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Pesquisa exc va : jornalismo no Brasil ainda é coisa de branco

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Matéria de Capa

EO jornalista Sebas-tian Junger - auto rdo best-seller "Th ePerfect Storm" - éum veterano da scoberturas de guer-ra . Em seu novo li-vro, "Fire", onde es -tão reproduzida s

algumas de suas histórias em vários fronts ,ele confessa no prefácio : "Sair de um aviã opara trabalhar num país estrangeiro é asensação mais aterrorizante que conhe-ço. Não porque alguma coisa ruim podeme acontecer, mas porque eu sempre es -tou convencido de que vou falhar. Vocêtem duas semanas para entender com-pletamente uma cultura estranha, encon -trar uma história que ninguém ainda ou -viu e esgotar a pauta . Isso nunca parecenem remotamente possível" .

O danado acertou na mosca .Nunca conheci um único repórter, mi-

nimamente decente, que não tivessemedo semelhante .

Conseguir chegar a um lugar onde a spessoas estão matando umas às outras ,entender os motivos da violência, acha ros responsáveis e os inocentes, coloca rtodos os ingredientes culturais neste angu ,e ainda cumprir prazo de fechamento, étarefa que sempre me pareceu o pior do spesadelos . Até que fui obrigado a cobrir aguerra em minha cidade .

O mundo na boca do estômagoDia 11 de setembro, 6h30min da ma-

nhã. O despertador avisa com insistênci aque Dale, minha mulher, terá mais um ahora para estar dentro da escola no Sout hBronx, onde ela dá aula . A rotina a obrig aa levar a cachorrinha Rio para o banheirodas ruas e se engalfinhar com nossa filh aJillian para arrancá-la da cama .

Geralmente estas são batalhas da squais ouço apenas rugidos distantes : so ucompletamente surdo de um ouvido etenho sono pesado . Só bato o ponto dodia por volta das 9 horas - durante o ho-rário de verão daqui, quando soment euma hora separa os relógios de Nova Yorke São Paulo .

Mas, naquela terça-feira de sol e umi-dade amazônica, as manequins do showde moda das coleções do próximo an oestavam à minha espera . Uma pauta pro-metida há muito tempo à editoria de com -portamento da revista Isto É.

Jillian ainda estava na cozinha quan-do saí do banho. Às 7h30min, ela pega-ria o ônibus que a levaria a Compute rSchool, na rua 77 de Manhattan . E, à s8h35min, seria minha vez de pegar a

Henry Hudson Parkway em direção aMidtown, duvidando que houvesse algu -ma modelo acordada àquela hora .

A emissora 1010 AM tem um sloganque promete : "Nos dê dez minutos e nó slhe daremos o mundo" . Em vários mo -mentos do dia, eu pago minha cota d eminutos e recebo um resumo do que s epassa pelo planeta .

Mas, às 8h50min daquela terça-feira ,a 1010 não me deu o mundo : arremes-

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sou-o contra a boca de meu estômago .Um avião havia se chocado contra um adas torres do World Trade Center à s8h45min .

O tráfego corria solto na West Sid eHighway. Na altura da rua 96 ainda nã oera possível detectar qualquer sinal da tra -gédia . A fumaça apareceria distintamentedepois da rua 72 .

No Chelsea, por volta da rua 20, assirenes dos carros de bombeiros, polícia

e ambulâncias estavam em toda parte .Eram apenas 9 horas . O trânsito mostrav aque iria parar. O melhor era largar o carronum estacionamento e seguir de metrôaté Lower Manhattan .

"Follow the money"Às 9h03min, o Boeing 757, do vôo

175 da United Airlines, saído de Bosto ncom os tanques cheios para atravessar opaís até Los Angeles, arremeteu contra a

torre 2 (sul) do WTC .Eu estava entrando no estacionamen-

to da rua 18 Oeste quando a 1010 A Mdeu a notícia .

A partir daquele momento, ninguémmais acreditava em acidente . Nova Yor kestava sob ataque .

Os telefones celulares ainda funcio-navam em Nova Jérsei . Liguei para lá .

Mantenho, há cerca de quatro anos ,uma fonte que tem informações e muitoconhecimento sobre a "Al Qaeda" - aorganização de Osama Bin Laden .

Este informante fazia parte da mesquit aAbu Bakr, que fica na cidade de Jérsei, n oEstado de Nova Jérsei .

O templo era um pouco mais do qu euma sala na sobreloja de um prediozinh ocomercial numa área dominada pela co-munidade muçulmana . Ali funcionav aum centro de veteranos da guerra d oAfeganistão .

Era onde o xeique cego Omar Abde lRahman pregava antes de ser preso .

Esta figura carismática havia entrad onos Estados Unidos com a ajuda da CIA ,embora as autoridades egípcias o colocas -sem como suspeito de ser um dos mentore sdo grupo radical Jihad Islâmica, que e m1981 assassinou o presidente do Egit oAnuar Sadat, entre outros atos violentos .

A mesquita de Jérsei também era u mdos pontos cardeais deste grupo terroris-ta em território americano .

E o Jihad Islâmica é um dos maioresgrupos que integram a rede terrorista "A IQaeda" .

Em 1998, o xeique e outras oito pes-soas foram acusados de bombardear, pel aprimeira vez, as duas torres do Worl dTrade Center.

O que eles pretendiam era atacar um asérie de pontos críticos de Nova York ,como pontes e túneis . Omar Rahman fo isentenciado à prisão perpétua e hoje estána penitenciária hospital federal d eRochester, no Estado de Minesota .

Osama Bin Laden, sabe-se, ficou en-furecido com o encarceramento d oxeique Omar e jurou vingança .

Com seu conhecimento sobre o Jiha dIslâmica, minha fonte tem sido a pessoa

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mais indicada para falar sobre os movi -mentos radicais muçulmanos . Na conver-sa rápida que tivemos, ele foi além d eminhas desconfianças : garantiu que est eataque devastador havia sido executad opor terroristas ligados à rede "Al Qaeda" .

E mais : que a logística e parte do fi-nanciamento desta operação foram feito spelo governo do Iraque . Deu também di-cas sobre como comprovar esta socieda-de do terror : "Muita gente vai ganhar bas-tante dinheiro com este atentado" .

Ou seja, como teria dito o informant e"Deep Troat" ao jornalista Bob Woodwar ddurante as investigações do cas o"Watergate" : "Follow the money " (siga odinheiro) .

O metrô já havia parado e osônibus despejavam pessoas na sruas . O jeito era correr até o cen-tro financeiro, numa maraton aque, em minha condição física ,levaria pelo menos uma hora, eainda poderia culminar num ata -que cardíaco .

A primeira vez em que as vi ,as torres estavam envolvidas e mfumaça, mas não pareciam ter seabalado muito . Foi só quando pa -rei em frente a um aparelho deTV, num bar, é que a tragédia co-meçou a tomar suas reais dimen-sões em minha mente .

Às 9h40min, o Boeing 767 ,no vôo 77 da American Airlines ,é usado como míssil no setor oes-te do Pentágono . Mais tarde, ou-tro avião, o vôo 93 da Unite dAirlines, cairia em Shanksville ,perto de Pittsburg .

Implorei carona para um rapaz co muma bicicleta . Ele concordou em me dei-xar no Washington Square Park, e mGreenwich Village . Fui empoleirado n ocano que sai do guidão .

Estávamos sujos de terro rÀs 9h50min, a torre 1 (sul), que havi a

sido atingida por último, desmoronou . Fo iquando os bombeiros, policiais, para -médicos, equipes de salvamento e civi sforam soterrados .

Muita gente da primeira torre que for aatingida já estava em segurança na WestSide Highway, em frente ao vizinho BatteryPark .

Eu saberia dois dias depois que DannySuhr, meu vizinho e pai de uma amigui-nha de minha filha, estava entre as víti-mas . Danny era técnico do time de beise-bol mirim de Riverdale - área onde moro- e sustentava a mulher e cinco filhoscom o salário de tenente-bombeiro .

Eu corria pelo Soho, descendo a WestBroadway, quando o prédio veio abaixo .Confesso que não vi a cena - foi só de -pois, frente à TV, que eu acompanhei odesabamento .

Também não ouvi o barulho que, mai starde, invadiria meu único ouvido bom .Assim foi : a torre estava lá e, de repente ,não estava mais .

Cheguei à esquina da rua Murray coma West Broadway - a poucas quadras doepicentro do drama -, e a nuvem de poei-ra e fumaça invadia e cobria tudo : os car-ros, os postes, prédios, pessoas . Narinas,boca, olhos, ouvidos, todas as partes docorpo eram engolfados por aquela névo asufocante .

Estávamos todos acinzentados, sujosde terror .

Não dava nem para ver as horas n orelógio de pulso . Mas seria tempo perdid oprocurar um telefone público que funcio-nasse, para ligar para a Redação e dize rque eu já estava na pauta .

Em São Paulo deveriam ser mais d e11 horas . Com certeza, o diretor Héli oCampos Mello e o editor de internacio-nal, Cláudio Camargo, já estariam na Re -dação, cansados de telefonar para mim .

Os telefones celulares, àquela altura ,eram peças inúteis, assim como os com-putadores de mão .

Uma coisa que aprendi quando era re-pórter da Rádio Eldorado, nesta ci-dade, é que os telefones de rua nãoprestam para os jornalistas . Ou es-tão ocupados por traficantes de dro-gas, ou por gente sem crédito parater um celular.

A melhor opção é ir ao subsol ode um grande prédio ou hotel, eprocurar a bateria de aparelhos qu enormalmente está dando sopa nes-tes locais . Alguns edifícios até man-têm bancada com assentos nas ca-bines, formando mini-escritório sbastante tranqüilos .

No prédio de escritórios d aMurray com a West Broadway ha-via uma série de telefones - sem as-sentos - no andar inferior .

Ratazanas atarantadasÀs 10h30min, a torre norte co-

meça a desmoronar . O relato qu efiz para a edição extra da revistaIstoE ainda me parece o mais per -

feito para descrever o que ocorreu comi -go, pois foi feito com toda a adrenalin acorrendo em meu metabolismo :

"Eram 10h30min quando o edifício daesquina da Murray e West Broadway co-meçou a tremer. No subsolo parecia qu eum terremoto, em escala jamais sentida e mNova York, estava em furioso progresso .Mas as mães, chefes de família e repórte -res-sujos de poeira - sabiam perfeitamen -te que aquilo não era uma catástrofe d anatureza . (N .R . : Naquele momento eu fa -

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lava com Cláudio Camargo, e ainda tiv etempo de dizer que o prédio estava cain-do) . "Outra bomba!", alguém gritou .Pandemônio : a pequena multidão sai ucorrendo escada acima para ganhar a rua .Um erro do qual se arrependeriam . A Wes tBroadway - uma das artérias da zona nova-iorquina de Tribeca - estava sendo engol-fada pelo que parecia um maremoto irreal .Uma gigantesca onda cinza avançava e malta velocidade por toda a vizinhança . Nã oera composta de água, mas de entulhos ,cacos de vidro, estilhaços de madeira, pro -jéteis de ferro, papéis e - imagina-se - pe-daços de carne humana . Ratazanas enor-mes, como figuras de desenho animado,fugiam enlouquecidas . O vento quente fo io primeiro a atingir aqueles que não con -seguiram correr no fluxo do caos : rum onorte . Uns caíram, outros se jogaram atrá sde carros. Depois veio a muralha sólida d eescombros de um prédio que, momento santes, tinha 110 andares . É difícil sabe rquantos se feriram, ou morreram, naque-le instante . A escuridão que encobriu osul da cidade era tão intensa que tornav aimpossível enxergar as próprias mãos . Oar desapareceu, foi substituído por um aatmosfera sufocante . Tão sólida que po-deria ser varrida do espaço, como se faz aum chão imundo . Durante o resto daque-le 11 de setembro - terça-feira negra -não se conseguiu mais um respiro de alí-vio . Quando a poeira baixou, muito tem-po depois, o skyline de Manhattan havi asido modificado de modo definitivo" .

Eu estava naquele meio de multidão ,poeira, fumaça e entulhos . Ali no meio d oFinancial District .

Não em algum fim de mundo, onde a spessoas não têm mais nada a perder, por-tanto, roubam vidas .

Nenhum daqueles outros tantos luga-res para onde fui reportar histórias, sempr ecom a esperança de que, um dia, em bre-ve, sairia dali rumo à minha casa .

Aquele horror todo - que deveria se rfamiliar, mas era totalmente inédito par amim -estava acontecendo em minha casa .

A confusão era tamanha que pedia po ruma parada total . Ir para um lugar meno scaótico, procurar tirar um pouco daquela

maldita cobertura cinza, tomar uma garra -fa d'água, sentar um pouco e, depois, acha rum telefone . Ah! E um caderno de anota-ções : o que eu trouxera ficou para trás .

Minha filha! Ela está em Manhattan !Às 11 horas, depois do primeiro gol e

de água, numa lanchonete na Broadway,foi que a lembrança desabou sobre mi mcom mais força do que os destroços doWTC : "Minha filha! Ela está em Manhattan !Estes loucos são capazes de continuar achacina nas escolas . . . E se os aviões tinha malguma arma química ou biológica? Est anuvem de fumaça pode estar contamina -da . Minha filha precisa sair de Manhattan" .

O desespero me levou ao pânico . Cor-ria para outro prédio com telefones públi-cos e liguei para a escola da Jillian . Claroque estava ocupado . Liguei para minhamulher no Bronx . Ela atendeu e deu a bo anotícia : a mãe de uma amiga havia tirad onossa filha daquela confusão em que setransformara Manhattan . Estavam a cami -nho de Riverdale . Ótimo, agora era só sai rà luta para confirmar as informações qu eeu havia recebido no começo daquel edia de cão .

O melhor modo de fazer isso, com o stelefones funcionando em estado precá-rio, seria voltar ao centro dos aconteci -mentos . A polícia já havia cercado a área ,mas na confusão ainda era possível bur-lar esta vigilância : bastava se juntar a um aequipe de televisão .

Com a credencial de imprens afornecida pela polícia aos repórteres qu etrabalham na cidade, ninguém iria des -confiar que eu não estava com o grup ode televisão .

Fui com a equipe do noticiário loca lda rede ABC de televisão até o chamad oMarco Zero .

O inverno nuclear era al iSe um dia o mundo tiver de enfrenta r

o "inverno nuclear" - a condição de pós -guerra atômica -, o que se verá deve se rmuito parecido com a área de 16 acresonde ocorreu a maior destruição .

Tudo estava coberto pelo cobertor cin-za de poeira . O sol desaparecera . Detritos

se amontoavam em toda parte . Objetospessoais eram encontrados nos lugare smais insólitos : um par de botas abandona -do alinhado em perfeita ordem; uma pastade documentos intacta ; uma máquina d ecalcular enorme e com as entranhas àmostra como um caranguejo estripado .

Sapatos, centenas deles, jogados nospontos mais insuspeitados .

Bombeiros, exaustos, caíam literal -mente pelos cantos . Os corpos das víti-mas já estavam sendo recolhidos . Não v inenhuma parte humana : a poeira fez comque tudo se confundisse com detritos . Oar era irrespirável e os olhos ardiam .

Na correria, não fui capaz de arranja ruma única máscara e tive de tapar o nari zcom a camisa, mas não funcionou : nad aconseguia barrar a poeira e a fumaça .

O odor era aquele que eu havia senti -do em outras ocasiões : cheiro de guerra .Uma mistura de combustível, madeira ,cimento e carne, tudo incinerado. Nuncaimaginei que um dia fosse obrigado a su-portar este cheiro na minha cidade .

Um centro de triagem fora montad ono Battery Park - a oeste do marco zero .As vítimas eram levadas para o local, d eonde saíam de ambulância .

As autoridades também colocaram al ium comando que lidava diretamente co mo front. Procurei agentes do FBI para ten -tar confirmar as suspeitas sobre Bi nLaden, mas era impossível consegui rengajar qualquer agente em conversas ,quanto mais arrancar informações d equalquer um deles.

Uma loira alta, com jaqueta azul-ma-rinho que tinha às costas as letras amare -las "FBI", berrava com um gramofone: "A spessoas que moram no Brooklyn, por fa-vor, sigam-me" . Demorou, mas a loira con -seguiu juntar umas trinta almas em esta -do deplorável, mas sem ferimentos .

Este bando de peregrinos, coberto sde poeira, saiu em passos lentos rumo àponte do Brooklyn . Pareciam mais um abrigada de manequins de gesso, cami-nhando como robôs . Eu os acompanhe ie ouvi suas histórias . Queria também ve ro panorama de cima da ponte .

O skyline de Manhattan era desolador.

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O estadista Rudy Giulian iPouco depois das 14 horas, a maio-

ria dos trens de metrô voltou a rodar . Nocomando de emergência montado pel aprefeitura, Rudy Giuliani já dava entre-vista coletiva .

Naqueles momentos de tragédia oprefeito se revelou um estadista : estavapor toda a parte e, durante 20 minuto sdepois do impacto do primeiro avião, fi-cou preso nos escombros do prédio .

Nos bastidores da coletiva, eu recebias primeiras confirmações sobre a auto -ria dos atentados . Tudo em off, como épadrão nestes casos . Eu somente teri acerteza da identidade dos culpados nosdias seguintes . Era preciso trabalhar mai sos telefones para juntar evidências, ma snaquele momento o mais importante eravoltar para o Lower Manhattan e acom-panhar o drama dos salvamentos .

Além disso, no aglomerado de repór-teres em torno do prefeito, os boatos en-contravam solo fértil e acabavam atrapa-lhando o trabalho . Tive tempo de ligar pa-ra a Redação . Hélio me disse que estaría -mos saindo com uma edição extra já n odia seguinte e que meu prazo de fecha -

mento era até as 23 horas (de São Paulo) .Fui caminhando para o lado oeste d a

ilha e desci a West Broadway.O choque agora começava a dar luga r

ao ódio . "Nuke them!", diziam . Queria mdespejar bombas atômicas na cabeça d ealguém . Mas quem? Onde ?

Às 16 horas, um tenente da políci ame confirmava que já havia cerca d e1 .200 pessoas nos hospitais, e que pel omenos 200 estavam mortas .

Ele estimava que esse número pode -ria subir a 20 mil, tendo em vista que cer-ca de 50 mil pessoas trabalhavam n oWTC. Esses cálculos diminuiriam para6 .300 no dia 21 de setembro .

Uma ligação ao Consulado do Brasi lmostrou que ali ainda havia poucas infor-mações sobre vítimas brasileiras, mas oembaixador (em Nova York, o cônsul temposto de embaixador) já recebera cente-nas de telefonemas de gente procurand oparentes que deveriam estar nos prédio sdurante o atentado .

Duas semanas depois, o consulad oainda procurava cinco pessoas .

voltar para casa, trabalhar nos telefones ecomeçar a escrever os 30 mil toques .

Usar meu carro seria impossível : rua sfechadas e o pior engarrafamento da his -tória da cidade .

Às 17h30min, o prédio de número 7do WTC, que estava em chamas desde amanhã, não resistiu e desmoronou . O edi -fício de número 1 também teria o mesm odestino, assim como parte do condenadoWTC número 6 .

Um colega da AP me chamou e diss eque estava indo para o aeroporto d eWestchester para ver como estava a situa-ção por lá . Os aeroportos e todo o espa -ço do país estavam fechados : temiam-s enovos ataques .

Riverdale fica no caminho deWestchester : era a carona que me levari apara casa .

Nós saímos atrás de um carro de po-lícia que seguiria na mesma direção epoderia facilitar a nossa passagem . Saí -mos às 18 horas . Atrás de mim, a Lowe rManhattan ardia .

Atrás de mim, Manhattan ardia

* Osmar Freitas Jr. é correspondenteEstava na hora de arranjar um jeito de

da lstoÉ em Nova Yor k

uo .,: .t. 111PRF : \¢,a - ¢¢

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Dizem que a vida começou a partir de u msopro . A verdade é que, a todo momento ,ela continua se renovando. É aí que nó sentramos. Nossas idéias e atitudes tê mum papel : transformar a realidade. Dissemina ressa transformação . Integrar as soluçõesconquistadas. Para nós, fazer brotar algo novoé mais que um propósito . É um compromisso .

oo.o

::: TUDO SE TRANSFORMAooo o

:::

••••

••••

FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL

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No dia em qu eNova Iorque per-deu a cor, saímostodos às ruas e vi -ramos fotógrafos . i

No dia em que áNova York perde ua cor, os telefone sestavam sem li -

nha, não havia conexão na Interne te os meios de transporte não funcio-navam .

No dia em que Nova York perdeua cor, ficamos incomunicáveis e muma ilha .

A nuvem de fumaça era o maio rsinal da cidade . O nosso chamado d esocorro .

0 dia em que NovNa Broadway, os luminosos aind a

davam as boas vindas a quem che-gava à Times Square . Mas, no alto ,nas paredes, junto ao Schawarze-negger, no chão dos edifícios, as no-tícias circulavam e eram as mesmas .Perdíamos assim nossas palavras qu eescapavam ao nosso controle .

Olhavamos para o alto e era san-gue o que nos pediam .

Depois conseguimos nos conecta rao celular e repetíamos juntos os mes -mos gestos .

E, quanto mais sabíamos, mais per-plexos ficávamos .

Insistíamos na busca de mais in -formação, porque era quase impossí-

¢¢..e¢ 4"

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Salvação é a palavra para eles .Perda é a palavra para os bombei -

ros que vêm da nuvem de fumaça .Nesta Nova York de gente bem

vestida, os sapatos são o sinal de que mpisou nas cinzas, passou pelas cin-zas, conseguiu sair das cinzas .

Carros estranhos circulam pel aavenida Houston entre o Village e oSoho . Cento e cinqüenta caminhõesse alinham para ir trabalhar nos es -combros. Manobras de guerra . Emer-gências por toda parte .

Os voluntários se alistam .Os voluntários correm para pegar

suas máscaras .Os voluntários rezam .Um homem passa sozinho n a

a York perdeu a co rvel acreditar no que acontecia .

A cidade foi cercada . Andávamo spor etapas . Barreiras nos separavam .

A Quinta Avenida entre a 33 e a34 estava fechada . Todo o quarteirã ocercado, onde fica o Empire State .

Ruas vazias para proteger um im-pério atacado .

Conseguimos entrar num ônibus ehoje ninguém paga .

Avançamos muito pouco . Da ru a14 ninguém passa .

Da região proibida saem ônibu slevando idosos, que usam máscara sde proteção .

Eles trazem no olhar o medo e oalívio dos sobreviventes .

América .Um homem já entregou sua força .Uma mulher chora porque não re -

conhece a paisagem .Os homens passam com seu tra-

balho de ferro, duras correntes .E nós, não podemos esquecer, não

podemos esquecer.O nosso olhar nunca mais verá a

mesma paisagem de Nova York .

Nova York ,11 de setembro de 200 1

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Revista L\IPRENSA -19

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O que ante sanunciava praze re diversão mostr ahoje uma outraface .

A Broadwa yagora nos assusta .Atos de guerr apassam por cim a

das nossas cabeças .As vitrines da loja Saks estão va-

zias : um pano preto no fundo e no svidros, escrito em letras brancas : Withsadness (com tristeza) . Na cidade d oconsumo e do comércio, as vitrinesnão têm mais nada a oferecer a nã oser tristeza .

Numa poça d'água, o Empire State

gêmeas . Desenhou a falta que tant agente faz : Jeniffer, Tom, David, Frank,Steve, Susan, Louise, William . . .

Marggie trouxe rosas brancas e u mbilhete : "Brian, nós amamos você .Sentimos muito a sua falta . Sua ti aMarggie" .

A senhora chinesa percebe que épreciso se manifestar e indica ao ma -rido um lugar no painel . Ele escreveem chinês : "O mundo precisa d epdz" .

O vento mudou a direção da fu -maça e a ilha inteira tem o cheiro d oque o fogo queimou . A televisão di-zia que era preciso usar máscara spara evitar qualquer perigo de con-taminação . Passam crianças indo para

aplaudem e ela responde : "Deu sabençoe a América" .

Numa praça chamada União, osamericanos foram chegando, viera mdizer que guerra não é uma resposta .

Trouxeram pombas no papel dapaz. Trouxeram flores no papel d asaudade. É uma multidão imensa d ejovens, todos querendo paz .

Uma moça lê um discurso : "Você susaram corpos americanos indefeso spara tirar a vida de outros america-nos. Vocês atingiram o World TradeCenter, mas não atingiram a Améri-ca . Nós não vivemos na América, éa América que vive dentro de nós . AAmérica é uma idéia" .

Ela termina dizendo : "Aguardem

ério se transform areflete a imagem da sua arquitetura .E para atravessar a rua pisamos nela .

A cada passo, assistimos à trans-formação de um império .

Nova York não é mais uma ilhade avenidas retas, onde é fácil cami-nhar. Nova York agora é uma cidad ede labirintos, lugares proibidos, luga -res de muita dor.

As pessoas passam pelas praças edeixam recados em papéis imensos ,que vão se estendendo pelo chão ,pelas paredes . Quantas palavras te-remos que escrever para mostrar ess ador do tamanho da América ?

"Você ainda está conosco de pé ."Numa foto de Manhattan, depois d atragédia, um rapaz desenhou as torres

a escola, donas de casa com suas com -pras de supermercado, famílias intei -ras, dois rapazes, duas moças, todo sagora irreconhecíveis com suas más -caras .

E Nova York foi ficando assim . . .com esse jeito de quem está no limi-te, de quem se prepara para atraves -sar fronteiras .

O ar não está bom para se respi-rar . O lixo se acumula nas esquinas .Os carros não são mais carros . As ca -sas já não são boas para se morar.Carros militares ocupam as ruas d osul da ilha .

Uma mulher, antes de abandona rseu apartamento, pendura uma ban-deira do lado de fora . Os jornalistas

por nós" .Ninguém aplaude .Caças americanos cruzam o céu .

Budistas tibetanos cantam um mantra .Homens e mulheres acendem ve-

las, colocam flores no chão .Anoitece .Na praça da União, no meio da

multidão, um menino com um livrona mão tenta ler o que está escrito .Começa a entender o que são as pa -lavras .

Numa esquina, um abraço no sdevolve a nossa humanidade .

14 de setembro de 2001 ,Nova York,Dia da vigília pela pa z

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10 de setembro de2001 . Era verãoainda. As pessoa spassavam com adeselegância na-tural de quem viveno frio, pelo menosnove meses po rano e está acostu-

mado a outro tipo de roupa .Nova York ainda era uma ilha n o

meio dos Estados Unidos e no mei odo mundo .

Aqui as melhores bananas, da smelhores terras . O melhor café, d omelhor grão . As mais vermelhas ma -çãs dos mais belos campos da Fran -ça. As melhores azeitonas da Euro -

Toda a beleza do mundo reunid anuma pequena ilha .

Em Manhattan vivia a um só tem-po : a melhor Europa, a melhor Ásia ,a melhor África, a melhor América .

Era verão ainda .Décimo-quinto andar do edifício .

Hotel São Carlos . 3' Avenida com arua 50. Não liguei a televisão . Nãogosto de ver notícias pela TV log ocedo. Prefiro ler o jornal .

Assim, desci inocente . Dez emeia da manhã . Terça-feira, 11 de se -tembro. Uma multidão caminhavapela 3'' Avenida . Direção : norte . Trân -sito completamente parado . Buzinas ,sirenes . É tanta gente na calçada etantos carros na rua que não dá para

ver a calçada ali do outro lado d aavenida .

Nova York nunca foi assim .A livraria Barnes and Nobles está

fechada ; a Banana Republic, também .Nova York nunca foi assim .No Museu de Arte Moderna não

tem ninguém . O Metropolitan estávazio .

Nova York nunca foi assim .Dois aviões ainda sobrevoam a

ilha, alguém falou . E aquilo que nãoera notícia, mas fato comum, tinha otom de ameaça.

Quando entendi o que estavaacontecendo, como todo mundo quenão havia visto as imagens, duvidei .E aos poucos fui me dando conta do

Nova York era assimpa . O melhor azeite das melhore soliveiras do mundo .

Os tecidos mais belos, os melho-res fios, os melhores botões, os maisricos tapetes e as melhores especia -rias. Tudo que Marco Pólo, um dia ,percebeu que existia .

Os melhores museus, toda a art ereunida .

Um templo do Egito, inteiroreconstruído .

Uma baleia azul, algun sdinossauros .

A arte e os seus artistas aqui res-piram, aqui se inspiram .

Em Nova York, existia a liberda-de de cada um poder ser o mais pare -cido com aquilo que é .

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tamanho da tragédia .Era verão ainda. O céu estav a

bonito e azul .As pessoas estavam todas voltan -

do para casa ao mesmo tempo . lam apé, atravessariam a ponte do Queens ,a ponte do Brooklin e, o que era moti -vo de orgulho da melhor engenharia ,

agora apareceria no retrato como rotade fuga dos sobreviventes .

As torres do World Trade Cente rnão existiam mais . A polícia de Nov aYork cercou o quarteirão para prote -ger o outro símbolo do seu império : oEmpire State .

Protegendo o edifício, o que aind aera a América, parecia estar a salvo .

Só que o Empire State é símbol ode outro tempo : da recessão dos anos30, quando Bessie Smith cantava"nobody knows you when you'redown and out" .

E o Empire State já tinha vivido ,ao seu modo, uma situação pareci -da : durante a Segunda Guerra, u mavião de combate entrou no prédio,

na altura do 79Q andar. Morreram 1 4pessoas e o andar foi reconstruído .

Mas aquilo havia sido apenas umacidente .

Era verão ainda em Nova York .Nós começamos a descer pel a

Quinta Avenida para chegar o mai sperto possível do World Trade Center.

Não havia outra coisa a fazer para o sque ficaram na ilha .

Trabalhamos o dia inteiro . Fomosaté o escritório do Lucas Mendes eda Lúcia Guimarães . Eles me empres -taram uma câmera de vídeo e eu sa ífilmando a cidade, para fazer um amatéria para a TV Cultura .

Eu, Analu (Ana Costa Santos, acoordenadora de produção do Cami -nhos e Parcerias) e a Alexandra (Ale-xandra Itacarambi, da revista IMPREN-SA) formamos uma equipe improvisa-da e fomos descendo para o sul da ilha .

Fomos a pé . Passamos por inúme-ras barreiras . Chegamos até o postoavançado das ambulâncias que espe-ravam pelos feridos . Não, não havia

feridos. O que havia eram muito svoluntários, solidariedade, pessoa sque queriam paz .

Nova York então foi ficando pare-cida com um filme de cinema .

Os restaurantes do Soho estavamfechados, só alguns bares abertos ,mas logo avisavam : não temos co-mida, só bebida .

O bar estava escuro e a televisã oligada.

Pedi um café que nunca chegou .As meninas fumavam .

Uma certa neblina no ambient eme lembrou um filme qualquer da Se-gunda Guerra .

Um jeito de tudo, falsamente, pa-recer normal .

E, durante todo o dia e nos diasque vieram depois, esperamos por al -guma palavra . Alguma palavra quetrouxesse um pouco de humanidade àação. A palavra que não veio nunca .

"Não é mais hora de palavras esim de ação", disse George Bush .

Sempre será a hora das palavras ,alguém me disse e eu repito o qu eaprendi : somente as palavras pode mhumanizar nossos gestos . Só nas pa-lavras pode estar a salvação .

Quando consegui sair de NovaYork e chegar em casa, não senti ale -gria, nem alívio .

Ninguém está a salvo .Quando desfiz as minhas malas ,

Bob Dylan ainda cantava no meu fil-me, "blowin' in the wind" . . .

"Quantas estradas um homem te mde percorrer até poder ser chamad ode homem . . .

. . .a resposta, meu amigo, est ávoando com o vento . . . "

São Paulo ,21 de setembro de 2001

* Neide Duarte é jornalista da TV Culturae vencedora do Prêmio Mídia da Pa z

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"Holly Shit" . Esta-va na boca do samericanos . Se-gunda terça-feirade setembro, di ada abertura da As-sembléia Anua ldas Nações Uni -das . Dia em que a s

Twin Towers foram nocauteadas . E ,para os jornalistas que vieram a NovaYork cobrir PAZ, sobrou guerra .F Presenciamos a imprensa ameri-cana se debatendo para explicar aseus cidadãos as três perguntas bási -cas do jornalismo : Quem, como e porquê . Por alguns instantes, desses qu ese parecem com horas e dias, fica -

mos mudos . Do Brasil, também que -riam explicações . Recebíamos deze-nas de telefonemas com perguntas :"Quándo vocês voltam?"

As autoridades pediam para a im-prensa não noticiar nenhuma informa -ção que não tivesse sido verificad apelos agentes do FBI . Enlatadas eprontas para entrega. Ameaçavam apopulação com prisão para aquele sque passassem alarmes falsos . Mai sde cem denúncias de bombas foramrecebidas no "day after" . No FrozenZone, ou na cena do crime, onde os

jornalistas faziam a cobertura do pós -evento freqüentemente ouvíamos gri -tos com ameaças de prisão .

Fizemos parte de um grande tele-fone sem fio, onde as histórias rola-vam de boca em boca . Cada um ti-nha sua própria história e mais a his -tória do colega, da mãe, de um co-nhecido para contar. E aquilo que vi una TV, é claro! E todo mundo desan -dou a contar, mesmo sem você per-guntar, era inevitável .

George W . Bush, na sua segund avisita a NY depois de assumir a presi -dência, fazia promessas pelo mega -fone aos nova-iorqu i nos esclarecidos .Foi na sexta-feira, dia em que a na-ção se uniu para rezar, velar e canta r

o hino americano. A assembléia d anação unida .

Dois amigos americanos fizera mquestão que eu soubesse que eles nãoelegeram o presidente Bush, ele fo i"selecionado" . Porém, o patriotism ocresceu e com ele Bush também cres -ceu . Holly Shit !

* Alexandra ItacarambiDiretora de Eventos da Revista Imprens a

Holly Shi tVlC\aIIIIPa IlaCafallll!)Ì *

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Os "melhores" momentos da cobertura .• No Brasil, a saída, na manhã de quinta-feira,

dia 13, das edições extras de Época e IstoÉ.• Nos EUA, a edição especial da revista Time ,

no sábado, dia 15 .• O artigo "Bush caminha para uma armadi-

lha", assinado por Robert Fisk, do jornal TheIndependent, publicado no Brasil, com a tra -dução acima, pela Folha de S.Paulo, na se-gunda-feira, dia 17 . 0 artigo começa co muma frase definitiva : "A retaliação é um aarmadilha" . E termina com uma profecia :"Mas a armadilha já foi instalada, e talveztodos nós estamos marchando para ela" . Pelomenos, entre os internautas brasileiros, foi oartigo que mais repercutiu .

• O texto assinado por Dorrit Harazim, divul-gado no dia 17, "0 estadista do momento" ,sobre a atuação do prefeito de Nova York,

Rudolph Giuliani . Ela escreve : "Giuliani sefez visível o tempo todo, onde necessário, esem demagogia .Concede quatro ou cinco en -trevistas coletivas por dia, todas pertinentes ,informativas e em locais diversos da tragé-dia" . Dorrit contrapõe a Giuliani a figura d asenadora por Nova York, Hillary Clinton, que"conseguiu desfiar todo um rosário de cliché ssobre 'o caráter indomável do nova-iorquino' ,mas não conseguiu aquecer uma única alma .

• A edição especial da revista Carta Capita lde 19 de setembro, reunindo textos de NoamChomsky, Norman Solomon, entre outros, so -bre as mudanças no mundo .

• A irreverência da capa da Carta Capital d e26 de setembro, mesclando traços de GeorgeW . Bush e do personagem da revista Mad,autoria de Alfred Neumann .

Os "piores" momentos da cobertur a

• Vários sites noticiosos tentaram provar qu eNostradamus já previra o desastre .

• Vestindo uma bandeira norte-americana, aapresentadora Adriane Galisteu pedindo a omundo: "Gente, vamos parar com isso!" .

• As "interpretações" de Gerald Thomas publi-cadas com insistência na Folha, sugerindo avolta do Living Theater (dos anos 60) ao ce-nário político e revelando que todos os dia sdava "bom dia ao World Trade Center" .

• A corridinha forçada de Tony Blair descend oa escada de um avião em Bruxelas tentand oaparentar juventude e vigor físico .

• O leitor do Macaco Simão que enviou a ocolunista a informação de que essa era um aguerra do Afganistão, Paquistão ,Ondeéquestão, etc . . .

• O outdoor da edição de Veja do dia 26 d esetembro, e o da revista Época, uma tentati-va inútil de intimidar os terroristas .

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Nova York, 1 1 de setembro de 200 1

Poczocinio:

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Apoio Inskudorel :

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ABI UNS¢I

Realizaçfo :

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Iniciativa: Movimento Midia da Paz e Instituto Roerich da Paz e Cultura do Brasil .

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