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4PRENSAjornalismo e comunicaçao

VA

l EX- I .IHRIS ' r

ANO I

VA REVOLJÇAO \o JORNALs TRADOO\AL Do PAÍS

tu.MAR 1988 Cz$ 150,W

Brasil

A vez dos garotosCom dinheiro em caixa e a vontade de inovar ,

a quarta geração dos Mesquita assume ocomando das empresas O Estado de S . Paulo

"Estamos passando do paternalis-mo selvagem para o capitalismo ." Afrase é de um dos membros da nov ageração da família Mesquita e resum eperfeitamente o que acontece nestemomento nas empresas do grupo OEstado de S. Paulo . Com a contrata-ção do editor executivo do Jornal doBrasil, Augusto Nunes, para o carg ode diretor de redação do Estadão -que ele assume com carta branca par afazer grandes mudanças (veja matériaa seguir) -, os Mesquita arquiva msua velha tradição de gestão dinástic ados negócios e aprofundam um pro -cesso de reorganização administrativaque tem pelo menos três idéias-chave :autonomia, profissionalismo e mo-dernização .

O Estado está mudando tanto e tãorápido que é possível mesmo falar e mrevolução - com perdão da palavra ,ainda um anátema para os Mesquita .Desde o final de 1987, a geração mai svelha da família, que vinha coman-dando a empresa - Ruy Mesquita, Ju-lio de Mesquita Neto, José Vieira d eCarvalho Mesquita e Luiz Vieira deCarvalho Mesquita -, passou o bastãoaos "garotos", todos na faixa dos 3 0aos 40 anos . O organograma foi com-pletamente modificado, transforman-do-se cada uma das áreas da empres anuma "unidade de negócios" autô-noma, com metas estabelecidas anua -mente . Os diretores prestam contasao Conselho Consultivo, o órgão má-ximo de administração . Com a novaestrutura, a última geração dos Mes-quita distribuiu-se pelo comando des-sas unidades, junto com executivo sassalariados .

"Mercado turbulento" - É uma vi -rada completa para uma empresaque centralizava a administração a ní -veis absurdos e tinha um organogra-ma parecido com uma folha depalavras-cruzadas . Agora, há dezunidades de negócio, todas com omesmo nível hierárquico, onde o po-der de primos e irmãos praticament ese equivale . O Estadão ficou com Jú- Chiquinho, o novo superintendente : à frente de dez unidade s

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32 IMPRENSA - MARÇO DE 1988

lio César Ferreira de Mesquita, filh ode Julio Neto . Ele tem a função d epublisher e é secundado por August oNunes na direção de redação . A mes -ma estrutura vale para as outras uni -dades. No Jornal da Tarde, o diretorexecutivo é Ruy Mesquita Filho, oRuizito, que tem o irmão Fernão n ocomando da redação . Os outros fi-lhos de Ruy - Rodrigo e João - fica -ram com a Agência Estado e a RádioEldorado, respectivamente .

Acima de todos eles, entretanto, es -tá Francisco de Mesquita Neto, oChiquinho . Único dos primos comformação específica em Administra-ção (os outros têm cursos de Filoso-fia, Pedagogia, História e Música ,além de anos de experiência jornalís -tica), ele é o novo diretor -superintendente da empresa e faz aponte entre as unidades de negócios eo Conselho Consultivo . "Nós vive-mos num mercado muito turbulento etínhamos uma certa lentidão para res-ponder às mudanças do mercado" ,diz Chiquinho, 34 anos . "Agora esta -mos tentando diminuir a burocracia ,implantar uma unidade no comand oe conseguir uma administração parti -cipativa, mas com mais autonomi apara cada área . "

"Estatalzinha" - A experiência d aRádio Eldorado exemplifica a buro-cracia e falta de autonomia a que Chi -quinho se refere . Quando João Lar aMesquita assumiu a direção, em

Júlio César : "Outras idéias "

1982, a situação estava "quase qu eum Deus-dará", segundo ele diz . Nãohavia organização interna, método sde trabalho, hierarquia definida . Masisso não era nada . "Existia um descré -dito na direção do grupo quanto àviabilidade do negócio rádio", contaJoão, 32 anos . "Era uma área quetrazia muitos problemas e pouco di-nheiro ." Ele diz que a rádio era geri -da como uma "estatalzinha" dentroda empresa : se houvesse um déficit, ojornal cobria . E havia a falta de agili-dade . "Muitas vezes eu tinha que to -mar decisões rápidas e não podia ,porque a estrutura era lerda . "

Mas João tinha vantagens que o soutros jovens Mesquita não tinham :ficava longe da sede do jornal, naavenida marginal do rio Tietê, emSão Paulo, e comandava um negócioque não interessava muito ao rest oda família . Tinha, por isso mesmo ,uma certa autonomia, podendo pro -gramar, comercializar e administrar

suas rádios AM e FM . Sua liberdadede ação, mesmo limitada, estimulouseus primos e irmãos a pressionare mos pais, em busca de mais oxigêniopara trabalhar .

"Compartimentos estanques" - Adecisão de mudar a estrutura e fazer atransição familiar, a rigor, foi toma -da ainda em 1982 . Naquele ano, o sMesquita convidaram os empresário sJosé Mindlin e Antonio Ermírio deMoraes, o banqueiro José Carlos Mo-raes Abreu e o economista Robert oTeixeira da Costa, ex-presidente d aComissão de Valores Mobiliários eespecialista em mercado de capitais ,para compor um Conselho Consulti-vo, com o objetivo de discutir a insti-tucionalização do grupo O Estado deS. Paulo . Com a entrada posterior d eCláudio Bardella e Fernão Bracher nolugar de Moraes Abreu e Antonio Er-mírio, esse conselho lançou as base sda reforma administrativa da empre-sa .

"O que os Mesquita estavam corre-tamente percebendo era que a admi-nistração familiar criava uma situa-ção em que uns não penetravam n oterritório dos outros . Eram comparti -mentos estanques, o que causava da-nos às relações pessoais, não permiti aplanos para o futuro e trazia proble-mas à gestão da empresa", analis aRoberto Teixeira da Costa, 53 anos ,que se transformou no principal con-sultor do Estadão e autor do novo or-ganograma . Ele diz que as mudançasenvolveram desde a melhoria dos da -dos contábeis, que não eram confiá-veis, até a reciclagem das chefias in-termediárias e a formalização das de -cisões . Foi um verdadeiro "trabalhode chinês", segundo ele, que culmi-nou com a nova estrutura e a indica-ção de Chiquinho para o topo da pi-râmide - uma idéia sua . "Não se fazuma mudança dessas sem conversa rmuito, ter muita calma", ensina .

Dinheiro na mão - Mas é preciso ,também, um momento certo par afazê-la, e o atual não poderia ser mai sindicado . Com sete mil funcionáriosdistribuídos por uma gráfica, doi sjornais, uma agência de noticias ,duas rádios, um estúdio de gravação eoutras unidades de apoio, o Estadofaturou 190 milhões de dólares noano passado . Sua dívida, que já che-gou a 30 milhões de dólares, hoje nã opassa de cinco milhões e será paga es -te ano, segundo Chiquinho . O lucroem 1987 foi de 20 milhões de dólare sRodrigo (esq .), Fernão e Ruizito (dir .) : romuendo as amarra s

two Il\ . . . .ir .

33.IAII'Rl¢ti,A A1 -1R4 0 DI . 1988

Costa: " trabalho de chinês "

e, desse total, sete milhões estão emcaixa, para bancar os custos de refor-mulação das unidades . Esse fôlego fi-nanceiro vem da substancial injeçãode recursos propiciada pela ediçãodas Listas Telefônicas de São Paulo ,que já respondem por 35 07o da receitado grupo .

Com dinheiro na mão, a ordem émudar tudo - e não falta entusiasm oaos novos Mesquita para o trabalho .No Estadão, por exemplo, Júlio Ce-

sar, 36 anos, planeja uma ousada re-forma editorial, dando a August oNunes todo o poder para mexer nojornal e na redação, hoje com 23 0jornalistas. "Eu sou o cara que me -nos interfere nas coisas", garante ele ."Há níveis de responsabilidade emque o sujeito deve ter toda liberdad epara agir . Depois, há um consenso nanova geração de que precisamos d egente de fora . Já vivemos com os ran-ços internos, precisamos de outra sidéias, outras cabeças ."

Reivindicação antiga - Uma viradaé o que promete também o Jornal daTarde, que pela primeira vez em suahistória vai ter administração, comer-cial e circulação próprios . "A vida in-teira o JT foi amarrado, por causa doEstadão", desabafa Ruizito, 37 anos ."Ele sempre saía tarde porque acha-vam que tiraria vendagem do Estadãose saísse mais cedo." Hoje, o jorna lestá nas bancas às sete horas e a idéiaé colocá-lo antes disso . Mas a grandenovidade é o início da venda de assi-naturas do JT, uma antiga reivindi-cação de seus leitores que ainda não

João : diretor de "estatalzinha"tem data marcada para começar - ma sé para breve . "A assinatura é uma ga-rantia que você tem, especialment eem conjunturas de crise, como esta ,que afeta a venda avulsa", diz Ruizi-to . "O leitor nem sempre lê jornal to -do dia, mas o assinante recebe tod odia ."

Mas talvez as mudanças mais am-plas sejam feitas na Agência Estado,até agora uma espécie de setor de re -portagem ampliado do Estadão e doJornal da Tarde, girando em torno d eseus interesses de cobertura . "O pes-soal aqui trabalhava por inércia" ,confessa Rodrigo Lara Mesquita, 3 3anos, o novo diretor-geral, que tam-bém é presidente do movimento eco -lógico SOS-Mata Atlântica . "Nãohavia critérios de planejamento, dis-cussão de objetivos e prioridades . "Sua meta, por isso mesmo, é estabele-cer esses critérios, junto com os jor-nais . Elói Gertel, ex-TV Globo, San-dro Vaia, ex-Afinal, e Julio Moreno ,transferido do JT, são os profissio-nais que estarão com ele no comandodesse trabalho .

Erro empresarial - Em princípio, aAgência Estado vai centralizar a co-bertura de todos os fatos agendáveis ,ficando para os jornais as matériasespeciais e as pautas anguladas po rseu interesse específico . Outro planoé o incremento do serviço de video -texto, com base no grande volume d einformações gerado pela agência ,através de suas dez sucursais no Brasi le seus 407 jornalistas, 260 dos quai sno exterior . Mas a grande novidadeda Agência Estado pode vir através

de seu Departamento de Novos Pro-dutos : a entrada no mercado de revis-tas . "Há um ano e meio, quase com-pramos uma editora, com todo oequipamento para a edição de revis-tas", revela Rodrigo, sem dizer qual aeditora. Ele sonha em publicar revis-tas especializadas na faixa de 150 a200 mil exemplares, para depois com-petir no campo das revistas semanai sde informação. "Quando criamos oJT, deveríamos ter feito uma revista .Foi um erro empresarial, porque nósjá tínhamos um jornal", penitencia -se .

Na febre de renovação que agita ogrupo do Estado, há também a con-tribuição da Rádio Eldorado . Com acontratação do músico e publicitári oGeraldo Leite para a direção comer-cial, João Lara Mesquita completo useu time e parte para a reformulaçã oda Eldorado AM. A emissora, sem -pre prestigiada por um pequeno es -trato do público, está mal posiciona -da nos índices de audiência e nã oatinge mais do que o 14 .° lugar noranking das emissoras . Até o final d oano, a rádio vai iniciar as trans -missões em som estereofônico e mer-gulhar numa linha de programaçãobasicamente jornalística, com investi -mentos previstos da ordem de 100 mi ldólares . "Vamos tirar a casaca da El-dorado AM", promete João LaraMesquita . "Ela vai ser aquele avô qu econsegue se entender com o filho e oneto", complementa, esclarecendoque a programação vai mudar semperder o tom mais sóbrio que caracte-riza a emissora .

Manutenção dos resultados - Emmeio a tantos planos, os novos Mes-quita se permitem até mesmo especu-lar sobre televisão, uma área da qua lsempre quiseram distância, pela de -pendência do Estado . Mas fica a dú -vida se terão fôlego para ir tão longe ."Implantar uma reforma é fácil", dizRoberto Teixeira da Costa . "O difícilvai ser à frente, na manutenção do sresultados . Se uma unidade falhar ,quem vai trocar um Mesquita?" Aresposta vem pronta de um dos pa-triarcas, Ruy Mesquita, hoje com 6 2anos e voltado apenas para a orienta-ção política do JT. "O fato da nov ageração estar no comando não signi-fica a permanência da hereditarieda-de", garante ele . "O critério, daqu ipara a frente, será o da eficiência . Seum Mesquita não der certo, será subs-tituído por um profissional ." Depoi sde 113 anos de culto rigoroso às tra-dições, esta é uma demonstração ine-quívoca de que o Estadão está mesm oa caminho do futuro .

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A informaçãoantes da opiniã oPrimeiro diretor de redação do Estadão a não

ter o sobrenome Mesquita, Augusto Nune sassume com carta branca para mudar o jornal

Quando era redator-chefe da revis-ta Veja, um dos exercícios predileto sdo jornalista Augusto Nunes, 38 ano se 18 de profissão, era pegar os jornai sde São Paulo e, junto com alguns co -legas de redação, teorizar sobre aqui -lo que achava errado na edição e ima -ginar o que deveria ser feito para me -lhorar o jornal. Desde o dia 14 demarço, quando assumiu o cargo dediretor de redação de O Estado deS.Paulo, com plenos poderes e cart abranca, Augusto Nunes enfrenta ,agora na prática, o desafio que costu -mava encarar como diletantismo :promover uma radical mudança edi-torial e gráfica no Estadão, o jornalmais tradicional do país .

Essa mudança tem pelo menos umobjetivo claramente definido : desfa-zer a imagem que o Estadão tem hoj ede um jornal zangado, pesadão e pa-rado no tempo, e partir para a con-quista dos leitores mais jovens . Quemdiagnosticou esse quadro foi a pró-pria família Mesquita, depois de estu -dar os resultados de uma pesquisa decaráter nacional realizada entre seusleitores, no final de 1987, que detec-tou um sintoma fatal para qualquerpublicação : o envelhecimento dos lei -tores . Segundo a pesquisa, 70% dosleitores do Estadão têm mais de 3 5anos de idade - um perfil exatament eoposto ao do país . Por si só alarman-te, esse dado foi acrescido de outro ,ainda mais grave, em dezembro d oano passado: cerca de 30% dos assi-nantes do jornal simplesmente não re -novaram suas assinaturas . Ou seja :além de não conquistar novos leito-res, o Estadão começou a perder tam-bém os mais antigos .

Sondagem inicial - O tamanho doimpacto causado por essas consta-tações no Estado de S.Paulo pode se rmedido pelo fato de os Mesquita, pe-la primeira vez nos 113 anos de exis-tência do jornal, decidirem colocar n adireção da redação um jornalista não -pertencente à família . Sugerido po rvários amigos da casa como o homem

certo para comandar a virada no Es-tadão, Augusto Nunes - que saiu d oEstado de S .Paulo em 1973, quand oera subchefe de reportagem - acabarade assumir o cargo de editor executi-vo do Jornal do Brasil, e era duvidosasua aceitação ao convite . Por isso ,antes de qualquer conversa oficial, afamília Mesquita designou um conhe-cido empresário e político paulista ,amigo de ambas as partes, para son-dar Augusto Nunes . Mesmo com a re -centíssima promoção no JB, ele teriainteresse em dirigir um grande jorna lem São Paulo?, indagou por telefone ,no dia 5 de fevereiro, o emissário .Diante da resposta positiva, o empre -sário marcou uma conversa para o di -mingo, dia 7, numa fazenda no inte-rior de São Paulo .

A partir daí, tudo aconteceu muit orapidamente e a contratação do pass ede Augusto Nunes foi concretizad aem três rodadas de negociação . Aprimeira, no dia 8 de fevereiro ,realizou-se no Clube Nacional, e mSão Paulo, e compareceram apenasAugusto e o doutor Julio de Mesquita

Neto, que pintou um quadro somori osobre o Estadão e ofereceu cartabranca para o jornalista . A segundaconversa ocorreu dois dias depois, n orestaurante Pimentel, em São Paulo ,quando Augusto apresentou a Juli oCesar Ferreira de Mesquita, diretor -geral do Estado e filho do doutor Ju-lio, suas exigências salariais . A tercei -ra, logo após o Carnaval, durou cercade 40 minutos e consumou o acertosobre cifras: entre salários, benefício se vantagens diretas, Augusto receber ácerca de 1 milhão de cruzados men -sais, 14 salários por ano, duas passa -gens anuais para o exterior, além debônus sobre determinadas metas d ecirculação, tiragem e venda de assina -turas .

Títulos sem verbo - Para atingir es -sas metas, Augusto Nunes pretendemudar muita coisa no Estado de S.Paulo - da primeira página aos classi -ficados, passando pela diagramação ,o tom do noticiário, o Caderno 2 echegando até o Suplemento Femini-no . Essa modificação, porém, não se -rá repentina . "Acredito que leve pelomenos um ano para realizar o qu eimagino", diz Augusto . Uma caracte-rística marcante do Estadão atual, noentanto, vai desaparecer rapidamen-te. "Minha primeira providência serádeseditorializar o noticiário do jor-nal", afirma . "Se o governador Ores-tes Quércia, por exemplo, é candidatoà Presidência da República, o Estadovai informar corretamente sobre isso .A opinião sobre o mérito da candida-tura ficará restrita à página dos edito -

riais . "A primeira página do Es-

tadão, que hoje traz co mfreqüência títulos sem ver-bo e um pequeno númerode notícias (de 10 a 11, e mmédia, contra 18 do JB e 20da Folha da Tarde, porexemplo), passará a publi-car mais notícias, com cha-madas menores e diagrama-das de maneira mais ágil .Augusto pretende, aliás, es-tudar mais de um projetográfico para o Estado - oprimeiro dos quais já foi en-comendado à artista Silvi aMonteiro, responsável pel aúltima mudança gráfica deVeja .

Além de extinguir o tomopinativo que permeia o no-ticiário do jornal, as demai smudanças planejadas po rAugusto são as seguintes :

• acaba a Editoria de In -Augusto : CzS 1 milhão por mês

IMPRENSA - MARÇO DE 1988

A redação de O Estado de S . Paulo : salários mais atraentes

terior, distribuindo-se as matérias pe-las demais editorias do jornal .Um cri -me em Ribeirão Preto, por exemplo ,será publicado na página policial ; umjogo de futebol em Araraquara vaipara a página de Esportes, e assi mpor diante ;

• o noticiário político, incluindoos colunistas, deverá ter mais infor-mação e menos opinião ;

• a editoria de Economia, hoje lo-calizada no segundo caderno, depoi sdo Esporte, virá para o primeiro ca-derno . Terá cada vez mais negócios emenos política econômica . "E preci-so mostrar que por trás das empresase dos negócios existe gente",diz Au -gusto ;

• o Caderno 2 deixará de publicarcrônicas para tornar-se um suplemen-to de serviço, com informações e re -portagem sobre a vida cultural de Sã oPaulo. "Crônica, só se for de alguémdo porte do Drummond", afirma onovo diretor de redação ;

• haverá uma equipe de repórtere sencarregada de trabalhar em matéria sespeciais, mais alentadas, para a edi-ção de domingo .

Medidas de impacto - Transfor-mações desse porte não são feitas d anoite para o dia, e por isso AugustoNunes calcula o mínimo de um anopara executá-las . Mas algumas medi -das de impacto, sobretudo psicológi-co, visando abalar a concorrência(leia-se Folha de S. Paulo) serão tenta -das de imediato . Uma delas, porexemplo, é a contratação da colunist aJoyce Pascowitch, um dos pesos-

pesados da Folha Ilustrada (veja qua-dro nesta página) . Para contratarprofissionais do primeiro time, Au-gusto terá de contornar um sério obs -táculo : a política salarial do Estadão ,que hoje paga salários defasados emrelação às demais publicações de Sã oPaulo. Um repórter com alguns ano sde experiência, por exemplo, recebi aem fevereiro algo em torno de 80 mi lcruzados mensais - contra cerca d e100 mil, em média, pagos pela Folhade S.Paulo para profissionais com amesma tarimba . Ocorre que o Estadode S.Paulo optou, há alguns anos ,por reduzir a jornada de trabalho àscinco horas diárias regulamentares -

quem trabalha mais do que isso, e mvez de receber horas extras, ganh afolga nos dias seguintes. "Num pri-meiro momento, com a adoção dajornada de sete horas, incluídas a shoras extras, é possível reverter essasituação", acredita Augusto Nunes .

Animado com o desafio e confes-sando que dirigir um grande jorna lem São Paulo sempre foi um dos seussonhos, Augusto Nunes acha que te msolução para os problemas do Estadode S.Paulo . "O Estadão não temdoenças incuráveis e sua recuperaçãoé apenas uma questão de tempo" ,diz . "Portanto, a concorrência que s ecuide ."

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Um time deprimeira classe

Desde que aceitou o convite doEstadão, Augusto Nunes tem feitosondagens e conversado muito .Através dessas conversas é possíve lter-se uma idéia da equipe que elecogita montar:

Ricardo Setti, 41 anos e 23 deprofissão, atual diretor da sucursaldo JB em São Paulo, para onde foilevado pelo próprio Augusto . Co-tado para a chefia de redação .

Clóvis Rossi, 45 anos e 25 deprofissdo, repórter especial da Fo-lha . Cotado para o posto de cor-respondente em Buenos Aires .

Miriam Leitão, 34 anos e 15 deprofissdo, editora de Economia doJB. Deverá ser convidada para omesmo posto .

Eurípedes Alcântara, 31 anos e 9 deprofissão, editor de Geral da revistaVeja . Cotado para ser um dos edito-res executivos, cargo que ainda serácriado .

Teimo Martino, 20 anos de profis-sdo, poderá ser convidado para editorde Cultura ou para ser crítico literá-rio .

Orlando Brito, 37 anos e 22 de pro-fissdo, editor de fotografia do Jornaldo Brasil . Cotado para a editoria deFotografia.

Joyce Pascowitch,33 anos e 8 deprofissão, colunista da Folha Ilus-trada.

William Waack, 35 anos e 15 deprofissão, repórter especial do Jor-nal do Brasil .

Paulo Nogueira, 31 anos e 10 deprofissão, atual diretor adjunto deredação de Exame .

Roberto Benevides, 39 anos e 23de profissão, atualmente repórterespecial do JB em São Paulo .

Paulo Mattiussi, 39 anos e 21 deprofissão, atual diretor de projetosespeciais do esporte da TV Bandei -rantes . Ocuparia a editoria de Es-portes.

Carlos Brickmann, 43 anos e 25de profissdo, atual editor-chefe d aFolha da Tarde .

Boris Casoy,47 anose30 de pro-fissdo, editor da coluna Painel, naFolha . Assinaria uma coluna polí-tica.

oDoá

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