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Modelo de Recurso Inominado - Ação Revisionaldo FGTSPublicado por Kennedy Salvador de Oliveira - 1 dia atrás
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 13ª VARA DO JUIZADO
FEDERAL - ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.
Processo Nº xxxxxxxxxxxxxxxxxxx
XXXXXXXXXXXXXXX, já perfeitamente qualificado nos autos do processo supra, da AÇÃO REVISIONAL DO
FGTS, ajuizada em face da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, vem, respeitosamente, perante esse juízo,
por seu advogado adiante assinado, inconformado com a respeitável sentença proferida no ato de nº. 11,
interpor
RECURSO INOMINADO
nos termos do artigo 41, da Lei 9.099/95, substanciado nas anexas razões, conquanto mister legal, seja o
arrazoado em anexo processado e remetido juntamente com o Recurso, para reexame pela Turma
Recursal.
Aguarda deferimento.
Mossoró-RN, segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014.
Andrews Kennedy Salvador Alencar
Advogado OAB nº. 11.407/RN
Kennedy Salvador de Oliveira
Advogado OAB nº. 6.638/RN
JusBrasil - Modelos e peças04 de fevereiro de 2014
RECURSO INOMINADO
Recorrente: XXXXXXXXXXXX
Recorrido: CAIXA ECONOMICA FEDERAL
Origem: Juizado Federal Cível
Nº do Processo: XXXXXXXXXXXX
RAZÕES DO RECORRENTE
COLENDA CORTE, EMÉRITOS JULGADORES:
I. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
O presente recurso é próprio, tempestivo, as partes são legítimas e estão devidamente representadas,
portanto, preenchido os pressupostos de admissibilidade.
II. SÍNTESE DO PROCESSO
Trata-se de ação Revisional visando à alteração do índice de correção monetária das contas do FGTS da
parte autora, para que seja substituída a TR pelo INPC ou outro índice de preços escolhido pelo
magistrado, desde Junho/1999 e daí em diante até final levantamento dos saldos nas hipóteses legais,
com incidência de correção e juros legais sobre os valores atrasados, sob o fundamento de que a
correção monetária do FGTS é regida pelo art. 13 da lei 8.036/90 que determina a aplicação dos mesmos
índices aplicáveis à caderneta de poupança.
A partir de 1999, com a alteração do regime cambial, a regulamentação do CMN - Conselho Monetário
Nacional, através da Resolução 3354/2007, fez com que a TR se distanciasse absurdamente dos índices
de inflação, FICANDO MUITO AQUÉM DA RECOMPOSIÇÃO MONETÁRIA PRETENDIDA NA LEI, estando
há muitos anos próxima ou igual a 0% (zero por cento) ao mês, não acompanhando a inflação, resultando
em perdas severas à parte autora, requerendo dentre outras coisas que seja declarado a
inconstitucionalidade formal do art. 13 da lei 8036/90 e da Resolução CMN 3354/2007, em
exercício legal do controle difuso de constitucionalidade.
Em sentença proferida em data de 24 de Janeiro de 2014, o juízo de piso julgou IMPROCEDENTE a ação,
sob o argumento de que, por expressa determinação legal específica a correção do FGTS deve ser feito
mesmo pela TR e que o FGTS não pode ser equiparado às aplicações financeiras, pois sequer ostenta a
natureza contratual, como a poupança, citando alguns julgados do ano de 2012, que hoje não mais sub-
existem.
É o resumo dos autos.
III. RAZÕES PARA REFORMA
Em recente julgamento acerca dos precatórios, da EC 62/2009, o E. Supremo Tribunal Federal considerou
inconstitucionais partes das alterações da EC 62/09 e a lei 11.960/09 que determinava também a
aplicação do índice de remuneração básica da poupança (TR) como correção monetária dos precatórios e
RPVs, pois entendeu que essa remuneração básica não tem natureza de correção monetária, não
preservando o valor das dívidas fiscais, mantendo, nesse aspecto, remansosa jurisprudência que remonta
ao julgamento da ADIN 493-0/DF, que considera inconstitucional a utilização do índice de remuneração
básico da poupança (TR) como índice de correção dos efeitos inflacionários sobre a moeda.
Eis a ementa de tal julgado:
Ação direta de inconstitucionalidade. - Se a lei alcançar os efeitos futuros de contratos celebrados
anteriormente a ela, será essa lei retroativa (retroatividade minima) porque vai interferir na causa, que e
um ato ou fato ocorrido no passado. - O disposto no artigo 5, XXXVI, da Constituição Federal se aplica
a toda e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquer distinção entre lei de direito público e lei de
direito privado, ou entre lei de ordem pública e lei dispositiva. Precedente do S. T. F. Ocorrência no
caso, de violação de direito adquirido. A taxa referencial (TR) não é índice de correção monetária,
pois, refletindo as variações do custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo, não
constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda. Por isso, não há necessidade
de se examinar a questão de saber se as normas que alteram índice de correção monetária se aplicam
imediatamente, alcançando, pois, as prestações futuras de contratos celebrados no passado, sem
violarem o disposto no artigo 5, XXXVI, da Carta Magna. - Também ofendem o ato jurídico perfeito os
dispositivos impugnados que alteram o critério de reajuste das prestações nos contratos já celebrados
pelo sistema do Plano de Equivalência Salarial por Categoria Profissional (PES/CP). Ação direta de
inconstitucionalidade julgada procedente, para declarar a inconstitucionalidade dos artigos 18, 'caput' e
parágrafos 1 e 4; 20; 21 e paragrafoúnico; 23 e parágrafos; e 24 e parágrafos, todos da Lei n. 8.177, de
1 de maio de 1991.(ADI 493, Relator (a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em
25/06/1992, DJ 04-09-1992 PP-14089 EMENT VOL-01674-02 PP-00260 RTJ VOL-00143-03 PP- 00724).
Desde que o FGTS foi criado pela lei 5.107, de 13/09/1966, houve a preocupação de assegurar às contas
vinculadas a correção monetária, o que se vê já no art. 3º da citada Lei. Isso se deve ao fato de que o
FGTS foi criado para ser um FUNDO DE LONGO PRAZO, apesar de facultativo ao empregado, cujos
saques eram limitados a pouca hipóteses, onde os beneficiários levavam anos para poder sacar seus
recursos e, se não houvesse recomposição das perdas inflacionárias, os valores depositados poderia se
tornar insignificantes, de tal forma que a recomposição das perdas inflacionárias tornava-se imperativa.
Com a Constituição de 1988, alterações substanciais foram feitas no FGTS, onde o art. 7º em seus inciso
III, estabeleceu como direito independente do trabalhador o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
obrigatório, mantendo sua função de pecúlio do trabalhador formado por contribuições do empregador.
Além de ser um pecúlio obrigatório cujas hipóteses de levantamento são bastante restritas e quase
sempre vinculadas à extinção do contrato de trabalho ou aquisição/financiamento da casa própria (art. 20
da lei 8.036/90), o FGTS tem uma importante distinção em relação a outros pecúlios privados e
poupanças/aplicações realizadas no mercado financeiro: o trabalhador não tem a opção de escolher em
qual instituição financeira vai fazer a sua aplicação, ou seja, não tem “poder de barganha”, para buscar
uma melhor rentabilidade, ou seja o FGTS NÃO TEM PORTABILIDADE, ao contrário de outras opções
postas à disposição de empregados e patrões para formar pecúlios ou poupanças, como os fundos de
previdência privada ou as aplicações em caderneta de poupança, fundos de investimento, títulos públicos
ou privados.
Ainda que sua remuneração seja muito insatisfatória ou que o titular da conta do FGTS discorde das
políticas de gestão do fundo ou que se atemorize quanto a sua solidez, não há o que fazer, o titular do
FGTS não pode transferir ou sacar seus recursos e aplicá-los em outra modalidade disponível de
poupança ou previdência.
Somente estas três características - obrigatoriedade, ausência de portabilidade e prazo
indeterminado – que tem base constitucional e legal, já seriam suficiente para justificar a
recomposição do seu valor frente aos efeitos corrosivos da inflação sobre a moeda.
O FGTS é uma obrigação de valor devida pela instituição operadora ao trabalhador titular da conta
vinculada, protegida, constitucional e legalmente dos efeitos inflacionários sobre a moeda.
Vale frisar que o próprio art. 13 da Lei nº. 8.036/90, expressamente se adequa a esse entendimento, na
medida em que afirma a necessidade de CORREÇÃO MONETÁRIA sobre os depósitos efetuados no
FGTS, reproduzindo a expressão em todas as Leis que regularam o FGTS desde a Lei nº. 5.701/66,
seguindo também a legislação precedente, vinculando a CORREÇÃO MONETÁRIA à atualização
monetária das cadernetas de poupança, que na época de sua edição (1990) eram corrigidas por índices
de preço, circunstância que foi alterada a partir da edição da Lei nº. 8.177/91, que substituiu a correção
monetária das cadernetas de poupança por uma remuneração básica não mais atrelada a uma inflação
passada, mas sim, à previsão feita pelo mercado financeiro de inflação futura: a taxa referencial ou TR.
O cálculo dessa Taxa Referencial – TR seria feito a partir da média das remunerações mensais dos títulos
públicos e privados negociados no mercado financeiro naquele dia. A razão econômica por trás dessa
metodologia resume-se no fato de que as taxas mensais de remuneração dos títulos no mercado
financeiro em determinada data, em condições normais, representam a previsão consensualmente feita
pelo mercado financeiro da inflação para aquele período (inflação futura), acrescida de uma taxa real de
juros também para o mesmo período.
Essa taxa real de juros tem certa estabilidade durante grandes períodos e, basicamente, é controlada pelo
BACEN e por sua política monetária. Portanto, bastaria que a metodologia de cálculo da taxa referencial
se adequasse às previsões de taxa real de juros médias em cada período para que o valor da TR se
aproximasse da previsão de inflação futura do mercado financeiro. Desse modo, na teoria, a TR foi criada
para remunerar as cadernetas de poupança (principal ativo financeiro da época), passando em seguida por
várias alterações.
Tem-se, em resumo, que a Lei nº 8.036/90, lei específica do FGTS, determina que ao saldo de
suas contas deve ser obrigatoriamente aplicado índice de correção monetária. Não sendo a Taxa
Referencial (TR), índice disposto pela Lei 8.177/91, hábil a atualizar monetariamente tais saldos,
e estando tal índice em lei não específica do FGTS, entende-se que como inconstitucional a
utilização da TR para tal fim, subsistindo a necessidade de aplicar-se índice de correção
monetária que reflita a inflação do período, tal como prevê a Lei nº 8.036/90.
Ora, se já quando da sua introdução a TR não mais podia ser utilizada como índice de correção monetária
(pois mesmo como “previsão de inflação futura”, ela jamais pode antecipar matematicamente precisa essa
inflação e, portanto, não podia ser utilizada como tal) E ISSO FOI RECONHECIDO PELO EGRÉGIO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL no julgamento da ADIN Nº. 493-0/DF (acima transcrita), ela se
desvinculou totalmente de correlação com a inflação passada ou futura, não podendo servir como índice de
correção monetária e de manutenção de valor real de direitos e obrigações, como TAMBÉM
RECONHECIDO RECENTEMENTE PELO E. STF nos julgamentos das ADIN 4357/DF; ADI 4372/DF; ADI
4400/DF; ADI 4425/DF, que afastaram a utilização da TR para correção das dívidas judiciais como
estabelecido na EC 62/09 e na Lei nº 11.960/09.
As alterações realizadas no cálculo da TR e que finalizaram por reduzi-la a quase zero, tiveram como
fundamento o fato de que as cadernetas de poupança e as demais aplicações financeiras são portáveis,
intercambiáveis, concorrem entre si pelos recursos dos aplicadores: não há em relação a isso qualquer
ilegitimidade ou invalidade evidente em reduzir a remuneração básica da poupança a percentuais ínfimos,
pois o poupador pode, a qualquer tempo, retirar seus recursos da caderneta de poupança e colocá-los em
outra aplicação financeira. Além disso, as cadernetas de poupança podem ser sacadas a qualquer tempo,
são típicas aplicações de curtíssimo prazo, o que não ocorre com o FGTS.
O julgamento das ADI 4425 e 4357, foram preponderantes para as novas e recentes decisões procedentes
que se alastram por todo o país, onde o Supremo Tribunal Federal analisou a inconstitucionalidade da
Emenda Constitucional nº 62/2009, que ficou inconteste o entendimento daquela Corte no sentido
de que a TR não pode ser utilizada como índice de atualização monetária, eis que não é capaz
de espelhar o processo inflacionário brasileiro. Seguem trechos do voto do Ministro Luiz Fux, redator
para o acórdão:
Quanto à disciplina da correção monetária dos créditos inscritos em precatórios, a EC nº 62/09 fixou
como critério o 'índice oficial de remuneração da caderneta de poupança'. Ocorre que o referencial
adotado não é idôneo a mensurar a variação do poder aquisitivo da moeda. Isso porque a remuneração
da caderneta de poupança, regida pelo art. 12 da Lei nº 8.177/91, com atual redação dada pela Lei nº
12.703/2012, é fixada exante, a partir de critérios técnicos em nada relacionados com a inflação
empiricamente considerada. Já se sabe, na data de hoje, quanto irá render a caderneta de poupança. E
é natural que seja assim, afinal a poupança é uma alternativa de investimento de baixo risco, no qual o
investidor consegue prever com segurança a margem de retorno do seu capital.
A inflação, por outro lado, é fenômeno econômico insuscetível de captação a priorística. O máximo que
se consegue é estimá-la para certo período, mas jamais fixá-la de antemão. Daí por que os índices
criados especialmente para captar o fenômeno inflacionário são sempre definidos em momentos
posteriores ao período analisado, como ocorre com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o Índice de Preços ao
Consumidor (IPC), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A razão disso é clara: a inflação é
sempre constatada em apuração ex post, de sorte que todo índice definido ex ante é incapaz de refletir
a efetiva variação de preços que caracteriza a inflação. É o que ocorre na hipótese dos autos. A
prevalecer o critério adotado pela EC nº 62/09, os créditos inscritos em precatórios seriam atualizados
por índices pré-fixados e independentes da real flutuação de preços apurada no período de referência.
Assim, o índice oficial de remuneração da caderneta de poupança não é critério adequado para refletir o
fenômeno inflacionário. Destaco que nesse juízo não levo em conta qualquer consideração técnico-
econômica que implique usurpação pelo Supremo Tribunal Federal de competência própria de órgãos
especializados. Não se trata de definição judicial de índice de correção. Essa circunstância, já
rechaçada pela jurisprudência da Casa, evidentemente transcenderia as capacidades institucionais do
Poder Judiciário. Não obstante, a hipótese aqui é outra. Diz respeito à idoneidade lógica do índice
fixado pelo constituinte reformador para capturar a inflação, e não do valor específico que deve assumir
o índice para determinado período. Reitero: não se pode quantificar, em definitivo, um fenômeno
essencialmente empírico antes mesmo da sua ocorrência. A inadequação do índice aqui é auto
evidente. Corrobora essa conclusão reportagem esclarecedora veiculada em 21 de janeiro de 2013 pelo
jornal especializado Valor Econômico. Na matéria intitulada 'Cuidado com a inflação', o periódico aponta
que ' o rendimento da poupança perdeu para a inflação oficial, medida pelo IPCA, mês a mês desde
setembro' de 2012. E ilustra: 'Quem investiu R$1mil na caderneta em 31 de junho [de 2012], fechou o
ano com poder de compra equivalente a R$996,40. Ganham da inflação apenas os depósitos feitos na
caderneta antes de 4 de maio, com retorno de 6%. Para os outros, vale a nova regra, definida no ano
passado, de rendimento equivalente a 70% da meta para a Selic, ou seja, de 5,075%'. Em suma: há
manifesta discrepância entre o índice oficial de remuneração da caderneta de poupança e o fenômeno
inflacionário, de modo que o primeiro não se presta a capturar o segundo. O meio escolhido pelo
legislador constituinte (remuneração da caderneta de poupança) é, portanto, inidôneo a promover o fim a
que se destina (traduzir a inflação do período).
(...)
Assentada a premissa quanto à inadequação do aludido índice, mister enfrentar a natureza do direito à
correção monetária. Na linha já exposta pelo i. Min. Relator, 'a finalidade da correção monetária,
enquanto instituto de Direito Constitucional, não é deixar mais rico o beneficiário, nem mais pobre o
sujeito passivo de uma dada obrigação de pagamento. É deixá-los tal como qualitativamente se
encontravam, no momento em que se formou a relação obrigacional'. Daí que a correção monetária de
valores no
tempo é circunstância que decorre diretamente do núcleo essencial do direito de propriedade (CF, art.
5º, XXII). Corrigem-se valores nominais para que permaneçam com o mesmo valor econômico ao longo
do tempo, diante da inflação. A idéia é simplesmente preservar o direito original em sua genuína
extensão. Nesse sentido, o direito à correção monetária é reflexo imediato da proteção da propriedade.
Deixar de atualizar valores pecuniários ou atualizá-los segundo critérios evidentemente incapazes de
capturar o fenômeno inflacionário representa aniquilar o direito propriedade em seu núcleo essencial.
Tal constatação implica a pronúncia de inconstitucionalidade parcial da EC nº 62/09 de modo a afastar
a expressão 'índice oficial de remuneração da caderneta de poupança' introduzida no § 12 do art. 100 da
Lei Maior como critério de correção monetária dos créditos inscritos em precatório, por violação ao
direito fundamental de propriedade (art. 5º, XII, CF/88), inegável limite material ao poder de reforma da
Constituição (art. 60, § 4º, IV, CF/88).
Embora em tal julgado o STF não tenha declarado que haveria impossibilidade de utilização de tal índice
aos contratos firmados após essa data, nele ficou reconhecido, de maneira cristalina que aquele
Tribunal não reconhecia a TR como índice hábil a promover a atualização monetária.
Com a TR ostentando seus índices praticamente zerados desde o ano de 2009, os saldos das contas do
FGTS acabaram sendo remunerados tão somente pelos juros anuais de 3% previstos na Lei 8.036/90. Ou
seja, os juros que deveriam, supostamente, remunerar o capital, não são sequer suficientes para
repor o poder de compra perdido pela inflação acumulada.
A vida social regulada pelo Direito impõe, em certos casos, a necessidade de verificar a existência ou não
de validade e legitimidade atuais de normas que, na sua origem eram perfeitamente válidas e legítimas.
Isso porque situações concretas da vida social e normatizações paralela que incidem sobre os mesmos
fatos originalmente tratados pela norma primitiva podem fazer com que seus objetivos se desvirtuem, seus
fins, inicialmente válidos e legítimos, passem a se opor à Constituição e seus princípios.
O E. STF em alguns julgados (v. G. HC 70.514/SP, RE 147.776, RE 135.328/SP), já sufragou a chamada
“inconstitucionalidade progressiva” ou progressivo processo de inconstitucionalização de normas
jurídicas originariamente válidas.
É exatamente a situação do art. 13 da lei 8.036/90, ao estabelecer que “Os depósitos efetuados nas
contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para atualização dos
saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros de (três) por cento ao ano”, claramente objetivava
dar continuidade ao princípio estabelecido desde a lei 5.107/66 de que o pecúlio representado pelo FGTS
é uma obrigação de valor, imune aos efeitos corrosivos da inflação, sujeito a correção monetária de seus
depósitos e ainda vencendo juros remuneratórios “reais” (acima da inflação) de 3% ao ano.
Por se tratar de pecúlio obrigatório, não portável, a ser usufruído após longo prazo de sua formação, é
óbvia a interpretação de que a norma constitucional contém implicitamente a obrigatoriedade de que o
valor desse fundo seja protegido da corrosão inflacionária.
Por ocasião da publicação da Lei nº. 8036/90, a “atualização dos saldos dos depósitos de poupança”
também era feita por índices de inflação. Fica claro que o art. 13º da citada lei, ao vincular a correção do
FGTS à da poupança, visava a plena proteção do FGTS quantos aos efeitos negativos da inflação.
As coisas começaram a tomar forma distinta quando da edição da Lei nº 8.177/91, que criou a TR, onde
em seu art , 1º e no seu art. 17, estabeleceu que para fins do art. 13 da Lei nº 8.036/90 a TR aplicável ao
FGTS seria aquela calculada no dia primeiro de cada mês.
Progressivamente o art. 13 da Lei nº. 8.036/90, c/c art. 1º e 17 da Lei nº.8.177/91, deixou de garantir ao
FGTS a recomposição das perdas inflacionárias, sujeitando o FGTS a perdas consideráveis em relação à
inflação.
Não resta a menor dúvida que fatores alheios ao legislador da Lei nº. 8.036/90 fizeram com que o art. 13
progressivamente se tornasse inconstitucional, na parte que vincula a correção monetária das contas do
FGTS aos índices de atualização da poupança e estes, por sua vez, passam a ser calculados por
metodologia prevista nos art. 1º e 17, da Lei nº. 8177/91, que não mais garante a recomposição das
perdas inflacionárias.
A metodologia iniciada pela Resolução CMN 2.604, de 23/04/1999, com efeitos a partir de 01/06/1999, deu
início ao descolamento da TR dos índices de inflação, sendo esse o momento que se deve fixar para a
recomposição das contas do FGTS.
Tendo em vista o que já decidido pelo E. STF no caso da lei 11.960/09 e o fato de o FGTS ser
um pecúlio constitucional obrigatório, não portável e de longo prazo, cuja garantia de
recomposição das perdas inflacionárias está implícita na disposição do art. 7º, III, da CR/88, que
assegurasse direito trabalhista fundamental a todos os trabalhadores, impõe-se que seja
DECLARADO INCONSTITUCIONAL, pelo menos desde a superveniência dos efeitos da Resolução
CMN 2.604, de 23/04/1999, a vinculação da correção monetária do FGTS à TR, conforme art. 13 da
lei 8.036/90 c/c art. 1º e 17 da lei 8.177/91.
IV. DO PREQUESTIONAMENTO
Para fins de oportunizar eventuais recursos aos Tribunais Superiores, o Recorrente pré-questiona o
alcance do art. 13 da Lei nº. 8.036/90 e art. 1º e 17, da Lei nº 8.177/91, frente ao artigo 7º, III, da
Constituição da República de 1988.
V. CONCLUSÃO
Diante dessas considerações, o Recorrente requer seja conhecido o presente recurso e, quando de seu
julgamento, lhe seja dado INTEGRAL PROVIMENTO para reforma da sentença ora atacada, declarando a
inconstitucionalidade parcial superveniente do art. 13 da Lei nº. 8.036/90 c/c os art. 1º e 17 da Lei nº.
8.177/91, desde 01 de junho de 1999, pela não vinculação da correção monetária do FGTS a índice que
venha recompor a perda de poder aquisitivo da moeda, bem como os demais pedidos constantes da
inicial.
Fazendo isto, essa colenda Turma estará renovando seus propósitos de distribuir a tão almejada Justiça!
Aguarda Deferimento
Mossoró-RN, 27 de janeiro de 2014.
ANDREWS KENNEDY SALVADOR ALENCAR
OAB/RN Nº 11.407
KENNEDY SALVADOR DE OLIVEIRA
OAB/RN Nº 6.638
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