40
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE DIREITO RAIMUNDA CÉLIA DE OLIVEIRA FAÇANHA O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO FORTALEZA CE 2012

O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE DIREITO

RAIMUNDA CÉLIA DE OLIVEIRA FAÇANHA

O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

FORTALEZA – CE

2012

Page 2: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

RAIMUNDA CÉLIA DE OLIVEIRA FAÇANHA

O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

Monografia apresentada à Faculdade Cearense parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientadora: Profª. Esp. Ana Maria Tauchmann Rocha Moura

FORTALEZA – CE 2012

Page 3: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora
Page 4: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

RAIMUNDA CÉLIA DE OLIVEIRA FAÇANHA

O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

Monografia apresentada à banca examinadora e à Coordenação do Curso de Direito do Centro da Faculdade Cearense, adequada e aprovada para suprir exigência parcial inerente à obtenção do grau de bacharel em Direito, em conformidade com os normativos do MEC.

_________________________________________________________ Ana Maria Tauchmann Rocha Moura

Profª. Orientadora Esp. Faculdade Cearense

_________________________________________________________ Espedito Afonso Júnior

Prof. Examinador da Faculdade Cearense

_________________________________________________________ Roberto Silvio

Prof.Dr. Examinador da Faculdade Cearense

_________________________________________________________ Jose Júlio da Ponte Neto

Coordenação do Curso de Direito

Page 5: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

Dedico este trabalho à Maria Stela Gomes, minha mãe, à Maria das Graças de Oliveira Campos, à Maria de Fátima de Oliveira Soares, minhas irmãs, ao Zilderval Mendonça Façanha, meu esposo, à memória de Manoel Gomes de Oliveira, meu pai, por todo afeto e ativa participação em minha formação moral e acadêmica. Em especial, dedico a DEUS, que está à frente de todo meu projeto de vida.

Page 6: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, que iluminou o meu caminho durante esta caminhada.

A minha mãe e irmãos, quero agradecer de forma destacada e grandiosa, pois me

incentivaram a seguir em frente e concluir mais esta etapa de minha vida.

Ao meu esposo pela motivação e apoio dado durante todo curso.

Aos meus colegas de sala, que sempre estiveram presentes nos momentos em que

precisei.

Aos meus amigos por estarem sempre me dando força na minha caminhada.

A minha orientadora que além de ter me mostrado os caminhos para a realização

deste trabalho, iluminou de maneira especial meus pensamentos levando-me a buscar mais

conhecimentos. Também foi incentivadora, psicóloga e amiga. Muito obrigada por tudo.

Aos professores pelo acolhimento e disponibilidade.

Page 7: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

Muitos que convivem com a violência dia após dia acreditam que ela seja uma parte intrínseca da condição humana. Mas não é assim. Violência pode ser prevenida. Culturas violentas podem deixar de existir. Em meu país e ao redor do mundo, temos brilhantes exemplos de como a violência pode ser controlada. Governos, comunidades e indivíduos podem fazer a diferença.

Nelson Mandela.

Page 8: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

RESUMO

O objetivo geral do presente trabalho é analisar o Assédio Moral na Relação do Trabalho. Acompanhando os fundamentos e formação histórica mundial e no Brasil, como também mostrar os avanços alcançados com a instituição da Consolidação das Leis Trabalhistas –CLT. Discutir sobre o conceito de trabalho diferenciando-o do vínculo de emprego mostrando suas características destacando a subordinação como uma forma de visualizar da melhor formas o cabimento do assédio moral na relação de emprego. Trazer o Direito do trabalho com seu conceito, características, denominação, divisão e natureza jurídica em suas diversas correntes no intuito de mostrar a coexistência de normas, as quais existem em prol daquele que apesar da sua hipossuficiência, é o motor que faz gerir toda a economia de forma globalizada. Ligando todo o contexto a uma nova organização do trabalho, mostrando o assédio moral na relação de trabalho como um problema organizacional, destacando seus prejuízos finalizando fazendo relação do assédio moral e o dano moral. Palavras chave: Trabalho. Contrato de Trabalho. Subordinação. Assédio Moral.

Page 9: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

ABSTRACT

The overall objective of this paper is to analyze Psychological Harassment in the Work List. Following the historical foundations and training worldwide and in Brazil, but also to show the achievements in the establishment of the Consolidation of Labor Laws-CLT. Discuss the concept of differentiating the work of the employment characteristics show highlighting the subordination as a way to see the pertinence of the best forms of harassment in the employment relationship. Bringing the Law of the work with your concept, characteristics, name, division and legal in their various schools in order to show the coexistence of standards that exist for the sake of him that despite his hipossuficiência, is the engine that makes managing all a globalized economy. Turning the entire context of a new organization of work, showing the relationship of bullying at work as an organizational problem, pointing out its relation of doing damage ending bullying and moral damages. Keywords: Labor. Contract of Employment. Subordination. Moral harassment.

Page 10: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................09

1 A LENTA VALORIZAÇÃO MUNDIAL DO TRABALHO HUMANO...........................11

1.1 Fundamentos..................................................................................................................11

1.2 Histórico mundial...........................................................................................................11

1.3 Histórico no Brasil .........................................................................................................14

1.4 Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT .....................................................................17

1.5 Trabalho ........................................................................................................................18

1.5.1 Conceito......................................................................................................................18

1.5.2 Vínculo de emprego ....................................................................................................19

1.5.3 Dependência ou subordinação .....................................................................................20

1.5.4 Significado tradicional (critério subjetivista e personalista) .........................................20

1.6 Direito do trabalho .........................................................................................................20

1.6.1 Conceito......................................................................................................................20

1.6.2 Características .............................................................................................................21

1.6.3 Denominação ..............................................................................................................23

1.6.4 Divisão do direito do trabalho......................................................................................23

1.6.5 Natureza Jurídica ou Taxonomia .................................................................................23

1.6.5.1 Direito Público .........................................................................................................24

1.6.5.2 Direito Privado .........................................................................................................24

1.6.5.3 Direito Social ...........................................................................................................24

1.6.5.4 Direito Misto............................................................................................................24

1.6.5.5 Direito Unitário ........................................................................................................24

2 UMA NOVA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO...........................................................25

2.1 O assédio moral nas relações de trabalho........................................................................26

2.2 Os métodos de assédio ...................................................................................................28

2.3 O assédio moral como um problema organizacional .......................................................29

2.3.1 O assédio moral e a crise econômica ...........................................................................30

2.4 Assédio moral e o dano moral ........................................................................................31

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................34

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................35

Page 11: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

9

INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende mostrar o assédio moral no atual contexto histórico e

jurídico averiguando a lenta valorização mundial do trabalho, seus fundamentos e formação

história, sua definição e relação de emprego em meio ao direito do trabalho como também as

relações atuais.

Seguindo as orientações metodológicas de Severino (2002), o presente estudo foi

elaborado a partir de pesquisas bibliográficas. A pesquisa bibliográfica é oriunda de literatura

impressa, artigos devidamente publicados os quais abordam sobre trabalho, relação de

emprego, subordinação e assédio moral no trabalho, amparados pela análise de leis

pertinentes ao assunto. Foram utilizados, na composição do texto, dados presentes no relatório

das pesquisas sobre assédio moral no trabalho como: Assédio Moral: a violência perversa no

cotidiano. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2001, dentre outras.

A pesquisa mostrar também que o Direito do Trabalho nasce como reação ao

cenário que se apresentou com a Revolução Industrial, com a crescente e incontrolável

exploração desumana do trabalho. É produto da reação da classe trabalhadora ocorrida no

século XIX contra a utilização sem limites do trabalho humano.

Faz uma abordagem ao trabalho humano na antiguidade, formação de tribos que

propiciou o início das lutas pelo poder e domínio. Mostra o fim dos perdedores que se

tornavam prisioneiros e, como tais, eram mortos e comidos. Alguns, os mais sortudos,

passavam à condição de escravos para execução de serviços mais penosos. A partir da

escravidão surgiu o trabalho subordinado em favor de terceiro.

Entre 1949 e 1964, o mercado interno ampliou-se, crescendo consideravelmente o

número de assalariados, já que a produção industrial brasileira multiplicou-se três vezes e

meia.

A sistematização e consolidação das leis num único texto (CLT) integrou os

trabalhadores no círculo de direitos mínimos e fundamentais para uma sobrevivência digna.

Além disso, proporcionou o conhecimento global dos direitos trabalhistas por todos os

interessados, principalmente empregados e empregadores.

Mostra também que a cada momento, o Direito do Trabalho tem se transformado

para se adaptar às realidades econômicas e sociais da época, sem esquecer a figura do

trabalhador que deve ser protegida. O chamado caráter transformador.

Por isso foram varias as denominações dadas ao Direito do Trabalho ao longo do

tempo: legislação industrial, legislação operaria, legislação trabalhista e legislação social.

Page 12: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

10

Assim o Direito do Trabalho permanece preocupado principalmente com a

questão social do trabalhador subordinado, a relação de emprego e, excepcionalmente, com as

demais relações de trabalho sujeitas às regras trabalhistas.

A globalização, com base em novas técnicas de seleção, inserção e avaliação do

indivíduo no trabalho, fez uma reestruturação nas relações do trabalho. Esse mudança gerou o

assédio moral, ou seja, um conjunto de comportamentos abusivos, gesto, palavra e atitude, os

quais, por sua reiteração, ocasionam lesões à integridade física ou psíquica de uma pessoa,

com a degradação do ambiente de trabalho.

Diante desse quadro a maioria dos pesquisadores considera que o assédio moral

pode ocorrer de diferentes direções, ou seja, de chefes a subordinados, de subordinados a

chefes e entre pares. As manifestações podem ser as mais diversas e assumir características

que permitem classificação diversificada.

Mostra que o assédio moral também é uma questão organizacional, entende-se

que algumas empresas negligenciem os acordos desencadeadores desse fenômeno, ou seja,

considera-se que o assedio moral ocorra não por que os dirigentes queiram, mas porque eles

se omitem.

Mas o que se sabe é que desde fim de 2008, aumentou consideravelmente o

número de trabalhadores que ingressaram na Justiça do Trabalho alegando humilhações e

ameaças no emprego. Dificuldades nas empresas por causa da crise podem gerar situações de

assédio, embora não exista legislação federal específica no país.

É inegável que o assédio moral ocasiona danos à imagem, à honra, à liberdade do

trabalhador (art. 5º, V e X, CF), logo, a sua reparação é questão de justiça (art. 186, CC).

O empregado, vítima de assédio moral, pode e deve procurar a Justiça do

Trabalho, pleiteando a indenização relativa ao dano moral.

Page 13: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

11

1 A LENTA VALORIZAÇÃO MUNDIAL DO TRABALHO HUMANO

1.1 Fundamentos

O Direito do Trabalho nasce como reação ao cenário que se apresentou com a

Revolução Industrial, com a crescente e incontrolável exploração desumana do trabalho. É

produto da reação da classe trabalhadora ocorrida no século XIX contra a utilização sem

limites do trabalho humano.

A partir daí nasce o Direito do Trabalho com função tutelar, econômica, política,

coordenadora e social.

Tutelar: porque visa proteger o trabalhador e reger o contrato mínimo de

trabalho, protegendo o trabalhador de cláusulas abusivas, garantindo-lhe um mínimo.

Econômica: em face da sua necessidade de realizar valores, de injetar capital no

mercado e democratizar o acesso às riquezas, de abalar a economia do país.

Coordenadora ou pacificadora: porque visa a harmonizar os naturais conflitos

entre capital e trabalho.

Política: porque toda medida estatal coletiva atinge toda população e tem

interesse público.

Social: porque visa à melhoria da condição social do trabalho, da sociedade como

um todo.

Conservadora: porque através da imperatividade de suas regras e

indisponibilidade do direito, o Estado sufocaria a ação dos trabalhadores e dos empregadores,

congelando-os, enganando-os, impedindo os “avanços do Direito do Trabalho”.

1.2 Histórico mundial

O trabalho sempre foi exercido pelo homem. Na antiguidade, o homem trabalhava

para alimentar-se, defender-se, abrigar-se e para fins de construção de instrumentos. A

formação de tribos propiciou o inicio das lutas pelo poder e domínio. Os perdedores

tornavam-se prisioneiros e, como tais, eram mortos e comidos. Alguns passaram à condição

de escravos para execução de serviços mais penosos. A partir da escravidão surgiu o trabalho

subordinado em favor de terceiro.

Page 14: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

12

O escravo sempre foi tido como coisa, mercadoria. Apesar de não ser reconhecido

como sujeito de direito, transmitia esta condição aos filhos. Estava presente uma absoluta

relação de domínio. Seu trabalho era gracioso e focado em favor do amo.

No século XIX a.C., o Código Hamurabi, adotado na Babilônia, dispôs sobre

condições de prestação de trabalho livre, inclusive salário e já vislumbrava uma forma de

arrendamento do trabalho.

A servidão surge na época do feudalismo em que os “senhores feudais davam

proteção militar e política aos servos, que não eram livres”, pois tinham que trabalhar na terra

do senhor, entregando parte da produção em troca da proteção militar e política. Eram

chamados de “servos da gleba”. Recebiam parte da produção e repassavam o restante ao

senhor.

No século XIV – mita espanhola - Desenvolvida pelos indígenas na America

espanhola como forma de trabalho obrigatório imposto por sorteio. O sorteado era obrigado

ao trabalho Vitalício. Em troca, o trabalhador recebia uma contraprestação pelo serviço, além

de algumas garantias: salário em dinheiro; jornada de 8 horas, salvo em minas (7 horas);

descanso dominical; assistência médica e meio salário durante o tratamento do acidente de

trabalho e proibição de alguns trabalhos aos menores de 18 anos e às mulheres. A legislação

protetiva era conhecida como “legislação das índicas”, de Felipe II (Ordenações de 1574).

A partir do século XI a sociedade medieval cede “à sociedade urbana, fundada no

comércio e na indústria rudimentar”. Com as cruzadas, pestes e invasões, os feudos

enfraqueceram, facilitando a fuga dos colonos que se refugiavam nas cidades, onde passaram

a procurar por trabalho e a reunirem-se em associações semelhantes aos antigos modelos de

Collegia e Ghildas (modelos de associações similares aos sindicatos) ao lado dos artesãos e

operários.

Nesta época, o trabalho poderia ultrapassar 18 horas em algumas ocasiões, mas

chegavam, em média, a 12 e 14 horas por dia. Havia exploração do trabalho da mulher e da

criança, além de trabalho em condições excessivamente insalubres e perigosas.

Com o desvio da inicial finalidade das corporações de oficio e a conseqüente

exploração de aprendizes e companheiros que facilmente chegavam à maestria, nasceu as

compagnonnage, composta de companheiros que se reuniam em defesa de seus interesses

para acirrar a luta entre mestres e companheiros. Daí o embrião do atual paralelismo sindical.

Em 1789 as corporações de oficio foram extintas com a Revolução Francesa e em

1791 a Lei Chapelier, (art. 1º), de 17 de junho, proibia seu restabelecimento e demais

Page 15: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

13

coalizações. Nasce a lei de mercado, o liberalismo, sem intervenção estatal nas relações

contratuais.

Com a descoberta e o desenvolvimento da máquina a vapor, de fiar e tear (1738 –

1790) expandiram-se as empresa, pois o trabalho passou a ser feito de forma mais rápida e

produtiva, substituindo-se o trabalho do homem pelo da máquina, terminando com vários

postos de trabalho, causando desemprego.

Daí nasce o Direito do trabalho como reação às Revoluções Francesas e Industrial

e à crescente exploração desumana do trabalho. É produto de uma reação ocorrida no século

XIX contra a utilização sem limites do trabalho humano.

A partir daí encontramos legislações e constituições preocupadas em proteger o

hipossuficiente. Como é mostrado abaixo:

Em 1791-Lei Chapelie – corporações de oficio, por serem consideradas

atentatórias aos direitos do homem e do cidadão.

1800 – Robert Owen assume a fábrica de tecidos em New Lamark, na Escócia,

empreendendo profundas mudanças para a época, como a supressão dos castigos e prêmios;

não admissão de menor de 10 anos; jornada de 10 horas e meia de trabalho; medidas de

higiene no trabalho; caixa de previdência para a velhice e assistência médica.

1802 – pela primeira vez, na Inglaterra, é fixada a jornada de 12 horas no máximo

para o trabalho. É proibido o trabalho ente 21h e 6h, ou seja, o trabalho noturno.

1809 – é considerado ilegal o trabalho do menor de nove anos.

1813 – é proibido o trabalho do menor de 18 anos em minas de subsolo.

1814 – é proibido o trabalho do menor de 18 anos, em domingos e feriados.

1839 – lei que proíbe o trabalho do menor de nove anos, que anteriormente era

vedado, porém ainda não havia lei neste sentido. E para o menor entre nove e 16 anos é fixada

uma jornada de 10 horas, podendo trabalhar em uma jornada de 12 horas o maior de 16 anos.

1880 – descoberta da eletricidade.

1891 – encíclica Rerum Novarum, publicada pelo papa Leão XIII, que,

sensibilizado pela imensa exploração do homem pela maquina, tenta trazer regras mínimas

que fixavam um salário mínimo, uma jornada máxima, buscando, também, uma intervenção

estatal.

1917 – Constituição do México. Foi a primeira Constituição mundial a proteger

direitos dos trabalhadores.

1919 – Constituição de Weimar trazendo direitos trabalhistas

Page 16: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

14

– Esta data é marcada também pela criação da OIT, através do Tratado de

Versales. Trata-se de um organismo neutro, supra-estatal, que institui regras de obediência

mundial de proteção ao trabalho.

1927 – Carta Del Lavaro – Constituição italiana inspirada no corporativismo,

influenciando o sistema sindical brasileiro, bem como a organização da justiça do trabalho.

1948 – Declaração Universal dos Direitos do Homem.

1.3 Históricos no Brasil

1824 – A Constituição do Império (art. 179, XXV), inspirada nos princípios da

Revolução Francesa, assegurou ampla liberdade para trabalho e extinguiu as Corporações de

Oficio.

1850 – Código Comercial. Primeiro código nacional que trouxe regras de

Processo, Direito Civil, Direito do Trabalho, sendo, portanto, o berço dos demais Códigos.

1871 – Lei do Ventre Livre em que os nascidos do ventre de escrava já não eram

mais escravos.

1885 – Lei Saraiva Cotegipe. Libertou os escravos com mais de 60 anos depois

que cumprissem mais três anos de trabalho espontâneo.

1888 – Lei Áurea foi a mais importante lei do império. Libertou os escravos,

aboliu a escravatura. Este fato trouxe para o Brasil uma nova realidade, porque houve

aumento da demanda no mercado e não havia trabalho para todos. A mão de obra era

desqualificada e numerosa.

1890 – Foi emitido um aviso do Ministro da Agricultura em 17 de janeiro de 1890

concedendo férias anuais remuneradas de 15 dias úteis para os ferroviários da Estação de

Ferro Central do Brasil.

1891 – A carta de 1891 apenas garantiu o livre exercício de qualquer profissão

(art.72, § 24) e assegurou a liberdade de associação (art. 72, § 8º), o que embasou o STF a

considerar lícita a organização de sindicatos.

1891 – através do Decreto 1.313/91 foi proibido o trabalho do menor de 12 anos

em fábricas; foi fixada jornada de sete horas para menores entre 12 e 15 anos do sexo

feminino e entre 12 e 14 do sexo masculino.

1903 – Primeira norma brasileira de sindicalização e organização sindical dos

rurais – Decreto 979/03.

1907 – Organização sindical dos urbanos garantida pelo Decreto 1.637/07.

Page 17: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

15

1916 – Código Civil. Tratou da locação de serviços e parte de suas disposições era

aplicada às relações de trabalho, como aviso prévio, contrato determinado etc.

1919 – Criação do instituto do acidente de trabalho e, mundialmente, a criação da

OIT.

1923 – Lei Eloy Chaves (Lei nº 4.682/23) criou a estabilidade decenal apenas para

os ferroviários e no mesmo ato instituiu o Conselho Nacional do Trabalho, no âmbito do

Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio.

Decreto 16.027/23 criou o Conselho Nacional do Trabalho, que foi o primeiro

embrião da Justiça do Trabalho.

1925 – Lei nº 4.982/25 estendeu as férias de 15 dias úteis para os trabalhadores de

estabelecimentos comerciais, industriais e bancários.

1927 – Código de Menores (Decreto 17.934-A) em que se estabeleceu a idade

mínima de 12 anos para o trabalho, como também a proibição de trabalho noturno e em minas

de subsolo.

1930 - em 24 de outubro deste ano, Getúlio Vargas tornou-se presidente e no dia

26 de novembro criou o Ministério do Trabalho, indústria e Comercio através do Decreto

19.443/30. A partir de então, houve farta legislação, através de decretos legislativos, tanto

sobre previdência social quanto a respeito das relações de trabalho (individual e coletivas) até

a promulgação da carta de 1934.

1931 – O Decreto 19.671/31 regulamentou a organização sindical.

1932 – O Decreto Legislativo 21.39632 criou a Comissão Mista e Permanente de

Conciliação e o Decreto Legislativo 22.132/32 as juntas de Conciliação e Julgamento.

1934 – Foi a primeira Constituição da República que elevou os direitos

trabalhistas ao status constitucional disposto nos art. 120 e 121, tais como salário mínimo,

jornada de oito horas, férias, repouso semanal (não era remunerado), pluralidade sindical,

indenização por despedida imotivada, criação da Justiça do Trabalho, ainda não integrante do

Poder Judiciário.

1935 – A Lei nº 62/35 disciplinou a rescisão do contrato, justa causa, aviso prévio

e a estabilidade dos empregados da indústria e do comércio após 10 anos de serviço.

1937 – Golpe de Getúlio Vargas. Regime ditatorial. O congresso é fechado.

Foi dada competência normativa aos tribunais trabalhistas.

O Decreto-Lei nº 39/37 disciplinou a execução dos julgados nos conflitos entre

empregados e empregadores.

1939 – Organização da Justiça do Trabalho através do Decreto-Lei nº 1.27/40.

Page 18: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

16

1941 – Decreto-Lei nº 3.078/41 regulou a locação de serviços dos empregados

domésticos.

1943 – A CLT é compilada. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.

O Decreto-Lei nº 5.821/43 dispõe sobre dissídios coletivos enquanto perdurar o

estado de guerra.

1945 – Getúlio é deposto.

1946 – A Carta de 1946 foi considerada democrática.

1949 – A Lei nº 605/49 instituiu o repouso semanal remunerado.

1955 – Lei nº 2.573/55 criou adicional para o trabalho perigoso.

1957 – A Lei nº 2.207/57 dispôs sobre o vendedor pracista.

1962/ 1963 – Criação do 13º salário: Lei nº 4.090/62 e Lei nº 4.769/65.

1964 – Lei nº 4.330/64: primeira lei que regulamentou o direito de greve

reconhecido no artigo 158 da CRFB de 1946.

1966 – Lei nº 5.107/66: Lei do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS.

1967 – Esta Constituição manteve os direitos previstos na Carta de 1946 e

objetivou a continuidade da revolução de 1964.

1969 – A Emenda Constitucional nº 1, de 1969, repetiu a Constituição anterior,

porem criou alguns direitos. Em relação ao direito coletivo dispôs sobre o imposto sindical,

proibiu o direito de greve para o serviço público e atividades essenciais.

1972 – Lei nº 5.859/72: Lei do doméstico.

1973 – Lei nº 5.889/73: Lei do trabalho rural.

1974 – Lei nº 6.019/74: Lei do trabalho temporário.

1983 – Lei nº 7.102/83: Lei os vigilantes.

1988 – Nova Constituição retomando o homem como figura principal a ser

protegida, abandonando o conceito individualista e privatista e priorizando o coletivo, o social

e a dignidade da pessoa.

Houve, portanto, uma intensa evolução na legislação até culminar na Constituição

de 1988 que, no art. 7º, arrola inúmeros direitos aos trabalhadores que visam à melhoria de

sua condição social. Por outro lado, também forneceu instrumentos para a flexibilização de

direitos trabalhistas.

1999 – A Emenda Constitucional nº 24 transformou as Juntas de Conciliação e

Julgamento em Varas do Trabalho, extinguindo a representação classista.

2004 – A Emenda Constitucional nº 45 ampliou a competência da Justiça do

Trabalho para abarcar também as controvérsias oriundas das demais relações de trabalho, aí

Page 19: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

17

incluídas, segundo nossa opinião, as lides entre: representantes comerciais e representados;

profissional liberal e cliente, inclusive qualquer tipo de advogado e cliente; trabalhadores

rurais sem vínculo de emprego e respectivos tomadores etc.

1.4 Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT

Entre 1949 e 1964, o mercado interno ampliou-se, crescendo consideravelmente o

número de assalariados, já que a produção industrial brasileira multiplicou-se três vezes e

meia.

A sistematização e consolidação das leis num único texto (CLT) integrou os

trabalhadores no círculo de direitos mínimos e fundamentais para uma sobrevivência digna.

Além disso, proporcionou o conhecimento global dos direitos trabalhistas por todos os

interessados, principalmente empregados e empregadores.

Foram compiladas normas de proteção individual do trabalhador com pequenas

alterações, adaptações e ajustes legislativos, copiadas ou inspiradas na Encíclica Rerum

Novarum e convenções da OIT; decretos legislativos publicados entre 1930 e 1934; leis

publicadas entre 1934 a 1937 e decretos-leis de 1937 até 1942.

Sem qualquer alteração, algumas normas simplesmente foram transpostas para a

CLT, como os decretos-leis e regulamentos de 1939 e 1942 concernentes à Justiça do

Trabalho e à organização sindical.

Algumas normas foram complementadas, atualizadas ou generalizadas como as

referentes à medicina e à segurança do trabalho, convenção coletiva do trabalho, inspeção do

trabalho e processo administrativo.

Por último, foram elaboradas outras normas que eram necessárias para

sistematização e exequibilidade da CLT como: Título I, referente à introdução; Capítulos I, II,

III e IV do Título IV, referentes ao contrato de trabalho, remuneração, alteração, suspensão e

interrupção.

No decorrer da história do trabalho, ocorreram muitas mudanças importantes

neste setor. Todas com propósitos de valorar aquele que assegura a produção, o

desenvolvimento, isto é, no sentido de dignificar o trabalho humano.

O trabalho sempre foi um meio utilizado pelo ser humano com finalidades, dentre

elas, está a mais importante, a sua própria sobrevivência. E, o trabalho subordinado, inserido

no meio capitalista, se tornou um dos meios mais garantidores de sobrevivência, qualidade de

Page 20: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

18

vida e poder social àqueles que são totalmente destituídos de riquezas, os chamados

hipossuficiente.

Com o desenvolvimento da chamada questão social pela Igreja Católica, iniciada pelo Papa Leão XIII, por meio da encíclica Rerum Novarum, anunciou-se o estabelecimento de direitos e obrigações tanto do empregador, quanto do empregado, além da necessidade de se estabelecer a concórdia e não a luta de classes e com a elaboração do Tratado de Versalhes, o trabalho humano passou a ser mais protegido e valorizado (ENCÍCLICA RERUM NOVARUM, 2011, on line).

Ver-se que o objetivo central das Nações é estabelecer a paz universal, que se

fundamenta sobre a justiça social. Um dos aspectos que justifica a existência de justiça social

é a proteção do trabalho justo, humano e digno, que assegure a todos, os direitos já garantidos

pela carta magna.

Dentre os acordos de proteção e valorização do trabalho humano estabelecidos em

Tratados, Acordos e Declarações, é vista, a presença comum da desvinculação do trabalho

como mercadoria ou um artigo de comércio, e ao mesmo tempo se ver o estabelecimento do

direito de representação e associação para os trabalhadores e seus empregadores.

Dessa forma estes organismos vieram como forma protetiva valorando o trabalho

e estreitando as relações entre empregado e empregador.

1.5 Trabalho

1.5.1 Conceito

Segundo Cunha (1986, p.779) Do ponto de vista histórico e etimológico a palavra trabalho decorre de algo desagradável: dor, castigo, sofrimento tortura. O termo trabalho tem origem do latim – tripalium. Espécie de instrumento de tortura ou carga que pesava sobre os animais.

Para Vólia Bomfim, (2010, p.3) “no passado o trabalho tinha conotação de tortura,

atualmente significa toda energia física ou intelectual empregada pelo homem com finalidade

produtiva”.

Sendo hoje, o trabalho visto como energia física e intelectual que o homem

emprega com objetivos produtivos, faz-se necessário, para fazer valer esse esforço, um

vínculo capaz de selar o compromisso entre aqueles totalmente destituídos de riquezas, o

empregado, e o empregador. É o chamado vínculo de emprego.

Page 21: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

19

1.5.2 Vínculo de emprego

É um fato jurídico que se configura quando alguém (empregado ou empregador)

presta serviço a uma ou outra pessoa, física ou jurídica (empregador ou empregadora), de

forma subordinada, pessoal, não-eventual e onerosa, sendo que, para que se configure o

vínculo de emprego, são necessárias todas as características numa mesma relação.

O trabalho pressupõe ação, desprendimento de energia humana, física e mental,

com o objetivo de atingir algum resultado, dentre eles, a realização pessoal.

Já o vínculo de emprego pressupõe uma relação de acordos entre pares, denotando

uma troca, um compromisso com cláusulas e regras a serem respeitadas.

Uma das caracteríticas do vínculo de emprego, é a subordinação, empregada

como uma forma de prender o empregado, laçar, interliga-lo a determinado emprego, visto

que a mesma tira do indivíduo a liberdade para tomar suas próprias decisões, tirando sua

autonomia.

A subordinação não se confunde com a escravidão, embora o trabalho escravo

seja subordinado. A história do trabalho subordinado iniciou-se com a escravidão, hoje a

subordinação como uma das características da relação de emprego, não sendo utilizada no seu

adequado sentido, pode causar males que poderão causar danos pessoal, moral e psicológico

chegando a gerar sérias consequências, dentre elas, o assédio moral.

Segundo a doutrina, as fases do trabalho subordinado são servidão, contrato civil e

relação de emprego.

Nas relações de emprego, o empregado sujeita o exercício de suas atividades

laborais à vontade do empregador, que na relação detém poderes para dirigir, regulamentar,

fiscalizar e punir. A chamada subordinação jurídica.

Quando se fala em subordinação jurídica, sujeitando o empregado às suas

obrigações, pressupoe-se que, o empregador da mesma forma deve também respeitar

cláusulas contratuais, não fugindo dos princípios constitucionais, dentre eles, o princípio da

dignidade da pessoa humana, respeitando o empregado, não sujeitando-o a maus tratos, a

trabalhos haviltantes, humilhantes que venham a denigrir a sua reputação como pessoa

humana.

Os requisitos para o reconhecimento de vínculo empregatício estão inscritos nos

caput dos arts. 2º e 3º da CLT.

Page 22: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

20

1.5.3 Dependência ou subordinação

Esclarece Sergio Pinto Martins, (1999, p.72):

Que a palavra explicitada na regra legal é dependência, mas que se costuma usar o vocábulo subordinação, por ser mais exato no que diz respeito a esse estudo, e conceitua: Subordinação é o aspecto da relação de emprego visto pelo lado do empregado, enquanto poder de direção é a mesma acepção vista pelo ângulo do empregador.

Ricardo Marcelo Fonseca (2008), também aponta com profundidade a questão das

origens da subordinação, de modo a dizer qual a diferença entre subordinação jurídica e

subordinação pura e simples.

Fonseca (2002, p.89). “O diferencial estaria nos limites da atividade econômica do

empregador, do risco físico e do atentado moral do empregado, e da prática de ato que seja

ilícito. No mais, segundo afirma, são idênticas”.

Como visto, a limitação da atividade econômica é a diferença básica entre a

subordinação jurídica e a subordinação simples.

1.5.4 Significado tradicional (critério subjetivista e personalista)

O critério da subordinação jurídica ou da dependência hierárquica é o que tem

logrado maior aceitação na doutrina, na legislação e na jurisprudência, vinculando-se ao poder

diretivo do empregador e ao estado de sujeição do empregado.

Embora o empregado esteja protegido pelo direito, ele deve, juridicamente,

obediência e fidelidade ao empregador, encontrando-se em constante estado de submissão da

sua vontade às ordens daquele que detém o poder, o empregador.

1.6 Direito do trabalho

1.6.1 Conceito

De acordo com os ensinamentos de “Vólia” Há Três correntes importantes para o

entendimento do tema são: a subjetivista, a objetivista e a mista.

A corrente subjetivista, segundo Volia, (2010, p.4) a que prioriza os sujeitos (pessoas) da relação de emprego: o emprego e o empregador. Ao se conceituar sob a ótica subjetivista, com freqüência destaca-se a fragilidade da condição econômica do empregado na relação jurídica.

Page 23: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

21

Cesarino Junior, (1980, p.52-54), assim conceitua o Direito do Trabalho

destacando o papel do empregado: “É o conjunto de leis que consideram individualmente o

empregado e o empregador, unidos numa relação contratual. O sistema jurídico de proteção

ao economicamente fraco na relação jurídica”.

A segunda corrente, denominada objetiva realça o conteúdo do Direito do

Trabalho e não seus destinatários. Não prioriza os sujeitos da relação jurídica, mas a lei, o

campo objetivo. Tem como fio condutor a prestação de trabalho subordinado, objeto do

contrato de trabalho.

Entende Messias Donato, (1995, p.45), defensor desta corrente, “corpo de

princípios e normas jurídicas que ordenam a prestação de trabalho subordinado ou a este

equivalente, bem como as relações e os riscos que dela se originam”.

Para Vólia, (2010, p.4), “não há como separar a posição subjetivista da objetivista,

pois são frente e verso da mesma moeda, e separar uma corrente da outra torna insuficiente o

conceito para entender o Direito do Trabalho em sua plenitude”.

A terceira corrente, a mista, defendida pela doutrina majoritária, valora tanto os

sujeitos da relação de trabalho quanto o conteúdo do Direito do Trabalho.

Vólia (apud CATHARINO, 1999, p.50), como defensor desta corrente afirma: “É

o conjunto de princípios e normas que regulam, principalmente, as relações imediata ou

mediatamente ligadas ao trabalho remunerado, livre, privado e subordinado, e, ainda, aspectos

relativos à existência dos que o executam”.

1.6.2 Características

O direito do trabalho tem como principal característica, a proteção do trabalhador

seja através da regulamentação legal das condições mínimas da relação de emprego, seja

através de medidas sociais adotadas e implantadas pelo governo e sociedade. Logo, seu

principal conteúdo é o emprego e o empregador.

Já sob o aspecto do direito coletivo do trabalho, sua maior característica está na

busca de soluções e na pacificação dos conflitos coletivos do trabalho, bem como nas formas

de representação pelos sindicatos.

Tanto nas características subjetivistas quanto nas objetivista, o que se percebe é

que a abertura a esse leque de direitos ao empregado tem como razão a valoração do homem

como ser, dentro de uma sociedade, que vem de uma história de massacre, escravidão, sem

Page 24: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

22

voz nem vez, sem dignidade. Essas vazões de direitos ao trabalhador àquele menos favorecido

vêm em respeito às normas de Direitos humano, que são princípios constitucionais.

Com a ampliação do campo de atuação do Direito do Trabalho a legislação passou

a se preocupar também com os trabalhadores ociosos, isto é, com os desempregados que

buscam nova colocação no mercado. É o que demonstra a Lei nº 7.998/90 que,

regulamentando o inciso II do art. 7º da CRFB, garante o pagamento, em número cada vez

maior de parcelas, do seguro-desemprego. Por sua vez, o art. 373-A, I, da CLT proíbe a

publicação de anúncio de emprego que contenha qualquer tipo de discriminação.

A preocupação com os trabalhadores ociosos, a proibição de anúncios

discriminatórios vêm demonstrar o apreço que o constituinte está dando ao princípio da

dignidade humana.

O Direito do Trabalho permanece preocupado principalmente com a questão

social do trabalhador subordinado, a relação de emprego e, excepcionalmente, com as demais

relações de trabalho sujeitas às regras trabalhistas. De acordo com Volia, (2010, p.6):

Convém ressaltar que nada mudou quanto ao conceito e Direito do Trabalho ou suas características, após a Emenda Constitucional nº 45/04, que apenas alargou a competência da justiça do Trabalho, isto é, alterou a parte processual, relativa à competência e aos procedimentos destinados a cada ação, e não o direito material, suas regras, princípios e valores, que continuam a ser aplicados aos mesmos destinatários anteriores.

Afirma ainda Volia (2010, p.7) que:

Após a Emenda Constitucional nº 45/04, as demais relações de trabalho, inclusive aquelas relativas ao consumo, passaram para a competência da Justiça do Trabalho, mas com princípios, regras e valores distintos daqueles inerentes ao Direito do Trabalho.

O Direito do Trabalho, com seu caráter socializante, vem inspirando todos os

outros ramos do Direito, pois mostra a finalidade social e o caráter coletivo do Direito. Está

menos preocupado com o individual e o patrimônio, abandonando o caráter privatista do

direito comum. Com isso, a clássica inércia do Estado foi rompida pioneiramente pelo Direito

do Trabalho para, através de uma legislação imperativa, garantir direitos mínimos e

fundamentais à pessoa humana, adotando o principio da proteção ao hipossuficiente.

Alice Monteiro, (2005, p.91), Preocupado com a unificação mundial dos direitos mínimos do trabalhador, o art. 427 do Tratado de Versalhes (1919) determina a harmonização da legislação trabalhista entre países, dando um caráter transnacional ao direito do trabalho. Esta garantia mínima também toma conotação mundial na Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Page 25: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

23

A cada momento, o Direito do Trabalho tem se transformado para se adaptar às

realidades econômicas e sociais da época, sem esquecer a figura do trabalhador que deve ser

protegida. Este é o seu caráter transformador.

1.6.3 Denominação

Foram varias as denominações dadas ao Direito do Trabalho ao longo do tempo:

legislação industrial, legislação operaria, legislação trabalhista e legislação social.

Apenas em 1919, com o Tratado de Paz da Primeira Guerra Mundial, foi

consagrada a autonomia cientifica do Direito do trabalho, o que fez substituir a palavra

“legislação” pelo vocábulo “direito”, a partir daí, foram utilizadas denominações: direito

operário (art.16, XVI da CF/37), direito industrial, direito corporativo, direito social, Direito

do Trabalho.

Finalmente a denominação que permaneceu foi Direito do Trabalho, pois se

destinava a reger as relações de trabalho subordinado. Alguns autores preferiam o nome

Direito Social em face de seu caráter social e protetivo do hipossuficiente.

1.6.4 Divisão do direito do trabalho

Para a corrente majoritária, o Direito do trabalho é o gênero do qual são espécies:

o direito individual do trabalho e o direito coletivo do trabalho. Mas, de forma minoritária, há

quem entenda que o direito individual do trabalho é ciência autônoma, assim como o direito

coletivo, que não se confundem, pois possuem regras e princípios e normas próprias e

peculiares.

1.6.5 Natureza Jurídica ou Taxonomia

Natureza jurídica de um instituto, segundo Maurício Godinho (2003, p.73): “É a

atividade lógica de classificação pela qual se integra determinada figura jurídica no conjunto

mais próximo de figuras existentes no universo do direito mediante a identificação e cotejo de

seus elementos constitutivos fundamentais”.

Há cinco correntes quanto à natureza jurídica do direito do trabalho.

Page 26: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

24

1.6.5.1 Direito Público

A primeira vertente entende que o Direito do Trabalho faz parte do direito

público, tendo em vista a natureza de suas normas, que são imperativas, cogentes e, também,

de ordem administrativa. O Estado determina as regras mínimas do contrato, é

intervencionista e considera nulo qualquer ato que vise desvirtuar a aplicação da legislação do

trabalho – art. 9º da CLT. Ademais, o Direito do Trabalho tem finalidade social de proteger os

hipossuficientes, suas normas dizem respeito a direitos indisponíveis.

1.6.5.2 Direito Privado

A segunda corrente classifica o Direito o Trabalho como de natureza privada, já

que decorre de um contrato feito entre particulares, normalmente sujeitos privados.

1.6.5.3 Direito Social

Uma terceira corrente classifica o Direito do trabalho como direito social por

amparar os hipossuficiente, em face de seu caráter protetivo e social.

1.6.5.4 Direito Misto

A quarta corrente enquadra o Direito do Trabalho como de natureza mista, isto é,

um direito tanto público quanto privado cujas normas coexistem sem divergência. Há um

contrato mínimo previsto em lei e grande intervenção estatal na legislação para proteção do

mais fraco, com regras indisponíveis e interesse estatal na harmonia da luta de classes.

1.6.5.5 Direito Unitário

A diferença entre esta tese e a teoria do direito misto é que nesta, haverá uma

coexistência entre normas públicas e privadas, enquanto na teoria unitária haveria uma fusão

entre estas.

A natureza jurídica do direito do trabalho, na verdade é de coexistência de

normas, as quais existem em prol daquele que apesar da sua hipossuficiência, é o motor que

faz gerir toda a economia de forma globalizada, (vertical ou horizontal).

Page 27: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

25

2 UMA NOVA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O século XX teve extraordinários avanços em todos os campos do conhecimento

humano; como também foi cenário das maiores guerras produzidas pela humanidade, tanto

em relação ao número de países envolvidos quanto na extensão dos prejuízos delas

decorrentes. Para Freitas, (1999):

As grandes transformações econômicas, sociais, políticas, tecnológicas e culturais ocorridas nas ultimas décadas e a elevação do aspecto econômico à categoria de valor supremo tem causado vários impactos nas sociedades modernas, cujos estudos sinalizam a existência de uma forte crise de identidade produzida pelos diversos fatores simultâneos e que pode ser caracterizada pela dissolução de referência que fundamentam os valores sociais, pelo enfraquecimento de instituições tradicionais que encarnam a importância desses valores e pela incapacidade das sociedades atuais de propor idéias coletivas, reduzindo os valores sociais apenas ao valor que é dado pelo mercado. O individuo, o cidadão esgota-se no seu papel de consumidor.

São vários os autores, entre eles, Enriquez (1991; 1993; 2006), Castariadis (1990;

1996), Dejours (1998), dentre outros, que apontam os elementos que constituem o mal-estar

das sociedades atuais:

A progressiva corrosão dos vínculos sociais e dos valores coletivos; a emergência da importância do individuo e a exacerbação do individualismo; a negação da existência e do reconhecimento do que é diferente e não-consensual; a instrumentalização do individuo e a sua mutação de ser humano para um número ou uma coisa possível e ser vendida e descartada; e a elevação do sentimento de impotência e de exclusão daqueles que não desempenham uma função produtiva ou tenham um emprego.

Com estes argumentos, os autores acima, sustentam as diferentes facetas das

questões de identidades, considerando-as estreitamente relacionadas à violência que

acompanha o progresso social e econômico do final do século XX e inicio do século XXI.

A origem dessa violência pode ser encontrada nos problemas de identidade

caracterizados pela impossibilidade de os indivíduos se autodefinirem por si próprios, pela

sua desorientação quanto aos valores e pelo aumento da insignificância dos indivíduos e das

sociedades, que buscam sentidos e formas de reconhecimento na vida social, porém, sem

jamais serem satisfeitos. De acordo com Heloni (2007, p.77):

A globalização, com base em novas técnicas de seleção, inserção e avaliação do indivíduo no trabalho, fez uma reestruturação nas relações do trabalho. O novo paradigma é o “sujeito produtivo”, ou seja, o trabalhador que ultrapassa metas, deixando de lado a sua dor ou a de terceiro. Reina o individualismo em detrimento do grupo de trabalho. A valorização do trabalho em equipe assume um valor secundário, já que a premiação pelo desempenho é só para alguns trabalhadores, ou seja, os que atingem metas estabelecidas, esquecendo-se que o grupo também é o responsável pelos resultados da empresa. O individualismo exacerbado reduz as

Page 28: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

26

relações afetivas e sociais no local de trabalho, gerando uma série de atritos, não só entre as chefias e os subordinados, como também entre os próprios subordinados.

A implementação de metas, sem critérios de bom-senso ou de razoabilidade, gera

uma constante pressão no ambiente de trabalho, com a sua transmissão para os gerentes,

líderes, encarregados e os demais trabalhadores que compõem um determinado grupo de

trabalho. As conseqüências dessas pressões repercutem na vida cotidiana do trabalhador, com

sérias interferências na sua qualidade de vida, gerando desajustes sociais e transtornos

psicológicos, como depressão, ansiedade e outras formas de manifestação de doenças

psíquicas ou orgânicas. Até casos de suicídio têm sido relatados, como decorrência dessas

situações.

Esse contexto gera o assédio moral, ou seja, um conjunto de comportamentos

abusivos, gesto, palavra e atitude, os quais, por sua reiteração, ocasionam lesões à integridade

física ou psíquica de uma pessoa, com a degradação do ambiente de trabalho.

Não é incomum que o assédio moral surja de forma insignificante, confundindo-se

com uma brincadeira de mau gosto, o que dificulta a sua consideração séria pela vítima e a

sua formalização como um problema organizacional. Como a sua característica principal é a

repetição, é somente depois de ser regularmente acuada que a vítima percebe que os ataques

se multiplicaram e com o seu estado de inferioridade ou fragilidade torna mais difícil a sua

reação. Essas agressões geralmente não são infligidas diretamente, mas elas são constantes o

suficiente para provocar uma queda da auto-estima da vítima, que se sente humilhada, usada e

suja.

Nas organizações, a violência e o assédio nascem do encontro da inveja do poder

do outro e da perversidade. Esse poder pode ser real ou imaginário, mas ele incomoda o

agressor, sendo que o atributo que o expressa, pode ser sustentada em qualquer fonte, como

conhecimento, beleza, relacionamento social ou competência. O assédio poder ocorrer em

todas as direções, ou seja, partindo tanto de chefes e colegas como de subordinados.

2.1 Assédio moral nas relações de trabalho

Para a Lei nº 12.250/06 “É todo comportamento abusivo, gesto palavra e atitude,

que ameaça por sua repetição, a integridade física ou psíquica de uma pessoa, degradando o

ambiente de trabalho”.

Page 29: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

27

Assédio é o ato que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade

ou integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando o seu emprego ou degradando o

clima de trabalho. (NASCIMENTO, 2011, online).

As atitudes ou os procedimentos repetitivos, que têm por objetivo a degradação

das condições de trabalho de um assalariado, susceptível de atentar contra os seus direitos e

sua dignidade, de alterar a sua saúde física ou mental e de comprometer o seu futuro

profissional, denominam-se assédio moral.

Essa exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e

constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de

suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que

predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou

mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o

ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego, é o chamado assédio

moral. Conforme Vieira (2007, p.88):

Assédio moral ou violência moral no trabalho não é um fenômeno novo. Pode-se dizer que ele é tão antigo quanto o trabalho. A novidade reside na intensificação, gravidade, amplitude e banalização do fenômeno e na abordagem que tenta estabelecer o nexo-causal com a organização do trabalho e tratá-lo como não inerente ao trabalho.

Ele se caracteriza pela degradação deliberada das condições de trabalho em que

prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus subordinados,

constituindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o

trabalhador e a organização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando

a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos outros.

Estes, por medo de perder o emprego e por vergonha de serem também humilhados, associado

ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e,

freqüentemente, reproduzem ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o

’pacto da tolerância e do silêncio’ no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente se

desestabilizando e fragilizando, ’perdendo’ sua auto-estima.

Um ato isolado de humilhação não é assédio moral. Para que se configure o

assédio moral necessário se faz a repetição sistemática, intencionalidade, direcionalidade.

Entretanto, quer seja um ato ou a repetição deste ato deve-se combater firmemente por

constituir uma violência psicológica, causando danos à saúde física e mental, não somente

daquele que é excluído, mas de todo o coletivo que testemunha esses atos.

Page 30: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

28

A humilhação repetitiva e de longa duração na vida do trabalhador e trabalhadora

de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais,

ocasionando graves danos à saúde física e mental, que podem evoluir para a incapacidade

laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto,

nas relações e condições de trabalho. De Acordo com Barros (2006):

A violência moral no trabalho constitui um fenômeno internacional segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com diversos países desenvolvidos. A pesquisa aponta para distúrbios da saúde mental relacionado com as condições de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. “As perspectivas são sombrias para as duas próximas décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do ‘mal estar na globalização”, onde predominará depressões, angustias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais.

2.2 Os métodos de assédio

A maioria dos pesquisadores considera que o assédio moral pode ocorrer de

diferentes direções, ou seja, de chefes a subordinados, de subordinados a chefes e entre pares.

As manifestações podem ser as mais diversas e assumir características que permitem a sua

classificação.

Hirigoyen (2001, p.108-109), classifica os tipos de maus tratos em quatro grandes

categorias, que são:

a. Deterioração proposital das condições de trabalho. Retirar da vítima a sua autonomia; não lhe transmitir as informações úteis para realização de tarefas; contestar sistematicamente as suas decisões; criticar o seu trabalho de forma injusta ou exagerada; privá-la do acesso aos instrumentos de trabalho: telefone, fax, computador; retirar-lhe o trabalho que normalmente lhe compete, dar-lhe permanentemente novas tarefas; atribuir-lhe sistematicamente tarefas inferiores e ou superiores às suas competências; [...].

b. Isolamento e recusa de comunicação. A vítima e interrompida constantemente; superiores hierárquicos ou colegas não dialogam com ela; a comunicação é feita unicamente por escrito; recusam todo contato com ela; mesmo o visual; ela é posta separada dos outros; ignoram sua presença, dirigindo-se apenas aos outros; proíbem os colegas de lhe falar; já não deixam falar com ninguém e a direção recusa qualquer pedido de entrevista.

c. Atentado contra a dignidade. Utilizam insinuações desdenhosas para qualificá-la; fazem gestos de desprezo diante dela (suspiros, olhares desdenhosos, levantar de ombros); é desacreditada diante dos colegas superiores e subordinados; [...].

d. Violência verbal, física ou sexual. Ameaças de violência física; agridem a vitima fisicamente mesmo que de leve, é empurrada, fecham-lhe a porta cara- falam com eles aos gritos; invadem a sua privacidade com ligações telefônicas ou cartas; seguem-na na rua, é espionada diante do domicílio; fazem estragos em seu automóvel; é assediada ou agredida sexualmente (gestos ou propostas); não levam em conta seus problemas de saúde.

Page 31: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

29

A respeito dos diferentes tipos de assédio, os estudos de Hirigoyen (2001)

indicaram que 50% dos casos de assédio vem da hierarquia (chefe para subordinado), em 29%

dos casos ele vem tanto de chefes como de colegas, em 12% acontece entre colegas e somente

1% dos casos é o subordinado que assedia o chefe.

Esse mesmo estudo revela que de 36% das pessoas que se disseram assediadas,

saíram da organização: em 20% dos casos, as pessoas foram demitidas por falhas; em 9% dos

casos, elas negociaram a demissão; em 7% das ocorrências, a demissão foi pedida pela vítima;

e em 1% a pessoa foi colocada em pré-aposentadoria.

O que é visto, é que a violência sofrida pelo assédio se junta a da demissão

forçada ou sumária, o que contribui para que o estado de saúde da vítima seja ainda mais

penalizado e dificulte a busca por um novo emprego.

2.3 O assédio moral como um problema organizacional

Aceitar a violência como algo normal é torná-la ainda mais violenta. É aceitar a

violência como natural, dando vida própria, a mesma, não causando repulsa, pois as pessoas

se tornam insensíveis a ela e aos seus efeitos, tornando o mundo Social insignificante para a

nossa vida. A violência mina a esperança no futuro, desintegra o vinculo social, fortalece o

individualismo predador, corrói a cooperação e a confiança, derrota a solidariedade e retira do

homem a sua humanidade. Afirma Pastore (1997, p.102):

No âmbito do trabalho, em particular a luta pelo emprego e pelo conhecimento pode favorecer todos os tipos de comportamentos reprováveis, que em escala ampliada podem atingir o comportamento organizacional como um todo em seu convívio com os demais atores: governo sociedade, consumidores, concorrentes, acionistas e trabalhadores. Será guerra de todos contra todos.

Ainda que se concorde com o caráter mais amplo da violência existente no

contexto das sociedades modernas e como uma possibilidade em parte resultante desses novos

processos organizacionais, não se pode acomodar na impotência de quem crê que nada pode

ser feito em relação a essas questões. Ou que as organizações e as pessoas envolvidas em

práticas violentas são meros joguetes do destino cruel imposto pela modernidade e, portanto,

devem ter a sua participação minimizada ou serem inocentados.

A violência não é abstrata, ela é um processo objetivo entre atores objetivos e

deixa conseqüências explicitas, ainda que, no mundo atual, o trabalho esteja se transformando

em algo precário e com ritmo intensificando, a banalização da violência pareça não deixar

Page 32: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

30

espaço para nenhuma gramática de construção de dialogo, visto que cada um está ocupado

com a própria sobrevivência (SILVA, 2005).

Quando se considera o assédio moral uma questão organizacional, entende-se que

algumas empresas negligenciem os acordos desencadeadores desse fenômeno, ou seja,

considera-se que o assedio moral ocorra não por que os dirigentes queiram, mas porque eles

se omitem.

Nas organizações, as pessoas se pautam mais pelo aspecto legal que moral,

porém, a convivência social prolongada não pode subsistir em que a instância moral também

exerça a sua parte no controle de comportamentos e de atitudes dos indivíduos.

O assédio moral ocorre porque encontra um terreno fértil e tende a se cristalizar

como uma prática, pois os seus atores não encontram maiores resistências organizacionais ou

reprovações nem regras, nem na autoridade, nem na filosofia, nem na cultura da organização,

ou seja, não existe aos seus olhos uma instância interditora e punitiva para essas ocorrências

perversas.

Um ambiente em que existe uma competição exacerba, onde tudo é justificado em

nome da guerra para sobreviver, gera um álibi permanente para que exceções sejam

transformadas em regras gerais e comportamentos degradantes sejam considerados normais,

pois competitividade passa a ser sinônimo de competição cruel e a qualquer preço. E ainda, a

supervalorização de hierarquias, em que chefes são seres intocáveis e inquestionáveis, torna o

comportamento decente e democrático uma falha ou uma debilidade diante da tirania desses

semideuses, que se refestelam na impunidade.

2.3.1 O assédio moral e a crise econômica

Como visto anteriormente, por mais que se diga que a violência não é abstrata, ela

é um processo objetivo entre atores objetivos, é difícil identificar o assédio moral, é muito

subjetivo seu foco. Por este motivo, não se tem estatísticas reais sobre a incidência do

Instituto.

Mas o que se sabe é que desde fim de 2008, aumentou consideravelmente o

número de trabalhadores que ingressaram na Justiça do Trabalho alegando humilhações e

ameaças no emprego. Dificuldades nas empresas por causa da crise podem gerar situações de

assédio, embora não exista legislação federal específica no país.

Page 33: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

31

De acordo com um jornal informativo, Procuradores do Ministério Público do Trabalho em seis Estados (Rio, Pernambuco, Piauí, Ceará, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal) investigam 145 denúncias recebidas neste ano (2009) sobre assédio nos setores aéreo, bancário, metalúrgico e de comércio (JORNAL DA MÍDIA, 2011, online).

Ainda segundo este informativo, com o acirramento da competição, o assédio

moral tende a crescer intra e entre os grupos nas empresas de diferentes setores-

principalmente em segmentos onde a tensão é maior, como mercado financeiro e empresas

que tiveram o patrimônio reduzido na crise.

No Brasil pesquisas começam a ser feitas e publicadas sobre o assédio moral nas

empresas. Segundo Menezes, de um total de 4.718 profissionais ouvidos, 68% deles

afirmaram sofrer humilhações várias vezes. E a maioria, 66% afirmaram que já foram

intimidados por seus superiores.

Pesquisa feita recentemente pela Anamatra (associação que reúne os juízes

trabalhistas do país) mostra que 79% dos juízes apontaram a necessidade de que o assédio

moral seja regulamentado em lei.

Não há dúvidas de que a regulação é muito importante, pois estabelecerá critérios

objetivos do que é ou não assédio, de que forma ocorre e como deve ser indenizado. Os juízes

vão se sentir mais seguros na hora de julgar um caso, os empregadores terão limites mais

claros de suas atuações e os empregados poderão discernir quando realmente estão sendo

agredidos moralmente.

2.4 Assédio moral e o dano moral

Advogados relatam os fatos nas relações de trabalho e emprego e ao final de suas

demandas pedem a condenação do empregador pelo pagamento de indenização por danos

morais face ao assédio moral vivenciado pelo empregado, julgamentos são proferidos sem

que nenhuma distinção entre assédio moral e dano moral e a doutrina escreve artigos citando

julgados também sem nenhuma diferença.

O assédio moral possui algumas diferenças com relação ao dano moral, mais, em

alguns casos existe um encontro entre eles. O assédio moral exige que sejam realizadas

práticas hostis de forma reiterada, com certa freqüência e duração (FEIJÓ, 2011, online).

A freqüência, estatisticamente como disse Heiz Leymann e não um palpiteiro é de

uma vez por semana. A duração é estatisticamente comprovada por Heinz Leymann e não por

um palpiteiro, de pelo menos 6 meses. Os palpiteiros deveriam realizar um estudo de 20 anos

Page 34: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

32

e sustentar mundialmente sua tese e esta ser aceita pela comunidade científica, como fizeram

os defensores da tese do assédio moral.

Aqui existe de uma forma geral uma diferença com o dano moral, pois no dano

moral não são feitas estas exigências, um simples ato pode caracterizar o dano moral.

Também em matéria de prova entende-se que no dano moral o fato deve ter sido

levado a conhecimento de terceiros enquanto no assédio moral não existe esta necessidade.

A finalidade em se fazer estas distinções é muito importante sob o ponto de vista

da avaliação do dano moral, pois, percebe-se que o assédio moral causa uma dor e sofrimento

comprovados a vítima enquanto que o dano moral não tem necessidade destas provas. Com

isso, percebe-se que as indenizações por assédio moral devem receber um valor maior do que

muitas indenizações por danos morais.

O empregado, vítima de assédio moral, pode e deve procurar a Justiça do

Trabalho, pleiteando a indenização relativa ao dano moral. É inegável que o assédio moral

ocasiona danos à imagem, à honra, à liberdade do trabalhador (art. 5º, V e X, CF), logo, a sua

reparação é questão de justiça (art. 186, CC).

O empregado poderá cumular os pedidos de rescisão indireta do contrato de

trabalho e do dano moral.

Caberá ao empregado provar o dano moral, logo, deverá apresentar os meios de

prova que justificam o assédio moral.

São meios de provas que comprovam o assédio moral: cópias autenticadas de

atestados médicos que registrem problemas físicos ou psicológicos atribuídos às condições de

trabalho; e-mails e cartas ofensivas do agressor; anotações quanto aos dias e datas dos atos do

assédio moral; a elaboração de boletim de ocorrência contra o agressor.

Não se pode esquecer que o dano moral e a conseqüente indenização implicam na

caracterização da responsabilidade subjetiva do empregador ou de preposto (Súmula nº 341,

STF), exigindo-se, para tanto, a prova do ato omissivo ou comissivo, o nexo causal, o dano

moral e a culpa (dolo ou em sentido restrito - negligência, imprudência ou imperícia).

Como a legislação não fixa o valor do dano moral, a postulação, a nosso ver, há

de ser ilíquida, ficando a critério do magistrado, o qual irá fixá-la, de acordo com a gravidade

do fato, a capacidade econômica do ofensor, a capacidade de entendimento da vítima. Porém,

nada obsta que a própria parte dê um valor pecuniário ao dano moral pelo assédio moral.

O assédio moral é uma constelação de danos morais, de micro traumas psíquicos.

Pode-se dizer que, de fato, apesar de todo assédio moral conter um conjunto de danos morais

contido em si mesmo, nem todo dano moral constitui por si, só, um assédio moral. Dessa

Page 35: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

33

forma embora sejam fenômenos que caminhem juntos de maneira compassada, são conceitos

distintos e naturalmente acarretam conseqüências jurídicas diversas.

Ampliando a interpretação, é possível afirmar que o assédio moral é uma

categoria ou espécie de dano moral que, devido a sua forma de expressão, temporalidade e

freqüência, apresenta singularidade. O dano moral é gênero. Dispositivo previsto na

Constituição Federal e o Código Civil do Brasil.

Somente uma cuidadosa e responsável busca na coleta de dados e informações

poderá discriminar o dano moral, produto de um ato isolado – que pode ser gravíssimo – e um

assédio moral, decorrente de um conjunto de danos morais com características e sinais

específicos.

Consoante a corte Magna, a indenização por dano moral é assegurada em

decorrência da violação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas. A

súmula nº 37 do Superior Tribunal de Justiça caminha na mesma direção. Assim, o dano

moral passa a atingir toda e qualquer relação entre sujeitos do direito.

Page 36: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como mostrado durante todo trabalho, o Assédio Moral é uma realidade e deve

ser levada em consideração pelas Empresas para que possam fazer suas adaptações,

principalmente quanto à relação entre os empregados, pois certamente responderão pelo

Assédio Moral realizado entre eles. Mesmo que não tenham conhecimento, serão as

responsáveis pela composição dos danos causados à vítima, pois ‘deveriam’ estar cientes de

todas as situações ocorridas dentro de seu estabelecimento ou seu campo de responsabilidade.

O Assédio Moral também deve ser levado a sério pelos empregados, pois muitas

vezes os empregadores confundem o poder diretivo e disciplinar com abuso de poder, e os

empregados não são obrigados a tolerar situações que vão além de suas obrigações. Mas

infelizmente os empregados não sabem que estão sendo vítimas de Assédio Moral,

normalmente pensam que faz parte de sua atividade tolerar situações humilhantes.

Concluindo vale ressaltar que após a Emenda Constitucional 45 de 2004, os casos

de dano moral decorrentes das relações de trabalho passaram a ser de responsabilidade da

Justiça do Trabalho. Assim, todos os casos de reparação aos danos sofridos pelo Assédio

Moral, tanto na esfera material quanto na esfera moral deverão ser apreciados pela Justiça

especializada do Trabalho.

Page 37: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

REFERÊNCIAS

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTR, 2005. BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2006. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, Senado, 1988. _______. Consolidação das Leis do Trabalho instituída pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 12 jan. 2012. _______. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Disponível em: <http:www. planalto. gov.br>. Acesso em: 12. jan. 2012. CASSAR, Volia Bonfim. Direito do Trabalho. São Paulo: Impetus, 2010. CESARINO JÚNIOR, Antônio Ferreira. Direito social. São Paulo: LTr, 1980. CUNHA, Antônio Geraldo. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 2003. DONATO, Messias Pereira. A divisão do Direito do Trabalho em Direito Individual do Trabalho e Direito Coletivo. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995. ENCÍCLICA RERUM NOVARUM. Disponível em: <http://www.vatican.va/holy _father/ leo_ xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_15051891_ rerum-novarum_po.html>. Acesso em: 12 jan. 2011. FEIJÓ, C. Matéria especial: assédio moral na justiça do trabalho tribunal superior do trabalho: Assessoria de comunicação social. Disponível em: <http://www. assediomoral.org/ IMG/pdf/Noticias_Destaque_assedio_moral.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2011. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1976. FONSECA, Ricardo Macelo. Modernidade e contrato de trabalho: do sujeito de direito à sujeição jurídica. São Paulo: LTr, 2002. FONSECA, Ricardo Marcelo. História do direito em perspectiva - do antigo regime a modernidade. Curitiba: Juruá, 2008. FREITAS, Maria Ester de. HELOANI, José Roberto; BARRETO, Margarida. Assédio moral no Trabalho. São Paulo: Cengage Learning, 2011. (Coleção Debates e Administração)

Page 38: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora

36

FREITAS, M. E. Cultura Organizacional: Identidade, Sedução e Carisma. Rio de Janeiro: FGV, 1999. HIRIGOYEN, Marie-France. Assédio Moral: a violência perversa no cotidiano. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2001. HELOANI, R. Gestão e organização no capitalismo globalizado. 2. ed. São Paulo: Atlas 2007. JORNAL DA MÍDIA. Magistrados e vítimas querem lei que defina assédio mora. Disponível em: <http://www.jornaldamidia.com.br/noticias/2009/03/06/ Brasil/Magistrados _e_vitimas_ querem_lei_.shtml>. Acesso em: 14 jan. 2012. MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 10. ed. rev. e amp. atual. até dezembro de 1999. São Paulo: Atlas, 1999. NASCIMENTO, Sônia A.C. Mascaro. O assédio moral no ambiente do trabalho. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=5433>. Acesso em: 14 jan. 2012. PASTORE, J.A. A agonia do emprego. São Paulo: LTr, 1997. SILVA, Jorge Luiz de Oliveira da. Assédio moral no ambiente de trabalho. Rio de Janeiro: Editora e Livraria Jurídica do Rio de Janeiro, 2005. VIEIRA, Ana Carolina Gonçalves. Assédio Moral no Ambiente de Trabalho: Uma violação silenciosa à dignidade humana no âmbito das relações de emprego. Belo Horizonte: PUC, 2007.

Page 39: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora
Page 40: O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHOww2.faculdadescearenses.edu.br/biblioteca/TCC/DIR/O... · O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Monografia apresentada à banca examinadora