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REDUÇÃO DOS CUSTOS OPERACIONAIS DE UMA TERMELÉTRICA DE CICLO COMBINADO COM COGERAÇÃO ATRAVÉS DA OTIMIZAÇÃO TERMOECONÔMICA Patrícia Rodrigues Ventura Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica. Orientadores: Manuel Ernani de Carvalho Cruz Marcelo José Colaço Rio de Janeiro Dezembro de 2014

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REDUÇÃO DOS CUSTOS OPERACIONAIS DE UMA TERMELÉTRICA DE

CICLO COMBINADO COM COGERAÇÃO ATRAVÉS DA OTIMIZAÇÃO

TERMOECONÔMICA

Patrícia Rodrigues Ventura

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Mecânica, COPPE, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Engenharia Mecânica.

Orientadores: Manuel Ernani de Carvalho Cruz

Marcelo José Colaço

Rio de Janeiro

Dezembro de 2014

REDUÇÃO DOS CUSTOS OPERACIONAIS DE UMA TERMELÉTRICA DE

CICLO COMBINADO COM COGERAÇÃO ATRAVÉS DA OTIMIZAÇÃO

TERMOECONÔMICA

Patrícia Rodrigues Ventura

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA

(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA.

Examinada por:

________________________________________________ Prof. Manuel Ernani de Carvalho Cruz, Ph.D.

________________________________________________ Prof. Marcelo José Colaço, D.Sc.

________________________________________________ Prof. Luiz Antônio Vaz Pinto, D.Sc.

________________________________________________ Prof. Aldélio Bueno Caldeira, D.Sc.

________________________________________________ Dr. Leonardo de Oliveira Carvalho, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

DEZEMBRO DE 2014

iii

Ventura, Patrícia Rodrigues

Redução dos custos operacionais de uma termelétrica

de ciclo combinado com cogeração através da otimização

termoeconômica/ Patrícia Rodrigues Ventura. – Rio de

Janeiro: UFRJ/COPPE, 2014.

XXII, 107 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Manuel Ernani Cruz

Marcelo José Colaço

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia Mecânica, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 82-86.

1. Termoeletricidade. 2. Otimização. 3.

Termoeconomia. I. COPPE/UFRJ. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de

Engenharia Mecânica. III. Título.

iv

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida e saúde.

vi

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

REDUÇÃO DOS CUSTOS OPERACIONAIS DE UMA TERMELÉTRICA DE

CICLO COMBINADO COM COGERAÇÃO ATRAVÉS DA OTIMIZAÇÃO

TERMOECONÔMICA

Patrícia Rodrigues Ventura

Dezembro/2014

Orientadores: Manuel Ernani Cruz

Marcelo José Colaço

Programa: Engenharia Mecânica

Aumentar a rentabilidade das termelétricas inseridas no mercado de energia

elétrica brasileiro é um desafio, tendo em vista o cenário econômico estabelecido. O

preço do gás natural varia conforme o mercado internacional e seu meio de

fornecimento. Além disso, o valor recebido pela produção de energia elétrica varia de

forma sazonal, conforme o regime de chuvas. Esses fatores, somados ao atendimento às

restrições e demandas dos clientes, podem resultar em modos de operação diferentes

dos previstos, impactando a eficiência e custos operacionais. Com o intuito de fornecer

alternativas para responder esse desafio, este trabalho propõe uma metodologia que visa

encontrar pontos de operação mais rentáveis e eficientes em dado cenário econômico.

Para isso, foram utilizados um simulador de processos comercial e um algoritmo de

otimização heurístico. Os objetivos são minimizar o custo operacional e maximizar a

eficiência da termelétrica, em relação a uma operação de referência. Foram conduzidos

dois estudos de caso e os resultados apontaram maior rentabilidade e eficiência para os

casos estudados, em um ambiente de simulação. Assim, a metodologia proposta neste

trabalho pode ser utilizada para avaliações de casos reais, quando se deseja atingir

resultados econômicos mais vantajosos e com eficiência adequada.

vii

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

REDUCTION OF OPERATING COSTS OF A COMBINED CYCLE AND

COGENERTION POWER PLANT USING THERMOECONOMIC OPTIMIZATION

Patrícia Rodrigues Ventura

December/2014

Advisors: Manuel Ernani Cruz

Marcelo José Colaço

Department: Mechanical Engineering

Increasing the profitability of a power plant, present in the Brazilian electricity

market is a challenge, given the established economic scenario. The price of natural gas

varies with the international market and delivery means. Besides, the amount received

for power production varies seasonally, with rainfall. These factors, in addition to the

necessity to meet restrictions and customer demands, may result in operating modes

different from the expected. It can impact the efficiency and operating costs. In order to

provide alternatives to meet this challenge, this work proposes a methodology which

aim to achieve more profitable and efficient operating points in a given economic

scenario. To attain this objective, a commercial simulator processes and heuristic

optimization algorithm were used. The objectives are to minimize operating costs and

maximize the efficiency, in comparison to a reference operation. Two case studies were

conducted and the results showed greater profitability and efficiency for the cases

studied in a simulation environment. Thus, the methodology proposed in this paper can

be used for real cases reviews, when achieve more favorable economic results with

adequate efficiency is desired.

viii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................1

1.1 Motivações e objetivos ...............................................................................................1

1.2 Breve descrição da metodologia..................................................................................3

1.3 Organização do Trabalho.............................................................................................5

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................7

3 METODOLOGIA.........................................................................................................19

3.1 Modelagem................................................................................................................19

3.2 Validação...................................................................................................................20

3.3 Definição do problema de otimização.......................................................................21

3.4 Solução do problema de otimização..........................................................................22

4 MODELAGEM............................................................................................................24

4.1 A termelétrica modelada............................................................................................24

4.1.1 Descrição da Unidade.............................................................................................24

4.1.2 Modos de Operação Previstos................................................................................26

4.2 Modelagem dos equipamentos..................................................................................28

4.2.1 A modelagem da turbina a gás...............................................................................29

4.2.2 A modelagem da Caldeira Recuperadora...............................................................30

4.2.3 A modelagem da Turbina a Vapor.........................................................................31

4.2.4 A modelagem das caldeiras auxiliares....................................................................31

4.2.4 A modelagem de outros equipamentos...................................................................32

5 VALIDAÇÃO DOS MODELOS.................................................................................33

5.1 Validação para o caso Operação Normal..................................................................33

5.1.1 Validação da turbina a gás......................................................................................33

5.1.2 Validação da caldeira recuperadora........................................................................34

5.1.3 Validação da turbina a vapor..................................................................................35

5.1.4 Validação das caldeiras auxiliares..........................................................................36

5.1.5 Resultados da validação Operação normal 100% de Carga...................................37

5.2 Validação para o caso real.........................................................................................40

5.2.1 Metodologia de Validação para o caso real............................................................49

6 O PROBLEMA DE OTIMIZAÇÃO............................................................................53

6.1 Os cenários estudados neste trabalho........................................................................53

6.2 As funções objetivo...................................................................................................56

ix

6.2.1 Caso Máxima Geração de Energia Elétrica............................................................56

6.2 Caso Operação Normal..............................................................................................58

6.2.3 Caso Operação Real................................................................................................63

6.3 O Método de Otimização Implementado...................................................................66

6.3.1 O Enxame de Partículas com Restrições................................................................67

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................70

7.1 Caso Maximização da Energia Elétrica.....................................................................70

7.2 Caso Operação Normal..............................................................................................73

7.3 Caso Operação Real...................................................................................................76

8 CONCLUSÃO..............................................................................................................80

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................82

APÊNDICE – A...............................................................................................................87

APÊNDICE – B...............................................................................................................91

APÊNDICE – C...............................................................................................................96

APÊNDICE – D...............................................................................................................98

APÊNDICE – E.............................................................................................................102

APÊNDICE – F.............................................................................................................107

APÊNDICE – G.............................................................................................................108

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Fluxograma da solução do problema de otimização........................................23

Figura 2-Diagrama de blocos da termelétrica estudada...................................................25

Figura 3-Potência da Turbina a Gás. ..............................................................................41

Figura 4-Potência da Turbina a Vapor. ..........................................................................41

Figura 5-Vazão do V-120 Exportado. ............................................................................42

Figura 6-Pressão do V-120 Exportado. ..........................................................................42

Figura 7-Temperatura do V-120 Exportado. ..................................................................42

Figura 8-Vazão do V-42 Exportado. ..............................................................................43

Figura 9-Pressão do V-42 Exportado. ............................................................................43

Figura 10-Temperatura do V-42 Exportado. ..................................................................43

Figura 11-Vazão do V-12 Exportado..............................................................................44

Figura 12-Pressão do V-12 Exportado. ..........................................................................44

Figura 13-Temperatura do V-12 Exportado. ..................................................................44

Figura 14- Valor da função objetivo x Número de chamadas da função. ......................70

Figura 15- Extrações da TV Caso Maximização da Energia Elétrica.............................71

Figura 16- Valor da função objetivo x Número de chamadas da função. ......................74

Figura 17- Valor da função LMB x Número de chamadas da função. ...........................74

Figura 18- Valor da Eficiência PURPA x Número de chamadas da função...................75

Figura 19- Valor da função objetivo x Número de chamadas da função. ......................77

Figura 20- Lucro Marginal Bruto x Número de chamadas da função. ...........................77

Figura 21- Eficiência PURPA x Número de chamadas da função. ................................78

Figura 22 – Extrato da lista de Turbinas disponíveis no THERMOFLEX. ...................88

Figura 23 – Tela de Configuração do Modelo da Turbina a Gás. ..................................88

Figura 24 – Tela de Configuração de um Evaporador do Tipo PCE. .............................91

Figura 25- Equipamento Splitter no fluxograma do THERMOFLEX. ..........................93

Figura 26 – Resultado do Control Loop. ........................................................................94

Figura 27 – Tela de Configuração da Turbina a Vapor. .................................................96

Figura 28 – Modelo da Turbina a Vapor completo no fluxograma. ...............................97

Figura 29 – Configuração da Caldeira Package Boiler dados termodinâmicos. ............99

Figura 30 – Configuração da Caldeira Package Boiler Dimensionamento ....................99

Figura 31 – Configuração do Header de Vapor. ...........................................................103

Figura 32 – Configuração das Válvulas. ......................................................................103

xi

Figura 33- Configuração de Trocadores de Calor de Propósito Geral. ........................104

Figura 34- Configuração das Bombas...........................................................................105

Figura 35- Configuração de um misturador..................................................................105

Figura 36- Configuração da Chaminé...........................................................................106

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1-Requisitos de qualidade e fornecimento do Vapor. .........................................26

Tabela 2-Comparação entre os resultados da Simulação e o Balanço de Massa. ..........29

Tabela 3-Comparação entre os resultados da Simulação e o Balanço de Massa. ..........30

Tabela 4-Desvio Percentual entre os Resultados do Teste de Perfomance e simulação.32

Tabela 5-Composição Modelagem x Composição Validação.........................................34

Tabela 6-Variáveis para comparação Caldeira Recuperadora. .......................................35

Tabela 7-Variáveis para comparação Turbina a Vapor. .................................................36

Tabela 8- Lista de Variáveis para comparação................................................................37

Tabela 9: Resultados Gerais Verificação Operação Normal. .........................................37

Tabela 10- Dados Reais. .................................................................................................45

Tabela 11-Variáveis de Entrada da Simulação Caso Real. ............................................50

Tabela 12-Resultados Comparativos Caso Real. ............................................................51

Tabela 13-Variáveis de Decisão caso Maximização da Energia Elétrica.......................57

Tabela 14-Restrições caso Maximização da Energia Elétrica. .......................................58

Tabela 15-Constantes para cálculo da função objetivo Caso Operação Normal. ...........61

Tabela 16-Variáveis de decisão caso Operação Normal. ...............................................62

Tabela 17-Restrições caso Operação Normal. ................................................................63

Tabela 18-Constantes para cálculo da função objetivo Caso Operação Real. ................64

Tabela 19-Variáveis de decisão caso Operação Real. ....................................................65

Tabela 20-Restrições caso Operação Real. .....................................................................66

Tabela 21-Parâmetros do Método Enxame de Partículas. ..............................................69

Tabela 22-Resultados Comparativos THERMOFLEX x Projeto. ..................................72

Tabela 23-Resultados comparativos caso Operação Normal. ........................................76

Tabela 24-Resultados comparativos caso Operação Real...............................................79

Tabela 25-Composição do combustível Teste 100% de Carga em volume. ................100

Tabela 26-Composição do combustível Teste 50% de Carga em volume. ..................101

Tabela 27- Preço do gás natural no mercado internacional...........................................107

Tabela 28- Preço do PLD no mercado nacional............................................................108

1 �

1 INTRODUÇÃO

1.1 Motivações e objetivos

No Brasil existem diversos tipos de unidades termelétricas, desde plantas de

ciclo aberto até as de ciclo combinado com cogeração. Algumas possuem grande

flexibilidade operacional, o que permite o atendimento a uma demanda específica de

eletricidade e vapor de diferentes formas, com diferentes eficiências e custos

operacionais para cada uma delas.

As estratégias de operação empregadas por cada uma das unidades termelétricas

instaladas em solo nacional são bastante suscetíveis às características do mercado

elétrico brasileiro. Uma particularidade importante desse mercado é a acentuada

dependência dos regimes hídricos nacionais, uma vez que a base de geração elétrica se

dá em grandes centrais hidrelétricas e o nível de seus reservatórios varia de forma

sazonal.

Essa sazonalidade pode causar problemas de suprimento caso a dependência das

centrais hidrelétricas for muito grande. Para prevenir problemas na geração de energia

elétrica, iniciou-se em meados de 2001, imenso programa de investimentos em usinas

termelétricas. Ao utilizar esse tipo de usina, a produção de energia não depende do ciclo

das águas já que, funcionam utilizando gás, carvão ou óleo combustível. A partir de

então, as termelétricas passaram a figurar como agente importante no mercado de

energia elétrica nacional, complementando o sistema.

Atualmente, os despachos e a operação das usinas hidrelétricas são realizados de

forma otimizada para aproveitar ao máximo o potencial dos rios, reduzindo o

vertimento de água. Por isso, as usinas hidrelétricas operam diferentemente de outros

países, na base de geração, sendo estipulado um risco de déficit associado à

probabilidade de não se conseguir atender a energia firme do sistema. A energia firme

do sistema é o valor máximo que se pode gerar, sem ocorrência de déficit, no caso de

repetição do histórico de afluências. A presença das termelétricas reduz o risco de

déficit e “firma” a energia do sistema, pois o insumo gás natural tem, em geral, menos

variabilidade de suprimento do que a água.

2 �

Devido às características do mercado de energia elétrica brasileiro, citadas

acima, o perfil de operação de uma termelétrica pode contemplar, ao longo do ano,

condições operacionais muito distintas entre si. Esse fato, por si só, pode levar a

menores eficiências de geração e custos operacionais menos vantajosos. A eficiência e o

custo de geração são variáveis importantes para o setor elétrico porque as margens de

lucro são apertadas e trata-se de um setor estratégico para o atendimento às demandas

de energia elétrica do país.

Uma forma de lidar com essa situação é a utilização de algoritmos de

otimização. Estes podem ser empregados para indicar o melhor ponto operacional de

uma termelétrica de forma a atender a uma demanda energética específica com o menor

custo operacional e a maior eficiência térmica possível. A condução de estudos de

otimização pode levar ao aumento da margem do negócio de energia termelétrica no

Brasil e contribuir para o aumento da eficiência da geração. Como benefício secundário

é relevante destacar o conhecimento adquirido sobre o funcionamento de uma

determinada térmica através dos estudos de modelagem e avaliação de cenários

realizados.

Para avaliar essa opção, este trabalho se propõe a elaborar uma metodologia de

otimização com restrições para otimizar a operação de uma unidade termelétrica

existente, visando o menor custo operacional, alta eficiência térmica e pleno

atendimento aos clientes de vapor e energia elétrica. O método de otimização escolhido

foi o enxame de partículas. Trata-se de um método heurístico e relativamente recente.

Foi desenvolvido em 1995 por Dr. Eberhart e Dr. Kennedy. É um método inspirado pelo

comportamento social dos passáros em revoada.

Simplificadamente, o algortimo é inicializado com uma população de soluções

randômica e busca pelo ponto ótimo através da atualização da população. Os elementos

da população de soluções “caminham” pelo espaço solução do problema seguindo os

elementos já coniderados ótimos. Cada vez mais trabalhos vêm utilizando o método

para resolver problemas de engenharia e este trabalho gostaria de aproveitar a

oportunidade para avaliar os seus resultados em problemas dessa natureza.

O objetivo do presente trabalho é maximizar o resultado econômico da unidade,

em relação a um ponto operacional referência, preservando a eficiência termodinâmica e

o pleno atendimento aos clientes, através da mudança de seus parâmetros operacionais.

3 �

1.2 Breve descrição da metodologia

Para atingir o objetivo do presente trabalho, são necessários alguns passos, que

serão detalhados no decorrer da dissertação, e descritos de forma breve nesta seção.

Primeiramente, é necessário construir um modelo representativo da unidade

termelétrica. Esse modelo pode ser construído em diversos tipos de simuladores. A

função do simulador é resolver os balanços de massa e energia da unidade modelada. O

simulador escolhido para dar prosseguimento ao trabalho foi o THERMOFLEX, da

empresa THERMOFLOW. Essa escolha se deu, principalmente, pela conveniência do

banco de dados de turbinas a gás comerciais que o software possui e à sua flexibilidade

na construção de modelos.

Através do banco de dados, é possível escolher o modelo de turbina a gás

existente na unidade. Ele contém várias informações, como fabricante, modelo,

eficiência e potência nas condições ISO. Dessa forma, para modelar a turbina a gás,

basta escolher, dentre as turbinas de mesmo modelo e fabricante, a que mais se adequa

às características da turbina que se deseja modelar. O modelo já comtempla os vários

modos operacionais que a turbina a gás pode assumir. Características importantes do

equipamento, como a variação do consumo de combustível ao variar a carga pretendida,

já estão contempladas neste modelo. Utilizar o modelo do banco de dados

disponibilizado pelo software e amplamente validado com dados reais dos fabricantes

de turbinas a gás contribui para a acurácia da modelagem da turbina a gás. Pois se trata

se um equipamento complexo, consumidor de combustível e, por isso sua modelagem

pode afetar os resultados de forma significativa.

Além disso, com a flexibilidade deste software é possível construir toda a planta

a partir dos equipamentos primários, como tubulações, trocadores de calor,

compressores, evaporadores, e outros. Através da modelagem da termelétrica no

simulador são definidos os parâmetros construtivos, dimensionais e os limites

operacionais dos equipamentos.

Após a concepção do modelo, é necessário verificar a concordância entre este e

a termelétrica existente. Segue-se, então para a etapa de validação, que pode ser

realizada paralelamente à construção do modelo. Durante esta etapa, são realizados

ajustes para que o modelo apresente comportamento o mais semelhante possível à

termelétrica existente. Para isso, são utilizadas todas as informações disponíveis sobre a

4 �

termelétrica, tais como testes de performance, dados de projeto, fluxogramas de

processo e dados operacionais reais da base de dados histórica. Os resultados obtidos

com o simulador são comparados aos dados de projeto e reais da termelétrica em

operação. São comparados resultados como a produção de energia elétrica e vapor, a

eficiência de cada um dos equipamentos e a da planta como um todo e os valores de

pressão, temperatura e vazão das correntes. É um passo importante para que o modelo

apresente resultados semelhantes à planta existente ao ser submetido aos mesmos

estímulos.

Após a validação, dá-se início ao processo de otimização. Para otimizar a

unidade é necessário definir o cenário de operação e o cenário econômico nos quais a

termelétrica opera. O cenário de operação é definido pela demanda e requisitos de

qualidade dos produtos dos clientes de vapor e energia. O cenário econômico trata dos

preços pagos pelo insumo energético, a taxa de câmbio e o valor pago pela energia

elétrica produzida. O cenário econômico definido neste trabalho é um cenário

simplificado, pois não leva em consideração a dinâmica dos leilões de venda de energia

elétrica, negociações no mercado spot e os custos reais do gás natural consumido pela

termelétrica. A partir deste momento, o cenário de operação aliado ao cenário

econômico será referido apenas como cenário.

Após a definição do cenário, assume-se uma condição operacional de referência.

A condição operacional de referência, que a partir de agora será referida apenas como

condição de referência, é caracterizada pelo modo de operação da termelétrica no

cenário definido na ausência de qualquer tipo de otimização. O modo de operação

compreende os valores definidos para pressões, vazões, temperaturas, potências, entre

outros parâmetros necessários para operação adequada da termelétrica. A condição de

referência pode ser expressa por um modo de operação estabelecido em projeto ou pela

operação usual da termelétrica no cenário. Um dos parâmetros da função objetivo é a

definição de um lucro marginal bruto, obtido ao migrar da condição de referência para

a condição sugerida pelo algoritmo de otimização.

O processo de otimização foi realizado com o auxílio do VBA Excel. O VBA

Excel foi escolhido devido à sua facilidade de comunicação com o simulador

THERMOFLEX. O cálculo da função objetivo, o gerenciamento do algoritmo de

otimização e as chamadas para a execução do simulador são realizados através do

5 �

Excel. Além disso, ele armazena os resultados mais importantes das simulações e as

informações de convergência.

Durante o trabalho foram realizados dois estudos de caso de otimização em

cenários distintos e um caso para validação da metodologia proposta. Os resultados

apresentados podem ser utilizados como primeira sugestão de parâmetros operacionais a

serem utilizados para obter resultados econômicos mais favoráveis e com boa eficiência

térmica. Enfatiza-se a expressão primeira sugestão, porque se deve considerar a maior

complexidade da termelétrica real. Muitas vezes a termelétrica possui características

difíceis de reproduzir em um simulador de processos e por isso, os resultados do modelo

podem ser inadequados em algumas situações específicas. Devido às limitações da

simulação, os benefícios reais dos resultados obtidos só podem ser efetivamente

verificados após a aplicação das sugestões na termelétrica existente.

1.3 Organização do Trabalho

Depois de expostas as motivações e objetivos do trabalho, bem como uma breve

explanação da metodologia aplicada, a contribuição do trabalho e o uso de algoritmos

de otimização para avaliação de cenários para unidades termelétricas, segue a

organização deste trabalho.

No capítulo 2, é apresentada a revisão bibliográfica. A revisão bibliográfica

avaliou o uso de algoritmos de otimização para solução de questões relativas às

unidades termelétricas, desde a otimização do projeto da unidade, otimização dos

parâmetros operacionais e os algoritmos e metodologias empregadas para solução.

O capítulo 3 trata da metodologia utilizada. Neste capítulo estão descritas

separadamente as fases de modelagem, validação do modelo e definição e solução do

problema de otimização, além das informações de projeto e dados operacionais

históricos utilizados nos procedimentos de modelagem e validação.

O capítulo 4, Modelagem, apresenta em mais detalhes as características da

termelétrica, objeto de estudo deste trabalho. Como seu arranjo, os objetivos da planta e

os modos de operação previstos, os softwares utilizados, as considerações adotadas e o

procedimento de modelagem conduzido para cada um dos equipamentos.

6 �

O capítulo 5, Validação, trata da validação dos resultados obtidos pelo simulador

de processos. Neste capítulo consta a documentação utilizada para a validação dos

resultados obtidos pela simulação. Os resultados obtidos pela modelagem de cada um

dos equipamentos foram verificados de acordo com a quantidade de informações de

projeto e históricas disponíveis. Este capítulo ainda trata das modificações realizadas, de

forma que o modelo obtido e verificado para o caso de projeto pudesse ser utilizado

com dados reais obtidos do histórico operacional da planta.

O capítulo 6 trata do problema de otimização. Nele estão descritos os casos de

otimização abordados nesse trabalho, bem como a caracterização dos cenários, as

funções objetivo utilizadas além, do algoritmo enxame de partículas com restrições

utilizado. Os parâmetros do método de otimização utilizados para cada caso também são

apresentados neste capítulo.

No capítulo 7, resultados e discussão, são apresentados os resultados para cada

um dos casos de estudo descritos no capítulo anterior. Os resultados principais são o

lucro marginal bruto, definido no capítulo 4, e a eficiência PURPA, obtidos através da

metodologia proposta neste trabalho. Além disso, também são apresentadas as

informações de convergência e os parâmetros do algoritmo de otimização.

No capítulo 8 é apresentada a conclusão deste trabalho, sinalizando a

contribuição e as precauções com a interpretação e utilização dos resultados obtidos.

Nos Apêndices são apresentados os detalhes da modelagem dos equipamentos

utilizados no fluxograma de simulação do software utilizado neste trabalho e tabelas

detalhadas do preço de venda de energia elétrica no Brasil e do custo do gás natural no

mercado internacional.

7 �

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Na literatura encontra-se uma variada gama de trabalhos sobre otimização de

unidades termelétricas. De forma geral, são objetos de estudo plantas que operam em

ciclo combinado e em ciclo combinado com cogeração. Dos trabalhos levantados, pode-

se dizer que estão subdividos em três grandes grupos.

No primeiro grupo podem ser alocados trabalhos focados na otimização do

projeto da termelétrica, através da escolha ótima de seu arranjo e seus equipamentos.

Nesse caso, as variáveis consideradas para a otimização são os parâmetros

termodinâmicos que definem a configuração da unidade, de modo a atender às

demandas dos seus clientes.

No segundo grupo podemos considerar os trabalhos em otimização dos custos

operacionais e eficiência em off-design, ou seja, como a unidade com a arquitetura

existente, fixa, pode ter uma operação otimizada através da manipulação de seus

parâmetros operacionais. Nesse caso, pode-se colocar ênfase em condições mais

realistas de operação e no uso de dados reais para validar a modelagem e os resultados

obtidos. Alguns autores se referem a esse tipo de otimização como otimização

paramétrica.

No terceiro grupo encontram-se os trabalhos que buscam formas de melhorar a

eficiência dos métodos empregados para realizar os procedimentos de otimização.

Utilizam uma série de recursos matemáticos com o intuito de diminuir o alto custo

computacional das funções objetivo, cada vez mais complexas, associadas aos

algoritmos de otimização.

Os trabalhos do primeiro grupo foram impulsionados a partir do

desenvolvimento de soluções para o problema do CGAM. Trata-se de um problema

“benchmark” amplamente utilizado para testar métodos de otimização termoeconômica.

A concepção e solução desse problema foi resultado dos esforços dos especialistas da

área para organizar os métodos e os conceitos utilizados para otimização termo

econômica. O sistema CGAM consiste de uma planta de cogeração com uma turbina a

gás em ciclo regenerativo e uma caldeira recuperadora e tem o propósito de fornecer 30

MW de energia elétrica e 14 kg/s de vapor saturado. Deseja-se obter o valor das

variáveis ótimas de projeto, que, nesse caso, são a razão de pressão do compressor, a

8 �

eficiência do compressor, a eficiência da turbina a gás, a temperatura do ar na entrada

da câmara de combustão e a temperatura dos gases de combustão na entrada da turbina,

para o mínimo custo da planta, considerando o investimento, a manutenção e a

operação. O problema foi batizado com as iniciais dos seus proponentes. Os trabalhos

de TSATSARONIS et al. (1994), VALERO et al. (1994), FRANGOPOULOS (1994) e

SPAKOSVKY (1994) compararam diferentes métodos para resolver esse problema de

otimização.

Um dos primeiros artigos a propor o uso de simulador de processos profissional

para resolver problemas de otimização termoeconômica foi o trabalho de VIERA et al

(2004). Neste trabalho foi proposta uma nova abordagem para otimização

termoeconômica de sistemas térmicos. A metodologia utilizada combinou a

identificação das variáveis de decisão que afetavam o custo e a eficiência, a

classificação dos componentes em hierarquias, a identificação dos termos

predominantes no custo total e a escolha das variáveis de decisão principais em um

processo iterativo. Utilizou o simulador IPSEpro em conjunto com o Microsoft Excel e

rotinas em Visual Basic. Para conduzir a otimização utilizou o método do poliedro

flexível. Na metodologia proposta, alguns sistemas e variáveis de decisão não são

considerados a cada iteração devido ao conhecimento adquirido pelas análises de

sensibilidade previamente realizadas, diminuindo o tempo computacional para obtenção

de resultados. O método proposto explora as potencialidades de uso de um simulador de

processos para conduzir estudos de otimização, abrindo possibilidade para avaliação de

plantas mais complexas a partir de um simulador.

Em 2010, SEYYEDI et al (2010) utilizou metodologia semelhante a VIERA et

al (2004). Empregou análise exergoeconômica, análise de sensibilidade e um método de

otimização estruturado, detalhado no trabalho. A cada iteração, novas variáveis de

decisão eram calculadas. Aplicou a metodologia proposta ao problema do CGAM.

Como vantagem da metodologia proposta, o autor apontou a convergência rápida e a

possibilidade de aplicação em casos reais.

EL-SAYED (1999), foi um dos primeiros a mostrar preocupação com o

desempenho em carga parcial do projeto otimizado, dada uma filosofia de controle. O

trabalho utilizou modelos dos componentes de um sistema de energia para extrair

informações sobre o desempenho e o custo do sistema. As informações foram utilizadas

9 �

para obter o ótimo projeto e depois, redirecionadas para predizer o desempenho do

sistema otimizado em carga parcial. O trabalho concluiu que, para análise detalhada do

projeto conceitual, as informações condensadas na equação de custo aprimoram o

projeto ideal e as equações de desempenho favorecem a obtenção da operação

otimizada.

Os algoritmos genéticos ou evolucionários aplicam uma estratégia de procura

iterativa e estocástica para encontrar a solução ótima e imitam, de modo simplificado,

os princípios da evolução. Uma característica desse tipo de algoritmo é a concepção de

uma população de indivíduos, onde um indivíduo consiste dos valores das variáveis de

decisão e é uma solução potencial para o problema de otimização. O emprego desse tipo

de algoritmo se tornou popular para resolver problemas de otimização relacionados às

termelétricas nos anos 2000. Alguns trabalhos com essa vertente serão discutidos

abaixo.

VALDÉS et al (2003) utilizaram algoritmo genético para otimização

termoeconômica de uma usina de ciclo combinado. Empregaram duas funções para

otimizar o projeto da termelétrica, uma de mínimo custo de produção do produto e outra

de máxima receita anual. O algoritmo genético já tinha sido utilizado com sucesso por

ATTALA et al (2001) e TOFFOLO et al (2002) para otimização termoeconômica e, por

isso, foi escolhido pelos autores. Nesse trabalho já aparece a ideia de otimizar o projeto

à luz de mais de um objetivo. A otimização conduzida por dois critérios diferentes

indica se valeria a pena reduzir o lucro anual para se obter um menor custo de geração

ou não. A planta era composta por uma turbina a gás e uma caldeira recuperadora. O

processo de otimização selecionou caldeiras de um, dois ou três níveis de pressão, a

turbina foi mantida fixa. Como conclusão, foi selecionado projeto ótimo para uma

caldeira de três níveis de pressão com menor eficiência que a de dois níveis de pressão.

Isso significa que uma busca por maiores eficiências nessa configuração levariam a

aumento nos custos levando em consideração os parâmetros do trabalho.

TOFFOLO et al (2004) utilizaram algoritmo evolucionário para resolver o

problema do CGAM multi-objetivo. A otimização envolvia o custo, a eficiência e o

impacto ambiental. Ao contrário dos primeiros trabalhos, que se concentraram apenas

nos custos. O algoritmo genético foi o método escolhido, porque é um método

heurístico que não apresenta as mesmas dificuldades dos métodos gradiente, convergir

10 �

para mínimos locais. De acordo com o trabalho, obter melhor eficiência com pequenos

incrementos no custo pode ser interessante em cenários de mudança nos preços dos

insumos e na política de energia. O problema do CGAM foi resolvido para o custo e

eficiência exergética. O trabalho utilizou a frente de Pareto para avaliar os resultados.

Como conclusão, os autores destacaram que não só o mínimo econômico deve ser

levado em consideração numa otimização, mas, também, a eficiência. Especialmente

quando há expectativa de mudança de cenário. Os resultados apontaram que um

aumento de dois pontos na eficiência exergética leva a um aumento de 5% no custo para

o caso estudado.

Em 2007, KORCH et al (2007) utilizaram algoritmos evolucionários para

otimizar a configuração da unidade e as variáveis de processo simultaneamente. O

algoritmo de otimização, proposto no trabalho, poderia escolher entre várias opções de

projeto, como diferentes turbinas a gás disponíveis no mercado, caldeiras de até três

níveis de pressão, queima suplementar, opção de injeção de água na turbina a gás, entre

outras possibilidades. As variáveis de processo consideradas foram as pressões do vapor

de alta, temperaturas de reaquecimento, pressões de saída das bombas de alimentação, o

aumento de temperatura provocado pela queima suplementar, entre outras variáveis. O

software utilizado para simular o comportamento termodinâmico da unidade foi o

GateCycle. O software Matlab foi o responsável por controlar as execuções do

algoritmo de otimização. É um trabalho que já mostra preocupação não só com o

projeto, mas com a operação ótima da planta concebida.

SAYYAADI (2009) também utilizou otimização multi-objetivo no problema do

CGAM para otimizar os aspectos exergéticos, econômicos e ambientais. Os aspectos

ambientais foram convertidos em custo e agrupados com os aspectos econômicos. O

método de otimização empregado foi baseado em algoritmo genético. O trabalho ainda

apresentou um exemplo para escolha da solução ótima utilizando a frente de Pareto,

com base dos resultados obtidos. Segundo o autor, o uso de otimização multi-objetivo

possibilita considerar objetivos muitas vezes conflitantes entre si e, a seleção da solução

ótima depende das preferências e critérios de cada decisor.

MAGNANI et al (2009) utilizou um sistema de “configuração de tarefas” para

otimizar o projeto e a operação de uma pequena central de cogeração. Esse sistema

permite configurar a tarefa principal de um equipamento e consequentemente definir

11 �

como o equipamento responde em cargas parciais. Primeiramente conduziram a

otimização econômica do projeto para a demanda nominal. Após, foi realizada

otimização operacional onde os custos e as demandas de potência variavam. Os

resultados apontaram a redução do custo de projeto em trinta por cento. A otimização

conduzida durante a operação obteve redução de três por cento nos custos.

Também em 2010, KOTOWICZ et al (2010) avaliaram a influência do preço do

combustível nos valores ótimos das variáveis de projeto da parte do vapor de uma

planta de ciclo combinado. A planta investigada possuía três níveis de pressão e uma

turbina a vapor de condensação e extração. As variáveis otimizadas foram os níveis de

pressão da caldeira e as diferenças de temperatura na caldeira recuperadora. Utilizaram

algoritmo genético no processo de otimização. A função objetivo levava em

consideração o “brake-even” do preço de energia elétrica. O “brake even”� é uma

expressão inglesa que designa um ponto de equilíbrio nos negócios em que não há nem

lucro nem prejuízo. Os resultados da otimização econômica foram comparados com os

resultados da otimização elétrica. Como conclusão, o aumento no preço do combustível

provoca aumento na pressão ótima da parte de média e de alta da caldeira, aumento nas

temperaturas ótimas de vapor na parte de média e diminuição das diferenças de

temperaturas no interior da caldeira. Levando ao aumento da potência da turbina a vapor

e ao aumento do custo de investimento ao ser comparado com a otimização pela

eficiência.

AHMADI et al (2011) utilizaram algoritmo genético para conduzir otimização

multi-objetivo de uma turbina gás, considerando os objetivos exergéticos, econômicos e

ambientais. Modelou a turbina no Matlab e comparou os resultados obtidos com a uma

turbina real. Realizou análise de sensibilidade em ambos os objetivos obteve conclusões

relevantes sobre o comportamento da turbina a gás. Em outro artigo, de mesma autoria,

também de 2011, foi utilizada a mesma abordagem para avaliar plantas de ciclo

combinado. Os autores direcionaram as avaliações para verificar a influência da queima

suplementar nos resultados. Com essas análises retirou uma série de conclusões sobre a

planta. Como por exemplo, os resultados apontaram que a maior destruição da exergia

ocorre na câmara de combustão.

SAYYAADI et al (2011) conduziu otimização multi-objetivo para o problema

do CGAM utilizando o algoritmo do enxame de partículas, que será explanado

12 �

posteriormente no decorrer do presente trabalho. A otimização foi conduzida para os

objetivos exergéticos, exergoeconômicos e ambientais. Após obter soluções, selecionou

a solução ótima de Pareto utilizando processo decisório baseado em lógica fuzzy. A

vantagem apontada pelo autor na utilização do enxame de partículas, em relação ao uso

do algoritmo genético, foi a ausência de soluções não viáveis como resultado da

otimização. Ao comparar com a solução do CGAM chegaram à conclusão que uma

melhor operação em termos ambientais e exergéticos leva a maior custo do produto.

Em 2012, o trabalho de KAVIRI et al. (2012) apresentou otimização multi-

objetivo do projeto de uma planta de ciclo combinado com caldeira recuperadora com

dois níveis de pressão, utilizando algoritmo genético As funções objetivo foram os

custos de combustível, custos dos componentes, custo de destruição da exergia, e a

eficiência exergética da unidade modelada. Foram utilizadas as equações

termodinâmicas para modelar os processos e os resultados deste modelo foram

validados a partir de uma planta real.

Segundo os trabalhos focados somente em otimização para condição de projeto,

trabalhar nesta condição será sempre a alternativa mais adequada. É uma boa suposição

quando se sabe, a priori, que a operação se dará na maior parte do ano na condição de

projeto. Entretanto, caso se opere a maior parte do tempo em carga parcial, o projeto

poderia estar superdimensionado, com correspondente penalidade nos custos do

investimento e de operação. Assim, surgiu a necessidade de se estudar a otimização

operacional de unidades termelétricas já existentes. A seguir, serão mostrados trabalhos

que tiveram esse objetivo.

Dentre os trabalhos pesquisados que primeiramente apontou a importância da

otimização operacional, com arquitetura da unidade fixa, foi FRANGOPOULOS et al

(1996). Os autores conduziram otimização termoeconômica de uma planta de ciclo

combinado com cogeração de uma refinaria. A planta possuía alta flexibilidade para

atender diferentes demandas energéticas e ainda era possível comprar ou vender energia

para o grid. Dada a flexibilidade operacional dessa unidade, o trabalho tinha como

objetivo responder às seguintes perguntas: dadas as demandas de eletricidade e calor, as

condições ambientais e econômicas, qual fonte e qual carga deveriam ser utilizadas e

quanto de energia comprar ou vender para o grid. Para responder a essas questões foi

desenvolvido um procedimento de otimização para fazer análise termoeconômica do

13 �

sistema e modelar o desempenho de cada equipamento. O objetivo era minimizar os

custos operacionais. Como resultado conseguiu-se redução significativa dos custos

operacionais ao substituir a prática comum pelos resultados do procedimento de

otimização. O presente trabalho deseja responder perguntas semelhantes utilizando um

simulador de processos para realizar a modelagem do sistema e o algoritmo enxame de

partículas para executar o processo de otimização.

D’ACCADIA (2001) buscou os modos de operação ótimos de uma planta

termelétrica complexa. A planta possuía quatro motores com recuperação de calor e

cada motor poderia alimentar um gerador ou um compressor simultaneamente. A planta

era interconectada com o grid, podendo enviar ou receber energia elétrica. Para cada

condição, uma série de modos operacionais era possível. O trabalho visava encontrar a

configuração que minimiza o custo para determinada condição. Utilizou método

combinatorial heurístico para executar a otimização e os resultados apontaram economia

considerável em relação à operação de referência.

LAZZARETTO et al (2006) buscou o planejamento da produção ótimo para

plantas termelétricas operando em mercado desregulado. Em um mercado desregulado

os preços de energia elétrica podem variar de forma dinâmica. Considerou o ponto de

vista dos proprietários da planta, cujo objetivo é obter o máximo retorno. O trabalho

conduziu várias análises utilizando custos variáveis de produção ou mantendo o

planejamento da produção fixo.

CARDONA et al (2006) e PIACENTINO et al (2007) tratam das questões de

pequenas e médias centrais termelétricas que atendem demandas variáveis e operam,

essencialmente, fora do regime permanente. CARDONA (2006) aborda o perfil de

demanda diferenciado de plantas termelétricas para serviços prediais. Uma característica

dessas plantas é a flexibilidade em atender às demandas. Estas podem ser atendidas de

diversas formas através de diferentes saídas de cada de equipamento. Propôs uma

metodologia exergoeconômica simplificada baseada em dados de consumo e elaborou

um caso para análise. O enfoque do trabalho foi a complexidade da demanda, que era

intensamente variável e na quantidade de equipamentos presentes na planta.

PIACENTINO et al (2007) propôs a aplicação dos fundamentos da

termoeconomia para sistemas que operam em carga variável e discutiu os aspectos da

penalidade do funcionamento fora do ponto de projeto no custo exergético das

14 �

correntes. Apresentou um algoritmo para otimização integrada, do projeto e da

operação, baseado em multiplicadores de Lagrange. Existia a possibilidade de associar o

algoritmo de otimização à estratégia do gerenciamento do sistema de controle.

Estratégia que pode ser utilizada para avaliar os resultados da otimização em operação

real.

KUPRIANOV et al (2008) também se preocupou em otimizar a operação

atendendo às demandas dos clientes utilizando a planta existente. O objetivo deste

trabalho foi otimizar a distribuição de carga entre duas unidades termelétricas

queimando gás natural e óleo combustível. A função objetivo refletia os custos dos

combustíveis e o custo ambiental. O atendimento às demandas dos clientes figurou

como restrição. A distribuição de potência entre as unidades, resultado principal do

trabalho, foi encontrada utilizando uma curva de carga diária típica como premissa. Para

resolver o problema de otimização aplicou-se a programação inteira mista. Os

resultados do artigo apontaram que a mudança da distribuição de carga atual pela obtida

através da otimização levava à aparente redução dos custos, a depender da curva de

demanda diária. Além disso, nos casos em que a operação da planta estava próxima da

carga mínima os benefícios da otimização foram menos significantes.

O trabalho de VIEIRA et al. (2010) tratou da maximização do lucro de uma

unidade operacional complexa utilizando um simulador de processos. Nesse trabalho,

uma planta de ciclo combinado com cogeração foi modelada utilizando o software

THERMOFLEX. O trabalho dedicou-se à otimização paramétrica, ou seja, otimização

dos parâmetros operacionais mantendo a configuração da planta fixa. A planta estudada

possuía alta complexidade e estava inserida no mercado brasileiro de energia elétrica. O

algoritmo de otimização empregado foi busca exaustiva. O modelo de custo considerou,

principalmente, os custos de combustível. A função objetivo consistia em maximizar o

lucro considerando as receitas da unidade e os custos com insumos. Além disso, a

unidade deveria atender à demanda de vazão do cliente de vapor. Como conclusão,

VIEIRA et al. (2010), aponta que as condições ótimas de operação da planta dependem

de forma não trivial dos parâmetros econômicos e a maximização do lucro, não

necessariamente, leva a uma operação mais eficiente.

O trabalho de GODOY et al (2010), como em KORCH et al (2007), tratou da

otimização dos parâmetros de projeto e variáveis operacionais de uma unidade de ciclo

15 �

combinado com turbina a gás. Os resultados apresentaram famílias de soluções ótimas

para diferentes demandas de energia elétrica e térmica disponíveis. Neste trabalho a

otimização econômica não foi considerada e a otimização foi realizada utilizando

algoritmo genético.

ROVIRA et al. (2011) expôs preocupação com a diferença entre os resultados da

otimização realizada para operação em condição de projeto e a otimização em operação

off-design, que é, geralmente, a condição a que a planta estará mais sujeita ao longo dos

anos. O trabalho apresenta uma metodologia para alcançar a otimização

termoeconômica de usinas de ciclo combinado com turbina a gás (Combined Cicle Gas

Turbine, CCGT) levando em consideração o funcionamento off-design frequente da

planta. Foram consideradas diversas configurações de plantas de ciclo combinado com

cogeração. Os modos de operação de cada uma dessas plantas deveriam estar adequados

aos cenários de produção de energia razoáveis definidos no artigo. A função objetivo

considerou o custo anual de operação. Após avaliação dos resultados, os autores

concluíram que o modelo termoeconômico desenvolvido apresentou resultados mais

interessantes nos casos de plantas que incluem turbinas a gás de baixa vazão e

temperatura dos gases exaustos operando em cenário de carga muito variável. Neste

trabalho, a preocupação principal ainda se concentrou na configuração da unidade, pois

o objetivo foi melhorar o arranjo de uma usina, que ainda será construída, considerando

um cenário anual mais realista de operação.

No trabalho de HAJABDOLLAHI et al. (2012) foi desenvolvido um modelo

termoeconômico de uma usina com turbina a vapor para posterior otimização.

Utilizaram dados de uma planta real para modelar, validar e otimizar. O objetivo da

otimização era maximizar a eficiência térmica e minimizar os custos de investimento,

operacional e de manutenção. Nesse caso, os dados da planta existente foram utilizados

para modelar e validar o modelo proposto. A otimização foi conduzida de forma a obter

um projeto de planta otimizado. Os resultados apontaram um aumento de eficiência da

ordem de 3,76% e uma redução no custo em 3,84% simultaneamente em comparação

com os dados da planta real em funcionamento, caso a unidade tivesse o arranjo e a

operação proposta pela otimização.

Também aparece na literatura a otimização operacional considerando a

integração entre diferentes plantas. No trabalho de LUO et al. (2013) foi considerada a

16 �

otimização da operação do conjunto das unidades de utilidades de um complexo

petroquímico, considerando falhas dos equipamentos. O modelo estabelecido no artigo

considera mínimo custo para a operação real sem falhas dos equipamentos e

redundância quando ocorre falha. Considerando, inclusive, a melhor forma de operação

em casos de emergência.

XIONG et al (2012) buscou a otimização da operação de uma planta de carvão

de 300 MW. Utilizou duas estratégias, otimização global e local. Os objetivos eram

minimizar o custo total anual da planta e o custo de investimento. Utilizou programação

sequencial quadrática para resolver o problema de otimização. Foi possível atingir uma

redução de 2.5 % no custo anual e 3.5% no custo de investimento. A otimização local

foi mais rápida e apresentou resultados semelhantes à otimização global.

Não foram encontradas referências abundantes sobre o uso do algoritmo enxame

de partículas para solucionar problemas de otimização relacionados às plantas

termelétricas. Dessa forma, o trabalho de HART et al (2010) foi utilizado como

referência para empregar a otimização de múltiplos objetivos com restrições. Neste

trabalho o autor abordou o uso do algoritmo enxame de partículas para otimização

multidisciplinar no projeto conceitual de navios. A otimização multidisciplinar implica

no desenvolvimento de um algoritmo de múltiplos objetivos. Originalmente, o

algoritmo enxame de partículas foi criado para resolver problemas de um único objetivo

e sem restrições. No artigo foram utilizadas funções peso para contemplar as restrições.

Para conduzir a otimização de múltiplos objetivos foi aplicado o método denominado

soma normalizada. No decorrer do texto a metodologia será explicitada com mais

detalhes.

Geralmente, dada à complexidade das plantas modeladas e das funções objetivo

utilizadas, existem trabalhos focados em melhorar a eficiência dos métodos de

otimização. Pode-se citar o trabalho PIRES et al. (2013) como exemplo. Este trabalho

apresentou a aplicação de uma superfície de resposta, para substituir a função objetivo a

ser minimizada, em um processo de otimização termoeconômica de uma planta

complexa. A planta foi modelada com ajuda de um simulador de processos

especializado. Funções de base radial foram utilizadas para aproximar numericamente o

modelo obtido no simulador e a aproximação obtida foi sujeita ao processo de

17 �

otimização. A utilização de funções de superfície de resposta tem o potencial de

diminuir drasticamente o tempo computacional.

DIPAMA et al (2010) apresentou um processo de otimização baseado em

algoritmo evolucionário. A técnica proposta pelo autor divide o espaço solução em

corredores paralelos. Dentro desses corredores, soluções “cabeça” são agrupadas para

então serem envolvidas no processo de reprodução de novas populações utilizando

operadores genéticos. Apresentou a otimização de uma planta de cogeração e uma

estação de energia elétrica. Os resultados indicaram que a metodologia proposta se

mostrou robusta, confiável e poderosa.

KARAALI et al (2014) apresentou uma nova metodologia para otimização

termoeconômica. Nesse trabalho um novo método de otimização iterativo foi aplicado

para determinar o ótimo global e local de quatro ciclos de cogeração. Primeiramente

modificou um método de análise termoeconômica denominada busca direta não linear

simplex. Aplicou o método modificado para quatro ciclos de cogeração. Os quatro

ciclos foram termoeconomicamente otimizados para produção constante de energia

elétrica e vapor. A otimização foi conduzida através de dois tipos de equação de custo.

Uma das equações era baseada em funções de custo e enquanto a outra se baseava no

tamanho dos equipamentos para estimar o custo. Como conclusão, o trabalho mostrou

que a otimização global e local, os dois métodos de custo e vários diferentes projetos

levam a resultados muito diferentes.

O presente trabalho assemelha-se a um trabalho do segundo grupo, pois o

objetivo foi realizar otimização paramétrica de uma termelétrica existente, com

arquitetura fixa, visando maior rentabilidade e eficiência térmica. A termelétrica

estudada opera em mercado de energia regulado, entretanto estaria sujeita às flutuações

do mercado internacional quando se trata dos custos dos insumos energéticos. O

objetivo foi obter o menor custo operacional conservando a eficiência. Para conduzir a

otimização foram utilizados simulador de processos profissional e o algoritmo de

otimização enxame de partículas. A simulação foi validada com dados da efetiva

operação da termelétrica e a otimização foi conduzida para um caso real. Alguns autores

fizeram uso de simuladores profissionais e algoritmo de otimização heurístico.

Entretanto, trabalhos que propuseram a investigação dos resultados em cenários reais,

ainda estão em menor quantidade. De acordo com a revisão da literatura, a otimização

18 �

paramétrica é um assunto recorrente e cada vez mais se busca o melhor uso dos recursos

energéticos e melhores resultados econômicos utilizando simulação e técnicas de

otimização.

19 �

3 METODOLOGIA

Neste capítulo será apresentado, de forma breve, o procedimento de solução

utilizado no decorrer do trabalho. A metodologia proposta passa pelas fases de

modelagem, validação, definição do problema de otimização e solução do problema de

otimização. Cada uma das fases será discutida apenas de forma geral. As fases serão

posteriormente detalhadas nos capítulos subsequentes.

3.1 Modelagem

A primeira fase consiste em modelar uma unidade termelétrica escolhida em um

simulador de processos profissional. Neste trabalho utilizou-se o simulador

THERMOFLEX, da empresa THERMOFLOW, dados de projeto da unidade e dados da

efetiva operação da termelétrica.

A função do simulador é resolver os balanços de massa e energia do modelo e

fornecer os resultados pertinentes para cada corrente e equipamento presente no

fluxograma do modelo, de acordo com os parâmetros definidos pelo usuário durante a

fase de modelagem. Cada um dos equipamentos e correntes presentes no fluxograma

precisam de parâmetros mínimos, definidos pelo usuário, para que o simulador possa

caracterizar os equipamentos, fechar os graus de liberdade das equações e realizar os

cálculos. Os parâmetros utilizados foram retirados, basicamente, da documentação de

projeto da unidade. São eles dimensões, composições, arquitetura da unidade e outras

informações disponíveis.

O uso de simuladores de processo está cada vez mais difundido nas atividades

diárias de engenharia. Pois, se trata de uma ferramenta poderosa para projeto, análise,

otimização de sistemas térmicos. Com o uso de simuladores é possível obter simulações

robustas, complexas e com fidelidade adequada para realizar análise de cenários e

procedimentos de otimização, além de avaliação de projeto e teste de modificações.

O THERMOFLEX, simulador utilizado neste trabalho, possui característica de

simulador modular. Em um simulador modular a simulação é construída através de

“blocos” e cada bloco é resolvido de forma sequencial. A termelétrica foi modelada no

THERMOFLEX com o objetivo de representar a operação da unidade termelétrica para

20 �

as condições operacionais pretendidas. Com o THERMOFLEX também é possível

configurar controladores e utilizar recursos de simulação que auxiliam a convergência,

como a fixação de parâmetros. As ferramentas de simulação mais utilizadas no decorrer

deste trabalho foram os controladores, control loops, divisores, splitters, e acopladores

de fluxo, mixers.

3.2 Validação

Após a modelagem, segue-se para a etapa de validação. Durante esta etapa, os

resultados obtidos pelo simulador, as temperaturas, pressões, vazões e eficiências, que

foram as variáveis deixadas livres durante o processo de modelagem, são comparadas

com os dados de projeto e dados históricos reais disponíveis. O tipo de documentação

mais utilizado para realizar as verificações são os testes de performance dos

equipamentos, quando disponíveis, e o Heat Flow Diagram da unidade. O Heat Flow

Diagram é um documento fornecido pela empresa projetista após a finalização do

projeto da termelétrica. Neste documento são apresentados os valores de pressão,

temperatura, vazão e entalpia, para as correntes de fluidos da unidade, além da potência

gerada e eficiência das turbinas, em um ponto operacional definido, de acordo com o

projeto realizado. No presente trabalho, foram utilizados o Heat Flow Diagram para o

ponto operacional definido como operação normal da unidade, o teste de performance

das caldeiras auxiliares e o Heat Flow Diagram da turbina a vapor para diversas cargas,

como dados fidedignos para realizar a validação da modelagem. No caso da

termelétrica, objeto de estudo deste trabalho, também foi fornecido um Heat Flow

Diagram apenas para a turbina a vapor.

O objetivo da validação é obter o menor desvio relativo possível entre os

resultados do modelo obtido pelo THERMOFLEX e os valores presentes na

documentação de projeto. Isso é possível através do ajuste dos parâmetros estimados

durante a fase de modelagem, face ao desconhecimento do seu valor real, além do ajuste

dos arranjos internos de alguns equipamentos, que também são desconhecidos. Em

resumo, trabalha-se nos parâmetros desconhecidos, inicialmente estimados, para se

alcançar o menor desvio relativo possível entre os resultados obtidos pelo modelo e os

dados da documentação de projeto.

No Heat Flow Diagram para operação normal constam, somente, dados para um

ponto operacional. Ao verificar e ajustar o modelo para esse ponto sabe-se que este

21 �

representa bem esta condição específica. Entretanto, a unidade está, durante sua vida

útil, sujeita a condições de carga parcial. Por isso, há interesse que o modelo obtido

também represente de forma adequada outras condições operacionais passíveis de

ocorrerem na prática. Para avaliar a aderência do modelo a outras condições, foram

utilizados os testes de performance disponíveis que, contém informações sobre a

operação dos equipamentos em condições controladas. Neste trabalho, foi utilizado

apenas o teste de performance das caldeiras auxiliares, devido à sua disponibilidade.

Para avaliar o comportamento da turbina a vapor em diversas condições foi utilizado o

Heat Flow Diagram fornecido para turbina a vapor. Abaixo, são apresentados os passos

necessários para a realização do procedimento de validação de um determinado

equipamento.

Passo 1: Conexão de todos os equipamentos no fluxograma de simulação.

Passo 2: Definir o ponto operacional desejado no fluxograma de simulação

através das entradas dos modelos dos equipamentos e dos laços de controle definidos na

simulação

Passo 3: Comparar os resultados da simulação com os dados do Heat Flow

Diagram para operação normal através de cálculo do desvio relativo entre os

resultados.

Passo 4: Identificar os equipamentos que apresentaram maior desvio. Verificar

as configurações utilizadas no modelo dos equipamentos e realizar análise de

sensibilidade das configurações.

Passo 5: Identificar as configurações que apresentam melhores resultados desvio

relativo em relação à documentação de projeto

Passo 6: Verificar se as novas configurações são adequadas, ou seja, se os

valores utilizados são adequados para a situação simulada.

3.3 Definição do problema de otimização

Após a modelagem e validação, segue-se para a definição do problema de

otimização. A definição do problema de otimização consiste na proposição da função

objetivo, a ser maximizada ou minimizada, das variáveis manipuladas e das restrições.

Neste trabalho foram otimizados três cenários operacionais diferentes.

22 �

Para encontrar um ponto operacional de maior rentabilidade, preservando a

eficiência e o atendimento às demandas de vapor e energia elétrica, através da variação

dos parâmetros operacionais é necessário conceber uma função objetivo que retrate

esses aspectos, escolher as variáveis manipuladas e definir as restrições para cada um

dos cenários estudados.

A função objetivo deve considerar a rentabilidade do ponto de operação

encontrado durante o processo de otimização em relação à operação referência. A

rentabilidade foi considerada através da definição da função Lucro Marginal Bruto,

LMB, descrita em capítulo posterior. A função LMB leva em consideração o preço pago

pelo gás natural, o preço de remuneração da energia elétrica e o valor do dólar. Além

disso, a eficiência também é uma parcela da função objetivo. Trata-se, portanto, de um

problema de múltiplos objetivos resolvido através de uma abordagem mono objetivo.

Além da definição das restrições e da função objetivo, foi necessário definir as

variáveis manipuladas utilizadas para atingir os objetivos da otimização. Elas foram

definidas através de análise de sensibilidade do modelo. Ao conduzir esse tipo de

análise foi possível levantar quais variáveis eram determinantes para a rentabilidade e

eficiência em cada cenário estudado. É importante lembrar que os resultados são

dependentes dos custos definidos para cada cenário. Dependendo do valor absoluto dos

custos, algumas variáveis podem ter importância relativa maior sobre os resultados.

Assim, de acordo com o caso estudado o número de variáveis manipuladas pode

aumentar ou diminuir. Fato relevante para diminuir a complexidade do problema de

otimização e consequentemente o custo computacional para obter as soluções.

3.4 Solução do problema de otimização

Após a definição do problema de otimização, o próximo passo é a solução deste.

A solução do problema de otimização foi concebida utilizando em conjunto as

funcionalidades de dois programas: o Microsoft Excel e o THERMOFLEX ELink.

Através do ELink é possível executar simulações do THERMOFLEX e obter os

resultados utilizando o Excel. O processo funciona da seguinte forma: através do

suplemento ELink, carrega-se o arquivo de simulação do THERMOFLEX que se deseja

utilizar; ao carregar o arquivo, o usuário deve definir quais serão as variáveis de entrada

do modelo. Neste caso, as variáveis de entrada do modelo são as variáveis manipuladas

que serão modificadas durante o processo de otimização, as variáveis de decisão. Após

23 �

definir as variáveis de entrada, o usuário deve definir as variáveis de saída, que neste

caso, são as variáveis utilizadas para os cálculos, como a eficiência, o consumo de

combustível e a potência gerada além dos resultados das restrições. As restrições

também foram definidas como variáveis de saída, pois foi necessário verificar o pleno

atendimento às restrições em cada ponto operacional sugerido pelo método de

otimização.

Para a solução do problema de otimização, optou-se por utilizar o VBA Excel. O

algoritmo de otimização com restrições foi inteiramente escrito em VBA Excel, além da

inclusão das variáveis manipuladas nas células adequadas, validação do atendimento às

restrições, registro dos resultados, histórico da convergência do método e chamadas do

simulador. O método de otimização utilizado foi o enxame de partículas multi-objetivo

com restrições. Na figura 1, temos o fluxograma da solução do problema de otimização.

Figura 1-Fluxograma da solução do problema de otimização.

A planilha Excel funciona como repositório de informações. O algoritmo em

VBA gerencia toda a execução do método de Otimização e, por conseguinte as

chamadas do simulador através o Suplemento E-Link. O procedimento de solução do

problema de Otimização será abordado com mais detalhes nos capítulo subsequentes.

24 �

4 MODELAGEM

Neste capítulo serão detalhadas as características da termelétrica estudada, tais

como, o arranjo, os objetivos da unidade e os modos de operação. São detalhados ainda

a construção do modelo no simulador de processos THERMOFLEX, os parâmetros

utilizados, os valores usuais de projeto e a documentação utilizada durante o processo

de modelagem.

4.1 A termelétrica modelada

A unidade operacional escolhida para a realização deste trabalho é uma usina

termelétrica de ciclo combinado com cogeração. Essa configuração foi escolhida por

apresentar maior quantidade de graus de liberdade em relação às termelétricas de ciclo

aberto e de ciclo combinado sem cogeração. Devido à maior flexibilidade operacional

deste tipo de usina, é possível atender uma demanda específica de eletricidade e vapor

de diversas formas, com diferentes custos operacionais e eficiências para cada uma

delas.

4.1.1 Descrição da Unidade

A termelétrica, objeto de estudo deste trabalho, é composta por uma turbina a

gás, uma caldeira recuperadora e uma turbina a vapor. Possui também duas caldeiras

auxiliares convencionais de queima direta. A unidade possui capacidade total instalada

de 205 MW líquidos e fornece, em condições normais, 50 MW elétricos para cobrir a

demanda do cliente. O cliente também demanda um total de 415 t/h de vapor

distribuídos em três níveis de pressão, com temperaturas e pressões mínimas

especificadas. O restante da energia elétrica gerada é disponibilizada para a rede do

Sistema Interligado Nacional (SIN).

Simplificadamente, o gás natural é admitido na turbina a gás e queimado em sua

câmara de combustão. Os gases a alta temperatura, produto da combustão do gás

natural, passam através das pás da turbina propriamente dita produzindo trabalho. Os

gases exaustos da turbina a gás saem à temperatura muito elevada e por isso, são

enviados para a caldeira recuperadora, HRSG (Heat Recovery Steam Generator), para

aproveitamento energético. No interior da HRSG, os gases exaustos da turbina trocam

calor com a água para produzir vapor em três níveis de pressão, vapor de 120 kgf/cm2,

pressão manométrica, que a partir de agora será denominado V-120, vapor de 42

25 �

kgf/cm2, pressão manométrica, que a partir de agora será denominado V-42 e vapor de

12 kgf/cm2, pressão manométrica, que a partir de agora será denominado de V-12. Além

disso, existem ainda duas caldeiras auxiliares convencionais que também produzem V-

120. As caldeiras auxiliares têm como função aumentar a confiabilidade da produção de

vapor da unidade, suprir o restante da demanda de vapor do cliente de vapor, caso haja

necessidade, e alimentar a turbina a vapor com V-120. De acordo com a concepção de

projeto da unidade, todas as variações de vapor requeridas pelo cliente de vapor deverão

ser absorvidas pelas caldeiras auxiliares. A presença da turbina a vapor contribui para o

aumento da eficiência energética e da flexibilidade operacional da usina. A turbina a

vapor também tem como função produzir energia elétrica em caso de indisponibilidade

da turbina a gás e atender às flutuações de vapor normais de processo.

A turbina a gás da unidade é uma turbina industrial de potência máxima

estimada de 161,6 MW na condição local. A caldeira recuperadora é de fluxo de gás

horizontal, com tubos aletados, auto suportada e de circulação natural. A turbina a vapor

possui três extrações é capaz de fornecer 55 MW de potência nas condições de projeto.

Na figura 2, temos uma representação simplificada, em diagrama de blocos da

termelétrica.

Figura 2- Diagrama de blocos da termelétrica estudada.

26 �

As restrições de todos os casos de estudo conduzidos neste trabalho envolveram

o atendimento de vapor e energia elétrica para o cliente além, dos limites operacionais

dos equipamentos. Tais requisitos se traduziram, basicamente, em energia elétrica

mínima fornecida para o cliente e fornecimento de vapor nas vazões em três níveis de

pressão, com pressões e temperaturas especificadas, demandadas por esse cliente. Em

situações reais, podem existir restrições diferentes. Entretanto, para a avaliação dos

casos de estudos, a satisfação das demandas do cliente em determinado momento foi a

única restrição considerada. Essa é uma premissa importante dos estudos de caso

realizados. Caso o objetivo da unidade mude no decorrer do seu tempo de vida, serão

necessários outros estudos considerando o novo objetivo como premissa.

Em operação normal, referida em projeto, o fornecimento de vapor para o cliente

deve ter as características listadas na tabela 1.

Tabela 1-Requisitos de qualidade e fornecimento do Vapor.

Vapor V-120 V-42 V-12

Vazão 175 t/h 170 t/h 70 t/h

Pressão 120 kgf/cm2 42 kgf/cm2 12,5 kgf/cm2

Temperatura 525 0C 400 0C 280 0C

4.1.2 Modos de Operação Previstos

Segundo o projeto, a termelétrica possui quatro modos de operação. O primeiro

modo de operação é denominado Modo de Operação Normal. Esse é o modo de

operação esperado para a maior parte do tempo da unidade operacional. O objetivo do

Modo de Operação Normal é atender as demandas consideradas normais do cliente de

vapor e energia elétrica.

Segundo o projeto, a operação normal é caracterizada de acordo com a

explanação a seguir. A turbina a gás deve operar a 100% de carga e a HRSG deve

produzir o máximo possível de V-120. As caldeiras auxiliares devem operar fornecendo

o mínimo possível de vapor para a turbina a vapor, dentro das condições especificadas e

fornecer o resto de vapor para o processo. As duas caldeiras auxiliares devem estar em

operação para garantir a confiabilidade da geração de vapor para o cliente. A turbina a

27 �

vapor deve operar de acordo com as condições de processo. Para completar o cenário,

assumiu-se que a demanda do cliente é a demanda considerada normal. A demanda

normal é o consumo de 175 t/h de vapor de V-120, 170 t/h de vapor de V-42 bar e 28 t/h

de vapor de V-12 bar, a pressões e temperaturas mínimas requeridas pelo cliente de

vapor no limite de bateria, e 47 MW de energia elétrica. O restante de energia elétrica

que foi necessário para produzir essa demanda é exportado ao Sistema Interligado

Nacional, e é remunerada de acordo com o PLD, preço de liquidação das diferenças.

A forma de operação descrita acima é a prevista em projeto como a operação

normal e mais frequente da unidade. Entretanto, durante a vida operacional de uma

unidade termelétrica, as demandas dos clientes e a situação econômica podem mudar

forma significativa de modo que, a operação definida como normal e desejada não seja

mais a de melhor rentabilidade e eficiência para um cenário real.

Além do Modo de Operação Normal, a unidade possui mais outros três modos

de operação previstos em projeto. São eles: Máxima Geração de Energia Elétrica,

Operação em ilha e Mínima Geração de Energia Elétrica.

O modo de operação Máxima Geração de Energia Elétrica, tem como objetivo

produzir a maior quantidade de energia elétrica possível, ainda atendendo às demandas

de vapor do cliente de vapor na especificação requerida. Para isso, a turbina a gás e a

caldeira recuperadora devem estar operando a 100% de carga e a turbina a vapor deverá

fornecer o máximo de energia elétrica possível, 55 MW. Nesta condição, o condensador

deverá estar recebendo a máxima quantidade de vapor da turbina a vapor e

consequentemente as bombas e o sistema de resfriamento também deverão estar

operando dentro das suas capacidades nominais. As caldeiras auxiliares deverão estar

operando com a mesma carga, abaixo da nominal, mas acima de 50%, para atender a

demanda de vapor do cliente de vapor e da turbina a vapor. Esse modo de operação foi

utilizado como caso de validação da metodologia proposta neste trabalho. Utilizou-se a

metodologia e algoritmo propostos para maximizar a produção de energia elétrica,

atendendo as mesmas demandas definidas neste cenário, e o resultado foi comparado

com os dados definidos em projeto.

O modo de operação em Ilha se refere a uma condição operacional de

emergência. Essa situação ocorre quando há a desconexão da termelétrica da rede do

Sistema Interligado Nacional, obrigando a redução repentina da potência produzida pela

28 �

turbina a gás. Como se trata de uma situação de emergência, esse cenário operacional

não será objeto de estudo deste trabalho.

O modo de operação de Mínima Geração de Energia Elétrica retrata um cenário

operacional cujo objetivo é a mínima geração de energia elétrica, ainda atendendo às

demandas de vapor do cliente de vapor na especificação requerida. Esse cenário

operacional também não será objeto de estudo deste trabalho.

Além dos modos de operação descritos, ainda há o modo de operação Sem

TurboGerador a Gás. Trata-se de um modo de operação que ocorre durante a

manutenção ou indisponibilidade da turbina. Nessa situação a turbina a gás e a caldeira

recuperadora estarão fora de operação e as caldeiras auxiliares e a turbina a vapor

deverão atender às demandas do cliente. Por se tratar de um cenário presente somente

durante períodos de manutenção, esse modo operacional também não será objeto de

estudo deste trabalho.

Os modos de operação aqui descritos são modos previstos, isto é, os que

idealmente deveriam ocorrer dentro dos cenários descritos. Deve-se considerar que as

formas de operação de uma unidade são dependentes das condições do momento. Em

um cenário real, a operação da unidade deve buscar se acomodar da melhor forma

possível às situações que aparecem, tanto em relação à eficiência e custo quanto à

confiabilidade no atendimento aos clientes e preservação da vida útil dos equipamentos.

Dessa forma, o modo operacional efetivamente praticado pode ser diferente dos

previstos em projeto.

4.2 Modelagem dos equipamentos

Nessa seção serão apresentadas a modelagem dos equipamentos e a

documentação de projeto utilizada para a concepção de cada um dos equipamentos

presentes no fluxograma de simulação. Foram elaborados dois modelos. Um para

representar as condições de projeto e outro para representar a termelétrica operando em

condições reais. O modelo obtido para as condições de projeto tem como objetivo

representar a termelétrica em condições de projeto e as condições ideais dos

equipamentos, novos, limpos e com ausência de degradações. O obtido para a condição

real contempla os possíveis desgastes e modificações nos equipamentos que por

ventura, ocorrem ao longo do tempo devido à operação da unidade.

29 �

4.3.1 A modelagem da turbina a gás

A turbina a gás é um equipamento que consiste, simplificadamente, de um

compressor de ar, uma câmara de combustão e uma turbina expansora propriamente

dita. No presente trabalho a turbina não foi modelada através da união desses

equipamentos no fluxograma do simulador. Ao invés disso, foi utilizado um modelo

comercial fornecido pelo software de simulação. A concepção de uma turbina a gás no

simulador THERMOFLEX consiste em seguir os passos listados abaixo:

1) Definir as condições ambientais, como temperatura ambiente, pressão

ambiente, altitude e umidade relativa.

2) Escolher o modelo de turbina que se deseja utilizar. O software fornece uma

lista de turbinas comerciais com informações de fabricante e modelo.

3) Configurar a turbina a gás selecionada. A configuração envolve a definição

das variáveis de entrada. Foram consideradas variáveis de entrada a potência,

ou carga pretendida, a composição do combustível, a perda de carga nos

filtros de admissão e a perda de carga na exaustão.

Os detalhes da modelagem estão apresentados no Apêndice A. O documento de

projeto utilizado para a concepção da turbina a gás foi o Heat Flow Diagram para

operação normal. Na tabela 2, segue uma comparação dos resultados obtidos pelo

THERMOFLEX com os dados presentes na documentação de projeto.

Tabela 2-Comparação entre os resultados da Simulação e o Balanço de Massa.

Resultado Heat Flow Diagram Simulação Desvio Percentual Potência Bruta 160,7 MW 160,3 MW 0,27 % Temperatura

Ambiente 23,50C 23,50C -

Umidade Relativa 77% 77% - Altitude 1,012 m 1,012 m -

De acordo com os resultados da tabela 2 o modelo obtido com o simulador

apresentou boa concordância com a documentação de projeto. O modelo da turbina a

gás para as condições reais de operação não necessitou de mais modificações, pois

apresentou boa concordância com os dados reais utilizados para fazer as verificações.

30 �

4.3.2 A modelagem da Caldeira Recuperadora

A caldeira recuperadora é um equipamento cujo objetivo é aproveitar os gases

exaustos da turbina a gás que possuem uma temperatura relativamente elevada e uma

vazão considerável. A turbina a gás utilizada nesse caso disponibiliza gases exaustos a

uma temperatura e vazão de aproximadamente 600 0C e 1500 kg/s, respectivamente, a

100% de carga. A partir desses gases é possível produzir vapor em três níveis de

pressão, com temperaturas e pressões dentro da especificação requerida.

Para modelar uma caldeira recuperadora desse tipo foi necessário conceber um

conjunto economizador, evaporador e superaquecedor, para cada um dos três níveis de

pressão. Os parâmetros de entrada para o economizador são os seguintes: perda de carga

no lado do gás, perda de carga no interior dos tubos e grau de subresfriamento. Para o

evaporador ainda é necessário fornecer a produção de vapor desejada em t/h. E,

finalmente para o superaquecedor devem ser fornecidas as seguintes informações perdas

de carga nos lados do gás e do interior dos tubos e temperatura desejada do vapor.

No apêndice B, são apresentados os detalhes da concepção do modelo da

caldeira recuperadora. O documento de projeto utilizado para a concepção da caldeira

recuperadora foi o Heat Flow Diagram para operação normal. Na tabela 3, segue uma

comparação dos resultados obtidos pelo THERMOFLEX com os dados presentes na

documentação de projeto.

Tabela 3-Comparação entre os resultados da Simulação e o Balanço de Massa.

Resultado Heat Flow

Diagram

Simulação Erro Percentual

Vapor produzido HP 155,3 t/h 155,3 t/h 0,0% Vapor produzido IP 85,3 t/h 84,22 t/h 1,6%

Vapor Produzido LP 35,2 t/h 34,51 t/h 1,96%

De acordo com os resultados da tabela 3 o modelo obtido com o simulador

apresentou boa concordância com a documentação de projeto. O modelo de caldeira

recuperadora para as condições reais de operação não foi modificado, pois apresentou

boa concordância com os dados reais utilizados para fazer as verificações.

31 �

4.3.3 A modelagem da Turbina a Vapor

A turbina a vapor existente na termelétrica estudada é do tipo condensação e

extração. Possui três extrações, duas controladas, de V-42 e V-12, e uma não controlada

de V-3. Para conceber um modelo de turbina com três extrações e condensação, foi

necessário utilizar quatro turbinas individuais, com o intuito de representar cada um dos

estágios da turbina. Também foram modeladas as extrações de balanceamento conforme

as informações de projeto.

Para configurar uma turbina a vapor no THERMOFLEX é preciso definir a

pressão de entrada, a eficiência, a rotação dentre outras variáveis. O documento de

projeto utilizado para a concepção da turbina a vapor foi o Heat Flow Diagram da

turbina a vapor. Esse documento apresenta grande quantidade de detalhes e

informações, o que possibilitou o refinamento do modelo. Detalhes da concepção do

modelo estão apresentados no apêndice C.

Para o modelo representativo da operação real da unidade, a turbina a vapor

modelada sofreu ajustes na eficiência de cada um dos estágios. Esse ajuste foi

necessário para melhorar a concordância com os dados de potência bruta encontrados

durante a operação real do equipamento.

4.3.4 A modelagem das caldeiras auxiliares

As caldeiras auxiliares presentes na termelétrica estudada são de apenas um

tubulão e com circulação natural no evaporador. Consistem de uma câmara de

combustão pressurizada e um segundo passe. No segundo passe encontram-se os

superaquecedores e economizadores. A câmara de combustão e o segundo passe foram

projetados como membranas de paredes de tubos. No interior desses tubos circulam os

gases produtos da combustão. A temperatura do vapor é ajustada através de dois

atemperadores inter-estágio do tipo spray.

As caldeiras foram projetadas de forma a utilizar gás de refinaria como

combustível principal e utilizar o gás natural como complemento, caso a vazão de gás

de refinaria seja insuficiente para a operação. Para modelar uma caldeira auxiliar no

THERMOFLEX, é necessário fornecer as seguintes informações: temperatura de

produção de vapor, vazão de produção de vapor, pressão do combustível, excesso de ar,

percentual de purga, ou seja, o blowdown, temperatura mínima dos gases de exaustão,

32 �

dentre outros parâmetros. Detalhes da concepção do modelo estão apresentados no

apêndice D.

Os documentos utilizados para modelagem das caldeiras auxiliares foram o Heat

Flow Diagram a 100% de carga e o teste de performance das caldeiras. Na tabela 5,

segue o erro percentual relativo dos resultados obtidos pelo THERMOFLEX em relação

aos dados de projeto para vários casos. Na tabela 4 os casos se referem à carga aplicada

à caldeira auxiliar. O caso 1 se refere à situação 100 % de carga, o caso 2 a 75 % de

carga, o caso 3 a 50% de carga e o caso 4 a 30% de carga.

Tabela 4-Desvio Percentual entre os Resultados do Teste de Perfomance e simulação.

Resultados Caso1 Caso 2 Caso 3 Caso4

Vazão de Vapor t/h <0,1% 0,13% <0,1% <0,1%

Pressão do vapor bar(abs) <0,1% <0,1% <0,1% <0,1%

Temperatura do Vapor <0,1% <0,1% <0,1% <0,1%

Pressão no economizador bar <0,1% <0,1% <0,1% <0,1%

Temperatura no economizador <0,1% <0,1% <0,1% <0,1%

Vazão de combustível t/h 0,14% <0,1% 0,37% 4,340%

ar de combustão t/h 1,27% 1,14% 1,11% 4,6%

De acordo com os resultados da tabela 4 o modelo obtido com o simulador

apresentou boa concordância com a documentação de projeto. O modelo das caldeiras

auxiliares para representar as condições reais de operação passou por ajustes. As

modificações foram necessárias para melhorar a concordância com os dados de

temperatura do vapor produzido encontrados durante a operação real do equipamento.

4.3.5 A modelagem de outros equipamentos

Para conceber a planta em sua totalidade, foi necessário modelar equipamentos

auxiliares, como os coletores de vapor, bombas, trocadores de calor de propósito geral,

divisores de fluxo, misturadores, válvulas, dutos e chaminés. Detalhes sobre a

modelagem dos equipamentos auxiliares são encontrados no apêndice E.

33 �

5 VALIDAÇÃO DOS MODELOS

Neste capítulo será apresentada a validação dos modelos obtidos com o

THERMOFLEX para o caso de projeto e para o caso de operação real. Todos os

equipamentos foram conectados e colocados em funcionamento simultaneamente como

a planta de ciclo combinado com cogeração existente. A documentação utilizada nessa

fase compreende o Heat Flow Diagram a 100% de carga, os testes de performance

disponíveis, os dados reais históricos da unidade e dados de composição disponíveis.

5.1 Validação para o caso Operação Normal

O objetivo dessa seção é mostrar a concordância dos resultados obtidos

utilizando o THERMOFLEX com os resultados do balanço de massa e energia e as

estratégias utilizadas para melhorar os resultados para o caso Operação Normal.

A validação utilizou o Heat Flow Diagram de projeto da unidade. Foram

comparados os valores de pressão, temperatura e vazão, das principais correntes da

simulação, os valores de potência bruta fornecidas pela turbina a gás e a vapor e a

eficiência desses equipamentos. Esse documento possui essas informações para cerca de

cem correntes. Para simplificar a comparação, foram comparadas as correntes mais

importantes para os resultados da simulação.

A principal incerteza encontrada durante a fase de concepção do modelo da

termelétrica estava nos dados de composição de combustível utilizado na turbina a gás e

nas caldeiras auxiliares para o caso operação normal. A documentação de projeto não

indicava a composição do combustível utilizada para obter os resultados apresentados.

5.1.1 Validação da turbina a gás

A principal diferença entre os resultados obtidos pela simulação do

THERMOFLEX e os dados presentes no balanço de massa e energia residiram no

consumo de combustível. O consumo de combustível pode variar em função da

composição do gás utilizado. Quanto maiores os teores de elementos como, nitrogênio e

dióxido de carbono presentes no combustível, maior a vazão de combustível necessária

para gerar a mesma potência em comparação com um combustível com menores teores

desses elementos.

34 �

A composição utilizada na fase de modelagem totalizava 100% e estava de

acordo com as definições de teores máximos e mínimos de componentes para o gás

natural, definidos para a unidade em memorial descritivo. Entretanto, os resultados

apontavam um consumo 3,41% menor que o apontado pelo balanço de massa e energia.

Esse resultado indica que o gás utilizado para obter os valores presentes no documento

de projeto poderiam ter maiores teores de inertes que o utilizado durante o

procedimento de modelagem.

O teor de inertes na composição do gás natural foi ajustado de forma que o erro

entre a vazão de combustível necessária para produzir a potência requerida na turbina a

gás baixasse para o valor de 1,69%. Na tabela 5, são apresentadas a composição

utilizada na modelagem e a composição obtida após o ajuste.

Tabela 5-Composição Modelagem x Composição Validação.

Componente Gás Natural Modelagem (%) Gás Natural Validação (%) CH4 88,69 87,68 C2H2 - - C2H4 - - C2H6 6,4765 6,502 C3H6 - - C3H8 1,8210 3,078 C4H8 - C4H10 0,6236 0,84 C5H12 0,1344 0,36 C6H14 0,0464 0,13 N2 0,6803 1,16 CO2 1,5286 0,25 O2 - -

Após a mudança de composição o erro relativo no consumo de combustível

baixou de 3,41% para 1,69%.

5.1.2 Validação da caldeira recuperadora

A modelagem da caldeira recuperadora foi validada comparando os resultados

das correntes principais da caldeira obtidos através do THERMOFLEX com os dados

para as correntes correspondentes do Heat Flow Diagram a para operação normal.

Segue abaixo a tabela 6 com a lista das correntes que foram comparadas.

35 �

Tabela 6-Variáveis para comparação Caldeira Recuperadora.

Variáveis para comparação

Temperatura da Agua da para HRSG

Pressão da agua para a HRSG HP

Pressão da agua para a HRSG IP

Pressão da agua para a HRSG LP

Vazão Agua da para HRSG HP

Vazão Agua da para HRSG IP

Vazão Agua da para HRSG LP

Temperatura do vapor de dessuperaquecimento V120

Vazão do vapor de dessuperaquecimento V120

Pressão do vapor de dessuperaquecimento V120

Temperatura do vapor de dessuperaquecimento V42

Vazão do vapor de dessuperaquecimento V42

Pressão do vapor de dessuperaquecimento V42

Temperatura do vapor de dessuperaquecimento V12

Vazão do vapor de dessuperaquecimento V12

Pressão do vapor de dessuperaquecimento V12

Não foi possível obter um modelo mais detalhado da caldeira recuperadora, com

a inclusão das dimensões e características físicas dos equipamentos devido à

indisponibilidade de documentação mais detalhada sobre o equipamento.

5.1.3 Validação da turbina a vapor

Para a concepção do modelo de turbina a vapor utilizou-se, principalmente, o

Heat Flow Diagram da turbina a vapor para diferentes cargas. O objetivo da fase de

validação foi avaliar os resultados apresentados pela turbina modelada ao ser acoplada

ao restante dos equipamentos e ser submetida a condição 100% de carga do Heat Flow

Diagram da planta. Segue abaixo, a tabela 7 com a lista das correntes que foram

comparadas.

36 �

Tabela 7-Variáveis para comparação Turbina a Vapor.

Variáveis para Comparação Turbina a Vapor

Set point de potência da Turbina a Vapor

Vazão de vapor para a Turbina a Vapor do header de 120

Pressão do Vapor para a Turbina a Vapor do header de 120

Temperatura do Vapor para a Turbina a Vapor do header de 120

Vazão da Extração da Turbina a Vapor para o Header de 42

Temperatura da Extração da Turbina a Vapor para o Header de 42

Pressão da Extração da Turbina a Vapor para o Header de 42

Vazão da Extração da Turbina a Vapor para o Header de 12

Temperatura da Extração da Turbina a Vapor para o Header de 12

Pressão da Extração da Turbina a Vapor para o Header de 12

Vazão da Extração da Turbina a Vapor para o Header de 3

Temperatura da Extração da Turbina a Vapor para o Header de 3

Pressão da Extração da Turbina a Vapor para o Header de 3

Potência Bruta da Turbina a Vapor

Ao incluir a turbina a vapor no modelo, foi necessário conceber uma estratégia

de controle da potência gerada pela turbina a vapor no simulador. Detalhes sobre a

estratégia utilizada são encontrados no apêndice C.

5.1.4 Validação das caldeiras auxiliares

O procedimento de validação das caldeiras auxiliares seguiu, basicamente,

metodologia semelhante à aplicada aos outros equipamentos. Após a concepção do

modelo utilizando o teste de performance das caldeiras auxiliares, o modelo foi

acoplado aos outros equipamentos presentes no fluxograma de simulação. Os resultados

obtidos pelas caldeiras auxiliares modeladas foram comparados aos dados Heat Flow

Diagram para operação normal.

Conforme acontece com a turbina a gás, o consumo de combustível é uma

resposta importante para a caldeira auxiliar. O desvio relativo percentual entre os

resultados obtidos pelo THERMOFLEX e os dados da documentação de projeto

apresentaram valores considerados adequados. Assim, não foram necessários ajustes na

composição do combustível utilizada durante a concepção do modelo.

37 �

As correntes principais, como a vazão de vapor produzido, temperaturas e

pressões também comparadas e tiveram resultados satisfatórios. Abaixo, na tabela 8,

segue a lista de correntes que tiveram seus valores comparados.

Tabela 8- Lista de Variáveis para comparação

Variáveis para comparação

Temperatura da Agua para as caldeiras auxiliares

Pressão da Agua para as caldeiras auxiliares

Vazão da Agua para as caldeiras auxiliares CA1

Vazão da Agua para as caldeiras auxiliares CA2

Vazão do vapor da CA1 para o Header de 120

Pressão do vapor da CA1 para o Header de 120

Temperatura do vapor da CA1 para o Header de 120

Vazão do vapor da CA2 para o Header de 120

Pressão do vapor da CA2 para o Header de 120

Temperatura do vapor da CA2 para o Header de 120

Consumo de combustível da Caldeira 1

Consumo de Combustível da Caldeira 2

5.1.5 Resultados da validação Operação normal 100% de Carga

Na tabela 9, segue uma comparação dos resultados obtidos pelo THERMOFLEX

com os dados presentes no Heat Flow Diagram para operação normal.

Tabela 9: Resultados Gerais Validação Operação Normal.

Variáveis Unidade Projeto THERMOFLEX Erro (%)

Temperatura ambiente 0C 23,5 23,5 0

Pressão ambiente bar (abs) 1,012 1,012 0

Umidade Relativa % 77 77 0

Altitude m 4 4 0

Potência Bruta da TG MW 160,7 160,27 0,267

Set point de potência da TG MW 100 100 0

Consumo de combustível da TG t/h 35,5 34,9 1,69

Vazão de ar na entrada da TG t/h - 1539,6 N/a

Temperatura do ar na entrada da TG

0C - 23,5 N/a

Pressão do ar na entrada da TG bar (abs) - 14,26 N/a

Temperatura na entrada da Turbina

0C - 1326,7 N/a

38 �

� Tabela 9: Resultados Gerais Validação Operação Normal.

Vazão dos gases exaustos t/h 1553,3 1574,5 1,37

Temperatura dos gases exaustos 0C 616,2 621 0,78

Pressão dos gases exaustos bar (abs) 1,072 1,088 1,48

Vazão de Vapor de V120 t/h 175 175 0

Vazão de Vapor de V45 t/h 170 170 0

Vazão de Vapor de V12 t/h 70 70 0

Temperatura do vapor de V120 0C 527,2 529,1 0,36

Temperatura do vapor de V42 0C 402,1 404,2 0,52

Temperatura do vapor de V12 0C 281 284,9 1,39

Pressão do Vapor de V120 bar (abs) 121,83 121,8 0,026

Pressão do Vapor de V42 bar (abs) 44,85 44,85 0,0023

Pressão do Vapor de V12 bar (abs) 13,47 13,47 0,0171

Temperatura da Agua da para HRSG

0C 120 120 0

Pressão da agua para a HRSG HP

bar (abs) 133,0 139,1 4,6

Pressão da agua para a HRSG IP bar (abs) 51,62 51,61 0,011

Pressão da agua para a HRSG LP bar (abs) 15,53 15,53 0,019

Vazão Agua da para HRSG HP t/h 155,3 155,3 0

Vazão Agua da para HRSG IP t/h 85,6 84,22 1,61

Vazão Agua da para HRSG LP t/h 35,2 34,51 1,96

Temperatura do vapor de dessuperaquecimento V120

0C 123,5 122,5 0,81

Temperatura do vapor de dessuperaquecimento V42

0C 121,3 120,9 0,33

Temperatura do vapor de dessuperaquecimento V12

0C 120,6 120,2 0,33

Temperatura da Agua para as caldeiras auxiliares

0C 120,4 120,6 0,17

Vazão da Agua para as caldeiras auxiliares CA1

t/h 143,2 142,8 0,28

Vazão da Agua para as caldeiras auxiliares CA2

t/h 143,2 142,8 0,28

Vazão do vapor da CA1 para o Header de 120

t/h 142,5 142,5 0

Pressão do vapor da CA1 para o Header de 120

bar (abs) 124,1 124 0,07

Temperatura do vapor da CA1 para o Header de 120

0C 530 530 0

Vazão do vapor da CA2 para o Header de 120

t/h 142,5 142,5 0

39 �

Tabela 9: Resultados Gerais Validação Operação Normal.

Pressão do vapor da CA2 para o Header de 120

bar (abs) 124,1 124 0,07

Temperatura do vapor da CA2 para o Header de 120

0C 530 530 0

Consumo de combustível da Caldeira 1

t/h 9,4 9,724 3,4

Consumo de Combustível da Caldeira 2

t/h 9,4 9,724 3,4

Set point de potência da TV MW 46500 46500 0

Vazão de vapor para a TV do header de 120

t/h 260,1 260,1 0

Pressão do Vapor para a TV do header de 120

bar (abs) 123,8 124 0,17

Temperatura do Vapor para a TV do header de 120

0C 529,2 530,1 0,17

Vazão da Extração da TV para o Header de 42

t/h 83,4 83,95 0,66

Temperatura da Extração da TV para o Header de 42

0C 405,4 402,9 0,62

Pressão da Extração da TV para o Header de 42

bar (abs) 45,63 45,63 0,0077

Vazão da Extração da TV para o Header de 12

t/h 33,2 33,2 0

Temperatura da Extração da TV para o Header de 12

0C 274,2 271,9 0,84

Pressão da Extração da TV para o Header de 12

bar (abs) 14,06 13,59 3,32

Vazão da Extração da TV para o Header de 3

t/h 28,3 28,7 1,41

Temperatura da Extração da TV para o Header de 3

0C 154,9 154 0,58

Pressão da Extração da TV para o Header de 3

bar (abs) 2,98 3,03 1,86

Potência Bruta da TV MW 45600 45630 0,066

De acordo com os resultados, verifica-se que a simulação no THERMOFLEX

apresenta uma boa concordância com os dados de projeto da unidade. As variáveis que

apresentaram maiores desvios relativos foram a pressão de fornecimento de água para

gerar V-120, 4,6%, a pressão de extração da turbina a vapor para o coletor de V-12,

3,32%, e o consumo de combustível da turbina a gás, 1,69%. O valor de desvio relativo

considerável apresentado para a pressão de fornecimento da água pode ser ocasionado

pela ausência de perdas de carga mais significativas no modelo. A inclusão de perdas de

40 �

cargas maiores provocavam dificuldades de convergência do coletor de V-120. Situação

parecida ocorria ao se modelar maiores perdas de carga para ajustar os resultados de

pressão de extração do V-12 da turbina a vapor. A inclusão de maiores perdas de carga

no modelo levava a situações de não convergência do coletor de V-12. Quanto ao

consumo de combustível da turbina a gás, é importante salientar que é um resultado

fortemente dependente da composição do combustível e a composição utilizada para

gerar os resultados do documento de projeto não estavam disponíveis. Sendo assim, foi

utilizada a composição medida durante o teste de performance da caldeira auxiliar para

o caso 100% de carga. Essa escolha foi realizada para melhor coerência entre o gás

natural utilizado nas caldeiras auxiliares e na turbina. Trata-se de gás efetivamente

admitido na planta, com composição totalizando 100% e obedecendo aos limites de

variação admissível de cada componente presente no gás natural.

5.2 Validação para o caso real

Estudar um caso baseado em dados reais possibilita examinar se o operacional

resultante da metodologia de otimização é capaz de ser aplicado na prática e

proporcionar econômicos e de eficiência compatíveis com os obtidos através da

simulação.

Para realizar a validação do modelo para o caso real, selecionou-se um dia do

ano de 2014. O dia foi selecionado de forma que as variáveis operacionais mais

importantes da unidade tivessem pouca variabilidade num período de duas horas. Esse

critério é importante porque os estudos estão baseados em uma simulação estática. A

simulação estática, por definição, corresponde a um regime permanente.

A operação de uma termelétrica, geralmente, varia consideravelmente ao longo

do tempo. Entretanto, ainda é possível encontrar períodos nos quais suas variáveis

operacionais principais apresentem menor variabilidade. Esses períodos não

correspondem a um regime permanente propriamente dito. Contudo, dada à dinâmica

característica da operação, é uma alternativa que pode ser seguida.

A detecção de um regime permanente pode ser feita através de testes de estado

estacionário. Entretanto, para simplificar o a abordagem, utilizou-se da inspeção visual

das variáveis principais para selecionar um período de operação com poucas oscilações.

Foi calculado desvio padrão dos dados durante o período de duas horas. Os resultados

41 �

de desvio padrão indicam a variabilidade no período selecionado. O período selecionado

foi o mês de fevereiro de 2014. Trata-se de um período economicamente interessante

para conduzir uma análise desse tipo porque o preço do PLD atingiu níveis altíssimos

devido à falta crônica de chuvas.

A seguir, são mostrados gráficos, figura 3 à figura 13, ao longo do tempo, dos

valores das variáveis principais durante um período de duas horas na data escolhida. As

variáveis consideradas principais caracterizam a operação da termelétrica e são as

seguintes: a potência gerada pela turbina a gás, a potência gerada pela turbina a vapor, a

produção de V-120, V-42 e V-12 e suas respectivas temperaturas e pressões.

Figura 3-Potência da Turbina a Gás.

Figura 4-Potência da Turbina a Vapor.

10/02/2014 04:00:0010/02/2014 02:00:00 2,00 horas

Potência Turbina a Vapor (MW)

45

46

47

48

49

50

51

52

53

54

55

10/02/2014 04:00:0010/02/2014 02:00:00 2,00 horas

Potência Turbina a Gás (MW)

150

151

152

153

154

155

156

157

158

159

160

42 �

10/02/2014 04:00:0010/02/2014 02:00:00 2,00 horas

Vapor Exportado (t/h)

-26,4

23,6

73,6

123,6

173,6

237,6

Figura 5-Vazão do V-120 Exportado.

Figura 6-Pressão do V-120 Exportado.

Figura 7-Temperatura do V-120 Exportado.

10/02/2014 04:00:0010/02/2014 02:00:00 2,00 horas

Pressões Vapor Exportado (kgf/cm2)

0

20

40

60

80

100

120

140

10/02/2014 04:00:0010/02/2014 02:00:00 2,00 horas

Temperaturas Vapor Exportado (Celsius)

-66

34

134

234

334

434

534

594

43 �

10/02/2014 04:00:0010/02/2014 02:00:00 2,00 horas

Vapor Exportado (t/h)

-23,1

26,9

76,9

126,9

176,9

207,9

Figura 8-Vazão do V-42 Exportado.

Figura 9-Pressão do V-42 Exportado.

Figura 10-Temperatura do V-42 Exportado.

10/02/2014 04:00:0010/02/2014 02:00:00 2,00 horas

Pressões Vapor Exportado (kgf/cm2)

0

10

20

30

40

50

55

10/02/2014 04:00:0010/02/2014 02:00:00 2,00 horas

Temperaturas Vapor Exportado (Celsius)

-55

45

145

245

345

445

495

44 �

Figura 11-Vazão do V-12 Exportado.

Figura 12-Pressão do V-12 Exportado.

Figura 13-Temperatura do V-12 Exportado.

10/02/2014 04:00:0010/02/2014 02:00:00 2,00 horas

Vapor Exportado (t/h)

-13,75

6,25

26,25

46,25

66,25

86,25

106,25

123,75

10/02/2014 04:00:0010/02/2014 02:00:00 2,00 horas

Pressões Vapor Exportado (kgf/cm2)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

10/02/2014 04:00:0010/02/2014 02:00:00 2,00 horas

Temperaturas Vapor Exportado (Celsius)

-44

6

56

106

156

206

256

306

356

396

45 �

Na tabela 10 estão apresentadas a média, os valores máximos e mínimos e o

desvio padrão de todos os dados reais utilizados neste procedimento de validação. O

ponto operacional encontrado é caracterizado pela turbina a gás fornecendo 156,950

MW de energia elétrica, a turbina a vapor fornecendo 52,451 MW as caldeiras

auxiliares operando a 141,3 t/h e 146,6 t/h e a termelétrica fornecendo vapor para o

cliente nas vazões de 151 t/h de V-120, 170 t/h de V-42 e 57 t/h de V-12. Ao

compararmos com anos anteriores, a unidade está produzindo quantidade maior de

energia elétrica.

Os dados reais foram obtidos através do sistema PI, Plant Information. O PI é

um sistema utilizado para armazenar o histórico dos dados operacionais de uma unidade

operacional. O PI recebe os dados medidos por determinado instrumento de acordo com

uma frequência definida pelo usuário, e os armazena de acordo filtros, denominados

critérios de compressão e exceção, também definidos pelo usuário.

De acordo com inspeções prévias, os filtros ajustados estão de acordo com a

dinâmica da operação da unidade, ou seja, os dados históricos presentes na base de

dados do PI conseguem representar de forma adequada a variabilidade do processo, e

não prejudicam as análises realizadas neste trabalho.

Tabela 10- Dados Reais.

Variável Média Máximo Mínimo Desvio Padrão

Potência ativa instantânea Bruta Turbina a Gás

156,95 158,02 155,90 0,34

Potência ativa instantânea Bruta Turbina a Vapor

52,45 53,06 51,58 0,28

Temperatura vapor nível IP V-42 (42 kgf/cm2) na saída (limite de bateria) exportado

388,88 389,25 388,25 0,26

Temperatura vapor nível LP V-12 (12 kgf/cm2) na saída (limite de bateria) exportado

271,17 271,77 270,62 0,34

Temperatura vapor nível HP V-120 (120 kgf/cm2) na saída (limite de bateria) exportado

514,52 514,87 514,15 0,16

Vazão mássica instantânea vapor nível HP V-120 (120 kgf/cm2) na saída (limite de bateria) exportado

150,52 152,62 148,38 0,64

46 �

Tabela 10- Dados Reais.

Vazão mássica instantânea vapor nível IP V-42 (42 kgf/cm2) na saída (limite de bateria) exportado

171,40 176,33 167,95 1,80

Vazão mássica instantânea vapor nível LP V-12 (12 kgf/cm2) na saída (limite de bateria) exportado

56,82 60,23 51,83 1,62

Vazão mássica instantânea GN na entrada caldeira auxiliar 1

4,91 5,05 4,80 0,05

Vazão mássica instantânea GN na entrada caldeira auxiliar 2

5,26 5,30 5,23 0,01

Vazão volumétrica instantânea GN na entrada da Turbina a Gás

45051,99 45099,09 45004,90 27,19

Vazão mássica instantânea gás de refinaria na entrada caldeira auxiliar 1

4,73 4,73 4,72 0,00

Vazão mássica instantânea gás de refinaria na entrada caldeira auxiliar 2

4,40 4,42 4,38 0,00

Pressão vapor na saída tambor HP V-120 (120 kgf/cm2) HRSG

122,61 122,86 122,39 0,09

Pressão vapor na saída tambor IP V-42 (42 kgf/cm2) HRSG

47,83 47,92 47,76 0,03

Pressão vapor na saída tambor LP V-12 (12 kgf/cm2) HRSG

15,31 15,39 15,23 0,03

Temperatura vapor na extração nível IP V-42 (42 kgf/cm2) da Turbina a Vapor

401,57 402,14 401,08 0,21

Temperatura vapor na extração nível LP V-12 (12 kgf/cm2) da Turbina a Vapor

265,18 265,90 264,71 0,34

Temperatura vapor nível HP V-120 (120 kgf/cm2) na entrada da Turbina a Vapor

531,12 532,80 529,70 0,73

Temperatura vapor 1º estágio para 2º estágio da Turbina a Vapor

399,68 401,00 398,50 0,58

Temperatura vapor 2º estágio para 3º estágio da Turbina a Vapor

266,20 267,70 265,30 0,54

Temperatura vapor na saída CAUX 1

530,55 536,00 526,00 2,78

Temperatura vapor na saída CAUX 2

526,49 535,00 518,00 5,24

Temperatura gases de exaustão da Turbina a Gás na entrada HRSG

608,86 609,36 608,37 0,23

Vazão mássica instantânea ar da Turbina a Gás [kg/s]

434,60 436,16 433,40 0,49

47 �

Tabela 10- Dados Reais.

Temperatura média gases de exaustão da Turbina a Gás

618,94 620,01 617,91 0,36

Vazão mássica instantânea ar caldeira auxiliar 1 [t/h]

192,62 198,17 185,98 2,57

Vazão mássica instantânea ar caldeira auxiliar 2 [t/h]

195,92 197,21 194,83 0,30

Vazão mássica instantânea vapor nível HP V-120 (120 kgf/cm2) na saída caldeira auxiliar 1

146,55 146,55 142,79 1,37

Vazão mássica instantânea vapor nível HP V-120 (120 kgf/cm2) na saída caldeira auxiliar 2

141,33 141,33 137,76 1,23

Pressão tubulão CAUX 1 124,55 124,87 124,18 0,11

Pressão tubulão CAUX 2 123,83 124,09 123,60 0,09

Pressão do GN na entrada TG 30,30 30,38 30,19 0,04

Temperatura GN na entrada TG 32,62 33,10 31,96 0,19

Fração molar N2 GN cromatógrafo 0,70 0,70 0,69 0,00

Fração molar CO2 GN cromatógrafo

1,44 1,44 1,43 0,00

Fração molar CH4 GN cromatógrafo

89,29 89,31 89,27 0,01

Fração molar C2H6 GN cromatógrafo

6,05 6,06 6,04 0,01

Fração molar C3H8 GN cromatógrafo

1,62 1,63 1,61 0,01

Fração molar I-C4H10 GN cromatógrafo

0,26 0,27 0,26 0,00

Fração molar N-C4H10 GN cromatógrafo

0,36 0,36 0,35 0,00

Fração molar Neo-C5H12 GN cromatógrafo

0,00 0,00 0,00 0,00

Fração molar I-C5H12 GN cromatógrafo

0,14 0,15 0,14 0,00

Fração molar N-C5H12 GN cromatógrafo

0,07 0,08 0,07 0,00

Fração molar C6+ GN cromatógrafo

0,07 0,07 0,07 0,00

Pressão tambor HP V-120 (120 kgf/cm2) HRSG

126,34 126,37 126,32 0,01

Pressão tambor IP V-42 (42 kgf/cm2) HRSG

49,93 49,97 49,89 0,03

Pressão tambor LP V-12 (12 kgf/cm2) HRSG

16,73 16,76 16,71 0,01

48 �

Tabela 10- Dados Reais.

Vazão mássica instantânea vapor na extração nível IP V-42 (kgf/cm2) TV TGV para coletor

67,77 72,55 63,97 1,83

Vazão mássica instantânea vapor na extração nível LP V-12 (kgf/cm2) TV TGV para coletor

32,16 33,94 29,12 1,08

Massa específica gás de refinaria [kcal/m3]

0,76 0,76 0,76 0,00

PCI gás de refinaria : cálculo equivalência GN [kJ/kg]

47268,21 47269,57 47266,93 0,88

Pressão vapor na entrada 1º estágio TV

72,96 73,80 72,10 0,32

Pressão vapor na entrada 1º estágio TV

74,40 75,30 73,30 0,33

Pressão vapor na entrada 1º estágio TV

72,31 73,20 71,30 0,32

Pressão vapor na entrada 2º estágio TV

43,27 43,90 42,20 0,37

Pressão vapor na entrada 2º estágio TV

44,02 44,50 43,00 0,38

Saída controlador vazão água alimentação CAUX1

21,64 22,58 20,21 0,33

Setpoint controlador vazão água alimentação CAUX 1

152,29 156,58 147,79 1,64

Entrada controlador vazão gás refinaria CAUX 1

4,80 4,81 4,78 0,00

Saída controlador vazão gás refinaria CAUX 1

21,36 21,52 21,20 0,05

Setpoint controlador vazão gas refinaria CAUX 1

4,80 4,80 4,80 0,00

Entrada controlador vazão ar para combustão CAUX 1

187,03 192,39 180,44 2,62

Saída controlador vazão ar para combustão CAUX 1

40,69 42,56 38,69 0,71

Setpoint controlador vazão ar para combustão CAUX 1

186,97 187,03 186,97 0,00

Saída controlador vazão GN CAUX 1

18,80 19,11 17,96 0,24

Setpoint controlador vazão GN CAUX 1

4,97 5,05 4,61 0,11

Saída controlador vazão água alimentação CAUX 2

22,70 23,63 21,55 0,29

Setpoint controlador vazão água alimentação CAUX 2

142,68 147,51 137,70 1,70

Entrada controlador vazão gás refinaria CAUX 2

4,40 4,41 4,38 0,00

49 �

Tabela 10- Dados Reais.

Saída controlador vazão gás refinaria CAUX 2

13,55 13,64 13,44 0,05

Setpoint controlador vazão gás refinaria CAUX 2

4,40 4,40 4,40 0,00

Entrada controlador vazão ar para combustão CAUX 2

184,20 185,17 182,87 0,31

Saída controlador vazão ar para combustão CAUX 2

40,12 40,48 39,74 0,10

Setpoint controlador vazão ar para combustão CAUX 2

184,19 184,50 184,18 0,03

Saída controlador vazão GN CAUX 2

19,13 19,27 18,96 0,04

Setpoint controlador vazão GN CAUX 2

5,26 5,27 5,18 0,01

Além da configuração dos parâmetros de armazenamento da base de dados

histórica, é preciso considerar que os dados são oriundos de instrumentos. Os

instrumentos estão sujeitos a erros de medição, calibração e desgaste podendo

apresentar resultados de medição que não correspondem à realidade. Os erros podem ser

relativos, sistemáticos e grosseiros. Durante esse trabalho não foram realizadas

avaliações detalhadas sobre possíveis erros de medição. Foram realizadas apenas

verificações, baseadas em experiências prévias, visando, principalmente, detectar erros

grosseiros. Os dados históricos utilizados apresentam valores compatíveis com o

esperado, de acordo com a experiência adquirida em operação de unidades

termelétricas.

Uma avaliação detalhada dos erros de medição de uma unidade operacional pode

demandar tempo considerável para execução. Como o objetivo principal deste trabalho

é realizar uma primeira avaliação da otimização dos parâmetros operacionais de uma

termelétrica, a avaliação detalhada dos erros não foi realizada neste momento. O desvio

padrão tem o papel de verificar a adequação dos dados a um regime que pode ser

considerado como permanente.

5.2.1 Metodologia de Validação para o caso real

A metodologia utilizada para realizar a validação do caso real consiste em

ajustar a simulação para obter resultados semelhantes aos encontrados na operação real.

50 �

Na tabela 11 temos a lista das variáveis escolhidas como dados de entrada da simulação

e na tabela 12 temos a lista das variáveis escolhidas como dados para validação. A

tabela 12 mostra os resultados da simulação e o erro relativo em relação aos dados reais.

Tabela 11-Variáveis de Entrada da Simulação Caso Real.

Variável Unidade Valor Temperatura Ambiente 0C 22 Umidade Relativa % 75 Pressão Ambiente bar 1,013 Potência da Turbina a Gás kW 156950 Pressão do V-120 bar 124,9 Pressão do V-42 bar 49,98 Pressão do V-12 bar 16,93 Pressão no Header de V-120 bar 121,2 Pressão no Header de V-42 bar 44,9 Pressão no Header de V-12 bar 14,89 Extração de V-42 da turbina a vapor t/h 67,77 Extração de V-12 da turbina a vapor t/h 32,15 Pressão de extração de V-42 da turbina a vapor bar 44,9 Pressão de extração de V-12 da turbina a vapor bar 14,9 Potência da turbina a vapor kW 52451 Pressão no condensador bar 0,097 Produção de Vapor CAUX 1 t/h 141,3 Produção de Vapor CAUX 2 t/h 146,6

Pressão de exportação V-129 bar 120,4

Vazão exportada V-120 t/h 150,5

Pressão de exportação V-42 bar 44,28

Vazão exportada V-42 t/h 170,4

Pressão de exportação V-12 bar 14,3

Vazão de Exportação V-12 t/h 56,82

51 �

Tabela 12-Resultados Comparativos Caso Real.

Variáveis Dados Reais (Média)

THERMOFLEX Erro (%)

Potência da TG (MW) 156,95 156,96 0,01

Pressão no Tubulão V-120 HRSG (bar abs)

126,34 124,90 1,14

Pressão no Tubulão V-42 HRSG (bar abs)

49,93 49,98 0,10

Pressão no tubulão V-12 HRSG (bar abs)

16,73 16,93 1,17

Vazão de V-120 produzido pela HRSG (t/h)

153,19 153,80 0,40

Vazão de V-42 produzido pela HRSG (t/h)

84,13 84,90 0,92

Vazão de V-12 produzido pela HRSG (t/h)

39,68 31,17 21,45

Pressão do Header de V-120 (bar abs) 121,23 121,20 0,02

Pressão no Header de V-42 (bar abs) 44,92 44,90 0,04

Pressão no Header de V-12 (bar abs) 14,88 14,89 0,06

Vazão de extração de V-42 da TV (t/h) 67,77 67,77 0,00

Vazão de extração V-12 da TV (t/h) 32,16 32,15 0,02

Pressão no Tubulão de V-42 HRSG (bar abs)

44,92 44,90 0,04

Pressão no Tubulão de V-12 HRSG (bar abs)

14,89 14,90 0,07

Potência da Turbina a Vapor (MW) 52,45 52,45 0,00

Vazão de Vapor CAUX 1 (t/h) 146,55 146,50 0,04

Vazão de Vapor CAUX 2 (t/h) 141,33 141,30 0,02

Pressão Corrente 98 (bar abs) 124,56 122,40 1,74

Pressão Corrente 92 (bar abs) 123,80 122,60 0,97

Temperatura Corrente 22 (0C) 514,52 529,20 2,85

Pressão Corrente 22 (bar abs) 120,37 120,40 0,03

52 �

Tabela 12-Resultados Comparativos Caso Real.

Vazão Corrente 22/ Controlador 1 (t/h) 150,52 150,50 0,01

Temperatura Corrente 55 (0C) 388,88 411,80 5,90

Pressão Corrente 55 (bar abs) 44,28 44,28 0,00

Vazão Corrente 55 (t/h) 171,40 170,40 0,58

Temperatura Corrente 51 (0C) 271,17 278,80 2,81

Pressão Corrente 51 (bar abs) 14,32 14,30 0,16

Vazão Corrente 51 (t/h) 56,82 56,82 0,01

Para ajustar a simulação, de forma a obter resultados semelhantes aos

encontrados nos dados históricos, foi necessário desconectar alguns equipamentos do

fluxograma da termelétrica. Ao desconectar os equipamentos é possível alcançar

convergência de cada equipamento separadamente e avaliar sua influência na

convergência da simulação com fluxograma completo, com todos os equipamentos

conectados. Os equipamentos que estavam dificultando a convergência foram

identificados e posteriormente ajustados.

A turbina a vapor e as caldeiras auxiliares sofreram modificações para que a

convergência, utilizando dados reais, fosse alcançada. Dentre as modificações

realizadas, a turbina a vapor teve sua eficiência estágio por estágio revisada para

adequação do resultado de produção de energia elétrica. Além disso, as caldeiras

auxiliares tiveram sua perda de calor para o ambiente modificadas, de forma a propiciar

melhor concordância dos resultados da simulação às temperaturas do vapor produzido

encontradas nos dados históricos. Após as modificações, a convergência foi alcançada.

O tempo de execução da simulação ficou em seis minutos.

Com isso, obteve-se um modelo representativo da operação real, podendo ser

utilizado para realizar os estudos de otimização propostos neste trabalho.

53 �

6 O PROBLEMA DE OTIMIZAÇÃO

Este capítulo tem como objetivo apresentar, em mais detalhes, o problema de

otimização, objeto de estudo deste trabalho. Os modelos obtidos com o simulador foram

utilizados para resolver os problemas de otimização propostos ao invés das equações

explícitas de balanço de massa e energia. As funções objetivo, de cada um dos casos

estudados, levam em consideração os custos dos insumos energéticos e a eficiência

operacional, tratam-se, portanto de problemas que possuem múltiplos objetivos.

Além da maximização do resultado econômico e da eficiência operacional, a

termelétrica também deve atender às demandas dos clientes. O cliente necessita de

vapor em três níveis de pressão e de uma determinada quantidade de energia elétrica.

Como uma das principais razões da existência da termelétrica é o atendiemento às

demandas desse cliente, ele deverá ser atendido sempre. Assim, os requisitos de

demanda de vapor e energia elétrica serão as restrições do problema de otimização.

6.1 Os cenários estudados neste trabalho

A otimização foi conduzida para três cenários. O primeiro cenário tem como

objetivo realizar a validação do código. Neste cenário, o objetivo é apenas a

maximização de quantidade de energia elétrica total produzida pela planta.

Compararam-se os resultados obtidos pela metodologia proposta e os dados

apresentados no Memorial Descritivo da Unidade Termelétrica. Através desse caso, foi

possível verificar se a metodologia como um todo a simulação, o código elaborado no

VBA e link da simulação com a planilha, funcionam de acordo com o esperado. Nesse

cenário foi conduzida apenas a otimização de um único objetivo com restrições. Esse

cenário será chamado a partir desse momento de Caso Maximização da Energia

Elétrica.

O segundo cenário que, a partir de agora, será chamado de Caso Operação

Normal, busca um ponto operacional alternativo, mais rentável e eficiente, que o ponto

de operação definido como operação normal no Memorial Descritivo da Unidade. Cabe

ressaltar, nesse momento, que o objetivo do trabalho não é contrapor o ponto de

operação definido durante a fase de projeto. O ponto proposto em fase de projeto é

resultado de uma análise muito mais abrangente que, possivelmente, leva em

consideração a situação economica no momento, as projeções futuras, os objetivos mais

54 �

globais da unidade, requisitos de confiabilidade entre outras premissas que não são

escopo deste trabalho.

O que o Memorial descritivo define como operação normal funciona, nesse caso,

como uma operação de referência, operação considerada ideal, que será, a princípio, tida

como o padrão. Entretanto, supõe-se agora que se tem um cenário econômico distinto.

O novo cenário econômico é caracterizado pelo preço do gás natural no mercado

internacional, o preço do dólar e o valor de remuneração da energia elétrica. A pergunta

que a otimização deseja responder é, se o ponto operacional mais rentável e eficiente em

um cenário econômico passado, nesse caso o definido em projeto, seria o mesmo para o

novo cenário econômico.

Nesse novo cenário, o ponto operacional do cenário antigo que, a partir de agora

será chamado de ponto operacional referência, fornece determinada receita líquida e

apresenta determinada eficiência. Nesse trabalho será considerada receita líquida, a

receita da proveniente da venda de energia elétrica somada à receita proveniente da

venda de vapor, subtraída do valor do insumo energético, o gás natural. Como a receita

da venda do vapor é fixa nos dois casos, pois, a demanda do cliente será atendendida

sempre e com mesmo preço de venda, a receita considerada nos cálculos será apenas a

da venda de energia elétrica. O objetivo da otimização é encontrar um ponto que traga

maior receita, ou lucro, e eficiência. Para isso, a função objetivo maximizada é o

conjunto de duas funções. A função lucro marginal bruto, LMB, e a eficiência PURPA.

A função LMB, detalhada na seção 6.2.2, traduz a questão econômica e a eficiencia

PURPA, a eficiencia operacional da planta. A eficiência PURPA está definida na

equação 1.

������ �����

� ���

�� (1)

����� � ����� � ����� (2)

����� � ����� ! " #���� ����$�! " #��$� ������! " #���� %�&'()! " #&'() %�*! " #* (3)

�+ � �,! " ��- (4)

Onde:

������: Eficiência PURPA

55 �

�����: Energia elétrica líquida produzida, em kW

�����: Energia térmica líquida produzida, em kW

�+: Energia proveniente do combustível, em kW

�����: Potência gerada pela turbina a gás, em kW

�����: Potência gerada pela turbina a vapor, em kW

�,! : vazão mássica instantânea de combustível, em kg/s

��-: Poder calorífico inferior do combustível, em kJ/kg

����� ! : vazão mássica instantânea de V-120 exportado, em kg/s

#���� : entalpia do V-120 exportado, em kJ/kg

���$�! : vazão mássica instantânea de V-42 exportado, em kg/s

#��$�: entalpia do V-42 exportado, em kJ/kg

�����! : vazão do V-12 exportado, em kg/s

#����: entalpia do V-12 exportado, em kJ/kg

�&'()! : vazão mássica instantânea de água para a termelétrica, em kg/s

#&'(): entalpia da água, em kJ/kg

�*! : vazão mássica instantânea de condensado produzido pela unidade, em kg/s

#*: entalpia do condensado produzido pela unidade, em kJ/kg

O terceiro caso estudado neste trabalho é uma avaliação da metologia

considerando um caso de operação real. Esse caso será chamado a partir de agora, Caso

Operação Real. O ponto de operação referência para o caso real é o ponto de quase

regime permanente encontrado no mês de feverreiro do ano de 2014. O mesmo ponto

utilizado para ajustar a modelagem para o caso real. O ano de 2014 foi escolhido para

trazer atualidade ao resultado. O cenário econômico é o existente no período, com preço

do gás natural no mercado internacional, valor da taxa de câmbio e valor de

remuneração da energia elétrica praticados na data. O objetivo da otimização é verificar

56 �

se, com as premissas desse cenário econômico é possivel alcancar uma operação mais

rentável e com boa eficiência apenas mudando alguns parâmetros operacionais

escolhidos.

Há uma diferença sutil em relação aos objetivos do caso operaçao normal e o do

caso operação real. Enquanto no primeiro caso assume-se que o ponto de referência é o

mais rentável em um cenário antigo e busca-se um ponto otimizado para um cenário

economico modificado, no segundo caso temos um ponto referência para um cenário

econômico e deseja-se obter um ponto otimizado para o mesmo cenário. É uma

diferença de objetivos que, entretanto, não modifica as equações ou a forma de obtenção

dos resultados.

Além disso, é importante mencionar que o lucro de uma termelétrica não é

calculado de forma tão simplificada como neste trabalho. Os valores pagos pelo gás

natural, por exemplo, podem não ser os praticados no mercado internacional. Os valores

econômicos aqui utilizados são apenas uma referencia e não significam que foram os

mesmos valores utilizados para contabilizar o resultado economico de uma determinada

termelétrica.

6.2 As funções objetivo

Nesta seção serão apresentadas as funções objetivo utilizadas para cada um dos

casos de estudo deste trabalho.

6.2.1 Caso Máxima Geração de Energia Elétrica

No cenário máxima geração de energia elétrica o objetivo é, simplesmente,

maximizar a potência elétrica total líquida produzida pela planta. É um resultado

exportado diretamente pelo software THERMOFLEX. As demandas de vapor, com as

pressões e temperaturas dentro a especificação, são as restrições da otimização e são

semelhantes as presentes no memorial descritivo para esse caso.

A função objetivo a ser minimizada, nesse caso, é simplesmente e o inverso da

geração de energia elétrica total líquida da planta. Não foi necessário definir parâmetros

econômicos já que, o objetivo é apenas maximizar a produção de energia elétrica e não

há parâmetros econômicos que impactam esse objetivo.

57 �

As variáveis de decisão estão apresentadas na tabela 13, com os limites

superiores e inferiores utilizados para gerar a população do enxame de partículas:

Tabela 13-Variáveis de Decisão caso Maximização da Energia Elétrica.

Variáveis de decisão Unidade Limite Superior Limite

Inferior

Set-Point Potência da TG % 100 70

Set-Point Potência TV MW 55 19

Set-Point Vazão de Extração V-42 (TV) t/h 90 30

Set-Point Vazão de Extração V-12 (TV) t/h 70 30

Produção de Vapor CAUX 1 t/h 142,5 85,5

Produção de Vapor CAUX 2 t/h 142,5 85,5

Foram selecionadas variáveis de decisão, que se sabe, de acordo com a

experiência, influenciam fortemente a produção de energia elétrica e o atendimento às

demandas de vapor do cliente. As variáveis que mais influenciam a geração de

eletricidade são os set-points das turbinas a gás e a vapor. As extrações de vapor

controladas da turbina também têm sua influencia na produção de energia elétrica

Quanto maiores os valores das vazões de extração, menor a quantidade de vapor

disponível para continuar a expansão na turbina para produzir energia elétrica. A

produção de vapor das caldeiras auxiliares tem importância fundamental nesse caso para

garantir o suprimento de vapor para o cliente. Na tabela 14, são apresentadas as

restrições do problema de otimização.

58 �

Tabela 14-Restrições caso Maximização da Energia Elétrica.

Restrições Unidade Valor Máximo Valor Mínimo

Vazão de V120 (exportado) t/h 175,5 175

Temperatura V120 (exportado) 0C 531 530

Pressão V120 (exportado) bar 124,7 124,2

Vazão de V42 (exportado) t/h 170,2 170

Temperatura V42 (exportado) 0C 406 405

Pressão V42 (exportado) bar 46,1 46

Vazão de V12 (exportado) t/h 70,5 70

Temperatura V12 (exportado) 0C 286 285

Pressão V12 (exportado) bar 13,7 13,4

Energia elétrica (exportada) MW 47,5 47

Caldeiras auxiliares (limite

operacional)

t/h 285 85

Potência da TGG (limite

operacional)

MW 171 13

Potência da TV (limite

operacional)

MW 55 19,4

As restrições se referem ao atendimento ao cliente de vapor e dos limites

operacionais dos equipamentos. O fornecimento de vapor deve ser dado em níveis de

pressão e temperatura mínimos e máximos admissíveis firmados entre as partes, o

cliente, consumidor de vapor, e o fornecedor, a termelétrica. Os valores das restrições

de pressão, vazão e temperatura do vapor exportado deveriam, na verdade, serem

valores fixos, pois é o que o cliente demanda no momento. Entretanto, para não

invalidar os resultados de algumas simulações, admitiu-se uma faixa de valores restrita.

Já que, da forma como as variáveis de decisão, entradas da simulação foram escolhidas,

esses valores são resultados da simulação e não é possível fixa-los.

6.2.2 Caso Operação Normal

Ao contrário do cenário de máxima geração de energia elétrica, o caso operação

normal visa maximar dois objetivos, a receita líquida execedente em relação ao ponto de

59 �

operação referência e a eficiência operacional. A função que quantifica a receita

excedente é definida pela equação abaixo:

./0 � 1���2��34)5()� % ���2��346)789 " �.: % ;<=)5()�1��9 % <=6)781��9> " .?<�� "

��@ % ;<=)5()�1�)(A9 % <=6)781�)(A9> " .?<�)(A " ��@ (5)

Onde:

BCDE BFGHIJCKHLMNKOJDHFPI , em R$ por hora,

QIPRIPKOSTUSVE QIPWNGMKJRIPKOJXYPMZKJZFHKNP[JIJ\HIG[ZM][NPIJZ[JIPM]M^K_`IJ[]JF]KJaIHK

, em MW,

QIPRIPKObScdE QIPWNGMKJRIPKOJZIJ\INPIJZ[JI\[HK_`IJH[e[HWNGMKJ[]JF]KJaIHK, em

MW,

QBfE QH[_IJZ[JOMgFMZK_`IJZKhJZMe[H[N_Kh, R$/MWh,

ijSTUSVEJiK^`IJZ[Jj&hJkKPFHKOJGINhF]MZKJNIJ\INPIJZ[JI\[HK_`IJIYPMZIJZFHKNP[JIPM]M^K_`I

, em t/h,

ijbScdE iK^`IJZ[Jj&hJkKPFHKOJGINhF]MZKJNIJGKhIJH[e[HWNGMK, em t/h,

.?<�)(A: Poder calorífico inferior do combustível utilizado nas caldeiras auxiliares, em

MJ/kg,

.?<��: Poder calorífico inferior do combustível utilizado na turbina a gás, em MJ/kg,

QlmE QH[_IJZIJj&hJkKPFHKO, em $/MMBtu.

A função escolhida para quantificar a eficiência é a eficiência PURPA. É uma

equação comunmente utilizada para quantificar a eficiência termodinâmica em sistemas

de ciclo combinado com cogeração.

Para implementar a otimização mutlti-objetivo no algortimo enxame de

partículas, foi utilizada a metodologia descrita em HART, C. G., VLAHOPOULOS, N.,

(2010). De acordo com a metodolgia, a função de múltiplos objetivos a ser otimizada

pelo método é a soma ponderada das duas funções objetivo normalizadas. O resultado é

uma função do tipo:

no6p � �� "qrst�u�

� �� "qrst u

JJJJJJJ (6)

60 �

Onde:

no6p: função objetivo a ser otimizada

��: Peso admitido para a função objetivo um

no6p�: função objetivo um

vw: Valor máximo da função um

no6p�: função objetivo dois

vx: Valor máximo da função dois

O somatório de P1+P2 deve ser igual a 1. Os pesos indicam a importância

relativa de cada uma das funções objetivo que compõe a função. Quanto mais próximo

de 1, um, o valor do peso, maior é a importância dada para este objetivo na função. A

normalização deve ser efetuada para equalizar a ordem de grandeza das funções.

Neste trabalho, o valor dos pesos foi mantido igual para ambas as funções. Isso

significa que a função LMB e a eficiência PURPA posuem a mesma importância

relativa durante o processo de otimização. A definição do parâmetro de normalização da

função LMB foi baseada na investigação dos resultados do modelo utilizando valores de

entrada que, de acordo com a experiência poderiam apresentar valores altos para essa

função. Para saber encontrar o valor máximo da função LMB, seria necessário otimizar

somente essa função. Devido ao tempo disponível, essa alternativa não foi adotada.

A tabela 15 mostra os valores das constantes adotadas para o cálculo da função

objetivo.

61 �

Tabela 15-Constantes para cálculo da função objetivo Caso Operação Normal.

Constante Descrição Unidade Valor

��@ Preço do gás Natural $MM/Btu 12

PLD Preço da liquidação das

diferenças

R$/MWh 30

Taxa de câmbio Câmbio dólar x real Real/Dólar 2,4

P1 Peso função LMB adimensional 0,5

P2 Peso eficiência PURPA adimensional 0,5

Como o caso Operação Normal trata-se de um caso hipotético, optou-se por

reproduzir uma situação econômica que tende a provocar rentabilidade baixa para a

termelétrica. Com o preço do insumo energético alto no mercado internacional, baixa

remuneração para energia elétrica produzida, simulando reservatórios cheios e

preferencia por utilizar a capacidade de geração hidrelétrica, e dólar relativamente alto.

É um cenário interessante de se investigar, pois o objetivo é encontrar um ponto

mais rentável e com boa eficiência em um cenário econômico que induz baixa

rentabilidade.

O procedimento de otimização utilizado neste trabalho utiliza a mesma

simulação, de forma que os resultados obtidos são consistentes para comparação entre

os resultados de projeto e os obtidos através do procedimento de otimização. O caso de

otimização estudado deve obedecer aos mesmos objetivos do cenário de projeto. Além,

de obedecer às restrições de qualidade do vapor, pressão e temperatura, em cada um dos

níveis de pressão de exportação de vapor. Os valores foram escolhidos desta forma, com

o objetivo de avaliar os resultados do algoritmo de otimização num cenário desfavorável

economicamente. Na tabela 16, são mostradas as variáveis de decisão definidas para

este caso.

62 �

Tabela 16-Variáveis de decisão caso Operação Normal.

Variáveis de decisão Unidade Limite Superior Limite

Inferior

Set-Point Potência da TG % 100 70

Set-Point Potência TV MW 55 19

Set-Point Vazão de Extração V-42 (TV) t/h 90 30

Set-Point Vazão de Extração V-12 (TV) t/h 70 30

Produção de Vapor CAUX 1 t/h 142,5 85,5

Produção de Vapor CAUX 2 t/h 142,5 85,5

Foram selecionadas seis variáveis de decisão. Essas variáveis foram escolhidas

de acordo com experiências e testes anteriores e se mostraram serem as que mais

influem no atendimento às demandas de energia elétrica e vapor. O set-point de

potência da turbina a gás foi escolhido porque, é a partir dele que é possível gerar

grande parte da energia elétrica e também vapor de forma eficiente através da vazão e

temperatura dos gases exaustos da turbina. O set-point de potência da turbina a vapor

foi escolhido porque é a partir dele que definimos o a quantidade de energia produzida

pela turbina a vapor. Os set-points de extração de V-42 e V-12 da turbina a vapor

também são variáveis de decisão porque se tratam de extrações controladas. Além de

serem formas mais eficientes de produzir vapor na pressão e temperatura especificadas.

A produção de vapor de cada uma das caldeiras auxiliares também são variáveis de

decisão porque, a partir delas é possível produzir vapor para alimentar a turbina a vapor

e complementar a produção de vapor para o cliente. Na tabela 17 são apresentadas as

restrições e seus valores máximos e mínimos aceitáveis para esse caso.

63 �

Tabela 17-Restrições caso Operação Normal.

Restrições Unidade Valor Máximo Valor Mínimo

Vazão de V120 (exportado) t/h 175,5 175

Temperatura V120 (exportado) 0C 531 530

Pressão V120 (exportado) bar 124,7 124,2

Vazão de V42 (exportado) t/h 170,2 170

Temperatura V42 (exportado) 0C 406 405

Pressão V42 (exportado) bar 46,1 46

Vazão de V12 (exportado) t/h 70,5 70

Temperatura V12 (exportado) 0C 286 285

Pressão V12 (exportado) bar 13,7 13,4

Energia elétrica (exportada) MW 47,5 47

Caldeiras auxiliares (limite

operacional)

t/h 285 85

Potência da TGG (limite

operacional)

MW 171 13

Potência da TV (limite

operacional)

MW 55 19,4

Como no cenário de maximização da energia elétrica, as restrições se referem

aos limites operacionais dos equipamentos e às demandas dos clientes e as

especificações dos produtos. A faixa de variação das restrições de pressão, vazão e

temperatura é restrita pelo motivo exposto na seção 6.2.1.

6.2.3 Caso Operação Real

No caso operação real, os dados do cenário econômico são reais e relativos ao

mesmo período dos dados histórico retirados da planta.

A equação da função objetivo é idêntica à do caso de operação normal com

exeção do valor N1, que é o valor utilizado para normalizar a função LMB. O

procedimento para encontrar o valor máximo foi o mesmo, entretanto, o valor

encontrado foi diferente devido à mudança dos valores do cenário econômico

64 �

envolvidos. Segue, abaixo, a tabela 18 com os valores utilizados para o caso operação

real.

Tabela 18-Constantes para cálculo da função objetivo Caso Operação Real.

Constante Descrição Unidade Valor

��@ Preço do gás Natural $MM/Btu 6,0

PLD Preço da liquidação das

diferenças

R$/MWh 822,83

Taxa de câmbio Câmbio dólar x real Real/Dólar 2,4

P1 Peso função LMB adimensional 0,5

P2 Peso eficiência PURPA adimensional 0,5

O preço do gás natural da tabela foi encontrado através da média do valor do

preço do gás natural no mercado internacional no mês de fevereiro de 2014. Os dados

para os cálculos foram retirados do site http://www.eia.gov/dnav/ng/hist/rngwhhdd.htm

e estão no Anexo F. O valor do PLD para a semana do dia 10/02/2014 foi retirado do

site da CCEE.org, http://www.ccee.org.br/, para a segunda semana operativa de

fevereiro de 2014 e estão no Anexo G.

Como no caso operação normal, utilizou a abordagem multi-objetivo, de acordo

com a metodologia descrita na seção 6.2.2. As funções que compuseram a função

objetivo da otimização foram a eficiência PURPA e a função LMB, lucro marginal

bruto. Ambas as funções foram descritas no capítulo 6. A função LMB, calcula o lucro,

ou o prejuízo, caso se resolva operar a unidade de acordo com os parâmetros

operacionais resultantes do processo de otimização ao invés dos parâmetros de um caso

de referência, que neste caso é o ponto operacional obtido através dos dados reais. A

eficiência PURPA considera que a energia elétrica é mais nobre que a energia do vapor.

Dessa forma, espera-se que o resultado do processo de otimização trará uma operação

mais econômica ainda preservando a eficiência operacional da unidade.

Os valores de lucro marginal bruto e eficiência PURPA utilizados para o caso

operacional real foram calculados utilizando a simulação obtida e validada no

THERMOFLEX, que mostrou representar de forma adequada a operação real de acordo

com os dados reais de operação, e os dados econômicos da semana do dia 10 de

65 �

fevereiro de 2014. Os dados econômicos utilizados nesse cenário foram apresentados na

tabela 19.

O procedimento de otimização utilizado neste trabalho usa a mesma simulação,

de forma que os resultados obtidos são consistentes para comparação entre o ponto base

e o ponto obtido pela otimização. O caso de otimização estudado deve obedecer aos

mesmos objetivos do cenário real, que nesse caso é atender a demanda real de vapor e

produzir o mínimo de energia elétrica acordado para o cliente. Além de obedecer às

restrições de qualidade do vapor, pressão e temperatura, em cada um dos níveis de

pressão de exportação de vapor, presentes nos dados reais. Na tabela 19, são mostradas

as variáveis de decisão.

Tabela 19-Variáveis de decisão caso Operação Real.

Variáveis de decisão Unidade Limite Superior Limite

Inferior

Set-Point Potência da TG MW 171 70

Set-Point Potência TV MW 55 19

Set-Point Vazão de Extração V-42 (TV) t/h 90 30

Set-Point Vazão de Extração V-12 (TV) t/h 70 30

A estratégia de convergência utilizada para caso operação real foi ligeiramente

diferente da utilizada para o caso operação normal. Uma das diferenças aplicadas está

no controle de potência gerada pela turbina a vapor. Esse controle teve de ser

desabilitado para facilitar a convergência das simulações. Assim, a potência da turbina a

vapor foi regulada pela vazão de vapor que chega à turbina a vapor e as extrações

controladas. As extrações controladas continuam sendo variáveis de decisão. A

produção de vapor pelas caldeiras auxiliares atende à produção de energia elétrica

requerida pela turbina a vapor e por isso, deixaram de ser variáveis de decisão.

Foram selecionadas quatro variáveis de decisão. Intuitivamente, acredita-se que

o ponto de maior vantagem econômica é um ponto de máxima produção de energia

elétrica devido ao elevado valor pago pela energia elétrica nesse cenário. Na tabela 20

são apresentadas as restrições.

66 �

Tabela 20-Restrições caso Operação Real.

Restrições Unidade Valor Máximo Valor Mínimo

Vazão de V120 (exportado) t/h 175,5 175

Temperatura V120 (exportado) 0C 531 530

Pressão V120 (exportado) bar 124,7 124,2

Vazão de V42 (exportado) t/h 170,2 170

Temperatura V42 (exportado) 0C 406 405

Pressão V42 (exportado) bar 46,1 46

Vazão de V12 (exportado) t/h 70,5 70

Temperatura V12 (exportado) 0C 286 285

Pressão V12 (exportado) bar 13,7 13,4

Energia elétrica (exportada) MW 47,5 47

Caldeiras auxiliares (limite

operacional)

t/h 285 85

Potência da TGG (limite

operacional)

MW 171 13

Potência da TV (limite

operacional)

MW 55 19,4

A faixa admitida para os valores de pressão, vazão e temperatura do vapor

exportado seguem à mesma justificativa apresentada no item 6.2.1.

6.3 O Método de Otimização Implementado

Nesta seção será explicitada a implementação do algortimo enxame de partículas

de múltiplos objetivos e com restrições. Além, dos critérios de convergência utilizados e

as estratégias adotadas para lidar com não convergências que, por ventura ocorrerem,

durante processo de otimização.

67 �

6.3.1 O Enxame de Partículas com Restrições

O enxame de partículas teve como objetivos iniciais modelar o comportamento

humano em um espaço psicológico abstrato n dimensional e otimizar funções contínuas

multivariáveis não lineares. O método ganhou popularidade na literatura como uma

alternativa para resolver problemas em larga escala em várias áreas da engenharia.

Originalmente, o método foi criado para resolver problemas de único objetivo e sem

restrições. A implementação do algoritmo utilizado neste trabalho foi baseado no

trabalho de HART (2010) que propôs uma aplicação do algoritmo para lidar com

restrições e mais de um objetivo. Abaixo, serão discutidos os passos para a concepção

de um algoritmo enxame de partículas com restrições.

Passo 0: Geração da população

São gerados randomicamente N elementos no espaço que se está estudando.

Cada uma dessas partículas possui uma determinada “velocidade”, também distribuída

randomicamente entre os elementos da população inicial.

Passo 1: Cálculo da função objetivo

Neste passo, a função objetivo é calculada para cada elemento da população. Os

valores das variáveis de decisão que levam ao valor mínimo para aquela população e o

valor mínimo resultado do uso dessas variáveis de decisão na função objetivo são

armazenados. A “velocidade” de cada elemento da população será atualizada de acordo

com esses resultados. O valor mínimo encontrado entre todos os elementos da

população nessa iteração é o n6875@ e o valor encontrado por cada elemento nessa iteração

é o n�@. O vetor de velocidades é então atualizado da seguinte forma:

y�z�� � {y�

z � |}�zJ1~� % ��

z9 � |}�zJ1~s� % ��

z9 (7)

Nessa equação, o subscrito n significa a iteração e o i significa o elemento da

população. O primeiro termo é o termo de inércia, é o termo cognitivo que funciona

como memória para influenciar a nova posição da partícula. O terceiro termo é o termo

de socialização que usa a melhor localização para influenciar a posição do de cada um

dos elementos da população.

Passo três: A posição da partícula é atualizada de acordo com a equação:

68 �

��z�� � ��

z � y�z��JJ (8)

Passo quatro: Retornar ao passo um até que o critério de convergência seja

atingido.

Para transformar o enxame de partículas original em um método capaz de lidar

com restrições, podem-se usar funções penalidade. A função penalidade é dada pelo �z

está presente na equação 3 e é definido conforme abaixo:

�z � ;��������>����

" �J (9)

Quando as restrições são violadas, o valor de �z é zero. Isso faz com que a

partícula conte apenas com suas capacidades cognitivas, isto é, o termo de memória, e

as capacidades sociais, o termo de socialização, para voltar à região de atendimento às

restrições.

Para transformar o procedimento em um algoritmo capaz de lidar com

problemas multi-objetivo, adotou-se o critério da soma ponderada normalizada,

conforme a equação 2. Ao utilizar esse método, um problema de múltiplos objetivos é

transformado em um problema de objetivo único. Para isso, se calcula um valor

“padrão” para cada uma das funções objetivo. O valor “padrão” é utilizado para

normalizar as funções objetivo. Após a normalização das funções, um fator

multiplicativo é aplicado a cada uma das funções e os produtos são somados. A soma

dos fatores multiplicativos para cada uma das funções deve ser igual à unidade. A nova

função objetivo, que contempla os vários objetivos do problema fica da seguinte forma:

no6p � � ��,�,��

���� JJJ (10)

Com � ������ � wJJJJJ (11)

Onde no6p é a função resultante, n� representa cada uma das funções objetivo

consideradas, � é a quantidade de funções objetivo consideradas, n� é o valor “padrão”

de cada uma das funções e �� é o fator peso escolhido para cada uma das funções.

O critério de convergência adotado para o caso operação real foi o seguinte:

,��,s,s

� ����JJJJJ (12)

69 �

Para os outros casos adotou-se o critério de número máximo de iterações.

Segue abaixo a tabela 21 com resumo com os parâmetros do método utilizados

para cada um dos casos estudados neste trabalho:

Tabela 21-Parâmetros do Método Enxame de Partículas.

Parâmetro Maximização de

Energia Elétrica

Operação Normal Operação Real

Alfa 1 1 1

Beta 2 2 2,4

N 35 35 65

wmax 0,9 0,9 0,9

wmin 0,1 0,1 0,1

Os valores de wmax e wmin utilizados, foram os sugeridos pelo trabalho de

HART (2010). Os valores de N foram obtidos após testes de convergência que

iniciaram com valor de N igual a 10. Durante os testes percebeu-se que, quanto maior o

valor de N mais próximos do valor mínimo eram os resultados das primeiras iterações.

Os valores de Alfa e Beta foram escolhidos de acordo com o sugerido pela literatura e

pela experiência adquirida na solução de outros problemas de otimização utilizando o

método. Para o caso operação real, optou-se por utilizar um Beta maior com o intuito de

facilitar a convergência. Segundo alguns autores, aumentar o termo de sociabilidade, o

Beta, pode facilitar a convergência.

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7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo serão apresentados dos resultados da otimização multi-objetivo

com restrições para cada um dos casos estudados. Também serão discutidos o tempo

computacional, a convergência e as conclusões.

7.1 Caso Maximização da Energia Elétrica

Os parâmetros utilizados pelo algoritmo de otimização foram os da tabela 19

correspondestes a esse caso. A convergência foi considerada obtida após não se

observar alteração dos resultados mesmo após várias iterações. Foram realizadas

duzentas e vinte iterações. Durante o procedimento de otimização, a função objetivo foi

chamada cinco mil e trezentas vezes. O tempo computacional foi de aproximadamente

doze dias. O tempo computacional foi relativamente longo devido à complexidade da

simulação. A simulação utilizada levava cerca de seis minutos para ser finalizada,

utilizando a interface do THERMOFLEX. Além do tempo relativamente longo para

obtenção de um resultado, a ocorrência de não convergências é possível durante o

processo. Isso acontece, porque em dado momento, o conjunto de variáveis de decisão

obtidos através do procedimento randômico pode não fazer parte do conjunto de

possíveis soluções do modelo estudado. Quando isso ocorre, o simulador leva mais

tempo para mostrar que as tentativas de solução falharam. Em testes, chegou-se ao

tempo estimado de quarenta minutos, caso ocorra não convergência.

Figura 14- Valor da função objetivo x Número de chamadas da função.

71 �

Figura 15- Extrações da TV Caso Maximização da Energia Elétrica

Na figura 14 é apresentado o gráfico da evolução do critério de convergência ao

longo das iterações. Na figura 15, temos os resultados para as extrações da turbina a

vapor. A partir dos resultados, verifica-se que ao maximizar a produção de energia

elétrica, a vazão de extração de V-42 apresenta grande queda. Essa queda pode ser

atribuída à necessidade de privilegiar a produção de energia elétrica. Ao diminuir a

vazão de extração de V-42 maior quantidade de vapor é conduzida para o próximo

estágio da turbina para produzir trabalho.

Na tabela 22 é apresentado o comparativo dos resultados obtidos pela otimização

e os resultados presentes na documentação de projeto para esse caso.

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72 �

Tabela 22-Resultados Comparativos THERMOFLEX x Projeto.

Variáveis Resultado

(Otimização)

Valor de

Projeto

Unidade

Carga da TG 99,97 100 %

Potência da Turbina a Vapor 41818 55000 kW

Vazão Caldeira Auxiliar 1 112,52 - t/h

Vazão Caldeira Auxiliar 2 137,48 - t/h

Vazão de extração da TV V-42 40,74 - t/h Vazão de extração da TV V-12 51,26 - t/h Pressão de Exportação V-120 124,63 - bar (abs) Pressão de Exportação V-42 46,45 - bar (abs) Pressão de Exportação V-12 13,84 - bar (abs) Potência Total Gerada 193635 215000 kW Vazão Exportada V-120 175 - t/h Vazão Exportada V-42 170 - t/h Vazão Exportada V-12 70 - t/h

Os resultados de projeto para este cenário só possuem valores para três variáveis,

a carga da TG, a potência da turbina a vapor e a potência total gerada. Na documentação

de projeto não constam os valores das outras variáveis, como por exemplo, as demandas

de vapor do cliente. Só constam que elas devem ser atendidas. Devido à falta de clareza

em relação a esses números, optou-se por considerar a demanda semelhante à da

operação normal.

É possível que essa decisão tenha contribuído para os menores valores

encontrados para a potência total gerada máxima. A diferença se encontra nos valores

obtidos para a potência gerada pela turbina a vapor. Nos resultados da otimização a

potência apresenta valor mais baixo, devido principalmente ao atendimento das

demandas de vapor pelo cliente, supridas pelas extrações da turbina a vapor. No caso

maximização da energia elétrica, previsto em projeto, o valor da potência da turbina a

vapor se refere à potência máxima prevista pelo equipamento com extrações mínimas.

Mesmo assim, ainda seria possível atingir a potência máxima de projeto e atender as

demandas da operação normal aumentando a vazão de vapor produzida pelas caldeiras

auxiliares. Entretanto, o método de otimização não apresentou maiores evoluções nos

resultados durante as duzentas e vinte iterações e não forneceu essa alternativa.

73 �

7.2 Caso Operação Normal

No caso operação normal o objetivo é encontrar através da metodologia proposta

um ponto operacional economicamente mais vantajoso e eficiente, fornecendo vapor e

energia elétrica para o cliente dentro da especificação requerida.

Nesse caso, já se utilizou a abordagem de funções peso para resolver problemas

de múltiplos objetivos, de acordo com a metodologia descrita no capítulo 6. As funções

que compuseram a função objetivo da otimização foram a eficiência PURPA e a função

LMB, lucro marginal bruto. Ambas as funções foram descritas no capítulo 6. Ao

combinar as duas funções, espera-se que o resultado do processo de otimização resulte

em uma operação mais rentável ainda preservando a eficiência operacional da unidade.

Os valores de lucro marginal bruto e eficiência PURPA utilizados para o cenário

operacional de projeto foram calculados utilizando a simulação obtida e validada no

THERMOFLEX e os dados econômicos definidos para o cenário. Os dados econômicos

utilizados nesse cenário foram apresentados na tabela 21. Os parâmetros utilizados pelo

algoritmo de otimização foram os da tabela 19 correspondestes a esse caso.

A convergência foi considerada alcançada utilizando o mesmo critério

explicitado no item 7.1. Foram realizadas duzentas e onze iterações. Durante o

procedimento de otimização, a função objetivo foi chamada cinco mil e trezentas vezes.

O tempo computacional foi de aproximadamente doze dias. Como no caso anterior, o

tempo computacional foi relativamente longo devido à complexidade da simulação.

Cada simulação demora cerca de seis minutos para ser finalizada utilizando a interface

do THERMOFLEX.

Na figura 16 é mostrada a evolução da função objetivo ao longo das iterações.

Na figura 17 é mostrado o resultado para a função Lucro Marginal Bruto. De acordo

com os resultados, seria possível atingir um benefício econômico de mais de R$ 10,000

por hora, caso os resultados da otimização fossem empregados. A figura 18 mostra os

resultados de eficiência PURPA. De acordo com o gráfico, a partir de determinado

momento da convergência, a eficiência caiu ao invés de aumentar. Esse fato pode ser

explicado através de uma análise da função objetivo composta. A partir daquele

momento do processo iterativo, a parcela referente à função LMB teve contribuição

relativa mais significativa para minimizar a função objetivo que a eficiência.

74 �

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Figura 16- Valor da função objetivo x Número de chamadas da função.

Figura 17- Valor da função LMB x Número de chamadas da função.

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Figura 18- Valor da Eficiência PURPA x Número de chamadas da função

De acordo com os resultados obtidos, foi possível encontrar um ponto mais

rentável e eficiente que o previamente estabelecido no novo cenário econômico definido

em ambiente de simulação. Na tabela 23 são mostrados os resultados obtidos pela

otimização e os de projeto. Conforme o esperado, em cenário de preço de combustível

elevado e baixa remuneração pela energia elétrica, é mais vantajoso diminuir a potência

gerada pela turbina a gás, a carga de TG passou de 100% para 71,2 %, diminuir a

produção de vapor pelas caldeiras auxiliares, a produção total passou de 285 para 212,5

t/h, gerar o mínimo possível de energia elétrica e priorizar o atendimento às demandas

de vapor através da produção da HRSG e das extrações da turbina a vapor, o

procedimento de otimização obteve extrações mais altas. A partir dos resultados, nota-

se a dependência dos valores dos custos dos insumos, da remuneração obtida pelos

produtos e da demanda especificada pelo cliente nos resultados da otimização.

Entretanto, dadas às limitações das simulações, elas são representações da

realidade, para averiguar a aplicabilidade do ponto encontrado pelo processo de

otimização é necessário avaliar se aplicação desse ponto é possível na prática e realizar

os mesmos cálculos de LMB e eficiência utilizando os dados reais da planta.

76 �

Tabela 23-Resultados comparativos caso Operação Normal.

Variáveis Resultado

(Otimização)

Valor de

Projeto

Unidade

Carga da TG 71,2 100 %

Potência da Turbina a Vapor 46308,86 45600 kW

Vazão Caldeira Auxiliar 1 114 142,5 t/h

Vazão Caldeira Auxiliar 2 98,55 142,5 t/h

Vazão de extração da TV V-42 111,71 83,4 t/h Vazão de extração da TV V-12 50 33,2 t/h Pressão de Exportação V-120 124,8 121,3 bar (abs) Pressão de Exportação V-42 46,1 44,8 bar (abs) Pressão de Exportação V-12 13,88 13,46 bar (abs) Potência Total Gerada 123876 196100 kW Vazão Exportada V-120 175 175 t/h Vazão Exportada V-42 170 170 t/h Vazão Exportada V-12 70 70 t/h

7.3 Caso Operação Real

O caso operação real foi conduzido com o intuito de verificar de que forma a

metodologia como um todo, desde o procedimento de modelagem até os resultados da

otimização, funcionariam ao serem utilizados dados de operação reais. Como no cenário

de maximização da energia elétrica, as restrições se referem aos limites operacionais

dos equipamentos e das demandas dos clientes e as especificações dos produtos.

Os parâmetros utilizados pelo algoritmo de otimização foram os da tabela 19

correspondestes à esse caso. Como no caso anterior, o tempo computacional foi

relativamente longo devido à complexidade da simulação. Cada simulação demora

cerca de seis minutos para ser finalizada utilizando a interface do THERMOFLEX.

De acordo com os resultados obtidos, foi possível encontrar um ponto mais

rentável e eficiente que o previamente estabelecido no cenário econômico definido, em

um ambiente de simulação. Entretanto, dada às limitações das simulações, elas são

representações da realidade, para averiguar a aplicabilidade do ponto encontrado pelo

processo de otimização deve-se verificar se aplicação desse ponto é possível na prática e

realizar os mesmos cálculos de LMB e eficiência utilizando os dados reais da planta.

77 �

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Figura 19- Valor da função objetivo x Número de chamadas da função.

Figura 20- Lucro Marginal Bruto x Número de chamadas da função.

78 �

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��������������������������

Figura 21- Eficiência PURPA x Número de chamadas da função.

Na figura 19 é mostrada a evolução da função objetivo ao longo das iterações.

Na figura 20 é mostrado o resultado para a função Lucro Marginal Bruto. De acordo

com os resultados, seria possível atingir um benefício econômico de R$ 10,000 por

hora, caso os resultados da otimização fossem empregados. A figura 21 mostra os

resultados de eficiência PURPA. Os resultados mostram um comportamento da

eficiência semelhante ao ocorrido no caso operação normal. Fato que, provavelmente

ocorre pelo mesmo motivo explanado na seção anterior.

Na tabela 24 são mostrados os resultados comparativos para a operação real. Os

dados da tabela mostram que os resultados da otimização apontaram aumento da

potência gerada, tanto pela turbina gás quanto pela turbina a vapor, menores vazões de

extração da turbina a vapor e praticamente a mesma produção de vapor pelas caldeiras

auxiliares. O cenário econômico em fevereiro de 2014 apresentava um alto valor de

remuneração para a energia elétrica e um preço de gás baixo em comparação ao

praticado no cenário operação normal. O cenário era favorável à produção de energia

elétrica. Conforme o esperado, a otimização priorizou a produção de energia elétrica e

buscou atender a demanda de vapor através da maior quantidade de vapor gerada na

caldeira recuperadora devido ao aumento da potência da turbina a gás.

79 �

Tabela 24- Resultados comparativos Operação Real

Variáveis Resultado

(Otimização)

Valor de

Operação

Unidade

Potência da TG 161445 156950 kW

Potência da Turbina a Vapor 60702 52450 kW

Vazão Caldeira Auxiliar 1 134,9 146,6 t/h

Vazão Caldeira Auxiliar 2 152,2 141,3 t/h

Vazão de extração da TV V-42 62,42 67,77 t/h Vazão de extração da TV V-12 24,33 33,15 t/h Pressão de Exportação V-120 120,4 120,4 bar (abs) Pressão de Exportação V-42 44,28 44,8 bar (abs) Pressão de Exportação V-12 14,3 14,3 bar (abs) Potência Total Gerada 222147 209400 kW Vazão Exportada V-120 150,5 150,5 t/h Vazão Exportada V-42 170,4 170,4 t/h Vazão Exportada V-12 56,82 56,82 t/h

O caso real teve um objetivo claro de aumento da potência gerada devido ao alto

valor do PLD praticado no período. Em contraste com o caso operação normal, que

dados os preços escolhidos, teve um direcionamento claro de diminuição da produção

da energia elétrica. O uso da metodologia de otimização pode ser bastante útil em casos

de valores intermediários nos quais, não fica claro, de antemão, qual o melhor

direcionamento a seguir, produção máxima ou mínima de energia possível atendendo às

demandas dos clientes.

80 �

8 CONCLUSÃO

Neste trabalho foi apresentada uma metodologia para encontrar um ponto

operacional mais rentável e eficiente, em comparação a um ponto de referência, de uma

termelétrica de ciclo combinado com cogeração. Foram conduzidos três estudos de

caso, um de validação da metodologia proposta, maximização da energia elétrica, um

caso relativo a um cenário de projeto e outro caso relativo a uma situação real.

A metodologia empregada envolve a concepção e validação da um modelo da

planta, em um simulador de processos comercial, e a aplicação do algoritmo de

otimização enxame de partículas, modificado, de forma ser aplicável em problemas de

múltiplos objetivos com restrições. Os resultados da validação mostraram que é possível

obter um modelo complexo e com boa fidelidade ao projeto e à termelétrica em

operação. O modelo obtido pode, inclusive, ser utilizado para outros fins, tais como

estudos de cenários operacionais devido à boa concordância entre o comportamento do

modelo e o observado na realidade.

O tempo computacional necessário para obter soluções foi muito elevado, mais

de dez dias. Isso se deve ao tempo decorrido para alcançar a convergência utilizando o

simulador escolhido e à natureza do algoritmo de otimização que, calcula a função

objetivo para todos os elementos da população a cada iteração. Apesar disso, os

resultados obtidos para todos os casos estudados neste trabalho se mostraram coerentes

e conseguiu-se alcançar pontos mais rentáveis e com boa eficiência.

O caso maximização da energia elétrica apresentou resultados consistentes com

os previstos em projeto, conforme relatado ao longo do texto. Os resultados do cenário

de operação normal mostraram que em um cenário econômico desfavorável o ponto de

operação encontrado pela otimização apresentou características próximas à

documentação de projeto. Mas, ainda assim, se tratava de um ponto mais rentável e

eficiente. Isso mostra que mudanças relativamente pequenas na forma de operar podem

levar à economia significativa e aumentar a margens de lucro do negócio.

Com a aplicação da metodologia a um caso relativo à operação real também foi

encontrado, em ambiente de simulação, um ponto mais rentável e eficiente para o

cenário que ocorreu em fevereiro de 2014. A partir do resultado obtido, podem-se

aplicar os resultados na termelétrica em funcionamento e verificar os resultados da

81 �

metodologia na realidade. Ao analisar os resultados obtidos para o caso real, é

necessário levar em consideração as premissas e considerações do estudo, como a

definição da função Lucro Marginal Bruto, por exemplo.

Para se colocar em prática qualquer sugestão dada pela metodologia é preciso

avaliação cuidadosa do ponto encontrado e quais seriam as implicações decorrentes de

sua aplicação na termelétrica em funcionamento. É necessário verificar as condições e

restrições atuais dos equipamentos. Alguns equipamentos podem estar passando por

intervenções, sofreram desgastes excessivos, entre outros fatores que podem ocorrer.

Por isso, a sugestão pode não ser a mais adequada no momento, não ser passível de

aplicação prática, ou, até mesmo, levar a unidade a um ponto diferente do obtido em

simulação.

Os cenários avaliados neste trabalho tinham um direcionamento relativamente

evidente a ser perseguido. No caso operação normal, a “intuição” indicava que maior

que maior rentabilidade viria através da menor produção possível de energia elétrica.

No caso operação real, dado o valor alto de PLD, o máximo valor admissível, e o custo

relativamente baixo de gás natural, intuitivamente observava-se que maximizar a

quantidade de energia elétrica era o caminho mais promissor. Entretanto, quantificar o

valor dessa vantagem pela função de lucro proposta é fundamental, porque se obtêm

valores de forma objetiva. Fato importante em cenários cujo direcionamento não é tão

evidente assim. Além de quantificar, a metodologia pode indicar os parâmetros mais

adequados para a operação, através do modelo e do algoritmo de otimização. Essas são

as maiores contribuições do presente trabalho.

Futuramente pode se aplicar os resultados obtidos pela metodologia na prática,

com o intuito de verificar a existência de benefícios reais advindos do uso da

metodologia proposta. Para superar o elevado tempo computacional, principal obstáculo

encontrado, pode-se avaliar o uso de métodos de simplificação do modelo obtido em

simulador, utilizando funções aproximadas, por exemplo. É possível, também, refinar a

função utilizada para o cálculo do lucro, a função LMB, de modo a incluir os custos e

avaliações econômicas mais próximas das de fato efetuadas.

82 �

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87 �

APÊNDICE A– DETALHAMENTO DA MODELAGEM DA TURBINA A GÁS

A turbina a gás é um equipamento que consiste, simplificadamente, de um

compressor de ar, uma câmara de combustão e uma turbina expansora propriamente

dita. É possível conceber um modelo de turbina utilizando esses componentes da paleta

de equipamentos do THERMOFLEX e montar uma turbina a gás completamente

definida pelo usuário. Entretanto, para aumentar a confiabilidade e aderência do modelo

à turbina real, optou-se por utilizar o banco de modelos de turbinas a gás

disponibilizado pelo software. A modelagem e aderência do modelo de turbina a gás à

realidade pode-se tornar uma atividade complexa devido ao esforço de engenharia

presente na concepção desse tipo de equipamento.

Os modelos disponíveis no banco de dados vêm com suas características

principais, como fabricante, modelo, potência total, eficiência, temperatura de entrada

da turbina, modelo de combustor, entre outras. Um mesmo modelo pode representar

turbinas de características ligeiramente diferentes, como é possível verificar através de

análise do banco de dados disponibilizado. Na figura 22, é apresentado um print-screen

do THERMOFLEX, mostrando a lista de modelos de turbinas a gás, destacada na figura

por um retângulo de traço contínuo, e as informações disponíveis sobre cada modelo,

destacadas por um retângulo de traço tracejado. Na figura, ainda é possível verificar que

existe mais de uma opção, com características diferentes, para um mesmo modelo e

fabricante. Em destaque na figura através de um círculo, temos o modelo GE-7241 FA.

Para esse modelo de turbina da fabricante GE existem cinco opções disponíveis. Após a

seleção do modelo adequado, o usuário pode o definir os valores de entrada do modelo.

As entradas para a turbina a gás são a potência, ou carga pretendida, a composição do

combustível, perda de carga nos filtros de admissão e exaustão. Alguns parâmetros de

entrada estão destacados na figura 23.

88 �

Figura 22 – Extrato da lista de Turbinas disponíveis no THERMOFLEX.

Figura 23 – Tela de Configuração do Modelo da Turbina a Gás.

89 �

Antes de começar qualquer modelo, é necessário definir as condições ambientais

como temperatura ambiente, pressão ambiente e umidade relativa. Esses parâmetros são

fundamentais, pois afetam o comportamento dos equipamentos, principalmente o da

turbina a gás. A turbina a gás está previamente configurada como Engineering design.

Essa configuração significa que os resultados do cálculo estão baseados no modelo

físico do equipamento, isto é, considerando suas dimensões e seus materiais. Após

selecionar os parâmetros em Engineering design, como perda de carga nos filtros,

pressão do combustível e etc., e obter os resultados, é possível utilizar o modelo obtido

em off-design. No modo off-design, é possível definir a potência ou carga pretendida

pelo usuário e o simulador estima os outros parâmetros como perdas de cargas,

temperaturas, pressões e vazões nos pontos de interesse de acordo com o escoamento.

Para o modelo de turbina utilizado na planta existiam cinco modelos na

biblioteca do THERMOFLEX disponíveis. Cada um dos modelos, apesar de

representarem o mesmo de modelo de turbina, apesentam diferenças quanto à potência

ISO, potência gerada para 15 0C, 1013 mbar e 60% de umidade, eficiência, temperatura

de entrada dos gases parte expansora da turbina, e tipo de combustor, Dry low Nox, ou

tubo Annelar. Dessa forma, buscou-se selecionar qual dos modelos disponíveis de

turbina mais se adequa ao equipamento de fato instalado na unidade.

O documento mais adequado para auxiliar essa decisão é o teste de performance

da turbina. O teste de performance das turbinas a gás é baseado na norma PTC-22 e tem

como objetivo verificar a potência bruta, potência líquida e eficiência do equipamento

em carga base para as condições controladas de teste. Entretanto, dada à ausência deste

documento, o Heat Flow Diagram para a condição de operação normal 100% de carga

foi o documento utilizado para realizar essa escolha. Dentre os cinco modelos

disponíveis, do mesmo fabricante e modelo da turbina existente na unidade, foi

escolhido aquele que apresentou menor erro relativo em relação ao resultado de

potência bruta gerada nas condições de projeto apresentadas no Heat Flow Diagram

para a condição normal de operação.

Alguns parâmetros desconhecidos como perdas de carga na admissão de ar e na

exaustão da turbina foram ajustados de modo a melhorar a aderência aos dados de

projeto, ou seja, diminuir o erro relativo do resultado. A composição do gás utilizada

para gerar os dados presentes no balanço de massa e energia também é um componente

90 �

de incerteza. Nesse documento não havia o registro da composição de gás utilizada para

obter os resultados. A forma encontrada para contornar a situação foi utilizar a

composição média de gás natural da unidade, presente do Memorial Descritivo da

unidade.

A composição do combustível influencia de forma significativa a quantidade de

combustível consumido pela turbina ao gerar determinada potência. A composição de

combustível foi avaliada de forma mais rígida durante o processo de validação. O

modelo da turbina a gás para as condições reais de operação não necessitou de mais

modificações, pois apresentou boa aderência aos dados reais utilizados para fazer as

verificações.

91 �

APÊNDICE B– DETALHAMENTO DA MODELAGEM DA CALDEIRA

RECUPERADORA

A caldeira recuperadora é um equipamento cujo objetivo é aproveitar os gases

exaustos da turbina a gás, que possuem uma temperatura ainda elevada e uma vazão

considerável. A turbina a gás utilizada nesse caso disponibiliza gases exaustos a uma

temperatura e vazão de aproximadamente 600 0C a e 1500 kg/s, respectivamente a

100% de carga. A partir desses gases é possível produzir vapor em três níveis de

pressão, com temperaturas e pressões dentro da especificação requerida.

Para modelar uma caldeira recuperadora no THERMOFLEX é necessário

escolher os economizadores, evaporadores e superaquecedores do tipo PCE, na paleta

do THERMOFLEX. Escolher equipamentos do tipo PCE significa que eles são

“engenheirados”, ou seja, possuem dimensões e podem-se escolher os materiais de

fabricação. Em suma, é possível obter um modelo físico do equipamento e não somente

um modelo termodinâmico. Abaixo temos a figura 24, que representa configuração de

um evaporador PCE, no THERMOFLEX.

Figura 24 – Tela de Configuração de um Evaporador do Tipo PCE.

As entradas do modelo são a corrente de gás exausto que passará pelo

equipamento, a temperatura de geração de vapor, no caso do evaporador, a vazão

92 �

pretendida e as perdas de carga associadas aos lados da água e do gás, além de eventuais

perdas de calor para o ambiente. A pressão de produção de vapor é dada pela bomba de

alimentação de água da caldeira. As entradas do modelo estão destacadas na figura 6

através de retângulos de traço contínuo.

A modelagem da caldeira recuperadora foi baseada no Heat Flow Diagram de

operação normal e nas telas de operação da unidade. É o equipamento com a menor

quantidade de dados disponíveis para a realização da modelagem e validação. O arranjo

interno da caldeira é concebido para o melhor aproveitamento da energia dos gases

exaustos. Dessa forma, a ordem dos superaquecedores, evaporadores e economizadores

para cada nível de nível de pressão, foi concebida para esse fim.

Como o THERMOFLEX é um simulador flexível, a estratégia utilizada para

montar o modelo da caldeira foi baseada na manipulação da ordenação dos

superaquecedores, evaporadores e economizadores, para cada nível de pressão, e no

traçado do caminho dos gases exaustos de forma que, a caldeira simulada conseguisse

produzir vapor nas vazões, temperaturas e níveis de pressão presentes no balanço de

massa e energia da planta.

A manipulação do caminho dos gases exaustos foi concebida de forma a simular

o “entrincheiramento” dos economizadores, evaporadores e superaquecedores presentes

no equipamento real. Visto que não é possível, através da simulação colocar

equipamentos nessa disposição, simulou-se esse efeito através da divisão da vazão da

corrente de gases exaustos e uso de controladores de vazão dos gases para atender à

especificação de temperaturas e pressões do vapor.

A metodologia utilizada será ilustrada abaixo através de um exemplo. O

exemplo descreve como obter a vazão de vapor necessária de V-120 à temperatura e

pressão especificada.

Para obter V-120 na especificação é necessário que a corrente de gases exaustos

tenha energia suficiente para produzir a quantidade de vapor à temperatura e pressão

desejada, sem que ocorra a diminuição da produção de V-12 e V-42. A solução adotada

foi dividir a corrente de gases exaustos através de um divisor de fluxo, splitter, presente

na paleta de equipamentos do THERMOFLEX. O splitter possui uma entrada e três

saídas. Nesse caso, três saídas foram utilizadas. Na figura 25, é apresentado um

93 �

exemplo de splitter. No caso da figura 8, a corrente de número sete foi divida em três

correntes, as correntes onze, doze e quatorze, destacadas por retângulos na figura 25. O

splitter está destacado na figura através de uma seta.

Ao incluir o splitter, é necessário escolher como será o fracionamento do fluxo

em cada um dos nós do splitter. Para realizar a primeira execução pode-se fazer uma

seleção qualquer. Após o THERMOFLEX obter resultados com a primeira execução a

aba de controladores fica disponível para uso. Com o auxílio do Control Loops foi

definido um controlador para controlar a vazão de vapor de V-120 produzida

manipulando o fluxo de gás de exausto que passa pelo evaporador, corrente 12,

destacada na figura 25.

Figura 25- Equipamento Splitter no fluxograma do THERMOFLEX.

Abaixo, na figura 26, segue o gráfico do resultado do controlador definido,

mostrando como fração dos gases exaustos que passam pelo evaporador foi manipulada

para atingir a vazão de V-120 pretendida, o objetivo.

94 �

Figura 26 – Resultado do Control Loop.

Na figura 26, o eixo y representa a vazão produzida de V-120, o objetivo, e o

eixo x representa a fração da vazão de gases exaustos disponibilizada pelo splitter. De

acordo com o gráfico, para alcançar a vazão pretendida, 153,8 t/h, foi necessário

disponibilizar 0,1231 em fração de vazão dos gases exaustos para o nó correspondente

do splitter.

Utilizando a estratégia acima, foi possível gerar vapor nos três níveis de pressão,

com as vazões, temperaturas e pressões presentes no Heat Flow Diagram para a

operação normal utilizando a energia presente nos gases exaustos da turbina a gás.

Para configurar um Control Loop, é necessário definir o objetivo e os parâmetros

que serão manipulados para atingir o objetivo definido. Os inputs são as variáveis que

serão manipuladas com o intuito de atingir o objetivo definido. A caldeira recuperadora

é o equipamento com menor quantidade de informações disponíveis. Não estavam

disponíveis informações sobre as dimensões físicas, arranjo interno real e teste de

performance. Esse fato traz dificuldades para a construção do modelo e posterior

validação. Devido à falta de informações, o modelo da caldeira recuperadora

95 �

permaneceu no modo Thermodynamic design e não sofreu alteração no modelo

representando a condição real.

96 �

APÊNDICE C– DETALHAMENTO DA MODELAGEM DA TURBINA A VAPOR

A turbina a vapor presente nessa unidade é uma turbina de condensação e

extração. Possui três extrações, duas controladas, de V-42 e V-12, e uma não controlada

de V-3. A presença das extrações confere flexibilidade à produção de vapor e geração

de energia elétrica. Devido à grande quantidade de documentação disponível para

realizar a modelagem da turbina a vapor, a turbina foi modelada primeiramente à parte e

submetida às variações de carga presentes no documento Heat Flow Diagram da

turbina.

O Heat Flow Diagram faz parte da documentação de projeto e apresenta

resultados de pressão, temperatura, vazão e entalpia para todas as correntes de entrada e

saída da turbina, para vários cenários de geração de energia elétrica.

Para modelar uma turbina no THERMOFLEX é preciso definir os seguintes

parâmetros: pressão de entrada, eficiência termodinâmica, rotação dentre outros. A tela

de entrada de dados da turbina pode ser observada na figura 27, abaixo.

Figura 27 – Tela de Configuração da Turbina a Vapor.

97 �

Para modelar a turbina com três extrações e condensação, foi necessário

conceber quatro turbinas individuais. Também foram modeladas as extrações de

balanceamento conforme as informações obtidas no Heat Flow Diagram. O modelo da

turbina no THERMOFLEX está representado na figura 28 e destacado através de um

retângulo.

Figura 28 – Modelo da Turbina a Vapor completo no fluxograma.

Primeiramente, é realiza-se o cálculo com a opção engineering design,

utilizando a carga base. Após o software realizar o projeto do equipamento para a carga

base, seleciona-se a condição off-design para obter os resultados para os outros pontos

de operação.

Após a concepção do modelo e primeira validação com os dados do Heat Flow

Diagram, o modelo de turbina a vapor pode ser acoplado ao modelo da termelétrica.

Para o modelo representativo da operação real da unidade, a turbina a vapor

modelada sofreu ajustes na eficiência de cada uma das turbinas para melhorar a

aderência no resultado de potência bruta gerada pela turbina a vapor.

98 �

APÊNDICE D– DETALHAMENTO DA MODELAGEM DAS CALDEIRAS

AUXILIARES

As caldeiras auxiliares são de apenas um tubulão e com circulação natural no

evaporador. Consistem de uma câmara de combustão pressurizada e um segundo passe.

No segundo passe encontram-se os superaquecedores e economizadores. A câmara de

combustão e o segundo passe foram projetados como membranas de paredes de tubos.

No interior desses tubos circulam os gases produtos da combustão. A temperatura do

vapor é ajustada através de dois atemperadores inter-estágio do tipo spray.

As caldeiras foram projetadas de forma a utilizar gás de refinaria como

combustível principal e utilizar o gás natural como complemento, caso a vazão de gás

de refinaria seja insuficiente para a operação.

Para modelar uma caldeira desse tipo no THERMOFLEX, escolheu-se o

equipamento Package Boiler na paleta de equipamentos do THERMOFLEX. Essa

escolha foi estabelecida após vários testes com os diversos modelos de caldeira

disponíveis. Após os testes conclui-se que o modelo Package Boiler pode representar de

forma mais adequada a caldeira auxiliar da planta, devido à semelhança da concepção

física da caldeira existente às características desse modelo. A caldeira Package Boiler

modelada consiste em uma fornalha com um evaporador de parede de água radiante,

três superaquecedores e um economizador, como as caldeiras existentes em

funcionamento. Para modelar uma Package Boiler, é necessário fornecer as seguintes

informações: temperatura de produção de vapor, vazão de produção de vapor, pressão

do combustível, excesso de ar, percentual de purga, ou seja, o blowdown, temperatura

mínima dos gases de exaustão, dentre outros parâmetros. Na figura 29, temos um

exemplo de configuração de Package Boiler.

99 �

Figura 29 – Configuração da Caldeira Package Boiler dados termodinâmicos.

Figura 30 – Configuração da Caldeira Package Boiler Dimensionamento

100 �

Nas figuras 29 e 30 estão destacados por um retângulo os parâmetros de entrada

para o modelo de caldeira. Os documentos utilizados para modelagem das caldeiras

auxiliares foram o Heat Flow Diagram a 100% de carga, o teste de performance das

caldeiras e as telas do operador. As telas do operador foram especialmente importantes

para definir a divisão de carga térmica entre os três superaquecedores do modelo. A

proporção de entrada do modelo foi realizada com base nos dados reais apresentados na

tela do operador. O teste de performance e o Heat Flow Diagram não possuíam estas

informações.

Primeiramente, a caldeira auxiliar foi modelada em simulação separada no modo

engineering design para a carga base da caldeira. Após o THERMOFLEX calcular os

detalhes físicos do equipamento, a caldeira obtida foi submetida às variações de carga

presentes do teste de performance, utilizando o modo off-design. Na tabela abaixo, são

apresentados os resultados obtidos com o THERMOFLEX e os resultados do teste de

performance das caldeiras.

A caldeira auxiliar é um equipamento, cujo desempenho dependente da

composição do combustível. Para a simulação a 100% de carga utilizou-se o

combustível combinado do teste de performance realizado para o caso 100% de carga.

Como mencionado anteriormente, a caldeira auxiliar funciona com uma mistura de

combustíveis, gás natural e gás de refinaria. Dessa mistura, obtém-se a composição de

um combustível combinado, presente na terceira coluna da tabela 25. Essa é a

composição do combustível efetivamente queimado na caldeira.

Tabela 25-Composição do combustível Teste 100% de Carga em volume.

Componente Gás Natural (%) Gás de Refinaria (%)

Combustível Combinado (%)

CH4 88,69 84,29 87,4427 C2H2 - - - C2H4 - - - C2H6 6,4765 5,9633 6,3310 C3H6 - 0,0067 0,0019 C3H8 1,8210 2,4967 2,0126 C4H8 0,0033 0,0009

C4H10 0,6236 1,03 0,7388 C5H12 0,1344 0,4267 0,2166 C6H6 0,0464 - 0,0332

101 �

Tabela 25-Composição do combustível Teste 100% de Carga em volume.

N2 0,6803 4,3967 1,7342 CO2 1,5286 0,3167 1,1849 O2 - 1,07 0,3034

Para a simulação do caso 50% de carga foi utilizada a composição do

combustível combinado do teste de performance a 50% de carga. Segue abaixo, na

tabela 25, a composição do combustível para o caso 50% de carga.

Tabela 26-Composição do combustível Teste 50% de Carga em volume.

Componente Gás Natural (%) Gás de Refinaria (%)

Combustível Combinado (%)

CH4 88,7910 65,5600 75,2871 C2H2 - - - C2H4 - 4,16 2,5269 C2H6 6,4150 10,41 8,8417 C3H6 - 2,26 1,3728 C3H8 1,75 2,57 2,2481 C4H8 - 0,2 0,1215

C4H10 0,6310 0,94 0,8187 C5H12 0,1380 0,4 0,2971 C6H6 0,0650 - 0,0255

N2 0,71 1,59 1,2445 CO2 1,5 0,42 0,8440 O2 - 0,7 0,425 CO - 0,29 0,1762

Para os casos, 75% e 30% de carga não foram encontrados os registros do

combustível utilizado. Foi realizada análise de sensibilidade para os casos 30 e 75% de

carga utilizando o combustível combinado dos casos 100 e 50% de carga.

102 �

APÊNDICE E– DETALHAMENTO DA MODELAGEM DOS EQUIPAMENTOS

AUXILIARES

Para conceber a planta como em sua totalidade, é necessário modelar

equipamentos auxiliares, como os coletores de vapor, bombas, trocadores de calor de

propósito geral, divisores de fluxo, misturadores, válvulas, dutos e chaminés.

- Coletores de Vapor

A modelagem dos coletores de vapor é bem simplificada. Só é necessário definir

o modo lógico de controle do controle e a sua pressão de operação. O modo lógico do

coletor pode ser do tipo pull ou push. No coletor configurado como push, a soma das

vazões de entrada ditam as vazões de saída. No Header configurado como pull, a soma

das vazões de saída definem as vazões de entrada. No modelo concebido, o todos os

coletores foram configurados como push. Escolheu-se dessa forma porque, as vazões de

saída são consequência natural do que a unidade consegue produzir com os parâmetros

definidos para o restante dos equipamentos.

Quanto à pressão, é possível escolher entre Sliding e Controled. Ao optar por

slidding, a pressão do coletor pode variar de acordo com as demandas dos outros

equipamentos. Ao selecionar controled, a pressão é controlada pelo coletor e não

flutuante como no caso anterior. Nesse caso, a pressão do coletor é definida como

controled e possui um valor depressão determinado. Essa é a estratégia utilizada na

prática. Ainda é possível definir a prioridade para as vazões de saída. As entradas do

modelo de coletor de vapor estão destacas na figura 31.

103 �

Figura 31 – Configuração do Header de Vapor.

Nesse modelo foram necessários quatro coletores de vapor. Coletores de V-120,

de V-42, de V-12 e de V-3.

- Válvulas

As válvulas são equipamentos de modelagem muito simplificada. Basta

selecionar a posição da válvula, completamente aberta, completamente fechada, ou

definir uma perda de carga. Na figura 30, temos um exemplo de tela para configuração

de válvulas. Os parâmetros de entrada do modelo estão em destaque na figura 32.

Figura 32 – Configuração das Válvulas.

104 �

- Trocadores de calor de propósito geral

Os pré-aquecedores de água das caldeiras auxiliares foram modelados utilizando

trocadores de calor de propósito geral. Como não são equipamentos fundamentais para

os resultados da planta, escolheram-se trocadores de projeto apenas termodinâmico, sem

seleção de dimensões e materiais. Na figura 33, temos um exemplo de tela de

configuração de trocador de calor de propósito geral.

Figura 33- Configuração de Trocadores de Calor de Propósito Geral.

Para configurar um trocador de propósito geral, deve-se informar a temperatura

de saída desejada de uma das correntes e as perdas de cargas para os dois fluidos. Em

destaque na figura 32, o local onde devem ser inseridas as informações principais.

- Bombas

As bombas também são equipamentos de configuração muito simplificada.

Basicamente, é especificada a eficiência isentrópica, utilizando um valor típico.

Também é possível definir o delta de pressão ao passar pela bomba. Entretanto, não foi

inserido nenhum valor. Assim, a pressão é definida pelo sistema. Na figura 34 temos um

exemplo de tela de configuração para bombas. As entradas estão destacadas na figura.

105 �

Figura 34- Configuração das Bombas

- Misturadores, Divisores e Chaminés

Os misturadores são equipamentos utilizados para agrupar fluxos. Foram muito

utilizados na simulação. Na figura 35 temos um exemplo de tela de configuração de

misturador. Os divisores de fluxo também foram muito utilizados. A tela de

configuração do divisor é semelhante à do misturador.

Figura 35- Configuração de um misturador.

106 �

Figura 36- Configuração da Chaminé.

Na figura 36 temos a tela de configuração de uma chaminé. A chaminé não

sofreu modificações em sua configuração. Trata-se de um equipamento simples apenas

para conduzir os gases exaustos produzidos pela unidade.

107 �

APÊNDICE F– PREÇO DO GÁS NATURAL NO MERCADO INTERNACIONAL

Segue abaixo, tabela 27 onde são mostrados os preços do gás natural praticados

no mercado internacional durante o ano de 2014. Os dados apresentados foram retirados

da fonte http://www.eia.gov/dnav/ng/hist/rngwhhdd.htm. A EIA (U.S. Energy

Information Administration) é uma agência estatística e analítica do departamento de

energia americano. A EIA coleta, organiza e dissemina informações independentes e

imparciais sobre o mercado de energia. Os dados apresentados por essa agência são

comumente aceitos como o padrão internacional.

Tabela 27- Preço do gás natural no mercado internacional.

Data Preço GN ($/MMBtu) Data Preço GN ($/MMBtu)

jan 03, 2014 4,36 jun 20, 2014 4,66

jan 10, 2014 4,31 jun 27, 2014 4,52

jan 17, 2014 4,39 jul 04, 2014 4,41

jan 24, 2014 5,08 jul 11, 2014 4,19

jan 31, 2014 5,29 jul 18, 2014 4,11

fev 07, 2014 6,35 jul 25, 2014 3,84

fev 14, 2014 6,55 ago 01, 2014 3,79

fev 21, 2014 6 ago 08, 2014 3,92

fev 28, 2014 5,1 ago 15, 2014 3,9

mar 07, 2014 6,24 ago 22, 2014 3,85

mar 14, 2014 4,58 ago 29, 2014 4,01

mar 21, 2014 4,43 set 05, 2014 3,93

mar 28, 2014 4,46 set 12, 2014 3,91

abr 04, 2014 4,45 set 19, 2014 3,95

abr 11, 2014 4,63 set 26, 2014 3,88

abr 18, 2014 4,65 out 03, 2014 4,02

abr 25, 2014 4,8 out 10, 2014 3,87

mai 02, 2014 4,76 out 17, 2014 3,82

mai 09, 2014 4,74 out 24, 2014 3,63

mai 16, 2014 4,46 out 31, 2014 3,65

mai 23, 2014 4,52 nov 07, 2014 3,83

mai 30, 2014 4,52 nov 14, 2014 4,16

jun 06, 2014 4,61 nov 21, 2014 4,34

jun 13, 2014 4,61 nov 28, 2014 4,16

108 �

APÊNDICE G– VALORES DO PLD EM 2014

Segue abaixo, tabela 28 onde são mostrados os preços do PLD praticados

durante o ano de 2014. Os dados foram retirados do site da Câmara de Comercialização

de Energia Elétrica (CCEE), http://www.ccee.org.br/. Uma das principais atribuições

da CCEE é realizar a contabilização dos montantes de energia elétrica comercializados

no Sistema Interligado Nacional, bem como promover a liquidação financeira dos

valores decorrentes das operações de compra e venda de energia elétrica no Mercado de

Curto Prazo. Para a valoração dos montantes liquidados no MCP é utilizado o Preço de

Liquidação das Diferenças – PLD, apurado por esta instituição.

Tabela 28- Preço do PLD no mercado nacional.

Data PLD Médio SE (R$/MWh) Data PLD Médio SE (R$/MWh)

11/01/2014 391,8 21/06/2014 503,7

18/01/2014 410,67 28/06/2014 398,95

25/01/2014 486,59 05/07/2014 548,68

01/02/2014 822,83 12/07/2014 670,92

08/02/2014 822,83 19/07/2014 731,08

15/02/2014 822,83 26/07/2014 583,01

22/02/2014 822,83 02/08/2014 815,92

01/03/2014 822,83 09/08/2014 652,35

08/03/2014 822,83 16/08/2014 702,27

15/03/2014 822,83 23/08/2014 700,76

22/03/2014 822,83 30/08/2014 735,03

29/03/2014 822,83 06/09/2014 711,89

05/04/2014 822,83 13/09/2014 778,34

12/04/2014 822,83 20/09/2014 751,91

19/04/2014 822,83 27/09/2014 682,21

26/04/2014 822,83 04/10/2014 705,71

03/05/2014 800,1 11/10/2014 818,36

10/05/2014 822,83 18/10/2014 822,83

17/05/2014 822,83 25/10/2014 822,83

24/05/2014 822,83 01/11/2014 822,83

31/05/2014 591,81 08/11/2014 822,83

07/06/2014 333,8 15/11/2014 822,83

14/06/2014 420,29 22/11/2014 822,83

29/11/2014 549,18