro literrio ou no.

    Ditar para o professor como se estivesse lendo o texto ou Ditar ao professor como se estivesse escrevendo no livro.

    Aspectos Discursivos: o contexto de produo est contido na consigna. Sendo assim, a adequao do texto que ser produzido s caractersticas do contexto de produo aspectos discursivos fundamentais - se relaciona aos aspectos nela definidos.

    Aspectos Textuais:

    a) progresso temtica (relao entre os fatos do texto, eixo organizador fundamental);

    b) recursos referentes coeso sequencial (articuladores textuais);

    c) recursos referentes coeso referencial;

    d) seleo lexical adequada ao registro;

    e) organizao sinttica;

    f) procedimentos de escritor (planejamento, textualizao, reviso processual e final).

    Aspectos Gramaticais: tratados no uso, em funo da textualizao realizada.

    Aspectos relativos compreenso do sistema: no devem ser prioridade nessa atividade.

    Procedimentos e recursos - de textualizao.

    IMPORTANTE que, nessa atividade, o foco seja nos aspectos textuais (coeso seqencial e referencial, coerncia, seleo lexical adequada ao registro).

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    MODALIDADES DIDTICAS DE TRABALHO COM LINGUAGEM

    ATIVIDADES DE PRODUO DE TEXTOS PARTE 3

    ATIVIDADES

    FINALIDADES ATENDIDAS

    PRIORITARIAMENTE PELA ATIVIDADE

    CONSIGNAS ADEQUADAS

    (algumas possibilidades)

    ASPECTOS A SEREM TEMATIZADOS

    (aspectos que podem ser tematizados, considerando-se a proficincia j constituda dos alunos)

    PRODUO COLETIVA COM

    ESCREVENTE

    (ditado ao professor de texto que se vai

    produzindo coletivamente)

    Possibilitar a apropriao de:

    a) caractersticas do gnero do texto,

    b) de aspectos textuais - nos quais se articulam a produo do contedo temtico e do texto;

    c) de aspectos notacionais;

    d) de procedimentos de escritor - planejamento, reviso processual e final

    por meio da modelizao realizada pelo professor.

    A consigna a ser dada precisa relacionar o processo de produo com a adequao do texto s caractersticas do contexto de produo previsto.

    Exemplo:

    Produzir um texto do tipo Voc sabia que? para compor o mural coletivo dos 2

    os anos.

    (Nessa consigna define-se: leitor alunos de 2 ano; gnero voc sabia que?; finalidade (colocada pelo gnero); portador - mural. O texto ter que se adequar a esse contexto.)

    Aspectos discursivos: o contexto de produo est contido na consigna. Sendo assim, a adequao do texto que ser produzido s caractersticas do contexto de produo aspectos discursivos fundamentais - se relaciona aos aspectos nela definidos.

    No que se refere ao gnero, cabem nessa categoria os aspectos relacionados:

    a) adequao do texto no que se refere ao contedo temtico tpico do gnero (no confundir com contedo/assunto do texto especfico);

    b) finalidades do gnero (e no a do texto, especfico, embora esta deva estar subordinada do gnero, que a inclui);

    c) presena de tipos de personagens tpicos do gnero, com suas caractersticas e aes prototpicas da trama;

    d) presena de organizao interna do texto coerente com as que caracterizam o gnero.

    Aspectos Textuais:

    a) relativos textualizao dos elementos tpicos do gnero, considerando temtica; tipos de personagens e os esquemas pelos quais tanto so apresentados, quanto atuam na ao desenvolvida; tempo de realizao da trama (nos gneros da ordem do narrar e do relatar); local de realizao da trama (nos gneros da ordem do narrar e do relatar); marcas de estilo do gnero (expresses de introduo e finalizao tpicas, tempos verbais, presena significativa - ou no - de operadores argumentativos, p.e.);

    b) relativos ao registro lingustico e seleo lexical pertinente;

    c) progresso temtica (relao entre os fatos do texto, eixo organizador fundamental);

    d) recursos referentes coeso sequencial (articuladores textuais) e referencial; recursos referentes coeso referencial;

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    e) organizao sinttica;

    f) relativos aos procedimentos de escritor: planejamento, textualizao, reviso processual e final.

    Aspectos gramaticais: so tratados no uso, em funo da textualizao realizada, em especial os relativos concordncia nominal e verbal e regncia nominal e verbal.

    Aspectos relativos compreenso do sistema: no devem ser prioridade nessa atividade.

    IMPORTANTE que, nessa atividade, o foco seja nos aspectos discursivos e textuais.

    ESCRITA DE TEXTO QUE SE CONHECE

    DE COR (OU TEXTO MEMORIZADO)

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    (escrita de prprio punho)

    Possibilitar a apropriao das caractersticas do sistema de escrita.

    Que considere tanto as caractersticas do contexto de produo, quanto a proficincia dos alunos para grafar de prprio punho seja realizando a atividade individualmente ou em parceria.

    Considerar na consigna os recursos mais adequados ao aluno no momento: letras mveis, pincis atmicos; giz e lousa, lpis e papel, entre outras possibilidades.

    Aspectos Discursivos: no so prioritariamente tematizados, pois o ajuste do texto ao contexto de produo no ser realizado. O texto ser escrito tal e qual conhecido, palavra por palavra.

    Aspectos textuais: tambm no sero tematizados, pelas razes apresentadas acima.

    Aspectos Gramaticais: podem ser tematizados, caso haja necessidade; no entanto, a prioridade nessa modalidade o trabalho com a compreenso do sistema de escrita.

    Aspectos Notacionais: so os priorizados nessa atividade.

    Alm desses aspectos, tambm podem ser tematizados os procedimentos de textualizao e reviso processual e final, focalizando-se os aspectos notacionais.

    9 Nesta modalidade didtica fundamental esclarecer que se trata de textos que comumente se sabe de cor; aqueles que, em determinadas circunstncias enunciativas so

    recuperados tal e qual foram produzidos, palavra por palavra, de acordo com as verses da regio, porque so conhecidos de memria. Por exemplo: cantigas de roda, quadrinhas, parlendas, letras de msica. Os poemas no integram esse grupo de textos por dois motivos: primeiro, porque no so sempre retomados de cor; segundo, porque, para as finalidades didticas colocadas preciso que nessa atividade haja uma linha meldica e/ou rtmica articulada aos versos, pois esse recurso que permite a antecipao de cada verso (como comea e como termina) do ponto de vista da sua localizao grfico-espacial no texto. a articulao do verso meldico/rtmico palavra que auxilia o escritor iniciante a tomar decises sobre o que escrever no momento da produo, e o que est escrito (nas atividades de leitura). Na verdade, no caso do trabalho com estes textos, as atividades de leitura antecedem as de escrita.

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    MODALIDADES DIDTICAS DE TRABALHO COM LINGUAGEM

    ATIVIDADES DE PRODUO DE TEXTOS PARTE 4

    ATIVIDADES

    FINALIDADES ATENDIDAS

    PRIORITARIAMENTE PELA ATIVIDADE

    CONSIGNAS ADEQUADAS

    (algumas possibilidades)

    ASPECTOS A SEREM TEMATIZADOS

    (aspectos que podem ser tematizados, considerando-se a proficincia j constituda dos alunos)

    REESCRITA DE PRPRIO PUNHO DE TEXTO CONHECIDO

    QUE NO SE SABE DE COR

    (reescrita de prprio punho de texto cujo

    contedo conhecido, mas sem que o texto

    seja conhecido de memria)

    Possibilitar ao aluno a apropriao de recursos da linguagem escrita e de organizao do texto, assim como de procedimentos de escritor: planejamento, reviso processual e final.

    Que considere tanto as caractersticas do contexto de produo, quanto a proficincia dos alunos para grafar de prprio punho seja realizando a atividade individualmente ou em parceria.

    Considerar na consigna os recursos mais adequados ao aluno no momento: letras mveis, pincis atmicos; giz e lousa, lpis e papel, entre outras possibilidades.

    Aspectos discursivos: o contexto de produo est contido na consigna. Sendo assim, a adequao do texto que ser produzido s caractersticas do contexto de produo aspectos discursivos fundamentais - se relaciona aos aspectos nela definidos.

    Aspectos Textuais:

    a) progresso temtica (relao entre os fatos do texto, eixo organizador fundamental);

    b) recursos referentes coeso sequencial (articuladores textuais);

    c) recursos referentes coeso referencial;

    d) seleo lexical adequada ao registro;

    e) organizao sinttica;

    f) procedimentos de escritor (planejamento, textualizao, reviso processual e final).

    Aspectos gramaticais: tratados no uso, em funo da textualizao realizada.

    Aspectos notacionais: devem ser tratados, mas no priorizados nesse momento.

    IMPORTANTE: Considerando o aluno no ter que se preocupar com aspectos temticos, a dificuldade concentra-se na articulao dos procedimentos de registro do texto, considerando-se aspectos textuais, gramaticais e notacionais. Alm disso, sero focalizados os procedimentos de escritor: planejamento, textualizao e reviso (processual e final) do texto.

    MODALIDADES DIDTICAS DE TRABALHO COM LINGUAGEM

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    ATIVIDADES DE PRODUO DE TEXTOS PARTE 5

    ATIVIDADES FINALIDADES ATENDIDAS PRIORITARIAMENTE PELA

    ATIVIDADE

    CONSIGNAS ADEQUADAS

    (algumas possibilidades)

    ASPECTOS A SEREM TEMATIZADOS

    (aspectos que podem ser tematizados, considerando-se a proficincia j constituda dos alunos)

    REESCRITA DE TEXTO CONHECIDO COM MODIFICAES DE

    TRECHOS ESPECFICOS

    (mudar o final, por exemplo)

    PRODUO HBRIDA

    Possibilitar ao aluno a aprendizagem especfica de partes de um texto identificadas como dificuldade a ser superada. No processo de aprendizagem de conto de fadas, por exemplo, possvel focalizar a situao inicial, ou a complicao, ou a resoluo do problema, entre outros aspectos.

    Possibilitar ao aluno a aprendizagem da articulao de procedimentos de textualizao, escrita e criao, focalizando apenas uma parte do texto, o que pode diminuir a complexidade em relao produo de autoria completa.

    A atividade coloca para o aluno a necessidade de realizar a coeso e coerncia do trecho que criar com aspectos j apontados no trecho do texto-base.

    Que considere as caractersticas do contexto de produo e a proficincia dos alunos para grafar de prprio punho ou no um texto, seja em colaborao, seja individualmente.

    Alm disso, precisa focalizar a necessidade de considerar a articulao entre os aspectos apresentados no texto e outros que estaro presentes na parte modificada.

    Aspectos discursivos: o contexto de produo est contido na consigna. Sendo assim, a adequao do texto que ser produzido s caractersticas do contexto de produo aspectos discursivos fundamentais - se relaciona aos aspectos nela definidos.

    Aspectos Textuais:

    a) progresso temtica (relao entre os fatos do texto, eixo organizador fundamental);

    b) recursos referentes coeso sequencial (articuladores textuais);

    c) recursos referentes coeso referencial;

    d) seleo lexical adequada ao registro;

    e) organizao sinttica;

    f) procedimentos de escritor (planejamento, textualizao, reviso processual e final).

    Aspectos gramaticais: tratados no uso, em funo da textualizao realizada.

    Aspectos notacionais: devem ser tratados, mas no priorizados nesse momento.

    IMPORTANTE: O aluno no ter que se preocupar com parte do contedo temtico, a dificuldade concentra-se na articulao dos elementos do trecho que ser criado aos elementos j apresentados no texto, de maneira coerente.

    Alm disso, busca-se, tambm, o desenvolvimento da proficincia dos procedimentos de registro do texto, considerando-se aspectos textuais, gramaticais e notacionais.

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    MODALIDADES DIDTICAS DE TRABALHO COM LINGUAGEM

    ATIVIDADES DE PRODUO DE TEXTOS PARTE 6

    ATIVIDADES FINALIDADES ATENDIDAS PRIORITARIAMENTE PELA

    ATIVIDADE

    CONSIGNAS ADEQUADAS

    (algumas possibilidades)

    ASPECTOS A SEREM TEMATIZADOS

    (aspectos que podem ser tematizados, considerando-se a proficincia j constituda dos alunos)

    PRODUO DE PARTES DO TEXTO

    QUE NO SE CONHECE,

    APRESENTANDO-SE AS DEMAIS

    (Para se trabalhar com aspectos da

    organizao textual)

    Possibilitar ao aluno a aprendizagem especfica de partes de um texto identificadas como dificuldade a ser superada. No processo de aprendizagem de conto de fadas, por exemplo, possvel focalizar a situao inicial, ou a complicao, ou a resoluo do problema, entre outros aspectos.

    A atividade consiste em apresentar ao aluno contos dos quais falte a parte que se deseja tematizar. A tarefa do aluno ser elaborar essa parte, considerando as indicaes oferecidas nas demais partes do texto.

    diferena do exerccio acima, a parte excluda do texto no conhecida do aluno (assim como o texto, pro inteiro), que ter como tarefa articular o que vai escrever aos demais trechos do texto.

    Que considere as caractersticas do contexto de produo e a proficincia dos alunos para grafar de prprio punho ou no seja de maneira individual ou colaborativa.

    Alm disso, precisa focalizar a necessidade de articular a parte a ser elaborada com os aspectos apresentados no restante do texto.

    Aspectos discursivos: o contexto de produo est contido na consigna. Sendo assim, a adequao do texto que ser produzido s caractersticas do contexto de produo aspectos discursivos fundamentais - se relaciona aos aspectos nela definidos.

    Aspectos Textuais:

    a) progresso temtica (relao entre os fatos do texto, eixo organizador fundamental);

    b) recursos referentes coeso sequencial (articuladores textuais);

    c) recursos referentes coeso referencial;

    d) seleo lexical adequada ao registro;

    e) organizao sinttica;

    f) procedimentos de escritor (planejamento, textualizao, reviso processual e final).

    Aspectos gramaticais: tratados no uso, em funo da textualizao realizada.

    Aspectos notacionais: devem ser tratados, mas o foco est nos demais aspectos. O texto, nesse sentido, fonte de informao sobre as questes notacionais e ortogrficas, que sero tratadas em atividades mais adequadas.

    IMPORTANTE: O aluno no ter que se preocupar com parte do contedo temtico. A dificuldade maior, alm da leitura e compreenso das partes apresentadas do texto, concentra-se na articulao dos elementos do trecho que ser criado aos elementos j apresentados nas partes dadas, de maneira coerente.

    Alm disso, busca-se, tambm, o desenvolvimento da proficincia dos procedimentos de registro do texto, considerando-se aspectos textuais, gramaticais e notacionais.

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    MODALIDADES DIDTICAS DE TRABALHO COM LINGUAGEM

    ATIVIDADES DE PRODUO DE TEXTOS PARTE 7

    ATIVIDADES

    FINALIDADES ATENDIDAS

    PRIORITARIAMENTE PELA ATIVIDADE

    CONSIGNAS ADEQUADAS

    (algumas possibilidades)

    ASPECTOS A SEREM TEMATIZADOS

    (aspectos que podem ser tematizados, considerando-se a proficincia j constituda dos alunos)

    ELABORAO DE TEXTO DE

    AUTORIA PESSOAL

    Possibilitar ao aluno a produo de textos na qual se articulem produo temtica e textual.

    Que considere as caractersticas do contexto de produo e a proficincia dos alunos para grafar de prprio punho ou no o texto, seja de maneira individual ou em colaborao.

    Aspectos discursivos: o contexto de produo est contido na consigna. Sendo assim, a adequao do texto que ser produzido s caractersticas do contexto de produo aspectos discursivos fundamentais - se relaciona aos aspectos nela definidos.

    Aspectos Textuais:

    g) progresso temtica (relao entre os fatos do texto, eixo organizador fundamental);

    h) recursos referentes coeso sequencial (articuladores textuais);

    i) recursos referentes coeso referencial;

    j) seleo lexical adequada ao registro;

    k) organizao sinttica;

    l) procedimentos de escritor (planejamento, textualizao, reviso processual e final).

    Aspectos gramaticais: tratados no uso, em funo da textualizao realizada.

    Aspectos notacionais: devem ser tratados, mas o foco est nos demais aspectos.

    OBSERVAES IMPORTANTES:

    a) Assim como as atividades de leitura, as de escrita devem ser submetidas aos diferentes momentos do movimento metodolgico, ou seja, devem ser realizadas, sempre que necessrio, no coletivo, em colaborao menor (duplas e grupos) e, depois individualmente. O critrio a ser utilizado o grau de proficincia dos alunos na realizao daquela tarefa e na compreenso dos aspectos implicados.

    b) Os textos produzidos devem ser fonte de informao sobre as necessidades de aprendizagem relativas compreenso do sistema e ortografia. No entanto, as atividades de reviso no devem ter o foco nessas questes, que devem ser tratadas em atividades especficas. Ao contrrio, o foco das atividades de produo e reviso de textos precisa ser tanto as questes discursivas quanto as textuais.

    c) Na seleo das atividades de produo preciso articular as necessidades com as possibilidades de aprendizagem. Nesse processo, preciso formas de realizao mais adequadas a esses dois aspectos, ou seja, tanto os agrupamentos possveis, quanto os recursos a serem utilizados na escrita (letras mveis, giz e lousa, computador, pincis atmicos, canetinhas, etc.).

  • MODALIDADES DIDTICAS DE TRABALHO COM LINGUAGEM

    ATIVIDADES DE ANLISE LINGSTICA10

    TIPO DE ATIVIDADE

    FINALIDADES E ORIENTAES GERAIS

    SEQUNCIA DIDTICA PARA REVISO DE TEXTO

    Trata-se de uma sequncia de atividades de anlise de textos - de referncia e/ou dos prprios alunos - para revisar textos produzido pelos alunos, buscando ajust-lo ao contexto de produo e demais contedos discursivos, textuais, pragmticos, gramaticais e notacionais anteriormente discutidos.

    Consideraes importantes:

    a) selecionar contedos especficos para fazer a reviso. A reviso de todos os aspectos implicados pode resultar improdutiva, dada a complexidade da articulao de diferentes aspectos;

    b) considerar, em revises futuras, aspectos que podem ir sendo articulados, paulatinamente;

    c) organizar a reviso nos trs momentos de agrupamento: coletivo maior, grupo/duplas, individual;

    d) quando organizados em duplas, os dois alunos devem revisar um texto, primeiro, indicando aspectos que precisem de ajustes, e, depois, o outro texto; aps a indicao dos aspectos a serem ajustados, cada aluno reescreve seu texto;

    e) no processo de reviso, tomar como critrio os relativos a:

    a. adequao do texto ao contexto de produo;

    b. adequao do textos aos aspectos textuais, gramaticais e notacionais discutidos em aulas anteriores.

    SEQUNCIA DIDTICA PARA ESTUDO

    So sequncias de atividades elaboradas com a finalidade de se estudar determinado contedo de linguagem, sejam eles discursivos, pragmticos, textuais, gramaticais ou notacionais.

    As atividades devem ser proporcionar aos alunos uma reflexo a cada vez mais ampliada ou complexa sobre determinado contedo (acentuao, pontuao, coerncia, coeso, entre outros). Alm disso, devem prever estudo concentrado em espao no muito longo de tempo.

    Devem prever movimento metodolgico que considere:

    A - Ao do professor:

    a) Levantamento de necessidades de trabalho a partir de uma produo inicial.

    b) Isolamento, entre os diversos componentes da expresso oral ou escrita, do fato lingustico a ser estudado, tomando como ponto de partida as capacidades j dominadas pelos alunos: o ensino deve centrar-se na tarefa de instrumentalizar o aluno para o domnio cada vez maior da linguagem.

    c) Priorizao dos aspectos a serem trabalhados.

    d) Construo de um corpus que leve em conta a relevncia, a simplicidade, bem como a quantidade dos dados, para que o aluno possa perceber o que regular.

    B - Ao do aluno:

    a) Anlise do corpus, promovendo o agrupamento dos dados a partir dos critrios construdos para apontar as regularidades observadas, por meio de um processo

    10 Idem nota anterior.

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    de observao e comparao.

    b) Organizao e registro das concluses a que os alunos tenham chegado.

    C Ao do professor:

    a) Apresentao da metalinguagem, aps diversas experincias de manipulao e explorao do aspecto selecionado, o que, alm de apresentar a possibilidade de tratamento mais econmico para os fatos da lngua, valida socialmente o conhecimento produzido. Para esta passagem, o professor precisa possibilitar ao aluno o acesso a diversos textos que abordem os contedos estudados.

    Este momento do processo apenas ocorrer quando as atividades de sistematizao, ocorridas num nvel metalingustico se fizerem necessrias.

    b) Exercitao sobre os contedos estudados, de modo a permitir que o aluno se aproprie efetivamente das descobertas realizadas.

    D Ao do Aluno:

    a) Reinvestimento dos diferentes contedos exercitados em atividades mais complexas, na prtica de escuta e de leitura ou na prtica de produo de textos orais e escritos.

    Importante: organizar os registros do conhecimento discutidos, os quais sero referncia para a produo e reviso de textos.