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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA – CT
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO – DPET
Programa de Recursos Humanos PRH-ANP 43
Análise da Sísmica de Reflexão como Método de Prospecção de Petróleo
Paulo Roberto da Costa Santos
Orientador: Prof. Dr. Marcos Allyson Felipe Rodrigues
Natal/RN, Janeiro de 2015
Programa de Recursos Humanos PRH-ANP 43 – Engenharia de Petróleo 2014.2
Paulo Roberto Santos
1
SANTOS, Paulo Roberto da Costa Santos – “Análise da Sísmica de Reflexão como
Método de Prospecção de Petróleo”. Programa de Recursos Humanos PRH-ANP 43 -
Departamento de Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Natal – RN, Brasil.
Orientador: ___________________________________
Prof. Dr. Marcos Allyson Felipe Rodrigues
RESUMO
Nossa habilidade para localizar e extrair hidrocarbonetos, situados em grandes
profundidades abaixo da superfície, está diretamente amarrada à evolução da tecnologia.
A eficiência na exploração e recuperação de petróleo vem crescendo constantemente
desde a década de 50. Porém, apesar do enorme avanço tecnológico das últimas décadas
em termos de capacidades computacionais, tecnologias na aquisição dos dados e
melhorias nos algoritmos de processamento e nos softwares dos dados sísmicos 3D, o
processo de interpretação sísmica ainda é de fundamental importância para uma
caracterização e delimitação do reservatório. Essa pesquisa visa compreender como se
dá tais interpretações dos métodos sísmicos, em especial a de reflexão, em outras
palavras, entender como se processa o estudo de uma área geográfica a partir de análises
resultantes dos equipamentos sísmicos utilizados. Visa apresentar estudos de caso onde
o método foi aplicado, mostrando o sucesso da aplicação da técnica.
Palavras-Chave: Hidrocarbonetos, Sísmica, Interpretação.
Programa de Recursos Humanos PRH-ANP 43 – Engenharia de Petróleo 2014.2
Paulo Roberto Santos
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Agradecimentos
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por ser essa incrível instituição dotada
de recursos e material humano do mais elevado nível que se possa oferecer.
Ao meu orientador Prof. Dr. Marcos Allyson Felipe Rodrigues, pelas orientações e
suporte dado na pesquisa.
À ANP, FINEP e MCTI por juntas proporcionarem esse ótimo programa de pesquisa,
além de dar toda a assistência financeira aos seus bolsistas.
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SUMÁRIO
1. Introdução ................................................................................................................. 6
1.1 Objetivo Geral ......................................................................................................... 7
2. Aspectos Teóricos .................................................................................................... 8
2.1 Análise Sísmica ....................................................................................................... 8
2.2 Atributos Sísmicos ................................................................................................ 13
3. Estudos de Caso ...................................................................................................... 17
3.1 Caso 01 .................................................................................................................. 17
3.1.1 Métodos e Etapas ...................................................................................... 17
3.1.2 Interpretação das Linhas Sísmicas ............................................................ 19
3.1.3 Correlação entre os dados sísmicos e geológicos ..................................... 23
3.1.4 Identificação das oportunidades na área ................................................... 24
3.2 Caso 02 .................................................................................................................. 25
3.2.1 Estrutura do Reservatório ......................................................................... 25
3.2.2 Comparativo na sísmica de reflexão ......................................................... 26
4. Conclusão ............................................................................................................... 29
5. Referências bibliográficas ...................................................................................... 31
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Esquema de aquisição sísmica terrestre ............................................................ 9
Figura 2. Esquema de aquisição de dado sísmico marítimo ........................................... 10
Figura 3. Exemplo de tiro sísmico 2D terrestre .............................................................. 11
Figura 4. Esquema de aquisição 3D marítima ................................................................ 11
Figura 5. Classificação dos atributos sísmicos segundo Brown (Brown, 2001) ............ 14
Figura 6. Classificação dos atributos .............................................................................. 15
Figura 7. Localização da Bacia do Oriente, na Serrania do Interior, região nordeste da
Venezuela ....................................................................................................................... 18
Figura 8. Linha Sísmica 1 ............................................................................................... 19
Figura 9. Linha Sísmica 1 Interpretada .......................................................................... 20
Figura 10. Linha Sísmica 2 ............................................................................................. 21
Figura 11. Linha Sísmica 2 Interpretada ........................................................................ 22
Figura 12. Duplex do Perfil 1 correspondente a estrutura identificadas na Sísmica 1 ... 23
Figura 13. Duplex do Perfil 2 correspondente a estruturas identificadas na Linha
Sísmica 2 ........................................................................................................................ 23
Figura 14. Oportunidade para a exploração de hidrocarbonetos .................................... 24
Figura 15. Oportunidade para a exploração de hidrocarbonetos .................................... 24
Figura 16. Estrutura do Reservatório e onda extraída do poço ZG23 ........................... 25
Figura 17. Comparação de reflexões em reservatórios saturados com óleo, em diferentes
porosidades ..................................................................................................................... 26
Figura 18. Relação entre amplitude sísmica e porosidade no reservatório, saturado por
óleo ................................................................................................................................. 26
Figura 19 Relação entre amplitude sísmica e saturação de fluido, na mesma porosidade
........................................................................................................................................ 27
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CAPÍTULO I:
Introdução
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1. Introdução
A caracterização do reservatório é atualmente uma das etapas de extrema importância
na exploração, como também no desenvolvimento e produção de um campo. Através
desse processo, é possível gerar modelos cada vez mais precisos e que representam de
maneira adequada as característica da subsuperfície.
Atualmente, a reflexão sísmica é considerada a mais importante fonte de informação
para o processo de caracterização. Isso se deve pelo fato dela fornecer imagem de alta
resolução das camadas na sub-superfície, permitindo identificar a sua continuidade
lateral e identificar estruturas adequadas para a acumulação de hidrocarbonetos. Permite
também cobrir grandes áreas com um baixo custo e num período também curto, quando
comparado com outros métodos de investigação. Esse tipo de sísmica permite a
identificação de estruturas falhadas e dobras, permite mapear vários horizontes ao
mesmo tempo, além de realizar investigações até grandes profundidades.
A aquisição sísmica tem passado por um processo de grande evolução. A aquisição em
2D foi utilizado no início das campanhas de reflexão sísmica. A sísmica 3D é a mais
utilizada para caracterização, embora haja um grande impulso para utilização de sísmica
4D. A aquisição 3D é de grande uso por proporcionar informação espacial do
reservatório.
Dessa forma, é de grande relevância o uso desse tipo de tecnologia. Porém, há de se
realizar um estudo aprofundado para a análise dos dados gerados pela sísmica. Isso faz
desse método, uma fonte não tão simples de ser realizada, requerendo conhecimento
profundo das técnicas envolvidas. Assim, é possível extrair o máximo de informação
dos dados sísmicos, caracterizando o reservatório de forma quantitativa e integrada,
otimizando sua produção e reduzindo os riscos e custos com a sua explotação.
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1.1 Objetivo Geral
A caracterização do reservatório é atualmente uma das etapas de extrema importância
na exploração, como também no desenvolvimento e produção de um campo. Através
desse processo, é possível gerar modelos cada vez mais precisos e que representam de
maneira adequada as característica da subsuperfície. Dessa forma, o objetivo geral será
justamente a caracterização de uma determinada área, através de estudo de caso,
direcionada a uma melhor compreensão dos análogos de reservatório de hidrocarboneto.
CAPÍTULO II:
Aspectos Teóricos
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2. Aspectos Teóricos
Essa pesquisa se baseia praticamente em torno de conhecimento que estão relacionados
à geofísica. Essa é uma ciência que estuda a Terra usando medidas físicas tomadas
normalmente na superfície, envolvendo o estudo de partes profundas da Terra
geralmente inacessíveis às observações diretas (SBGf, 2003). Através da interpretação
das observações realizadas na superfície, são geradas informações úteis sobre a estrutura
e a composição das zonas inacessíveis em grandes profundidades. Quase todo o
conhecimento sobre áreas abaixo de profundidades limitadas por poços e minas
subterrâneas provém de observações geofísicas.
Grande parte das ferramentas e técnicas desenvolvidas para tais estudos tem sido
aplicadas em pesquisas acadêmicas sobre a natureza do interior da Terra. Entretanto, o
grande avanço obtido nas técnicas geofísicas é, principalmente, devidos à sua forte
utilização na exploração de hidrocarbonetos e de minérios. Especificamente, dentre as
técnicas geofísicas, na área de exploração de petróleo, a prospecção é a mais utilizada.
2.1 Análise Sísmica
O método de reflexão sísmica consiste, basicamente, em gerar ondas sísmicas artificiais
através de explosivos, canhão de ar comprimido ou outra fonte sísmica e registrar as
reflexões provenientes das diversas interfaces em sub-superfície usando como
receptores geofones ou hidrocarbonetos, equipamentos estes análogos aos microfones.
A onda propaga-se pelo interior da terra, sendo parcialmente refletida ao encontrar
interfaces entre camadas que apresentam contraste significativo de propriedades
elásticas. Os tempos de chegada de cada reflexão são relacionados às velocidades de
propagação da onda sísmica em cada cama e, em primeira aproximação, a amplitude
registrada está relacionada ao contraste de impedância acústica, produto entre
velocidade compressional e densidade das camadas que definem a interface.
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O método de reflexão sísmica é análogo ao imageamento do corpo humano realizado
pela ultra-sonografia, mas ao contrário da medicina onde os contrastes de densidade são
imageados, na exploração sísmica o efeito das diferenças de velocidade é mais
acentuado.
Segundo Yilmaz (Yilmaz, 2000), a análise sísmica é dividida em três partes:
a. Aquisição sísmica
b. Processamento sísmico
c. Interpretação sísmica.
Um levantamento sísmico consiste em um conjunto de vários tiros sísmicos realizados
em diferentes localizações. A figura 1 ilustra um esquema de aquisição sísmica terrestre
e a figura 2 de um marítimo.
Figura 1. Esquema de aquisição sísmica terrestre
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Figura 2. Esquema de aquisição de dado sísmico marítimo
Em ambas, as ondas elastodinâmicas, após propagarem-se e se refletirem pelas diversas
camadas do subsolo, são medidas e registradas através de sensores na superfície. A
medida gravada em cada receptor, que é função do tempo de ida e volta da onda, é
chamado de traço sísmico, enquanto o conjunto de traços gravados para cada onda
gerada é chamado de tiro sísmico.
Quando a aquisição sísmica é realizada através de uma única linha, o tiro sísmico
resulta em uma imagem bidimensional, como observado na figura 3, sendo uma
aquisição do tipo 2D. Já quando a aquisição é realizada por um conjunto de linhas em
paralelo ou uma rede bidimensional de sensores, diz-se que a aquisição é do tipo 3D e o
resultado é a obtenção de um cubo sísmico. A figura 4 ilustra um esquema de aquisição
sísmica 3D marítima.
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Figura 3. Exemplo de tiro sísmico 2D terrestre
Figura 4. Esquema de aquisição 3D marítima
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Para que a aquisição sísmica represente mais realisticamente a estrutura geológica da
sub-superfície os tiros sísmicos devem ser ajustados. Este processo de ajuste é chamado
de processamento sísmico ou imageamento.
Já a interpretação sísmica consiste na análise das imagens processadas para a
exploração, caracterização e monitoramento dos reservatórios de petróleo. Estas
análises são muito importantes para indústria petrolífera, pois é a partir delas que se
decide a localização das reservas de óleo, avalia-se seu conteúdo e viabilidade de
exploração. Recentemente, tem-se utilizado a sísmica para monitorar as reservas de
modo a melhorar a capacidade de recuperação dos reservatórios em produção.
Na exploração sísmica, as imagens são analisadas detalhadamente pelos interpretes em
busca de vestígios que possam indicar a presença de hidrocarbonetos. A interpretação
sísmica parte da premissa que o contraste da impedância acústica na sub-suberfície
representado pelas imagens sísmicas tem a sua origem nas mudanças das composições
das diferentes camadas de rochas, ou seja, a identificação e acompanhamento destas
mudanças ao longo das diferentes imagens sísmicas formadas, sejam elas 2D ou 3D,
ilustram o comportamento geológico do subsolo.
Existe, atualmente, uma tendência a se priorizar a utilização da sísmica 3D. Um dos
fatores para isso é o avanço tecnológico, especialmente, na área de processamentos de
dados, face a possibilidade de uma melhor entendimento geológico através da
visualização das seções sísmicas e cortes horizontais que podem ser feitos ao longo de
todo um cubo sísmico (Brow, 1999).
O que não ocorre na sísmica 2D, vez que o espaçamento entre as diferentes seções não
permite análises tão simplistas. Entretanto, a utilização das análises sísmicas 2D
continua sendo de grande importância, principalmente, para análises estruturais de
grandes áreas. A possibilidade de utilização de grandes cabos de aquisição, com mais de
10km, também permitem análise detalhada de toda a formação geológica de uma
extensa região (Fainstein, 2001).
Neste caso, a análise 3D funciona como uma ampliação de áreas identificadas como
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promissoras através de uma grande análise 2D.
Independentemente do tipo de aquisição e processamento realizados, a identificação de
hidrocarbonetos não é tarefa fácil. Todavia, sob condições favoráveis, o acúmulo de
hidrocarbonetos cria efeitos sísmicos que podem ser detectados, pois a sua presença nos
espaços porosos das rochas diminui a velocidade sísmica e a densidade, além de
aumentar a absorção. (Sheriff, 1992).
Entretanto, estes indicadores de hidrocarbonetos, como são chamados, variam caso a
caso, visto que a amplitude e a respectiva forma da onda refletida não dependem apenas
da velocidade e densidade da rocha analisada, mas também do contraste existente com
as rochas vizinhas.
Na prática, indicadores conhecidos como a mancha brilhante (“bright spot”)(Duarte,
2003), inversão de polaridade e mudanças na forma de onda acabam sendo usados em
conjunto como ferramentas para análise de um intérprete experiente. Portanto, a análise
litológica das regiões de interesse pode ser realizada através de transformações
matemáticas e da combinação de outras informações extraídas da sísmica. Essas
informações são chamadas de atributos sísmicos.
2.2 Atributos Sísmicos
Segundo Taner (Taner, 2000), “Atributos Símicos são quaisquer informações obtidas
através de dados sísmicos, seja através de medições diretas, lógicas ou baseadas na
experiência e conhecimentos anteriores”. Os atributos sísmicos são gerados para se
enfatizar a característica desejada, a qual é diretamente identificada nos dados.
Eles podem ser obtidos a partir de dados ainda não empilhados, como é o caso do
conhecido atributo variação de amplitude com o deslocamento da fonte (“AVO:
amplitude variation with offset”), ou podem ser obtidos a partir de dados já empilhados.
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Dentre os vários atributos existentes, alguns podem ser usados como indicadores de
hidrocarbonetos, outros como indicadores de falhas geológicas, ou seja, dependendo do
tipo de análise em questão, deve-se escolher o tipo de atributo.
Existem centenas de opções para a escolha do atributo, algumas ilustradas na figura 5
(Brown, 2001), mas nem sempre a relação entre a grandeza física e o atributo é
conhecida, motivo pelo qual o processo de escolha costuma gerar uma grande confusão
entre os geocientistas. Logo, os entendimentos da geração dos atributos são
fundamentais para uma análise correta.
Figura 5. Classificação dos atributos sísmicos segundo Brown (Brown, 2001)
Os atributos sísmicos podem ser gerados de diversas maneiras. Uma das formas de se
classificar o modo como são gerados esta esquematizada na figura 6, ou seja, dentre as
várias formas de classificação, os atributos sísmicos pós-empilhamento podem ser
classificados como:
a. Baseados na seção sísmica;
b. Baseados em eventos ou horizontes;
c. Volumétricos.
Dessa forma, percebe-se que há inúmeras maneiras de se obter indícios de
hidrocarbonetos, sendo necessário um estudo complexo que busque o melhor resultado
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esperado.
Figura 6. Classificação dos atributos
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CAPÍTULO III:
Estudos de Caso
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3. Estudos de Caso
Foi realizado estudos de caso de para ter uma ideia de como se processa a busca de
hidrocarbonetos utilizando a sísmica de prospecção, ou seja, foi possível observar como
se dá as interpretações sísmicas assim como os resultados obtidos.
3.1 Caso 01
O primeiro caso trata-se da “Interpretação de perfis estruturais para a prospecção de
hidrocarbonetos na Bacia do Oriente/Venezuela”. Esse estudo foi realizado por Érika
Kato Pacheco Ferraz, como Trabalho de Formatura do Curso de Geologia do Instituto
de Geociências e Ciências Exatas – UNESP, 2004.
O estudo visa avaliar as características do relacionamento estratigráfico e tectônico da
Bacia do Oriente na Serrania do Interior da Venezuela, pesquisa que surgiu da
necessidade da indústria do petróleo venezuelana (PDVSA S.A) de incrementar as
reservas de hidrocarbonetos provadas para o país. Foi realizado interpretações
simotectônicas e reconstruções estruturais bidimensionais de três perfis regionais.
3.1.1 Métodos e Etapas
A área em estudo se localiza na Bacia do Oriente, região nordeste da Venezuela
(figura 7), que faz fronteira com a região norte do Brasil. Dadas as características da
evolução tectônica do Norte da Venezuela, espera-se encontrar possíveis oportunidades
de exploração petrolífera associadas as caráter compressivo dado pela interação das
placas América do Sul, América do Norte e Caribe; desta forma, justificasse o estudo
nessa área.
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Figura 7. Localização da Bacia do Oriente, na Serrania do Interior, região nordeste da Venezuela
Sabe-se que a área dispões apenas de dados sísmicos 2D. Isso já é ferramenta
fundamental na pesquisa e localização de áreas alvo para petróleo. Na área, foi
recomentado por Castillo e Morales (2002), que se interprestasse os dados pelo método
de Kink e Supper-Dahistromian (métodos ligados aos atributos sísmicos), perfis na
direção principal do esforço tectônico e se avaliasse com geologia de superfície a
eficácia do método.
Um conhecimento mais detalhado da geologia estrutural da área, a confecção de três
perfis estruturais regionais, somada à interpretação sísmica e a reconstrução da evolução
estrutural do local, levará a um melhor entendimento da área. Isto facilitará a
localização de novos alvos exploratórios para óleo e gás, desvendando inúmeras
informações de alta complexidade da região.
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3.1.2 Interpretação das Linhas Sísmicas
Nesse projeto foram escolhidas e interpretadas duas linhas sísmicas da área. As linhas
sísmicas estão em tempo, portanto os mergulhos e espessuras das camadas não serão
idênticos aos encontrados nos perfis.
Linha Sísmica 1
A seguir, é mostrada a linha sísmica 1 com sua devida interpretação.
Figura 8. Linha Sísmica 1
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Figura 9. Linha Sísmica 1 Interpretada
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Linha Sísmica 2
A seguir, é mostrada a linha sísmica 2 e sua com sua devida interpretação.
Figura 10. Linha Sísmica 2
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Figura 11. Linha Sísmica 2 Interpretada
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3.1.3 Correlação entre os dados sísmicos e geológicos
Para avaliar as seções balanceadas, realizou-se a interpretação de dados sísmicos. Duas
linhas sísmicas da área foram interpretadas e comparadas às estruturas presentes nos
perfis.
Linha Sísmica 1
Figura 12. Duplex do Perfil 1 correspondente a estrutura identificadas na Sísmica 1
Linha Sísmica 2
Figura 13. Duplex do Perfil 2 correspondente a estruturas identificadas na Linha Sísmica 2
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3.1.4 Identificação das oportunidades na área
No primeiro perfil foi identificada apenas uma estrutura capaz de conter
hidrocarbonetos, posicionada na parte central. Trata-se da dobra mais nova que
compões o único duplex desta seção.
Figura 14. Oportunidade para a exploração de hidrocarbonetos
No segundo perfil foram identificadas quatro estruturas capazes de conter
hidrocarbonetos.
Figura 15. Oportunidade para a exploração de hidrocarbonetos
Dessa forma, foi possível observar que a sísmica de reflexão, interligada outros recursos
aplicados, foi capaz de diagnosticar possíveis áreas que provavelmente será possível
encontrar hidrocarbonetos. Esse estudo realizado Érika Kato, aqui mostrada de forma
bem resumida, retrata o sucesso adquirido pelo uso dessa técnica.
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3.2 Caso 02
O Segundo estudo de caso foi baseado na relação das características da sísmica de
reflexão com e as propriedades de porosidade e saturação de fluidos. De forma
indireta, esse estudo de caso mostra a influencia da sísmica de reflexão na
prospecção de petróleo, já que relaciona faz diagnósticos que relacionam a sísmica
com propriedades do fluidos, podendo trazer benefícios numa eventual análise de
oportunidade de descoberta de hidrocarboneto.
Esse caso se trata de um artigo foi apresentado na Conferencia Internacional
Tecnológica de Petróleo (IPTC) em Beijing, China, em Março de 2013. O artigo foi
feito e apresentado por Yuan Zhang e Zandong Sun. A área de estudo ocorreu na Bacia
de Tarim, na China. Para o artigo, os Zhang e Sun se basearam no modelo de DEM-
Gassmann que, por sua vez, é baseado no modelo de Norris-Berryman (1992), na
equação de Biot-Guessmann (1956) e em Berryman 3D poros (1995).
3.2.1 Estrutura do Reservatório
A figura 16 b retrata a estrutura real do reservatório, enquanto a figura 16 c consiste na
matrix e no reservatório para análise de modelo. Onda oriunda do ZG23 (um tipo de
poço utilizado em sísmica, “commercial well”) com frequência dominante de 20Hz é
usada para modelagem sísmica, figura 16 d.
Figura 16. Estrutura do Reservatório e onda extraída do poço ZG23
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3.2.2 Comparativo na sísmica de reflexão
Para avaliar a relação entre a sísmica de reflexão e porosidade, quatro registros de
amplitudes foram realizados tomando medidas entre o topo do reservatório e sua base.
Os dados foram computados e foi realizado um plot (figura 17) para as porosidades de
2%, 8%, 15% e 25%, separadamente, saturada por óleo.
Figura 17. Comparação de reflexões em reservatórios saturados com óleo, em diferentes porosidades
A partir desses dados é foi possível determinar um gráfico que mostra como varia a
amplitude de acordo com a porosidade, mostrado na figura xxx a seguir.
Figura 18. Relação entre amplitude sísmica e porosidade no reservatório, saturado por óleo
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Percebe-se de forma nítida que à medida que há um aumento da porosidade do
reservatório, saturado por óleo, um aumento da amplitude sísmica é apresentada. Na
prática, os interpretadores escolhem áreas com amplitude maiores que 5000 para ser o
alvo de potencial no reservatório.
De forma similar, a figura 19 mostra a relação entre a amplitude sísmica com saturações
de fluidos incluindo gás, óleo e salmoura, respectivamente, quando a porosidade
apresentada é de 15%. Está claro que a saturação de gás, na mesma porosidade que os
demais, apresenta a maior amplitude, enquanto a salmoura apresenta a menor.
Figura 19 Relação entre amplitude sísmica e saturação de fluido, na mesma porosidade
Esse foi apenas uma das inúmeras possibilidades presentes nos ramos de atributos
sísmicos, que ajudam na tomada de decisões na prospecção de petróleo.
Particularmente, se trata-se de um atributo ligado ao caso de variação de amplitude com
o deslocamento da fonte (“AVO: amplitude variation with offset”).
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CAPÍTULO V:
Conclusões e Recomendações
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4. Conclusão
Diante o estudo realizado, pôde-se ter uma ideia de quão vasta é a área da sísmica
de reflexão e dos inúmeros recursos oferecidos que possibilitam meios de alcançar
a prospecção de petróleo.
Esse material abordou dois casos que retratam, através de estudos de caso, de forma
bem resumida e simples, como se dá as fases de processamento e interpretação da
sísmica no ramo da prospecção. Percebeu-se que para tal, é necessária uma grande
coleta de dados e uma sistemática de trabalho ligada a outras áreas, para que se possa
obter hipóteses de localização de hidrocarbonetos.
No geral, a reflexão na prospecção é uma técnica eficiente, utilizada de forma
substancial na indústria do petróleo, pois na maioria dos casos, oferece sucesso em suas
busca pelo petróleo.
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CAPÍTULO VI:
Referências Bibliográficas
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5. Referências bibliográficas
Souza S.M 1982. Atualização da litoestratigrafia da Bacia Potiguar. In: SBG, Cong.
Bras. Geologia, 32, Anais, p:2392-2406;
Suguio K. (Ed). 2003. Geologia Sedimentar. São Paulo: Edgard Blucher, 400p;
Thomas J.E. 2001. Avaliação de formações. In: J.E Thomas (Ed.) Fundamentos de
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1982
FERRAZ, Érica Kato Pacheco. 2004 – Interpretação de perfis estruturais para a
prospecção de hidrocarbonetos bacia do oriente/Venezuela;
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA4wEAF/introducao-a-sismica-exploracao
CASTILLO, M. G. Análisis Exploratorio em la Serrania del Interior Venezoelana,
usando cubos de velocidades RMS como herramienta de validación del modelo
estructural. In: XII Congresso Venezoelando de Geofísica, 2004-b, Caracas, Venezuela.
1 CD-ROM.