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Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

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Proposta de Método para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados ao Balanced Scorecard

Marcelo Oliveira e Cruz de Aragão

Composição da Banca Examinadora:

Prof. Dr. José Henrique de Sousa Damiani Presidente - ITA

Profa. Dra. Ligia Maria Soto Urbina Orientadora - ITA

Prof. Dr. João Murta Alves ITA

Prof. Dr. Luís Gonzaga Trabasso ITA

Prof. Dr. Sérgio L. Monteiro Salles Filho UNICAMP

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em particular aos professores e

funcionários com quem tive contato, pela oportunidade de realizar o mestrado nessa

conceituada escola e por propiciar todo o suporte acadêmico necessário, e sobretudo, à minha

querida orientadora, Profa. Ligia Maria Soto Urbina, pelo apoio incondicional, paciência

inesgotável e intensa participação em todas as etapas desse trabalho.

Ao Instituto de Fomento e Coordenação Industrial, meu local de trabalho, por permitir

que eu empreendesse essa caminhada em busca do conhecimento acadêmico e do

aperfeiçoamento profissional, em especial ao meu gerente, Antonio Carlos Bassi, pela grande

amizade, pelo constante incentivo e pelos profícuos ensinamentos profissionais e,

principalmente, pessoais.

Aos meus amigos e parentes que sempre estiveram presentes e dispostos a ajudar-me

nesta árdua empreitada.

Aos meus queridos tios, Márcia e Gerson, e primos, Danielle e Leonardo, por serem

minha segunda família.

À minha namorada, Cíntia, e seus familiares pelo carinho com que sempre fui tratado

e pelo apoio recebido ao longo dos últimos três anos.

Aos meus amados pais, Lílian e Érico, e amados irmãos, Renata e Luiz Eduardo, que,

ao longo de toda minha vida, em especial nos momentos mais difíceis, sempre estiveram ao

meu lado, trazendo a paz e a força necessária para que todos os obstáculos fossem superados.

Finalmente, sou grato a Deus por iluminar meus pensamentos e por me dar a coragem

necessária para sempre perseguir meus objetivos.

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Emancipate yourselves from mental slavery,

None but ourselves can free our minds.

Robert Nesta Marley

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RESUMO

Na era da informação, transformações expressivas estão ocorrendo em empresas

privadas e instituições públicas, devido, principalmente, à competição global e às modernas

tecnologias da informação. Esse ambiente impôs grandes desafios gerenciais e fez surgir uma

demanda por novos indicadores de desempenho, uma vez que os indicadores tradicionais

(financeiros) não são mais suficientes para medir o sucesso das organizações.

Diversas propostas de sistemas de medição de desempenho (SMD) foram

desenvolvidas ao longo das últimas três décadas, dentre elas umas das mais versáteis foi o

Balanced Scorecard (BSC). Essa ferramenta de gestão permite a visualização do

desdobramento da estratégia organizacional, segundo uma relação de causa e efeito, em

objetivos estratégicos, indicadores de desempenho, metas e ações, considerando diferentes

perspectivas do negócio. Desta forma, vantagens significativas vem sendo obtidas por aquelas

instituições que implementaram adequadamente os conceitos revelados por Kaplan e Norton,

em 1992.

A literatura existente sobre o assunto focaliza o BSC sob o ponto de vista gerencial, ou

seja, são apresentadas suas características gerais, benefícios, dificuldades e formas de

aplicação, entretanto não explicitam a maneira de desenvolver e operacionalizar os

indicadores pretendidos. Desta forma, a presente dissertação tem como objetivo propor um

método para o desenvolvimento de indicadores de desempenho do Balanced Scorecard,

aplicados a uma organização pública, a Divisão de Certificação de Aviação Civil do Centro

Técnico Aeroespacial.

Palavras-chaves: indicadores de desempenho; Balanced Scorecard; organização pública.

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ABSTRACT

In the information era important changes have been occurring in private companies

and public institutions, mainly due to global competition and modern information

technologies. This environment has imposed great managerial challenges and it comes to a

demand for new performance indicators, because the financial traditional ones are no longer

sufficient to measure the organizations success.

Several proposals for performance measurements system have been developed in the

last three decades. One of the most versatile is the Balanced Scorecard (BSC). This

management tool provides a way to translate the organizational strategy, supported by a

cause-and-effect relationship, into strategic objectives, measurements indicators, goals and

actions, considering different business perspectives. Significant advantages are been achieved

by those institutions which have adequately implemented the concepts proposed by Kaplan

and Norton in 1992.

The literature about this issue focus on the BSC approach according to a managerial

point of view, i.e., it presents its general features, benefits, difficulties and applications,

although it does not explicit a way to develop and implement the expected indicators. So this

thesis has the purpose to suggest a method to develop performance indicators for the

Balanced Scorecard, applied to a public organization, the Civil Aviation Certification

Division of the Aerospace Technical Center.

Key words: performance indicators; Balanced Scorecard; public organization.

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SUMÁRIO

1 - CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA___________________________________ 1 1.1 - Introdução __________________________________________________________________ 1 1.2 - Descrição do problema ________________________________________________________ 2 1.3 - Objetivos____________________________________________________________________ 3 1.4 - Relevância do tema ___________________________________________________________ 4 1.5 - Estrutura da dissertação _______________________________________________________ 5

2 - FUNDAMENTOS TEÓRICOS ____________________________________________ 6 2.1 - Estratégia ___________________________________________________________________ 6

2.1.1 - A origem e o significado de estratégia _________________________________________________ 6 2.1.2 - A evolução da Administração Estratégica_______________________________________________ 9 2.1.3 - O ambiente _____________________________________________________________________ 17 2.1.4 - A formação da estratégia___________________________________________________________ 20

2.2 - Sistema de medição de desempenho_____________________________________________ 22 2.2.1 - Conceituação de sistema de medição de desempenho_____________________________________ 22 2.2.2 - Sistemas de medição de desempenho tradicionais _______________________________________ 27 2.2.3 - Sistemas de medição de desempenho modernos _________________________________________ 29 2.2.4 - Conceituação e características de indicadores de desempenho______________________________ 33

2.3 - Balanced Scorecard __________________________________________________________ 37 2.3.1 - Origem histórica do Balanced Scorecard ______________________________________________ 37 2.3.2 - O Balanced Scorecard como sistema de medição de desempenho___________________________ 44 2.3.3 - O Balanced Scorecard como ferramenta de gestão estratégica _____________________________ 46 2.3.4 - Detalhamento do Balanced Scorecard ________________________________________________ 48 2.3.5 - Elaboração de Mapas Estratégicos ___________________________________________________ 55

3 - PROPOSTA DE MÉTODO PARA DESENVOLVIMENTO DE INDICADORES DE DESEMPENHO PARA O BALANCED SCORECARD __________________________ 63 3.1 - Considerações iniciais ________________________________________________________ 63 3.2 - Desenvolvimento de indicadores de desempenho para o BSC (DID-BSC)______________ 63 3.3 - Detalhamento do método DID-BSC aplicado a uma organização de estado.____________ 69

3.3.1 - Análise estratégica – Etapa 1 _______________________________________________________ 69 3.3.2 - Definição do conjunto de indicadores – Etapa 2_________________________________________ 72 3.3.3 - Detalhamento dos indicadores – Etapa 3 ______________________________________________ 75

4 - EXEMPLIFICAÇÃO DA PROPOSTA ____________________________________ 80 4.1 - A Divisão de Certificação de Aviação Civil (CAvC)________________________________ 80 4.2 - Análise Estratégica - Etapa 1 __________________________________________________ 88

4.2.1 - Obtenção de Apoio – Passo 1.1______________________________________________________ 88 4.2.2 - Análise Ambiental – Passo 1.2 ______________________________________________________ 88 4.2.3 - Definição dos objetivos estratégicos e processos relacionados – Passo 1.3 ____________________ 95 4.2.4 - Elaboração do mapa estratégico – Passo 1.4____________________________________________ 97

4.3 - Definição do conjunto de indicadores - Etapa 2 ___________________________________ 98 4.3.1 - Geração de indicadores estratégicos – Passo 2.1 ________________________________________ 98 4.3.2 - Análise das restrições e ponderação – Passo 2.2________________________________________ 101 4.3.3 - Apresentação dos indicadores conforme BSC – Passo 2.3 ________________________________ 104

4.4 - Detalhamento dos indicadores - Etapa 3 ________________________________________ 106

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4.4.1 - Especificações gerais – Passo 3.1 ___________________________________________________ 106 4.4.2 - Tratamento da informação – Passo 3.2 _______________________________________________ 108 4.4.3 - Levantamento de pré-requisitos para implementação – Passo 3.3 __________________________ 110 4.4.4 - Apresentação detalhada dos indicadores – Passo 3.4 ____________________________________ 111

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ____________________________________________ 115 5.1 - Conclusões ________________________________________________________________ 115 5.2 - Trabalhos Futuros __________________________________________________________ 117

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________________ 119

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA __________________________________________ 122

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 - O modelo de Steiner de Planejamento Estratégico ________________________ 11

Figura 2 - Sistema de planos apresentado pelo Stanford Research Institute _____________ 12

Figura 3 - Evolução das dez escolas da estratégia _________________________________ 16

Figura 4 - Visão sistêmica do ambiente organizacional_____________________________ 18

Figura 5 - Modelo básico da escola do design ____________________________________ 21

Figura 6 - Síntese histórica da evolução dos fatores de produtividade _________________ 39

Figura 7 - Relação de causa e efeito das perspectivas do BSC _______________________ 43

Figura 8 - O Balanced Scorecard como uma ferramenta de gestão estratégica___________ 48

Figura 9 - As quatro perspectivas do BSC _______________________________________ 50

Figura 10 - As quatro perspectivas do BSC e seus desdobramentos ___________________ 54

Figura 11 - Elementos do Balanced Scorecard ___________________________________ 56

Figura 12 - Modelo genérico do mapa estratégico do Balanced Scorecard _____________ 57

Figura 13 - O mapa estratégico e o Balanced Scorecard no processo de criação de valor __ 58

Figura 14 - Diagrama de desdobramento da estratégia _____________________________ 59

Figura 15 - Seleção de indicadores no nível estratégico ____________________________ 61

Figura 16 - Exemplo prático da seleção de indicadores estratégicos___________________ 61

Figura 17 - Processo macro para o desenvolvimento de indicadores de desempenho como

suporte estratégico _____________________________________________________ 64

Figura 18 - Processo macro do método DID-BSC _________________________________ 66

Figura 19 - Estrutura detalhada do processo para desenvolvimento de indicadores de

desempenho como suporte estratégico ______________________________________ 67

Figura 20 - Estrutura detalhada do método DID-BSC ______________________________ 69

Figura 21 - Análise Estratégica - Etapa 1________________________________________ 70

Figura 22 - Definição do conjunto de indicadores - Etapa 2 _________________________ 73

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Figura 23 - Detalhamento dos indicadores - Etapa 3 _______________________________ 76

Figura 24 - Estrutura de comando onde se insere a Divisão de Certificação de Aviação Civil

____________________________________________________________________ 81

Figura 25 - Sistema de Segurança de Vôo (SEGVÔO) _____________________________ 82

Figura 26 - Estrutura organizacional da CavC ____________________________________ 84

Figura 27 – Ambiente e macro-processos da CavC ________________________________ 86

Figura 28 - Visão sistêmica do ambiente organizacional da CavC ____________________ 89

Figura 29 - Mapa estratégico da Divisão de Certificação de Aviação Civil _____________ 98

Figura 30 - BSC da Divisão de Certificação de Aviação Civil ______________________ 105

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - As dez escolas de estratégia _________________________________________ 14

Tabela 2 - Características relevantes dos novos sistemas de medição de desempenho _____ 30

Tabela 3 - Resultado da análise FF/AO (ou SWOT) _______________________________ 72

Tabela 4 - Tabela utilizada para registro dos indicadores gerados durante o Brainstorming 74

Tabela 5 - Tabela utilizada para registro dos resultados das análises de restrições e

ponderações, visando à escolha dos indicadores adequados _____________________ 75

Tabela 6 - Especificações gerais dos indicadores estratégicos________________________ 77

Tabela 7 - Tratamento de dados e informações ___________________________________ 78

Tabela 8 - Pré-requisitos para implementação dos indicadores estratégicos _____________ 78

Tabela 9 - Ficha completa dos indicadores estratégicos ____________________________ 79

Tabela 10 - Resultado da análise FF/AO (SWOT) para a CavC ______________________ 95

Tabela 11 - Objetivos estratégicos e proposta de possíveis indicadores ________________ 99

Tabela 12 - Objetivos estratégicos e proposta de possíveis indicadores (continuação)____ 100

Tabela 13 - Análise das restrições e ponderação quanto a aplicabilidade dos indicadores

propostos____________________________________________________________ 102

Tabela 14 - Análise das restrições e ponderação quanto a aplicabilidade dos indicadores

propostos (continuação) ________________________________________________ 103

Tabela 15 - Especificações gerais do indicador “Taxa de participação em eventos

internacionais” _______________________________________________________ 106

Tabela 16 - Especificações gerais do indicador “Taxa de tecnologias dominadas” ______ 107

Tabela 17 - Especificações gerais do indicador “Tempo médio de duração dos processos” 107

Tabela 18 - Especificações gerais do indicador “Taxa de orçamento” ________________ 108

Tabela 19 - Tratamento das informações do indicador “Taxa de participação em eventos

internacionais” _______________________________________________________ 108

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Tabela 20 - Tratamento das informações do indicador “Taxa de tecnologias dominadas” _ 109

Tabela 21 - Tratamento das informações do indicador “Tempo médio dos processos” ___ 109

Tabela 22 - Tratamento das informações do indicador “Taxa de orçamento”___________ 109

Tabela 23 - Pré-requisitos para implementação do indicador “Taxa de participação em

eventos internacionais”_________________________________________________ 110

Tabela 24 - Pré-requisitos para implementação do indicador “Taxa de tecnologias dominadas”

___________________________________________________________________ 110

Tabela 25 - Pré-requisitos para implementação do indicador “Tempo médio de duração dos

processos”___________________________________________________________ 110

Tabela 26 - Pré-requisitos para implementação do indicador “Taxa de orçamento”______ 110

Tabela 27 - Ficha completa do indicador “Taxa de participação em eventos internacionais”

___________________________________________________________________ 111

Tabela 28 - Ficha completa do indicador “Taxa de tecnologias dominadas” ___________ 112

Tabela 29 - Ficha completa do indicador “Tempo médio de duração dos processos”_____ 113

Tabela 30 - Ficha completa do indicador “Taxa de orçamento” _____________________ 114

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BSC - Balanced Scorecard

COMAER - Comando da Aeronáutica

CAvC - Divisão de Certificação de Aviação Civil

CAvC-GE - Gerência de Engenharia da CAvC

CAvC-GI - Gerência de Inspeção e Produção da CAvC

CAvC-GP - Gerência de Programas da CAvC

CAvC-GR - Gerência de Regulamentação da CAvC

CBA - Código Brasileiro de Aeronáutica

CTA - Centro Técnico Aeroespacial

CVD-RH - Coordenadoria de Recursos Humanos da Vice-Direção do CTA

DAC - Departamento de Aviação Civil

DEPED - Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento do COMAER

FCS - Fator Crítico de Sucesso

FDH - Divisão de Homologação Aeronáutica

FF/OA - Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças

FPNQ - Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade

GQT - Gestão por Qualidade Total

IAE - Instituto de Aeronáutica e Espaço do CTA

ICA - Instrução do Comando da Aeronáutica

IEAv - Instituto de Estudos Avançados do CTA

IFI - Instituto de Fomento e Coordenação Industrial do CTA

ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica

P&D - Pesquisa e Desenvolvimento

RBHA - Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica

RCE - Representante Credenciado de Engenharia

RCF - Representante Credenciado de Fabricação

ROI - Return On Investment

SEGVÔO - Sistema de Segurança de Vôo

SMD - Sistema de Medição de Desempenho

SWOT - Strengths, Weakness, Opportunities and Threats

TI - Tecnologia da Informação

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1 - CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA

1.1 - Introdução

O mundo moderno globalizado apresenta, a cada dia que passa, maiores desafios em

todas as áreas do conhecimento humano. No setor aeronáutico, esta tendência reflete-se no

desenvolvimento de aeronaves mais velozes e complexas; nos projetos aeronáuticos

realizados em um ambiente de desenvolvimento integrado, para cumprimento de prazos

exíguos; nos ciclos produtivos rápidos e linhas de produção flexíveis e nos requisitos técnicos

cada vez mais rigorosos que visam garantir, acima de tudo, a segurança de vôo.

Devido à presença desses desafios de caráter técnico, administrativo e gerencial,

grandes transformações estão ocorrendo nas empresas privadas que buscam, constantemente,

vantagens competitivas dentro de seus nichos de atuação. No setor público, as organizações

vêm sendo praticamente obrigadas a seguir essa tendência. Este fato decorre de um aumento

no nível de exigência da sociedade para com a prestação de serviços públicos, este

impulsionado, principalmente, pelo estabelecimento e consolidação da liberdade de escolha e

pela globalização da informação.

Neste contexto apresenta-se a Divisão de Certificação de Aviação Civil (CAvC),

antiga Divisão de Homologação Aeronáutica (FDH), do Instituto de Fomento e Coordenação

Industrial (IFI) do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), como representante legal da

Autoridade Aeronáutica Brasileira para assuntos de Certificação Aeronáutica de Aviação

Civil. Esta organização é responsável por conduzir todas as atividades inerentes à

Certificação Aeronáutica de projetos e produção para a Aviação Civil no Brasil.

Devido às necessidades impostas pelos ambientes externo e interno, o primeiro

competitivo e globalizado e o segundo com recursos humanos escassos e processos obsoletos,

a CAvC viu-se estimulada a iniciar um processo de reestruturação organizacional. Esta

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mudança, que começou nos primeiros meses de 2001, foi motivada, principalmente, pela

demanda gerada a partir do Programa de Certificação da Família de Aeronaves ERJ-170,

ERJ-175, ERJ-190 e ERJ-195 da Embraer, iniciado em maio de 1999.

Com o propósito de satisfazer às necessidades existentes, formulou-se um plano para

reestruturação da CAvC. Diversas áreas sensíveis ao desenvolvimento foram contempladas,

entre elas as relacionadas aos aspectos organizacionais, gestão de recursos humanos

(aquisição e capacitação), capacitação técnica, processos internos, conhecimento

organizacional e aspectos culturais.

1.2 - Descrição do problema

O ano de 2001 foi marcado pelo início do processo de reestruturação organizacional

da CAvC. Desde então, todos os esforços e recursos disponíveis foram direcionados à

execução deste projeto vital à organização.

Apesar de todas as realizações já alcançadas, ainda persiste a necessidade de se

estabelecer um sistema formal de avaliação organizacional, a fim de proporcionar uma visão

mais apurada e integrada dos resultados gerados pela CAvC. Atualmente, fazem-se avaliações

individuais, setoriais e por programas, sem haver, contudo, uma avaliação institucional

estabelecida. “A análise do comportamento organizacional deve ser feita com base na

perspectiva global da organização, macroabordagem, e na visão dos detalhes,

microabordagem” (CHIAVENATO, 2000).

Da maneira como ocorre atualmente, como é possível verificar se as ações práticas

estão sendo eficazes e estão atingindo os objetivos pretendidos? Quais mudanças implicaram

no resultado esperado? Quais pontos são passíveis de melhorias?

Para responder a essas perguntas com exatidão necessita-se, sobretudo, de uma

metodologia de avaliação institucional baseada em um Sistema de Medição de Desempenho

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(SMD), formalmente estabelecida. Assim sendo, a CAvC pretende, a longo prazo, estabelecer

um SMD nos moldes apresentados pelo Balanced Scorecard (BSC), de Kaplan e Norton

(1992). No entanto, após pesquisas realizadas, constatou-se a dificuldade em se encontrar

informações na literatura existente sobre como gerar os indicadores estratégicos aplicáveis ao

BSC. Desta forma, elaborar um método para o desenvolvimento de indicadores estratégicos

aplicados a um SMD baseado no BSC constitui-se o problema a ser solucionado neste

trabalho.

Este estudo foi delineado com base na hipótese de que o modelo geral para o

desenvolvimento de indicadores de desempenho, proposto por Kiyan (2001), pode ser

particularizado conforme conceitos apresentados e ferramentas sugeridas pelo BSC.

1.3 - Objetivos

Este trabalho tem como objetivo geral sugerir um método para o desenvolvimento de

indicadores de desempenho estratégicos aplicados a um SMD baseado no BSC. Essa proposta

pretende servir como um instrumento para o desenvolvimento de indicadores aplicáveis ao

BSC, a ser utilizada pela alta gerência da CAvC e pelos futuros responsáveis por implementar

o sistema.

Por tratar-se de um tema bastante vasto e de impacto direto na instituição em estudo,

alguns objetivos específicos podem ser destacados com a finalidade de orientar a condução do

trabalho em desenvolvimento. São eles:

a) Fazer uma revisão sobre o sistema de medição de desempenho organizacional,

baseado na teoria proposta por Kaplan e Norton (1992), denominada Balanced

Scorecard;

b) Propor um método para o desenvolvimento do conjunto de indicadores estratégicos a

serem utilizados; e

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4

c) Elaborar um exemplo de aplicação para a CAvC, a fim de demonstrar a adequação do

método sugerido.

1.4 - Relevância do tema

O BSC é uma teoria moderna de gestão estratégica apresentada há pouco mais de uma

década. Com este trabalho foi possível constatar que na literatura da área existe uma carência

de informações sobre o tema, pois este ainda encontra-se em desenvolvimento. Desta forma, o

objetivo pretendido pode ser justificado pela necessidade de se empreender estudos

direcionados ao aprofundamento do BSC.

Além disso, deve-se destacar a importância da definição e implementação de um SMD

na CAvC, servindo como uma ferramenta de apoio a decisão, para otimizar a forma de gestão

adotada atualmente e servir de base para outros trabalhos semelhantes no âmbito do CTA e

Comando da Aeronáutica. Com isso, pretende-se destacar a necessidade de se adotar técnicas

gerenciais modernas em instituições públicas a fim de se obter um maior retorno social do

serviço prestado.

Vale ressaltar também a importância destas mudanças no âmbito do Cluster

Aeronáutico de São José dos Campos. O CTA, responsável pela Certificação Aeronáutica no

Brasil, constitui-se em participante fundamental do Cluster Aeronáutico Nacional. A maior

parte das receitas geradas pelo Setor Aeronáutico é oriunda da exportação de bens e serviços

de pós-venda. Conforme a prática estabelecida internacionalmente no Setor Aeronáutico e

formalizada em acordos bilaterais, para exportar aviões brasileiros necessita-se, inicialmente,

da Certificação do Projeto e da Produção concedida pela Autoridade Nacional e da

conseqüente aceitação ou validação da certificação pela autoridade do país importador. Desta

forma, o reconhecimento internacional da competência e da eficiência da Autoridade

Aeronáutica Primária, responsável por conduzir o processo de certificação inicial de uma

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nova aeronave, são fatores que influenciam diretamente na competitividade das empresas

aeronáuticas no mercado globalizado.

Considerando essas necessidades, entende-se que o desenvolvimento de um SMD para

a CAvC é importante para o desenvolvimento da Indústria Aeronáutica Brasileira. Para que se

possa alcançar o pretendido é necessário dar-se o primeiro passo em direção ao objetivo

estabelecido, ou seja, deve-se estudar de que forma este sistema pode ser definido. A

conclusão deste trabalho consiste no estabelecimento de uma proposta de método possível de

ser implementada e adequada à realidade da organização.

1.5 - Estrutura da dissertação

Considerando-se a busca dos objetivos propostos, serão utilizados cinco capítulos para

organizar as etapas de desenvolvimento desta tese.

O capítulo 1 apresenta uma breve introdução sobre o estudo, destacando a definição

do problema, os principais questionamentos, as hipóteses consideradas, os objetivos a serem

atingidos e a relevância do tema. Já o capítulo 2 contém a fundamentação teórica na qual esta

pesquisa foi baseada. Foram revistos os conceitos relacionados à estratégia, SMD e BSC.

O capítulo 3 apresenta a metodologia utilizada em todas as etapas do trabalho. No

capítulo 4 encontra-se a análise crítica realizada sobre a organização em questão (observou-se

o ambiente interno, destacando as forças e limitações, e o ambiente externo, identificando as

oportunidades e ameaças). Ainda neste capítulo, apresenta-se a pesquisa de possíveis

indicadores e a proposta do sistema de avaliação organizacional baseado nos conceitos

estabelecidos em BSC de Kaplan e Norton (1992).

Finalmente no capítulo 5 são apresentadas as conclusões e as considerações finais

relevantes para o trabalho, assim como sugestões para trabalhos futuros.

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2 - FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Neste capítulo é realizada uma revisão dos conceitos teóricos e metodologias que

fundamentam este trabalho de pesquisa. Assim, são examinados os conceitos relacionados à

estratégia, aos sistemas de medição de desempenho e ao Balanced Scorecard (BSC). Nesse

sentido, mostra-se que a estratégia, determinada e elaborada pelas organizações para alcançar

os objetivos desejados, deve ser avaliada em termos de sua capacidade de atingir os objetivos.

Existem dificuldades associadas aos processos de avaliação, na medida em que a estratégia é

um conceito abstrato, portanto de difícil quantificação em termos de benefícios gerados. Para

solucionar estas dificuldades, a literatura acadêmica propôs a metodologia BSC que partindo

da estratégia, a desdobra até chegar-se a indicadores que refletem o desempenho para várias

dimensões da organização.

2.1 - Estratégia

2.1.1 - A origem e o significado de estratégia

O termo estratégia engloba um conceito amplo e, por conseguinte, diversas definições

podem ser encontradas na literatura. Para ilustrar as dificuldades associadas ao significado de

estratégia, Mintzberg, Lampel e Ahsltrand (2000, p.12), apresentam uma fábula,

freqüentemente citada, porém pouco conhecida:

OS CEGOS E O ELEFANTE por John Godfrey Saxe (1816-1887) Eram seis homens do Hindustão Inclinados para aprender muito, Que foram ver o Elefante (Embora todos fossem cegos) Que cada um, por observação, Poderia satisfazer sua mente. O Primeiro aproximou-se do Elefante, E aconteceu de chocar-se Contra seu amplo e forte lado Imediatamente começou a gritar: “Deus me abençoe, mas o Elefante É semelhante a um muro”.

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O Segundo, pegando na presa, Gritou, “Oh! O que temos aqui Tão redondo, liso e pontiagudo? Para mim isto é muito claro Esta maravilha de Elefante É muito semelhante a uma lança!” O Terceiro aproximou-se do animal E aconteceu de pegar A sinuosa tromba com suas mãos. Assim, falou em voz alta: “Vejo”, disse ele, “o Elefante É muito parecido com uma cobra!” O Quarto esticou a mão, ansioso E apalpou em torno do joelho. “Com o que este maravilhoso animal Se parece é muito fácil”, disse ele: “Está bem claro que o Elefante É muito semelhante a uma árvore!” O Quinto, por acaso, tocou a orelha, E disse: “Até um cego Pode dizer com que ele parece: Negue quem puder, Esta maravilha de Elefante É muito parecido com um leque!” O Sexto, mal havia começado A apalpar o animal, Pegou na cauda que balançava E veio ao seu alcance. “Vejo”, disse ele, “o Elefante é muito semelhante a uma corda!” E assim esses homens do Hindustão Discutiram por muito tempo, Cada um com sua opinião, Excessivamente rígida e forte. Embora cada um estivesse, em parte, certo, Todos estavam errados! Moral Com freqüência em guerras teológicas, Os disputantes, eu suponho, Prosseguem em total ignorância Daquilo que cada um dos outros quer dizer, E discutem sobre o Elefante Que nenhum deles viu!

Esta fábula elucida as dificuldades de se compreender na sua totalidade o conceito de

estratégia e, conseqüentemente, de se formular a estratégia. De fato, segundo Mintzberg,

Lampel e Ahsltrand (2000, p. 13):

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Somos cegos e a formulação de estratégia é nosso elefante. Como ninguém teve a visão para enxergar o animal inteiro, cada um tocou uma ou outra parte e prosseguiu em total ignorância a respeito do restante. Somando as partes, certamente não teremos um elefante. Um elefante é mais que isso. Contudo, para compreender o todo também precisamos compreender as partes.

De acordo com Camargos e Dias (2003), uma das primeiras referências ao termo

estratégia, feita pelo estrategista chinês Sun Tzu, remonta há 3000 anos atrás. Ele afirmava

que “todos os homens podem ver as táticas pelas quais eu conquisto, mas o que ninguém

consegue ver é a estratégia a partir da qual grandes vitórias são obtidas”.

Segundo Steiner e Miner (1981 apud CAMARGOS; DIAS, 2003), a palavra estratégia

é originária da Grécia Antiga e significava inicialmente “arte do geral”. Posteriormente

adquiriu uma conotação voltada para a guerra, denotando general, arte e a ciência de conduzir

um exército por um caminho (MEIRELLES, 2003). Para Hayes e Wheelwright (1984, apud

KIYAN, 2001), a palavra estratégia se originou do grego strategos cuja tradução pode ser

entendida como “a arte do generalato”. Para Mintzberg e Quinn (1991 apud CAMARGOS;

DIAS, 2003), o termo estratégia assumiu o sentido de habilidade administrativa na época de

Péricles (450 a.C.), quando passou a significar habilidades gerenciais (administração,

liderança, oratória e poder). No tempo de Alexandre (330 a.C.), adquiriu o significado de

habilidades empregadas para vencer um oponente e criar um sistema de governo global.

Com isso, pode-se dizer que as idéias originárias da estratégia militar forneceram a

base para composição da atual estratégia empresarial. Freqüentemente a competitividade

empresarial é associada a um cenário de guerra. Nakamura (1999) escreveu:

O pensamento empresarial, por meio de sua face mais moderna, a competitividade, revela-nos a influência da visão militar relativa ao assunto. A competitividade diz respeito a um estado de guerra entre as empresas e como cada uma delas concentra seus exércitos (recursos) para ataque ao inimigo (concorrentes).

Dentre muitos conceitos existentes para o vocábulo estratégia, pode-se destacar dois

de grande interesse para este trabalho. O primeiro é a definição de Ferreira (1988), que

Page 22: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

9

descreve a estratégia como sendo “a arte de aplicar os meios disponíveis com vista à

consecução de objetivos específicos, arte de explorar condições favoráveis com o fim de

alcançar objetivos específicos”. Já segundo Wright, Pringle e Kroll (2000 apud RUAS, 2003),

a estratégia pode ser definida como “planos da alta administração para alcançar resultados

consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização”.

Em síntese, segundo Camargos e Dias (2003), a estratégia teve diversas fases e

significados. Evoluiu de um conjunto de ações militares para uma disciplina do conhecimento

administrativo, a Administração Estratégica, que vem conquistando espaço tanto no meio

acadêmico quanto no empresarial.

2.1.2 - A evolução da Administração Estratégica

A Administração Estratégica é uma evolução das Teorias das Organizações, que se

caracteriza pela multidisciplinaridade e consolidou-se influenciada pelas teorias da sociologia

e da economia.

Até a década de 50, a preocupação dos empresários limitava-se aos aspectos internos

às empresas, pois as condições ambientais externas eram de relativa tranqüilidade e

estabilidade, o mercado era pouco diversificado e oferecia oportunidades de rápido

crescimento.

As décadas seguintes foram marcadas por mudanças significativas que influenciaram

diretamente o mundo empresarial. As relações de mercado tornaram-se mais intrincadas,

exigindo perfil gerencial empreendedor, respostas rápidas aos movimentos dos concorrentes,

foco no cliente e redefinição da função sócio-econômica das organizações. No período

posterior a 2ª Guerra Mundial surgiram as grandes corporações de administração complexa

em um mercado cada vez mais globalizado, dinâmico e competitivo. Esse novo cenário foi o

berço da Administração Estratégica, cujo principal objetivo é a adequação constante da

Page 23: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

10

organização ao seu ambiente, a fim de garantir a criação de riquezas para os acionistas e a

satisfação dos empregados, clientes e fornecedores (CAMARGOS; DIAS, 2003).

De acordo com Bertero (1995), o planejamento estratégico era limitado à análise do

ambiente organizacional interno, destacando os pontos fortes e fracos da organização, e,

posteriormente, passou a realizar o planejamento e administração de mudanças motivadas

pelo ambiente externo. Devido à imprevisibilidade crescente do ambiente de negócios, o

planejamento estratégico encontrou dificuldades em prosperar e, nesse contexto, emergiu a

Administração Estratégica, incorporando a responsabilidade pelo desenvolvimento e

implantação da estratégia.

Existem diversas propostas diferentes de planejamento estratégico, entretanto todas

trazem as mesmas idéias básicas. Essas podem se resumir da seguinte forma: considere o

modelo SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats), divida-o em etapas

claramente delineadas, desenvolva cada uma dessas etapas com listas de verificação e

técnicas dando especial atenção no início ao estabelecimento de objetivos claros e, no final, à

elaboração de orçamentos e planos operacionais (MINTZBERG; LAMPEL; AHSLTRAND,

2000). Como exemplo, a figura 1 apresenta o diagrama representativo do modelo de

planejamento estratégico proposto por Steiner (1969 apud MINTZBERG; LAMPEL;

AHSLTRAND, 2000).

Page 24: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

11

Figura 1 - O modelo de Steiner de Planejamento Estratégico

(Fonte: Adaptado de STEINER apud MINTZBERG; LAMPEL; AHSLTRAND, 2000)

O resultado final do planejamento estratégico se caracteriza por estabelecer um

conjunto de informações, tais como: objetivos, orçamentos, estratégias e programas, que

devem ser reunidas em um sistema de planos operacionais. Esses, por sua vez, podem tornar-

se extremamente elaborados, como sugere a figura 2 que apresenta o chamado sistema de

planos, desenvolvido no Stanford Research Institute.

Page 25: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

12

Figura 2 - Sistema de planos apresentado pelo Stanford Research Institute

(Fonte: Adaptado de STEINER apud MINTZBERG; LAMPEL; AHSLTRAND, 2000)

A estratégia, como disciplina da Administração e prática gerencial formal, foi

impulsionada e obteve aceitação a partir da disseminação dos conceitos trazidos pelo

planejamento estratégico, que hoje é considerado apenas um de seus instrumentos. Nas

metodologias existentes de elaboração de planejamento estratégico, a estratégia aparece como

uma das fases do planejamento. Esta etapa caracteriza-se pela seleção de caminhos a serem

trilhados a partir do conhecimento dos pontos fortes e fracos da organização e da

Page 26: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

13

identificação das oportunidades e ameaças existentes em seu ambiente de atuação

(MEIRELLES, 2003).

Embora seja claro atualmente que estratégia é um termo mais amplo do que

planejamento estratégico, nem sempre foi assim. As metodologias de planejamento

estratégico foram disseminadas na prática gerencial devido a sua simplicidade e utilidade e,

ainda, por apresentar uma ferramenta compreensível que pretendia, como resultado final, a

elaboração de estratégias a partir de processos formais, racionais e controlados de análise e

decisão. Desta forma, a ferramenta conhecida como planejamento estratégico tornou-se mais

importante que o fim, ou seja, a estratégia, o posicionamento e a decisão.

A mudança de foco, antes no orçamento e planejamento a longo prazo e hoje na

estratégia e na ação estratégica, está associada, fundamentalmente, ao reconhecimento de que

as organizações encontram-se inseridas em uma realidade da qual fazem parte e não podem

tomar decisões sem considerar as demandas ambientais. O conceito proposto por Ansoff e

McDonnell (1993 apud MEIRELLES, 2003), para a administração estratégica, destaca essa

inter-relação entre organização e ambiente: “a Administração Estratégica é um enfoque

sistemático a uma responsabilidade importante e cada vez mais essencial da administração

geral: posicionar e relacionar a empresa a seu ambiente de modo que garanta seu sucesso

continuado e a coloque a salvo de eventuais surpresas”.

Para Bertero (1995), a estratégia empresarial passou por várias fases, tais como: as

diretrizes de negócios, o planejamento estratégico, as diretrizes administrativas e a gestão ou

administração estratégica, até alcançar a forma atual de um aspecto da Administração ou de

uma abordagem do gerenciamento integrado da empresa.

Conforme Mintzberg, Lampel e Ahsltrand (2000), existem variadas formas de se

observar os aspectos relacionados ao processo de estratégia. Cada ponto de vista forma uma

Page 27: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

14

escola de pensamento. No atual estágio de desenvolvimento considera-se a existência de dez

diferentes escolas (tabela 1), cada uma com características particulares, vantagens e

desvantagens.

Tabela 1 - As dez escolas de estratégia (Fonte: Elaborado pelo autor)

Natureza Escolas Formulação de

estratégia como um processo

Do Design De concepção

Do Planejamento Formal Prescritiva

Do Posicionamento Analítico

Empreendedora Visionário

Cognitiva Mental

De Aprendizado Emergente

Do Poder De negociação

Cultural Coletivo

Descritiva

Ambiental Reativo

Integrativa De Configuração De Transformação

As três primeiras escolas, de natureza prescritiva, focalizam principalmente em como

as estratégias deveriam ser formuladas em detrimento de como elas são formuladas. A escola

do Design, que surgiu na década de 60, descreve a formulação de estratégias como um

processo de elaboração informal, essencialmente de concepção. Esta introduziu os alicerces

sobre os quais se desenvolveram as escolas do Planejamento e Posicionamento. A escola do

Planejamento teve seu auge nos anos 70 e definiu a formulação de estratégias como um

processo formal separado e sistemático. Na década de 80, a escola do Planejamento perdeu

espaço em relação à do Posicionamento. Essa prioriza a seleção de posições estratégicas no

mercado.

As seis escolas seguintes, de natureza descritiva, preocupam-se com a descrição de

como as estratégias são formuladas de fato. A escola Empreendedora associa a estratégia com

Page 28: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

15

o espírito empreendedor do ser humano e descreve o processo em termos da criação da visão

pelo grande líder. A escola Cognitiva busca utilizar os conhecimentos da psicologia cognitiva

para entrar e compreender a mente do estrategista. Estas duas escolas focalizam

essencialmente o indivíduo como formulador de estratégias, enquanto que as quatro escolas

seguintes agregam outras forças e agentes no processo de formulação de estratégias.

A escola do Aprendizado conclui que o mundo é demasiado complexo para que as

estratégias sejam desenvolvidas como planos ou visões claros em apenas uma única vez.

Assim sendo, a estratégia deve ser elaborada paulatinamente, à medida que a organização se

adapta ou aprende. Já a escola do Poder focaliza a formulação da estratégia como um

processo de negociação, oriundo de conflitos de grupos internos à organização ou entre

organizações num ambiente externo. Em contrapartida, a escola Cultural associa a formulação

da estratégia com a cultura organizacional presente, ou seja, considera o processo

fundamentalmente coletivo e cooperativo. Finalmente, a escola Ambiental acredita que a

formulação de estratégias é um processo reativo deflagrado pelas condições impostas pelo

ambiente externo. Desta forma, busca-se compreender as pressões existentes nas

organizações.

Por último tem-se a escola de Configuração que procura combinar os principais

aspectos das outras nove escolas. Em busca da integração, elementos como o processo de

formulação de estratégias, o conteúdo das mesmas, as estruturas organizacionais e seus

contextos são agrupados em estágios ou episódios distintos. Estes estágios podem ser, por

exemplo, de crescimento empreendedor ou maturidade estável, que seqüenciados ao longo do

tempo descrevem os ciclos de vida das organizações. No entanto, se determinada organização

acomodar-se em um quadro estável, então a formulação de estratégias deve descrever o salto

de um estágio para outro. Desta forma, essa escola descreve o processo como sendo de

Page 29: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

16

transformação e incorpora grande parte da teoria e da prática prescritiva sobre mudanças

estratégicas.

Da discussão anterior, pode-se depreender que a administração estratégica é uma área

do conhecimento que incorpora diversas abordagens para o processo de formulação de

estratégias. Esse caráter heterogêneo da disciplina é discutido por Mintzberg, Lampel e

Ahsltrand (2000), quando observam a evolução da Administração Estratégia a partir de

escolas surgidas em diferentes estágios, algumas das quais já atingiram o auge e declinaram,

outras ainda em desenvolvimento e outras que se encontram estáveis (ver figura 3).

Figura 3 - Evolução das dez escolas da estratégia

(Fonte: Adaptado de MINTZBERG; LAMPEL; AHSLTRAND, 2000)

De acordo com Camargos e Dias (2003), o caráter dinâmico e mutável da

Administração Estratégica pode ser explicado pela diversidade interna de conceitos, a partir

Page 30: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

17

dos quais evoluiu. Atualmente observa-se que a Administração Estratégica caminha para a

constituição mais elaborada e fechada de uma disciplina independente, até mesmo da

Administração.

A Administração Estratégica está presente nas organizações modernas, pois estas têm

incorporado a adoção de estratégias, conscientemente ou não, como uma prática regular.

Assim, na sua concepção mais moderna a Administração Estratégica constitui um conjunto de

ações administrativas que permitem aos gestores manter as organizações integradas ao seu

ambiente e na direção correta de desenvolvimento, garantindo-lhes alcançar objetivos e metas

estabelecidas. A estratégia, assim como a organização e o ambiente, não é algo estático ou

acabado, ao contrário, está em contínua transformação. Desta forma a Administração

Estratégica desempenha a função de integrar estratégia, organização e ambiente em um todo

coeso, rentável e sinérgico (CAMARGOS; DIAS, 2003).

2.1.3 - O ambiente

Tendo como base os conceitos apresentados nos dois tópicos anteriores, concluiu-se

que a observação do ambiente, no qual está inserida uma organização, é imprescindível para o

entendimento da dinâmica organizacional.

O ambiente de uma organização congrega os aspectos internos, determinando o seu

ambiente interno, e os fatores exteriores que a influenciam direta ou indiretamente,

caracterizando o seu ambiente externo. Na literatura da área, existem diversos modelos de

representação do ambiente. Na figura 4 é apresentado o modelo proposto por Certo e Peter

(1993).

Page 31: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

18

AMBIENTE IN TERNO

Aspectos organizacionais

Aspectos de Marketing

Aspectos de pessoal

Aspectos de processos

Aspectos financeiros

AMBIENTE O PERAC IONAL

Com ponente

Internacional

Componente

Forne cedor

Com ponente

Cliente

Com ponente

Concorrência

AMBIENTE GERAL

Com ponente Social

Componente Econômico

Com ponente Político

Com ponente Te cnológico

Componente Legal

Com ponente

Mão-de-obra

AMBIENTE IN TERNO

Aspectos organizacionais

Aspectos de Marketing

Aspectos de pessoal

Aspectos de processos

Aspectos financeiros

AMBIENTE O PERAC IONAL

Com ponente

Internacional

Componente

Forne cedor

Com ponente

Cliente

Com ponente

Concorrência

AMBIENTE GERAL

Com ponente Social

Componente Econômico

Com ponente Político

Com ponente Te cnológico

Componente Legal

Com ponente

Mão-de-obra

Figura 4 - Visão sistêmica do ambiente organizacional

(Fonte: Adaptado de CERTO; PETER, 1993)

De acordo com Kiyan (2001), o ambiente interno é constituído tanto pela estrutura

organizacional formal quanto a informal. Aspectos organizacionais e financeiros, modelos de

gestão, processos internos, interesses institucionais e pessoais, relacionamentos interpessoais,

cultura, valores, entre outros, definem o panorama interno.

Segundo Bateman e Snell (1998), as organizações são sistemas abertos que sofrem

influências e, por sua vez, afetam seus ambientes externos. Entende-se por ambiente externo

todas as forças relevantes além dos limites da empresa, ou seja, os fatores que

administradores devem atentar a fim de conduzir suas organizações com sucesso.

O ambiente externo pode ser definido, segundo Chiavenato (2000), como sendo tudo

aquilo que envolve externamente a organização. Representa o contexto dentro do qual

Page 32: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

19

encontra-se inserida e, em seu escopo, existem variáveis que influenciam direta ou

indiretamente a organização.

Conforme apresentado por Certo e Peter (1993), o ambiente externo concentra forças

que transcendem ao controle das organizações, como por exemplo, interferências

governamentais ou ações da concorrência. De forma a se ter uma apresentação mais didática,

considera-se dois níveis distintos para o ambientes externo, são eles: o ambiente operacional e

o ambiente geral.

O ambiente operacional, ou competitivo, é composto pela empresa e seus

concorrentes, fornecedores, clientes, novos entrantes e possíveis substitutos. No nível mais

global, o ambiente geral, ou macroambiente, inclui os aspectos políticos, econômicos, social,

tecnológico e legal (BATEMAN; SNELL, 1998).

A ferramenta mais difundida e empregada na análise do ambiente organizacional é o

método SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats) ou, em português, FF/OA

(Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças).

Esta ferramenta tem a finalidade de reconhecer quais são as forças e as limitações da

organização, descrevendo assim o ambiente interno, bem como, identificar as oportunidades e

ameaças do ambiente externo. Este aplicativo foi desenvolvido com a finalidade de que sejam

aproveitadas as forças internas e as oportunidades, e reduzidas as limitações e as ameaças

externas (CHIAVENATO, 2000).

O método preconiza que inicialmente deve-se fazer uma análise externa do meio

ambiente, com a finalidade de avaliar as oportunidades e ameaças que o contexto atual

apresenta. Desta forma, pretende-se apontar quais oportunidades devem ser aproveitadas e

quais as ameaças devem ser mitigadas.

Page 33: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

20

Com base no conhecimento adquirido a respeito do ambiente externo no qual está

inserida a organização, deve-se fazer uma análise das condições internas, com a finalidade de

se avaliar os pontos fortes e fracos da organização. Os pontos fortes constituem as forças

propulsoras da organização, enquanto os pontos fracos constituem as limitações e forças

restritivas (CHIAVENATO, 2000). A análise interna fornece um panorama das habilidades e

recursos da organização, bem como do nível de desempenho geral e funcional (BATEMAN;

SNELL, 1998).

Tanto a análise ambiental como a organizacional servem de base para a elaboração da

estratégia, uma vez que esta busca a otimização dos esforços e recursos da organização em

direção a resultados capazes de assegurar o alcance dos objetivos.

2.1.4 - A formação da estratégia

De acordo com Mintzberg, Lampel e Ahsltrand (2000), a escola do Design representa,

sem dúvida, a visão mais influente sobre formação da estratégia. Os seus conceitos-chave

continuam a formar a base dos cursos em estratégia, assim como grande parte da prática da

administração estratégica.

A escola do Design propõe um modelo de formulação estratégica que pretende atingir

uma adequação entre as capacidades internas e as possibilidades externas. O lema desta

escola pode ser definido como “Estabelecer adequação”.

Segundo os conceitos difundidos pelos autores desta escola, a estratégia pode ser

visualizada como o elemento unificador das atividades das áreas funcionais da empresa com o

ambiente externo. Nesta abordagem, a formulação de uma estratégia considera a justaposição

dos pontos fortes e fracos da empresa com as oportunidades e ameaças apresentadas pelo

ambiente externo, ou seja, o ponto de partida para a elaboração da estratégia é a análise

Page 34: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

21

SWOT, anteriormente apresentada, que representa um dos principais benefícios deste modelo.

O modelo básico da escola do Design é apresentado a seguir.

Avaliação Externa

Avaliação Interna

Ameaças e oportunidades no ambiente

Forças e fraquezas da organização

Criação de estratégia

Avaliação e escolha da estratégia

ESTRATÉGIA

Fatores-chave de sucesso

Competências distintivas

Responsabilidade social

Valores gerenciais

Avaliação Externa

Avaliação Interna

Ameaças e oportunidades no ambiente

Forças e fraquezas da organização

Criação de estratégia

Avaliação e escolha da estratégia

ESTRATÉGIA

Fatores-chave de sucesso

Competências distintivas

Responsabilidade social

Valores gerenciais

Figura 5 - Modelo básico da escola do design

(Fonte: Adaptado de MINTZBERG; LAMPEL; AHSLTRAND, 2000)

Conforme apresentado na figura 5, na etapa seguinte à análise do ambiente externo, no

qual são definidos os fatores-chave de sucesso, e interno, estabelecendo-se as competências

distintivas, ocorre a geração de possíveis estratégias, sendo essas também influenciadas pelos

valores gerenciais e a responsabilidade social envolvida.

Uma vez determinadas as estratégias alternativas, deve-se aplicar um processo de

avaliação a fim de se escolher aquela considerada a melhor entre as opções sugeridas. Em

outras palavras, supõe-se que diversas estratégias foram apresentadas e devem ser avaliadas

para que uma seja selecionada.

Richard Rumelt (1997 apud MINTZBERG; LAMPEL; AHSLTRAND, 2000), fornece

uma estrutura para se fazer essa avaliação, na forma de uma série de testes:

Page 35: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

22

Consistência – a estratégia não deve apresentar objetivos e políticas mutuamente

inconsistentes;

Consonância – a estratégia deve representar uma resposta adaptativa ao ambiente

externo e às mudanças críticas que ocorrem dentro do mesmo;

Vantagem – a estratégia deve propiciar a criação e/ou manutenção de uma vantagem

competitiva na área de atividade selecionada; e

Viabilidade – a estratégia não deve sobrecarregar os recursos disponíveis, nem criar

subproblemas insuperáveis.

Como resultado da avaliação espera-se a definição de uma estratégia a ser implementada.

A escola do Design tem como premissa que a estratégia escolhida deve ser explícita e,

conseqüentemente, precisa ser simples. Entende-se que a estratégia deve ser explícita para

quem a elaborou e, se possível, articulada de maneira que os outros membros da organização

possam compreendê-la e absorvê-la na forma de cultura organizacional, fator diferencial para

ganhos no mercado. Segue-se, portanto, que ela deve ser mantida de forma simples.

Uma vez formulada a estratégia, esta é implementada. Portanto, a preocupação deixa de

ser a formulação da melhor estratégia, e passa a ser a avaliação da execução da estratégia

corporativa selecionada. Portanto, a seguir são analisados os sistemas de medição de

desempenho.

2.2 - Sistema de medição de desempenho

2.2.1 - Conceituação de sistema de medição de desempenho

De acordo com Kiyan (2001), o ato de medir encerra um conjunto de atividades,

pressupostos e técnicas, com a finalidade de quantificar variáveis e atributos do objeto a ser

Page 36: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

23

analisado, enquanto a palavra desempenho traduz a idéia de algo que já foi realizado,

executado ou exercido.

Para Bond (2002), a medição de desempenho pode ser definida, genericamente, como

a atividade de se determinar os indicadores de desempenho, sua extensão, grandeza e

avaliação, a fim de adequar, ajustar ou regular alguma atividade. Quando sistematizada na

forma de um sistema de medição, é considerada uma entidade que agrega um conjunto de

indicadores individuais, que visam prover informações sobre o desempenho de determinadas

atividades para fins específicos.

A medição de desempenho é um conceito multidisciplinar, trabalhado por várias áreas

do conhecimento, tais como Administração, Ciências Contábeis, Economia, Engenharia,

Psicologia, entre outras. A busca de se medir o desempenho de equipamentos, dos produtos,

dos processos ou, até mesmo, da execução da estratégia corporativa, visa, sobretudo,

incrementar a compreensão da organização quanto à realidade na qual está inserida,

permitindo que melhores decisões sejam tomadas e ações efetivas tragam os resultados

esperados.

Para melhor entendimento do que vem a ser um sistema de medição de desempenho,

faz-se a seguir uma comparação entre o comportamento humano e o corporativo. Assim

Gouillart e Kelly (1995), em Transforming the organization, apresentam uma analogia

interessante, argumentando que ninguém gosta de uma pessoa hipócrita, pois essa professa

viver de acordo com um determinado conjunto de princípios e valores, mas, no entanto, age

de acordo com um outro, freqüentemente influenciado por interesses pessoais obscuros. Em

contrapartida, na visão desses autores, a sociedade admira aqueles sujeitos íntegros com seus

princípios e que desempenham as ações em busca de objetivos claros. Esses, por sua vez, são

suportados por objetivos de longo prazo e, em última instância, pelo conjunto de princípios e

Page 37: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

24

valores. Ao contrário do íntegro, o hipócrita parece não ter o senso de comprometimento com

os seus valores.

Uma organização também pode ser hipócrita. Quando almeja e inspira uma visão

alicerçada em um conjunto de valores e em objetivos de longo prazo, mas não age em

consonância com seus objetivos e sem a pauta de valores desejados. Este tipo de organização

negligencia a integração entre o conjunto de objetivos estratégicos e o conjunto de medidas.

Esse último conjunto, chamado de Sistema de Medição de Desempenho (SMD), é necessário

para traduzir a visão e os valores em ações, imperativas para a condução da companhia na

direção desejada.

Idealmente, a vida humana e a corporativa são processos de ações orientados a

objetivos, cujo sucesso é medido pela consecução desses, ao longo do caminho. A integridade

humana depende do alinhamento entre objetivos e ações, da mesma forma que a integridade

corporativa. Assim como o íntegro demonstra senso de comprometimento, avaliando-se de

acordo com objetivos determinados, a organização íntegra também deve fazer o mesmo.

De acordo com Gouillart e Kelly (1995), o comprometimento das organizações com

sua visão e valores pode ser representado pelo seu sistema de medição de desempenho. O

SMD constitui-se em um dos pilares fundamentais à sustentação das corporações. A seguir,

apresentam-se as quatro características essenciais que um SMD deve possuir:

a) Medidas e objetivos de alto nível – um sistema de medidas físicas é construído sobre

um conjunto de unidades-padrão que representam atributos comuns de diferentes

características físicas, como metro para comprimento, quilograma para massa, litro

para volume e segundo para tempo, entre outras. De forma similar, um sistema de

medição de desempenho corporativo deve ser erguido com base em padrões

Page 38: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

25

representativos de atributos comuns de desempenho, de diferentes perspectivas do

negócio.

b) Conectores entre os objetivos de alto nível – deve-se identificar uma relação de causa

e efeito entre os objetivos de alto nível. Quando os objetivos são corretamente

formulados, há o estabelecimento de uma inter-relação sinérgica, responsável por

conduzir a organização ao sucesso;

c) Indicadores operacionais – enquanto a alta administração desenvolve o sistema de

medição de desempenho organizacional, devem existir equipes operacionais

responsáveis por identificar oportunidades reais de melhoria e quantificar os

resultados dos benefícios potenciais. No entanto, o foco do trabalho desenvolvido por

essas equipes não deve ser a construção do sistema de medição, e sim, a

implementação de melhorias nas práticas do dia-a-dia que tragam benefícios de curto

prazo mensuráveis pelos indicadores operacionais.

d) Conectores entre os indicadores operacionais e as medidas de alto nível – a última

característica consiste na relação funcional existente entre os indicadores e medidas.

Se as medidas e os objetivos são relevantes em todos os níveis organizacionais, deve-

se desenvolver um conjunto de indicadores de desempenho representativo desses.

Na literatura consultada é possível encontrar-se uma grande diversidade de finalidades

e benefícios decorrentes da utilização de um SMD, estruturado de maneira a garantir o

alinhamento das medidas realizadas com os objetivos estratégicos. Podem-se destacar os

seguintes:

Comunicar a estratégia e explicitar os valores;

Identificar possíveis oportunidades;

Page 39: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

26

Diagnosticar problemas existentes;

Compreender os processos internos;

Definir responsabilidades;

Aprimorar o controle e o planejamento;

Identificar as ações necessárias;

Orientar e promover a mudança de comportamentos;

Tornar visível o trabalho realizado; e

Incrementar o envolvimento das pessoas.

Historicamente os SMDs desenvolveram-se com o propósito de monitorar e manter o

controle organizacional. Deste fato decorre a importância atribuída aos indicadores de

desempenho no controle das operações, com a finalidade de identificar pontos críticos, que

comprometam o desempenho, e indicar possibilidades de melhorias.

Em uma organização o processo de tomada de decisão deve ocorrer com base no

conhecimento existente sobre processos, produtos, aspectos operacionais, relação com

clientes, entre outros. Com este propósito, os SMDs auxiliam os gestores fornecendo dados e

informações que incrementam a compreensão organizacional a respeito da realidade.

Um SMD não apenas fornece dados necessários para controle das atividades da

empresa, mas também influencia as decisões e o comportamento organizacional. Pode ser

ainda uma ferramenta valiosa para identificar possibilidades de melhorias em processos e

acompanhar as mudanças sugeridas.

Compreender a importância, os objetivos e as possibilidades da medição de

desempenho é essencial para que gestores desenvolvam SMDs estruturados de forma

consistente e alinhados com a estratégia corporativa, definindo adequadamente o que deve ser

Page 40: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

27

medido, qual o método de análise de dados empregado e como as informações resultantes

serão utilizadas.

O uso de medidas de desempenho como elemento estratégico é relativamente recente.

As empresas há muito tempo, realizam medidas, de eficiência, produtividade, tempo de ciclo

e qualidade dos processos, produtos e serviços, focadas somente nos aspectos operacionais do

negócio. Por outro lado, as novas abordagens apresentadas para os SMDs procuram

determinar o que realmente deve ser medido, para garantir o alinhamento das ações no dia-a-

dia com a estratégia organizacional pretendida.

Essas novas propostas para elaboração de SMDs são reflexos do rápido processo de

mudanças pelo qual o mundo vem passando. Os SMDs tradicionais preocupavam-se

exclusivamente em métricas financeiras, como faturamento, lucro, retorno sobre o

investimento (ROI), entre outros. Estes foram desenvolvidos em uma época caracterizada por

um ambiente com perfil comprador e até certo ponto estável. A partir a década de 70 o

ambiente corporativo tornou-se gradualmente mais instável, o perfil comprador cedeu lugar a

um mercado “ofertante” e a concorrência assumiu escala global. Esse novo contexto impôs

novos desafios ao modo de administrar as empresas e, o emprego dos SMDs tradicionais,

revelou incongruências diante desta nova realidade. Desta forma, busca-se atualmente a

integração de métricas focadas em outras perspectivas consideradas também relevantes para o

sucesso da organização. Os aspectos relacionados a esta transformação serão discutidos nos

tópicos a seguir.

2.2.2 - Sistemas de medição de desempenho tradicionais

Observa-se, ao longo da história, que os SMDs possuíam eminentemente um caráter

financeiro. Existem registros financeiros de transações comerciais realizadas por egípcios,

fenícios, chineses, entre outros, que possuem milhares de anos. Durante as grandes

Page 41: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

28

navegações, as atividades das empresas globais de comércio eram medidas e monitoradas

pelos livros-caixa dos contadores. Durante a Revolução Industrial, as grandes corporações de

diversos setores desenvolveram inovações na medição de desempenho financeiro, que

exerceram um papel importante em seu crescimento. Já no início do século XX, o sucesso das

empresas DuPont e General Motors deveu-se ao desenvolvimento de indicadores como

Retorno Sobre o Investimento (ROI), o orçamento operacional e o orçamento de caixa.

De acordo com Bond (2002), existe um grande número de empresas que ainda

possuem SMDs baseados exclusivamente em indicadores financeiros. Contudo, tais

indicadores apresentam limitações em apoiar os objetivos estratégicos e em promover a

melhoria contínua das organizações. Os indicadores tradicionais não reconhecem a

necessidade de integração do negócio, por concentrar-se em processos de controles isolados.

Sendo assim, os projetos de melhorias, construídos com base nos resultados da avaliação, são

aplicados sem levar em consideração a empresa como um todo. E ainda, para complicar as

dificuldades gerenciais, os sistemas de custeio produzem informações baseadas em dados

históricos, incompatíveis com a necessidade dos gestores, que devem possuir dados

atualizados em um ambiente dinâmico.

Segundo Neely (1998 apud BOND, 2002), os indicadores tradicionais possuem

deficiências e, por isso, a partir dos anos 80, passaram a ser criticados em publicações que

alertavam para a inadequação dos SMDs tradicionais. As características negativas podem ser

resumidas em:

Não apresentam visão estratégica;

Foco em resultados de curto prazo;

Ausência de informações relacionadas à qualidade, entrega e flexibilidade;

Não possuem métricas voltadas para o cliente e desempenho da concorrência;

Page 42: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

29

Incentivo a otimizações locais; e

Pouco incentivo a inovações.

Para Kaplan e Norton (1992), os indicadores tradicionais são criticados pelo foco

retrospectivo e incapacidade de apresentar uma trajetória para criação de valor, ou seja, não

melhoram a satisfação do cliente, a qualidade dos produtos e serviços fornecidos e a

motivação dos colaboradores.

Apesar de todas as críticas elaboradas a respeito das medidas financeiras, as empresas

não devem abandoná-las, pois servem para sintetizar os resultados econômicos imediatos de

ações consumadas. Esses resultados são importantes para satisfação dos acionistas e do

mercado acionário, que baseado nesse tipo de métrica prevê oscilações nos valores das ações.

Os objetivos financeiros devem funcionar como orientação para os objetivos e medidas de

outras perspectivas competitivas.

2.2.3 - Sistemas de medição de desempenho modernos

Os novos sistemas de medição de desempenho incorporaram determinadas

características com a finalidade de minimizar, ou mesmo eliminar, as deficiências

apresentadas nos sistemas tradicionais. Desta forma, pretende-se contornar os problemas

vivenciados pelas organizações que ainda adotam SMDs tradicionais.

Na literatura disponível foi possível encontrar muitas informações a respeito das

características que os novos SMDs devem possuir. Em Bond (2002), é apresentado um

sumário das características relevantes dos novos SMDs, segundo a opinião de diversos

autores, conforme mostra a tabela 2.

Page 43: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

30

Tabela 2 - Características relevantes dos novos sistemas de medição de desempenho (Fonte: Adaptado de BOND, 2002)

Alinhamento

com a

estratégia

Suporte a

melhoria

continua

Abrangência

da cadeia de

suprimentos

Relações

causa-

efeito

Indicadores

financeiros e

não-financeiros

Reflexo de

progresso e

tendências

Mudança do

ambiente

institucional

Identificação de

área chave de

desempenho

Equalização

entre

perspectivas

Maskell (1991) X X X X X X

Kaplan e Norton (1992) X X X X X X X

Eccles e Pybum (1992) X X X X

McGee e Prusak (1994) X X X X

Hronec (1994) X X X X X

Nelly et al (1994) X X X X X

Bititci (1995) X X X X X X X

Drucker (1995) X X X X X X

Lebas (1995) X X X X X X

Rose (1995) X X X X

Ghalayini e Noble (1996) X X

White (1996) X X X

Lockamy (1998) X X

Beamon (1999) X X X

Brown (2000) X X X X X X X

Simons (2000) X X X X X X

Total de citações 9 8 5 7 14 9 5 11 9

Page 44: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

31

A partir dos resultados apresentados, é possível descrever sinteticamente quais são as

características relevantes que os SMDs modernos devem apresentar. Tendo como referência

básica o número de citações, a seguir são apresentadas as características mais comuns, em

ordem decrescente:

Ter medidas financeiras e não-financeiras;

Avaliar áreas-chave de desempenho e não indivíduos;

Ser alinhado à estratégia corporativa e de fácil compreensão para os funcionários;

Identificar tendências e acompanhar progressos, em tempo real;

Balancear a importância das perspectivas do negócio;

Direcionar e suportar a melhoria contínua;

Facilitar o entendimento das relações de causa e efeito;

Abranger todo o processo, desde o fornecedor até o cliente; e

Ser dinâmico e influenciar a atitude dos funcionários.

Os novos SMDs, ao incorporarem essas características, pretendem agregar todos os

dados relevantes, por meio da integração de indicadores de desempenho financeiros e não-

financeiro, que permitam monitorar o passado e planejar o futuro. Ao longo do tempo, a

estrutura de um SMD deve refletir as operações básicas do suporte organizacional, sempre

voltado para a relação intrínseca entre indicadores de desempenho e estratégia.

Para Bond (2002), ao conceber e implementar um SMD, os gestores devem determinar

as metodologias para coleta das medidas, sua periodicidade e métodos de análise e utilização.

Procuram considerar os aspectos relacionados à cultura organizacional e o apropriado

equilíbrio do sistema com o ambiente interno e externo a fim de prover soluções adequadas

para indicadores conflitantes.

Page 45: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

32

As características relevantes que um SMD moderno deve possuir foram consideradas,

por diversos autores, durante o processo de elaboração de propostas para novos SMDs.

Atualmente, identifica-se na literatura vários modelos, dentre eles:

Balanced Scorecard;

Desempenho Quantum;

Estruturas de Indicadores de gestão;

Modelo de Desempenho para Manufatura Classe Mundial;

Modelo de Medição para Valor Adicionado;

Sete Critérios de Desempenho;

Sistema de Medição de Desempenho Integrado e Dinâmico;

Sistema de Medição de Desempenho para Competição Baseada em Tempo; e

SMART – Performance Pyramid.

Ainda durante esta fundamentação teórica, será apresentada, em detalhes, a proposta

do BSC, introduzida por Kaplan e Norton (1992). Esse foi o modelo conceitual escolhido

como base teórica para a elaboração da proposta do SMD a ser aplicado na CAvC, devido a

algumas de suas características particulares e forte enfoque estratégico. O modelo sugere a

tradução de elementos estratégicos em ações específicas, avaliadas em um quadro balanceado

de indicadores, conforme quatro perspectivas básicas (financeira, clientes, processos e

aprendizado). Com isso, possibilita que o desempenho seja avaliado segundo indicadores

financeiros e não financeiros, apoiando a gestão por processos e identificando as operações

sob uma ótica sistêmica. Considerando as exigências impostas pelo ambiente tecnológico,

garante o suporte equilibrado tanto para a dimensão serviços como também para a gestão do

Page 46: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

33

conhecimento, proporcionando um ambiente favorável à inovação dos processos por meio de

avaliações estratégicas constantes.

2.2.4 - Conceituação e características de indicadores de desempenho

Algumas considerações a respeito de indicadores são válidas, a fim de definir e

caracterizar este que é o ente fundamental de um sistema de medição de desempenho.

Para Macedo (1996), indicadores podem ser definidos como observações e medidas

quantitativas, semi-quantitativas ou qualitativas que definem o estado e o dinamismo de um

sistema; sendo estas medidas apoiadas sobre dados verificáveis e controláveis. Esta definição

contém os elementos essenciais que caracterizam um sistema de indicadores voltado à

aplicação gerencial.

Ao afirmar que são observações e medidas, estende-se o conceito de meras estatísticas

e números a parâmetros, sempre elaborados de forma a determinar não apenas o estado

presente do sistema, mas também a sua dinâmica de funcionamento.

O conceito de que os indicadores devem apoiar-se em dados verificáveis visa garantir

que os resultados exibidos pelos indicadores tenham consistência, isto é, sejam inequívocos e

independam de quem executou a apuração. Por fim, os dados precisam ser controláveis, ou

seja, qualquer indicador implica ônus para ser mantido, atualizado, divulgado, logo não é

pertinente manter indicadores que não se destinem a desencadear ações corretivas.

Existem diferentes tipos de indicadores capazes de medir efeitos de naturezas

distintas. Dentre os aspectos mais comuns, destacam-se os indicadores de eficiência, de

efetividade e de eficácia, cuja breve distinção é apresentada a seguir:

Indicadores de eficiência – visam observar o emprego racional dos recursos,

normalmente são relações entre resultados e insumos (“outputs/inputs”). Também

são conhecidos por indicadores de produtividade;

Page 47: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

34

Indicadores de efetividade – relacionam resultados obtidos com os objetivos

iniciais, ou seja, representa o grau de controle com que o processo foi conduzido, em

relação aos objetivos iniciais. De certa forma, avalia-se aqui o nível de eficácia das

estratégias adotadas; e

Indicadores de eficácia – relacionam os resultados com os interesses da sociedade,

num caso muito geral, ou do cliente direto. Também são chamados de indicadores

de qualidade.

Os tipos de indicadores comentados podem ser segregados didaticamente em

exemplos onde apenas uma das dimensões seja dominante, todavia seus efeitos não são

facilmente distintos na prática, pois ocorrem de forma interativa e dinâmica em todo o

processo.

De acordo com Sink e Rossler (1989 apud MACEDO, 1996), medir é o processo de

determinar as qualidades e dimensões da variável alvo; enquanto que avaliação é o processo

de determinar a significância ou valor da variável alvo mediante apreciação cuidadosa e

estudo. Baseado nisso, o indicador deve simplesmente medir e, por conseguinte, a análise dos

resultados deve ocorrer em um processo à parte, intitulado de avaliação. Pode-se afirmar que

a avaliação não pode ser realizada sem indicadores, no entanto os indicadores também não

têm razão de existir se não forem posteriormente avaliados.

Um indicador observado individualmente é frio, ou seja, ele requer uma interpretação

para revelar o significado da informação contida nele. Esta interpretação deve considerar o

contexto em que o indicador foi medido e comparar com a meta ou com sua série histórica, a

fim de que sejam estabelecidas conclusões, de forma a auxiliar no processo de tomada de

decisão.

Page 48: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

35

Conclui-se que os indicadores não têm o objetivo de avaliar, de emitir julgamento

sobre fatos ou ações. Devido a sua limitação natural de simplesmente indicar algum efeito por

meio de uma medida, os indicadores são apenas um dos elos de uma corrente, seguido de

análise, recomendação e decisão.

Avaliação, acompanhamento e controle são baseados sempre em indicadores.

Quaisquer julgamentos, estabelecimentos de prioridades ou tomadas de decisão, são emitidos

após análises de indicadores. Assim, a definição de um quadro de indicadores é o primeiro

passo num processo onde se pretende avaliar uma organização.

Indiretamente, os indicadores ainda possibilitam o estabelecimento de valor para

determinados aspectos e incentivam mudanças benéficas de comportamento, pois ao se adotar

um determinado indicador fica transparente que este aspecto é importante para a organização

e, naturalmente, aquelas pessoas que tem influência direta sobre o indicador começam a se

preocupar com ele.

Apesar de todos os benefícios que o estabelecimento de indicadores possa trazer, não

se devem desprezar os possíveis riscos decorrentes de sua utilização. Nesse sentido, os

principais aspectos relacionados são:

Interpretação isolada – sempre se deve considerar o contexto no qual o indicador foi

obtido, ou seja, fazer uma análise abrangente da condição, pois esta pode converter

um resultado inicialmente negativo em positivo e vice-versa. Para que seja possível

realizar este tipo de análise, é mister entender o significado do indicador em

profundidade, sendo esta uma tarefa nem sempre trivial;

Estabelecimento dos níveis ótimos – nem sempre o máximo ou o mínimo de um

indicador são os ideais para a organização. O estabelecimento dos níveis ótimos

(metas) é atribuição da alta administração. Recomenda-se cautela nesta etapa em

Page 49: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

36

função dos possíveis impactos que pode haver, pois as organizações são sistemas

que apresentam grande inter-relação entre seus subsistemas. Deve-se respeitar a

dinâmica natural do sistema para que funcione de forma equilibrada;

Utilização correta – os indicadores existem para auxiliar a administração, portanto,

não podem ser confundidos com os objetivos estratégicos da organização. Assim, as

ações administrativas não podem ser orientadas exclusivamente à melhora de um

determinado indicador, pois este resultado deve ser conseqüência natural de um

estado mais saudável do sistema. E ainda, não podem servir de referência para

sanções ou punições, por acarretar efeitos danosos severos tanto ao sistema de

indicadores quanto ao clima organizacional; e

Aceitação geral – para que um sistema de indicadores seja eficaz, é necessário haver

a aceitação geral por parte dos partícipes do sistema. Além disso, deve ser feito um

trabalho de orientação e esclarecimento a fim de que as pessoas envolvidas

compreendam a finalidade dos indicadores, e assim, aceitem e confiem nos

resultados extraídos do sistema.

Considerando as características inerentes e as possibilidades que os indicadores de

desempenho apresentam, conclui-se que a escolha desses, para compor um SMD, deve ser

realizada de forma criteriosa, considerando todas as particularidades da organização e das

pessoas que colocarão em prática tal sistema.

Page 50: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

37

2.3 - Balanced Scorecard

2.3.1 - Origem histórica do Balanced Scorecard

Teorias contemporâneas sobre gestão (management) surgiram concomitantemente

com a produção em massa no início do século XX. O advento da produção em massa,

introduzida por Henry Ford, pode ser considerado como a segunda revolução industrial, isto

porque a partir da “serialização”, mudanças significativas ocorreram no seio da sociedade

moderna. O berço e palco desta revolução foram os Estados Unidos e teve como base

econômica a indústria automobilística. Desde então, estudiosos de gestão procuram encontrar

soluções uniformes para determinar como alocar recursos, na maioria das vezes escassos, com

eficiência. As pesquisas realizadas em busca da eficiência operacional resultaram em diversas

novas teorias de gestão.

Na aurora do século XX, Frederick W. Taylor estabeleceu os conceitos básicos sobre

alocação de recursos em Principles of Scientific Management, publicado em 1911.

Na década de 20, com base em observações da linha de produção e em estudos de

movimento, a primeira experiência de uma produção em massa sistematizada forneceu, aos

teóricos, material a ser analisado, com o propósito de alocar, com maior eficiência, a mão-de-

obra disponível na época.

Na década de 30, o tópico principal da gestão foi a motivação dos empregados. Este

interesse voltado às áreas das ciências humanas ocorreu, porque se percebeu a existência de

uma relação entre longas jornadas de trabalho e baixa produtividade. Esses estudos mostraram

que a natureza humana não permite que se trabalhe durante longas horas, em tarefas

repetitivas, sem ocorrer a elevação do nível de frustração e conseqüente diminuição da

produtividade.

Page 51: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

38

Nas décadas de 40 e 50, métodos estatísticos foram introduzidos na tentativa de medir

os resultados das operações de produção e verificar sua relação com o sucesso da empresa do

ponto de vista financeiro.

Nas décadas de 60 e 70, foram introduzidos os conceitos de qualidade, com foco

direcionado ao cliente, à redução do desperdício e à melhoria contínua. Esses conceitos foram

aplicados com sucesso no Japão, que sofria com escassez de recursos e que, após a Segunda

Guerra, passava por grandes dificuldades econômicas.

No início dos anos 80, uma grande variedade de técnicas de gestão foram

apresentadas, motivadas, em parte, pela introdução e rápido desenvolvimento dos

computadores. As razões particulares para a elaboração de novas teorias foram catalisadas,

principalmente, pela competição, sempre crescente, resultante do aumento sistemático do uso

de computadores e, também, pelo rápido crescimento da importância dada ao capital humano.

Nos dias de hoje, as empresas encontram-se num ambiente em mutação, onde está

ocorrendo uma mudança de paradigma. A competição da era industrial está se transformando

na competição da era da informação. Uma síntese da evolução histórica descrita pode ser

observada na figura 6, a seguir:

Page 52: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

39

Fatores de produtividade

Produção personalizada

1700 1900 1970 2000=

EUROPA

ARTESANAL

INGLATERRA

MECANIZADO

EUA

SERIA

LIZADO

JAPÃO

QUALIDADE

GLOBAL

MANUFA

TURA

ENXUTA

Revolução Industrial

Sistema Ford

Sistema Toyota

ERA DA INFORMAÇÃOERA INDUSTRIALFatores de produtividade

Produção personalizada

1700 1900 1970 2000=

EUROPA

ARTESANAL

INGLATERRA

MECANIZADO

EUA

SERIA

LIZADO

JAPÃO

QUALIDADE

GLOBAL

MANUFA

TURA

ENXUTA

Revolução Industrial

Sistema Ford

Sistema Toyota

ERA DA INFORMAÇÃOERA INDUSTRIAL

Figura 6 - Síntese histórica da evolução dos fatores de produtividade

(Fonte: Adaptado de ALVES, 2002)

Durante a era industrial, aproximadamente entre 1850 e 1970, as companhias que

obtinham sucesso eram aquelas que sabiam capturar os benefícios resultantes das economias

de escala e escopo. Atualmente, o sucesso está ocorrendo em empresas que desenvolvem, ou

assimilam rapidamente, novas tecnologias, as transformam em produtos inovadores e, com

eficiência, disseminam essas inovações no mercado. Ou seja, a adaptabilidade das

organizações, em função de novos paradigmas tecnológicos e mercadológicos, é um fator

vital para alcançar vantagens competitivas necessárias à perpetuação do negócio.

Na era industrial, sistemas de controle financeiro foram desenvolvidos para facilitar e

monitorar a alocação eficiente de recursos físicos e financeiros. Entretanto, a era da

informação, iniciada nas últimas décadas do século XX, tornou obsoletas muitas hipóteses

fundamentais adotadas na era industrial. O ambiente estabelecido pela era da informação

requer, tanto das organizações produtivas quanto de serviços, novas habilidades para alcançar

o sucesso competitivo. A capacidade de uma empresa em explorar e mobilizar seus ativos

Page 53: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

40

intangíveis tornou-se mais importante do que o investimento e a gestão de ativos físicos

tangíveis.

As empresas da era industrial criaram uma severa distinção entre dois grupos de

empregados. O primeiro grupo formava a elite intelectual, gerentes e engenheiros, que usava

suas habilidades analíticas para desenvolver produtos e processos, administrar clientes e

supervisionar as operações diárias. O segundo grupo era composto pelas pessoas que

realmente produziam os produtos e realizavam os serviços. Esta força de trabalho direto, que

cumpria as tarefas sob supervisão do primeiro grupo, era o fator principal de produção. Nos

dias atuais, os ganhos de produtividade devidos, principalmente, à automação acarretaram o

incremento do número de pessoas desenvolvendo funções analíticas: administração,

engenharia, gestão, marketing. Com isso, as pessoas passaram a ser vistas como

solucionadoras de problemas e não mais como custos variáveis. Em outras palavras, pode se

afirmar que a era da informação introduziu o conceito de gestão do conhecimento.

Os conceitos de qualidade, difundidos e aplicados fortemente a partir dos anos 60,

posteriormente associados àqueles praticados pela gestão da qualidade, resultaram em uma

variedade de iniciativas bem sucedidas conhecidas nos tempos atuais, dentre algumas pode se

listar:

Just in Time;

Gestão da Qualidade Total;

Reengenharia;

Organização com Foco no cliente;

Six Sigma; e

Lean Enterprise.

Page 54: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

41

Alguns desses programas trouxeram grandes benefícios às firmas que obtiveram êxito

ao implementá-los. No entanto, outros provaram ser ineficazes ou ineficientes, resultando na

desorganização, na desestruturação ou até, no pior dos casos, na falência completa de

organizações. De acordo com Kaplan e Norton (1996), a principal razão para o fracasso

dessas está diretamente relacionada a cinco grandes problemas de implementação, descritos

brevemente a seguir:

a) Os sistemas de medição de desempenho atuais são baseados em modelos de

contabilidade financeira tradicionais, que não permitem analisar objetivamente as

empresas da era da informação;

b) As medidas não-financeiras, quando realizadas, baseiam-se unicamente no

desempenho dos funcionários sob o ponto de vista tático, e não de acordo com a

estratégia global da companhia;

c) As formas de motivação financeira são orientadas ao curto prazo, o que não permite o

alinhamento com os objetivos no longo prazo;

d) Os programas de aperfeiçoamento de pessoal e desenvolvimento organizacional não

estão intimamente relacionados à estratégia das empresas; e

e) Geralmente, a alocação de recursos não se encontra direcionada à estratégia,

resultando em recursos financeiros subdimensionados para as áreas cruciais ao

desenvolvimento de organizações.

Por meio da observação sistemática de empresas, bem e mal sucedidas, assevera-se

que o desempenho financeiro superior e a eficiência produtiva são necessários, porém não

suficientes para garantir vantagens competitivas. Para Kaplan e Norton (1996a, p.55), “as

medidas financeiras empregadas são muito genéricas e não estão relacionadas com os

Page 55: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

42

objetivos estratégicos específicos que irão prover uma vantagem competitiva sustentável”.

Sendo assim, cada vez mais é requerida uma atenção especial a aspectos intangíveis do

negócio.

Durante pelo menos os 20 últimos anos, as principais publicações, da área de gestão,

apresentaram artigos que descrevem metodologias de como implementar mecanismos de

controle, com a abrangência de todas as perspectivas importantes para as companhias. Uma

das ferramentas mais versáteis desenvolvidas foi o Balanced Scorecard (BSC).

De acordo com Kallas (2003), o início dos estudos que originaram o Balanced

Scorecard remonta aos anos 90, quando a KPMG (consultoria multinacional de gestão

americana), por meio de uma unidade de pesquisa, o Instituto Nolan Norton, patrocinou uma

pesquisa de um ano com diversas empresas, denominado “Measuring performance in the

organization of the future”. A motivação para esse trabalho surgiu da crença de que os

métodos existentes de avaliação do desempenho empresarial, baseados em indicadores

financeiros, estavam prejudicando a capacidade das empresas em criar valor econômico para

o futuro. Representantes de empresas, pertencentes a diversos setores da economia, reuniram-

se com a finalidade de desenvolver um novo modelo para um sistema de medição

desempenho. O líder do grupo de pesquisa foi David P. Norton, executivo principal do Nolan

Norton, que teve como consultor acadêmico Robert S. Kaplan. Este já era conhecido no meio

acadêmico por suas publicações a respeito de critérios de mensuração, como o custeio ABC.

As conclusões desse estudo foram sintetizadas em um artigo publicado na Harvard

Business Review (janeiro-fevereiro de 1992), com o título The Balanced Scorecard –

Measures that Drive Performance. Esse propõe um sistema de medição balanceado, no qual

consideram, além do aspecto financeiro, outras três novas perspectivas, descritas a seguir:

Aprendizado e crescimento (gestão do conhecimento);

Page 56: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

43

Processos internos (eficiência operacional); e

Do cliente (satisfação do cliente e imagem externa da empresa).

A escolha das perspectivas descritas baseou-se num pressuposto básico, considerado

pelos autores, o qual considera uma relação de causa e efeito entre as perspectivas, que

conduz ao sucesso no nível estratégico. A causa fundamental está relacionada com as pessoas

que participam da organização, enfocadas no BSC pela perspectiva de aprendizagem e

crescimento. Uma organização, composta de funcionários qualificados e motivados, será

conduzida naturalmente a melhoria de seus processos internos. Desta forma, poderá oferecer

melhores produtos e serviços aos clientes, que ficarão mais satisfeitos. O aumento da

percepção de satisfação traz a “fidelização” dos clientes e, conseqüentemente para a empresa,

um incremento na parcela de participação no mercado. Este resultado reflete-se diretamente

em resultados financeiros, na forma de receitas, lucros e retornos sobre os investimentos. Esta

relação pode ser representada graficamente, como:

Estratégia

Perspectiva financeira

Perspectiva do cliente

Processos internos

Aprendizado e crescimento

Estratégia

Perspectiva financeira

Perspectiva do cliente

Processos internos

Aprendizado e crescimento

Figura 7 - Relação de causa e efeito das perspectivas do BSC

(Fonte: Adaptado de KAPLAN; NORTON, 2004)

Page 57: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

44

Apesar das perspectivas sugeridas serem genéricas, essas são adequadas e suficientes

para a maioria das organizações. No entanto, de acordo com Kaplan e Norton (1996),

perspectivas complementares podem ser agregadas desde que sejam essenciais para o sucesso

da estratégia da organização. Os conceitos gerais e aplicações práticas do BSC merecem

maior detalhamento nos tópicos a seguir.

2.3.2 - O Balanced Scorecard como sistema de medição de desempenho

De acordo com os artigos publicados por Kaplan e Norton (1992,1993), o BSC surgiu

inicialmente como uma proposta para um sistema de medição de desempenho.

Para melhor compreender o que é um sistema de medição de desempenho é sempre

útil recorrer às definições do dicionário Aurélio, que explica em primeiro lugar que medir

significa determinar ou verificar, tendo por base uma escala fixa, medida ou grandeza. Quanto

à palavra desempenho, o dicionário mostra que entende-se por execução de um trabalho,

atividade, empreendimento, que exige competência e/ou eficiência. Dessas definições deduz-

se que o ato de medir requer a existência de indicadores, pois esses revelam o comportamento

das variáveis fundamentais do fenômeno que se deseja medir.

Quanto à escolha do conjunto de indicadores, essa deve se fundamentar na capacidade

que os indicadores têm de permitir a compreensão do fenômeno, que Axson (1999 apud

Marcelli, 2000) esclarece por meio da seguinte analogia. Quando um carro está em

movimento, o painel de instrumentos fornece diversas informações, em tempo real, que

auxilia o condutor na tomada de decisões imediatas. Os indicadores de velocidade, rotação do

motor, nível de combustível e temperatura do motor são suficientes para o monitoramento

contínuo do condutor. No entanto, outros indicadores, importantes ao bom funcionamento do

veículo, são monitorados por sensores que enviam sinais de alerta somente no caso de

problemas, por exemplo, a luz vermelha que indica falha no alternador. Ou seja, o painel de

Page 58: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

45

controle deve fornecer as informações necessárias no momento certo, sem distrair o condutor

com informações desnecessárias. Assim também, o conjunto de indicadores selecionados por

cada empresa deve ser capaz de prover apenas as informações necessárias e suficientes para

medir o desempenho da empresa na consecução de seus objetivos.

Praticamente todas as empresas possuem medidas financeiras e não-financeiras.

Geralmente, as medidas não-financeiras são usadas, somente pela média gerência, para

melhorias localizadas, enquanto a alta gerência verifica medidas financeiras agregadas, como

se essas pudessem sintetizar adequadamente os resultados operacionais alcançados pelos

funcionários. Essas empresas usam as medidas de desempenho financeiras e não-financeiras

apenas para análises táticas e controle das operações no curto prazo.

O BSC enfatiza que as medidas financeiras e não-financeiras devem ser parte do

sistema de informação para os empregados de todos os níveis da organização. Os funcionários

do nível mais baixo devem compreender as conseqüências financeiras de suas decisões e

ações e os gerentes seniores devem entender quais fatores críticos conduzem ao sucesso no

longo prazo. Assim como no caso descrito, o BSC pretende fornecer, aos gerentes, os

instrumentos necessários à condução das organizações ao sucesso competitivo. Atualmente

organizações estão competindo em ambientes complexos, desta forma, a compreensão

acurada dos objetivos e dos métodos que conduzirão aos objetivos é vital.

O BSC possibilita traduzir a missão e a estratégia organizacional em um conjunto de

medidas de desempenho, que irão compor a estrutura básica do sistema de medição.

Finalmente, cabe enfatizar que, hoje em dia, o BSC é tido não apenas como um

sistema de medição de desempenho, mas sim como uma nova forma de enxergar o negócio.

Durante a implementação de um BSC, tantos esforços são necessários, por parte da

organização, que pode ser considerado como um novo sistema de gestão.

Page 59: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

46

2.3.3 - O Balanced Scorecard como ferramenta de gestão estratégica

Segundo Kallas (2003), o BSC foi definido inicialmente como um SMD (Kaplan e

Norton, 1992 e 1993) e, posteriormente, como um sistema de gestão estratégica (Kaplan e

Norton, 2000). Entretanto, em meio a diversas publicações traduzidas para o português, nota-

se uma certa ausência de rigor quando os autores classificam o conceito criado. É possível

que, com o intuito de deixar o texto mais agradável para leitura, eles procuraram variar

palavras para evitar repetições. Desta forma, pode-se verificar diversas classificações para o

BSC, como modelo, sistema, instrumento e ferramenta.

Para Costa (2001), as classificações de SMD e sistema de gestão estratégica são

inadequadas. Sugere tratá-lo como um sistema (no sentido amplo do termo) de suporte à

decisão, pois pretende reunir os elementos-chave para poder acompanhar o cumprimento da

estratégia.

Apesar da definição se mostrar interessante no que se refere ao processo de tomada de

decisões, Kallas (2003) apresenta duas críticas. Primeiramente, o BSC pretende ser mais do

que um processo de tomada de decisões, pois também foca a comunicação da estratégia e o

feedback de seu cumprimento. Segundo, classificar o BSC como um sistema pode atribuir-lhe

mais funções do que realmente executa. Pois, de acordo com a teoria geral de sistemas, o ente

sistema é definido como um conjunto de partes coordenadas para realizar um conjunto de

finalidades. Deve possuir componentes para processar entradas em saídas, em um

determinado ambiente, com fluxo de informação, energia e recursos materiais.

Considerando os conceitos apresentados e críticas realizadas, mostra-se mais

adequado classificar o BSC como uma ferramenta de gestão, uma vez que não é direcionado

exclusivamente à tomada de decisão e nem sempre contempla todos os componentes de um

sistema.

Page 60: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

47

Kaplan e Norton (1996) definem quatro pontos principais para a construção do BSC,

cujo objetivo principal é o alinhamento estratégico com as ações operacionais:

a) Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia – o processo inicia-se com a tradução da

estratégia em objetivos estratégicos específicos, por uma equipe da alta administração.

Esses devem ser apresentados em um diagrama que mostre a relação de causa e efeito

nas diferentes perspectivas de negócio da organização (mapa estratégico). Para cada

objetivo devem ser identificados as medidas ou indicadores de desempenho, no intuito

de simplificar e agilizar a mensuração de desempenho nos diversos níveis e tornar a

análise do desempenho da organização menos subjetiva;

b) Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicos – os objetivos e medidas

estratégicos devem ser transmitidos aos empregados de todos os níveis da

organização, por meio de publicações internas, quadro de avisos, reuniões dedicadas e

outros. A comunicação visa mostrar aos funcionários quais objetivos críticos devem

ser alcançados para que a estratégia da empresa sem bem-sucedida;

c) Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas – a alta administração

deve estabelecer as metas a serem atingidas, representando uma descontinuidade

positiva no desempenho, de forma a induzir mudanças na organização. O BSC é uma

ferramenta capaz de produzir transformações significativas quando aplicado com essa

finalidade; e

d) Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico – incorporar ao BSC um contexto de

aprendizado estratégico. Em função das informações recebidas e da experiência

adquirida, caso seja necessário, a empresa deve modificar suas estratégias. Como,

além da perspectiva financeira, o BSC considera outras perspectivas, a estratégia pode

ser avaliada à luz do desempenho recente, para promover aprendizado e mudança.

Page 61: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

48

Como dito anteriormente, o BSC pretende ser mais que um sistema de medição.

Empresas inovadoras estão empregando o BSC como a estrutura central para organizar seus

processos de gestão. A verdadeira força do BSC pode ser observada quando é usado em sua

forma plena, ou seja, como uma ferramenta de gestão estratégica (ver figura 8) e não apenas

como um SMD.

Figura 8 - O Balanced Scorecard como uma ferramenta de gestão estratégica

(Fonte: Adaptado de KAPLAN; NORTON, 1997)

2.3.4 - Detalhamento do Balanced Scorecard

Tradicionalmente, os métodos de avaliação organizacionais levavam em consideração

apenas medidas financeiras. Em um movimento iniciado há aproximadamente duas décadas,

diversos autores passaram a defender a necessidade do uso de medidas não-financeiras na

avaliação de organizações.

De acordo com a argumentação de Kaplan (1983), existia a necessidade de melhorias

no sistema de medidas de desempenho com o uso de métricas não-financeiras. Modernas

técnicas de gestão como: GQT, Lean Manufacturing e Six Sigma; associadas ao

Page 62: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

49

desenvolvimento intensivo da tecnologia da informação, criaram um ambiente favorável ao

desenvolvimento de métodos de avaliação organizacional, com métricas não-financeiras. Um

desses métodos é o BSC (KAPLAN; NORTON, 1992).

De acordo com Kaplan e Norton (1996), os objetivos e medidas do BSC são oriundos

de um processo de análise top-down, a partir da missão e estratégia definida para cada

organização. O BSC se propõe a traduzir a missão e a estratégia em objetivos e medidas

tangíveis. Estas devem expressar a ponderação entre medidas externas, importantes para

acionistas e clientes, e internas, críticas para os processos, aprendizagem e crescimento.

Ainda, devem ser compostas por outcomes (medida de resultado de uma atividade ou esforço)

e drivers (medida de um fator crítico de sucesso).

O BSC observa o desempenho organizacional sob quatro perspectivas diferentes (ver

figura 9):

a) Perspectiva financeira;

b) Perspectiva do cliente;

c) Perspectiva dos processos internos; e

d) Perspectiva do aprendizado e crescimento.

Page 63: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

50

Figura 9 - As quatro perspectivas do BSC

(Fonte: Adaptado de KAPLAN; NORTON, 1997)

Segundo a hipótese formulada pelo BSC, estabelece-se uma cadeia de causa e efeito

que resulta em sucesso no nível estratégico (HERNANDES; CRUZ; FALCÃO, 2000). Ou

seja, devido ao aprendizado e ao crescimento tem-se processos internos mais eficientes, que

trazem mais satisfação aos clientes e conseqüente retorno financeiro.

As quatro perspectivas, apresentadas pelo BSC, procuram responder a quatro

perguntas básicas (KAPLAN; NORTON, 1996):

Para ter sucesso financeiro, como devemos nos mostrar aos nossos acionistas?

Para atingir nossa visão, como devemos nos mostrar para nossos clientes?

Para satisfazer nossos acionistas e clientes, em quais processos devemos ser

excelentes?

Para atingir nossa visão, como manteremos nossa habilidade de mudar e melhorar?

Page 64: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

51

O BSC consiste em uma metodologia que relaciona atividades de curto e longo prazo

com a missão e a estratégia de uma organização, por meio da definição de metas mensuráveis

definidas por consenso (KAPLAN; NORTON, 1996). É importante ressaltar a necessidade do

correlacionamento entre as ações, dentro das quatro perspectivas (RUAS, 2003).

As perspectivas do BSC estão detalhadas a seguir:

a) Perspectiva financeira – os objetivos financeiros, com as respectivas medidas

financeiras tradicionais, servem de foco para as outras perspectivas do BSC. Toda

medida selecionada para um scorecard deve fazer parte de uma cadeia de relações de

causa e efeito que culminam na melhoria do desempenho financeiro. O scorecard

deve apresentar a história da estratégia, começando pelos objetivos financeiros de

longo prazo e relacionando-os às ações que precisam ser tomadas em relação aos

clientes, processos internos e, por fim, pessoas e sistemas, a fim de que, em longo

prazo, seja produzido o desempenho econômico (KAPLAN; NORTON, 1997);

b) Perspectiva do cliente – descreve as formas nas quais o valor deve ser criado para os

clientes, como sua demanda por esse valor deve ser satisfeita e os motivos pelos quais

o cliente vai querer pagar por ele. Essa perspectiva permite que as empresas alinhem

suas medidas essenciais de resultados relacionados aos clientes, entre elas, satisfação,

fidelidade e captação, com segmentos específicos de mercado. E ainda, traduz a

missão e a estratégia da organização em objetivos específicos para segmentos

focalizados a serem comunicados a toda a organização. Em última instância significa

observar a percepção de satisfação dos consumidores devido aos produtos adquiridos

ou serviços prestados (KALLAS, 2003);

c) Perspectiva dos processos internos – analisa os processos internos da organização,

incluindo a identificação de recursos e das capacidades necessárias para elevar o nível

Page 65: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

52

interno de qualidade. Atualmente o conceito da cadeia de valor está sendo largamente

utilizado para esse tipo de análise. A identificação dos processos críticos por meio do

desenho da cadeia de valor, permite a seleção de indicadores de desempenho mais

adequados à medição dos processos selecionados para atingir a estratégia estabelecida;

e

d) Perspectiva do aprendizado e crescimento – focaliza principalmente a infra-estrutura

física e material, os sistemas de informação, o capital humano disponível, o

treinamento e capacitação de recursos humanos e o ambiente, que devem ser propícios

à geração de crescimento e melhoria no longo prazo. A habilidade de uma organização

inovar, melhorar e aprender relaciona-se diretamente com seu valor, ou seja, a causa

fundamental para o sucesso está relacionada com as pessoas da organização

(HERNANDES; CRUZ; FALCÃO, 2000).

O BSC não se limita as quatro perspectivas básicas propostas, podendo ser

adicionadas outras perspectivas vitais ao negócio em questão. No entanto, recomenda-se

buscar o balanceamento entre as perspectivas definidas, ou seja, definir a importância relativa

que cada uma delas assume dentro da estratégia global da organização. Esse balanceamento

poderá ser explicitado pelo número de indicadores definidos para cada perspectiva.

Esta metodologia básica de Kaplan e Norton aplica-se em geral para organizações do

setor privado que devem primordialmente satisfazer seus acionistas. Portanto, aplicações

deste modelo para outro tipo de organização devem sofrer adaptações que reflitam sejam

novas perspectivas, sejam relações de causa e efeito diferenciadas entre os objetivos

estratégicos. Portanto, mais adiante neste trabalho, algumas adaptações ao modelo BSC

original serão propostas, visto que a organização em estudo, de acordo com a tipologia de

Page 66: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

53

Blau e Scott, caracteriza-se como sendo uma organização de Estado, onde o público geral é o

maior beneficiário e não tem como objetivo final obter lucros (CHIAVENATO, 2000). Para

este tipo de organização, a configuração do BSC deve levar em conta que a missão destas

organizações é servir à sociedade com eficácia utilizando os recursos públicos da forma mais

eficiente possível. Assim, considerou-se que tanto as perspectivas quanto as relações de causa

e efeito entre estas devem ser redefinidas, refletindo o novo enfoque proporcionado pelos

novos objetivos estratégicos. Estes objetivos refletem que o sucesso estratégico para

instituições públicas representa sua capacidade de prover serviços essenciais e promover o

bem-estar social.

Portanto, a perspectiva do Cliente deve ser o alvo a perseguir, expressando o valor que

determinada organização representa para a sociedade como um todo. Enquanto que a

perspectiva financeira servirá como alicerce para todas as outras perspectivas e refletirá a

eficiência no uso dos recursos públicos, ou seja, a melhor relação possível entre o valor criado

para os clientes e custos dos recursos.

A lógica, apresentada para a utilização do BSC, prevê que sejam desenvolvidos

objetivos, medidas, metas e iniciativas para cada perspectiva, sempre tendo por referência a

visão estratégica para a organização. A figura 10 apresenta o BSC de forma detalhada,

incluindo as perspectivas e seus desdobramentos.

Page 67: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

54

Figura 10 - As quatro perspectivas do BSC e seus desdobramentos

(Fonte: Adaptado de KAPLAN; NORTON, 1996)

Page 68: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

55

Objetivos estratégicos – implicam na tradução da visão de futuro em objetivos

organizados, conforme as relações de causa e efeito existentes, de forma clara. Para a

visualização utiliza-se uma representação gráfica denominada mapa estratégico. Esse

mapa auxilia a fazer com que todos os indivíduos na organização entendam a

estratégia definida;

Indicadores de desempenho – definem como será medido e acompanhado o sucesso de

cada objetivo. Para cada uma das perspectivas, deve ser selecionada uma combinação

adequada de indicadores de resultados (outcomes) e de indicadores de tendência

(drivers). Os outcomes mostram o desempenho das ações passadas, enquanto os

drivers, representativos dos fatores críticos de sucesso, fazem o monitoramento

precoce da estratégia, indicando os prováveis resultados futuros;

Estabelecimento de metas ao longo do tempo – são os valores numéricos desejáveis,

atribuídos a cada indicador, ou seja, o nível de desempenho esperado ou a taxa de

melhoria a ser alcançada. As metas estratégicas podem ser ajustadas ao longo do

tempo, permitindo uma evolução do desempenho relacionado ao respectivo objetivo; e

Planos de ação e projetos estratégicos – com base nas metas determinadas ao longo do

tempo, devem-se estabelecer planos de ação e projetos, com a finalidade de permitir o

alcance das metas previstas.

2.3.5 - Elaboração de Mapas Estratégicos

Conforme apresentado, o desenvolvimento de objetivos, medidas, metas e iniciativas

para cada perspectiva, devem focar na visão estratégica estabelecida. Para tal usa-se como

referência o mapa estratégico, cuja utilidade está em traduzir a estratégia em objetivos

estratégicos específicos e relacioná-los conforme a relação de causa e efeito existente entre

Page 69: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

56

eles. De maneira a facilitar a compreensão do processo, um exemplo didático é mostrado na

figura 11.

Figura 11 - Elementos do Balanced Scorecard

(Fonte: Adaptado de KALLAS, 2003)

De acordo com Kaplan e Norton (2004), essa representação visual, denominada mapa

estratégico, deve apresentar a forma pela qual a organização cria valor. Segundo o relato de

diversos executivos, os mapas estratégicos demonstram características importantes, como ser

ao mesmo tempo natural e vigoroso. Desta forma, facilitam a compreensão e disseminação da

estratégia por todos os níveis da organização.

Um mapa estratégico é o resultado da evolução do modelo básico das quatro

perspectivas do BSC. O mapa estratégico agrega um segundo nível de informações detalhadas

que ilustra a dinâmica temporal da estratégia, permitindo maior clareza e foco nos pontos

relevantes (KAPLAN; NORTON, 2004). Essas características podem ser observadas no

modelo genérico apresentado na figura 12:

Page 70: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

57

Perspectiva de aprendizado e crescimento

Capital Humano Capital da informação

Capital Organizacional+ +

Perspectiva dos processos internos

Gestão operacional

Gestão de clientes

Gestão da inovação

Gestão dos processos

regulatórios e sociais

Perspectiva do cliente

Preço Qualidade Tempo Função Parcerias Marca

Atributos dos produtos e serviços Relacionamentos Imagem

Perspectiva financeira

ProdutividadeValor a longo prazo para os acionistas Crescimento

da receita

Relações de causa e efeito

Define a cadeia lógica pela qual os ativos intangíveis serão convertidos em valor tangível.

Proposição de valor para o cliente

Esclarece as condições que criarão valor para os clientes.

Processos de criação de valor

Identifica os processos que transformarão ativos intangíveis em resultados para os clientes e em resultados financeiros.

Grupamento de ativos e atividades

Determina os ativos intangíveis a serem alinhados e integrados para criar valor.

Perspectiva de aprendizado e crescimento

Capital Humano Capital da informação

Capital Organizacional+ +

Perspectiva dos processos internos

Gestão operacional

Gestão de clientes

Gestão da inovação

Gestão dos processos

regulatórios e sociais

Perspectiva do cliente

Preço Qualidade Tempo Função Parcerias Marca

Atributos dos produtos e serviços Relacionamentos Imagem

Perspectiva financeira

ProdutividadeValor a longo prazo para os acionistas Crescimento

da receita

Relações de causa e efeito

Define a cadeia lógica pela qual os ativos intangíveis serão convertidos em valor tangível.

Proposição de valor para o cliente

Esclarece as condições que criarão valor para os clientes.

Processos de criação de valor

Identifica os processos que transformarão ativos intangíveis em resultados para os clientes e em resultados financeiros.

Grupamento de ativos e atividades

Determina os ativos intangíveis a serem alinhados e integrados para criar valor.

Figura 12 - Modelo genérico do mapa estratégico do Balanced Scorecard

(Fonte: Adaptado de KAPLAN; NORTON, 2004)

Como foi apresentado no item 2.1 desta dissertação, existem variadas formas de

ocorrer o processo de geração da estratégia, no entanto, independente do método empregado

na criação da estratégia, o mapa estratégico representa uma maneira uniforme e consistente de

descrever a estratégia. Esses aspectos facilitam a definição dos objetivos e o gerenciamento

dos indicadores. O mapa estratégico pode ser considerado, segundo Kaplan e Norton (2004),o

elo perdido entre a formulação e a execução da estratégia (figura 13).

Page 71: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

58

M issãoP or que ex istim os

V aloresO que é im portan te para nós

V isãoO que querem os ser

E stratég iaN osso p lano de jogo ou p lano de vôo

M ap a E stratég icoT raduz a estra tég ia

B alan ced S corecardM ensuração e foco

M etas e In ic ia tivasO que prec isam os fazer

O b jetivos pessoa isO que p rec iso fazer

R esu ltados estratég icos

A cionistas sa tisfe itos

C lien tes encan tados

Processos efic ien tes e eficazes

C o laboradores m o tivados e p reparados

M issãoP or que ex istim os

V aloresO que é im portan te para nós

V isãoO que querem os ser

E stratég iaN osso p lano de jogo ou p lano de vôo

M ap a E stratég icoT raduz a estra tég ia

B alan ced S corecardM ensuração e foco

M etas e In ic ia tivasO que prec isam os fazer

O b jetivos pessoa isO que p rec iso fazer

R esu ltados estratég icos

A cionistas sa tisfe itos

C lien tes encan tados

Processos efic ien tes e eficazes

C o laboradores m o tivados e p reparados

R esu ltados estratég icos

A cionistas sa tisfe itos

C lien tes encan tados

Processos efic ien tes e eficazes

C o laboradores m o tivados e p reparados

Figura 13 - O mapa estratégico e o Balanced Scorecard no processo de criação de valor

(Fonte: Adaptado de KAPLAN; NORTON, 2004)

Por não haver uma única forma de como traduzir a estratégia organizacional, segundo

o BSC, fez-se uma pesquisa sobre quais as formas possíveis. O diagrama de desdobramento

da estratégia, sugerido pelo Comitê Temático Medição de Desempenho Global, da Fundação

para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ, 2001), foi considerado um modelo adequado

aos conceitos do BSC e, devido a sua simplicidade, clareza e didática, foi escolhido para ser

utilizado neste trabalho.

O relatório Planejamento do Sistema de Medição do Desempenho Global (FPNQ,

2001) apresenta os conceitos teóricos, as experiências reais e os resultados práticos obtidos

pelas empresas participantes, a respeito da implementação de sistemas de medição de

desempenho.

De acordo com FPNQ (2001), toda organização possui uma estratégia, independente

dessa ter sido elaborada a partir de um processo estruturado e formal, ou não. O

desdobramento da estratégia em objetivos faz-se necessária a fim de facilitar a informação a

Page 72: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

59

ser comunicada para todos os níveis da organização, bem como gerar ações objetivas em

busca das metas pré-estabelecidas. O conceito embutido no termo “objetivo” pode ser descrito

como: “um estado futuro desejado para uma perspectiva do negócio”. Esse estado pode ser

abstrato, no entanto necessita de um planejamento concreto baseado em medições a serem

realizadas. Por isso, recomenda-se que os objetivos estratégicos sejam encadeados de forma a

representar uma relação de causa e efeito entre eles. Sugere-se também que o diagrama de

desdobramento da estratégia inclua os principais desafios, obstáculos ou restrições à

consecução dos respectivos objetivos. Esses elementos são chamados de fatores críticos de

sucesso (FCS).

Na visão do Comitê Temático, o diagrama de desdobramento da estratégia ideal,

apresentado na figura 14, deve contemplar as duas entidades definidas anteriormente: os

objetivos e os Fatores Críticos de Sucesso (FCS).

Objetivo A1

Objetivo B1 Objetivo B2

Objetivo C1

Objetivo D1 Objetivo D2FCS D2

FCS D1

FCS B1

FCS C1

FCS A1

FCS B3

FCS B2

FCS D3

Perspectivas

A

B

C

D

Objetivo A1

Objetivo B1 Objetivo B2

Objetivo C1

Objetivo D1 Objetivo D2FCS D2

FCS D1

FCS B1

FCS C1

FCS A1

FCS B3

FCS B2

FCS D3

Perspectivas

A

B

C

D

Figura 14 - Diagrama de desdobramento da estratégia

(Fonte: Adaptado de FPNQ, 2001)

A representação visual pretende explicitar além das inter-relações existentes entre os

objetivos, estabelecidos de acordo com diferentes perspectivas, aquelas que ocorrem também

entre os objetivos e seus FCS.

Page 73: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

60

Assim, os mapas estratégicos servem de base para a definição de indicadores de

desempenho com a finalidade de mensurar o desempenho obtido pela organização. A

avaliação do desempenho de uma organização, no que diz respeito à sua capacidade em

alcançar seus objetivos estratégicos, ancora-se em medidas de desempenho que podem ser

classificadas em dois tipos básicos: aquelas relacionadas a resultados, como medidas

financeiras; e aquelas relacionadas aos determinantes desses resultados, como qualidade,

flexibilidade, inovação, entre outras. Enquanto as medidas de resultados informam sobre o

passado, as outras indicam tendências sobre a situação dos determinantes do desempenho

futuro. Desta forma, para que a medição de desempenho possa ser usada como um

instrumento gerencial, é necessário que haja uma combinação adequada de medidas de

resultado e medidas de tendência.

Para a medição de resultados, os indicadores utilizados para determinar se os objetivos

estão sendo atingidos, são conhecidos como outcomes e as metas são os valores numéricos

desejáveis, atribuídos a cada indicador, associados ao período de tempo da verificação. A

distância entre a meta e o outcome depende em larga medida da existência dos chamados

Fatores Críticos de Sucesso, e assim, para o monitoramento precoce da estratégia sugere-se a

definição de indicadores de curto prazo (ou de tendência), denominado drivers. Esses são

indicadores representativos dos FCS (FPNQ, 2001). Essa abordagem demonstra forte

influência da Teoria das Restrições, de Eliyahu Goldratt (1995). Na visão desse autor, para se

obter melhoria no desempenho do negócio é necessário identificar a principal restrição do

sistema e eliminá-la, para em seguida identificar a próxima restrição e assim por diante.

De forma simplificada, pode-se dizer que a seleção de indicadores estratégicos

consiste em escolher aqueles que efetivamente representam a consecução dos objetivos

(ênfase no longo prazo) e a eficácia das ações conduzidas relativas aos fatores críticos de

Page 74: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

61

sucesso (ênfase no curto prazo). Essa etapa pode ser representada graficamente, conforme

figura 15 a seguir:

Objetivo Fator Crítico de Sucesso

Planos de Ação

Projetos

Iniciat ivas

Outros

OUTCOMES DRIVERS

Objetivo Fator Crítico de Sucesso

Planos de Ação

Projetos

Iniciat ivas

Outros

OUTCOMES DRIVERS

Figura 15 - Seleção de indicadores no nível estratégico

(Fonte: Adaptado de FPNQ, 2001)

Para melhor entendimento, a tarefa de seleção de indicadores pode ser exemplificada

da seguinte forma. Considere uma empresa que estabeleceu, entre um de seus objetivos

estratégicos, superar as expectativas dos clientes. Anualmente, realiza-se nessa organização

uma pesquisa com a finalidade de determinar a percepção dos clientes em relação à qualidade

dos serviços oferecidos e prestados. Nos dias atuais, clientes desejam formas de tratamento

personalizadas e adequadas as suas necessidades. Esse é um quesito determinante na

“fidelização” dos clientes e conseqüente retorno financeiro. Desta forma, na seleção dos

indicadores estabeleceu-se, como fator crítico de sucesso, o estabelecimento de ações

orientadas ao atendimento personalizado de seus clientes. A representação gráfica da escolha

dos indicadores pode ser vista na figura 16.

Superar as expectativas dos clientes

Atendimento personalizado

Visitas mais frequentes

% de clientes “muito satisfeitos” na pesquisa anual

% de clientes visitados

Superar as expectativas dos clientes

Atendimento personalizado

Visitas mais frequentes

% de clientes “muito satisfeitos” na pesquisa anual

% de clientes visitados

Figura 16 - Exemplo prático da seleção de indicadores estratégicos

(Fonte: Adaptado de FPNQ, 2001)

É importante ressaltar que na maioria das organizações observa-se um excesso de

indicadores no nível estratégico. Normalmente, as reuniões realizadas para análise de

Page 75: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

62

resultados são longas, enfadonhas e pouco conclusivas, pois com a apresentação de uma

enorme quantidade de indicadores torna-se difícil uma análise precisa. Para se ter um

conjunto de indicadores adequado, recomenda-se observar o grau de relevância estratégica

dos mesmos. É necessário despender tempo suficiente separando o que é crítico para a

estratégia corporativa daquilo que é melhoria contínua ou manutenção do status quo.

Page 76: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

63

3 - PROPOSTA DE MÉTODO PARA DESENVOLVIMENTO DE INDICADORES DE

DESEMPENHO PARA O BALANCED SCORECARD

3.1 - Considerações iniciais

Neste capítulo será exposto o método para desenvolvimento de indicadores de

desempenho para o Balanced Scorecard (DID-BSC), sendo este desenvolvido com base na

proposta para o desenvolvimento de indicadores de desempenho como suporte estratégico de

Kiyan (2001).

Pretende-se demonstrar as etapas necessárias ao desenvolvimento de indicadores de

desempenho, a serem utilizados no sistema de medição, alinhados com os objetivos e,

conseqüentemente, com a estratégia.

Desta forma, apresentar-se-á a proposta original de Kiyan (2001) e, em seguida, as

adaptações sugeridas com as respectivas justificativas, conforme as condições de contorno

especificadas para o caso.

3.2 - Desenvolvimento de indicadores de desempenho para o BSC (DID-BSC)

Conforme enfatizado anteriormente, o processo de desenvolvimento de indicadores de

desempenho foi apresentado de forma simplista, entretanto esse processo deve ser realizado

de forma criteriosa, buscando evitar a escolha de indicadores inadequados ou desnecessários.

Para tal, recomenda-se a adoção de uma metodologia formal a ser aplicada durante a seleção

dos indicadores.

De acordo com a proposta para o desenvolvimento de indicadores de desempenho como

suporte estratégico de Kiyan (2001), que tem um caráter abrangente e não se restringe aos

modelos de SMDs propostos na literatura, as etapas necessárias ao desenvolvimento de

indicadores de um SMD podem ser resumidas em três atividades principais:

Page 77: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

64

a) Análise ambiental;

b) Definição do conjunto de indicadores; e

c) Detalhamento dos indicadores.

Essas atividades ocorrem numa seqüência lógica, estabelecendo assim um processo a

ser seguido. O processo de desenvolvimento de indicadores deve levar em consideração as

entradas do sistema (inputs) e estabelecer, de forma clara, as saídas desejadas (outputs). O

output de uma atividade pode ser o input da etapa subseqüente. A representação gráfica do

processo macro, incluindo inputs e outputs, é mostrada a seguir na figura 17:

Figura 17 - Processo macro para o desenvolvimento de indicadores de desempenho como suporte estratégico

(Fonte: Adaptado de KIYAN, 2001)

Para Kiyan (2001), o modelo proposto pretende incorporar duas idéias fundamentais,

atualmente difundidas na área de medição de desempenho:

Page 78: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

65

a) Alinhamento dos esforços organizacionais – busca-se focar as ações de melhoria em

processos considerados críticos para consecução da estratégia corporativa

determinada; e

b) Adequação e interdependência dos indicadores – pretende-se determinar se os

indicadores são aderentes aos objetivos organizacionais e a inter-relação entre eles.

Nesse estudo serão propostas adaptações e possíveis melhorias a serem adotadas no

modelo sugerido por Kiyan, com a finalidade de se obter um método de desenvolvimento de

indicadores estratégicos aplicável diretamente ao BSC.

As adaptações propostas basearam-se em 3 condições de contorno fundamentais que

direcionaram esse trabalho:

a) Aplicação do método em uma Organização Pública;

b) Utilização de ferramentas do BSC ao longo do processo;

c) Incorporação do ponto de vista holístico proposto no BSC.

O processo macro adaptado às condições de contorno apresentadas pode ser observado

na Figura 18. Algumas diferenças podem ser notadas entre o modelo original e o proposto.

A primeira refere-se ao nome dado a Etapa 1, para Kiyan chamada de “Análise

Ambiental”, optou-se por denominá-la de “Análise Estratégica”, considerando o sentido mais

amplo inerente ao termo estratégia. Conforme Mintzberg, Lampel e Ahsltrand (2000), todas

as três escolas de natureza prescritiva, ao longo do processo de criação estratégica, realizam

análises do ambiente interno e externo. Portanto, a análise ambiental pode ser considerada um

Page 79: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

66

passo dentro do processo de análise estratégica e não o contrário. No detalhamento do modelo

proposto, poderá ser observado que o primeiro passo da Etapa 1 é a análise ambiental.

Em seguida, pode-se observar a proposta de mudanças nos inputs e outputs da Etapa 1.

A primeira diferença proposta para o input baseia-se na característica pública da organização,

onde a missão regulamentar tem que ser observada acima de tudo. A organização pública

existe para cumprir com uma missão específica estabelecida de acordo com suas

responsabilidades fundamentais, independentemente de outros interesses. A segunda consiste

na exclusão da “Análise SWOT” como input da Etapa 1, pois observou-se que a análise

SWOT é realizada durante a Etapa 1. Conforme será apresentado adiante, a análise SWOT é

um output do primeiro passo da Etapa 1, ou seja, um subproduto dessa e não um input. Com

relação ao output da Etapa 1, sugerido por Kiyan (2001) como “Objetivos e Processos”,

pretende-se utilizar a ferramenta do BSC chamada Mapa Estratégico para a representação

gráfica dos objetivos e processos críticos. O output “Objetivos e Processos” passou a ser um

output do segundo passo da Etapa 1, e input para elaboração do Mapa Estratégico, conforme

será explicitado durante o detalhamento do método.

Análise Estratégica 1

Definição do Conjunto de

Indicadores 2Detalhamento dos Indicadores 3

FeedbackMissãoMapa Estratégico

Restrições

Conjunto de Indicadores

Indicadores Detalhados

Indicadores Existentes

Medidas

Conjunto

Ambiente

Responsabilidades Fundamentais

Análise Estratégica 1

Definição do Conjunto de

Indicadores 2Detalhamento dos Indicadores 3

FeedbackMissãoMapa Estratégico

Restrições

Conjunto de Indicadores

Indicadores Detalhados

Indicadores Existentes

Medidas

Conjunto

Ambiente

Medidas

Conjunto

MedidasMedidas

Conjunto

Ambiente

Responsabilidades Fundamentais

Figura 18 - Processo macro do método DID-BSC

(Fonte: Elaborado pelo autor)

Page 80: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

67

Para cada nível de análise, ocorrem atividades específicas que podem ser agrupadas

em uma seqüência de passos, para Kiyan (2001) esses estão representados conforme ilustrado

na figura 19.

Figura 19 - Estrutura detalhada do processo para desenvolvimento de indicadores de desempenho como suporte estratégico

(Fonte: Adaptado de KIYAN, 2001)

Para a compreensão detalhada das adaptações propostas, recomenda-se atenção nos

passos que ocorrem dentro de cada uma das três etapas já apresentadas. A descrição dos

diferentes passos, apresentados na figura 20, incorpora os conceitos do BSC e leva em

consideração o tipo de organização em estudo. Ou seja, o modelo de Kiyan (2001),

apresentado na figura 19, foi adaptado para o caso específico onde o SMD a ser elaborado

tem como fundamento o BSC, aplicado a uma organização de estado.

As diferenças existentes serão explicadas com base nas condições de contorno

definidas e podem ser focalizadas pelas etapas do processo.

Page 81: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

68

Na Etapa 1 observa-se a inclusão do passo 1.4, referente à elaboração do mapa

estratégico da organização, com a finalidade de fazer uso, com propriedade, dessa eficiente

ferramenta do BSC. O mapa estratégico é o output esperado da primeira etapa.

Na Etapa 2, ocorrem três diferenças fundamentais, a primeira está no input recebido

em forma de mapa estratégico no passo 2.1, com a apresentação clara dos objetivos, dos FCS

e do modelo de relacionamento entre eles, tornando mais orientado o brainstorming a ser

realizado para a sugestão de possíveis indicadores. A segunda diferença decorre da integração

dos passos 2.2 e 2.3 de Kiyan (2001) em apenas um, pois a análise de restrições e respectivas

ponderações para escolha dos indicadores mais adequados, conforme critérios estabelecidos,

podem ocorrer em um único passo, empregando-se amplamente técnicas de previsão

qualitativa. Métodos de avaliação subjetiva, como “Opinião de experts”, e métodos

exploratórios, como “Desenvolvimento de cenários” e “Método Delphi”, constituem opções

metodológicas a serem observadas como suporte para consecução da atividade. A terceira

mudança proposta nessa etapa reside no último passo sugerido. Kiyan (2001) propõe que se

construa um modelo de relacionamento dos indicadores, no entanto, com a incorporação do

mapa estratégico na Etapa 1, esse relacionamento esperado ocorre naturalmente. Por isso, o

último passo da Etapa 2 proposto é a apresentação dos indicadores segundo o modelo do

BSC.

A etapa 3 foi aquela que se manteve mais similar à proposta original de Kiyan (2001).

Houve apenas a inclusão do último passo, onde se sugere que todas as informações essenciais

sobre os indicadores escolhidos, sejam condensadas em uma única ficha, visando facilidade

de utilização e coerência de informações no momento da implementação efetiva desses

indicadores.

Page 82: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

69

Análise Estratégica 1

Definição do Conjunto de

Indicadores 2

Detalhamento dos Indicadores 3

FeedbackMissãoMapa Estratégico

Restrições

Conjunto de Indicadores

Indicadores Detalhados

Indicadores Existentes

Medidas

Conjunto

Ambiente

Medidas

Conjunto

MedidasMedidas

Conjunto

Ambiente

Passo 1.1: Obtenção de apoio

Passo 1.2: Análise Ambiental

Passo 1.3: Definição das questões estratégicas e processos

Passo 1.4: Elaboração do mapa estratégico

Passo 2.1: Geração dos indicadores

Passo 2.2: Análise das restrições e ponderação

Passo 2.3: Apresentação dos indicadores conforme BSC

Passo 3.1: Especificações gerais

Passo 3.2: Infra-estrutura da informação

Passo 3.3: Levantamento de pré-requisitos

Passo 3.4: Apresentação detalhada dos indicadores

Responsabilidades Fundamentais

Figura 20 - Estrutura detalhada do método DID-BSC

(Fonte: Elaborado pelo autor)

Sabe-se agora o que deve ser feito para elaborar um SMD baseado nos conceitos do

BSC, no entanto ainda é necessário o detalhamento de como fazer. No tópico seguinte, as três

etapas citadas anteriormente serão detalhadas.

3.3 - Detalhamento do método DID-BSC aplicado a uma organização de estado.

3.3.1 - Análise estratégica – Etapa 1

Esta etapa tem como objetivo determinar quais são os objetivos estratégicos da

empresa e quais processos organizacionais são relevantes à consecução desses objetivos. O

output previsto para esta etapa deve ser o mapa estratégico da organização. A etapa de análise

estratégica está representada graficamente na figura 21:

Page 83: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

70

Análise Estratégica 1

Definição do Conjunto de

Indicadores 2Detalhamento dos Indicadores 3

FeedbackMissãoMapa Estratégico

Restrições

Conjunto de Indicadores

Indicadores Detalhados

Indicadores Existentes

Obtenção de apoio (1.1)

Definição dos objetivos estratégicos

e processos (1.3)Elaboração do mapa

estratégico (1.4)

Análise SWOTMissão

Mapa Estratégico

Responsabilidades Fundamentais

Análise ambiental (1.2)

Figura 21 - Análise Estratégica - Etapa 1

(Fonte: Elaborado pelo autor)

Os passos apresentados serão detalhados a seguir:

Passo 1.1 – Obtenção de apoio

Este passo tem por finalidade obter o apoio da organização, principalmente da alta

administração. Sugere-se que sejam evidenciadas as possíveis vantagens que o uso de

indicadores de desempenho pode trazer, ressaltando como podem contribuir para a

minimização dos problemas vivenciados pela organização.

Este passo não será aplicado ao longo da exemplificação da proposta, pois este

trabalho pretende apenas ilustrar a proposta e não implementá-la na prática. Entretanto, vale

ressaltar que este é um passo fundamental para o sucesso do método quando aplicado na

prática.

Passo 1.2 – Análise ambiental

Essa análise deve ser realizada tendo com base (inputs) a missão estabelecida e as

responsabilidades fundamentais da organização, com a finalidade de identificar oportunidades

Page 84: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

71

e ameaças existentes no ambiente externo e forças e fraquezas inerentes ao ambiente interno

(análise SWOT).

Considerando o caso a ser exemplificado, recomenda-se que a análise dos ambientes

externo e interno contemple os seguintes aspectos:

a) Geral

i. Cenário econômico;

ii. Componente tecnológico;

iii. Componente político; e

iv. Componente legal.

b) Operacional

i. Relacionamento com clientes;

ii. Relacionamento com autoridades nacionais e internacionais; e

iii. Relacionamento com empresas nacionais e internacionais.

c) Interno

i. Análise da estrutura organizacional;

ii. Análise dos recursos (instalações, equipamentos, recursos humanos); e

iii. Análise dos processos técnicos internos.

Ao final da argumentação a respeito do tema, será apresentada uma síntese do meio

ambiente em forma de tabela, conforme exemplo a seguir:

Page 85: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

72

Tabela 3 - Resultado da análise FF/AO (ou SWOT) (Fonte: Adaptado de CHIAVENATO, 1999)

Ambiente Interno Ambiente Externo

Forças Fraquezas Oportunidades Ameaças

- - - -

- - - -

- - - -

Passo 1.3 – Definição dos objetivos estratégicos e processos relacionados

Recomenda-se definir de que maneira a organização almeja trabalhar as dimensões

competitivas dentro das diversas perspectivas, considerando a missão a ser cumprida e

responsabilidades fundamentais, além dos fatores ambientais, tanto externos como internos. A

maneira como a organização decide trabalhar pode ser entendido como os objetivos

estratégicos pretendidos. Esses devem apresentar uma relação de causa e efeito lógica e

demonstrar alinhamento com a missão estabelecida. Com base nesses objetivos, sugere-se

identificar os processos organizacionais mais relevantes para atingir dos objetivos propostos.

Passo 1.4 – Elaboração do Mapa Estratégico

Considerando os resultados do passo anterior, recomenda-se elaborar a representação

visual do modelo de relacionamento de causa e efeito entre os objetivos estratégicos e a

missão da organização. Espera-se, como resultado final da análise ambiental (etapa 1), a

elaboração do mapa estratégico da CAvC.

3.3.2 - Definição do conjunto de indicadores – Etapa 2

Esta etapa tem como objetivo definir o conjunto de indicadores a serem utilizados na

composição do SMD. Os indicadores selecionados devem ser aqueles que demonstrem maior

Page 86: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

73

adequação aos objetivos estratégicos. O resultado almejado desse processo é o conjunto de

indicadores estratégicos apresentados na estrutura proposta pelo BSC.

O processo de definição do conjunto de indicadores estratégicos consiste nos três

passos apresentados graficamente na figura 22:

Análise Estratégica 1

Definição do Conjunto de

Indicadores 2Detalhamento dos Indicadores 3

FeedbackMissãoMapa Estratégico

Restrições

Conjunto de Indicadores

Indicadores Detalhados

Indicadores Existentes

Geração de indicadores (2.1)

Análise das restrições e

ponderação (2.2)

Mapa estratégicoIndicadores existentes

Conjunto de indicadores

Apresentação dos indicadores

conforme BSC (2.3)

Restrições

Feedback

Responsabilidades Fundamentais

Análise Estratégica 1

Definição do Conjunto de

Indicadores 2Detalhamento dos Indicadores 3

FeedbackMissãoMapa Estratégico

Restrições

Conjunto de Indicadores

Indicadores Detalhados

Indicadores Existentes

Geração de indicadores (2.1)

Análise das restrições e

ponderação (2.2)

Mapa estratégicoIndicadores existentes

Conjunto de indicadores

Apresentação dos indicadores

conforme BSC (2.3)

Restrições

Feedback

Responsabilidades Fundamentais

Figura 22 - Definição do conjunto de indicadores - Etapa 2

(Fonte: Elaborado pelo autor)

Os passos apresentados serão detalhados a seguir:

Passo 2.1 – Geração de indicadores estratégicos

Sugere-se a realização de um brainstorming em busca do público alvo e a demanda de

informações sobre desempenho, para cada objetivo estratégico e processo relacionado, de

acordo com as informações oriundas do mapa estratégico.

Inicialmente deve-se procurar definir as necessidades de informação de acordo com:

O tipo de análise desejada pelos usuários;

A periodicidade de obtenção dos dados;

O foco de mensuração (processo, produto, atividades, etc); e

Page 87: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

74

As características de interesse.

Posteriormente, recomenda-se relacionar, conforme sugerido na tabela 4, os possíveis

indicadores, incluindo tanto outcomes quanto drivers, e verificar se esses indicadores já são

empregados na organização.

Tabela 4 - Tabela utilizada para registro dos indicadores gerados durante o Brainstorming

(Fonte: Adaptado de KAPLAN; NORTON, 1997)

Indicadores estratégicos Perspectivas Objetivos

estratégicos Indicadores de resultados

Indicadores de tendência

Passo 2.2 – Análise das restrições e ponderação

Deve-se realizar um levantamento, para cada um dos prováveis indicadores

estratégicos, das restrições e pré-requisitos existentes, que possam vir a ter impacto na

operacionalização.

O conjunto de possíveis indicadores e respectivas restrições devem ser analisados

adequadamente a fim de que sejam selecionados aqueles indicadores estratégicos mais

adequados à realidade da organização, tanto do ponto de vista ambiental e organizacional

quanto humano.

Os critérios empregados na escolha desses indicadores devem ser definidos de acordo

com a cultura organizacional e os valores da alta gerência, porém alguns exemplos podem ser

Page 88: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

75

utilizados como custo, nível de importância, complexidade, aplicabilidade, entre muitos

outros.

Sugere-se explicitar o resultado dessa análise, considerando os critérios adotados pelos

responsáveis do processo, de forma organizada conforme tabela 5.

Tabela 5 - Tabela utilizada para registro dos resultados das análises de restrições e ponderações, visando à escolha dos indicadores adequados

(Fonte: Elaborado pelo autor)

Objetivos Indicadores Critérios adotados Aplicabilidade

Passo 2.3 – Apresentação dos indicadores conforme BSC

No último passo da segunda etapa, busca-se elaborar a apresentação gráfica dos

indicadores estratégicos selecionados, conforme o modelo sugerido no BSC, ou seja, os

indicadores são dispostos de acordo com as perspectivas consideradas.

3.3.3 - Detalhamento dos indicadores – Etapa 3

Esta etapa tem como objetivo detalhar os indicadores estratégicos selecionados para

compor o sistema de medição de desempenho.

O nível de detalhamento dos indicadores deve contemplar suas características gerais, a

forma de tratamento das informações e os pré-requisitos para sua implementação efetiva. As

especificações dos indicadores estratégicos devem ser apresentadas em forma de tabela.

Page 89: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

76

A etapa de detalhamento dos indicadores estratégicos apresenta quatro passos, que

estão representados graficamente na figura 23:

Análise Estratégica 1

Definição do Conjunto de

Indicadores 2Detalhamento dos Indicadores 3

FeedbackMissãoMapa Estratégico

Restrições

Conjunto de Indicadores

Indicadores Detalhados

Indicadores Existentes

Especificações gerais (3.1) Tratamento da

informação (3.2) Levantamento de pré-requisitos(3.3)

Conjunto de Indicadores

Indicadores DetalhadosApresentação

detalhada dos indicadores (3.4)

Responsabilidades Fundamentais

Análise Estratégica 1

Definição do Conjunto de

Indicadores 2Detalhamento dos Indicadores 3

FeedbackMissãoMapa Estratégico

Restrições

Conjunto de Indicadores

Indicadores Detalhados

Indicadores Existentes

Especificações gerais (3.1) Tratamento da

informação (3.2) Levantamento de pré-requisitos(3.3)

Conjunto de Indicadores

Indicadores DetalhadosApresentação

detalhada dos indicadores (3.4)

Responsabilidades Fundamentais

Figura 23 - Detalhamento dos indicadores - Etapa 3

(Fonte: Elaborado pelo autor)

Os passos apresentados serão detalhados a seguir:

Passo 3.1 – Especificações gerais

Deve-se preparar um roteiro que abranja as características importantes dos indicadores

a serem listadas e, desta forma, mapear as especificações relevantes do processo de medição

de desempenho.

Existem na literatura diversos modelos de formulários para descrição das

especificações gerais de indicadores de desempenho. Alguns modelos apresentam maior foco

no tratamento das informações, como por exemplo: método de obtenção, análise e

armazenamento das informações, e outros enfatizam os aspectos humanos envolvidos no

processo, como o público alvo e o responsável pela medida.

Page 90: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

77

Tendo em vista tratar-se de um estudo acadêmico e não ser esse o foco do problema, o

modelo a ser utilizado será uma simplificação das soluções comumente utilizadas na prática,

conforme apresentado a seguir na tabela 6.

Tabela 6 - Especificações gerais dos indicadores estratégicos (Fonte: Adaptado de Kiyan, 2001)

ESPECIFICAÇÕES GERAIS Nome Abreviatura da medida Fórmula Dados Unidade da medida Perspectiva Público alvo Propósito Benefícios Dificuldades Processo relacionado

Passo 3.2 – Tratamento das informações

Sabe-se que de nada adianta ter uma infinidade de dados se não se sabe para que

servem, como devem ser tratados e quais informações podem ser extraídas da massa bruta de

dados. Por isso, esse passo busca definir os aspectos relevantes à aquisição e tratamento dos

dados e posterior distribuição das informações.

Com o propósito de facilitar e padronizar a apresentação das informações, sugere-se

adotar o modelo proposto na tabela 7.

Page 91: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

78

Tabela 7 - Tratamento de dados e informações (Fonte: Adaptado de Kiyan, 2001)

TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES Nome:

Coleta dos dados Análise dos dados Distribuição das informações

Área Responsável Fonte origem Fonte final Freqüência

Passo 3.3 – Levantamento de pré-requisitos para implementação

Identificar as principais condições que devem ser atendidas de forma a possibilitar a

implementação desses indicadores. Sugere-se analisar os pré-requisitos relativos à estrutura

física existente, metodologia de trabalho praticada e qualificação do pessoal envolvido.

Alguns exemplos de pré-requisitos são citados a seguir:

Necessidade de treinamento de pessoal;

Necessidade de aquisição de novas ferramentas e instrumentos de medição;

Necessidade de melhoria no processo de controle; e

Necessidade de geração de procedimentos e formulários.

Os resultados podem ser apresentados conforme modelo da tabela 8.

Tabela 8 - Pré-requisitos para implementação dos indicadores estratégicos (Fonte: Adaptado de Kiyan, 2001)

PRÉ-REQUISITOS Nome:

Page 92: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

79

Passo 3.4 – Apresentação detalhada dos indicadores

Consiste em agregar todas as informações destacadas nos itens anteriores para cada

um dos indicadores estratégicos selecionados. Tem como finalidade apresentar todos os

aspectos relevantes de um dado indicador, desde sua definição até necessidades para a

implementação.

Tabela 9 - Ficha completa dos indicadores estratégicos (Fonte: Elaborado pelo autor)

ESPECIFICAÇÕES GERAIS Nome Abreviatura da medida Fórmula Dados Unidade da medida Perspectiva Público alvo Propósito Benefícios Dificuldades Processo relacionado

TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES

Coleta dos dados Análise dos dados Distribuição das informações

Área Responsável Fonte origem Fonte final Freqüência

PRÉ-REQUISITOS

Page 93: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

80

4 - EXEMPLIFICAÇÃO DA PROPOSTA

Ressalta-se que a exemplificação da proposta não objetiva apresentar um sistema de

medição de desempenho organizacional real a ser implementado na CAvC. Pretende sim,

utilizar a referida organização como suporte didático para demonstrar que a metodologia

proposta pode ser aplicada na prática.

Deve ser enfatizado que as informações apresentadas, nos tópicos a seguir, são

resultados de análises segundo o ponto de vista pessoal do autor, não tendo portanto a

pretensão de esgotar o assunto. Devido ao caráter acadêmico do trabalho tem-se como

aceitável este tipo de consideração.

Enfim, almeja-se aprofundar os conhecimentos necessários para o desenvolvimento de

indicadores estratégicos que irão compor SMDs baseados naqueles propostos pelo BSC.

4.1 - A Divisão de Certificação de Aviação Civil (CAvC)

A Divisão de Certificação de Aviação Civil (CAvC) pertence ao Instituto de Fomento

e Coordenação Industrial (IFI), que é um dos quatro institutos constituintes do Centro Técnico

Aeroespacial (CTA). Esse centro representa o órgão técnico do Departamento de Pesquisas e

Desenvolvimento (DEPED), por sua vez, subordinado diretamente ao Comandante da

Aeronáutica (figura 24).

Page 94: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

81

Figura 24 - Estrutura de comando onde se insere a Divisão de Certificação de Aviação Civil

(Fonte: Adaptado de MACEDO, 1996)

A CAvC é encarregada, por força regimental, em certificar a produção e os produtos

aeronáuticos para aviação civil em nome do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), desta forma

constitui-se um dos elos executivos do Sistema de Segurança de Vôo (SEGVÔO),

estabelecido e possuidor de amparo legal de acordo com:

Lei 7565 de 19/12/99: Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA);

Portaria 860/GM3 de 23/11/94: Regulamento do CTA;

Portaria 453/GM5 de 02/08/91: Reformulação do SEGVÔO;

Portaria 088 de 30/08/04: Regimento Interno do CTA (alteração); e

Portaria 612/GC3, de 07/06/04: Regulamentações das Organizações (ICA 19-1).

Com base no CBA e portarias vigentes, pode-se afirmar que a Divisão de Certificação

de Aviação Civil encontra-se subordinada administrativamente ao CTA (figura 24) e

tecnicamente ao Departamento de Aviação Civil, conforme apresentado na figura 25:

Page 95: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

82

DACDACDEPARTAMENTO DE

AVIAÇÃO CIVIL

MIN. DA DEFESA

CENIPA

DIFICULDADES EM SERVIÇO

CERTIFICAÇÃO DE TIPO

CERTIFICAÇÃO DE PRODUÇÃO

• Atividades CTA

OPERAÇÕES MANUTENÇÃO

INSPEÇÕES• Atividades DAC

Figura 25 - Sistema de Segurança de Vôo (SEGVÔO)

(Fonte: Elaborado pelo autor)

Conforme estabelecido na Diretiva Interna DI-CavC-01 (Estrutura organizacional,

atribuições e funções da CavC), emitida em 23 novembro de 2004, a Divisão de Certificação

de Aviação Civil tem como:

MISSÃO “Promover a segurança de vôo da aviação civil, verificando o cumprimento dos

requisitos brasileiros de aeronavegabilidade e de proteção ambiental, aplicáveis ao

projeto, materiais, mão de obra, construção e fabricação em série de produtos

aeronáuticos a serem usados pela aviação civil brasileira”.

Ainda de acordo com a DI-CavC-01, a CAvC tem como responsabilidades

fundamentais:

Promover a segurança de vôo das aeronaves civis, administrando e fiscalizando a

aplicação dos RBHA, emitidos pelo Órgão Central do SEGVÔO e aplicáveis ao

projeto, materiais, mão-de-obra, construção e desempenho de produtos aeronáuticos

de fabricação nacional ou estrangeira;

Page 96: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

83

Promover a proteção ambiental quanto a ruídos e emissão de gases na atmosfera

decorrentes da operação das aeronaves civis, administrando e fiscalizando a aplicação

dos RBHA, emitidos pelo DAC;

Coordenar com o DAC as atividades relativas à sua área de competência, incluindo a

elaboração e revisão dos Regulamentos Brasileiros de Homologação Aeronáutica

(RBHA), a execução das atividades de aeronavegabilidade continuada e a

comunicação das infrações cometidas pelos fabricantes de produtos aeronáuticos, à luz

do Código Brasileiro da Aeronáutica (CBA);

Promover contatos diretos com órgãos e empresas, nacionais e estrangeiros, no

desempenho das atividades decorrentes de suas atribuições e no interesse da aviação

civil brasileira; e

Orientar o público interno e externo do SEGVÔO, prescrevendo e revisando,

conforme necessário, as normas e regras aplicáveis aos métodos, práticas e

procedimentos de homologação, de forma a melhorar continuamente a qualidade do

serviço público.

Para o cumprimento de suas atribuições legais, a CavC possui um contingente total de

163 funcionários, incluindo engenheiros, pilotos, técnicos e pessoal administrativo,

distribuídos conforme a estrutura organizacional descrita na figura 26:

Page 97: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

84

CAvCCertificação deAviação Civil

CAvC-CTComitê Técnico

CAvC-AAAuditoria Interna

CAvC-GPGerência de Programas

CAvC-GEGerência de Engenharia

CAvC-GIGerência de Inspeção e

Produção

CAvC-GRGerência de Regulamentação

PHT - Coordenação de Programas

PDS - Dificuldades em Serviço

PST - Homologação Suplementar de Tipo

PAP - Aprovação de Peças

EES - EstruturasEEI - Interface de Engenharia de

InterioresESE - Sistemas Eletro-Eletrônicos

ESM - Sistemas Mecânicos

EEV - Ensaios em Vôo

EPR - Propulsão

EMB - Interface de MRB

ESW - Interface de Software

ICP - Coordenador de Produção

IIV - Inspeção e Vistoria

IMP - Monitoramento de Produção

RRE - Regulamentação

RRI - Relações Institucionais

RAT - Acervo Técnico

CAvC-ASSupervisão de

RepresentantesCredenciados

CAvC-ACCapacitação

CAvC-ADPesquisa e

Desenvolvimento

CAvC-AIInformática

CAvC-ALLogística

CAvC-AODesenvolvimentoOrganizacional

Figura 26 - Estrutura organizacional da CavC

(Fonte: Adaptado de DI-CavC-01, 2004)

O comitê técnico, gerências e assessorias da CAvC, descritas no organograma

apresentado, possuem, cada qual, suas responsabilidades específicas. É mister conhecer as

atribuições funcionais de cada um dos elementos do sistema, de forma a se permitir a

visualização dos macro-processos existentes na divisão. De maneira abrangente, pode-se

definir as responsabilidades conforme apresentado a seguir:

Comitê Técnico - tem por atribuição o estudo e a proposta de diretrizes técnicas da

CAvC; a deliberação sobre a concessão ou revogação de homologação de empresas

e de produtos relacionados à aviação civil; e a análise e a proposta de soluções sobre

problemas técnicos surgidos na CavC;

Page 98: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

85

Gerência de Programas - tem como atribuição o gerenciamento dos processos de

certificação de produtos relacionados à aviação civil, das modificações desses

produtos e de outras atividades correlatas da Divisão;

Gerência de Engenharia - tem como atribuição a execução das atividades necessárias

à verificação do cumprimento dos requisitos de aeronavegabilidade, nos processos de

certificação de produtos relacionados à aviação civil;

Gerência de Inspeção e Produção - tem como atribuição assegurar que os produtos

aeronáuticos fabricados e/ou modificados no Brasil obedeçam aos requisitos

especificados no projeto de tipo aprovado, visando à fabricação repetida dos mesmos;

Gerência de Regulamentação - tem como atribuição a coordenação das atividades de

regulamentação, das relações institucionais com outras organizações nacionais e

internacionais, da elaboração e publicação dos procedimentos internos e externos, e do

controle do acervo técnico da Divisão;

Assessoria de Auditoria Interna - tem como atribuição a implementação, a

otimização e a auditoria dos processos internos de trabalho;

Assessoria em Capacitação - tem como atribuição a elaboração, a coordenação, a

implantação e o controle do programa de formação e aperfeiçoamento técnico do

pessoal da Divisão, bem como atuar como elo de recursos humanos para os assuntos

relativos à capacitação e avaliação de desempenho perante a CVD-RH;

Assessoria de Pesquisa e Desenvolvimento - tem como atribuição a promoção, o

incentivo e a coordenação das atividades de pesquisa e desenvolvimento na área de

requisitos e procedimentos de certificação de produtos e de empresas da aviação

civil, visando a aumentar a segurança de vôo e a acompanhar o estado da arte nestes

campos;

Page 99: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

86

Assessoria de Informática - tem como atribuição a organização, a coordenação e o

controle dos recursos de Informática da Divisão, em perfeita consonância com as

diretrizes do Instituto;

Assessoria em Logística - tem como atribuição o apoio à Divisão nos assuntos

administrativos;

Assessoria de Desenvolvimento Organizacional - tem como atribuição a coordenação

e o planejamento estratégico da Divisão;

Assessoria de Supervisão de Representantes Credenciados - tem como atribuição a

coordenação e o controle das atividades dos representantes credenciados na Divisão;

Com base na missão da organização, considerando as responsabilidades fundamentais

da CAvC e as atribuições das gerências e assessorias, pode-se representar os macro-processos

da organização conforme apresentado na Figura 27:

Fabr

ican

tes A

eron

áutic

os

Clie

ntes

Em

pres

as a

érea

s, Pr

opri

etár

ios e

Gov

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Pass

agei

ros e

Usu

ário

s de

tran

spor

te a

éreo

Aut

orid

ades

Inte

rnac

iona

is

Indústria Aeronáutica Sociedade Comando da Aeronáutica e DAC

SEGURANÇA DE VÔOCAvC

Recursos

Lideranças da Organização

Certificação de tipo, suplementar de tipo e de produtos aeronáuticos

Certificação de aeronavegabilidade

Regulamentação e acordos bilaterais

Certificação de produção aeronáutica

Auditoria Interna, Informática, Logística, Representantes Credenciados, Treinamento, Pesquisa e Desenvolvimento

Fabr

ican

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Em

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Gov

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Indústria Aeronáutica Sociedade Comando da Aeronáutica e DAC

SEGURANÇA DE VÔOCAvC

Recursos

Lideranças da Organização

Certificação de tipo, suplementar de tipo e de produtos aeronáuticos

Certificação de aeronavegabilidade

Regulamentação e acordos bilaterais

Certificação de produção aeronáutica

Auditoria Interna, Informática, Logística, Representantes Credenciados, Treinamento, Pesquisa e Desenvolvimento

Figura 27 – Ambiente e macro-processos da CavC

(Fonte: Elaborado pelo autor)

Page 100: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

87

Optou-se por utilizar esse modelo para a visualização dos macro-processos técnico-

administrativos que ocorrem na CAvC, pois, primeiramente, suporta a necessidade de

integração horizontal. Ainda, possibilita a integração de todas as dimensões requeridas ao

desenvolvimento organizacional e permite a visão de ações sistêmicas, simultaneamente, ao

desdobramento para visão local ou funcional. Por último, observa-se a integração com outros

modelos e formas de descrever a organização já em uso, como por exemplo: estrutura

organizacional ou descrição de cargos e atribuições.

Para que ocorra a transformação dos recursos externos em serviços percebidos pelo

cliente como solução para suas necessidades, deve ocorrer um conjunto de fatores, com

relevância significativa nos macro-processos da organização, são eles:

Competências;

Liderança;

Organização;

Planejamento e estratégia;

Processos;

Recursos;

Sistemas de informação e comunicação; e

Sistemas de gestão e decisão.

As informações prestadas sobre a CAvC, até o presente momento, servirão como

referências básicas à elaboração da proposta do sistema de medição de desempenho

organizacional.

A seguir, serão apresentadas as três etapas do processo de desenvolvimento de

indicadores estratégicos aplicados ao BSC sugeridas no capítulo 3.

Page 101: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

88

4.2 - Análise Estratégica - Etapa 1

4.2.1 - Obtenção de Apoio – Passo 1.1

Este passo tem por finalidade obter o apoio da organização, principalmente da alta

administração. Sugere-se que sejam evidenciadas as possíveis vantagens que o uso de

indicadores de desempenho pode trazer, ressaltando como podem contribuir para a

minimização dos problemas vivenciados pela organização.

Este passo não foi aplicado uma vez que este trabalho pretende apenas ilustrar a

proposta e não implementá-la na prática. Entretanto, vale ressaltar que este é um passo

fundamental para o sucesso do método quando aplicado na prática.

4.2.2 - Análise Ambiental – Passo 1.2

A análise ambiental da CAvC inicia-se com a representação gráfica do ambiente

organizacional, pois este passo requer o entendimento amplo do ambiente no qual está

inserida a CAvC. Na figura 28, observa-se o modelo de ambiente, sugerido por Certo e Peter

(1993), adaptado à realidade da Divisão de Certificação de Aviação Civil.

Page 102: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

89

AMBIENTE INTERNO

Aspectos organizacionais

Aspectos de pessoal

Aspectos de processos

Aspectos financeiros

AMBIENTE OPERACIONAL

Autoridades internacionais

Mão-de-obra especializada

Empresas nacionais e internacionais

Ministério da Defesa e

Comando da Aeronáutica

AMBIENTE GERAL

Componente Social

Componente Econômico

Componente Político

Componente Tecnológico

Componente Legal

AMBIENTE INTERNO

Aspectos organizacionais

Aspectos de pessoal

Aspectos de processos

Aspectos financeiros

AMBIENTE OPERACIONAL

Autoridades internacionais

Mão-de-obra especializada

Empresas nacionais e internacionais

Ministério da Defesa e

Comando da Aeronáutica

AMBIENTE GERAL

Componente Social

Componente Econômico

Componente Político

Componente Tecnológico

Componente Legal

Figura 28 - Visão sistêmica do ambiente organizacional da CavC

(Fonte: Elaborado pelo autor)

a) Descrição do ambiente geral:

i. Cenário econômico – após os atentados terroristas, acontecidos em 11 de

setembro de 2001, a Aviação Civil Mundial entrou em crise devido,

principalmente, ao decréscimo de receitas advindas do temor gerado entre os

passageiros. Esse fato afetou diretamente os fabricantes, pois sem receitas

suficientes, as companhias aéreas cancelaram ou postergaram inúmeros pedidos

de compra. Conseqüentemente, os programas de desenvolvimento e certificação

de novos produtos sofreram atrasos, devido ao elevado custo envolvido. No

entanto, os fabricantes nacionais vêm se esforçando em manter os cronogramas

estabelecidos. Deve-se observar que os custos de certificação, de uma nova

aeronave ou produto aeronáutico, são elevados e devem ser arcados pelos

respectivos fabricantes, assim sendo existe influência direta entre o cenário

Page 103: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

90

econômico mundial e nacional com a certificação aeronáutica. Da mesma forma

que outras autoridades estrangeiras, a CAvC sofre com as restrições

orçamentárias existentes;

Componente tecnológico ii. – a indústria aeronáutica é, sem dúvida, um dos

iii. o ao caráter estratégico da indústria aeronáutica

expoentes no desenvolvimento tecnológico mundial. Desde seus primórdios, a

aviação caracterizou-se como um pólo gerador de novas tecnologias. Observa-se

que na última década, a indústria aeronáutica brasileira alcançou

reconhecimento internacional devido às soluções tecnológicas apresentadas. O

retorno obtido motivou o desenvolvimento e certificação de novos projetos.

Adicionado a isto, tem-se que nas últimas três décadas houve uma diminuição

gradativa no tempo de desenvolvimento de novos produtos, devido a inovações

incorporadas no processo, como computadores, simulações e sistemas de

informação, e demanda do mercado. Com isso, os profissionais que integram a

indústria aeronáutica devem manter-se constantemente atualizados com as

novidades presentes. Participam deste grupo os engenheiros e técnicos de

certificação de aviação civil;

Componente político – devid

nacional, o governo é capaz de influenciar diretamente o setor de aviação civil.

Por meio da adoção de políticas adequadas, busca-se um cenário estável e

favorável a proprietários, operadores e fabricantes. Outro aspecto a ser

considerado, de acordo com o item 4.1 desta dissertação, a CAvC que pertence

ao Comando da Aeronáutica, diretamente subordinado ao Ministro da Defesa,

deve respeitar as obrigações estabelecidas por lei e as decisões advindas da

cadeia de comando a qual está subordinada; e

Page 104: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

91

iv. Componente legal – a CAvC, conforme apresentado anteriormente, constitui-se

o representante legal da Autoridade Aeronáutica Brasileira, para assuntos de

certificação de aviação civil. A certificação de produtos aeronáuticos, conforme

requisitos estabelecidos, tem caráter compulsório. Ou seja, a atividade

desenvolvida pela CAvC tem importância estratégica para o governo e

representa os anseios da sociedade como um todo. Pois, de acordo com a missão

estabelecida, promover a segurança de vôo na aviação civil, representa a razão

de ser da organização.

b) Descrição do ambiente operacional:

i. Relacionamento com clientes – entende-se por clientes as empresas para as

quais a CAvC presta serviços de certificação. Busca-se um atendimento rápido e

personalizado para cada cliente. Por vezes, no entanto, observam-se

características operacionais que dificultam o relacionamento com os clientes.

Essa dificuldade decorre principalmente da CAvC ser uma organização de

estado, ou seja, ao submeter-se à estrutura do poder público, perde agilidade em

questões operacionais, comparativamente à iniciativa privada;

ii. Relacionamento com autoridades nacionais e internacionais – a CAvC

relaciona-se com as autoridades nacionais, principalmente CTA, DAC e

Comando da Aeronáutica, de forma regulamentar e segue o protocolo

estabelecido. Conforme descrito em suas responsabilidades fundamentais, o

relacionamento com autoridades estrangeiras é muito importante no contexto da

divisão, tendo inclusive uma gerência dedicada a esta tarefa. Os frutos desse

relacionamento são representados pelos acordos bilaterais existentes entre a

Page 105: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

92

autoridade brasileira e as autoridades aeronáuticas estrangeiras. Com os atuais

projetos em curso, tem havido muitas oportunidades de contato, principalmente,

com autoridades americanas e européias; e

iii. Relacionamento com empresas nacionais e internacionais – devido à natureza da

atividade de certificação, ocorrem contatos constantes com empresas nacionais e

internacionais. Entre essas empresas, destacam-se fabricantes, operadores e

fornecedores, nacionais e estrangeiros. Esses contatos devem ser vistos como

oportunidades para atualização do pessoal técnico nas novas tecnologias em

desenvolvimento ou em uso pelas empresas.

c) Descrição do ambiente interno:

i. Estrutura organizacional – conforme apresentado no organograma da CAvC

(figura 29), existem quatro gerências e sete assessorias estabelecidas. As

gerências realizam as atividades-fim da divisão, enquanto que as assessorias

fornecem o apoio necessário ao chefe da divisão e às atividades programadas. É

essencial que haja integração entre as partes, pois no transcorrer de uma nova

certificação todas as gerências e algumas assessorias têm participação ativa no

processo;

ii. Recursos (pessoal, equipamentos e instalações) – de acordo com dados de

dezembro de 2004, a divisão comporta um contingente total de 163 funcionários,

sendo 100 (cem) engenheiros, 3 (três) pilotos, 26 (vinte e seis) técnicos

aeronáuticos e 34 (trinta e quatro) técnicos administrativos. Possui 168 (cento e

sessenta e oito) computadores, distribuídos um por funcionário e o restante

servindo como servidor comum a toda divisão, com capacidade total de 1,2 TB.

Page 106: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

93

A rede instalada permite a conexão externa com velocidade de 100 Mhz e todos

os funcionários possuem contas de e-mail. Os telefones instalados totalizam 25

(vinte e cinco) linhas, quantidade esta considerada inadequada à demanda

existente. Já as instalações físicas ocupadas atualmente comportam

adequadamente todas as áreas, no entanto são temporárias, pois o prédio que irá

abrigar definitivamente a CAvC encontra-se em reforma, prevista para terminar

em 2006;

iii. Processos técnicos – conforme apresentado na figura 30, existem quatro macro-

processos na CAvC, são eles:

Certificação de tipo, suplementar de tipo e de produtos aeronáuticos – de

acordo com o Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica (RBHA),

o termo “tipo” significa: aeronave, motor ou hélice. A certificação aeronáutica

é compulsória e significa ter aprovação oficial contra requisitos técnicos

estabelecidos. Esse macro-processo refere-se à certificação de novos projetos

de tipo, de grandes modificações a um projeto de tipo já aprovado

(suplementar de tipo) e de produtos aeronáuticos (ex: pneus, mangueiras,

assentos, entre outros). Um processo de certificação pode durar alguns anos,

no caso de um novo tipo, ou dias, no caso de um produto aeronáutico similar a

outro já produzido pela empresa requerente. A diversidade dos produtos

passíveis de certificação implica na formação de grupos de trabalho dedicados

a cada novo projeto. Conforme preconizado na DI-CavC-01, a coordenação

das tarefas a serem realizadas cabem à Gerência de Programas (CAvC-GP) e a

execução das atividades técnicas ficam a cargo da Gerência de Engenharia

(CAvC-GE) e da Gerência de Inspeção e Produção (CAvC-GI). Caso seja

necessário o contato com autoridades estrangeiras ou adequação de algum

Page 107: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

94

requisito, a Gerência de Regulamentação (CAvC-GR) deve ser incorporada ao

processo;

Certificação de produção aeronáutica – essa tem por objetivo garantir que cada

produto fabricado apresenta-se conforme os dados de projeto anteriormente

aprovado. Recomenda-se que o início desse processo aconteça junto ao de

certificação do tipo ou do produto aeronáutico. Pois, para suportar a

certificação da produção é necessário uma grande quantidade de informações

advindas do processo de certificação do produto. A CAvC-GI tem a

responsabilidade de coordenar e executar esse processo, e ainda, manter

estreito contato com a CAvC-GP a respeito do seu desenvolvimento. Se houver

necessidade de alguma análise técnica especializada, deve-se requisitar a

participação da CAvC-GE. No caso de contato com autoridades estrangeiras

ou adequação de algum requisito, a Gerência de Regulamentação (CAvC-GR)

também deve participar;

Certificação de aeronavegabilidade – em poucas palavras pode-se dizer que a

certificação de aeronavegabilidade significa garantir que uma aeronave está

conforme o projeto de tipo e em condições seguras de operação, ou seja, é a

autorização oficial para que uma aeronave possa voar. A Gerência de Inspeção

e Produção é encarregada de coordenar e executar as atividades técnicas e

administrativas necessárias à certificação de aeronavegabilidade. Para o caso

de aeronaves protótipos, a Gerência de Programas deve ser informada sobre

possíveis discrepâncias ou desvios encontrados; e

Regulamentação e acordos bilaterais – a Gerência de Regulamentação deve

coordenar todas as atividades referentes à elaboração ou revisão de

Page 108: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

95

regulamentos ou procedimentos, incluindo os contatos necessários com o

DAC. Os acordos bilaterais com autoridades estrangeiras, referentes a assuntos

de certificação aeronáutica, são também realizados pela CAvC-GR.

Com base na descrição do ambiente apresentada, pode-se destacar as forças e

fraquezas da organização e as oportunidades e ameaças presentes.

Tabela 10 - Resultado da análise FF/AO (SWOT) para a CavC (Fonte: Elaborado pelo autor)

Ambiente Interno Ambiente Externo

Forças Fraquezas Oportunidades Ameaças

- Pessoal com elevada

qualificação técnica

- Experiência técnica

adquirida em

programas passados

- Gerentes

comprometidos com a

melhoria contínua

- Sistema de

informação e

comunicação deficiente

- Dificuldade para

renovação de pessoal

- Dificuldade na

obtenção de recursos

financeiros e materiais

- Contato com

autoridades e

empresas nacionais e

estrangeiras

- Credibilidade e

projeção nacional e

internacional

- Novos programas em

andamento

- Grande número de

programas

simultâneos

- Desenvolvimento de

novas tecnologias em

curto tempo

4.2.3 - Definição dos objetivos estratégicos e processos relacionados – Passo 1.3

Considerando que se trata de uma organização do setor público, a perspectiva

financeira pode ser entendida como a base de recursos que fornecerá os meios para a

organização cumprir com a missão estabelecida, ao contrário do setor privado onde os

resultados financeiros positivos são o objetivo final. Nesse contexto, entende-se como

objetivo estratégico a busca da organização em garantir recursos financeiros no longo prazo.

Para que isso ocorra deve haver um planejamento financeiro com horizonte de alguns anos,

ou seja, desenvolver um plano orçamentário plurianual. Outro aspecto a ser considerado é a

sistematização dos processos financeiros, visando um melhor emprego e controle dos

Page 109: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

96

recursos. Objetiva-se desta forma minimizar as dificuldades internas relativas à obtenção de

recursos financeiros e materiais, bem como contratação e renovação de pessoal.

Segundo a perspectiva do aprendizado e crescimento, elegeram-se dois pontos de

extrema relevância. O primeiro é a manutenção da qualificação técnica do pessoal em alto

nível, considerada uma das forças da organização. Segundo, deve-se perseguir o

aprimoramento do sistema de informação e comunicação utilizado atualmente, tendo em vista

a excessiva quantidade de dados que devem ser controlados e disponibilizados em tempo real

durante os processos de certificação.

Para manutenção da qualificação técnica do pessoal, a assessoria de pessoal deve

prover treinamento adequado e constante aos engenheiros, técnicos e pessoal de apoio da

divisão, a fim de preservar uma das forças da organização. O treinamento contínuo busca

ainda minimizar as dificuldades trazidas pelo desenvolvimento acelerado de tecnologia de

ponta. Tendo os funcionários mais antigos adquirido experiência em programas passados,

deve-se incentivar a participação desses como instrutores em atividades de treinamento

interno. No intuito de reduzir custos, vislumbra-se a possibilidade de estabelecimento de

convênios ou parcerias com instituições de ensino superior consagradas.

Com relação ao sistema de informação, deve-se investir em recursos materiais e

pessoal com qualificação adequada, objetivando a integração dos sistemas locais hoje

existentes. Esse passo visa incrementar a visibilidade da informação técnica disponível.

A perspectiva dos processos internos deve concentrar na consolidação e posterior

otimização dos referidos processos. Isto associado à melhoria do sistema de informação e aos

esforços de contração e retenção de pessoal, tem como finalidade permitir o aumento da

capacidade e qualidade dos serviços prestados. A busca pela melhoria contínua, com apoio

dos gestores, deve ser praticada e assimilada como cultura na organização. Pretende-se assim

Page 110: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

97

mitigar a ameaça representada pela possibilidade de ocorrência de inúmeros programas

simultâneos e melhorar a percepção dos clientes com relação aos serviços prestados.

Em relação à perspectiva do cliente, almeja-se construir uma imagem institucional

forte, baseada na eficiência, qualidade e credibilidade de seus processos, assim como na

projeção e reconhecimento nacional e internacional. As oportunidades de contato com

autoridades devem ser aproveitadas para discussão de conceitos, troca de informações e

definição de acordos, entre outros, e com isso incrementar o conhecimento organizacional. O

relacionamento com as empresas deve ser profissional e transparente, ou seja, deve-se expor

claramente os requisitos regulamentares aplicáveis e gerenciar adequadamente todas as etapas

do processo. Deve-se aproveitar o contato próximo com as empresas para atualizar o

conhecimento em novas tecnologias desenvolvidas pelas mesmas.

4.2.4 - Elaboração do mapa estratégico – Passo 1.4

Com base nos objetivos estratégicos e processos relacionados definidos no item

anterior, elaborou-se o mapa estratégico para a Divisão de Certificação de Aviação Civil,

conforme apresentado na figura 29. Observa-se que o mapa estratégico sofreu algumas

adaptações, isto em virtude de tratar-se de uma instituição pública. Deve-se considerar como

objetivo final desse tipo de organização a missão regulamentar estabelecida, enquanto que a

perspectiva financeira serve apenas de suporte para a realização de todas as atividades

previstas.

Page 111: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

98

Garantir qualificação técnica de ponta ao pessoal

Buscar convênios com instituições de

ensino superior

Prover treinamento

Aprimorar o sistema de informação e

comunicação utilizado

Investir em tecnologia da informação

Consolidar e otimizar processos

Aumentar capacidade e qualidade de

serviços prestadosAprimorar regulamentos e procedimentos

Contratar e reter pessoal qualificado

Incentivar a inovação

Construir imagem institucional forte

Promover integração com fabricantes

nacionais e estrangeiras

Promover integração com autoridades

nacionais e estrangeiras

Missão

Cliente

Processos Internos

Aprendizado e

Crescimento

“Promover a segurança de vôo da aviação civil, verificando o cumprimento dos requisitos brasileiros de aeronavegabilidade e de proteção ambiental, aplicáveis ao projeto, materiais, mão de obra, construção e fabricação em série de produtos aeronáuticos a serem usados pela aviação civil brasileira.”

Financeira Garantir recursos financeiros a longo prazo

Sistematizar processos

financeiros

Institucionalizar orçamento plurianual

Desenvolver plano plurianual

Garantir qualificação técnica de ponta ao pessoal

Buscar convênios com instituições de

ensino superior

Prover treinamento

Aprimorar o sistema de informação e

comunicação utilizado

Investir em tecnologia da informação

Garantir qualificação técnica de ponta ao pessoal

Buscar convênios com instituições de

ensino superior

Prover treinamento

Aprimorar o sistema de informação e

comunicação utilizado

Investir em tecnologia da informação

Garantir qualificação técnica de ponta ao pessoal

Buscar convênios com instituições de

ensino superior

Prover treinamento

Aprimorar o sistema de informação e

comunicação utilizado

Investir em tecnologia da informação

Consolidar e otimizar processos

Aumentar capacidade e qualidade de

serviços prestadosAprimorar regulamentos e procedimentos

Contratar e reter pessoal qualificado

Incentivar a inovação Consolidar

e otimizar processos

Aumentar capacidade e qualidade de

serviços prestadosAprimorar regulamentos e procedimentos

Contratar e reter pessoal qualificado

Incentivar a inovação

Construir imagem institucional forte

Promover integração com fabricantes

nacionais e estrangeiras

Promover integração com autoridades

nacionais e estrangeiras

Construir imagem institucional forte

Promover integração com fabricantes

nacionais e estrangeiras

Promover integração com autoridades

nacionais e estrangeiras

Construir imagem institucional forte

Promover integração com fabricantes

nacionais e estrangeiras

Promover integração com autoridades

nacionais e estrangeiras

Missão

Cliente

Processos Internos

Aprendizado e

Crescimento

“Promover a segurança de vôo da aviação civil, verificando o cumprimento dos requisitos brasileiros de aeronavegabilidade e de proteção ambiental, aplicáveis ao projeto, materiais, mão de obra, construção e fabricação em série de produtos aeronáuticos a serem usados pela aviação civil brasileira.”

Financeira Garantir recursos financeiros a longo prazo

Sistematizar processos

financeiros

Institucionalizar orçamento plurianual

Desenvolver plano plurianual

Garantir recursos financeiros a longo prazo

Sistematizar processos

financeiros

Institucionalizar orçamento plurianual

Desenvolver plano plurianual

Garantir recursos financeiros a longo prazo

Sistematizar processos

financeiros

Institucionalizar orçamento plurianual

Desenvolver plano plurianual

Figura 29 - Mapa estratégico da Divisão de Certificação de Aviação Civil

(Fonte: Elaborado pelo autor)

4.3 - Definição do conjunto de indicadores - Etapa 2

4.3.1 - Geração de indicadores estratégicos – Passo 2.1

Após a elaboração do mapa estratégico, contendo objetivos estratégicos e respectivos

fatores críticos de sucesso, deve-se realizar o levantamento dos possíveis indicadores de

desempenho a serem utilizados.

Page 112: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

99

Tabela 11 - Objetivos estratégicos e proposta de possíveis indicadores (Fonte: Elaborado pelo autor)

Indicadores Estratégicos

Perspectivas Objetivos

estratégicos Indicadores de

resultados

Indicadores de tendência

Cliente C1 - Construir imagem

institucional forte

- Pesquisa de opinião sobre

satisfação

- Taxa de participação em

eventos internacionais

- Número de eventos

organizados ao público

externo

P1 – Aumentar

capacidade e qualidade

dos serviços

- Produtividade da mão-de-

obra

- Número de processos

simultâneos

- Número de não-

conformidades de processo

- Taxa de crescimento do

número de funcionários

- Taxa de absenteísmo

- Disponibilidade total de

H/h

- Taxa de delegação para

RCE/RCF Processos

internos

P2 - Consolidar e

otimizar processos

- Taxa de processos

mapeados e

procedimentados

- Tempo de duração dos

processos

- Taxa entre tempo real /

tempo planejado

- Número de procedimentos

elaborados

- Taxa de procedimentos

revisado / total

- Taxa de relatórios

analisados / funcionário

- Taxa de inspeções

realizadas / funcionário

Page 113: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

100

Tabela 12 - Objetivos estratégicos e proposta de possíveis indicadores (continuação) (Fonte: Elaborado pelo autor)

Indicadores Estratégicos

Perspectivas Objetivos

estratégicos Indicadores de

resultados

Indicadores de tendência

A1 – Garantir

qualificação técnica

- Taxa de pessoas com

treinamento adequado para a

atividade / total de pessoas

- Taxa de tecnologias

dominadas / necessárias

- Número de convênios

- Taxa de investimento em

treinamento / funcionário

- Tempo de treinamento por

funcionário ao ano

- Taxa de cumprimento dos

treinamentos programados Aprendizado e

crescimento

A2 - Aprimorar o

sistema de informação e

comunicação

- Número de consultas à

intranet e homepage

- Número de processos com

visibilidade digital /

processos total

- Número de telefones /

funcionário

- Taxa de investimento em

TI / funcionário

- Número de computadores /

funcionários

- Taxa do número de

volumes digitalizados /

volumes total

F1 - Garantir recursos

financeiros

- Taxa de recursos

disponíveis / planejados

- Taxa de processos

financeiros sistematizados Financeira

F2 – Desenvolver plano

plurianual

- Número de anos

contemplados no plano

- Taxa de implementação do

plano plurianual

Page 114: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

101

4.3.2 - Análise das restrições e ponderação – Passo 2.2

O conjunto de possíveis indicadores e respectivas restrições devem ser analisados

adequadamente a fim de que sejam selecionados aqueles indicadores estratégicos mais

adequados à realidade da organização, tanto do ponto de vista ambiental e organizacional

quanto humano.

Os critérios empregados na escolha desses indicadores devem ser definidos de acordo

com a estratégia, a cultura organizacional e os princípios e valores da alta gerência, sugerem-

se alguns exemplos que podem ser utilizados como custo, nível de importância,

complexidade, aplicabilidade, entre muitos outros.

Os indicadores propostos foram analisados conforme os critérios de complexidade,

relevância, aplicabilidade. Na análise apresentada, a relevância (estratégica ou operacional)

foi o único critério empregado para definir se determinado indicador é aplicável ou não.

Enquanto que o critério complexidade (alta, média, baixa) poderia servir como orientação

para que a alta gerência pudesse concentrar recursos naqueles considerados de maior

complexidade.

A análise realizada é bastante simplista, no entanto tem utilidade acadêmica, pois este

estudo visa apresentar todos os passos da metodologia para o desenvolvimento de indicadores

estratégicos, sem contudo estabelecer um padrão rígido para cada um deles.

Page 115: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

102

Tabela 13 - Análise das restrições e ponderação quanto a aplicabilidade dos indicadores propostos

(Fonte: Elaborado pelo autor)

Obj

etiv

os

Indicadores Complexidade Relevância Aplicabilidade

Pesquisa de opinião Alta Estratégica Aplicável Taxa de participação em eventos internacionais Média Estratégica Aplicável

C1Número de eventos organizados ao público Baixa Estratégica Aplicável

Produtividade da mão-de-obra Alta Estratégica Aplicável Número de processos simultâneos Baixa Estratégica Aplicável Número de não-conformidades de processo Alta Operacional Não aplicável

Taxa de crescimento do número de funcionários Baixa Operacional Não aplicável

Taxa de absenteísmo Média Operacional Não aplicável Disponibilidade total de H/h Média Estratégica Aplicável

P1

Taxa de delegação para RCE/RCF Baixa Estratégica Aplicável Taxa de processos mapeados e procedimentados Alta Estratégica Aplicável

Tempo de duração dos processos Baixa Estratégica Aplicável Número de procedimentos elaborados Baixa Operacional Não aplicável Taxa de procedimentos revisado / total Baixa Estratégica Aplicável

Taxa de relatórios analisados / funcionário Baixa Operacional Não aplicável

P2

Taxa de inspeções realizadas / funcionário Baixa Operacional Não aplicável

Page 116: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

103

Tabela 14 - Análise das restrições e ponderação quanto a aplicabilidade dos indicadores propostos (continuação)

(Fonte: Elaborado pelo autor)

Obj

etiv

os

Indicadores Complexidade Relevância Aplicabilidade

Taxa de tecnologias dominadas / necessárias Alta Estratégica Aplicável

Taxa de pessoas com treinamento adequado / total Média Operacional Não aplicável

Número de convênios Baixa Estratégica Aplicável Taxa de investimento em treinamento / funcionário Média Operacional Não aplicável

Tempo de treinamento por funcionário ao ano Média Estratégica Aplicável

A1

Taxa de cumprimento dos treinamentos programados Média Operacional Não aplicável

Número de consultas à intranet e homepage Baixa Operacional Não aplicável

Número de processos com visibilidade digital / total Alta Estratégica Aplicável

Número de telefones / funcionário Baixa Operacional Não aplicável Taxa de investimento em TI / funcionário Média Estratégica Aplicável

Número de computadores / funcionários Baixa Operacional Não aplicável

A2

Taxa do número de volumes digitalizados / volumes total Média Estratégica Aplicável

Taxa de recursos disponíveis / planejados Média Estratégica Aplicável

F1 Taxa de processos financeiros sistematizados Alta Operacional Não aplicável

Número de anos contemplados no plano plurianual Baixa Estratégica Aplicável

F2 Taxa de implementação do plano plurianual Média Operacional Não aplicável

Page 117: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

104

4.3.3 - Apresentação dos indicadores conforme BSC – Passo 2.3

O último passo desta etapa consiste na exposição dos indicadores estratégicos

escolhidos para compor o BSC. A apresentação visual deve ser estruturada de forma a refletir

o modelo básico determinado pelo BSC, no qual avistam-se a missão da organização e os

objetivos estratégicos e respectivos indicadores de resultado e de tendência dispostos

conforme as perspectivas consideradas.

Page 118: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

105

Figura 30 - BSC da Divisão de Certificação de Aviação Civil

(Fonte: Elaborado pelo autor)

Page 119: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

106

4.4 - Detalhamento dos indicadores - Etapa 3

Para a aplicação desta etapa foram selecionados 4 (quatro) indicadores, sendo um de

cada perspectiva apresentada. Espera-se utilizá-los tão somente de exemplos para demonstrar

como definir as características importantes e mapear as especificações relevantes, ainda

descrever a forma de tratamento dos dados e distribuição das informações, finalmente

identificar os pré-requisitos para implementação dos indicadores estratégicos.

4.4.1 - Especificações gerais – Passo 3.1

Tabela 15 - Especificações gerais do indicador “Taxa de participação em eventos

internacionais” (Fonte: Elaborado pelo autor)

ESPECIFICAÇÕES GERAIS Nome Taxa de participação em eventos internacionais Abreviatura da medida Ei

Fórmula

Dados Dado 1: no de eventos internacionais com presença do CAvC Dado 2: no de eventos internacionais ocorridos

Unidade da medida Porcentagem Perspectiva Do Cliente Público alvo Alta gerência, assessoria de logística Propósito Quantificar a visibilidade da CAvC na comunidade aeronáutica

internacional Benefícios Melhor planejamento de atividades internacionais com

participação do CAvC Dificuldades Quantificar o número total de eventos ocorridos Processo relacionado Relacionamento institucional

%100.ocorridosinternac.eventosden

CAvC presença com internac. eventos de no

o

=Ei

Page 120: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

107

Tabela 16 - Especificações gerais do indicador “Taxa de tecnologias dominadas” (Fonte: Elaborado pelo autor)

ESPECIFICAÇÕES GERAIS Nome Taxa de tecnologias dominadas Abreviatura da medida Td

Fórmula

Dados Dado 1: no de tecnologias dominadas pelo corpo técnico da CAvC Dado 2: no de tecnologias presentes na indústria aeronáutica

Unidade da medida Porcentagem Perspectiva Aprendizado e crescimento Público alvo Alta gerência, assessoria de capacitação e assessoria de P&D Propósito Quantificar o grau de especialização dos engenheiros e técnicos

da CAvC Benefícios Melhor aplicação de recursos no treinamento de pessoal em

tecnologias-chave Dificuldades Quantificar o número total de tecnologias na industria aeronáutica Processo relacionado Treinamento e capacitação de pessoal

%100.aer. ind. na presentes tecnol.de n

dominadas tecnol.de no

o

=Td

Tabela 17 - Especificações gerais do indicador “Tempo médio de duração dos processos” (Fonte: Elaborado pelo autor)

ESPECIFICAÇÕES GERAIS Nome Tempo médio de duração dos processos Abreviatura da medida TP

Fórmula

Dados Dado 1: Data de entrada do processo Dado 2: Data de conclusão do processo Dado 3: Número de processos similares

Unidade da medida Dias Perspectiva Dos Processos Internos Público alvo Alta gerência e organização Propósito Quantificar e controlar o tempo médio de duração dos processos Benefícios Melhor gestão de recursos materiais e humanos e satisfação do

cliente Dificuldades Automatizar banco de dados Processo relacionado Processos técnicos

similares processosentrada) de data - saída de data(

∑∑=PT

Page 121: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

108

Tabela 18 - Especificações gerais do indicador “Taxa de orçamento” (Fonte: Elaborado pelo autor)

ESPECIFICAÇÕES GERAIS Nome Taxa de orçamento Abreviatura da medida TOR

Fórmula

Dados Dado 1: quantidade de recursos orçamentários disponível Dado 2: quantidade de recursos orçamentários planejada

Unidade da medida Porcentagem Perspectiva Financeira Público alvo Alta gerência Propósito Quantificar e controlar os recursos orçamentários Benefícios Melhor planejamento de atividades Dificuldades Quantificar o orçamento planejado Processo relacionado Processos financeiros

%100.planejado orçamentodisponível orçamento

=ORT

4.4.2 - Tratamento da informação – Passo 3.2

Tabela 19 - Tratamento das informações do indicador “Taxa de participação em eventos

internacionais” (Fonte: Elaborado pelo autor)

TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES Nome: Taxa de participação em eventos internacionais

Coleta dos dados Análise dos dados Distribuição das informações

Área Ass. logística Ass. logística Ass. logística Responsável Auxiliar administrativo Assessor de logística Assessor de logística Fonte origem Passagens aéreas e

convites Relatório de eventos Relatório de controle

estratégico Fonte final Relatório de eventos Relatório de controle

estratégico Relatório de análise crítica da alta gerência

Freqüência Mensal Semestral Semestral

Page 122: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

109

Tabela 20 - Tratamento das informações do indicador “Taxa de tecnologias dominadas” (Fonte: Elaborado pelo autor)

TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES Nome: Taxa de tecnologias dominadas

Coleta dos dados Análise dos dados Distribuição das informações

Área Assessoria de P&D Ass. desenvolvimento institucional

Ass. desenvolvimento institucional

Responsável Assessor de P&D Assessor de desenvolvimento

Assessor de desenvolvimento

Fonte origem Entrevistas e pesquisas Relatório de tecnologias

Relatório de controle estratégico

Fonte final Relatório de tecnologias

Relatório de controle estratégico

Relatório de análise crítica da alta gerência

Freqüência Trimestral Semestral Semestral

Tabela 21 - Tratamento das informações do indicador “Tempo médio dos processos” (Fonte: Elaborado pelo autor)

TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES Nome: Tempo médio de duração dos processos

Coleta dos dados Análise dos dados Distribuição das informações

Área Ger. de programas Ger. de programas Ger. de programas Responsável Coord. de programas Gerente de programas Gerente de programas Fonte origem Banco de dados de

processos Relatório de programas Relatório de controle

estratégico Fonte final Relatório de programas Relatório de controle

estratégico Relatório de análise crítica da alta gerência

Freqüência Mensal Semestral Semestral

Tabela 22 - Tratamento das informações do indicador “Taxa de orçamento” (Fonte: Elaborado pelo autor)

TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES Nome: Taxa de orçamento

Coleta dos dados Análise dos dados Distribuição das informações

Área Ass. logística CAvC CAvC Responsável Assessor de logística Chefe da CAvC Chefe da CAvC Fonte origem Planilha de orçamento e

plano plurianual Relatório de orçamento Relatório de controle

estratégico Fonte final Relatório de orçamento Relatório de controle

estratégico Relatório de análise crítica da alta gerência

Freqüência Mensal Trimestral Semestral

Page 123: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

110

4.4.3 - Levantamento de pré-requisitos para implementação – Passo 3.3

Tabela 23 - Pré-requisitos para implementação do indicador “Taxa de participação em eventos internacionais” (Fonte: Elaborado pelo autor)

PRÉ-REQUISITOS Nome: Taxa de participação em eventos internacionais 1. Elaborar relatório de eventos, relatório de controle estratégico e respectivos procedimentos para preenchimento. 2. Treinar pessoas envolvidas no processo.

Tabela 24 - Pré-requisitos para implementação do indicador “Taxa de tecnologias dominadas”

(Fonte: Elaborado pelo autor)

PRÉ-REQUISITOS Nome: Taxa de tecnologias dominadas 1. Elaborar questionário para entrevista. 2. Elaborar relatório de tecnologias, relatório de controle estratégico e respectivos procedimentos para preenchimento. 3. Treinar pessoas envolvidas no processo.

Tabela 25 - Pré-requisitos para implementação do indicador “Tempo médio de duração dos processos”

(Fonte: Elaborado pelo autor)

PRÉ-REQUISITOS Nome: Tempo médio de duração dos processos 1. Adequar banco de dados. 2. Elaborar relatório de programas, relatório de controle estratégico e respectivos procedimentos para preenchimento. 3. Treinar pessoas envolvidas no processo.

Tabela 26 - Pré-requisitos para implementação do indicador “Taxa de orçamento” (Fonte: Elaborado pelo autor)

PRÉ-REQUISITOS Nome: Taxa de orçamento 1. Elaborar plano plurianual. 2. Elaborar relatório de orçamento, relatório de controle estratégico e respectivos procedimentos para preenchimento. 3. Treinar pessoas envolvidas no processo.

Page 124: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

111

4.4.4 - Apresentação detalhada dos indicadores – Passo 3.4

Tabela 27 - Ficha completa do indicador “Taxa de participação em eventos internacionais”

(Fonte: Elaborado pelo autor)

ESPECIFICAÇÕES GERAIS Nome Taxa de participação em eventos internacionais Abreviatura da medida Ei Fórmula

Dados Dado 1: no de eventos internacionais com presença do CAvC Dado 2: no de eventos internacionais ocorridos

Unidade da medida Porcentagem Perspectiva Do Cliente Público alvo Alta gerência, assessoria de logística Propósito Quantificar a visibilidade da CAvC na comunidade aeronáutica

internacional Benefícios Melhor planejamento de atividades internacionais com

participação do CAvC Dificuldades Quantificar o número total de eventos ocorridos Processo relacionado Relacionamento institucional

TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES

Coleta dos dados Análise dos dados Distribuição das informações

Área Ass. logística Ass. Logística Ass. logística Responsável Auxiliar administrativo Assessor de logística Assessor de logística Fonte origem Passagens aéreas e

convites Relatório de eventos Relatório de controle

estratégico Fonte final Relatório de eventos Relatório de controle

estratégico Relatório de análise crítica da alta gerência

Freqüência Mensal Semestral Semestral PRÉ-REQUISITOS

1. Elaborar relatório de eventos, relatório de controle estratégico e respectivos procedimentos para preenchimento. 2. Treinar pessoas envolvidas no processo.

%100.ocorridosinternac.eventosden

CAvC presença com internac. eventos de no

o

=Ei

Page 125: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

112

Tabela 28 - Ficha completa do indicador “Taxa de tecnologias dominadas” (Fonte: Elaborado pelo autor)

ESPECIFICAÇÕES GERAIS Nome Taxa de tecnologias dominadas Abreviatura da medida Td Fórmula

Dados Dado 1: no de tecnologias dominadas pelo corpo técnico da CAvC Dado 2: no de tecnologias presentes na indústria aeronáutica

Unidade da medida Porcentagem Perspectiva Aprendizado e crescimento Público alvo Alta gerência, assessoria de capacitação e assessoria de P&D Propósito Quantificar o grau de especialização dos engenheiros e técnicos

da CAvC Benefícios Melhor aplicação de recursos no treinamento de pessoal em

tecnologias-chave Dificuldades Quantificar o número total de tecnologias na industria aeronáutica Processo relacionado Treinamento e capacitação de pessoal

TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES

Coleta dos dados Análise dos dados Distribuição das informações

Área Assessoria de P&D Ass. desenvolvimento institucional

Ass. desenvolvimento institucional

Responsável Assessor de P&D Assessor de desenvolvimento

Assessor de desenvolvimento

Fonte origem Entrevistas e pesquisas Relatório de tecnologias

Relatório de controle estratégico

Fonte final Relatório de tecnologias

Relatório de controle estratégico

Relatório de análise crítica da alta gerência

Freqüência Trimestral Semestral Semestral PRÉ-REQUISITOS

1. Elaborar questionário para entrevista. 2. Elaborar relatório de tecnologias, relatório de controle estratégico e respectivos procedimentos para preenchimento. 3. Treinar pessoas envolvidas no processo.

%100.aer. ind. na presentes tecnol.de n

dominadas tecnol.de no

o

=Td

Page 126: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

113

Tabela 29 - Ficha completa do indicador “Tempo médio de duração dos processos” (Fonte: Elaborado pelo autor)

ESPECIFICAÇÕES GERAIS Nome Tempo médio de duração dos processos Abreviatura da medida TP

Fórmula

Dados Dado 1: Data de entrada do processo Dado 2: Data de conclusão do processo Dado 3: número de processos similares

Unidade da medida Dias Perspectiva Dos Processos Internos Público alvo Alta gerência e organização Propósito Quantificar e controlar o tempo médio de duração dos processos Benefícios Melhor gestão de recursos materiais e humanos e satisfação do

cliente Dificuldades Automatizar banco de dados Processo relacionado Processos técnicos

TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES

Coleta dos dados Análise dos dados Distribuição das informações

Área Ger. de programas Ger. de programas Ger. de programas Responsável Coord. de programas Gerente de programas Gerente de programas Fonte origem Banco de dados de

processos Relatório de programas Relatório de controle

estratégico Fonte final Relatório de programas Relatório de controle

estratégico Relatório de análise crítica da alta gerência

Freqüência Mensal Semestral Semestral PRÉ-REQUISITOS

1. Adequar banco de dados. 2. Elaborar relatório de programas, relatório de controle estratégico e respectivos procedimentos para preenchimento. 3. Treinar pessoas envolvidas no processo.

similares processosentrada) de data - saída de data(

∑∑=PT

Page 127: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

114

Tabela 30 - Ficha completa do indicador “Taxa de orçamento” (Fonte: Elaborado pelo autor)

ESPECIFICAÇÕES GERAIS Nome Taxa de orçamento Abreviatura da medida TOR

Fórmula

Dados Dado 1: quantidade de recursos orçamentários disponível Dado 2: quantidade de recursos orçamentários planejada

Unidade da medida Porcentagem Perspectiva Financeira Público alvo Alta gerência Propósito Quantificar e controlar os recursos orçamentários Benefícios Melhor planejamento de atividades Dificuldades Quantificar o orçamento planejado Processo relacionado Processos financeiros

TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES

Coleta dos dados Análise dos dados Distribuição das informações

Área Ass. logística CAvC CAvC Responsável Assessor de logística Chefe da CAvC Chefe da CAvC Fonte origem Planilha de orçamento e

plano plurianual Relatório de orçamento Relatório de controle

estratégico Fonte final Relatório de orçamento Relatório de controle

estratégico Relatório de análise crítica da alta gerência

Freqüência Mensal Trimestral Semestral PRÉ-REQUISITOS

1. Elaborar plano plurianual. 2. Elaborar relatório de orçamento, relatório de controle estratégico e respectivos procedimentos para preenchimento. 3. Treinar pessoas envolvidas no processo.

%100.planejado orçamentodisponível orçamento

=ORT

Page 128: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

115

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 - Conclusões

A presente dissertação teve como finalidade principal sugerir um método a ser

empregado no desenvolvimento de indicadores de desempenho estratégicos, que compõe um

sistema de medição de desempenho baseado nos conceitos difundidos pelo BSC.

A sistemática apresentada fundamentou-se em um modelo abrangente para o

desenvolvimento de indicadores de desempenho como suporte estratégico, proposto por

Kiyan (2001), associado aos conceitos do BSC, introduzido por Kaplan e Norton (1992). O

resultado obtido foi uma adaptação ao modelo original, com a agregação de elementos típicos

do BSC.

Verificou-se durante o levantamento bibliográfico que existem poucos trabalhos

publicados com ênfase no desenvolvimento de indicadores estratégicos. Grande parte da

literatura focaliza os sistemas de medição de desempenho do ponto de vista gerencial, ou seja,

detalham apenas características gerais dos sistemas, benefícios e dificuldades para as

organizações e formas de aplicação pela alta gerência. No entanto, não explicitam a maneira

de desenvolver, definir, implantar e operacionalizar os indicadores que compõe os SMDs.

A contribuição deste trabalho foi propor um método agregando todas as etapas

necessárias para ao desenvolvimento de um SMD fundamentado no BSC, desde a análise

estratégica, passando pelo desenvolvimento do conjunto de indicadores, até o detalhamento

dos mesmos.

Observou-se ao longo da exemplificação da proposta, que a elaboração de um SMD

acarreta grandes benefícios mesmo antes de sua implementação, na medida em que promove a

compreensão ampla da organização e do ambiente. Este entendimento por si só já contribui de

forma expressiva à melhoria do desempenho global da organização.

Page 129: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

116

Existe ainda uma forte imagem de que a medição de desempenho pretende

exclusivamente controlar os processos implementados, porém a literatura atual sinaliza novas

aplicações que suplantam a função de controle dos SMDs e enfocam, por exemplo, questões

ligadas ao aprendizado organizacional.

Constatou-se também que não há, aparentemente, uma solução definitiva de SMD

possível de ser implementado na íntegra em uma organização. Apesar de na literatura

existirem diversos modelos de SMDs, dificilmente consegue-se aplicá-los diretamente, devido

às peculiaridades de cada instituição. Durante a definição de um SMD é mister considerar o

tipo de organização, a estratégia adotada, os valores da alta gerência, a cultura organizacional,

além de características singulares de processos e inter-relacionamento entre áreas funcionais.

De fato, a organização pública apresentada na exemplificação da proposta, não se

enquadra no tipo de organização para o qual foi originalmente desenvolvido o BSC. No

entanto, a compreensão dos conceitos fundamentais do BSC permitiu que fossem feitas

adaptações ao modelo básico proposto para organizações privadas, sem que a hipótese

utilizada por Kaplan e Norton (1992) na formulação do BSC fosse violada, ou seja,

preservou-se a relação de causa e efeito existente entre os objetivos estratégicos dentro de

cada perspectiva relevante ao negócio.

Em relação às ferramentas utilizadas, pôde-se notar que o modelo do mapa estratégico,

empregado no desdobramento da missão, facilitou sobremaneira a tradução, visualização e

compreensão da estratégia adotada, permitindo assim o desenvolvimento de indicadores

alinhados aos objetivos estratégicos definidos. No entanto, devido a pouca literatura

disponível sobre o assunto, foram encontradas dificuldades na elaboração do mapa

estratégico. Ainda, a forma de apresentação, conforme proposta no BSC, do conjunto de

indicadores de desempenho selecionados, enfatizou as perspectivas relevantes da organização

Page 130: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

117

e seus respectivos indicadores. Por fim, o detalhamento completo dos indicadores na forma de

tabela tornou claras as especificações gerais, o tratamento dos dados, a divulgação das

informações resultantes e os pré-requisitos à implementação efetiva dos indicadores.

Ressalta-se que a exemplificação da proposta teve apenas como objetivo evidenciar

que o processo de elaboração de indicadores estratégicos pôde ser realizado, obtendo-se

resultados coerentes e satisfatórios. O desenvolvimento de um SMD a ser efetivamente

implementado na CAvC, devido à complexidade da organização e à responsabilidade da

tarefa, requer o comprometimento da alta gerência e a formação de grupos de trabalho

dedicados ao assunto. Portanto, destaca-se que não houve a pretensão de se elaborar um

sistema de medição de desempenho real para a CAvC.

Desta forma, concluiu-se que a exemplificação da proposta apresentada demonstrou a

coerência e aplicabilidade do método DID-BSC e a validade da hipótese estabelecida. Todos

os passos foram seguidos criteriosamente, conforme modelo proposto no capítulo 3, e no final

de cada uma das três etapas obteve-se os resultados esperados, sendo estes o mapa estratégico

para a CAvC, o conjunto de indicadores estratégicos apresentados segundo BSC e, por fim, o

detalhamento completo dos mesmos.

5.2 - Trabalhos Futuros

Ao longo do desenvolvimento desta dissertação foi possível identificar oportunidades

de trabalhos a serem explorados no futuro.

Aplicação da metodologia proposta para desenvolvimento de um SMD a ser

efetivamente implementado em uma organização pública;

Desenvolvimento de metodologias para elaboração de indicadores de desempenho

aplicados a outros tipos de SMD;

Page 131: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

118

Desenvolvimento de metodologias para avaliar se os indicadores permanecem

adequados à estratégia da organização, frente a novos cenários externos;

Estudos orientados à definição de mapas estratégicos adequados a cada tipo de

organização;e

Estudos orientados à identificação do SMD mais recomendável para cada organização,

conforme características de tamanho, sistema de gestão, produtos, entre outros.

Page 132: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

119

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Page 137: Proposta de Método Para o Desenvolvimento de Indicadores de Desempenho Aplicados Ao Balanced Scorecard

FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO

1. CLASSIFICAÇÃO/TIPO

TM

2. DATA

03 de novembro de 2005

3. DOCUMENTO N°

CTA/ITA-IEM/TM-017/2005

4. N° DE PÁGINAS

136 5. TÍTULO E SUBTÍTULO: Proposta de método para o desenvolvimento de indicadores de desempenho aplicados ao Balanced Scorecard

6. AUTOR(ES):

Marcelo Oliveira e Cruz de Aragão 7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES): Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia Mecânica-Aeronáutica – ITA/IEM

8. PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:

indicadores de desempenho; Balanced Scorecard; organização pública. 9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:

Indicadores de desempenho; Avaliação de desempenho; Métodos de administração; Organizações governamentais; Planejamento estratégico; Administração

10. APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional ITA, São José dos Campos, 2005, 136 páginas

11. RESUMO:

Na era da informação, transformações expressivas estão ocorrendo em empresas privadas e instituições públicas, devido, principalmente, à competição global e às modernas tecnologias da informação. Esse ambiente impôs grandes desafios gerenciais e fez surgir uma demanda por novos indicadores de desempenho, uma vez que os indicadores tradicionais (financeiros) não são mais suficientes para medir o sucesso das organizações.

Diversas propostas de sistemas de medição de desempenho (SMD) foram desenvolvidas ao longo das últimas três décadas, dentre elas umas das mais versáteis foi o Balanced Scorecard (BSC). Essa ferramenta de gestão permite a visualização do desdobramento da estratégia organizacional, segundo uma relação de causa e efeito, em objetivos estratégicos, indicadores de desempenho, metas e ações, considerando diferentes perspectivas do negócio. Desta forma, vantagens significativas vem sendo obtidas por aquelas instituições que implementaram adequadamente os conceitos revelados por Kaplan e Norton, em 1992.

A literatura existente sobre o assunto focaliza o BSC sob o ponto de vista gerencial, ou seja, são apresentadas suas características gerais, benefícios, dificuldades e formas de aplicação, entretanto não explicitam a maneira de desenvolver e operacionalizar os indicadores pretendidos. Desta forma, a presente dissertação tem como objetivo propor um método para o desenvolvimento de indicadores de desempenho do Balanced Scorecard, aplicados a uma organização pública, a Divisão de Certificação de Aviação Civil do Centro Técnico Aeroespacial.

12. GRAU DE SIGILO:

(X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO ( ) CONFIDENCIAL ( ) SECRETO